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fNDICE

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1 INTRODUÇÃO À COLEÇÃO Fl'SICA BÁSICA,


INTRODUÇÃO AO VOLUME 1, 23
19

1 INTRODUÇÃO
1

i Capftulo 1
1 GALILEU, OSURGIMENTO DOM~TODOCIENT(FICO

r Introdução, 29

Primeira Parte
O PROBLEMA DA QUEDA DOS GRAVES NO AR
1.1 A Observaçã'o, 32
1.2 O Problema, 32
1.3 A Elaboração do Modelo Físico, 33
1.4 A lmposiçá"o de Leis, Teorias ou Hipóteses de Trabalho ao Modelo Físico. 34
1.5· O Modelo Matemático, 35
1.6 As Previsc5es do Modelo Matemático, 36
1.7 O Teste.Experimental, 37
Segunda Parte
O PROBLEMA DO MOVIMENTO DOS PROJÉTEIS
l 1.8 A Observação, 40
1.9 O Problema, 40
1.1 O A Elaboração do Modelo F lsico, 40
1.11 A Imposição de Leis, Teorias ou Hipóteses de Trabalho ao Modelo Fisico, 40
1.12 O Modelo Matemático, 42
(
1. 13 As Previsões do Modelo, 44
1.14 O Teste Experimental, 45
Conclusão, 45
·~--------------------------------------..................................----~~

4.6.4 Comentários, 110


Questões Conceituais, 47 4.7 Problema Sugerido pela Invariância do Momento Linear de um Sistema Isolado, 112
Problemas. 50 4.7 .1A Pergunta, 112
4.7 .2O Modelo, 113
Capíto1lo 2 4.7 .3A Soluçâ'o do Problema, 114
NEWTON 4.7.4 AConfirmaçãoExperimental, 116
AS LEIS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO . 4.8 CeJtro de Massa de um Sistema de Duas Partículas, 118
4.9 Referencial do Centro de Massa (RCM). 119
Introdução, 53 Conclusâ'o, 121
2. 1 A Vida e a Obra de Newton, 54 Exercícios, 122
2.2 A Estrutura dos Principia, 56 Questéies Conceituais, 127
2.3 Os Conceitos Newtonianos de Tempo, Espaço e Movimento,. 57 Problemas, 132
2.4 As Leis do Movimento, 59 Problema Experimental, 135
2.5 Critica à Formulação Newtoniana das Leis do Movimento, 61 Complemento 1 · (Trabalho n<? 1),136
Conclusão, 66 Complemento 2 (Trabalho n<? 21. 138
Questões Conceituais, 70
Capitulo 5
FORÇA; 2.ª e 3.ª LEIS DE NEWTON
·AS LEIS FUNDAMENTAIS 1
1ntrcx:luÇá'o, 1 39
Capítulo 3 5.1 Análise Qualitativa do Conceito de Força, 139
OS REFERENCIAIS INERCIAIS E A PRIMEIRA LEI DE NEWTON 5.2 Definição: Força Total, ou Resultante, que Age sobre uma Partícula
(2'! Lei de Newton), 141
Introdução, 73 5.2.1 Primeiro Enunciado, 141
3.1 O Modelo de Partícula, 73 5.2.2 Comentários, 141
3.2 Referenciais, 74 5.2.3 Segundo Enunciado, 143
3.3 Referenciais Possfwi11 e Impossíveis, 75 5.2.4 Cor:nentários, 143
3.4 O Papel Fundamental da Aceleração nos Referenciais Possíveis, 77 5.3 Força Total Média Durante um lntervato 6 t, 144
3.5 O Referencial Sol-Estrelas, 82 5.4 Impulso de uma Força-Relação entre Impulso e Variação do Momento, 145
3.6 A Partícula Isolada, 85 5.5 Importância da 2.a Lei de Newton, 147
3.7 Comportamento da Partícula Isolada no Referencial do Laboratório, 86 5.6 Açil'o e Reaçil'o (3.ª Lei de Newton). 148
3.8 Comportamento da Part lcula Isolada no Referencial Sol-Estrelas, 86 5.6.1 Problema Sugerido pela Interação das Partículas de um Par Isolado, 148
3.9 Definição: o Referencial Inercial (Primeira Lei de Newton), 87 ~ 5.6.2 3.ª Lei, 148
Conclusão: Comentários sobre a Definição do Referencial Inercial, 88 5.6.3 Comentários, 149
Questc!Jes Conceituais, 89 5.7 Forças Individuais de Interação, 151
Problema. 90 r 5.8 C!lmposiçâ'o das Forças, 153
5.8.1 Problema, 153
5.8.2 Teste Experimental, 154
Capítulo 4 5.8.3 Principio de Superposição, 154
MASSA INERCIAL. CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR 5.8.4 Comentários, 154
5.9· As 1nterações Fundamentais, 156
Introdução, 91 5.9 .1 A 1nteração Gravitacional, 156
Trabalho Experimental n.0 1, 92 5.9.2 A Interação Eletromagnlltica. 157
Trabalho Experimental n.º 2, 94 5.9.3 A Interação Forte, 158
4.1 Resumo dos Resultados Experimentais, 95 5.9.4 A Interação Fraca, 158
4.2 Lei das Variações das Velocidades numa Interação, 97 5.9.5 Intensidade· Relativa das Quatro Interações, 159
4.2.1 Enunciado, 97 Conclusão, 159
4.2.2 Comentários, 98 Problemas Resolvidos, 160
4.3 Razão entre as Acelerações. 99 Exercícios, 162
4.4 Massa Inercial, 103 Questl5es Conceituais, 164
4.4.1 Análise de Experiências de lmeração, 103 Problemas, 166
4.4.2 Definição, 105
4.4.3 Comentários, 106 APLICAÇÕES
4.5 Comparação das Massas Inerciais pela Balança, 106
4.6 Conservação do Momento Linear. 108 1· Capitulo 6
4.6.1 Algo que se Conserva Invariante numa.Interação, 108 AS FORÇAS USUAIS EM MECÂNICA DA PARTÍCULA
4.6.2 Momento Linear; Definiçã'o, 109
4.6.3 Enunciado da Lei de Conservação do Momento Linear, 109 Introdução, 171
6.1 Interação entre Duas Partlculas, no Caso em que a Massa de Uma Delas é Muito Maior Capitulo 8
que a da Outra, 171
6.2 O Campo Gravitacional Terrestre, 174 CONSERVAÇÃO DA EN.ERGIA
6.2.1 O Conceito de Campo, 174 1nt redução, 289
6.2.2 O Campo Terrestre Restrito. Peso, 175 8.1 1nterações Elásticas, 289
6.3 Forças de Deformação, 178 8.1.1 Exemplo;, 289

l
6.3.1 Problema Sugerido por uma Experiência de Equil 1brio, 178 8.1.2 Variação da Energia Potencial entre Duas Configurações do Sistema, 291
6.3.2 Forças entre Moléculas de um Sólido, 179 8.2 Configurações de Referência para a Energia Potencial, 297
6.3.3 Análise Microscópica do Equil 1brio, 180 8.3 Gráficos e Poços de Potencial, 300
6.4 Vínculos Impostos a um Corpo, 184 8.4 Relação entre Força e Energia Potencial, 305
6.5 Forças de Tração, 185 8.5 Energia Cinética e Energia Potencial na Interação Unidimensional Elástica de Duas Par-
6.6 Tensão de um Fio, 189 tículas de Massas Comparáveis, 307
6.7 Forças de Contacto no Caso de Não Haver Atrito entre as Superfícies em Contacto, 191 8.5.1 Energia Cinética do Sistema em um Instante Dado, 307
6.8 Atrito Sólido, 194 8.5.2 Variação da Energia Potencial de Interação entre Duas Configurações do Sistema, 309
6.8.1 Experiência, 194 Conclusão, 312
6.8.2 Análise Qualitativa do Fenômeno, 195 Problemas Resolvidos, 314
6.8.3 Atrito Estático, 198 Exefcícios, 318
6.8.4 Atrito de Deslizamento, 199 Questões Conceituais, 323
Trabalho Experimental, 199 Problemas, 326
6.9 Atrito Viscoso, 200
6.9.1 Evidência Experimental, 200 APLICAÇÕES 2
6.9.2 Fluidos com Alta Viscosidade, 200
6.9.3 Fluidos com Baixa Viscosidade, 201 Capitulo 9
6.9.4 Velocidade Limite, 201 COLISÕES
6.10 Volta ao Problema do Plano Inclinado, 202
6.10.1 O Modelo, 203 Primeira Parte
6.10.2 Previsões do Modelo, 203 CONSIDERAÇÕES GERAIS
6.10.3 O Teste Experimental, 204
Introdução, 337
Conclusão, 204 9.1 Características Fundamentais de uma Colisão, 338
Problemas Resolvidos, 205 9.1.1 Forças de Interação, 338
Exerclcios, 215 9.1.2 Momento Total do Sistema, 341
Questões Conceituais, 218 9.1 .3 Posições e Velocidades, ~
Problemas, 225 9.1.4 Energia Cindtica Total. Colisões Elásticas e lnelásticas, 343

Segunda Parte
AS LEIS FUNDAMENTAIS 2 COLISÕES ELÁSTICAS
Introdução, 345
Capltulo 7 9.2 As Equações Fundamentais, 346
TRABALHO E ENERGIA 9.3 Colisões.Elásticas Unidimensionais - Solução Analítica, 347
9.4 Colisões Elásticas Unidimensionais -Solução Gráfica, 348
9.4.1 No Referencial do Centro de Massa (RCMI, 348 ·
Introdução, 239 9.42 No Referencial do Laboratório, 350
7.1 Conceito de Energia Cinética, 240 9.5 Colisões Elásticas Bidimensionais ....'.Solução Analítica, 353
72 Conceito de Energia Potencial, 240 9.6 Colisões Elásticas Bidimensionais - Solu~«io pelo L.."' 'Tia das Velocidades, 356
7.3 Como se Transfere, ou se Transforma, a Energia, 242 9.6.1 A Colisão no Referencial do Centro de Massa (RCM), 356
7.4 Trabalho de uma Força. Exemplos, 243 9.6.2 A .Colisão no Referencial do Laboratório, 358
7~ Trabalho de uma Força. Definição, 251 9.7 Relações Notáveis no Espalhamento Elástico, 359
7B Sinal do Trabalho: Interpretação Física. Energia Cinética, 9.7.1 Razão entre as Massas do Projétil e do Alvo, 359
7~ Trabalho das Forças de Atrito, 256 252 Valor Máximo de 6 rio Caso em que k > 1, 360
· 9.7.2
7~ Teorema do Trabalho e da Energia Cinética, 261 9.7.3 Caso em que a Massa do Projétil é Igual à Massa do Alvo, 360
7~ Exemplos, 261 9.7.4 Cálculo das Velocidades Depois da Colisão, 361
7.10 Potência, 267 9.8 Espalhamento Elástico - Diagrama dos Momentos, 363
Problemas Resolvidos, 269
Exercícios, 274 Terceira Parte
.luestões Conceituais, 280 COLISÕES INELÁSTICAS
Problemas, 282
Introdução, 364
9.9 Coeficiente de Restituição, 365
9.10 Colis6es Unidimensionais lnelásticas, 365 AS LEIS FUNDAMENTAIS 3
Problemas Resolvidos, 367
Exercícios, 371 Capitulo 11
Questões Conceituais, 375 MOMENTO ANGULAR
Problemas, 376 1ntrodução, 465
11. 1Momento Angular de uma Partícula em Relação a um Ponto, 466
Capitulo 10 11.1.1 Definição, 466
OSCILADOR HARMÔNICO 11 .1.2Componentes Cartesianas, 467
11 .1.3Expressão do Momento Angular em Coordenadas Polares, 467
10.1 Introdução: Osciladores-'- Osciladores Lineares, 383 11 .2Conservação do Momento Angular de uma Partícula em Relação a um Ponto, 468
10.2 Osciladores Lineares - Princípio de Superposição, 388 112.1 Partícula Isolada, 468
10.3 O Modelo Matemático dos Sistemas Lineares, 394 11.2.2 Partícula Submetida a uma Interação Central, 468 .
10.4 O Oscilador Harmónico, 398 11.3 Conseqüência da Conservação do Momento Angular de uma Partícula: Lei das ·Areas, 471
10.4.1 O Modelo, 398 11.4 Variação do Momento Angular de uma Partícula em Relação a um Ponto - Torque de
10.4.2 As Previsões do Modelo, 399 uma Força, 474 ·
10.4.3 Interpretação das Soluções. Amplitude, Fase, Período, Freqüência, 403 11.5 Relação entre Momento Angular e Velocidade Angular, 481
10.4.4 Energia e Potênçia no Oscilador Harmônico, 411 11.6 Energia Associada a uma Partícula numa Interação Central, 484
10.4.5 Variações da Energia Potencial e da Energia Cinética, 411 11.7 Discussão da Equação da Energia, 486
10.4.6 Valores Médios da Energia Cinl!tica e da Energia Potencial, 413 Conclusão, 492
10.4.7 Potência, 4'13 Problemas Resolvidos, 494
10.4.8 O Teste Experimental, 415 Exercícios, 498
10.5 Osciladores Não Lineares: A Aproximação Harmônica para Amplitudes Pequenas, 419
Questões Conceituais, 502
10.6 Osciladores Anarmõnicos, 424 Problemas, 504
Conclusão, 425
Problema Resalvido, 426
Exercícios, 430 A SINTESE NEWTONIANA
Questões Conceituais, 435
Problemas, 438 Capítulo 12
Complemento 1 A GRAVITAÇÃO UNIVERSAL.
Equações Diferenciais Lineares Homogêneas de 2.a Ordem, 446
Cõmpl_einento 2 A GÊNESE DA TEORIA
O Oscilador Unidimensional Amortecido, 448 Introdução, 513
1 Experiência, 448 12.1 Os Passos Preliminares, 514
2 Estudo Analítico do Movimento, 448 12.2 HipÓtese Fundamental ("Lei da Gravitação Universal"), 516
2.1 A Lei de Força, 448 12.2.1 Enunciado, 516
2.2 Equaçio do Movimento, 449 12.2.2 Comentários, 516
2.3 Solução Oscilatória, 449 12.3 O Campo Gravitacional Terrestre, 517
2.3.1 Variaçio da Amplitude, 451 12.3.1 Intensidade do Campo, 517
2.3.2 Freqüência do Oscilador Amortecido, 451 12.3.2 Energia Potencial de Interação Gravitacional, 518
2.3.3 Energia Absorvida pelo Amortecimento, 452 12.3.3 Ca.mpo Terrestre Restrito, 518
2.3.4 Fator Ode um Oscilador, 453 12.4 Comparação das Massas Gravitacionais pela Balança, 519
2.4 Solução Nio Oscilatória, 454 J2.5 Lei da Proporcionalidade entre Massa 1nercial e Massa Gravitacional, 520
2.4.1 Solução Geral, 454 12.6 Postulado da Identidade entre Massa Inercial e Massa Gravitacional, 520
x
2.4.2 As Condições Iniciais são x 0 =A. 0 =O, 454 12.6.1
12 .6.2
Enunciado, 520
Conseqüências, 520
2.4.3 As Condições Iniciais são x =O; Í< = v 0 , 455
2.4.4 Amortecimento Crítico, 455
Complemento 3 CONSEQÜÊNCIAS DA TEORIA
O Oscilador Forçado, 458 1. A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SECULARES
3.1 Resultados Experimentais, 458 12.7 O Argumento da Centrifugação, Contra o Movimento Diurno, 521
3.2 O Oscilador Harmônico Forçado, 458 12.8 Aceleráção da Queda da Superfície da Terra, 523
3.2.1 Equação do Movimento, 459. 12.9 O Pêndulo Simples, 524
3.2.2 Solução da Equação do Movimento, 459 12.10 A Sol~ção de Primeira Aproximação para as Órbitas dos Planetas: Órbitas Circulares, 525
3.3 Influência do Amortecimento sobre o Oscilador Forçado, 460 12.11 A Lei das Áreas (2.ª Lei de Kepler), 526 ·
3.3.1 Transiente e Regime Permanente, 460 1:2.12 As Órbitas dos Planetas (1.ª Lei de Kepler), 526
3.3.2 Variação de Amplitude com a F.reqüência, Imposta: Ressonância, 461 12.13 A Terceira Lei de Kepler, 529
3.4 Vantagens e Inconvenientes da Ressonância, 462 12.14 As Marés, 530 ·
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12.16
CCJNS!::QUÊ~~CIAS DA TEORIA
2. AS PREVISÕES DE FATOS NOVOS
Atraçio Gravitacional e Peso, 536
• 5.2
6.3
6.4
6
Velocidade Vetorial Instantânea, 624
Componentes da Velocidade Instantânea, 626
Velocidade no Movimento Circular, 626
Aceleração Vetorial, 628
12...16 Messa dos Planetas, 538 6.1 Odógrafo de um Movimento, 628
12.17 A Descoberta de Novos Planetas, 539 6.2 Aceleração Vetorial Média, 629
12.18 Satelização, 541 6.3 Aceleração Vetorial Instantânea, 630
Concluslo, 549 6.4 Componentes da Aceleração Instantânea, 633
Problemas Resolvidos, 553 7 Posição e Velocidade em Coordenadas Polares, 634
Exerc(cios, 658 7 .1 Sistema de Coordenadas Polares. Posição de urna Part (cuia, 634
Questc5es Conceituais, 560 7 .2 Componente Radial e Componente Transversa da Velocidade, 635
Problemas; 562 8 Componentes Tangencial e Normal da Aceleração, 636
Colllplemento 1 9 Mudanças de Referenciais - Definições e Propriedades, 638
Equação de uma Cônica em Coordenadas Polares, 567 9.1 Posição do Problema: 638
Complemento 2 9.2 Movimento de (S') em (S) - Caso da Translação, 639
Interação de Duas Partículas Não Necessariamente isoladas: 9.3 Propriedades do Movimento de Translação, 640
9.3.1 Trajetória em (S) dos pontos de (S'), 640
Aceleração de uma Partícula em Relação à Outra. 570 9.3.2 Velocidade em (S) dos pontos de (S'), 640
9.3.3 Aceleração em (SI dos pontos de (S'), 641
APÊNDICES
9.4 Escolha da Base (Se'~·) em (S'), 641
Apêndice 1 1O Mudanças de Referenciais - Caso da Translação: Problema da Trajetória, 642
CINEMATICA ESCALAR 11 Mudanças de Referenciais - Caso da Translação: Problema da Velocidade, 645
1 lntroduçfo, ·573 12 Mudanças de Referenciais - Caso da Translação: Problema da Aceleração, 646
2 Objetivo de Cinemática Escalar,. 673 13 Movimento dos Projt!teis, 647
3 Poslçfo ao Longo da Trajetória (Posição Escalar), .674 1
13.1 Posição do Problema, 647
4 Velocidade Escalar, 576 ~ 13.2 Referenciais (S) e (S') - Movimento em (S'I. 647
4.1 Análise Detalhadado Gráfico Posição-Tempo, 575 13.3 Movimento no Referencial Terrestre: Trajetória, El48
4.1.1 Velocidade Escalar Média, 576 13.4 Movimento no Referencial Terrestre: Velocidade, 648
4.1.2 Velocidade Escalar Instantânea, 577 13.5 Tempo de Vôo e Alcance sobre o Plano Horizontal que Passa pela Origem, 649
4.2 Representaçlo Gráfica da Função v (t), 678 13.6 Flecha Acima do Plano Horizontal que Passa pela Origem, 650
4.3 Passagem Inversa do Gráfico (v, ti para o Gráfico (s, t), 580 14 Generalizaçio do Problema do Projt!til, por Considerações de Simetria, 650
5 Aceleração Escalar, 585 14.1 EquaçõesGeraisdoMovimento, 650
6.1 Análise do Gráfico Velocidade-Tempo: Aceleração Escalar Mlldia; Ae1tleraçlo Escalar 14.2 lnverslodo Tempo, 651
lnstant6nea, 585 14.3 Tempo de Vôo, Alcance e Flecha em Relação a Qualquer PI ano que Passa pela Origem, 652
5.2 Representaçlo Gráfica da Função a (t), 586 Problemas Resolvidos, 655
5.3 Passagem 1nversa do Gráfico (a, ti para o Gráfico (v, t), 586 Exercícios, 660
6 · Exemplos de Movimentos, 588 Questões Conceituais, 664
6.1 Movimento Uniforme, 688. Problemas, 668
6.2 Movimento Uniformemente Variado, 588
6.3 Movimento Circular, 591 iNDICE REMISSIVO,. 679
6.3.1 Posiçio, Velocidade e Aceleração Angulares, 591
6.3.2 Movimento Circular Uniforme, 592
6.3.3 Movimento Circular Uniforme·mente Variado, 593 SiMBOLOS UTILIZADOS, 685
· 6.3.4 Exemplos de Movimentos Circulares, 593
Problemas Resolvidos, 594
Exerc(cios, 601
Ouestc5es Conceituais, 609
Problemas, 6l 1
Problema Experimental, 618
Apêr.dic.o 2
CINEMÁTICA VETORIAL E O MOVIMENTO DOS PROJÊTEIS
1 1ntroduçio, 621
2 Objetivo da Cinemática Vetorial, 621
3 Vétorde Posição de uma Partícula, 621
4 Trajetória da Partícula, 622
5 Velocidade Vetorial, 623
5.1 Velocidade Vetorial Média, 623
..
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INTRODUÇÃO À COLEÇÃO FISICA BASICA

O presente volume é o primeiro de uma série de quatro. A coleção


completa, cujos t(tulos são:

VoliJme 1 MecAnica 1
Volume li MecAnica li e f(sica Térmica
Volume Ili Eletricidade e Magnetismo
~
Volume IV Eletromagnetismo e Otica

constitui um curso de f.ísica Básica destinado aos alunos dos centros têc-
nicos e cient(ficos das nossas Universidades.
O conteúdo do curso, bem como a metodologia escolhida decor-
rem logicamente de seu objetivo: o que entendemos por Física Bêsica
para a Universidade? Em poucas palavras, entendemos que um curso, des·
tinado a integrar-se no ensino fundamental em Úm área tio complexa e
diversificada quanto a que se costuma rotular como Ciência e Tecnologia,
dever,ia, em primeiro lugar, preocupar-se com a formaçã'o intelectual do
estudante, deveria contribuir para o desenvolvimento do raciocínio abs· .
trato (mais especificamente, hipotético-dedutivo), do julgamento cr(tico
e da capacidade criativa, atributos relativamente raros nos alunos que in·
gressam na Universidade.
Nem que seja por razões dé bom senso, não acreditamos que um
curso de Física Básica possa, sozinho, incumbir-se da tarefa proposta,
com alguma chance de sucesso; mas desde que a Universidade nlo perca

19
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tivista e da Física quântica sem antes ter uma compreensão profunda,


tanto em nível conceituai cama operacional, da Física clássica. A assimi-
·de vista o caráter essencialmente humanista da sua ·missão, óeve ser pos· lação desses conceitos requer tempo: achamos preferível evitar a disper-
sível encontrar, entre as disciplinas básicas, consonâné:ias e convergências sã'o representada por incursões em áreas que poderiam tão-somente ser
que permitam, graças à compreensão de todos, atingir o objetivo comum. "cob~rtas" por largas pinceladas, com o risco muito real da incompre·
A contribuição que quisemos oferecer ao esforço coletivo para a ensão ou, pior ainda, de uma pseudocompreensã'o distorcida.
boa formação dos nossos universitários concretiza-se na tentativa de De qualquer maneira, achamos que o contato intelectual CO!fl as
oferécer ao estudante uma sólida cultura geral em Física clássica. grandes correntes do pensamento científico que caracterizam os séculos
Já definimos assim o conteúdo do curso. Em princípio, não ultra· XVII, XVI li e XIX será suficiente para que as novas gerações de enge-
passará os limites da Física iniciada com Galileu e Newton, desenvolvida nheiros, físicos, químicos, matemáticos... formados nas nossas Univer·,
e enriquecida por Huygens e.os Bernovilli, por Lagrange e Laplace, por sidades escapem aos perigos da formação monoliticamente especializada.
. Clausius Gibbs e Helmholtz, por Fourier e Fresnel, por Ampere, Gauss, Esse tipo de formação pode ter sua utilidade como elemento da linha de
Faraday, por Maxwell, por Rayleigh, para citar somente alguns nomes na montagem do complexo científico, técnico ou mesmo social que alimen-
plêiade de físicos e matemáticos que elaboraram, no decorrer de três ta os destinos de uma nação. No entanto, por ser geneticamente pouco
séculos, essa Summa de saber que chamamos de Física clássica. permeável a uma integração horizontal com outros modos de pensar ou
No entanto, todas as vezes que se fizer necessário, assinalaremos os de agir, por se distanciar cada vez mais do tronco comum constituído pe-
limites dessa mesma Física clássica. Em primeiro lugar porque, em certas la herança intelectual cujo paciente acúmulo constitui a nossa cultura, a
oportunidades, a Natureza nega-se obstinadamente a validar os modelos especialização exacerbada tem pequena contribuição a oferecer para a
chamados clássicos, por mai.9r que seja a sofisticação a que possamos che· formação dos líderes, dever precípuo da Universidade e em muitos casos
gar na tentativa de "salvar o fenômeno". Exemplos desses impasses sã'o única justificativa de sua existênc"ia.
bem· conhecidos: são eles que obrigaram a Física a procurar novos cami· Em resumo, quisemos oferecer uma exposição razoave·lmente
nhos, com a Relatividade restrita, depois com a Relatividade geral, um completa da Física clássica em nível introdutório..
pouco mais tarde com a Física quântica. Foram esses sintomas de impo- A metodologia, acreditamos, tem uma certa originalidade. Ao pro-
tência da Física clássica que originaram a profunda mudança iniciada nos curarmos uma viga mestra que possa tornar mais cperente, mais consis·
últimos anos do século passado, mudança essa caracterizada, em particu- tente, mais solidamente estruturada a exposição de tópicos tão diversos
lar, pela tomada de consciência da importância da Física não somente co- quanto a mecânica da partícula e os fenômenos de difração, por exem-
mo instrumento do conhecimento da Natureza, mas também como ele· plo, pensamos que o melhor seria nos escudarmos no tão falado e infeliz·
menta essencial do próprio pensamento filosófico. mente tão pouco conhecido (ou praticado) método científico.
Em segundo lugar, acreditamos que, se quisermos desenvolver o O que· caracteriza o método científico em F (sica é a construção de
senso crítico dos nossos estudantes, não devemos perder a oportunidade
modelos matematizáveis. A insistência explícita, consciente; na elabora·
de expor as falhas de qualquer corpo do conhecimento humano. Deve·
ção de modelos físicos e na sua associação com os modelos matemáticos
mos em particular evitar apresentar esse conhecimento como algo fecha-
correspondentes constitui o leit-motiv do curso; nisto, acreditamos, resi-
do, acabado; devemos insistir sobre o fato de que a prócura da verdade
de a originalidade metodológica a que nos referimos.
(seja qual for o conteúdo subjetivo dessa verdade) não pára nem parará
nunca. E a Física certamente não constitui exceção a essa regra. O nível do curso é o que acreditamos adequado e aconselhável às
No entanto, uma co.isa é abrir janelas, quando a oportunidade se nossas Universidades. Não pretendemos elaborar um curso fácil, ao alcan-
apresentar, sobre campos certamente férteis mas· estranhos à Física clás- ce de qualquer aluno universitário . .. Acreditamos que um domínio ra-
sica. Outrà coisa seria tentar enveredar por esses novos caminhos. Resis- zoável dos conceitos (mais do que do formalismo) da chamada física_ clás-
timos a essa tentação. Este curso não inclui os (já) costumeiros Elemen· sica elementar exige grande esforço e um trabalho prolongado e paciente.
tos de. Relatividade e Introdução à Física Moderna. A razão é que acredi· Acreditamos que os problemas mais árduos irão requerer uma maior per-
tamos ser extremamente difícil, para não dizer impossível, estudar edis- sistência dos alunos. Porém, sabemos que, uma vez resolvidos, teremos
cutir com algum proveit<;> os conceitos altamente abstratos da Física rela- conseguido parte do nosso objetivo: convencer esta juventude de que as

20 21
.. ·,...;=.x=-.~;.;.;..;~.:.•;.::..t+:-~;;:",,..-~.:.--·,_ =,-c--;;:.:@Z""'"<;.O:n;;.>'~.,

INTRODUÇÃO AO VOLUME 1
coisas do espírito, a formação honesta do homem e do cidadão, muda-
ram muito pouco desde o século de Péricles, e que os pequenos esforços,
os "facilitários" intelectuais somente podem preparar futuras falências de
caráter.
Os capítulos terminam com problemas resolvidos e com séries de
exercícios, de questões conceituais e de problemas. Os exercícios são
geralmente aplicações imediatas, ou quase imediatas, da teoria desenvol-
vida no capítulo correspondente. São destinados a firmar os conhecimen-
tos (na terminologia de Bloom). As questões conceituais exigem muito
mais, desde a compreensão dos conceitos até a análise e a avaliação de
certas situações propostas. Aconselhamos o professor a discutir essas
questões em sala de aula. Os problemas requerem tudo o que precede -
pelo menos os mais difíceis - e ao mesmo tempo um domínio razoável
do formalismo matemático. Este não ultrapassa o nível exigido nos
cursos de cálculo e de álgebra linear introdutórios.
A elaboração deste curso d.eve muito a muitos. Em primeiro lugar
a meus colegas do Departamento de Física da PUC, Rio de Janeiro, onde O primeiro volume do curso de Física Básica é uma apresentação
foi iniciado e - em parte - testado. Em segundo lugar a meus colegas do da mecânica da partícula. A mecânica dos sistemas de muitas partículas
Instituto de Física da UNICAMP, Campinas (SP), onde prossegui a elabo- (sólidos, sistemas de massa variável e fluidos) será tratada no volume li.
ração do texto, num período de licença que nos foi concedido pela Os dois primeiros capítulos do livro constituem uma intrbdução. O
PUC/RJ. capítulo 1 resume a contribuição de Galileu para a elaboração de uma
nova Física, realçando a extraordinária itnportância dessa contribuição
Evitamos citar nomes. São muitos e nos arriscaríamos a pecar por
para a epistemologia científica *. O capítulo 2 apresenta a obra monu-
omissão. A todos agradecemos sinceramente, como agradecemos também mental de Newton, os Principia, ponto de partida, fonte de inspiração e
aos estudantes com quem tivemos o prazer de discutir, conceito após referência necessária e obrigatória para a mecânica da partícula.
conc~ito, o conteúdo deste curso e que nos ensinaram, dia após dia, a en- Os nove capítulos seguintes (capítulos 3 a 11) desenvolvem as leis
sinar um pouco melhor. As críticas, as discussões e os incentivos nos fo- fundamentais da Dinâmica, desde as leis·de Newton e a conservação do
ram particularmente preciosos. momento linear (capítulos 3, 4, 5) atéa conservaÇão do momento angular
Agradecemos também o trabálho anônimo dos que contribuíram (capítulo 11), passando por trabalho, energia e sua conservação (capí-
para a boa apresentação dos livros: datilógrafas, desenhistas, diagramado- tulos 7 e-8).
res, compositores, revisores ... Procuramos dar a esse desenvolvimento uma seqüência lógica: é
A Editora Campus emprestou à realização gráfica e à composição importante que o estudante, nesse primeiro contacto com a Física, come-
dos textos sua reconhecida competência. · ce a apreciar a harmoniosa ordenação dos conceitos fundamentais.
A exposição das leis fundamentais é interrompida, duas vezes, por
capítulos de aplicações. O capítulo 6 trata das forças usuais encontradas
nas situações comuns, algumas delas corriqueiras, que se apresentam no.

* O leitor interessado na evolução do pensamento cientifico, desde a Grécia antiga até a revo-
lução cientifica do século XVII, poderá consultar, do mesmo autor: A Glnese do M'tado
Pierre Lucie, fevereiro de 1979 Científico, Ed. Campus, Rio, 1978.

23
22
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!

dia-a-dia na casa, na rua ou no laboratório. O capítulo 9 estuda colisões e eviden_temente tarefa do professor, mas, de novo, a experiência nos mos-
o capítulo 10, o oscilador harmônico. Esses capítulos de aplicações, trou que, cedo, muitos estudantes aprendem a escolher boas questões
claramente destacados na montagem gráfica, poderão ser considerados que eles gostariam de discutir em sala. Por questão de fidelidade à filo-
como pausas necessárias à assimilação e ao entendimento dos conceitos sofia do curso, recomendamos que em cada problema seja claramente
apresentados nos capítulos que os precedem. explicitado o modelo físico, com seus parâmetros relevantes, suas hi-
O estudo dos capítulos 3 a 11 terá assim familiarizado o estudante póteses, etc... e que se realce a correspondência do modelo matemático
com as leis de Newton e as três leis de conserv.ação da mecânica clássica com o modelo físico assim construído. Recomendamos também insistir
(momento linear, energia, e momento angular}. Podemos resumir o con- sobre o fato de que a resposta encontrada (e que pode ou não coincidir
teúdo desses capítulos como uma exposição das regras do jogo, válidas com a resposta indicada no final do enunciado) não é uma solução do
qualquer que seja o "jogo", isto é, qualquer que seja o tipo de interação problema antes de ser testada pela experiência, que tanto pode confirmar
(com as restrições evidentes para o eletromagnetismo e os sistemas quân- como infirmá-la.
ticos). Por razões óbvias, não é possível pedir à experiência a confirmação
A adição a essas regras de uma hipótese (a "lei" da gravitação da validade dos modelos elaborados em todos os problemas propostos.
universal) e de um postulado (identidade da massa inercial e da massa Em certos casos, porém, a montagem experimental é simples, estando ao
gravitacional) permite completar o quadro de uma teoria física: a Teoria alcance dos laboratórios mais pobres. Os problemas correspondentes são
da Gravitação. Essa síntese, que nós devemos a Newton, é o objeto do assinalados como problemas experimentais. Recomenda~os que sejam
capítulo 12. propostos, discutidos e que seja realizado o teste experimental. Mais uma
O livro termina com dois ~pêndices: o primeiro apresenta a Cine- vez, porém, achamos importante que os estudantes tenham consciência.
mática escalar; o segundo, a Cinemática vetorial. A colocação da Cinemá- de que não se trata de problemas "diferentes". O que os diferencia dos
tica num aparente segundo plano é pouco usual em textos de Física outros é tão-somente, repetimos, a facilidade de montagem da expe-
básica. Optamos por essa apresentação em primeiro lugar porque, a rigor, riência de controle.
a Cinemática estaria melhor situada, na nossa opinião, num curso de Um livro como este, na sua primeira edição, não pode ser isento de
cálculo do que num curso de Física. Em segundo lugar, a nossa experiên- erros. Esperamos ter incorrido em poucos erros graves; confiamos tam-
cia de ensino nos convenceu de que iniciar o curso de Física universitária bém na boa vontade dos npssos colegas para-nos comunicar as críticas e
por Cinemática desestimula muitos estudantes. Preferimos optar por uma as sugestões que eles julgarem procedentes. Urnas e outras serão acolhidas
"diluição" da Cinemática ao longo do curso: por ocasião de cada tópico com gratidão.
ensinado, ou de cada ·problema, vamos buscar a ferramenta necessária,
quando preciso for. Essa posição é evidentemente pessoal e conió tal
sujeita a críticas. De qualquer maneira, e qualquer que seja a opção feita.
pelo professor que ministra o curso, a Cinemática está disponível, com
1,.1m nível de trata·mento que presumimos adequado.
Certos capítulos são seguidos de Complementos. Em certos casos
trata-se de indicações, ou conselhos, para montagens experimentais; em
outros estão expostos certos tópicos cuja importância foi considerada
secundária, embora possam interessar estudantes mais avançados; há
finalmente um complemento (no capítulo 10) em que se resume a teoria
das equações diferenciais lineares.
Todos os capítulos, com a exceção parcial dos três primeiros,
oferecem problemas resolvidos e listas razoavelmente extensas de ques-
tões conceituais, de exercícios e de problemas. Para muitos dos proble-
mas, a resposta é indicada a seguir. Aconselhamos a discussão em sala de
aula, com participação ativa do estudante, de certas questões conceituais
e de um número limitado de problemas. A escolha destes e daquelas é Pierre Lucie, fevereiro de 1979

24 25
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Capitulo 1
GALILEU
1 Capítulo 1
GALILEU
O SURGIMENTO DO MeTODO CIENTÍFICO, 29 r O SURGIMENTO DO Mt:TODO CIENTfFICO

Capitulo 2
1
NEWTON
/JiS LEIS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO, 53 j
~
1

INTRODUÇÃO

As duas obras mestras de Galileu são o Diálogo sobre os dois prin-
}
í
cipais sistemas do mundo, publicado em 1632, e os Discursos sobre duas
novas Ciências, de 1638. *
O Diálogo é o ponto culminame de uma luta de mais de vinte anos
contra o mito aristotélico perpetuado pela Escola medieval e pelo apoio
da Igreja.católica. O desfecho dessa lut.a.deu-se no famoso processo de
1633, que terminou com a condenação de Galileu à residência forçada, e
v!giada, pela Inquisição~
Ao refutar os argumentos contra o copemicanismo, Galileu tinha
sido levado a esboçar algumas premissas mecânicas novas. Embora ainda
imprecisas, as "leis" enumeradas - conservação do movimento horizon-
tal, composição dos movimentos - foram também utilizadas por Galileu
na obra que assinala o início da Física dos tempos modernos, e na qual
se encontra a gênese do método científico: os Discursos sobre duas no-
vas Ciências, escritos no retiro de Arcetri, jã no final da vida.
Nos Discursos, Galileu sistematiza o estudo dos fenômenos natu-
rais: esse estudo deixa de lado, finalmente, as conotações medievais,
para transformar-se numa investigação científica.
Sendo extremamente importante que entendamos o mecanismo
de base dessa investigação, resumiremos os passos sucessivos de Galileu
no estudo dos problemas que escolheu: são os passos que daremos, no
·estudo dos nossos.

,l· *Ver, do mesmo autor: A Glflflse do Mltodo Cientifico, Editora Campus, Rio, 1978. (As refe-
rências a esse texto serão assinaladas pela sigla GMC.)

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Em primeiro lugar, há a observação do fenômeno.


A observação suscita geralmente uma pergunta que caracteriza a
r L-;is-T;o;:a;-Hi~~;;- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ----1
1 i i i 1
existência de um problema.
Galileu tem a intuição de que tanto a pergunta como a solução do
11
1
MODELO Fl~ilCO ~ 1 MODEÁLO
MATEM TICO
~ SOLUÇÃO PROVISÓRIA
PREVISÕES
1

problema devem ser elaboradas numa linguagem especial: a linguagem


matemática. E precisamente nisto que reside a chamada revolução cien- L----L--~--------L------------ --~---J
tífica do st!culo XVII. PERGUNTA OU
PROBLEMA EXPERl~NCIA
Ora, para que o fenômeno estudado possa ser tratado matematica- concorda
ela solução:
mente, é necessário caracterizá-lo por um conjunto de parâmetros sus- OBSERVAÇÃO DO não concorda: problema
cetíveis de medição: é a chamada construção do modelo físico. FENÔMENO voltar a resolvido
Esse modelo deve obedecer, decide o investigador, a certas leis,
e/ou teorias, e/ou hipóteses.
O conjunto dessas lei°s, teorias e hipóteses imp9stas ao modelo
físico permite escrever certas equações e/ou inequações, que constituem O grande mérito de Galileu foi o de ter entendido, ou pressentido,
o modelo matemático do problema, isomorfo do modelo físico. A solu- que a chave do método científico estava precisamente na passagem
ção dessas equações e/ou inequações fornece, no papel, uma resposta abstrata do real inicial (observação) para o real final (experiência). Essa
provisória ã pergunta inicial, e permite geralmente fazer previsões verifi- ponte está contida no quadro tracejado do esquema anterior.
cáveis quanto ãs respostas a ·outras perguntas porventura surgidas no O que precede está esclarecido, ponto por ponto, no decorrer do
decorrer da investigação. capítulo. Escolhemos dois exemplos:
No entanto; sendo os modelos - -com suas leis, teorias, hipó- a. a queda dos graves no ar
teses ... - construções humanas, resta saber se a natureza concorda com b. o movimento dos projéteis
a resposta encontrada. Há somente um meio de sabê-lo: voltar à expe- Eles foram tratados por Galileu nos Discursos.
riência. Antes de iniciarmos o desenvolvimento, do capítulo, uma obser-
A experiência consiste em reproduzir no laboratório. - quando for vação faz-se necessária. Tentaremos mostrar como a linguagem matemá-
possível - o modelo físico que está sendo testado. Para tanto, o investi- tica deve ser usada no decorrer de uma investigação científica. A lin-
gador deve evitar introduzir, no modelo real, parâmetros que tinham sido guagem utilizada por Galileu (como por Newton mais tarde) era a Geo-
considerados irrelevantes na elaboração do modelo físico. Esse cuidado é metria; ele não possuía os recursos do que chamamos hoje de análise
parte do chamado controle da experiência. Há porém parâmetros que, matemática (algébrica e vetorial), qUe começaria a ser desenvolvida nã
embora indesejáveis, por não pertencerem ao modelo teórico, são inevi- segunda metade do século por Leibnitz e pelo próprio Newton.
táveis. A presença do investigador, com seus instrumentos de medição, é Acontece que a manipulação correta qa" linguagem geométrica é
talvez o exemplo mais comum. O controle correto da experiência con- uma arte quase que totalmente em desuso hoje em dia; por outro lado, a
siste em minimizar a interferência desses parâmetros nos resultados da análise oferece recursos muito mais poderosos e sobretudo muito mais
experiência. No entanto, para poder julgar corretamente quanto ã vali- sistemáticos, o que fornece uma razoável garan.tia de suc·esso na solução
dade dos resultados, é necessário conhecer (pelo menos em ordem de dos problemas.
grandeza) a perturbação introduzida neles pelos parâmetros indesejáveis. Por essa razão, os problemas, a partir de agora, serão tratados na
A determinação dessa perturbação é comumente chamada cálculo de linguagem moderna da análise, com raras exceções.
erros.
--o resultado da experiência, corretamente interpretado, permitirá
decidir da propriedade ou não dos modelos físicos e matemáticos elabo-
rados, bem como das leis, teorias e hipóteses que tinham sido impostas
pelo investigador.
Tentemos esquematizar o que precede:

30
31
v-:.·.---.,·······----------------------------------------------
---~~-/::w1zw~·,~•-.;,,: •.•.

Primeira Parte
1.3 A ELABORAÇÃO DO MODELO FfSICO
O PROBLEMA DA QUEDA DOS GRAVES NO AR Este passo é decisivo para a criação de uma nova atitude em rela·
ção ao estudo dos fenômenos naturais.
O que é um modelo? É uma construção abstrata que substitui ao
fenômeno observado, real, um fenômeno ideal, pensado pelo investi-
gador. Este (o investigador) vai despir o fenômeno real de todos os
atributos que julga não essenciais para a solução do problema.
Dividamos a procura dos atributos essenciais em duas partes: em
primeiro lugar, o que é considerado atributo de um fenômeno, na cons-
trução de um modelo? Em segundo lugar, quais são os atributos essen-
ciais?
Os atributos de um fenômeno são os suscetíveis de tratamento
matemático, conseqüentemente suscetíveis de medição. Assim é que, no
caso da queda dos graves, a "tendência natural a dirigirem-se para baixo,
para voltarem a seu lugar próprio", não é medível e conseqüentemente
deve ser excluída da construção do modelo, bem como todas as quali-
1.1 A OBSERVAÇÃO dades essenciais, substanciais ou ocultas.
Em contrapartida, o peso do corpo, as suas dimensões ... são
Aristóteles afirmava que se um corpo cai (movimento natural), sua grandezas mensuráveis: elas poderão participar da construção do modelo,
velocidade é proporcional ao peso e inversamente proporcional â resistên- se o experimentador julgar necessário.
cia do meio.
Galileu recusa qualquer afirmação a priori e observa a queda de Esses atributos suscetíveis de medição são chamados parâmetros.
corpos. Duas conclusões se impõem: A massa, o diâmetro, a temperatura ... de uma bola que se deixa cair são
a. se dois corpos de pesos diferentes caem em meios de densidades parâmetros que poderão ser incluídos na elaboração do modelo abstrato
decrescentes, a diferença entre as velocidades dos dois corpos diminui na que substituirá a bola real para a solução ao problema proposto a res-
medida em qt,1e a densidade do meio se torna menor. peito da queda. Esse parâmetros dizem respeito ao corpo estudado, ou
No ar, observamos que aqueles dois corpos, quando largados jun- possivelmente aos corpos estudados: mais tarde surgirá a necessidade, no
tos, mantêm-se praticamente juntos, pelo menos enquanto a altura da estudo do mesmo problema, de incluir a Terra no modelo; os parâmetros
queda não se tornar muito grande. Seguindo Galileu, podemos extrapolar correspondentes serão o seu raio, a sua massa, ou então a intensidade do
para o meio de densidade nula: no vácuo, corpos largados juntos perma- campo gravitacional que ela gera, etc....
neceriam sempre juntos, isto é, teriam em cada instante a mesma velo- Outros parâmetros dizem respeito ao meio no qual se desenrola o
cidade. fenômeno; neste caso está, por exemplo, a densidade do ar.
b. a velocidade de um corpo que cai livremente no ar (ou vácuo se Passemos agora à segunda pergunta: "Quais são os parâmetros es-
fosse possível) aumenta no decorrer da queda. senciais ou, como se diz melhor, relevantes no estudo do fenômeno?"
1.2 O PROBLEMA
Essa escolha dos parâmetros relevantes entre os que caracterizam o
fenômeno depende essencialmente da pergunta feita: se o corpo (sufi-
Observando que, no decorrer da queda no ar, a velocidade aumen- cientemente denso) cai de uma pequena altura, a presença do ar é irrele-
ta, Galileu se pergunta: De que maneira varia essa velocidade? vante no estudo da variação da velocidade. Se a altura da queda aumen-
Notemos a mudança de enfoque em relação à escola tradicional. tar, chegará um momento em que teremos que incluir o ar, ou melho.-, a
Para os aristotélicos o importante não era saber como variava a veloci- densidade do ar, entre os parâmetros relevantes.
dade e sim por que variava. Não pretendemos que o porquê não tenha a A escolha dos parâmetros relevantes é até certo ponto subjetiva.
sua importância. O mérito de Galileu foi ter reconhecido que, por o~dem Somente a experiência final permitirá dizer se todos os parâmetros rele-
de prioridade, a resposta ao como devia anteceder a pesquisa do porquê. vantes foram realmente incluídos na elaboração do modelo.
32
33
Depois dessas considerações gerais, vejamos como Galileu cons- que rejeita de saída. A observação mostra que a velocidade do corpo
truiu o seu modelo, no caso da queda dos graves no ar. cresce no decorrer da queda. Galileu procura uma hipótese de trabalho
Galileu está perfeitamente consciente da existência da resistência quanto a esse cresci menta.
do ar. Mas, diz ele, essa resistência é um fenômeno de superfície, e Duas se apresentam:
portanto, se o corpo for suficientemente denso, e se por outro lado a a. em 1597, no De Motu, afirma qu~ a velocidade cresce proporcio-
altura da queda não for muito grande, de modo a não deixar a resistência nal mente ao espaço percorrido.
do ar crescer a ponto de se tornar relevante, então podemos desprezar b. em 1638, nos Discursos, afirma que a velocidade cresce proporcio-
essa resistência. Em outros termos, o parâmetro densidade do ar é irre· nal mente ao tempo decorrido desde o início da queda.
levante, uma vez aceitas as restrições acima. Observe-se que em qualquer caso o que Galileu procura é uma·
Dizer que a resistência do ar é desprezível equivale a dizer que hipótese simples: não há lei de variação mais simples que a proporc"iona-
tudo se passa como se a queda se efetuasse no vácuo. Mas Galileu foi lidade.
levado a concluir, por suas observações preliminares, que todos os corpos A primeira hipótese é insustentável. (Por quê?)
cairiam no vácuo com a mesma velocidade. Portanto, e desde que as Aceitemos então a segunda hipótese galileana:
A velocidade de um corpo em queda livre cresce proporcional-
restrições assinaladas sejam satisfeitas, a massa do corpo (Galileu diz o
peso) é também irrelevante. mente ao tempo.
A maneira de representar, no modelo, a bola de chumbo que cai de O modelo físico é conseqüentemente o de uma part icula que cai
uns poucos metros é então substituí-la por um grão de dimensões despre- livremente, a partir do repouso, e cuja velocidade cresce proporcional-
zíveis: é o que nós chamamos hoje de modelo de partícula. mente ao tempo.
Nesse modelo, todos os parâmetros físicos (dimensões, peso, pre· 1.5 O MODELO MATEMÁTICO
sença do ar ... ) são irrelevantes. Passemos do modelo físico ao modelo matemático, isto é, matema-
tizemos o modelo físico:
1.4 A IMPOSIÇÃO DE LEIS, TEORIAS OU HIPÓTESES DE
TRABALHO AO MODELO Fl°SICO MODELO FfSICO MODELO MATEMÁTICO
Continuemos nosso caminho ao longo da ponte abstrata entre
observação e experiência. Um modelo sozinho seria estéril: é preciso fixar

l • ' o
Partícula ...
o que poderíamos chamar de regras do jogo. origem dos tempos
Quais são as regras? ºT.- e das posições
São as leis ou teorias que, a nosso ver, o modelo deve seguir. j
Notem bem que estamos nos referindo ao modelo e não ao fenômeno ... caindo livremente
real. O modelo obedece, pela abstração e a idealização que levaram à sua (trajetória vertical) ... ~ 1.- trajetória orientada
elaboração, a regras mais simples que o fenômeno.* ·
Acontece às vezes, em particular quando a comunidade científica
positivamente para baixo
-
1
X

1V
(t)
(v = at)
se encontra no limiar de uma nova era - o que ocorreu na época de ... a partir do repouso emt= O
{ Xo =0
~
Galileu -, que não há ainda leis ou teorias. O investigador impõe então Vo: 0
certas hipóteses que permitirão fazer trabalh{Jr o modelo. Está claro que
as hipóteses escolhidas têm também um caráter subjetivo, pelo menos até
serem confirmadas, se for o caso, pela experiência.
No problema da queda dos graves, Galileu não dispõe de nenhuma Parâmetros rele..antes:
X
teoria, de nenhuma lei preexistente, excetuando-se a teoria aristotélica nenhum
Hipótese:
v:at Condições
*Esta é uma das grandes vantagens do modelo. O fato de impor regras mais simples leva mais
velocidade proporcional ~
iniciais:
rapidamente a soluções simples; pode acontecer que essas soluções sejam somente aproximadas, ao tempo
X0 =Q
mas elas dão em geral indicações sobre a evolução do fenômeno.

35
34
Duas observações: 1.7 O TESTE EXPERIMENTAL
Para simplificar fizemos coincidir a origem das posições com o A solução provisória prevista pelo modelo deve ser testada expe-
ponto de largada da partícula. rimentalmente: somente a natureza pode se pronunciar quanto à validade
2 A condição v0 = O está implicitamente contida na hipótese v = at; do próprio modelo, bem como das leis, teorias ou hipóteses que 1he
por essa razão não foi incluída entre as condições iniciais, no modelo ~ foram impostas.
matemático. 1
Para o caso da queda dos graves, a dificuldade encontrada por
Galileu era medir com suficiente precisão pequenos intervalos de tempo:
1.6 AS PREVISÕES DO MODELO MATEMÁTICO para cair de 3 metros, por l?Xemplo, uma pedra leva menos de 1 segundo.
A maneira de testar a validade da hipótese sobre a velocidade da Ele contornou a dificuldade graças à sua extraordinária intuição
queda parece óbvia à primeira vista: basta medir as velocidades do corpo física: ao procurar um meio de "diluir" a gravidade para que os tempos
em vários instantes sucessivos e verificar se essas velocidades crescem ou de queda fossem maiores, recorreu ao plano inclinado.
não proporcionalmente ao tempo.
Porém medir velocidades instantâneas é extremamente difícil, mes- A
mo hoje em dia*, quanto mais na época de Galileu. .1
O processo seguido por Galileu para contornar a dificuldade é
particularmente instrutivo, porque nos mostra uma das características
mais férteis do moãelo: o poder de predição.
Com efeito, o que Galileu faz é substituir a lei hipotética sobre as
velocidades, invertificável diretamente, por outra lei, que deve nece"'ssaria-
mente ser verdadeira se a hipótese primitiva o for, e que pode, esta, ser
verificada pela experiência.
Voltemos à hipótese:
Plano

V =: ~~ = at (1)
E D e
Horizontal

Essa relação é na realidade uma equação diferencial que pede uma Fig. 1 Galileu afirma, embora sem poder demonstrá-lo, que um objeto caindo de A ao longo
solução. A integração da equação é' imediata: dos planos AC AD AE ••• chegará sobre o plano horizontál com a mesma.velocidade: a que ele
teria em B se caísse em queda livre, seguindo a vertical.
t
x(t) - x o = f at dt
o
O que fornece, com x 0 = O: Dizia ele (fig. 1 ): se considerarmos planos de várias inclinações,
AC AD AE ... , um objeto caindo a partir do mesmo ponto A ao longo
x(t) = - 1 - at 2 (2) desses planós atravessará qualquer plano horizontal (por exemplo EDC
2 na figur'a) com a mesma velocidade e essa velocidade é igual à que ele
ou seja: se a velocidade crescer proporcionalmente ao tempo, ou ainda, se teria no ponto B do mesmo plano se caísse livremente de A ao longo da
o movimento do corpo for uniformemente acelerado, o espaço •percor- vertical AB: Obviamente, supõe-se que todos os atritos são desprezíveis.
rido deve crescer proporcionalmente ao quadrado do tempo. Galileu não podia demonstrar essa proposição*; ela é verdadeira,
Observe-se como a condição inverificável sobre a velocidade foi mas o que importa observar é que na realidade tratava-se de um segundo
substituída por outra que decorre necessariamente (isto é, matematica- modelo: o modelo de uma partícula descendo com atrito desprezível ao
mente) da primeira, mas que pode ser verificada experimentalmente, longo de um plano inclinado ideal (perfeitamente polido, perfeitamente
como veremos na próxima seção. rígido ... ). Esse segundo modelo estava sendo criado para a finalidade
•Na realidade não se mede nunca uma velocidade instantânea e sim um t:.x/t:.t; por menor que
seja M, ele não é infinitamente pequeno; * Huygens farâ essa demonstração, alguns anos mais tarde.

36 37
exclusiva de verificar experimentalmente uma lei prevista por um outro
modelo: o da partícula em queda livre. Aceitaremos a previsão galileana quanto ao plano inclinado e
submeteremos agora o nosso modelo ao teste experimental.
Em resumo, Galileu acreditava que os dois modelos seguem ames-
ma hipótese fundamental: a da proporcionalidade da velocidade em rela-
ção ao tempo de queda. A vantagem do plano inclinado é que a cons-
TESTE EXPERIMENTAL
tante de proporcionalidade a na expressão v = at, é menor no caso do
plano inclinado do que no caso da queda livre, e conseqüentemente os
tempos de queda serão maiores. Voltando à fig. 1, Galileu estava conven- Considere-se um objeto (carrinho, bola de aço) deslizando ao
cido de que a velocidade da partícula em BCDE era sempre a mesma longo de um plano inclinado, com atrito desprezível.
(desde que a queda se iniciasse sempre em A e que os atritos fossem O espaço percorrido pelo móvel a partir do repouso será propor-
desprezíveis); no entanto, para alcançar o plano horizontal, a partícula cional ao quadrado do tempo?
levará um tempo tanto maior quanto menor for a inclinação do plano em
relação à horizontal. OBSERVAÇÃO
O modelo que substitui o precedente, para fins de verificação ex- O problema experimental n.o 39 do Apêndice 1(pág.618) podesubs-
perimental, é o seguinte:
titu ir este teste. Com efeito, verificamos naquele problema que tal movimen-
MODELO FfSICO
to é uniformemente acelerado. Portanto, a expressão da posição em função
MODELO MATEMÁTICO
do tempo, com as condições iniciais x 0 = O e Vo = O, é a seguinte:
Partícula ...
~- X=+ 2. at
..• caindo ao longo 1 Se for aconselhável fazer o teste, uma nova série de dados experi-
de um plano inclinado
--+. mentais será necessária, cuidando-se agora de tomar como origem das

l
posições (xo~ a posição em que o móvel é largado com velocidade nula.
Caso não se disponha de trilho de ar com centelhador, uma bola de
1 ,,;,.m do'1ompo•
e das posições O
,
1
aço rolando sem deslizar ao longo de uma calha de alumínio (por exem-
plo) é uma solução satisfatória. Aconselha-se largar a bola sempre da

°';'"~"'. ~
.•. com atrito desprezível )( (t) mesma posição, medindo-se com um cronômetro os tempos para a bola
2 '."JMÕ•O percorrer os primeiros 1O cm, os primeiros 20 cm, os primeiros 30 cm,
pos1t1vamente para baixo etc....
••• a partir do repouso
--+ em t = O
{x
0 :0
_ 0
- X
Qual é a precaução necessária quanto à inclinação da calha, para
que a bola role realmente sem deslizar?
v. - Qual é o método aconselhável para testar se o espaço percorrido é
• v=at
Parâmetros rei eva ntes:
nenhum
realmente proporcional ao quadrado do tempo?
Fornecemos a seguir uma série de dados correspondentes ao movi-
mento de um carrinho sobre um trilho de ar. Esses dados poderão ser
Hipótese: utilizados, se for julgado aconselhável, para suplementar a análise do
velocidade proporcional movimento da bola ao longo da calha.
ao tempo
--+ v= at 1 Condições iniciais:
Xo =0
Inclinação do trilho: 5. 10- 3 rad.
Observe-se que a única coisa que mudou em relação ao modelo Freqüência do centelhador: 4,0 Hertz.
precedente foi a direção do eixo. Assim, a previsão do modelo continua a
mesma, ou seja,há proporcionalidade do espaço em relação ao quadrado Posição: Xo Xi X2 X3 X4 Xs x6 X7 Xa X9 X10 X11
do tempo.
(cm) O 0,2 0,5 1,3 2,1 3,5 5,1 6,8 9,1 11,5 14,2 17,3
38
39
Segunda Parte Ele supõe que o movimento de um projétil lançado horizontal-
mente é a resultante da composição de dois movimentos:
O PROBLEMA DO MOVIMENTO DOS PROJÉTEIS a. um movimento horizontal, retilíneo e uniforme;
b~ um movimento vertical análogo ao da queda livre. Havia verificado
experimentalmente que esse movimento é uniformemente acelerado (ve-
locidade proporcional ao tempo ou espaço proporcional ao quadrado do
tempo).
Examinemos essas hipóteses.

1.8 A OBSERVAÇÃO
3
Ao arremessar uma pedra ou a flecha de um-arco, observa-se que a
trajetória é uma curva côncava para baixo. Em particular, se o arremesso
for feito horizontamente, a trajetória da pedra ou da flecha é defletida
para baixo logo após o projéti'I perder o contato com o agente motor
(mão ou arco).

e 4
1.9 O PROBLEMA
Galileu pergunta: Qual é a curva descrita pelo projétil? Fig. 2 A composição galileana de movimentos: uma velocidade vertical de 3 unidades comp8e-
Implicitamente, aceita sem discussão que todos os projéteis têm se com uma velocidade horizontal de 4 unidades, fornecendo uma velocidade "diagonal" de 5
trajetórias semelhantes. Isto equivale a reconhecer a existência de uma unidades.
unidade subjacente a toda uma classe de fenômenos: é o prenúncio da lei
física.
Em primeiro lugar, o que Galileu entende por "composição de
movimentos"?
Salviati o explica no 4.0 dia dos Discursos: se, diz ele, o corpo ao
1.10 A ELABORACÃO DO MODELO FfSICO
descre~!!r sua trajetória tem, em determinado instante, uma velocidade
As restrições são as mesmas que as observadas no caso da queda
dos graves: corpo süticientemente compacto e denso, pequenas "dimen- vertiçal de 3 unidades, representada pelo segmento AB (fig. 2) e ao mes-
sões" do. tiro (altura e alcance), resistência do ar desprezível. O modelo é mo tempo. uma velocidade horizontal de 4 unidades (segmento BC), sua
o de ·partícula~ velocidade real será a diagonal AC do retângulo construído sobre AB e
Não há parâmetro físico relevante. BC: terá a direçâ'o dessa diagonal e será de 5 unidades. Essas 5 unidades
são, diz Salviati, "a soma em potência de 3 e 4".
O que Galileu está enunciando é o que chamamos hoje de compo-
1.11 A IMPOSIÇÃO DE LEIS, TEORIAS OU HIPÓTESES DE sição vetorial das velocidades-.
TRABALHO AO MODELO FfSICO Mas o que são essas velocidades?
Como no caso da quedá dos graves, não há leis ou teorias preexis- A velocidade horizontal é ·a velocidade com que o corpo foi lan-
tentes. Quais são então as hipóteses de trabalho que Galileu impõe ao çado, e que conservaria indefinidamente se um plano horizontal que
modelo? passasse pelo ponto de lançamento o impedisse de cair.
40 41
A velocidade vertical é, para Galileu, a velocidade que teria o x
A posição rH pode ser representada por (v 0 t) em que v 0 é o
corpo se não fosse projetado, isto é, se ele tivesse o movimento simples módulo da velocidade inieial e x é o unitário horizontal no sentido do
de queda livre que tinha estudado ahtes.
Plano horizontal?, pergunta Simpl ício, que se lembra da conser-
vação do movimento segundo Galileu, mas que aprendeu que se trata
1 lançamento.
A posição rv pode ser representada por ( 1/2at2 )9 em que 1/2 at 2 é
a distância percorrida por um grave em queda livre durante o tempo t
também, segundo o próprio Galileu, de um movimento circular em torno
do centro da Terra.*
;t1 com aceleração a e y o unitário vertical para baixo.
As hipóteses galileanas resumem-se agora na igualdade vetorial
Salviati explica então que sendo o alcance do tiro, por hipótese,
r = (v 0 t) _x + (1/2 at 2 ) 9
muito pequeno em comparação com o raio terrestre, o plano esférico em
que se conservaria, a rigor, o movimento, pode ser sem inconveniente 1 Resumamos o modelô:
substituído pelo plano tangente à superfície terrestre, isto é, por um
plano horizontal.
Observemos que, ao aceitar a composição vetorial das velocidades,
Galileu considera que os dois movimentos elementares, o movimento de
queda livre vertical e o movimento uniforme horizontal, são indepen-
MODELO FfSICO

Partícula ...

... atirada horizontalmente


___. .
MODELO MATEMÁTICO


dentes, não interferem entre si. v,

.r· .r
com velocidade v 0 ___. x
1.12 O MODELO MATEMÁTICO
Em conseqüência, e traduzindo-se em lingoagem moderna, Galileu
afirma que se por seu movimento horizontal uniforme, o projétil tivesse
em determinado instante a posição rH (fig._ 3) e se por seu movimento
vertical de queda 1ivre tivesse no mesmo instante a posição rv, sua posi- Parâmetros relevantes:
nenhum 'H
ção real seriar, soma vetorial de rH e ry.
Hipóteses:
o rH
1 O movimento horizontal
'
é retilíneo uniforme
com velocidade v0 ____. 'H
Posição da projeção M
da partícula sobre
o eixo x no instante t: O: posição inicial
M: posição no instante t

1l rH=lv 0 tl x
rv 1
"'r i
!
2 O movimento vertical
é o da quéda livre Condições iniciais:
rom velocidade inicial nula.____.


Posição da projeção
da part í cuia sobre o
em t= O
r =O
V= v0
(horizontal)

eixo y no instante t:
1

---~-------------------~ 'v = .!.2 at' V


Fig. 3 A composição vetorial das posições, conseqüência necessária do conceito galileano da
composição dos movimentos. 3 Esses dois movimentos
superpõem-se --+ r=rH+ 'v
(*) GMC, cap. 7, seção 7.8.

42 43
1.13 AS PREVISÕES DO MODELO Essa trajetória (semiparábola) é pois uma conseqüência necessária
A hip~tese imposta: das hipóteses iniciais impostas ao modelo.
r=(voi)x+(~at 2 )y (3)
equivale ao sistema que se obtém pela projeção da igualdade sobre os 1.14 O TESTE EXPERIMENTAL
eixos orientados respectivamente por e y: x · A previsão do modelo quanto à forma da trajetória deve ser
X= v0 t (4) submetida ao teste experimental.
A fig. 5 resume o método experimental sugerido para testar o
y = _1_ at2 (5) modelo. Se a trajetória for uma semiparábola, as distâncias verticais OM
2
devem ser proporcionais aos termos da seqüência (0) 2 (1 )2 (2) 2 (3) 2 •••
em que x e y representam as componentes algébricas do vetor de posição
Posiçâ'o de largada da bola
no instante t, ou ainda as coordenadas da partícula no instante t, relativa-
mente aos eixos cartesianos (Ox, Oy) da fig. 4. Observemos que x e y são
necessariamente positivos. o 2 3 4 5
1
1
o X

1
J
1
1
ly
1
1
1
1
1
-------------------
X

Fig. 5 Esquema da montagem experimental para o movimento do projétil. A bola é largada


sempre da mesma posição. Ela bate numa prancheta vertical (com papel carbono) colocada nas
posições sucessivas eqüidistantes O 1 2 3 etc ...

PERGUNTAS
y 1 Mostrar - referindo-se à fig. 5 - que se a trajetória for uma semiparábola devemos ter,
por exemplo:
Fig .. 4 A trajetória da partícula, prevista pelo modelo, é uma semiparábola com o eixo vertical. (0Ml 4 = 4 (0M) 2
2 Em cada posição da prancheta é aconselhável obter três ou quatro batidas da bola le não
A trajetória obtém-se pela eliminação do tempo t entre as duas uma só), largando-se sempre a bola do mesmo ponto da rampa.
relações (4) e (5). Essa eliminação, que é imediatà, fornece: Por quê?

v= ª
2Vo2 x
2 (x e Y>O). (6) CONCLUSÃO
O que há de mais importante na obra científica de Galileu é a
elaboração do método científico. Esse método gira em torno da estrutu-
Ela representa uma semiparábola cujo eixo é a vertical Oy, que ração de modelos teóricos, abstratos, sugeridos por uma pergunta que o
tem concavidade dirigida para baixo e que tangencia a horizontal Ox no investigador da Natureza faz a respeito de um fenômeno.
ponto de lançamento O. O modelo permite, por meio de deduções exclusivamente matemá·
44
45
ticas, a descoberta de conseqüências necessárias das leis, ou teorias, ou QUESTÕES CONCEITUAIS
hipóteses que foram impostas ao modelo.
No entanto a elaboração do modelo, com a escolha dos seus parâ- 1 No Primeiro Dia dos Discursos, Galileu analisa da seguinte maneira o fenômeno da
metros relevantes, bem como a decisão de impor certas leis ou certas resistência do ar:
hipóteses ao modelo, são opções humanas e conseqüentemente fal (veis. . .. um corpo pesado possui uma tendência inata a mover-se com um movimento constan·
te e uniformemente acelerado em direção ao centro comum de gravidade, ou seja, ao centro da
Por isso o cientista deverá sempre procurar na experiência o vere- nossa Terra, de maneira que, em intervalos de tempos iguais, sofre acréscimos iguais, de momento
dicto da Natureza a respeito da validade do modelo, do acerto na rele- e de velocidade. Mas isso é válido apenas no caso de todos os impedimentos ex ternos e acidentais
terem sido removidos,: no entanto, um desses impedimentos não pode nunca ser removido: é o
vância dos parâmetros e da validade das leis e das hipóteses impostas. meio, que deve ser penetrado e jogado para o lado pelo corpo que cai. Como já disse, esse corpo é
Foi precisamente por ter entendido que a exploração da natureza por sua natureza continuamente acelerado, o que faz com que encontre uma resistência do meio
exige, como disse Alexandre Koyré, "que se raciocine sobre o impossível cada vez maior, com a conseqüente diminuição da taxa de aumento da sua velocidade até que,
finalmente, a velocidade atinja um valor tal, ao mesmo tempo que a resiStência do meio se torne
(o modelo abstrato) para se tirarem conclusões quanto ao real", que tão grande que, um equilibrando o outro, os dois efeitos impedem qualquer aceleração futura. O
Galileu foi o grande artesão da libertação da ciência das essências aristo- movimentá do corpo se torna então uniforme e daí em diante cônservará um valor constante.
télicas, da magia medieval e das qualidades ocultas, que por mais de dois a. Faça, a respeito do trecho acima transcrito qualquer comentário ou crítica que julgar
conveniente.
mil anos haviam impedido o seu desenvolvimento. b. Galileu afirma a existência de uma velocidade limite, para um corpo que cai. Esse fato
pode ser comprovado por observação experimental? De que maneira?

2 No Primeiro Dia dos Discursos, Galileu explica que a resistência do ar sobre um corpo
que cai é devida aos choques do meio (ar) contra as asperezas e rugosidades existentes na
superfície do corpo. Explica a seguir que, na medida em que um corpo diminui de tamanho, a
superfície se torna cada vez mais importante, relativamente ao peso; conseqüentemente, a resis·
tência do ar tem mais influência sobre o movimento de, um corpo pequeno, que sobre o movi·
mento de um corpo maior, porém feito da mesma substâ·ncia.
a. Convença-se do efeito de superfície, quando se muda de escala. Considere por exemplo
uma bola de aço de raio 2R, e outra de raio R. Qual é a razão entre os pesos das duas bolas? Qual
é a razão entre as superfícies?
b. Deixe cair, de uma altura de uns poucos metros, um punhado de poeira ou de areia bem
seca. O que aconteceria se a queda se produzisse no vácuo? O que acontece na realidade?
Explique as diferenças.

3 Seguindo Galileu, diremos que um corpo que cai em um meio fluido atinge uma veloci·
dade limite, se a altura da queda for suficiente. Quais são os parâmetros relevantes na determi·
nação dessa velocidade? Sugira um procedimento ex'perimental que permita descobrir de que
maneira a velocidade limite depende desses-parâmetros.

4 No De Motu, de" 1597, Galileu supunha que a velocidade de queda era proporcional ao
espaço percorrido. No Terceiro Dia dos Discursos, afirma que essa hipótese estava errada. Seu
argumento é reproduzido a seguir: ·
. . . se a velocidade com que um corpo cai, ao percorrer uma distância de oito pés,
fosse o dobro da velocidade com que ele percorre os primeiros quatro pé~, os intervalos de tempo
necessários para percorrer essas duas distâncias seriam iguais. Mas uma queda de quatro ,,és e de
oito pés no mesmo intervalo de tempo somente seria possível no caso de movimento instan.tâneo;
a observação no entanto nos mostra que o movimento de um corpo que cai consome tempo, e
consome menos tempo numa queda de quatro pés do que numa queda de oito pés; conseqüen·
temente, não é 119rdadeiro que a velocidade aumenta proporcionalmente ao espaço.
O argumento de Galileu é falho. Mostre por quê.

5 Galileu demonstra a proporcionalidade do espaço em relação ao quadrado do tempo da


seguinte maneira:
a Mostra em primeiro lugar que se a velocidade cresce proporcionalmente ao tempo, o
espaço percorrido em determinado jntervalo de tempo é igual ao que seria percorrido em movi·
menta uniforme com velocidade igual à metade da velocidade final atingid~ no movimento

47
46
acelerado. Na fig. 1, se AB representa o tempo total da queda, Galileu representa e velocidade am Pela proposição precedente, pode-se escrever
instantes sucessivos por segmentos perpendiculares a AB. As extremidades desses segmentos
distribuem-se sobre a reta AC, jé que ele supõe que a velocidade é proporcionei ao tempo. A
!::!.!:.. - Tempo AD
X (1/2)DO (1)
HM - Tempo AE x (1/2IEP
velocidade finei é representada por BC, e a metade dessa velocidade_. por BD.
E A Mas nos triângulos semelhantes ADO e AEP, ~~=~~·de modo que a relação (1) se
escreve:
HL =AD x AD_ AD 2
HM AEXAE-ÃE'
o que demonstra a proporcionalidade dos espaços percorridos em relação aos quadrados dos
tempos.
Comente criticamente a solução de Galileu.

Fig. 1
c D B
Se um corpo se movimentasse uniformemente com velocidade BD, durante o mesmo
intervalo de tempo AB, os segmentos de comprimento constante, que representariam a velocl·
dade em instantes sucessivos, teriam suas extremidades sobre ED, paralelo a AB.
A seguir, Galileu afirma que a soma de todas as velocidades no movimento eceleredo é
igual à soma de todas as velocidades no movimento uniforme, pois a primeira soma representa e
área do triângulo ABC enquanto a segunda representa a área do retângulo AEBD, sendo õbvlo
que essas áreas são iguais. Conclui-se, continua Galileu, que o espaço percorrido pelo mõvel em
movimento acelerado, durante o intervalo AB, é igual ao espaço percorrido pelo mõvel em
movimento unifor"1e, durante o mesmo intervalo.
b. Galileu esté agora capacitado a deduzir a lei da queda. Com referência à fig. 2, DO
representa a velocidade do mõvel ao chegar em L, caindo de H, e EP representa e velocidade ao
chegar em M.
A H

" 1.D

• E M
l,

B
Fig. 2

48 49
·mlms:uauB rtIMi ou Rm !l llfr'1!11
0:1_ •. _ ... ___ - , .. ,. -
""-"""'~"·----·~~·---=-"'''" -- -
d. considerando-se dois planos inclinados com comprimentos diferentes e inclinaçé5es dife-
PROBLEMAS
rentes (fig. 4):
Admitindo-se que a velocidade de queda ao longo de um plano de qualquer inclinação (e tAB = AB. AE
isto inclui a vertical) é proporcional ao tempo, mostre que: tAC AC AD
a. os tempos de queda ao longo do plano inclinado AC e da vertical AB, estão entre si como
AC está para AB (fig. 1 ): A
tAC AB
tAB = AB

<" I 'ID

Fig. 1

(Essa proposição constitui o Teorema 111 do 3.º Dia dos Discursos.)


b. considerando-se vários planos inclinados com a mesma altura (fig. 2)

tAC _ tAD -~- •.•


AC - AD - AE -
A
Fig.4 C E

(Teorema V do 3. o Dia dos Discursos)

Fig. 2
t'f e. considerando-se dois planos inclinados AB e AC, cujas extremidades B e C se encontram
sobre uma circunferência de diâmetro vertical AF (fig. 5):
t tAB = IAC = tAF
t
}'
'l
1ii:
(Generalizaça-o da proposição precedente.)
c. considerando-se dois planos inclinados com o mesmo comprimento (AB =AC), mas com li
inclinações diferentes (fig. 3): li
tAB AE A
tAC =AD.

B D
Fig. 3

---------E (Teorema VI do 3. 0 dia dos Discursos)


ci.ualquer uma das propos;Ções (fig. 1, fig. 2 ... fig. 5) é uma conseqüência n1ct11111lrla da
hipótese inicial (velocidade proporcional ao tempo), válida, tambdm por hipótele, tanto para a
(Teorema IV do 3.0 Dia dos Discursos) queda livra como para a queda sem atrito ao longo de um plano Inclinado.

50 61
1
Em outros termos, para o teste experimental daquela hipótese, a conseqüência necessária
da proporcionalidade do espaço em relação ao quadrado do tempo poderia ser substitu fda por
"j'
·~
Capítulo 2
qualquer das conseqüências necessárias acima. c,1 NEWTON
$
Pede-se escolher uma (ou várias) dessas proposições e descrever um processo experimen·
1 AS LEIS FUNDAMENTAIS DO MOVIMENTO
tal que permita testá-las. i;-

2 Neste problema, enunciado e resolvido por Galileu, acha-se outra conseqüência necessária ~
das hipóteses feitas sobre o movimento dos projéteis.
~
·.:·1
A

r~,

::.1
INTRODUÇÃO
Galileu morreu em 1642. Naquele mesmo ano, no dia de Natal,
j-:1
nascia Newton.
Com Newton, a chamada revolução científica do século XV 11 atin·
a. Representando-se por h = 08 a altura do vértice da· parábola (ponto de lançamento) ge o seu apogeu. Em menos de 50 anos o gênio de um homem vai
acima do plano horizontal, calcule o alcance b =BC do projétil em função de h, da velocidade conseguir o que dois mil anos de pacientes· esforços tinham preparado,
inicial v 0 e da aceleração a do movimento vertical. porém não alcançado: a formulaçãÓ de urn<1 teoria cientlfica.
E bem verdade que sem os "gigantes nos ombros dos quais se
b. Determine a posição do ponto A de onde deveria cair uma partícula, em queda livre, para
que ela atinja o ponto O precisamente oom a Velocidade v0 • A distância AO= s foi chamada por apoiou", segundo sua própria expressão, Newton talvez não tivesse tido a
Galileu sublimidade da trl!jetória. extraordinária fertilidade que demonstrou. Havia a precedê-lo um Copér-
nico e um Kepler. H~vi'a sobretudo um Galileu que tinha mostrado o
c.. Mostre que a metade do alcance é média proporcional entre a altura h e a sublimidades: caminho do método científico.
(b/2) 2 = hs. (Proposi(:ão V do 4.º Dia dos Discursos)
Mas o método científico, sem teoria para sustentá-lo e nutri-lo, era
~v
2
Vo
RESPOSTA: a. b = 0; b. s = - - um esqueleto sem substância. Cada um dos modelos construidos por
a 2a
Galileu exigia uma hipótese de trabalho para ser capaz de prever conse-
qüências necessárias e verificáveis experimentalmente.
Galileu não teve tempo de se interrogar quanto às hipóteses rela-
tivas aos movimentos na superfície da Terra (queda livre, movimento dos
projéteis): teria talvez descoberto o papel único da aceleração nesses
vários tipos de movimento.
Essa descoberta seria feita por Newton. Pela primeira vez, vamos
encontrar leis que não somente traduzem a regularidade do comporta-
mento da Natureza em classes isoladas de fenômenos*, mas que, des-

• A lei da queda dos corpos de Galileu (proporcionalidade do espaço ao quadrado dos tempos) e
o movimento dos projéteis (trajetória parabólica) são exemplos de leis naturais que poderíamos
qualificar de isoladas,

52 53
cendo a um nível de. compreensão mais profundo, vão revelar essa regu- Em 1667, Newton voltou ao Trinity College. No ano seguinte,
laridade em todos os movimentos, quaisquer que sejam as causas ou as 1668, sucedia a seu mestre Barrow, como Professor Lucasiano de Ma-
origens. temática*. ·
A 2.ª lei nos dirá por exemplo que qualquer que seja a força F que Continuando os seus estudos de Ótica, inventa o telescópio
age sobre uma partícula de massa ma aceleração a resultante será igual a refletor em que a lente até então utilizada (telescópio refrator) foi substi-
tuída por um espelho, o que tinha a vantagem de eliminar as aberrações
F cromáticas da refração.
m Comunica os resultados dos seus trabalhos à Royal Society, o que
lhe vale ser aceito como membro da Sociedade em 1672, mas provoca, ao
Neste capítulo, depois de uma breve biografia de Newton, apre- mesmo tempo, o início de uma polêmica com Robert Hooke (Secretário
sentaremos a formulação das leis do movimento como Newton as expôs da Sociedade) e com Huygens.
nos Princípios. Hooke e Huygens tinham, paralelamente, desenvolvido uma teoria
Veremos que essa formulação não é isenta de criticas: peca por ondulatória da luz. Newton refutava essa teoria, contrapondo-lhe a sua
certas incoerências internas. Newton estava, pela primeira vez na história teoria corpuscular pois, segundo ele, se a luz tivesse caráter ondulatório,
da ciência, falando uma linguagem nova, propondo novos conceitos, os seria difratada pelos obstáculos, como· o som. Newton estava ~rrado:
de força e de massa por exemplo, e conseqüentemente as hesitações na ló- aparentemente, nunca tinha imaginado que o comprimento de onda da
gica da sua formulação são compreensíveis. luz pudesse ser tão pequeno a ponto dos efeitos macroscópicos de difra-
Nos capítulos seguintes, tentaremos apreserJtar uma versão coeren- ção escaparem a uma observação superficial.
te das leis do movimento e voltaremos a Newton no capítulo final deste As descobertas de Newton a respeito do comportamento da luz e
voíume, com a gravitação universal. ;1 seus estudos .dos fenômenos óticos constituem no entanto uma obra
notável. Podem ser encontrados em várias comunicações à Royal So-
ciety** e em cartas a diversos correspondentes. Foram reunidos mais tarde
2.1 A VIDA E A OBRA DE NEWTON em um tratado, o Opticks publicado em 1704.
· Isaac Newton nasceu a 25 de dezembro de 1642 em Woolsthorpe, Os trabalhos de Newton sobre Mecânica constituem uma obra gi-
perto da Grantham, no condado de Lincolnshire; na Inglaterra daqueles gantesca e são o fundamento da Mecânica hoje chamada "clássica"***. No
dias o reinado de Carlos 1 estava no seu crepúsculo e Cromwell se prepa- entanto as descobertas relativas ao movimento dos corpos e às suas leis
rava para assumir o poder. foram publ.icadas tardiamente e, no início, foram os trabalhos de Ma-
O jovem Newton, que a tradição familiar destinava às atividades temática e Ótica que tornaram Newton conhecido nos meios científicos
rurais, revelou poucos pendores para a agricultura. A sagacidade de um europeus.
tio orientou-o para a Universidade: em 1661 entrava para o Trinity A Mecânica, e em particular a Mecânica celeste, eram objeto de
College, em Cambridge. Nunca mais afastar-se-ia da sua Alma Mater. estudos e de especulações desde as descobertas de Kepler e de Galileu; na
Lá obteve, em 1665, o grau de Bachelor of Arts; naquele mesmo Royal Society recém-fundada (1660), estu~tosos como Robert Hooke,
ano a Grande Peste assolava o sul da Inglaterra, fechava a Universidade e Christopher Wren e Edmund Halley**** se interrogavam sobre as causas
obrigava Newton a refugiar-se na sua terra natal de Woolsthorpe. do movimento dos planetas.
Segundo suas próprias palavras, os dois anos passados em Wo-
• Um ex-professor de Trinity College, Lucas, tinha fundado em 1660 a cátedra de Matemática,
olsthorpe foram os mais fecundos de sua vida. Foi aí que desenvolveu os cujo titular era chamado "Lucasian Professor of Mathematics". O primeiro titular foi Barrow;
primeiros elementos do cálculo diferencial e integral, que chamou "cál- o segundo, Newton.
culo das fluxões". Foi também naquela époc:a que iniciou seus trabalhos
**Uma das mais importantes 6 A Set of Queries propounded by Mr. Newton to be determined
de ótica, ao analisar a luz solar e mostrar que ela é composta de radia- by E·xperimenrs, positive/y end direct/y concluding his new Doctrine of Light and Colours:
ções monocromáticas. Philosophical Transactions, 85, 5003 (1672).
Foi também em Woolsthorpe que Newton iniciou os estudos sobre •••Em contraposição à Mecânica Relativista e à Mecância Quântica.
o movimento dos corpos e começou a desenvolver a sua teoria da gravi- 1 •

tação universal. ••u Lembrado hoje pelo cometa que traz o seu nome.

54 55
A lei do inverso do quadrado da distância "estava no ar", por puderam apresentar os Principia como a obra que põe em evidência o
analogia com a propagação isotrópica de "fluidos" indestrutíveis, cõmo a mecanismo matemático do Sistema do Mundo.
luz, por exemplo. No ent'anto nem Halley nem seus amigos foram ca- As demonstrações de Newton são geométricas. Há no entanto
pazes de deduzir a trajetória de um pláneta, supondo-se uma lei de atra- razões para pensar que pelo menos algumas delas foram inicial mente
ção Sol-planeta da forma 1/r2 • conduzidas com o cálculo das fluxões que Newton tinha inventado e que
Foi assim que num belo dia de agosto de 1684, Halley foi visitar foram posteriormente transpostas para a forma geométrica, mais larga-
Newton em Cambridge e lhe fez a pergunta seguinte: mente conhecida na época.
Supondo-se que o Sol atrai um planeta com uma força inversa- Os Principia são divididos em três livros que passamos a analisar
mente proporcional ao quadrado da distância, qual seria a trajetória do rapidamente.
planeta? Os dois primeiros livros referem-se ao movimento dos corpos. O
Para grande espanto de Halley, Newton respondeu imediatamente: Livro 1 começa com as Definições e as Leis que estudaremos em detalhe
Há muito tempo que resolvi o problema: a trajetória é uma elipse. na Seção 2.4, e trata a seguir de aplicar essas leis a vários tipos de
Halley pediu a Newton que lhe fizesse a demonstração. Newton movimentos. Dois problemas genéricos são tratados: dada a lei de força,
infelizmente não foi capaz de achar, nos seus arquivos, esta dem.ons- achar a trajetória, e dada a trajetória e certas hipóteses complementares,
tração feita havia já muito tempo, mas prometeu enviá-la a Halley em achar a lei de força. É nesse livro que Newton resolve o problema de
Londres. Kepler, ou seja, o de achar a lei de força conhecendo-se as três leis dos
Efetivamente, em outubro de 1684, Newton mandava a Halley um movimentos planetários, e o problema inverso, ou seja, o de a.char a
opúsculo ·intitulado De Motu Corporum, resumo de suas aulas no Trinity trajetória correspondente a uma lei de atração em razão inversa do qúa-
College, e que continha não somente a demonstraçãO pedida, como tam- drado da distância, dadas as condições iniciais. O livro termina· com o
bém uma primeira versão das leis do movimento. estudo da ação gravitacional entre corpos extensos.
Constatando o adiantamento extraordinário do pensamento new- O Livro 11 continua no mesmo estilo, puramente dedutivo. New-
toniano, Halley pediu então a Newton que escrevesse um tratado formal ton estuda agora o movimento de corpos (partículas) em meios resis-
onde fossem reunidos todos os resultados descobertos e acumulados por tentes, com especial atenção para o movimento dos projéteis, e termina
ele no decorrer de vinte anos de trabalho. com problemas de fluidos em movimento.*
Newton acedeu ao pedido de Halley e iniciou a composição da sua O conteúdo do Livro 111 é completamente diferente; Newton faz
obra-mestra, cuja primeira edição foi publicada em 1687. Intitulava-se: agora a aplicação dos resultados obtidos no primeiro livro ao caso con-
Philosophiae Natura/is Principia Mathematica, ou seja: Princlpios Ma- creto do sistema solar e por essa razão o título do livro é Do Sistema do
temá,ticos da Filosofia Natural. Mundo. O livro começa por enunciar as regras que devem ser segui das no
Os Principia tiveram uma segunda edição em 1713 e uma terceira estudo dos fenômenos naturais; veremos quais são essas regras na ·con-
em 1726. clusão deste capítulo. A seguir, aplica as leis do movimento e a lei da
Um ano depois, em 1727, Newton morria. Foi sepultado na gravitação a vários problemas astronômicos: movimento da Lua e per-
Abadia de Westminster, o Panteão dos heróis ingleses. turbações desse movimento pelo Sol; satélites de Júpiter e Saturno; pro-
blema das marés; órbitas dos cometas, etc ....
Antes de apresentar as leis do movimento, na formulação dos Prin-
2.2 A ESTRUTURA DOS PRINCIPIA cipia, convém precisar os conceitos newtonianos de tempo e espaço.
Os Principia foram escritos em latim. Constituem o primeiro tra-
tado de Física Matemática da história da ciência.
2.3 OS CONCEITOS NEWTONIANOS DE TEMPO, ESPAÇO E
Partindo de umas poucas definições e das três leis do movimento, MOVIMENTO
Newton demonstra rigorosamente (i.e.,matematicamente}, uma quanti-
dade supreendentemente extensa de propriedades relativas aos movi- Estranhamente, Newton apresenta os seus conceitos de tempo,
mentos de partículas submetidas a várias Jeis de força. Dentro desses
• Newton estava assim refutando a teoria 'Cartesiana, embora sem declará-lo abertamente, segundo
movimentos estão em primeiro lugar os movimentos planetários, de a qual o movimento dos planetas era provocado por vórtices do éter. Newton demonstra que esses
maneira que alguns comentadores (o próprio Halley, por exemplo) supostos vórtices nunca poderiam conduzir aos movimentos conhecidos dos corpos celestes.

56 57
espaço e movimento no Escólio que segue a Definição VI 11 sobre força 2.4 AS LEIS DO MOVIMENTO
Os Axiomata sive leges Mõtus são as famosas três leis do movi·
centrípeta (ver a seção seguinte), no iní.cio do Livro 1. Separa, naqueles
mento, que Newton apresenta no início do Livro 1 dos Principia. Porém,
conceitos, um sentido absoluto e um sentido relativo.
as leis são precedidas por oito definições que são necessárias para a
Traduzimos diretamente do texto em latim da terceira edição:
compreensão das leis. ·
1 O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si e por sua Apresentaremos, na mesma ordem que nos Principia, as definições
natureza sem relação alguma com nada externo, flui uniforme- e as leis do movimento.
mente e se chama duração. O tempo relativo, aparente e vulgar é
aquela medida sensível e externa de uma parcela de duração, DEFINIÇÃO 1
medida essa que se obtém pelo movimento e que se costuma uti- A quantidade de matéria se mede pela densidade e o volume
lizar em lugar do tempo verdadeiro; por exemplo a hora, o dia, o tomados conjuntamente*.
mês, o ano.
DEFINIÇÃO 2
2 O espaço absoluto, sem relação, por sua natureza, com as coisas A quantidade de movimento se mede pela velocidade .e a quanti-
externas, permanece sempre igual a ele mesmo e imóvel. O espaço dade de matéria tomadas conjunta mer:ite. · ·
relativo é a medida ou dimensão móvel do espaço absoluto que é
defini<Ja por nossos sentidos por sua posição ·em refação a determi- DEFINIÇÃO 3
nados corpos e que o vulgo confunde com o espaço imóvel. Por A força que reside na matéria (vis insita em Latim)** é sua
exemplo, um espaço sub(errâneo, ou no céu, é definido por sua propriedade de resistir, graças à qual qualquer corpo, no que depende
posição em relação à Terra. dele, permanece no seu estado de repouso ou de movimento retilíneo
uniforme.
3 O movimento absoluto é a translação dos corpos de um lugar
absoluto para outro lugar absoluto, e o movimento relativo é a DEFINIÇÃ04
translação de um lugar relativo para outro lugar relativo. Uma força impressa é uma ação exercida sobre o corpo, que tende
4 Assim t! que, em um navio movido pelo vento, o lugar relativo de a alterar o seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme.
um corpo é a parte do navio em que se encontra o corpo, ou
ainda, o espaço ocupado pelo corpo no bojo do navio; esse espaço DEFINIÇÃO 5
move-se junto com o navio e o repouso relativo do corpo significa A for\:él centrípeta é aquela ·que faz tender os corpos para algum
sua permanência na mesma parte do bojo do navio. ponto, como se fosse um centro, sendo os corpos empurrados ou
puxados ou impelidos de qualquer forma (para o centro).
No entanto, o repouso verdadeiro do corpo é sua permanência na
parte do espaço imóvel onde se supõe que o navio e tudo o que ele DEFINIÇÃO 6
contém esteja se movendo. A quantidade absoluta da força centrípeta é a medida da mesma,
Assim é que, se a Terra estivesse em repouso (absoluto), o corpo · maior ou menor conforme a eficiência da causa que a propaga a partir do
que está em repouso relativamente áo navio teria um movimento ver- centro, pelas regiões do espaço que o circundam.
dadeiro e absoluto, cuja velocidade seria igual à que arrasta o navio na
superfície da Terra. Porém, já que a Terra se move no espaço, o movi- . DEFINIÇÃO 7
mento ·verdadeiro e absoluto do corpo é composto do movimento verda- A quantidade aceleradora da força centrípeta é a medida da mes-
deiro da Terra no espaço imóvel e do movimento relativo do navio sobre.
a superfície da Terra; e se o corpo tivesse um movimento em relação ao • Na terminologia newtoniana, "tomados conjuntamente" significa "fazendo-se o produto" (das
navio, seu movimento verdadeiro e absoluto seria composto do seu mo- grandezas enunciadas).
vime(Jto relativamente ao navio, do movimento do navio em refação à .. Diríamos hoje: "'inércia'".
Terra e do movimento verdadeiro da Terra no espaço absoluto.
59
58
A--~~~~~~~~~~-.
ma, proporcional à velocidade que ela gera em determinado intervalo de
tempo.

DEFINIÇÃO 8
A quantidade motora da força centrípeta é a medida da mesma,
proporcional ao movimento que ela gera em determinado intervalo de
tempo.

. '-~~~~~~~~~~~o

1
Passemos agora às leis do movimento:
2.5 CRfTICA À FORMULAÇÃO NEWTONIANA DAS LEIS DO
MOVIMENTO

~J
LEI 1
Tentemos entender e diferenciar o que, na formulação new-
Qualquer corpo permanece no seu estado de repouso ot.:1 de mo-
toniana, é definição e o que é lei natural, isto é, a descrição de como a
vimento retilíneo uniforme, a não ser que forças impressas o obriguem a
Natureza se comporta em determinadas circunstâncias.
mudar aquele estado.
Mostraremos que, a rigor, somente a lei 3 é uma lei natural, na
formulação de Newton.
LEI 2
A definição 1 parece dar quantitativamente.o conceito de massa.
A variação do movimento é proporcional à força motora e se
Em termos modernos escreveríamos:
produz na direção em que age essa força.

LEI 3 11 m= Vµ (1)
A qualquer ação se opõe uma reação igual: ou ainda, as ações
em quem éa massa do corpo, V o seu volume eµ sua massa específica.
mútuas de dois corpos são sempre iguais e se exercem em sentidos opos-
tos.· Porém Newton não fornece nenhuma definição prévia de massa
específica (densidade), de modo que tomando-se essa definição ao.pé da
Nos Principia, as leis do movimento são seguidas por seis corolários letra, caímos num círculo vicioso.
l 1 Há, no entanto, nos comentários de Newton, uma possível porta
e um escólio. Transcreveremos apenas os dois primeiros corolários, que
dizem respeito à composição e à decomposição de forças.
·,
de saída. Depois de assinalar que "quantidàde de matéria" é sinônimo de
n "corpo" ou "massa", Newton acrescenta:
;!
.! Essa qualidade (massa) se conhece pelo peso dos corpos, pois achei
COROLÁRIO 1
r\ . por meio de experiências precisas com pêndulos que os pesos dos corpos
Submetido à ação conjunta de duas forças, um corpo descreverá a f J:'.1 são proporcionais às suas massas.
diagonal de um paralelogramo no mesmo intervalo de tempo em que os !l Newton refere-se a um tipo de experiências que tinham sido feitas
lados seriam percorridos pelo corpo sob a ação de cada uma das forças .por Galileu e que ele mesmo, Newton, repetiu: ao observar que pêndulos
separada mente. de vários materiais (vidro, madeira, lã ... ) e de pesos diferentes, mas de
mesmo comprimento, oscilavam com o mesmo período, Newton con-

COROLÁRIO 2
'1 cluiu que na superfície da Terra todos os corpos caem com a mesma
aceleração.
(do que precede) fica evidente a composição de uma força direta No entanto tal observação não tem, a priori, nenhuma relação com
AD a partir das forças oblíquas quaisquer, AB e BD, e reciprocamente, a a definição da massa. Para que as massas possam se comparar pelos pesos,
resolução de uma força direta qualquer AD em forças oblíquas quais- é necessário aceitar em primeiro lugar que a aceleração da queda é pro-
quer, AB e BD. Essa composição e essa resolução (das forças) se acham duzida pelo peso, reconhecer no peso uma força e aceitar desde já a
relação entre força e aceleração, isto é, a 2.ª lei na sua forma F =ma,
amplamente confirmadas pela mecânica.
1
60 61
que escreveríamos P = mg, em que Pé o peso do corpo, m, sua massa e g, variação) é proporcional à força impressa", e nesse caso a expressão
a aceleração da queda. · analítica da lei seria:
Essa atitude, no entanto, nos compromete definitivamente, desde
o início, a definir qualquer força como o produto da massa pela acelera- t.p = kF: (3)
ção. Ora, existem na natureza outras forças além da força gravitacional e t.t
seria certamente conveniente ter mais argumentos experimentais antes de
se chegar a esta conclusão*. em que agora k é uma constante adimensional (um número puro);
Concluímos que a definição 1 não é uma definição satisfatória b. seja, "a variação do momento é proporcional ao impulso da força
para massa. Qual seria então a definição aceitável? impressa (em. vez de, simplesmente, à força impressa)",. e nesse caso
Séria uma definição baseada unicamente em medidas cinemáticas teríamos:
lVelocidades, acelerações, por exemplo). Veremos logo adiante e mais
tarde no capítulo 4, que é possível definir cinematicamente a massa de b.p = kF t. t (4)
um corpo, ou melhor, a razão entre as massas de dois corpos.
Admitamos, porém, que uma definição satisfatória de massa tenha ou se a força for variável com o tempo:

f
sido dada.
Nesse caso, a definição 1 dos Principia passa a ser uma definição r0 + {',.t

correta de massa específica. Por outro lado, tendo-se definido massa, a t.p = k F dt (5)
definição 2 seria uma definição correta do momento linear. o
Deixando de lado as definições 3 a 8, passemos às leis do mo-
vimento. · em que a variação llp do momento é definida no intervalo de tempo (t0 ,
Observamos de início que a lei 1 é redundante, no sentido que se t 0 + ll t).
refere a um caso particular da lei 2: se não houver força impressa não há Os especialistas em História da Ciência ainda hoje não estão de
variação do momento (lei 2) e conseqüentemente o corpo permanece em acordo sobre qual dessas duas formas Newton tinha em mente quando
movimento retilíneo uniforme. enunciou a lei 2. As duas formas são evidentemente equivalentes. r:
Na lei 2, movimento deve obviamente ser entendido no sentido da possível que a definição 8, em que a força centrípeta Fe é expressa por
definição 2: é o que chamamos hoje de momento linear. Essa lei diz
então que a variação do momento linear é proporcional à força impressa (6)
Fc = k' 6p
e tem· lugar na direção (e no sentido) dessa força. · 6t
Newton não menciona o elemento tempo no enunciado da lei. A
rigor ele diz: em que k' é outra constante de proporcionalidade, seja um argumento a
favór da primeira forma proposta (expressão 3 acima). ·
t.p =k F (2) Observemos aliás que a definição 8 e a lei 2 têm muito em comum,
embora a lei seja mais geral que a definição. e introduza.o· caráter vetorial
em que t.p representa a variação do momento, F a força impressa, e k da força. No entanto, entende-se dificilmente que uma seja definição e
uma constante de proporcionalidade. Ora, a forma acima é obviamente outra, lei.
inaceitável a não ser que k fosse dimensionalmente um tempo. Mas Voltemos à análise da lei 2. A introdução de uma constante de
parece não menos óbvio que Newton tinha outra coisa em mente: proporcionalidade na formµlação de Newton não é particularmente signi-
a. seja "a taxa de variação do momento (em vez de, simplesmente, a ficativa. Em termos modernos poderíamos argumentar: que, uma vez de-
finido o conceito de massa, a lei 2 fornece uma definição quantitativa da
força e que a constante de proporcionalidade dependerá do sistema de
unidades adotado.
*Além do que a comparação entre os pesos de dois corpos é na realidade uma comparaçâ'o entre No entanto, vimos que não há definição de massa, e a lei 2 não
stias màssas gravitacionais, como veremos no capitulo 12, enquanto que a 2.ª lei .se refere à
massa inercial do corpo. · pode definir ao mesmo tempo os dois conceitos: força e massa. Mas,

63
62
admitindo-se outra vez que exista tal definição para massa, então a lei 2 em que os m e os v representam respectivamente a massa e a velocidade
enunciaria uma constância e uma universalidade de comportamento nos dos corpos.
fenômenos naturais (todas as vezes que uma força age sobre um corpo, a Dividamos a relação (9) pelo intervalo de tempo M considerado:
taxa de variação do momento linear é proporcional à força), e teríamos
então uma lei natural.
m1 6v1 =-mi b.v2 (1 O)
Vamos agora à lei 3: o fato de que, quando dois corpos interagem
t.t b.t
(como diríamos hoje), as forças mútuas de interação são iguais e opostas,
não é a priori evidente: se tal fato ocorre (como todas as experiências de
Mecânica* provaram até hoje) então temos realmente, pelo menos em Cinematicamente, a razão t.v/6t é a aceleração* do corpo.
aparência, outra lei natural. Temos então:
Vimos, porém, que até agora não temos uma definição satisfatória
(11)
para massa, nem por conseqüência para força. No entanto, analisando em m1 ª1 = - m2 ª2
maiores detalhes a lei 3, no próprio quadro newtoniano, podemos mos-
trar que essa lei é verdadeiramente uma lei da natureza, a única, a rigor, e finalmente, passando aos módulos:
que Newton propõe naquelas definições e leis do começo da obra.
A segunda parte da lei 3 será suficiente:" As ações mútuas de dois
corpos são sempre iguais e se exercem em sentidos opostos". A definição m1 ª1 = m2 ª2 ~~ = m2 (12)
ª2 m1
4 diz que ação é força impressa. De modo que a lei 3 pode escrever-se:
"As forças entre dois corpos são sempre iguais e se exercem em
sentidos opostos" As relações (11) e (12) permitem agora que cheguemos ao enuncia-
Mas a lei 2, na sua primeira forma discutida acima diz que:" ... a do final da lei 3, modificado evidentemente, mas sem que tenhamos
taxa de variação do. momento linear é proporcional à força impressa." saído do quadro da própria formulação newtoniana:
Observando-se que numa interação entre dois corpos, o tempo que "Quando dois corpos interagem:
dura a interação e conseqüentemente o tempo durante o qual se exercem a. as acelerações têm em cada instante direções opostas (relação 11 );
as forças mútuas é o mesmo para os dois corpos, a formulação da lei 3 b. a razão entre os módulos dessas acelerações é constante (relação
pode de novo evoluir para: 12);
"Quando dois corpos interagem, as variações dos momentos linea- c. essa razão é igual à razão inversa entre as massas dos dois corpos
res dos dois corpos são sempre iguais e têm sentidos· opostos". (relação 12).
Para facilitar a compreensão, escrevamos isto analiticamente: Observamos que os itens (a) e (b) da lei 3 assim enunciada são
expressões de leis naturais, enquanto que a parte (c) fornece (agora) uma
6p1 = - t:.p2 (7) definição satisfatória da massa. ·
Com efeito, introduzimos dessa maneira um conceito (dinâmico)
em que 6p 1 e 6p 2 são respectivamente as variações de momento de cada novo a partir de uma relação puramente cinemática.
um dos corpos, durante um determinado intervalo de tempo. Foi pois a lei 3 que nos forneceu a chave que permite vencer o
Mas, pela definição 2: círculo vicioso iniciado com a definição 1.
Podemos agora voltar atrás. Tendo-se definido a massa, a lei 2
p = mv ~ t:.p = m t.v. (8) passa a ser uma definição quantitativa correta de força**, ao mesmo
tempo que, revelando uma uniformidade de comportamento físico, eia se
A relação (7) se escreve então: erige em lei natural.

m 1 6v 1 = -m 2t:.v2 (9) * ~ a aceleração média, mas a passagem ao limite, para t;t-+ O é evidente, de modo que a relação
é verdadeira também para as acelerações instantâneas.
• No sentido clássico, isto é, excetuando-se os fenômenos eletromagnéticos e, de um modo mais
geral, relativistas. •• Para simplificar, fazemos k = 1 na relação (3).

64 65
A lei 2 se escreve agora, indiferentemente: ton descreve detalhadamente como procedeu para verificar experimen-
talmente a validade da lei 3. Utilizou pêndulos de várias massas e feitos
F = .6.p ou F = ma, (13) de materiais diversos, continuando assim, conforme ele mesmo rec.o-.
.6.t nhece, as experiências iniciadas por Wallis, Wren e Huygens. Mas não há
nenhuma indicação quanto à gênese das leis 1 e 2.
com os símbolos já definidos. Nossa tarefa agora consistirá em construir uma formulação lógica,
A relação (11) passa assim a se escrever: 1 e tanto quanto possível rigorosa, do aparelho newtoniano. Constante·
mente faremos uso do método.científico, e da elaboração de modelos. As
F1 = - F2 verificações experimentais servirão de base para (prudentes) generali·
zações, conforme os próprios mandamentos newtonianos, que se encon-
e finalmente podemos voltar a um dos nossos primeiros enunciados da tram por um lado nas "Regras a seguir para o estudo da Filosofia Na-
lei 3: tural", no início do Livro Ili, e por outro lado no Escólio Geral que
LE13 termina a obra.
Quando dois corpos interagem, as forças mútuas de interação são
iguais e se exercem em sentidos opostos.
1 Transcreveremos, na íntegra, o texto das Regras* , e a seguir tre-
chos do Escólio Geral. Este capítulo terminará assim com as palavras do
Conseguimos assim analisar em profundidade o pensamento new- próprio Newton.
toniano, distinguindo o que, na formulação de Newton, é definição do
que é lei. Essa análise nos servirá de guia em muitos dos raciocínios que
serão desenvolvidos nos capítulos seguintes.
1 REGRAS A SEGUIR PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA
NATURAL

CONCLUSÃO REGRA 1
Embora a formulação newtoniana seja· às vezes imprecisa, o seu Não se devem admitir outras causas dos fenômenos naturais além
sucesso é o melhor testemunho da profundidade e da clarividência do das verdadeiras e suficientes para explicar os fenômenos.
pensamento do seu autor. • Como .dizem os filósofos, a natureza nada faz em vão e seria agir
Basta assinalar que essa formulação serviu de base para o desen- em vão admitir muitas (causas) para o que 'pode ser feito com poucas. A
volvimento analítico da Mecânica, que culminou com a obra de Lagrange Natureza. é simples e não se dá ao luxo de se utilizar de causas supérfluas.
no final do século XVII 1, e para a elaboração da Mecânica celeste que
atingiu seu apogeu com Laplace no início do século XIX. REGRA 2
Essa mesma formulação é também, hoje em dia, a base operaciorrd: Os efeitos de mesma natureza devem ser sempre atribuídos à
de todos os trabalhos de Engenharia, desde a construção de pontes até os mesma causa, no que possível for.
problemas das órbitas dos vôos espaciais. Assim (é) a respiração dos animais e a dos homens; a queda de uma
Será necessário chegar ao século XX para se enconfrar, com Eins- pedra na Europa e nas .Américas; a luz do fogo que cozinha (os alimen-
tein e outros, os limites do modelo newtoniano, no caso de partículas tos) e a do Sol; a reflexão da luz pela Terra e pelos planetas.
cujas velocidades se aproximam da velocidade da luz. 'A Mecânica newto-
niana não será, no entanto, abalada por essas novas descobertas: per- REGRA 3
ceber-se-á que é simplesmente o caso limite, o caso da escala humana, As qualidades dos corpos, que são suscetíveis de acréscimo ou
numa formulação sensivelmente mais complexa. decréscimo e que pertencem a todos os corpos com os quais é possível
Newton dá, nos Principia, poucas indicações de como conseguiu experimentar, devem ser consideradas como perténcen,tes a todos 0s cor-
chegar aos resultados que enunciou. pos em geral.
No Escólio, que termina a parte introdutória dos Principia*, New-
• Isto. é, a parte reservada às definições e às leis. • O que se segue, inclusive os comentários que acompanham as Regras, foi diretamente tra-
duzido da 3.ª edição dos Principia.

66
67
As qualidades dos corpos só se podem conhecer pela experiência, planetas pe~m mutuamente uns sobre os outros e que os cometas pesam
também sobre o Sol, podemos concluir de acordo com esta (terceira)
de modo que se devem considerar como qualidades gerais as que se
regra, que todos os corpos gravitam mutuamente uns em relação aos
encontram em todos os corpos e que não podem sofrer diminuições, pois
é impossível despir os corpos de qualidades que não podem ser diminuí- outros.
Esse raciocínio em favor da gravitação universal dos corpos, ex-
das. Não se podem opor sonhos às experiências e não se deve abandonar
traído dos fenômenos, é mais evidente do que o que nos levou a concluir
a analogia da Natureza, que é sempre simples e semelhante a si m.esma.
a sua impenetrabilidade. Com efeito, nenhuma experiência, nenhuma
A extensão dos corpos só se conhece pelos sentidos: mas como a observação nos assegura de que os corpos celestes sejam impenetráveis.
extensão pertence a todos os (corpos) que são percebidos por nossos No entanto não afirmo que a gravidade seja (uma qualidade) essen-
sentidos, afirmamos que ela pertence a todos os corpos em geral. cial dos corpos; entendo que somente a inércia é uma força inata: é
Achamos que muitos corpos são duros: ora, a dureza do todo imutável, enquanto que a gravidade diminui quando (o corpo) se afasta da
provém da dureza das partes; por isso admitimos essa qualidade não
somente nos corpos em que nossos sentidos comprovam a sua existência, Terra.
mas inferimos com razão que as partículas indivisíveis de todos os corpos
devem ser duras.
ESCÓLIO GERAL
Concluímos da mesma maneira que todos os corpos são impene- Essa ordenação admirável do Sol, dos planetas e dos cometas só
trávefs. Sendo todos os que tocamos impenetráveis, consideramos a impe-
pode ser a obra de um Ser todo-poderoso e inteligente ...
netrabilidade como propriedade que pertençe a todos os corpos.
Esse Ser infinito governa tudo, não como a alma do mundo, mas
Todos os corpos que conhecemos são móveis e dotados de certa
força (que chamamos força de inércia), pela qual permanecem no (mes- como Senhor de todas as coisas . .. A dominaçã_o de um Ser espiritual é
obra de Deus. . . e fala-se que Ele se alegra, se encoleriza, ama, odeia,
mo estado de) movimento ou repouso; concluímos que todos os corpos
em geral possuem essa propriedade. deseja, constrói, fabrica, aceita, dá, porque tudo o que se diz de Deus
A exten'são, a dureza, a impenetrabilidade, a mobilidade e a inércia procede da comparação com as coisas humanas ...
do todo provêm pois da extensão, da dureza, da impenetrabilidade, da t isso o que eu tinha a dizer de Deus e suas obras constituem o
mobilidade e da inércia das partes; daí concluímos que todas as pequenas objeto do estudo da Filosofia natural . ..
partes de todos os corpos são extensas, duras, impenetráveis, móveis e Não consegui ainda deduzir dos fenômenos a razão das proprie-
dotadas da força de inércia. E. nisto está o fundamento da Filosofia dades da gravitação e não finjo hipóteses. Pois tudo o que não se deduz
(natural). dos fenômenos é uma hipótese: e as hipóteses, sejam elas metafísicas, ou
Sabemos também, pelos fenômenos, que as partes contínuas dos físicas, ou mecânicas, ou de qualidades ocultas, não têm lugar na Fito·
corpós podem separar-se .e os matemáticos mostram que o espírito pode sofia experimental. Nessa Filosofia, as proposições são deduzidas dos
distinguir uma das outras as menores partes indivisas. Ignora-se ainda se fenômenos e a seguir generalizadas por indução.
essas partes distintas e indivisas poderiam ser separadas pelas forças da
Natureza; mas se uma só experiência mostrasse que uma dessas partes,
consideradas indivisas, sofre alguma divisão pela quepra de qualquer
corpo duro, concluirí.amos de acordo com esta 1:terceira) regra, não somen-
te que as partes divididas são separáveis como também que as que são in-
divisas podem separar-se ao infinito.
Finalmente, sendo evidente, pelas experiências e pelas observações
astronômicas, que todos os corpos situados próximos da superfície da
Terra pesam sobre a Terra* de acordo com a quantidade de matéria
(desses corpos); que a Lua pesa sobre a Terra1 segundo a sua quantidade
~e matéria, que nosso mar pesa por sua vez sobre a Lua, que todos os

• ... Corpora omnia ... gravia esse in terram.

69
68
QUESTÕES CONCEITUAIS

1 Compare o conceito newtoniano de composição dos movimentos com o problema da


mudança de referenciais, no caso mais simples de referenciais eni translação relativa retillnea e
uniforme.

2 O trecho traduzido a seguir é parte das considerações que Newton tece a respeito do
movimento absoluto e do movimento relativo, e seguHe a parte traduzida na seção 2.3, § 4:
"As causas pelas quais se pode distinguir o movimento v11rdad11iro do movimento 19l11ti110 l
são as forças imprBSSBs nos corpos para comunicar-lh11s o movim11nto. Com 11fllito, o movim11nto.
Vt1rdad11iro d11 um corpo s6 pod11 Stlr produzido ou alt11rado por forças aplicadai a 1111111 corpo. Ao
ii
contrário, S8U movimento relativo pod11 ser g11;ado ti alttlrado sem qu11 haja foTÇllS aplicadas ao ~
carpo: basta qUB haja forças qUB SB 11x11rçam ioblfl os corpos 11m miação aos quais sa considllra (o
movim11nto mlativo), pois 11ntâo 11sses corpos Stlndo movidos, mudam a lfllação qu11 camctBriza o f.
lflpouso ou o movimento r11lativo.
O movimtnto verdadeiro é St1mpr11 alterado p11las forçai aplicadas ao corpo 11m movim11nto,
enquanto qu11 o movimento relatira não é 1111Cessariam11nt11 altt1rado por BISBS forças. Com 11f11ito,
basta que as mesmas ft;1rças Stljam aplicadas também aos corpos (11m relação ao1 quais w consid11ra
o movimento relativo) d11 man11ira 11 consarvar inaltt1rado o lugar relativo; (nBSSB's condiç&ls} 111
mlaç&ls qU,, dtlfin11m o movim11nto r11lativo st1'6o const1rvadu".
Comente criticamente as afirmações precedantês.

3 No cornentdrio que segua a defini~ 5, ancomramos:


AS LEIS FUNDAMENTAIS 1
"Suponhamos que uma bala de canhilo seja atirada horizontalmente do alto da uma mon-
tBnha, com uma velocidade suficiante para qua percorra uma distlncia de duas léguas anttls de
cair na Terra,: com uma VB/ocidade dupla, 16 cairia depois d11 °percorrer quatro /'9JJas aproximada-
r
~
$
ment11; càm Dma velocidade dez vezes maior, iria d11z v11zes mais lontp1 (desde qu11 nlo 1t1 consi·
der11 a rt1sistlncia do ar). Aumentando·ltl a velocidade do corpo, aumentar/amos à 110ntad11 o
caminho qu11 ele percorreria antes de e11ir na Terra, diminuindo-se ao mesmo t11mpo a curvatura
l!
d11 sua traj11t6rla, de modo qu11 poderia cair à distlncia d11 10, de 30 ou de 90 graus, ou mflsmo
poderia circular em volta (da Terra} sem nunca cair nela; poderia até afastar-sa 11m linha reta ao ~'
t.,
infinito, no céu."
Comente criticamente o trecho acima. '
4 Nos comentários que seguem a definição 8, Newton explica a diferença entre a força
aceleradora e a força motora (centrípeta 1:
" ••• a força centrlpeta aceleradora estll para. a força cantrlpeta motora como a Vtllocidade
BStll para (a quantidade de} movimento. Com efeito, da mflsma forma que a quantidade de
movimento é o produto da malSB pela l(&locidade, a quantidade de força cantrfpeta motora é o
produto da força centrfpeta aceleradora pela massa."
Como se traduziriam em termos modernos e com os símbolo& convencionais (massa m,
velocidade v, etc. ... )os conceitos acima?

70
Capltulo-3 Capítulo 3
OS REFERENCIAIS INERCIAIS E A OS REFERENCIAIS INERCIAIS
PRIMEIRA LEI DE NEWTON, 73 E A PRIMEIRA LEI DE NEWTON
Capitulo 4
MASSA INERCIAL ~
CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR, 91 ~
1
~
Capitulo 5
FORÇA
!~

2.a e 3. 8 LEIS DE NEWTON, 139

1NTRODUÇ.Ã.0
:
~
.·1
Este câpítulo inicia uma tentativa de estruturação lógica das l,eis
do movimento .
ii Começaremos por definir o que se entende por referencial. A se-
~j
guir, mostraremos o papel fu~damental da aceleração no estudo físico do
movimento, isto é, no estudo do movimento em relação às suas causas
j
1 naturais.
~
\•J Para simplificar, seremos levados a procurar um referencial em que
i as acelerações tenham a forma mais simples: chegaremos assim aos refe-
j renciais inerciais.
l A primeira lei definirá formalmente esses referenciais.

1
1
3.1 O MODELO DE PARTfCULA
l Na elaboraçção da estrutura básica da Mecânica newtoniana,
faremos uso exclusivo do modelo de partícula: as dimensões dos corpos
em estudo são desprezíveis em comparação com as dimensões envolvidas
nas situações físicas consideradas (por exemplo: distâncias percorridas,
distâncias mútuas entre corpos, etc .... ).
Outra maneira de expressar o que precede é dizer que desprezamos
a estrutura interna dos corpos, por não considerá-la relevante.
No decorrer das nossas experiências, poderemos encontrar difi-
cu Idades a esse respeito: será às vezes criticável identificarmos um car-
rinho a um ponto material. É que, nesses casos, a estrutura interna do

73
3.3 REFERENCIAISPOSS(VE/S E IMPOSS(VEJS
corpo em estudo será um parâmetro relevante da experiência. Veremos A experiência comum mostra que, desde que escolhamos certos
oportunamente como tratar esses problemas. referenciais, experiências iniciadas em condições análogas procedem de
maneira análoga.
3.2 REFERENCIAIS EXEMPLO 1
O movimento de uma partícula é caracterizado cinematicamente Suponhamos que um eletroímã fixado no teto da sala em A (figu-
por três grandezas: posição, velocidade e aceleração. ra 2) sustente uma pequena bola de aço. 1nterrompendo-se a corrente no
Aprendemos em Cinemática que a posição de uma partícula é eletroímã, a bola cai e atinge o solo no ponto B, pé da perpendicular
definida em relação a um determinado sólido de referência ou conjunto baixada de A sobre o chão da sala.
indeformável de sólidos (por exemplo, as paredes, o chão e o teto de uma
sala), conjunto esse que é dotado de um sistema de eixos coordenados A
mutuamente ortogonais, orientados por seus respectivos vetores unitários
(figura 1 ).

z
r
a

Fig. 2 Uma bola de aço cai de determinado ponto do teto de uma sala.·Ela atingirá o chão sem-
y pre no mesmo lugar.

Se recomeçarmos a experiência duas ... dez ... ou mil vezes, a


bola largada do mesmo ponto A atingirá sempre o chão no mesmo ponto
B. A aceleração da bola pode ser determinada experimentalmente: ela
Fig. 1 A posição (ri, a velocidade (v 1 e a aceleração (a) de uma partícula, em determinado tem sempre o mesmo valor.
instante, são definidas em relação a um sistema de eixos coordenados "amarrado" ao sólido de
referência escolhido. EXEMPLO 2
Se recomeçarmos as experiências em um veículo em movimento
No exemplo da sala tomada como sólido de referência, os três retilíneo e uniforme em relação à Terra, observaremos que a bola, largada
eixos podem ser materializados por três arestas (junções de duas paredes, do mesmo ponto do teto do veículo, atingirá outra vez o chão«:tQveículo
ou de uma parede com o chão) que concorrem em um dos cantos. sempre no mesmo ponto, no pé da perpendicular baixada de A'Sobre o
O sólido.de referência com o seu sistema de eixos coordenados só chão. A aceleração terá o mesmo valor que na queda efetuada Qª sala.
permite definir a posição da partícula.
Para definir velocidade e aceleração precisaremos também medir EXEMPLO 3
intervalos de tempos. De modo que, junto ao nosso sólido de referência, Se as experiências forem feitas em um veículo em moyimento
deverá existir um relógio. retilíneo uniformemente acelerado em relação à Terra (figurà 3), a bola
O conjunto do sólido de referência (com os seus eixos) e do re- atingirá o chão do veículo sempre no mesmo ponto B, embora esse ponto
lógio será chamado simplesmente r_eferencial. agora não seja mais o pé da perpendicular baixada do ponto A sobre o
A aceitação sem discussão do caráter euclidiano do espaço e do chão, como nos exemplos anteriores.
· caráter absoluto do tempo é implícita na expressão "referencial".
75

:,q
A b. Todos os referenciais em rotação uniforme em um plano hori-
zontal, em relação à Terra.
Esses são os referenciais possíveis que traduzem o título desta
/ seção e sempre no quadro por enquanto limitado das nossas experiências.
I a Em contrapartida, imaginemos que estamos dentro de um veículo
/ cujo movimento é completamente desordenado. Acelera, freia, vira à
/ esquerda, vira à direita, pára de repente, anda de novo, etc...
Se repetirmos dentro de tal veículo a experiência da bola largada
do teto, perceberemos rapidamente que o resultado da experiência é cada
vez diferente e, conseqüentemente, somos incapazes de prever o que vai
acontecer, quando a bola for largada.
Nesse tipo de referencial, não há obviamente nenhuma possibili-
Fig. 3 Em um veículo com aceleração constante a em relação a Terra, a bola largada de A atin-
ge ainda.o chão sempre no mesmo ponto B. dade de construirmos uma Física, pois qualquer generalização, qualquer
indução nos é proibida, devido à nossa incapacidade absoluta deprever.
Verificaremos também que a aceleração tem um valor constante Esses referenciais são os referenciais impossíveis.*
em todas as experiências, embora esse valor seja diferente do encontrado A nossa próxima tarefa será de limitar ainda mais a escolha entre
nas duas situações anteriores. os referenciais possíveis. Mas para tanto precisamos entender o papel
singular da aceleração nos fenômenos naturais.
EXEMPLO 4
Experimentaremos agora em um veículo que percorre uniforme- 3.4 O PAPEL FUNDAMENTAL DA ACELERAÇÃO NOS REFE-
mente uma pista circular horizontal: observamos de novo que a bola RENCIAIS POSS(VEIS
atinge o chão do v'eículo no mesn:io ponto, embora diferente dos pre- EXEMPLO 1
cedentes. Uma bola de aço rola sobre uma mesa horizontal. O atrito é des-
Esses exemplos e outros que podemos facilmente imaginar mos- prezível. A aceleração da bola é nula (figura 4).
tram que experiências conduzidas em certos referenciais se repetem, e Ao atingir a borda da mesa, a bola cai,. Nesse instante a aceleração,
isto permite prever o que acontecerá em determinadas condições expe- que era nula, passa a ter, de repente, o valor 9,8 m/s 2 , sendo dirigida para
rimentais sempre iguais, uma vez observado o que aconteceu em um baixo.
número reduzido de experiências preliminares. Houve descontinuidade no valor da aceleração. Observamos que
· A possibilidade de repetição das experiências, nesses referenciais, é não houve descontinuidade na posição nem na velocidade da bola. '
responsável por nossa fé na causalidade que preside a todos os fenômenos Qual é a razão da descontinuidade da aceleração?
naturais. Acreditamos, talvez instintivamente, que "as mesmas causas É que, de repente, o universo com que a bola estava "conversan-
produzem os mesmos efeitos". Graças a essa possibilidade de repetição do" mudou de configuração. Enquanto a bola estava rolando sobre a
qualquer ciência pode desenvólver-se, e a "generalização por indução", mesa, ela se "entendia" com a mesa e com a Terra (não considera-
recomendada por Newton, torna-se possível. · mos a presença do ar, irrelevante nessa experiência). No ponto assin_a-
Quais são os referenciais em que as experiências se repetem?
No quadro limitado da nossa experiência é, em primeiro lugar, a
Terra e tudo o que é fixado na Terra, como a sala da nossa primeira • É necessário explicitar claramente nossas hipóteses, para evitar possíveis erros de interpretação.
experiência. Costuma-se dizer em Física que qualquer referencial é "passivei", Mas o que se quer dizer por isso
é que, conhecendo-se a lei do movimento de um dos nossos referenciais "impossíveis" em relação
· São também: a um "possível" (a Terra por exemplo), poderemos prever o resultado de qualquer experiência
a. Todos os referenciais em translação - não necessariamente reti- conduzida no referencial "impossível", Isto é verdade: trata-se de um problema de mudança de
referencial. Mas ·não é o caso que temos em mente aqui. Estamos supondo que o experimentador
1í nea - mas com aceleração constante em relação à Terra.
no interior do veículo que freia, acelera, , • _ não conhece a lei do movimento do veículo em rela-
Essa categoria inclui evidentemente os referenciais .em translação ção à Terra. Em principio pode até desconhecer a existência de qualquer outro referencial. Ove-
retilínea uniforme (caso do exemplo 2). ículo, para ele, será realmente um referencial "impossível".

76 ·77
i ,,,,, .... ---- ----- -- ........
·----------- -·- , ,, ... ...

:~
1 I '
.....
.....
'' \ '\1
I
I

' ' ...


... ..... _________ , , '"' ,, I

Fig. 4 Uma bola da aço rola sobre uma mesa horizontal cóm atrito desprezível. AD cair da mesa
lsetal há descontinuidede
na velocidade.
"ªaceleraçlo da bola, embora não haja descontinuidada na posição e
(a)

lado pela seta da. figura 4, amesa desapareceu (para a bola de açoJ,
----------- -- .......
ficando somente a Terra. ,,.,,,....
,.-" '
I
.1 ' \
EXEMPLO 2
Uma bola amarrada na extremidade de um fio está em movimento
1
\ ~ \
\/
'' V
circular uniforme sobre uma mesa horizontal (figura 5). A aceleração da
bola é a, dirigida para o centro da trajetória.
Suponhamos que o fio se
parta. A bola continua na tangente em
' ,, -., ..... _
----------- .,,,., _,J'.I
/I

movimento uniforme: de repente a aceleração anulou-se.


Porquê?
Outra vez, no instante em que o fio se partiu, o universo em que se
movia i:! partícula sofreu uma mudança brusca. Antes do rompimento, a·
bOla "conhecia" o fio, a mesa e a Terra. Depois, o fio desapareceu do (b)
universo da bola, ficando somente a mesa e a Terra. Observemos de
novo que nem a posição nem a velocidade da bola sofreram desconti- Fig. 5 Em (a) o mollimento 6 circular uniforme. A acitleraçlo da bole 6 centrfpeta. Em lbl o
nuidades, ao contrário da aceleração. fio que mantinha a boia na sua trajetória quebrou. A aceleraçlo 6 nula.
Os exemplos precedentes mostram que nos referenciaisposs/veis, a
única grandeza cinemática capaz de assinalar sem ambigüidade uma menor será a influência que uma mudança das posições relativas do corpo
modificação repentina do universo em que se movimenta a partícula é a e da partícula terá na·aceleração desta. .
aceleração. Se a partícula está infinitamente longe de um corpo, ela ignora
Não concluamos, porém, que qualquer mudança na estrutura desse simplesmente a existência desse corpo. ·
universo, na posição dos corpos que o compõem, modificará a aceleração Mostremos agora que a aceleração é também, nos referenciais pos-
da partícula. síveis, a única grandeza cinemática suscetível de caracterizar ·a estrutura
Por exemplo, a aceleração da Lua no seu movimento é sensível às do universo da partícula,, em determinado instante.
posições da Terra e do Sol, muito pouco sensível à~ posições de Júpiter e.
de Satúrno e absolutamente insensível (pelo menos na faixa de precisão EXEMPLO 3
das nossas medidas) às posições de Urano, de Netuno, de Plutão e das Suspendamos uma bola de aço na extremidade de uma mola espi·
estrelas. . ral fixa no laboratório e façamos oscilar o sistema (figura 6).
De um modo geral a experiência confirma que quanto maior for o Observamos que todas as vezes que a bola passa pela mesma posi-
. afastamento entre a partícula estudada e um· outro corpo do universo, ção (x p~r exemplo, na figura 6), sua acele~ação tem o mesmo valor.

t
79
78
~ X~
~
máquina
fotogrêfica
giratória

i'
Fig. 6 A aceleração da particula suspensa à mola depende exclusivamente da posição da bola no
Laboratório.
r----,----=-o._, (((O- bola de aço

Dependendo das condições iniciais impostas ao sistema (posição e


velocidade iniciais), a bola passará por aquela posição com velocidades
diferentes. Poderá ir para cima, para baixo. Poderá inclusive estar, instan-
taneamente, com velocidade nula.
Porém, em todos os casos, a aceleração terá o mesmo valor e o
mesmo sentido. ·
No entanto, nem sempre as coisas são tão simples, mesmo nos Fig. 7 Estudo do movlmento de uma bola em um referencial em rotação.
referenciais posslveis:

EXEMPL04.
Uma bola de aço move-se com atrito desprezível sobre uma mesa
horizontal fixa no laboratório (figura 7).
Uma máquina fotográfica cuja objetiva permaneça aberta, registra
a trajetória da bola*. ,.
' Se a máquina fotográfica for fixa, o movimento visto por ela é um
movimento retilíneo: é o movimento estudado no referencial do labora-
p
tório.
Suponhamos agora que a máquina gire com movimento uniforme
em torno de seu eixo ótico. Y1
O filme mostrará o movimento da bola em um referencial em
rotação uniforme. A figura 8 mostra uma trajetória possível.

•Supõe-se que a experiência foi feita numa sala escura, com a bola iluminada por flashes com
freqüência constante. Essa técnica, chamada estrobosc6pica, registra as posições sucessivas do Fig. 8 Um movimento retilíneo e uniforme (no Laboratório) é visto em um referencial em rota·
móvel (aqui a bola) a intervalos de tempo iguais. Podamos assim construir a trajetória e deter· ção uniforme. Em P a partícula passa duas vezes, com valocidades diferentes: as acelerações slo
.minar a velocidade e a aceleração em qualquer instante. também diferentes.

80 81
Considere o ponto P. A partícula passa duas vezes por esse ponto; que v é a velocidade e R o raio da órbita. Como, obviamente, v = 211' RIT,
na primeira vez tem velocidade v1 , na segunda--vez tem velocidade v2 . em que T é o período, segue-se que a aceleração a é dada pela expres-
Quando, em P, a partícula tem velocidade v1 , sua aceleração é a 1 ; são:
quando tem velocidade V2, a aceleração é a2, diferente de a 1 •
Pode-se mostrar que a aceleração da partícula, no referencial em a= 411 2 R!P ( 1)
rotação, depende somente de sua posição e da sua velocidade. TABELA 3.1
Os exemplos precedentes mostram que, nos referenciais passiveis,
a aceleração de uma partícula depende da sua posição em refação aos 1Planeta 1 Raio médio da órbita (m) 1Perfod~W--J ,11.-;;;ie~m/;•r=J
corpos que constituem o universo em que se move, como também, em
Mercúrio 5,76 • 1010 7,60 • 106 3,85 • 10-•
certos casos pelo menos, de sua velocidade no referencial considerado.
Vênus 1,08 • 10 11 1,94·10 7 1,11 • 10- 2
Resumamos agora o que aprendemos nesta seção.
Terra 1,50 • 10 11 3,15°10 7 5,86 • 10-•
Nos referenciais posst'veís, a aceleração de uma partícula em mo-
vimento: Marte 2,28 . 10 11 5,94 • 10 7 2,50 10-•

Júpiter 7,75 • 10 1 _' 3,74 • 10 8 2,15 10-•
•.
a. é a única grandeza cinemática suscetível de assinalar, por suas
Saturno 1.42 • 1012 9,30 • 10 1 6,37 -10- 5
descontinuidades, as mudanças repentinas do universo em que se move a
partícula;
Construamos a seguir o gráfico da aceleração em função do raio,
b. é a única grandeza cinemática em correspondência unívoca com o
binômio posição-velocidade. fstQ significa que admitindo-se que a estru- em papel log-log.
tura do universo da partícula se conserve invariante durante a ~xperiên­
O gráfico é uma reta (figura 9) cujo coeficiente angular é-2.
cia, todas as vezes que a part ícufa passar pela mesma posição com a Ora, em papel log-log, as ordenadas representam os logaritmos das
mesma velocidade, terá a mesma aceleração; acelerações e as abscissas representam os logaritmos dos raios.
c. é insensível às posições ou às mudanças de posições de corpos Deduzimo$ então que entre as acelerações a dos planetas e suas
extremamente afastados e que por essa razão não são considerados como distâncias R ao sol existe uma relação da forma:
pertencentes ao universo da partícula. Log a = - 2Log R + Ki (2)
São essas propriedades que fazem da aceleração a grandeza cine-
mática fundamental quando queremos utilizar o movimento de uma par- em que K~ é uma constante.
tícula para obtermos informações quanto à estrutura do universo. A relação (2) é equivalente a:
· Tendo-se entendido que a aceleração de uma partícula.é, das três a = Kr 2 , ou a = Klr,, (3)
grandezas cinemáticas, a única fisicamente relevante, é lógico que, dentro
dos referenciais posst'veis, procuremos aqueles em que a aceleração da em que K é outra constante.
partícula tenha a sua expressão mais simples possível. Descobrimos assim que as acelerações dos planetas dependem
exclusivamente das suas distâncias ao sol.
Em que referencial foram medidas essas acelerações?
3.5 O REFERENCIAL SOL-ESTRELAS Em um referencial definido pelo Sol e as estrelas fixas, já que o
Voltemos a Copérnico e às suas órbitas ·planetárias circulares em período indicado na Tabela 3.1 é o período sideral dos planetas.
torno do Sol. Concluímos que, naquele referencial, as acelerações dos planetas
A tabela 3.1 fornece três dados relativos aos seis primeiros pia- não dependem das suas velocidades*, dependendo ~omente das suas
netas: posições. .
a. o raio médio da órbita, em metros; Não existe referencial em que a aceleração de um planeta tenha
b. o período, em segundos; expressão mais simples que (3):
c. a aceleração em m/s 2. K-
Essa aceleração é a de um movimento circular uniforme. Apren- a=- ,2
demos em Cinemática que ela é centrípeta e vale, em módulo, v2 /R em • Como acontece, por exemplo, no sistema ptolomaico, no referencial ligado à Terra.

82 83
11C»lereÇio
naquele referencial Sol-estrelas que a aceleração de todo e qualquer mo-
(m/1 2 )
vimento se expressa mais simplesmente*.
Por exemplo, voltemos à experiência clássica da pedra que cai
livremente no laboratório. Medimos a aceleração no referencial do pró-
~
Mer :(ri prio laboratório, isto é, em um referencial amarrado à Terra e achamos
que essa aceleração pode ·ser representada por um vetor vertical, dirigido
\
' " para baixo, cujo módulo vale aproximadamente 9,8 m/s 2 •
~ Achamos também, seguindo nisto Galileu e Newton, que todos os
1\ corpos caem no laboratório com a mesma aceleração, desde que a resis-
tência do ar seja irrelevante nas nossas experiências.
1\ Não se pode negar que a expressão da aceleração da queda livre, na
I'\ Vênus
10 ' superfície da Terra, tenha uma forma extremamente simples.
'' Essa expressão, aliás, seria a mesma para o movimento de um
\
\ projétil.
'~ 1u 1 Ora, durante os poucos instantes em que cai uma pedra ou se
\ -
movimenta um projétil, o movimento da Terra no referencial Sol-estrelas
' pode ser considerado como de translação retilínea uniforme.
Aprendemos por outro lado em Cinemática que a passagem de um
\M< rte referencial (aqui o referencial Sol-estrelas) para outro referencial (aqui o
referencial terrestre) em translação retilínea· e uniforme em relação ao
\ primeiro, muda as posições e as velocidades, mas não altera as acele-
;

10" 1 \' rações.


Em conseqüência, a aceleração da pedra que cai, ou a do projétil é
a mesma no referencial Sol-estrelas que no referencial laboratório: ela
- 1\
\
tem, como os planetas, a sua forma mais simples naquele referencial.
I Algumas experiências mostrarão uma propriedade fundamental do
~ referencial Sol-estrelas ou, em primeira aproximação, do referencial ter-
restre.
1\
1

I' .ú~r- 3.6 A PARTfCULA ISOLADA


A rigor, uma partícula isolada seria uma partícula infinitamente
' Í"I afastada de qualquer outra.
Obviamente, tal partícula não existe. Mas podemos, no labora-
10·••
/

1\ tório, simular uma partícula isolada com razoável aproximação .


10' 0 10 11
Raio dá órbita (m)
1 12-\----- A melhor maneira de simular uma partícula isolada, no laborató-
- \
\:>aturno rio, é por meio de carrinhos que flutuam sobre colchões de ar, ao longo
de trilhos, para os movimentos unidimensionais; para os movimentos
bidimensionais o trilho é substituído por uma mesa e os carrinhos por
Fig•. 9 Aceleração dos planetas em função do raio da órbita. O coeficiente angular da reta obti- discos.**
~ é~ . .
*Para ser exato, deveria se substituir o Sol pelo centro de massa do sistema solar. A diferença
No entanto, o que é verdadeiro para os movimentos planetários no entanto é irrelevante.
poderia não sê-lo para outros movimentos. Mas acontece que as leis ••Trilhos e mesas apresentam orifícios pequenos, regularmente espaçados, por onde escapa o ar
comprimido. !Ô esse ar que sustenta os carrinhos e os discos.
naturais, que iremos descobrindo aos poucos, são tais que é realmente
85
s4
Se o trilho ou a mesa forem cuidadosamente nivelados em posição tão, o planeta mais afastado do Sol; o raio da sua órbita é 4,5 1012 m. *
horizontal, o peso do carrinho ou do disco é equilibrado pela força Calculernos a sua aceleração, como fizemos na tabela 3.1 para os
exercida pelo ar, de modo que a força resultante que age sobre o objeto seis primeiros planetas: achamos 6,6 10-6 m/s 2 , ou seja,. em números
(disco ou carrinho) é nula.* · 1 redondos, sete milésimos de milímetros por segundo, por segundo. É
Em vez. de .dizer que a força resultante sobre o objeto é nula, evidente que a curvatura da órbita de Netuno é muito pequena. De fato,
diremos que a partícula (modelo do carrinho ou do disco) representa para observações da ordem de grandeza de um mês, o movimento de
uma partícula isolada. Netuno é, para todos os efeitos, um movimento retilíneo uniforme.
· Ao afirmarrT)OS que o. carrinho que desliza sobre o trilho representa Passemos agora à definição do referencial inercial.
Uma· partícula isolâda, estamos acreditando que o carrinho se comporta
como se estivesse infinitamente longe de qualquer outro objeto.
Qbservemos que essa afirmação tem uma base lógica extrema- 3.9 DEFl~~IÇAO: O REFERENCl/\L INERCIAL (Pf'~IMEIRA LEI
mente _fraca: nada com efeito permite afirmar, a rigor, que as outras DE l\JE NTON)
1 .
coisas, como as pessoas presentes no laboratório não influenciem o movi- As leis da Mecânica clássica, que serão elaboradas no decorrer dos
mento do carrinho. próximos capítulos, serão válidas somente quando' os movimentos dos
Por essa razão**, os resultados das experiências que serão des- corpos envolvidos nas nossas ex11eriências forem estudados em um refe-
critas· agora não· poderão servir de base para o enunciado de uma lei rencial inercial, que simbolizaremos geralmente por (S).
natural;'constiturrão, no entanto, um suporte experimental plausível para DEFINIÇÃO
'uma definição (a do referencial inercial). O referencial inercial (S) é definido como sendo aquele em que
uma partícula isolada está em repouso ou em movimento retilíneo uni-
li
fç;rme.
3.7 COMPORTAMENTO DA "PARTÍCULA ISOLADA""' NO REFE-
RENCIA.L DO LABORATÓRIO COf\JCLUSAO: COMENTÁRIOS SOBRE A DEFINIÇAO DO
Se observarmos um carrinho sobre o trilho de ar, ou um disco REFERENCIAL INERCIAL
sobre a mesa de ar, notaremos que, na ausência de qualquer ação externa Comentemos rapidamente· essa definição:
(isto é, se nada empurra, ou puxa, ou se choca com o carrinho ou o 1 . Equivale em seu conteúdo à definição 3 e à lei 1 da formulação
disco), a partícula pela qual, no ~osso modelo, representamos o carrinho newtoniana. Por essa razão e para nos atermos à tradição, continuaremos
ou o disco, permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. a considerar a definição do referencial inercial e o fato de que em tal
.Eni outros termos, a partícu~a isolada, nó laboratório, tem acelera- referencial uma partícula isolada. tem aceleração nula, como sendo a 1.a
ção nula. · lei de Newton.
Vejamos agora o que acontece a orna partícula praticamente iso- 2 Qual é o referencial inercial?
lada no referencial Sol-estrelas. É o referencial Sol-estrelàs. Em primeira e excelente aproximação
é também o referencial terrestre, que chamaremos geralmente de labo-
ratório.
3.8 COMPORTAMENTO DA PARTfCULA ISOLADA NO REFE- É. mais geralmente qualquer referencial em translação retilínea e
RENCIAL SOL-ESTRELAS uniforme em relação ao referencia/ Sol-estrelas (Ou em primeira aproxi-
Tomemos o exemplo do planeta Netuno: é, com exceção de Plu- mação em relação ao referencial terrestre). Com efeito, sendo nula a
aceleração de tal referencial em relação ao referencial Sol-estrelas, a ace-
* Estamos nos utilizando aqui dos conceitos intuitivos de força.~ de equil 1brio. leração da partícula será nula neste referencial, se for nula naquele.
3 Insistimos no caráter até certo ponto arbitrário da definição do
** A ela devemos acrescentar que: 1.0 a Terra não tem Um movimento retilíneo. uniforme em
relaÇão ao referencial Sol-estrelas, a não ser em intervalos de tempo suficientemente curtos; referencial inereial. É conveniente resumir os argumentos que a tornam
2.º estamos nos u.tilizando de conceitos (força, equilíbrio) ainda não formalmente definidos. possível e plausível: · ·
**•As aspas traduzem as restrições feitas no final da seção precedente quanto. à possibilidade de * Escolhemos Net~no em vez de Plutão porque a órbita de Plutão é francamente elíptica, en-
isolamento de um objeto. · quanto que a de Netuno é quase que perfeitamente circular.

86 87
a. acreditamos que se um objeto estiver infinitamente afastado de QUESTÕES CONCEITUAIS
uma partícula, essa partícula não pode detectar a presença daquele
o~jeto e cons~üentemente não nos pode transmitir nenhuma infqrma- Imagine e descreva situações experimentais em que a aceleração de uma partícula medida
çao a seu respeito; em um referencial possível sofre descontinuidades devidas a alterações repentinas do universo em
b. a evidência experimental nos mostrou que, das três grandezas cine- que ela está se movendo.
máticas - posição, velocidade e aceleração-, ;;omente a aceleração pode
2 Mostre por um exemplo simples que a velocidade (por exemplo) não está em relação
transmitir-nos informações a respeito do universo no qual se move a unívoca com o binômio posição-aceleração. Isto é, mostre que uma partícula pode ter a mesma
partícula; posição e a mesma aceleração com velocidades diferentes.
c. é conseqüentemente lógico que procuremos um referencia! em que
a aceleração de uma partícula isolada seja nula; neste caso a informação 3 Foi dito na seção 3-5 que o referencial com que medimos a aceleração dos planetas é o
referencial definido pelo Sol e pelas estrelas fixas. Isto supõe que as distâncias respectivas entre o
fornecida pela partícula será nula, já que o universo no qual se move está Sol e as estrelas são inilariãveis.
vazio; Comente criticamente essa hipótese.
d. o caso precedente (universo vazio) é evidentemente irrealizável: é o
limite do modelo da partícula isolada; 4 Na seção 3-5, achamos ·que as acelerações dos planetas, no referencial Sol-estrelas, são da
e. o exemplo de Netuno no entanto mostra que o referencial Sol-es- forma K!r' em que K e uma constante e r o raio da órbita. Fazendo-se tender r para o infinito, a
razão K!r' se torna nu la.
trelas, no qual foram feitos os cálculos, é um referencial conveniente: Por que não recorrermos·ª essa extrapolação (em vez de dar o exemplo de Netuno) para
nele uma partícula isolada (ou praticamente isolada) tem uma aceleração mostrar que no referencial Sol-estrelas a aceleração de uma partícula rigorosamente isolada
nula {ou praticamente nula). Daí a razão de se escolher aquele referencial (r =~)é rigorosamente nula?
inercial como padrão. ·
4 Todo e qualquer referencial em translação retilínea em relação ao J 5 (S) e (S') são dois referenciais inerciais. A aceleração de uma partícula em (SI, em
determinado instante, é 5,0 ·m/s'. Os dados fornecidos são suficientes para que se possa deter-
referencial Sol:estrelas é também um referencial inerciat. minar a aceleração da partícula em (S') naquele mesmo instante?
É o caso do laboratório para as experiências que realizaremos.
5 Do que precede, segue-se que se uma partícula tiver aceleração a 6 (S) é um referencial inercial. Em determinado instante uma partícula tem a mesma
aceleração de 5,0 m/s 2 tanto em (S) como em outro referencial (S'). Pode-se afirmar que (S') é
em um referencial inercial, terá a mesma aceleração em qualquer outro inercial?
referencial inercial. Essa propriedade faz com que a partícula nos forneça
as mesmas informações qualquer que seja o referencial inercial em que 7 (S) é um referencial inercial e (S') um referencial em translação em (S). Em determinado
estudamos o seu movimento; isto era, obviamente, fisicamente necessário. instante a velocidade de uma partícula é vem (S) e v' em (S'). Observa-se experimentalmente que
v e v' estão sempre ligados pela relação:
v=v'+V
em que V é a velocidade de translação de (S') em (S) no instante considerado.
Pode-se afirmar que (S'I é inercial?

8 (S) é um referencial inercial. (S') é um referencial em translação em (SI. Em qualquer


instante a ac11leração de uma partícula em (S) é igual a sua aceleração em (S').
Pode-se afirmar que (S')' é inercial?

88 89
Capítulo 4
PROBLEMA
MASSA INERCIAL
CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR
1 Mostre que, na pior das hipóteses, a aceleração de um ponto da Terra, no ref:rencial
Sol-estrelas, é da ·ordem de 4 cm/s 2 • (Deve-se compor o movimento orbital, cuja aceleração se
encontra na tabela 3-1, com o movimento diurno. Para este último, tomar 6,4. 106 m como raio
da Terra e 8,6 • 104 s como período.)

INTRODUÇÃO
Iniciaremos este capítulo com dois trabalhos experimentais.
Estudaremos primeiro a interação unidimensional de duas par-
tículas e verificaremos a existência de uma regularidade no comporta-
mento das partículas nesse tipo de interação.
Passaremos a seguir ao estudo de uma interação em duas dimen-
sões, em que encontraremos a mesma propriedade.
Generalizando por indução a qualquer interação entre partículas
de qualquer par, definiremos por um lado a massa inercial de uma par-
tícula e enunciaremos por outro lado uma lei de importância fundamen-
tal em Física: a lei de conservação do momento linear.
Isto nos levará à descoberta de um referencial inercial particu-
larmente interessante: o referencial do centro de massa.

90 91
TRABALHO EXPERIMENTAL N.o 1 A velocidade de um pêndulo antes Ç>U depois do choque é propor-
cional à distância d da figura 2, desde que o afastamento angular máximo
OBJETIVO do pêndulo seja pequeno. Essa propriedade está demonstrada no Comple-
Comparar as variações de velocidade de duas partículas, no decor- mento 1, no final ~o capítulo.
rer de uma interação unidimensional.

REFERENCIAL MODELO
Laboratório. Tanto os carrinhos como os pêndulos serão tratados como par-
tículas.
MÉTODO Existe alguma limitação óbvia para a validade deste modelo?
Doi.s métodos são possíveis, conforme as disponibilidades em ma-
terial.
a. O primeiro método, que deve ser preferido se as circunstâncias o
permitirem, consiste em provocar colisões entre carrinhos sobre um tri-
lho (de ar se possível). Medem-se as velocidades dos carrinhos antes e 1-À
depois da interação. Vários tipos de interação devem ser estudados (por a\
intermédio de molas, de blocos de espuma de borracha, de massa de \
modelar, etc.). \
b. Se não for possível experii:nentar com carrinhos em condições de \
razoável precisão, a experiência pode ser feita por colisões de dois pên- \
dulos de mesmo compri menta, mas de materiais e pesos diferentes,* \
(figura 1 ).

11 o
1_d_J
Fig. 2 O pêndulo ·1 foi afastado da sua posição de equillbrio para provocar uma colisão com o
pêndulo 2. Se o ângulo °' for pequeno, a velocidade imediatamente antes do choque é proporcio-
nal à distância horizontal d.

Fig. 1

No instante da colisão, os dois pêndulos representam razoavel-


mente bem partículas isoladas (por quê?).

• Newton, e antes dele, Wren, Wallis e Huygeí!s utilizaram esse processo.

93
92
Segundo Galileu (cap. 1 - seção 1-11 ), a velocidade horizontal da
TRABALHO EXPERIMENTAL N.o 2 bola se conserva, de modo que o caminho OA percorrido pela projeção
OBJETIVO horizontal da bola é proporcional àqueia velocidade (velocidade da bola
(1 ) antes da colisão).
No trabalho experimental n.o 1, verificamos que, qualquer que No entanto a colisão com a bola (2) faz com que a trajetória
seja o tipo de interação unidimensional ~mtre duas partfçulas, as variações projetada da bola (1) não seja OA, e sim 08. Como a bola cai sempre da
de velocidade das duas partícufas durante a interação satisfazem a rela-
ção:
mesma altura, o
tempo de queda é sempre o mesmo, de modo que 08
representa (com o mesmo coeficiente de proporcionalidade que OA) a
Av 1 = -kAV2 velocidade da bola ( 1) depois da colisão. O vetor AB pode então repre-
sentar 6v 1 •
em que a constante k caracteriza o par de partículas que interagem. Por sua vez, depois da colisão, a projeção horizontal da bola (2)
Nosso objetivo agora é verificar se existe a mesma relação entre as aescreve a trajetória O'C; o tempo de queda é o mesmo que para a bola
variações vetoriais das velocidades, numa interação bidimensional. (1 ), de modo que O'C é proporcional à velocidade da bola (2) logo
depois da colisão. Em conseqüência o vetor O'C pode representar 6v2 •
REFERENCIAL Devemos comparar t:,.v 1 e 6v2 •
Laboratório.
MODELO
MÉTODO a. Modelo de partículas para as bolas.
Utilizaremos o dispositivo representado na figura 3. b. A resistência do ar não é relevante. ·
Uma· bola (1 ), ao sair de uma rampa de lançamento, tem uma c. Impomos ao modelo as leis dos projéteis descobertas por Galileu,
velocidade inicial horizontal e colide imediatamente com a bola (2) em estudadas no capítulo 1 e verificadas experimentalmente no teste expe-
repouso. Se não existisse a bola (2), a bola (1) encontraria em A um rimental da seção 1-14.*
plano horizontal (mesa) situado abaixo da rampa.

4.1 RESUMO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS


1 Nas interações unidimensionais verificamos que, qualquer que seja
o tipo de interação entre os carrinhos ou as bolas dos pêndulos:
6V1 = -k 6V2 ( 1)
em que 6V1 e 6V2 representam respectivamente as variações das veloci-
dades escalares das partículas, sendo k uma constante. característica do
par de partículas que interagem.
Dois gráficos v vs t típicos são representados na figura 4, no caso
e de dois carrinhos interagindo por meio de molas, e na figura 5 no caso
dos dois mesmos carrinhos ficarem presos um ao outro (por massa de
modelar por exemplo), depois da interação.
Nesses exemplos, temos 6v 1 = - 26v2 , qualquer que· seja o tipo
de interação, desde que experimentemos sempre com os mesmos carri-
nhos.
Com um par diferente· de carrinhos, poderemos ter l'.1v 1 =-1,5Av2
por exemplo, ou AV1 = -36v2 etc. . . . . .

* Ver no Complemento 2, no final do capítulo, a montagem experimental sugerida.


Fig. 3 Interação bidimensional de duas part !cuias.

94 95
'iil•un•~iih"p
;d~,r;!~il!f1!_i,.·rw1 Q'
r n1~er·~1 PiÜ
ui ·u niJ
rr urr•s
A11.a..

8tbi1oteci Central
V
antes da 1
1. 1
1nteraçâ'o !
intervalo da
interação
1 1
1
1
1
1
1
depois da
interaçã'o
V
antes da
Interação
Intervalo da
'nteraçâ'o
1

1 depois da
1

1 interação
1
1
o
~......
\\
l:iv2

' ......,
.
1 1 1
1
:...------ v,
1
Ui•
2 1
1 \ '-,u1
2 1
1 T: v1\ '- '-
:J
Ui

T! ' ' ......,


ÁVi:

.
.1'1-= 1+2v1
Lwil
sul Jbmz ....
\
1 Vi
\\
li .T
't.v, 2
v,

:r ~A

"·~--Jl
1
1 t.v 1
1 1
1 1 1
1
1 u, ---~ Fig. 6 Resultado típico da experiência da interação bidimensional. A velocidade do projétil
1
1
1 variou de tiv, a do alvo, de tiv,
(o alvo estava inicialmente em repouso). Temos, nesta experi-
1 1
1
1 ência: tiv 1 =- 1,3 t.v,
1 1 1
o o
Fig. 4 Gráficos v vs t da interaçã'o de dois Fig. 5 Gráficos v vs t da interação dos mes-
carrinhos, por meio de molas tiv, =-2tiv2 . mos carrinhos que na Fig. 4. Agora os carri·
No caso representado na figura 6, tínhamos por exemplo:
nhos permanecem juntos depois da interação; l:.V1 = -1,3t.v2 •
temos.t.v1 =-2tiv 2
A. semelhança do caso unidimensional, se as duas bolas são idên-
Se os carrinhos forem idênticos achamos sempre t.v 1 = - t.v2 ; essa ticas, achamos sempre t.v 1 = -t.v 2 , o que também era evidente pelas
conclusão era a priori evidente, por razões de simetria. mesmas razões de simetria.
Concluímos que cada par de partículas que interagem unidimen- Generalizaremos por indução esses resultados de algumas poucas
sionalmente, em um referencial inercial, é caracterizado por um coefi-
ciente k, definido pela relação (1 ):
1 experiências, .erigindo em lei da natureza essa regularidade de compor-
tamento nas interações de duas partículas de um mesmo par.
t.v 1 = -kt.v2 • ( 1)

Passemos agora às interações bidimensionais. 4.2 LEI DAS VARIAÇÕES DAS VELOCIDADES NUMA
INTERAÇÃO
O trabalho experimental n.o 2 mostrou que o resultado prece-
dente é ainda válido sob forma vetorial. Durante a interação das duas 4.2.1 ENUNCIADO
bolas, as variações de velocidade t.v 1 e l:!.v2 são tais que: · LEI
Em qualquer interação de duas partículas, considerando-se o sis-
a. os vetores l:!.v 1 e l:!.v 2 são sempre paralelos e de sentidos contrários tema isolado, e as grandezas cinemáticas medidas em um referencial iner-
(fig. 6); cial:
b. enquanto o mesmo par de bolas for utilizado, com a bola (1) a. As_ variações vetoriais das velocidades das duas partículas, num
servindc;i de projétil e a bola (2) de alvo, pouco importa qual seja a mesmo intervalo de tempo, são paralelas e de sentidos opostos.
velocidade do projétil antes do choque ou a posição relativa das duas b. A razão entre os módulos dessas variações é constante; essa cons-
bolas no instante do choque. Teremos sempre a mesma razão entre os tante caracteriza o par de partículas que interagem; verifica-se conse-
módulos de l:!.v 1 e de 6v2 , o que permite generalizar o resuitado obtido qüentemente a relação:
nas interações unidimensionais, escrevendo-se:
1 t.v, 1 = Cte (3)
. l:.V1 = -kl:.V2. (2) l:.V2

96 97
\
...
----~·-------------....,_- ------------~-------~~-~

1 !

4.2;2 COMENTARIOS interação, não vemos como isso seria possível se 6.v 1 e 6.v2 não estives-
1 No infcio do enunciado da lei, sistema isolado se refere ao pàr de -l,
sem na mesma razão em qualquer intervªlo de tempo tomado durante a
partfeulas e significa que as partículas interagem somente entre si. Su- interação. Essa propriedade será utilizada na seção seguinte.
põe-se que ambas estão infinitamente (extremamente) afastadas de qual- 3 A relação (3) é uma conseqüência imediata da relação (2) obtida
quer outro.corpo~ experimental mente.
2 No item (a) do enunciado da lei, dissemos: "as variações ... das
velocidades ... num mesmo intervalo de tempo".
Nas experiências que fizemos, medimos· as velocidades das paltf·
cuias antes. e depois da colisão (verificar de novo, em particular, os grá- 4.3 RAZÃO ENTRE AS ACELERAÇÕES
ficos· das figuras 4 e 5). Como a colisão tem a mesma duração para as A lei das variações das velocidades pode enunciar-se de outra for-
duas partículas, as variações das velocidades observadas correspondiam ma, roveitando-se o que foi exposto no comentário (2) acima.
i.
ao mesmo intervalo de tempo. Jimos que, durante uma interação, as variações 6.v 1 e 6.v2 das
No. entanto podemos e devemos nos perguntar como se compara· velocidades das partículas de determinado par satisfazem sempre à rela-
ria!'l1 os 6.v em um int.ervalo de tempo menor escolhido arbitrariamente ção (2):
dentro do intervalo total da interação. A figura 7 esclarece o que pre-
cede. Ó.Vi = -k6.V2
Experiências mais sofisticadas, em que os gráficos V vs t seriam qualquer que seja o intervalo de tempo M considerado.
obtidos durante a interação, podttm fornecer a resposta. Porém não pre- Dividamos a relação acima por M: obteremos a relação entre as
. cisamos reeorrer à experiência, e sim ao raciocínio. acelerações médias das partículas, no intervalo At:
Do momento que a razão entre Av1 e Av2 é sempre a mesma para -~
<a 1 > = -k<a2>
.
o mesmo par. de partlculas qualquer que ~ia o tipo e a duraçlo da
V. Essa relação deve verificar-se qualquer que seja o valor de M;
(4)

antés da depois da verifica-se portanto no limite em que M tende a zero. Obtemos assim,
1
_____ _
1
i~teração 1 interação para as acelerações instantâneas das duas partículas:
1 1

,_
1
1
.._
1 1 V1 a1 = -ka2 (5)
2 l . 1 ;i
'I

............ Ti
u2· '
1
1
\J A lei pode então se enunciar da maneira seguinte:
1 LB .
I'
1 intefllÇão A..
LWzl
1 Em qualquer interação de duas partículas, considerando-se o sis-
tlllv1 J. I V2 1 tema isolado e as grandezas cinemáticas medidas em um referencial
f 2 ;j inercial:
1 ·a. As acelerações das duas partículas, em qualquer instante, são pa-
1 '!;
·1 ralelas e de sentidos opostos.
~
U1 ----~
1 . 1 1 . 1
~
,1
li!1
b. A razão entre os módulos dessas acelerações é constante; essa cons-
tante caracteriza o par de partículas que interagem; verifica~se conse-
1 !-..--At1--. 1 qüentemente a relação:
o 11 At .t
1 a1I =Cte (6)
. Fig. 7 G~ficos v vs t cie 11me lnteraçlo unidimensional. A interaçici durou ll.t e as varlaçc'Jes cor-
resiJondentes dás veloCÍdades foram /J.V1· e /J.v1 COf'!'l IJ.V 1 = -2/J.V1 • Como se comparam ll.v, e llv, 1a2I
no intervalo •rbitrério ll.t1 7
A utilização da lei no seu primeiro ou no seu segundo enunciado é
uma questão de conveniência.
98
1 99
Temos portanto:
EXEMPLO 1
t>v, 21,5
No trabalho experimental 4-1, com pêndulos, um grupo achou os -=---=-060
t>v, 36 '
seguintes dados experimentais para as distâncias d (as notações são as do
b. A razão entra as acelerações médias é igual à razão entre os t>v:
Complemento 1, 1-8):
<a,>
d1 = 30 cm ; d~ = 8,5 cm ; d; = 36 cm --=-0,60
<a,>
a. Qual é a razão entre os b.v das duas bolas, durante a interação?
b. Qual é a razão entre as acelerações médias?
Na fig. 8, qual é a interpretação gráfica da razão precedente?
SOLUÇÃO
a. Os dados foram lançados no gráfico (vtl da fig. 8.

V
EXEMPLO 2
(.u.a Uma interàção entre dois carrinhos sobre um trilho de ar (trabalho
4 experimental 41) forneceu os seguintes dados:
velocidade antes da interação: ui = 42 cm/s
3 carrinho 1 velocidade depois da interação: Vi = 17 cm/s
. h 2 velocidade antes da interação: u 2 = O
carnn o . ve1oc1"d ad e d epo1s
. da .1nteraçao:
- v2 = 50 cm / s·.
3
Duração da interação: 0,50 s.
25 Durante a interação, o centelhador do carrinho 2 falhou. A fita do
carrinho 1 forneceu as seguintes velocidades (t = O no início da inte-
20 ração):
t = 0,20s v = 35,5 cm/s;
15 t = 0,30 s v = 28 cm/s;
t = 0,40 s v = 19,5 cm/s
10 Pede-se:
a. Determinar a velocidade do carrinho 2 em cada um dos instantes
5 indicados acima;
b. Construir o gráfico (v, t) da interação;
c. Determinar graficamente a razão entre as acelerações dos dois car-
o rinhos em t = 0,40 s (por exemplo) e comparar o valor achado com o
t
*unidade arbitrária valor que pode ser previsto a partir dos dados iniciais (velocidades antes e
Fig. 8 Gráficos (v vs t) para a interação de um par de carrinhos. depois da interação).

Lê-se diretamente: SOLUÇÃO:


a. Durente a interação [intervalo (0 0,50 s)]:
ó.Vi = - 21,5 u.a;
b.v2 = 36 u.a. Av, 17-42
-=--=-0,50
Av 1 50-0
Essa razão deve ter o mesmo valor qualquer que seja o intervalo considerado.
Justifique o sinal "menos" para Av,. Em conseqüência:

101
100
- sendo v;- a velocidade do carrinho 2_no instante t = 0,20 s: t:. Medem-se as inclinações das tangentes aos gráficos (v, ti nos pontos A e B corresponden-
Av, 1 35;5-42
=
tes ao instante t IJ,40 s.
-Av,
1 no. intervalo (0 0,20)
- =--=-050 As medidas fornecem:
v; ""'" O ' '
de modo que: ª•a, == - 54cm/s•
1,1.1o•cm/s'
} _
em t - 0.40 s,
v; = 13cm/s. a a
de modo que+= - 0.49. O valor previsto a partir dos dados iniciais era -0,50, já que - 1
t:,v
=_.!•
De modo análogo, acha-se: • a2 6v2
- em t = 0,30 s, v;
= 28 cm/s: nesse instante os dois -carrinhos tinham a mesma veloci.
dade; A discrepância entre o valor obtido graficamente e o valor previsto é significativa 7
- em t = 0,40 s, v~ = 45cm/s.
b. O gráfico (v ti está representado na fig; 9. 4.4 MASSA INERCIAL
r---
1 1 - 1 1
- 4.4.1 ANALISE DE EXPERl_ÊNCIAS DE INTERAÇÃO
Voltemos aos gráficos v vs t das interações unidimensionais entre
1 •
I -r--- dois pares de partículas (carrinhos):
V
(cm1fsl
I a. o par (1) (2)·por um lado.
r- - -~ r-- - b. o par (1) (3) por outro lado.
1 Experimentalmente, verificamos que em qualquer interação do par
@.
sjr
(1) (2):
50 ,--- - - ÂV1 = -2 ÂV2.
45 1
•, - Da mesma forma, verificamos que, em qualquer interação do par
Q) (1) (3):
40
~

~
-
.l-- ..... ' ÂV1 = -3 ÂV3.
As figuras 1O e 11 representam gráficos típicos dessas intera_ções.
35
1
I'\ ; j
- -.-- V
antas da depois da

30)
1
'\ l'\ !,_' 1
1
interaçio
1
__
1 interação

..__CD
1

.
25 ' I'\: \ 1

- - u 1 @ 1
1 V1

20) J í'\ - T
I A1"-.. Ó.V2

15

10 ' J
-

j_
1•1

1
" I" 0
-
-

Ó.V1 L @ .,
1 '
--
J I'
5

o1 0
o
- V
../1
1
-

1
2
Fig. 9 Gráficos (v vs ti durante a intaraçio de dois carrinhos.
l
3
1 4
J
5
l 1 l-.-J
-

t(1o- 1sl
u.
o
-m-J
Fig. 10 Gráfico lv vs ti para a interaçio do par (1,2).
t

102 103
antes da 1 : depois da Façamos interagir as partículas (carrinhos) (2) e (3).
V . 1
interação 1 1 interação
1 1 antes d~ 1 depois da

.__ __
1 1 V interaçao 1 interação
1 Q)v
T'
1 1
1

U3I---~~- --,l
1 U3
@ _J . ~1~-
T! -----. @ V2

T ~.
1
1 .6.v3 1
1
1
1
1
1 L____ _
@
li---
1 V3
1
l .6.v, .6.v2

ffi_j 1
1 1@
1
1
u, 1
1
0 1
1 1
1 .1
U2I AC 1 1
o T o t
Fig. 11 Gráficos (v vs r) para a interação do par (1,3).
Analisemos fisicamente esses resultados: Fig. 12 Gráficos (vvs ti para a interação do par (2,3).
No decorrer das experiências com o par ( 1) (2), a partícula ( 1)
A figura 12 representa um gráfico típico de uma interação.
acelera sempre, em média, duas vezes mais, em módulo, que a partícula
Achamos que:
(2). Mas a lei da seção 4.3 nos diz que a relação entre as acelerações
médias se verifica também para as acelerações instantâneas. Em conse- i Ó.V2 = - (3/2).6.V3
qüência, em qualquer instante da interação do par (1) (2), a aceleração \ ou ainda que, de modo mais geral:
da partícula (1) é duas vezes maior, em módulo, que a aceleração da
partícula (2). a2 = - (3/2) a3,
. Diremos, para explicar essa constância do comportamento do par
o que mostra que, efetivamente, a partícula (3) é uma vez e meio mais
(1) (2), que a partícula (2) é duas vezes mais inerte que a partícula (1).
Demos o nome de massa inercial à medida da inércia de uma inerte que a partícula (2).
Resultados análogos seriam obtidos em interações bi ou tridimen-
partícula. 1 sionais, como por exemplo as que fizemos no trabalho experimental n.o
Segue-se que a massa inercial da partícula (2) é duas vezes maior
que a massa inercial da partícula (1 ). 4.2
O que precede mostra que a constante k das relações:
Por outro lado, os resultados experimentais das interações entre as
(1) : ÓV1 = - k.6.v2
partículas (1) e (3) mostram que a massa inercial da partícula (3) é três
(2) : ÓV1 = - k.6.V2
vezes maior que a massa inercial da partícula (1 ).
(3) : a1 = - ka2
Agora é possível fazermos um teste experimental da coerência das
definições que precedem. pode ser definida como representando a razão inversa das massas inerciais
Com efeito, se a massa inercial da partícula (2) é duas vezes maior das partículas que interagem.
que a da partícula· (1 ), por um lado; e se a massa inercial da partícula (3) Demos agora a definição formal.
é três vezes maior que a da partícula (1 ), por outro lado, a massa inercial
da partícula (3) deve ser uma vez e meio (3/2) maior que a da partícula 4.4.2 DEFINIÇÃO
(2). a. Toda e qualquer partícula é caracterizada pela propriedade de

104 105
resistir a uma tentativa de mudança da sua velocidade. A essa proprie- 12, sabemos que os pesos de dois objetos se comparam pela balança,
dade dá-se o nome de inércia. cujo modelo mais simples é a balança de braços iguais.
b. A inércia de uma partícula mede-se por sua massa inercial. Ora, se compararmos por om lado os pesos de dois objetos pela
c. A razão entre as massas inerciais de duas partículas que intera- balança e por outro lado as massas inerciais por uma interação entre os
gem é igual à razão inversa dos módulos das acelerações das partículas, dois objetos, acharemos a mesma razão. Representando-se por P1 e P2 os
em qualquer instante da interação: pesos dos objetos e por m 1 e m 2 suas massas inerciais, a experiência
m1 ª2
mostra que, sempre:
(11)
m2 =a; m1 =.!J. . (12)
em que m 1 e m 2 representam as massas inerciais das partículas (1) e (2)
m2 Pi
respectivamente. A Mecânica Clássica nã'o fornece explicação para essa "coincidên-
Fica entendido que velocidades e acelerações são medidas em um cia". Ela se limita a constatá-la, aceitando a evidência experimental.
referencial inercial. Voltaremos ao assunto no capítulo 12.
Por enquanto, utilizaremos operacionalmente (e não conceitual-
mente) a relação (12) para medir mais comodamente as massas iner-
4.4.3 COMENTÁRIOS ciais. A definição conceituai continua sendo a da seção 4.4.2.
A experiência não pode fornecer o valor da massa inercial de uma O padrão de massa inercial passa assim a ser o cilindro de platina
partícula. Fornece tão somente a razão entre as massas inerciais de duas a
conservado em Sêvres, perto de Paris; unidade é o quilo~rama (kg).
partículas. A massa inercial de qualquer objeto poderá ser conhecida com-
A razão física desse fato é que a massa inercial é uma grandeza que parando-se o seu peso, por meio de uma balança, com o peso do quilo-
somente se manifesta quando da interação entre duas (ou mais) partí- grama padrão ou de uma de suas réplicas.
culas. A observação de uma partícula isolada não poderia nunca levar ao Se acharmos que o peso de um objeto vale, digamos, 3,0 vezes o
conceito de inércia. do quilograma padrão, escreveremos que a massa do objeto é:
No entanto, a partir do momento em que podemos comparar,
podemos medir. m = 3,0 kg.
Basta que escolhamos uma partícula (por exemplo: um carrinho) e
que decidamos que a massa inercial dessa partícula será a unidade. Fazeo-
do-se então interagir uma outra partícula qualquer com a partícula pa- EXEMPL04
drão, poderemos achar o valor da massa inercial daquela partícula. No exemplo 1 achamos que:

EXEMPLO 3 ~=060
Suponhamos que o carrinho (1) das experiências descritas no
f<a;51 '
início desta seção, seja tomado como padrão de massa inercial. em que <a 1 > e <a 2 > representam as acelerações médias das bolas dos
Teremos então para o carrinho (2): dois pêndulos durante a colisão.
m2 = 2 unidades de massa inercial, A balança mostrou que o peso da bola (1) era igual ao peso de
e para o carrinho (3): 95 g, enquanto que o peso da bola (2) era igual ao peso de 57 g. Escre-
m 3 = 3 unidades de massa inercial. vemos portanto:
Vamos ver no entanto que existe um meio muito mais simples que
uma interação para comparar as massas inerciais de dois objetos. m1 = 95 g m2 = 57 g,
e verificamos que, efetivamente:

4.5 COMPARAÇÃO DAS MASSAS INERCIAIS PELA BALANÇA


1m2·1-1<a
m1 - <a >>I 1
2 = 0,60 •
Embora o assunto seja tratado formalmente somente no capítulo

106 107
EXEMPLO 5 o que se escreve ainda:
No exemplo 2, a balança mostrou que a massa do carrinho (1) era m 1 v, +m2 V2 = m, U1 +m 2 u 2 (18)
de 320 g. Vimos que em qualquer instante da interação entre os carrinhos
as acelerações a, ea 2 eram tais que: A relação acima é válida, qualquer que seja o intervalo de tempo
M, pequeno ou grande.
O que diz essa relação?
1::1=0,50· O primeiro membro é a soma dos produtos (massa) x (velocidade)
para as duas partículas, no final do intervalo M.
Concluímos que:
O segundo membro é a soma dos mesmos produtos no in·ício do
intervalo.
m2 = 0,50,
m, A relação (18) diz que essa soma tem o mesmo valor no final que
no início do intervalo M.
e que, em conseqüência, a massa do carrinho (2) era de 160 g. Ora, sabemos que podemos dar a ll to valor que quisermos.
4.6 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR
Concluímos então, necessariamente, que a soma considerada se
4.6r1 ALGO QUE SE CONSERVA INVARIANTE NUMA
conserva constante, ou ainda, é invariante no decorrer da interação.
INTERAÇÃO Descobrimos assim, como conseqüência necessária da lei de varia-
Juntemos a lei das variações de velocidades numa interação na sua ções de velocidades e da definição da massa inercial, que a natureza
forma: comporta-se de tal maneira que, em qualquer interação entre as partí-
culas de um par isolado, algo se conserva invariante.
t:J.v, = - kl:lv 2 , (13) Daremos agora um nome a essa grandeza.
com a definição da razão entre massas inerciais que nos dá:
m2 4.6.2 MOMENTO LINEAR; DEFINIÇÃO
k=--
m, O produto mv, da massa pela velocidade de uma partícula é· cha-
mado momento linear da partícula no instante em que sua velocidade
em que os Símbolos têm seus sentidos usuais. (14)
tem o valor v. ·
Obtemos imediatamente:
O momento linear representa-se geralmente pelo símbolo p. Assim:
mi ti.vi = - mi l:lv2,
p= mv (19)
ou seja:
O momento linear é uma grandeza vetorial; o seu módulo mede-se
mi l:lv1 + m2 b.v2 =O· (15) em kg. m/s.
O momento linear total de um sistema de partículas é por defini-
Ora:
ção a soma dos momentos das partículas do sistema.
l:lV1 = Y1 -Ui, (16) Assim é que para um par de partículas (1) e (2) definimos:
em que Y1 e U1 são respectivamente as velocidades da partícula· (1) no Ptotal = P1 + P2 = mi V1 +m2 V2, (20)
final e no início do intervalo de tempo 6t considerado, no decorrer da no instante em que as partículas têm velocidades respectivas v1 e v2 •
interação.
Podemos agora enunciar formalmente a lei de conservação.
Da mesma forma, para a partícula (2):
f:lV2 = Y2-U2 • (17)
4.6.3 ENUNCIADO DA LEI DE CONSERVAÇÃO DO MOMENTO
Substituamos na relação ( 15):
LINEAR
m, (V1 -u, )+m2 (V2 -U2) =o O momento linear total de um par isolado de partículas con-
108 ------ 109
serva-se invariante no decorrer de qualquer interação entre as partfculas,
desde que as velocidades sejam medidas em um referencial inercial * relação objeto-imagem em um espelho plano.
Qualquer que seja o intervalo de tempo considerado, temos:
6.P1 = -ÃP2
4.6.4 COMENTARIOS
1 Durante a interação entre as partículas de um par isolado, os mo- PcRGUNTA:

mentos individuais não se conservam constantes. No entanto, em qual- Os gráficos v vs t (fig. 91 se encontram em t =3,0 s. No entanto, os gráficosp vs t {fig.
131 se encontram em t = 3,8 s.
quer intervalo de tempo M, as variações dos momentos das duas partí- Por que a diferença?
culas são iguais em módulo e de sentidos opostos:
ÃP1 = - ÃP2 (V b.t) (21)
EXEMPLO 7
Voltemos ao trabalho experimental n.o 4.2. Se construirmos as
EXEMPLOS variações dos momentos do projétil e do alvo, respectivamente, (fig. 14),
Voltemos a uma das interações unidimensionais do trabalho expe- verificamos que, no decorrer da colisão:
rimental n.o 4.1. Construamos os gráficosp vs t (momento em função do
tempo) para os dois carrinhos do exemplo 2. ÃPproj, = - Llp alvo •
Os gráficos estão representados na figura 13. Verificamos que os e
dois gráficos são simétricos em relação a uma certa reta (!\): estão na
p( 10· 2 kg.m/s)
o

141--~+--~+--~+-~+-~-+-~-+-~~

121 1 ,....... 1 1 1 1 1
"O
'C

10,....._---....___,~__,----........~--<~---+~--< ª·....
:;·
!!!.
81 1 1 1 1>,.,. 1 ~

61----+~-t-~-+-~-+---~~+----i
+-
41--~1--~1--~-t----'f--~-+-~-+-~~ B \
Fig. 14 Variaç6es de momentos numa Interação bidimensional:
6.pproj. = - 6 Pa1vo
2 • O alvo estava inicialmente em repouso
Em resumo, podemos dizer que uma interação gera momento 1i-
º~' 1 1 1 1 1 1 near para cada partícula, mas as quantidades geradas (os 6.p) são sempre
o
i
·1 2 3 4 5 t(10" 1 s) iguais em módulo e de sentidos opostos, de modo que a quantidade total
Fig. 13 Gráficos Cp vs ti correspondentes aos gráficos lv vs ti da fig. 9. gerada durante a interação é nula.
2 Se um par de partículas for isolado, ·o momento total mantém-se
• Veremos mais tarda que a lei de conseNação é válida para um sistema isolado contendo um constante.
nÍlmaro qualquer da partlculas. As ações internas (que brevemente chamaremos forças internas)
não podem conseqüentemente mudar o momento do sistema.
110
111
Somente as ações externas (forças externas) são capazes de mudar De maneira que se decidirmos procurar algo no sistema, que con-
esse momento total, como veremos mais tarde, no estudo dos sistemas de serva sempre a mesma velocidade, esse algo só pode ser um ponto ligado
várias partículas. geometricamente ao .sistema.
Por exemplo, e mais uma vez no quadro do trabalho experimental Existe um ponto ligado geometricamente e univocamente ao par
n.o 4.2, o momento total do sistema das duas bolas imediatamente antes de partículas e que conserva uma velocidade constante durante a intera-
e depois do choque é o mesmo. O choque com efeito é extremamente ção entre as partículas?
breve e a ação da gravidade, por exemplo, que atua sempre, é irrelevante
em comparação com as ações internas, durante o intervalo de tempo
muito pequeno da colisão. (Voltaremos ao assunto no capítulo 9.) 4.7.2 O MODELO
· No entanto, depois da colisão, o momento total varia (basta obser- Construiremos paralelamente o modelo físico e o modelo matemá-
var que as velocidades individuais desviam-se para baixo e aumentam em tico associado, observando-se preliminarmente que a determinação uní-
módulo), pois o sistema das duas bolas está interagindo com uma terceira voca do ponto procurado restringe a sua posição (no caso dele existir) à
"partícula", que é a Terra.· reta definida pelas posições das duas partículas.
3 A invariância do momento linear total de um sistema isolado é
uma lei da natureza, e como tal devemos aceitá-la; isto não significa que PERGUNTA
o seu sentido seja evidente. Se imaginarmos a interação (choque) de dois Por que o ponto procurado, se existir, deve pertencer àquela reta?
discos que se movimentam sobre uma mesa de ar, por exemplo, o fato de
que existe uma grandeza vetorial definida por:
Sugestão
p= m1 v1 + m2 V2, Um universo em que somente ex1st1ssem duas partículas apresenta uma simetria cilín-
drica; suponha-l;e que se opere uma rotação qualquer em torno da reta definida pelas partículas.
que se conserva invariante antes, durante e depois da interação, não deixa Algo se modifica? Se o ponto procurado estivesse fora da reta, ele seria único?
de ser algo estranho.
Gostaríamos de entender melhor essa invariância. Entender, isto é,
integrar essa invariância num quadro mais familiar.
A 1.a lei de .Newton, por exemplo, traduz uma regularidade no MODELO FÍSICO MODELO MATEMÁTICO
comportamento cinemático da partícula isolada: se a partícula for iso- Duas partículas constituindo um par
lada, sua velocidade é constante ou, se preferirmos, sua aceleração é nula. isolado interagem.
A G B

~'W?'
~
Será que a invariância do momento linear de um sistema não A interação é estudada em um referen-
traduziria também uma regularidade no comportamento cinemático do cial inercial.
sistema?
É o que vamos pesquisar a seguir. O ponto procurado, seja G, pertence /
à reta AB. -+ AG = À AB, em que À é um
coeficiente adimensional.
4.7 PROBLEMA SUGERIDO PELA INVARIÂNCIA DO MOMENTO
LINEAR DE UM, SISTEMA ISOLADO PARÂMETROS RELEVANTES:
4.7.1 A PERGUNTA Massas das partículas -+ m1 m2
Antes de fazermos a pergunta relativa a uma possível regularidade
no comportamento cinemático do sistema, observemos que o momento Distância entre as partlculas no ins-
total p, invariante, é o produto de uma massa por uma velocidade. tante t -+ AB
Se realmente existir uma regularidade cinemática, o mais simples
portanto é pensar numa possível velocidade constante. Mas velocidade de LEIS IMPOSTAS AO MODELO:
quê? Obviamente não das partículas, cujas velocidades variam durante a Conservação do momento total -+ p = m 1 v, + m, v2 (= ctel
interação.

112 113
4.7.3 A SOLUÇÃO DO PROBLEMA Observe-se que:
Em função dos vetores de posição, a condição A posição e a velocidade de G são respectivamente as médias pon-
deradas das posições e das velocidades das partículas; os coeficientes de
AG =X AB ponderação são as rriassas dessas partículas.
escreve-se: 2 A velocidade de G é efetivamente invariante, já que o numerador
do segundo membro da expressão (27) representa o momento total
r* = (1-X) ri +À r2 (22) do sistema, ele mesmo invariante.
Procuraremos agora definir a posição do ponto G em termos geo-
Derivando-se a relação precedente em relação ao tempo, expres~ métricos facilmente interpretáveis.
samos a velocidade de G em função das velocidades das partículas e do B
coeficiente X:
v* = (1-X)v 1 + Xv2 (23)

O problema é saber se existe 1.1.m valor de X (e portanto um ponto


G) que torna v* invariante.
Ora, sabemos que a expressão: m1

p= m 1 Vi + m, v2 (24) Fig. 15 O vetor deposição G, tomando-se A como origem.

é invariante. A comparação de (23) com (24) sugere que se escolhe Para tanto escolhamos a posição A da partícula (1) como origem
para (1-À) e À valores respectivamente proporcionais m1 em,. a das posições (fig. 15), de modo que, na expressão (26), substituímos
r* por AG, r 1 por zero e r 2 por AB:
PERGUl'.llTA
Por que não podemos escolher diretamente:
'1 ·' AG =m2 AB • (28) .
1-;\ = m, ; "- = m,? m 1 +m 2
Escolhamos então: A expressão precedente mostra qUe o ponto G é interior ao seg-
mi mento AB.
1 - ÀM
= - ., À= m, (25)
M
EXER6CIO
em que M representa uma massa (ainda indeterminada), garantindo-se Prove éi aflrrnação precedente
assim que À seja adimensional.
As equações (25) fornecem imediatamente: Escolhendo-se o ponto B (posição da partícula (2)) como origem,
teríamos de modo análogo:
1-À = m, m2
M = m 1 + m2 , À=
m1 +m2 , BG = mi Bt.\ (29)
m1 +m2
A substituição em (22) fornece a pos~ão do ponto G procurado:
A comparação das expressões (28) e (29) fornece:
r* m1r1 +m2r2
= --=--;;..._--=-=- (26)
m 1 +m 2 GA m2
A substituição em (23) fornece sua velocidade. GB =---;;;-' (30)

. V* =. m1 Y1 + m2 V2 (27) de modo que o ponto G é o ponto que divide internamente o segménto


m1 +m2 definido pelas posições das partículas na razão inversa das suas massas.

114 115
=======~--·---~-------

EXEMPLOS O eixo pontilhado representa as imagens sucessivas dos flashes de


Se a massa de uma partícula for o dobro da massa da outra (fig. um estroboscópio situado logo atrás do trilho. Esse eixo pode portanto
16), a posição do ponto G obtém-se da seguinte maneira: divide-se o ser tomado como eixo dos tempos, graduado em unidades arbitrári~s.
segmento AB em três (2 + 1) partes iguais, escolhendo-se a seguir o ponto Um eixo qualquer perpendicular ao eixo dos tempos representará
de divisão que dista uma parte da partícula de massa m 1 • o eixo das posições, e também pode ser graduado em unidades arbi-
trárias.
m2 Tendo-se os dois eixos com as suas graduações, podem-se medir as
velocidades de cada carrinho respectivamente antes e depois da interação;
a seguir, obtém-se os Lw. A comparação dos t.v fornece a razão entre as
massas dos carrinhos. (É conveniente copiar a figura sobre uma folha de
papel transparente, para facilitar construções e medidas.)
A
Fig. l6 Posiç€o de G no caso em quem, =2 m =AG =+ AB.
1 PERGUNTA
Pode-se justificar, agora, o fato de se poderem escolher unidades arbitrárias sobre cada
Generalizando-se, se um dos eixos dos gráficos?

m1 = _E_ Conhecendo-se a razão entre as massas, pode-se construir a posição


m2 q do ponto G em cada um dos instantes sucessivos. O conjunto dos pontos
divide-se o segmento AB em p f q partes iguais. O ponto G dista q dessas obtidos constitui o gráfico (s vs t) do movimento desse ponto.
partes iguais, da partícula de massa m 1 • No exemplo proposto, p = 2 e O qüe se conclui quanto a esse movimento?
q = 1.
Não nos esqueçamos no entanto de que a solução encontrada
2 INTERAÇÕES BIDIMENSIONAIS.
(existência de um ponto G cuja velocidade permanece invariante durante
l\ fig. 18 reproduz a fotografia estroboscópica dos movimentos de
a interação) deve ser submetida ao teste experimental.
dois discos que se chocam sobre uma mesa de ar. A seta indica o sentido
no qual os discos foram inicialmente lançados.
4.7.4 CONFIRMAÇÃQ EXPERIMENTAL
.1 INTERAÇÕES UNIDIMENSIONAIS. o
A fig. 17 é a reprodução dos gráficos posição-tempo (s vs t) de dois o
o
carrinhos que interagem sobre um trilho de ar. Os gráficos foram obtidos ()

diretamente fotografando-se a interação com uma máquina cujo filme se o


o
desloca uniformemente em sentido contrário do da seta. o o
o o
ººººººº o
o
o
o
o
o
o
o
/ o
o
o
o

Fig. 17 Gráficos posiçio·tempo da interaç€o de dois carrinhos. Fig. 18 1nteração bidimensional de dois discos sobre uma mesa de ar.

116 117
i
Tomando-se uma unidade arbitrária de tempo (por exemplo qua- Em outros termos, é equivalente verificar diretamente a conser-
tro intervalos sucessivos entre flashes) pode-se construir as velocida· vação da momento total ou a movimento retilíneo e uniforme do centro
des vetoriais dos discos antes e depois do choque e, a seguir, as variações de massa.
vetoriais das velocidades durante o choque, isto é, os ÃV. (Será outra vez 2 Se imaginarmos uma partícula (fictícia) cuja massa fosse igual à
conveniente copiar a figura sobre uma folha de papel transparente para soma das mélssas das partículas, e que coincidisse sempre com o centro de
efetuar comodamente as construções.) massa, o momento dessa partícula (fictícia) seria invariante e igual ao
Tendo-se os t:,v, determina-se a razão entre as massas dos discos. A momento total do sistema.
seguir, constróem·se as sucessivas posições do ponto G. Isso decorre imediatamente da relação (32), que pode-se escrever:
Obtém-se assim a trajetória do ponto G e, sobre essa trajetória, as (m 1 tm 2 )v* = m 1 v1 +m 2 v2
posições de G em intervalos de tempo consecutivos iguais. momento da momento (33)
O que se conclui quanto ao movimento de G? part rcu la total do
fictícia sistema.

4.8 CENTRO DE MASSA DE UM SISTEMA DE DUAS PARTf-


4.9 REFERENCIAL DO CENTRO DE MASSA (RCM)
CULAS
Estudamos experimentalmente, durante uma interação entre as Seja (AB) um par isolado, cuja interação é estudada no referencial
inercial (S) (fig. 19).
partículas de um par isolado, o comportamento do ponto G cujo vetor
de posfção r* é definido por: (RCM)
m1
r*= m1r1 +m2r2 A
m1 + m2 (31)

em que os m e os r são respectivamente as massas e os vetores de posição


das partículàs no instante genérico t.
Verificamos, dentro dos limites de precisão de nossas medidas, que
a velocidade do ponto G é constante: ela se mantém invariante durante a (SI
interação. Essa velocidade v* é dada pela expressão:
m 1v1 +m2v 2
-(32)
º..-----'- B
v*=
m1 +m2
Fig. 19. O referencial do centro de massa.
em que os v representam as velocidades das partíi:ulas no instante t.
Conseguimos assim associar a invariância do momento total da
sistema a uma regularidade no comportamento cinemático do sistema. Vimos que, em (S), o centro de massa G tem velocidade constante
V*
O ponto G definido pela relação (31) é chamado centro de massa
do sistema de partículas. Podemos então considerar G como a origem de um novo referen-
O que descobrimos? cial em translação retilínea é uniforme em (S) com velocidade v*.
1 O centro de massa de um sistema isolado de partículas* tem um Esse referencial é chamado referencial do centro de massa (RCM).
movimento retilíneo e uniforme em um referencial inercial. Na figura 19 os eixos associados ao (RCM) são representados paralelos
aos de (S), para simplificar. · ·
Essa afirmação pode ser considerada como outra forma da lei da
conservação do momento linear. Sendo (S) um referencial inercial e estando o ( RCM) em translação
retilínea e uniforme em (S), segue-se que o (RCM) é também um refe-
rencial inercial.
• A rigor, trata-se de um sistema de duas partículas. Mas a propriedade é verdadeira para um HaveréÍ alguma vantagem em escolher o RCM como referencial
sistema isolado com um número qualquer de partículas. inercial, para estudar a interação de duas partículas?

118 119
Vejamos como se apresenta o momento linear total, no (RCM). A CONCLUSÃO
resposta é simples: estando no (RCM), viajamos juntos com a partícula Este capítulo nos levou a um conceito fundamental: o de massa
fictícia da qual falamos na seção anterior, partícula essa cujo momento é inercial de uma partícula; e a uma lei natural não menos fundamental: a
igual ao momento total do sistema. da conservação do momento linear, para um sistema isolado. Vimos que
Ora, se viajamos juntos com a partícula, ela tem, para nós, velo- existe um referencial inercial privilegiado, o (RCM), no qual o momento
cidade nula, e conseqüentemente momento nulo. linear total se conserva nulo.
Concluímos que: no (RCM), o momento linear total de um par
isolado de partículas é nulo*. Para concluir, teçamos mais algumas considerações a respeito da
Conseqüentemente, no (RCM), os vetores momentos lineares das conservação do momento. Não adianta muito repetir que essa lei é uma
duas partículas são sempre paralelos, de sentidos contrários e de m.esino das !eis fundamentais da Física; somente a prática nos convencerá disto.
módulo (figura 20). Representando-se os momentos respectivos, no Mas há um aspecto que deve suscitar um certo interesse mesmo nos
(RCM), por P1 e P2 temos sempre: principiantes e é desse aspecto que vamos falar, em poucas linhas.

P1=-P2.

©
.- P1-
..
(a)
.... P2 •@
(34) Existem três leis de conservação em Física clássica:
a. a lei de conservação do momento linear;
b. a lei da conservação do momento angular, que estudaremos no
capítulo 11.
c. a lei de conservação da energia, cujo sentido geral entenderemos
muito mais tarde, embora seja tratada em sentido restrito no capítulo 8.


Ora, na Natureza essas três leis de conservação traduzem proprie-
dades fundamentais de simetria das leis naturais em relação ao espaço e
ao tempo.

©
;/ (b)
2 A conservação do momento linear traduz a propriedade seguinte:
as leis da Natureza são invariantes em relação a uma translação geo-
métrica do sistema estudado.
Se, por exemplo, estudarmos a queda de um objeto no laboratório,
encontraremos certas relações entre posição, velocidade, aceleração,
Fig. 20 Ç)s momentos lineares das partículas de um par isolado, no (RCM). (a): interação unidi- etc ... (A lei galileana da proporcionalidade entre espaço e quadrado do
mensional; (b): interação bidimensional. tempo é um exemplo dessas relações.)
Se agora, por um toque de mágica, o laboratório junto com a Terra
Não nos esqueçamos de que, se os momentos são opostos, as velo-
e todo o sistema solar, fossem transportados em outro lugar do espaço,
cidades são também paralelas e de sentidos contrários, embora tenham,
em geral, módulos diferentes. acreditamos que a experiência repetida com o mesmo objeto forneceria
Uma conseqüência interessante da relação (34) é que a razão as mesmas relações. ·
entre as massas das duas partículas é igual à razão inversa dos módulos Essa afirmação não é tão trivial como pode parecer. E: dificilmente
das velocidades das partículas no (RCM). testável, evidentemente; mas é uma conseqüência matematicamente
necessária do modelo geral da Física clássica. Infelizmente, nossos conhe-
EXERCICIO: cimentos da linguagem (isto é, da Matemática) são ainda insuficientes
Prove a afirmação precedente.
para que possamos provar agora o que afirmamos acima.
Nos çapítulos 8 e 11, respectivamente, assinalaremos as simetrias
• A generalização para mais de duas partículas será feita mais tarde; a propriedade é sempre
traduzidas pela lei da conservação da energia e pela lei da conservação do
verdadeira. · momento angular. ·

120 121
EXERCfCIOS o
Numa interação unidimensional do par isolado (1 2) acha-se: o
o
1<a,>I o
- - =18
1<a.>I . o
ót.
em que <a,> e <a,> representam as acelerações médias ein determinado intervalo

Fazendo-se interagir o par (1 3), acha·se:


~
ºººººº
1 <a,>I = o,3
1 <a,>1
o o
Qual é a ra1:ão entre as massas das partículas (2) e (1 )? (3) e (1 )? (2) e (3)? _. o o o
2 Dois discos se chocam sobre uma mesa de.ar. A massa do disco (1) é duas vezes maior o o o
que a do disco (2).
o
o
o
6. Mesmo exercfcio com a fotografia reproduzida na figura:

o
o oo
A figura representa a velocidade (constante) v, do disco (1) antes do choque e a velo- o o
cidade (constante) v, do mesmo disco depois do choque. o o
Çonstrua na mesma escala a variação vetorial do disco (2) durante o choque. o o
_.. o o
3 Dois carrinhos A e B interagem sobre um trilho de ar. As velocidades dos dois carrinhos
o

....
antes e depois· da interação são dadas a seguir:
antes da interação depois da interação
A 1,2 m/s 0,58 m/s
B 0,38 m/s 1,3 m/s
Qual é a razão das massas dos dois carrinhos?

o
o ºººººººº
4 Dois carrinhos A e B interagem sobre um trilho de ar; os carrinhos estão amarrados nas
o
extremidades de uma mola. Em determinado instante as velocidades dos dois carrinhos são
respectivamente: VA = 0,70 m/s, vs = - 0,30 m/s. Num instante posterior essas velocidades são: o
VA =O, vfi = 0,70 m/s. o
Qual é a razão entre as massas dos dois carrinhos?

7 A figura representa o grãfico v vs t de uma das partículas c!e um par isolado. A parte do
5 A figura reproduz a fotografia estrobosc6pica dos movimentos de dois discos que se
grãfico correspondente ao intervalo da interação foi esquématizado e representado por um seg-
chocam sobre uma mesa de ar. ·
mento de reta para simplificar.
Determine a razão entre as massas dos_!!~!s discos.

. 122
123
v(m/s) 9 A figura representa o !11'áfico posição-tempo de uma partícula.
m, = 50 g Construa o gráfico momento-tempo (p vs ti correspondente.
m2 = 30 g
(v 2 )i = zero s

:!
(ml
t
1
1
1 3
1
4+ 1

2.J.
--------r---- 1
1
2

1
1
1 1 1
o1 1 2 3 4 5 6 '(si

São também fornecidas as massas das duas partículas, bem como a velocidade inicial (isto o 2 t(s)
é, antes da interação) da outra partícula do par.
Pede-se construir o grá.fico v vs t dessa segunda partícula. _,
8 Mesmo exercício para cada um dos três gráficos representados nas figuras:
-2

m 1 =0,40 kg
m, =0.40 kg
v(m/sl m 2 = 0,20 kg 1 v(m/s) m 2 =0.20.kg
1O Várias experiências de interação são feitas com dois carrinhos A e B cujas massas respec·
(v2 li= -2,0 m/s
(v2 li= -2,0 m/s 4 tivas são: mA = 0,300 kg, e ms = 0,200 kg. O quadro abaixo reproduz resultados parciais dessa~
experiências quanto iis velocidades dos carrinhos antes e depois das interações respectivas.
3
2 Pede-se completar o quadro, assinalando-se os valores das velocidades que faltam.
2

Q 2 3 4 5 6 7 t(s) o Experiência n.D velocidades iniciais velocidades fina is


-1 2 3 4 5 6 tlsi
-1
'-2
-2

m, = 10 g
1
{: 5.0 m/s
o
?
2,0 m/s

v(m/sl
m 2 =20 g
(v2 li= 3,0 m/s
2
{: ?
- 3,0 m/s
- 1,0
2.0
m/s
mls

5
4
3
{: 0,50 mfs
?
- 1,5
1,0
mls
mfs
1.:º o
3.J...___J
2
4
{: mfs
- 2,0 mfs ?
?
5
{: 3,0 mls
- 2,0 mfs 2,5 mls

o 2 3 5 6 t(s)
11 Em cada uma das quatro figuras seguintes, tem-se o gráfico momento-tempo (p vs ti de
uma das partículas de um par isolado, que interage unidimensionalmente no laboratório. For-
nece-se também, em cada caso, o valor do momento da outra partlcula em determinado instante.
Pede-se construir o gráfico (p vs ti da outra partícula.

124 125
p 1 (kg m/sl em t =1,0 s p (kg.m/s)
em t: O, p 2 ~ O
P2 = 1,0 kg.m/s 1
5
4 0----------- 4
1
1
1
1
30 a ~
''
3 -----r--, 1

20 .
1 1
2
1
1
1
1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
oi 1 2 3 4 5 6 t (si ~ 4 5 t (s)

12 Dois discos se chocam sobre uma mesa de ar, no laboratório. A figura representa os
em t =4,0 s momentos dos dois discos antes do choque, bem como o momento do disco (1) depois do
p (kg m/sl choque.
P2'= 3,0 kg.m/s
aoo---... Qual é o momento do disco (2) depois do choque?

o
-·1

-2
4 5 6 t (s)
antes do
choque
/\ 2

depois do
?

'
choque

p (kg m/sl em t = 5,0 s o2


só---.. P .i =3,0 kg.m/s
1 13 Sobre um trilho de ar, dois carrinhos estão amarrados nas extremidades de uma mola. O
4 1
1 conjunto se &esloca sobre o trilho ao mesmo tempo que os carrinhos vão oscilando.
1 A velocidade do carrinho (1 ), cuja massa é 0,30 kg, se expressa em função do tempo por:
----~-----·~--------
3
• 1
v 1 =0,20+0,10cos10t (m/s; s).
2 1 Sabendo-se que o momento total do sistema é 9,0 • 10- 2 kg.m/s, qual é a expressão, em
1 função do tempo, do momento do carrinho (2)?
1
1
1 14 Estuda-se a interação unidimensional de dois carrinl)os sobre um trilho de ar no referen-
1 cial do centro de massa (RCMI do sistema. .
o 2 3 4 5 Em determinado instante o momento do carrinho ( 1) é p 1 = 6,0 • 1o-> kg.m/s.
t lsl Qual é, no mesmo.in_stante, o_ momento do carrinho (2)?

126 127
15 Dois discos amarrados nas extremidades de uma mola interagem sobre uma mesa de ar no QUESTÕES CONCEITUAIS
laboratório.

t+2At Afirmou-se no texto que se duas partículas idênticas interagem, tem·se evidentemente
t+ót Av, = - Av2 • Discuta criticamente essa pretensa evidência.
® ®
2 Comente criticamente as afirmações seguintes;
t Dois discos cujas massas respectivas são m, = 0,20 kg e m 2 =O, 10 kg se chocam sobre a
@ mesa de ar no laboratório.

Ge

o
t o No decorrer do choque as variações vetoriais dos momentos dos dois discos são os
t +Ar· vetores Ap 1 e Ap2 da figura.

3 Comente criticamente as afirmações seguintes;


A figura representa;
a. as p(>sições de um dos discos nos instantes sucessivos t, t + At, t + 2ót; Dois carrinhos cuja razão das massas é m, = 3 interagem sobre um trilho de ar -no
b. as posições do outro disco nos instantes te t+At; laboratório. m1
c. a posição do centro de massa G no instante t.
Pede-se construir a posição do segundo disco no instante t + 2At.
V

16 Dois carrinhos A e B (mA = 0,60 kg; ms = 0,40 kg) podem deslizar livremente sobre um
trilho de ar horizontal. São· mun.idos de ferrolhos de modo que, ao colidirem, permanecem junto.s. 2
Lança-se o carrinho B com velocidade de 3,0 m/s. Com que velocidade e em que sentido deve-se
lançar o carrinho A para que, depois da colisão, o conjunto permaneça em repouso no labora·
tório?
2

Os gráficos velocidade-tempo dos movimentos dos carrinhos estão representados (esque-


matizados) na fig11ra.

4 Dois carrinhos que podem interagir sobre um trilho de ar são munidos de ferrolhos: ao
colidirem permanecem juntos. Uma experiência mostra que, sendo v, e v2 respectivamente as
velocidades dos c•rrinhos antes da colisão, a velocidade do conjunto depois da colisão é v.
a. Supondo-se que as massas dos carrinhos foram triplicadas, sem que se modificassem as
velocidades v1 e v2 , qual seria a velocidade do conjunto depois da colisão.
b. Supondo·se que as massas dos carrinhos foram triplicadas, bem como as velocidades v, e
v2 , qual seria a velocidade do conjunto depois da colisão?

128 129
(1),
5 Comente criticamente as afirmações seguintes: A figura representa, em escala, as órbitas de Sirius e de seu companheiro e as velocidades
Duas parti cuias formando um par isolado interagem. A figura mostra os vetores-momen- das duas estrelas em determinado instante, no ( ACM) do si<tP.ma.
tos das partículas, em dois instantes quaisquer t 1 e t 2 ; o referencial é inercial.
11 A figura representa três posições de um par de partículas que interagem, no referencial
do laboratório.
O par é isolado?
(1lQ ...

(2)~ (2) 0--- ~ @


@

t1 t2 @

6 Um foguete interplanetário extremamente afastado de qualquer corpo celeste e com os o


motores desligados tem movimento retilíneo uniforme (em um referencial inercial). Ao chegar em· t,
A, o foguete explode partindo-se em duas partes. Uma das partes segue a trajetória AB. Repre- o o
sente uma trajetória.possível para a outra parte. t,
t,
B

A
foguete

7 Uma pj!rtícula em repouso no laboratório de desintegra em dois fragmentos. Qual é a


velocidade do centro de massa do sistema depois da desintegração?
8 Se duas partículas têm velocidades respectivamente iguais a 3,0 m/s e 4,0 m/s, o centro
de massa do sistema pode ter velocidade igual a 5,0 m/s?
9 Comente criticamente as afirmações seguintes:
Dois carrinhos interagem sobre um trilho de ar horizontal. A interação é estudada no
(RCM) do sistema. Observa-se que a velocidade de um dos carrinhos anula-se em determinado
instante; a velocidade do outro se anula 0,30 segundos depois.
1O Comente criticamente as afirmações seguintes:
A estrela Sirius e o seu chamado companheiro escuro constituem um sistema binário:
cada uma dessas estrelas descreve uma órbita circular em torno do centro de massa G do sistema.

130
131
4 Mostre formalmente que o momento total no (RCM) é nulo: tome G como origem; sejam
PROBLEMAS A, e A2 os vetores de posição das duas partículas. Por definição da posição do centro de massa:

1 A figura representa o gráfico s vs t de uma interação unidimensional entre dois carrinhos m, R 1 +m 2 R 2


sobre um trilho de ar. Um eixo pontilhado representa uma base de tempo; o intervalo entre dois GG= o.
m 1 +m 2
pontos consecutivos corresponde a uma unidade arbitrária de tempo e a seta indica o sentido
positivo do eixo. pr_ossiga e conclua.

5 A figura representa as posições sucessivas, a intervalos de tempos iguais, de um disco


em rnovi11111nto sobre urna mesa de ar e que se choca com outro disco cuja massa é a meta-
de da massa do primeiro.

. . . .__...
... o
o
~ o
a. Descreva qualitativamente, em primeiro lugar, o que aconteceu antes, durante e depois
o o o o o o o
da interação.
b. Determine a razão entre as massas dos carrinhos, especificando qual dos dois tem a maior Copie a figura sobre um papel transparente e construa as posições sucessivas, nos mesmos
massa. instantes, do outro disco, supondo-se que a interação é estudada no (RCMJ do sistema. (Há urna
e. Determine, com a maior precisão passivei, o instante em que a distância entre os carri- infinidade de soluções; construa uma delas e indique como as outras estão relacionadas com
nhos passou pelo seu valor mínimo. Indique também a margem aproximada de erro sobre a aquela.)
resposta dada.
d. Ao instante determinado na pergunta anterior corresponde um ponto sobre o gráficos vs 6 Dois discos cujas massas respectivas são O, 150 kg e 0,300 kg são rigidamente ligados por
t de cada um dos carrinhos. uma haste de 30cm de comprimento e de massa desprezível. O sistema está em repouso sobre
1magine que as tangentes aos gráficos nesses dois pontos foram traçadas. Qual é a par· uma mesa de ar horizontal no laboratõrio.
ticularidade que essas tangentes devem apresentar?
Trace agora as tangentes e verifique se a sua previsão estava certa. 0,300 kg
e. Esboce o gráfico v vs t correspondente.

2 Uma experiência de interação unidimensional com dois carrinhos sobre um trilho de ar


º'(/;kg ~

~
forneceu os seguintes dados:

t (unidades arbitrárias) O
s, (cm)
1 2
O 10,0 19,5
3 4 5
29,0 38,4 47,0 53,0
6 7 - 8 9
57,6 62,0 66,8
30<m _.j
s 2 (cm) 45,0 48,3 52,4 56,0 59,8 67,0 76,6 87,0 97,0 108
Em determinado instante, um choque comunica ao disco de maior massa uma velocidade
horizontal de 15 cm/s cuja direção é perpendicular à direção da haste.
a. Construa os gráficos posição-tempo (s vs t) para os dois carrinhos. Náquele rriesmo instante, qual é a velocidade do outro disco, no (RCM) do sistema?
b. Determine a razão entre as massas dos carrinhos. Resposta: 1O cm/s
Resposta: mJm 2 = 1,4
7 A figura representa os gráficos v vs t da interação unidimensional de dois carrinllos, sobre
um trilho de ar, no referencial do laboratório. Os dois gráficos encontram-se no ponto 1.
3 Até agora não talamos em interações tridimensionais. São interações em que as veloci-
dades das partículas mio estio em um mesmo plano. Este problema mostra que uma interaçio a. O que aconteceu, fisicamente, no instante correspondente ao ponto I? (Essa pergunta
tridimensional pode sempre reduziÍ·se a uma interação bidimensional, por uma mudança conve- já foi feita no problema 1.)
niente de referencial. b. A ordenada do ponto 1, nos gráficos, representa uma veloci_dade. Qual é essa velocidade?
Método: considere as partículas A e B, e suponha que as velocidades v1 e v2 no instan'I\ t c. Qual é a operaçã-o gráfica que se deve fazer para que a figura passe a representar os gráfi-
não são coplanares. Sejam M e N as extremidades dos vetores v, e v3 • Escolha P qualquer sol cos velocidade-ternpo dá- interação no RCM?
reta AB. Trace por P uma reta paralela a MN e tome sobre essa reta, em qualquer p~ - d. Tendo-se os gráficos velocidade-tempo no RCM, considere um intervalo de tempo l!:.t
- M'N' = MN. Sendo MNM'N' um paralelogramo, MM' = NN' ••.

133
132
··::• !~' •h'·lH:'.·:; rº~ªf'tl'1
t(l'd?íiP
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•w••
G.hhr.ta.,.~ rE.ri+~I
qualquer. Mostre graficamente que as distâncias respectivas percorridas pelos carrinhos, no RCM, PROBLEMA EXPERIMENTAL
durante o intervalo l:J.t, estão entre si na razão inversa das massas.
e. Demonstre analiticamente a propriedade precedente.
8 Este problema consiste ·na verificação experimental da propriedade demonstrada nos
itens (d) e (e) do. problema 7.
Dois carrinhos .interagem unidimensional mente. (Se for passivei utilizar um trilho de ar,
tanto melho[; no entanto o problema pode ser resolvido com carrinhos de rodas sobre trilhos de
V metal.)
a. Como.a interação deve ser estudada no RCM do sistema, é necessário garantir que o
RCM coincida com o laboratório. Que tipo de interação (simples) garante essa coincidência?
b. Uma vez respondida a pergunta anterior, o pro\llema consiste' agora eni medir as dis-
tâncias percorridas pelos carrinhos durante um intervaro de tempo !J.t qualquer e comparar a
razão entre essas distâncias com a razão das massas dos carrinhos.
2
Deve-se construir o modelo físico e o modelo matemâtii:o associado, especificando-se:
a. os parâmetros relevantes;
b. o referencial;
c. as hipóteses feitas;
d. as leis.impostas ao modelo.
No caso de discrepância entre o resultado experimental e as previsões do modelo, os
parâmetros relevantes e as hipóteses feitas deverão ser cuidadosamente reexaminados e criticados.

O'

134 135
1.B SUGESTÕES PARA A·~ONTAGEM EXPERIMENTAL
Complemento 1 (TRABALHO N'! 4.11 Sugere-se utilizarem-se pêndulos bifilares (isto é, suspensos por dois fios, como· mostra a
1.A VELOCIDADES DAS BOLAS DOS PÊNDULOS ANTES E DEPOIS DAS COLISÕES. fig. 21 a fim de evitar oscilações de lado indesejáveis. A perfeit!I simetria do conjunto e o ajuste
Mostremos que, se a bola de um pêndulo for largada a partir de uma posiÇão angular a dos comprimentos dos fios, que devem ser idênticos, podem ser realizados por meio de disposi-
pequena (a<< 1 radl, ela passa pela posição de equilíbrio com uma veloi:idade proporcional à tivos simples e fáceis de imaginar, nos pontos de su~pensão ABCD.
distância horizontal percorrida (CB =d na fig. 1 ) .
c
o

li

·d

a. Admitamos que a bola do pêndulo, ao descrever o arco AB, chega e B com a masma
velocidade que teria ao chegar a C se fosse largada da A e caísse verticalmente em queda livre.
Essa propriedade ~ uma conseqüência da consaNação da energia mecãnica · (cap. 81. A veloci· Fig. 2
dade em C seria v = ..j']g (AC): é pois a velocidade da bola ab atingir a posição B.

b. Calculemos AC em função de CB= d e do comprimento li do pêndulo. Os triângulos ODB O comprimento deve ser da ordem de 2 m. A placa de suspensão pode ser fixada no teto
e ABC são semelhantes, de modo que: do laboratbrio. ·
Para as bolas, podem-se utilizar bolas de sinuca, cuja massa é da ordem de cem gramas.
AC BC AB Um furo de dois a três centímetros de diâmetro, praticado ao longo de um diâmetro, diminui
DB = oD=·oe • sensivelmente a massa e ·permite estudar colisões com bofas de massas diferentes. Recomenda-se
mandar fazer o futo no torno, numa oficina mecânica.
ou ainda: Três distâncias horizontais devem ser medidas em cada colisão: a distância d 1 de onde o
2AC d AB pêndulo ( 11 é largado e as distâncias d; e d; percorridas por cada uma das bolas depois da
=-e-· colisão. Sendo os pêndulos iqênticos e já que somente nos interessa comparar velocidades, não é
AB 00

As relações precedentes fornécem AC = __li_ d 2 , válida qualquer que seja a.


2(00) 2 .
necessário conhecer o ~alor do coeficiente 4" As prbprias distâncias d 1 , d;, d; podem ser
consideradas como medidas das velocidades das bolas respectivamente antes e depois da colisão.
Se a for pequeno, 00 difere muito pouco de 2,de modo que então: Os estudantes poderão trabalhar em grupos de dois ou três. O grupo descobri rã certa·
d. mente um método conveniente para medir a distância d.
AC==--•
2l2

Substituindo-se no valor de v temos:

V =J: d.

Se se desejasse o valor de v, o coeficiente .Jf-· teria que ser computado. A melhor


maneira de fazê-lo é medir o período T do pêntulo. Sendo T = 2w -Jf- ,como veremos no
capítulo 1O -.p;_
• e
211'
= --
T

136 137
Complemento 2 !TRABALHO N'? 4.2)
Capítulo 5
FORÇA
Sugestão para o Procedimento Experimental 2.a e 3.a LEIS DE NEWTON
A fig. 1 sugere um método possível de se colocar a bola-alvo, de modo a poder variar o
ângulo de incidência cf.o ·projétil e conseqüentemente o ângulo de espalhamento do alvo. A bola
repousa sobre a extremidade chanfrada de um parafuso de regulagem. Esse parafuso atravessa
uma lingüeta presa na extremidade da rampa de lançamento. Um rasgo praticado na lingüeta
permite ajustar a orientação e a distância do alvo.

, extremidade horizontal da
"

'-projétil INTRODUÇÃO
/ O conceito de força é um conceito primário, intuitivo e como tal
alvo carece de definição.
Cada um de nós desde criança sabe que é preciso fazer força para
nimpa de lançamento deformar uma bola cheia de ar, para suspender uma sacola de compras,
para empurrar um carro enguiçado na estrada, etc ...
c:-.=.J O conceito de força em Física é, basicamente, idêntico ao concei-
/' 1 ; 1 to do leigo: uma força deforma ou muda o estado de movimento de um
lingüeta ~ 1 l X 1-contra-porca corpo: na maioria dos casos, faz as duas coisas ao mesmo tempo.
O objetivo do presente capítulo é apresentar um método operacio-
/ nal de medir forças de interação a partir das definições e leis q:.ie foram
parafuso de ajuste da
altura da bola-alvo
desenvolvidas nos dois capítulos precedentes.
parafuso de fixaçfo da lingüeta A própria definição da medida da força (equivalente à 2.a lei de
em orientaçio e distância Newton) nos levará à conclusão de que as forças de interação entre as
Fig. 1 partículas de um par isolado têm mesmo módulo e se exercem em senti-
dos contrários (3.a lei de Newton).
Duas precauções fundamentais devem ser observadas: em primeiro lugar, o projétil deve
a
ter deixado rampa no instante da colisão, sem o que introduzir-se-ia urna interação perturbado- Depois de apresentarmos a lei de composição de forças, term inare-
ra com a rampa; em segundo lugar, os centros das duas bolas devem-se encontrar no mesmo pla- mos o capítulo com uma visão de conjunto das forças de interação
no horizontal, no instante do choque, de modo que também as velocidades sejam horizontais ime- conhecidas na Natureza.
diatamente depois .. A altura do alvo é regulada por meio do parafuso-suporte.
As bolas poderão ser bolas de rolamentos. 3/4". é um diâmetro razoável para o projétil.
Recomenda-se estudar colisões com alvos de massas diferentes, podendo-se escolher, por el(em-
plo, bolas de 3/4" (alvo e projétil idênticos) e de 1 /2".
A determinação dos pontos O e O' da fig. 3 do texto (pág. 94) deve ser criteriosa e será
deil<ada aos cuidados do grupo. · 5.1 ANÁLISE QUALITATIVA DO CONCEITO DE FORÇA
A maneira mais simples de determinar os pontos de impacto (A, B, C na fig. 3) é dispor
.papel carbono sobre uma folha de papel branco colocada sobre a mesa de experiência. 1maginemos ou executemos se possível algumas experiências .

139
138
EXEMPLO 1 segundo: a força necessária para conseguir essa desaceleração brusca é tão
Duas bolas de mesmo diâmetro caem da mesma altura em cima de grande que o mergulhador não. resistirá aos efeitos de deformação que lhe
uma mesa: uma das bolas é de cortiça, a outra, de chumbo. serão impostos.
Caindo da mesma altura chegam à mesa com a mesma velocidade~ No entanto, ao mergulhar na piscina com água, o atrito da água,
Numa fração de segundo essa velocidade vai anular-se através da somado ao empuxo hidrostático, vai anular uma velocidade comparável
ação da força exercida pela mesa sobre as bolas. · em um intervalb de tempo muito maior. A força exercida sobre o mergu-
Se alguém quiser colocar a mão sobre a mesa, debaixo das bolas, lhador é muito menor, não trazendo conseqüências desagradáveis.
que bola escolheria? Esse exemplo e outros semelhantes mostram que a força necessária
Evidentemente a bola de cortiça. Todo o nosso aoervo experimen- para provocar, num mesmo corpo, a mesma variação de velocidade, varià
tal, acumulado em experiências diárias, nos diz que é preciso fazer menos inversamente com o tempo durante o qual se produz aquela variação:
força para parar a bola de cortiça que a bola de chumbo*. quanto maior o tempo, menor será a força necessária.
Esse exemplo, bem como outros facilmente encontrados (por ' Estamos agora preparados para definir operacionalmente a medida
de uma força.
exemple>: é mais fácil pôr em movimento um carrinho de feira que um
vagão de estrada de ferro), mostram que a força necessár!:i para provocar
uma mesma mudança de velocidade num mesmo intervalo de tempo
aumenta com a inércia (massa) do corpo. 5.2 DEFINIÇÃO: FORÇA TOTAL, OU RESULTANTE, QUE AGE
SOBRE UMA PARTrCULA (2.ª LEI DE NEWTON)
EXEMPLO 2 As grandezas cinemáticas que intervirão nas definições que se se-
Experimentemos agora com uma bola de chumbo de quatro ou guem são medidas em um referencial inercial (S).
cinco centímetros de diâmetro.
Numa primeira experiência, deixemos cair a bola de uns poucos
centímetros acima da mesa. 5.2.1 PRIMEIRO ENUNCIADO
Na interação mesa-bola, que vai imobilizar a bola, a mesa ficará
apenas deformada. z (S) F=ma
Numa segunda experiência, deixemos cair a bola de alguns metros.
E possível, senão provável, que a mesa não resista às forças de interação,
na tentativa de imobilizar a bola, e que se quebre.
Qual é a razão da diferença? x
·i: que se trata agora de anular velocidades diferentes de um mesmo
corpo, em intervalos de tempé> comparáveis.
Essa experiência e outras tantas fáceis de imaginar, mostram que a
força de interação é tanto maior quanto maior for a variação de velocida-
de provocada, desde que os outros parâmetros (massa, tempo de intera- Fig. 1 Se, em determinado instante t, a aceleração da partícula de massa m for a (medida em
ção) permaneçam os mesmos. S), a força total, ou resultante se mede por definição pelo produto ma.

EXEMPLO 3
Seja a a aceleração no instante t, de uma partícula de massa m (fig. 1).
Imaginemos finalmente uma situação extrema: é preferível mergu-
Por definição, a força total; ou resultante, que age sobre a partícu-
lhar numa pisei ria com água que sem água. Por quê? la nesse instante, se mede por:
Ao atingir o fundo da piscina (sem água), no final da queda do
trampolim, o mergulhador vai anular sua velocidade numa fração de F=ma (1)

• Em conseqüência a mão será menus deformada pela interação com a bola e a dor possivelmente
5.2.2 COMENTÁRIOS
sentida será muito menor. 1 O módulo da força total, ou resultante, se mede em newtons (N).

140 141
O newton é a força que comunica à massa unidade ( 1 kg), a aceleração Podemos definir a força de uma forma diferente (equivalente,
unidade ( 1 m/s 2 ): obviamente, à definição precedente).

(2)
5.2.3 SEGUNDO ENUNCIADO
1 N = ( 1 kg) • ( 1 m/s 2 ).
z
Para que se tenha uma idéia do que representa essa unidade de
força, basta assinalar que um litro de água pesa aproximadamente dez y
newtons.
2 A definição (1) está de acordo com nossa análise do conceito
intuitivo de força: a força (módulo) é proporcional ã massa e à aceleração
x F=dp
p dt
que ela provoca, isto é, à taxa de variação da velocidade.
3 Observe-se que a força é uma grandeza vetorial c.uja direção e cujo
sentido são sempre os da aceleração. (Ver, no entanto, as seções 5.7 e 5.8.)

EXEMPLO 4
Força que age sobre uma partícula em movimento circular uni- Fig. 3 No instante t. a taxa de variação do momento p da partícula, é dp/dt. Por definição,
forme. essa taxa de variação do momento dá a medida da força total F.

Seja po momento linear, no instante t, de uma partícula de massa


?'1 (fig. 3) e seja ~~a taxa de variação daquele momento, no mesmo
mstante.
Por definição, a força total, ou resultante, que age sobre a partícu-
la nesse instante, se mede por:
r - dp

~
F - dt (3)

5.2.4 COMENTARIOS
1 A equivalência das formas ( 1) e (3) se mostra imediatamente: com
efeito, sendo constante a massa de uma partícula (*)
dv d(mv) dp
ma=m-=--=-
dt dt dt
2 Observe-se que a força se manifesta não no sentido do momento e
sim no sentido da variação desse momento: é praticamente a formulação
da lei li dos Principit;J (cap. 2)
Fig. 2 No movime.nto circular uniforme, a força é centrípeta; seu módulo é inv 2 Ir (ou mw' rl. Por essa razão, a definição ( 1) ou (3) será chamada "2.a lei de
Newton".
Se uma partícula de massa m descreve uma circunferência de raio r
com velocidade (escalar) constante v (fig. 2), aprendemos em Cinemática EXERC(CIO
que a aceleração. a é centrípeta, sendo seu módulo igual a v2 ;;., Descreva uma situação experimental em que a força e o momento têm a mesma direção.
Em conseqüência, a força total que age sobre a partícula é também ·• O grifo chama a atenção para o fato de que se a massa de um sistema (e não mais de uma par·
centrípeta, e seu módulo é mv2 Ir (ou mw 2 r, em que w representa a tícula) não for constante, a definição (3) é geralmente incorreta. Veremos exemplos dessa
. velocidade angular do movimento). situação no Vai. 2 deste curso (exemplo: problema do foguete) .

142 143
5.3 FORÇA TOTAL MÉDIA DURANTE UM INTERVALO 6t Podemos também calcular diretamente a variação do momento do automóvel no inter-
valo (0 1O)s, pois de:

. /4p(t) F- .':,p
-t;t·

7 obtemos:

p(t+8~
lip = F ôt • ôp = 3,0.10 2 • 10 = 3,0.10' N.s

Sendo nulo o momento inicial, o valor acima representa o momento final (que podemos
agora expressar em kg·m/s):

mv = 3,0.10 kg·m/s v = 3,0.10 = 3,0 m/s


1,0.10
Fig. 4 A força média <f >tem a direção e o sentido da variação ô p do momento, durante o
intervalo ôt. EXERCl"clO
1 Mostre que, dimensional mente, a unidade N.s é equivalente à unidade kg m/s.
2 Convença·se de que as duas maneiras de resolver o exercício não são fundamentalmente
diferentes.
Representemos por tip (fig. 4) a variação do momento p de uma
partícula, durante um intervalo de tempo qualquer 6t.
5.4 IMPULSO DE UMA FORÇA-RELAÇÃO ENTRE IMPULSO E
A força total média< F > que age sobre a partícula durante o VARIAÇÃO DO MOMENTO
intervalo b.t é medida por: O exercício precedente mostra que é pelo tempo durante o qual
ela age que a força total transfere momento à partícula sobre a qual ela
< F > = b.t
4' I (4) age.
Isto é urna conseqüência imediata da 2.a lei: se a força constante F
isto é, pela taxa média de variação do momento durante o intervalo agir durante o intervalo de tempo 6t sobre uma partícula, o momento
considerado. desta variará de:
Quando 6t tende para zero, a força média tende obviamente para a
força no instante t da expressão (3). 6p = FM. (5)

EXEMPLO 5
Se durante o intervalo 6t conhecermos a força média total < F >,
a variação de momento será:
Uma força total constante, de módulo 3,0.1 O 2 N. age durante 1Os
sobre um automóvel de massa 1,0.10 3 kg., inicialmente em repouso. 6p = <F>M. (6)
Qual é a velocidade do automóvel no fim dos 1Os?
Finalmente,·se a força total F variar com o tempo segundo uma lei
SOLUÇÃO
conhecida, a variação do momento da partícula, no intervalo (t,t + M) se
expressará por:
Uma primeira maneira de resolver o exerc-fcio consiste em:
a. Observar que,.sendo constante a força, o movimento do automóvel é uniformemente ace- _[_t+!it
lerado, com velocidade inicial nula. Em conseqüência a velocidade terá, em qualquer instante do t:.p =.JFdt (7)
intervalo de tempo considerado, a direção e o sentido da aceleração e portanto da força. Essa obser- t
vação permite tratar o problema escalarmente, já que a trajetória é retil fnea.
b. Calcular a aceleração do movimento, pela 2.ª lei na forma F =ma: Costuma-se chamar ao segundo membro das relações (5), (6) e (7)
de impulso da força considerada durante o intervalo de tempo 6.t.
- 3,0.1 o• = 0,30 m/s 2 • O impulso costuma se representar pelo símbolo J. A unidade é o
a-1,0.10• Newton. segundo (N.s).
As citadas relações expressam as.sim o fato de que a. variação do
c. Calcular finalmente a velocidade:
momento de uma partlcula é devida à ação de uma força e se mede pelo
v =at--+ v =0,30 · 1O = 3,0 m/s. impulso da força durante o intervalo de tempo em que ela se exerce.

144 145
F
EXEMPLO 6
102 N
Uma pedra de massa m = 0,50 kg é lançada com velocidade
v0 = 20m/s sob um ângulo a = 60° acima do chão horizontal. Podemos 8
admitir que, enquanto está no ar, a força total F que age sobre a pedra é
vertical, dirigida para baixo e tem módulo de 5,0 N.
6
Qual é a velocidade da pedra 2,0 s após o lançamento?
4

SOLUÇÃO
Escrevemos a velocidade inicial na forma: 2

v0 = lOi-17,JY. (m/s).

(Qual foi a base (i, y) escolhida? 1


-01 1 2 3 4 r (s)
O momento inicial é entio:

P0 =5,0 i - 8,7 9. (kg.m/sl

O impulso da força F = 5,0 y (N) durante o intervalo de 2,0s é:


SOLUÇÃO
(5,0 y) (2,01=10 y (N.sl.
Como no exQmplo 5, podemos tratar o problema escalarmente. O impulso da força total,
representado por
Esse impulso mede a variaçio do momento da pedra durante os 2,0 primeiros segundos
do seu movimento, seja t:.p.
O momento final da pedra será portanto:

P 0 + t:.p = 5,0 i - 8,7 y + 10 y = 5,0 i + 1,3 y (kg.m/sl.


!F dt 3

é proporcional à área sombreada do gráfico. Acha-se facilmente que essa área representa 1,78. 10 3
A velocidade final obtém-se dividindo-se o momento pela massa da pedra: N.s. A velocidade do carro em t =3,0s é portanto:

v =1O i + 2, 7 9 (m/sl.
1,78•10' = 2 2 m/s
8,0·10 2 •

O m6dulo dessa velocidade é 10,4 m/s.


5.5 IMPORTÃNCIA DA 2.ª LEI DE NEWTON

EXt:Rc1'c10 Suponhamos que conhecemos a força que age sobre uma partícula
1 Determine d ri1'ecJo dd 1,'p!:Jcid;1Je_ N:_1 insL·1il!t' cunsidP.:·arJ1_;_ ~~ pedr,_1 j,1 tcr'-1 ulti~lpd:-;·;..:d·J em determinadas circunstâncias. A 2.a lei de Newton permite então, em
o ponto mais alto d.J trajet6ri3? Justifique princípio, prever qual será o movimento da partícula submetida a essa
2 Observa se que a cornponente h~Hízontill d~: ped~~-i const-::r·... ~-·u o n1e:::.nic.J v<.dü' E,... p!ique
fisicamente por q :..ie.
força.
Com efeito as relações ( 1) ou (3) equivalem a um sistema de três
EXEMPLO 7 equações diferenciais, obtidas por projeção sobre os seixos associados ao
referencial.
A força total que age sobre um automóvel de massa 8,0.10 kg é
.constante em direção e sentido. O seu módulo varia em função do tempo
como mostra o gráfico da fig. q.
ma= F • l mJl = Fx
m y = Fy
m:t = Fz
(8)

Sabendo-se que a velocidade do automóvel era nula em t = O, qual As equações (8) constituem as equações do movimento da par-
é o módulo dessa velocidade em t = 3,0s? tícula.

146 147
Mas, pela 2.ª lei de Newton, dp 1 /dt e dp 2 /dt representam respec-
Se soubermos integrar essas equações teremos a posição da par-
tivamer:ite as forças que se exercem sobre as partículas do par, no
tícula em função do tempo.
instante t. Sejam F, e F2 essas forças.
Reciprocamente, a experiência pode fornecer a posição, em função
A conseqüênci.a necessária de (.10) é pois:
do tempo, de uma partícula submetida a uma lei de força desconhecida.
Se soubermos descobrir uma relação entre a aceleração da par- F1+F2 =0 (11)
tícula e as outras grandezas cinemáticas como posição, velocidade, tem-
po, então conheceremos a lei da força que rege o movimento da par- ou seja:
tícula. F1 = -F2. (12)
Por exemplo, a partir das duas primeiras leis de Kepler, Newton
deduziu a lei da atração gravitacional na razão inversa do quadrado da F, é a força exercida no instante t, pela partícula (2) sobre a
distância. partícula (1 ).
Finalmente, não é menos importante observar que a definição da F2 é a força exercida, no instante t, pela partícula (1) sobre íJ
força pela 2.a lei de Newton leva necessariamente à 3.a lei, como vere- partícula (2).
mos agora. O conjunto (F, F 2 ) é geralmente chamado par ação-reação (fig. 5).

5.6 AÇÃO E REAÇÃO (3.a LEI DE NEWTON)


5.6.1 PROBLEMA SUGERIDO PELA ÍNTERAÇÃO DAS PAR- ( 1)
I~
TÍCULAS DE UM PAR ISOLADO

~
Imaginemos um par isolado de partículas que interagem. O sistema
é estudado em um referendai inercial. Podemos supor que se trata das
estrelas de um sistema duplo: Sírius e o seu companheiro escuro; por
exemplo*. F1
Durante a interação, os momentos das duas partículas variam, por
causa das forças respectivamente exercidas sobre essas partículas. Fig. 5 O par açã'a-reação: F 1 = - F 2
Como se comparam essas forças?

5.6.2 3.a LEI Enunciemos:


· A resposta é imediata, sendo uma conseqüência necessária da con- As forças de· interação que agem sobre as partículas de um par
servação do momento linear (cap. 4) e da 2.a lei de Newton. isolado têm mesmo·módulo e se exercem em sentidos opostos.
Com efeito, sendo j:> 1 e p2 os momentos lineares das duas par-
tículas no instante t, a conservação do momento total do sistema exige
que: 5.6.3 COMENTÁRIOS
1 E de fundamental importância observar que as forças de um par
p1 + p2 = Cte. (9) ação-reação se exercem sobre partfcu/as diferentes: F 1 se exerce sobre a
Derivemos em relação ao tempo:· partícula (1), F2 se exerce sobre a partícula (2).
2 A dedução analítica que nos levou à 3.a lei nos permitiu afirmar
dp1 + dp2 =o. (1 O) que F 1 = -F2, isto é, que as forças de interação tem mesmo módulo e
dt dt agem em sentidos opostos.
Ora, vejamos a situação da fig.6; aí estão duas partículas subme-
* O companheiro .escuro de Sfrius é uma estrela muito menos brilhante que Sfrius e com 1/3 de tidas respectivamente às forças F1 e F2 que satisfazem à condição
sua massa. As duas estrelas interagem gravitacionalmente, girando em torno do centro de massa F1 = "-F 2 sem que, no entanto, as linhas de ação das forças coincidam.
com um período de 50 alias. A distância média entre as duas estrelas é da ordem· do raio da órbita
de Urano. Será que essa situação é possível?

148 149
neamerite a posição de Sírius, que se encontra a quase nove anos-luz de
nós*.
.,........- A Mecânica relativista corrige essa falha conceituai; confirma que,
.,........- efetivamente, a transmissão instantânea de qualquer informação (em par-
_... ....... ticular da informação relativa à posição de um corpo) é impossível. De
...- ....... ...- acordo com essa Mecânica, a 3.a lei de Newton não é válida e conseqüen-

....... - temente a conservação do momento total de um sistema tem uma forma


diferente da considerada pela Mecânica newtoniana .
Não convém insistir sobre esse assunto. Tratando-se de problemas
em nossa escala e com a precisão por eles requerida, a Mecanica newto-
Fig. 6 As forças F 1 e F 2 satisfazem a condição F 1 = - F2 sem terem no entanto a mesma linha
niana, com sua 3.a lei, é perfeitamente válida.
de ação. Essa situação é impossível em Mecânica newtoniana. Passemos então, no quadro dessa Mecânica, a um problema de
importância imediata.
A resposta é não, desde que, por um lado, o par seja um par
isolado (isto é, desde que não haja forças externas ao sistema) e que, por
outro lado, se façam certas restrições. Quais são essas restrições? 5.7 FORÇAS INDIVIDUAIS DE INTERAÇÃO
Estamos supondo, como é de regra em Mecânica clássica (ou
A 2.a lei de Newton nos diz como medir a força total que age
newtoniana), que cada uma das partículas do par sabe instantaneamente
onde se encontra a outra. sobre uma partícula em determinado instante.
A 3.a lei de Newton nos diz que nas interações entre duas par-
Em outros termos, estamos supondo· que as ações se transmitem tículas, as forças de interação são sempre iguais em módulo e direta-
instantaneamente a distância.
mente opostas.
Nessas condições, em cada instante, o universo do par de par- Mas suponhamos que uma partícula esteja interagindo simulta-
tículas é unidimensional: por simetria, elas somente podem conhecer neamente com várias outras.
(isto é, determinar sem ambigüidade) a reta AB que as une. Conseqüente- A Terra por exemplo está interagindo simultaneamente com o Sol
mente as forças F1 e F 2 de interação têm necessariamente o mesmo. e com a Lua**. A Lua está interagindo simultaneamente com o Sol e
suporte ou a mesma linha de ação: a reta AB (fig. 8) determinada pelas com a Terra.
posições das partículas no instante considerado. Um objeto pousado sobre uma mesa está interagindo simulta-
neamente com a Terra e com a mesa.
F2 A bola de um pêndulo que oscila está interagindo simultaneamente
com a Terra, com o ar e com o fio de suspensão.
Um automóvel que anda na estrada está interagindo simulta-
neamente com a Terra (gravitacionalmente), outra vez com a Terra (por
contacto) e finalmente com o ar, etc ...
Em cada um dos exemplos citados, a força total exercida sobre a
partícula é determinada pela massa do objeto e por sua aceleração medi-
Fig. 7 Supondo-se que cada uma das partículas "sabe" instantaneamente onde encontra a se da em um referendai inercial (2.a lei).
outra, o universo do par é, a cada instante, unidimensional, o que impõe a mesma linha de ação No entanto, se quisermos conhecer a força individua/ exercida
para F 1 eF 2 •
sobre a partícula por cada uma das interações, que faremos?
O que precede pressupõe que se aceite a premissa (newtoniana) de Em princípio, isto é, conceitualmente, não há dificuldades: basta
transmissão instantânea das ações a distância. imaginarmos que no instante t todas as interações menos uma deixam
Será que essa premissa é aceitável?
A rigor, não é. Primeiro porque fere o senso comum. Achamos • Basta se perguntar: de que maneira conhecemos a posição de Sírius?
difícil aceitarmos, por exemplo, que a Terra ou o Sol conheçam instanta- ••A interação com os outros planetas é geralmente desprezível.

150 151
simultaneamente de existir: a aceleração no mesmo instante da partícula, em que F 1 representa, por exemplo, a interação gravitacional, e f 2 a
submetida agora a uma e somente a uma interação, fornecerá a força força de contacto com a mesa.
exercida individualmente por essa interação. O inconveniente é que, até agora, nada nos garante que possamos
O que precede fornece o meio conceitualmente correto de definir escrever:
a força individual que cada interação exerce sobre uma partícula, subme- F = F1 + F2 (14)
tida a várias interações. No entanto essa definição pode, em certos casos, to ta 1
ser operacionalmente inexeqü ível. Em outros termos, nada nos garante que a força total definida pe-
Voltemos por exemplo ao caso do livro pousado sobre uma mesa. la 2.a lei (isto é, o produto ma) seja igual à soma vetorial das forças indi-
Uma coisa é dizer que a força exercida pela mesa sobre o livro é medida vidúais de interação. O ponto pode parecer trivial: merece porém um pou-
pelo produto da massa do livro por sua aceleração no instante t, supon- co de atenção.
do-se que naquele mesmo instante t, a interação gravitacional do livro
com a Terra cessasse de existir; outra coisa é realizar a experiência. Todos
nós sabemos que a interação gravitacional não pode ser "desligada". 5.8 COMPOSIÇÃO DAS FORÇAS
De modo que a determinação experimental direta dessa força é 5.8.1 PROBLEMA
impossível. Suponhamos que uma partícula esteja submetida às forças indi-
Resta portanto, como solução, a determinação indireta. viduais F 1 F2 F 3 (fig. 9 ).
Força da interação
gravitacional
F2

Ir

l
Força da interação F1
com a mesa

Fig. 8 Ántes de podermos afirmar que a força exercida pela mesa sobre o livro. é igual em mó-
dulo, é diretamente oposta ao peso do livro, devemos pesquisar a maneira pela qual as forças indi-
viduais se "combinam" para fornecer a força total.

Vejamos a fig. 8. Representa o livro e as duas forças de intera-


ção: a força de interação gravitacional (peso) e a força de interação
por contacto com a mesa. Fig. 9 Uma partícula está submetida às três forças F 1 F 2 F 3 • Qual é a força total que age
Estando o livro em repouso, sua aceleração é nula, e conseqüente- sobre a partícula?
mente, de acordo com a 2.a lei, a força total que se exerce sobre ele é
nula.
A conclusão parece então evidente. Já que: O problema é: A força total definida pela 2.ª lei de Newton é
realmente a soma vetorial das forças F 1 f 2 F 3 ? Em termos mais gerais,
F total
= F 1 + F2 =O (13) representando-se por F a força total e por F; uma força individual genéri-
então ca, verifica-se a relação:
F2 = -F1 F = ~F;? (15)

152 153
A força total exercida sobre uma partícula é igual à soma vetorial
5.8.2 TESTE EXPERIMENTAL das forças individuais de interação exercidas sobre a partícula.
TRABALHO EXPERIMENTAL Nq 3
OBJETIVO
F·total = ~F
1
(16)
Verificar se a força total exercida sobre uma partícula á a soma vetorial das
forças de interações individuais exercidas sobre a partícula. No caso de duas forças temos a conhecida regra do paralelogramo
MODELO
(fig. 11).
Modelo de partícula para o objeto {argola) submetido às forças.

M~TODO
5.8.4 COMENTÁRIOS
Uma argola metálica em equilíbrio é submetida a três forças, exercidas por fios que Na seção 5.5 comentamos a importância da 2.a lei de Newton
sustentam massas m 1 , m 2 , m 3 (ver figural. como instrumento de previsão do movimento de uma partícula, desde
que se conheça a força total que atua sobre a partícula.
Vimos agora que a força total é igual à soma vetorial das forças de
interações individuais que se exercem sobre a partícula.
Concluímos assim que é de fundamental importância saber identi·
ficar todas essas forças individuais para se· chegar ao conhecimento da
força total.
Inversamente, a medida da aceleração de uma partícula, em deter-
minado instante, permite conhecer a força total, pela 2.a lei. Se, nesse
instante, conhecermos todas as forças de interações individuais menos
m, uma, o princípio de superposição permitirá deduzir o valor dessa força
a. Explicite o referencial, as leis impostas ao modelo, as suas hipóteses de trabalho (urna desconhecida.
dessas hipóteses, praticamente evidente, antecipará o tratamento formal das seções 6.5 e 6.'6.
b. Verifique se a força total é igual à soma vetorial das forças exercidas pelos fios. FI peso

5.8.3 PRINCfPIO DE SUPERPOSIÇÃO


O teste experimental copfirmou que a força total exercida sobre a
argola (no caso essa força total é nula) é efetivamente igual à soma
vetorial das três forças exercidas pelos fios.
Generalizemos por indução*, enunciando: F 1 força de
F total 2 contato
I
I Fig. 12 A força de contato equilibra o peso: F 2 = - F,
I
I
I
I Voltemos ao exemplo do livro pousado sobre uma mesa horizontal
I (fig. 12). O livro estando em equilíbrio (a = 0) podemos afirmar que:
I
I
I F total =O (17)
I
I
Mas sabemos agora que:
Fz F = F, + F2 (18)
total .
Fig. 11 A regra do paralelogramo para a composição de duas forças.
em que f 1 e F2 representam respectivamente o peso do livro (força de
* Reconhecemos que, essa generalização é criticável. A superposição {soma vetorial) foi testada interação gravitacional com a Terra) e a força de interação por con-
experimentalmente em um caso particular de forças em equilíbrio. É no entanto aplicável em tacto com a mesa.
to.dos os casos.
155
154
m1
Essa força F 2 não poderia ser determinada diretamente. No entan- F1 F2 m2
to, as relações ( 17) e (18) nos permitem agora afirmar que:
F2 = -F1
A identificação correta das forças que atuam sobre uma partícula,
em determinadas circunstâncias, exigiria em princípio que se conheces- r
sem todos os tipos de interações que podem ocorrer na Natureza.
Felizmente, essas interações fundamentais são muito poucas; Fig. 13 A interação gravitacional é atrativa. O módulo das forças de interação é: Gm,m 2 /r2
apenas quatro. Dessas quatro, somente duas nos concernem diretamente,
por enquanto.
A interação gravitacional é conseqüentemente uma interação do
5.9 AS INTERAÇÕES FUNDAMENTAIS tipo "inverso do quadrado da distância" ou, mais simplesmente, uma
interação "em 1 / r 2 ".
Todas as interações observadas e estudadas até hoje podem
classificar-se em quatro e somente quatro categorias. Há possivelmente Em conseqüência, se a distância entre dois corpos que interagem
somente quatro interações fundamentais na Natureza:* gravitacionalmente for reduzida à metade, por exemplo, o módulo das
forças quadruplica.
a. a interação gravitacional
b. a interação eletromagnética 3 Devido ao valor extremamente pequeno da constante G ("cons-
c. a interação forte. tante universal da gravitação"), as forças de interações gravitacionais
d. a interação fraca. somente serão sensíveis* se pelo menos uma das partículas tiver uma
massa muito grande. Por exemplo a força de atração gravitacional entre a
Terra e qualquer um de nós é sensível porque a massa da Terra é da
5.9.1 A INTERAÇÃO GRAVITACIONAL ordem de 1025 kg.
Ela divide com a interação eletromagnética, da qual falaremos a 4 E a interação gravitacional que mantém os planetas em órbita em
seguir, o privilégio de ser a mais, familiar de todas. torno do Sol, a Lua em órbita em torno da Terra e todos nós ligados ao
A razão é que, por um lado, tanto a interação gravitacional como nosso planeta.
a interação eletromagnética são interações de longo alcance (ao c ontrá-
rio das duas outras, que são de curto alcance); por outro lado, são as
únicas interações que se manifestam na nossa escala, na nossa vida diária. 5.9.2 A INTERAÇÃO ELETROMAGNE:TICA
A interação gravitacional se exerce entre quaisquer partículas. Será
+ +
estudada mais detalhadamente nos capítulos 6 e 12. Por enquanto anota-
remos que: .. @ ~ .
1 E uma interação atrativa. F1 F2
2 O módulo das forças de interação gravitacionais entre dois corpos (a)
de massas m 1 e m 2 • (fig. 13) é:
Gm 1 m 2 +
1 F 1 1 =I F 2 1= - -.. (19) e?4 ... .. @
r F1 F2
em que r é a distância entre as massas e G uma constante universal cujo
valor é: (b)

G = 6,67 • 10- 11 N · m 2 /kg 2 • Fig. 14 A interação coulombiana entre cargas de mesmo sinal é repulsiva (a). Ela é atrativa entre
cargas de sinais contrários (b). ~ também uma interação em 1/ r•.
* Um dos objetivos fundamentais da Física teórica é a possível unificação dessas interações. Atual·
mente (1979), a unificação da interação eletromagnética e da interação fraca parece confirmada. * Quando comparadas com as outras forças geralmente presentes.

156 157
A interação fundamental desta classe é a interação coulombiana, 5.9.4 A INTERAÇÃO FRACA
que se exerce somente entre partículas carregadas. Menos cónhecida que. as três outras, a interação fraca tem um
Ao contrário da interação gravitaciç>nal que é somente atrativa, a alcance ainda muito menor que a interação forte (da ordem de 10...,. 7 m),
interação coulombiana pode ser atrativa (entre cargas de sinais contrá- e aparentemente.se manifesta somente em certos processos de decaimen-
rios) ou repulsiva (entre cargas de mesmo sinal) (fig. 14). to de partículas. O exemplo mais conhecido é o decaimento do nêutron
(fora do núcleo);
O módulo das forças de interação é:
n•p+e+il
1F 1 1=1 F 2 1 = k q q
1 2 (20) (n: nêutron;p: próton; e: elétron;ii: antineutrino).
r2 Embora de intensidade e de alcance muito pequenos, a interação
em que q 1 e q 2 representam as cargas das partículas (em Coulomb), r a fraca é· no entanto de importância fundamental para a nossa sobrevi-
distância entre partículas (em metro) e k uma constante de proporciona- vência. Com efeito, ela integra o início da cadeia de reações que levam à
lidade cujo valor é: ;I fusão nuclear, através da qual o Sol nos alimenta de energia.
k = 9,0. 109 N-m 2 /(Coulomb)2 1
5.9.5 INTENSIDADE RELATIVA DAS QUATRO INTERAÇÕES.
Essa interação, bem como outras que pertencem à mesma classe e A interação nuclear é a mais forte das quatro interações fundamen-
que são devidas à velocidade relativa de cargas em movimento, será estu- tais, vindo a seguir, por ordem decrescente, a interação eletr9magnética,
dada no vol. 3 deste curso. a interação fraca e finalmente a interação gravitacional. O quadro seguin-
Anotemos por enquanto qu.e: te fornece as intensidades relativas dessas interações:
1 A interação coulombiana é responsável pelas chamadas forças de Interação nuclear 10º
contacto que se manifestam todas as vezes que dois corpos são comprimi- 1nteração eletromagnética 10-2
dos um contra o outro (Exemplo: força de contacto no caso do livro Interação fraca 10-14
pousado sobre a mesa). Interação gravitacional 10-J.7
2 Ela é também responsável pelas chamadas forças de tração que se CONCLUSÃO
exercem por meio de fios, cordas, cabos, correntes, etc ... Este capítulo nos deu um método operacional de medir a força
3 De um modo geral, a interação eletromagnética entre elétrons e total que se e>t-erce sobre uma partícula (2.a lei de Newton) e nos levou a
núcleos atômicos explica as propriedades físicas e químicas dos sólidos, uma terceira lei da Natureza (J.a lei de Newton); no nosso universo as
1íquidos e gases, pelo menos nas condições usuais em que eles se apresen- forças se apresentam aos pares: a cada torça individual que se exerce
tam .. sobre uma partícula, corresponde sempre uma outra força, diretamente
oposta à primeira e que se exerce sobre outra partícula.
5.9.3 A INTERAÇÃO FORTE O princípio de superposição nos ensina que as forças que se exer-
A interação forte se exerce entre as partículas conhecidas como cem so~re uma mesma partícula se somam vetorialmente·para fornecer a
hadrons, e que incluem o grupo dos mésons por um lado (exemplos: pion força. total ou resultante, que age sobre a pàrtfcula.
(11), kaon (K) ... ) e por outro lado o grupo dos barions, entre os quais Finalmente, aprendemos que. ape5ar de sua aparente complexida-
encontramos os nossos conhecidos próton e nêutron. de, a Natureza é parcimoniosa quanto às interações fundamentais: exis-
A interação forte é atrativa; é responsável pela coesão do núcleo tem apenas quatro çlessas interações (pelo que sabemos até hoje).
atômico, ameaçada pelas forças coulombianas repulsivas entre os prótons Esse capítulo, de importância fundamental na formulação da
que se encontram no núcleo. Mecânica newtoniana, é no entanto pouco operacional. Por exemplo, o
A interação forte tem um alcance muito reduzido: 10- 15 m ou seja, conhecimento conceituai da existência e da forma da interação gravita-
a ordem de grandeza do que convém se chamar de diâmetro do núcleo cional e da interação eletromagnética - para nos limitar às duas que nos
atômico. concernem explicitamente - adianta pouco para a formulaçijo e a conse-
É por causa desse curto alcance que as manifestações de interação qüente resolução de problemas de interesse imediato.
forte escapam à nossa observação, nos fenômenos a nossa escala. O capítulo seguinte preencherá essa lacuna~

158 159
PROBLEMAS RESOLVIDOS F = (6t- 1li+2'9 - (2t + 311 IN,ml.

1.R Üm objeto de massa m = 2,0 kg desliza sobre um plano horizontal. A força de atrito Cel_cule o linpuls0 dessa forçeentrer::::: O e ti::: 101.
=
exercida pelo plano é de 10 N. Sendo v0 10m/s a velocidade inicial do objeto, quanto tempo
SOLUÇÃO
leva eh! atê parar?
_(.••
J !St -1 ldt =
.

SOLUÇÃO Jx 290 N.t


A força resultante é a força de atrito.
A aceleraçlo é: r.10
Jy J 02r dt = 100 N.s
a=- 2,0
.l ,O =-0,50 m/s•

(Por que negativa?) Jz J_f.10


0
(2t + 3ldt_ = 130 N.s
(Faça agora o gráfico (v,tl do movimento)
A velocidade anula-se depois de um tempo Finalmente:
Vo
At=.--• At= --=201.
10 J =290 i v
+ 100 + 130 l IN.sl
1• 1 0,50
2.R A força que age sobre uma partícula é ,F = 6,0i-8,0y (N, m).
Sendo a massa da part(cula Igual a 2.0~.qual é a aceleraçlo da partlcula7

SOLUÇÃO
Imediatamente:

e =il;F e= 3,0 l - 4,0 t (m/s~)

3.R Uma
partlcula <f1! masu m tem uma tra)etõrla plana de equaçlo y =• sen (x/x 0 )
A componente x da velocidade da partlcula é constante, sendo Igual a v 0 • Qual é a força
que age sobre a partlcula7 O referencial escolhido é um referencial inercial.

SOLUÇÃO
O.vetor de pollçlo da partlcula 6:

r:i:::xl+asen Ú!/.111) t
A velocidade 6:

V = Ji + ..!_ ·'OJI
Xo.·\
..JL),K V
Xo .
Substituamos it pala constante v0 :

""• (:"co1-
v=v.0 i +--
"•
.
"•
"') t
A aletaÇlo 1:

8Vo ~,.,,__
e=O--· X ) x, v
x: Xo

ou seja, substit~~™!°t-se de ;o)lio li por v 0•

•=- ~ iln- t
Xo Xo
Aforça6

11111 ll'o2- 2 ( sen -·X) t


F=---
.rco . Xo
4.R A for~ de interação que age sobre uma partlcule de massa 0,20kg varia em fUnçlo do
tampo segundo a 1,i:

160
161
F1 (N)
EXERCfCIOS
Atira-se um livro, cuja massa é 1,0 kg, sobre uma mesa horizontal. A força de atrito
exercida pela mesa sobre o livro é constante e vale 1,0 N. Observa-se que o livro pára depois de
percorrer 1,0 m. Qual era a velocidade inicial do livro? Quanto tempo levou até parar?

2 A figura representa o gráfico (p,t) de uma partícula em movimento retilíneo, no rafe·


rencial do laboratório.
0,1 o 0,20 t(s)

p(kg.m/s) 5 A lei de força de uma interação é representada no gráfico. Qual foi o impulso total da
força durante a interação?

10
FI (N)
9 4,0

8
"' \. •3,0
"
7
' ".., 2,0
6
l
5 \ 1,0

4
'\ 1
0,1 O 0,20 0,30 0,40 0,50 t(s)
3
\
.., 6 Em determinado instante (tomado como origem), o momento de uma partícula é:
2
\
p =20 lê+ 40 9 (kg · m/s)
'
o
"' I"""
t (s A força que age sobre essa partícula é: F = 2,0 tlê - 3,09 (N). Qual será o momento da
partlcula em t= 3,0 s?
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 10
7 O momento de uma partlcula isolada é: p = 3,0 lê-8,0 y kg· mÍs. Em determinado ins-
tante, ela sofre a ação de uma força e o momento passa a ser:
a. Qual foi a força média exercida sobre a partlcula no intervalo (0,2s 0,8117 p =33 lê+ 32 9 kg · m/s.
b. Qual era a força exercida no instante t = 4,0s7
Admitindo-se que a interação durou 1,0 · 11T.. s, qual foi o valor médio da força
c. Qual foi o módulo da força máxima exercida sobre a partlcula7
d. Imagine uma si_tuação real que possa levar a um gráfico semelhante ao gráfico acima. aplicada?

3 Umâ partlcuia de massa m = 2,0kg pode deslizar sem atrito sobre um plano horizontal.
Submete-sa a partícula a uma força
F (t) = 5,0t- 1,0f (N,s)
Supondo-se que, em t =O, v =O, qual á a velocidade da partícula em t = 5,0s?

4 Uma força de interação varia como mostra o gráfico. O impulso total é de 200 N.s.
Qual é o valor da força média durante a interaçio7

163
_162
QUESTOES CONCEITUAIS Segundo a seção 5.6, se quisermos conhecer a força de interação do livro com a mesa,
temos que supor que, em determinado instante, a interação gravitacional desaparece. O livro
estaria entio, nesse instante, submetido exclusivamente às forças de deformação próprias e da
mesa.
·a. O que aconteceria?
1 Nei exemplo 1. da seçijo 5.1, dissamoi que urÍ'ill bola da. cortiça e outl'.ll. de chuml!!), b. Mostre que a definição dada é conceitualmente diferente da "definição" seguinte: "A força
caindo da mesma altura em cima da uina mesa, chegam à m-corri a niasma velocidada. Critique exercida pela mesa sobre o livro é igual à força total exercida, se a Terra não existisse".
essaafirmilçio.. . . Critique essa l'.ll~ima definiçio.

2 ·Imagine e descreva situaçl5ei ou experiências que mostrem que as forças da interaçlo 1O Considere duas molas amartadas 11m siri• corno na fjgure. As molas são esticada• (l.e., ·
vilriemeorno os lávi provocados pela força (maior o IC.YI maiOr a forçai, supondiHe que a massa e o daformadasl e suas extremidades livres amarradas a suP<>rtes fixos no laboratório.
tempó de interação saiam sempre oi' mesmo&. ·
.
3 Imagine e descri!ia situaçais ou experiências que- mostrem que as forçai da interaçlo
. 2
~

variam em· sentido contrârio do tempo neC9SSl!rio para provocar uma mesma variação .da veloci-
dade em Corpos de mesma massa.

4. Atira-se contra urna pared~ duas tiolas eia mesma massa. A primeira ti uma bola de tinis; e
~..9.Q9..DJJJ~ÓÓÓÚÚÓ6l
outra é uma bOla de massa de vidraceiro. . .
Cuai das duas bolas exerce a maior força sobre a parede? . (explique as suas razões). d. d,
5 Uma bola caindo verticalmente tem aceleração de 9,8 mls2 , am módulo. Se a mesma bo·
la estives.e em movimento circular com uma força total da inesmo módulo que no caso da queda,
qual seria o módulo da aceleração? a. Mostre que são forças igua~ (em módulo) que deformem as molas.
b. Conclua que, todas as vezes que e mole 111 tiver o comprimento d 1 , e a mola 121, o
6 A força F comt11nt11 se exerce sobre o conjunto dos dois carrinhos. O atrito entre os comprimento di, eles exercerão forças Iguais (em módulo). ·
carrinhos e o plano horizontal é desprezlvel. Em determinado instante rompe-se o fio de ligação c. A conclusão precedente exige que uma certa hipó_. seja verificada. Qual ti essa hipóte-
entre os dois carrinhos. (A força F continua agi~o.) . . se? (Pense em cl'eformaç!les permanentes .•. ) Acha'raz._I aceitar a sua validade?

11 Aprendemos que se um livro estil pousado sobre uma mesa horizontal, a força de con·
2
tacto que a mesa exerce. sobre o livro é Igual em módulo e diretamente oposta ao peso.
1 m 1 1 m ~ :
Suponlla agora que se Incline 11 mesa e que o livro continue em equilfbrio.
Qual éa força de contacto?
CJ CJ . C:LCJ
~~
Construir o grâfico lv,tl de elida um dos.carrinhos.

7 Um falso paradoxo muitas vezes proposto aos principiantes em Ffsica consiste em dizer
mais ou menos o seguinte: ·
"Se um cavalo puxa 1,1rna carroça para frente, a carroça puxa o cavalo para triis com uma
força igual e diretamente oposta, conforme a 3.ª lei de Newton. Como é que se explica então que
cavalo e carroça consigam efetivamente andar? "

8 No comentário à 3.ª lei, dissemos que se aceitarmos a premissa newtoniana de transmis-


são instantânea das ações à distância, as forças de intilraçio F 1 e F2 entre as partlculas de um par
isolado, devem ter necessariamente, por si11111tria, o mesmo suporte.
Comente criticamente essa afirmação,

9 Essa questão refere-se à definição da força individual da interação, da seção 5.6.


Imaginemos o exemplo de 1,1ro livro pouúdo sobre a mesa.
O . livro interage gravitacionalmente com a Terra, ~~ um lado, e i:om a mesa (por
contactol por outro lado. Essa interação de contacto deforma o livro (e a mesal embora essas
deformações sejam microscopicamente imperceptíveis.

164 186
PROBLEMAS 9 Na interação repulsiva de dois carrinhos A e e, as velocidades dos dois carros sio medidas
em função do tempo, fornecendo a seguinte tabela:

1 t (s) f VA (m/s) u ] Ve Cm/s,--~ 1


1 Apanhe uma pedra e projete-a horizontalmente. Avalie os valores dos parâmetros relevan·
tes e dê uma ordem de grandeza. da força média exercida por sua mão sobre a pedra, no ato do o 2;50. 0,50
lançamento. 0,50
0,20 2,50
0,40 2,48 0,60
2 Avalie a força média exercida pelo asfalto sobre as rodas de um automóvel, andando a
0,60 2,44 0,75
grande velocidade, e freando bruscamente à vista de um obstáculo que surge repentinamente à sua "'
frente. o.ao 2,34 1,08
1,0 2,20 1,45
3 Avalie a força exercida sobre um carro que anda em alta velocidade e bate contra um
poste. 1,2 2,06 1,91
1,4 1,91 2,38
4 Avalie a forÇa média exercida pel.o asfalto sobre os pneus de UrTl carro, ao fazer uma 1,6 1,75 2,75
curva.
1,8 1,68 3,08
5 Um avião voa horizontalmente em linha reta e com velocidade constante. Reboca três 2,0 1,58 3,34
planadores idênticos. Supondo-se que a tensão do cabo que liga o avião ao primeiro planador seja 2,2 1,53 3,45
igual a 1,0 • 10 3 N, determine a tensão do cabo que liga o primeiro planador ao segundo e o se-
gundo ao terceiro. 2.4 1,50 3,52
Enuncie claramente a(s) hipótese(s) que você estâ fazendo. 2,6 1,50 3,52

6 Um objeto de massa m ~ 2,0 kg repousa sobre uma superfície horizontal. Exerce-se a. Construir o gráfico (v,t) da interaçio
sobre o corpo uma força horizontal cujo valor inicial é 10 N e que decresce linearmente com o b. Qual é a razão entre as massas dos carrinhos?
tempo até atingir, depois de 5,0 s, o valor de 1,0 N, que é o justo necessário para manter, a partir e. Observa-se que, durante a interaçio, a distância mínima entre os carrinhos é de 10 cm.1
daquele instante, uma velocidade constante. Construa o gráfico (vtl e calcule o espaço percorrido
pelo corpo durante os cinco primeiros segundos do movimento. Qual é a distância entre os carrinhos no início da interação? No fim da interação?
Resposta: 38 m. .d. Observa-se que as curvas (v,t) apresentam um ponto de inflexão. O que significa fisica·
mente esse ponto? O que acontece ês forças de interação no instante correspondente?
7 Um objeto de massa m = 1,0 kg repousa sobre uma superfície horizontal. Exerce-se
sobre o corpo uma força horizontal cujo valor inicial é 10 N, e que decresce linearmente com o 1.0 O gráfico (a) representa a curva (p,t) do movimento de uma partícula antes e depois de
espaço percorrido até atingir, depois de percorrer 1,0 m, o valor de 1,0 N, que é o justo necessário uma interação. O gráfico (b) representa a lei de força.
para manter a velocidade constante.
Qual é a velocidade final do corpo? F 1 (N)
Resposta: 3,0 m/s.
P~ (kg.m/s) 600
8 Inicialmente, o carro B está parado e o carro A movimenta-se para a direita com veloci- 10
dade de 0,50 m/s. Depois da interação, o carro A volta para a esquerda com velocidade de 1

0,10 m/s, enquanto que o carro B vai para a direita com velocidade de 0,4 m/s. Numa segunda 400

(A) 200 J 1 1 (B)

c;J·. ~ 0,10 0,20 t(s) º1 0,10 1 10.20 t(sl

-200--- - - - -
experiência, põe-se uma sobrecarga de 1,0 kg sobre o carro A. Inicialmente, o carro B está parado
e o carro A movimentacse para a direita com velocidade de 0,50 m/s. Depois da interação, o carro a. Complete cuidadosamente o gráfico (a),
e
A está parado o carro B vai para a direita, com velocidade de 0,50 m/s. Qual é a ma~sa de cada b. Qual foi a força média que agiu sobre a partícula durante a interação?
carros? Qual foi o impulso (módulo) da força de interação, em cada ca~o? Resposta: 2,0 · 10 2 N.

166 167
11 Duas partículas interagem unidimensionalmente. A lei de força sobre uma das partículas
6 mostrada no gráfico. Entre os instantes 0, 17 e 0, 18 s, há uma interação perturbadora da
partícula considerada com urna terceira. Esta interação caracteriza-se por uma força constante de
5,0.102 N durante.o intervalo de tempo que dura a perturbação (1,0 • 10-• s ).

F.I (NI

20

t(s)
o 0,05 0,10 0,15 0,20

a. Faça o gráfico completo (F,t) incluindo-se a força perturbadora.


b. Durante o intervalo entre 0, 17 e 0, 18 s,. compare a variação do momento da partícula
devida à interação normal com a variação de momento provocada pela perturbação. O que se
conclui? APLICAÇÕES 1
c. Construa o gráfico (p,r) da interação, sabendo-se que até 0, 1Os a partícula estava em
repouso no referencial da experiência.

168
Capítulo 6 Capítulo 6
AS FORÇAS USUAIS EM MECÂNICA DA PARTÍCULA, 171
AS FORÇAS USUAIS
EM MECÂNICA DA PARTfCULA

INTRODUÇÃO
Como vimos no capítulo precedente, conhecemos quatro intera-
ções fundamentais: a interação gravitacional, a interação eletromagnética,
a interação forte e a interação fraca.
O objetivo deste capítulo é duplo:
a. em primeiro lugar, mostraremos que nos problemas de Mecânica
que surgem a propósito de fenômenos ou situações usuais, somente as
duas primeiras interações se manifestam macroscopicamente: a interação
gravitacion·a1, responsável pelo peso dos corpos; e a interação eletro-
magnética que fornece as forças de deformações usuais, as chamadas
forças de compressão ou de tração; é responsável também pelas forças de
atrito.
b. em segundo lugar, aprenderemos a identificar as forças que atuam
sobre um corpo (no modelo de partícula), em determinadas condições
experimentais. ·
No final do capítulo, deveremos estar em condições de analisar e
resolver corretamente um problema sugerido por uma situação simples,
testando-se a seguir, experimentalmente, a solução obtida a partir do
modelo constru fdo.

6.1 INTERAÇÃO ENTRE DUAS PARTfCULAS, NO CASO EM QUE


A MASSA DE UMA DELAS É MUITO MAIOR QUE A DA
OUTRA
Praticamente todos os problemas de Engenharia Civil e de Enge-

_J Hl
em que O representa o tentro da Terra, P a pedra em e Msão as massas
nharia Mecânica são estudados e resolvidos no referencial terrestre. O respectivas da pedra e da Terra. Sendo a massa da Terra 1025 vezes
primeiro problema de Física resolvido racionalmente (por Galileu), o da maior, em ordem de grandeza, que a massa da pedra, a distância OG vale
queda dos corpos, foi também estudado e resolvido no referenci.il ter- aproximadamente a fração 10-25 do raio terrestre: o ponto G dista
restre. Continuamos hoje em dia a utilizar esse mesmo referencial, não · 10- 1ªm do centro da Terra. Isto é, fisicamente, o centro de massa do
iomente· para o estudo da queda dos corpos e do movi menta de projéteis,, sistema pedra·Terra coincide com o centro da Terra.
como também para estudar muitos outros fenômenos, incluindo-se 11a Por outro lado, existe entre as acelerações da Terra e da pedra, no
lista o movimento dos satélites artificiais. RCM, a mesma razão inversa das massas: Isso decorre da própria defini-
Nossa primeira tarefa, neste capítulo, ierá portanto a justificativa ção da massa inercial. Sendo ªr e ap as acelerações respectivas da Terra e
dessa escolha. Essà justificativa procede de um argumento muito simples:
todas as vezes que duas pardculas interagem; se a massa de uma delas for da pedra, em um instante qualquer da interação teremos:
várias ordens de grandeza maior que a massa da outra, um referencial ªT
~-=--
m (2)
ligado àquela partícula (a de maior massa) tem, no RCM das duas par- ªP M
tíeulas, uma aceleração desprezível e conseqüentemente constitui-se num
referencial praticamente inercial.* de modo que, de novo.ar" 10~ 25 ªp·
Em resumo: ·
Pedra eP

1
1
1
- L a. o centro da Terra coincide praticamente com o centro de massa do
sistema Terra·pedra.
b. o centro da Terra tem, no RCM do sistema, uma aceleração pra·
ticamente nula.
Segue-se que, em qualquer interação de um corpo "a nossa escala",
1 com a Terra, o referencial terrestre (o laboratório por exemplo) poderá
1
1 ser escolhido como referencial inercial, para o estudo de qualquer pro·
G~ blema ligado àquela interação.
1
•o ) 1.T Ou melhor, para o estudo de qualquer problema menos um.
Qual é o·problema proibido?
É o da conservação do momento linear do sistema.
Observemos o movimento da pedra: no início o seu momento é
Terra nulo; no decorre~ da queda o seu momento cresce (para baixo). No
.... entanto, o momento... da Terra medido no laboratório é e permanece nulo
pela razão que o laboratório está rigidamente ligado à Terra. De modo
Fig. 1 O caso da padra que cal, O centro de mmsa do sistema padra·Terra coincide praticamente que, no referencial terrestre, o momento linear total do sistema Terra-
com o centro O da Terra. No RCM, sendo Me m as .massas respectivas da Terra e da pedra, temos: . pedra (que se supõe isolado) não se conserva.
e.ria, = mlM. de modo que 8T <3CK a,.
PERGUNTA
Por raia~ de clareza, a figura esd gro•iramentt fora de 11e1la. O momento da Terra, medido no.laboratório, é matematicamente nulo, ou experimen-
talmente nulo?
Voltemos, como exemplo, ao caso da pedra que cai (figura 1-).
Aprendemos que o centro de massa do sistema, em qualquer instante, Qual seria a situação no RCM?
divide o segmento OP na razio inversa das massas dos dois corpos: O momento total seria conservado. Um cálculo rápido vai mos-
GO m trar-nos de que maneira.
GP" = --;.r (1) Suponhamos que em determinado instance a velocidade da pedra
seja 101 m/s. Sendo sua massa da ordem de 10° kg, seu momento na-
"" No que precede, 1up89.M o 1l1tarna das duas pardculas Isolado, da modo que o RCM • l111rclal.
173
172
quele instante é .de 10º · 101 = 101 kg.m/s. e dirigido para o centro de Se a partícula não tiver nenhuma "ligação" com a Terra*, a útii·ca
massa. força que a Terra exerce sobre a partícula é a força de atração gravita-
No mesmo instante a Terra, cuja massa é da ordem de 1025 kg, cional, que será discutida em maior profundidade no capítulo 12.
tem uma velocidade da ordem de 10-24 m/s. Seu momento é pois Veremos que essa força varia com a distância da partícula ao cen-
1025 • 10-24 = 101 kg./ms, dirigido também para o centro de massa. tro da Terra. O importante por enquanto não é saber como ela varia; o
Observamos assim que os dois momentos são iguais em niódulo, e que importa é saber que existe uma regra simples (que aprenderemos, no
diretamente opostos, dandó uma soma nula*. caso geral, no capítulo 12, e em um caso particular logo a seguir), regra
A conservação do momento no RCM é possível porque a velo- essa que permite prever qual é a força que a Terra exerce sobre determi-
cidade da Terra nesse referencial, embora insignificante (10-24 m/s), é nada partícula em determinado ponto do espaço.
multiplicada por uma massa multo grande (10 25 kg). 1. Em conseqüência, quando quisermos estudar o comportamento de
O conceito de campo gravitacional terrestre permite aplicar ime- uma partícula no referencial terrestre, a força de interação gravitacional
diatamente o que acabamos de aprender. será encontrada operacionalmente, nos nossos modelos, pela seqüência:
1

~G:J~
1
i massa + poMção força de interação
6.2 O CAMPO GRAVITACIONAL TERRESTRE da µarticula gravitacional
6.2.1 O CONCEITO DE CAMPO
Suponhamos que queremos estudar o movimento de uma partícula Essa correspo11.dê,neia unívoca, que consiste em associar uma gran-
na vizinhança da Terra (figura 2), escolhendo-se a própria Terra como deza física (no caso, \Jma força) a cada ponto do espaço mediante uma
referencial. · determinada "regra do jogo", caracteriza o conceito de campo**.
Graças ao conceito de campo, a força de interação gravitacional

,/.
,""
será facilmente representada, nos nossos modelos.
Dentro dos objetivos deste capi'tulo, comecemos pelo caso mais
simples, o da partícula na vizinhança da superfície terrestre.

6.2.2 O CAMPO TERRESTRE RESTRITO. PESO


," . O nosso enfoque, agora, é exclusivamente operacional. Isto signi-
," fica o seguinte: a experiência diária nos impõe a força de interação gravi-
,, " tacional, que chamamos comumente peso dos corpos; em conseqüência,
,," aceitaremos essa força pela sua evidência experimental, sem procurar

o • enquadrá-la numa teoria mais geral, o que será feito no capítulo 12***. O
que importa por enquanto é aprendermos a expressar simplesmente essa
força, no caso de corpos situados na proximidade da superfície terrestre.
Ora, a seção 5.6 do capítulo 5, em que definimos o conceito de
força individual de interação sobre uma partícula, resolve nosso pro-
Terra blema.
Aprendemos naquela seção que, para evidenciar a força corres-
* Um exemplo de partícula com "ligação" seria o livro pousado sobre uma superfl"cia (ligação
por contato), ou uma bola suspensa (ligação por fio). Vera seção6-4.
Fig. 2 O campo gravitacional terrestre: se estudarmos o movimento da part1"c.ula P no referen· .. Este é o nível mais elementar do conceito de campo: o ·nível puramente operacional. Aos
ciel terrestre, e Terra é representada pela força de atração gravitacional F, que ela exerce sobre a poucos, esse conceito sará enriquecido; sem perder o seu caráter operacional ele irá adquirir um
partícula. contaCado físico.
... Veremos em particular que o peso de um corpo difere conceitualmente da força de atração
•Não hã nada de novo nisto: os cãlculos foram feitos tomando-se como ponto de partida que o wavitaclonal. No entanto a diferença operacional é desprez(vel em todos os problemas que serio
momento total de um sistema isolado, no RCM, é nulo. tratados nesse curso. •

H4 175
pondente a determinada interação, basta suprimir instantaneamente
todas as outras interações em que participa a partícula, medir a acelera-
ção desta no instante da supressão e aplicar a 2.a lei de Newton. Como

l· l· 1. l·
vimos, nem sempre essa supressão em bloco de interações é "fácil, ou
mesmo possível. Felizmente, no caso que nos ocupa agora, é extrema-
mente fácil.
Com efeito, se abandonarmos um corpo no vácuo, ou se as condi- rg
ções experimentais forem controladas de modo a tornar a resistência do 777717//ll7/ll7/1777lll7/117/7///////$/////////ff//////,
ar desprezível, o corpo estará exclusivamente sujeito à interação gravi- ·f · Superf (cie
tacional terrestre. Nessas condições sabemos desde Galileu que o corpo, terrestre
qualquer que seja a sua massa, tem uma aceleração constante. Fig. 3 O campo terrestre restrito é um campo uniforme: sua intensidade g é a mesma em todos
Essa aceleração é vertical, dirigida para baixo (isto é, para a Terra) os pontos.
e vale 9,Bm/s2 em módulo.
Tradicionalmente essa aceleração, chamada aceleração da gra- Tendo-se caracterizado a ação gravitacional da Terra, na vizinhança
vidade, é representada pelo símbolo g. da superfície, pelo campo restrito, diremos que uma partícula de massa
Resumamos o que precede, especificando ao mesmo tempo os m interage com o campo.
limites de validade das nossas afirmações. Qual é a regra para se achar a força de interação, ou o peso, da
Dentro de limites espaciais razoavelmente amplos na vizinhança da partícula em um pon\O?
superfície terrestre (alguns quilômetros tanto horizontal, como vertical- Basta multiplicar a massa m da partícula pela intensidade g do
mente para cima), e desde que a resistência do ar possa ser desprezada, campo (figura 4).
todos os corpos em queda livre têm uma aceleração constante g. (No-
temos que, a partir de agora, a expressão "queda livre" se refere a um
corpo exclusivamente sujeito à interação gravitacional).
Apliquemos a 2.a lei de Newton: a força de interação gravitacional
que atua sobre o corpo é: .,
F= mg.
Essa força tem a direção e o sentido da aceleração da gravidade: é
o peso do corpo*.
Vamos agora traduzir o que precede "em linguagem de campo".
(3)

l· m

A relação (3) nos diz que a força de interação gravitacional se WJ/-////////////1&


obtém multiplicando-se a massa do corpo por uma grandeza vetorial: a Fig. 4 O peso mg da partícula obtém-se fazendo o produto da massa m da partícula pela inten-
aceleração da gravidade no lugar em que se encontra o corpo. sidade g do campo restrito.
Podemos então dizer: na vizinhança da superfície terrestre, e den-
Sendo o campo uniforme, o peso é constante dentro dos limites do
tro dos limites espaciais já especificados, a ação gravitacional da Terra é
campo restrito. Escreveremos, representando-se a força de interação indi-
caracterizada por um vetor g constante (com a direção, o sentido e o
módulo já definidos). ferentemente pelos símbolos F ou P:
Chamaremos esse vetor g de intensidade do campo terrestre res- F = P= mg (4)
trito. Sendo g constante no espaço (como aliás no tempo), o campo
terrestre restrito é dito uniforme (figura 3). Na relação acima, e sempre em "linguagem de campo", g não se
expressa mais por m/s2 , e sim por uma unidade tal que o seu produto por
quilogramas dê Newtons: g se expressa pois em Newton/quilograma
• De novo, com as restrições conceituais jâ assinaladas, (N/kg).

176 177
EXEMPLO 1: portamente em relação ao livro. A figura 6 traduz o problema, no mo~
O peso de uma partícula de massa 3,0 kg é: delo extremamente simplificado que estamos utilizando.
(3,0 kg) · (9,8 N(kg) = 29 N
Observemos para terminar o duplo aspecto operacional da gran-
deza: é a aceleração Ideal da gravidade, mas é também a intensidade do
campo gravitacional restrito. O cap ftulo 12 mostrará que essa dualidade
...o
-~
0000 12)

está ligada à identidade entre massa inercial e massa gravitacional.


Passemos agora ao estudo- das outras forças comumente encon-
tradas em situações experimentais simples.
0000 111

~~~­
6.3 FORÇAS DE DEFORMAÇÃO
6.3.1 PROBLEMA SUGERIDO POR UMA EXPERIÊNCIA DE
EQUILfBRIO

~~····
Voltemos ao exemplo simples do livro pousado sobre uma mesa
horizontal, no laboratório (figura 5).
p

N
••••
Fig. 6 Somente são representadas duas camadas de moléculas do livro, e três para a mesa. De
que maneira a mesa pode tomar conhecimento da camada (2) das moléculas do livro?

Representando-se somente as duas primeiras camadas de moléculas


~ do livro, entendemos a rigor que a mesa possa tomar conhecimento das
moléculas da primeira camada. Mas qual é o mecanismo que faz com que
Fig. 5 O livro está em equilíbrio. A força N exercida pela mesa sobre o livro é diretamente
oposta no peso P _ e
ela interaja também com a segunda, com as camadas superiores, a vários
centímetros de distância?*
A análise macroscópica do fenômeno, já feita no capítulo 5, mos-
tra que a força N exercida pela mesa sobre o livro é diretamente oposta
ao peso p do livro (mesma direção, mesmo módulo, sentidos opostos). 6.3.2 FORÇAS ENTRE MOLÉCULAS DE UM SÓLIDO
Tentemos entender como é produzida essa força N. Para tanto As forças de interação entre duas molécuias (ou dois átomos) de
construamos um modelo microscópico qualitativo. um sólido são de origem eletrostática. Elas têm geralmente um compor-
O livro e a mesa são constituídos por átomos e moléculas, mais ou tamento semelhante ao representado no gráfico da figura 7.
menos "arrumados" em camadas sucessivas, porém com uma certa dis- Na mesma figura está representado um modelo da estrutura mo-
tância entre as camadas. · lecular do sólido. As moléculas distam normalmente entre si da distân-
Já que a mesa exerce sobre o livro uma força diretamente oposta cia r0 • Nessa distância as forças resultantes de interação são nulas e as
ao peso deste, o problema é determinar de que maneira a mesa pode moléculas estão em equil fbi"io.
tomar conhecimento das _camadas superiores das moléculas do livro, de
modo a incluir também o peso dessas camadas superiores no seu com- • Ou, no caso de um edifício, a várias dezenas de metros de altura.

178 179
-- ---l
d6
o o....
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~ -----=================t-ds
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,-..!.-------------~---,------=---
. compressão ex1ensao ~

+E 3
\ ~
-ED·
----- :
3 E
°!;~

~ 0~-----1 ----------------------
Fi!l. 7 Forças de interação entre moléculas de um sólido. À direita, modelo da estrutura do só-
lido. A distância de equilíbrio entre moléculas é r0 • Quando se tenta reduzir essa distância (com- • .

pressão) as forças de interação são repulsivas. Quando s·e tenta aumentar a distância (extensão)
as forças de interação se tornam atrativas.
2 d2 -------
-o·::
:: ..
2 1-
A distância r0 é da ordem de alguns Angstrom 110- 1 0 m). ··.· ..

Tentemos aumentar a distância entre as moléculas, pondo-se o


sólido em extensão: as forças de interação começam a se manifestar, e
são atrativas; no gráfico o módulo dessas forças é representado, em fun-
o- .
---------- -------------- . I - ~---
-----rd -o·
:...: : :

ção da distância entre as moléculas, na região abaixo do eixo das distân-


cias. Observemos que essas forças atrativas tendem a fazer voltar a dis-
tância intermolecular ao seu valor de equilíbrio, r0 , e que o seu módulo
vai aumentando no início, passa por um valor máximo, tornando-se a
o (_)----------centro da Terra ---------------0 o
seguir cada vez menor à medida que a distância aumenta. gravidade "ligada"
Se pelo contrário tentamos reduzir a distância intermolecular, gravidade "desligada"
pondo-se o sólido em compressão, as forças de interàção que se manifes- Fig. 8 No campo terrestre (restrito) as distâncias intermoleculares diminuem para que as for-
tam são repulsivas; no gráfico o módulo dessas forças é representado, em ças de interação (eletrostáticas) possam equilibrar o peso das "moléculas".
função da distância entre moléculas, na região acima do. eixo das dis-
tâncias. Observemos que, de novo, essas forças tendem a fazer voltar a As "moléculas" (5) e (6) são as "moléculas" do livro.
distânciá intermolecular ao seu valor de equilíbrio r0 e que o seu módulo Suponhamos que, por um toque de mágica, possamos "desligar" a
aumenta muito rapidamente quando a distância diminui. interação gravitacional. Todas as moléculas distariam entre si de ro. ·
rs6 = r4s = r34 = ........ = ro1 = ro (*)
6.3.3 ANÁLISE MICROSCÓPICA DO EQUILfBRIO Se agora "ligamos" a gravidade, todas as moléculas vão cair (com
A figura 8 propõe mais uma vez um modelo grosseiro do conjunto
exceção da que está no centro da Terra).
Terra-mesa-1 ivro.
As "moléculas" (O) ( 1) (2) (3) (4) são as "moléculas" do conjunto • Na realidade, o r 0 das moléculas da Terra é diferente do r 0 das moléculas da mesa, e do r0 das
Terra-mesa. moléculas do livro. Mas isto é um detalhe irrelevante para nosso propbsito.

180 181
A "molécula" (6) cai de d 6 ; a "molécula" (5) cai de d 5 etc ... Temos p = -f
Essas distâncias de queda são tais que na nova configuração (parte da Passemos à "molécula" (5). Ela está submetida a seu peso p e às
direita da figura 8) um novo estado de equil1brio seja atingido. forças de interação com as "moléculas" (6) e (4). ·
Fixemos nossa atenção sobre as "moléculas" (4) (5) e (6) (figura A força interação com· a "molécula" (6) deve formar um par ação-
9). reação com a força f exercida pela "molécula" (5) sobre a "molécula"
(6). É pois - f( = p como vimos acima). A_força de interação com a
"molécula" (4) deve equilibrar o peso p e a força - f = p: é pois uma
força 2f, dirigida para cima. Observemos que 2f = - 2p.
(6) Vamos finalmente à "molécula" (4), a primeira "molécula" da
mesa. Ela está submetida:
a. ao próprio peso p;
b. à força de interação com a "motécula" (5): essa força forma um
par ação-reação com a força 2f exercida pela "molécula" (4) sobre a
2f "molécula" (5); é pois -2f (= 2p);
c. à força de interação exercida pela "molécula" (3), não represen-
tada na figura; essa última força, devendo equilibrar a soma -2f + p(=3p),
soma essa dirigida PªÍ'!il baixo, é igual à 3f (= -3p) e é dirigida para cima.
O que importa é que, por causa da rearrumação das "moléculas"
(5) oo campo gravitacional terrestre, a primeira ."molécula" da mesa ("mo-
lécula"(4)) sofre, por parte da primeira "moréCúla" do livro ("molécula"
(5)) uma força .de interação da natureza eletrostática igual ao peso de


todas as "moléculas" do livro situadas acima dela.
No modelo dá figura 9 essa força é igual a 2p, pois há somente
duas "moléculas" do livro acima da superfície da mesa.
Observamos, voltando para a figura 8, que a ação conjunta da
gravidade· e do livro tem como resultado de deformar a superfície da
mesa: ela desceu da distância d; reciprocamente, a ação conjunta da
gravidade e da mesa tem como resultado de deformar o livro: sua espes-
sura diminuiu.
(4)

'(///////~//////////,/1/1,

-2f=2p' p= - f


Fig. 9 As forças exercidas sobre as'"moléculas" (4) (5) e (6), quando o livro está em equilíbrio.

A "molécula" (6) está agora submetida a seu peso p e à força de


repulsão f. Essa força f é exercida pela "molécula" (5) sobre a "molé-
cula" (6), sendo devida à diminuição da distância inicial r 56 , na rearruma- Fig. 10 A deformação de uma mola pode ser utilizada para medir pesos, e mais geralmente,
. ção que se seguiu, ao ser "ligado" o campo gravitacional. forças.

182 183
EXEMPL04:
Tanto a deformação da mesa, como a do livro, são funções do peso
do livro: medindo-se d, por exemplo, poderíamos deduzir o valor desse Se uma bola rola numa calha, apoiada nas duas bordas, os vínculos
peso. impostos por essas bordas obrigam o movimento da bola a ser unidimen-
Mas na realidade d é muito pequeno, muito difícil de se medir. sional, enquanto ela estiver em contato com a calha (figura 13).
Se quiséssemos medir o peso do livro, escolheríamos algo que se
deforma mais facilmente que uma mesa: uma mola por exemplo (figura
10). Uma mola helicoidal calibrada pode ser utilizada para medir pesos
de corpos e, de um modo geral, forças.

6.4 vrNCULOS IMPOSTOS A UM CORPO


Impor um vínculo a um corpo significa restringir a sua liberdade
de mover-se em qualquer direção no espaço.
EXEMPLO 2:
Se colocarmos uma bola sobre uma mesa horizontal, a mesa obriga
o movimento da bola a ser bidimensional, enquanto a bola estiver em Fig. 13 Bola rolando numa ;;:.lha: os vínculos impostos pelas bordas da calha obrigam o movi-
contato com a mesa (figura 11 ). mento da bola a ser unidimensional.
Obs: Galileu realizou as suas experiências de plano inclinado utilizando bolas rolando em

®"
7/T&//11/////lll/////lll/17.17717//,7////,7;7/////////&;7/;1,
calhas deste tipo.

A presença de um vínculo traduz-se sempre pela existência de uma


força. Os únicos vínculos encontrados em Mecânica são vínculos de sus-
Fig. 11 O vínculo imposto a essa bola (presença da mesa) restringe o seu movimento a um plano. pensão, traduzindo-se por forças de tração, e vínculos de apoio, tradu-
zindo-se por forças de contacto (com ou sem atrito).
EXEMPLO 3:
Se amarrarmos uma bola na extremidade de um fio supostamente 6.5 FORÇAS DE TRAÇÃO
inextensível, o vínculo imposto pelo fio impõe ao movimento da bola de São exercidas por fios, cordas, etc. . . . lim fardo que se arrasta
processar-se sobre uma superfície esférica, enquanto o fio estiver esticado por meio de uma corda é submetido a uma força de tração. O víncul-0
(figu r.a 12). associado se traduz pelo fato de que, enquanto a tração existir, isto é,
enquanto a corda estiver esticàda, a distância entre o fardo e o agente
que o puxa permanece (macroscopicamente) constante .

• T

Fig. 12 O vínculo imposto a essa bola (presença do fio de suspensão) obriga a bola a mover-se Fig. 14 A tração exercida pelo fio de um pêndulo. Observem que não é a única força exercida
·sobre uma superfície esférica. sobre a bola. Há também o peso, não· representado aqui.

184 185
A tração exercida por um fio é a resposta do fio a uma tentativa de ~
alongá-lo, como vimos na seção 6.3.2.
A tração age na direção do fio, e é sempre atrativa. A figura 14
mostra a força de atração exercida pelo fio sobre a bola de um pêndulo.
O valor do módulo da força de tração que corresponde a um
vínculo ajusta-se automaticamente ao valor apropriado para manter esse
vínculo. 1 AT
EXEMPLO 5:
Se uma bola está suspensa por um fio a um suporte fixo no labo-
ratório, o módulo da força de tração deve ser igual ao módulo do peso: o
alongamento do fio é justo o necessário para satisfazer a essa igualdade
(figura 15).

IJ
(((•b-: '
\ , P==mg
Fig. 16 Quando a bola de um pêndulo passa pela vertical com velocidade v, a tração deve superar
o p95o, em módulo, para fornecer a força centrípeta correspondente àmassa da bola, a sua velo-
cidade, e ao comprimento do fio.

ou em módulos:
T- mg = mv 2 /r; (5)

' -
deduzimos daí:
1

1 T =- m (g + v2 Ir). (6)
Mais uma vez, o alongamento do fio é justo o necessário para que
o módulo dél tração tenha o valor acima, o que permite à bola do pên-
dulo descrever o arco de raio r com velocidade v na vizinhança imediata
Fig. 15 A força de tração exercida sobre um corpo suspenso, em equilíbrio no laboratório, tem
da vertical.
um módulo igual ao do peso.
EXEMPLO 7:
EXEMPLOS: Este exemplo se refere a um caso muito mais complexo que os
Consideremos agora o instante em que a bola de um pêndulo, de precedentes, embora o sistema estudado seja aparentemente muito sim-
massa m, passa pela vertical, e suponhamos que a bola tenha nesse ins- ples: dois corpos de massas respectivas m 1 e m 2 estão suspensos a um fiO
tante velocidade v. inextensível (macroscopicamente), que passa por cima de uma polia fixa
A figura 16 mostra as duas forças que atuam sobre a bola: o seu no laboratório (figura 17).
peso p =- mg e a tração T do fio. Esse sistema se chama tradicionalmente "máquina de Atwood".
A aceleração da bola, nessa posição, é dirigida para cima (para o Que tipo de vínculo exerce o fio?
centro do movimento) e seu módulo é v2 Ir em quer é o comprimento do Ele mantém os dois corpos a uma distância invariável um do outro,
pêndulo. medindo-se essa distância ao longo do fio*.
A 2.a lei de Newton nos diz então que o módulo da tração T deve Em conseqüência, os dois corpos têm, em cada instante, a mesma
exceder o peso mg, e que a diferença deve ser igual ao produto da massa velocidade, em módulo (uma para cima e a outra para baixo). Têm
da bola pela aceleração. também acelerações iguais em módulos e de sentidos contrários.
T-mg=ma • Ver também o problema resolvido J.R.

186 187
e a satisfazer ao mesmo tempo as condições acessórias introduzidas pelo
movimento do próprio fio e a interação com a polia.
Existe um caso particular do problema, para o qual a solução é
imediata: é o caso em que tanto a massa cfo fio como a massa da polia são
desprezíveis em comparação com as massas m 1 e m 2 , supondo-se por
outro lado que os atritos são também desprezíveis.
T1 T2
Neste caso as duas trações têm o mesmo módulo. Por quê? Porque
a força total necessária para acelerar um corpo de ma~ nula é neces-
sariamente nula pela 2.a lei de Newton.
As equações (7) em que T 1 = T2 = T, se resolvem imediatamente,
fornecendo os valores de a e T.

m,g EXERC(CIO:
1 Resolva o sistema fo~ado pelas equações (7); quais são os valores de a e n
m2g 2 Se a massa do fio não fosse desprezível, como seriam modificados qualirativamente os
valores de a e T?

Anotemos então que se um fio ligado a dois corpos tiver massa


Fig. 17 A "máquina de Atwood". desprezível, as trações que o fio exercerá sobre cada um dos dois corpos
terão sempre o mesmo módulo, desde que sejam também desprezíveis os
Apliquemos a 2.a lei de Newton (em módulos) a cada um dos dois atritos que poderiam impedir a livre movimentação do fio.
corpos, supondo-se que a aceleração a de m 2 seja dirigida para baixo:
Anotemos também que é somente o reeurso- final à experiência
T1 - in 1 g = m 1 a que poderá validar as simplificações feitas a esse respeito.
{
. m2g - T2 =m2a• 7
( ) Ao conceito de força de tração, está intimamente ligado o con-
ceito de tensão, que passamos agora a definir.
Nestas condições, T1 representa o módulo da tração exercida pelo
fio sobre o corpo de massa m 1 ; ·r2 representa o módulo da tração exer·
cida pelo fio sobre o corpo de massa m 2 •
As duas equações (7) contêm três incógnitas: T1 T2 a. 6.6 TENSÃO DE UM FIO
Falta uma equação: ela pode ser fornecida pela aplicação da 2.a lei Voltemos ao exemplo simples da bola suspensa por um fio a um
de Newton ao fio. É exatamente neste ponto que as dificuldades co· suporte fixo no laboratório (figura 1_8).
meçam. Observemos com efeito que, no decorrer do movimento, o com· Sendo Ta traçâo exercida pelo fio sobre a bola, a força que a bola
primento do ramo da esquerda diminui, enquanto que .o comprimento do. exerce sobre o fio é: F 1 =:: -T (3.a lei de Newton).
ramo da direita aumenta: o peso efetivo do fio (diferença entre os pesos
dos dois ramos) varia com o tempo. Por sua vez, o suporte exerce, sobre o fio, para cima, a força F2 •
Por outro lado o fio interage por atrito com a polia: a força de As forças F 1 e F2 mantêm o fio em estado de tensão.
interação é uma quarta incógnita, que vai requerer uma quarta equação. A tensão do fio na extremidade inferior B se mede pelo módulo da
O movimento da polia fornecerá essa equação suplementar. · força F 1 , ou seja, pelo módulo do p~so P da bola, já que F 1 = T =.P.
Não podemos insistir: por enquanto, esse problema é complexo
demais para nós. · Da mesma forma, a tensão do fio na extremidade superior A se
Podemos adiantar simplesmente que, de qualquer maneira, as tra- mede pelo módulo da força F2 • Observamos que F 2 = F 1 + p, em que p,
,ções T1 e T2 se ajustam de modo a manter o vínculo entre os dois corpos representa o peso do fio.

1J19
188
F2 Para tanto, imaginemos o fio cortado em M e representemos por F
e - F o par ação-reação formado pelas forças que cada uma das partes do
Wl////////11/; A fio de cada lado do corte M exerce sobre a outra parte.
Por definição 9 tensão do fio em M se mede pelo módulo F das
forças do par.
Anotemos o caráter não vetorial da tensão de um fio.
Anotemos também que, se a massa de um fio for desprezível, a sua
tensão é a mesma em todos os pontos.*

' B
PERGUNTA
Você estica com as duas mãos um fio de massa desprezível, exercendo em cada extre-
midade, e em sentidos contrários, forças de mesmo módulo F.
Qual é o valor da tensão do fio? F ou 2F?

Ao conceito de tensão, assoéia-se naturalmente o de tensão


máxima: o estado de\tensão máxima, em um ponto, é provocado pelas
F1 =-T forças de tração (figura 19) de módulo máximo, que um fio pode agüen-
·tar sem se partir nesse ppnto. ·
Se o fio for homogêneo, a tensão máxima é a mesma em todos os
Fig. 18 As forças F 1 e F, exercidas sobre o fio pela bola e pelo suporte mantêm o fio em estado pontos.
de tensão.
EXEMPLO 8:
De um modo geral, definamos a tensão de um fio em um ponto A tensão máxima de um fio de aço é d~ ordem de 103 N/mm 2 •
qualquer M (figura 19). Isto significa que a tração máxima que um fio de aço dê 1 mm 2 de seção
poderá exercer, é da ordem de 103 N.
1 Depois das forças de tração, estudemos as forças de apoio.
1
1
-F
6.7 FORÇAS DE CONTACTO NO CASO DE NÃO HAVER ATRITO
M
----------Mtl ------ M ENTRE AS StJPERFrCIES EM CONTACTO
O problema discutido na seção 6.3, permite afirmar que se dois
corpos, no laboratório (e conseqüentemente no campo terrestre restrito)
estão em contacto, cada um exerce sobre o outro uma força repulsiva,
' F devida à deformação por compressão de cada um dos corpos.
O problema é determinar tanto a direção, como o módulo dessa
força.
Há dois casos a considerar: existe atrito, ou não existe atrito, entre
as duas superfícies em contacto.
Comecemos pelo caso em que não há atrito.
É um caso ideal, um caso limite, em que se supõem as superfícies
em contacto perfeitamente polidas.
• De novo, desde que nada Impeça sua livre movimentação. Se por exemplo um fio de massa des-
prezível passa por uma polia cujo eixo sofre um atrito não desprezível, a tensão nos dois ramo•
Fig. 19 Definição da tensão de um fio em um ponto M. do fio deixa de ser a rr.esma.

190 191
Podemos construir modelos simples, que evidenciam as simetrias EXEMPLO 10:
das forças de interação entre as "moléculas" das duas superfícies em Voltemos agora ao caso do corpo sobre o plano inclinado.
contacto. A figura 21 mostra as forças que atuam sobre o corpo: o peso P e a
No caso simples de um corpo sobre um plano inclinado, a fig. 20 força de contacto N perpendicular ao plano.
mostra como se pode entender que as forças de contacto são perpen-
diculares às superfícies em contacto.

~ 9

Um corpo desce ao longo de um plano in-


clinado; ...
+
'~

. .. Sugere que a força resultante de V incuto
(de contato) exercida pelo plano sobre o
/
~
corpo seja normal ã superfície do corpo; ... Fig. 21 As forças que atuam sobre o corpo são o peso P e a força de contato N.
-- -
~,------
/'

... ~:....../ \\
+ O vínculo imposto obriga o corpo a mover-se sobre o plano incli-
--~\ nado.
"' 1 '
'\r __ _
~
Traduziremos analiticamente esse vínculo, escrevendo que a ace-
... Na situação ideal em que as superfícies leração do corpo é paralela ao plano, ou ainda, que é perpendicular ao
seriam perfeitamente polidas podemos ima- -N unitário y da figura 21. De que maneira essa condição pode envolver a
ginar um modelo análogo a este para a in- força N? Pela 2.a lei de Newton, que agora impomos ao nosso modelo.
teração das "moléculas" superficiais do pla- Reciprocamente a força de contato
no com uma "molécula" qualquer da su- exercida pelo corpo sobre o plano é normal A força total que age sobre o corpo (partícula) de massa m é P +N.
perfície do corpo em contato com o plano. ao plano, formando com a precedente um A 2.a lei escreve-se portanto:
A simetria da situação ... par "ação-reação".
P +N =ma (8)
Fig. 20 em que a representa a aceleração do corpo.
Traduziremos analiticamente .a condição que o vínculo impõe à
O valor do módulo dessas forças se ajusta automaticamente para aceleração, qual seja, a de ser paralela ao plano, ou ainda perpendicular a
que o vínculo imposto ao corpo seja respeitado. y multiplicando-se escalarmente a relação (8) por y, e escrevendo-se que
Dois exempíos simples ajudarão a entender isso. o produto é nulo* -
(P + N) • y= (ma) • y = O (9)
EXEMPL09:
Voltemos mais uma vez ao caso do livro pousado sobre a mesa Sendo <Ir'. o ângulo do plano inclinado com.a horizontal, a relação
(figura 5). Neste caso não sabemos se as superfícies em contacto são ou precedente conduz a:
não perfeitamente polidas; no entanto sabêmos que a força resultante do Pcos01.-N=O
contacto é necessariamente vertical e dirigida para cima, já que deve
eqyilibrar o peso do livro. É portanto perpendicular às superfícies em ou seja:
contacto. Seu módulo é igual ao módulo do peso do livro: fisicamente, a N=PcosOI.. (10)
superfície da mesa deformou-se justo o necessário para manter o vínculo
imposto ao livro, qual seja, permanecer em repouso sobre a superfície da x.
* 1) Es5a. operação projeta a relação (8) sobre o eixo orientado 21 Poderíamos também escre-
mesa. x.
ver que a aceleração é paralela ao plano, anulando-se o produto vetorial de a com o unitário ~
o que será feito no problema resolvido 4-R •

. 192
193
Mais uma vez, a deformação da superfície do plano foi justo o 6.8.2 ANÁLISE QUALITATIVA DO FENÔMENO
netessário para manter o vínculo imposto. Enquanto o tijolo permanece em repouso sobre a tábua, a força de
Passemos agora ao caso do atrito. contacto F exercida pela tábua sobre o tijolo é diretamente oposta ao
peso do tijolo (figura 23): a força F deixa pois de ser normal às super-
6.8 ATRITO SÓLIDO
6.8.1 EXPERIÊNCIA
Coloquemos um tijolo sobre uma tábua horizontal. O tijolo está
em equilíbrio. A força em contacto exercida pela tábua é diretamente
oposta ao peso do tijolo (figura 22-a).

.------
~,dd 1 (a)

~
Fig. 23 Enquanto o tijolo permanece em repouso sobre a tábua, a força de contato F é direta-
mente oposta ao peso.
(b)
fícies em contacto. Um modelo simples permite entender a razão desse
fato. '

~,,,
~ (d)

(e)

Fig. 22 O tijolo permanece em repouso até que o ângulo da tábua com a horizontal atinja o valor Fig. 24 Um modelo (qualitativo) possível.
limite "'máx·
A figura 24 reproduz um corte "microscópico" de uma pequena
Inclinemos a tábua: o tijolo permanece em repouso (figura 22-b). porção da rEgião de contacto entre tijolo e tábua. Devido às irregulari-
Aumentemos a inclinação: o tijolo continua em repouso (fi- dades das superfícies, as zonas de interação real são extremamente re-
gura 22-c) até que a inclinação atinja um valor <Y-max (figura 22-d) além du;zidas; a figura mostra duas dessas zonas. Em cada uma delas, exer-
do qual o tijolo põe-se em movimento (figura 22-e). cem-se forças como f 1 e f 2 • Com um pouco de atenção entendemos que
O fato de o tijolo não entrar em movimento assim que se inclina a no caso de um plano inclinado, como no nosso exemplo, as direções
tábua,. e por menor que seja essa inclinação, indica a presença de atrito dessas forças se distribuem aleatoriamente entre a normal ao plano e a
sólido* entre o tijolo e a tábua. paralela ao plano e são dirigidas para cima. A figura 25 explicará melhor
o que precede.
• Por opo_sição ·a atrito viscoso que se manifestaria, por exemolo, se as superfícies em contacto Voltando agora ao enfoque macroscópico, continuemos nossa aná-
fossem lubrificadas. O atrito viscoso será estudado na seção 6-9 .. lise do equilíbrio das forças P (peso) e F (força de contacto).

194 . 195
I
I J-- abaixo: é a componente de aceleração (é a componente que tende a
1
I acelerar o tijolo).
I
I Por sua vez, fy é a componente da força de contacto que, opon-
I do-se a Py, mantém o tijolo sobre o plano: é a componente de vínculo.
I
I
I Finalmente, fx traduz a presença das asperezas das superfícies em
I
I contacto: é a componente de atrito.
Enquanto o tijolo se mantém em repouso sobre a tábua, a com-
ponente de vínculo equilibra a componente de pressão e a componente
de atrito equilibra a cQmponente de aceleração, de modo que:
Fy = Py = P cos o: (11)
Fx = Px = P seno:. \
Aumentemos a inclinação da tábua: é fácil ver que a componente
de pressão diminui, mas que a componente de aceleração aumenta.
Fig. 25 As direç6es das forças de contato se distribuem aleatoriamente dentro do ângulo xOy.
O que acontece às componentes da força de contacto?
A componente de vínculo diminui em módulo, continuando a
Na figura 26 essas duas forças foram decompostas em compo- ajustar-se ao módulo da componente de pressão; mantém o tijolo vin-
nentes respectivamente paralelas e perpendiculares à tábua. (Substi- culado à tábua.
tuímos também o tijolo pelo modelo da partícula). A componente de atrito, no entanto, deve aumentar seu módulo,
se o tijolo permanece em repouso, pois deve continuar a equilibrar a
lp compoaente de aceleração.
1
1 Ora, se não há problema em diminuir o módulo da componente de
1
1 vínculo, pode haver dificuldade em aumentar o módulo da componente
1 de atrito: em última análise essa componente é também produzida por
1
1 deformações locais das superfícies das facetas que limitam as asperezas
1
1 da tábua.
Podemos entender que, ao aumentar a inclinação da tábua, chegue
+ um momento em que o módulo da componente de atrito não possa mais
crescer, seja porque se produzem rupturas locais nas zonas de interação,
seja porque ocorrem deslizamentos das facetas em contacto.

Fx
,._força de
Fig. 26 Decomposição do peso e da força de contato. atrito estãtiéo

Observamos as duas componentes do peso: Py, perpendicular ao Qmáx

plano, comprime a tábua; podemos chamar essa componente de com-


ponente de pressão. Fig. 27 No caso limite de deslizamento iminente a componente de atrito passa a chamar-se
Px paralela ao plano, tende a pôr o tijolo em movimento plano "força de atrito estático".

196

~
Esse fenômeno ocorre quando a inclinação da tábua atinge o valor Qual é, no caso presente, o ângulo que corresponde ao ângulo ªmáx. da figura 277
b. tentar estabelecer uma relação entre força de atrito e componente de vínculo.
CXmáx· A razão entre os módulos correspondentes é chamada coeficiente de atrito estático.
Para esse valor da inclinação, a componente de atrito tem o seu
µe""' Fx!Fy
módulo má:>eimo. Por convenção ela passa a chamar-se força de atrito
com as notações da figura 27 para as forças .
.estático (figura 27). · · De que parâmetros (massa do bloco, área da base, natureza dos materiais ... 1depende
Concluímos que, para que o tijolo possa permanecer em repouso, J.Le?
o módulo da componente de aceleração não deve ultrapassar o valor do
módulo da força de atrito estático. 6.8.4· ATRITO DE DESLIZAMENTO
Se essa componente aumentar, o que acontecerá se aumentarmos a Vimos no trabalho experimental precedente que o coeficiente de
inclinação da tábua além do valor Oínáx·· o tijolo entrará em movimento. atrito estático µ.e depende some11te da natureza das superfícies em
O problema que agora surge é o seguinte: contacto, numa primeira aproximação.
a. de que fatores, ou parâmetros, depende a força de atrito estático? Vimos também que se l\Umentarmos o módulo da componente de
b. há possibilidade de se prever o valor da força de atrito estático, em aceleração além do limite fixado pelo módulo da força de atrito.estático,
determinada situação experimental? o corpo põe-se em movimento.
A análise qualitativa que fizemos nesta seção mostra que uma Ora, o movimento não suprime as asperezas das superfícies, em-
teoria quantitativa do atrito sólido deve ser muito difícil, se não impos- bora tenhamos consciência que talvez possa modificá-las. De modo que
sível. De fato, não existe tal teoria. continua havendo atrito· entre as superfícies em contacto, em movimento
Só nos resta o recurso a experiência. É o que vamos fazer agora. relativo: é o chamado atrito de deslizamento.
Surge então um novo problema:
6.8.3 ATRITO ESTÁTICO Há alguma relação entre o atrito de deslizamento e o atrito está-
TRABALHO EXPERIMENTAL N'? 4 tico?
OBJETIVO:
Estudar o fenômeno de atrito estático; especificamente, determinar os parâmetros de que
De novo, somente a experiência poderá, possivelmente, fornecer a
depende a força de atrito estático. resposta.
Tentar expressar analiticamente essa força, em função daqueles parâmetros.
MODELO:
Explicitar o referencial, bem como as leis e hipóteses inclu idas no modelo. TRABALHO EXPERIMENTAL N'? 5
MÉTODO: OBJETIVO:
Um bloco de determinado material e de massa m, conhecida, repousa sobre uma super· Tentar definir um coeficiente de atrito de deslizamento, #Jú, e procurar compará-lo com
fície horizontal feita do mesmo, ou de outro material. o coeficiente de atrito estático, J.Le·
MODELO:
Explicitar o referencial, bem como as leis e hipóteses incluídas no modelo.
Sugestão: Definir, como hipótese de trabalho, uma força de atrito de deslizamento
média, por Fx =µd Fy, em que J.Ld é o coeficiente médio de atrito de deslizamento, e Fy o
m1 módulo da componente de vínculo.
MÉTODO:
A massa m 2 é agora suficiente para acelerar o bloco de massa m 1 • Depois de cair deh, a
massa m 2 é imobilizada pelo piso do laboratório; o bloco move-se ainda da distância d.
,....h-,-d
1 1
1

m,

A massa m 2 é aumentada até o movimento do bloco tomar-se iminente.


m2
a. Convencer-se de que a situação presente é análoga à situação do tijolo sobre a tábua
inclinada, descrita na seção precedente. Identificar as componentes de pressão, de aceleração, de
h
,vínculo, de atrito.

198 .199
Construir o modelo matemático correspondente. 6.9.3 FLUIDOS COM BAIXA VISCOSIDADE
Os valores dos parâmetrosm 1 , m 2 , d permitem calcular li-d.
Discutir a validade da hipótese feita a respeito da força de atrito.
O exemplo extremo é representado por um gás, geralmente o ar.
Comparar /J.d com !Je (desde que a comparação seja significativamente possível). A não ser para velocidades muito pequenas (inferiores a alguns
Hã pelo menos uma pergunta necessâria a respeito de /J.d· Qual é essa pergunta 7 centímetros por segundo), a força de atrito, geralmente chamada resis-
tência do fluido (ar), é proporcional ao quadrado da velocidade relativa.
A presença do atrito é inelutável. Pode ser útil, como também O coeficiente de proporcionalidade depende da forma do corpo
pode ser incômodo. Nos casos em que há interesse em diminuir a força
de atrito entre duas superfícies, interpõe-se um lubrificante entre elas. O em movimento em relação .ao fluido; ele é da forma~ CAp, em que C é
atrito deixa então de ser "sólido" para tornar-se "viscoso". um coeficiente adimensional de forma (esfera, cilindro, etc.... ), A é a
área da projeção do corpo sobre um plano perpendicular à velocidade
6.9 ATRITO VISCOSO relativa e pé a massa específica do fluido.
6.9.1 EVIDÊNCIA EXPERIMENTAL \
Todo objeto que tem uma velocidade em relação a um fluido sofre PERGUNTA:
da parte desse fluido uma força de resistência, dirigida em sentido con- Uma bola de isopor de raio R cai no ar. Oual é o valor de A?
trário ao da velocidade do corpo em relação ao fluido, e chamada força
de atrito viscoso. 6.9.4 VELOCIDADE LIMITE
No volume 2 deste curso, construiremos modelos que permitirão Vimos 'que, nos casos simples qüe estudamos, todas as forças de
prever com razoável precisão as leis que descrevem o comportamento atrito viscoso:
dessas forças, pelo menos em certas situações simples. a. são dirigidas em sentido contrário da velocidade do corpo em re-
Por enquanto, é aconselhável adotarmos .uma atitude puramente lação ao fluido,·
fenomenológica, semelhante à da seção .4.2.2 em relação ao peso dos b. têm um módulo proporcional ao rrládulo dessa velocidade ou ao
corpos: aceitamos a evidência experimental que mostra a existência das seu quadrado.
forças de atrito viscoso, aguardando outra oportunidade para tentar A existência de uma velocidade limite está ligada ao fato de a força
enquadrá-las numa teoria geral (Mecânica dos fluidos). de atrito visco59 crescer com a velocidade.

-
As forças de atrito viscoso são fortemente dependentes da velo-
p V
cidade do corpo em relação ao fluido*. Os exemplos da mão que colo-
camos fora de um carro em movimento, ou da mão que deslocamos
dentro de água mostram que as forças de atrito viscoso crescem, em T
1-------~
módulo, com a velocidade relativa.
A relação funcional entre o módulo da força de atrito viscoso, e a
velocidade relativa, depende da viscosidade do fluido. Fx
fy
6.9.2 FLUIDOS COM ALTA VISCOSIDADE
Para os casos que trataremos e os que se apresentam mais comu- Fig. 28 Forças aplicadas a um bloco que desliza sobre uma superfície lubrificada, arrastado por
uma força T. ·
mente, incluímos nessa categoria os óleos lubrificantes em geral e certos
outros líquidos, tais que glicerina, glicol, etc ... O caso mais simples de entender é o caso em que a resultante das
Deixando de lado os casos "patológicos", a resistência exercida outras forças aplicadas (outras que as forças de vínculo e de atrito) é
·1
pelo fluido é geralmente proporcional à velocidade relativa e sempre de 1 constante.
sentido oposto. 1
Consideremos por exemplo o caso simples da figura 28: um bloco
O coeficiente de proporcionalidade deve ser determinado expe- está sendo arraStado sobre uma superfície horizontal lubrificada.
ri mentalmente. As forças que agem sobre o corpo são:
a. a força de tração T, que se supõe constante;
* Ao contrario da força de atrito de deslizamento, razoavelmente independente da velocidade. b. o peso P.

200 . 201
c. a força de contacto com a superfície; essa força foi decomposta na
6.10.1 O MODELO
sua componente de vínculo fy e na componente de atrito viscoso fx. O
bloco está se movendo para a direita com velocidade v. Observa-se que MODELO FÍSICO MODELO MATEMÃTICO
F x tem sentido oposto ao de v.
Analisemos o que acontece: sendo a aceleração do bloco páralela à
superfície horizontal, a força de vínculo e o peso são iguais em módulos;
Partícula sobre um plano lncllnedo do
ângulo a ___. rx~
a soma dessas duas forças é sempre nula. Restam portanto Te fx.

J p~
Ora, T é por hipótese uma força constante e Fx, oposta a T, tem Hipóteses:
um módulo que vai crescendo a partir de zero (início do movimento),
proporcional mente à velocidade 1v1. Atritos desprezíveis __. -------- ---
N ------
Em conseqüência, chega necessariamente um instante em que o
/
(Isolamento da pa rtf cul
módulo de fx se torna igual ao de T: a soma T + Fx se anula. Parlmetros relevantes: \
A partir desse instante, a força total aplicada ao bloco é e per-
manece nula. A velocidade do bloco é constante. Diz-se que o bloco Massa da partr cuia __. m
Intensidade do campo grayltaclonal __. g
atingiu a velocidade limite.
O valor dessa velocidade obtém-se igualando os módulos da força posição inicial nula __. x 0 =O
velocidade inicial nula,
T e o da força Fx = -kv, em que devemos substituir a velocidade v pela __. Vº =O
velocidade limite v1• Lei Imposta ao modelo:
kv1 = T-+ v1 = T/k. 2.ª lei de Newto'n ,P +N=ma

O peso, as forças Ele contacto e de vínculo (apoio e tração) e as 6.10.2 PREVISÕES DO MODELO
forças de atrito são as forças usualmente encontradas em mecânica da Na 2.a lei de Newton:
partícula.
P + N =ma,
Ao construir-se o modelo !JUe permite a resolução teórica de um
problema proposto, é essencial, de início, explicitar todas as forças que substituamos P por mg e dividamos por m:
atuam sobre o corpo !riartfcula) e que achamos relevantes para a per-
g + - 1- N = a, (12)
gunta feita. rn
Esse trabalho preliminar, que consiste em caracterizar a interação em que a representa a aceleração da partícula.
com ó campo gravitacional, as interações de contacto, etc ... , pelas for- Devido ao vínculo imposto pelo plano, a aceleração da partícula é
ças correspondentes, é chamado: isolar o corpo* paralela ao plano, ou seja, a x,
sendo portanto perpendicular a y.
Um exemplo concreto mostrará como se deve proceder. Em conseqüência, o produto escalar da relação (12) por deve dar x
a (módulo da aceleração) no segundo membro, enquanto que o produto
escalar por y deve ser nulo. Façamos esses produtos:
6.10 VOLTA AO PROBLEMA DO PLANO INCLINADO
No capítulo 1, vimos como Galileu utilizou o plano inclinado para
"diluir a gravidade" e poder assim verificar mais facilmente a lei de queda i + - m1- N · x = a • x
dos corpos. Todavia, Galileu não tinha conseguido mostrar que a lei de
queda ao longo do plano era necessariamente semelhante à lei da queda
1ivre, desprezando-se os atritos.
Voltemos então ao problema e perguntemos: "Qual é a lei x = x
\:
ou seja:
y + - m1- N · y= a • y= O
(13)

(t) do movimento do corpo ao longo do plano inclinado?


g senC\'. + O= a
{ (14)
* Não se deve confundir com partícula isolada, no sentido de extremamente afastada de qual-
0quer outra partfcula. g COSQ'. - - 1- N
m
=o

202
'203
/
PROBLEMAS RESOLVIDOS
A primeira equação do sistema (14) fornece o valor da aceleração
da partícula:
1. R Suspende-se um objeto cuja massa é 10 kg, por meio de uma corda cuja tensão é
a= g sena. (15) constante. Observa-se que, partindo-se do repouso, o objeto atinge a altura de 1O m em 2,0 s.
Qual é a tensão da corda?
A segunda equação fornece o módulo da força de vínculo: SOLUÇÃO:
Orientando-se a trajetória positivamente para cima, a força resultante é
N = mg cosa. (16) F=T-mg
Pela expressão (15) da aceleração, o nosso modelo prevê um mo- em que T representa a tensão da corda.
vimento uniformemente acelerado, com aceleração g sena. A lei do A aceleração do corpo é
movimento seria portanto, com as condições iniciais impostas: F T
a= - - -+a= - - - g (=Cte).

x = + (g sen a) t 2 • (17)
m m
Se a distância d é percorrida no

d =- 1- a t• -+ a = 2d
i~ervalo de tempo t temos:
2 t2
6.10.3 O TESTE EXPERIMENTAL
ou
Esse teste foi feito no Trabalho Experimental n.o 1 (capítulo 1 ).
T 2d
Vimos então que, no movimento de uma bola ao longo de um plano ~ -g= ;i- -+ T=mg+ 2md.
t•
inclinado, os espaços percorridos são efetivamente proporcionais aos qua·
drados dos tempos. Todavia, naquela oportunidade, nada permitia prever A substituição numérica, comg.:::. 10 m/s•. fornece
que a aceleração do movimento tivesse que ser igual a g sen a. · T= 1,5 • 10 2 N·
Deverá se voltar agora aos dados do Trabalho Experimental n.o 1 e
verificar se a aceleração da queda da bola de aço, ao longo do plano 2. R Querendo-se suspender uma pedra de massa m até uma altura d, amarra-se a pedra a uma
corda de massa desprazível e puxa-se verticalmente pela extremidade livre.
inclinado, era ou não igual a g sen oc Sabendo-se que a tensão máxima que a corda pode agüentar sem se partir é T, qual éo
No caso de discrepância, deverá se voltar ao modelo e procurar as tempo mínimo que será gasto para suspender a pedra de d? (Na posição final, a velocidade da
falhas eventuais responsáveis pelo desacordo entre as previsões do mo- pedra deve ser nula.)
SOLUÇÃO:
delo e os dados experimentais. A aceleração máxima para cima que se pode comunicar à pedra é:
T-mg.
m
CONCLUSÃO A desaceleração máxima que a pedra pode ter é evidentemente igual a g (para baixo).
Este capítulo deu a oportunidade de se aplicar, a situações reais, os Nesse casó, a tensão da corda é nula.
conceitos e as leis desenvolvidas logicamente no decorrer dos três ca- O gráfico ~ vs t do movimento da pedra para que o tempo gasto sejam fnimo é represen-
tado na figura. O trecho OA é retilíneo e corresponde à primeira fase do movimento: movimento
pítulos anteriores. Como vimos o seu enfoque é predominantemente uniformemente acelerado com aceleração máxima (positiva) igual a:
operacional.
No capítulo seguinte voltaremos à elaboração da estrutura básica T-mg.
da Mecânica da partícula, com o conceito de energia. m
O trecho AB é também retilíneo e corresponde à segunda fase do movimento: movi-
mento uniformemente retardado com a desaceleração máxima (negativa) - g.
A área do triângulo OAB é igual a d.
As seguintes relações são imediatas:
!!..___ = T-mg
(1)
t.t, m

h
-=g (2)
t.t,

205
204
SOLUÇÃO:
V Este, problema tem como objetivo prlnciP&I mostrar como se traduzam, no modelo
A matemétlco, as condiç6as de vínculos impostos pelo sistema físico.
Aproveitaremos a oportunidada para elaborar cuidadosamente o modelo físico a o mo-
delo matemético associado.

MODELO FÍSICO MODELO MATEMÃTICO


Modelo da partículas para as três Vertical descendente orientada po-
massas suspensas. sitivamente para baixo.
lnextensibilil;lada do fio m,PO:
o:1----- ;
At, ----'""'"-Ata _ _.
j B
REFERENCIAL:
Laborat6rio
z 1 +z0 =Cte (11
Inextensibilidade do .fio m 2 0 m 3 :
1 1 - 1
HIPÔTESES: z 2 -z0 +z 3 -z0 =Cte. (2)
Poiiall dÍ massa desprazlwl. \ Da (1)e (2):
Fios inextensi\1811 a de massa d•

..
(3)
h At = 2d prezl\181. 2z 1 +z 2 +z 1 = Cte.
(4) Isto significa ql,!e o comprimento
At 1 +Ata = At. :: do fio que sustenta a masa m 1 a a.polia O,
1
por um Ilido, e o comprimento do fio que
Substitui-se em (1) e (2) o valor de h tirado de (3); calcula-se At 1 e At2 em função da At, sustenta a massas m 2 a m 1 , por outro lado, -----1---r-·r··-T
a substitui-se em (4). Obtém-se: lio constantes. 1
1
1
1
1
1
1 1 1
1 1 1
At = ( 2 Td ) li.o PARÃMETROS RELEVANTES: f
__ .,._..,_* :,z. !
;
1 Zo 1
1 1 1
g (T- mg) Masas dos corpos suspensos; inten-
sidada do climpo gravitacional. 1 Z2

3.R No sistema representado na figura, polias e fios são muito leves; as polias giram livnt- ___ .;i !: ! Z3
mente em torno da seus eixos. 1
1
Pede-se determinar a aceleração de cada uma das massas. 1
·-----.:t

m,
Derivando-18 duas v.ez111 .em ralllÇâo
ao tempo obtemos a equação ri• 11/m:ufo.
que relaciona a acelerações das três -m:
Lll lmpom ., modelo: 29,+.,+e, =O. (3)
2.ª lei de Newton
Isolamos em primeiro lugar a po-
lia O:
T

m1
o
..!..T·L +..!..T
2 .. 2
Tendo e polia, por hipótese. massa
dasprezl\181, e força total deve ser nula, qual·
quer que seja o valor da aceleração. Condul-
-18 Imediatamente que e tanlio do fio
m,PC) ·é o do_bro da tensão do fio m20_m 3
ma (ili que os atrit0s sio supost_osdasprazíveis). ·

. '2!J7
206
iYU\'els:naor. renern1 no P.m 6. atllll
n:L.1:_. __ ,,.. f' ........ 1
A aagúir, isolando-• as três mauaa: _ 4m 2 m 3 + m 1 (m 3 -3m 2 I
ª• - 4m 1 m 3 +m, lm, +m 3 1 g.
T
Está claro que essas previsões deveriam ser testadas experimentalmente, depois de subs·
tituir os valores numéricos correspondentes ao sistema particular estudado.
m, m 1 g-T= m1 a, 141
4. R No sistema representado na figura, o bioco de massa m desliza livremente ao longo da
faca superior da cunha. Por sua vez a cunha de massa M desliza livremente sobre o plano
horizontal. Ped&sedeterminar as acelerações respectivas do bloco e da cunha.
m1 1

m, t1,
-;r

m2 1
1
m 2 11-- T=m 2 a 2
2
151

t
SOLUÇÃO:
..!..r Encontraremos neste problema outro tipo de equação de vinculo: a que expressa o
2 deslizamento do bloco sobre a cunha.
1
m, m 1 11-2 T=m 1 a 1 • 161 MODELO FISICO MODELO MATEMÃTICO
REFERENCIAL:
Laboratório a: acel. do bloco no laboratório
m 1 11 HIPÓTESE:
A : acel. da cunha no laboratório
Atrito despraz lvel entre o bloco e
a cunha por um lado, entre a cunha e o
Observa-se que o conjunto de eqúações 141, (5), (61, qua traduzem a.2.a lei da Newton p'lano horizontal por outro lado. Em con' •r: acel. relativa
aplicada às três massas, rião á suficiente para resolver o problema: são três !IQUições çom quatro seqÜêl\cia as forças de contacto reduzir-sa- •r =a - A
incógnitas. A razão f laica desse fato á que essas equações seriam as mesmas~ mesmo sé 'as forças T
fo-às componentes de vlnculo, normais às
e ~ T . fossem quaisquer (por exemplo, interações das part l~las com outras part lculasl. S ne- superflcies.
Escrevendo que •11' li paralelo ao unitário
ü, ou seja:

r-
cessário "informar" o modelo matemático do fato de que assas forças precitamente nlo são
quaisquer: sã'o forças de vinculo. Soque faz a equação de vínculo (31. VÍNCULO DE CONTACTO: i
O bloco está sempre em contacto
com a face hipotenusa da cunha.
PREVISÕES DO MODELO: Podemos traduzir este fato escre·

l
O conjunto (3), (4), 151, (61 fornece, depois de eliminar To sistema:· vendo que a aceleração relativa do bloco
2a 1 + a,+ a 1 =0 em relação à cunha, • paralela àquela.
m 1 a 1 + m, ª•
-m, a 1 = (m 1 -m-, -m, lg
m, a, -m, ª• = lm 2• -m, 111 PARÂMETROS RELEVANTES
Massas do bloco e dª cunha; in·
As soluções são: tensidade do campo gravitacional.
4m 2 m 3 - m, + m3 I
(m 2
ª• = 4m 2 m 1 + m, + m 1 I 11;
(m 2
4m 2 m 1 + m, (m 2 -.3m,J
ª• = 4m m + m, (m + m I li;
2 1 2 1

208 209
As s0luções do sistema são:
(a-A)xÜ=O
iê y i
ªx = k +- cotg °' g
cotg 0< + 1
1
2
ªx+Aayo l=O
cosa sena O k cotga
A= .. g.
k + 1 k + cotg 2 a + 1
A equação de vínculo é pois: a = g
Y k + çotg2 a +1
•x sena - ay cosa + A sena = O, (11
ou ainda: A partir das expressões para •x e ay encontra-se para a aceleração do bloco no labo·
ratório:
Bx - (cotg0<) ay +A =O
a•= cotg1 0<+ (k+ 1) 2 g2.
LEI IMPOSTA AO MODELO: Isolamento do bloco:
2~ lei de Newton. (k + cotg2 0< + 1) 2

_ _}m' .

O leitor verificará que no caso ~ que k =O (cunha fixa no laboratório) o valor de 116

~r
igual g sen0< (particula sobre um'plano inclinado).
De novo, as previsões do modelo deveriam ser testadas experimentalme.nte.

5. R Um bloco de madeira, largado a partir do repouso sobre um plano inclinado de a = 450


leva determinado intervalo de tempo para percorrer a distância d ao longo do plano (figura 1 ).
Um pedaço de gelo seco (C0 2 sólido) largado a partir do repouso sobre um plano
...... ... inclinado da fJ = 3QO leva o mesmo intervalo de tempo para percorrer a mesma distância d •
Qual é o valor do coeficiente de atrito entre o bloco I! o plano da primeira experiência?
N ',,
........
Em projeção sobre Ox
Nsen0< =hlax (2)


Em projeção sobre Oy:
-N cosa + mg =may (3)

Isolamento da cunha:

SOLUÇÃO:

mg MODELO FÍSICO: MODELO MATEMi\TICO


1.a EXPEAl~NCl.A:
Em projeção sobre Ox: Modelo de partícula
-Nsen0< =-MA (4)
HIPÔTESES:
O coeficiente da atrito µ. entre o
PREVISÕES DO MODELO: bloco e o plano é CtJnstante sobre a distância
Depois de eliminar N, o conjunto de equações (1 ), (2), (3), (4), fornece o sistema: d, e conseqüentemente a força de atrito é
Bx- (cotgcvlay+A =O
constante.
{ kax -A= O lk=: ) LEI IMPOSTA AO MODELO
(cotgcv )ax + ay =g 2.a lei de Newton

2_11
210
Isolamento do bloco Numericamente acha-se:

~
mg

("'
µ. = 0,3
O teste dos modelos poderia consistir numa medida (fácil) do coeficiente de atrito.
v ',
.- -~:_
estático, (ver trabalho experimental n.º 64 pág. 198), cujo valor difere em geral pouco do. coe-
ficiente de atrit<» de deslizamento.

.......

Em projeção sobre Ox:


mg sen0< - µ.N =ma, (1)
Em projeção sobre Oy:
mgcoSO<-N=O (2)
Observa-se que a equação (1) em
que se escreveu que a aceleração a, é pa-
ralela ao plano, caracteriza também o vín·
cuia lo bloco desliza sobre o plano), além de
.traduzir a 2ª lei de Newton em projeção
sobre Ox.

2ª EXPERl~NCIA:
Modelo de partícula
HIPÓTESE:
O gelo seco produz um "colchão"
de gás carbônico sobre o qual ele desliza.
Em conseqüência, admitiremos que o atrito
é desprezível.
LEI IMPOSTA AO MODELO A aceleração é:
2ª lei de Newton a 2 =gsen/3
(resultado conhecido).

PREVISÕES DOS MODELOS


As equações (1) e (2), na 1.ª experiência, fornecem:
a,= (sen0< - µ.coSO<) g'.-
Os dois movimentos são uniformemente acelerados com velocidade inicial nula. Por
outro lado, sendo iguais os tempos necessários para percorrer a mesma distância, nas duas expe-
riências, as acelerações .devem ser iguais entre si:
(sen0< - µ.coSO<) g = g sen JI
de modo que:
µ. = sen0< - sen/j
COSO<

212 213
-.~,.-\~""'"'--"v~.- ''--.~,,,,_..,,

J
-.-----·

EXERCfCIOS
EXERCICIOSPRELIMINARES ISOLAMENTO DE CORPOS

Nos sistemas representados nas fig. 1 a 1O, isolar cada um dos corpos. Quanto ao estado 1 Mostre, no exemplo da pedra que cai, que a velocidade da Terra no.RCM é efetivamente
de movimento (acelerado ou não) ou de repouso dos.sistemas, qualquer hipótese podera ser feita,
da ordem de 10-••m/s, se a velocidade da pedra for da ordem de 10 1 m/s.
desde que coerente com os dados e os vínculos representados.
2 Mostre que m/s' e N/kg são dimensionalmente equivalentes.

3 A massa total de um foguete Saturno V, na plataforma de lançamento, é 2,9 · 1o• kg. A


força total exercida pelos cinco motores do primeiro estágio é 3,3 · 10' N. Qual é.a aceleração do
foguete ao deixar a plataforma?
2
F
4 Avalie a ordem de grandeza da força que sua mão exerce sobre'uma pedra que você
arremessa verticalmente para cima.

5 Suponha qn você pule de um muro de 2,0 m de altura. Avalie o valor da força média
que o chão exerce &-Obre seus pés, ao aterrissar.

4 6 Arrasta-se um caixote de 30 kg sobre um chão horizontal por meio de uma corda incli-
nada de 300 acima da horizontal. Qual é a força que é preciso exare!"" para manter o caixote com
3 ~~ velocidade constante, sabendo-se que o coeficiente de.atrito entre o caixote e o chão é 0,4?

~~ 7 Em relação ao exercício precedente, qual deveria ser o ângulo da corda com a horizontal
para que se possa arrastar o caixote com a menor força possível? Quanto vale o módulo dessa
força?

8 Uma bola de sinuca tem massa de 0,20 kg. Uma tacada comunica à bola uma velocidade

f " de 3,0 m/s. Sopondo-se que a força média exercida pelo taco sobre a bola tenha o valor de 60 N,
quanto tempo durou o contacto entre a bola e o taco?

5 ~
~
6 9 A velocidade de determinado objeto que se movimenta em linha reta em um meio

'
viscoso é da forma:
,;.:; t
v = v0 (1 - exp - - - )
to
Sendo m a massa do objeto, ache a expressão da força total F = Fltl que age sobre ele.

~ ·~
~
10 O disco de massa M pode deslizar sobre a mesa com· atrito desprezível. Qual deve ser o
valor da massa suspensa m para que o disco tenha um movimento circular uniforme com raio r e
7
velocidade v7 ·

"• . . "7,

~M
"1......~ 1

~=«< =~~
9 1

~ff~ m
"
215
214
11 Um caixote se encontra sobre a plataforma de um caminhão que anda a 60 km/h. O 21 A velocidade limite atingida por um paraquedista em queda livre (antes de abrir o
coeficiente de atrito é 0,40. Qual é a menor distância em que o motorista poderá parar o paraquedas) é da ordem de 1,2 • 102 km/h. Avalie o valor da resistência do ar, nessa velocidade.
caminhão sem que o caixote deslize?
22 Um fio homogêneo de comprimento li e massa m está suspenso por um suporte fixo no
12 Uma bola de massa m = 1,0 • 1o-• kg está caindo livremente. Êm determinado instante, =
laboratório. Expressar a tensão T T(x) do fio, em função da distância x ao suporte.
a velocidade da bola é 20 m/s: Determine a torÇa vertical necessária par11 que a bola pare:
a. em 2,0 s;. 23 Qual é a força com que você deve puxar para cima um barbante ao qual está presa uma
b. em 2,0 m. pedra de 1,0 kg para que a aceleração da pedra seja igual a 9,8 m/s 2 7 (~ = 9,8 m/s2 _).

13 Achar a aceleração do sistema representado na figura, supondo·se desprazíveis todos os 24 Você anda no seu automóvel a 40 km/h. Vendo um obstáculo à sua frente, voCê freia.
atritos (g"'" 1O m/s2 ). AdlTlli:a que o coeficiente de atrito dos pneus com a estrada seja 0,6. Qual é a distância percorrida
i>elo carro até parar? ·

25 Você está em pé sobre uma balança de banheiro, em um elevador. Qual é a inclinação da


balança quando o elevador:
a. sobe com velocidade constante de 2,0 m/s?
m 2 = 0,30 kg b. desce mm velocidade constante de 2,0 m/s7
e. sobre com movimento uniformemente acelerado la = 1,b m/s2 )?
d. sobe com movimento uniformemente retardado (a = -1,0 m/s2 )7
=
e. desce mm movimento uniformemente acelerado (a 1,0 m/s2 )?
f. desce mm movimento uniformemente retardado (a= -1,0 m/s2 )7

26 Em qual dos dispositivos representados será maior a aceleração da massa m 1 7


Qual é a maior aceleração que pode ser obtida em cada caso? (os atritos e as massas das
14 A cabine de um elevador de carga tem massa M. A carga transportada tem massa m. Qual roldanas são desprazíveis)
é a aceleração máxima. do elevador, sabendo-se que a tensãc:i máxima permitida para o cabo de
suspendo é seis vezes o peso total do elevador?

15 O passageiro de um aviio pendurou seu guarda-chuva ao encosto da poltrona da frente.


Q.iando o avião. está decolando, observa que o guarda-chuva estâ deslocado para trás em relação à
vertical e avalia em 300 o ângulo do desvio. Qual é, aproxi1111Ídamente, a aceleraçio do aviio?
m2 m2
16 O P&ssageiro de um trem. ao almoçar no vagão-restaurante, avalia em 0,3 o coeficiente de a b e m2
atrito do prato com a mesa. O trem pára numa estação, e durante o período da parada, o prato
não deslizou sobre a mesa. O que se pode dizer do valor da aceleração do trem, ~ parar?

17 Uma moeda largada sobre um plano inclinado de 300, com velocidade Inicial nula, 27 No p4ndulo cônico (ver figura) a bola do pêndulo descreve uma circunferência horizon-
percorre 1,0 m sobre o plano antes de atingir um plano horizontal feito do mesmo material que o tal com movimento circular uniforme. Expresse a velocidade angular w em função deg, ll e 9. A
plano i ncll nado. que condição deve satisfazer w para que o sistema possa realmente se comportar como pêndulo
- • A moecia percorre 0,50 m sobre o plano horizontal, até parar. cônico?
Q.ial é o coeficiente de atrito entre a moeda e os planos? (g = 9,8 m/s 2 ).

18 ·um trem percorre urna curva horizontal de 3,0 • 102 m de raio. A mala de um passageiro
se encontra sobre o chão de um vagão. com um coeficiente de atrito de 0,30. Qual 6 a velocidade•
máxima que tinha· o trem ao fazer a curva, sabendo-se que a mala não deslizou sobre o chio do
vagão?

19 O maquinista de um trem começa sempre a frear a coll)posição 5,0 • 102 m antes da


estação em que vai parar.
Antes de ontem a massa da composição era 5,0 • 10 5 kg e andava a 60 km/h.
Ontem a massa era 1,0 • 106 kg e o trem andava a 30 km/h. Como se comparam as forças
médias exercidas pelos trilhos sobre o· trem nos dois casos?

20 Avalie a tensão da corda à qual você amarrou uma pedra, e que você faz girar por cima de
sua cabeça.

216 217
·~
QUESTÕES CONCEITUAIS

1 Mesmo se fosse possível colocar-se no (RCM) do sistema Terra·pedra, você acha que seria
8
possível se verificar experimentalmente que o momento linear total do sistema é nulo, nesse '//í//////////////////////////////////llff/ll/l/l//l/l//l/1.
referencial?

2 No. capítulo 3, dissemos que a Terra constitu la um referencial razoavelmente inercial F


por ser muito pequena a sua aceleraÇão em relação ao referencial Sol-estrelas. Na seção 6. 1 deste

"""'"""~-------~-
capítulo, dissemos que o referencial terrestre pode ser escolhido para estudar o movimento dé
uma partícula que interage com a Terra, desde que ignoremos os problemas relativos à conser-
vação do momento linear. ------
Nx

Estabeleça claramente e detalhadamente as analogias a as diferenças entre as duas afir· Ny


mações sagu.intes: · ·

a.a Terra pode ser tomada como referencial inercial para estudarmos a interação de duas
partlculas (por exemplo dois carrinhos sobre um trilho da ar); 1 O Numa prova, a seguinte pergunta foi proposta:
"um automóvel descreva uma pista circular horizontal com velocidada (escalar) cons-
tante, no sentido da seta (figura 1 ). O automóvel sofre· a ação da resistência do ar. Qual é a
b. a Terra pode ser tomada como referencial inercial para estudarmos a interação de uma resultante de todas as outras forças? "
partícula com a Terra (por exemplo movimentá de um projétil). Entre todas as opções propostas, a mais "votada" foi a da figura 2.
Critique a. !15C<>lha. Se estiver errada, proponha a solução que você ~~har certa.
3 A partir do modelo e do gráfico da figura 7, explique como se consegue quebrar um
sólido.

4 No exemplo 2 da seção 6.4.dissemos: "se amarrarmos uma bola na extremidade de um


fio que se supõe inextensível ... ". Comente criticamente essa suposta inextenSibilidade.

5 Se você atrita com a mão uma bola de borracha (daquelas coloridas que sobem quando se
largam), você consegua fazê-la "cantar". J
l;xplique (qualitativamente) o que está acontecendo.
0
6 Comente a afirmação seguinte: "sem atrito, a vida seria impos~ível".

7 Uma esfera de aço cai dentro de um líquido viscoso (61eo lubrificante por exemplo), com
velocidade inicial nula.

'
Qual. é o gráfico v \IS t do movimento (Somente se pedem os aspectos qualitativos do
gráfico).

8 Uma esfera de aço é projetada para baixo, dentro de um líquido viscoso (61eo lubri-
ficante por exemplo), com uma velocidade inicial maior que a velocidade limite de queda da
0
esfera no 1íquido.
Qual é o gráfico v vs t do movimento (Somente se pedem os aspectos qualitativos do
gráfico).
11 Na mesma prova, propunha-se determinar as forças que agem sobre o tijolo do meio de
uma pilha de três tijolos, quando se exerce urna força de tração sobre aquele tijolo intermediário;
9 Para empurrar um caixote sobre um piso horizontal, exerce-se uma força F, como mostra sabe-se que o conjunto se desloca em bloco para a direita, com velocidade constante (figura 1 ).
a figura 1. Na hora de identificar as forças que agem sobre o caixote, um aluno propôs a solução Uma das soluções propostas foi a da figura 2.
da figura 2. Critique essa solução. Critique, corrigindo-a se for necessário.

218 219
T

0
2

T
15 ·o.iim:l8 cair duas cail(as da fósforos empilhadas uma sobre a outra. Supondo-se deipre-
zlvel a rasistêncie do ar, qual é o valor da_ força de contacto entre as duas caixas?

16 Arrastando uma .cadeira sobre um chio horizontal por ma.ia de uma força constante,
® você observa que a velocidada da cadeira é constante. Comentando situaç6as análogas, Aristóteles
dizia que uma força constante aplicada a um corpo produz uma velocidada constante.
Comenta criticamente.
12 o objetei representado nas duas figuras é um caixote Sobra um piso horizontal.
Quais slo as perguntas que você acharia relevantas ou intar-ntas, a respeito das situa-
ç681 experimentais asquamatizadas nas figuras? 17 Queima-se o fio de suspensão do sistema. Qual é, imtNliatamente depois da queimar o fio,
Falta uma, ou várias dessas perguntas, resolva o problema, isto é, responda às perguntas. a acelaraçio da ~a uma das bolas?
A determinação ou a avaliação das grandezas r.alevantas é da sue r11ponsabilidada.
0;

13 ,Situaçio experimental propoita: um caixote 18 encontra sobrit e plataforma da um


caminhão. O caminhão arranca (a estrada é reta a horizontal).
apanhando-a de nOllO na descida.
'm
18 Você lançm verticalmente para cima uma pedra que 18 ancontralia na palma da sua iM"o,

Faça paio menos uma pergunta relevanta. Rasponda e ma pergunta. Você deverá avaliar Construa um gnlfico qualitativo da força total que aga sobre a pedra, em funçio cio tam-
os valoras dos parimatros rel8"8ntas. po, entre o instante em que 18 inicia o movimento da mio, na fase da lançamento, atê o instante
em que a pedra ~ imobilizou da·now na sua mio.
(Força para cima positiva; para baixo '!911ativa.)

1Ei voei est11 em pé sabre uma balança de mola !tipo balança de banheirol segurando uma
mala por cima da sua cabeça (fig. 11.
Voei estica os braços, suspendendo a mlla o mais que midar, mantendo-a imobilizada
nessa posição (fig. 21.
· Construa um grdfico qualitativo de leitura da balança em função do tempo •

220
14 Comenta criticamente a afirmaçio seguinte:
"se nio houver !!trito entra o bloco 111 e a m111, a acelaraçio do conjunto ~ igual a g". .. I Fig. 2

221
20 Suponha que a Lua tivesse uma atmosfera semelhante à nossa e que uma colônia da Ter- 24 Voêê está andando normalmente sobre um piso horizontal. Na fig. (a), o pé da ·perna da
ra tenha se estabelecido lá. O valor do cal"(lpo gravitacional lunar 6 somente 1 /6 do valor do campo frente está entrando em contacto com solo. 'Alguns instantes mais tarde, a mesma perna terá
terrestre. passado a ser a perna de trás e a fig. (b) representa o pé no instante em que ele vai perder o
Supunha tamb6m que voei faz parte da primeira leva de "colonizadores". contacto com o· solo..Represente as forças que o chão eitá exercendo sobre o pé em ambos os
Sià citados a 19guir alguns fatoi, incidentes, situações da vida diária. Comente as posslveísseine- casos.
lhanças ou diferenças que voei riotaria e respeito desses fatos, fenômenos • • • na Terra e11a Lue:
a. Voei se pesa todos os dias na balança do benliei~o.
b •.Voce joga futebol.
c. Voei esbarra num caixote de areia.
d. Voei quer tirar o éaixote do caminho, pera não esbarrar nele.
e. Numa aula de Física, você quer comunicar a um carrinho sobre um trilho de ar uma ace-
leração de .2~ rri/s• plixarido-o por uma inola.
finalmente, um antropólogo faz algumas previsões de como evoluirá o "homem lunar",
prevendo as modificações que poderiam ser notadas dentro de dez ou vinte gerações.
25 Dois "tifolos" de madeira estão sobre uma mesa· horizontal. Você puxa o conjunto pelo
21 Três "tijolos" de madeira, de mesma massa, estão empilhados sobre uma masa horizontal ~istemefio-polia; como mostra a figura. Qual dos dojJl.blocos entra.primeiro em movimento?

.
de madeira. ·
Pode-se puxar qualquer um dos três blocos, horizontalmente, com um fio amarrado a um
gancho. vista de cima

~
wa---()
Suponha então que se exerce uma tração crescente sobre um bloco, até que algo acon-
teçà (isto é, até que o sistema deixe de estar em equil !brio astático). O que vai acontecer? Os três
blocos vão entrar em movimento juntos; ou somente dois; ou somente um? Estude os três casos
eosslveis. .

~~. El--+
W/ff///////7////7/////~
vista de lado

26 Um çonhecido seu está tentando empurrar um caixote sobre um piso razoavelmente liso.
Ele empurra horizontalmente e·vocit observa que começa a deslizar (para trás) antes do caixote
começar a andar (para frente>. Qual é o conselho que você daria para que consiga movimentar o
caixote (en:1JUrrando-o) sem que ele próprio deslize?
22 A figura representa uma mesa e uma toalha com um prato por cima. Daiido-se entio uin
puxão violento à toalha, é possível tirá-la de baixo do prato sem que este caia.
Ouio violento deve ser o puxio?

XI Uma bola de pingue-porlgue é lançada para cima com velocidade de algumas dezenas de
23 Coloque um maço de cigarros, ou uma caixa de fósforos, no meio de uma folha de papel metros por Segundo. Nessas circunstâncias, a resistência do ar é rl!levante para o movimento da
(pelo menos tamanho ofício) situada sobre uma mesa horizontal. Dê um puxio rápido e curto à bola?
folha de papel. · Construa um gráfico velocidad~tempo do movimento. Embora se peça um gráfico qua·
Observe e descreva em detalhes o que acontece ao maço de cigarros. Explique. litatiilO, você deverá assinalar os aspectos quantitBtivos possíveis.

222 223
28 Na posição indicada (plataforma e corpo. A com velocidade v 0 I o bloco suspenso cai PROBLEMAS:
sabre a plataforma. O atrito entre a plataforma e a mesa é desprezível.
Construa o gráfico velocidade-tempo da plataforma, a partir do instante em que o bloc;o
cai, nos três casos seguintes:
a. O atrito entre o bloco e a plataforma é desprez fvel.
b. O atrito entre o bloco e a plataforma é relevante porém insuficiente para que o bloco A massa de um trem é 4,0 • 102 toneladas. As rodas motoras sustentam uma fração de
chegue a imo.bilizar·se em relação a plataforma. · massa da locomotiva equivalente a 30 toneladas e o coeficiente de atrito com os trilhos é 0,20.
c. O atrito entre o bloco e a plataforma é suficiente para que o bloco se imobilize em O trem parte do repouso sobre um trecho horizontal. ·
relação a plataforma. · Mostre que, 1,0 min. depois da partida, a velocidade do trem será certamente inferior a
um valor que se pede determinar. (g ~ 10 m/s 2 ).
Resposta: v < 9,0 m/s.

-- ~
2 Um automóvel parte do.repouso, debreado, sobre uma estrada retil fnea em descida, com
v •. uma inclinação de 1,0_%. ·
A velocidade limite atingida pelo carro é de 72 km/h. Supondo-se que a resistência ao
m movimento é proporcional ao quadrado da velocidade, qual foi a distância percorrida pelo carro
· até a sua velocidade atingir 36 km/h? (g ~ 1 O m/s 2 ).
Resposta: 5,8 • 102 m.

3 .Um bloco de madeira é lançado para cima, com velocidad& de 10 m/s, ao longo de um
m plano inclinado a 450.
O coeficiente de atrito entre o bloco e o plano é 0,40.
A Com que velocidade'o bloco volta ao ponto de lançamento?
Resposta: 6,5 m/s.

4 TRABALHO EXPÉRIMENTAL
Procure uma mola espiral de boa qualidade e calibre-a, isto é, meça o alonf!Bmen~o da
mola em função do peso suspenso, levando-se para um gráfico os resultados obtidos. O melhor
procedimento e><perimental consiste em ir aumentando gradativamente o peso suspenso, ano·
tendo-se os alongamentos correspondentes, até um mbimo que você mesmo deverá escolher;
diminuir a seguir o .P8SO suspenso de modo a passar pelos mesmos valores, mas agora em sentido
contrário e anotando-se sempre os alongamentos correspondentes.
Interprete o gráfico obtido.
Coniente criticamente os pontos seguintes:
a. é possível que o gráfico "de ida" (isto é, aumentando-se o peso) difira do gráfico "de
volta" listo é, diminuindo-se o peso). Qual é o significado disso?
b. A mola tem massa própria. Qual é a influência dessa massa quando se utiliza a mola
calibrada para medir outras forças, que não sejam necessariàmente pesos susP.nsos?

5 Para velocidades malores que alguns cm/s, a resistê.ncia do ar ao movimento de uma.


esfera tem módulo igual a (1 /21 C ir r' p v' em que o coeficiente C vale 0,45 para as velocidades
que consideraremos aqui;. r é o raio da esfera, p a massa especifica do âr (1,3 kg/m 3 ) e v a
velocidade da esfera em relação ao ar. ·
a. Avalie a velocidade limite de queda de uma bola de pinguit-pongue.
b. Avalie a velocidade limite de quilda de uma gota de chuva.
Explicita as suas hipóteses de trabalho e as aproximações feitas, se for o caso.
Resposta: a. 3.101 m/s; b. ·10 1 m/s

6 Um bloco de madeira está em equil fbrio sobre uina mesa horizontal, ligado a quatro
elásticos qué exercem sobre ele as forças mostradas na figura.
a. Qual é a componente de atrito estático exercida pela mesa sobre o bloco 7
b. O elástico da esquerda se parte. Você acha provável que o bloco entre em movimento?

224 225
Finalmente, sugerimos algumas perguntas que você poderá achar relevantes, convi-'
dando-o a achar outras.
a. Se os freios do carro da frente são piores que os seus, a sua tabela é alterada?
b. A tabela que você construiu confirma a regra empírica enunciada no início (um com-
primento de carro para cada 15 km/h)?
5,0 N
11 Neste problema, pede-se que você analise dados experimentais fornecidos.
Você está seritado numa sala fechada que gira em torno de um eixo vertical.
3,0 N Na sua frente está uma "mesa de. ar" horizontal sobre a qual flutua um disco de massa
1,0 kg, com atrito desprezível.
Você realiza três experiências com o disco.
a. Colocando-se ;:i disco em A, você deve exercer uma força de 0,50 N dirigida para B, para
mantê-lo em repouso em relação à mesa. (A força é medida por uma mola calibrada amarrada ao
Resposta: a. 7,1 Na 45° da força de 3,0 N, entra essa força e a de 5,0 N; .disco).
b. a componente de atrito conserva o mesmo mbdulo, mudando a direção. b. Colocando-se o disco em B, você deve exercer uma força de 0,25 N,dirigida para A,.para
mantê-lo em rep~uso em relação à mesa.
c. Você coloca o disco a 40 cm de A, entre A e 8, comunicando-! he a seguir uma pequena
7 Lê-se num folheto destinado a aconselhar os motoristas: velocidade inicial em direção a A: você observa que o disco, em vez de se dirigir para A, desvia-se
"Nenhum veículo pára instantaneamente. Se um carro anda, por exemplo, a 30 m/s, ele' para a direita.
necessita pelo menos de 80 m para parar. Dessês, os primeiros 20 m correspondem ao "tempo de Quais sio as informações que você pode deduzir dos dados acima, quanto ao movimento
decisão". Os restantes 60 m representam a distância efetiva da freada". de rotação da sala?
Quais são as informações que você pode extrair do trecho acima? Explicite claramente
as hipóteses, simplificações, etc .•. que você faz para chegar às suas conclusões.

8 Diz·se muitas vezes gue "a trajetória de uma bola de golfe é determinada muito mais pela
resistência do ar que pela gravidade".
Discuta essa afirmação.
Alguns dados:
B
a. a massa de uma bola de golfe é de 4Éi g; A
·---- o' SOm. ...
b. medidas efetuadas por meio de radar mostraram que, em vôo praticamente horizontal, a
velocidade de uma bola de golfe decresce de 40 m/s pará 20 m/s em 3,0 s. .

9 Um pedestre foi atropelado por um carro que deslizou 50 m, rodas bloqueadas, ao longo
de uma rampa de 5% (e para baixo). A velocidade limite, na zona, é de 40 km/h. O motorista
Resposta: centro de rotação a 40 cm de A; w = .1.1 rad/s; rota?o positiva.
afirma que ele não estava andando acima do limite.
Você é chamado pela polícia rodoviária para ajudar a decidir se o motorista tem ou não 12 Avalie a força média exercida por metro quadrado de um telhado horizontal, durante
tem culpa. uma violenta pa~cada, de verão. Qual é a influência do "fator inclinação" no caso do telhado ser
O que você vai fazer? inclinado?
Observação: Como seria modificada a .resposta precedente se a chuva fosse uma chuva de granizo?
Numa rampa de 5% desce-se de ·5,0 m verticalmente, ao andar 100 m ao ao longo da Avalie (em ordem de grandeza) a força retardadora que essa chuva exerceria sobre um
rampa. carro em movimento.

1 O Uma das regras empíricas para se garantir uma certa segurança nas estradas, ií que, ao 13 Você CtJla as extremidades de um palito nos centros de duas moedas de 20 centavos com
andar-se de automóvel, deve-se conservar uma distância do carro que anda à frente igual a um um pouco de araldite. A seguir, você dispõe o conjunto, radialmente, sobre o prato de um
comprimento de carro para.cada 15 km/h de velocidade. (Se, por exemplo, se anda a 60 km/h, a toca-disoos, de modo a que a distância do centro à moeda mais próxima seja igual ao com-
distância mínima que se deve conservar é de quatro comprimentos d!l càrro.) primento do palito (7,0 cm). O coeficiente de atrito entre as moedas e o prato é igual a 0,5.
'Avalie a desaceleração máxima que se pode impor a um carro, freando-o mas conser- Qual é a velocidade angular máxima que se pode dar ao prato para que o sistema não
vando absoluto controle sobre o carro. deslize?
Avalie o seu "tempo de decisão", isto é, o intervalo de tempo que separa o instante em, 1 1
·que você vê acenderem-se as lânternas traseiras do carro que vai à frente, indicando que o !"*---- 7,0 cm----~
.motorista freoú e o instante em qÚe você piSa no freio do seu carro. ,. • 1
A seguir, utilize as avaliações feitas para construir uma tabela indicando a distância:
mínima que você deve observar, em função da velocidade. t.r/.//.////À VZZ/J7777J

226 227
Qual é o coeficiente de atrito mínimo que evitará a derrapagem?
1 (v2 -v 0 2 l sena cosa

t+~om
Resposta:
~ cos 2 a + v sen 2 a

18 Num carrossel de parque de diversões (ver dimensões relevantes na figura), qual é o valor
l ~,Ocm do ângulo a para uma freqüência de - 1-
6
RPS7

3,0m

Resposta: 'V 1 RPS

14 Você lança uma bola ve.rticalmente para cima com uma velocidade suficiente para que a
resistência do ar seja relevante. Essa resistência é proporcional ao quadrado da velocidade da bola.
Estude CO!"O varia â força total exercida sobre a bola em função da posição (altura) entre o
lançamento e a volta aó ponto de.partida.

15 Quando um peão quer segurar um novilho que laçou, enrola o laço em torno de um
mourão; basta agora uma força pequena para segurar o animal. Há inúmeros exemplos análogos ~
·que você conhece. O problema é: supondo-se conhecido o coeficiente de atritoµ entre uma corda
.e um cilindro fixo e sendo a o arco de contacto entre a corda e o cilindro, determine a menor' Resposta: a ·~ 25º
força f que, aplicada nuína extremidade da corda, equilibra a força P exercida na outra extre-
midade.
19 Dois chumbos de pesca de mesma massa são amarrados a um fio de náilon e faz-se girar o
Resposta: f = F exp (-µa)
conjunto err1 torno do eixo vertical passando por
O (OA = AB =li); de maneira que OA e AB
permaneçam no mesmo plano vertical. Seja w a freqüência angular de rotação. Dois modos são.
possíveis: (a) e (b) nas figuras.
16 Uma Corrente fleic fvel de comprimento li é largada na posição representada na figura. O
coefici11nte de atrito entre a corrente e a mesa horizontal é µ. Qual é a velocidade ela corrente
quando o último elo sai da mesa? (Sugestã'o: "estique" a corrente horizontalmente e aplique nas
extremidades forças varidveis com a posiçã'o. Quais são essas forças?)
ª1
li-d 1
1
1
,-
----1-----,
1 1
d , ____ J__.,._,,
PI I

.,---
1
_,- ---1---------
1
1
',
':
,_J __\ B

Resposta: v2 = (g/11)_((1-µ)2 + (1+µ)dllll-d) ªl' 11


,/ •' 1
'----1-"'
,

',, ,.--- -- 1
--------1--- 1
17 A curva de uma pista de corridas é compensada (ânguio a com a horizontal) de modo 1 1
que a derrapagem lateral seja impossível para uma certa velocidade v0 • Um carro entra ria curva. b
"com velo.cidade v > v0 • a

228 229
a. mostre que 22 Lança-se uma pedra de massa m verticalmente para cima, com velocidade 110 • A resis·
tência do ar é proporcional ao quadrado da velocidade, sendo da forma f = -kv 2 •
tga =k (sena+ +_seni;l)
Com que velocidade a pedra retorna ao ponto de lançamento?
Resposta: v 0 (1 +kv 0 2 /mg) -%
t~ = k (sena+ senjJ),

w' Q :.
em que k =-.--·· 23 As massas m 1 = 0,20 kg e m, = 0,10 kg estão ligadas entre si por uma haste rígida de
g
massa muito pequena .. Sendo 0,35 e 0,25 respectivamente os valores dos coeficientes de atrito das
b. Estude o caso em que os ângulos a e i:i são pequenos. Mostre que nesse caso, somente o
duas massas com ·o plano, qual é valor da aceleração do c<:mjunto e o valor da tensão (ou da
dois valores de w são possíveis. Faça a experiência e compare os valores experimentais de w com compressão) da haste?' (g = 9,8 m/s2 ).
os valores previstos pelo seu modelo. Resposta: 2,2 m/s 2 ; cÓmpressão de 5,7 • 10-2 N
20 Um brinquedo consiste em uma haste vertical AB (AB =li) nas extremidades da qual está
,amarrada uma corda fina de eomprimento 2Q. Uma bola furada pode deslizar livremente ao longo
da corda. Segurando-se a haste pelo cabo, pode-se imprimir um movimento de rotação rápidoº ao
'fio, cujas extremidades rodam li'(remente em A e B.
A bola descreve então uma circunferência em um plano horizontal.
Determina a distância y entre esse plano e a extremidade superior da haste.

<: . .--------
y i l

24 No si5tema representado na figura, a polia tem massa desprazível.


', ___ _
.... 1
1

A partir da posição indicada (massas em repouso sobre o plano horizontal; fio esticado 1
exerce-se a força constante vertical F sobre a polia. Quais são as acelerações das massas m 1 e
m, 7 (m 1 < m,).

cabo
Resposta:
1 4 g 8g
y=--Q+
w2
(w2 >-l
2 3 32
21 No sistema representado na figura, a polia tem massa desprezível, pode girar livremente
em torno de seu eixo, e está sendo acelerada para cima com aceleração a. Sendo
71 1 = 1,0 • ·10-• kgem 2 = 2,0. 10-i kg, observa-seque a massam 1 permanece parada no labo-
ratório. Qual é o valor da aceleração a? (g = 9,8 m/s2 )
m. m,

Resposta:
a. F < 2 m 1 g: aceleração nula.
b. .2m 1 g <F < 2m 2 g: a, = (F/2 m, )-g; a 2 =O:
c. F > 2m 2 g; a 1 = (F/2m 1 )-g; a 2 .. (F/2m 2 )-g

m, 25 Supondo-se que;, pistão P, de massa m, se move livremente dentro do cilindro (C) qual é
a componente horizontal (ao io·ngo de 08) da força que a biela AB, de comprimento '11, exerce
m, sobre o pistão? A manivela OA, de raio r, gira com ve.locidade angular constante w em torno do
Resposta: 4,9 m/s' eixo fixo O.

230 231
--....... y
(c)

-õ+------~
1 ,
º
---
X

Qual é a expressão dessa força se _r_ << 17


S!
Resposta: x =r 0 exp ( ~ )
Resposta: se r/2 << 1, Fx ""-mw 2 rcoswt V

29 Sendo desprezíveis os atritos entre o bloco (massa 1,0 kg) e a cunha (massa 2,0 kg) por
um lado, e entre a cunha e o plano inclinado por outro lado, qual é a aceleração do bloco?
26· Um recipiente tem forma de um parabolóide de revolução, com eixo vertical. Sua seção (g=9,8 m/s2 ).
meridiana, em relação ao eixo (Oy) e a uma tangente horizontal no fundo do parabolóide (Oxl
tem equação y = 0,82 x• (m). Com ·que velocidade anqular deve o reéipiente girar em torno
de seu eixo para que uma bolinha de aço permaneça em .equil lbrio em relação ao recipiente em
qualquer ponto de sua superfície interna? (g = 9,8 m/s'l.·
Resposta: 4,0 rad/s.

~
'27 O sistema de controle de uma máquina consiste no dispositivo representado na figura.
Um bloco pequeno desliza com atrito desprezível ao longo da face hipotenusa de uma
, cunha mantida fixa sobre um plano horizontal. Assim que o bloco se imobiliza ao atingir a
lingüeta de retenção L, comunica-se à cunha uma aceleração horizontal a que faz com que o
bloco suba ·agora ao longo da mesma face e atinja o topo no mesmo intervalo de tempo que ele
levou para .descer. Qual é o valor de a?.

45°'

Resposta: 5,9 m/s 2 , vertical

30 Este prol>l9ma estuda novamente a situação experimental da questão conceituai n. 0 28.


Sejaµ o coeficiente de atrito entre o bloco (massa m 1 ) e a plataforma (massa m 2 ). O
a atrito entre a plataforma e a mesa é desprezível.

'/

Resposta: 2g tga

m,
28 Com os eixos indicados na figura, qual deveria ser o perfil de uma pista circular de
corridas de bicicletas para que não haja risco de derrapagem quando os ciclistas estão girando com
determinada velocidade v?

232
233
a. qual é a condição para que, logo após o bloco cair sobre a plataforma, o movimento
desta seja desacelerado?
b. Supondo-se satisfeita esta condição, a velocidade da plataforma pode chegar a anular-se? 34 O coeficiente de atrito entre a cunha e o bloco de massa m éµ.. Qual é o valor da maior
Resposta: .a. _m 3 <um,: b. nãci aceleração horizontal a que se deveria comunicar à cunha para que o bloco esteja na iminência de
entrar em movimento ao longo da face da cunha, para cima? Dados numéricos: a·= 30°; µ 0,60;=
31 No sistema representado na figura, m, = 2,0 kg; m 2 = 0,20 kg; m, = 1,0 kg. =
.lg 9,8 m/s 2 ).
A:; polias têm massas desprezíveis e giram livremente ·em torno dos seus eixos. (Resposta: 18 m/s 2 ).
Oual das três massas tem aceleração (para baixo) maior que g7
Qual é o valor da aceleração da massa m 3 ? (g = 9,8 m/s2 ).

m2, 35 As duas, experiências representadas nas figuras foram realizadas com os mesmos blocos
(1) e (2). e a mesma mesa horizontal. m, = 1,2 kg; m 2 = 2,4 kg. Na experiência (a), o sistema
estava na iminência de entrar em movimento com a massa suspensa m 3 = 1,2 kg. Na experiência
(b). o sistema estava na iminência de entrar em movimento com a massa suspensa m 4 = 1,5 kg.
Qual é o valor do coeficiente de atrito entre os blocos (1) e (2)? Entre o bloco (2) e a
Resposta: a. m_, ; b. 5, 7 m/s2 mesa?

32 Um trem de 5,0. 102 toneladas anda com velocidade constante sobre trilhos horizon-
tais e retilíneos.
Em dado momento, os três últimos vagões, cuja massa total é 1,0 • 102 toneladas, (a)
desamarram-se do trem por ruptura de um acoplamento.
O maquinista percebe que os vagões se soltaram e corta o vapor, mas não freia (a partir
desse instante, portanto-, a locomotiva não exerce mais ·tração sobre o trem). Entre o instante em
que os vagões se soltaram e o instante em que o vapor· foi cortado, o trem andou 2,4 • 102 m.
A que distância do trem se encontrarão os vagões soltos, quando o trem parar?
Resposta: 3,0 • 10 2 m.
3

33 Seguem-5(1 alguns dados relativos ao Boeing 707:


a. massa na decolagem: 1, 1 • 10 5 kg; (b)
b. empuxo de cada uma das quatro turbinas: 7,7 • 104 N;
c. velocidade de decolagem: 72 m/s (= 2,6 • 102 km/h).
A partir desses dados, avalie o tempo de pista e a distância necessária para que o avião
decole.
(O tempo medido é da ordem de 35 s; se o tempo calculado diferir significativamente
deste, qual será, possivelmente, a razão da discrepância? l 3

234 235
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Capítulo 7 Capítulo 7
TRABALHO E ENERGIA, 289 TRABALHO E ENERGIA
Capftulo 8
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA. 239

INTRODUÇÃO
Energia é o que permite executar tarefas: subir pela escada, cozi-
nhar alimentos, tornear peças, rodar os motores de uma oficina, escavar
terra, construir prédios, viver ... todas essas tarefas requerem energia.
Essa energia é produzida pela queima de algum combustível: car-
vão, gasolina, alimentos, combustível nuclear, etc ...
A energia manifesta-se sob várias formas: mecânica (a energia de
uma locomotiva em movimento, ou de uma mola comprimida), elétrica
(a que se consome nas lâmpadas e nos motores), química (a da gasolina,
nos motores jos automóveis) etc ...
A energia pode transformar-se de uma forma para outra: o atrito
transforma energia mecânica em energia interna,* um campo magnético
pode transformar energia mecânica em energia elétrica, etc ...
No entanto, acredita-se que a soma de toda a energia disponível no
Universo permanece constante; toda a evidência experimE1ntal acumulada
até hoje leva à conclusão de que a energia pode mudar de forma, mas que
ela se conserva.
Neste capítulo investigaremos os mecanismos de transformação ou
de transferência da energia mecânica e aprenderemos a medir a quanti-
dade de energia transformada ou transferid~.

*Por razões que serão expostas no vai. 2 desta série,' preferimos utilizar a expressão "e11ergia in·
terna" em vez da mais freqüentemente encontrada "energia térmica".

239
7.1 CONCEITO DE ENERGIA CINÉTICA cinética: podemos imaginar um processo extremamente lento, em que a
EXEMPLO 1 energia cinética do tijolo seja sempre muito pequena, mas que acabará
Cravar as estacas para as fundações de um edifício pode certa- colocando o tijolo no seu lugar, em cima da parede.
mente ser considerado como uma tarefa. Realiza-se essa tarefa pela queda Observamos entretanto que a posição do tijolo mudou. Ele agora
de um objeto de massa considerável (o bate-estacas): ao cair sobre a está mais alto. Qual é a diferença que isso faz quanto à capacidade de
estaca, o bate-estaca está em movimento; uma fração de segundo mais realizar tarefas? ·
tarde ele estará em repouso sobre a estaca, mas esta terá penetrado alguns Em primeiro lugar, podemos empurrar o tijolo: ele cai. Na queda
centímetros no solo. Parte da tarefa foi assim realizada. vai adquirindo energia cinética. Ao chegar ao solo ele é capaz de realizar
EXEMPLO 2 tarefas (nem que seja a tarefa de quebrar-se).
Reduzamos a escala do problema precedente. A estaca é um prego; Quanto maior a altura inicial do tijolo, maior será a energia ciné-
o bate-estaca é o martelo. O martelo em movimento é capai de realizar a tica que ele terá ao chegar ao solo: maior será sua capacidade de realizar
tarefa "pregar o prego na tábua". tarefas. Podemos também imaginar um dispositivo semelhante ao da fig.
EXEMPLO 3 1: ao cair, o tijolo realiza a tarefa que consiste em suspender outro corpo
Passar por cima de uma vara na prova de salto em altura constitui ~
uma tarefa. O atleta consegue realizá-la graças (em parte) à velocidade
-
que adquiriu antes de dar o salto.
EXEMPL04
Derrubar um edifício é também uma tarefa. Uma maneira comum
de realizá-la é bater nas paredes do prédio com a bola pesadíssima de um
gigantesco pêndulo.
Esses poucos exemplos e muitos outros facilmente encontráveis
mostram que um corpo em movimento tem a capacidade de realizar
tarefas. Diz~mos que esse corpo possui energia cinética (ou energia de
movimento).
É somente na seção 8 deste capítulo que aprenderemos a medir
a energia cinética. No entanto, o bom senso já nos diz que a energia
cinética de um corpo é tanto maior quanto maiores forem sua massa por
um lado, e sua velocidade por outro.
· Assim é que se escolhe uma bola de aço pára derrubar prédios. Fig. 1 Ao cair, o tijolo pode suspender a pedra até certa altura.
Ninguém pensaria em utilizar uma bola de isopor. Como também nin-
guém se assustaria muito em ser alvo de um tiro de revólver em que a até uma certa altura. De novo: quanto maior a altura inicial do tijolo,
velocidade da bala fosse somente de alguns centímetros por segundo. maior será a altura a que suspenderá o corpo; maior portanto será a
tarefa realizada. Concluímos que a posição de i.Jm corpo no campo gra-
7.2 CONCEITO DE ENERGIA POTENCIAL vitacional terrestre confere ao corpo uma certa capacidade de realizar
EXEMPLO 5 tarefas, ou ainda, uma certa energia. Enquanto a posição do corpo não
Um monte de tijolos está no chão. Um pedreiro, que está cons- variar, ele não realizará tarefa nenhuma; consideramos assim essa energia
truindo uma parede, apanha os tijolos um por um, e suspende esses de posição como sendo uma energia armazenada, disponível, e lhe damos
tijolos até a altura atual da parede; para suspender os tijolos, o pedreiro o nome de energia potencial (de posição no campo gravitacional).
"trabalha"; ele deve dispor de uma certa energia para realizar a tarefa . EXEMPLO 6
"suspender os tijolos": é o que poderíamos chamar, por enquanto, de Quando um menino estica o elástico da sua atiradeira, gasta uma
"energia alimento". . certa quantidade de "energia alimento" para realizar essa tarefa. Essa
Admitamos a conservação da energia no sentido amplo: em que se energia (ou pelo menos parte dela) está disponível no elástico defor-
transformou a "energia alimento" do pedreiro? Não foi em energia mado. Para convencer-se disso, ele larga o couro em que a pedra estava

240 241
presa: o elástico volta ao seu estado normal (não deformado) projetando ver que, na subida do tijolo, a força F retira energia do pedreiro, entre-
a pedra para longe, isto é, comunicando-lhe energia cinética. gando-a ao tijolo. O que faz a força P durante a subida? A resposta é
Dizemos que qualquer corpo ou elemento elástico deformado simples. Observamos primeiro que, se a força F agisse sozinha, a energia
(molas, elástico, ar comprimido ... ) possui energia devido a seu estado cinética do tijolo aumentaria, da mesma forma que se a força P ·agisse
de deformação. A essa energia chamamos de energia potencial de defor- sozinha o tijolo cairia, aumentando a sua energia cinética. O papel da
mação elástica. força Pé portanto de retirar do tijolo a energia entregue pela força F; essa
7.3 COMO SE TRANSFERE, OU SE TRANSFORMA, A ENERGIA energia está sendo retirada (por j>) com a mesma rapidez com que ela está
Todas as vezes que há transferência de energia de uma fonte para sendo entregue (por F) já que a velocidade do tijolo se mantém cons-
um receptor, ou todas as vezes que há transformação de energia de uma tante. Onde vai então essa energia que somente "atravessa" o tijolo?
forma para outra (cinética para potencial ou inversamente), a observação Observamos que durante a subida, a distância tijolo-Terra aumenta. A
mostra que a transferência ou a transformação se opera por meio de uma energia potencial do sistema tijolo-Terra aumenta. Dizemos que a 'energia
força que desloca o seu ponto de aplicação (a partícula ou o objeto sobre retirada do tijolo pelo peso P está sendo "despejada" no campo gravita-
o qual ela se exerce). cional Terra-tijolo.
No e~emplo do pedreiro, a "energia alimento" do pedreiro é trans- Quando se empurra o tijolo que se encontrava em cima da parede,
ferida para o tijolo por meio da força F que o pedreiro exerce sobre o ele cai. Durante a queda (de pouca altura) a resistência do ar é despre-
tijolo. Supondo-se que o tijolo está sendo suspenso com velocidade cons- zível de modo que uma única força age sobre o tijolo. Essa força entrega
tante, essa força Fé igual em módulo ao peso do tijolo e de sentido energia cinética ao tijolo: essa energia é retirada do campo gravitacional
contrário (fig. 2). Terra-tijolo. A interação gravitacional Terrll-tijolo se manifesta (sobre o
tijolo) pela força P da fig. 2. Quando o tijolo está em equilíbrio essa
força não transforma nem transfere energia nenhuma. Quando o tijolo
cai em queda livre, essa força transforma energia potencial de interação
gravitacional em energia cinética do tijolo.

h PERGUNTA
Quando se lança o tijolo para cima, que transferência ou transformação de energia opera
F o peso do tijolo?

Observamos finalmente que, para que haja transferência ou trans-


formação de energia, a força que age sobre o objeto ou sobre a partícula
deve ter uma componente na direção da velocidade.
Assim é que, para pôr em movimento um automóvel parado numa
estrada horizontal, não basta sentar nele. É preciso empurrá-lo. ---.
p
7.4 TRABALHO DE UMA FORÇA
Fig._ 2 O pedreiro exerce a força F para suspender o tijolo. EXEMPLOS
No entanto, se o pedreiro mantém o tijolo estático, em equilíbrio, Já aprendemos que dois "ingredientes" são necessários para que a
não há energia nenhuma transferida do pedreiro para o tijÓlo. Para que energia possa se transferir de um sistema (fonte) para outro (receptor) ou
haja transferência de energia são necessários força e deslocamento dessa de uma forma (cinética por exemplo) para outra (potencial no caso).
força.• A fig. 2 mostra ~ue sobre o tijolo agem duas forças. Acabamos de Agora nosso propósito é encontrar uma combinação desses dois
"ingredientes" que permita medir a quantidade de energia transferida ou
•Isto mio significa que para manter o tijolo em equillbrio o pedreiro não se canse li.e, não gaste transformada. Essa combinação será chamada trabalho.
energia). Da mesma forma, nós gastamos "energia alimento" para nos mantermos em pé, sem que
haja nenhuma transferência de energia entre nós e ·o meio ambiente: a razão é que é preciso Como não temos até agora nenhuma definição quantitativa d.e
e11ergia para manter os músculos retesados. energia, a medição daquelas transferênci~~ bu-transformações nãó, pode

242 243
deixar de ter uma certa componente arbitrária. Requeremos simples- 1 O trabalho de uma força constante F que atua sobre uma partícula
mente que a definição que pretendemos propor não fira o bom senso e em movimento retilíneo, na direção do movimento, ao longo de uma
seja coerente. Para tanto tentaremos "extrair" essa definição de vários distância d, é Fd.
exemplos e situações físicas simples. 2 O trabalho da força F mede a energia transferida entre o agente'
que exerce a força e a partícula. Testemos· a coerência dessa definição
EXEMPLO 7 com algumas situações simples encontradas até agora.
Voltemos ao exemplo do pedreiro que constrói a parede. Suponha-
No caso do tijolo e do pedreiro, o trabalho da força F da fig. 2 é
mos que a parede já te_nha 1,0 m de altura. Há alguns tijolos no chão e o
Fh se a altura da parede for h.
pedreiro os apanha, um por um, para colocá-los em cima da parede. Cada
tijolo pesa 1O N. No caso, F tem o sentido do deslocamento. Em princípio o pro·
duto Fh deveria ser positivo, o que imporia a regra (provisória): "traba-
A força que o pedreiro deve exercer sobre cada tijolo é igual, em lho positivo ~ energia transferida da fonte ou agente (quê exerce força)
média, a 1O N.
para a partícula (sobre a.qual se exerce a força)".
Tomamos a operação "suspender um tijolo a 1,0 m de altura"
como "tarefa-unidade". . Mas, sempre no mesmo exemplo, a força P (exercida pelo campo
gravitacional) tem sentido contrário ao deslocamento e o seu trabalho
Para realizar essa tarefa-unidade, o pedreiro transfere uma certa
deveria ser negativo, o que imporia, para salvaguardar a coerência com o
quantidade de energia para o sistema Terra-tijolo.* Tomemos essa quan-
tidàde de energia como unidade. que foi dito adma: "trabalho negativo~ energia transferida da partícula
(sobre a qual se exerce a força) para a fonte ou o agente (que exerce a
Suponhamos que o pedreiro suspenda dois tijolos juntos até em
força)".
cima da .parede. Duas tarefas-unidades terão sido realizadas: o pedreiro
Ora isso é exatamente o que acontece: a força f (trabalho posi-
transferiu duas unidades de energia. Observamos que ele teve que exercer
tivo) transfere energia do pedreiro para a partícula. A força p (trabalho
uma força de 20 N sobre o conjunto dos dois tijolos, ou seja, uma força
duas vezes maior. negativo) transfere energia da partícula para o campo.
Contihuando-se o raciocínio com três, quatro ... tijolos, ccm- Tem mais: já que o tijolo está subindo com velocidade constante (e
cluímos que a energia transferida é proporcional à força que o pedreiro pequena) a força F e o peso P têm mesmo módulo. De modo que os
exerce. produtos Fh e Ph têm mesmo módulo e sinais contrários. De novo o
Depois do fator força investiguemos o fator distância. nosso modelo matemático (provisório) prevê corretamente a evidência
A parede tem agora 2,0 m de altura. física: durante a subida, ou melhor, durante qualquer intervalo da subida,
a força Pretira do tijolo (para o campo) a mesma quantidade de energia
O pedreiro apanha um tijolo no chão, suspende esse tijolo até
1,0 m de altura, e a seguir até 2,0 m ou seja, 1,0 m mais alto. que a força F entrega ao tijolo (tirando-a do pedreiro).
As duas operações sucessivas requerem duas tarefas-unidades. No exemplo da .Pedra que cai livremente, o trabalho do peso (po-
Multiplicando-se mentalmente a altura da parede por dois, três, sitivo) entrega à pedra uma quantidade de energia retirada do campo
quatro ... concluímos que a energia transferida é proporcional à dis- gravitacional. .
tância ao longo da qual o pedreiro exerce a força sobre o tijolo. Quando se lança essa mesma pedra para cima, o trabalho do peso
(negativo) retira da pedra energia cinética, para entregá-la ao campo gra-
Sendo proporcional à força F e à distância (altura) h, a energia
transferida pelo pedreiro para o sistema Terra-tijolo é proporcional ao vitacional.
produto Fh (= Ph, em que Pé o peso do tijolo). EXEMPLO 8
O mais simples é escolher um como coeficiente de proporciona- Prossigamos com os test~s de coerência da definição provisória do
·lidade. Tentemos então dar uma definição provisória do trabalho de uma exemplo 7.
força. O pedreiro poderia colocar os tijolos em cima da parede por meio
do dispositivo representado ·na fig. 3 (não se trata obviamente de discutir
os méritos relativos dos vários métodos propostos).
*Como foi explicado na seção anterior, essa transferência não é "imediata". Ela se faz em duas Ele empurraria o tijolo sobre um plano horizontal perfeitamente
~apas: pedreiro-+ tijolo (pela força_ F da fig: 2}, e tijolo-+ campo gravitacional (pela força P). liso, exercendo uma força f (constante para simplificar) ao longo da

244 245
T
Aprendemos no exemplo 7 que o produto Ph representa a energia
transferida ao tijolo de peso P para levá-lo à altura h.
No caso presente, aprendemos que essa quantidade de energia
pode ser transferida de modo diferente do proposto naquele exemplo:
h em vez de exercer sobre o tijolo a força F diretamente oposta ao peso P,
sobre a dis~ância vertical h, o pedreiro pode exercer sobre o tijolo uma

l
força horizontal f, ao longo de uma distância d, desde que o produto fd
seja igual a Ph..
Isso oferece mais liberdade de ação. Suponhamos que o peso do
tijolo seja 1ON e que a altura h seja 3,0 m. Há necessidade de 3 unidades
de .energia. Essa quantidade de energia pode ser transmitida pelo pedreiro
ao tijolo:
Fig. 3 Outra maneira de colocar tijolos am cima 'da parede. a. Por uma força de 10 N agindo sobre a ·distância horizontal de
3,0 m;
distância d. O tijolo sairia em O com velocidade v0 vertical, devido ao b. ou por uma força de 30 N agindo sobre a distância horizontal de
arco circular com que termina o plano de lançamento. Esse arco.supõe-se 1,0 m;
ser suficientemente pequeno para que o seu único efeito seja mudar a c. ou por uma força de 150 N agindo sobre a distância horizontal de
direção da velocidade do tijolo. 0,20 m, etc....
A velocidade v 0 é ajustada· (veremos como, logo adiante) de modo De qualquer maneira, a definição proposta no Exemplo 7 continua
que o tijolo chegue à altura h da parede com velocidade nula. passando nos testes de coerência.
O pedreiro terá assim realizado h tarefas-unidades, levando um EXEMPLOS
tijolo ah metros de altura. Portanto ele deve ter transferido para o tijolo Nos exemplos precedentes, a força exercida tinha sempre a mesma
h unidades de energia, direção que o deslocamento. Estudaremos agora exemplos em que a
Mostremos que essa quantidade de energia ainda· se mede pelo força não tem a direção do deslocamento. Isso nos levará a modificar um
produto fd. 1. pouco a definição provisória do trabalho, de modo que finalmente possa
Qual é a velocidade inicial v0 necessária para que o tijolo chegue servir em qualquer situação.
em cima da parede com velocidade nula? Essa velocidade se mede pela O pedreiro agora utiliza um plano inclinado para suspender os
relaç~o: tijolos em cima da parede. Como estamos tentando definir uma nova
grandeza física (trabalho de uma força), podemos, ~em inconveniente,
V~ =2gh. (1)
Por outro lado, qual é a velocidade v0 que terá o tijolo, empurrado F

pela força f sobre a distância d? A açeleração do tijolo terá sido a = .1. ·


A velocidade v0 será então dada pela expressão: m
v!. = 2.1.
m d. (2)

A comparação das relações (1 ) e (2) fornece:


2.1..
m d= 2g.h,
ou ainda:
fd=mgh=Ph, (3)
em que P representa o peso do tijolo.
Fig. 4 Utilizaçio de um plano inclinado para suspender os tijolos.

246 247
imaginar situações ideais, o que simplificará o raciocínio. Suporemos A diferença com a situação do exemplo 8 é que, naquele exemplo, a
então que o tijolo pode deslizar sobre o plano com atrito desprezível. transferência não era simultânea: primeiro, o pedreiro comunicava ao
A fig. 4 mostra a situação: a força que o pedreiro exerce para tijolo a quantidade de energia Ph, ao empurrar o tijolo sobre a rampa
suspender o tijolo ao longo do plano. com velocidade constante é 'f:. A horizontal de lançamento. A seguir o tijolo entregava ao campo a mesma
direção da força faz o ângulo constante e com a direção do plano: a quantidade de energia, durante a subida (livre) até a altura h.
condição para que a velocidade do tijolo seja constante é que a compo- Até agora, portanto, nossa definição (provisória) do trabalho está
nente Fx, paralela ao plano, da força F, seja igual em módulo à componen- resistindo aos testes de coerência, desde que se modifique um pouco a
te Px, paralela ao plano, do peso p. primeira parte da definição de modo a incluir o caso do trabàlho de uma
Já sabemos que forças perpendiculares à direção do deslocamento força (constante) cuja direção não coincida com a do deslocamento.
não transferem nem transformam energia. Portanto somente nos interes- Diremos:
sam os trabalhos das forças Fx e Px. 1 O trabalho de uma força constante F que atua sobre uma partícula
Para sermos coerentes com a definição provisória do exemplo 7, em movimento retilíneo é igual ao produto do deslocamento pela com-
deveremos dizer que, enquanto o pedreiro puxa o tijolo ao longo do ponente da força na direção do deslocamento.
plano de A até B: A segunda parte da definição não é modificada.
a. a força Fx realiza um trabalho positivo Fx (AB); esse trabalho EXEMPLO 10
mede a energia transferida do pedreiro para o tijolo. O tijolo desliza agora (sem atrito) ao longo de um perfil qualquer
b. a força Px realiza um trabalho negativo - Px (AB); esse trabalho (fig. 5). A única condição imposta à força f, exercida pelo pedreiro, é
mede a energia transferida do tijolo para o campo gravitacional. que ela mantenha o tijolo em movimento uniforme ao longo do perfil.
Há porém uma condição suplementar para que nossa teoria seja
consistente: na tarefa que consiste em colocar um tijolo do chão sobre a
parede, a força que o campo exerce sobre o tijolo deve retirar do tijolo, e
entregar ao campo, sempre a mesma quantidade de energia. Caso contrá-
rio, bastaria escolher o caminho "mais econômico" para subir e o "mais
energético" para descer, e aí teríamos uma máquina que nos daria mais
energia do que ela consome. Ora, pragmaticamente, concordamos ser isto h
impossível.
Portanto, o trabalho da força Fx ao longo do plano da fig. 4 deve
ser igual ao trabalho da força F da fig. 2, em que se suspendia o tijolo
verticalmente. De modo que o produto Fx (AB) deveria ser igual aPh. É
efetivamente o caso. De fato sabemos que:
1 Fxl = 1 Px 1 "' P sen OI.,
!)
de modo que Fx (AB) = Psen01. (AB) = P (AB) sen.OI. e a fig. 4 mostra que
(AB) sen01. = h. Portanto Fx(AB) = Ph. Fig. 5 Suspende-se o tijolo fazendo-o deslizar ao longo de um perfil de forma qualquer.
Em resumo, ao suspender o tijolo ao longo do plano suposto sem
atrito: Isto significa que, em cada instante, a componente tangencial fx deve ser
a. o pedreiro entrega ao tijolo,. por meio da componente Fx da força igual em módulo à componente tangencial do peso Px- Nenhuma restri-
F, a energia Ph. ção é imposta quanto ao módulo da força ou ao ângulo e que ela faz com
b. o campo retira do tijolo, por meio da componente Px.da força P, a a direção da velocidade instantânea do tijolo.
mesma quantidade Ph de energia. Em torno do ponto M, posição atual do tijolo, podemos considerar
Finalmente, como no caso em que o pedreiro suspendia o tijolo o perfil como sendo um minúsculo plano inclinado de comprimento dr.
verticalmente (exemplo 7), houve transferência (mediata) da energia Ph Ao subir ao longo desse "plano elementar" podemos considerar que
.do pedreiro para o campo. tanto o módulo como a direção da força F permanecem constantes. De

248 249
modo que o trabalho elementar da força F ao longo do "plano elemen- B
tar" é dado por nossa definição modificada. Para facilitar nossa tarefa, de
aqui em diante representaremos o trabalho de uma força pelo símbolo W.
O trabalho elementar ao longo do "plano elementar" será pois:
dW=Fx(dr)

Vê-se imediatamente que a expressão precedente se escreve melhor


em notação vetorial:
d W= F ·dr (4)

em que dr é o deslocamento vetorial elementar.


Observa-se que a expressão (4) fornece corretamente o sinal do
trabalho, tal como a análise física do fenômeno nos mostrou.

O trabalho da força F entre a posição inicial A e a posição final B Fig. 6 Mostra que P.A.B =Ph.
obter-se-ia por integração da relação (4) ao longo do perfil AB entre A e
B: A fig. 6 mostra que:

WA•B= fa
A+B
·dr
(5) -P • AB = -P · (AC+ CB) = -P · CB = Ph,
como nos casos anteriores.

No entanto, antes de aceitarmos a expressão acima para o trabalho 7.5 TRABALHO DE UMA FORCA
de uma força no caso geral, deveremos aplicar-lhe o nosso teste de coe-
rência. Será que, de novo, ao suspender o tijolo de A até B ao longo do DEFINIÇÃO:
perfil qualquer AB (sem atrito) o pedreiro entrega ao tijolo, por inter- Podemos agora definir formalmente o trabalho de uma força qual-
médio da força F, a energia Ph, energia essa que é retirada do tijolo, quer aplicada a uma partícula que descreve uma trajetória qualquer entre
sendo entregue ao campo gravitacional por intermédio da força P? uma posição inicial r 1 e uma posição final r2 :
· Sinteticamente, a resposta é obviamente afirmativa, já que essa DEFINIÇÃO
transferência (mediata) se opera ao longo de cada um dos "planos ele- O trabalho da força F é:
mentares" em que decompomos o perfil AB. O exemplo anterior provou
isso.

No entanto, a prova formal é também muito simples. Basta obser-


W1.. 2 = /,F· dr
1+2
(7)

var que F · dr = - P · dr de modo que: A integral acima deve ser caléulada ao longo do arco considerado
WA•B = ft ·dr = - ~ • dr
1:.9 (6)
da trajetória.•

• Essa integral pertence à classe chamada "integrais de linha". Ela se calcula, em princípio, escre-
vendo-se:
A vantagem da substituição é que agora a força Pé constante, de
modo que: W= ! 1
2
(Fxdx + F y:Jvl = f
X1
x,
F xdx + ;·
Y1
Y2
F y:JY. desde que se saiba expressar F Jc" em fun-

WA+B = - P jdr
:C.•B
= - P • AB
ção de x (somente) e Fy em função de y (somente).

250 251
·l !.
2 O trabalho da força F mede a quantidade de energia entregue à
partícula (se W >O) ou cedida pela partícula (se W <O) pelo (ou ao)
agente que exerce a força F.

COMENTÁRIOS
a. o trabalho, e conseqüentemente a energia, são grandezas escalares.
b. a unidade de trabalho e de energia, é o Newton metro (N • m) ou
Joule (J). ~~
c. a expressão (7) permite calcular a energia transferida ou transfor-
mada numa interação desde que se conheça a força e a trajetória. Há no Fig. 8 Pedra lançada para cima. O trabalho do peso é negativo: a energia cinética da pedra
entanto certas situações em que essa força não é "acessível". Por exem- diminui.
plo, acreditamos que a energia interna se transfere de um corpo quente
para um corpo frio por interações moleculares ou atômicas ... e conse-
qüentemente por forças que deslocam seus pontos de aplicação. No en-
tanto essas forças não são macroscopicamente observáveis. Nesse caso, e

~
em outros semelhantes, as transferências de energia deverão ser contabi-
lizadas por outros meios que não sejam o trabalho. Será por exemplo o
calor.
F
7.6 SINAL DO TRABALHO: INTERPRETAÇAO FÍSICA. ENERGIA
CINE:TICA
Consideremos por enquanto os casos em que não há forças de
atrito (sólido ou viscoso).
Nesses casos, se uma única força atua sobre uma partícula, e se o Fig. 9 Projétil. Na parte ascendente da Fig. 10 Pedra lançada pela atiradeira. A
trabalho dessa força for positivo, a velocidade da partícula aumenta e trajetória o trabalho do peso é negativo: a forçá F exercida pela atiradeira realiza um
energia cinética diminui. Na parte descen- trabalho positivo: a energia cinética da
conseqüentemente sua energia cinética (i.e, a capacidade de realizar tare- dente o trabalh<> do peso é positivo: a pedra aumenta (O peso foi desprezado em
fas pelo fato de estar em movimento) também aumenta. energia cinética a~menta. comparação com F).
Se pelo contrário o trabalho da força (única) for negativo, a velo-
cidade da partícula diminui e conseqüentemente a sua energia cinética
também diminui.

-
Voltemos rapidamente a dar alguns exemplos, ilustrados nas fig. 7

~
a 11.

./~~/$/?'#j,M-y/~
·l T. li'-
~~>< .J,,.,,,,,,,,,,,,,, ••

~
Fig. 11 Assim que o carro entra em contacto com.a mola, a força F exercida por esta realiza um
Fig. 7 Pedra que cai. O trabalho do peso é positivo: a energia cinética da pedra aumenta. trabalho negativo; a energia do carro diminui.

252 253
lil'"·"ri~~ io f~ílo
·. !lr;:.,uull1, ~i ("
11J1t,f u: 6
•.il J ~"a.."'
JU µ;U 1ur lll$1>
'"'- _......-.,
Suponhamos agora que várias forças (excluindo-se sempre, por Formalizemos isso.
enquanto, forças de atrito) atuem sobre a partícula. Sejam F1, F2 ... Fi ... F nas forças exercidas sobre a partícula, e
Entre a posição inicial e a posição final da partícula sobre sua F= ~ Fia força total, ou resultante, daquelas forÇas.
trajetória, algumas dessas forças poderão realizar trabalhos positivos: Entre as posições r 1 e r 2 , a soma dos trabalhos é:
esses trabalhos medirão quantidades de energia retiradas das fontes ou
agentes que exercem as forças, e entregues à partícula onde se manifes-
tarão sob forma de energia cinética. Outras forças poderão realizar tra- W1• 2 = fir,
r,
F 1 ·dr+ F2 • dr+ ... + Fn ·dr
balhos negativos, caracterizando-se a retirada de parte da energia cinética
da partícula e a entrega dessa energia às fontes ou agentes que exercem as ou ainda:
forças.
Por exemplo; um ginasta cai sobre uma cama elástica. Um modelo·
C· (,,
W1• 2 = jl'L Fi) ·dr= J.F · dr
simples consiste em representar o ginasta por uma bola e a cama por uma r r1
mola espiral (fig. 12). 1

Mas, sendo v a velocidade da partícula na posição genérica r:


@j F = m
dt
~(2.a lei de Newton),
de modo que:

ª
~
9 w,.2-- f m-
dt-
r'
r, dv
dr= m /
r,
r,
dv.
dr
dt = m f
v,
v,
v · dv. (8)

*p
Por outro lado:
t +
~1---@
v · dv = d(v · v) = d(v 2 ).
Substituindo-se em (8):
- lF
Fig. 12 Objeto caindo sobre uma mola.
w,. =+mf~(v2 ) ~ m [<vi
2 = )-(vi )}
Duas forças; ambas verticais, atuam sobre o ginasta, ou sobre a ou seja:
bola do modelo: o peso P e a força F exercida pela cama (mola). En- 1 2 1 2
(9)
w,.2=2mv2 -72"mv1
quanto o ginasta está descendo, o trabalho do peso P é positivo: esse
trabalho mede a transferência de energia do campo gravitacional para o
ginasta, onde essa energia se manifesta sob forma de acréscimo da energia Descobrimos assim que o trabalho da força total que atua sobre a
cinética. Por outro lado o trabalho da força F é negativo: esse trabalho partícula, entre as posições r 1 e r2 , é igual à variação da quantidade
mede a energia cinética retirada do ginasta e entregue à cama (mola).
Resumindo-se tudo o que precede diremos que, quando várias for- 21 m v2 .
entre essas • -
mesmas pos1çoes.
ças (excluindo-se forças de atrito) agem sobre uma partícula, a soma dos
trabalhos das forças, que pelo princípio da superposição é igual ao traba- Recordemos que a análise física do fenômeno tinha-nos levado a
lho da força total, deve medir a variação da energia cinética da partícula. concluir qUe W1 • 2 deve medir a variação da energia cinética da parti-

254 255
cuia. Representando-se essa energia cinética pelo símbolo Ec, a Física

- ["
diz que:
w1•2 =6(Ec). (10) V

O modelo matemático prevê por sua vez que: 1 I_!_


=///ff,@'!,ffeff§ff&'///.ó.
W1 .. 2 = 6 ( ~ mv2 ). ( 11)

A comparação das expressões (10) e (11) nos levà a definir a


energia cinética de uma partícula por:
Fig. 13 Livro deslizando sobre uma mesa, com atrito.

Ec =~ mv 2• (12) Qual é o trabalho da força f?


Para responder a essa questão precisamos saber de quanto a
Em função do momentop = mv, a energia cinética se expressa
força f desloca o seu ponto de aplicação. Somos tentados a responder:
por: p2
a força f desloca o seu ponto aplicação da distância d percorrida pelo
Ec = - - (13)
2m livro e conseqüentemente o seu trabalho é - fd (= - µmgd). Esse tra-
Essas expressões confirma.m o que o bom senso nos tinha levado balho negativo mede a perda da energia cinética do livro, ou seja
a afirmar na seção 1: a energia cinética deve ser tanto maior quanto - ~ mv; 2 • Embora esteja perfeitamente certo que o produto fd seja igual
maiores forem a massa e a velocidade da partícula.
Porém, antes de aceitarmos as expressões (10) (11) (12) e (13) a ~ mv12 , este produto não representa o trabalho da força f. Esta é a
como regras universais, temos que investigar os casos em que intervêm
forças de atrito. Veremos que aquelas expressões continuam válidas, dificuldade conceituai assinalada. Tentemos entender por que.
embora algumas dificuldades conceituais devam ser· contornadas. A Podemos considerar o fenômeno de atrito como consistindo basi-
principal é que não é possível determinar o trabalho da força de atrito camente em deformações irreversíveis das camadas moleculares, atô-
que age sobre um corpo, embora a soma dos trabalhos das forças que micas, iônicas . . . dos corpos em contacto. Acontece que na grande
caracterizam o atrito nos corpos em contacto tenha uma expressão maioria dos casos encontrados nos fenômenos rotineiros que estudamos,
extremamente simples. a massa das camadas deformadas, isto é, a massa das partículas que
participam efetivamente do fenômeno de atrito em cada um dos corpos
em contacto, é desprezível em comparação com a massa do corpo.
7.7 TRABALHO DAS FORÇAS DE ATRITO Podemos então construir um modelo físico que, embora grossei-
Limitaremos o estudo ao caso do atrito sólido; os resultados são ramente simplificado, nos permitirá entender o essencial do fenômeno.
válidos, mutatis mutandis, para o atrito viscoso. Voltando ao exemplo do livro sobre a mesa, substituiremos o livro
por um bloco (ou uma partícula) que desliza sem atrito sobre a mesa,
Imaginemos a situação extremamente simples em que um livro,
bloco esse munido de um "pára-choque" de massa desprezível e feito de
inicialmente em repouso sobre uma mesa horizontal, é empurrado,
material irreversivelmente deformável: uma espiral de fio muito fino de
recebendo assim uma certa quantidade de energia cinética ~ ·mv/, Por estanho por exemplo (fig. 14 a). O modelo separa assim o bloco, que na
sua quase totalidade não participa do atrito, do "material de atrito" que
causa do atrito o livro acaba parando sobre a mesa, depois de percorrer participa do fenômeno mas em compensação tem massa desprezível.
a distância d (fig. 13).
Para a mesa adotaremos um modelo semelhante (fig. 14 b). A mesa
A força total que atua sobre o livro é a força de atrito real é substituída por uma mesa ideal, sem atrito, munida de um "ma-
f ( = µmg). O peso P e a componente de vínculo N não trabalham:
terial de atrito" de massa desprezível, que poderia ser outra espiral de fio
essas· forças são perpendiculares à direção do deslocamento. de estanho. Observemos que as duas espirais (ou os dois materiais) não
256
257
bloco espiral de estanho ~~-f . f f f f
sem atrito /ºde massa desprezível ~ ~ôài)ê)ê)~ ~1uu1õ~
·~õô~ i 1
1
1
1 1
!......d-.1 ...... d --i ,J()l.d.. ..!ad1..
o//$7#7/7/7////77//////////////////////&, 1
1
1
1
:
1
1

~
(a) modelo para o livro
---111u~ ---1'lulil'-
f1 f2 f3 f4 f5
Fig. 15 Todas as forças representadas têm o mesmo módulo f = µmg.
espiral de estanho de massa des~;1~
início e o final do deslocamento do livro. Podemos agora calcular os
~/7//////////////////////////74
trabalhos e interpretá-los fisicamente.
(b) modelo para a mesa
Força Deslocamento Trabalho lnterpret. física

-
~õ1"'t'iõ1--~
~
f,
(exercida sobre o
livro pelo material
de atrito do livro)
d -f,d=-µmgd (1) Retira a energia
mecânica µ.mgddo
livro.
'//////////////////////////////////////////M.
(c) início do movimento do livro
t 1
1 1 f2
(exercida pelo livro d + f 2 d= + µmgd (2) Entrega a energia
~d>! &d sobre o seu material mecânica µ.mgd ao
1 1 ..1 '"" de atrito) material de atrito
1 1 : 1 ~~ do livro.

~11'1111~
~/7///////////////////////#.

(exerci~ pelo
material de atrito da
OI.d - f 3 OI.d= -aµmgd(3) Retira a energia
mecânica OI. µmgd
(d) o livro parou depois de percorrer a distância d mesa sobre o material do material de
de atrito do livro) atrito do livro.
Fii;. 14 Modelo para o problema do atrito entre livro e mesa.
t.
(exercida pelo OI.d + f 4 et.d =+ 01.µmgd (4) Entrega a energia
são geralmente idênticas: essa diferença traduz, no modelo, a diferença · material de atrito do mecânica 01.µmgd
livro sobre o material ao material de
entre as naturezas das superfícies em contacto e entre as deformações de atrito da mesa). atrito da mesa.
nelas produzidas.
Vamos agora ao modelo matemático, com as forças e os trabalhos '·sobre
(exercida pela mesa
'
o materia de
1
o o (5) Não há energia
mecânica retirada do
envolvidos. Observemos que depois de imobilizar-se, o livro terá percor- atrito da mesa) material de atrito
rido a distância d, mas o ponto de contacto das espirais terá percorrido da mesa.
uma distância a d (a< 1) impossível de se determinar já que não conhe-
cemos evidentemente as propriedades macroscópicas das "micro espirais" Analisemos os resultados do modelo:
cujo conjunto é representado pela espiral de estanho em cada modelo (fig. a. a quantidade de energia mecânica (2) + (3) = (1-a) µmgd perma-
14-c e 14-d). ·
neceu no material de atrito do livro. Em que foi transformada essa ener-
A fig. 15 representa as forças: constituem pares ação-reação: f 1 e gia? Certamente não em energia cinética macroscópica (ordenada). Tam·
f 2 por um lado; f 3 e f4 por outro lado. poÚcó foi transformada em energia mecânica potencial de deformação
Observemos que são as forças f 3 e f4 que são comumente chama- {como seria o caso se a espiral fosse uma mola de aço) já que a defor7
das de "forças de atrito", sobre o bloco (f 3 ) e sobre a mesa (f4 ). A fig. mação do material é irreversível. Essa quantidade de energia foi trans-
, 15 mostra também os deslocamentos de cada uma dessas forças entre o formada em energia interna na superfície no livro em contacto com a

258 259
mesa.* A rigor, é o que deveria se chamar "trabalho da força de atrito 7.8 TEOREMA DO TRABALHO E DA ENERGIA CINÉTICA
exercida pela mesa sobre o livro" se não fosse por duas dificuldades: a Seja F a força total que age sobre uma partícula. Entre as posições
primeira é que, na realidade, são duas forças envolvidas (f 1 e f 2 ) e não r 1 e r2 da partícula ao longo da sua trajetória, a expressão -
uma; a segunda é que, como assinalamos, o parâmetro a é indetermi-
nável. ['2
b. a quantidade de energia mecânica (4) + (5) = cxµmgd permaneceu J r_ F ·dr mede a variação da energia cinética da partícula:
no material de atrito da mesa: é a quantidade de energia mecânica trans- r1
formada em energia interna na superfície da mesa em contacto com o
livro. - -
c. a quantidade total de energia mecânica transformada em energia
! '1'2 F -dr = t:i. (Ec) (14)
interna foi conseqüentemente:
Se não houver forças de atrito envolvidas, a integral do primeiro
( 1 - a) µmgd + ~mgd = µmgd. membro da expressão (14) representa efetivamente a soma dos trabalhos
das forças que atuam sobre a partícula.
Para que tudo isso seja coerente, essa quantidade de energia deve Se houver forças de atrito, a relação continua válida. Nesse caso a
ser igual à energia mecânica inicial do livrof mv/ ,a qual desapareceu no integral do primeiro membro representa a soma dos trabalhos das forças
processo. não de atrito e do "trabalho do atrito'' (definido na seção anterior).
Não é difícil mostrar que tal é o caso. Voltando à fig. 15, vemos
que a única força que desacelera .o livro é a força f 1 já que o material de 7.9 EXEMPLOS
atrito tem massa desprezível. EXEMPLO 11
Neste exemplo estudaremos o trabalho realizado pela força exer·
f1 cida por uma mola linear deformada.
A aceleração do livro é pois -m = - µg, e temos:
Uma mola é chamada linear se a força que ela exerce for propor
V. 2 = - 2µgd
~
Q-
I
O X
ou ainda:
(a) ~~$~#.&?'/&
fmv/ =µmgd (=f1 d).

A conclusão, de extrema importância, é que mesmo no caso de


forças de atrito, o· produto da força de atrito pelo deslocamento mede F =- k x fl/////.1
~ -..' X.._
/// / h _,
_____ l
ainda a variação da energia cinética do corpo, embora este produto não 1 '"/////'

possa ser chamado de trabalho da força de atrito que age sobre o corpo. (b)
IÔOÔÔÔ~
Propomos que o produto fd seja chamado "trabalho do atrito'~ ~
. Ele mede a quantidade de energia mecânica transformada em energia
interna em ambas as superfícies em contacto.
A análise precedente nos permite generalizar os resultados da seção
6 com algumas precauções.

~
*O aumento da energia interna do livro traduz-se por um aumento de temperatura. Se fosse um
bloco de galo que deslizasse, traduzir-se-ia pela fusão de um pouco de gelei. Fi_g. 16 Força exercida por uma mola linear.

260 261
cionaf à deformação da mola. Essa força é evidentemente de sentido F
contrário ao da deformação. A fig. 16-a mostra uma mola no seu estado
normal (ou relaxado).Na fig. 16-b, a mola foi alongada de x e, com o
sentido positivo escolhido no eixo Ox, esse x é positivo. Vê-se que a força
exercida é dirigida em sentido contrário do alongamento, sendo em mó-
dulo proporcional a x. Temos portanto, em grandeza e sinal X

F=-kx X2
1
em que k é uma constante característica da mola, sendo determi- 1
nada pelo material, a forma, o diâmetro, etc... k é chamado coeficiente 1
da mola, expressando-se em Newton por metro (N/m). 1
De modo análogo, a fig. 16-c mostra a mola comprimida de x 1
(x <O). A força tem sentido oposto ao da compressão sendo portanto 1 1 1
1 1 1
positiva. 1 1
O gráfico da medida escalar da força exercida por uma mola linear muUõuâu~õ1>1
é representado na fig. 17. Nesta mesma figura representou-se a mola í'
relaxada (a); em (b) a mola comprimida empurra uma partícula da posi- 1
ção x 1 até a posição x 2 • Qual é o trabalho da força F exercida pela 1 1
mola sobre a partícula? F 1 1
A expressão geral: ~I
f r2
F. dr
(b) Wõblni>UW~I
~ .-·

b
.... ~
ri X1 X2 1 1 1
reduz-se neste caso (como em todos os casos unidimensionais) à forma
mais simples:
(e) íõ@ôoauaôôôõcr'~
11~
1 ·~
. (X2 @////////,///,//////)/~////,
W1•2 =jvFdx X4 X3
X1 Fig. 17 O trabalho da força exercida pela mola pode medir-se pelas áreas sombreadas do grâ·
em que F e dx são as medidas escalares de F e dr (ou seja, as medidas das fico (F, x). _ {i
projeções dessas.grandezas sobre o eixo orientadoOx). Substituindo-se F Observamos também que a integral definid:Jx~ - kx dx, e conseqüen·
por - kx:
temente o trabalho que ela representa, pode ser medido pela área do

w1•2 = 1X1
X2 1
-kxdx = - 2 k (x~ -xi )
trapézio (1) no gráfico da fig. 17.
A fig. 17-c representa a mola alongada, puxando a partícula da
posição x 3 até a posição x 4 • De modo análogo ao caso precedente,
mostra-se que o trabalho da força Fé:
Observando-se que x~ - xj representa a variação do quadrado da
posição da partícula, podemos escrever:

W 1 -+2 =- 21 k b. (x 2 ) (15)
W3 • 4
x3
= J
x4 1
-kxdx=-2k(xã-x~) =-2b.(x 2 ).

1

Neste caso também o trabalho é positivo, podendo ser medido


Esse trabalho é positivo, já que, neste caso, b. (x 2 ) é negativo. diretamente pela área do trapéz'io (2).

262 263
EXEMPLO 12
Um bloco de massa m, sobre uma mesa horizontal com atrito
desprezível, está encostado em uma mola 1inear de coeficiente k, com-
primida de x (fig. 18). Deixando-se a mola distender-se (o fio AB foi
queimado, por exemplo), com que velocidade v se afasta o bl()co?
~ mw-:--=
~1
1
1 1
~

% A B
~:::,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
~ 1
1 X I
1----1
1 ~ Fig. 19 Bloco lançado contra uma mola linear.

Representemos por x essa compressão máxima. Duranti:i a com-

~
pressão o trabalho realizado pela força F exercida pela mola sobre o
-~~
W/////&,
bloco é --t k6. (x 2 )=--t k(x 2 - 02 ) = -+kx2• Pela expressão (14),

Fig. 18 Bloco empurrado por uma mola linear. esse trabalho mede a variação de energia cinética do bloco:

O- ..L mv2 = _ l kx 2 ,
Enquanto a mola se distende, empurrando o bloco, o trabalho da 2 2
força F que ela exerce sobre o bloco é, pelo exemplo precedente:
e conseqüentemente:
wx• o = - 21 k 6. (x 2 )
1
= - 2 k (0
.
2 - x2 )
1
= 2 kx 2 • x=Jiiiv
k
Não havendo atrito, a energia cinética do bloco variou dessa mes- Pela simetria do fenômeno, era fisicamente evidente que a relação
ma quantidade (expressão (14)), e desde que o bloco estava inicialmente entre x e v deveria ser idêntica à da expressão (16) do exercício pre-
em repouso podemos escrever: cedente.
EXEMPLO 14
.1 2 1 Consideremos uma situação análoga à do exemplo 12: um bloco
-2 mv =-kx2
2 , de massa m = 0,40 kg, encostado numa mola de coeficiente k = 50N/m
comprimida de Xo = O, 1O m. Há· no entanto atrito entre o bloco· e a
ou seja:
mesa, sendoµ=0,30 o coeficiente de atrito. Deixando-se a mola disten-
v=~x (16) der-se, com que velocidade o bloco desencosta da mola?

PERGUNTA
Por que o peso e a componente norrnal da ação da mesa (componente de vlnculo) toram
"esquecidos" no cálculo precedente'

F=kx •• µmg (b)


EXEMPLO 13
O bloco do exemplo precedente é lançado contra a mola com
Fig. 20 Bloco empurrado por uma mola; há atrito entre o bloco e o plano horizontal.
v_elocidade v. Qual é o valor da compressão máxima da mola?
265
264
A fig. 20-a mostra a posição genérica x durante a disten~ão da Calculemos primeiro a energia cinética da bola ao atingir a mola:
mola e a fig. 20-b mostra as forças que atuam sobre o bloco (o peso e
a componente de vínculo não foram representados já que o trabalho 6.Ec = j~g dx ....
j_ mv2 = mgh
dessas forças é nulo). -h 2
Pela expressão (13) podemos escrever: Durante a compressão da mola (fig. 22-d) as forças que agem

li~~ mv') = JJ- kx- µmg) dx = ~ kxl+ µmgx,


sobre a bola são: o peso mg (positivo) e a força -kx exercida pela mola
(negativa). Entre a posição inicial (fig. 21-c) e a posição final de compres-
são máxima (fig. 22-e) temos:
Já que o bloco estava inicialmente em repouso a expressão pre-
ceclente passa a ser: 6.Ec = l (-
o
KO 1
kx + mg)dx-+ O- mgh = - - kxl + mgx 0
.2
_j_ mv2 = .1.._ kx~ + µ.mgxo ou seja:
2 2
Substituamos m = 0,40 kg, k= 50 N/m, µ = 0,30 g= 9,8 m/s2 e X~ - 2 "// Xo - 2 "// h =0 (X0 > 0)
x0 :== -O, 10 m. Obtemos: A substituição numérica fornece:
v= 0,81 m/s x 0 = 0,17 m.
EXEMPLO 15
Uma bola de massa m = 0,20 kg cai de uma altura h = 0,20 m 1
OBSERVAÇÃO
sobre uma mola de coeficiente k = 50 N/m (fig. 21 ). . 11
A ênfase dada à mola linear, com a multiplicidade dos exemplos
'
@.m tratados, se justifica pelo fato de que a maioria das deformações elás-

~~~=~]h
ticas encontradas nos fenômenos naturais são lineares em primeira
aproximação. Isto é verdadeiro tanto nos fenômenos macroscópicos da
vida diária (molas de automóveis, colchões, vigas, estruturas metálicas
k~ etc ... ) como nos fenômenos em. micro-estruturas cristalinas (por
~ exemplo, a força de interação entre dois íons de um cristal é linear em
Fig. 21 Bola caindo sobre uma mola linear. primeira aproximação).

Determine o valor da compressão máxima da mola. 7.1 O POTÊNCIA


Por definição, a potência P de uma transferência, ou de uma
transformação de energia, é a taxa de variação, em relação ao tempo,
,.~--_@ Ec =O _ dessa transferência ou dessa transformação, tomada em valor absoluto:
1 ~ Ec=-mv 2
2
1
1
mg ~ ....--..._~kx
P=I :; 1
(17)
01
---j----ij----~----i-F' -------i~:- - em que E representa a energia transferida ou transformada.
A unidade de potência é o Joule por segundo, ou Watt (W).
~ ~ ~ ~ mg 1 Ec=O Se por exemplo um automóvel de 1,0 · 103 kg passa de
36 km/h (10 m/s) para 72 km/h (20 m/s) em 10 s, a sua energia ciné-
tica aumenta de 5,0 · 104 J para 20 · 104 J. Naquele intervalo de
X (a) (b) (e) (d) {e)
tempo, portanto, a potência média do acréscimo da energia mecânica
do carro foi de 1,5 · 104 J/s = 1,5 • 104 W.
fig. 22 A$ várias fases do fenômeno. Uma outra unidade de energia é comumente utilizada em aplica-

266 267
ções tecnológicas: o cavalo-vapor (CV): 1 CV= 735 W. A potência pre- PROBLEMAS RESOLVIDOS
cedente equivale a 20,4.CV.
A potência da transmissão ou transformação de energia efetuada 1. R Unia força constante de 5,0 N age sobre uma partícula cuja massa é de 0,20 kg, ini-
cialmente em repouso. Qual é o trabalho da força:
pela força F que age sobre uma partícula, pode ser expressa de ma- a. Nos primeiros 3,0 segundos do movimento?
neira muitas vezes mais conveniente que a da expressão (17). Sabemos b. Nos primeiros 3,0 metros do movimento?
com efeito que a energia elementar transferida ou transformada pela SOLUÇÃO F
força F se mede por: a A aceleração da partícula é a=-; no intervalo de tempo At, a posição da partícula
terá variado de: m
dW= F ·dr
1 F
de modo que:
A.s = -
2
a (At) 2 =-2m
- (At) 2

O trabalho da força será portanto:


p = 1 dW 1 = 1 F . sk_ 1
W = F /J.s = (F At) 2
dt dt '
2m
ou seja:. Numericamente: W = 5,6 • 10 2 J.
b. W = F t.s = 5,0 x 3,0 = 15 J
P=I F ·vi
2.R Um pêndulo de comprimento ~é afastado de 60° a partir da sua posição de equilíbrio
e largado a seguir com velocidade inicial nula.
Qual é a velocidade da bola do pêndulo ao passar pela posição de equilíbrio?
SOLUÇÃO
Escrevamos que a variação da energia cinética ela bola, ao passar da posição (1 l para a
posição (2), se mede pelo trabalho total das forças que agem sobre ela.
Essas forças são:
a. a tração T exercida pelo fio; o trabalho dessa força é nulo (por quê? );
b. o peso mg
Temos portanto:

W=AEc=f 1mg·dr=ma1 1 dr=mg•AB.

•o
1
, 11
....... 1
,.... 1
.... 1
.... 1
........ 1

A~,..
........ 1

(1) :1

1
',,_

~
' dr 'a
(2)
mg

268 269
Sendo eqüilátero o triângulo OAB: mg · AB = - 1- mgl!.
Em conseqüência: .2
E. 1 2 1
l!. c=2mv =Tmgl!

e finalmente:
V= ../IR
_M _:J._J_1
3. R A força cujas componentes são respectivamente:

Fx = Fo ~+ :. ) -r-
1
7• p

Fy = F 0 ~·+ :. )•
1
1
age sobre· uma partícula entre a posição inicial definida pelas coordenadas (x 0 y 0 ) e a posição 1
final definida pelas coordenadas (x 1 y 1 ). 1
1
Mostre que o trabalho da força independe da trajetória seguida pela partícula entre a 1
posição inicial e a posição final.
Calcule esse trabalho. 11

SOLUÇÃO
O trabalho da força é: 1
1 --+-
W = f;x, Fx dx + f:Y1 Fy dy
1
1
1
1
d
o Yo
1
1 1
1
Ora, Fx. é somente função de x, e Fy é somente função de y. Em con~!Klüincia o _j_ -..1..-
valor das integrais independe do caminho SBl!Uido pela partícula. Tal força é chamada con1er·
vativa. Voltaremos a falar desse tipo de força no capítulo seguinte. Demonstra-se (em um cur·
so mais adiantado de Mecânica) que a condição necessária e suficiente para que uma força seja SOLUÇÃO
conservativa é que: -~ MODELO FÍSICO MODELO MATEMÁTICO
ilFx ilF .
- - = --1:'. em que o símbolo a caracteriza a derivada parcial (de Fx em relação a Y por
~
ay ax i
exemplo). ~ ~
j
Cálculo do trabalho:

W=F 0 t.
o
1
~ xj
1 + - dx+F 0
Xo
J: (:
Yo
1 1+-
Yo
y~ 2 dy=F0 {(x -x
.
1 0 )(3x0

2xo
+x)
1
1
!!o

Sendo µ,= ~ a massa específica

+ ~ [t r-s]}
+ :: linear da q1ola, a parte da corrente que
1 çio est6tlca

___T
permanece suspensa tem massa
µg (l! - d). Sutistitulremos essa parte por + -k-.
Xo inteira suspensa
uma partícula de mesma massa, e peso
4.R Uma mola linear de coeficiente k e comprimento relaxado 20 sustenta uma corrente de p
µg(l!-d)
comprimento 2 e massa m. O sinema está em equilíbrio.
Em dado momento, um elo mais fraco da corrente romptHe: um pedaço de compri·
mente d se destaca e cai.

Até que altura chega a extremidade inferior da mola (ponto P da figura) no movi· Posição Inicial do sistema
mente ulterior do sistema?

270 27.1
HIPÓTESES: TESTE EXPERIMENTAL:
Pode ser realizado da seguinte maneira:
M
Corta-se a porção d da corrente e reunem-se os dois pedaços por um fio. A corrente é
Mola de massa despraz fvel; atritos suspensa à mola; quando o sistema está em equil fbrio, queima-se o fio. O pedaço inferior, de
desprez lveis. d
comprimento d cai. Verifica-se se a altura atingida pelo ponto Pé 2x0 - •
Q

1
No caso de discrepància s!gnificativa criticam-se as hipóteses do mode!o.

OBSERVAÇÃO li
Parâmetros relevantes
o pedaço cortado, d, deve ser menor que -
2. d, k, m eg. Por quê? 2
O problema pode ser resolvido mais simplesmente por conservação da energia (ver capí·
tulo seguinte).
LEI IMPOSTA AO MODELO:
5. R Um ciclista pedala a potência constante. Sobre uma estrada horizontal, a velocidade
máxima que ele pode atingir é B,O m/s. Ao subir uma rampa de 5,0% a velocidade máximá é
Teorema da energia cinética. 4,0 m/s.
A massa total (homem+ máquina) é 80 kg e a resistência ao movimento é proporcional
Entre a posição inicial (energia ao quadrado da velocidade. Qual é a potência desenvolvida pelo ciclista? 111 .::o 10m/s1 1
cinética nula) e a posição final (energia ·
cinética nula de novo) o trabalho da for-
JXf-kxdx + JXfµg(ll - dl dx =O SOLUÇÃO
(11
ça total que age sobre a part lcula, deve Xg Xo
Sendo P a potência e F a força que a estrada exerce sobre a máquina quàndo a velocidade
ser nulo. (x f =posição final de P.) é v, temos:

P = Fv ->F=..!._·
V

PREVISÕES DO MODELO. µgQ p


A equação (1 ) se escreve, depois de substituir x pelo seu valor - - : A força total na estrada horizontal é então F - kv' = - - - kv 2
k • V
e, pela 2.a lei de Newton:
xf'-2 !'g(Q-d)
·Xf + ("g~•
- .. (ll-2d)=0
•- k _.!_ _ kv' =ma.
V
Essa equação tem uma raiz fisicamente evidente e inaceitável: é Xf =x 0 ou seja, A velocidade limite v1 é atingida quando a= O, tendo-se:
µgll
Xf=--k-· _.!_-kv=O->k=_!__·
V~ V~
Com efeito, se os dois limites das integrais da equação (1) forem os mesmos, cada p
integral será separadamente nula; a soma será pois nula. Fisicamente isto equivale dizer que sé a A resistência ao movimento é pois - 3- v'.
partícula não se desloca, sua energia cinética é identicamente nula.Não é evidentemente isso que v,
nós queremos. Na subida, a força total é:
A outra raiz é: p p 2
µg -----v -mgseno.,
X f = - - (ll-2d) V V~ •
k Quando a velocidade limite v2 é atingida, essa força total é nula, de modo que:
Podemos substituirµ por~, obtendo: p p 2
,li - - - -.- v2 = mg sen0<,
mg Xo v, v,
x,= --(ll-2dl=-
llk li
(Q- 2d)
. • o que fornece:
O enunciado pede porém determinar de quanto subirá o ponto P. Seja então h a altura P= mg seno.
pedida: 1v•
Xo ----·-
V~
V2
h=x 0 -xf=x. --(ll-2d)
Q
A substituição numérica dá:
h=2x~-
d

2
P = 1,B • 102 W ~ + C~·
272 273
EXERCfCIOS Ec(J)

4
Avalie a sua energia cinética quando você corre o mais rápido que puder.

2 Duas crianças puxam um vagão de um trem de brinquedo sobre um trilho retilíneo e 3


horizontal. As forças com as respectivas direções são mostradas na fig. A massa do vagão é .
0,50 kg e o coeficiente de atrito com os trilhos é 0,20.
2

1,0 N
x~I
"--~....--~....--~....--~.--~--~
o 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Pede-se construir o grãfico da variação da força to.tal (valor escalar) que atua sobre a
partícula, em função da posição.
9 Voei empurra um caixote de 40 kg para fazê.lo subir ao longo de um plano inclinado de
300.
1,0 N O coeficiente de atrito é 0,30 e a força que voei exerce é paralela ao plano.
Qual é o trabalho dessa força ao longo de um d•locamento de 2,0 m com velocidade
constante?
1O Voei arrasta um caixote sobra um plano horizontal, puxando-o por meio de uma corda
que faz um ãngulD de 500 com a horizontal. A força que voci exerce sobre a corda tem m6dulo
constante, igual a 1,0 • 102 N. Qual é a energia mecânica que voei terá transferido eo caixote,
quando este se terá deslocado de 2,0 m?
11 Um livro estã em repouso sobre uma mesa horizontal; o atrito é desprezível. Duas
Calcule todas as trocas de energia entre as posições 1 e 2. Supondo-se que o vagão partiu crianças exercem simultaneamente as forças F1 e F 2 horizontais e de sentidos opostos. O módulo
do repoµso na posição 1, com que velocidade chega na posição 27 (distância 1 - 2 = 2,0 m). da força F 1 é constante, sendo igual a 1,5 N. O módulo da força f 2 varia com a posiçlo
conforme o gráfico.
3 Avalie as trocas ou transformações de energia quando você se levanta da cadeira em que
estava sentildo.

·4 Uma alimentação normal fornece em torno de 2,0 • 10 3 cal.crias por dia. A caloria dos
dieteticistas vale 10 3 calorias dos físicos ou seja, 4,2 • 10 3 J. De que altura seria a escada que se
deveria subir para "queimar" aquela quantidade de energia?

5 Qual é a ordem de grandeza da energia cinética de uma bala de revólver, ao sair do cano
da arma?

6 A bola de um pêndulo tem massa m = 0,20 kg e o comprimento do pêndulo é Q = 1,0 m.


-F 2 (NI
F
1
~~· F
2

Larga-se o pêndulo na posição horizontal, com velocidade inicial nula. Qual será a energia 2
cinética da bola ao passar pela vertical do pontci de suspensão?
Qual será a sua velocidade? Qual será o valor da tensão do fio?

7 Para deslocar um caixote cujo peso é 1,0 • 10 1 N sobre um piso horizontal, você exerce
uma força horizontal F cujo módulo dl!Cresce linearmente com a.distância desde o valor inicial de
1,0 · 10 1 N atê o valor final de 60 N, enquanto o caixote percorre 1,0 m. O coeficiente de atrito o 0,2 0,4 0,5
0,1 0,3 X(m)
do caixote com o piso é 0,60. Qual é a velocidade final do caixote? (g = 10 m/s 1 ).

8 A energia cinética de uma partícula varia em função da posição conforme o gráfico da Qual é a energia cinética. do livro em x = 0,40 m? em x = 0,50 m?
figura. A trajetória é retilínea.

275
274
12 Você arrasta um caixote de 20 kg sobre um piso horizontal, exercendo uma força hori- Determinar o sinal do trabalho da força que age sobre o corpo em cada um dos trechos
zontal de 60 N. O coeficiente de atrito entre o caixote e o piso é 0.25 (valor médio). correspondentes aos segmentos OA. AB. BC, CO. DE. EF do gráfico.

a. Partindo do repouso, você arrasta o caixote numa distância de 5,0 m. Qual é a energia
que você fornece ao caixote? 16 A força total que age sbbre um automóvel em movimento retilíneo e inicialmente pa-
b. Qual é a energia mecânica transformada em energia interna pelo atrito? rado, varia em função do tempo conforma o gráfico da figura.
c. Qual é a energia cinética do caixote no final do percurso?
d. Calcule essa energia cinética de outra maneira (calculando a aceleração. a velocidade
adquirida etc.).
F(N)

13 Quando um carro médio anda a 72 km/h (20 m/s) as forças de atrito somam aproximada-
mente 3,0 · 102 N. e o carro consome 0.1 O litro da gasolina por km. A ener{lia dispon rvai por litro 2,0.10'
de gasolina é da ordem de 3.10 7 J. Dessa energia. que quantidade·é gasta devido aos atritos?
Onde vai o resto?

14 O gráfico representa de forma esquematizada como varia a força exercida pelo pll sobre
uma bola de futebol, em função do tempo.

F(N)
2,0.10 2 o 10 t(s)

Qual é a energia cinética do carro em t = 1O s?


17 Uma partícula movimenta-se em um.campo unidimensional.
A força varia em função da posição da partícula conforme o gráfico. Supondo-se a
partícula em repouso em x =o. qual é a energia cinética da partícula em x = 0,20 m7 em
X =0,30 m7

t(s)

F(N)
Com que energia cinética saiu a boia?

15 Uma força atua sobre um corpo em movimento retilíneo. O gráfico da valocidade do


corpo. em função do tempo está represensado na figura.
10
V

o 0,20 0,30 X(ml

o
18 Uma partícula de massa 0,10 kg. inicialmente em repouso sobre um plano horizontal·
com atrito desprezlvel, é sujeita a uma força cuja variação com a distância percorrida pela
E
partícula é dada pelo gráfico a seguir.

276 277
~~
F(N) m2

77777/7////////////////////ff////////#
15
a. Qual foi a variação da energia cinética do conjunto, durante a colisão?
b. Qual foi o trabalho da força exercida pelo carrinho (1) sobre o carrinho (2)7
c. Qual foi o trabalho da força exercida pelo carrinho (2) sobre o carrinho (117
10-t-~~~~~~~~~~-

26 Qual é a posição em função do tempo de uma partícula inicialmente em repouso e sobre


a qual age uma força de direção constante que transfere energia à partícula com. potência cons-
tante P7

27 A força necessária para manter um barco com velocidade con•tante é proporcional ao


quadrado da velocidade. Sabendo-se que a potência necessária para manter a velocidade de
2 3 s(m) determinado barco a 10 km/h é 10 kW, qual é a potência necessária.para manter a velocidada do
hlirco a 20 km/h7 ·

a. Calcule o trabalho da força de interação. 28 Avalie a sua potência máxima, ao subir uma escada.
b. Qual é a energia cinética final da partícula?
c. Qual é a sua velocidade final?

19 A força necessária para alongar determinada mola da quantidade x é dada pela lei
F = 10x (N, cm),
Qual é a energia armazenada na mola quando ela está alongada de 10 cm7
(Cuidado com as unidades!)

20 Jogue uma caixa de fósforos sobre uma mesa encerada; por meio de medidas simples
(você deverá decidir quais), avalie a força de atrito exercida pela mesa sobre a caixa, bem como o
coeficiente de atrito.

21 Uma mesma força de 1,0 N, de direção constante, age durante 1,0 s sobre três objetos
cujas massas respectivas são 1,0 • 10-3 kg, 1,0 kg e 1,0 • 1o• kg.
Os três objetos se encontravam em repouso quando se aplicou a força.
· No final do intervalo de 1,0 s, como se comparam os·momentos dos três objetos?
Como se comparam as energias cinéticas?

22 Um projétil cuja massa é 4,0 • 10-3 kg é atirado com velocidade de 3,0 • 10 2 m/s a 60°
acima da horizontal. Desprezando-se a resistência do ar, qual é a energia cinética do projétil ao
paSsar pelo ponto mais alto da tn•jetória?

23 Um automóvel de massa 1,0 • 103 kg acelera uniformemente; sua veloctdade aumenta de


10 m/s até 20 m/s numa distância de 1,5 • 10 2 m.
Qual é o valor da força total exercida sobre o carro? (Resolva por considerações de
trabalho e energia)

24 Uma mola linear de comprimento relaxado 20 tem coeficiente k. Corta-se um pedaço da


mola, de comprimento x. Qual é e coeficiente dessa pedaço?

25 No sistema representado na figura, o atrito entre os carrinhos e o plano horizontal é


desprazível; m 1 = m 2 = 1,0 kg. Inicialmente, o carrinho (11 está se movendo para a direita com
velocidade v= 4,0 m/s. O carrinho (2) está em repouso. Depois da colisão, a velocidade do
carrinho (1) é 1,0 m/s, e a do çarrinho (2), 3,0 m/s.

278 279
Considere dois trechos de mesmo comprimento (O, 1O m por exemplo) percorridos pela
partícula: um deles nó início do movimento, o outro, mais adiante.
QUESTÕES CONCEITUAIS · Em qual dos dois trechos foi maior a variação da velocidade (e conseqüentemente do
momento) da partícula? ·
1 a. Uma mola linear de coeficiente k está amarrada em uma parede. Você puxa a extremi·
dade da mola, alongando-a de x. 7 Querendo levar um saco de cimento até o 2.0 andar de um edifício, um operário o
A energia que você transferiu à mola é: carrega subindo pela escada. Um outro suspende o saco por meio de um sistema corda-polia fixa.
Como se comparam as quantidades de energia tran~feridas para o saco de cimento {e a seguir para

W1 Í
= IC
kx dx = -
1
2
kx
2
o.campo gravitacional) nos dois casos?

8 Um ônfüus ou um caminhão podem competir com um carro de passeio sobre uma


b. Você agora segura as extremidades da mesma mola com as mãos e alonga a mol•' do estrada horizontal.
Numa subida porém, o carro de passeio mostra uma vantagem indiscutível.
mesmo comprimento x, puxando cada extremidade de--}· Analise as razões da diferença.
A energia que você transmite à mola é:

W =2
l
f o
x/2
kxdx = -
1
4
/cx 2 = -
1
2
W •
1

No entanto, a mola se encontra no mesmo estado final que no caso (a). Resolva este
(aparente) paradoxo. {Deve haver um erro em algum lugar!)

2 Você se encontra em pé no interior de um elevador que está subindo com velocidade


constante e segura uma pasta na sua mão.
Você suspende a pasta o mais alto possível acima da sua cabeça. Ela subiu de a (talvez
1,2 m). Analisando esse movimento do ponto de vista energético você diz "para suspender a pasta
eu gastei mga de energia-alimento" (na realidade, você sabe que gastou mais, porque teve que
suspender o braço, retesar músculos, etc ... mas você se refere somente à tarefa "suspender a
pasta").
Um amigo seu está no chão fora do elevador. Ele observa que enquanto você suspende a
pasta de a (em relação ao elevador), o elevador subiu de b; de modo que para ele, a pasta subiu de
(a+ b). Ele diz "João {isto é, você) gastou mg (a+ b) de energia-alimento para suspender a pasta.
Ouem está certo?

3 a. Uma pedra de massa m cai livremente de uma altura h. Qual é o trabalho do peso
durante a queda? De quanto varia a energia cinética da pedra?

b'. Suponha agora que você esteja em um referencial inercial (S') em translação vertical no
referencial terrestre, com velocidade constante -·-1- v, (v, é a velocidade final da pedra no re-
ferencial terrestre). · 2
Analise trabalhos e variações de energia cinética nesse novo referencial.

4 Admitindo-se que os danos ocasionados por uma trombada de.automóvel sejam propor·
cionais à energia cinética dissipada, o que é menos perigoso:
a. andando a 30 km/h, colidir de frente com outro carro que anda na mesma velocidade em
sentido contrário, ou
b. andando a 60 km/h, colidir contra um paredão de concreto?

5 Uma força constante em direção e módulo age sobre uma partícula inicialmente em
repouso.
Considere dois intervalos de tempo iguais (1,0 s por exemplo) durante a ação da força:
um deles no início do movimento, o outro mais adiante.
Em qual dos dois intervalos foi maior a variação da energia cinética da partíçula?

6 Uma força constante em direção e módulo age sobre uma partícula inicialmente em
repouso.

280 281
5 Uma partícula de massa m= 0,20 kg tem, até t = O, velocidade uniforme de
PROBLEMAS· 1,0 • 1o• m/s. .
1 Um pedreiro sobre um andaime, está a 3,0 m de altura. O ajudante, no chão, joga tijolos A partir de t =O ela é submetida a· uma força constante, perpendicular à direção da
para o pedreiro, verticalmente. Os tijolos chegam às mãos do pedreiro com velocidade de 2,0 m/s. velocidade inicial, e de módulo 2,0 N. A ação da força dura 1O s. Calcule:
Da energia gasta pelo ajudante para arremessar os tijolos, qual é a fraÇão inutilmente gasta? a. O trabalho da força.
Resposta: 6%.. b. A energia cinética final.

2 A força de atração entre os dois ímãs da figura varia em função da distância d conforme 6 Um bloco de massa m. é lançado para cima sobre um plano inclinado de a. O coeficiente
o gráfico. de atrito µ. entre o bloco e o plano é menor que tg a, de modo que, depois de parar no final do
movimento ascendente, o bloco voltará a descer ao longo do plano.
ª' Construa o gráfico da força total sobre o bloco em função da posiçio sobre o plano.
b. Qual será a altura máxima atingida pelo bloco sobre o plano? ·
(N si IN=:AJ c. Qual é a quantidade de energia cinética transformada em energia interna durante o movi-
mento?
d d. Com que velocidade o bloco retornará ao ponto de partida?

F(N) 7 O coeficiente de atrito entre um bloco e urn plano inclinado de 30º é 0,70. Lança-se o
5 bloco ao longo do plano, para baixo, cóm uma velocidade de 2,0 m/s.
Que distância percorrerá o bloco até parar?
Resposta: 1,9 m.
4 8 No dispositivo representado na figura, o atri~o entre o bloco e o plano é desprezível; o
bloco está amarrado a uma mola linear de coeficiente k. Empurra-se o bloco contra a mola até

O d(cml esta se achar comprimida da distância d em relação a seu comprimento normal. A seguir, o
.bloco é largado com velocidade inicial nula. Qual é a distância percorrida pelo bloco até imobi·
1
2 3 Úzar-se pela primeira vez? ·
mg
Resposta: 21-k- sena +d).
Qual é o valor da energia mínima necessária para afastar os ímãs de uma distância de
3,0 cm um do outro, supondo:Se que eles estavam inicialmente em contacto? 9 Duas partículas interagem. Em determinado intervalo de tempo, a variaçio da energia
Resposta: 'V 4.10-• J. cinética total do sistertla tem determinado valor, em determinado referencial inercial. Mostre que,
em qualqueneferencial inercial, aquela variação tem o mesmo valor.
3 A bala de uma carabina, com velocidade de 4,0 · 10 1 m/s penetra 4,0 cm em um bloco
de madeira, onde fica engastada. (O bloco é mantido fixo no laboratório.) 1O Calcule o trabalho da força:
Se a espessura do bloco fosse somente 2,0 cm, com que velocidade a bala sairia, depois
de atravessá-lo 7
F =ry iê: +y'x y (N,m)
Resposta: teoricamente, 2,8 • 10 2 m/s. entre os pontos (0,0) e (1,0 1,0)m.
a. ao longo da reta y ::::: x
4 A lei de força de uma mola é: b, ao longo da parábola y = x•.
F = - 2,0 x 3 (N, m) para x <O (compressão);
F = - 1,0 x (N, m) para x > O (extensão). 11 Sobre uma partícula, age uma força
Um bloco de massa m =O, 1O kg está amarrado à mola e pode deslizar sobre um plano
horizontal com atrito desprazível. Larga-se o bloco na posição xG =-1,0 · 1O"' m (mola
·F·,,;_xy. x+·v• y IN,m).
comprimida). Oual será a extensão máxima da mola, no movimento subseqüente? · Calcule o trabalho dessa força quando a partícula se desloca da origem O ao ponto A (2,0
Resposta: 1,0 -10-•m 1,0)m:

282
283
a. ao longo da parábola y = .1x•; A força entre as duas partículas é atrativa e seu módulo é da forma _k_ lk =Cte)
4
r'
b. ao longo da reta OA. No modelo mais simples le essencialmente correto) do fenômeno, a trajetória e a valocl·
Respostas: a) 1,3 J; b) 1,7 J dade do elétron não sofrem perturbações significativas. Qual é a energia cinética do próton depois
da interação?
12 Sobre uma partícula age uma força Resposta: 2k 2 /mv 2 d'
f=y li +x y (N,m)
16 No dispositivo representado na figura, a peça P, de massa m pode deslizar com atrito
Calcule o trabalho dessa força quando a partícula se desloca do ponto (O O) até ao ponto desprezível ao longo da haste fixa AB. A mola é linear, seu comprimento relaxado é 20 I< 2) e seu
(1,0 1,0)m, coeficiente é k. Larga-se a peça com velocidade inicial nula na posição indica~. à distância x da
a. ao longo da parábola y = x •. posição-de equilíbrio O. Com que velocidadé passará por O?
b. ao longo da bissetriz dos eixos.
p
13 Você dispõe de uma corrente metálica fina, flexível, de 0,50 m de comprimento e massa
4,0 °10-• kg. Você segura as extremidades da corrente (uma em cada mão) em um mesmo plano
horizontal e ã pequena distância (.::: 1 cm) uma da outra. A B.
Deixando imóvel a mão esquerda (por exemplo), você suspende devagar, verticalmente, a
extremidade direita da corrente até que a corrente inteira esteja vertical, com sua mão direita a
cinqüenta centímetros acima da mão esquerda.
· Qual foi a energia mínima necessária para levar a corrente da posição inicial até a posição
final? (g =9,8 N/kg).
Resposta: 0,20 J.

14 Um elevador cuja massa total é 2,0 • 10 3 kg é 'acelerado a partir do repouso, atinge a Resposta:
velocidade de 6,0 m/s em 3,0 s, e continua subindo com velocidade constante. Em dado instante,
o elevador encont.ra-se 30 m acima do nível de partida; a energia fornecida pelos motores desde
v• = ;: { x; + 20 [ 20 + ~· + 22 i+]}
o instante da partida tem um valor certamente maior que um mínimo, valor este que se pede de- 17 Uma luva de bronze de 0,50 kg pode deslizar sem atrito ao longo da haste fixa AB.
terminar. (g.::: 1O N/kg). Sabendo-se que a mola está relaxada na co.nfiguração simétrica mostrada na figura, e que seu
Resposta: 6,4•10 5 J. coeficiente é 1,0. 10 2 N/m, com que velocidade v0 a luva deverá passar por O para poder atingir
o ponto M? (Não há atritos entre os fios de ligação e as polias.)

15 Um elétron com velocidade v da ordem de 10 7 m/s passa à distância d de um próton


(massa m l em repouso.
~ _, -4nllon1rnõll1111 - ~
''~-r-

.'
1
1
1
10 cm

.1

~=====~~===$==·J
A' B --+ Mi
_
:
1
1
Vo
i
d
p
l.- - - - --- - - - - -24 cm --------------i
18 Um ginasta de massa m sobe ao longo de uma corda elástica cujo comprimento relaxado
é 20 , cujo coeficiente é k, e cuja massa é desl?rez ível. Qual é a energia mecânica que ele gasta para
atingir o ponto de suspensão da corda?
V
Resposta·: mg'J. 0 (1 + mg \
Qok J
e
19 Uma escada rolante se desloca com velocidade uniforme de 1,0 m/s. Uma pessoa entra na
escada e vai subindo os degraus com velocidade constante de 0,50 m/s em relação à escada.

284 285
21 Para um carro médio andando sobre uma estrada horizontal, as forças de atrito têm um
resultante:
f = 1,0 • 102 + 0,50 v2 (N,m/s).
Construa um gráfico representando como varia a potência necessária para manter a
velocidade constante em função dessa· velocidade (e levando em consideração somente aquelas
,o~ forças de atrito), entre zero e 144 km/h.
5m
22 A tração máxima que uma locomotiva pode exercer sobre um trem de 1,0 • 10 6 kg é
2,0 • 105 N. Por outro lado, a potência máxima disponível é 1,0. 10 6 W.
a. Qual é o tempo mínimo que o trem levará para atingir a velocidade de 1O m/s (36 km/h),
partindo do repouso? ·
b. Que distância mínima terá percorrido o trem?
RespoStas:a, 62 s; b. 3.9 • 10 2 m

PROBLEMA EXPERIMENTAL
23 Faça três entalhes numa régua que pode girar em torno da extremidade fixa O, sobre uma
mesa horizontal com revestimento de eucatex liso ou de fórmica, preferivelmente.
Há uma interação pessoa-terra (gravitacional), uma interação pessoa-escada e finalmente
uma .interação escada-motores (que mantém a velocidade da escada constante).
Analise essas interaç6es do ponto de vista energia e avalie numericamente a parte "paga"
pela pessoa e a parte "paga" pelos motores, na execução da tarefa "levar a pessoa de A até B"
(massa da pessoa: 60 kg).
Respo$tas: os motores fornecem 2,0 • 10>- J à pessoa; a pessoa entrega 3,0 • 10 3 J ao
campo gravitacional, dos quais 1,0 • 103 J "pa9os" por ela. ·

20 No instante em que a plataforma se encontra na posição representada na fig., com


velocidade v0 , o bloco suspenso cai.

m
......M
' ............ .
..._________
p

Coloque moedas idênticas em cada um dos entalhes e imprima ao conjunto um rápido


m movimento de rotação.
O ponto 11.t da régua• vem bater contra o obstáculo P fixo na mesa. A régua se imobiliza,
mas as moedas continuam deslizando sobre a mesa; elas acabam parando devido ao atrito.
Estude a distribuição geométrica das moedas depois de pararem. Qual é a distribuição
O atrito entre a plataforma e os trilhos h.orizontais sobre os quais se move, é desprezível. que o modelo ma~ simples prevê? Como se compara a distribuição real com a previsão do
O coeficiente de atrito entre o bloco e a plataforma éµ. A situação física (valores deµ, de v0 e do modelo?
comprimento da plataforma) é tal que o bloco chega a imobilizar-se em relação à plataforma, e
que durante a interação bloco-plataforma, essa última continua sendo acelerada. • M deve encontrar-se aproximadamente a 1 /3 do comprimento da· régua a partir da extremidade.
Pede-se estabelecer um balanço detalhado das trocas de energia entre o instante em que o livre, por razc5es que serão explicadas no vol. 2 (M deve ser o "centro de percussão", para evitar
bloco cai e o instante em que ele se imobiliza em relação à plataforma. reaçõ.es indesejáveis no eixo 0).

286 287.
24 Um ciclista com sua máquina têm massa de 75 kg. Descendo em roda livre uma ladeira de
1%, a velocidade do ciclista é 10 km/h. Capítulo 8
. Quando ele desce uma 1a-deira de 3%, a velocidade passa a ser 28 km/h. Supõe-se que a CONSERVAÇÃO DA ENERGIA.
v•.
resistência do ar é proporcional a
Suponhamos que esse mesmo ciclista, agarrado à traseira de um caminhão, seja rebocado
por ele sobre uma estrada horizontal, com velocidade de 40 km/h. Qual é a potência suplementar
desenvolvida pelo caminhão, devida ao reboque do ciclista?
Resposta: 0,3 CV.

25 Uma part icula de massa m = 0,40 kg, tem movimento retil fneo uniforme com velocidade
v 0 = 1,0 m/s. Em determinado instante, exerce-se sobre a partícula uma força de mesma direção
e mesmo sentido que a velocidade; essa força transfere energia à partícula com potência constante
de 5,0 W.
a. Qual é o valor do módulo da força quando a velocidade da partícula é 2,5 m/s?
b. Qual terá sido o espaço percorrido pela partícula, a partir do instante da aplicação da
força, até a velocidade atingir 5,0 m/s? ·
Respostas: a. 2,0 N; b. 3,3m ·

26 A.massa de uma locomotiva é 1,3 • 102 toneladas.


Sobre trilhos horizontais, ela exerce uma força de tração de 1,5 • 10 5 N quando a sua
velocidade é de 18 km/h, e ela trabalha à potência constante até atingir a velocidade de 90 km/h,
que não pode ultrapassar. A resistência total ao movimento é proporcional ao quadrado da
velocidade. ·
Qual é a distância que a locomotiva percorre para passar de 18 km/h a 72 km/h?
Resposta: 6,4 · 102 m. ·

27 Um automóvel de massa m anda sobre uma estrada reta e horizontal. O motor fornece INTRODUÇÃO . _
uma potência constante P. A resistência (total) ao movimento do carro é proporcional ao qua· Voltemos à energia potencial, conc~ituada na seção 2 do capítulo
drado da velocidade. Nessas condições o automóvel não pode ultrapassar a velocidade u. Ache a precedente: é uma energia de posição ou de deformação. Mas ainda não
relação entre a posição x e a velocidade v do automóvel, sabendo-se que em x = x 0 , v= v0 • aprendemos a medi-la. Este é agora no5so problema. Para resolvê-lo,
Resposta: { .3 p }
seremos levados a postular a conservação da energia mecânica em certas
v' =u 3 -(u' -v!I exp. - - - (x-x 0 )
mu• classes de interações; nessas interações, c!iamadas elásticas, ou conserva-
28 Avalie a potência necessária para manter no ar, estacionário, um helicóptero de massa
tivas, o sistema conserva a sua capacidade de realizar tarefas.
1,0 • 10 3 kg e cujo rotor tem pás de 3,0 m de comprimento.
8.1 INTERAÇÕES ELÁSTICAS
8.1.1, EXEMPLOS
Consideremos o caso de um satélite artificial em órbita elíptica em.
torno da Terra (fig. 1 ).
Entre o périgeu P e o apogeu A, o satélite sobe no campo gravita-
cional terrestre; a sua energia cinética se transforma em parte em energia
potencial: ele atinge o apogeu A com energia cinética mínima, sendo
então máxima a energia potencial do sistema Terra-satélite.
Pelo contrário, ao cair do apogeu para o perigeu, a energia cinética
aumenta., diminuindo a energia potencial. O satélite atinge o perigeu
com energia cinética máxima, sendo então mínima a energia potencial do
sistema.
Essa transformação cíclica de energia cinética em potencial, e reci-
procamente, perduraria indefinidamente se o satélite não interagisse tam-
bém com partículas cósmicas, com o campo_ magnético terrestre, com
moléculas que escapam continuamente da atmosfera terrestre, etc. Essas

288 289

A.
.' ··. ·
que as interações de vínculo (suspensão pelo fio) não interviriam em
nada no balanço energético do sistema*.
Postulamos, para esse sistema ideal:
Ec +Ep = Cte
ou, de novo:
1:!.Ec +f:lEp =O. (2)
Generalizemos, por indução:
Existem, na Natureza, certas interações que conservam a energia
mecânica total do sistema em que elas se manifestam.
Tais interações são chamadas elásticas ou conservativas. .
Nas interações elásticas, som.ente é suscetível de medição a varia-
ção da energia potencial do sistema entre duas "configurações" determi-
p
nadas.
Com efeito, de nada adianta escrever: Ec + EP = Cte; se não co-
Fig. 1 A interação Terra-satélite é um exemplo de interação elástica (pelo menos e médio nhecermos o valor da constante, o valor da energia potencial é inaces-
prazo). sível, embora possa se conhecer o valor da energia cinética.
Pelo contrário, as relações (1) ou (2):
interações "perturbadoras" transformam parte da energia mecânica do
sistema em energia interna do satélite: eis por que os satélites artificiais b..Ec + 6.Ep =O
acabam, cedo ou tarde, reentrando na atmosfera terrestre, onde se "vapo- fornecem:
rizam" pelo atrito com o ar.
Mas, a médio prazo, para algumas centenas, ou mesmo milhares de b..Ep = -b..Ec
voltas, a energia mecânica .do sistema Terra-satélite pode ser considerada o que vai no5 permitir calcular!:!. Ep-
constante. .
Passemos mentalmente ao limite, isto é, construamos um mo- 8.1.2 VARIAÇÃO -DA ENERGIA POTENCIAL ENTRE DUAS CON-
delo, em que a Terra e o satélite interagem somente gravitacionalmente, FIGURAÇÕES DO SISTEMA
~end(! o sistema "impermeável" a qualquer outra interação. Limitemo-nos, por enquanto, ao caso em que a massa de urna das
Nessa situação limite, ideal, postulamos a conservação da energia partículas que interagem (a Terra) é várias ordens de grandeza maior que
mecânica total do sistema: ·a massa da outra.
Aprendemos, em capítulo anterior que, nésse caso, o referencial
Ec + Ep = Cte amarraao à partícula de maior massa coincide, praticamente, com o refe-
rencial do centro de massa (RCM) do sistema, sendo, portanto, inercial
e, conseqüentemente, passando às variações: para todos os efeitos**
É fácil provar que, nessas condições, a energia cinética da partícula
1:!.Ec+l:!.Ep=O. ( 1)
de maior massa (Terra) é desprezível em comparação com a energia
Da mesma forma, quando no laboratório observamos um pêndulo cinética da outra partícula. ·
oscilar, acreditamos que, se todos os atritos (no ar, no fio, etc.) pudessem
ser eliminados, a energia mecânica do sistema Terra-pêndulo conser-
var-se-ia constante, e o pêndulo continuaria oscilando indefinidamente.
De novo, imaginemos um modelo em que o sistema estaria isolado *Ou ainda: em que as forças de vínculo não "trabalhariam".
de qualquer outra interação que não fosse puramente gravitacional e em ... Excetuando-se os problemas relativos à conservaçá'o do momento linear.

291
290
PERGUNTA:
Como se comparam, no RCM, ti mQmentos das duas partículas' Corno se comparam as
energias cinéticas? Conclua.

Queremos, agora, calcular a variação da energia potencial de um


sistema isolado em que a energia mecânica se conserva por hipótese.
Aplicando o que aprendemos na seção 7.8, se F representa a hi
força total sobre a partícula de menor massa, a variação da energia ciné-
tica dessa partícula entre as posições r 1 e r 2 é:
l:::.Ec= fr,
r,
F ·dr

Com a hipótese inicial (a massa da Terra é várias ordens de gran-


deza maior que a massa da partícula que interé!ge corri ela), a variação da
energia cinética desta partícula é igual á variação da energia cinética do
sistema.
Finalmente, já que a energia mecânica se conserva:
l:::.Ep = - l:::.Ec = - f r,
F · dr. (3) o
Concluímos que: '•
Fig. ·2 Partícula que desliza sem atrito sobre um perfil de "montanha russa", no campo terrestre
restrito.
se, numa interação elástica entre duas partículas, a massa de uma sinal trocado, ao produdo de mg pela projeção vertical (h 2 - h 1 ) de ~r:
das partículas for várias ordens de grandeza maior que a massa da outra,
a variação da energia potencial do sistema entre duas configurações é h.Ep = mg (h 2 - h1 ) = mgl:!lh
igual ao trabalho, com sinal trocado, da força total que age sobre a em que M representa a variação da cota da partícula, entre a posição
partícula de menor massa, entre as configurações consideradas.
inicial e a posição final.
Façamos os cálculos para três situações usuais: Observemos que a variação da energia potencial entre duas con-
figurações, depende somente das cotas, ou dos níveis dessas configura-
1 PARTl°CULA NO CAMPO TERRESTRE RESTRITO ções; ela independe do caminho percorrido pela partícula entre os dois
Imaginemos uma partícula (bola de aço) que se move sobre um
níveis considerados. O cálculo feito generaliza o resultado encontrado no
perfil de "montanha russa" (figura 2); tratando-se de um modelo, supo~
mos o atrito nulo: a força de vínculo, sempre perpendicular à trajetória, capítulo precedente, a propósito do trabalho do pedreiro que levava seus
não trabalha. tijolos para cima da parede.
Em conseqüência, se a partícula descreve uma curva fechada no
Queremos calcular a variação l:::.Ep da energia potencial do sistema campo gravitacional terrestre restrito, a variação da energia potencial,
Terra-bola entre as configuraçõe~ 1 (posição r 1 da bola), e 2 (posição r 2 ). entre duas passagens (consecutivas ou não) da partícula por um mesmo
Já que a força de vínculo não trabalha, o trabalho da força total ponto da trajetória, é nula. ·
reduz-se ao trabalho do peso mg. ' Esta úftima propriedade é característica de toda e qualquer intera-
ção elástica. Vejamos mais dois exemplos.
Temos, sucessivamente:
2 PARTl°CULA EM UM CAMPO EM 1/r2
l:::.Ep= -[r• (mg)·dr =- mg • f r, dr=-mg· (r 2 - r 1 ) =-mg· M Tomemos como exemplo o campo gravitacional terrestre (não
mais restrito). Os resultados se generalizarão a qualquer campo em 1/r2
'• '1
(campo do Sol, de um planeta . . . ou campo de uma partícula . car-
e, finalmente, observando-se que o produto escalar mg ·!:::.ré igual, com regada).

292 293
Suponhamos, então, que uma partícula (um satélite artificial, por
exemplo), se desloca no campo gravitacional terrestre (fig. 3).

''
'

Fig. 4 F .drN = F .dr

A(riJ Sejam dr e drt, respectivamente, as componentes de drM ao longo


do raio-vetor OM e ao longo da perpendicular a OM:
dW = F • (dr+ drt) = F • dr+ F • drt
Observemos que a parcela F · drt é nula.

PERGUNTA:
Por que é nulo o produto F ·dr 1 ?

Fig. 3 Um satélite artificial, submetidQ à força de atração gravitacional F.


Segue-se que:
dW = F ·dr
Queremos saber como varia a energia potencial do sistema Terra-
satélite quando este se desloca de A (posição r 1 ) até B (posição r2 ) ao Mas, pelo fato de F ser uma força central, o produto F · dr é igual
longo da sua trajetória. . a Fdr, em que F é o valor escalar de F, isto é, o valor algébrico da
· No nosso modelo, a única força que atua sobre o satélite é a força projeção de F sobre o eixo OM, orientado pelo unitário (figura 4). u
F de atração gravitacional. Essa força é central (dirigida para o centro da
PERGUNTA:
Terra) e seu módulo F =(km )/r2 , em que m é a massa do satélite; esse Qual seria o sinal do produto Fdr no caso da figura 4?
módulo depende exclusivamente da distância r ao centró da Terra.
É precisamente por ser uma força central, cujo módulo é somente Já que, por hipótese, F é somente função der, o trabalho elemen-
função de r, que o seu trabalho e, conseqüentemente, a variação da tar dW é também exclusivamente função da distância r. A integração é,
energia potencial do sistema, só depende da configuração Ínicial (dis-

J'•
agora, imediata.
tância r 1 do centro) e da co.nfiguração final (distância r 2 ), como mostra-
remos a seguir.
W= Fdr
1

De fato, a partícula em M está submetida à força F (figura 4). No


deslocamento drM o trabalho elementar da força F é: em que r 1 e r2 representam as distâncias respectivas da posição inicial e
da posição final ao centro de forças,
dW= F ·drM

294 295
bl==~
Podemos, agora, calcular a variação da energia potencial:

D.Ep = -DEe = -W = -
f 1
r,
F dr

1 1
1. 1
Substituamos F por - km
,2 : 1 1
1

~
1
1
1

D.Ep =km { ;;;,2. 1

-
1
i
jr. 1
.l
1
_J

o,T__ X - .1
1 1
Finalmente:

D.Ep=km(,~ - ,~)=-kmD.(~). (4) Fig. 5 Força exercida por wna mola linear. A origem das posições é a extremidade da mola
relaxada. ·

Como foi previsto, a variação da energia potencial do sistema Ter· Entre as posições x 1 e x 2 a variação da energia potencial do sis-
ra-satélite somente depende da configuração inicial (distância '1) e da
configuração final (distância r 2 ). Não depende, portanto, do caminho
seguido pelo satélite entre essas duas posições.
Em conseqüência, se o satélite completar uma (ou várias) voltas
em órbita, a variação total da energia potencial do sistema ao longo
tema é:

6.Ep = -
.
! X2

(- kx} dx
Xi
1 2 2 1
dessa, ou dessas várias voltas, é nula; generalizamos, assim, o resultado 6Ep=.-2-k(X2 -Xi }=yk.!i(X 2 ). (5)
obtido no caso do camP.O restrito.
Fisicamente, o resultado precedente é coerente com a observação:
se 1x 2 .I > 1x 1 1, a mola está mais deformada na configuração final que na
3 .PARTíCULA OSCILANDO NA EXTREMIDADE DE UMA configuração inicial: a energia potencial final é -maior que a energia po-
MOLA tencial inicial.
Sabemos que uma mola linear "ideal" exerce sobre a partícula Mais uma vez, a força de interação depende,somente da distância à
amarrada à extremidade livre uma força proporcional à deformação da origem, que faz aqui o papel de centro de forças. Em conseqüência, a
mola, e de sentido contrário. variação da energia potencial depende somente da configuração inicial e
Tomemos, como origem das posições, a extremidade da mola re- da configuração final.
laxada (figura 5}. Na posição x, a força exercida pela mola é: De modo que, entre duas passagens pela mesma posiÇâ°o, a variação
total da energia potencial é nula.
F = -kx,
em que F é a componente algébrica da força ao longo do eixo orientado 8.2 CONFIGURAÇÕES DE REFERÊNCIA PARA A ENERGIA
x
pelo unitário (o problema é unidimensional}. POTENCIAL
De novo, construímos um modelo em que o bloco pode deslizar Em todos os casos estudados na seção anterior, o trabalho da força
sem atrito sobre o plano horizontal: a força de vínculo e peso não tra- de atração gravitacional, ou da força exercida pela mola, media sempre
balham, de modo que o trabalho da força totàl é igual ao trabalho da (trocando-se o sinal) a variação da energia potencial do sistema entre
força exercida pela mola. duas configurações. Essas configurações eram caracterizadas pela distân-

296 297
eia da partícula ao centro da Terra, ou pelo estado de deformação da
mola.

i
Quando procurávamos definir quantitativamente o trabalho de
uma força, no caso do pedreiro que suspendia o seu tijolo do chão até a
altura h, vimos que a energia potencial do sistema Terra-tijolo aumentava
de mgh. Seríamos tentados, talvez, a dizer que a energia potencial do
sistema era mgh. h
No entanto, podemos imaginar que o pedreiro apanha o tijolo no
fundo de um poço que se encontra ao lado da parede que ele está
construindo. O tijolo se encontrará, finalmente, na mesma posição; a
configuração final Terra-tijolo será exatamente a mesma e, no entanto, a
~
. _......... é1Thf
energia potencial terá aumentado de 3mgh, digamos, se a profundidade
do poço for duas vezes a altura da parede.
--
Podemos dizer que a energia potencial do sistema é 3mgh? ou é
mesmomgh? ...
Concluímos que não há conteúdo físico na expressão "energia
potencial de um sistema em determinada configuração". No entanto,
podemos dar um sentido convencional a essa expressão: basta que, para
cada um dos sistemas estudados,. definamos uma configuração de refe- '/
rência à qual daremos, arbitrariamente, uma energia potencial nula.
Vejamos quais são as convenções adotadas nos três casos es-
tudados. Fig. 6 Duas configurações de referência, no campo terrestre restrito.
1.0 CASO: Campo Gravitacional Restrito
A configuração de referência é, geralmente, a configuração em que
a partícula estudada está no nível o mais baixo possível, no fenômeno referência, diremos, convenciona/mente, que a energia potencial do sis-
que se propõe estudar. tema Terra-pêndulo é, de novo:
Ep(h) =mgh. (6)
A figura 6 mostra dois exemplos disso. No primeiro exemplo, um
livro está sobre uma mesa, numa sala de aula, e o professor está falando 2.0 CASO: Campos em 1/r 2
da energia potencial no campo restrito. Apanha o livro, suspende-o e o Por convenção, a configuração de referência é aquela em que a
deixa cair, mas o livro nunca se encontrará mais baixo que o nível da partícula se encontra infinitamente longe do corpo central. Em conse-
mesa. Define, assim, como energia potencial zero, a energia potencial da qüência, para os campos atrativos (campos gravitacionais), a energia (con-
configuração livro sobre a mesa. vencional) de qualquer configuração é sempre negativa.
Dirá, então, convenciona/mente, que a energia potencial do sis- ·Fisicamente, o que precede é evidente. Com efeito, quanto mais
tema Terra-livro, quando este se encontra à altura h acima da mesa, é afastado do centro da Terra estiver a partícula, maior será a energia
mgh: potencial do sistema. Quando a partícula está no infinito, a energia po-
tencial tem o seu valor máximo. Se dermos, convencionalmente, o valor
Ep (h) = mgh. zero a esse máximo, está claro que a energia de qualquer outra configu-
No segundo exemplo, um pêndulo está oscilando: a posição mais ração será negativa.
baixa que a bola do pêndulo ocupa, no decorrer das oscilações, é a Mas façamos o cálculo da variação da energia potencial entre o
posição correspondente ao equilíbrio, na vertical do ponto de suspensão. infinito e a configuração genérica (r), utilizando os. resultados da seção
Podemos escolher essa configuração como configuração de energia precedente (relação 4): ( . ~
zero. Quando a bola se encontra a um nível de cota h acima do nível de ' 1 1 .
Ep ,r) - Ep(oo) = km -;;;;-- - -r- ,
298
299
o que fornece:
Ep(r) =- km . (7) hl ou Ep =mgh
r
Concluímos que, desde que se aceite a convenção Ep_( 00 ) igual a
zero, a energia potencial de interação gravitacional varia em razão inversa
da distância ao centro da Terra. A expressão (7) somente é válida para os
pontos exteriores à Terra ou, de modo geral, exteriores ao corpo central.

PERGUNTA
O.Uai é a razao da restr 1ç3o anunciada acuna?

3.º CASO: Energia Potencia/ de Deformação de uma Mola Linear o J(

Convenciona-se que a energia potencial da mola relaxada é nula.


A ·relação (5) da seção precedente mostra então que, na posição x
Fig. 7 Gráfico de potencial. Na posição de abscissa x, a energia total é E= Ec + Ep,
da extremidade livre da mola, a energia potencial é:

Ep(X) = 21 kx 2 • (8) Tomemos o nível Ox como nível de referência para a energia


potencial do sistema Terra-bola. Essa energia potencial, mede-se, então,
A energia potencial da mola é assim proporcional ao quadrado da por mgh; em conseqüência, o mesmo gráfico pode também ser interpre-
sua deformação. tado como sendo o gráfico da energia potencial em função de x ou, como
se costuma dizer, um gráfico de potencial. (Basta mudar a escala vertical
8.3 GRÃFICOS E POÇOS DE POTENCIAL de h para a quantidade proporcional mgh.)
A análise de certos problemas ligados a interações conservativas é Se a partícula passa pela posição de abscissa x com energia cinética
facilitada quando a energia potencial do sistema é representada grafica- Ec, a energia mecânica total do sistema é:
mente em função da distância de uma das partículas ao centro de forças. E=Ec+ Ep.
O caso mais comum é o caso em que uma das partículas tem massa muito
maior"que a outra. Desde que, como se supõe, o atrito seja desprezível, essa energia
Restringiremos nosso estudo ao caso unidimensional, e estuda- total se conserva.
remos três exemplos: No mesmo gráfico, podemos representar essa energia total por uma
a. Partícula vinculada a determinada trajetória no campo restrito; reta paralela ao eixo dos x.
b Movimento unidimensional de uma partícula no campo terrestre Reciprocamente, dado o gráfico de potencial e a energia total do
não restrito; e, sistema Terra-partícula, podemos imediatamente descobrir as regiões do
c. Interação por meio de uma mola linear. perfil acessíveis à partícula.
A figura 8 mostra o mesmo perfil que o da figura 7.
1.° CASO: Movimento de uma Partfcula Vinculada no Campo A energia total é E. A reta de ordenada E encontra o perfil nos
Terrestre Restrito pontos A B C. Deve ficar claro que a partícula somente pode encon-
Suponhamos que uma bola de aço possa mover-se com atrito des- trar-se (sobre o perfil) entre os pontos A e B, ou além do ponto C.
prezível ao longo do perfil de "montanha russa" da figura 7. Corn efeito, se a partícula se encontrasse em D, por exemplo, ela
O que essa figura representa é, ao mesmo tempo que um corte do teria unia energia cinética negativa, o que seria obviamente absurdo: as
perfil, um gráfico da cota h, acima de um nível de referência Ox, em posições tais que D, e de um mogo geral, as posições "acima" da reta de
função de x. energia total são, portanto, posições "proibidas".

300 301
E,

R d r
o

E
E~---i- l::::::::j:
l::: ......

o XA Xg Xc X EclRl

Fig. 8 Se a energia total for E, a partícula somente pode se encontrar entre A e B (sobre o
perfil) ou além de e.

Suponhamos que se abandone a bola em A, com velocidade nula e,


conseqüentemente, energia cinética nula. Ela desce: sua energia cinética
aumenta, diminuindo na mesma proporção a energia potencial do sistema
Terra-bola. Ao chegar ao fundo do "poço", a energia cinética é máxima,
a energia potencial é mínima. A bola continua, subindo agora em direção
de B; durante a subida, a energia cinética diminui, aumentando a energia
potencial. A bola chega em B com energia cinética nula. Ela inverte então
o seu movimento, indo agora para A, e assim por diante. A bola oscila no
poço d.e potencial AB. Fig. 9 Gráfico de potencial do campo gravitacional terrestre. Um foguete lançado vertical mente
Os dois pontos A e B são chamados, por razões óbvias, pontos de com a energia total E atingirá a altura d.
retorno.
·Sombreamos o poço de potencial AB: observem que a "profun-
didade" do poço mede a energia cinética da p'artícula na posição corres-
pondente. Suponhamos que se lance um foguete verticalmente, da superfície
da Terra (r = R), com energia cinética Ec(Rl. A figura mostra a cons-
2.º CASO: Movimento de uma Partlcula no Campo Gravitacional trução da reta de energia total:
Terrestre
Aprendemos na seção 8.2 que a energia potencial do sistema E= Ep (R) + Ec (R)
Terra-partícula é: ·
Para facilitar a leitura da figura; representamos de novo em som-
km breado a "região de energia cinética'': a "profundidade" dessa região
Ep(r)=--,-
representa a energia cinética do foguete correspondente à determinada
em que k é uma constante de proporcionalidade e m a massa da par- distância do centro da Terra.
tícula. Vê-se que, ao atingir a distância d, a energia cinética é nula: essa
Lembremos que a.relação precedente é válida somente parar> R distância d é, portanto, a distância máxima atingida pelo foguete; ou
{R: raio da Terra). A figura 9 representa o gráfico de potencial. ainda, a altitude máxima atingida é (d - R).

302 303
O valor de d, em.um caso concreto, seria facilmente obtido a partir A figura 1O mostra o gráfico de potencial: é um poço parabóficó.
da equação: Se a energia total for E, os pontos de retorno são A e B: o bloco
oscila no poço de potencial sombreado na figura. De novo, a "profun-
E=- km.
r didade" do poço mede a energia cinética do bloco na posição corres-
pondente.
O fato de a energia total ser negativa, no exemplo ilustrado pela Voltaremos a esse caso, em maiores detalhes; no capítulo 10.
figura 8, não deve surpreender. Vimos na seção 8.2 que, devido à
convenção adotada para a "configuração de referência para a. energia po-
tencial (Ep( 00) = O), a energia potencial de interação gravitacional é sem- 8.4 RELAÇÃO ENTRE FORÇA E ENERGIA POTENCIAL
pre negativa. Restringiremos nosso estudo ao casq unidimensional da interação
Na. superfície da Terra, a energia Ep(Rl representada na figura é com um campo (ou com uma partícula de massa muito maior).
conseqüentemente negativa. O exemplo escolhido supõe que a energia Sendo F (valor escalar) a força exercida sobre a partfoula estudada,
cinética inicial Ec (R), embora evidentemente positiva, é menor que o a variação dEp da energia potencial de interação, no deslocamento dx
valor absoluto de Ep(R); a energia total E é, pois, negativa. dessa partícula é:
Ao mesmo tempo, e .seguindo sempre pela figura 9, entendemos
que a condição para que o foguete não volte à Terra ou, como se diz, que dEp = -Fdx.
ele "escape", é que a reta de energia total não encontre o 11ráfico de ·Concluímos, portanto, que:
potencial: essa energia total d~ve ser portanto nula, ou positiva.
dE
F =-..::.=p_
dx ·
(9)
3.º CASO: Oscilação de uma Partícula na Extremidade de uma Mo-
la Linear No caso unidimensional, a força de interação com o campo é igual
A energia potencial (seção 7.2) é da forma: à taxa de variação da energia potençial em relação à posição, com sinal
trocado.
Ep=+kx 2 De modo que, para obter a força a partir da energia potencial:
a. se a energia potencial é fornecida analiticamente pela função
em ·que k é a constante de proporcionalidade da lei de força F=-kx ex a Ep = Ep (x), basta derivar em relação a x e trocar de sinal.
posição da partícula (a origem das posições é a extremid'ade da mola b. se a energia potencial for dada pelo seu gráfico. a força será dada
relaxada). pela inclinação da tangente à curva, com sinal trocado.
E
EXEMPLO 1
Voltemos ao caso da interação com a Terra, por meio da mola
linear (figura 11) ou, se quisermos, da interação com. o campo cuja
energia potencial é:

xA. )(8
Ep(x) = + kx 2 •

Na posição x, a força que age sobre a partícula é (indiretamente)


medida pela inclinagão da tangente ao poço de potencial no ponto cor-
respondente.
Como a origem foi tomada na posição de equilíbrio, observa-se
Fig. 1 O Poço de potencial de uma mola linear. Se a energia total for E, o bloco oscila entre os que, para x > O, a tangente tem inclinação positiva e,_ conseqüentemente,
pontos A e 8. A seta assinala a posição da extremidade da mola ref~ada. a força é negativa ou seja, dirigida para a esquerda. E uma força atrativa.

304 305
Finalmente, como neste caso conhecemos a expressão analítica da
Para x = O (equilíbrio estável), o poço de potencial passa por um
mínimo: a força é nula.
energia potencial {Ep = + kx 2 ), podemos obter diretamente a força:
dEp .d 1
F = - - - = - - ( - kx 2 )
dx dx 2

F=-kx

8.5 ENERGIA CINÉTICA E ENE·RGIA POTENCIAL NA INTERA-


ÇÃO UNI DIMENSIONAL ELÁSTICA DE DUAS PARTfCULAS
DE MASSAS COMPARÁVEIS.
8.5.1 ENERGIA CIN!:TICA DO SISTEMA EM UM INSTANTE DADO
o X X
Consideremos (fig. 12) a interação elástica unidimen1lional de duas
partículas de massas comparáveis.
V1
.. V2

m1
o~
1 -f. X2
~
F 1
F 1
• ---------, 1
1 1

~1
____ r _ _ __ 1
1 1
1 1

X
Fig. 12 Interação elástica unidimensional de duas partículas. As forças de interaçio são respecti·
wmente F e -F.

Em um instante qualquer ta partícula de massa m 1 tem velocidade


(escalar) v 1 ; a partícula de massa m 2 tem velocidade v2 •
A energia cinética total do sistema, no instante t, e no referencial
Fig. 11 ·Determinação da força a partir do poço de potencial (caso da mola linear). do laboratório, é:

Generaliza-se facilmente as propriedc1des precedentes: Uma posi-


(Ee ) Jab.
total
= -21 m1 V1
2 1
+ -2 m2 V2
2
(10)
ção de equilíbrio estável corresponde necessariamente a um mínimo do
poço de potencia!.· seja v* (constante) a velocidade do centro de massa do sistema,
no laboratório. • ·

PERGUNTA:
EXERC(CIO: O fato de a velocidade v• ser constante, no referencial do laboratório, pressupõe o quê,
Em um máximo do gráfico de potencial, a força é também nula. Prove que, no entanto, em relação ao sistema?
a posição correspondente é a de um equillbrio instável.

306
3o7
Representando-se por V 1 e V2 respectivamente as ve.locidades das a energia cinética total pode portanto anular-se. t nesse sentido que o
partículas no RCM, sempre no mesmo instante t, temos: RCM pode ser considerado como o referencial mais "econômico".•
v1 = V 1 + v* ; v2 = V2 + v*
A substituição na eq. (10) fornece, depois de re-arranjos óbvios: 8.5.2 VARIAÇÃO DA ENERGIA POTENCIAL DE INTERAÇÃO EN-
TRE DUAS CONFIGURAÇÕES DO SISTEMA.
(Ec~:~~ 1 = f(m1Vi 2 +m2\,'z 2)+ f!m1+1nz)v* 2 + (m 1Vi + m 2 V2 )v~ Consideremos um intervalo de tempo dt durante a interação.
No intervalo dt a partícula de massa m 1 (fig. 12) se desloca de
dx 1 , e a partícula de massa ril 2 , de dx 2 •
A terceira parcela do segundo membro é nula (por quê?), de mo- O trabalho total das forças de interação F e-Fé:
do que:
dW= F(dx 1 -dx 2 ) =Fdr,
(Ecltab. = _!_ (m1 V1 2 + m2 l'2 2) + _21 (m1+m2) v*2. ( 11)
total 2
em que dr é a variação, no intervalo dt, da distância r entre as part réu las.
A variação correspondente da energia cinética total do sistema é:
A expressão-.;.- (m 1 Vi 2 + m 2 Vl) representa a energia cinética total
no RCM. · d (Ec) = dW = F dr.
A expressão+ (m1 + m 2 )v* 2 é a energia cinética de uma partícula total

Supondo-se a interação elástica, a variação correspondente da ener-


fictícia, cuja massa fosse igual à massa total do sistema, e que tivesse a ve- gia potencial de interação é:
locidade {constante) do centro de ·massa.
Observemos que, enquanto o sistema_ permanecer isolado, a parce-
la f(m 1 + m 2 )v* 2 da energia cinética total permanece invariante. A in-
d Ep = -d (Ec)
total
= -F dr.

terpretação física dessa invariância é imediata: ela é devida à invariança Entre uma configuração inicial, caracterizada pela distância r1 en-
do momento total do sistema, no laboratório. A eq. (11) escreve-se fi- tre as partículas, e uma configuração final, caracterizada pela distânciar2,

! '•
nalmente: a variação da energia potencial de interação é:

(E )lab. = (E )RCM + (E ) (12)


e total c total c CM I 6 Ep =- F dr. (13)
1
em que o símbolo (Ec)
cM representa
· aquela energia associada ao movi-
mento do centro de massa. EXEMPLO 2
No decorrer da interação, a única parcela que pode variar é a ener- Dois carrinhos cujas massas são, respectivamente, m 1 = 2,00 kg e
gia cinética total no RCM. A energia cinética associada ao movimento do m2 = 1,00 kg estão interagindo por meio de uma mola cujo coeficiente
CM é "intocável" (enquanto o sistema permanecer isolado). é k = 2,00 · 103 N/m e cujo comprimento relaxado é Q0 = 0,200 m (fi-
gura 13). O~ carrinhos se deslocam sobre um trilho horizontal retilíneo
Do que precede concluímos que: com atrito desprezível. ·
No instante ·t = O, as velbcidades dos carrinhos têm mesmo sen-
a - a energia cinética total no laboratório não pode nunca ser nula (de
tido; v1 = 10,0 m/s,·v2 = 4,00 m/s, e a mola se encontra relaxada, com o
novo, pela necessidade de conservar o momento);
comprimento Qo.
b - em contrapartida, se a interação unidimensional for estudada no
RCM do sistema, a energia cinética medida em determinado instante está
inteiramente disponível para realizar tarefas dentro do próprio sistema,
•Insistimos sobre o fato de que estamos tratando de interações unidimensionais. Em interações
podendo conforme o caso transformar-se integralmente em energia poten- bidimensionais a Ec total no RCM não se anula (pela necessidade de conservar um outro momen-
cial de interação, ou em energia interna das partículas, etc .... No RCM, to: o momento angular. Ver capítulo 11 ).

308 309
1
C1
- V2

m1
C1
fipn\í\~-~
·---~
V1 cial de interação é, então, igual ã diferença entre a energia total e a energia cinética mínima, ou se-
ja, a:

108- 96,0 =12 J.


~~~~ Entre o instante t = O e o instante de alongamento máximo:
âEp= 12J.
Fig. 13 Interação de dois carrinhos por meio de uma mola linear.
Sabemos, por outro lado, que sendo I! o comprimento da mola no estado de alongamen-
to m!l~imo:

a. Qual é a energia cinética do sistema em t = 07 â Ep = - J,'• Fdr= - J,,11 -k (r-1! 0 ) dr= - 1-k (2-2 0 ) 2
Qual é a energia potencial de interação? 1 ... 2
Qual é a energia mecânica total? 2b.Epf
Portanto: I! - 20 = 1-k-l
b. Qual é a velocidade do centro de massa?
c. Qual é a energia cinética mínima que a sistema pode ter no labo- Numericamente, acha-se: I! - l! 0 =0,110 m 111,0cm).
ratório.? No RCM?
d. Qual é o alongamento máximo da mola, no decorrer da interação? EXEMPLO 3
A força de interação entre duas partíc~las é repulsiva; seu módulo
SOLUÇÃO:
varia em função da distância d entre as partículas como mostra o gráfico
a. Emt=O: da figura 14.
IEcl = -1-m,v, 2 +...!...m 2 v2 2 =108J,
total 2 2
F(N)
Ep = O (mola relaxada)
A energia mecânica total é: E= 108 J. 60
. b. A velocidade do CM é:
m 1 v, +m 2 v2
v•=------ 8,00m/s
50
m, + m 2
c. A energie cinética total no labora~6rio pode escrever-se:
40
IEc) = 1..!...m, V1 2 + ..!...m, V2 2 ) + _.!._ lm, + m 2 ) v*2
. lab 2 2 .2
A primeira parcela do segundo membro representa a energia cinética total no RCM; a"".'- 30
gunda parcela é a energia cinética associada ao movimento do centro de massa.

Sendo constante a velocidade .,. do centro de massa, conclui-se que as variac;&ls 20


da energia cinética total do sistema são devidas, exclusivamente, ãs variaçéies da quantidade

··~ m 1 V, 2 + ·+m• V.', isto é, às variações da energia cindtica total no RCM. Essa energia será 10
nula nos instantes de compressão máxima ou de alongamento máximo da mola: São
com efeito os
instantes em que o sistema se desloca "em bloco" la distância entre os carrinhos passa, entio, por
um mínimo ou por um máximo).
Conclui-se que a energia cinética mínima do sistema no laboratório é: o 2 3 4 5 6 7 8 9 r(cm)

IEc) r
mn.
=- 1
2 lm, + m,) v•• ='96,0 J. Fig. 14 Força de interação entre duas partículas, em função da distância.

No RCM, a energia cinética mínima é nula.


d •. No instante em que o alongamento da mola é .rnáximo;a energia cinética do sistema é ml- Quando a distância eritre as partículas é 8,0 cm, a energia cinética
~ima, sendo igual a 96,0 J, como visto acima. Conservando-se a energia mecânica, a energia poten- total do sistema é 9,0 J. Qual o valor dessa energia cinética quando a

310 311
distância é 3,0 cm? De quanto aumentou a energia potencial do sis- 5 Em conseqüência do que precede, e da 2.a lei de Newton, deduzi-
tema? mos que o trabalho da força total que age sobre a partícula mede a
SOLUÇÃO: variação da energia cinética da partícula, definida pela expressão~mv2 •
Neste caso, o cálculo de: (O referencial é necessariamente inercial.)
1•
6 Há certas situações em que a interação largamente predominante é
1!.Ec=Í Fdr
r, caracterizada por uma força cuja direção passa por um centro fixo (à
deve ser feito graficamente, pela avaliação da área sombreada no gráfico dado. distância finita ou infinita) e cujo módulo depende somente da distância
Sendo a interação repulsiva, a energia cinética diminui quando a distância entre as partí- da partícula ao centro.
culas diminui. A integração gráfica (avaliação da área) fornece, aproximadamente, 1 J. Essas interações, ditas elásticas ou conservativas, conservam a ener-
=-.
Conclui-se que: l!.Ec 1 J.
gia mecânica do sistema.
A energia cinética final é, pois, 8 J.
Para que se possa discutir a energia potencial do sistema, deve-se averiguar primeiro se a 7 Se considerarmos uma dessas interações, a variação da energia
interaç5o é ou não elástica. Ora; observa-se que a correspondência entre força e distância ê biun í- potencial do sistema, entre duas configurações, é medida pelo trabalho,
voca; em outros termos, a força de interação depende somente da distância entre as partículas. A
interação é, conseqüentemente, elástica': com sinal trocado, da força de interação, entre as duas configurações
.Conclui-se que: consideradas.
AEp=-AEc=1J.
Do que precede, deve ficar claro que a lei da conservação da ener-
gia tem contornos muito mais difusos, muito mais imprecisos, que a
CONCLUSÃO outra grande lei que encontramos no capítulo 4: a lei. de conservação do
Ao terminar o conjunto fórmado por este capítulo e pelo pre- momento linear. Esta última se verifica em qualquer tipo de interações,
cedente, resumamos as idéias fundamentais em que foi alicerçado quan- elásticas ou não (desde que o sistema seja isolado. e que o referencial em
titativamente o conceito de energia: que se estuda seja inercial).
1 Acreditamos na conservação de "algo" que é indispensável para a
realização de tarefas, que se consegue direta ou indiretamente pelo con- Pelo contrário:
sumo de combustível, e que se manifesta pelo movimento de um corpo, A lei de conservação da energia mecânica somente se verifica
pelfl sua posição em relação a outros, pela sua deformação, pelo fato que numa classe ideal de interações: as interações elásticas.
ele é mais quente que um outro corpo, ou que ele irr.adia luz, etc.
A esse "algo" damos o nome de energia. Na realidade, não há interações "matematicamente" elásticas, prin-
.Acreditamos, pois, na conservação da energia. cipalmente em se tratando de interações macroscópicas. Nas interações
2 Duas formas de energia são particularmente simples de se definir reais, há sempre uma parcela da energia mecânica que "desaparece", por
menor que seja essa parcela. ·
qualitativamente: a energia de movimento -(energia cinética) e a energia
de posição ou de deformação (energia potencial). Postulamos, então, que essa energia "desaparecida" transformou-se
· Ao conjunto dessas duas formas dá-se o nome de energia mecânica. em energia interna, ou talvez numa outra forma de energia (luz, por
3 Qefinimos o trabalho de uma força que age sobre uma partícula exemplo).
pela relação:
W= f F ·dr. A lei da conservação da energia é a segunda das grandes leis de
conservação da Mecânica clássica; a primeira foi analisada no capítulo 4:
4 Postulamos que esse trabalho mede a quantidade de energia é a lei da conservação do momento linear.
transferida OIJ transformada pela força, no decorrer da interação. O sinal
do trabalho' indica o sentido da transferência, ou da transformação. Da mesma forma que esta última traduz uma simetria profunda
das leis da Física, que se manife~ta pela inv'ariância dessas leis em relação
• Tal não seria o caso se o gráfico 1FI vs r apresentasse dois ramos distintos: um para a aproxi-
a uma translação no espaço, a lei da conservação da energia está associada
mação (r diminui), outro para o afastamento (r aumenta). Ver a questão conceituai n.º 12, por a outra simetria daquelas leis: a que se manifesta por sua invariância em
'!Xernplo. relação a uma translação no tempo. ·

312 313
PROBLEMAS RESOLVIDOS Ora, no caso mais desfavorável, isto é, no caso em que a partlcula consegue justo passar
por M sem perder o contacto com a guia, a força de vlnculo em M se anula, instantaneamente.
Nesse instante, portanto, a única força que age sobre a partlcula é o seu peso mg, vertical
1. R A partícula de massa m = 0, 10 kg é projetada para cima por uma mola linear compri- e para baixo.
mida de 10 cm (A posição O representa a posição inicial da partícula, com a mola comprimida).
Conclui-se que, sempre no mesmo instante; a aceleração da partícula é g, normal à
Qual é o menor valor da constante k da mola, que permitirá que a partícula permaneça trajetória.
sempre em contacto com a guia OABC, ao longo da qual ela desliza sem atrito?
Sendo R o raio de curvatura da trajetória e v a velocidade da part lcula, a aceleração
(g = 10 m/s 2 ). normal é:
v•
M
R
Temos pois, em M, e no caso mais desfavorável,
v•
g=~--+- v' =gR
A B
Substituamos na equação da energia:
1 1
2 mg R + Ep = ~ k (lix)'

Quanto vale E em M?
0,f50m A mola já voftou a seu estado relaxado, de modo que a energia potencial de interação
e com a mola é nula.
A energia potencial gravitacional vale mgz, em que z representa a diferença de cota entre
OeM.
Ternos finalmente:

.!...
2
mgR + mgz =1._ k
. 2
{llx) 2

ou seja:
k = mg (R+2z)
(llx) 2

Numericamente: m = 0, 1Okg,g=1 O m/s 2 , R = 0,20 m, z =O, 70 m, /lx = 0, 10 m.


Acha-se: k = 1,6 • 10 2 N/m.

SOLUÇÃO: 2.R Uma partícula movimenta•se no campo unidimensional cujo potencial é:


A força de vínculo da partícula com a guia não trabalha.
Ep (x) = ax 2 ,-bx' (a e b constantes positivas).
Eliminando-se essa interação, a partícula interage com a Terra:
a. por meio da mola;
b. gravitacionalmente. a. Esboce o gráfico da função Ep (x).
Ambas as interações são conservativas. b. Q~al é a posição de equil ibrio estável da part (cuia?
Tomemos então, como configuração de energia potencial gravitacional nula, a posição O e. Quais são os limites entre o.s quais deve variar a energia total para que o movimento possa
da partícula, e como configuração de energia de interação nula com a mola, a configuração em ser oscilatório?
que a mola está relaxada.
d. Qual é a força que age sobre a partícula na posição x = : .· 7
A energia rnecãnica total inicial, no laboratório, reduz-se à energia de interação com a
mola, já que a energia de interação gravitacional é nula por convenção, e que a energia cinética da
partícula é também nula: SOLUÇÃO:
E= - 1- k (LI.X)' a. A posição de equilíbrio corresponde ao "fundo do poço", ou seja, x = O.
2 b. Para que à partícula oscile no poço de potencial, o valor mínimo da energia total deve
em que LI.X representa a compressão inicial da mola. 4a'
·ES!iB energia E conserva-se constante. ser zero, e o valor máximo, - - 2
27b
No ponto mais alto da trajetória, M, a equação da energia escreve-se: e. Calculemos:
1 . 1
- - m v• + Ep = E (= - - k (Ll.X) 2 ) dEp
2 2 -aí(" = 2ax - 3bx'.

314
315
De modo que:
E 21 •
V A=vA-V*:::--x 21 •
+ --y; Ve=v 8 -v*::: 14 l'c -~ V (mfs).
5 5 ·5 5

A energia cinética total no RCM é:


1
2mA v•A +2m
1
8 Ve=58,8J.

A energia potencial, sendo uma energia de configuração geométrica, tetn o mesmo valor
em qualquer referencial (20 J). .
A energia total no RCM é portanto:
58,8 + 20 ::: 79 J.

4. R Cálculo da energia cinética, no RCM, de um sistema de duas partículas, em função da


velocidade relatiita.
Escrevamos a identidade seguinte:
(m 1 +m 2 ) (m 1 v1 2 +m 2 v.'I =lm,v1 +m 2 v.> 2 +m 1 m 2 (v 1 -v 2 )•,

em que v1 e v2 são as velocidades no laboratório.


Para
a dEp a 2

x=b, dx =---;-· Dividindo por +(m 1 +m 2 ), vem:

2
Mas 1
!Eclno lab. =-2- lm, +m.>
[ m 1 v1 +m 2 v2
m 1 +m 2
lJ 1
+2
m1m2
v•
dEp m 1 +m 2
F=-~
em que v representa a velocidade relativa das duas partículas (v, -v2 = v).
Observa-se que o termo entre colchetes é a velocidade do centro de massa no laboratório,
de modo que de modo que a primeira parcela cfo 2.0 membro é a energia cinética associada ao movimento do
a•
F= -b- CM.
O 2.0 termo é então, obviamente, a energia cinética do sistema no RCM.
Pondo-se:
A força é repulsiva. Observa-se no gráfico que, neste caso, a energia total é nula. A
partícula vem "bater" contra a barreira de potencial formada pelo arco da direita do gráfico, e se m.m, (massa reduzida do sistema),
afasta indefinidamente. A tangente ao gráfico tem inclinação negativa, e conseqüentemente a µ= m.+m,
força é positiva, i.e., dirigida para os x positivos.

3.R No decorrer de urna interação, as velocidades de duas partículas são, em dado instante:
vem:
IEclno RCM = + µ.v•.

Portanto, a Ec no RCM é nula quando a velocidade relativa das partículas é nula, isto é,
V A= 3,0 l'c + 4,0 V
quando as duas partículas têm a mesma velocidade. Por exemplo, no caso da interação unidimen-
V B = -4,0 l'c - 3,0 V sional dos dois carrinhos do Exemplo 2 (seção 8.5.21 a Ec no RCM será nula quando a mola l!Sti·
ver comprimida ou alongada ao máximo: toda a Ec foi transformada em energia potencial de inte-
As massas das partículas são: ma= 2,0 kg, mb = 3,0 kg. ração. Ver de novo os comentários finais da seção 8.5.1.
Nesse instante a energia potencial de interação é 20 J.
Qual é; sempre no mesmo instante, a energia total (cinética e potencial) no RCM7
SOLUÇÃO:
Calculemos as velocidades das partículas no RCM.
A velocidade do centro de massa é:

i - ..!... vlm/sl.
V* _ 2,0 (3,Ql'c+4,0y)+ 3,0 (-4,0l'c-3,0y)
- 5,0
.!..
5 . 5

316 317
EXERCfCIOS
Largada de uma altura de 2,5 m sobre um piso de concreto, uma bola de tênis regul11-
mentàr deve repicar até uma altura média de 1,4 m (os limites permitidos são 1,3 e 1,5 m).
Sendo de 7,0 • 10·2 kg a massa da bola, qual é a energia transformada em energia interna durante
o choque?

-
-m \
1.
\

I
)~

'°',....--'
_,,
1, ... I
\
_ _ _ ......
Q

.... _......
Q
.
..,.
,,~-
1

2 Uma bola de massa m está suspensa por uma mola linear de coeficiente k e massa
desprezível. Na posição de equilíbrio e&tático a mola se acha alongada de Xo.
'\ \
\
a. Determine o valor de x 0 . \
b. 'Mostre que, se a bola oscila na extremidade da mola, os dois pontos de retorno devem ser ''
simétricos em relação à posição de equilíbrio estático. ''
c. Qual deve ser a amplitude máxima das oscilações? (Sugestão: uma mola helicoidal não ''
pode ser comprimida, a não ser que seja guiada, ou que o seu comprimento não exceda muito o ' ' .... ....
valor do diâmetro.) ...... ... _______ J

3 Larga-se a bola na posição indicada na figura. O comprimento do fio é 2Qo. De quanto se


alonga a mola, no máximo? (2 0 = 16 cm; k = 50 N/m; m. =0,20 kg; g ""- 1v m/s 2 ).
6 Uma pedra de messa 0,20 kg cai em um poço de 30 m de profundidade (até a superfície
da água). A velocidade da pedra, ao atingir a água, é 20 m/s. .
a. Qual foi a energia mecânica transformada em energia Interna pelo atrito com o ar.
fi durante a queda?
b. Uma fração de segundo depois de bater na superfície da água, sob que forma se encontra
a maior parte da energia cinética que tinha a pedra?
7 Uma pancada de verão acumula 1 cm de água sobre uma área de 20 km 2 • As nuvens se
1mcontravam a uma altitude 2 km. Quanta energia potencial gravitacional foi transformada?
Quanto tempo levaria uma central hidroelétrica de 400 wr.tJ (1 megawatt = 106 W), para produzir
essa quantidade me energia?
8 O sistema representado na figura está em equilíbrio. Qual é a relação que deve existir
entre os valores de m, e m 2 para que, queimando-se o fio CD, o fio AB permaneça sempre em
4 Soltando-se a esfera na posição indicada na figura:
estado de tensão no movimento subseqüente do sistema.
a. Qual será a sua velocidade ao passar pelo ponto mais baixo da trajetória?
b. Qual será a tensão do fio nessa posição?

O'"1
Q ~
1
1
1
1
\
\

\
'\
\
' ', m,
' ' ......
...
',
m,
.............. _ ·/í',
'-----1'....•!..,, I

9 Atira-se um projétil sobre um plano horizontal com velocidade inicial v 0 ; o ângulo de


5 .Soltando-se a bola do pêndulo na posição indicada na figura, determine o valor de a pa- tiro é o. Desprezando-se a resistência do ar, determine a flecha (altura máxima atin11ida pelo
ra o qual a tensão do fio é igual ao peso da bola (em módulo). projétil) por conservação da energia.

318 319
10 O carrinho da figura est~ oscilando na extremidade de uma mola não linear. O poço de a. Sui:>ondo-se os atritos desprezíveis, qual é o trabalho da força exercida sobre o bloco em
potencial da interação está representado no gráfico. · · um percurso de 10 m ao longo do plano? qual é a variação da energia potencial do sistema
Terra-bloco? (g =9,8 m/s2 ).
b. Se os atr~os não fossem desprezíveis, como seriam modificadas (qualitativamente) as
respostas ao item precedente?
EP(J)
16 Nas quedas de Foz de Iguaçu, qual é a ordem de grandeza da energia mecânica transfor·
mada em energi~ interna?

16 Uma bola de massa m = 0, 1O kg cai de uma altura h = 0, 10 m sobre uma mola vertical.
2 ·- Quando a compressão da mola é x, a força que ela exerce é 1FI = 40 x (N , m). Determine o
valor máximo da a>mpressão da mola. (g = 9,8 m/s2 l.

o 0,1 0,2 0,3 0,4 0,6


x(m) ®=r
~

~ 0.
~
~
~
a. Qual é a posição de equilíbrio do carrinho?
b. ~ mais fácil alongar a mola, ou comprimi-la? 17 O sistema representado na figura está em equii (brio. De quanto se deve comprimir a mola
e. Qual é o valor aproximado da força que a mola exerce sobre o carrinho na posição para que, ao soltar o bloco de cima, o bloco de baixo decole da mesa?
x =0,20 m? (A mola está presa aos dois blocos)

11 Você daixa cair uma pedra de 1,0 kg do alto de um edifício. Depois de ter caído 10 m:
a. De quanto diminuiu a energia potencial de interação pedra~Terra?
b. De quanto aumentou a energia cinética da pedra?
c. Qual é a velocidade da pedra?
(g = 9,8 m/1 2).

12 Uma pessoa de massa 70 kg está na plataforma do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, a


uma altitude de 4,0 • 10 2 macima do nlvel do mar.
Qual é a energia potencial do sistema Terra-pessoa, tomando-se como n lvel de referência
a pr6pria plataforma?
Qual é o valor da energia potencial, tornando-se como nível de referência o nlvel do
~~:~1
mar? ~
13 Um projétil de 10 kg sai com velocidade de 1,0 • 10 m/s da boca de um morteiro
2
18 Um menino gira uma pedra amarrada a um barbante em um plano vertical.
inclinado de 60º sobre a horizontal. Mostre que o valor da tensão do fio no ponto mais baixo da trajetória excede o valor da
Qual é o valor máximo da energia potencial do sistema Terra-projétil, tomando-se como tensão no ponto me is alto de seis vezes o peso da pedra.
nlvl!I de referência o plano horizontal do lançamento?
(g "'-10 m/s2 ), 19 Dois carrinhos estão presos um ao outro por um ferrolho, com uma mola comprimida
entre os dois, porém, solta. O sistema 8stá em repouso.
14 Um bloco de 2,0 kg sobe ao longo de um plano inclinado de 300, com velocidade Soltando-se o ferrolho, observa-se que o carro A tem velocidade de 2,0 m/s enquanto que
constante, empurrado pOr uma força paralela ao plano. o carro B tem velocidade em sentido contrário de 1,0 m/s. A massa do carro A é 1,0 kg.

320 321
QUESTÕES CONCEITUAIS

1 Ao subir pela escada do térreo até o 1. o andar, você fornece energia ao campo gravita-
cional de interação com a Terra. Ao descer (pela escada) do 1. 0 andar até o térreo, você recupera
a energia gasta ao subir? '

2 Um carro anda com velocidade constante sobre uma estrada horizontal. Há alguma
~ transferência O\I transformação de energia no processo?
a. Qual é a massa do carro 8?
b. Qual é a energia cinética final do sistema?
3 Um bloco oscila sobre um plano horizontal, na extremidade dé urna mola linear de
coeficiente k.
c. Qual era a energia potencial do sistema antes de soitar o ferrolho? a. Construir o gráfico da força (medida escalar) exercida pela mola sobre o bloco;
b. Supondo-se o atrito desprazível, como se representa, no gráfico, a variação da energia
:li Refira-se à figura do exercício precedente. Antes de soltar o ferrolho, o conjunto dos potencial do sistema entre duas posições x 1 e x 2 ? ·
dois carrinhos tinha veloc:idade de+ 3,0 m/s, no laboratório. c. Supõe-se agora que o atrito não é desprezível, e que o módulo da força di atrito é
Depois de soltar o ferrolho, observa-se que o carrinho B, cuja massa é 1,0 kg, tem constante. Construir o gráfico da força total que age sobre o bloco, em função da J)osição.
velocidade de+ 7,0 m/s, e o carrinho A, velocidade de+ 1,0 m/s. d. Larga-se o bloco, com velocidade nula, de determinada posição inicial, com a mola
Qual era a energia potencial armazenada na mola? deformada de x 0 • Determine, por meio do gráfico construído em (c), a posição em que o bloco se
imobilizará definitivamente.
21 Um bloco osci.la sobre uma mesa horizontal com atrito desprezível, na extremidade de e. Como se representa, no gráfico, a energia mecânica transformada em energia interna, no
uma mola linear de coeficiente k. caso do item (d)? ·
Construir o gráfico velocidadit-posição para o bloco.
4 Na questão anterior achou-se a posição final de equil lbrio de um bloco ammrrado na
22 A interação elástica entre duas p~rtículas formando um par isolado é caracterizada pel() extremidade de uma mola e que pode oscilar com atrito constante sobre uma mesa horizontal,
gráfico de potencial representado na figura. Supondo-se que a energia total do sistema era 2,0 J, dada a posição inicial x 0 • O problema foi resolvido por maio do gráfico (força total, posição).
represente no gráfico como varia a energia cinética total em função da posição; a interação é Resolva o mesmo problema por meio do gráfico da energia. .
estudada no RCM.
5 Deixa-se cair um maço de cigarros do 20.º andar de um edifício. Representando-se por
Ep a energia potencial de interação gravitacional e por Ec a energia cinética do maço, construir o
EP (J)
gráfico qualitativo ·Ep contra Ec durante a queda. Representar, no mesmo gráfico, a curva que se
obteria se a resistência do ar fosse desprazível.

6 Na posição representada, o bloco inferior está justo em contacto com a mesa, sendo nula
4 a força de contacto.

o 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 rim) 3k


a. Qual foi a distância mínima entre as partículas, no decorrer da interação?
b. Qual foi a distância máxima?

7J~~
mti
323
322
Queima-se o fio de suspensão· AB. De quanto será a compressão máxima da mola, cujo 12 Dois carrinhos sobre um trilho horizontal com atrito desprezível interagem por meio de
comprimento relaxado é Q0 ? uma mola.
Qual é a relação conceituai entre esta questão e o exercício n.o 17?

7 Urna pedra é lançada para cima com urna velocidade inicial suficiente para que a resis-
IFI
tência do ar seja seris lvel.
Construa um gráfico que mostre como varia, em função da posição, a força total que age
sobre a pedra, desde a posição de lançamento até a volta a essa mesma posição. Interprete o
gráfico.
Como está representada a energia transformada em energia interna?

8 Refira-se à questão precedente. No caso do <;!trito do ar ser relevante, a variação da


energia potencial do sistema Terra-pedra, entre duas configurações do sistema (caracterizadas
pelas alturas h 1 eh 2 atingidas pela pedral é a mesma que se o atrito do ar fosse desprezível?

9 Qual é a velocidade inicial que levará um projétil a urna altura h, desprezando-se a o r2 r1 r


resistência. do ar?
A resposta depende do ângulo de tiro?

1O Critique a afirmação seguinte: A mola é imperfeita. O módulo da força que ela exerce sobre cada um dos carrinhos, em
Abandonada em M, a bola ao sair da rampa terá a trajetória mostrada na figura. função da distância entre estes, está representado no gráfico. Interprete esse gráfico quanto às
transformações energéticas que ocorrem durante a interação. Houve energia mecânica transfor-
mada em outra forma de energia?
Como se mediria essa energia no gráfico?
~------
13 Duas partículas formando um sistema isolado, interagem elasticamente e unidimensio-
nalmente.
Construa o gráfico qualitativo da variação da energia cinética e da energia potencial do
sistema em função do tempo:
a. no laboratório;
b. no RCM.

14 Mostrar que, na interação elástica unidimensional de um par isolado de partícula, o fato


11 A interação unidimensional de uma partícula com um campo é caracterizada pelo gráfico de a energia cinética total não poder ser nula no laboratório é urna conseqüência da conservaçãp
de potencial representado na figura. do momento total.
Construa o gráfico qualitativo da força de interação F (valor escalar) em função da
posição:

EP

o X

324 325
PROBLEMAS

1 Larga-se um pêndulo simples a partir da posição angular 9.


Mostre que, se 9 for pequeno, a velocidade da bola ao passar pela vertical do ponto de
suspensão é proporcional à distância horizontal d assinalada na figura. (Essa propriedade foi
utilizada no trabalho experimental 4-1, capítulo 4.1

4 No sistema representado na figura, as massas têm velocidade nula na posiçio indicada.


Desprezando-se a massa da polia, a do fio e todos os atritos, com que velocidade a massa de
2,0 kg atingirão plano horizontal? (g = 9,8 m/s2 1

,,,.

; ',,
1 ' ..

:
1 ..........
......... _____~:
,J ...,

••
1 d ~-
1

2 Um bloco de 1,0 kg desliza sobre um plano horizontal e comprime de 0, 10 m uma mola


de cx>eficiente 2,0 • 102 N/m. Ao entrar em contacto com a mola, a velocidade do bloco era
2,0 m/s. 3,0m
a. Qual é o valor médio do coeficiente de atrito entre o bloco e a mesa? 1
b. A mola, tendo atingido o estado de compressão mãxima, consegue pôr .o bloco em 1
movimento? Na afirmativa, de quanto se deslocará o bloco? 1
Resposta: a) 1,0; b) 0,10 m 1
1,0 kg í0::I t
7////////////////////////,

Resposta: 4,4 m/s

5 Uma partícula de massa 0,20 kg está encostada contra uma mola mantida por um fer-
rolho. A partícula está em repouso sobre um plano horizontal. Soltando-se a mola, há uma

-
.,..,..,..,..,.
~
~7
.-s-1
F~N)

60"'
)·>ili
77 77
,.~,

1
11
1
1
1

=
3 Um bloco de massa m 1,0 kg, desce com velocidada inicial nul8, da posição indicada na
figura (d= 1,2 mi, sobre um plano inclinado de a= 30°, com atrito desprezível. A constante da
mole é k = 2,5 • 10 3 N/m. 0,10 s(m)
Qual será o valor da compressão máxima da mola?. -101-- - - - - - - -~--
Resposta: 7, 1 cm.

326 327
interação elástica Terra~mola-part ícula caracterizada pela parte descendente do gráfico F vs s da posição da extremidade da mola relaxada, a lei de força sobre a partícula é mostrada na figura:
figura. Terminada essa interação, começa uma outra interação mesa-partícula (atrito) caracte-
rizada por uma força constante de 1 O N oposta ao movimento da partícula (parte horizontal do FI (Nl
gráfico).
a. Qual era a energia potencial armazenada na mola7 - - - ..... 10
b. Qual é a velocidade.da partícula no final da primeira interação?
e. Qual é o espaço total percorrido pela partícula até parar7

6 A Serra de Cangalha, no norte do estado de Goiás, tem a forma de uma grande cratera. A
origem dessa cratera é, possivelmente, devida a um grande meteorito que teria caído_ no local •. O
anel central da cratera tem uma profundidade aproximada de 260 m e um diâmetro de 2,6 km.
Admitindo-se que a massa específica média do material da superfície é 3,0 • 10 3 kg/m 3 , avalie,
em ordem de grandeza, a massa do meteorito que abriu a cratera.
Dado suplementar: A velocidade de escape de um corpo na superfície da Terra, é da -0,10 x(m)
ordem de 11 km/s. A ordem de grandeza que você encontrará "pecará" provavelmente por falta.
Por quê?

7 Sabendo-se que a intensidade do campQ gravitacional lunar é seis vezes menor que a
do campo terrestre, avalie a altura máxima até onde você poderia pular verticalmente, na Lua. 1

~
8 Um foguete é lançado, verticalmente, da superfície da Terra. A lei de força é atrativa e
seu módulo é:
mR 2 ~ ?
F=g-,-,-
//////T/7777777777777~/7
g: intensidade do campo gravitacional na superfície da Terra (= 10 N/kg).
m: massa do foguete: 2,0 • 104 kg (depois de queimar o combustível). Para x <O: F = 50 (10x 2 -x) {F em Newton, x em metro). Para x;;. O: F = -50x.
R: raio da Terra: 6,4 • 10 6 m. Construa o gráfico de potencial.
r: distância entre o centro da Terra e o foguete. Largand1>·se a mola comprimida na posição indicada {extremidade a 10 cm à esquerda da
Suponha que o combustível do foguete acaba na altitude de 6,0 • 102 km. Determine origem), determi11e:
qual deve ser a velocidade do foguete naquele instante para que ele não volte à Terra. a. O valor da abscissa máxima da partícula.
Resposta: 11 km/s b. O valor da energia cinética da partícula ao passar pela origem.
c. A velocidade da partícula naquele instante.
9 Refira-se ao problema precedente. Suponha que, ria altitude em que acabe o combustível
(6,0 • 102 km), a velocidade r;to foguete seja somente a metade da velocidade necessária para 13 Um bloco preso a uma mola linear pode oscilar sobre um plano horizontal com atrito
escapar {i.e., não voltar à Terra) . (sólido) não desprezível. O poço de potencial do oscilador está representado na figura.
.Qual será a altitude, máxima atingida pelo foguete?
E"(J)

10 Uma bola de aço·passa com velocidade v 0 pelo ponto mais baixo de um trilho circular de
raio R fixo em um plano vertical.
Discutir, em função de v0 , o movimento ulterior da bola. Supõe-se que os atritos são
desprezíveis.

11 l,lma moeda, colocada no ponto mais alto de uma esfera de vidro fixa ,no laboratório,
começa a deslizar sobre a superfície da esfera, com atrito desprezível. Determinar o ponto em que
a moeda perde o contato com a superfície, pelo ângulo li que o raio correspondente faz com a
vertical.
Resposta: cos li= 2/3
0.10: o : 0,20
1 1
12 Uma bola !fe massa 0, 1 O kg está amarrada na extremidade de urna mola comprimida,
: :~
~~h.

sobre um plano horizontal, sem àtrito. Tomando-se como origem, para a posição da partícula, a ~uo1

B A
~ R. Willians, Ciência e Cultura 28, 861 (1976).

328 329
Làrga-se o bloco em A com velocidade nula. O primeiro ponto de retorno é B. Analise o
a. Construa o gráfico de potencial, sabendo-se que Ep(x) é continuo em x =a, e tende a
movimento subseqüente do bloco. (Ver a questão conceituai n.o 4)
zero quando, " ......
b. Qual deve ser a velocidade minima com que se deve lançar a partícula, da origem, para
14 A força de interação entre duas partículas tem um m6dulo que varia com a separação que ela possa escapar? 1
entre as partículas da maneira representada no gráfico. Durante a primeira fase, a curva 1F1 vs r
confundtt-se com um arco da parábola IFI 25 (2r-1 ) 2 (N). =
=
Resposta: b.11 (3 kla 1T

18 A interação unidimansional de uma partícula de massa m com um campo é caracterizada


F pela energia potencial:
Ep = ax 2 -bx'
(N)
em que a e·b são duas constantes positivas.
Construir o gráfico da energia potencial de interação em função de x.
16·--·------ A partlcula atravessa a origem com velocidade 110 • Discuta, em função de 110 , os movi-
mentos possíveis.

i 19 A interação de uma partícula com um campo unidimensional .i caracterizada pela energia

9.., ________ _
potencial:
.
Ep =-E.
.
a 1x• +a•)
8a4 + x4
(a,b >OI

a. Construir o gráfico da energia potencial de interação em função de x. Quais são as


posições de equillbrio da partlcula?

j b. A particula é lançada com velocidade 110 (>O) de um ponto extremamente longe da


origem, do lado dos x negativos. Ao passar pelo ponto de abscissa a, urna interação externa
instaAtânea pâra a partícula. Mostre que a partícula passa então a oscilar.
0,10 0,25 0,50 r(m) Quais são os pontos de retorno?
../2;
Respostas: a. :1: a b.a; ...{7'2
Ourante a segunda fase a curva 1FI vs r confundtt-se com um arco da parábola 1FI =25
(4r -112 (N).
Qual é a energia cinética perdida durante a interação? 20 A interação de urna partícula de massa m com um campo unidimensional é caracterizada
Resposta: 1, 7 J. pelo gráfico de potencial representado na figura.

15 Uma partícula movimenta-se, no potencial unidimensional

Ep (x) = - __!_ +

b. Determine:
"
a. Esboce o gráfico de potencial.

A posição de equil ibrio estável.


..!!.__ •
x•
(a e b constantes positivas)

Os limites entre os quais deve variar a energia total, para que a partfcula possa oscilar.
-ri
_!.__
1
1
1• b ..

l+--------a--------i
i-------1-:.1
1
-1

1 1
16 Mesmo problema que o precedente com o potencial: a. Qual éo per iodo do movimento?
Ep (x) = 2 x• -x 4 • (J, m) b. Qual é o valor desse i:ier iodo no ·caso em que AE<< E?
e. Sempre no caso em que a perturbação do poço é pequena ( AE << EI qual é o valor da
Calcule também o valor da força de interação em x = 2,0 m.
razão E_ entre a variação do período produzida pela perturbação, e o valor do período no
T
potencial não perturbado (AE = OI?
17 Urna particula de massa m movimenta-se em um campo unidimensional definido por:
F= -km...!!_ "<a 21 O carrinho (11 é lançado com urna velocidade de 4,0 m/s contra o carrinho (2) em
a•
repouso; m, =m 2 = 1,0 kg.
(k > 0) Qual será o valor da.energia potencial máxima de interação?
km X
F=- • 1( >• Corno seria modificada a resposta à pergunta anterior se a massa do carrinho (2) fosse
x• a m 2 = 3,0 kg., os outros parâmetros permanecendo inalterados?

330
331
~õ-
-
4,0m/s
2

_[ 0 ~2~
pode expressar-se em função da força de interação e da distância entre as partículas. Generaliza-se
assim o estudo da seção 8.5.2.
Sendo F, e F2 as fori;:as de interação que atuam sobre as partículas (1) e (2) respectiva·
mente, e R o vetor de posição da partícula (2) em relação à partícula (1 ), por exemplo, mostre
que:

~#~ dW=F2 ·dR =-dEp


em que Wrepresenta o trabalho total das forças F1 e F,.
Resposta: 4,0 J; 6,0 J
25 Em um campo bidimensional a energia potencial de interação de urna partícula com o
22 Estudo de uma interação elástica entre dois carrinhos: campo é representada pela função:
O carro A tem massa de 1,5 kg e se desloca para a direita com velocidade de 4,0 m/s. O
carro B tem massa de 1,0 kg e se desloca para a direita com velocidade de 2,0 m/s. O carro B é Ep =+k (r~ + r~)
munido de uma mola (pára-choques) cuja lei de força é 1FI = 1,0 • 10'x (N,m) em que x repre-
senta o comprimento de que a mola é comprimida. em que k é uma constante, e r 1 , e r,, as distâncias respectivas da partícula a dois pontos fixos

~ rõôõl 0
-° 0 l
A e B do plano (AB = 2al.
a. Escolha um sistema cartesiano conveniente (Ox Oy) e expresse Ep em função de x e y.
Quais ·são as equipotenciais do campo? (linhas ao longo das quais Ep = Cte)
b. Oetermine as componentes da força que atua sobre a partícula. Caracterize a força de
modo mais preciso poss fvel.
e. Proponha um modelo físico simples que possa ser representado pelo modelo matemático
~ acima.

De quanto será comprimida a mola, nQ máxímo, durante a interação? 26 Problema experimenta/


Resposta: 4,9 cm. Larga-se a massa m com a mola no estado relaxado, e o fio tenso. Mede-se o percurso
máximo x dessa massa. x é função de m: que função é essa?
23 O sistema representado na figura está em repouso.
O coeficiente de atrito entre a caixa (massa M) e o plano horizontal, é µ. Largando-se o ..

~
pêndulo (massa m) na posição indicada, qual deve ser o valor mínimo deµ para que a caixa não
deslize?
o
-.m d :20
M
~ !
w~~
m ~--'-
Aplicação numérica: m =M = 1,0 kg.

'T
1
Resposta: µ > 0,75 1
1 X
24 Eswdo energético da interação elástica entre duas partlculas de massas comparáveis. O
objetivo do problema é mostrar que a variação da E(; total do sistema, e conseqüen~emente da Ep. rl,
1 1
L_.J

Pede-se construir o modelo físico do fenômeno, o modelo matemático associado, com as


previsões possíveis do modelo. Pede-se, finalmente, testar as previsões do modelo.

F,

332 333
)>
, "'O
r-
("')
)>
·("')
Q1
m
(/)

N
• 1

Capítulo 9
Capitulo 9 COLISÕES
COLISÕES, 337
Primeira Parte .
Capitulo 10 CONSIDERAÇÕES GERAIS
OSCILADOR HARMÔNICO, 383

Complemento 1
Equações Diferenciais Lineares Homogêneas de
2.ª ordem, 446

Complemento 2
O Oscilador Unidimensional Amortecido, 448

Complemento 3
O Oscilador Forçado, 458

INTRODUÇÃO
Em Física, dá-se o nome de "colisão" a uma interação entre duas
partículas, ou dois corpos, çuja -duração é ·~J<tfemamente pequena, na
escala de tempo humana. ~
Encontramos numerosos exemplos de colisões nas atividades diá-
rias: o bater de um prego com martelo, o chute de uma bola de futebol, a
rebatida de uma bola de tênis com a raquete, o disparar de uma arma de
fogo, ... são exemplos em que a interação (do prego com o martelo, da
bola com o pé ou com a raquete, da ·bala com a espingarda ... ) é extre-
mamente breve, da ordem de 10- 2 a 10- 3 s. Os exemplos citados são
exemplos de colisões.*
A razão de incluir-se o estudo das colisões em um curso de Física
básica não é somente para se poder analisar ó. comportamento de bolas
de sinuca durante um choque, ou o resultado .de uma batida de auto-
móveis.
Quando Rutherford, em 1893, analisou os resultados experimen-
tais obtidos por Geiger e Marsden ao bombardearem átomos de ouro com
partfcuias ex, entendeu que os dados resultantes das colisões dessas partr-
culas levavam a um modelo de átomo, caracterizado pela presença de um
núcleo maciço positivo, envolfo por elétrons negativos. A técnica, que
consiste em bombardear um alvo por um feixe de partículas; estudan-
do-se a seguir os re$ultados das colisões das partículas do feixe com o

* O disparar de uma arma de fogo é na real idade uma "explbsão". ·No entanto, do ponto de vista
da Física, pertence à classe das colisões.

337
·alvo, continua sendo, hoje em dia, um dos instrumentos mais poderosos F
da Física pará um melhor conhecimento das chamadas partículas ele-
mentares e das suas interações.
Em certas circunstâncias, a Natureza nos oferece a oportunidade
de o)lservar o resultado da colisão de uma partícula com um alvo: tal
oportunidade se encontra, por exemplo, quando se analisam os eventos
produzidos por raios cósmicos em emulsões nucleares.
Pode-se também "inundar" sistematicamente uma área em que são
distribuklas quantidades enormes de alvos, com as partículas de um feixe
incidente sobre a área. Foi a técnica utilizada por Rutherford: os alvos
(átomos de ouro) se encontravam distribuídos numa folha fina de ouro,
$"bre as quais incidiam as partículas a de um feixe produzido por um
t
!ilemento radioativo.
Nesse caso, a análise dos resultados exige métodos estatísticos, já
que não se sabe qual das partículas colidiu com qual dos alvos. Essa Fig. 1 Força irnpulsiva durante uma colisio. A variação de momento produzida pela força ti
proporcional à área sombreada (impulso da força no intervalo).
exigência nos levará, em cursos posteriores, ao conceito de seção de
choque, em particular. durante a colisão, porque, ao estudarmos uma colisão, não nos interessa
Por enquanto, nosso objetivo é o estudo de colisões individuais. saber o que acontece durante o seu transcurso. O que geralmente nos
Mostraremos que as grandes leis de conservação (momento e energia), interessa é saber como encontraremos o sistema imediatamente depois da
convenientemente utilizadas, resolvem simplesmente o problema. colisão, conhecendo-se como se encontrava imediatamente antes. Ou
então, corihecendo-se, por exemplo, a direção de incidência de uma par-
tícula que vai colidir com um núcleo, bem como as direções em que se
9.1 CARACTERfSTICAS FUNDAMENTAIS DE UMA COLISÃO movem a partícula e o núcleo imediatamente depois da colisão, procura-
9.1.1 FORÇAS DE INTERAÇÃO remos determinar a razão entre as massas respectivas da partícula. e do
As forças c;le interação entre duas partículas, ou dois corpos, que alvo.
colidem são forças extremamente intensas e que agem durante um inter- Em resumo, a colisão é utilizada em Física como um mero instru-
valo de tempo extremamente breve. Tais forças são geralmente chamadas mento, suscetível de fornecer-nos informações a respeito do sistema que
forças impulsivas. colide.
EXEMPLO 1
.. Na realidade, é o resultado da colisão que poderá nos dar alguma
Um faixa-preta de karatê quebra um tijolo com um golpe aplicado informação a respeito da força de interação e não o contrário.
pelo lado da mão. fisicamente, a força exercida é de ordem de 103 N; Exemplifiquemos isso com o caso do martelo do exemplo 2.
o tempo durante o qual essa força é aplicada é da ordem de 10-3 s. Suponhamos que medidas de velocidades (razoavelmente simples de
efetuar) forneçam 8 m/s como velocidade inicial do martelo (imediata-
EXEMPLO 2 mente antes de bater no prego) e 2 m/s como velocidade de rebate (irne-
Ao bater num pregó, um martelo pode exercer uma força da or- diatam.ente depois da batida). Sendo 0,2 kg, por exemplo, a massa do
dem de 103 N, durante um tempo da ordem de Hi3 s. martelo, a variação do momento durante a batida será:
EXEMPLO 3·
Um taco de golfe pode exercer sobre a bola uma força da ordem
de 10" N, durante tempos da ordem de 10-3 s. t
O gráfico (Ft), durante uma colisão, seria algo semelhante ao da
fig. 1. A forma exata do gráfico exigiria unia análise experimental sofis- momento final
1
momento inicial
t
ticada. Na realidade não precisamos conhecer como se comporta a força O. 2 x 2 = 0,4 kg.m/s O, 2 x 8 = 1,6 kg.m/s b,.p: 0,4 + 1,6 = 2 kg.m/s

338 339
Suponhamos que uma medida de tempo (também não muito di- F <F>
fícil de fazer) nos indique que o martelo permaneceu 2 · 1CT 3 sem con-
tato com o prego. Qual é a informação que todos esses dados podem nos
dar a respeito da força de interação?
Observemos em primeiro lugar que essa força é provavelmente
muito maior que, por um lado, o peso do martelo (~ 2N) e, por outro
lado, a força que a mão está exercendo sobre ele*. Desprezando-se então
essas forças, a força total que age sobre o martelo durante a interação é a
força ex~rcida pelo prego, e a 2.a lei de Newton permite escrever:
6.p = f Fdt (1)
em que, tanto a variação de momento (l1p) como a integral do 2.0
membro, são calculados durante o intervalo 6. t da batida (no caso, t
2 · 10- 3 s). * * (a) (b)
Não há nenhum meio (simples) de saber como varia F em função
do tempo, de modo que o cálculo da integral não é possível. No entanto, Fig. 2 O gráfico (Ftl "real" (a) é desconhecido. Os resultados experimentais fornecidos pela
colisão permitem substitu I-lo pelo gráfico (b). As duas áreas sombreadas têm o mesmo valor. Am-
podemos avaliar a força média que atua sobre o martelo: bas representam a variação do momento na colisão: o impulso da força é o mesmo nos dois casos.

<F> = 6.p
6. t,
(2)
9.1.2 MOMENTO TOTAL DO SISTEMA
Acabamos de ver que, durante uma colisão, as forças de interação
ou seja, as forças intf]rnas do sistema que collde, são muito maiores em
como aprendemos no cap. 5, seção 5.3.
módulo que as forças externas que por ventura agem sobre o sistema.
Numericamente, temos:
Podemos portanto desprezar essas forças externas durante a colisão. A
F= _ -~-~ = 1.103 'N.
conseqüência disso é extremamente importante. Com efeito, se as forças
externas podem ser desprezadas, o sistema comporta-se como um sistema
isolado, durante a colisão, de modo que:
Este exemplo mostra portanto como o resultado de uma colisão Imediatamente depois de uma colisão, o momento total do sistema
pode· fornecer uma informação valiosa a respeito da força de interação. que colide é igual ao momento total do sistema imediatamente antes da
colisão.
PERGUNTA Observemos que o momento total é conservado, não somente
Será que havia justificativa em desprezarmos o peso, e a força exercida pela mão sobre o imediatamente antes e imediatamente depois, como também durante a
martelo, durante a batida?
colisão. No entanto, já aprendemos que o que acontece durante uma
colisão não é geralmente acessível às medidas. Daí a forma que demos
Observamos que a substituição da relação (1) pela. relação (2), acima ao enunciado de conservação. Se houver forças externas agindo
equivale a substituir o gráfico (F t) exato, porém desconhecido, pelo sobre o sistema, é import~rite lembrar-se que o momento total não se
gráfico da força média em função do tempo, como mostrado na fig. 2. conserva durante qualquer intervalo de tempo finito seja antes, seja
depois da colisão.

•Essa afirmação é fisicamente.evidente. Se tal não fosse o caso, não precisaríamos do martelo EXEMPLO 4
para bater no prego. A bola de aço do pêndulo ( 1) da fig. 3-a colide com a bola do
••Aprendemos no capítulo 5 (seçâ'o 5.4) que a quantidade f F dt (: J) é chamada impulso da for- pêndulo (2) feita de massa de modelar e inicialmente em repouso na
ça F durante o intervalo em que se calcula a integral. posição de equilíbrio do pêndulo. Depois da colisão, representada na

340 341
9.1.3 POSIÇÕES E VELOCIDADES
Devido à duração extremamente breve da colisão, as posições das
partículas permanecem praticamente as mesmas durante a colisão.
intervalo da colisão

V
l
>1§3<

----
2
2 pêndulo (1)

(a) (b) ,(e)·

Fig. 3 Colisão de dois pêndulos. As bolas ficam juntas depois da colisão. pêndulo (2)
Va

fig. 3-b, os dois pêndulos continuam juntos, até uma certa elongação
máxima à direita, como na fig. 3-c.
Está claro que devido à tensão dos fios e dos pesos das bolas, o vd
momento total do sistema não é constante tanto antes como depois da
colisão (fig. 4).
1Ptotal1 intervalo da oolisão
~ o t
>r-...'t< Fig. 5 Desoontinuidades dos módulos das velocidades no exeqipio da colisão dos pêndulos.

1Pcl As velocidades por sua vez sofrem descontinuidades macros-


cópicas*, corno também, em conseqüência, os momentos individuais das
partículas.
No caso da colisão dos pêndulos (ex. 4), se as massas das bolas
forem iguais, o gráfico dos módulos das velocidades dos pêndulos em
função do tempo seria o da fig. 5 (depois da colisão os gráficos são
idênticos já que as bolas permanecem juntas).

o t..t t PE RGLJNTA
Se as bolas tiverem mesma massa, qual é o valor de vd (depois da colisão) em função de
v8 (antes ela colisão 1 para o pêndulo ( 1 )'
Fig. 4 Gráfico IPtotall t do sistema da fig. 3. Antes, e depois da colisão, o momento total não
_se conserva. No entanto, imediatamente antes e imediatamente depois da colis~o. o momento 9.1.4 ENERGIA CINÉTICA TOTAL. COLISÕES ELÁSTICAS E
IPc 1 é o mesmo. Observe-se na fig. 3-b que também a direção de P c se conserva. INELASTICAS
Imediatamente antes e imediatamente depois da colisão, a energia
PERGUNTA total do sistema se encontra sob forma de energia cinética já que, por
Antes e depois da colisão, o momento total varia ::emente em módulo, ou também em hipótese, a interação entre as partÍCL!las produz-se somente durante a
direc;'ão?
colisão.
No entanto, o momento total Pc imediatamente antes e imediata-
mente depois da colisão é o mesmo, tanto em módulo como também em * Deve ser óbvio que numa escala temporal suficientemente pequena, e dependendo do tipo da
direção. colisão, não há na realidade descontinuidades. Há variações contfnuas processando-se em tempos
muito pequenos.

342 343
Em conseqüência, não nos interessam as possíveis transformações Segunda Parte
(reversíveis) de energia cinética em energia potencial durante a colisão. A
COLISÕES ELÁSTICAS
única pergunta relevante é: "Como se compara a energia cinética do
sistema imediatamente depois da interação, com a energia cinética ime-
diatamente antes? "
Se a colisão não conservar a energia cinética total do sistema,
diz-se que ela é inelástica. Neste caso, ela pode ser totalmente inelástica
ou parcialmente inelástica. Se ela for totalmente inelástica, as duas par-
tículas não se separam uma da outra, continuando juntas depois da
colisão. A colisão de uma bala de revólver com um bloco de madeira no
qual a balá permanece encravada é um exemplo de colisão totalmente
inelástica.
É preciso entender que a inelasticidade eventual de uma colisão se
refere tão somente à perda de energia mecânica durante o processo de
colisão entre as partículas do sistema e não à possível transformação de
energia mecânica (geralmente em energia interna) pela interação das
partículas com outros corpos. Por exemplo, a colisão entre duas moedas
que deslizam sobre uma mesa é inelástica porque, durante o choque, o
metal das moedas se deforma no ponto de contacto, entra em vibração,
etc. . . . e não porque há atrito entre as moedas e a mesa. O atrito é INTRODUÇÃO
responsável pela diminuição da energia cinética do sistema antes e depois Colisões entre objetos macroscópicos ntmca são, a rigor, perfeita-
da colisão. Durante a colisão as forças de atrito (externas) são desprezí- mente elásticas: há sempre uma fração da energia mecânica (cinética) do
veis em comparação com as forças de interação, como assinalado acima, e sistema, transformada principálmente em enérgia in~erna por deforma-
as posições das moedas praticamente não variam; de modo que o traba- ções durante a colisão. Em certos casos porém essa fração é desprezível
lho daquelas forças (atrito) é nulo para todos os efeitos. quando comparada com a energia inicial. Considera-se então a colisão
como sendo perfeitamente elástica. Um exemplo comum é o choque
entre bolas de bilhar. Se as bolas forem de boa qualidade (marfim), a
colisão é praticamente elástica.
As colisões entre partículas elementares, ou entre partículas e
núcleos, constituem um assunto muito mais complexo. Embora o mo-
mento totàl e a energia total (não somente mecânica) sejam conservados
nessas colisões, como em quaisquer outras, a análise pode tornar-se difícil
por várias razões, entre as quais:

1 as partículas, ou núcleos, produzidos na colisão podem diferir das


partículas ou núcleos que colidiram. Por exempl.o, uma colisão próton-
próton pode produzir um nêutron (n) e um méson 1f-T, desde que o
próton incidente tenha uma energia suficiente (-10- 10 J):
P + P-+ P + n + 7T+

2 a colisão pode deixar um núcleo num estado excitado. A colisão


de uma partícula a com um átomo de hélio em repouso pode por exem-

344 345
pio não alterar a identidade das partículas, mas deixar o núcleo de hélio
em estado excitado: A lei de conservação da energia cinética do sistema (imediatamente
antes e depois da colisão) se escreve:
o:+ 4
2 He~a+ 4
2 He*
2 +.1..m 2
m 1 V1d 1 1
(em que o asterisco assinala um núcleo excitado).
21 2 2 V 2d ·2 m1 via+ 2 m2v~ª (4-a)

ou ainda:
3 se a partícula incidente tiver uma energia cinética muito alta, tal 2 2 2 2
que sua velocidade seja uma fração relevante da velocidade da luz, a _!!.::!..._ + -!!.2!!._ = ~ + P 2a (4-b)
análise da colisão exigirá a formulação relativista. 2m 1 2m 2 2m1 2m2
Pelas razões expostas, limitaremos o estudo das colisões entre par-
tículas ao caso restrito do chamado espalhamento elástico, e ao caso em
que a colisão conserva a natureza e o estado das partículas que colidem. As equações (3) e (4) são suficientes para determinar o estado final
Essas colisões p_odem ser analisadas pelos mesmos processos que os utili- do sistema, conhecendo-se o estado inicial, numa colisão unidimensional;
zados nas colisões elásticas "macroscópicas". Os casos mais complexos a razão é que os graus de liberdade do sistema são a priori reduzidos ao
serão estudados em cursos mais avançados. impor-se a condição de unidimensionalidade.
Veremos em contrapartida que elas são insuficientes para deter-
minar completamente o estado final de um sistema numa colisão bi-
dimensional.
9.2 AS EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
Representaremos por m 1 e m 2 respectivamente as massas das par-
tículas, por Pia e p 28 os momentos associados imediatamente antes da 9.3 COLISÕES ELÁSTICAS UNI DIMENSIONAIS - SOLUÇAO
colisão, por Pid e p2d os momentos correspondentes imediatamente ANALCTICA
depois da colisão (fig. 6).
O problema fundamental é: conhecendo-se as velocidades das par-
tículas antes da colisão, determinar as velocidades depois da colisão. As
massas das partículas são dadas, ou melhor, a razão entre as massas:

= m2
~ P1~ k m1.

~
mi___.

~m2~ Em função das velocidades as equações (3) e (4) se escrevem:

P2a

(a)
m2

(b)
l m1 V1d +m2 V2d =m1 Via

m1 vid +m2 V22d =m1 v2la +m 2 v2a


2 '·
+m2 V2a

O sistema precedente transforma-se imediatamente no seguinte:


Fig. 6 Colisão elástica. Momentos imediatamente antes (a) e imediatamente depois (b) da colisão.

l k(v 1d - V1al=

2
k( V.1d-V1a 2
-(V2d -

2 )-- - (V2d-V2a
2)
V2al (5)

(6)

A lei de conservação do momento total do sistema se escreve: Eliminando-se a solução trivial v 1d =Via e V2d = V28 que corres-·-
P1d + P2d = P1a + P2a • (3) ponderia ao estado de "não-colisão" (a partícula mais rápida estaria na
frente da partícula mais lenta) ou ao caso extremamente artificial de uma
346
347
interação unidimensional atrativa em que as partículas poderiam inter- Em conseqüência:
penetrar-se (ver problema n.o 1 ), podemos dividir a equação (6) pela
Vid ·- Via (- m 1 )
equação (5), obtendo-se o sistema equivalente:
V2d - V2a - - m;- 2
= -k ' ( 11 )
·l k(vid - Via)= - (Vzd - Vza)
e
V1d +Via = Vzd + Vza V1d V2d
-V:-= V2a . (12)
e finalmente:

j k v 1d + v2 d = kv 1a + v28
V1d - Vzd =-(Via - Vza) (8)
(7)
A conservação da energia exige que as velocidades Vid e V 2d
sejam respectivamente iguais, em módulo, a V 1a e V 2a Com efeito, se
(relação 12):
A equação (8), conseqüência direta da conservação do momento e
1 V1dl IV2dl
da energia, mostra que, nurria colisão elástica unidimensional repulsiva, a --= -- .
velocidade relativa é simplesmente invertida pela colisão* mantendo-se a 1 V1al 1 V2al
mesma em módulo.**
O sistema (7) (8) fornece as velocidades das partículas imediata· e se 1Vid1 fosse maior que 1Vi 8 Í, então 1V2d1 seria necessariamente
mente depois da colisão, em função das velocidades imediatamente antes: maior que 1V2a 1 e a energia cinética final seria maior que a energia
cinética Inicial. De modo análogo, 1 Vid 1 não pode ser menor que 1Via 1.
(k - 1) Via + 2V2a · Concluímos que:
V1d - . k +1 (9-a)

2kVia - (k-1)v28
j 1Vidl = 1Vul

1V2dl = 1 V2al
(13-a)

( 13-b)
Vzd = (9-b)
k+1 As relações entre os valores escalares das velocidades são conse-
qüentemente:
EXERC(CIO
Resolva o sistema e prove que as relações (9) são corretas. j
V1d =--Via
V2d = -V2a•
(14-a)
(14-b)
concluindo-se que, no RCM, uma colisão elástica unidimens.ional (repulsi-
9.4 COLISÕES ELÁSTICAS UNIDIMENSIONAIS - SOLUÇÃO va) inverte as velocidades das partículas, conservando os módulos das
GRÁFICA mesmas.
9.4.1 NO REFERENCIAL DO CENTRO DE MASSA (RCM)
O momento total é nulo imediatamente antes, durante, e imediata- PERGUNTA:
mente depois da colisão. Representando-se por maiúsculas (V) as veloci- O que aconteceria, no RCM, no caso de uma intera.ção elástica unidimensional atrativa?
dades no RCM, a conservação do momento fornece:
O gráfico (V t) no RCM é da forma indicada na fig. 7, onde se
mi V 1d +m 2 V 2d =mi V 1a +m 2 V 2a =O. (1 O)
supos k -= -m,
A
- = -3- .
m2 2

• Como será visto no problema 1 as interações (improváveis) atrativas não invertem a velocidade
Observe-se que, como previsto, a velocidade relativa foi também
relativa: esta manter-se-ia a mesma ·depois da colisão. · invertida pela colisão.
** As interações bidimensionais elásticas manterão também o módulo da velocidade. (V2d - V id ) = - (V2a - V la ).

348 349
Se por exemplo, na colisão representada pelo gráfico da fig. 7, a
V
'%i v2d velocidade do centro de massa no laboratório era 5 unidades, o gráfico
correspondente no referencial do laboratório é o da fig. 8.
V1al ~
kv1a + V2a
O cálculo das velocidades v1d e v2 d em função de v*(= k + 1 ),
de v 1a e de v'ª' é agora imediato. Com efeito, na fig. 8:
o t
V1d = NE - FE = NE - BA = v*-(V 1a - v")
V2d = NE + ED = NE + CB = v*+(v* - V2a>·

v,.I - v.• De modo que:

Fig. 7 Gráfico (V ti no RCM para uma colisão unidimensional elástica (repulsiva).


t v1d = 2v*- V 1a
v2 d = 2v*- v2a
( 15-a)
(15-b)

EXERC(CIO
9.4.2 NO REFERENCIAL DO LABORATÓRIO Substituindo-se v* pelo seu valor, verifique que as expressões ( 15) são idênticas às
expressões (9).
As velocidades são representadas por minúsculas (v). A velocidade
do centro de massa no laboratório é v*
CASOS PARTICULARES
Para passar do gráfico (V t) no RCM para o gráfico ( v t) no labo-
m 1 =m 2 •
ratório, efetua-se a translação -v* sobre o eixo dos tempos.
Se as partículas são idênticas, razões evidentes de simetria indicam
que o estado final do sistema deve ser idêntico ao estado inicial: as
V partículas trocam simplesmente as suas velocidades (fig. 9).
V2d

Via~----~ V

V2d

V------
*
Via~

V 1a 1------tí V2d

' V1d

V2a
Vld
V2a

V2a V1d

t
o M N t

Fig. 8 A mesma colisão que a da fig. 7, mas agora no referencial do laboratório. Observe-se que Fig. 9 Partículas idênticas. Referen- Fig. 10 Partículas idênticas com o
se operou uma translação de -v• sobre o eixo dos tempos (-5u.a). cial: Lab. alvo inicialmente em repouso.

350 351
Se as partículas forem idênticas e se uma delas estava em repouso O alvo permanece em repouso. O projétil rebate com uma veloci-
no laboratório antes da colisão, o resultado da colisão é de parar o dade igual em módulo à velocidade inicial, mas de sentido contrário (fig.
projétil e de comunicar ao alvo uma velocidade igual à velocidade inicial 12).
do projétil (fig. 1O). Todos os jogadores de bilhar ou de sinuca conhecem EXEMPLO 6
esse efeito.
Batida de uma bola de pingue-pongue contra uma bola de bilhar
2 m1 >>m 2 . A massa do projétil é m 1. O alvo (m 2 ) está inicialmente estacionária.
em repouso.
A velocidade do projétil mantém-se praticamente constante. De-
9.5 COLISÕES ELÁSTICAS BIDIMENSIONAIS - SOLUÇÃO
pois da colisão, a velocidade do alvo é praticamente igual ao dobro da ANALfTICA
velocidade do projétil (fig. 11 ).
Limitaremos o estudo ao caso da colisão elástica de uma partícula
V (projétil) com um alvo em repouso: é o caso do espalhamento elástico.
t l'A Observe-se que qualquer colisão bidimensional pode ser tratada
d
V2d dessa maneira. Bastará:

V1
g 1 colocar-se no referencial próprio de uma das partículas antes da
colisão: é o referencial em que essa partícula está em repouso;
2 resolver o problema do espalhamento nesse referencial;
3 voltar ao referencial do laboratório, somando-se às velocidades
achadas no problema do espalhamento, a velocidade da partícula "imo-
V2a bilizada" na mudança de referencial.
o t O exemplo 7, no final desta seção, mostrará como proceder em um

l
caso concreto.
Fig. 11 A massa do projétil (1 l é mui'o maior que a do alvo (2). O projétil "ignora" a colisão.
A velocidade final do alvo é praticamente o dobro da do projétil.
y
EXEMPLO 5 ,
Na batida de um pênalti, a bola (m :::: 0,40 kg) sai com uma velo-
cidade praticamente igual ao dobro da velocidade da perna do jogador
(massa efetiva - 7 a 8 kg). P1d
. 3 m 1 << m 2 • A massa do projétil é agora muito menor que a do alvo,
inicialmente em repouso.
V
V1a""I--- N

V2a V2d

o t

tJ.__ __ Fig. 13 Momentos 1ineares antes e depois de um espalhamento elástico.


O ~;ângulo de espalhamento.
Vtd <P =ângulo de recuo.

A fig. 13 mostra o momento p 1ª do projétil antes do espalhamen-


Fig. 12 A massa do projétil (1) é muito menor que a do alvo (2). O alvo "ignora" a colisão. O to (o momento do alvo é nulo) e os momentos p1d do projétil e P:!d do al-
projétil repica com a mesma velocidade (em módulo). vo depois da colisão.

352 353
Observa-se que o espalhamento girou a velocidade, ou o momento, o conjunto das equações (16) (17) e (19) constitui o sistema:
do projétil, do ângulo O. Esse ângulo é chamado ângulo de espalha-
mento. Por sua vez o alvo "recuou" na direção de P2d • O ângulo tP de Pid cos((J + <P) + P2d = Pia cos tP (20-a)
P2d com a direção de incidência do projétil (fig. 13) é chamado ângulo I Pid sen ((J + <P) P1a sen <P
= (20-b)
de recuo.
Pid cos((J : <P) -kP2d = - Pia cos tP (20-c)
Tomemos como eixo dos x o eixo orientado por p2d, e como eixo
dos y o eixo perpendicular. Esse sistema forneéerá três das seis grandezasPid, P 2d, Pia, O, fP,
A equação fundamel"!tal (3) (conservação do momento imediata- k, desde que se conheçam as três outras. ·
mente antes e imediatamente depois do-espalhamento) se escreve:
EXEMPL07
proj. sobreOx:p1dcos (O+ <P-l + P2d =pia cos tP (16) Duas bolas de bilhar colidem elasticamente. Imediatamente antes
da colisão, o segmento que une os centros das bolas é paralelo a um dos
proj. sobre Oy:p 1d sen (8 + <P) =p 1a sen <P· (17) lados da mesa (eixo Ox). Tomando-se como eixo Oy o lado perpendi-
cular, as velocidades pas bolas imediatamente antes do choque são res-
A conservação da energia (equação fundamental 4-a) fornecerá a pectivamente:
terceira equação. Porém é conveniente submetê-la a algumas transforma-
ções para facilitar o seu uso. Partimos de: Via = 10x- 5,0y (m/s); v2a = 5,0y (m/s).
Supondo-se as bolas perfeitamente polidas e o choque elástico,
P2 p2 2
__.!!.. + _.J!L = P la calculemos as velocidades das bolas imediatamente depois do choque.
2m1 2m2 2mi Tomemos como novo referencial (S) o da.bola (2) antes do choque
e representemos por u as velocidades nesse referencial. Temos:
As transformações suces5ivas são:
V= U + 5,0 y
(Pld -Plal +kp~d =O '(k:= mi) U =V - 5,0 y.
m2

As velocidades em (S) antes do choque sao


N {uu ª =010x -10y (m/s)
1a=
(p,d - P1al • (p,d + P1al + kp2d . Pid = O, 2

As bolas têm mesma massa-+ k = 1.


e, observando-se que: A força de interação age ao longo de Ox,já que não há atrito entre
as bolas. Sabemos portanto que. U2c1 tem a direção de Ox. A figura 14
a. P1d - P1a =ôp, é a variação do momento do projétil durante
o espalhamento; IY
b. P2d
lhamento;
=l\p 2 é a variação do momento do alvo durante o espa-
1
1
1
1
1
e. l\1>2 = - l\p1 pela 3.a lei de Newton. IO U2d X
obtemos: ------------------1 ',,)"' =;5~-----------
l\ P1 • (p,d -kP2d + P1al = O. (18) 1 8 '
1 ',
Essa equação mostra que o vetor p1d -kP2d + p18 é perpendicular 1 ',
a l\p 1 e conseqüentemente a l\p2 = P2d • Aquele vetor tem pois como : U1d ',
1 "
direção o eixo Oy e podemos escrever que sua _projeção sobre.Oxé nula:
P1dcos(8 +<P) -kP2d +Piacos.<P=O. (19) Fig. 14 Velocidade antes e depois da colisão. u 18 tem direção da bissetriz par.

354
• 355
representa a situação em (S): a direção de u 1a é a da bissetriz par.* A Via
direção de u2 d · é Ox Segue-se que q, = 45º. As incógnitas do problema
são pois: U1d,u 2d, O.
O sistema (20) se escreve (com u 18 = 10y'2 m/s):

U1d cos(O + 45º) +u'2d = 10 V2 · - v'2


2-
Uid sen (O+ 45º) = 10 V2 · ..;; V2a

U1d COS (0 + 45º) - U'2d ::.-10 .../2 • -V2


2- Fig. 15 Efeito de uma colisão elástica sobre as velocidades, no RCM.

A solução é: u,d = U2d = 10 m/s Concluímos do que precede que as extremidades dos vetores ve-
9 = 45º loc!dades, no RCM, se deslocam durante a colisão sobre duas circunfe-
rências concêntricas cujos raios são respectivamente proporcionais à
Conseqüentemente:
U1d = - 10y (m/s).
u2d = lOx Cm/s).

Voltemos agora ao referencial do laboratório: basta somar a velo-


cidade 5,0 y às velocidades acima; Obtemos:
vld = -5,0y (m/s),
v2d = ·1Ox + 5,0 y (m/s).
9.6 COLISÕES ELÁSTICAS BIDIMENSIONAIS-SOLUÇÃO PELO
DIAGRAMA DAS VELOCIDADES.
Suponhamos mais uma vez o alvo em repouso (espalhamento elás-
tico).
9.6.1 A COLISÃO NO AEfEAENCIAL DO CENTRO DE MASSA
(RCM) (a)
Fig.16 (b)
Um raciocínio em todo ponto análogo ao que foi feito na seção O projétil tem massa menor que o alvo: O projétil tem massa maior que o alvo
9.4.1 mostra que a colisão gira as velocidades, no referencial do centro de m,<m.,ouk<1. m 1 >m 2 ,ouk>1.
massa, sem alterar os módulos. O fato de que o momento total deve massa m 2 do alvo (para a velocidade do projétil) e à massa m 1 do projétil
conservar-se nulo exige que o ângulo <l>seja o mesmo tanto para a veloci- (para a velocidade do alvo). Essa propriedade decorre evidentemente do.
dade do projétil (V 1 ) como para a do alvo (V 2 ) (fig. 15). A conservação fato de o mo1r1ento total conservar-se nulo:
da energia exige por sua vez que os módulos das velocidades respectivas,
imediatamente depois da colisão, tenham os mesmos valores que imedia- m 1. V1d + m 2 V2 d = m 1 V1• + m2 V28 =O
tamente antes**. A fig. 16 mostra a situação no RCM no caso da massa do projétil
ser menor que a do alvo (k< 1, fig. 16-a) e no caso da massa do projétil
*Sendo as massas iguais, podemos substituir <is momentos pelas velocidades. ser maior que a do alvo (k > 1, fig. 16-b).
•• O ângulo <l>depende da lei de interação. No caso do choque de duas bolas de bilhar por exem· Os raios qas circunferências são pois inve~mente proporcionais às
pio, ·<I> depende da orientação da linha dos centros no instante do choque. massas das partículas.

356 357
9.6.2 A COLISÃO NO REFERENCIAL DO LABORATÔRIO Então:
A passagem do diagrama no RCM (fig. 16) para o diagrama cor-
respondente no laboratório é extremamente simples. Com efeito: v 1 a = v* + V2 a ~AO+ OI ·=AI
v 1d = v* + V id ~ AO + OE = AE
v = v*+ V (21)
V2d = v* + V 2 d ~ AO + OR = AR
em que, como de costume, as minúsculas se referem às velocidades no As fig..i ras 18-a (k < 1) e 18-b (k > 1) mostram os diagramas fina is,
laboratório, as maiúsculas às velocidades no RCM, e v* é a velocidade do no laboratório; com os ângulos de espalhamento (8) e de recuo(~).
centro de massa no laboratório. Para o alvo (inicialmente em repouso no
laboratório) a relação precedente se escreve:

o= v* + v2a,
de modo que:
V*= -V2a.

Concluímos que as velocidades no laboratório obtêm-se a partir


das velocidades no RCM, somando-se -V2a a essas últimas.
As construções tornam-se ·particularmente fáceis se escolhermos ·
como origem dos vetores velocidades (no laboratório) a extremidade do
vetor V2a dos diagramas no RCM.
Com efeito, consideremos a fig. 17 que repete a fig. 16-a, por
exemplo. Suponhamos o alvo em repouso em A. Temos AO= -V2 • = v~

k <1 k >1
la) (b)
Fig. 18 Diagramas de velocidades no lal;>oratório para o espalhamento elástico.

9.7 RELAÇÕES NOTÁVEIS NO ESPÁLHAMENTO ELÁSTICO


9.7.1 RAZÃ.O ENTRE AS MASSAS DO PROJl:TIL E DO ALVO

-
AOR = rr -
2q,, A0t: -
Observa-se que o triângulo AO R é isósceles. Conseqüentemente,
~ = 2cp, e OEA = 1T- (2</> + 8).
Escrevamos q~e, no triângulo AOE, os lados são proporcionais aos
se11os dos ângulos opclstos.
OA = sen(2cp + 8)
OE sen 8

m1
. .•
ou se1a Jª que - - "" - -
' OE m2
OA
=k

. Fig. 't7 Construção do diagrama das velocidades no laboratório.


k = _!!!_!__ = sen {2</> + 8) (22)
m2 sen8

358 359
9.7.2. VALOR MAXIMO DE() NO CASO EM QUE k > 1 As direções de espalhamento (AE na fig. 20) e de recuo (AR) são
Se a massa m 1 do projétil for maior que a massa m 2 do alvo, o perpendiculares entre si.
ângulo de espalhamento não pode ultrapassar um valor() mix. dado pela
relação.
m2
sen 8 máx. = m1 (23)
',
A fig. 19 mostra com efeito que, estando E necessariamente sobre ',
a circunferência interna, o ângulo de espalhamento é máximo quando AE ',
for tangente a essa circunferência. ' ',o
V1d
'<
',
' ',
',
',
R
Vzd

Fig. 20 Se k = 1, as direçc5es de espalhamento (AE) e de recuo (AR) são perpendiculares entre si.

9.7.4 CALCULO DAS VELOCIDADES DEPOIS DA COLISÃO


Calcularemos primeiro os raios das circunferências do diagrama das
velocidades. Voltando às fig. 18, OA é igual ao módulo da velocidade do
centro de massa, de modo que:
k Via
Fig. 19 Se a massa do projétil for maior que a massa do alvo, o ângulo de espalhamento 81 nio OA = OR =
pode ser maior que are sen ~ · k+1
. m,
OE m2 t 1
OE m2 Já que
Então, sen emáx. = OA = m1
OA =~=k

Via
EXERCtCIO OE =OI = -k-+-1-
Mostre que, se a massa do projétil for menor que a massa do alvo, o ângulo de espalha·
mento pode assumir um valor qualquer entre O e 180º.
Podemos çigora calcular v1d em função de(), e v2d em função de</>.
PERGUNTA , No triângulo OAE:
Quais são os valores respectivos de O e de q, nos dois casos seguintes:
a. colisão unidimensional com k > 1 (OE) 2 = (OA) 2 + vid - 2 V1d (OA) cos (),
b. colisão unidimensional com k < 1 •
o que fornece, substituindo-se OA e OE pelos valores calculados:
9.7.3 CASO EM QUE A MASSA DO, PROJÉTIL É IGUAL À MASSÁ
DO ALVO 2 2k v1a cos () (k-1) Vfa -O (24 )
V1d - V1d + - ·
As duas circunferências do diagrama são confundidas. k+1 k+1

360 361
1.0 CASO 9.8 ESPALHAMENTO ELÁSTICO - DIAGRAMA DOS MOMENTOS
k < 1. A equação (24) tem uma raiz negativa (a ser rejeitada) e A passagem dos diagramas das velocidades para o diagrama (triân-
uma raiz positiva: essa última é o valor procurado para v 1d. gulo) dos momentos é imediata.

2.0 CASO
k > 1. A equação (24) tem duas raízes positivas, desde que
1 - k 2 sen 2 O ~O, ou seja, desde que sen O ~ m 2 , condição já encontrada
m1
na seção 9.7.2. Os dois valores de v,d forneceriam para o espalhamento
duas soluções possíveis, mostradas na fig. 21; isto significa que, para
determinada direção de incidência (AI) existem duas direções da força de
interação (AR 1 e AR 2 ) que fornecem a mesma direção de espalhamento.
Está claro que se o â.ngulo de recuo for conhecido, é fácil determinar
qual dos dois valores de v1J se deve escolher.

~ P2d/\ '\. 1
P1d
1
1
\
A p
Pia o
(a) (b)
Fig. 22 Triângulo dos momentos para uma colisão bidimensional (espalhamento elástico).

Voltemos a uma das fig. 18, reproduzida na fig. 22-a. Se tomarmos


a massa do alvo (m 2 ) como unidade, o vetor Af\representa o momento
do alvo depois da colisão. O momento do projétil antes da colisão tem a
direção de AI; depois da colisão tem a direção de AE. Torna-se claro
portanto que, sendo P a interseção de AI com a paralela a AE tirada por
R, os vetores AP e RP representam respectivamente os momentos do
projétil antes da colisão (momento total do sistema) e depois da colisão.
Fig. 21 k > 1. Para um dado fJ há dois valores possíveis para v1d: AE 1 e AE 2 •
Esse triângulo foi transportado na fig. 22-b. Verifica-se que:
AP = AR + RP
momento total momento do alvo momento do projétil
A velocidade V2d se calcula imediatamente no triângulo AOR das antes da co 1isão depois depois
fig. 18: Pia P2d P1d

V2d = 2 OA cos </> Observa-se que o ponto O divide o segmento AP na razão:

ou seja: l
'
OA /= OE\ = massa do projétil
2k cos </> OP \ OH/ massa do alvo
V2d = V1a· (25)
k+1 e que o triângulo OAR é isósceles (OA = OR).

362 363
Terceira Parte 9.9 COEFICIENTE DE RESTITUIÇÃO
O coeficiente de restituição e de uma colisão inelástica é definido
COLISÕES INELÃSTICAS pela relação:
=!Velocidade relativa imediatamente depois da colisão
e - Velocidade relativa imediatamente antes da colisão
(Essa definição é válida tanto para as colisões unidimensionais
como para as colisões bidimensionais).
Para uma interaçâ'o elástica: e = 1
Para uma interação totalmente inelástica: e= O
Para uma interação parcialmente elástica: O< e < 1.

PERGUNTA
Oual seria e para uma colisão com O positivo?

9.10 COLISÕES UNIDIMENSIONAIS INELASTICAS.


A fig. 23 mostra o gráfico ( v t), no referencial do laboratório, de
INTRODUÇÃO uma colisâ'o unidimensional inelástica.
Vimos que o módulo da velocidade relativa das duas partículas é ·
V
conservado por uma colisão elástica.
Numa colisão inelástica, o módulo da velocidade relativa não é
oonservado.
Se o módulo da velocidade relativa depois da colisão for menor
que antes, a energia cinética total do sistema diminui.* É o caso comum
de colisões entre objetos m~roscópicos. Parte da energia cinética total V1a I ·~
foi transformada em outra forma de energia, geralmente, e predominan- V2d
temente, em energia interna. '
Se o módulo da velocidade relativa imediatamente depois da coli-
são for maior que imediatamente antes, a energia cinética total do sis-
tema aumentou**. A "colisão" (explosão) de uma bala de revólver com a v• ·-·-·-·~
arma, é deste tipo; o sistema adquire, durante a explosão, uma energia
cinética igual à parte da energia disponível na pólvora do cartucho. ~--~ V1d

PERGUNTA
Por que "parte" da energia disponível? --·---- ----V\d
F'

Limitaremos o estudo· ao caso das colisões inelásticas unidimen- vla


sionais e mais especificamente às colisões em que a energia cinética do
sistema diminui.
o
•Diz-se que a colisão "tem um O negativo". O= lécldepois - (Eclantes
Fig. 23 Gráfico ·1vrl '10 laboratório para uma colisão unidimensional inalástica com e=-·
** Colisão com O positivo. 2

364 365
Se a colisão fosse elástica, as velocidades depois da colisão seriam PROBLEMAS RESOLVIDOS
respectivamente Vid e V2d. A velocidade relativa imediatamente depois
(F'D') seria igual em módulo à velocidade relativa ímediatamente antes
1.R PROBLEMAEXPERIMENTAL:P~NDULO BALl°STICO.
(CA), sendo e igua 1a 1 . Uma carabina de ar romprimido atira projéteis de massa m = 0,40 • 1o-1 kg em um
A inelasticidade da colisão faz com que as velocidades reais depois cilindro de alumínio cheio de massa de modelar, cuja massa é M = 0,15 kg, e que se enoontra
da colisão sejam v 1d e Vú , com uma velocidade relativa FD menor que suspenso por dois fios paralelos (suspensão "bifilar"} de romprimento Q =2,0 m.
CA, tendo-se
~
FD
CA =e. 1
1
No entanto, o momento total no referencial do centro de massa 1 !2
1
deve ser sempre nulo, quer a colisão seja elástica ou não; da mesma 1
forma, qualquer que seja o tipo da colisão, o momento total no labora- • 41 J
tório deve conservar-se invariante.
·----~
~ massademode:a~--
d
Isso faz com que, na fig. 23, a reta que corresponde à velocidade
v* do centro de massa, deve dividir o segmento FD na mesma razão que
ela divide o segmento AC (isto é, na razão inversa da razão das massas).
De modo que a relação de inelasticidade, (FE) = e(CA), acarreta as duas Depois do tiro, observa-se que o cilindro recua da distância horizontal d= 0,25 m.
relações: Qual era a velocidade da bala ao penetrar no cilindro?

(FE) =e (BA), SOLUÇÃO:


O problema se trata em duas partes. Na primeira determina-se a velocidade de recuo do
e pêndulo. Na segunda determina-se a velocidade da bala. .
(ED) =e(CB).
MODELO FlSICO MODELO MATEMÁTICO
Essa observação permite calcular v 1d e v2d em função de v*, Via e
1.a Parte 1.a Parte
V2a:
HIPÔTESES:
o
v 1 ct = v*-FE = v* -e(BA) = v* -e(v 18 -v*), Atrito com o ar desprezível, fios de sus-
pensão inextensíveis e de massa despre- 1~
zível. !2
ou seja: v,d = (1+e) v* -e v 1ª A interação do pêndulo com a Terra é

Da mesma forma: v 2 d = (1+e) v* -e v 28


portanto ·conservativa. i
2 A bala se imobiliza na massa quase que
instantaneamente, com o pêndulo ainda h:~:~=::h
na p~~ição de equil lbrio. V
PERGUNTA
Sem referir-se às fórmulas precedentes, diga quais são as vel.:icidades das partfculas depois OBSERVAÇÃO EXPERIMENTAL _l_mv' =mgh=mg2(1-cosa)
de uma colisão totalmente inelástica. Justifique fisicamente sua resposta. O ângulo de recuo do pêndulo é peque- 2 1
no: Mas: cosa;,, 1 - -n', se a<<1 rad
d 025 t 2
- = -=e:::... = - rad - v2 Ili! g!2ai 2
Q 2 8

2.ª Parte Por outro lado:


LEI IMPOSTA AO MODELO: e!= !2 sena ai 2a, se a << 1 rad,
Conservação da energia mecânica. (de-
pois da bala ter-se imobilizado dentro De modo que:
da massa de modelar).
v' a. fdi -+vll!!/F d (1)

367
366
HIPÔTESES: Tomemos como eixo dos x o eixo de P2d
A interação bala-massa de modelar é
praticamente instantânea, impulsiva.
Em conseqüência todas as forças exter- J mbreOx:Pidcos20+p,d -P 1acos9=0 (1)
Conservação do momento: P 1 a =P 1 d + P2d
nas podem ser desprezadas em compa-
raçã'o com as forças de interação, duran- l sobre Oy:Pid sen 28 - Pia sen O= O (2)
te a .colisã'o. · A conservação da energia se escreve:
De modo que o sistema bala-cilindro de Antes da interaçã'o Depois da interaçã'o
massa pode ser considerado como Isola- M M+m P~d P~d P~a · 1 , 2 1 ,
- - +-- ª - ~- IPid-Pial +-p,d=O
m.
do, durante a interaçã'o.
LEI IMPOSTA AO MODELO:
_E:_ WB ~
m, m, 1n 1 m,

Conservação do momento linear do sis- V V

tema. m V= ( M + m J v (2)
(Pid-Pial •(P 1 d+Pial+kP2dºP2d=O (k== :: )· (3)
PREVISÕES DO MODELO: Observe-se que P1 d - P1 a = t:.p,. e que P2d = t:.p 2 •
M
Da equação (2): V= (--+1) v. Mas, pela conservação do momento, L\p 2 = - LIPi; (31 se escreve:
m
LI Pi • (Pid - kp,d + P 1 al =O.
Substituindo-se o valor de v dado por (11
Essa equação mostra que o vetor entre parênteses é perpendicular a Llp, (ou a Llp, ) e
V = (_M_ + 1 )
m
-li; d.
l1
conseqüentemente a P,d ou seja, ao eixo dos x, A projeção desse vetor sobre OK deve ser nula, o
que fornece a equação:
. M
Numericamente, 1 é desprezível em comparação com--,;:;-• P1d cos28 - k P 2d +Pia cos 9, =O (4)
Acha-se: O sistema (11 (21 (4) é:
V= 2,2 • 102 m/it
Pid éos211 + P2d -p,a cos 9 =O (1)
=
2.R Uma bola de massa m 1 0,20 kg, e cuja velocidade inicial é 4,0 m/s, colide elastica-
mente com outra bola inicialmente em repouso no laboratório. \ Pid cos 28 -Pia sen 91 =O (2)
· Observa-se que, depois da colisão, os ângulos de espalhamento e de recuo sã'o ambos
iguais a 3()0. Pid cos 29- kp,d +Pia cos 8 •O (4)
a. Qual é a massa do alvo?
b. Quais são as velocidades do projétil e do alvo, depois da colisã'o? A equação (2) fornece logo: Pia
SOLUÇÃO: P1d
2cos 9
SOLUÇÃO ANALl"rlCA
A figura mostra o momento do projétil antes da colisão, e os momentos do projétil e do Pia •
alvo depois da colisão. Substituindo-se em (11
P2d = 2cos .e

Finalme~te, de (3) k = 3cos2 8-sen' e .


.,.
.... ""
.
..
.
Numericamente acha-se: P1d=P2d=0.45 kg· m/s
...... k =2 ~ m, =O, 10 kg.
8 ,,.,.,,,,.""'
...... As velocidades depois da cal isão são:
........-~) r/>=9
P2d
-------- X Vid = 2,3 m/s; v,d = 4,6 m/s.

SOLUÇÃO GEOMÉTRICA PELO DIAGRAMA DAS VELOCIDADES:


Observa-se primeiro que, sendo e, + ip = 600 (< 9001, a massa do projétil é maior que a
massa do alvo (QC. N.º 7).
A seguir observa-se que no triângulo AOR (ver figura), o ângulo AOR =,,. - 2cp=1200.
Segue-se que o ângulo ÃÕE = 60º, como por hipótese fl = õAE = 3QO, o triângulo OAE
é retângulo comi:= 90º, e AE é tangente à circunferência interna.

368 369
(Estamos pois no caso em qLJe o ângulo de espalhamento é máximo).
EXERCfCIOS
OE=~= sen30º = - 1--+ m, = -1-m, = 0,10 kg.
OA m1 2 2
1. Numa tacada, o taco exerce sobre a bola uma força média de 1,0 • 10 2 .N durante um
A seguir: intervalo de 5,0 °10-•s. A massa da bola é 0,22 kg. Qual é a velocidade da bola imediatamente
0,2. 4 8 depois da tacada?
AO= v•= - - - = - - m/s
0,3 3
2. Uma bola de tênis, de massa 7,0 • 10-2 1<g, cai verticalmente de uma altura de 10 me, no
repique, atinge a altura de 8,0 m.
a. Qual foi o impulso da força exercida pelo chão sobre a bola?
b. Se o contacto durou 2,0 • 104 s, qual foi o valor médio daquela força?
3. Num aparelho de televisão, um feixe de elétrons incide sobre a tela. A intensidade do
feixe é da ordem de 10 15 elétrons por segundo. A velocidade dos elétrons é da ordem de
10' m/s, e a massa de um elétron é da ordem de 10-30 kg.
Qual é a ordem de grandeza da força exercida pelo feixe sobre a tela? Você acha que
existe perigo dessa força quebrar a tela (o que talvez explicaria a existência da placa de plexiglass
que se encontra na frente do aparelhol?
4. Várias colisões são feitas com dois carrinhos (1) e (2) cujas massas respectivas são
mi = 0,30 kg e m 2 =
0,20 kg.
O quadro abaixo reproduz resultados parciais dessas experiências para as velocidades dos
carrinhos antes e depois das colisões respectivas. Complete o quadro.
R
Experiência Velocidades iniciais (m/sl Velocidades finais (m/s)

* 1
~ : 5,0

o 2,0
-1,0

AE = Vid = AO cos30° -+ Vid = +•.;; = 2,3 m/s.


* 2L -3,0 2,0

~:
0,50 -1,5
AR = v2d = 2AO cos300 -+ V2d = 4,6 m/s.
* 3 1,0
SOLUÇÃO GEOMIÕTRICA PELO DIAGRAMA DOS MOMENTOS:
(As letras correspondem às da figura acima. O ponto P é a interseção de AO com a

~:
1,0 o
paralela.a AE tirada por RI. 4
R * -2,0

~:
3,0
5
* -2,0 2,5

5. Uma bala de massa igual a 2,0 · 10·' kg é disparada horizontalmente em um bloco de


madeira de massa igual a 1,0kg, em repouso sobre uma mesa horizontal. O coeficiente de atrito
entre o bloco e a rresa é 0,30. A bala fica engastada no bloco, e este desliza de 0,96m sobre a mesa.
Determine a veloci9ade da bala (g "' 1O m/s 2 ).
Pia p
A o
6. Colisão totalmente inelástica de uma partícula (projétil) de massa mi com um alvo de
1 Pia 0,8
Imediatamente: Piti=P,d ../3 kg•m/s , massa m 2 inicialmente em repouso. Qual é a fração da energia cinética inicial do projétil "per·
2 cos30ª d ida" na colisão? ("perdida" significa: transformada em energia não mecânica, não aproveitávell.

7. A probabilidade de um satélite artificial ser atingido por um meteórito de massa


Por;outro lado, vê·se logo qLJe AO= - 1- OP -+k = 2 m ~ 10 kg, durante um período de 1 ano, está avaliada em 1 em 10 10 • Suponha no entanto que
2 tal evento ocorra, e que um satélite de massa AI= 2,0 • 10 2 kg, em ór.bita circular com velocidade

370 371
de 6,0 km/s, seja atingido por um meteórito de massa m = 10 kg com velocidade de 40 km/s. O
choque é radial. Qual será o efeito da colisão sobre a direção da velocidade do satélite? sobre o
módulo da velocidade?
·13, Colisão unidimensional elástica entre duas partlculas: k =..!!!..!__
m, ~3
- 1

Comple1e o gráfico (v ti.


8. Colisão unidimensional elástica entre duas partículas.
v. (m/s)
m, 1
São dados: k = ---
m,
= --
2
; V 1a = 5,0 m/s; v2 a = 2,0 m/s.
Calcule: v,d e Vid·

9. Colisão unidimensional elástica entre duas partlculas.

São dados: k= m,
----1
v,a = -1,0m/s; v2 a = 3,0 m/s.
m,

Calcule: v,d e Vid·

10. Colisão unidimensional elástica entre duas partículas.


m, 1
São dados: k =--- = -- ; v 1a = 5,0mls; v,a = -3,0 m/s
m, 3
14. Colisão elástica unidimensional entre duas particuias: k=~=~
m, 3
Calcule: v,d e. V 2d·
Complete o gráfico (v ti.

11. Colisão unidimensional elástica entre duas partículas. V

São dados: • k =~
m,
=2; Via= 2,0 m/s ; V2a = -4,0 m/s. 3 1 !::

Calcule: V 1d e Vid·
2

12. Colisão unidimensional elástica entre duas partículas: k=~=2


m,
Complete o gráfico (v t 1

v. (m/sl
o
---~
5 ~ -1
Via
4~
·~

~~
-2 1
3 & 2
~

2 ~ -3

v,a ~
15. Colisão unidimensional elástica entre duas particuias: k=~- 1
~
m, --5-
o ~ Complete o gráfico (I' ti.

372
373
QUESTÕES CONCEITUAIS
v (m/s)

5~
1 Quererdo-se pregar um prego numa tábua, é preferlvel utilizar um martelo leve ou um
4 martelo pesado~
3
2 Utiliza-se um machado para rachar lenha. Qual o tipo de machado (leve ou pesado)
2 aconselhável?
a Se a le~ha está sobre um chão fofo (areia por exemplo);
b. Se a le~ha está sobre um chão duro?

o 3 Dê uma evidência experimental, ao mesmo tempo simples e óbvia, que mostre que a
colisão de duas bolas de sinuca não é perfeitamente elástica.
16. Na.colisão SIJposta perfeitamente elástica de um disco de massa m 1 com outro de.massa
m, inicialmente ein repouso, sobre uma mesa de ar, observa-se que o ângulo de espalhamento é 4 Considere uma colisão unidimensional totalmente inelástica, em que uma partícula de
de 90º, é que o ângulo de recuo é de 30°. Qual é o valor da razão m 1 /m 2 ? massa km colide com outra, de massa m, inicialmente em repouso. Mostre que a energia cinética
k
17. Espalhamento elástico: experimentalmente, acha-se 300 para o ângulo de espalhamento, do sistema, depois da colisão, é a fração.k+l da energia cinética antes da colisão.
e 450 para o ângulo de recuo. Resolva graficamente as duas questões seguintes:
a. Qual é a razão entre as massas das partículas?
b. De quanto gÍ_rou, no RCM, a velocidadec:lo projétil? 5 Um disco de massa m pode d.eslizar sobre o fundo de uma bandeja de mesma massa ma
qual por sua vez pode deslizar sobre uma mesa horizontal.
18. Estudos experimentais de espalhamento elástico de partículas a por prótons mostram Em t =O, a bandeja está parada no laboratório e o disco, em contacto com a parede esquerda
que as a são espalhadas no máximo de "v 16º. Qual é a razão entre a massa da partícula a e a da.bandeja, tem velocidade v0 para a direita.
massa do próton? As colisões do disco com as paredes da bandeja são elásticas.
Pede-se construir o gráfico (v ti dos movimentos do disco e da bandeja:
19. Uma bola de b(ihar bate em DUtra.bofa idêntica inicialmente em repouso. Depois da a; Supondo-se desprezíveis todos os atritos.
colisão, a primeira bola lí!m velocidact~ de 3,0 m/s a 30º da direção de incidência. b. Supondo-se que há atrito entre o disco e a bandeja, não havendo atrito entre a bandeja e
a
a. Qual é velocid_ade de recuo da bola-alvo? a mesa.
e. Supondo-se que não há atrito entre o disco e a bandeja, havendo atrito entre a bandeja e
b. Qual era a velocidade da primeirabola antes do choque?
a mesa.
d. Supondo-se que há atrito entre o disco e a bandeja, e entre a bandeja e a mesa.
20. Espalhamento elástico: construir o triângulo dos momentos com k =mproj. =2 e
VJ = 300. Quanto vâle fJ? ma/vo 6 Duas bolas: de mesma massa, ligadas por um fio de náilon, estão pousadas sobre uma
mesa horizontal,
21. Uma bola com momento inicial de 2,0 kg.m/s, colide elasticamente com outra bola em Projeta-se uma das bolas verticalmente para cima, com uma velocidade inicial que seria
repouso. suficiente para levar a bola até uma altura maior que o comprimento do fio, se este não existisse.
Observa-se que o ângulo de espalhamento é 30º e que o ângulo de recuo é 450, .O que Vili acontecer?' Depois de responder, faça a experiência e observe.
a Quais são os momentos finais do alvo, e do projétil?
b. Qual é a razão entre a massa do projétil e a massa do alvo? 7 Numa colisão bidimensional com o alvo inicialmente em repouso, representa-se por m 1 a
massa do projétil, por m 2 a massa do alvo, e por 6 e VJ respectivamente os ângulos de espalha-
mento e de recuo.
22. Numa colisão unidimensional entre .duas partículas, com k= m, = 2, as velocidades Mcistre que:
m, a Se 8 +ip<900, m, <m 2
iniciais são respectivamente: v, 8 = 3,0 m/s; v28 =O. Depois da colisão a velocidade da partícula b. Se8 +ip>900,m 1 >m 2
(2) é 3,0 m/s..
e. Se8+9=~m 1 =m 2
Qual é a velocidade da partícula (11 depois da colisão?
Qual é o valor do coeficiente de restituição?
8 Numa colisão bidimensional com o alvo iniciatmente em repouso, o ângulo de recuo é ip.
De quanto gi<ou a velocidade do projétil no referencial do centro de massa?
23. Numa colisão unidimensional entre duas partículas, com k = ~ =2, as velocidades
· m2 3
inici~is são respectivamente: v 18 = 5,0 m/s; v28 =O. Depois da colisão, a velocidade da partícula 9 Considere um diagrama de velocidades no laborat6rio, para o espalhamento elás!ico
(2) é 2,0 m/s. (fig. 18 do texto por exemplo).
. Qual é a velocidade da partícula (1) depois da colisão? Mostreque as dlreçéles EI e AR sâ'o paralelas entre si.
Qual é o valor do coeficiente de restituição? Qual éa razão física desse fato?

374 375
PROBLEMAS

1nteração elástica atrativa entre um ímã toroidal guiado (somente a translação axial é
permitida) e uma bola de aço guiada por um fio coaxial com o Imã, sobre o qual ela pode deslizar
com atrito desprezível.

Supondo-se o ímã inicialmente em repouso, a bola é lançada com velocidade v0 , de uma Qual é a compressão máxima da mola, a partir da posição inicial (plataforma em equill·
distância grande do ímã (interação desprezível). brio estático)?
Construir o gráfico (v ti qualitativo da interação. mg k '
Resposta: - - { 1+ (1 + - - hl 2}
k mg
2 Uma molécula de ar, com velocidade de 5,00 · 102 m/s, colide elasticamente com o
piston de um cilindro no qual está contido o gás. Supondo-se o choque perpendicular à face do 6 Uma placa quadrada pesada, de lado a, tem velocidade v perpendicular a seu plano.
piston, com que velocidade rebate a molécula? Ela se movimenta em um meio contendo bolinhas de isopor, de massa m muito menor
a Quando o piston está imóvel? que a massa da placa, em movimento randomizado, mas com velocidade também muito menor
b. Quando o piston se afasta da molécula com velocidade de 1,00 m/s? (em módulol que a velocidade da placa
c. Quando o piston se apro><ima da molécula com .velocidade de 1,00 m/s? Supondo-se que as colisões da placa com as bolas são elásticas e que há n esferas de
Respostas: a. 5,00 · 102 m/s; b. 4,98 • 102 m/s; c. 5,02 • 102 m/s isopor por unidade de volume (n >> 1 ), determine a força de resistência do meio sobre a placa.
Resposta: 2mna 2 v2 •
3 Em um rea.or nuclear, a fissão do urânio produz nêutrons cuja energia é da ordem de
1 Mev (= 106 ev = 1,6 • 10-13 J). Para que esses nêutrons possam ser capturados por núcleos dé 7 Uma partícula (11, de massa m 1 e momento Pia colide elasticamente com uma partícula
235 U, provocando novas fissões, é necessário riiduzir a energia por um fator aproximado de 104 •
121 de massa m 2 e momento Pi a A colisão é unidimensional.
Esse processo, conhecido como "termalização", é baseado sobre cal isões elásticas dos nêutrons a. Calcular a fração da energia cinética da partícula 111 transmitida à partfcula (21, em
com núcleos presentes no chamado "moderador".
O primeiro reator construído (em Chicago, USA, em 19431. utilizava graf.ite como mo- função da razão cr =J!2...
p,
e da razão k =!!!.J.... •
m,
derador. Os nêutrons perdiam energia por colisões sucessivas com núcleos de carbono.
Supondo-se colisões unidimensionais, quantas dessas colisões são necessárias para se b.. Discutir o problema de saber em que condição a partícula ( 11 cede energia à partícula (21
reduzir"a energia de um nêutron pelo fator 104 7 ou recebe energia da partícula (21.
No lugar do grafite, prefere-se utilizar água pesada D' O em que o hidrogênio da água· c. Supõe-se que a partícula (21 está parada no laboratório (Pia= O):
comum é substitu ido por deutério ~D, isótopo do hidrogênio, com um núcleo formado por um c1. Qual é a fração da energia cinética da partícula (11 cedida à partícula (2)7
próton e um nêutron. Os neutrons desta vez perdem sua energia por colisões com o deutério. É sempre cedida, ou às vezes também recebida?
Explique porque a água pesada é preferível ao grafite como moderador. (Os americanos c2. O que acontece se m 1 = m 2 7
sabiam evidenter.iente que a água pesada é melhor moderador; o problema era que naquela época c3. O que acontece se m 1 = 2m 2 7
não a tinham em quantidade suficiente.) c4. O que acontece sem, = ~m 2 7
c5. O que acontece se m 1 << m 2 ?
4 Um carrinho de massa m 1 e energia cinética Ec choca-se com um carrinho de massa m 2 c5. Oqueacontecesem, >>m 2 ?
inicialmente em repouso. O choque permite abrir a tampa do carrinho (2), desde que, para tanto,
a energia t:;E seja "absorvida" por esse carrinho. 8 Três carrinhos (11 (21 (31 cujas massas são respectivamente m, -ij- m, T m, estão em
Qual é o valor mínimo é 0 de Ec para que a tampa do carrinho (21 possa ser aberta pelo repouso sobre um trilh.o horizontal, com o carrinho (21 entre os dois .ou.tros e eqúidistantes destes.
choque? O carrinho .121 é lançado com velocidade v0 na direção do carrinho (31.
m, Descreva detalhadamente os movimentos subsequentes dos carrinhos, supondo-se que as
Resposta: t:;E (1 + - - )
m, colisões são perfeitamente elásticas e que as distâncias entre os carrinhos são muito maiores que o
comprimento próprio dos mesmos (ou seja, considere os carrinhos como sendo partículas).
5 Deixa-se cair uma bola de mas5a de modelar (massa mi. de uma altura h, sobre uma Construa o gráfico (v ti das colisões sucessivas. ·
plataforma de mesma massa m em equilíbrio estático sobre uma mola de coeficiente k. O choque 9 n esferas 11Stão em repouso sobre um plano horizontal. Elas têm o mesmo raio, os centros
entre a bola e a plataforma é completamente inelástico. estão sobre uma mesma reta e as esferas estão quase em contacto.

376 377
V
b. Cllial é o valor de k = mproj. 7

888---~---8
ma Ivo
c. Que fração da energia cinética do projétil foi transferida para o alvo durante a colisão?

7/7777777/T//T/7//77 Respostas: a. 90°; b. J_ ; c. ..!.


2 3

As massas são respectivamente e na ordem: 13 Uma bola de bilhar colide com outra bola inicialmente em repouso.
m2m3m ... . . . . . . . . . . . . . . . nm Qual deve ser .o valor da distância b definida na figura (e chamada "parâmetro de im-
Dã-se à esfera de massa m uma velocidade inicial v para a direita e na direção da linha dos
centros. 2
Supondo-se todas as colisões elásticas e unidimensionais, prove que a última esfera por-

0--:.: G-----T
se-á em movimento com velocidade:
(n -1) ! 1
V= 2n-1 ~~~~~~~~ V
1.3.5. . . . (2n -1)
------!. V
----- 1b
10 As três esferas da figura estão inicialmente em repouso, numa mesma linha, sobre um
plano horizontal sem atrito. 'ª
pacto" na teoria do espalhamento). para que depois do choque a velocidade de recuo da bola (21
+-- 7m tenha uma componente perpendicular a direção de v 1 a com o maior módulo possível.
7m m Nessas condições quais são as velocidadas das duas bolas depois do choque?
Resposta: v,d= v2 d= v, 8 -
.J2
-
2

14 Uma partícula a é espalhada elasticamente por um núcleo de massa muito maior que a da
partícula. o ângulo de espalhamento é 900.
·Dá'se à esfera C uma velocidade iniciàl para a esquerda, em direção da esfera A. Qual é o ângulo de recuo?
Supondo-se as colisões elásticas, mostre que C colide duas vezes com A, e uma vez com B Resposta: 45°.
e que as velocidades finais de A B C são proporcionais a 21, 12 e 1.
15 Uma bola cuja massa é m 1 = 0,40 kg e cuja velocidade inicial é 10 m/s, colide elastica-
11 Dois discos de mesma massa sobre uma mesa de ar têm velocidades de mesmo módulo v, mente com outra bola em repouso. Depois da colisão observa-se que o projétil foi espalhado de
fazendo entre si o ângulo a. 600 e que sua velocidade é 7,5 m/s.
a. Qual é a razão entre a massa do projétil e a massa do alvo?
b. Qual é a velocidade do alvo depois da colisão?

~-----1
c. Qual é o ângulo de recuo?
Respostas: a. 0,53; b. 4,8 m/s; c. 46º.

1'6 As duas bolas mostradas na figura são largadas simultaneamente nas posições indicadas.
Elas colidem no fundo da calha e atingem simultaneamente, depois da colisão, a altura
m 'V
-Ã-
1
1
1
h --+--
m 1 1 h
1 1-
1 1 2

uma velocidade de mbdu lo +


Os discos colidem; a colisão é totalmente inelástica e depois da colisão o conjunto tem
v. Qual é o valor de a?
máxima -+
M~---------- ---------Y--
h. Supondo-se que não há atrito entre as bolas e a calha, qual foi o coeficiente de
12 Num espalhamento elástico, observa-se que depois da colisão a velocidade do projétil e a restituição na colisão?
velocidade do alvo fazem entre si um ângulo de 120º e têm mesmo módulo.
a. Qual foi o ângulo de espalhamento? Resposta: - 1 ..;-
2
2

378 379
17 Uma bola de pingue-pongue de massa m cai verticalmente, de uma altura h, sobre uma 20 Estudo da transferência de energia em interações inelásticas:
mesa horizontal. O coeficiente de restituição das colisões sucessivas com a mesa é e. a. Consisdere uma partícula de massa M com velocidade v que interage inelasticamente com
a. Ourante quanto tempo a bola está em movimento? uma partícula de massa m inicialmente em repouso. O coeficiente de restituição é e.
b. Qual é o espaço total percorrido pela bola? Qual é a fração da energia cinética inicial da partícula de massa M transferida para a
c. Qual foi a quantidade de energia mecânica transformada durante o processo todo? part !cuia de massa m durante a interação?
1+e ~ 1~ 2 b. Supõe-se agora que se interpõe uma terceira partícula em repouso, de massa m 1 , entre.as
Respostas: a.--,::;- (2h/gl 2 ; b. --,:::;.- h ; c. mgh partículas de massa M e m. Qual é a fração de energia cinética transferida pela partícula de massa
M para a partlcula de massa m? Qual o valor de m 1 que torna máxima a transferência de
18 Uma locomotiva de massa M exerce uma força constante F e parte do repouso. energia?
Depois de percorrer a distância d, o acoplamento com o primeiro vagão, inicialmente c. Interpõem-se n partículas em repouso, de massa m 1 , m 2 ••• mn entre as partículas de
frouxo, entra bruscamente em tensão; a interação é totalmente inelástica. O conjunto locomoti· massa Me m. OJal é a fração da energia cinética transferida daquela para essa partlcula? A que
va +primeiro vagão anda de novo a distância d, quando o acoplamento com o segundo vagão relações devem Satisfazer as massas m 1 m 2 ••• mn para tornar máxima essa transferência de
entra em tensão e assim por diante, até que os n vagões que compõem o trem estejam todos em energia?
movimento. Qual é a velocidade do trem logo após o acoplamento do último vagão? (A massa de
cada vagão é mi. Expresse a fração máxima da energia transferida em função dos parâmetros:
Resposta: v• = F n d { 2M + (n -1lm} (M + nml"2
19 Os carrinhos da figura podem se mover sobre um trilho horizontal· com atrito despre- a =e-+ 1, k = _!!!__ , u=----
m 2(n + 1)
zível. Inicialmente, o carrinho 121 está andando para a direita, e o carrinho (11 está parado. O
gráfico abaixo representa a variação da energia cinética do carrinho (21 em função da posição. d. Representando-se por f máx a fração máxima da energia cinética calculada em (cl cons-
a. Qual é o momento total do sistema no referencial do laboratbrio7 trua (por pontos! a cÜrva f máx vs n para k = 1,0 • 102 e para os dois valores seguintes do
b. Qual foi o menor valor da energia cinética total do conjunto dos dois carrinhos, durante coeficiente de restituição: e= 1, e= 0,9.
a interação, no referencial do laboratbrio7 Interprete os gráficos obtidos.
c. A interação foi totalmente elástica? Caso contrário, qual foi o valor do coeficiente de Mm y.
restituição 7 Respostas: a. (1 + el 2 -,--2 ; b. (Mm) ; c. ( O'. ) 'lu
d. Qual é o valor da força de interaÇão lmódulol que atua sobre o carrinho (21 durante a ,M+m) lku + k-u)
interação? Esse valor depende da posição do carrinho? Justifique.
e. Cqnstrua o gráfico semelhante ao gráfico dado para o carrinho 111 listo é, Ec em função
da posição 1. Há uma analogia entre os dois gráficos. Qual é7 Justifique fisicamente. 21 Um bloco de aço se encontra em repouso sobre uma mesa horizontal (mesa de arl sobre a

-
qual pode deslizar com atrito desprezível.
a. atira-se no bloco com projéteis (bolinhas de açol de massa m << M, cuja velocidade é v0 •
A interação bola-bloco é elástica.
2,0 kg 1,0 kg

w
Qual é a velocidade do bloco depois de ter sido atingido pelo projétil de ordem n7
b. Mesma pergunta que a anterior, mas supondo-se agora que as bolinhas são de chumbo: a

~ interação bola-bloco é totalmente inelástica; no entanto as bolas não permanecem grudadas ao


bloco, caindo na mesa logo depois da interação.
~/////////7//////////7/~
Respostas: a. vn = v0 ( 1 -exp ( - 2 ~m ) J;
Ec 1 110· 2 Jl

3 6 1 - - - - -...
b. Vn = v0 ( 1 -exp (- "; ) J
27

18

o 1
x(ml
i......- 0,30 m - :
1

380 381
Capítulo 10-
0SCl LADOR HARMÔNICO

10.1 INTRODUÇÃO: OSCILADORES -OSCILADORES LINEARES.


Estamos iniciando agora o estudo dt! sistemas físicos de conside-
rável importância pelas suas aplicações tanto em Engenharia como em
Física: os osciladores lineares.
Recordemos primeiro algumas propriedades gerais dos osciladores,
ou dos sistemas oscilantes. Na próxima seção veremos como se caracte-
riza, dentro dessa classe geral, a classe mais restrita dos osciladores linea-
res.
No final do capítulo 8 sobre conservação da energia, entendemos
que, se a posição de equilíbrio de uma partícula coincidir com o "fund"o"
de um poço de potencial, a partícula pode oscilar em torno dessa posição ·
de equilíbrio. Para tanto, basta comunicar energia ao sistema formado
pela partícula considerada e o "universo" com o qual ela está in-
teragindo.
Consideremos alguns exemplos simples.

EXEMPLO 1:
Uma bola amarrada a um fio suspenso no laboratório constitui um
pêndulo. A posição de equilíbrio do pêndulo coincide com a vertical Oz
1
do ponto de suspensão (fig. 1 ). O "universo" com o qual interage a bola
1
do pêndulo é a Terra*. Ela interage com a terra de duas maneiras: gra-
. ! vitacional mente (a força correspondente é o peso) e pelo vínculo do fio

* No modelo de primeira aproximação estamos desprezando todos os atritos, em particular a


resistência do ar. ·

383
IJEif;:~:fiJüli;'. f ~J1[.io1 :1~ ,![i 1; f:J;-;'..J1r
Rrhlirst~a Cantra/
o
em parte sob forma potencial, em parte sob forma cinética. Bastaria
•' \ afastar a bola da sua posição de equilíbrio e, ao largá-la nessa posição,
1\
comunicar-lhe uma velocidade inicial não nula.
\
\ EXEMPLO 2:
\
\ A fig. 2 mostra um carrinho montado entre duas molas, sobre um
\
\ trilho de ar horizontal. O carrinho interage com a Terra por meio das
\

'
\
\

'~
~~~~ -- -1--------- ,.'<::.)
1

1z Fig. 2 Carrinho sobre um trilho de ar horizontal, oscilando em torno da sua posição de equi-
1
1 líbrio.

Fig. 1 Pêndulo oscilando em torno da sua posição de equil lbrio.


molas; a interação gravitacional é "compensada" pelo vínculo imposto
pelo trilho, ou melhor pelo ar que sustenta o carrinho.
(a força correspondente é a tração exercida pelo fio). Nos movimentos O poço de potencial da interação é o poço parabólico encontrado
limitados por esse vínculo, somente o peso tem trabalho não nulo, o que no capitulo 8 (Conservação da energia).
significa que somente varia a energia potencial de interação gravitacional. Da mesma forma que no caso do pêndulo, podemos comunicar
Na posição de equilíbrio, essa enérgia potencial é mínima: a posição de energia ao sistema carrinho-Terr-a basicamente de duas maneiras dife-
equilíbrio do pêndulo coincide com o "fundo" do poço de potencial rentes: afastamos o carrinho da posição de equilíbrio, largando-o a seguir
correspondente. com velocidade inicial nula (energia inicial sob forma potencial); comuni-
Se quisermos pôr o pêndulo em movimento, devemos comunicar camos ao carrinho, na posição de equilíbrio, uma certa velocidade inicial
energia ao sistema pêndulo-Terra. Para tanto podemos afastar o pêndulo ·(energia inicial sob forma cinética). Qualquer outra maneira de transferir
da sua posição de equilíbrio, largando-o a seguir. A energia que comu- inicialmente ao sistema, para pôr o carrinho em movimento, uma deter-
nicamos estava inicialmente armazenada no sistema sob forma potencial, minada quantidade de energia, é uma "combinação" das duas maneiras
no campo gravitacional de interação. Já que, no nosso modelo, supomos descritas; isto é, afasta-se ·o carrinho da posição de equilíbrio (transfe-
os atritos desprezíveis, o pêndulo depois de largado oscilará indefinida- rência de energia e armazenamento sob forma potencial) e ao largá-lo,
mente em torno da posição de equilíbrio*, ou ainda "a bola do pêndulo comunica-se uma.velocidade inicial não nula (transferência de energia e
oscilará no seu poço de potencial". armazenamento sob forma cinética).
Podemos evidentemente pôr o pêndulo em movimento de muitas De qualquer modo, e supondo-se de novo que os atritos são des-
outras maneiras. Uma delas, também muito :;imples, consiste em comu- prezíveis, o carrinho continuará oscilando em torno da posição de equi-
nicar uma velocidade inicial à bola, na sua posição de equilíbrio; por líbrio.
exemplo, batendo nela com um martelo. IA energia comunicada está Sabemos que, no decorrer das oscilações, há transformação con-
agora inicialmente sob forma cinética, "arma.zenada" na inércia da bola. tínua e recíproca de energia: de potencial para cinética e inversamente.
O resultado final será o mesmo que acima: o pêndulo vai oscilar em torno Qualquer oscilador, ou sistema oscilante, caracteriza-se assim pela
de sua posição de equilíbrio. presença de um "reservatório" de energia potencial, e de um "reserva-
Poderíamos também escolher as condi1~ões iniciais do movimento tório" de energia cinética.
de maneira que a energia comunicada ao sistema se encontre inicialmente No caso do pêndulo do exemplo 1, o reservatório de en~rgia po-
tencial é o campo de interação gravitacional entre a bola e a Terra; o
• Insistimos sobre o caráter artificial deste modelo de primeira aproximaçãe. Sabemos que o
pêndulo acabará parando, precisamente por causa do atrito que estamos desprezando. reservatório de energia cinética é a inércia da bola, medida pela sua massa
inercial.
384
385
No caso do carrinho do exemplo 2, o reservatório de energia po- oscila verticalmente, ao passar sobre estradas de terra com sulcos trans·
versais, é mais um exemplo.
tencial é constituído pelas molas (ou, para ser mais exato, pelos campos
de interação entre os íons das estruturas cristalinas das molas); o reser-
PERGUNTA:
vatório de energia cinética é mais uma vez a inércia do carrinho. Poâe identificar os reservatórios de energia potencial e de energia cinética, respectiva·
mente, nos dois exemplos precedentes?
EXEMPLO 3:
No "pêndulo de torção" representado na fig. 3, gira-se o disco de Quando andamos, nosso corpo constitui um sistema deformável
1
um certo ângulo a partir da sua posição de equilíbrio, largando-o a seguir. cujadinâmica é extremamente complexa. No entanto não é difícil ide'n·
Ele oscila horizontalmente em torno da sua posição de equilíbrio. A tificar vários sistemas oscilantes, com seus reservatórios de energia po·
deformação do fio, por torção, fornece o torque restaurador*. O reser- tencial e de energia cinética.
~
PERGUNTA:
Pode identificar alguns desses sistemas, com os correspondentes reservatórios?

A noção de amplitude de oscilação está estreitamente associada às


transformações recíprocas das duas formas de energia (potencial e ciné·
tica) que caracterizam os sistemas oscilantes. Voltando ao pêndulo sim·
pies do exemplo 1, observamos que a energia cinética do pêndulo é
máxima (sendo mínima portanto a energia potencial) no instante da
passagem pela vertical. O pêndulo irá se afastando da vertical enquanto
toda aquela energia cinética não for transformada em energia potencial.
Se representarmos a posição do pêndulo pelo ângulo e que ele faz com a
vertical, o valor máximo de e é a amplitude (angular) do pêndulo.

No caso do carrinho que oscila entre as duas molas (exemplo 2) a


variável de posição do sistema será a abscissa x de um ponto qualquer do
carrinho (uma das extremidades por exemplo) em relação à posição desse
ponto quando o sistema está em equilíbrio. A variável x atingirá o seu
Fig. 3 Pêndulo de torção, constituído por um disco de metal suspenso por um fio de aço valor máximo (em módulo), à esquerda ou à direita da posição de equi-
("corda de piano"). 1íbrio, nos instantes em que toda a energia do sistema se encontrar sob
forma potencial. Esse valor absoluto máximo de x é a amplitude de
vatório de energia potencial é constituído de novo pelos campos de oscilação do sistema.
interação das estruturas cristalinas do fio dt? torção; o reservatório de
energia cinética é a inércia de rotação do disco, medida pelo momento de A amplitude de oscilação do pêndulo de torção do exemplo 3 é o
inércia em relação ao eixo, ou seja, ao fio.** valor máximo do ângulo de que gira o disco, em relação à posição de
Uma lâmina de serra com uma extremidade presa em um torno de equilíbrio, etc ...
bancada é um outro exemplo de sistema oscilante. Um automóvel que
A amplitude de oscilação depende evidentemente da energia arma-
• Isto é, o torque que tende a fazer voltar o sistema para a sua posiçã'o de equilíbrio. O conceito zenada no sistema oscilante: maior a energia, maior a amplitude. Enten-
de torque será definido formalmente no capítulo 11.
de-se que nos osciladores reais, onde há sempre presente um elemento
••Ver o capítulo 11 para a definição do momento de inércia de uma partícula em relação a um dissipativo de energia (atritos em geral), a amplitude vai diminuindo, até
eixo. O caso mais complexo do momento de inércia de um sólido será tratado no vol. 2 deste o sistema se imobilizar.
. curso.

386 387
Meçamos o tempo n·ece~sário para que o pêndulo do exemplo 1 Podemos chamar essa operação de excitação do sistema. A excita-
complete 10 oscilações, por exemplo. Achamos 9,2 s, digamos. O ção, neste caso, é caracterizada pelo valor inicial x 0 da posição.
período do pêndulo, representado geralmente pelo símbolo T, é Em decorrência dessa excitação, o carrinho oscila. Chamarem.os
T = ~·~ = 0,92s. resposta (à excitação) ao conjunto dos valores da posição x em instantes
ulteriores; a resposta será assim a "lei do movimento" x = x (t)."
Cada sistema oscilante é caracterizado também (além da ampli- Qual é essa resposta? Um registro fotográfico da experiência for-
tude) pelo seu período. O período (como a amplitude) depende geral- nece o gráfico (x,t) da fig. 5: o carrinho oscila entre as posições x 0 e -x 0 .
mente da energia contida no sistema. Vale o mesmo dizer que o período A amplitude do movimento é x 0 .
depende da amplitude de oscilação, no caso geral. Assim é que o período
do pêndulo para amplitudes grandes (próximas de 900) é significativa-
X
mente maior que o período para amplitudes pequenas (da ordem de
cinco a dez graus).
·Há no entanto certos sistemas oscilantes cujo período independe Xo
da amplitude, o que vale dizer, da energia do sistema. É o caso do
carrinho entre as duas molas do exemplo 2, como também do pêndulo de
torção do exemplo 3. Esses sistemas pertencem à classe dos osciladores o
lineares.
-Xo
10.2 OSCILADORES LINEAR.ES. PRINCl"PIO DE SUPERPOSIÇÃO.
Embora a independência do período em relação à amplitude (ou à
energia) seja uma propriedade intrínseca e extremamente importante
dos osciladores lineares, não é por essa propriedade que se costuma carac- Fig. 5 Resposta (posição em função do tempo) à excitação da fig. 4.
terizar esses sistemas, e sim pelo fato de que eles obedecem ao chamado
princípio de superposição.
Tentemos entender experimentalmente o conteúdo desse princípio PERGUNTA:
O que, no gráfico da fig. 5, mostra que o carrinho foi largado com velocidade inicial
antes de defini-lo formalmente. Para tanto voltemos ao sistema do exem- nula?
plo 2 da seção 10.1: o carrinho montado entre duas molas, sobre o trilho
~~ .
· Numa primeira experiência comunicamos energia ao sistema afas- Numa segunda experiência, comunica-se ao carrinho uma veloci-
tando-se o carrinho de x 0 , a· partir da posição de equilíbrio (fig . .i!). dade instantânea v0 , na posição de equilíbrio (fig. 6). A excitação é
largando-o a seguir com velocidade inicial nula. caracterizada, neste caso, pelo valor v0 da velocidade inicial.·
Qual é a resposta? o
registro fotográfico fornece o gráfico (x,t) da
fig. 7.

- +

- +

.. ..
Fig. 4 O carrinho é afastado de x 0 a partir da posição de equilíbrio, e largado com velocidade
inicial nula. O ponto de referência do carrinho, para marcar as posições, é a extremidade es-
querda.
Fig. 6 Comunica-se ao carrinho uma velocidade inicial v0 a partir da posição de equil fbrio.

388
389
X Observamos. que nessa última experiência a excitação pode ser
considerada como a superposição (no caso, a soma algébrica) das excita-
ções correspondentes à primeira experiência (x 0 O), e da segunda expe-
riência (O v0):
(x 0 O) t (O v0 ) - (x 0 v0 ). (1)
o t
Para melhor investigarmos as relações possíveis entre as respostas
correspondentes, reunimos numa mesma figura (fig. 10) as respostas às
três· excitações.
Observamos que a resposta à excitação (x 0 v0 ) é a superposição
Fig. 7 Resposta (posição em função do tempo) à excitação da fig. 6.
(no caso, a soma algébrica) das respostas às excitações (x 0 O) e (O v0 )
respectivamente.
X
PERGUNTA:
A fig. 6 mostra que o carrinho foi lançado no sentido negativo da trajetória. Como isso se
traduz na fig. 7?

Xo
Façamos agora uma terceira experiência: afastamos o carrinho de
x 0 e, ao largá-lo, comunicamos a velocidade inicial v0 (x 0 e v0 têm
respectivamente os mesmos valores que nas duas experiências preceden-
t
tes) (fig. 8). A excitação é agora caracterizada pelo conjunto (x 0 v0 ) das
posições iniciais.
A resposta está representada pelo gráfico (x,t) da fig. 9. -

- +
Fig. 1 O A resposta à excitàção (x 0 v0 1 (curva em traço cheio) é a superposição (a soma algébri-
ca, no caso) das respostas à excitação (x 0 v0 ) (curva em tracejado), e (Ov0 ) (curva em pontilhado).

. . . .. .. .. .
IÔÔÔdÔÔÔÔÔ'

.. Representemos por x = x(t) a resposta à excitação (x 0 v0 ), por


x 1 = x 1 (t) a resposta à excitação (x 0 O), e por x 2 = x 2 (t) a resposta à
excitação (O v0 ). A experiência mqstrou que:
Fig. 8 Desloca-se o carrinho de x 0 e, ao largá-lo comunica-se a velocidade inicial v0 •
x(t) =xi(t)+x 2 (t). (2)
X Podemos resumir o que precede da maneira seguinte:
Excitação Resposta
Xo
(x 0 O) ----+ x 1 (t)
(0 Vo) ----+ _X_.2....;.(t....;.)_ __
o Superposição -+ (x 0 v0 ) ----+ x i(t) + x 2 (t)
A propriedade de superposição não se restringe aos casos particu-
lares de excitação utilizados nas experiências descritas. Poderíamos por
exemplo excitar o sistema, na primeira experiência, pelo conjunto
(x 1 v1 ) de condições iniciais, e na segunda experiência pelo conjunto
Fig. 9 Resposta (posição em função do tempo) à excitação da fig. 8. (x 2 v2 ); a experiência mostraria ainda que a resposta à superposição

390 391
t
1

(x 1 +x 2, Vi+ v2 ) é a superposição das respostas às excitações compo-


'l'
'
uma fita de aço em forma de circunferência, como a mostrada na fig. 11 ,
e .meçamos a deformação estática da mola para vários valores da massa
nentes. De modo que, de maneira geral, temos:
suspensa m. A excitação é a força F = mg exercida sobre a mola. A
Excitação Resposta resposta é a deformação x, medida a partir da posição relaxada da mola.
E1 ---+ Xi (t) Essa deformação pode ser um~ compressão (x < 0) ou uma extensão
E2 ---+ _X_.2:....;(....;t)_ ___,.._ (x >O).
Superposição E 1 + E2 ---+ Xi (t) + x 2 (t) A curva (F x) correspondente a essa mola, curva essa também
chamada "característica excitação-resposta" está r~presentada na fig. 12.
Podemos agora enunciar o princípio de superposição, que carac- Observa-se que a força F 1 produz o alon11amento x 1 ; a força F 2 produz o
teriza os sistemas lineares: alongamentox 2 • A força F 1 + F 2 produz o alongamento x, e observamos
A resposta de um sistema linear a uma soma de excitações simul- que X não é igual a Xi + X2: a mola estudada não é uma mola Íinear. A
tâneas é a soma das r(!spostas às mesmas excitações aplicadas ao sistema não-linearidade da mola se traduz graficamente pelo fato de que a ca-
sucessivamente e independentemente uma das outras. racterística não é reta*. Pelo contrário, a car~cterística de uma mola
Observe-se que nesse enunciado, falamos em sistemas lineares: o helicoidal de boa qualidade, como as que foram utilizadas na experiência
princípio de superposição não se restringe com efeito aos osciladores do carrinho oscilante, têm características retas (fig. 13), e neste caso a
lineares. Por exemplo, uma partícula livre em um campo uniforme cons- resposta x à soma F 1 + Fa é efetivamente a soma das respostasx 1 a F 1 , e
titui um sistema linear. Se o vetor de posição da partícula, no instante t, x 2 a F 2 • A equação dessa característica, como sabemos, é da forma:
é ri no campo a1, e r2 no campo a2 , ele será r1 + r2 no mesmo instante, F = -kx,
no campo a 1 + a2 • O sistema pedra-campo é linear em relação ao con-
junto posição e velocidade iniciais, e intensidade de campo. O exemplo F
serve também para mostrar que a superposição não se traduz necessaria-
F
mente por uma soma algébrica, como nas experiências unidimensionais
com o carrinho oscilante. Na realidade a superposição se caracteriza
pela operação soma definida no conjunto dos elementos que caracte- · X1 +x2

rizam a excitação. 1
X2 X
~
l x 2 x_=x 1 +x 2
Convém agora dar um exemplo de um sistema não linear, para 1
1
1
1

1 1
entendermos melhor a diferença. Tomemos uma mola constitu ida por 1
1
1
1
F2
F1 +F2~- ""!
-- \!
------
F 1 +F 2

Fig; 12 _A curva IFxl d& mola da fig. 12. Fig. 13 Característica de uma mola linear.
A não linearidada li caracterizada pelo fato
de que. a resposta x à excitaçlo F 1 + F 2 não
tl a soma des respostes x 1 e x 2 às excitaç6es
respectivas F 1 e F2 •

em que k é o chamado coeficiente da mola**.


Veremos daqui a pouco que à linearidade de um sistema f{sico está
associada uma propriedade caracter(stica do seu modelo matemático.
• Na realidade, na característica da fig. 12, os F representam as forças exercidas pela inola sobre a
massa suspensa. M~ representam tambdm, em módulo, as forças exercidas 11abre a mola, Isto li, as
excitaç6es.
·•• ~ precisamente porque as molas da experiência do carrinho são lineares, que o sistema (Ter·
ra + mofll9-+ carrinho) é um oscilador linear.
_Fig. 11 Alongamento estático de uma mola não linear.

393
392
Antes porém convém assinalar que um sistema pode ser linear em relação Por exemplo, a queda de uma bola (desprezando-se a resistência do
a uma determinada expressão da excitação, e deixar de sê-lo quando se ar) é representada matematicamente pela equação:
caracteriza a excitação de outra forma. O exemplo da mola linear, visto
acima, mostra isto de maneira simples. mx =mg,
Suponhamos com efeito que queiramos caracterizar a excitação que traduz a 2.a lei de Newton; mas ela pode também ser representada

+
pela quantidade de energia que transmitimos à mola, e que ela armazena
sob forma de energia potencial de deformação, cuja expressão é + k x2•
pela equação:
m x2 + mg(h - x) =E (=Cte),
(Ver capítulo 8: Conservação da energia).
A energia E 1 provoca a deformação x 1 e a energia armazenada é que tradUz a conservação da energia.
+k xi (=E 1 ).
Uma equação envolvendo a função x do tempo t, assim como suas
derivadas sucessivas é, como sabemos, uma equação diferencial. Já encon-
A energia E2 provoca a deformação x 2 e a energia armazenada é tramos equações diferenciais, nos capúulos precedentes. Falaremos um
+kx; (=E 2 ).
pouço, agora, de uma classe de equações diferenciais de especial impor-
tância em Física: as equações diferenciais lineares. A importância dessas
A energia E 1 + E2 provoca a deformação x e a energia armazenada equações vem do fato de que elas representam o comportamento dos
sistemas lineares, como veremos logo mais.
é+kx 2 (=E 1 +E2 ). Escreveremos primeiro algumas equações diferenciais e indica-
remos a seguir o caráter linear ou não linear da equação.
Temos portanto:

- 1-kx 2 1 -kx 2
=- + -1-kx 22 (1) linear 2x - 3x+ 4x= o
2 2 1 2 (2) linear Jé + 4x = 3t2 + 1
e percebemos logo que x não é igual a x 1 + x 2 , já que (x 1 + x 2 )2 não é (3) não linear x-2x 2 .+x=0
•1gua 1 a x 2 + x 2 • (4) linear mx=mg
1 2
Concluímos que não há linearidade entre "excitação-energia" e (5) linear x-2x =O
"resposta-deformação". (6) n$o linear ~ mx2 - mgx = E - mgh
Parece então surgir uma complicação, que poderíamos traduzir
pela pergunta: "como escolher o par excitação-resposta para decidir da (7) linear 2.X + 4x = 3 cos 2 t
linearidade ou não de um sistema?"
A resposta a essa pergunta está felizmente contida no modelo O caráter comum a todas as equações lineares deve agora emergir:
matemático do sistema. uma equação diferencial é linear se a função x (incógnita da equação) e
suas derivadas aparecem somente no primeiro grau.
Observemàs que todas as equações acima foram escritas de ma-
neira tal que todos os termos qUe contêm a função ou suas derivadas
10.3 O MODELO MATEMÁTICO DOS SISTEMAS LINEARES.
estão contidos no primeiro membro.
Quando estudamos a evolução de um sistema no decorrer do tem- Todos os termos que não contêm a função ou suas derivadas estão
po, a posição do sistema no instante genérico t é caracterizada por uma contidos no segundo membro (inclusive as constantes). Nessas condições,
variável tal como x, ou e (ao considerarmos somente movimentos uni- as equações lineares (1) e (5), cujo segundo membro é zero, são cha-
e.
dimensionais), a velocidade por x ou é, a aceleração por x ou O mode- madas homogêneas. As equações lineares (2) (4) .e (7}, cujos segundos
lo matemático associado ao modelo físico construído para resolver o pro- membros contêm termos que dependem exclusivamente da variável inde-
blema proposto, é geralmente uma equação envolvendo x xx
(ou pendente t, ou termos constantes, são chamadas não homogêneas. ·
e (J li) e certos outros parâmetros característicos do problema. Concentremos nossa atenção sobre as equações homogêneas, as

394 395
única~ que serão utilizadas neste capítulo. Seja então a equação linear ções iniciais que são a superposição (soma) das condições iniciais satis·
homogênea de 2.a ordem*: feitas separadamente por x 1 (t) e por x 2 (t). Com efeito:
ak + bJc + ex = O (3) x(O) =x 1 (O)+ x 2 (O) =x 1o + x 20 (Condições C2 e C4 )
Suponhamos que a função x 1 (t) seja solução, sujeita às condições x(O) = x (O)+ x
1 2 (O)= x 10 + x20 (Condições C2 e C4 )
iniciais Em resumo:
X= X Condições iniciais Soluções
em t ==O { _ • 10
X- X10

Isto significa que:


(X10 X1ol • X1 (t)

Condição C1 (xi{t) é solução) -. ·a~ 1 + bx 1 + cx 1 =O


(x20 x20l • X~ (t)

soma: (x10 + X20 X10 + .fc20) ~ X1 (t) + X2 (t)


Condição C2 (condições iniciais) { ~: ~g~: z:~ A equação linear (3) satisfaz assim ao princípio de superposição
Suponhamos por outro lado que a funçãox 2 (t) seja também solu- esquematizado no quadro acima: a soma de duas soluções particulares*
ção da equação (3), sujeita às condições iniciais: (i.e., soluções que satisfazem a conjuntos particúlares de condições ini-
ciais) é uma solução que satisfaz a superposição (soma) dos conjuntos de
em t =O {
X= X
20 condições iniciais satisfeitas por aquelas duas soluções.
k = k20 Já que a propriedade enunciada depende exclusivamente da linea-
Isto significa que: ridade da derivação, está claro que qualquer equação linear (de qualquer
ordem) satisfaz ao princípio de superposição. (Tomamos o exemplo da
Condição C3 (x 2 (t) é solução).,. a~ 2 + bx 2 + cx 2 = O equação (3) por se tratar da equação geral do movimento de um osci-
lador linear*~)
Condição C4 (condições iniciais) { ~: ~g~ : ~= ·Deve agora ficar clara a relação el")tre o que foi exposto agora, e a
discussão física dos sistemas lineares da seção 10.2. Com efeito, basta
Mostremos agora a propriedade fundamental desta classe de equa- voltar ao quadro-resumo precedente, e substituir:
ções:
a. em primeiro lugar, a soma x 1 ( t) + x 2 (t) é solução da equação (3). Condições iniciais por excitação
. Com efeito, substituindo-se: Soluções por respostas.
•• • Reconheceremos imediatamente os quadros análogos da se-
a(x1 +x2) +b(x1 +x2) +c(x 1 +x 2 ) = (a~ 1 +bi<1 +cxd+
ção 10.2.
+ (ak2 + bk2 + CX2 ), (4) Concluímos assim que as equações diferenciais J;neares são os
modelos matemáticos que descrevem os sistemas lineares.
pelo caráter linear da derivação (a derivada de uma soma é igual a soma Pela mesma oportunidade, saberemos reconhecer os pares lineares
das derivadas). Ora, sendo x 1 (t) e x 2 (t), separadamente, soluções de (3), excitação-resposta: são os pares que são relacionados por uma equação
cada um dos parênteses do segundo membro de (4) é nulo. Segue-se que linear. Assim é que o sistema carrinho-mola do exemplo 2 é linear para a
a funçãox 1 (t) + x 2 (t) é efetivamepte sol!-Jção da equação (3). resposta "posição em função do tempo" que corresponde a uma exci-
b. em segundo lugar, a função x(t) = x 1 (t) + x 2 (t) satisfaz as condi· tação ·"posição inicial + velocidade inicial" porque posição e velacidade

• Ou de um número qualquer de :sOluções particulares, como se verifica imediatamente.


• As equações de ordem superior não aparecem n.a mecinlca: recordemos que é pela sua acele-
ração que urna partlcula caracteriza as suas interações, Em conseqüência é a derivada ngunda de ** Não esquecer que a discussão se restringe às equações lineares homogênaes. Para as não
x (ou 8 .. ) que é a derivada de maior ordem. homogêneas o princípio de superposição assume uma forma menos simples~

396 397
?
são relacionadas por uma equação do tipo da equação (3) que acabamos Sendo então k o coeficiente da mola equivalente, a força total
de estudar. Em contrapartida o mesmo sistema não seria linear para a exercida sobre a partícula (carrinho) é -kx, em que x representa a posi-
resposta "posição em função do tempo" que corresponderia à excitação ção da partícula em relação à sua posição de equilíbrio.
"energia inicial E" porque posição e energia são relacionadas pela equa- As leis impostas ao modelo são por um lado a 2.a lei de Newton,
ção: por outro lado a conservação da energia.
Resumamos o que precede:
21 .
m x2 + 1
2
k x2 E (constante), MODELO FISICO MODELO MATEMATICO:
Partícula de massa m sobre um plano ho-

b~,
energia energia rizontal, interagindo· com a Terra por
cinética potencial meio de uma mola linear de coeficiente k.
HIPÓTESES:
que não é linear. Atritos desprezíveis; massa da mola des-
pres ível. F • @m
PARÂMETROS RELEVANTES:
EXERClCIO: m, k. condiçõ.es iniciais (:.- 0 , tÍ 0 ), ou ener- F=-kx
Mostre que se x 1 (t) for uma solução da equação precedente, que corresponde à energia gia inicial E.
E 1 , e x 1 (t) uma solução que corresponde à energia E,, a soma x, (t) + x 2 (t) não é solução para a LEIS IMPOSTAS AO MODELO.
energia E, +E,.
2.ª lei de Newton mx=.-kx-c> [ ~x + k.x =Ó 1 (5)

10.4 O OSCILADOR HARMÔNICO


10.4.1 O MODELO .
Conservação da energia• 1 +mx' + fkx' = E.(=Cte) 1 (6)

Voltemos mais uma vez ao exemplo do carrinho que oscila entre Qualquer sistema físico cujo modelo matemático for representado
duas molas sobre o trilho de ar. A experiência mostra que o sistema por equações análogas às equações (5) .ou (6) acima é chamado oscilador
obedece ao princípio de superposição. Trata-se portanto de um oscilador harmônico. Nenhum oscilador é rigorosamente harmônico; no entanto
linear dentro da faixa de incerteza das medidas experimentais. veremos, no final do capítulo, que geralmen~e qualquer oscilador, desde
Construamos então um modelo físico em que o carrinho é subs- que sua amplitude seja suficientemente pequeria, ·aproxima-se de um osci-
tituído por uma partícula e em que todos os atritos são considerados lador harmônico com razoável .precisão. O exemplo mais trivial é o do
como desprezíveis. Suponhamos também que a massa das molas é muito pêndulo simples. · ·
menor que a massa da partícula (carrinho), e decidamos de ignorar O que desejamos conhecer do oscilador harmônico? A lei do mo-
aquela massa no modelo. Isto equivale a dizer que toda a inércia do vimento: x =x(t). Conhecendo-se como varia a posição em função do
sistema está concentrada na partícula, reduzindo-se assim as molas a tempo, conheceremos a amplitude e o período.
serem somente reservatórios de energia potencial. o próximo passo será portanto a resolução das equações (5) e (6).
Quais são as forças exercidas sobre a partícula? O peso está equi-
librado pela reação de vínculo do trilho. A força total é portanto a 10.4.2 AS PREVISOESDO MOO.ELO
resultante (horizontal) das forças exercidas pelas molas. Mostra-se facil- Mostremos primeiro que as equações (5) e (6} do modelo ma-
mente que o sistema das duas molas ligadas como na fig. 2 equivale a temático não são independentes: derivando-se (6) em relação ao tempo
uma mola única cujo coeficiente seria igual à soma dos coeficientes das '! (por exemplo) óbtém,se: ·
molas•.
mxxtkxx'"Ü
. - :.+ mx+kx'-'0 .
EXERCÍCIO: ou sejà, a equação (5) ..
Demonstre a propriedade enunciada acima.
EXERCICIO:
i
Mostre qu.e se chega ao mesmo resultado derivando-se (6) em relação·a x.
* Pode se perguntar então por que a montagem experimental foi feita com duas molas, já que Resolvamos agora, paralelamente, as equações (5) e (6).
uma s/J -ia, aparentemente, suficiente. A razão é que molas helicoidais compridas não trabalham 1.
em compressão; em vez de se comprimir, elas se dobram. Com duas molas inicialmente esticadas,
e limitando-se a amplitude das oscilações, ambas trabalham em tensão. Veremos adiante que as equações (5) e (6) não- são independentes.

398 399
A equação: A equação: vem portanto satisfazer as rela- Em cada instante t podemos
mx+kx=O (5) ções: associar ao oscilador um vetor OP.
- 1 mf< 2 + - 1- kx 2 = E (=Cte) (6) Suas componentes serão respecti-
2 2
vamente o valor de x e o valor de
é uma equação diferencial linear é uma equação diferencial de 1.a { xo=~1+C2. (1 1)
homogênea de 2.a ordem. Ela tra- ordem não linear e não homog& v0 =1wC 1 -1wC2 , - -X- naque 1e •instante.
duz a linearidade do oscilador para nea. Ela mostra a não linearidade w
a resposta x(t) correspondente à do oscilador para a resposta x(t) Qual é o movimento da ex-
excitação (x 0 Vo) correspondente à excitação E. obtidas fazendo-se t= O nas equa- tremidade P do vetor OP?
Pondo-se: Pondo-se: ções (9) e (10) respectivamente. É primeiro um movimento
circular de raio A. Mostremos que
)S_ =w2, .Ji_
m
=w2, t
O sistema (11 ) fornece: esse movimento circ1,1lar é também
uniforme, e para tanto, determi-
m
a equação (6) escreve-se:
~
1 e 1 -_ ix 0 +2iv0 /w nemos a velocidade vp do ponto P.
a equação (5) escreve-se:
x+ w 2x =O (7) x2 + (-~--/ = 2E (8 ) 1 .C = ÍX o - Vo f W
As componentes de Vp são:

i1
w k 2 2i -comp. x: ~: x=i<x
PERGUNTA: PERGUNTA:
Dimensionalmente, o que é w? Dimensional mente, o que é w?
de modo que a solução da equação ou seja, a velocidade do oscilador
Vp (6), que satisfaz. as condições ini- no iostante t. Na fig. 14, es5à com-
Referifldo-se ao Comple- ciais dadas é; (depois de re-arran- ponente é a velocidade v do ponto
mento 1 a este capítulo, a equação ·~ jar): M, projeção de P sobre Ox.
característica associada a (7) é: ,!
1
,2 + w2 =O y ~ x =xo
exp(iwt) + exp(-iwt) .
2 +
-comp. y: dt . .
d (
wX A)
y =- X A
w y.
cujas raízes são: o Mas, derivando-se a eq. (8)
v0 exp(ic:Alt) - exp(-iwt)
r = ± iw 1 +w- - - - -
2; - - - -
em relação ao tempo, obtém-se:
Em conseqüência a solução
geral da equação (7) é:
1
~
..
X=--· X
k
m
= -
..
. .2
w- X.
Os coeficientes de x 0 e~
x=C 1 exp(iwt)+C 2 exp(-iwt) (9)
Fig. 14

No plano cartesiano orto-


'i são respectivamente coswt e
5enwt* e conseqüentemente:
w de modo que: - .....JL V = wxy.
w .
A velocidade vp é portanto:
normado pela base (x y) (fig. 14)
em que as constantes (complexas) construamos o vetor OP · cujas Vp =XX+ wx V
x=x 0 coswt+~ senwt
C 1 e C2 devem ser determinadas
pelas condições iniciais (x 0 v0 ).
componentes são respectivamente
1 w
(12) O módulo de vp é tal que:
Derivando-se (9) em relação XX
A

e - -
X A

y v'/s= x2 + w2 X 2 ,

'
ao tempo obtém-se: w
expressão que se transforma (le-
x = iwC 1 exp(iwt) - Pela equação da energia (8), • Pelas relações ele Euler:
vando-se em conta a equação (8)
o módulo desse vetor é c:os a = exp (ia) ,. exp (-íal
da energia) em:
-iwC 2 exp(-iwt) (1 O) 2
2E Y: v 2 Xi . .
( - · - ) 2 =[x 2 +(-º-)) =A(=Cte) • sena= exp (ia) -- exp (--íal V2 _2E _ w2A2
As constantes C 1 e C2 de- k o w p- m - .
2i

400
401
Podemos transformar essa Concluímos assim que, efe A equação do movimento e conseqüentemente:
expressão· para poder interpretá-la tivamente, a velocidade: do_ oscilador pode assim, expres-
Vo
mais ~~u;:ilm~n~e~ Pon~o-se: sar-se · na forma (12) ou na forma tgef>=---·
vp=wA equivalente (18). WXo

do ponto P é constante. O movi- A fig. 15-b mostra a situa-


Y:z
[
xã + ( ~ )2] =A, (13)
mento do ponto P é circular uni-
forme, e a velocidade angular do
ção no instante t: o vetor OP girou
de wt. A posição x do p~nt9 M é
movimento é w.
A solução da -equação (6), • 1
x =A cos(wt + ef>). (19)
a equação ( 12) se escreve: ou (8), é agora imediata·. Basta
observar que a lei do movimento
Essa relação traduz a .lei do
.do oscilador ·é idêntica à lei do
movimento do oseilador.
x.=A [Áº coswt+ ~~ sen~~: (14) movimento do ponto M da fig. 14,
projeção de P sobre Ox.

De.finamos um ângulo q, pelas re-


. laÇões: 10.4.3 INTERPRETAÇÃO DAS SOLUÇÕES. AMPLITUDE, FASE, PE-
RrODO~ FREQÜ~NCIA.
Xo Vimos que o modelo matemático prevê para o oscilador harmô-
A= cosq, (15)
nico uma lei do movimento que pode expressar-se nas duas fÓrmas equi-
(a)
valentes: ·
Vo
~A = -semp. (16-)

x = x0 cos wt + ~ sen wt (12)


{
e conseqüentemente:
x = A cos (w t + tf>) (19)

Vo onde:
tg<J> =- WXo
(17)

Fig. 15 (b)

A fig. 15-a mostra a posiçãQ


w= Jf. (20)
PERGUNTA:
de OP, e de M, no instante inicial:
ij
O que nos permite afirmar que existe
realmente um ângulo ti> definido pelas relações
(15) e (1617
OP faz com Ox o ângulo q, defi-
nido por:
A= G~ + ( ~ %
= ( 2E
k
)Y:z . (21)

costf> = -AXo- . costfi=A


Xo
(22)
A equação (14) passa a es-
crever-se: Vo Vo
senq, =- wA ' sentfi =- wA (23)
x = A cos(wt + q,) (18)

402 403
Observamos que a forma (12) evidencia o princípio de super~ Essa propriedade é conseqüência do fato de que o poço de poten-
posição. De fato: cial do oscilador harmônico é idêntico ao poço de potencial de uma mola
linear de coeficiente k, ou de modo mais geral de um campo cuja lei de
Excitação Resposta força é F= - kx. Vimos no capítulo 8 que a energia potencial corres-
(x 0 O) x~x 0 coswt pondente é da forma ·E =~kx 2 , e que o poço de potencial é parabólico
(fig. 16).
(O v0 ) x '-= ~ sen wt
w
Vo
Na expressão ·( 19):
Superposição~ (x 0 v0 ) x = x 0 cos w t + - - sen w t.
w x =A cos(wt + !/>),
EXERCÍCIO: V o argumento do co-seno é a fase do oscilador no instante t.
Verifique que as respostas x 0 cos wt, e....! sen wt correspondem efetivamente às condi· A fase no instante zero é </>. Por essa razão, </> é chamado fase inicial
ções iniciais (x 0 0) e (O v 0) respectivamente. w do oscilador.

A forma (19) mostra que a partícula oscila simetricamente de um PERGUNTA:


O conjunto (amplitude, fase) é suficiente para determinar o estado de um oscilador (ou
lado e do outro da origem, com amplitude A. A fig. 14, onde A é precisa- seja, para determinar posição, velocidade e aceléração)? ·· ·
mente o módulo do vetor OP, traduz a mesma propriedade.
A amplitude do oscilador é constante. A constância da amplitude
traduz a conservação da energia ·do oscilador. Pela relação (21) temos: A fig. 15.b mostra que a fase no instante t é o ângulo que o vetor
OP associado ao oscilador, faz com o eixo Ox. A fase inicial é o valor
E=+kA 2 , (24) desse ângulo no instante zero, como mostra a fig. 15-a.
Para a fase aumentar de 271" (ou o vetor OP dar uma volta), a partir
o que mostra que a energia total de determinado oscilador harmônico é de determinado instante t, será necessário um intervalo de tempo T tal
proporcional ao quadrado da amplitude. que:
w (t + n + 4> = (wt + 4>) + 271" .
Energia
Isso mostra que:

T 2 =.21T
= __!.._
w
Jit-km · (25)

Ora, se a fase aumenta de 271", tanto a posição do oscilador:


x = A cos(wt + q,),
como a velocidade:
f< = - wA sen(wt + </>),
e a aceleração:
x= -w 2 A cos(wt + <f>) = -w 2 x,
voltam a ter os mesmos valores. Em outros termos, em instantes sucessi-
1 1 posição
14--- A --- --- A ----t vos separados por intervalos iguais a T, o oscilador volta a ter o mesmo
estado: mesma posição, mesma velocidade, mesma áceleração.
Fig. 16 O poço de potencial parabólico do oscilador harmônico. O intervalo T é o período do oscilador. ·

404 405
4 3
A relação (25) mostra que o período de um oscilador harmônico A fase inicialé tal que cosq, = - e sen<f> = - - ; o ângulo
<f> <f> é pois um ângulo do 4 o
5 5
independente da amplitude. Essa propriedade é ca·racterística dos osci- quadrante:</>= - 0,644 rad. (módulo 271'), ou seja, - 37°.
ladores lineares. O período de um pêndulo simples, por exemplo, au- 271'
menta de 10% quando a amplitude (angular) aumenta de alguns graus até O período é T = - - = 0,63s.
w
valores vizinhos de 900: o pêndulo simples não é um oscilador linear.
1
O conjunto das propriedades "amplitude constante e período inde- A freqüência é v = T = 1,6 Hz.
pendente da amplitude" caracteriza os osciladores harmônicos. Certos
A expressão da posição x em função do tempo pode representar-se indiferentemente por:
osciladores amortecidos (cuja amplitude vai decrescendo) têm no entanto
um per(odo constante: esses osciladores são lineares, mas não harmô- x = 4.0 • 10-2 cos(lOt - 0,644) (m,s),
nicos.
ou por:

O inverso do período é a freqüência v: x =4,0·10-2 cos10t+3,0 • 10-2 sen 10t (m,s).

A velocidade pode ser representada por:


v=-1-=~=-1-J-{;. (26)
T 211' m 271' x.= - 0,50 sen(10t - 0,644) (m/s, s),

A freqüência se mede em Hertz (Hz). ou por:


Observa-se que a freqüência, sendo igual à expressão 2~ se mede x = - 0.40 sen 10t + 0,30cos 10t (m/s, s).
pelo· número de vezes que o ângulo 271' está contido em w. Por essa A primeira das formas acima mostra que a velocidade máxima do oscilador (no instante
razão,
. w(= }f
m l é chamado freqüência angular do oscilador, medindo-se
da passagem pela posição de equillbrio) é 0,50 m/s.
A aceleração pode expressar·se por:

em ràdiano por segundo (rad/s). w é também a velocidade angular com x= - 5,0 cos(10t - 0,644) (m/s 2 , s),
que gira o vetor OP das figs. 14 ou 15, associado ao oscilador.
ou por:

X= -4,0cos 10r-3,0sen 10t (m/s 2 , s).


EXEMPL04
O valor máximo da aceleração, em valor absoluto, é assim igual a 5,0 m/s 2 • Observa-se
Os parâmetros de um oscilador harmôn.ico são m = 0,40 kg e que a expressão da aceleração obtém·se a partir da expressA'o da posição multiplicando-se esta por
k = 40 N/m. As condições iniciais são x 0 = 4,0 · 10,--2 m e - w•. E: exatamente o que diz a equação fundamental (5) do modelo matémático:
v0 = ·+ 0,30 m/s. Pede-se:
mx+kx=O->ié=-..!:... x.
a. determinar a amplitude, a fase inicial, o período, a freqüência, a m
freqüência angular, os valores máximos (módulos) da velocidade e da b. c. Constrói-se facilmente a seguinte tabela:
aceleração;
b. determinar o valor da fase em t = O, 10 s, 0,30 s, 0,60 s; fase: wt + </> posição: x ·velocidade: x aceleração: x
c. determinar os valores da posição, da velocidade e da aceleração (s) (rad) (m) (m/sl (m/s2 l
naqueles mesmos instantes.
d. construir os gráficos (x, t), (x, t), (x, t) para um período. 0,10 0,356 4,7 • 10- 2 - 0,17. - 4,7
e. fazer uma representação análoga à das figs. 14 ou 15. 0,30 2,356 - 3,5. 10- 2 -0,35 3,5
SOLUÇÃO 0,60 5,356 3,0 • 10- 2 0.40 - 3,0
a. A freqüência a_ngular é w = 10 rad/s.
d. Os gráficos posição-tempo, velocidade-tempo, aceleração-tempo •. estão representados na·
A amplitude é
T
A= [<4,0 • 10->12 + 1?1~ 12] ~. = 5,0 · 1o·•m. fig. 17. Observa-se que a velocidade "adianta" de um quarto de período (-) em relação à posição
4

406
407
.. ~ '" iJi.:·· 'L.
.,.. -
~.
6ibllotec1 Central
T
e, de modo análogo, a aceleração "adianta" de 4 também em relação à velocidade ou ainda, de •
O adiantamento de um quarto de período corresponde a um aument() de fase c1e 2 : em
1f

.!_em relação ã posição. Basta verificar que a velocidade por exemplo "faz tudo o que faz a posi- cada iAstante, a fase da velocidade (expressa por um co-seno) ultrapassa de~ a da posição; é fácil
2 . 2 .
ção" (passar por um máximo ou um mínimo, anular-se .. .) um quarto de período antes desta; e reconhecer que esse adiantamento de fase é produzido pela operação "derivaçâo em relação ao
de modo análogo para a aceleração em relação à velocidade. tempo". Com efeito, de:
1o·•m
x = 5,0 • 10-2 cos(10r - 0,644)
5
4 obtém-se por derivação:
3
ic = - 0,50 sen(10r - 0,644),
2
1 o que pode.ainda escrever-se:
o s
-1 k = 0,50 cos(10r - 0,644 + ; ),
-2
tornando-se evidente, dessa maneira, o adiantamento da fase.
-3 De modo análogo, a aceleraçã'o se escreve:
-4
-5 ié = - 5,0 cos( 1Ot - 0,644)

ou ainda:
m/s
0,5 ii = - 5,0 sen(10r - 0,644 + ~).
0,4 velocidade x 2

0,3 1f
o que evidencia o adiantamento de "2 em relação à velocidade. Mas a aceleração pode também ex-
0,2
0,63
0,1 pressar-se como:
o 0,6 s ié = 5,0cos(10r - 0,644 + n),
-0,1
-0,2 mostrando uni adiantamento de n em relação à posição: essa "defasagem" de n explica evidente-
-0,3 mente o fato de que a aceleraçã'o é proporcional à pôsiçã'o e de sinal contrário (conseqüência de
-0,4 duas derivações sucessivas).
-0,5 A representação vetorial, que faremos a seguir, mostrará de novo, graficamente. desta vez,
as relações de fase entre posição, velocidade e aceleração.
e. O vetor OP associado ao oscilador está r!IPresentado na fig. 18.
m/s 2
5 x
4 aceleração x w
3.
2 0,63 .x0 =4,0 • 10·2 m
1 ·--- - -- - - ---~
-1o 1 ~·rI · • - ,~' 1

- '- - -- \ 1 t OI :M Yo
-2 - . ""' s X

-3
(vplo
-4
-5
P /w= 10 rad/s
Fig. 17 Gráficos (x,t), (v,t) e (a,r) para o oscilador do exemplo 4.
Fig. 18 Reprt!$entaçâ'o vetorial associada ao oscilador do exemplo 4.

408 409
O módulo de OP é 5,0 • 1o-• m. O vetor está representado, convencionalmente, no instan- Deve ficar bem claro que os valores instantâneos _da posição, da velocidade e da aceleraçfo
1
te zero. A fase inicial rf! = - 0,664 rad. (= - 37°) é o ângulo do vetor representado com o eixo Ox. Sã'o obtidos por projeção dos pontos, P, O e R respectivamente, sobre o eixo de referência.
O vetor está girando no sentido direto com velocidade angular w = 1() rad/s. A projeçã'o M de P so- ·!
bre o eixo Ox representa a posiçã'o inicial do oscilador, com OM =x 0 =4,0 • 10-2 m. A velocidade 10.4.4 ENERGIA E POTÊNCIA NO OSCILADOR HARMÔNICO.
de P é (vplo. A projeção desse vetor sobre Ox é o vetor v0 , representando a velocidade inicial do A energia total é constante, como vimos. Estudemos como se
oscilador, com v0 = + 0,30 m/s.
repa~e essa energia entre forma potencial e forma cinética, em função do
tempo.
A representaçã'o vetorial ajuda a visualizar as relações de fase entre posição, velocidade e
aceleração.
A construção do vetor associado à velocidade do oscilador já foi feita na fig. 18: é o vetor
(vpl 0 cujo módulo é wA = 0,50 m/s. O vetor associado à aceleraçã'o oferece tampouco dificuldade:
é o vetor aceleraçã'o do ponto P, centrípeto, e.de módulo w'A ª 5,0m/s 2 • A fig. 19 representa os
três vetores com a origem em O, na posiçã'o por eles ocupada no instante inicial. Devemos imaginar
esses vetores girando em bloco com velocidade angular w = 10 rad/s, no sentido indicado na figura
(sentido positivo).

vetor associado
R à aceleraçã'o o )(

0 vetor associado
/ / à velocidade Fig. 20 Potencial parabólico do oscilador harmônico.

~ PERGUNTA:
Eixo de referência ~ Volte ao poço de potencial do oscilador harmônico e descreva qualitativamente as trocas
o de energia entre a forma potencial e a forma cinética, no decorrer de uma oscilação (fig. 20 ).
li
3 10.4.5 VARIAÇÕES DA ENERGIA POTENCIAL E DA ENERGIA Cl-
Ni:TICA.
A posição do oscilador em função do tempo é:
x =A cos(wt + </>).
vetor associado f A velocidade é:
à posição
x = -wA sen(wt + lf>).
Fig. 19 Representações vetoriais associadas à x,ic,x, para o oscilador do exemplo 4. A energia potencial varia em função do tempo conforme a relação:

A defasagem de 2Ir entre velocidade e posição por um lado, aceleração e velocidade por
Ep = + k A 2 cos2 (wt + </>), (27)

outro lado, é agora evidente. Diz-se que: enquanto que a energia cinética varia conforme a relação:
1 a velocidade está em quadratura adiantada em relaçã'o à posição;
2 a aceleração está em quadratura adiantada em relaçã'o à velocidade;
3 a aceleração está em oposiçllo de fase em relaQã'o à posiçã'o (o que corresponde a uma de- Ec =+ m w 2 A 2 sen 2 (wt+ <J>). (28)
fasagem de 1r).
Veremos mais adiante, ao tratarmos da energia e da potência do oscilador, o sentido físi- Ora:
co da quadratura aceleração-velocidade.
EXERC(CJO
A passagem x-> X-> iê opera-se por meio de duas derivações sucessivas em relação ao
cos2 (wt+<J>)=+ [ 1-cos2(wt+</>) J
tempo.
Observe cuidadosamente a fig. 19 e enuncie a regra que é a "imagem" das duas deriva·
ções referidas acima, na passagem OP-> 00-> OR. sen 2 (wt + </>) = +[ 1+cos 2(wt+</>) J
410 411
As observações precedentes confirmam simplesmente a análise
Observa-se assim que tanto a energia potencial como a energia física qualitativa pedida na pergunta anterior.
cinética oscilam com uma freqüência igual ao dobro da freqüência do
oscilador (fig. 21). 10.4.6 VALORES MÉDIOS DA ENERGIA CINÉTICA E DA ENERGIA
EP POTENCIAL.
1
-kA 2 Os gráficos é:la fig. 21 mostra_m imediatamente que:
2
< Ep > = < Ec >. = - k A 2 = - 1-
- 1 m w 2A 2 = - 1- E.
4 4 2
As médias são avaliadas sobre um número inteiro de períodos.
EXERC(CIO:
1 Calcule diretamente:

1
<Ep >=- J T -1k A 2 cos 2 (wt+cpldt
T O 2

o 1
T T <Ec > = - J T-1m w 2 A 2 sen 2 (wr + cpl dt.
2 T O 2

Ec 2 Mostre que < Ec > e < Ep > podem ser calculados sobre um intervalo de tempo qual-
quer 6t, não necessariamente igual a um número inteiro de períodos, desde que tH >> T.
1
-mw2A2.,
10.4.7 POT~NCIA
2
A potência instantânea, isto é, a rapidez de transformação
Ep -+ Ec ou inversamente, se mede pelo produto da força que atua sobre
a partícula, pela velocidade. Temos assim:
P=Fv=kwA 2 cos(wt+cJ>)sen(wt+cp),
ou ainda:
P=+kwA 2 sen2(wt+cp). (30)

o A potência é máxima quando a fase é um múltiplo ímpar de·~. A


T r
2 representação vetorial (fig. 22) mostra os valores da posição, da veloci-
Fig._21 Variações da energia potencial e da energia cinética em função do tempo. Observe a dade, e da aceleração (valores absolutos) nos instantes em que a potência
oposição de fase entre as duas formas de energia. é máxima. Esses valores são chamados valores efetivos das corresponden-
tes grandezas*. Tem-se:
Observa-se também que:
a. Ep e Ec estão sempre em oposição de fase: a um máximo de uma, Xef = v2A ,. Vef= wA .
-v2 ·
ªef= wzA
-v2 ·
corresponde um máximo da outra.
b. Os valores máximos de Ec e Ep são iguais entre si: eles representam É interessante observar que naqueles instantes, a energia do os-
a energia total do oscilador: cilador se reparte igualmente entre a forma potencial e a forma cinética.
• A noção de valor efetivo não é utilizada em mecânica, mas tem grande importância em eletri-
- 1- kA 2 = - 1- mw 2 A 2 =E. (29) cidade; da 1a introdução do conceito nesta oportunidade.
2 2

412 413
EXERCICIO: c. o valor da potência para os mesmos valores da fase;
Demonstre a propriedade enunciada. d. os valores efetivos da posição, da velocidade, da aceleração.
p SOLÜÇÃO

a. E= j_ k A 2 -+E
2
=(..L2 1 (40) (5,0 • 1o·•1• = 5.O • 1o·• J
b
:rr . 1r
nw (2n + 112 (2n + n4
"'
EP(J) o 5.0 • 10.. 2,5 • 10"2

EP(J) 5.0. 10~· o 2,5·10..

Observa-se que é precisamente nos instantes em que a energia se reparte igualmente entre
,o
.. ___
1
1
1
.;. x,,, ---:-.,
- 1
forma cinética e forma potencial, que a potência é máxima. Nesses instàntes, posição, velocidade
e aceleração têm os seus valores efetivos.
c. Quando a f!lse é 01r, o oscilador está nos pontos de retorno: a velocidade é nula e con·
seqüentemente a potência é nula. Quando a fase é (2n + 11 ~ o oscilador pessa pela sua posição de
1
1 equilíbrio: a força é nula, e a potência também. Quando a fase é (2n + 11 !!. a potência é máxima,
1 valendo: 4
1
v,,, -.J1
p máx
1
= - k w A' = 0,50 Watt
R 2
1
1 1
1
1 5,o • 1cr• = 3 ,5 • 1cr• m
1
1 ·à. -~ef= .J2
i.---
1
'!,,, --...,.+!1
1
Fig. 22 Representação vetorial para a potência máxima. Posição, velocidade e aceleraçlo afe-
tivas. · Vrf=
0,50
J2 = 0,35 m/s

50
Observemos finalmente que, pela relação (30) a potência média ·Bef= - ' - =3,5m/s2 •

(calculada sobre um número inteiro de períodos ou sobre um intervalo ..f2


de tempo ml!ito maior que um período) é nula. Isso é conseqü,ência da
conservação da energia. A representação vetorial traduz esse fato pela
10.4.8 O TESTE EXPERIMENTAL.
ortogonalidade dos vetores associados à velocidade e à aceleração (e por~
A partir da situação do exemplo 2 (carrinho oscilando entre duas
tanto à força). Como vimos, essa ortogonalidade traduz por sua vez a
quadratura da velocidade e d.a aceleração. molas sobre um trilho de ar), construímos um modelo físico caracteri·
zado por uma partícula em movimento unidimensional, submetida à lei
EXEMPLO 5 de força F = -kx. O modelo matemático associado a esse modelo físico
Referindo-se de novo ao oscilador do exemplo 4, determinar: pode ser representado por qualquer uma das duas equações:
a. a energia total do oscilador; ·
b. o valor da energia cinética e da energia potencial quando a fase é ·
x + w2 x =O, ou
mr, (2n + 1) ; , (2n + 1) ~ . x 2 2E
x 2 + !-wl = T (= cte.)

414 415
A seguir, definimos como oscilador harmônico todo sistema físico · modo que o comprimento .Q 0 dessa mola é o seu comprimento relaxado
cujo modelo matemático for representado por uma dessas equações, em (igual ao que ela teria no caso do carrinho sobre a mesa de ar).
que x representa qualquer variável de posição (inclusive ângulos).

~
A solução das equações do oscilador, com determinadas condições
iniciais, nos levou à expressão da posição, da velocidade e da aceleração
em função do tempo. Por sua vez, a expressão da posição forneceu os
valores da amplitude, do período, da freqüência e a expressão da fase.
Esses resultados, bem como os comentários a propósito da energia,
da potência ... feitos nas seÇões anteriores, são conseqüências matema-
" ~~ . ª§
1 3
ticamente necessárias do modelo matemático que define o oscilador har-
mônico. M::-~T;t=~~------3----r k(x +Mol

Não haveria, portanto, sentido nenhum em querermos testar, expe·


f 3
~
(a) x +M 0
rimentalmente, essas consequências, ou essas previsões do modelo, da
(b) X õ! 1
mesma forma que não faria sentido testar se o produto 3 x 2 é, efetiva-
mente, igual a 6*. !____ ~____!__
O que entendemos por teste experimental é o seguinte: já tivemos
oportunidade de assinalar que não existe na natureza osciladores rigoro-
-+
(e)
samente (matematicamente) harmônicos. Ao elaborarmos o modelo
físico do carrinho oscilando entre as molas, ignoramos os atritos, a massa mg
das molas, e supomos as molas perfeitamente lineares, com uma lei de
força da forma F = -kx. O que podemos perguntar então é até que (d) (e)

ponto um oscilador real ~e aproxima do modelo harmônico. . Fig. 23 Partícula suspensa a uma mola linear.
Está claro que somente a experiência pode responder a essa per-
gunta. Na figura 23 (b) suspendeu-se à mola um corpo (partícula) de
Dentro do quadro em que iniciamos o estudo dos osciladores, massa m; a figura representa o equilíbrio estático do corpo. A mola se
investiguemos, então,. a questão de saber se o comportamento da par-
tícula (carrinho) oscilando sobre um plano horizontal sem atrito (trilho
acha alongada de b.Q 0 = ·:g (Por que?).
de ar), na extremidade de uma mola linear**, pode ser descrito pelo mo- Transferiu-se, a seguir, determinada quantidade de energia para o
delo do oscilador harmônico. sistema, que agora está oscilando; a figura 23 (c) representa o sistema
Uma dificuldade experimental se apresenta de imediato: nem numa posição genérica durante a oscilação. A posição da massa em rela-
todos os laboratórios de ensino dispõem de trilhos de ar, e o carrinho de ção à posição de equilíbrio estático é x; observa-se, no entanto, que a
rodas apresenta um atrito obviamente relevante. deformação da mola não é x, e sim x + b.Q 0 .
A situação, no entanto, pode ser facilmente contornada, graças a Quais são as forças que atuam sobre a partícula suspensa? O peso
uma analogia física simples: a da partícula suspensa a uma mola linear. mg para baixo, e a força k(x + M 0 ) para cima (figura 23 (d)). A força
A figura 23 (a) representa a mola suspensa. No modelo físico que total é, pois, kx para cima (figura 23 (c)), em que x é a posição da
estamos construindo, continuamos desprezando a massa da mola, de partícula quando se toma como origem a posição de equilíbrio estático.
Está assim justificado que a parti<;ula suspensa a uma mola linear é
uma analogia física da partícula oscilando na extremiqade da mola sobre
• ~ importante observar, para futuras referências, que, pela primeira vez, definimos um sistema um plano horizontal sem atrito; a analogia reside no fato de a lei da força
f isiêO pelo seu modelo matemático. O que é até agora exceção tornar-se-á mais tarde regra (por
exemplo, em fv1ecânica Quântica). dos dois sistemas ser a mesma.
••Quando dizemos que uma mola é linear, estamos nos referindo a uma linearidade experimental,
Deve ficar claro, no entanto, que a origem das posições, que é em
não teórica. Queremos dizer que, dentro de uma faixa de incerteza Pl!QUena, pode-se associar à ambos os casos a posição de equilíbrio.estático do sistema, corresponde,
mola uma força F =- kx, desde que não se ultrapasse o limite de elasticid.ade da mola. em um caso (partícula sobre o plano) à mola relaxada, e no outro (par·

416
417
tícula suspensa) à mola já deformada. De modo que, se é bem verdade Por substituição na expressão de T 2 :

que a energia potencial dos dois sistemas representa-se pela mesma ex-
Ti = 4 7r2 L'.:':.Qo
pressão (~kx 2 ), é conveniente lembrar que essa energia é exclusivamente g

de deformação no primeiro sistema, mas se reparte entre energia de


e, finalmente:
deformação e de posição (gravitacional) no segundo. O problema 1O
entrará no detalhe dessa repartição. t:.Q
o
= _g_ T1 • (32)
Do que precede, podemos concluir que o teste experimental pro- 47T2
posto pode ser feito com o sistema da partícula suspensa à mola: substi-
tuímos um sistema físico por outro de realização muito mais fácil*. Pode-se então construir o gráfico dos 6Q 0 correspondentes a di-
ferentes valores das massas suspensas, em função do quadrado do pe-
O que prevê, então, o modelo?
ríodo correspondente. O modelo prevê um gráfico linear, passando pela
Ent.re outras coisas:
.a. uma amplitude constante para as oscilações do sistema; de ante- origem, e cuja inclinação é 4~ 2 • Sendo g uma constante conhecida, a
mão sabemos que as oscilações vão se amortecendo, e que o sistema pára
de oscilar depois de um tempo mais ou menos longo. Essa primeira verificação das previsões do modelo torna-se fácil.
observação confirmaria, se necessário fosse, que não há oscilador rigoro- .!
No caso de discrepância significativa entre os resultados experi-
mentais e as previsões do modelo, deverão se criticar as hipóteses feitas.
samente harmônico.
Uma delas (massa da mola desprezível) é evidentemente suspeita a priori.
PERGUNTA
O que você faria para que um sistema "corpo suspenso a uma mola" oscile durante
PERGUNTA:
"muito" tempo? Se a massa da mola não puder ser desprezada, deverá somar-se à massa m suspensa uma
fração da massa da mola.
b. um pedodo, dado pela relação: a. Por que uma fração e não a massa toda?
b. Como serão modificadas, neste caso, as relações (31) e (321? (modificações qualitativas
4 7T2
(31) somente!
T2 = - k - m.

Aconselhamos testar essa previsão da seguinte maneira: quando se 10.5 OSCILADORES NÃO LINEARES: A APROXIMAÇÃO HAR-
suspende à mola um corpo de massa m, a mola se alonga estaticamente MÔNICA PARA AMPLITUDES PEQUENAS
Embora não existam na natureza osciladores que sigam rigorosa-
de
mente o modelo harmônico, quase todos eles podem ser representados
t:. Qo = __!!!1L
k . por esse modelo, desde que a energia - e, conseqüentemente, a am-
plitude - seja suficientemente pequena. Quão pequena deverá ser a am-
Essa deformação estática é fácil de medir. Ela fornece: plitude depende, obviamente, do grau de precisão que se deseja na coin-
cidência entre o real e o modelo.
k = _!!!!!__
Mo.
EXEMPLO 6:
Tomemos o exemplo do pêndulo simples. Seja m a massa do pên-
• Recordemos que essa substituição é de mesma ordem que a que Galileu fez quando investigava dulo, Q o comprimento do fio (figura 24).
a queda dos corpos. Na impossibilidade operacional de medir tempos de queda livre, ele substi-
tuiu o sistema "pari ícula em queda livre" pelo sistema "partícula descendo ao longo de um plano Tomemos, como nível de referência para a energia potencial gravi-
inclinado". Os dois sistemas são, fisicamente, análogos, sendo que as medidas são muito mais
fáceis no segundo. tacional, a posição de equilíbrio da bola.

419
418
No entanto, expandamos cos (J em série:
(J2 (J4
cos (J = 1 - - - + - - - ...
2! 4!

Para valores pequenos de 8, podemos substituir cos ()por (1 - 8 2 /2),


e o potencial real pelo potencial aproximado:
-·EP -=T
1 mgQ e.2 (34)

'~:--------11-11(1
............. 1
- cos 0)
. Graficamente, isto equivale a substituir a senóide da figura 25 pela
~------.J..1
1
-- Ep =O parábola em tracejado. Observa-se que, na vizinhança de () = O, as duas
1 curvas são indistingüíveis.
1
1 Concluímos que, desde que a energia total do pêndulo simples seja
pequena, ou ainda, desde que a amplitude de oscilação seja pequena, o
Fig. 24 Pêndulo simples. Na posição de elongação 8, a energia potencial gravitacional é mg~
(1 - cos 6).
pêndulo simples é, aproximadamente, um oscilador harmônico.
Procuremos o período desse osciladôr.
Na posição de elongação (),.a energia potencial do sistema Terra- Na elongação (J, a ·veloéidade angular do pêndulo é Õ, a velocidade
pêndulo é: escalar da bola é Q{J, e a energia cinética é:
Ep = mgQ(1 - cos 8). (33) Ec =-+ m (Q0)2 = T m\12 {J2,
O poço de potencial correspondente é a curva em traço cheio da
figura 25. Não é um poço parabólico e, conseqüentemente, o pêndulo
simples não é um oscilador harmônico.

E
A energia total é:
E= Ec + Ep = + mQ 2 02 + + mgQ8 2 • (35)

Essa equação é formalmente idêntica à equação (6) da energia do


oscilador harmônico, que voltamos a escrever:

E= +mx + 2 + kx 2 •

A solução é, pois, formalmente idêntica, com a correspondência:


m-+ mQ 2
k -+ mgQ
O período do oscilador harmônico é T= 2rrJ;
O período do pêndulo simples é, portanto:
- 71' o + 11 (}
~ IQ
Fig. 25 Poço de potencial do pêndulo simples (senóide em traço cheio) e a aproximação para- T == 21í v-::::::0-- -+ T == 2rr y~-- ·
bólica (tracejado).
mgQ g

420 421
EXERCÍCIO cientemente pequenas, poderemos desprezar as potências superiores de
Derivando-se a equação (35) em relação ao tempo, obtém-se uma equação corresponden- (x - x 0 ) , tendo-se então:
te à equação (5) do oscilador harmônico. ·

Ep(x)~~
Estabeleça a nova correspondência e determine de novo o valor do período do pêndulo.
[E'p(x 0 )](x-x 0 ) 2 (36)
Depois do exemplo do pêndulo, passemos ao problema geral da
linearização. O perlodo das pequenas oscilações do sistema obter-se-á obser-
A partícula poderá estar oscilando em um poço de potencial de vando-se que a expressão E'J,(x 0 ) faz o papel do coeficiente k. da mola
forma qualquer (figura 26). Se tomarmos como zero da energia potencial no modelo harmônico. Teremos, assim:
do sistema a energia de interação que corresponde à posição de equilíbrio
da partícula, isto é, ao valor Xo da variável de posição, então para valores T= 2rr) c"m * (37)
pequenos da energia total E, o poço de potencial poderá ser substituído p
por um poço parabólico; em outros termos, o comportamento do osci- EXEMPLO 7
lador poderá ser descrito pelo modelo harmônico. Uma partícula de massa m = 0,20 kg oscila em um campo unidi-
mensional; a energia potencial de interação é: ·
Ep
Ep (x) = 3,0x2 - 1,0x 3 (J, m).
a. Construa o gráfico de potencial.
b. Qual é a posição de equilíbrio da partícula?
c. Qual é o período das pequenas oscilações?

E 1----.l\.------------~-- SOLUÇÃO

a. O gráfico de potencial está representado na figura 27.

o Xo X

Fig. 26 Partícula osciiando em um poça de potencial de forma qualquer. Se a energia E for


suficientemente pequena, poderemos substituir o poça real por um poço parabólico.

Bast_ará, para tanto, exp~ndir a função Ep (x) em série de Taylor


na vizinhança de x = x o:
Ep(xl =Ep!xo) + [Ep(Xo)] (x - Xo l + ~! [E'J,!xo )] !x_- x 0 ) 2 1 1 ,..... 1 1 \ 1 . x(ml 1
-2 4
1
+-
3! [E 11p' !xoll {x- x~) 3 + ....
Observemos que, sendo x 0 a posição do "fundo" do poço:
EJ,(xo)=O. Fig. 27 Pptenci!ll Eplxl = 3,0.ic: 2 -'1,0x' (J,m).

Por outro lado, Ep (x 0 ) =O por convenção, de modo que

Ep(x)=+ [E'p(xo)] !x- Xo) 2 +Cf(x- x 0 ) 3 • *O que precede supõe queE'k <x.~ não é nulo. ~ geralmente o caso. No entanto existll!"
sistemas em que E'~(x 0 ) =O. Esses sistemas não podem ser descritos pelo modelo harmõnico,
Desde que a energia e, conseqüentemente, a amplitude, sejam sufi- mesmo para pequenas oscilações. (Ver por exemplo o problema 20.I

422 423
Para energias totais pequenas, tais que E 1 na figura 28, isto é, a
b. A posição de equilíbrio é x =O
e. Calcula-se facilmente: temperaturas muito baixas, as oscilações são praticamente harmônicas
E"p(x) =- 6,0(1,0 - x) J/m 2 ; E'P(o) =6,0 J/m 2 • (aproximação linear; o fundo do poço de potencial é substitu ido por um
O período das pequem•s oscilações em torno da posição x =O 6: poço parabólico). Suponhamos, porém, que a energia total aumente até
E 2 , por aquecimento do cristal, por exemplo. A aproximação linear é,
1 0,20
T= 211..j 6,0
= 1, 1s• obviamente, impossível. O oscilador é anarmónico. A anarmonicidade
tem conseqüências importantes para as propriedades físicas do sólido.
Com efeito, enquanto as oscilações dos íons do cristal podem ser con·
10.6 OSCILADORES ANARMÔNICOS
Consideremos um cristal de NaCI. É um dos mais simples. A estru- sideradas como harmônicas, a distância média entre dois íons vizinhos
tura cristalina é um conjunto repetitivo de células cúbicas, cujos vértices permanece igual à distância de equilíbrio estático r 0 • Mas, aumentando-se
são ocupados por íons Na+ e CI~ alternativamente. Cada um desses lons a temperatura, a anarmonicidade manifesta-se por um aumento dessa
interage com os seus vizinhos.
distância média, como é evidente na figura 28, em que a distância média
Desde que, experimentalmente, observamos que o cristal man- para a energia E 2 é r 2 • Esse aumento da distância média manifesta-se
tém-se coeso em condições não demasiadamente drás:ticas de temperatura macroscopicamente pela dilatação térmica do cristal. É bem evidente que
e de pressão, concluímos que cada íon está ligado no poço de potencial se o poço de potencial fosse parabólico, não haveria dilatação, qualquer
que seja a temperatura.
produzido pelas interações com os outros íons do cristal.
O poço de potencial tem a forma indicada na fig. 28. Nessa figura,
r 0 representa a distância de equil_íbrio entre dois íons vizinhos, ou me-
lhor, a distância para a qual a força total sobre cada íon (no sentido • CONCLUSÃO
clássico) é nula. O estudo do oscilador harmônico propiciou uma introdução ao
estudo dos sistemas lineares, cuja importância não pode ser subestimada.
E Inúmeros fenômenos naturais são lineares em primeira apro·
xi mação.

r Esse estudo mostrou também que modelos simples permitem es-


tudar, pelo menos semiquantitativamente, fenômenos aparentemente
muito complexos.

Julgamos que, num primeiro curso de Física, um conhecimento


sólido do oscilador harmônico, tanto conceituai como operacional, é
E2 1 L--\--;1
\ ''---7• ~

indispensável. No entanto realçamos em várias oportunidades o fato de


que os osciladores naturais não são harmônicos por um lado, e que
E1 1 . ..' 1 / mesmo Qa aproximação harmônica (pequenas oscilações) eles são amor-
tecidos. O Complemento 2, no final do capítulo, oferece um estudo
sucinto do oscilador amortecido, para o leitor interessado.
Fig. 28 Para energias maiores que ·E,, o fon não é mais um oscilador harmónico: a distância Quando se quer manter a amplitude das oscilações de um sistema,
=
média entre rons (r 2 ) é maior que a distância média de equilíbrio (r 1 r0 ). Isso explica, quali·
é necessário que uma fonte externa reponha em cada ciclo a energia
tativamente, a expansão térmica dos sólidos.
mecânica dissipada pelo amortecimento.
• Neste exemplo, aplicou-se a "regra do jogo" (eq. 37). No entanto, o potencial proposto já se O oscilador é, então, "forçado". O Complemento 3 trata do as-
encontra expandido em série de potências; Para pequenas oscilações, o potencial aproximado
·(parabólico) é obviamente Eplxl = 3,0 x 2 , com um k equivalente igual a 6,0 N/m. sunto, também de forma resumida.

425
424
Le- Lo
110·• mi
PROBLEMA RESOLVIDO:
1.;1
9

1.R
PROBLEMA EXPERIMENTAL
Suspendendo-se um corpo de massa ma um elástico (tubo de látex por exemplo) sus- 8
tubo de látex /
/
penso a um suporte fixo no laboratório, o sistema pode oscilar vertical mente. L 0 -0,60 m
a. Testar experimentalmente a possível linearidade do sistema.
b. Foi proposto• o seguinte modelo para a lei de força de um elástico:
7

~V
F ~ K (a - a·• 1,
L
em que a constante K é característica do material utilizado e da temperatura, e°'=-. onde L 0
Lo 6
representa o comprimento normal do elástico, e L o comprimento genérico (elástico deformado).
A constante K pode ser determinada experimentalmente; de que maneira? Determine
essa constante para o elástico, ou tubo de látex, escolhido para o presente estudo.
c. Qual é o ·período das pequenas oscilações previsto pelo modelo? Teste experimental- 5
/
mente essa.previsãó.

SOLUÇÃO: /
a. O tubo de látex escolhido para estudo tinha L 0 = 0,600 m; diâmetro externo: 1,0 cm;
diâmetro interno: 0,60 cm.
A tabela seguinte fornece os dados experimentais relativos ao alongamento estático:
4
/V
3

1massa suspensa (10" 3 kg) 1 Le 110·• mi --1 2 /


/~
62,0 60,6

161

259
61,5

62,5 o
/ 2 4 F(9,8 • 10·1 NI 6 8

358 63,6 Fig. 1

456 64,7
..
555 65,8

654 67,o

752 68,2

802 68,8

O gráfico força-deformação é o gráfico 1. A não-linearidade do sistema é evidente.


b. O gráfico 2 representa (a - °'JJ 1 em função da força exercida sobre o tubo. A linearidade
do gráfico é evidente. A inclinação da reta mede - 1- ·Achamos K
K .
= 20,4 N.

* A. L King, Am. J. Phys. 42, 699 (1974).


427
426
a - a·2
e. Devemos linearizar a lei de força:
F = K (a - a-• 1, 0.4+---------.------.-------r--------.
em torno da posição de equilíbrio estático correspondente a determinada massa suspensa.
tubo de latex
obtém-se: L 0 = 0,60 m
L
F=K(a-a"'l a=- (L em cm)
...!!f_ = K ( __!!.:!._ + 2a-• ~ ) = K ....!!:=__ (1 + 2a-•) 60
dL dL dL dL
ou seja, com da ~3 L-~~-l--~~-t-~~-tr--~~
dL =-----e;-
.i!.f_ = _.!5._ (1 + 2a-3).
dL Lo
Escolhamos por exemplo 0,654 kg como massa suspensa. O valor correspondente de a é
67.0 = .1,12, e conseqüentemente: 0,2+------__,l--_ _ _ __ _ , f + - - - - - - t - - - - - - t
60,0

[ dF] . = 82,8 N/m.


LdL Le = 0,67m K =20,4 N
Prevemos em conseqüência que o período das pequenas oscilações, com a massa esco-
lhidà, será:
0,1+--------i,,.<.------+--------+-------1
~
T = 2'r y' 82,S- = 0,56 s.
o teste experimental forneceu:
T = 0,55s.
Concluímos que o modelo proposto representa adequadamente o comportamento do
sistema testado, dentro de uma faixa de incerteza da ordem de 1 %.
o 2 4 F (9.8 • 10"1 N) 6 8
PERGUNTA:
dF para Le = 0,67 m poderi<• se obter pela inclinação da tangente corres-
O valor de -
dL
pondente no gráfico 1. Por que não foi escolhido esse procedimento?*
Fig. 2

* Este problema mostrou que, em vez de parabolizar o poço de potencial, podemos linearizar a lei
de força desde que esta lei seja conhecida. Se não for conhecida analiticamente (corno no
problema estudado) a única alternativa será linearizar a lei gráfica (curva de calibração). Ver o
exerclcio 26 e o problema 23.

428 429
EXERCÍCIOS 6 Na mesma situação dos dois exercícios precedentes, afasta-se o carrinho de 0,10 ma
partir da posição de equ il ibrio, e, ao largá-lo, comunica-se uma velocidade inicial de 2,0 m/s.
Determine a equação do movimento e a amplitude.
Qual é o periodo do oscilador cujo poço de potencial está representado na figur:a7
7 Um oscilador harmônico tem período de 2,0 s e amplitude de 1O cm. Qual é o valor da
aceleração máxima?

·1 1,.__, 8 Quais são os per lodos dos osciladores representados nas figuras?

..,._____ d -----·

2 Uma part icula de massa m = 0, 1 O kg oscila no poço de potencial representado na figura.


·~ ~

E CJI
b

-0,20 o 0,20 x(m)


e

~ ~
9 Num dos modos de oscilaçio da molécula de água, os átomos de hidrogênio oscilam na
a. Qual é o período das oscilações? direção do átomo de oxigênio, como mostra a figura.
b. O oscilador é linear?

~ /(
3 Um oscilador harmônico leva 0,50 s para ir de um dos pontos de retorno até a pÕslção de
equillbrio.
Determine o período, a freq!lãncia, a freqüência angular.

~
4 Uma força de 1O N é necessêria para deformar a mola de 1O cm, e a massa do carrinho é
1,0 kg.

Quando um dos átomos de hidrogênio se afasta de 1,0 • 10- 12 m da sua posição de


equilibrio, a força de restauraçio é 5,0 • 10- 10 N. (0 átomo de oxigênio permanece praticamente
im6vel).
1
~1
Qual é a freqüência das oscilações do modo considerado 7
~
] 10 Os parâmetros da um osciladonão m = 0,20 kg e k = 20 N/m. As condições iniciais são
Desloca-se o carrinho de 5,0 • 1o-2m a partir da sua posiçio de equillbrio, sendo a seguir x0 = + 0, 1O m, r0 =O. ·
largado com velocidade inicial nula. (Admita que a mola possà trabalhar em compressão.) a. Determinar a amplitude, a fase inicial, o período, a freqüência, a freqüência angular, os
Determine a amplitude do movimento, a freqüência, o perlodo e a equação do mo· J valores máximos (módulos) da velocidade e da aceleração;
vimento. i b. Determinar o valor da fasa em t =0, 1O s, t =0,20 s; t = 0,30 s, t = 0,40 s, t = 0,63 s;
e. Escreva as expressões da posição, da velocidade, da aceleração, em função do tempo;
5 Na situação do exercício precedente, comunica-se ao carrinho uma velocidade de 2,0 m/s d. Determinar os valores da posição, da velocidade, da aceleração nos instantes indicados no
a partir da posição de equilíbrio estático. Item (b).
Determine a amplitude e a equaçio do movimento. a. Construir os vetores associados à posição, à velocidade a à aceleração em t =O.

430 431
11 Os parâmetros de um oscilador são m = 0,25 kg e k = 4,0 N/m. As condições iniciais são.
x 0 =O e v0 = -0,80 m/s. e. Qual é o tempo necessário para que a partícula passe da posição x = 0,20 m para a
a. Determinar a amplitude, a fase inicial, o período, a freqüência angular, os valores má- posição x = -0, 1 O m, andando sempre no mesmo sentido?
ximos (módulos) da velocidade eda aceleração; d. Qual é a expressão da energia potencial do oscilador, em função da posição?
b. Determinar o valor da fase em t = 0,20s, t = 0,40s, t = 0,80s, t = 1,0s, t = 1,5s;
20 Os parâmetros de um oscilador são m = 2,0 kg e k = 50 N/m. As condições iniciais são
e. Escreva as expressões da posição, da velocidade, da aceleração, em função do tempo;
Xo = 0,20 m, Vo = (),
d. Determinar os valores da posição, da velocidade, da aceleração, nos instantes indicado no Determine:
item (b);
e. O valor da energia total do oscilador.
e. Construir os vetores associados à posição, à velocidade e à aceleração, em t = O. b. A expressão da potência em função do tempo.
e. Os instantes em que a potência é máxima.
12 Os parâmetros de um oscilador são m = 0,50 kg e k = 32 N/m. As condições iniciais são d. Os valores efetivos da posição, da velocidade, e de aceleração.
x 0 =0,10 mev 0 =0,80 m/s;
a. Determinar a amplitude, a fase inicial, o perfodo, a freqüência, a freqüência angular, os 21 Suspende-se uma massa M a uma mola linear vertical. O alongamento estático da mola é
valores máximos (módulos) da velocidade e da aceleração; t..2 0 • Acrescente-seà massa M uma sobrecarga m.
b. Determinar o valor da fase em t = 0,20 s; t = 0.40 s; t = 0,70 s; Qual é o per iodo das oscilações do sistema?
e. Escreva as expressões da posição, da velocidade, e da aceleração, em função do tempo;
d. Determinar os valores da posição, da velocidade, e da aceleração, nos instantes indicados 22 No que se diz respeito a oscilações verticais, um cerro pode ser assemelhado a uma messa
no item (bi; 1
e. Construir os vetores associados à posição, à velocidade e à aceleração, em t =O. M pousada sobre uma mola de constante k (Na realidade são 4 molas de constante - - k cada
urna). Dê uma ordem de grandeza do valor de k para um carro médio. 4
13 Os parâmetros de um oscili1dor são m = 2,0 kg. e k = 50 N/m. As condições iniciais são
x 0 = -0,20 me v0 = -2,0 m/s. 23 A lei da força de uma mole está representada na figura.
a. Determinar a amplitude, a fase inicial, o período, a freqüência angular, os valores má·
ximos (módulos) da velocidade e da aceleração. F
b. Escrever as expressões da posição, da velocidade, e da aceleração em função do tempo.
c. Construir os vetores associados à posição, à velocidade e à aceleração, em t =O.
d. Em que instante o oscilador estará em quadratura com o seu estado iniciei?

14 Uma massa de 10,0 kg oscila na extremidade de uma mola cuja constante é X


1,60 • 10 2 N/m. No instante t =O a posição é . x 0 = 7,07 • 10-•m e a velocidade é
V0 = 28,3 • 10" 2 m/s.
Oual é a equação do movimento do oscilador? Qual é a amplitude, o período, a fre-
qüência?
F = -:k 1 x (x·< 0)
15 Os parâmetros de um oscilador são m = 0,20 kg, a k = 5,0 N/m. As condições iniciais são
X0 = 0,20 m, v0 = 0.40 m/s . F= -k 2 x (x > 0)
. Escreva as expressões da posição, da velocidade, e da aceleração, em função do tempo.
(Resolva pela representação vetorial). a. Suspendendo-se uma massa m a essa mola, qual é o período das oscilações?
b. A energia total é E. Qual é a razão entre a elongação máxima e a compressão máxima da
16 Os parâmetros de um oscilador são m = 0,50 kg e k = 8,0 N/m. Em t = O, 1 Os, mole?
x ·~ = 0,50 m. e x 0 , 1 = "-2,0 m/s.
Determine a amplitude do oscilador, a í.:ose inicial; escreva as expressões da posição, da 24 Uma mola linear cujo comprimento relaxado é 20 = 15,0 cm, tem um comprimento de
velocidade e da acel·eração em função do tempo. 22,2 cm quando sa suspende urna massa m = 0,500 kg.
a. Qual é o valor do coeficiente da mola? (g = 9,80 m/s2 )
17 Os parâmetros de um oscilador são m = 0,20 kg e k = 20 N/m. Em t = 2,0 s, b. A massa é deslocada de 2,00 cm, para baixo, a partir da sue posição de equil !brio
x 2 = O, 1O m e x2 = - 2,0 m/s. estético, a abandonada naquela posição com velocidade inicial· nula.
Escreva as expressões da posição, da velocidade e da aceleração em função do tempo. Qual é a equação do movimento x = x(t)? (A origem da posição coincide com a posição
de equilíbrio e.stático.) Qual é o período do movimento?
18 Um oscilador harmônico de massa 6,0 • 10-• kg, passa pela posição x =O, 1O m com
velocidade v = 5,0 m/s. 25 Uma plataforma oscila verticalmente com movimento harmônico simples cuja amplitude,
A constante da '""'".; 50 N/m. Qual é a amplitude das oscilações? constante, é O, 1 Om A freqüência das oscilações pode ser variada.
Coloca-se uma caixa de fósforos sobre a plataforma. Qual é a freqüência máxima que se
19 Uma partícula de massa m = 0,20 kg oscila harmonicamente com um per lodo de 2,0 s. pode dar âs·.oscilações da plataforma para que a caixa de fósforos não decole?
As condições iniciais' são x 0 = 0,40 m, v0 =O. .
a. Qual é a velocidade da partícula (módulo) ao passar pela posição de equilíbrio? 26 Uma massa de 0,25 kg oscila na extremidade de uma mola não linear. A mola foi calibra-
b. Qual é a aceleração da partícula no instante em que a posição é x = 0,20 m? da experimentalmente e o gráfico (F x) está representado na figura. Qual é o per lodo das pe-
quenas oscilações do sistema?

432
433
F(N) QUESTÕES CONCEITUAIS

Numa mesa de sinuca, lança-se a bola perpendicularmente a uma das tabelas. Ela repica,
volta, bate na tabela oposta, repica, etc ...
30 Num primeiro modelo, grosseiramente simplificado, supõe-se as tabelas rígidas, as coll·
sões elásticas, e o atrito com a mesa desprezível.
a. Faça um esboço do poço de potencial desse oscilador, represental)dO também a reta de
energia total.
b. Quais são as modificações (qualitativas) que se deveria fazer para tornar o modelo mais
próximo do real?
2 Suponha que um oscilador .(não harmônico) tenha o.poço de potencial representado na
figura. Ele oscila com amplitude A e período T.
· x(m)
0,3

Aumenta-se a amplitude.
O que vai acontecer ao período?

3 Um .bloco oscila entre duas molas esticadas, sobre um plano horizontal, com atrito
desprezivel. O período é T, a amplitude A. a energia total E.·
Um outro bloco idêntico pode ser depositado sobre o que está oscilando, ficando preso
dentro de um encaixe existindo neste último.
Estude o que acontece às grandezas T,A,E, conforme a fase em que se encontra o
27 Uma massa de 1,0 kg oscila na extremidade da mola não linear cujo gráfico ·(F xl é do oscilador no instante do "depósito" (passagem pela posição de equilíbrio, ou pelos pontos de
exercício precedente. Avalie a velocidade máxima que poderia ter essa massa para que o modelo retorne!, e conforme a maneira de depositar o bloco (deixando-o cair quando o oscilador passa
harmônico seja válido. debaixo dele, ui! acompanhando o oscilador de modo a que, no instante do depósito, ambos
28 Qual é a freqüência das pequenas oscilações de uma massa m no potencial unidi· tenham a mesma velocidade). ·
mensional:
4 Dois carrinhos de massas respectivas m, = 1,0 kg e m 2 = 2,0 kg, estão ligados por uma
Ep (x) = - 7a +7
b
?
mola linear, e oscilam sobre um trilho horizo·ntal com atrito desprezível.
E_sboce os gráficos posição-tempo dos dois carrinhos no referencial do centro de massa.
29 Qual é a freqüência das pequenas oscilações de uma mas5a m no potencial unidimen· 5 O bloco da figura oscila sem atrito com amplitude A.
sional: No instante em que ele atinge a elongação máxima à direita, ele recebe um impulso
ÀX
Ep (x) = x• +a• ? instantâneo no sentido positivo, que lhe fornece uma velocidade igual à velocidade com que ele ti·
nha passado pela posição de equilíbrio.
30 Qual é a freqüência das pequenas oscilações de uma massa m no potencial unidi· Represente o gráfico (x,r), os vetores associados ao oscilador •. e o poço de potencial, com
mensional: as modificações produzidas pelo impulso. De quanto variou a fase do oscilador, instantanea·
mente? ·
Ep (x) =E 0
(-x-)2
ic+a
(a> O
X> -a
)

31 Qual é a freqüência das pequenas oscilações de uma massa m no potencial unidi·


mensional:
a 2 (x 2 +a•)
Ep (ic) =- E 0 . ? ~
Ba• +x•
32 Qual é a freqüência das pequenas oscilações de uma massa m no potencial unidi- 6 Dois osciladores harmônicos de mesma massa têm o mesmo poço de potencia/. A energia
mensional: 1
14 1) x>o total do primeiro é E 1 ; a do segundo, E 2 = - 2- E,.
=
Ep (x) -k 'x+a- x ; (
a > O)

434 435
a amplitude, o período difere do valor que ele tinha para pequenas oscilações. ~ maior ou
Qual é o valor da razão TT 1
entre os períodos dos osciladores? menor?

7 Dobra-se a amplitude de determinado oscilador harmônico. O que acontece à energia? à E


velocidade máxima? ao período?
8 Dobra-se a energia total de determinado oscilador harmônico. O que acontece à ampli-
tude, ao per iodo 7
9 A conservação da energia, para o oscilador harmônico, se escreve:
Ep + Ec = Cte.
Ora, é propriedade conhecida que se duas grandezas têm uma soma constante, o produto
das duas será máximo quando elas forem iguais entre si.
. Mostre então que a potência do oscilador é máxima quando Ep = Ec·
1 O Mostre que a energia Ep = aK• + bK + c em que a b c são constantes, com a > O, define
também um 9scilador harmônico.
Poderia dar uma interpretação física de um potencial dessa forma?
11 Suspendendo-se uma massa m a uma mola vertical, a mola alonga-se de t.2 0 (alonga-
mento as.tático).
Corta-se a mola am dois pedaços iguais. Suspendendo-se a mesma massa a um dos
padaços, qual é o período da oscilações?
12 Uma bola suspensa a uma mola oscila verticalmente. Quando a bola passa pela sua
posiçio de equilíbrio astático, a energia cinética é máxima. Quando a bola atinge o ponto da 1 o1 i
1
retorno superior, a en.ergia cinética é nula. Em que se transformou atjuala energia cinétiea7 1
13 Duas bolas idênticas, suspensas a molas idênticas, oscilam com a mesma amplituda e com l+---A---'---A---+j
a mesma fase (i.e., estio sempre juntasl.
1 1 1
Se imaginarmos que um fio muito fino une as duas bolas, o per lodo não será obviamente
17 Dois pêndulos simples têm mesmo comprimento; as massas respectivas são 0,20 kg 11
modificado. No entanto a massa do oscilador é. agora o dobro do que ela era. 0, 10 kg.
Concluímos portanto que o período de um oscilador harmônico independe da massa.
Afasta-se um deles de 15º da vertical e o outro, de 100, em sentido contrérlo. Os dois
Critique o argumento acima. '
pêndulos são então largados simultaneamente.
14 Analise criticamente a afirmação s911uinte:
Onde se produzirá a colisão das duas bolas?
Se duas mofas lineares diferentes alongam-se estaticamente do mesmo t. 20 quando
18 Podamos esquematizar uma molécula diatômica por um conjunto da duas partículas
se suspendem nelas massas diferentes, os dois sistemas oscilaria (verticalmente) com o mesmo (massas m 1 a m 1 ) ligadas por urna mola não linear cujo potencial é da forma:
periodo.
1
15 No sistema representado na figura, a mola é linear e tem coeficiente k. EpfK) = _2_._ k K2 11 -AK)
A bola inferior está oscilando com amplitude mg em torno da posiçio de em que K representa a yariação da distância entre as partículas, a partir da distância de equil !brio.
equilíbrio estático (posiçio esta representada na figura). k · k e A são duas constantes positivas. (O modelo somente vale para alongamento ou compressões
Construa um gráfico que mostre como varia, em função do tempo, a tensão do fio de razoavelmente pequenos.)
suspensão AB, no intervalo de um período (Tome como t =O o instante correspondeote à Esboce o poço de potencial. Tente interpretar fisicamente a assimetria do poço. Qual i o
posiçio de retorno sup!'lrior). per lodo das pequenas oacilações do modelo?•
%i 19 O sistema representado na figura é um oscilador. Por quê?
A
B
m

m
Suponhamos agora que se duplique o afastamento d entre as polias, o que equivala a
m operar sobre o sistema primitivo uma mudança de escala de fator 2. (As massas permanecem as
mesmas, as polias tem raios muito pequenos e atrito desprezíveis).
16 Aprendemos que o poço de potencial de um pêndulo simples é uma sen6ide (curva em
O pedodo do novo sistema será diferente do perlodo do sistema primitivo?
traço cheio da ·figura). No entanto, se a amplitude de oscilação for peque11a, o poço real pode sar
substituído por um poço parabólico (curva em tracejado); o pênd\llO é então, aproximadamente,
um oscilador harmônico, cujo período independe da amplitude, enquanto esta permanecer pe-
• Essa última pergunta utiliza um resultado do problema 5.
quena. Suponha que se dê ao pêndulo a amplitude A mostrada na figura. Não sendo mais pequena r

436 437
4 Um oscilador harmônico tem massa m = 0,10 kg. A mola tem um coeficiente
PROBLEMAS k = 1,0 • 10 2 N/m, e a amplitude das oscilações é 0, 1O m. Por meio de um impulso instantâneo,
quer se dobrar a amplitude das oscilações. Qual é o valor do impulso que deve ser aplicado?
a. Quando é dado na posição de elongação máxima?
Urna bola de aço oscila no "poço" formado por dois planos inclinados simetricamente do
b. Quando é dado na passagem pela posição de equllfbrlo?
ângulo a sobre a horizontal. Em determinado instante a energia do sistema Terra-bola é E. (O
plano horizontal Ox é tomado como plano de referência para a energia potencial.) Considere um Respostas:a. 0,55 N.s; b. 0,32 N.s
modelo em que o atrito da bola com os planos inclinados seja nulo. Para esse modelo:
5 Dois blocos cujas massas respectivamente são m, e m 2 estão ligados por meio de uma
mola linear de constante k, e podem oscilar sobre um plano horizontal com atrito desprezível.

~
Estude a interação no RCM do sistema, e determine o per iodo das oscilações.

Resposta: T=211.JF-; µ =m, m 2 /(m 1 +m 2 )

o X 6 No sistema representado na figura, as massas dos carrinhos são respectivamente:

1l,;·;;;i~~::,,),,,,,.
m, = 1,0 kg em 2 =2,0 kg.
a. Determine a abscissa x máx dos pontos de retorno.
b. Determine o período das oscilações.
1 '
Respostas:
a. A = E/(mg tga); b. T=(4/gsena)(2E/m) Y.r

2 A figura mostra um projétil sendo atirado em um carrinho preso na extremidade de uma


mola. A constante da mola é k = 50 N/m.
O carrinho (1) está encostado contra uma parede fixa.
Comprime-se a mola de Al! 0 = 0, 1O m (empurrando-se o carrinho (2)), sendo o sistema
abandonado nessa posição.
a. Depois do carrinho (1) ter desencostado da parede, qual é a velocidade do centro de
massa do sistema?
b. No decorrer do movimento do sistema de quanto se alonga a mola, ao máximo?
c. Qual é a freqüência das oscilações do sistema?
O projétil fica encravado no carrinho. Respostas: a. 0,33 m/s; b. 6.10-<i m; c. 1,4 Hz.
a. Qual é a amplitude das oscilações do sistema, depois do tiro? Dados: k = 50 N/m;
m, = 2,0 kg; m 2 = 5,0 • 10-• kg; v0 = 2,0 • 10 2 m/s. 7 O sistema (bloco (1) +mola+ bloco (2)) está em repouso sobre uma mesa horizontal,
b. Qual é a freqüência das oscilações do sistema? com a mola relaxada e o bloco "(1) en.costado na parede. O bloco (3) tem velocidade v. A
interação do bloco (3) com o bloco (2) é totalmente inelástica, e praticamente instantânea.

-~
Respostas: a. 0, 10 m; b. 1,3 s
3 O carrinho (1 l está inicialmente mantido na posição mostrada, com a mola comprimida V
dex 0 ; o i:arrinho (2) está em repouso; as massas dos dois carrinhos são iguais. 1 2

~
As massas dos três blocos são iguais; o atrito com a mesa é extremamente pequeno. Os
blocos (1) e (2) estão presos à mola.
a. Qual a deformação máxima da mola, depois da interação 2-37
b. Depois dessa interação, quanto tempo demorará até o bloco (1) entrar em movimento?
Aplicaçãonumérica:m 1 =m 2 =m 3 =m=1,0kg;k=1,0·10 2 N/m;v=4,0m/s.
. mola comprimida amarrada à parede e ao carrinho
Respostas: a. 0,20 m; b. 0,44 s.
largando-se o carrinho (1) ele vai colidir com o carrinho (2); a colisão é totalmente
inelástica e se produz no instante em que a mola está com o seu comprimento relaxado. 8 Dois carrinhos cujas massas respectivas são m, em 2 estão ligados entre si por uma mola
a. De quanto se alonga a mola, depois da colisão?
b. Qual será o período das oscilações do sistema?

Respostas: a.
.J2
- 2 - Xo; b. 211~
438 439
linear _de comprilT)ento relaxado 12 0 e coeficiente k (Supõe-se que a mola pçide trabalhar tanto
de um referencial com aceleraçio Igual a g (= 9,8 m/12 ). Sendo M = 5,0 • 1 o• kg, qual deve ser o
em extensão como em compressão). O sistema está em repouso sobre um trilho de ar horizontal.
valor de k7
Um impulso pratii:amente instantâneo imprime ao carrinho (11 uma velocidade inicial v0 •
Descreva o movimento do sistema (pelas respectivas equações do movimento):
d Em cada oscilação do sistema, durante quanto tempo estaria o astronauta em estado de
a. No referencial do centro de massa; "ausência de gravidade"?. O que você acha do "projeto"?
b. no referencial do laboratório. Respostas:
k
Construa os gráficos posição-tempo dos dois carrinhos em cada um daqueles referenciais, a. 17 m; b. -20 . M (SI); e. 2,5 • 102 N/m; d. 'V2 s
com m, = 0,30 kg;m 2 =0,15 kg; R0 = 9,0 cm; v0 = 0,30 m/s;k = 10 N/m.
Respostas:
µ V0 µ Vo 12 Uma plataforma horizontal oscila verticalmente com movimento harmônico simples. A
1.a: x, = - - (-12 0 +--senwtl; x 2 = - - (12 0 ---· senwt)· w 2 =k/µ amplitude do ~imanto é 0,50 m; o período é 1,0 s. No instante em que a plataforma se
m, w m2 w encóntra no seu ponto de retorno lnférior, coloca-se em cima uma caixa de fósforos. cuja massa é
muito menor que a da plataforma.
1.b: x 1 = lx, )RCM + v*t; x2 = (x 2 IRCM + v•t · Tomando-se como origem a posição de equil !brio estático da plataforma, determine a
posição em que a caixa da fósfofos perderá o contacto. Qual será então a sua velocidade?
(g = 9,8 m/s2 l
9 Um pêndulo tem período de 1,0 s no laboratório. Transporta-se o pêndulo em um Resposta: 0,25 m; 2,7 m/s.
elevador.
Qual será o período do pêndulo:
a. Quando o elevador está subindo com aceleração de 2,0 m/s2 7 13 Uma massa de 2,0 kg está suspensa por maio de uma mola ao tato de um elevador que
b. Quando o elevador está subindo com velocidade constante de 1,5 m/s? está subindo com velocidade constante de 2,0 m/s. O sistema está em equil fbrio, no referencial do
c. Quando o elevador freia com aceleração (dirigida para baixo) de 2,0 m/s.. 7 (g = 9,8 m/s2 ) elevador, com a mola alongada de O, 1i> ma partir da sua posição i:elaxada.
a. O elevador péra de rapante. Qual é a amplitude das oscileçéles subseqüentes da massa
Respostas: a. 0,91 s; b. 1,0 s; c. 1, 1 s. suspensa? (g =9,8 m/sl
b. A forrrulação do problema é criticável. Por quê? (Sugest6es: 1) o que signifii:a "parar de
repente"? 21 Compare a resposta eio item (ai com o alongamento estático.)
10 Considere o sistema formado por ~ma massa m suspensa por uma mola linear de coefi-
ciente k.
14 O sistema representado na figura, composto por dois blocos da mesma massa ligados por
Mostre que desde que d origem das posições coincida com a posição de equilíbrio uma mola cujo diâmetro é da mesma ordem que o comprimento, cai da uma altura h sobre uma
estático, e que se escolha essa mesma posição como configuração de energia potencial nula (tanto mesa horizontal. (Durante a queda a mola está no sau estado relaxado. O choque entre a mesa e
gravitacional como elásticai, a energia potencial total da interação do sistema com a Terra é da o bloco lnferiOr 6 totalmente inelástico.)
forma:
1
Ep = -

I~
kx2 •
2

11 No sistema representado na figura, a massa M, presa na extremidade de uma mola linear


vertical de coeficiente k, pode oscilar com atrito desprezível no interior do cilindro. A amplitude
das oscilações é A. ·

M
+1
h 1
1
t
~~
a. Que valor máximo dlll(ll ter h para que, no decorrer do movimento subseqüente do
conjuntq, o bloco inferior não decole da mesa?
b. Quanto tempo depois do clioque surgirá a situação critica (perigo de decolagam)?
3 mg._. b 3 r;;,-
a. Supondo-se A = 20 m. determine o valor x 1 tal que, para x 1 < x < A. o poço de poten- Respostas:
cial parabólico do oscilador possa ser confundido com a tangente (em x =AI com aproximação
a. 2 T ' · 2 "'~
de 4,0%. 15 Urna plataforma de massa M = 3,0 kg está presa a urna mola vertical de coeficienta
b. No intervalo [x, A] a aceleração da massa M é praticamente constante. Qual é o valor
dessa aceleraçio em funçlo de k e M, sendo A = 20 m?
=
k 1,0 • 102 Nlm. Um objeto de massa m = 0,50 kg está pousado sobre a plataforma. Qual é a
amplitude máxima que se pode dar às oscilações da plataforma para que o objetei parmaneça
e. A massa M é a cabine de um projeto de dispositivo destinado ao treinamento de astro- sampre em contacto com ela? (g = 9,8 m/s2 )
nautas. O objetivo é treinar o astronauta nas condições de "ausência de gravidade", isto é, dentro
Resposta: O,34 m.

440
441
4
t
16 No sistema representado na figura, o bloco (1) pode deslizar sem atrito sobre a mesa 18 Um fio de aço de comprimento li está esticada sobre um plano horizontal entre dois
horizontal. suportes fixos. A tensão do fio é R. Uma partícula de massam, muito maior que a massa do fio,

.
está presa ao fio a uma distância a de uma das extremidadas, e b da outra.

~
~ . b
~
Dá-se à massa um deslocamento lateral pequeno. Mostre que ela oscila harmonicamente e
determina o período dessas pequenas oscilações. Qual é a posição da partícula que torna esse
período máximo?

OJal é o período das oscilações do sistema?


Respostas: T=211~a=b
19 O potencial de interação entra os átomos de uma molécula de HCI é dado com boa
Resposta: T = 2>r jii aproximação pelo chamado "potencial de.Morse":
EP (r)=D 11-e-8 (r-r0 ))2
17 Neste problema, substituiremos um automóvel pelo modelo da figura: uma "caixa"·
montada sobre uma "roda equivalente" por meio da uma "niolá equivalente". (Nio nos preocu- em que D, a e r0 são três constantes positivas. ré a distância entre os dois átomos.
paremos com questões de estabilidade do modelo.) a. Esboce a forma do poço de potencial. Qual e a distância de equilíbrio entre os dois
átomos?
b. Qual é a freqüência das pequenas oscilações da molécula?
e. Medidas espectrográficas mostram qua essa freqüência é da ordem de 10 14 Hz.
"caixa" Qual é, em ordem de grandeza a força de interação parar- r 0 = 0,2 A (0,2 • 10-10 m)7
Respostas: a. r 0 ; b. u• =a 2 D/2112 mH; c. "11o-• N
"mola equivalente"·
20 No sistema representado na figura, o pêndulo invertido OPM é formado por uma massa
m fixada na extremidade de uma haste rígida de massa desprazível e comprimento
(a +b), a qual
"roda equivalente" pode girar sem atrito em torno do eixo O.

a. A massa do carro vazio é 8,0 • 102 kg. o· período das pequenas oscilações (verticais) é
0,80 s. Qual é o valor do coeficiente k da "mola eqUlvalenta"?
b. .De quanto a caixa (vaziai comprime a "mola equlvalenJe"7
e. Quais são as hipóteses que você teve que fazer pera responder as duas perguntas pre-
cedentes?
1'--
b
i--
li
--j
d. O motorista e três passageiros, cada um com massa de 75 kg, sobem no carro. De quanto a
a "mola equivalente" se comprime nessa operação?
1
e. O carro anda numa estrada horizontal. De repente ele entra num trecho recentemente
recapeado, que apresenta um degrau vertical de 5,0 cm acima da superfície sobre a qual andava
1
1 ___________
!. 'º
A haste está presa em P, entre duas molas lineares idênticas, de coeficiente k. Na posição
indicada (equilíbrio do sistema), o comprimento li das molas é maior que o comprimen~o re-
laxado ll 0 • ·
a. Qual é a condição a que devem satisfazer os parâmetros a b km para que o equilíbrio do
péndulo invertido seja estável?
b. SuP,Ondo-se satisfeita a condição precedente, qual é o período das pequenas oscilações do
pêndulo? ·
(ver figura ao lado). Isto faz com que, praticamente instantaneamente, a "roda equivalente" suba
Respostas:
de 5,0 cm, comprimindo a "mola equivalente", antes da caixa entrar em movimento (vertical).
Nesse movimento subseqüente da caixa, há perigo dos passageiros decolarem de sei.is a. ka 2 - - 1-mg (a +b) >O; b. T= 211 (a +bl{ m/[2 ka 2 - mg (a+ b))} i-
assentos? 2

442 443
21 Uma luva de bronze de massa m pode deslizar com atrito desprezível ao longo de uma
haste de metal horizontal, fixa no laboratório. A luva está presa na extremidade de uma mola
.m- 1 T 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
linear de coeficiente k .. e~ 1 mola 1
§.':' /
i~ / ~ ~h 1
i E I~

~.!! il~. L/l •


.,,,,.. !/" 1 mola
-
1
/ / 1
25
D

1
-
20
V V elãs~ico
-
/ /
~ ./ ~
15 -
p
10 '
1 ~/ /. 1 1

~ / 1 1
A outra extremidade da mola se encontre foca em P, à distância 21 da haste. Sendo 21
pelo menos igual ao comprimento da mola relaxada, a luva pode oscilar em torno da·posiçio de 5 -
1~r
equil ibrio. Mostre que:
a. Se 2 1 for igual ao comprimento da mola relaxada, a luva nio oscila harmonicamente, 1 1
mesmo para amplitudes peque!las; o 2 3 4 5 6 7 8 9 10 alongamento a partir da
b. Se 21 for maior que o comprimento da mola relaxada, a luva oscila harmonicamente para posição relaxada (em 10·• m)'
pequenas amplitudes. Determina o período dessas oscilaÇõas, com m = 0,10 kg, 2 1 =0,30 m,.1! 0 24 Determinar o parlado das pequenas oscilações do sistema representado na figura. As
(comprimento da mola relaxada)= 0,20m,k=1,0 • 102 N/m. hastes têm massa deiprezivel, estão rigidamente ligadas entre si, e podem girar livremente em
Resposta: b. 0,34 s. torno do eixo fixo O.

22 No sistema representado na figura, as duas molas são idêmicas, e !! 0 é o comprimento


relaxado de cada uma.

m m

Oual é a freqüência das pequenas oseilações do sistema?


Aplicação numérica: k = 30 N/m; 20 = 0,20 in; m = 0, 10 kg; g = 9,8 m/s2
Resposta: 2,3 Hz.
Resposta: T= 211' J-;I;;;_.
2êõí8Q
23 No laboratório, você dispõe de uma mola espiral e de um elástico (tipo elástico da
escritório). As curvás da calibração da mola e do elástico são fornecidas ·no gráfico da página 445.
Você monta "em série" a mola e o elástico, corno indicado na figura que acompanha o
gráfico. .
Suspendendo uma massa de 25 g (25 • 1 o-• kg) ao elástico, qual é o período das peque-
nas oscilações que você pode prever? (Preste atençio às unidades da1 escalas dos gráficos.)

Resposta: o.a s
444 445
y
\
em que r 1 e r 2 são as raízes (reais Ou complexas) da equação característica:
Complemento 1 o•+ bD +c=O
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
No caso do oscilador harmônico, a equação do movimento é:
LINEARES HOMOGt:NEAS DE SEGUNDA ORDEM*
.ii + w• x=O (3)
ou seja:
Consideremos a equação:
x +bx +ex =o (D 2 + w'lx =O

Ela pode escrever-se na forma: As raízes da equação característica:

o• x + bOx + ex =O -+ (0 1 + bO + clx = O ( 1) 0 2 + w• =o
cou a convenção: são:
r 1 = iw, e r 2 =-iw
o =...!!._, o• =_d_ etc.
A solução geral da equação (3) é portanto:
dt dt 1

Por exemplo a equaçlo: x =A ,,Ít..Jt + B 8 -iwt.

x-sK + 6x =O (2) Se a equação característica tiver raízes iguais, a equação diferencial proposta escre-
ver-se-á na forma:
escreve-se:
(D-ri (D-rlx=O (4)
(0 2 - 50 + 6lx=O
Está claro que a solução geral não é x =A ert + B ,,rt, já que essas duas soluções par-
Mas, quaisquer que sejam os valores de b e e, a expressão o• + bO + e é fatorável na ticulares não são linearmente independentes.
forma: Demonstra-se que, neste caso, a solução da equação (41 ê:
(0-r 1 ) (O-r 2 )
.;
x = IA + Btl ,,rr,
em que r1 e r, são reais ou complexos. em que, mais_ uma vez, as constantes A e B devem ser determinadas pelas condlçtles Iniciais.
Por exemplo:
ro• - 50 + sJ = to - 2J to - aJ
Segue-se que a solução da equação (i) reduz-se à solução da equação:
(0-r,J (0-r 2 ) x =O
Resolvamos separadamente:
(O-r,J x=O
(O -r 2 lx=O
No exemplo dado:

(O - 2) x =O -+ ..!!!!_ _ 2x =O, cuja solução é: x =A e• t


dt

(0-3)x=0-+..!!!!._-3x=O cujasoluçãoé: x=se•t 1


dt •
r
·em que A e 8 são duas constantes cujo valor deverá ser determinado pelas condições iniciais í
do problema.
Entende-se facilmente que, se ID-3lx for nulo, a equação (0-2)(0-3lx=
i'
= (D - 21 (O)= o será satisfeita, de modo que x = B e• t é realmente solução da equação 121. 1
Da mesma forma x =A e• t é também uma solução daquela equação.
A solução geral da equação linear (2) ê portanto:
X =A e• t + B e>t.
De um modo geral, a solução da equação (1) será:
x=Ar 1 t+ser•t,

• O que se segue ê exclusivamente operacional. Consultar qualquer texto de cálculo.

446 447
Complemento 2
O OSCILADOR UNIDIMENSIONAL AMORTECIDO
EXPERIÊNCIA
nrouuõoo
Voltemos ao carrinho amarrado à mola com o qual iniciamos o estudo do· oscilador
harmônico. Agora no entanto fixemos uma chapa metálica não ferromagnética por cima do -kx--@--Né
carrinho (chapa AB da fig. 1 ). Fig.2
precedente com o campo do Imã é proporcional à velocidade do carrinho, e de sentido oposto.

~n
Um modelo mecânico análogo é representado na fig. 2, em que o amortecimento é provocad 0 0

pelo mavimento de um êmbolo dentro de um fluido viscoso. Se a velocidade permanecer pe-


quena, a força de atrito viscoso é em primeira apro'ximação proporcional à velocidade. A força
A B resultante que age sobre a partícula é:
-kx - ,;.,e,
em que À é um coeficiente de proporcionalidade cuja dimensão é massa/tempo. Maior o valor
, de À, maior será o amortecimento.
. ~

Fig. 1 2.2 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO


A equação do movimento é:

.
O material pode ser alumínio ou cobre, por exemplo •.
Façamos oscilar o sistema. Ele se comporta aproximadamente como um oscilador
mx +~+kx =O
linear livre, embora se observe que a amplitude das oscilações vai lentamente diminuindo. Obvia· É de novo uma equação diferencial linear de segunda ordem. Dividamos ambos os membros
mente o sistema perde energia, embora a taxa de diminuição dessa energia seja muito pequena por m. Obtemos:
se as devidas precauções experimentais tiverem sido tomadas.
Para tornar o amortecimento mais sensível e ao mesmo tempo para poder variar sua
x+~x+~x=O
m m
importância, aproximemos da chapa AB um ímã permanente*. Observemos então que o car·
e ponhamos:
rinho pode comportar-se de duas maneiras essencialmente diferentes:
a. se o Imã estiver relativamente afastado da chapa o carrinho oscila embora a amplitude À 2
decresça de mod·o apreciável com o tempo. Aproximando-se mais o ímã, o amortecimento tor- -;n=-:r (T é um tempo)
na-se maior e o sistema chega a parar depois de ter efetuado somente uma ou duas oscilações;
b. se o ímã for mantido muito perto da chapa, e se largarmos o carrinho de uma posição .!!_
m
= w~
afastada da posição de equillbrio, ele volta lentamente para essa posição, sem oscilar.
O que aconteceu, fisicamente? No primeiro caso, ·isto é, quando o carro oscila com Observa-se que w~ é a freqüência do oscilador não amortecido.
amplitude decrescente, a energia perdida no primeiro período, energia essa dissipada pelas for- Finalmente, a equação do movimento é:
ças de amortecimento (atrito, correntes induzidas, etc ... ) é menor que a energia total do •. 2 .
oscilador. Depois do primeiro pedodo sobra então energia para iniciar um segundo ciclo. Se a x+7x+w~ x =O
energia dissipada nesse segundo ciclo for menor que a energia restante no oscilador, iniciar-se-á
um terceiro ciclo, e assim por diante, a amplitude diminuindo gradativamente, até o oscilador A equação característica (ver complemento 1) é:
parar finalmente. 2 .
No segundo caso, qúando o carrinho volta lentamente para sua posição de equilíbrio 0 2 +-;;:-D+ w~ =O,
sem oscilar, acontece que a energia dissipada pelas forças de amortecimento nesse desloca-
mento é igual à energia inicialmente armazenada no oscilador. cujo discriminante (reduzido) é:
É preciso agora analisar quantitativamente o comportamento do oscilador amortecido.
(~)2 -w~ .

2 ESTUDO ANALITICO DO MOVIMENTO

2.1 A LEI DE FORÇA 2.3 SOLUÇÃO OSCILATÓRIA


A partlcula de massa m é submetida à força -kx e à força de amortecimento. Pode-se Se w 0 > - 1-, o discriminante é negativo e as raízes da equação característica são
mostrar qÚe a· força de amortecimento que nasce da interação da chapa AB da experiência complexas: T

r=+±i[w~-(+)]%.
* O amortecimento é devido ao fato de que o movimento no campo do ímã cria na chapa
correntes induzidas (ditas de Foucault) que dissipam energia no material da chapa por efeito
Joule. Essa energia sô pode provir do oscilador; dai o amortecimento.

448 449
que podemos escrever: 2.3.1 VARIAÇÃO DA AMPLITUDE

r = + ±i ~º G-( w:T) J %
1/
1 Observa-se que as oscilações são is6cronas, isto é, o perlodo T é constante (voltaremos
togo mais a esse perlodo). Duas amplitudes consecutivas tais que A 1 e A 2 · da fig. 3 são sepa-
radas pelo intervalo T.
Se a primeira corresponde ao instante t, a segunda corresponderã ao instante ti: T. A
ou:
razão entre essas amplitudes é:
r=+±iw,
com
~ -
A, _Aexp (-+) _ (
T) - exp
T)
w=w. G-( w:T)J %
• Aexp
( t+
--T-
-T-

As amplitudes formam uma programo geométr/Ca decrascenta de razio:


Soluções.particulares da equação do movimento são:
exp(+)
x1 = e, exp (- +) { exp (iwtl }

x 2 = C2 exp (- +} {exp Hwtl} Observa-se que se A for muito pequeno em relação a ..!!L , então ..L.. = ~IT
To
= __A__
2m/To

(+) = + ·
T
A solução geral seré uma combinação linear das duas precedentes: 1 serã muito pequeno, e nessas condições: exp 1+
x = exp (-f-) {e, ex~ Vwtl + C2 exp (-iwtl J,
)
1 Duas amplitudes consecutivas serão então ligSdas pela relação AA,
a
=1 +~ou
r
seja:
a qual pode sempre escrever-se, na forma real, como:
....I... = A, -A, (diminuição relativa de amplitude).
K =A exp (-+) { cos (wt+.tp) l; T A, .
E;;sa fração é facilmente medida experimentalmente, da mesma forma que T. Entlo T
é conhecido. 2 •
.

Observa-se que é efetivamente uma solução oscilatória, com amplitude decrescendo


exponencialmente. As constàntes A e ~ devem .ser determinadas pelas condições iniciais.
Podemos finalmente interpretar fisicamente o tempo T = : :
é o lntarvalo de tempo
Voltem0s à c:Ondição de existência dessa solução: a freqüência w 0 do oscilador não duranta o qual e amplitude do oscilador torna-111 "a" Vt1z111 menor que no infcio do intarvalo.
Esse intenlalo é chamado tampo d11 ralaxaçio, ou da decaimento do oscilador.
amortecido deve ser maior que ...!.. Mas...!. •_A__ Se A for pequeno (amortecimento frecd,
T T 2m
essa condição serà facilmente satisfeita. Tudo isto esté de acordo com a anàlise flsica do fe-
nômeno. 2.3.2 FREQÜENCIA DO OSCILADOR AMORTECIDO
A freqüência angular é:
.J
[1 -( W: T) J
K

l
•j
·;

:j

Wo

~ ~:.se(·:ª~ um ~mort)ec1mento
%

Se w 0 T for pequeno em comparação com e


m . . -
pequeno, entao:
uni~e. o QUe implica mais uma vez

. 2w:Ta
,,...,
,. :;A;~t-:;)--T .
1
1 Substit11amos w 0 . por ~" :
,, o

w=w. {1- s~· c+rJ


Observa-se qu.e w dife.re muito pouco de "'•, freqüência do oscilador não amortecido.
O gràfico (K,t) està representado na fig. 3. É uma sen6ide "modulada" pelas curvas: Para fixar as idéias, suponhamos que a diminuição reletiva de amplitude silja de 1/10: cada a~

ex~(-+) (-+) plitude 6 1/10 menor que a amplitude precedente. Então como vimos na seção anterior:
.A e -A exp T 1 To
T --=--=--10 T

450 .1 461
To
A integral é igual a - 4 de modo que W = - -
1
4 A w: A• r. ,
: : e ; o ( 1 - - 1)
o 8000 .. d . 2m
ou, su bst1tum ose A por - T -
1 • r.
: W =-Tmw0 A'
T
Em ordem de grandeza a variação relativa de freqüência é de 10..... Trata-se no en-
tanto, com um decréscimo relativo das amplitudes igual a 1/10, de um amortecimento relati·
vamente importante. O termo + m w: A 2 é a energia total E do oscilador no inicio do movimento, pois
Chegamos então à conclusão seguinte, de importância fundamental nas aplicações
práticas: essa expressão é igual a + k A2 pela definição de w 0 •
a freqüência de um oscilador pouco amortecido tJ praticamente igual a ff'Bqülncia do osci- AE To
lador nlo amortecido. Ora, W = l!.E, de modo que ---g- =- -T-

2.3.3 ENERGIA ABSORVIDA PELO AMORTECIMENTO


A diminuição de energia, por ciclo, é evidentemente igual ao trabalho da força de
Mas. por outr& lade, tendo E = - 21- k A 2 • e M_= AA
E A
obtemos finalmente o resultado:
X l!.E AA To
~=~=--T-·
("''• ___...
~ -A~ l""",
,_,
o ~ exatamente o resultado enco11trado na seção 2.3.1, quando estudamos o decréscimo
da amplitude do oscilador, no caso de amortecimento pequeno.
Fig.4 Enunciemos então outro resultado fisicamente interessante:
a fração da energia total perdida por ciclo tJ invenamente proporcional ao tsmpo de
amortecimento. Suporemos, em tudo o que segue, que o amortecimento é pequeno: A<<..!!!.., relaxação do OM:ilador.
. ~ Mais uma vez sobressai a importância da constante r do sistema na interpretação f{-
ou w 0 T << 1. Consideremos então a partlcula na posição de elongação máxima à esquerda da sica do fenômeno.
posição de equiUbrio (fig. 41 e tornemos esse instante como origem dos tempos. A equação é:

X = - A exp (- +) {CDS w. t} 2.3.4 FATOR Q DE UM OSCILADOR


Vamos calcular o trabalho da força de amortecimento -11.x
sobre um semi-perlodo, O fator O (ou fator de qualidade) de um oscilador é definido como sendo o produto
por 211' da razão entre a energia total do oscilador e a energia perdida por ciclo:
isto é, de O a T/2, e multiplicaremos por dois para ter o trabalho sobre um perfodo.
0=271 . E 271'~
PERGUNTA: . Energia perdida por ciclo AE
Por que não calcular logo esse trabalho sobre um período? No caso do amortecimento pequeno temos, em valores absolutos:
O trabalho assim determinado deve ser igual à variação da energia total do oscilador
sobre esse primeiro periodo. _§__ =_d_ = _ T _
· Observamos primeiro que o tempo considerado ( T/21 é muito pequeno em com- !!.E AA T0
paração com T, desde que se suponha que o amortecimento é pequeno. Em conseqüência, o . 1 w. E A - WoT
Substituamos - - por 2 · 7E = "AA- 2w
termo exp(- +) permanecerá muito vizinho de 1 durante a semi-oscilação. Em primeira r. "
Vem:

aproximação escreveremos x sob a forma: de modo que, no caso de. amortecimento .fraco:
X =- A CDS w0 t Q=w 0 T
x=w 0 Asenw 0 t.
O fator rle qualidBde de um OISCilador pouco amortecido tJ igual ao produto da 1ua
O trabalho da força - Ax será: .freqülncia angular pelo seu tempo de ralaxaçlo_ ·
De modo que o tempo de relaxação de um oscilador é uma medida da sua "qualj·

!~·
dade", isto é, da sua capacidade de efetuar muitas ou poucas oscilações antes da sua energia
W=J-f-Axdx =-A ( dt=-A dt ter sido absoniida pelo amortecimento. Com efeito, se r é o tempo necessário para a ampli·
o . 1o {; :;
. o
tude diminuir na razão e- 1 , nesse mesmo tempo a energia total (proporcional ao quadrado da
amplitude) diminuinl na razio e-•. Nesse intervalo de tempo T o oscilador efetuciu
T WoT Q

f ;_,
-- = - - ~ -·oscilaçaes.
T0 2,.. 21r
W"-A w: A' w, «tt Se, por exemplo, um oscilador tem um fator de qualidade Igual a 10 1 , ele efetuanl
aproximadamente 160 oscilações até sua energia atingir 13% do seu valor inicial 1e-2 ""-0.13)
o
452 453
2.4 SOLUÇÃO NÃO OSCILATÓRIA X
2.4.1 SOLUÇÃO GERAL
Se w 0 < +, o discriminante da equação característica A

D 2 + _2_ D + w~ =O
T

é positivo. A equação tem duas raízes reais

r = + ~+)' -wD± %

T
1 1 í. e
= - T - ± - T - L.! - e•!!J
~;i%
Fig. 5
Soluçõ115 particulares da equação do movimento são: 2.4.3 AS CONDIÇÕES INICIAIS SÃO x =O; x = Vo

x, =e, { exp e-+) }l exp(-k ---;--) }


As equações que definem as constantes C 1 e· C2 são:
o= e,+ c 2
v. = -11 + kl e, - 11 - kl e,
x2 = C, { exp (- +) }{exp { + k +) } Elas fornecem:

G-cw.1J% v.
Vo
com k ~ e, =-u; C,=~

A solução geral é: A solução correspondente é:

x =exp(--+) 1e, exp(-k+)+c, exp(+k+)I x = ;~ {exp[{1-k)~]-exp[-(1+k)+]}


Como ·sempre as constantes C 1 e C 2 devem ser determinadas pelas cond)ções iniciais. A fig. 6 mostra a forma da curva x(t). A partícula começa por se afastar da posição de
O movimento dej.xa de ser .periódico: o amortecimento é tão grande que toda a energia inicial equilíbrio, e volta para ela por decréscimo exponencial. (Observa-se que a partir do instante t,,
està absorvida antes da partícula poder completar o ciclo. no qual a velocidade se anula, a situação é qualitativamente idêntica à da seção precedente.)
Examinemos rapidamente as dua5 situações mais comuns:

X
2.4.2 AS CONDIÇÕES INICIAIS SÃO Xo =A,x 0 =O
A partícula é abandonada a partir de um ponto de elongação A.
Teremos, em· t = O:
A= e, +e,.
A velocidade é:

ic = + exp (- +) {( k - 1) C 2 exp ( + k +) -{k + 1) e, exp { - k +)}


No instante inicial temos:
O= (k - 1)C2 - (k + 1)C 1
Os valores de C 1 e C 2 são:
1-kA
C,=-~
t1 t
1+kA
e,= ~ Fig. 6
A solução correspondente às condições- iniciais impostas é:

x = :k exp(--!-) {{1 +k)exp(+ kf) -{1-h)exp(-k +)}


2.4.4 AMORTECIMENTO CRÍTICO
Se o discriminante da equação característica é nulo
tem uma raiz dupla.
t• = !}a equação carac1erlstica

r=-1-
O grãfico é uma curva assintota ao eixo dos tempos (fig. 5) T

455
454
A solução geral é nesse caso da forma:

X= (C, +C2tl exp e-+) X

em que as constantes C, e C 2 são determinadas pelas condições iniciais. Diz·se que o amorteci·
mento é cr ftico.
Se em t =o, X= A e X = o teremos: e, =A; e. = ~ .
A solução é:

x =A ( 1+ +) exp ( - +)
A curva representativa tem a forma representada na fig. 7.
T

Fig. 8
X
Fisicamente, o amortecimento crítico corresponde à transição entre a solução oscila·
tória e a solução não oscilatória. É no amortecimento crítico que a elongação de um determi·
nado oscilador atinge o mais rapidamente posslvel uma fração dada da elongação inicial, sem
A oscilar.
Uma aplicação: importante do que precede se encontra em instrumentos de medidas
como amperímetros e voltímetros (ou no velocímetro de um automóvel). O ponteiro desses ins·
trumentos está preso a um oscilador de torção. Esse oscilador é criticamente amortecido de mo·
do a que, depois de uma perturbação provocada pela corrente. ou a tensão. que se quer medir, o
sistema atinja o mais rapidamente posslvel a sua nova posição de equillbrio, onde se fará a leitura.

o t

Fig. 7
Observa-se que para determinado valor de{-. a razão~ é constante. Isto significa que
se temos vârios osciladores amortecidos criticamente, e se queremos determinar o tempo que
eles levam para que a elongação inicial diminua de metade por exemplo, esse tempo seré
determinado pela condição ~ = 2,5 qualquer que seja o oscilador. Isto tem como conseqüência
que os osciladores cujo T é menor, ou seja, os osciladores com maior amortecimento, levam
menos tempo para que a elongação inicial seja reduzida de uma determinada fração.

EXERCICIO:
Explique a razão física desse paradoxo aparente.

Se as condições iniciais forem


x =0; x
= vq: em t = o.
teremos, para as constantes e, e C 2 :
o= e, ; v0 =e.
A solução correspondente é:

x=v0 ~exp (-+)


A curva representativa é a da fig. 8. A velocidade se anula no instante t = T. A põrtir
desse instante a elongação varia qualitativamente como no caso ·precedente.

456 457
3.2.1 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO
Complemento 3 A 2.ª lei de· Newton fornece a equação do movimento.
No caso do oscilador harmônico "livre" (i.e., sem força impo.sta), a tínica força que age é
O OSCILADOR FORÇADO a exercida pela mola: - kx. A equação do movimento é:
3.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS mx=-kx
A fig. 1 mostra um dispositivo simples: um excêntrico com uma biela impÕe à extre-
midade A de uma mola AB um movimento senoidal cujo perlodo pode ser variado à vontade. Suponhamos que a força imposta varia senoidalmente com o tempo. Ela é da for-ma:
Um carrinho está preso mi outra extremidade da mola e, como na experiência sobre o oscila· F=F 0 coswit
dor amortecido descrita no Complemento 2, o deslocamento, no campo de um Imã, de uma
chapa presa ao carrinho, exerce sobre._este uma força de amortecimento proporcional à veloci- em que Wi é a freqü~ncia angular imposta, não necessariamente igual à freqüência própria
dade, e de sentido contrário.
w=Jf.
A equação do movimento passa a ser:
m x = -kx + F 0 coswit
ou ainda:
Fa
x+ w 2 x = ----,,,-- cos w; t (1)
N s

m 3.2.2 SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DO MOVIMENTO


Suponhamos que as condições iniciais impostas são:
X= Xo
em t =O {
X= Vo
Fig. 1
Ora, uma vez excitado, e embora a presença da força imposta, o sistema tende a reagir
Seja uma certa freqüência das oscilações impostas à extremidade A (chamaremos essa oscilando com sua freqüência própria. Isto deve dar, como parte da solução, algo da forma:
freqüência: imposta). Observamos que:
a. depois de um tempo muito pequeno de "acomodação", o carrinho oscila com fre- e, cos wt +
e,
-W senw t,
qüência igual à freqüência imposta.
b. se aumentarmos a freqüência imposta a partir de zero, a amplitude cresce, passa por por analogia com a solução correspondente ao oscilador harmônico.
um máximo quando a freqüência imposta se torna igual à freqüência própria do sistema, de- Mas por outro lado, impondo-se ao sistema uma força que varia senoidalmente com
cresce de novo, e anula-se praticamente para uma freqüência imposta muito superior à fre· uma freqüência w., é natural que se espera encontrar, na resposta do sistema, algo que "reflita"
qüência própria. a força imposta; Óu seja, algo da forma:
c: a rapidez com que cresce e decresce a amplitude depende do grau dé amortecimento
do sistema. Se o amortecimento for muito pequeno, a amplitude é muito pequena para qual· C3
COS Wi t,
quer freqüência imposta que esteja fora de uma faixa estreita em torno da freqüência própria. A intuição tisica, junto com o que aprendemos até agora, nos leva então a tentar uma
Mas, nessa faixa, e em particular na vizinhança imediata da freqüência própria, a amplitude é solução da forma:
muito grande*.
Se pelo contrário o amortecimento for grande, o sistema "responde" à exitação para x =e,
e,
coswt +-;;;- sen wt + C3 cos w; t (2)
praticamente qualquer freqüência imposta. Em compensação, a amplitude é sempre muito infe·
rior ao máximo pelo qual éla passa no caso do amortecimento pequeno. Calculemos sucessivamente:
O sistema descrito, e o seu comportamento, caracterizam o oscilador forçado. Quando a
amplitude das oscilações é máxima, diz-se que o sistema oscila em l'flssonlncia com o excitador, x= - wC 1 sen wt + C 2 cos wt - w; C 3 sen w; t, (3)
i.e., com o sistema que exerce a força imposta. X= - w1 e, cos wt - w c,sen wt - w;'C, COSWj t
e substituamos em (1 ). Vem, depois de simplificar:
3.2 O OSCILADOR HARMÔNICO FORÇADO
Estudaremos com alguns detalhes o oscilador forçado não amortecido. É um caso limite, Fa
que nos fornecerã as grandes linhas do comportamento do sistema.
-w;° C 3 COS Wit + W 2 C 3 COS Wj t = ___,,,,- COS Wi t
Veremos depois, qualitativamente, qual é o efeito do amortecimento. ou seja:
Fa
e, m(w 2 -w;2J
• Chega às vezes a ser tão grande que o sistema escapa ao controie do experimentador.

458 ·459
As constantes C 1 e C2 vão ser determinadas pelas condiçcSes iniciais. 3.3.2 VARIAÇÃO DA AMPLITUDE COM A FREaÜeNCIA IMPOSTA:
Para que, em t =O, x seja igual a x 0 , a equação (2) fornece: RESSONÃNCIA
A amplitude do oscilador muito pouco amortecido é aproximadamente igual (expres-
Xo =C 1 + C, são 71 a:
de modo que: Fo
Fo (8)
A = m 1 w2 - w;' 1
C1 = Xo - C, = Xo - m (w' - w;')

Por outro lado, para que, em t =O, x seja igual a v0 , a equação (3) fornece: Se w; << w, a amplitude reduz-se praticamente a:
C2 = Vo F0 F0
mw• =--k-
De modo que a solução da equação (1) que satisfaz às condições iniciais impostas, é:
Fo Vo Fo
x= "• - m (w' - w;'J coswt+--senwt+ 2 cosw;t (4)
w m (w -w;2 J A

Essa expressão é bastante complicada, mas corresponde a um caso limite: o caso em


que não há amortecimento. Veremos logo adiante que a presente (inelutável) do amorteci·
mento simpiifica as coisas.
Por enquanto, há um ponto sobre o qual queremos chamar a atenção: a solução (4)
é a superposição de duas funÇões: uma delas é a "imagem" da força imposta:
x1 = :• 2 cos wit. (5)
m (w -wi)
A segunda corresponde à resposta "natural" do sistema:

x2 = [ X0 -
F 0
m ( w 2 -wi'J
J cos v-
wt + -w0
sen wt (6)

A amplitude de x 2 ( t) é automaticamente ajustada pelo sistema para. que as condições


iniciais sejam satisfeitas.
Não há maior interesse em insistir sc;bre a expressão (4). Com efeito, nunca é possível
eliminar totalmente o amortecimento de um sistema. Isto tem uma grande importância porque,
em conseqüência do amorteci~nto, a solução (4) vai simplificar-se bastante.

3.3 INFLUÊNCIA DO AMORTECIMENTO SOBRE O OSCILADOR FORÇADO


3.3.1 TRANSIENTE E REGIME PERMANENTE
Fo l <(-"' +.-
k
O fato essencial é que o amortecimento provoca o decaimento gradativo da resposta
natural do oscilador.
Isto é, a expressão (6) vai ser multiplicada pelo f11tor exp
resposta natural do sistema tornar-ie·á, cedo ou tarde, desprezível.
(
- + )
de modo que a

O período inicial de "acomodação" do sistema, período durante o qual se superpõem


a resposta natural e a resposta forçada, é chamado transiente.
Depois d!! resposta natural do sistema ter deca rdo, a resposta à força imposta reduz-se
à resposta forçada: é o chamado regime permanente do oscilador.
Cil
Se o amortecimento for muito pequeno, essa resposta é praticamente idêntica à ex-
pressão (5):
Fig. 2

Fo _ _
X=--:-...;.....!...... Observa-se que F 0 k é o alongamento estático da mola do oscilador submetido à força F 0 •
m (w' _ w;2J cos wit (7) Podemos entender a razão física disto: agindo-se muito lentamente sobre o oscilador, a
mola tem praticamente, em cada instante, a sua deformação estática, porque a energia cinética
do sistema é quase nula, sempre. A energia transmitida pelo excitador encontra-se quase que
Em regime permanente, a força imposta transfere ao sistema, em cada ciclo, a energia unicamente sob forma potencial.
mecânica dissipada pelo amortecimento. · No outro extremo, se Wi >> w, a amplitude é pratiçamente nula: a inércia do sistema

460 461
·1.,;·•··••''i'cfpf"''
~·1u·J l!· 11Jt.a; u~:
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.. -.ro ft;\,'~
·•·: :,!u u~ ri.:.~~rt

6ibliotec1 Central
faz com que a resposta a uma excitaçã"o de freqüência muito maior que a freqüência natural
seja desprezível.
Mas observamos o que acontece quando w; aproxima-se do valor w da freqüência pró-
pria: a amplitude das oscilações é extremamente grande.
Ela seria infinita quando w; = w, se a amplitude fosse exatamente de forma 181. Na
verdade, o dominador contém um termo suplementar que o impede de anular-se.
Mas de qualquer forma, se o amortecimento for muito pequeno, a amplitude pode
tornar-se perigosamente grande, quando a freqüêneia da força imposta é igual à freqüência pró-
pria do sistema.
A curva (11 da fig. 2 mosta como varia a amplitude de um oscilador forçado muito
pouco amortecido.
Observa-se que, fora de uma "faixa de passaglllTI" muito estreita, em torno da fre-
qüência própria w, a amplitude da resposta decresce muito rapidamente.
Diz-se que o "pico de ressonlncia" é muito agudo.
Aumentando-se o amortecimen'to, a amplitude na ressonância vai decrescendo, ao mes-
mo tempo que a faixa de passagem se alarga (curva (21 da fig. 21.
Para um amortecimento muito grande, o pico de ressonância desaparece: o sistema
responde a uma faixa muito ampla de freqüência (curva (3) da fig. 2).

3.4 VANTAGENS E INCONVENIENTES DA RESSONÂNCIA


Hã sistemas mecânicos em que se procura a ressonância entre a força excitadora e o
oscilador. O balanço da nossa infância é talvez uma das mais bbvias ilustrações desses casos. O
repicar dos sinos de uma igreja exige também a igualdade da f~eqüência excitadora e da fre-
qüência própria. Um sistema oscilante com amortecimento muito pequeno tem uma faixa de
passagem muito estreita, e conseqüentemente. pode servir para filtrar uma excitação complexa, AS LEIS FUNDAMENTAIS 3
deixando passar somente as freqüências imediatamente vizinhas da sua freqüência própria. Ao
mesmo tempo, as vibrações correspondentes a essa faixa de freqüências são amplificadas. Exis·
tem filtros baseados sobre esse principio, particurarmente para freqüências ultra-sônicas.
Em contrapartida, hã muitos exemplos em que se deve evitar que o oscilador entre em
ressonância com o sistema excitador. A razão é que a amplificação provocada pela ressonância
pode danificar o sistema, submetendo-o a tensões e deformações que ele não poderia suportar.
Por exemplo: as estradas de barro sulcadas m:nsversalmente pelas ondulações provocadas pela
erosfo pluvial devem ser "atacadas", em automóvel, a uma velocidade menor ou maior -que
·uma certa velocidade critica, na qual os choques produzidos pelas depressões sobre as rodas
seriam de mesma freqüência que a freqüência prbpria do autombvel. Resultaria então um fe-
nômeno de ressonância desagradâvel para os passageiros e multo inconveniente para a m6quina.
Na mesma ordem de idéia, o período de oscilação de um navio deve ser largamente
diferente dos períodos das ondas encontradas comumente em àlto-mar.
Hã também sistemas para os quais a ressonância não deve praticamente existir: pode-
ríamos chamé-los os "antifiltros". Sfo sistemas com um fator de amortecimento muito alto,
de modo a poderem responder - embora com amplitudes pequenas - a qualquer freqüência
excitadora. Um exemplo tfpico é a membrana elástica do microfone de um aparelho telefônico. A
fiel reprodução da voz humana exige que o aparelho responda às múltiplas freqüências cuja
composição caracteriza não somente a altura como também o timbre da voz.
Encontra~se outros exemplos de ressonância em outros ramos da Ffsica e da Enge-
nharia, notadamente em Eletrônica.
Asintonizaçã"ode um aparelho de rédio, por exemplo, consiste simplesmente em ajustar a
freqüência própria do circuito de "entrada"' do aparelho, para torná-la igual à freqüência da onda
excitadora que se quer receber.

462
Capitulo 11
Capítulo 11
MOMENTO ANGULAR, 465
MOMENTO ANGULAR

INTRODUÇÃO
Muitos observaram o ricochetear de uma pedra redonda e achatada
na superfície de um rio, ou de um lago. Os ricochetes são possíveis por-
que a pedra gira em torno de seu eixo, em um plano horizontal, manten-
do fixa a orientação do eixo de rotação. _
Numa escaia menor, basta atirar uma moeda ao mesmo tempo que
se lhe comunica um movimento rápido de rotação no seu próprio plano:
observa-se que o plano da moeda, e conseqüentemente o eixo de rotação,
conservam uma direção fixa no espaço, ao longo da trajetória.
Em escala maior, sabemos que o eixo da Terra conserva uma dire-
ção fixa em relação às estrelas, no movimento anual do nosso planeta em
torno do Sol.
Desses exemplos e de muitos outros facilmente observados (estabi-
lidade de uma moto andando em contrapartida com a sua instabilidade
quando parada, estabilidade do eixo do ioiô no seu movimento, etc... )
conclui-se que muitos fenômenos envolvendo corpos em rotação apresen-
tam um comportamento aparentemente estranho.
Não há no entanto nada de fundamentalmente novo nisso: a invari-
ança da direção do eixo da Terra, ou da moeda... é uma conseqüência
matematicamente necessária das leis de Newton; traduz no entanto uma
outra lei de conservação, a do momento angular de um sistema em deter-
minadas circunstâncias.
Desenvolveremos o estudo do momento angular ao longo de dois
capítulos: este e o primeiro capítulo do volume 2 deste curso.

465
Neste capítulo estudaremos sucessivamente:
a. o momento angular de uma partícula; pode se construir sobre r e p ou ainda, pelo dobro da área do triângulo
b. as condições de conservação desse momento angular; veremos que sombreado da fig. 1.
uma interação central conserva o momento angular de uma partícula em EXERCfCIO
relação ao centro de força; Prove que o módulo de~ pode expressar-se por:

c. a variação do momento angular de uma partícula submetida a um 20 = rp,


torque; em que p 1 representa o módulo da componente de p perpendicular a r.
d. a utilização do momento angular para o estudo do movimento de
uma partícula em um campo central; Convém observar que o momento angular precisa ser definido em
Terminaremos, com este capítulo, a estruturação das leis fun- relação a um ponto. (Este não é o caso para o momento linear.)
damentais da Mecânica.
PERGUNTA
Se escolhermos um ponto diferente de O, no caso da fig. 1, o momento angular da
11.1 MOMENTO ANGULAR DE UMA PARTfCULA EM RELAÇÃO A partícula será em geral diferente. Existem pontos, no plano P, em relação aos quais o momento
UM PONTO angular teria mesma direção, mesmo sentido e mesmo módulo que em relação a 07
11.1.1 DEFINIÇÃO
No referencial (S), uma partícula de massa m tem, em determi- A unidade de momento angular é o kg.m 2 /s.
nado instante, o momento linear p. (fig. 1 ).

.r9
11.1.2 COMPONENTES CARTESIANAS _
As componentes cartesianas do momento angular Q0 são obtidas
explicitando-se o produto vetorial r x p. Sendo (xyz) as componentes
do vetor de posição r, e (px Py Pzl as componentes do momento p,
temos:
A

X V z
p ~= X y Z = (ypz - zpy)x + (zpx - xpz)y + (xpy - YPxli
PxPyPz

6} 11.1.3 EXPRESSÃO DO MOMENTO ANGULAR EM COORDENADAS


POLARES
Fig. 1 O momento angular d.a partícula, em O, é Q0 =rxP
No instante t o vetor de posição r = r ufaz o ângulo() com o
eixo polar, Ox (fig.2).
Sendo Q um ponto qualquer, definimos o momento angular da
partícula, no instante considerado e em relação ao ponto O, pela relação: -
Qo
~=rxp (1)
em quer é o vetor de posição da partícula em relação a O.
O momento angular~ em O tem conseqüentemente as seguintes
propriedades: _
a. o vetor Q0 é perpendicular ao plano definido porre p (plano P da
fig. 1 ); o seu sentido é dado pela conhecida "regra da mão direita";
b. o seu módulo é
Yo = r p sen (r, p).
Esse módulo é representado pela "área" do paralelogramo que
Fig. 2 Momento angular em CC?Ordenadas polares: 1;, =mr 2 éi.
466
467
As componentes da velocidade v da partícula são:
a. componente radial: dr Q = f Q
dt
"companheiro"
d()
b. componente transversa: r - - w= r ()• w
dt
O momento angular em relação a O é:
To = rxmv = m rx V = mr ux (1 + re w), ......... ... --
,,. ,;

~
OU =
ainda, observando-se que U X U 0 e que U X
(i

w= z: t G

~=mr2 Õz (2)

11.2 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR DE UMA PAR-


HCULA EM RELAÇÃO A UM PONTO.

Fig. 3 Exemplo de uma Interação central: as linhas de ação das forças de interação F e -F
11.2.1 PARTICULA ISOLADA passam sempre pelo centro de massa G do sistema.
A partir de agora, o referencial no qual se estuda o movimento da
partícula é inercial. Sabemos que o movimento de uma partícula é re- A força exercida pelo Sol sobre um planeta é uma força central:
tilíneo uniforme se a partícula for isolada (nenhuma força age sobre a ela passa pelo centro de. massa do sistema Sol-planeta; neste caso, devido
partícula), ou se for nula a resultante das forças que agem sobre a par- ao fato de que a massa do Sol é muito maior que a massa de qualquer
tícula. Qualquer que seja o caso, se v = cte, segue-se que p = cte, e planeta, podemos em primeira aproximação confundir o centro de massa
conseqüentemente o momento angular da partícula se conservará inva- do sistema com o centro do Sol (o que equivale a confundir um referen-
riante em relação a qualquer ponto do espaço: · cial "amarrado" ao Sol e passando por três estrelas "fixas" com o re-
ferencial do centro de massa do sistema). Também, em primeira apro-
sev=cte-i-Q=cte
. Enunciemos então: em relação a qualquer ponto do espaço, o mo-
.. ximação, as interações de um planeta com os outros planetas do sistema
solar são desprezíveis em comparação çom a interação Sol-planeta. Re-
mento angular de uma partícula isolada permanece invariante. sulta que o movimento de um planeta é o movimento de uma partícula
em um campo central.
EXERC(CIO _,.. Outro exemplo de interação central, ou de movimento em um
Prove que a proposição reciproca não é necessariament11 verdadeira, isto é, se Q = cte, v
não é necessariamente constante.
campo central é fornecido pelos modelos primitivos do átomo (modelos
Cite um exemplo (trivial) em que o momento angular em relação a um ponto é nulo, sem de Rutherford, e de Bohr). Nesses modelos, os elétrons são submetidos a
que o movimento da partícula seja retilíneo ~niforme. forças de atração coulombianas exercidas pelos núcleos. Podendo-se des-
prezar as interações entre elétrons, cada um dos elétrons movimenta-se
assim em um campo de força .central (A fig. 4 mostra o modelo mais
11.2.2 PARTfCULA SUBMETIDA A UMA INTERACÃO CENTRAL. simples: o do átomo de hidrogênio). Neste caso também despreza-se em
Se duas partículas formando um sistema isolado, interagem, as primeira aproximação o movimento do núcleo no referencial do centro
forças de interação passam pelo centro de massa do sistema. Um exemplo de massa do sistema. já que a massa do núcleo é muito maior que a massa
é dado pelo sistema chamado estrela dupla, ou binária, como o sistema do elétron, e toma-se como "centro de força" o próprro'núcleo.
formado por Sírius e o seu "companheiro" (fig. 3). As forças de intera- Em resumo: uma interação é dita central se a força (resul-
ção gravitacional (F e - F na figura) passam sempre pelo centro de massa tante) que age sobre a partícula passar por um ponto fixo. Essas
G do sistema. interações são de extrema importância em Física: elas são caracte-

468 469
É fácil mostrar que cada um~ das parcelas do segundo membro é
nula:
~~é por definição a velocidade v da partícula, colinear com p.
~egue-se que v x p = O;
~~ é a força F (total) que age sobre a partícula (2.a lei de New-
ton). Ora, por hipótese, F e r têm o mesmo suporte, já que F passa
p
poro. d
Conseqüentemente o produtor x dp = r x Fé nulo.
t -
,
Conc 1u1mos que, numa .interaçao dRo e. nu 1o.
- centra,1 <It

~ é portanto constante ou seja: se uma part/cula for submetida a


uma interação central, o seu momento angular em relação ao centro de
Fig. 4 Outro exemplo de interação central: um dos modelos primitivos do átomo de hidrogênio.
força permanece invariante.
PERGUNTA
rizadas pela conservação do momento angular da partícula em relação O que, nas deduções precedentes, exige que o referencial no qual se estuda a interação
ao centro de força, desde que o referencial escolhido seja inercial. seja um referencial inercial? ·
Com efeito, suponhamos que uma partícula se movimenta em um
campo central (fig. 5). O seu momento angular em relação ao centro de 11.3 CONSEQÜÊNCIA DA CONSERVAÇÃO DO MOMENTO
força é: ANGULAR DE UMA PARTfCULA: LEI DAS ÁREAS

~
O momento angular de urna partícula em relação a determinado
1;,=rxp
ponto O é constante: a partícula pode ter um movimento retilíneo
uniforme, ou então ela pode mover-se em um campo central em que O
é o centro de força.
~ 1
j
1
~
Fig. 6 Vetor - área no instante t. 1í
Fig: 5 Conservação do momento angular numa interação central.
i
Definimos o "vetor-área" A da seguinte maneira (fig. 6): I~
~
Calculemos a derivada de?;, em relação ao tempo: se essa derivada a. direção: perpendicular ao plano definido pelo ponto O e a tra-
jetória;
~\
for nula, ~ será constante. J
b. sentido: o sentido definido pela regra da mão direita; ou ainda, Jf
-dTa
- = -d- (rxp ) = --xp+rx....::..c.....
dr dn um observador que tiver o "sentido" de A vê a partícula deslocar-se da ~
dt dt dt dt a
direita para esquerda; ~
470 471
c. módulo: valor numérico da área varrida pelo vetor de posição da LEI DAS ÁREAS: Numa interação central, o raio vetor da par-
partícula entre o instante tomado como origem dos tempos, e o ins- t/cula em relação ao centro de força varre áreas iguais em tempos
tante t em que se define o vetor. iguais.
Observe-se que o vetor área _ldefinido em determinado instante.
EXERCI.CIO
Mostremos primeiro que, se Q0 for constante, como se supõe, a
A lei drn áreas é obviamente válida no caso da partícula em movimento retilíneo
taxa de variação do vetor-área,· em relação ao tempo, é também cons- uniforme. A demonstração é então trivial, sem que seja necessário passar pelo vetor-área, Faça
tante. a demonstração,
Mostra-se sem dificuldade que:

A=+ li
r(t) EXEMPLO 1:
Sabemos que Kepler descobriu a lei das áreas (2.a lei) para os
rxdr
(o)
movimentos planetários: um planeta (ou um satélite) descreve uma
órbita elíptica com o Sol (ou a Terra, ou Júpiter ... ) em um dos focos
EXERC(CIO (fig. 7). Se AB e CD representam dois arcos da trajetória descritos no
Prove que a relação acima é verdadeira, intervalo de tempo !::::.t (um dia, um mês ... ), as áreas ASB e CSD são
iguais.
A relação precedente escreve-se sucessivamente:

A = -1
2
1"to
d dt = -1·
rx _r
~ 2m
Jto
(rxp) dt =- 1
2m
ftT
o
o
dt

ou, já que f 0 é constante:


~ [ r T0
A = 2 m } odt = 2m t.

A taxa de variação do vetor-área é pois:


dA
-=-=Cte
~ Fig. 7 Lei das áreas nos movimentos planetários.
dt 2m

Segue-se que: Entendemos agora o fundamento dessa descoberta empírica: é


porque o planeta, ou o satélite, se move em um campo central (com o

!::::.A=-1::::.t, Sol, a Terra, Júpiter ... no centro de força) que a lei das áreas se ve-
2m rifica.
ou ainda, em módulo: Convém observar que a lei das· áreas é válida para qualquer in-
Qo teração central. A "lei de força" é irrelevante, desde que essa força seja
!::::.A =-1::::.t. (3) central.
2m
1nterpretemos a relaç.ão precedente: !::::.A é a medida da área var- EXEMPLO 2:
No caso dos movimentos planetários, a lei de força é uma lei em
rida pelo raio vetor da partícula no intervalo de tempo !::::. t. Sendo ~o ~:o módulo da força de interação gravitacional varia em razão inversa
c·onstante, a relação (3) traduz a: m r

472 473
-~~ 1 ':"'r::~:UdGf; f ~E:.l; u~ 6. ê1; ~~;rf~
·.··•· aa.. 1....... 0._ <l:ll (' •n~rDl
do quadrado da distância do Sol (Terra, Júpiter ... ) ao planeta ou ao ~
satélite.
Mas se lançarmos a bola de um pêndulo numa direção qualquer 1;,
a partir de um ponto outro que o da posição de equilíbrio (fig. 8) a

Fig. 9 Movimento circular uniforme: o momento angular em relação a P não é constante.

basta por exemplo considerar as posições M e N da partícula, na extre-


o midade do diâmetro OP. É óbvio que o momento angular em relação a
P é menor em módulo no instante em que a partícula passa por N que
no instante em que ela passa por M. Poderíamos nos perguntar a razão
Fig. 8 Outro exemplo de interação central, com uma força proporcional a r. física da variação do momento angular em relação a P. No entanto a
situação descrita é muito artificial: não se cogitaria, em princípio, de
bola descreverá uma el ípse (desde que o ângulo O da fig. 8 seja pe- calcular o momento angular em relação a P; é muito mais simples, e
queno); pode-se mostrar que a força resultante é uma força central, sobretudo muito mais significativo do ponto de vista físico, calculá-lo
passando pelo centro da elipse (e não mais por um dos focos), e cujo em relação a O. A invariância de ~ está com efeito associada ao fato·
módulo é proporcional à distância r entre a bola e esse centro. A lei de a partícula mover-se em um campo central.
das ár:eas é também válida neste caso: o vetor de posição da bola em
relação ao centro O varre áreas. iguais em tempos iguais. (Ver o pro- Há no entanto situações em que não é possível encontrar um
blema n. 0 13). ponto em relação ao qual o momento angular seja invariante. O fato
de o momento angular variar, qualquer que seja o ponto em relação a
11.4 VARIAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR DE UMA PARTrcuLA que se calcula, traduz uma realidade física, ao nível do fenômeno, e é
EM RELAÇÃO A UM PON~O - TOROUE DE UMA FORÇA. isto que precisamos entender.
Acabamos de analisar os casos em que o momento angular de Consideremos por exemplo um satélite da Terra em órbita
uma partícula se conserva constante. Deixando-se de lado o caso do (quase) circular nas camadas extremamente tênues da alta atmosfera
movimento retilíneo uniforme, em que o conceito de momento angular (-3 · 102 km de altura). O satélite é submetido à interação gravita-
é sem interesse, vimos que o momento angular permanece invariante cional central caracterizada pela força F, e a uma força de atrito
nas interações centrais. (pequena) f, de mesma direção mas de sentido contr:át:io que a da
Consideremos uma situação muito simples: a de uma partícula momento p, isto é, fé também tangente à trajetória (fig. 10).
em movimento circular uniforme (fig. 9). Em re~ão ao centro da tra-
jetória O (centro de força) o momento angular 2. 0 é constante._ Esco- . O momento angular em relação a O não é mais constante. Em-
lhamos um outro ponto P, no plano da trajetória, por exemplo. E fácil bora a direção e o sentido se mantenham os mesmos, o módulo de-
verificar que o momento angular 1;. em relação a P, não se conserva; cresce. A razão desse decréscimo é obviamente a presença da força não

474 475
p De novo, derivemos a expressão precedente em relação ao tempo;
teremos assim a taxa de variação do momento angular:
d~ ár d
--=-xp+rx-ªIL
dt át dt
que se reduz a:
d~ -
dt - r x F.

A expressão r x F é chamada, por definição, torque da força F em


relação ao ponto O. Representando-se o torque pelo símbolo N0 , temos:
d~ (4)
dt=No
ficando-se bem entendido que tanto o momento angular quanto o torque
devem ser calculados em relação ao mesmo ponto.
Fig. 10 Satélite em órbita, com atrito atmosférico. O momento angular em relação a O não se
conserva, devido à presença da força não central f.
A relação (4) diz que a taxa de variação do momento angular de
uma partícula em relação a um ponto é igual ao torque da força total que
central f. Nosso problema seria o de calcular a taxa de variação do age sobre a partícula, em relação ao mesmo ponto.
momento angular do satélite em relação a O. A unidade de torque é o Newton · metro (N ·m).
No entanto, antes de resolver o problema da variação do mo- Alguns comentários, sob forma de exemplos, ajudarão a in-
mento angular de uma partícula em um caso particular (em que terpretar corretamente o que foi .visto.
somente o módulo varia), resolveremos o problema geral em que tanto
a direção como o módulo do momento angular variam. EXEMPLO 3:
Seja então uma partícula submetida a uma força total 11ão central Consideremos a situação de um automóvel que percorre uma pista
F (fig. 11 ). Calcularemos o momento angular em relação a um ponto circular (fig. 12). A força de atrito exercida pela pista pode ser resolvida
qualquer O.* nas componentes centrípeta (central) F e tangencial f (a qual inclui tam-
bém a resistência do ar).
F

Fig. 11 Partícula submetida a uma força total não central.

f
~=rxp
Fig.12 Automóvel numa trajetória circular. Agem: a força central F e a força f (atrito).

• i; bem evidente que na prática certas razões de simetria podem impor a escolha do ponto O. Se,
por exemplo, uma das forças for central, como no caso do satélite freado pela atmosfera, O torque de F em relação a O é nulo, mas tal não é o caso para f.
calcular-se-á o momento angular em relação ao centro de força. Em conseqüência, o momento angular em relação a O varia.

476 477 .
Sendo() (variável) a velocidade angular do automóvel, temos: Para o estudo elementar desse movimento, supõe-se primeiro que a tra-
ção exercida pela corda é muito maior que o peso da bola, de modo que,
Qo = mr2 Ô
em primeira aproximação, podemos supor a trajetória plana.
em quer é o raio da trajetória (ver a relação (2)) de modo que:
dQ 0 dB •. EXERC(CIO
- - =mr2 - - =mr2 e Com uma corda de uns cinqüenta centímetros, avalie a velocidade de rotação (em RPS)
dt dt necessária para que a tração do tio seja 1O vezes maior que o peso, em módulo.
.. .. f
em que() representa a aceleração angular. Ora,()=--, de modo que: A seguir, supõe-se que todos os atritos são desprezíveis. Em con-
mr
dQo seqüência, uma vez a pedra em movimento, poderia se manter a mão
dt=-rf. parada no centro da trajetória, e tratar o problema como um de movi-
mento circular uniforme.
Observa-se que - rf é precisamente o valor da projeção algébrica Na realidade as coisas não são tão simples assim.
do torque N da força f em relação a O, projeção essa efetuada sobre o
eixo orientado por To- Nesse exemplo, momento angular e torque em
relação a O são colineares; não houve portanto necessidade de utilizar a
notação vetorial.
Ficou patente que a causa da aceleração angular do automóvel é a
presença da força de atrito f. O torque dessa força, por sua vez, é res-
ponsável pela variação do momehto angular. Veremos no entanto que
nem sempre· um torque causa uma aceleração angular (exemplo 5). Ele
provoca porém, em todos os casos, uma variação do momento angular.
EXEMPL04:
Analisaremos agora, qualitativamente, uma experiência trivial e
bem conhecida: a que consiste em girar em um plan·o horizontal, por
cima da cabeça, uma bola, ou uma pedra, amarrada a um fio (fig. 13).

Fig. 14 Na experiência precedente, a mão descreve uma pequena circunferência de centro O,


para que a soma dos torques da tração Feda força de atrito f, em relação a O, seja nula.

Sabemos que somente se consegue um movimento circular uni-


forme se a mão "adiantar sobre a pedra", descrevendo uma pequena
circunferência em torno do centro da trajetória (fig. 14). Isso faz com
que a tração F tenha uma componente tangencial oposta à força de atrito
f (atrito do ar no modelo mais simples). Mas podemos também con-
siderar o problema sob o aspecto' do binômio ''momento angular-tor-
que". Os torques de F e f em relação a O são iguais em módulos mas de
Fi!!. 13 Experiência da pedra girando por cima da cabeça. sentidos contrários. Segue-se que o torque resultante é nulo, e o mo-

478 479
mento angular em relação a O é constante, caracterizando-se assim o
movimento circular uniforme.
EXERCÍCIO.
-
Prove que o módulo do vetor l1p é constante.

EXEMPLO 5: - O vetor ~P gera a superfície lateral de um cone de revolução de


dfl.
A relação d~ = N é uma relação vetorial: ela mostra que a vértice P e cujo eixo é o da trajetória. Diz-se que o momen~ angular fl.p
precessiona em torno do eixo PO. A precessão do momento fl.p é devida à
variação elementar d~ do momento angular~ tem a direçãolt.o sentido existência do torque da força F que age soqre a partícula, em relação ao
do vetor torque N. Concluímos que, no caso geral em que li 0 e N não ponto P.
têm mesma direção (como foi o caso nos exemplos anteriores), a direção Construiu-se na figura o torque (Np )4 da força F4 . Pode-se mos-
do momento angular varia. Para que isso fique claro, voltemos ao exem-
plo da partícula em movimento circular uniforme (fig. 15), e calculemos
trar sem dificuldade que (Np) 4 é efetivamente igual a ~ isto é, à cft
o momento angular não mais em relação ao centro O da trajetória (o que "velocidade" da extremidade do vetor ~ sobre a sua trajetória, que é
seria a escolha normal) mas em relação a um ponto P qualquer do eixo da simplesmente a base do cone gerado pelo vetor.
trajetória. A figura mostra quatro posições particulares do vetor mo- O fenômeno de precessão do momento angular tem importância
mento angular. Observamos que o vetor não é constante, embora o seu particular na mecânica do corpo rígido; uma análise qualitativa do fe-
módulo o seja. nômeno será feita no capítulo correspondente (Vol. 2).

11.5 RELAÇÃO ENTRE MOMENTO ANGULAR E VELOCIDADE


ANGULAR.
No caso de uma partícula em movimento circular (não necessaria-
w
mente uniforme), o vetor velocidade angular é definido pela relaçãÕ
V =wx r.
w

Fig. 16 Vetor velocidade angular w de uma partícula em movimento circular.


p
Como mostra a fig.· 16, o vetor wé
geralmente construído a partir
Fig. 15 Partícula em movimento circular uniforme. O momento angular em relação a P não é
constante: sua direção varia. Em cada instan.!t a variação vetorial do momento angular tem a
do centro O da trajetória. O módulo de w
é o módulo da velocidade

direção e o sentido do torque. Por exemplo d2.4 = N . Observa-se que Qp gira em torno do eixo angular: 1w1=1 ~~,,em que e representa a posição angular da partícula
dt p
PO, gerando a superfície de um cone. a partir de um eixo de referência arbitrário.

480 481
O momento angular da partícula em relação a O é colinear com w Não é pois, possível, em casos tais como este, "passar" de w para I
e tem o mesmo sentido. Tendo-se, neste caso, ~ = rp = mrv = mr2 w, por uma relação tão simples quanto a relação (5). ·
podemos escrever, vetorial mente: A "passagem" é no entanto possível, embora de maneira um pouco mais complicada. ln·
ro =mr w. 2 (5) dica remos a seguir o caminho.
Voftemos à definição do momento angular em relação a um ponto arbitrário, que não se·
rá especificado (O, P ... ou qualquer outro ponto do espaço na fig. 17). A partícula considerada,
Essa relação entre o momento angular em relação a O, e o vetor no instante em que calculamos o momento angular, está girando com velocidade angular w em tor·
velocidade angular w é extremamente simples. A expressão mr 2 é cha-
mada momento de inércia da partícula em relação ao eixo da trajetória
ou seja, em ·relação ao suporte de w.
A relaÇão (5) diz então que se o ou seja:
-
no do suporte do vetor W. *Temos:
Q= r X p,

momento angular da partícula em relação a um ponto for "colinear com o


Qoomrx lwxr))
vetor velocidade angular, o momento angular em relação àquele mesmo
Representemos, no instante considerado, por (x y z) as componentes do vetor de posição
ponto é o produto do vetor velocidade angular pelo momento de inércia r, por (wx wy wl') as componentes do vetor velocidade angular W. e por (~x QV ~z) as comi>onen·
da partícula em relação ao suporte dessa velocidade. tes do vetor momento angular
No entanto, deve ficar bem claro que a simplicidade da relação ExplicitaAdo-se o triplo produto vetorial, obtém-se:

entre To e w,expressa na relação (5), é devida à escolha particular do


Q=[m(y2 +z 2 )wx
+ (-mK Y wx
- mxywy mx z wzl
+ m(z 2 +' x 2 )wy
j(

m yz wzl y
ponto em relação a que se calculou o momento angular. Na realidade, a
colinearidade entre Te w é uma exceção. A regra, como ficará patente + (-mKz wx myzwy + m(x 2 +· Y 2 )wz( z
em cursos mais avançados de dinâmica do sólido, é que Q e não são em w EXERCICIO:
geral colineares.
O exemplo 5 fornece a oportunidade de verificar essa afirmação, Verifique que o desenvolvimento acima está corret'.l.
mesmo no caso elementar da mecânica da partícula. Com efeito, aquele
exemplo mostrou que, desde que se calcule o momento angular em re- Observamos assim que cada uma das componentes do momento angular""í t1 uma função li-
near das três cornponentes da velocidade angular W.
lação a um ponto diferente do centro da trajetória, o momento angular e Segue·se que a maneira de passar de wparalié operar sobre w uma transformação linear
o vetor velocidade angular não são colineares {fig. 17). cuja matriz tem como elementos os coeficientes de wx wv wz na expressão acima. Podemos
wj P
com efoito substituir aquela expressão pela expressão equivalente:

(
Qx)
Qv =
(m(y 2
- m x y
+z 2
)
- m X V

m(z 2 + x 2 )
-m )(Wx)
-mvz
XZ
wy

Qz - mxz - m y z m(x 2 + y 2 ) Wz

O operad~r da transformação linear representado pela matriz 3 x 3 é chamado tensor de


inércia da partícula (mais tarde, do corpo rígido) associado aó ponto em que se calcula o momen-
to angular, e ao sistema de eixos cartesianos escolhido. Representando-se esse operador pelo sim-
bolo a' escreveremos:

7=11-W (6)

Na introdução à Mecânica que estamos desenvolvendo, não teremos oportunidade de utili·


zar a relação (6). Somente estudaremos casos em que ela pode ser substituída pela relação mais
simples (5). Nossa intenção foi tão somente alertar contra erros possíveis de interpretação e de
conceitos, que poderiam prejudicar estudos ulteriores.

• Em instantes s~cessivos, essa mesma partícula poderá estar girando em torno de um outro eixo,
Fig. 17 O momento angular~ em relação a P, e o vetor velocidade angular W, não são coli-
com velocidade angular diferente. Um exemplo dessa situação é a de um automóvel que percorre
neares.
uma curva que não seja um arco de circunferência.

482 483
11.6 ENERGIA ASSOCIADA A UMA PARTrCULA NUMA IN- (fig. 18). Representando-se por Ep (r) a energia potencial de interação
TERAÇÃO CENTRAL (conhecida), a lei de conservação da energia se escreve: ·
Pela matéria desenvolvida até agora neste capítulo, a introdução Ec + Ep = Ecfr0 ) + Ep(r0 ) =E= Cte.
do conceito de momento angular de uma partícula, em relação a um
ponto, pode parecer até certo ponto "gratuita". Pretendemos mostrar,
no entanto, que o conceito de momento angular é útil operacionalmente
e que sua introdução permite estudar mais facilmente o movimento de
-
A conservação do momento angular em relação a O se escreve:
r x P = ro x Po = Q0 = Cte, em que pé o momento linear na posição
genérica r.
uma partícula em um campo central. Na conclusão do capítulo, mostra-
remos que ela permite enunciar mais uma (e a última) lei de conservação As duas equações de conservação precedentes fornecem assim o
para sistemas isolados, em Mecânica Clássica. sistema:
Consideremos uma partícula que interage com um campo central
conservativo (planeta em um sistema solar, elétron no modelo de Bohr, t m v2 + Ep(r) =E (7)

etc ... ). Isto significa que:


a. a força de interação com o campo passa por um ponto fixo, no r x p = Q0 - (8)
referencial inercial (S) em que o campo é definido; Passando-se para coordenadas. polares (fig. 19) temos
b. o módulo da força depende exclusivamente da distância da par-
tícula ao centro de força. v= ~ u+r ~~ w=ru+rfJw; v2 =;2+r2e2
Em conseqüência:
a. o momento angular da partícula em relação ao centro de força de modo que:
conserva-se invariante;
b. a energia total associada ao. movimento (energia cinética da par-
tícula+ energia potencial de interação) conserva-se também invariante.
Mostraremos que nessas condições a energia total do sistema partí-
cula-campo é somente função da distância da partícula ao centro de
força, e da taxa de variação dessa distância. ·
A importância dessa propriedade reside na simplificação que ela
traz ao estudo do movimento da partícula: a equação da energia será
forma./mente idêntica à equação da energia de uma partícula em movi-. Fig. 19 Em coordenadas polares: v =r Ü + r B w.
menta unidimensional em um campo central; exemplos desse tipo de
movimento já foram estudados no capítulo 8 (Conservação de energia). Ec = rmr2 + ~ mr2e2 (9)
Sejam então r0 e v0 a posição e a velocidade iniciais da partícula
Podemos· eliminar e da expressão da energia cinética lembrando
que
Qo = m ,2 (J •
A expressão (9) se escreve, em função de r, i' e Q0 :
t=O
1
Ee =2mr
·2 + Q&
2mr2 '
e finalmente a equação da energia (equação (7)) passa a ser:
º______---;;- _1 m;2 +
2
Q2
2mr2
o +E (r) =E
p
( 10)
Fig. 18 Movimento de uma partícula em um campo central. Condições iniciais do movimento.

484 485
Observe-se que:
a. E e Q0 são respectivamente a energia total, e o momento angular
em relação ao centro de força. Essas duas constantes são determinadas (a)
pelas condições iniciais (r0 e v0 da Fig. 18).
b. a relação ( 10) contém também a conservação do momento an-
gular: ela é uma síntese das duas leis de conservação.
c. essa relação é válida qualquer que seja a lei de força, desde que a
força seja central e que seu módulo dependa somente da distância da
partícula ao centro de força.

11.7 DISCUSSÃO DA EQUAÇÃO DA ENERGIA


A discussão da equaçã~ ( 1'0), que faremos a seguir, permite pôr em (b)
relevo uma analogia formal entre:
a. por um lado o estudo da variação da distância de uma partícula ao
centro de força, numa interação bidimensional central: é o problema que
estamos tratando; Fig. 20 Em (a) o observador está imóvel: ele vê um movimento bidimensional (variáveis r e Ili.
b. por outro lado, o estudo da variação da posição de uma partícula Em (b) o observador gira com o raio-vetor da partícula: ele vê um movimento unidimensional
(variável x). ·
ao centro de força, numa interaç~o unidimensional central: é o tipo de
problema que foi estudado no capítulo 8 quando analisamos qualitati-
observador se mantém parado (fig. 20-a), vê um movimento bidimen-
vamente movimentos unidimensionais pela introdução do gráfico de
sional: a posição da partícula em qualquer instante é determinada pelos
potencial. valores respectivos de um ângulo () e de uma distância r (supondo-se que
Com efeito, suponhamos que, a uma partícula em movimento uni-
o observador utilize coordenadas polares). Para ele, a equação da energia
dimensional, se associe a energia potencial:

V(x) =
Q2
2 ,:;x 2 + Ep(x),
é:
-t m r2 + V(r) = E,

Q2
em q1;1e a constante Q0 e a funçãoEP. são idênticas às da equação (10). A com V(r) - ., ~ _2 + Ep (r).
posição algébrica da partícula é x. 'A equação da conservação da energia,
para essa partícula, se escreve: Mas se o observador estiver girando em torno de O, acoropanhando
sempre o raio-vetor da partícula, como na fig. 20-b, vê um movimento
1 Q2 unidimensional: a posição da partícula em qualquer instante é determi-
-mf< 2 + n +E (x) =E ( 11)
2 2mx 2 P nada pelo valor da abscissa x. Para ésse observador, a equação da energia
é:
V(x) ~ mx 2 + V(x)=E,
A relação acima é formalmente idêntica à equação (10). Como
estudaríamos o movimento dessa partícula? Construiríamos o gráfico de em que Qij + Ep (x).
V(x)= 2mx 2
potencial V (x); as interseções do gráfico com a reta de ordenada E (cons-
tante) nos forneceriam as regiões acessíveis, os pontos de retorno, etc ...
Podemos interpretar fisicamente a am;logia formal entre as equa- A análise do gráfico de potencial que faremos a seguir nos for-
ções (10) e (11). A fig. 20 mostra uma partícula em movimento em um necerá o ponto de vista do "observador (b)" (observador em rotação).
campo central. Um observador está no centro de força, em O. Se esse Teremos que "traduzir" essas informações para o "observador (a)."

486 487
Construiremos o gráfico não da energia potencia 1 real, isto é, Observemos que, para que a construção do gráfico de potencial
Ep(r), mas da soma V(r) = ?
Q2
~ ,.2 + Ep(r).
efetivo seja possível, é necessário conhecer a função Ep (r). Como uma
das classes mais importantes de campos centrais é a classe dos campos em
~2 ~ (campo gravitacional, campo coulombiano), utilizaremos neste exem-
O acréscimo do termo 2~ que na realidade representa uma parte da
mr ;lo o potencial correspondente, da forma ~ (k >O: campo repulsivo;
energia cinética da partícula (a parte associada à rotação da partícula em
torno de O), e não uma energia potencial, é o preço que devemos pagar k <O: campo atrativo). Supondo-se o campo atrativo (campo gravi-
para transformar o problema real (bidimensional) em um problema tacional por exemplo), o gráfico correspondente à energia potencial
fictício (unidimensional). É, no fundo, o preço de se estudar o problema real Ep (r) tem a forma indicada na fig. 21.

O gráfico da função 2 ~ r2 não oferece dificuldades: ele é tam-


em um referencial não inercial (o referencial em rotação do obser-
vador-b). A soma V (r) é tradicionalmente chamada: energia potencia/
efetiva. bém mostrado _na fig. 21. Observamos que esse gráfico não depende do
tipo de campo considerado, à diferença do que acontece com Ep (r).
E O gráfico da energia potencial efetiva V (r), (ou gráfico de poten-
cial efetivo) obtém-se pela soma das ordenadas dos dois gráficos pre-
Q2 cedentes. Esse gráfico está representado em traço grosso na fig. 21. Se
o o campo for atrativo, como se supôs, V (r) passa por um mínimo.
Gráfico de. 2 mr 2
/
EXERC(CIO
Prove que V (r) passa por um mínimo.

-
Sugestao: po d e d erivar
. Q6 k em re 1açao
a sorna---+- - a r. Lem b re-se que k e. negativo
-
para um campo atrativo. 2mr' r

O gráfico de V (r) foi repetido, sozinho, na fig. 22. Podemos


o agora, nessa figura, acompanhar as deduções qualitativas do "obser-
~'"""~~~~--=::::::::==== vador (b)" (observador em rotação), traduzindo-se a seguir para o
"observador (a)" (observador imóvel). Essas deduções serão feitas em
função do valor da energia total E do movimento (observando-se pre-
liminarmente que não há movimento possível se a energia total for
menor que o valor E0 correspondente ao mínimo de V (r).
' Gráfico de Ep real
k
E (r) =-(k < o) Se E< E 0 não hã movimento possível.
p r .
E, Se E= E0 movimento circular.

•- .,- f r Se E= E, partícula ligada.


O V
a
Se E= E 1 partícula não ligada.
E11
Eo
\7--
Fig. 21 Gráfico de potencial e-fetivo.
Fig. 22 Gráfico de potencial efetivo.

488 489
2.0 CASO
1.0 CASO
Energia total E, tal que
Energia total E= E 0 • [ E 0 < E 1 < O]

PONTO DE VISTA DO OBSERVADOR EM


INTERPRETAÇÃO PARA O OBSER· INTERPRETAÇÃO PARA O OBSER·
ROTAÇÃO PONTO DE VISTA DO OBSERVADOR EM
VADOR IMÓVEL. VADORIMÔVEL
ROTAÇÃO.

o A B
'•
xp=rp xa=ra
O

Ko =ro

Os pontos de retorno são A (xa = r8 ) A distância da part icula à origem


A part icula permanece em repouso varia entre os valores rp (distância de peri·
A partícula descreve uma circun· e B (xp = rpl. A partícula oscila em um
a uma distância x 0 = r0 da origem. centro) e r 8 (distância de apocentro ). Isto
ferência de centro O e raio r0 • poço de potencial unidimensional.
significa que a trajetória bidimensional da
partícula está situada no "anel" limitado
interiormente pela circunferênci~ de raio rp,
e exteriormente pela circunferência de raio
'a- (A figura acima mostra uma trajetória
possível para um campo atrativo qualquer.
Na realidade, com um campo atrativo em
--1- a trajetória seria uma elipse, portanto
r•
urna curva fechada. Ver o capítulo 12 sobre
gravitação. l
Diz-se neste caso que a partícula está
ligada.

491
490
3.o CASO A evolução no tempo do sistema será idêntica à precedente: as traje-
tórias relativas serão as mesmas, e as leis do movimento também.
Energia total E 2 >O.
Vimos neste capítulo que, em um campo central conservativo, o
potencial é exclusivamente função da distância ao centro de forças. Em
PONTO DE VISTA DO OBSERVADOR EM INTERPRETAÇÃO PARA O OBSER-
conseqüência, todas as vezes que a partícula se encontra à mesma dis-
ROTAÇÃO. VADOR IMÓVEL. tância do centro, o potencial é o mesmo, independentemente da orien-
tação do vetor de posição da partícula.
O ..._
A
Nessas condições, vimos que o momento angular se conserva, e
xp='p X
temos então uma correlação óbvia entre a isotropia do espaço, (inde-
pendência do potencial em relação à posição), e a conservação do
A partícula se aproxima da origem, momento angular.
atinge o ponto A em que sua velocidade se
anula (ponto de retorno), inverte o movi- A
mento e vai se afastando até o infinito.

A part (cuia tem uma trajetória do


tipo mostrado na figura. Vindo do infinito
ela se aproxima do centro O até passar pelo
pericentro A(OA = r' p l, afastando-se a se-
guir até o infinito. (Observa-se que a velo-
cidade da partícula em A não é nula.)
A part icula não está ligada.

CONCLUSÃO.
Da mesma forma que a lei de conservação do momento linear, a
lei de conservação do momento angular está ligada a uma propriedade
fundamental do espaço: a isotropia, ou seja, a propriedade de todas as
direções serem, a priori, equivalentes.
Isto significa o seguinte: suponhamos que, no espaço previa-
mente vazio, duas partículas interagem. As posições e as velocidad.es
iniciais das duas partículas são conhecidas. No decorrer do tempo, as
trajetórias relativas das duas partículas serão perfeitamente definidas, e
cada partícula descreverá sua trajetória com determinada lei do movi-
mento.
Suponhamos agora que, no instante inicial, o sistema seja girado
em bloco de um ângulo qualquer ex, junto com as velocidades iniciais.

492 493
LEIS IMPOSTAS AO MODELO:
PROBLEMAS RESOLVIDOS Conservação do momento angular
em relação a O. m v0 d= m 11 2 w
1.R Uma partícula de massa m se move em um campo central, tendo como trajetória uma PREVISÕES DO MODELO
circunferência cujo centro coincide com o centro de forças.
Observa-se que, qualquer que seja o raio R da trajetória, a taxa de variação do vetor Vo d
w=---
área conserva o mesmo valor. 11•
Qual é a forma da função força F (R)? A energia cinética da partícula em movimento circular é Ec = - 1- m w 2 11 2
SOLUÇÃO: 2
dA 11 0
Tem-se -;/;" = 2m = k (=Cte),
1 d 2
=--mru
2
--
11 2
em que 11 0 = mR 2 8 representa o momento angular em relação ao centro da trajetória.
Segue-se que a velocidade angular da partícula é constante, e substituiremos é por CRITICA DO MODELO: d'
fio 2k A energia cinética final é menor que a energia cinética inicial pelo fator ,__ ( < 1 ). A
w=---
mR
=---·
R' 2
11•
energia mecânica "perdida" foi dissipada no fio no instante da interação inelástica entre a par-
Ora pela segunda lei de Newton, a força F(R) produz a aceleração w 2 R da partícula: tícula e a mesa (Terra). O fio não pode ser portanto rigorosamente inextensível.
F(R) =mw2 R.
2k' 3.R INTERAÇÃO DE DUAS PARTÍCULAS. MOMENTO ANGULAR TOTAL
Substituamos w pelo valor - calculado acima:
R' 3.R.1 No RCM
Duas partículas formando um sistema isolado interagem. Coloquemo-nos primeiro no
2k 2 4k 2 m referencial inercial do centro de massa (RCM) e tomemos como origem, para calcular os mo-
F(R)=m(-) R =---·
R' R' mentos angulares, o próprio centro de massa (fig. 1 ).
A força varia portanto em razão inversa do cubo do raio da trajetória.

2.R Uma partícula de massa m pode deslizar com atrito desprezível sobre um plano hori·
zontal. A partícl,Jla está amarrada a um ponto O, fixo no plano por meio de um fio de com-
primento li, inicialmente frouxo.

~·b-/
Comunica-se à massa m utna velocidade v 0 cujo suporte passa à distância d (<li) do
ponto O.
Qual é a energia cinética da partícula no seu movimento circular em torno de O, de- P,
pois do fio ter ficado esticado?

o
SOLUÇÃO:
Fig.1
MODELO FfSICO

HIPÔTESES
MODELO MATEMÁTICO
- -
Sendol! 1 =R 1 xP 1 el! 2 =R 2 xP 2

zível.
Fio inextensível, de massa despre-

Atritos desprezíveis.
PARÂMETROS RELEVANTES
--
os momentos angulares das duas partículas em relação ao CM, representaremos por:
LM=l!1 t l!,
o momento angular total do sistema em relação ao .mesmo ponto.
Massa da partícula, comprimento do Mostraremos antes de mais nada que LM é o mesmo em relação a qualquer ponto fixo
m Q. d ·v 0
fio, distância d, velocidade inii:ial. do RCM.

494 495
Com efeito, seja O um ponto qualquer fixo do RCM. Em relação a O: e por outro lado:
~ 0 = (R 1 l0 xP 1 = (Rl 0 xP, + R 1 xP, p 1 =m 1 v 1 ;.m 1 (V 1 +v*l=P 1 +m 1 v•

~l 0 = (R 2 l 0 >< P 2 = (R)0 xP 2 + R2 xP 2
p, = m, v2 = m 2 (V2 + v*l = P2 + m 2 v•
e somando: L0 = (Rl 0 x (P 1 + P 2 l + LM Nessas relações V1 e V, são as velocidades no RCM; .v• é a velocidade em (Sl do
centro de massa; P 1 e P2 são os momentos lineares ho RCM.
Mas sabemos que no RCM o momento linear total é nulo: P1 + P2 =O e conseqüen- Substituindo na expressão de L0 ·obtemos:
temente: L0 = LM
L0 = (r• + R1 l x (P 1 +m 1 v•l + (r•+ R2 )x (P2 +m 2 v*l =
A conclusão é que:
no RCM de um sistema isolado de duas partículas, não precisa indicar o ponto em =r• >< (P 1 +P 2 l + R1 x P 1 + R2 x P2 +r•x(m 1 +m,l v•+ (m 1 R1 +m 2 R2 l xv•...
relação ao qual se calcula o momenro angular total: L é o mesmo em relação a qualquer
ponto. 2 3 4
Falaremos então do "momento angular total no RCM", representando-o pelo sím-
bolo S. Esse momento angular é geralmente chamado spin. A parcela 1 é nula, pois P 1 + P2 = O..
Observemos agora que, estando o sistema isolado, a força de interação que age sobre. A pareela 2 .é.o momento angular total S no RCM, ou spin.
cada partícula é uma força central: passa pelo próprio centro de massa. A parceia 3 é o momento angular em O de uma partícula que coincidiria com o cen-
Segue-se então que: para um sistema isolado de duas partículas: tro de massa e cuja massa fossa igual· à massa total do sistema. Representaremos esse momento
a. O momento angula·r de cada partícula em relação ao centro de massa conserva-se sem- por L•
pre constante; A parcela 4 é nula pela definição mesma do centro de massa.
b. O momento angular total do sistema em relação a qualquer ponto do RCM conserva-se De modo que: ·
sempre constante.
L 0 =S +L*
3.R.2 EM UM REFERENCIAL INERCIAL QUALQUER O que podemos dizer de L0 , no decorrer da interação dlis duas partfculas? Já sa-
Suponhamos agora que nós calculamos o momento angular total de um sistema iso- bemos que S permanece constante. Por sua vez, o momento angular L• é o momento angular
lado de duas partículas em relação a um ponto O fixo em um referencial inercial (Sl qualquer de uma partícula que teria em (S) um movimento retilíneo uniforme com velocidade v4! Esse
(fig. 2l. momento angular em ó permanece constante.
De modo que Se L • permanecem separadamente constantes no decorrer da interação.
Enunciemos então:
Em relw;ão a um ponto O de um referencial inercial, o momento angular total de úm
(1) sistema isolado rle duas partlculas iJ a soma do momento angular total do sistema no RCM t1
e
~
P1 do mofTltlflto .angular ém O de uma partlculs de massa igual à massa total do sistema que
coincidiria com o centro de massa. Cada um desses momentos angulares permanece constante
no decorrer da interação. Assim acontece com o momento angular total do sistema.
·o momento angular interno, ou spin, caracteriza evidentemente a rotação do sistema er:.n
em torno do centro de massa. O momento angular L • é então chamado momento orbital, repre-
sentando-se por L. Caracteriza o movimento "em bloco" do sistema em relação ao ponto O. Nes-
sas condiç6es o momento angular total se representa geralmente por J. A relação entre esses três
momentos é:
J=S+L
P2

o
Fig. 2

Em determinado instante, p 1 e p, são os momentos lineares das partículas, medidos


em·(S).
Obviamente, a soma p 1 + p 2 não é mais nula.
Representemos por L 0 o momento angular total em O. Temos:
L0 = r 1 x p 1 + r2 x p2
Observemos agora que:
r 1 = r• + R 1 r 2 = r* + R2

496 .497
móvel em relação a um ponto que dista 'd= 1•102 m da estrada, nos casos seguintes (dizendo
EXERCfCIOS como varia o momento angular em cada caso): ·
a. o automóvel mantém constante sua velocidade;
b. o automóvel acelera; ·
1 Em relação a determinado sistema. de eixos cartesianos, o momento linear de uma par- e. o auto móvel freia.
tícula, em determinado instante, tem as seguintes componentes: Você deverá fazer uma avaliação razoável dos dados numéricos necessários e não for-
necidos.
Px = 2,0 kg • m/s; Py =2,0 kg • m/s; Pz =1,0 kg • m/s.
No mesmo instante as coordenadas da partícula são: 7 O apogeu I= altitude má xi ma) de um satélite terrestre é 1,00.1 o• m. O perigeu I= al-
titude minimal é 1,00.10 5 m. O raio da Terra é 6,37.10 6 m. .
x = 1,0 m; y = -2,0 m; z = 3,0 m. Qual é a razão entre a velocidade máxima e a velocidade mínima do satélite, na sua
Calcule, no instante considerado: órbita?
a. as componentes do momento angular da partícula em relação à origem;
b. o módulo desse momento angular. 8 Em determinado instante, uma partlcula de massa 1,0 kg encontra-se no ponto
(x = 3,0 m. V-= 4,0 m) com velocidade v = 5,0y (m/s).
Nesse instante, a part (cuia sofre uma interação impulsiva instantânea, após a qual a
2 Em determinado instante, e em relação a determinado sistema de eixos cartesianos, o velocidade passa a ser de 3,0m/s na direção perpendicular ao vetor de posição da partícula, e
momento linear e a posição de U1!18 partícula são respectivamente: dirigida para o eixo oy. Mostre que a direção do impulso passava pela origem O do sistema de
p = - 3,0x + 4,0~ - 1,0z (kg· m/s); r = 3,0ic- 2,0y + 2,0f(ml. eixos.

Qual é nesse instante, o momento angular da partícula em relação à origem? Qual é o 9 Uma partícula tem, no plano xoy, um movimento retil lneo uniforme com velocidade
módulo do momento angular? v paralela a ox e de sentido oposto.
Pede-se construir alguns vetores momento angulares da part (cuia em relação a pontos
3 Uma partícula de massa m = 0,20 kg descreve a reta de· ordenada y = 1,0 m com ve- do eixo oy.
locidade constante v = 5,0 m/s.
10 Considere o sistema binário formado por Sirius e seu "companheiro" (fig. 3). Sendo
Mc=]_M5 ,e Rs o raio da órbita de Sirius em torno ~o centro de massa do sistema, calcule o
3
momento angular total em relação ao centro de massa, em função de Ms Rs e da velocidade
angular w do conjunto.

11 A força de interação gravitacional é da forma..!!.__, em que k é uma constante, e r a


r2
distância da partícula considerada ao centro do corpo central (Sol, Terra, Júpiter ... ).
Um satélite artificial da Terra tem momento angular li em relação ao centro da Terra,
e a sua órbita é circular. Sendo m a massa do satélite, qual é o raio da órbita, em função de 2,
k em? · ·

12 A trajetl:ria de uma partícula carregada (próton por exemplo) está representada na


figura. Sabe-se que:
x(m)

a. Clual é o valor do módulo da componente Po do momento linear da particula nos B


instantes em que a partícula ocupa as seguintes posições:
'"=o
lv = 1,0m
2 ·{" = 1,0m
y = 1,0m
3 {"= 10m
y = 1,0m
b. Qual é o valor do produto rp 0 em cada uma dessas posições?

4 Um automóvel percorre uma pista circular de 20 m de raio. Dê uma avaliação razoável


do seu momento angular em relação ao centro da circunferência. A 1 4
0

5 Um automóvel tem movimento retilíneo uniforme com velocidade v.


· '5endo m a massa do automóvel, calcule o seu momento de inércia em relação a um
eixo perpendicular à estrada (e que não a cruze).

6 Um automóvel percorre uma estrada retilínea. Calcule o momento angular do auto-

499
498
a. o .módulo da velocidade da partícula é constante;
b. ao longo do qualilrante de circulo AB, de centro O, a partícula foi defletida por um a. da energia total?
campo magnético. b. do momento angular dos dois satélites em relação a O?
O que se pode dizer da força exercida pelo campo sobre a part !cuia, ao longo do arco c. como se comparam as distâncias de perigeu e de apogeu dos dois satélites?
AB7 16 Um disco (1) de massa m repousa sobre uma mesa horizontal com atrito desprezível.
O disco está amarrado a uma haste de aço de comprimento 2d e de massa muito pequena em
=
13 Atira-se um projétil de 1,0 kg com uma velocidade inicial v0 2,0 • 10 2 m/s fa-
comparação com m.
zendo o ângulo et = 60º com a horizontal. Considere o momento angular do projétil em rela-·
ção ao ponto de lançamento O.
a. Como varia esse momento angular em relação ao tempo?
b. Qual é o valor do momento angular (módulo) 2,0 s depois do lançamento? ---------- 2d --.--------

14 No chamado "espalhamento de Rutherford" uma partlcula et vindo do "infinito" com


velocidade v0 , muda de direção sob a ação do campo central repulsiw de um núcleo Pesado.
Sendo .A o ponto de maior aproximação do núcleo, e vA .a velocidade correspondente, qual é a
em
G\
V
relação entre VA e v0 ?

b
2

"' Vo m

A extremidade livre dessa haste é dobrada em forma de gancho.


Um outro disco (2), idêntico ao primeiro, movimenta-se sobre a mesa com velocidade
constante v perpendicular à direção da haste. Esse disco será "capturado" pelo genchÔ, ap6s- o
que o conjunto dos dois discos ligados pela haste formará um sistema rlgido.
A Antes da captura:
a. Qual é a velocidade, no laboratório, do centro de massa dos dois discos?
Os parâmetros relevantes estão indicados na figura. b. Qual é o momento angular do disco 121 em relação ao disco (1 )7
c. Qual é a velocidade do disco (11 no RCM? ·
.· 15 Dois satélites artificiais são lançados do mesmo ponto A. O satélite (1) é lançado com d, Qual é a velocidade do disco (2) no RCM?
a v.,tocidade inicial v, perpendicular a OA. O satélite (2) é lançado com a velocidade v 2. mos- e. Qual á o valor do momento angular do sistema em relação ao CM?
trada na 'figura, com v2 • v 1 • O que se pode dizer: B Depois da captura:
a. Qual é a velocidade, no laboratório, do centro de massa do sistema?
b. Qual é o momento angular do sistema em relação ao CM?

500
501
~1tvtis:UaüE ~~Pr::i~i e~:-;.~; G úr:[~~
A.ihlint-.r:a r.i;ntra.1
QUESTÕES CONCEITUAIS E

1 Uma partícula tem trajetória circular. Existem pontos do plano da trajetória em rela·
ção aos quais o momento angular da partícula pode ser sempre nulo? Instantaneamente nulo?

2 Uma partícula tem um movimento circular não necessariamente uniforme. Seja oR:, r
momento angular da partícula em relação ao centro da circunferência (fig. 9).
Sendo P um ponto qua~er do plano da trajetória, diferente de O, pede-se const.ruir o
as posições da partícula em que l!p =2';,. E
3 Uma partícula tem um movimento circular uniforme. Sendo Pum ponto do plano da
trajetória diferente do centro O, pede-se construir as posições da partícula para as quais o mo·
mento angular em relação a P seja a. máximo; b. mínimo.

4 Considere o poço de potencial efetivo de uma partícula submetida a uma interação


central atrativa e conservativa (fig. 221. Vimos que, se a energia total for E0 , a trajetória da No pericentro e no apocentro, qual é a velocidade medida pelo observador em ro-
partícula é uma circunferência de raio r 0 • Mostre que o movimento da partícula, além de cir- tação? Qual é a velocidade medida pelo observador parado?
cular, é também uniforme.

5 Uma partlcula se movimenta em um campo atrativo. Sendo 'P e 'a as distâncias res-
pectivas de pericentro e de apocentro, aprendemos que a trajetória da partícula se encontra
necessariamente entre as circunferências cujos centros coincidem com o centro de força e cujos
raios são rp e 'a". Nesse caso, mostre que uma trajetória cuja forma seria a representada na
figura é impossível.

6 Uma partícula se movimenta em um campo central atrativo e conservativo. O poço de


potencial efetivo está representado na figura.
Sendo E a energia· total, 'P e 'a são respectivamente as distâncias de pericentro (ponto
de maior aproximação) e de apocentro (ponto de maior afastamento). Como indicado no
texto, o movimento pode ser estudado do ponto de vista de um observador em rotação com o
vetor de Posição da partícula, ou do ponto de vista de um observador parado.

502 503
PROBLEMAS Qual é o mo·mento angular~ da bola em relaçã~o ponto de suspensão 07
Mostre diretamente que a taxa de variação de Q0 é medida pelo torque em relação a o
das forças que agem sobre a bola do pêndulo.
1 O movimento de uma partícula é circular uniforme. Resposta: Q0 =m wd2 (1 - g 2 /w4 d 2 )
Calcule o momento angular da partícula em relação a um ponto qualquer P da cir·
cunferência, e construa o gráfico da variação de QP em função do ângulo 11 (ver figura).
4 Gira-se uma pedra de 0,20 kg em um plano horizontal com o dispositivo mostrado na

-
Qp
V
figura. Quando o raio da trajetória é 1,0 m, a velocidade angular da pedra é 1 O rad/s. Puxa-se a
corda exercendo-se uma força quase-fltática F na extremidade inferior, e mantendo-se o tubo
im6vel, até que o raio da trajetória seja reduzido a 0,50 m.

Resposta: flp= 2mvrsen 2 !.2·


2 Volte ao problema do pêndulo simples estudado no capítulo. 10. Obtenha a equação
do movimento do pêndulo escrevendo que a taxa de variação do momento angular da bola do
pêndulo, em relação ao ponto de suspensâ'o, é medida pelo torque resultante, em relação àquele
ponto, das forças que atuam sobre a bola.
Como se transforma a equação obtida, no caso das pequenas oscilações?
Resposta: ii +!!...senil =O; ii +!!...li =O
Q Q
F
3 l:Jm pêndulo cônico é constituído por uma bola presa na extremidade de um fio
de comprimento d. O fio está por sua vez amarrado a um suporte fixo no laboratório. O
pêndulo gira com velocidade angular w constante, o fio fazendo o ângulo constante e. com a a. _Qual é a velocidade angular final da pedra?
vertical. b. Qual é a força F (módulo) que se deve exercer sobre o fio7
e. Qual é o trabalho dessa força quando se reduz o raio da trajetória à metade do seu
valor inicial?
d. Compare esse trabalho com a variação da energia cinética da pedra.
Resposta: a. 40 rad/s ; b. F =mf'3 willr"; c. 30 J

5 Uma partícula e. de massa m 1 é espalhada por um núcleo de massa m 2 >> m,. O


km
potencial
.
de interação é repulsivo, valendo--'
r
((k constante positiva).

m,
1
b

m, Vo

504 505
Quando a partícula a está muito afastada do núcleo, sua velocidade é v0 • e o suporte
de v0 dista b do núcleo (b é chamado "parâmetro de impacto"). 8 Dois discos de massas respectivas m, = 0,20 kg; m2 = 0,30 kg, repousam sobre uma
A que distância mínima d do núcleo passará a part fcula a? mesa onde podem deslizar com atrito desprezível. Um fio de comprimento d= 0,80 m, inex·
tensível, une os dois discos.
Respostas: d= ~ { 1 + (1 + b 2 ~ lk 2 )Y.& }

6 No campo central do Sol, um planeta descreve uma elipse cuja excentricidade é e; o


Sol (centro de força) coincide com um dos focos da elipse. Sendo A e A' por um lado os
vértices do eixo maior da elipse, e B e B' por outro lado os vértices do eixo menor, determine
qual é a fração do período gasto pelo planeta para percorrer o arco B A'B'.

No início da experiência os doi.s discos estão em repouso, o fio está esticado, passando
através de um anel preso à mesa. O disco (11 dista r0 = 0,20 m do anel.
A A' -Em r =O o disco (1) sofre um impulso instantâneo de 0,60 N. s, numa direção per·
pendicular à direção do fio. ·
a. Qual é a velocidade do disco (2) no instante em que ele dista 0,40 m do anel?
b. Qual é então a tensão do fio?
Resposta: a. 1,6 m/s; b. 1,4 N

B' 9 Uma part fcula de massa m = 0,20 kg movimenta-se em um campo conservativo central
sob a ação de uma força atrativa de módulo constante F = 20 N.
7 Um disco de massa m = 0,20 kg pode mover-se sobre urna mesa de ar com atrito des· a. Qual é o raio da órbita circular com momento angular de 1,0 kg· m 2 /sem relação ao
prezível. O disco. está amarrado na extremidade de um fio que se enrola, à medida em que o centro de força? Qual é a energia total correspondente?
disco vai se movendo, em torno de um cilindro vertical fixo de raio R. Quando o compri· b. Construa o poço de potencial efetivo correspondente ao momento angular de
menta livre do fio é d 0 = 0,50 m, a velocidade do disco é v0 = 2,0 m/s. 1,0 kg. m 2 /s. Supondo-se uma energia total de 20 J, determine graficamente as distâncias de
maior e menor aproximação.
Respostas: a. 19J; b. rp =0,50 m, r 8 = 0,80 m.

1O Dois discos cujas massas respectivas são m 1 = 0, 1O kg e m 2 = 0,20 kg são unidos por
urna mola cujo comprimento normal é r 0 = 0,30 m.
· O conjunto repousa sobre uma mesa de ar, com atrito desprezível, encontrando-se a
mola relaxada. Em r =O dá-se aci disco (1) a velocidade v, = 2,83 m/s (- 2../2 m/s) e ao disco
(2) a velocidadev 2 = 1,41 m/s <-.J2 m/s). Essas· velocidades são paralelas, de sentidos opos·
tos, e fazem o ângulo de 450 com a direção da mola, como mostra a figura.

v,

(2) (1)
\45º

Quando o comprimento do fio for d = 0,25 m:


-=}~ôlfOõôõôõ
·~ 2

ai Qual será a velocidade do disco? a. Qual é o momento angular do sistema em relação ao centro de massa? (Veja o pro·
b) Qual será o valor do seu momento angular (m6dulo) em relação ao ponto O? blema resolvido 3-R.I
b. Qual é a energia cinética inicial no RCM?
506
507
c. Sendo de 40N/m o coeficiente da mola; determinar o comprimento máximo dessa 13 PROBLEMA EXPERIMENTAL
mola, no decorrer do movimento. Afastando-se um pêndulo da sua posição de equil lbrio, de um ingulo pequena, e
comunicando-lhe uma velocidade Inicial n6a rsd/111, observHll que a curva descrita pelo pêndulo
Respostas: a. 6,0 • 10·2 kg-m• /s; b. 0,60 J; c. 0,45 m. esté praticamente em um plano horizontal, e que assa curva é parecida com uma elipse (a curva
é uma elipse, mas lao é Irrelevante neste problema).
11 Um disco de massa m = 0,20 kg, que pode deslizar sobre uma mesa da ar, está preso
na extremidade de t1mà mola de comprimento relaxado r 0 = 0,25 me coeficiente k = 50 N/m.
A outra extremidade da mola pode girar livremente em torno de um eixo fixo O. Estica~e a
mola até o comprimento 2r0 = 0,50 m, e comunica-se ao disco uma velocidade v0 = 2,0 m/s
numa direção perpendicular à direção da mola.

V
1. Mostra que a força resultante que age sobre o pêndulo é aproximedamenta c:8ntral,
r:aaando pela posição de equil !brio O.
2. Como se poderia determinar, experimentalmente, o valor do m6dulo do momento
angular em ralação a 07 •
·Pede-se: 3. QJal é o valor de energia total?
a. Construir, em papel milimetrado, o poço de potencial efetivo do sistema.
b. Traçar, no gr6fico, a reta de energia total, e determinar as distâncias mínima e m6xirna
do disco ao eixo O.
e. Determinar no gr6fico o raio da 6rbita circular de mesmo momento angular. QJal seria
a velocidade do disco nessa 6rbita7 Oual seria o valor da energia total?

Respostas: b. 33 cin, 50 cm; e. 'e = 35 cm; "e =2,8 m/s; Ec =1 IJ J.

12 Interação de duas partfcules formando um par· isolado: Mostre que a energia cinética
do sistema, no RCM, se expressa por:
1
IEcl RCM = - - I' (~ +-·--,
2 s•
·2 dt 2µr 2

em que I' é a massa reduzida do sistema (µ = mm.+m


1
m 2
2
) ,

r é a distância entre as partlculas no instante genérico t, e S é o m6dulo do spin do sistema •Sugestão: procura um mlltodo experimental que lhe permita medir a área da elipse descrita pelo
(veja o problema resolvido 3-RI. pêndulo.

608 509
)>
(J)

2
-t
m
(J)
m
2
m
~
-t
o
-2)>
2
)>
Capítulo 12
Capitulo 12 A GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
A GRAVITAÇÃO UNIVERSAL, 513

Complemento 1, 567
Complemento 2, 570

A GENESE DA TEORIA

INTRODUÇÃO
Com este Capítulo, chegamos ao "ponto culminante da Revolução
Científica do Século XVII.
Começada com Galileu, essa revolução prosseguiu com Newton.
Tentemos. caracterizar o que a tornou possível:
a. Em primeiro lugar, desde Galileu, sabia-se como fazer perguntas
à Naturezd, 9 que tipo de perguntas eram relevantes; sabia-se, se não
explicitamente, pelo menos operacionalmente, construir modelos;
b. novos instrumentos matemáticos (o cálculo diferencial e integral)
nasciam com o próprio Newton, e com Leibniz;
c. havia, enunciadas por Newton, Definições e Leis que constituíam
uma doutrina coerente do movimento relacionado com as causas (for-
ças) das suas mudanças (acelerações);
d. na Inglaterra, na Itália e na França, Sociedades Científicas se
formavam: a mais célebre era a Royal Society, em Londres. Nessas
Sociedades, homens de ciência reuniam-se para discutir os problemas
que desde Aristóteles atormentavam os estudiosos: movimento dos
objetos celestes, geocentrismos versus heliocentrismo ... assuntos aos
quais se somavam as recentes descobertas de Kepler e de Galileu.
e. finalmente, graças aos esforços daqueles homens, entre os quais
se encontr!lvam físicos (Newton~ Hooke, Wallis, ... ) e astrônomos
(Halley), a Física e a Astronomia, separadas desde Ptolomeu, iriam jun-
tar-se de novo.
Foi a conjugação de todos esses fatores que tornou possível a
elaboração, por Newton, da Teoria da Gravitação Universàl.

513
Essa Teoria iria finalmente dar as respostas aos problemas sobre 2 A MAÇÃ E A LUA
os quais, havia dois mil anos, tropeçava o pensamento científico do Newton quer agora saber se a força que mantém os planetas nas
mundo ocidental. suas órbitas, e presumivelmente a Lua na sua, é a "mesma" força que
atrai os corpos na superfície da Terra.
12.1 OS PASSOS PRELIMINARES Se a força for a mesma (entendendo-se: de mesma natureza), então
Referindo-se mais tarde aos dois anos de retiro em Woolsthorpe, a aceleração da Lua na sua órbita e a aceleração de um corpo que cai na
por causa da Grande Peste (1665-1666), Newton dizia: superfície ·da Terra, devem estar entre si na razão inversa dos quadrados
Naquele mesmo ano, começei a cogitar que a gravidade se es- das distâncias respectivas da Lua ao centro da Terra (raio da órbita da
tendia até a órbita da lua,·. . . a partir da [3.a j lei de Kepler . .. Lua) e do corpo ao centro da Terra (raio da Terra).
demonstrei que as forças que mantêm os planetas nas suas órbitas de- Alguns biógrafos de Newton afirmam que foi a queda de uma
vem [estar} na razão Inversa das suas distâncias do centro em torno do maçã num pomar, enquanto Newton estava imerso nas suas meditações,
qual giram: daí comparei a força necessária para manter a. lua na sua que teria "catalisado" o processo mental que o levou à comparação das
órbita, com a força da gravidade na superfície da Terra, e achei que duas acelerações.
correspondiam mais que razoavelmente.
Aquilo tudo aconteceu nos dois anos da peste de 1665 e 1666: Façamos o cálculo.
naqueles dias encontrava-me em plena juventude e com toda a força da A Lua tem um período de 27,3 dias ou seja, 2,35 • 106 s. O raio da
minha capacidade criadora, e me ocupava de Matemática e de Filosofia sua órbita é 3,84 • 108 m.
[natural] mais do que em qualquer outra época desde então. A sua aceleração é pois, em módulo (expressão 2):
Sigamos o programa traçado por Newton.
a = 4(3, 14) 2x (3,84· 108 ) = 2 74 • 10 -3 m/s2
1 3.a LEI DE KEPLER E AS ÓRBITAS CIRCULARES L (2,35 • 106 ) 2 1

Admitamos que os planetas tenham órbitas circulares: sabemos A aceleração da maçã na superfície da Terra é:
que isso é verdadeiro em primeira aproximação.
Representando-se por To período de um planeta e por r o raio da. a,,, = 9,8 m/s2 •
sua órbita, a 3.a lei de Kepler diz que: A razão entre essas duas acelerações é:
T2 /r =
3 k = (Cte). (1) 9,8
~= 2,74. 10-3 = 3,6. 103. (5)
A aceleração do planeta no seu movimento circular uniforme é: aL
a = v2 Ir= 4?r2r/T 2 = (4?r 2/r2 ) (r 3 /T 2 ), (2) Calculemos a razão inversa dos quadrados do raio da órbita da Lua
ou seja, substituindo-se r 3 /T 2 por 1/k =k 1:
e do raio da Terra (igual a 6,38 • 106 m):
a= k 1 (4?r2/r 2 ) = K/r 2 • (3) (~)2
'r ·
( 3,84 .. 10ª )2= 3,6. 103
6,38 • 106
(6)
A aceleração do -planeta é- pois inversamente proporcional ao qua- ·
drado da sua distância ao Sol. Efetivamente, temos:

Ora, pela 2.a lei, a força total que age sobre o planeta é igual ao ªm·. = (__..!!:.._) 2 (7)
produto da massa do planeta por sua aceleração. Resulta que: aL rT
Há conseqüentemente fortes indícios de que "a gravidade [ter·
F = Km (4)
restre] se estenda até a órbita da· Lua" ou ainda, como Galileu o tinha
r2
pressentido, que a física terrestre se aplique também aos "céus", ou pelo
menos, ao sistema solar.
É o resultado anunciado por Newton. A teoria da gravitação universal vai agora surgir da conjunção de

514 616
uma hip6tese fundamental, com as leis fundamentais da mecânica da e. O conjunto da hipótese fundamental e das leis do movimento, que
partícula. será completado na seção 12-6 pelo postulado da identidade entre massa
inercial e massa gravitacional, constitui uma teoria: a primeira teoria
12.2 HIPÔiESE FUNDAMENTAL ("LEI DA GRAVITAÇÃO UNI· física a ser elaborada.
VERSAL")* Teremos oportunidade, no decorrer do capítulo, de apreciar a
12.2.1 ENUNCIADO coerência interna e a abrangência dessa teoria.
1 A matéria possui a propriedade de atrair gravitacionalmente a ma·
téria. Essa propriedade se mede pela massa gravitacional m9.
2 A força de interação gravitacional entre duas partlculas cujas mas- 12.3 O CAMPO GRAVITACIONAL TERfiESTRE
sas gravitacionais são mg 1 e mg 2 , e que distam der, é (em módulo): 12.3.1 INTENSIDADE DO CAMPO
Seguimos a "linguagem de campo", já utilizada no capítulo 6
- mg1mgz (figura 1).
F-G ., , (8)
r
em que G é uma constante chamada "constante universal da gravitação".
12.2.2 COMENTÁRIOS
1
...... mgr
a. Veremos na seção 12-3-4 que as massas gravitacionais de dois cor-
pos se comparam pela balança. .
b. O valor da constante G foi determinada em 1798 pelo físico inglês
Cavendish, medindo com uma balança de torção a força de atração entre
duas bolas de chumbo. O valor de G será lembrado na seção 12-6-2,
depois do postulado da identidade entre massa inercial e massa gra-
vitacional.**
c. Antecipemos, a respeito da unidade de massa gravitacional, o resul-
tado da seção 12-6. Em conseqüência do postulado de identidade, a
o/
.. centro do campo

massa gravitacional se mede com a mesma unidade que a massa inercial: o


quilograma (kg). Fig. 1 No ponto em que a intensidade do campo é r a partícula de massa m é submet·da à f .
d. Em quase todas as conseqüências da teoria da gravitação universal, ça m9 r. 9 .1 or
os planetas são·substituídos pelo modelo de partícula: supõe-se que toda A força F de interação que age sobre a partícula de massa mg é o
a massa do planeta esteja concentrada no centro. produto:
Foi Newton quem mostrou que, para pontos exteriores à super- a. de uma grandeza escalar que caracteriza a capacidade de interação
fície de uma esfera cuja densidade é somente função da distância ao da partícula com o campo, no caso, sua massa gravitacional mg.
centro, a ação gravitacional da esfera é idêntica à de uma partícula de b. de uma grandeza vetorial que caracteriza o campo, no ponto em
mesma massa, situada no centro da esfera. que se situa a massa mg, e que se chama a intensidade r do campo, no
Aceitaremos esse resultado sem demonstração: é um mero exer· ponto considerado.
cício de cálculo integral, geralmente proposto em todos os cursos de O módulo da intensidade do campo produzido pela Terra, de mas-
Cálculo.
sa Mg é:
• O que se segue não é uma reprodução dos argumentos newtonianos como ele os expôs, nos
1r1 = G Mg/r 2 (r ~raio da Terra) (9)
"Principia"; a ordem é diferente, como também os métodos utilizados. O conceito de maslti
,gravitacional não foi discutido por Newton. O vetor intensidade do campo é dirigido para o centro da Terra
(centro do campo). ·
•• Esse valor já foi fornecido na seção 5.9.1 do cap(tulo 5. A unidade de intensidade de campo é o N/kg.

516 517
Teremos então, para a força F: 12.4 COMPARAÇJ\O DAS MASSAS GRAVITACIONAIS PELA
F=mg/rl ( 1O) BALANÇA

Anoter.nos que o campo gravitacional (da Terra, do Sol, de qual-


A força de atração gravitacional que se exerce sobre uma partícula
quer planeta ... ) é um campo em 1fr2 ; sua intensidade diminui rapida-
mente com a distância. de massa m9, no campo restrito é:
F = mg'f. (14)
12.3.2 ENERGIA POTENCIAL DE INTERAÇÃO GRAVITACIONAL
Transcrevemos diretamente o resultado obtido no capítulo 8: o
Dois corpos com a mesma massa gravitacional, no laboratório, são
coeficiente k da relação 7, pág.300, é igual a GMg; a energia potencial de
interação de uma partícula de massa mg é: · submetidos a forças gravitacionais iguais; se esses dois corpos forem co-
locados nos pratos respectivos de uma balança de braços iguais, a balança
GMgmg permanecerá em equilíbrio. Ou ainda, se esses corpos forem suspensos,
E == - , (r ;:;;i: raio da Terra) (11 )
r sucessivamente, a uma mola calibrada, a mola dará a mesma indicação
com a convenção Ep (Oó) =O. para cada um dos corpos.
Concluímos que a balança, ou a mola calibrada, permitem com·
12.3.3 CAMPO TERRESTRE RESTRITO parar, e conseqüentemente medir, ·massas gravitacionais.*
Representemos por z a altitude de um ponto acima da superfície Ora - esse fato já tinha sido assinalado no capítulo 4 -, se com-
terrestre. Sendo R o raio da Terra, a distância do ponto ao centro da pararmos por um lado as massas gravitacionais de dois corpos (pela ba-
Terra é r = R + z. lança) e suas massas inerciais por outro lado (por uma experiência de
Substituamos em (9): a intensidade do campo terrestre no ponto interação), acharemos que a razão entre as massas gravitacionais é sempre
considerado é: · igual à razão entre as massas inerciais.
GMg GMg Essa proporcionalidade entre massa inercial e massa gravitacional
constitui talvez o maior "mistério" da Mecânica clássica. Com efeito,
lrl= (R+z)2 = R2(1+z/R)2 . (12) nada pode, a priori, levar a pensar que a propriedade da matéria atrair e
No chamado "campo restrito", zé da ordem de alguns quilôme- de ser atraída pela matéria, possa ter algo emtum com a propriedade
tros. Sendo R da ordem de 104 km, a fraçãoz/R é da ordem de 10-<1. de inércia.
Se não exigirmos uma precisão maior que a de uma parte em mil, o Em conseqüência, o desejo de verifica , ou de falsificar, essa pro·
que é o caso em todos os fenômenos estudados neste curso, bem como porcionalidade, por experiências cada vez mais precisas, foi e continua
em todos os problemas de Engenharia, podemos desprezar z/R em com- sendo um desafio permanente para os pesquisadores.
paração com 1. Hoje em dia, a proporcionalidade entre massa inercial e massa
Nessa aproximação, a intensidade do campo, na vizinhança da gravitacional está verificada com a precisão da ordem de uma parte em
superfície terrestre, é:
1011.
_ GMg Embora misterioso, esse comportamento da Natureza em relação à
'lYI = -fi2.
·- · (13l massa inercial e à massa gravitacional, justifica o enunciado de uma lei
natural.
Essa intensidade é constante (com as restrições sobre a altitude já
assinaladas).
Por outro lado, se as dimensões paralelas à superfície terrestre não
excederem também de alguns quilômetros, as direções de "f (verticais dos •Convém insistir no entanto, a fim de evitar erros conceituais, sobre o fato de que a balança
pontos considerados) são praticamente paralelas: o campo terrestre res- compara realmente forças; as forças (de atração gravitacional no caso) exercidas sobre os corpos
trito é um campo uniforme. situados nos pratos. A equivalência da comparação entre forças por um lado e entre massas por
outro lado, é circunstancial, devendo-se ao fato de os corpos se encontrarem em um campo
Passemos agora à comparação das massas gravitacionais. uniforme (o campo restrito), bem como ao fato de as forças serem proporcionais às massas.

518 519
12.5 LEI DA PROPORCIONALIDADE ENTRE MASSA INERCIAL E CONSEQÜÊNCIAS DA TEORIA
MASSA GRAVITACIONAL 1. A solução dos problemas "seculares"
A massa inercial e a massa gravitacional de um corpo são duas 12.7 O ARGUMENTO DA "CENTRIFUGAÇÃO", CONTRA O
grandezas proporcionais: MOVIMENTO DIURNO
Um objeto (partícula) em repouso na superfície da Terra está
m;=kmg (15)
submetido a duas forcas:
Todas as experiências reaHzadas até hoje confirmam que: a. a atração gravitacional, de módulo mg 'Y, em que mg é a massa da
a. somente podemos conhecer (medir) a razão entre as massas gravi- partícula, e 'Y o módulo do campo restrito. Essa força é dirigida para
tacionais ou entre as massas inerciais de dois corpos; baixo.
b. a razão entre as massas inerciais por um lado e a razão entre as b. a força de vínculo F, dirigida para cima.
massas gravitacionais por outro lado são sempre iguais. Se a Terra estivesse em repouso, ou em translação retilínea uni-
Nessas condições é aconselhável, para simplificar, escolher o valor forme no referencial inercial Sol-estrelas, a Terra seria ela mesma um
um como valor da constante de proporcionalidade da relação (15). Essa referencial "rigorosamente" inercial, e as duas forças que atuam sobre a
escolha nos leva a postular a identidade entre as duas massas. partícula (mg 'Y e. F) seriam iguais e opostas.
No entanto, tal não é o caso. A Terra, no seu movimento de
12.6 POSTULADO DA IDENTIDADE ENTRE MASSA INERCIAL E
rotação diurna, gira em torno do eixo dos polos em 24 horas*, e conse-
MASSA GRAVITACIONAL qüentemente ela não é um referencial "rigorosamente" inercial embora
12.6.1 ENUNCIADO possamos considerá-la como tal para a maioria das nossas experiências
A massa inercial de um corpo e sua massa gravitacional se medem (Ver em particular o Capítulo 6).
pelo mesmo número. A partícula participa daquele movimento de rotação, o que nos
leva de volta ao argumento de Ptolomeu e dos escolásticos contra a
12.6.2 CONSEOÜ!:NCIAS hipótese copernicana do movimento diurno: o argumento da "centri-
a. Como foi antecipado na seção 12-2-2, o postulado impõe à massa fugação".
gravitacional a mesma unidade que a da massa inercial: o quilograma (kg). Enunciemos o problema, e sigamos passo a passo o esquema que
b. O valor numérico da constante universal da gravitação, G, pode desde Galileu, representa a estrutura básica do método científico.
agora ser determinado.
Medindo-se as massas m 1 em 2 , em kg, das duas bolas da experiên-
cia de Cavendish, a distância r entre os seus centros, em metro, e a força F PROBLEMA
de atração medida pela balança de torção, em Newton, temos: Por que um objeto na superfície da Terra acompanha a rotação
diurna, não sendo "projetado" no espaço (ao longo da tangente à superfí-
Fr 2 cie terrestre) como deveria acontecer, segundo a tradição aristotélica, se
G=
m 1m2 realmente a Terra girasse?
A experiência de Cavendish, ou suas variantes, têm sido exausti- MODELO FÍSICO
vamente repetidas desde o início do seculo XIX, em busca de maior A Terra é uma esfera de raio R (figura 2).
precisão. Supõe-se que a partícula P está no equador terrestre, em repouso em relação à Terra.
PARÂMETROS RELEVANTES
O valor aceito para G, hoje em dia é: a. massa gravitacional da partícula: mg
b, massa inercial da partícula: mi
G = 6,67 • 10-11 N · m 2 /kg 2 • c. intensidade do campo restrito:-:Y-
Os caracteres fundamentais da teoria da gravitação universal estão d. velocidade angular (constante) do movimento diurno: w
agora delineados.
Chegamos conseqüentemente ao ponto em que a teoria deva ser * O movimento anual da Terra em torno do Sol é irrelevante para o que estamos discutindo
posta à prova, por meio das suas conseqüências necessárias. agora.

520 521
Tomemos 6,378 • 1o• m como raio da Terra; havendo 8,64 • 104 sem um dia, o valor de
o cálculo fornece:
w é 2 "(8,64 . 10 4 )rad/s.
w 2 R = 3,37 • 10- 2 m/s 2 •

A aceleração da partícula, ou a nossa quando estamos no equador, é pois de 3,37 cm/s2 •


Por outro lado, o cálculo de 'Y pela expressão GMglR' fornece:
'Y =9,80 N/kg.
Resulta que, na expressão de F (relação 17). o termo w 2 R é trezentas vezes menor
ü p que 'Y.
01 ... ' I• .... A conseqüência é que, conforme a hipótese feita no modelo quanto à força F, essa força
mjY F é efetivamente de sentido oposto ao dem--;;: é pois uma força de contacto, de apoio.
As condições (massa da Terra, raio, velocidade angular ... ) são tais que a atração gravi-
tacional é muito maior que a força (mw 2 RI necessária para os objetos situados na superfície da
Terra acompanharem o movimento diurno. O que sobra da atração gravitacional é equilibrado
pela força de vínculo (F).
Eis porque os objetos, animais, pessoas ... , que se encontram na superflcie da Terra, não
são "centrifugados" pela rotação diurna.
N O argumento da "centrifugação" contra o movimento diurno, que nem Aristarco, nem
Copérnico, nem Galileu tinham podido refutar, estava finalmente vencido por Newton com a sua
teoria da gravitação universal.
Fig. 2 A partícula P, no equador terrestre, submetida à atração gravitacional m9Te a força
PERGUNTA:
de vínculo F.
O aigumento precedente supõe a partícula no equadoi terrest1e. Quais seriam as nwdifi-
CdÇÕes qualitativas para um;:i partícula na lar11:ude de Porto Ale~re. por exemplo?
HIPÔTESE:
O movimento anual da Terra é irrelevante para o problema proposto.
LEIS E TEORIAS IMPOSTAS AO MODELO 12.8 ACELERAÇÃO DA QUEDA NA SUPERHCI E DA TERRA
Teoria da gravitação universal; essa teoria inclui as leis newtonianas do movimento e o
postulado de identidade entre massa inercial e massa gravitacional. PROBLEMA
Referencia/:· Referencial amarrado ao centro da Terra, cujos eixos conservam uma dire- Por que todos os corpos caem com a mesma aceleração, desde que
ção fixe em relação às estrelas; esse referenéial não panicipa portanto do movimento diurno, a resistência do ar possa ser desptezada?
acompanhando somente o movimento anual.
A aceleração do movimento anual é considerada irrelevante, de modo que o referencial
MODELO FÍSICO:
descrito pode ser aceito como referer.cial inercial. Modelo de partícula para o corpo, no campo terrestre restrito:
PARÂMETROS RELEVANTES
MODELO MATEMÃTICO a. massa gravitacional da partícula: mg
As forças que atuam sobre a partícula são: b. massa inercial da partícula: m;
a a atração gravitacional - mg"'t O,em que O é o unitário do raio OP (ver figura 2).
b a força de vinculo F = FQ; essa força é exercida pelo suporte sobre o qual se encontra a c. intensidade do campo restrito: -:Y
partícula. Esse suporte pode ser uma balança: a indicação da balança é então F. - velocidade inicial da partícula: nula.
No referencial escolhido, a partícula acompanha o movimento diurno: tem um movi- Referencial:
mento circular uniforme, cuja trajetória é o equador terrestre e cuja velocidade angular é w. Sua laboratório
aceleração é portanto: LEIS E TEORIA IMPOSTAS AO MODELO:
Teoria da gravitação universal.
a= ..:.w• RO
A 2.a lei de Newton se escreve: MODELO MATEMÁTICO
Já que a resistência do ar é considerada irrelevante, a única força que age sobre a
- m;w• RO = FQ - mg 'YO
partícula em queda livre é a atração gravitacional cujo módulo é mg'Y·
PREVISÕES DO MODELO: A 2.a lei de Newton se escreve:
O valor de F é:
mg'Y =mig (18)
F =mg -m;w 2 R =m [ 'Y - l.rn;lmglw 2 R]. (16)
em queg é a aceleração da queda (aceleração da gravidade).
Pelo postulado mg =mi de modo que:
F=m ('Y-w 2 RI. ( 17) PREVISÕES DO MODELO:
Segue-se que:
Antes de prosseguirmos, calculemos 'Y .e w 2 R; para estarmos conscientes das ordens de
grandeza envolvidas. g = (mglm;l'Y, (19)

522 523
O período do pêndulo é pois:
o que mostra que a aceleração da gravidade g, é constante.
Como, por outro lado, mglmi =
1 pelo postulado, o valor da aceleração da gravidade!!
numericamente igual ao valor da intensidade do campo restrito. T = 21T Vfíi1i2.
-;;;;r (22)
g = "'f (=9,8m/s 2 ). (20)

A teoria da gravitação universal explica finalmente o que Galileu tinha induzido a partir O postulado permite escrever:
das suas experiências de queda em meios de densidades decrescentes: todos os corpos caem no
vácuo com a mesma aceleração. m/mg =1
TESTE EXPERIMENTAL e conseqüentemente o período do pêndulo simples é independente da massa: T = 2ir j ~ ou
Quando verificamos experimentalmente a igualdade da aceleração da queda de vários ainda T = 2,, j. ; já que, como visto, "'f =g.
corpos de massas diferentes, estamos verificando a lei da proporcionalidade entre massa inercial e
massa gravitacional. De novo, essa independência não exige que a razão m/mg seja igual a 1.
Com efeito, a constância de g exige tão somente que a razão mglmi seja constante lnão
necessariamente igual a 1 ).
TESTE EXPERIMENTAL
12.9 O PÊNDULO SIMPLES Pelo que foi dito acima quando verificamos que o período de um pêndulo simples
PROBLEMA depende somente do seu comprimento, estamos na realidade verificando outra vez a lei da
Por que o período de um pêndulo simples é independente da massa? proporcionalidade entre massa inercial e massa gravitacional.

MODELO FÍSICO
Modelo de partícula, vinculada a mover-se em um plano vertical, a uma distância cons- 12.10 A SOLUÇÃO DE PRIMEIRA APROXIMAÇÃO PARA AS ÓR-
tante Q de um ponto fixo. BITAS DOS PLANETAS: ÓRBITAS CIRCULARES
HIPÓTESES: PROBLEMA:
Todos os atritos são desprezíveis, fio inextensível e de massa desprezível.
PARÂMETROS RELEVANTES A observação mostra que as órbitas dos planetas são aproximada-
a. massa gravitacional da partícula: m9 ; 1 mente circulares. Copérnico tinha proposto esse modelo no capítulo 1 do
b. massa inercial da partícula: m;; 1 De Revolutionibus. De que maneira a teoria da gravitação universal expli-
c. comprimento do pêndulo: 2; ·I ca o modelo circular para as órbitas planetárias?
d. iQtensidade do campo restrito:y
REFERENCIAL
laboratório
l MODELO FÍSICO:
LEIS E TEORIAS IMPOSTAS AO MODELO Modelo de partícula para o Sol e para os planetas.
Teoria da gravitação universal. HIPÓTESE;
A massa do Sol é muito maior que a massa de qualquer planeta.
MODELO MATEMÁTICO PARÂMETROS RELEVANTES
Voltemos à equação da energia para oscilações de pequena amplitude, deduzida no a. massa do Sol: M
capítulo 1O, mas explicitemos agora massa inercial e massa gravitacional. b. massa de um planeta: m k< M)
1 • 1 REFERENCIAL:
E= Ec + Ep = - - miQ'O' + - - mg"'f2' 0 2 • Sol-estrelas.
2 2
LEIS E TEORIAS IMPOSTAS AO MODELO
Supondo-se a interação elástica, a erergia total se conserva: a derivada de E em relação ao Teoria da gravitação universal.
tempo deve ser nula:
MODELO MA TEMÁTICO:
mi2 2 9 Õ + mg "'(281Í = O Suponhamos que exista uma órbita circular possível, de raio R.
ou ainda, dividindo por k 2 iJ : Sendo v a velocidade constante do planeta ao longo da órbita, a aceleração do mo-
vi mento é:
miii + m 9 ("'t/2) 8 = O. (21)
v' / R = 4,,• Rir'
PREVISÕES DO MODELO: em que T é o per iodo do movimento.
Essa equação é formalmente idêntica à do oscilador harmônico (cujo período é Essa aceleração requer uma força centrípeta de módulo:
.J
T= 2,, m/kl, com a correspondência: F = 4"' Rm!T' .
m-t-mi Ora, a úniCa força disponível é a força de atração gravitacional do Sol, cujo módulo é:
k ->mg ("'f/2) GMm!R'.

524 525
riélio (distância r0 do Sol), com velocidade Fig. 3 No instante zero, o planeta passa
Em conseqüência devemos ter. v•. pelo periélio A com velocidade v0 • No ins-
(23) REFERENCIAL: tante genérico t o planeta está em P. A fi.
G MmlR 2 = 41f 2 RmlT2
PREVISÕES DO MODELO: Sol-estrelas; a posição do planeta P gura mostra a componente transversa da ve-
A equação (23) fornece: no instante genérico t, é definida pela sua locidade v+. Notem os unitários ú (na dire-
(24) distância r ao Sol, e pelo ângulo 9 que a ção do raio OP), e w, deduzido de ú pela ro-
r2 IR' = 4 1f IGM
2
semi-reta OP faz com a semi-reta OA (coor- tação+ ?r/2.
É a 3.ª lei de Kepler (para órbitas circulares). denadas polares).
Concluímos que uma órbita circular é possível: o raio R e o período T do planeta serão LEIS E TEORIAS IMPOSTAS AO
então ligados pela relação (24). MODELO: d2 r GMm. d2 r GM
m - - = - - - U - + - - = - - - Ú ; (26)
Podemos obter a relação entre velocidade e raio da órbita substituindo o segundo mem- Teoria da gravitação universal. dt 2 r2 dt 2 r2
bro de (23) por mv 2 IR; vem:
(25) PREVISÕES DO MODELO:
v 2 = GMIR
A CO!lservação do momento angular em relação a O importa em que o produto:
TESTE EXPERIMENTAL:
O teste pode ser feito pela órbita de Vênus, cuja excentricidade é inferior a 7. 10-•. f X V
o raio da órbita é 1,08. 1011 m; o período é 1,94. 10's. seja constante: Representemos por k esse produto. Podemos escrever:
A razão T2 IR' é: 2,98 • 10- 19 s2 /m 3 •
A razão 411 2 IGM (massa do Sol M = 1,98 • 1030 kg) é: 2,99 • 10-19 s 2 /m'. k'=rxv=rx v+,
em que v+ é a componente transversa da velocidade (perpendicular ao raio vetor).
Essa componente representa a velocidade instantânea de rotação do planeta em torno de
12.11 A LEI DAS ÁREAS (2.ª LEI DE KEPLER) O. No Instante to planeta está girando em torno de O com velocidade angular d9ldt. O módulo
Kepler mostrou, para o planeta Marte, que o segmento (raio- da componente transversa da velocidade é pois rd9/dt*.
vetor), cuja origem é o Sol e cuja extremidade é o planeta, varre áreas v+=rd91dt= ril
iguais em tempos iguais. · Podemos assim escrever:
Ele generalizou essa lei a todos os planetas. k = rv+-+ r 0 v0 = r•iJ (27)
A teoria da gravitação permite prever a lei das áreas? Multipliquemos e dividamos o segundo membro de (26) por il; obtemos:
A resposta foi dada no capítulo 11 (Momento angular). Des- d'r GM • GM • l
--.-=--.-.-91'1=-- (-91'1 (28)
prezando-se as perturbações provocadas pelos outros planetas, cada pla- dt r 9 r 0 v0
neta se move no campo gravitacional central do Sol. O seu movimento Interpretemos o termo (- iJ l'l).
segue assim a lei das áreas. Para tanto, consideremos o unitário \V, deduzido de ú pela rotação + 11/2. Quando o
pl.aneta descreve a sua órbita, w (como aliás fl), gira em torno de O e a sua extremidade descreve
uma circunferência. Vamos mostrar que a velocidade é precisamente (- iJ fl ).
12.12 AS ÓRBITAS DOS PLANETAS (1.ª LEI DE KEPLER) De fato, sendo (J a velocidade angular do conjunto (fl w), a velocidade da extremidade do
. PERGUNTA: unitário wtem m6dulo igual a iJ x 1 =ti. A velocidade é perµendicular a w. donde paralela a fl;
Apresentemos o problema como Halley o apresentou a Newton, ela tem porém sentido contrário. Está pois provada que essa velocidade é (- ilril:
quando o visitou·em Cambridge, no mês de agosto de 1684 (cap. 2): dwldt =-ilri,.
Qual é a trajetória de um planeta, supondo-se uma lei de atração Voltando à equação (28), temos então:
· d'r 'oM dw
em 1/r 2 7 (ii2 = r0 v0 -;jt' · (29)
MODELO Fl'SICO MODELO MATEMÁTICO
Modelo de partícula para o Sol e o
A integral primeira dessa equação é:
planeta•. ,
HIPÔTESES: dr GM
- - = v = - - (w + K), (301.
A massa do Sol é muito maior do que dt r 0 v0
a massa de qualquer planeta. ·
As perturbações provocadas pelos em que K é uma constante (vetorial) de integração.
outros planetas são desprezíveis. Determinemos K pelas condições inicia!s.
PARÃMETROS RELEVANTES:. "º
Massa do Sol: M ver legen·
Massa do planeta: m << M
Condições iniciais:
w._,, ' •A da pág. • O planeta se desloca no sentido das rotações positivas (por hip6tesel de modo que d9/dt é
sempre positivo.
em t = O, o planeta passa pelo pe-
o 'º (t=O) 527

527
526
Multipliquemos escalarmente l!mbos às membros de (30) por w. Observando que v • w =
= v + = r8, quew • w = 1, e que w • K =.e cosB (refiram-se de novo à figura 3), vem:
Vo r9 = GM (1 + ecosBI (34)
ro Va
Mas, por (27):
K
k r 0 v0
rfJ = - - = - -
' r
Finalmente:

w r; -_ GM (1+ecos8)
(r 0 v 0 )

ou ainda:
o (r 0 v0 l 2 IGM
A r= (35)
Q 1 + 111 cosB
O Complemento 1 no final do capítulo mostra que a equação precedente é a de uma
c6nica de excentricidade e.
Como todos os planetas têm trajetórias fecliadas, as órbitas são necessariamente e! ípticas,
pois a elip,se é, dentre as três cônicas (elipse, parábola, hipérbole), a única fechada.
A teoria da gravitação resolveu finalmente o "problema de Kepler".

Fig. 4 Os vetores w e K no instante zero. TESTE EXPERIMENTAL:


A experiência é evidentemente substitu ida pelas observaçõ.es astronômicas.
Em t =O, w é perpendicular a OA (Figura 4): ele é pois paralelo a v 0 • A relação (30) em Essas observações confirmam a previsão do modelo: todos os planetas conhecidos, assim
que se substitui v por v0 mostra logo que K deve também ser paralelo a v 0 • Demonstra-se como os cometas que voltam periodicamente na vizinhança do Sol, têm trajetórias elípticas com
facilmente que K tem o mesmo sentido que v 0 • o Sol em um dos focos. ·

EXERCl°CIO:
Mostre que K e v 0 têm mesmo sentido. Sugestão: interprete a relação 130) na fig. 3.
12.13 A TERCEIRA LEI DE KEPLER
PERGUNTA:
O módulo e de K obtém-se a partir da relação (30) escrita em módulos no instante zero: Qual é a relação entre o semi-eixo maior a da órbita de um planeta,
GM
v0 = - - - (1 +e)
e o seu período T?
'• .... MODELOS:
o que fornece:
Idênticos aos da seção precedente.
r0 v~ - GM
e= (31) PREVISÃO DO MODELO:
GM O -complemento final do capítulo mostra que a equação de uma elipse, em coar-·
O múdulo e do vetor K se expressa facilmente em função da energia total E: danadas polares, é:
b 2 /a
E=-1-mY.- GMm. j(32) r= - - - - - -
2 o . 1+11cos8
'•
Com efeito a relação (31 ) pode escrever-se: em que a e b são respectivamente o semi-eixo maior e o semi-eixo menor da órbita.
Comparando com a equação encontrada na seção precedent~ (relação 35):
2r 0
e=---
( 1
--mv 2 Glllm )
+ 1, (r0 v, )2__
/GM
GMm 2 °- ---
10 t r=--=-...._
1 +e cosB
o que, tendo em conta (32), fornece: identificamos:
2r0 ..!!:__ = (r, v0 ) '
e=1+---E. (33) (36)
GMm a GM
Podemos agora voltar à expressão de v (relação 30). Uma operação simples nos permitirá Por outro lado, a área de uma ·elipse é 11ab, e sendo - 1- r x v = - 1- '• v0 a área eles-
achar r em função de 8- · . ' 2 2

528 529
.
O modelo é resumido a seguir:
.crita por unidade de tempo, como aprendemos no capítulo 11, o produto - 1- r 0 v0 T deve

G~
também representar a área da órbita, de modo que: 2

1 - r 0 v0 T
rrab=- (37)
2
Elevando essa relação ao quadrado e dividindo por (36) para eliminar b, obtemos:
r• 4rr 2
(38)
-;;- = GM . 1
1
1
I' d
Terra Lua
HIPÔTESES:
COMENTÁRIOS: Terra: esférica, sólida, sem rotação diurna,
Está assim provada a 3.ª lei de Kepler. Mas a solução anal ftica mostra que a razão r2 /a 3 Lua: partícula.
não é uma constante universal: ela depende da massa do corpo central. Prevemos assim que essa
O campo solar é uniforme na regíão do espaço ocupado pelo sistema.
razão terá um valor menor para os planetas do que, por exemplo, para os satélites de Júpiter.
O sistema gira uniformemente em torno do centro de massa G.
Anotemos em conseqüência que a razão T' ta• deve ter o mesmo valor para todos os
O movimento da Terra é um movimento de translação circular; nesse movimento, todos
satélites de um mesmo corpo central.
os pontos têm a mesma aceleração.
PARÂMETROS RELEVANTES:
TESTE EXPERIMENTAL: Massa da Lua: mL; massa da Terra: mr.
Este teste é proposta no problema n.º 5. Distância Terra~Lua: d
Raio da Terra: R
LEIS IMPOSTAS AO MODELO:
12. 14 AS MAR ÉS Teoria da gravitação universal.
REFERENCIAL:
A teoria da gravitação universal permite explicar o fenômeno das RCM do sistema.
marés; em particular, prevê o aparente paradoxo apresentado pela exis-
tência das duas "protuberâncias" da cinta oceânica que circunda boa COMENTÁRIOS QUALITATIVOS SOBRE O PROBLEMA:
Comecemos por um argumento puramente qualitativo.
parte da Terra: uma dessas protuberâncias se mantém aproximadamente Imaginemos um corpo celeste (Sol, Terra, Lua, .•• ) e, na sua vizinhança, uma haste cujo
frente à Lua, o que é aparentemente explicável*; mas a outra é diame- comprimento é da mesma ordem de grandeza que o diâmetro do corpo celeste considerado (figu·
tralmente oposta, e conseqüentemente se encontra na face da Terra ra 5). Para simplificar, supõe-se que a haste esteja em posição radial.
Suponhamos que a gravidade está momentaneamente "desligada". A haste está em
oposta à Lua, fato que parece paradoxal. repouso, no referencial do corpo celeste.

PERGUNTA:
Como se explica o fenômeno das marés?
(2) (2)

111/ 7·
MODELO FÍSICO:
O sistema Terra· Lua se encontra no campo solar; devido às dimensões do sistema, muito
pequenas em comparação com a distância ao Sol, aquele campo pode ser considerado uniforme, e

o o·
conseqüentemente ignorado (ver complemento 2), no que toca à interação Terra·Lua.
Ignoremos também o movimento diurno da Terra:••
O sistema Terra-Lua gira em 28 dias aproximadamente em torno do centro de massa do
sistema. Mas sabemos que o eixo da Terra conserva uma direção fixa em relação às estrelas. Em
conseqüência, desde que se ignore o movimento diurno, o movimento da Terra em torno do
centro de massa do sistema Terra-Lua é uma translação circular uniforme.
Nessa translação circular, todos os pontos da Terra descrevem circunferências de mesmo
raio, e conseqüentemente todos têm a mesma aceleração.
Fig. 5
• A explicação geralmente dada é de que essa protuberância é devida à atração gravitacional da
Lua sobre as águas dos oceanos. a) um corpo celeste e, na sua vizinhança, uma haste em posição radial, cujo comprimento é
** O movimento diurno determina uma certa distribuição geométrica das massas fluidas, que comparável com o diâmetro do corpo central. A gravidade é "desligada".
consideraremos como esférica em primeira aproximação. As marés são perturbações dessa distri· b) no instante em que se "liga" a gravidade, a aceleração a, da extremidade inferior da haste é
buição. maior que a aceleração a2 da extremidade superior: a haste vai entrar em estado de tensão.

530 531
"Liguemos" a gravidade. A haste cai em direção do centro. Instantaneamente, isto é, Com efeito, naquele ponto, tanto a atração gravitacional terrestre como a força de contacto com
imediatamente depois de "ligar" a gravidade, a aceleração da extremidade inferior da haste é o resto da Terra são obviamente nulas, por simetria. Assim é que a força resultante K, em O, reduz-
maior que a aceleração da extremidade superior, pela razão que a intensidade do campo gravitacio- se à atração gravitacional lunar, f 0 (fig. 7).
nal no lugar da extremidade inferior é maior que a intensidade do campo no lugar da extremidade GmL m
superior. K=f,= - - -
Em conseqüência, a distância entre as duas extremidades aumenta até que as forças atra- á'
tivas intermoleculares, provenientes desse alongamento, tornem iguais entre si as acelerações de em que mL é a massa da Lua, e d a distância do centro O da Terra, até a Lua.
todas as· "moléculas" ao longo da ·haste. A haste então cairá em bloco, todos os seus pontos terão Quais são as forças que atuam sobre as partículas situadas em A e B respectivamente?
a mesma aceleração, mas ela permanecerá alongada, em estado de tensão.
Concluímos que um campo gravitacional não uniforme (supõe-se que a haste seja tão
grande que a variação do campo ao longo do seu comprimento, é sensível), deforma os corpos ne-
le situados.

trajetória do ponto O,
_,/~!e_t~!~~-~~ po::~-~---\-
c~::ro d~-~:~~~f_~:~:~~ria do ponto A
,,' . ',\!,' ','lt ,' ' ..\

-
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ªB f \ªO ' \ 8A '\ L"

o f,
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1 1
1 1
1 1
1 1
1 1 1
1 1
Terra 1 1 :
1 r 1 1
..... -------~ 1
1 (4,7 • 1o•m) :
1 R ,
~-----~--;---.,
Fig. 7 As forças exercidas sobre três partículas de massa m situadas respectivamente em O, A e
~- --(6.4
: • 10 m)
------------------ d
--13.ã-:1õ•ni1- --------------------: B. Os três sistemas de forças têm a mesma resultante.
a. em primeiro lugar, a força de atração gravitacional terrestre F. Observa-se que FA e Fs
Fig. 6 A figura (grosseiramente fora de escala) mostra as trajetórias (circunferências tracejadas) têm mesmo módulo, mas sentidos contrários:
do centro da Terra O, e de dois pontos A e B, diametralmente opostos sobre o equador terrestre, GmTm
no movimento de translação circular da Terra em torno do centro de massa G do sistema FA=Fs= --R-,-
Terra-Lua.
em que mTe I! são respectivamente a massa e o raio da Terra.
Vamos agora a um tratamento semiquantitativo do fenômeno.
b. em segundo luga(, a força de atração gravitacional lunar f.
Na figura 6,. A e B são pontos diametralmente opostos sobre o equador terrestre.
No movimento de translação circular da Terra em torno do centro de massa G do Siste- f _ G mLm _ G mLm
1 -R-)-•
ma Terra-Lua, o centro da Terra O descreve a circunferência de centro G e de raio GO. Os pontos A - (d - R) 2 - d2 (
A e B (como qualquer outro ponto da Terra aliás) descrevem circunferências idênticas à descrita
por O e com o mesmo período (o mês lunar). Conclui-se que, nesse movimento de translação cir-
"
cular, todos os pontos da Terra: O, A, B, •.. têm o mesmo vetor aceleração; em módulo:
ªO = ªA =as = w 2 r,

(1 +R7-2
em que w é a velocidade angular do movimento, era distância OG (:;:: 4,7 • 106 m). fs= GmLm = GmLm
Uma conseqüência imediata do que precede é que, se considerarmos três partículas de -
(d +RI' d2 d
massa m situadas respectivamente em O, A e B, á força resultante .K sobre cada uma dessas três
partículas será a mesma:
Observamos que:
K = mao lnBA mas (módulo mw• r). = =
Essa força é muito fácil de calcular-se no caso da partícula situada no centro da Terra O. fs<f,<fA'

532 533
A relação precedente traduz a não uniformidade do campo lunar ao longo de um diâme- Observa-se (fig. 8) que esse termo eorretivo ê oposto ã atração gravitacional terrestre tan-
tro terrestre, o que vai explicar o fenômeno das marés. to em A como em B, isto 6 tanto na face da Terra virada para a Lua como na face oposta. ~ isto
e. em terceiro lugar, a força de contacto, ou de vinculo P: essa força é o que indica~ia, por que nos permite entender a existência das duas protuberâncias características do fenômeno das
exemplo, uma balança sobre a qual estivesse colocada a partícula m. Podemos assim considerar m1rés.
P A e P 8 como sendo os pesos das partículas m em A e B. Como assinalado o peso da partícula A determinação do termo corrati'JIJ fora do caso simples estudado, isto ê, para uma lati-
em O é obviamente nulo. tude qualquer, é um pouco mais complicada*. o termo corretillo tem uma componente targencial
· Escrevamos que a resultante dessas três forças é a mesma (K) em A e em B: dirigida sempre para as regiões equatoriais situadas sobre o eixo Terra-Lua. Para o observador ter-
GmLm ( R )-• GmTm GmLm restre, esta componente empurra as águas dos oceanos para aquelas regiões, formando assim as
PA + fA- FA= K-PA+---
d•
1- -
. d
- ---
R'
= -cl'
-- duas protuberâncias aproxi m1damenta simétricas observadas.
As figuras 9 a 1O resumem o que precede.

Gmpn GmLm ( R )-• -P· GmLm


Pe + fe - Pe = K - - - - + - - 1 + -- B = ---
R2 d2 d cl'

Sendo TR < < 1, podemos substituir. ( 1 - dR)-• e /.~ +d}


R\•
pelas aproximações de primeira ordem 1 + 2 _'!..__,e 1 -2 ..!L.. respectivamente.
d d
cálculos imediatos fornecem o resultado fundamental: Lua
.f!!!!l!!J.._
PA =Pe = R2
·- 2 -
d
R Gm L m
d2
139)

1nterpretemos: o termo E!!!.I!!!_ representa a atração gravitacional terrestre; seria o peso


R2
da partícula, se não existisse a interação lunar (esse peso deverá ser corrigido pela rotação diurna;,
ver seção 12-15).

Fig. 9 "Termo corretivo" devido à atração gravitacional da Lua. P,. atração efetiva (soma da
atração terrestre a dCJ termo corretivo) tem assim uma componente tangencial.

-te Fe FA te

B

Fig. 8 A atração gravitacional terrestre a o termo corretivo (te) devido à interação com a Lua.
Fig. 10 Agindo sobre as águas dos oceanos (as quais não podam exercer forças tangenciais), a
O segundo termo na expressão (39) ê o termo corretivo devido à interação gravitacional componénte tangencial. da atração efetiva produz as duas protuberâncias que caracterizam as
com a Lua ou melhor, devido ao fato de qu.e o campo lunar não d uniforme ao longo do dil- marés: uma delas n~ face da Terra frente à Lua; a outra, na face oposta.
metro AB.
*Ver por exemplo:Tsantas, E. Am. J. Phys. 42, 330 (1974).

, 534 535
Acrescentamos agora a rotação diurna: a crosta sólida da Terra gira em 24 horas dentro
daquela cinta líquida, a qual acompanha o movimento muito mais lento da Lua em torno do cen-
Pólo
tro de massa (com período de 28 dias). Entendemos assim que cada lugar da Terra à beira-mar te- /- F
nha duas marés altas por dia, com intervalo (aproximado) de 12 horas. b'
TESTE EXPERIMENTAL
Um teste experimental exigiria uma previsão quantitativa do modelo e, para tanto, a de-
terminação analítica da forma de equillbrio da cinta oceânica.
Esse cálculo está fora de nosso alcance.

*•f t\Equador
.. F
Ele permite prever uma diferença da ordem de 50 cm entre o nível da água na maré alta e
na maré baixa. V, '4
Esse resultado é comparável à diferença observada em ilhas rasas no meio do oceano. Nl:>s
mares e oceanos continentais outros fatores chegam a perturbar fortemente o fenômeno~
O x m'f

Passemos agora em revista alguns dos fatos novos (isto é, pos-


teriores à era newtoniana), que a teoria da gravitação permitiu prever.

Fig. 11 A atração gravitacional m-;é dife~ente do peso -F a não ser nos pólos.

CONSEQÜÊNCIAS DA TEORIA f tem então direção diferente da de m'Y; em conseqüência, a força de vín-
2. As Previsões de Fatos Novqs culo F se afasta da vertical.
Suponhamos que a partícula está suspensa a uma balança de mola
(dinamômetro). A balança exerce sobre a partícula a força de vínculo F;
12.15 ATRAÇÃO GRAVITACIONAL E PESO pela 3.a lei,,a partícula exerce sobre a balança a força - F: a direção
Voltemos aos resultados da seção 12.7, em que discutimos o ar- tomada pela balança fornece a direção.dessa força; a indicação da balança
gumento da centrifugação contra o movimento diurno. fornece o seu módulo.
Quando uma panícula de massa m está em repouso no equador Por definição, a força - Fé chamada peso da partícula.
terrestre, a força de vínculo F, que mantém a partícula em equilíbrio, é Observamos que, a não ser nos pólos (em que cose e conseqüen·
(figura 11): temente f, são nulos), o peso de uma partícula difere da atração gravita·
F = -mV+f cional mV.
Sendo P(= - F) o peso, temos:
em que 'Y é a intensidade do campo gravitacional e:
f = -mw 2 R x P=mV-t
é a força centrípeta necessária para que a partícula possa acompanhar a
PROBLEMA:
rotação diurna, cuja velocidade é w.
Qual é, em módulo, a variação do peso de um objeto de 1,00 kg
Num lugar de latitude e =I= O, o raio da circunferência descrita pela
partícula, no movimento diurno, não é mais R, e sim Rcos e, de modo de massa, entre o pólo e o equador?
que, no caso geral:
PREVISÃO DO MODELO
f = - (mw 2 R cos O) x No modelo utilizado, a Terra é esférica, com um raio de 6,378 · 106 m, e uma massa de
5,98 • 1024 kg. O valor de "f, calculado na seção 12·7 é:

= 9,80 N/kg
'Y
A massa de 1,00 kg deve ter pois, nos pólos, um peso:
• Em particular pelos efeitos de correnteza e de ressonância em bacias quase fechadas. Pp6/o = 9,80 N.

536 537
A quantidade w 2 R vale 3,37 · 10- 2 m/s2 de modo que, no equador, o peso deve ser:
12.17 A DESCOBERTA DE NOVOS PLANETAS
PEq- = 1,00 (9,80 - 3,37 · 10->) = 9,77 N A descoberta do telescópio por Galileu, seu aperfeiçoamento por
Newton (substituição da lente objetiva por um espelho), tinham posto o
Entre o pólo e o equador .• o modelo prevê uma diminuição do peso de 3,37 · 10-• N.
instrumento fundamental da astronomia à disposição dos pesquisadores.
TESTE EXPERIMENTAL Graças ao telescópio, tornava-se possível a exploração do sistema
As medidas efetuadas fornecem: solar além do limite conhecido por Copérnico, Kepler, Galileu e Newton;
Ppólo = 9,83 N esse limite era a órbita de Saturno.
PEq. =9,78 N Em 1781 o astrônomo inglês Herschel descobria Urano, dobrando
com uma variação de 5 • 10- 2 N, significativamente maior, portanto, que a variação prevista pelo assim a extensão linear do sistema solar conhecido: a órbita de Urano,
modelo. com efeito, é vinte vezes maior que a da Terra e duas vezes maior que a
A razão da discrepância é dupla: de Saturno.
a) a Terra não tem forma esférica; é aproximadamente um elipsóide com um raio polar de Seis anos depois da descoberta, o pfoprio Herschel observava dois
6,357 · 106 m, e um raio equatorial de 6,378 · 10 6 m; dos satélites de Urano, podendo assim determinar a massa do planeta.
b) as camadas profundas, mais densas, estão mais próximas da superfície no pólo que no
equador.
No entanto foi com a descoberta de Netuno e Plutão, os dois
planetas mais afastados conhecidos, que a teoria da gravitação iria dar
mais uma prova espetacular da sua extraordinária fertilidade.
12.16 MASSA DOS PLANETAS A história da descoberta de Netuno, como a de Plutão, merece ser
A 3.a lei de Kepler constitui-se no meio mais eficaz e preciso para contada; essas descobertas ilustram magnificamente o poder de previsão
determinar a massa de um corpo· celeste, desde que se conheça a exis- de um modelo e da teoria associada.
tência de pelo menos um dos seus satélites. Logo depois da de Urano, os astrônomos fizeram outra descoberta:
Com efeito, de: revendo os levantamentos de estrelas feitos desde o final do século XVI 1,
deram conta de que a posição de Urano tinha sido levantada, espora-
í2 41T2 dicamente, desde 1690, mas como o deslocamento aparente do planeta é
;;s- = GM ' muito lento, Urano tinha sido confundido com uma estrela.
tira-se: De qualquer maneira, dispunha-se das coordenadas do planeta em
várias épocas escalonadas sobre um século. Percebeu-se então que o mo-
M = 41T2a3 (40) vimento de Urano apresentava certas irregularidades. A hipótese mais
GT2 provável era de que Urano. era perturbado pelos dois gigantes vizinhos:
Saturno e Júpiter.
EXEMPLO: No entanto, depois de calcular os efeitos das perturbações desses
Para Mimas, um dos satélites de Saturno, temos os dados seguintes: dois planetas, ficou patente que esses efeitos não davam conta de todas
raio da órbita: 1,85 • 108 m; as irregularidades no movimento de Urano.
período: 8, 14 · 104 s. Uma solução possível consistia em supor a existência de um outro
A massa de Saturno pode assim ser determinada pela relação (40): planeta, além da ó.rbita de Netuno. Todavia, entre supor e provar, havia
Acha-se: um longo caminho.
Em 1843, o problema foi atacado por um jovem matemático in-
M = 5,67 • 10 26 kg.
glês, John C. Adams; dois anos depois, em 1845 comunicava ao Astrô-
nomo Real, Airy, o resultado de seus cálculos: existia certamente um
Na ausência de satélites, a massa de um planeta é determinada outro planeta mais a,fastado que Netuno, afirmava ele, e esse novo pla-
pelas perturbações que sua presença provoca no movimento dos planetas neta devia se encontrar em determinada posição na constelação de Aquá-
vizinhos. Em princípio, basta aplicar repetidas vezes a teoria da gravita- rio.
ção. Os cálculos no entanto são de uma extrema complexidade: em con- Aparentemente, Airy não deu a devida atenção à comunicação de
seqüência, a precisão sobre a massa é medíocre.
Adams, deixando de procurar o planeta no lugar indicado.

538
539
Porém aconteceu que na mesma época, e independentémente de
Adams, um outro jovem matemático, francês, chamado Le Verrier, es- Finalmente, em 1930, Clyde Tombaugh encontrava o planeta a 6° da
posição prevista por Lowell: Plutão acabava de ser descoberto.
tava pesquisando o mesmo assunto: a determinação da órbita e da massa
de um hipotético planeta que fosse capaz de perturbar Urano justo o A órbita de Plutão, o último planeta conhecido, tem raio médio de
suficiente para que e.ssa perturbação, quando somada às produzidas por 5,9 • 109 km (quarenta vezes o raio da órbita da Terra); o seu período é
Saturno e Júpiter, desse conta das irregularidades do movimento de de 251 anos. Ainda não se descobriram satélites de Plutão.
Urano.
A tabela 12-1 fornece alguns dados relativos aos planetas desco-
Em agosto de 1846, Le Verrier comunicava os seus resultados à bertos até hoje. Na mesma tabela, encontram-se também dados relativos
Academia das Ciências de Paris. O novo planeta devia se encontrar a 5° ao Sol e à Lua (ver página 542).
da estrela 6 Capricorni. Alguns dias depois, Le Verrier escrevia ao as-
trônomo Galle, em Berlim, pedindo-lhe que procurasse o planeta. Galle A lista dos sucessos da teoria da gravitação universal não iria ter-
recebeu a carta de Le Verrier em 23 de setembro. Naquela mesma noite minar com as descobertas de Netuno e Plutão. Nossa época lhe deve a
interrogava o céu .com o seu telescópio, na região entre Aquário e Capri- realização dos vôos espaciais e a ida do homem à Lua.
córnio, e descobria o planeta a menos de 1º da posição anunciada por Le
Verrier. 12.18 SATELIZAÇÃO
A descoberta de Netuno, como foi chamado o oitavo planeta, era PROBLEMA:
um triunfo para a teoria da gravitação universal, e em nível mais alto, Suponhamos que um foguete, a uma distância r0 do centro da Ter-
para o método científico: um matemático, sem sair do seu gabinete de ra, lance um satélite com velocidade v0 perpendicular ao raio vetor (o
trabalho, sem nunca ter observado nada num telescópio, era capaz de que significa que o ponto de lançamento será o perigeu ou o apogeu da
prever a existência de um novo planeta como conseqüência necessária de trajetória).
fatos observados (as perturbações de Urano), apoiado somente na teoria
da gravitação u11iversal. .Quais são as órbitas possíveis?
Como se classificam essas órbitas, em relação à energia total E?
A história iria se repetir quase um século mais tarde. (energia cinética+ energia potencial iniciais).
Depois da descoberta de Netuno, refizeram-se os cálculos das per-
turbações de Urano: havia ainda uma ligeira discrepância entre as previ- MODELO:
Modelo de partícula para a Terra e o satêllte.
sões do modelo e as perturbações obse.rvadas. · Parlmetros relavantas:
.Pensou-se imediatamente na possibilidade da existência de um - massa da Terra:M;
- massa do satêlite:m;
novo planeta, além de Netuno. Esse planeta deveria evidentemente per- - posição Inicial de lançamento: r 0 ;
turbar Netuno (mais próximo), mais que Urano. Mas a descoberta de - velocidade inicial: v0 •
Netuno era tão recente que o deslocamento observado (muito mais lento REFERENCIAL:
ainda que o de Urano) não permitia estudar sua perturbações. Centro da Terra e três estrelas fixas.
LEIS E TEORIAS IMPOSTA AO MODELO:
Teoria da Gravitação Universal.
Porém, grupos de matemáticos e de astrônomos empreenderam a
tarefa de determinar os elementos da órbita desse novo (e incerto) pla- PREVISÕES DO MODELO:
Resumamos os prlncij>ais resultados da Sação (12-12), relativo às 6rbitas dos planetas,
neta a partir da perturbação quase imperceptfvel que ele produzia no Sendo v0 a velocidade do planeta no perlêllo (distância r 0_),. e distincia,r do planeta ao
movimento de Urano. Sol se expressa em função do ãngulo 8 entre as direções (Sol-periélio) e (Sol-planeta), pela relação:
(r0 v0 ) 2 /GM
Um astrônomo americano, Percival Lowell, chegou em 1906 à r=
1 +ecosB (41)
conclusão de que o planeta deveria se encontrar em. Gêmeos; procurou-o
d.urante dez anos até a sua morte, em 1.916, mas não conseguiu achá-lo. em que a excentricidade e vale:
2r0
Depois da morte de Lowell, a busca continuou no próprio obser- e=1+---E (42)
·GMm
vatório que tinha fundado, no Arizona, com instrumentos melhores.
Na relação precactente, m é a massa do planeta, E a anergia total do sistema Sol-planeta.

540
541
Desde que aceitemos como inercial o referencial definido pelo centro dlTerra e as dire-
. ções de três estrelas fixas, ;is relações precedentes se aplicam a um satélite (natural ou artificial) da
Terra. O periélio passa a ser o perigeu, m a massa do satélite.
s~.,
·--.e de.
Será conveniente, para o que segue, dar uma forma diferente à expressão da excentricida-
~e
"'o
(/) CJ

m"O
m
O O - O N
--
M O LD N O
No exercício 6 mostra-se que a energia total no caso de uma órbita circular de raio R. é:

"i &·~ E=-GMm/2.R


~g~~
-º"'8.E o. ..... cq,
QJ j.Jtt.
Q) ~ O - N V m lt> - V Se então um saté.lite está em órbita circular de raio r 0 (distância de perigeu para as outras
>"0 .. - -- LOMNN"'"° órbitas), a energia total é: ·

IS ~ ~ '° cn
0 J "OJ "OJ ~ J ~ ~ g ~ g E0 = -GMm/2r0
-
"0-
0
"°"O
~ ·;;;
.,e "O
00
C0
U')
~ ~ N
LO
M "O C> LD
,...... f"'-.
f8 -
._"' oi
N
"' m "'
~ LO -
C0 ~ ~ de modo que, substituindO:se em (42), a excentricidade se escreve:

., o
ãl 'B. :a e= 1 -E/E0 (43)
:2 f! :eia ~.e ..
o ~~.CM::,ll.C.c.c.r..!!!
oCJ .. C>M""r--·:;..oo-cc"O·
ãi ., lt> ~ N N N - - .- .- CD Lembramos que es5a expressão somente é válida para as condições iniciais da seção 12-12
>"O N ou seja: a velocidade v0 é a velocidade noperigeu.
Mostra-se no exercício t3 que se v0 representasse a velocidade no apogeu, a excentf'icida-

- de se escreveria:
.g B~"
·º a>i·n;º e~ -
- --
~c::-=1-
LD

-
N.--M--C>~"'I#'
- N

....
.
e=E/E0 -1

Re.~umindo, podemos dizer que _se v0 representar indiferentemente a velocidade do satéli-


(44)

m;:: te no apoueu ou perigeu, a excentricidade da ó~bita é:

~e~
::2-1-
"O
~li o
Nlt>
....... -...
.- V -
-
-
COO>
.- -
.......
m
M
-
ll>
CJ)
~
-
.
,....
- ,.., e= 11 -E/E0 I (46)
1

a: ·i; Percebemos então que, conforme o valor da energia total, comparada ao valor da energia
< õ ·;: total para a órbita circular de raio r 0 (distância de apogeu ou.de perigeu) a órbita poderá ser:
t .,u"O.,
..J li)l:
o €8r.--Lt>MCOC0f"-C> · a. uma circunfer§ncia, se:
(/)
;::j8õ~~8~88~
<
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"' W"O
1-
)("'
àààào'ààào'à
w .!!! E.=E0
CJ
1- e o
(/)
iii
a
.Jtt.
~ "'
...
E 41!
.~ '.e·-
i l9
e N "' "O -e_ o pois entâ'o e~ O; essa solução era 11vidente desde o início (figura .121.
~
o o -

'(/) -
ô - - . E ·ºm'° '.<t
"':::Í
!!?!!:
N M -
a~
- ...- ll> O O O O
O valor vc da velocidade na órbita circular· obtém-se a partir çlo resultado obtido no exer-
o • co 00 :: 0::"0- - N M V cício 6, onde mostramos que a en,ergla cinética nessa órbita é GMm/2R.
C> r-- o
> CI)
C> .uiM•
Escreveremos:
... j::
N
.
... w
<
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.-"'
~o CI>~
f! ~
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.. 1
.,..-mvA
GMm
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< a: 2 2r0
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542 643.
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'•
1
E=Eo 1 E <E0 Ep
1
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*--r--J~ ---
___ ~·.~
1
!. -
E - - -Eo
- P
1 _
i ______
Ec
1
1
1 Ec __
A energia total da órbita circular ê:
E 0 =GMmf2r0

"• <vc

,,,
. .. ' '
,,, / ''
"• =vc
E=E,
/
/ ''\
e=O 1
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1
1
1

11 '•
I
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1
I
1
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I

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/
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'' ,, /
/

'' /

Fig. 12 Satelização em 6rblta circular: E= E,. A velocidade é v0 =vc= ../GMlr!. ,.,. /

b. um~ ellpss com epo(/tlU à distância r 0 , se:

E<E0 Fig. 13 Se "•· <vc, a trajet6ria é uma elipse com o apogeu no ponto de lançamento. A tre·
jetõria pode eventual mente cortar a superf leia terrestre se a velocldede inicial for suficientemente
Isto significa que a energia total E é negativa e malpr_ que 1E0 l em valor absoluto. pequena.
Verifica-se pela expressio (44) gue e< 1. (figura 13). ·

. 645
544
d. uma parábola se:
c. uma elipse com perigeu à distância r 0 , se:
E= O
E0 <E <O
Neste caso, e= 1 (figura 15).
Isto significa que a energia total E ainda é negativa, porém menor que E0 em valor CÔmentemos rapidamenta esse caso. Até agora, ao aumentarmos a velocidade v 0 , tinha·
absoluto. mos encontrado elípses cujo raio de curvatura no ponto de lançamento, ia crescendo.
Verifica-se pela expressão (43) que e < 1. (figura 14). Ou ando a energia total se torna nula lo que significa que a energia cinética de lançamento
é Igual ao valor absoluto da energia potencial!, a trajetória deixa de ser fechada: o satélite vai ao ln·
finito (no modelo).
- A velocidade v0 , correspondente é chamada velocidade de escape ve
Calculemos v6 pela condição sobre a energia (E= 0) :·
E
1
-1nv2 GMm
2 e - --- =0
r.
donde:
2GM ~
r. r Ve = - - =V . 2 Vc (461
ro
E 0 < E<O
A velocidade de escB{Je 11 pois igqal a ../2 vezes a velocidade da 6rbita circular.
w._ -,- EP
E
Ec 1
l _-~ -- -

.,.',. r -3?:.··-:---=-- ---


r
1
Vo > Vc
1
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,,,,"" / • • .., Vo=vc

, /
1

' "
,,/ "
' '\
Fig. 14 Satelização em 6rbita elíptica, com o perigeu no ponto de lançamento. v0 é maior que
Vc, mas a energia total aindaé negativa. · Fig. 15 Se v0 = .f2vc. ou seja j 2Gm
f;- o satélite "escapa": a trajetória é parabólica.

546
547
e. uma hlp~rbole (somente um ramo) se: Semi-eixo menor: 9,94 • 1O' m
Período: 1, 1 19 • 106 s
E >O Velocidade no ~erigeu: 5,84 • 10 3 m/s
Velocidade no apogeu: 2,94 • 102 m/s
Verifica-se pela expressão (43) que e > 1 (figura 16).
Três testes rápidos são possíveis:
Em primeiro lugar, verifiquemos se o produto distância x velocidade é o mesmo no pari·
geu e no apogeu.
E O cálculo dá, para o perigeu:

Vp fp = 1,30 X 10 11 m/s
f- Para o apogeu:
E
ro , V8 r8 = 1,31 x 10 11 m/s
Em segu~do lugar, verifiquemos se a velocidade no perlgeu (por exemplo) é maior que a

l-_!__ :·_,_ ----


Ec
Ep velocidade para a órbita circular, e menor que a velocidade de escape (figura 14).
A velocidade para a órbita circular com 2,23 • 1O' m de raio é:

vc =.J GM/rp =4,23 • 10 3 m/s

Para a mesma distância, a velocidade de escape é:

Ve = .J2 Vc = 5,98 • 1O' m/s.

/ ,---:-.,' . I
-- ...........

:
-~

',\\
Vo > Ve
Temos efetivamente:

Vc < Vp < Ve
Finalmente, calculemos o período pela 3.ª lei de Kepler e comparemos com o período
, ,,,' / ,' 'º \
I observado:
/ , 1
, 1 1
Terra r• = 4 "'ª'
/
, 1
1 J
1
CiM
1 /
'' , em q~a a d o semi-eixo maior.
', ,, O allculo fornece:
............ _~--- T= 1,116 · 1o•s.
O período observado d:
T= 1,119 · 1o•s.
Com três algarismos significativos, os dois valores são iguais.
Fig. 16 ·Se a velocidade de lançamento for maior que a velocidade de escape, a trajetória é um
ramo de hipérbole. •
>:~~() i \I '~=~ •
Chegamos ao final da primeira parte deste curso de Física.
TESTE EXPERIMENTAL: Depois de assistirmos ·ao surgimento do método científico, coro-
Foi em 4 de outubro de 1957 que Sputnik 1 provou, pela primeira vez, que o homem po- ando a tenta evolução que, em vinte séculos, leva de Aristóteles a Galileu
dia confiar na teoria da gravitação universal para lançar-se ã conquista do espaço.
Desde então alguns milhares de satélites têm sido postos em órbita terrestre; alguns foram
e Newton, procuramos dar uma estrutura lógica às leis do movimento;
postos em órbita solar e o programa Apolo levou o homem até a Lua. encontramos no caminho 'uma das grandes leis de conservação da Física, a
Um destes satélites, o Explorer 33, tem uma órbita com 01 seguintes dados: lei de conservação do momento linear; surgiu um conceito novo, o de ener-
Perlgeu: 2,23 • 1O' m
Apogeu: 4,44 • 101 m
gia, antecipando uma outra lei de conservação. A estruturação das leis bá-
Semi-eixo maior: 2;33 • 101 m sicas terminou com a lei de conservação do momento angular.

549
548
Finalmente, vimos que o conjunto das leis elaboradas e da hipótese templar o céu; e ao contemplá-lo, de meditar sobre o nosso lugar no
newtoniana sobre a gravitação forma uma teoria: a- teoriã da gravitação Universo, homens perdidos num planêta de um Sol semelhante a cen-
universal. tenas de milhões de outros na nossa galáxia, ela mesma perdida entre
O quadro da página 551 resume, na ordem em que forem discu- centenas de milhões de outras galáxias; e ~o meditar sobre nossa con-
tidos no texto, as definições, as leis e os postulados, aos quais vem se dição de "átomo pensante", na imensidão do Universo, sejamos gratos a
juntar a hipótese sobre a atração gravitacional para constituir a teoria. . 'Newton por ter-nos liberado do medo secular e irracional de que essa
Com a teoria da gravitação universal, voltamos às indagações, às imensidão nos esmague.
perguntas, que se apresentaram a -nós no início do curso. Vimos que a Pois o verdadeiro milagre da Ciência foi ter mostrado que somos
teoria ofereceu respostas satisfatórias a essas indagações e a essas per- capazes de entender o Universo, pelo menos em parte; que somos capazes
guntas: uma única construção intelectual, logicamente estruturada, per- de reduzir, intelectualmente, o abismo pavoroso entre a escala humana e
mitia finalmente juntar os problemas esparsos que, ao longo dos séculos, a escala desse Universo; e tornando-nos conscientes das nossas possibi-
o pensamento científico tinha formulado; as soluções desses problemas lidades, contribuiu para nos livrar do medo e da superstição.
são as conseqüências matematicamente necessJrias da teoria aplicada aos
modelos constru fdos. · - ESTRUTURA DA TEORIA DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
·Tivemos assim a prova da coerência interna da teoria. 1.a LEI DE NEWTON
Todavia, a teoria da gravitação universal -não se limita a explicar os Referencial inercial (a= O para a partícula isolada)
fenômenos já conhecidos. Permite pre~er fatos novos (descobertas de LEI
Netuno e de Plutão) e resolver p'roblemas novos (órbitas dos vôcis'f~pa­ Para um sistema isolado de duas partículas:
ciais). Prova assim a sua fertilidade e a sua abràngênc7a.
Frente a esse~ sucessos espetaculares,_ somos naturalmente levados t:.v 1 =-k t:.v 2 ; a1 =-ka 2
a perguntar-nos se a teoria da gravitação universal é a resposta "final~' a
DEFINIÇÃO:
todos os problemas, se é a chave que abre e continuará abrindo todas as
portas no nosso caminho para a compreensão do Universo. Razão entre massas inerciais m 2 /m 1 k
LEI:
=
Evidentemente, a resposta é não. A teoria da gravitação universal
não pode explicar todos os fenômenos observados*_ e alguns dos SE1US Conservação do momento· linear total em um sistema isolado.
insucessos levaram Einstein a enunciar uma outra teoria da gravitação. 2.a LEI DE NEWTON
No entanto há motivos_ de sobra para nos mostrarmos gratos a Força; F =ma ou F = dp/dt (para uma partícula)
Newton e a sua Teoria. · . 3.á LEI DE NEWTON
Em primeiro lugar porque, do ponto de vista estritamente pragmá- Ação e Reação F1 =- F2
tico~ as leis do movimento que Newton enunciou para poder tirar as
LEI:
conseqüências necessárias da sua hipótese sobre a atração gravitacional, Composição de forças: Ftotal = I: Fi
constituem a base sobre a qual todos- os projetos de engenharia civil e DEFINIÇÃO:
mecânica estão sendo executados. Trabalho de uma força W =f F ·dr
Em segundo lugar, porque o mêtodo científico, descoberto e de- POSTULADO: -
senvolvido por Galileu e Newton, é o único me_io de que dispomos para O trabalho de uma força mede a energia transferida ou transfor-
resolver racionalmente os problemas suscitados por nossa curiosidade ou mada pela fo·rça: W = t:.E
por nossas necessidades~ e isso qualquer que seja a teoria que queiramos_ LEI:
impor aos nossos modelos. . Conservação da energia mecânica em interações elásticas ..
Finalmente, sejamos gratos a Newton e aos "gigantes sobre os LEI:
ombros dos quais se ergueu", por nos ter dado a oportunidade de con.- Conservação do momento angular total em um-sistema isolado*.

"' Um deles é a diferença entre a velocidade de precessão (rotação) do periêlio de Mercúrio pre- * A demonstração para um sistema de duas partículas foi dada no probl. 3·R, pág.555; o caso
vista pela Teoria e il velocidade observada. geral será tratado no vol. 2 deste curso.

5~ 551
PROBLEMAS RESOLVIDOS
HIPÓTESE FUNDAMENTAL
_ . . G(mgJ1 (mgJ2
Atraçao grav1tac1ona 1: F = 2 1.R O POÇO DE POTENCIAL EFETIVO PARA A INTERAÇÃO GRAVITACIONAL.
r No capftulo 11 aprendemos que, nos movimentos em campos centrais conservativos, a
LEI: conservação da tnergia pode ser escrita sob a forma:
Proporcionalidade entre massa inercial e massa gravitacional: 1
-- m r
'2 Qb
+ - - - + Ep(r) = E,
2 2m r'
_!!!!__ = Cte. em que as duas constantes do movimento são E e Q0 •

mg POSTULADO: Aqui devemos substituir Ep (d pelo seu valor - GMm. Temos assim:
Q' r
Identidade entre massa inercial e massa gravitacional: m; =mg _1_ m ;• + --º-- GMm =E
2 2mr2 r
O potencial efetivo é:
Qb GMm
V(r}=-----
2mr'
A figura 1 reproduz o gráfico do potencial efetivo:

-i

o1 ' 1.- '•1 . 1 .


t:I t : 7 .--

f,

Fig. 1

552 553
Observa-se que: Essa relação mostra que o valor do semi-eixo maior é somente função da energia total,
V (r) é um poço de potencia/. sendo independente do momento angular. Podemos enunciar então que:
O gráfico mostra que, desde que a energia total seja negativa (e maior que o mínimo E 0 Todas as part(culas ligadas em um campo gravitacional, com a mesma energia total, des-
que corresponde à órbita circular), a partícula estará ligada ao corpo central. crevem elipses com o mesmo eixo maior.
Para determinado momento angular 20 , existe uma órbita circular estivei, de raio r 0 e Tendo-se a, a relação (361 do texto:
com energia E0 •
lr0 v0 )2
A energia E0 é a menor energia total que possa ter a partícula, com um momento angular b2
= ~
20 dado. a GM GMm 2
Uma energia total positiva (ou nula ao caso limite) corresponde a uma trajetória com
ramos infinitos: a partfcula não está mais ligada. fornece imediatamente:

25
2.R DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DAS ÔRBITAS ELfPTICAS b' = - 2mE
Voltemos ao gráfico do potencial efetivo (fig. 1 ). ·
À energia total negativa E, corresponde uma órbita elíptica cujo pedcentro é rp, e cujo Supondo-se, de novo, partículas ligadas de mesma energia total, conclui-se que o semi-
apocentro é rll' eixo menor é proport!ional ao momento angular. A elipse correspondente ao maior momento
rp e ra são evidentemente as raízes da equação: angular será a elipse com o maior semi-eixo menor, ou seja: a circunferência.
V(r) =E
ou: 3.R VELOCIDADE EM UM PONTO DA ÔRBITA ELfPTICA
llb GMm -E
Com a pàrtfcula em M (fig. 31, à distância r do f!JCO O (centro do campo), a. equação da
2mr 2 ---r-- - ' energia se escreve:

a qual se escreve: _1_ m v' _ GMm =E


2 r (1)

2 GMm 2~ (1) Mas, da relação obtida no problema precedente para o semi-eixo maior:
r +---r----=0·
E 2mE
a=_ GMm
Por outro lado, á figura 2 mostra que: 2E
rp + ra =. 2a. vem:
Segue-se que o semi-eixo maior a, é a semi-soma das rafzes da equação (1 ).
E=• GMm .
GMm 2a •
a=--·--
2E Substituamos em (1 ):

_1_ m v• = GMm _ GMm


2 r 2a
e, finalmente:

V
2
= GM ( 2 1 )
~--ª- . o
Fig. 3
Essa relação é muitas vezes utilizada nas apficações práticas.
4.R Supondo-se que a órbita da Terra em torno do Sol, é circular, com o raio igual a
1, 5 • 1011 m, calcule a massa do Sol.
SOLUÇÃO: . 2
A força necess4ria para manter a Terra em órbita é ..!!!!..... em quem é a massa da Terra.
R
A força dispon ívei é GMm , em que M é a massa do Sol.
R2
Então:

mv2 GMm Rv 2
-.- - = - - - + M = - - ·
Fig. 2 R R2 G

554 555
O período de revolução da Terra é 3,15 • 107 s (um ano), de modo que: Em P (pericentro), 9 =O, de modo que:

2,.. (1,5. 10 11 )
l2~ = GMm 2 rp (1 + e)
v= 3,0 • 104 m/s.
3,15. 107 m' vp' rp = GMm 2 rp (1 +e)
Substituindo na expressão de M, acha-se: e:
M= 2,0 • 10 30 kg. Vp = _2!!._ (1 +e). (11
rp
5. R Quando se encontra a uma altura h = 6,0 • 102 km acima da superfície terrestre, um Sendo a massa de Vênus igual a 4,83 • 1024 kg, temos:
foguete lança um satélite com velocidade v0 • perpendicular ao raio vetor do foguete.
Qual deve ser .o valor de v0 para a órbita ser circular? 6,67 ' 10-11 X 4,83 • 1024 X 4
v2 = = 1 283 • 101 (m/s) 2
SOLUÇÃO: .p 1,0 • 107 '
Do problema precedente (ou da relação 25 do texto), obtemos:
Vp = 1,16 • 104 m/s
GM
2
Va= - -
- r
b. A relação (1) acima mostra que vp é 1 +e= 4 vezes maior que vJ. De modo que:
1
Vc = - 2- Vp = 0,58 • 104 m/s.

v0 10·3.
em quer= raio da Terra+ h ir= 6,37 • 106 + 0,60 • 106 = 6,97 • 106 m.

=[ 3,99.
6,97 • 106
=7,57·103 m/s.
7.R Medidas efetuadas por estações terrestres mostram que a velocidade de um satélite
artificial é !i!,25 • 1o• m/s, quando a distância do satélite ao centro da Terra é 7,O · 1O' m.
Qual é o serlii-eixo maior da órbita do satélite?
6.R Uma nave espacial tem trajetória hipérbollca de excentricidade e = 3,0, com o planeta
SOLUÇÃO:
Vênus no foco. Ao passar pelo ponto mais próximo do planeta, a nave dista 1,0 • 104 km do
centro, Nesse Instante, acendem-se retrofoguetes que põem a nave em órbita circular em torno do
planeta.
De v• = GM (+- -;-) , (problema resolvido 3.Rh obtém-se:
a. Qual a velocidade da nave imediatamente antes de acionar os foguetes?
b. Qual a velocidade da nave na órbita circular? GMr
a=
SOLUCÃ 0: 0
2GM- v• r
A substituição numérica fornece:
a= 1,4• 10 7 m.

Yp

o rp p

a; A equação da trajetória é:
l2ó/GMm 2
r=
1 +ecos9

556 557
l1 Suponha que um planeta de raio R tenha uma massa específica médiaµ.
EXERac1os Qual seria o período de um satélite rasante? ·

1 Duas bolas de 2,0 kg e 5,0 kg, respectivamente, estão situadas nas extremidades de uma 12 O raio da órbita da Terra em torno do Sol é 390 vezes maior que o raio da órbita da Lua
diagonal de uma retângulo de 4,0 m por 5,0 m de lados. Outra bola, de 3,0 kg, está em um dos em torno da Terra. A Lua dá 13 voltas em torno da Terra em um ano. Qual é a razão entre as
dois outros vértices. massas do Sol e da Terra?
Qual é, no vértice livre, a intensidade do campo gravitacional devido às três bolas?
13 Refira-se de novo à determinação da excentricidade ,de uma órbita planetária, rta.seção
2 A massa do Sol é 1,98 • 10 30 kg, e o raio da órbita terrestre é 1,49 • 10 11 m. 12-12.
a. Qual é a intensidade do campo gravitacional do Sol nos pontos da órbita terrestre? Mostre que se v0 for a velocidade no afélio (ou no apogeu) em vez de ser a velocidade no
Compare a força de atração gravitacional exercida pelo Sol e pela Terra, sobre qualquer periélio (ou no apogeu), a excentricidade se escreve:
um de nós.
e= 1-r 0 v~/GM=-11+2r 0 E/GMm).
b. Qual é a força que o campo solar exerce sobre a Terra, cuja massa é 5,98 • 10 24 :<97
(Sugestão: mostre que nesse caso K deve ter sentido oposto ao de v0 ; conseq.üentemente,
3 Uma balança de torção mede a força de atração gravitacional entre duas esferas de a relação (30), escrita em módulo, fornece ... )
chumbo !densidade: 1, 1 · 104 kglm' ), cujos raios respectivos são 3,0 e 1,0 cm.
a. Qual é a ordem de grandeza dessa força quando os centros das esferas distam 5,0 cm? 14 A energia potencial de interação gravitacional de um satélite em órbita circular em torno
b. Compare com o valor, em ordem de grandeza, do peso de um grão de areia. da Terra é- 2,0 • 107 J.
Qual é a energia cinética?
4 Uma das teorias a respeito da formação da Lua sugere que a Lua destacou-se da Terra
quando esta ainda estava quase 1íquida. 15 Eros é um dos milhares de asteróides que formam urna "cinta" orbital entre as órbitas de
Para que isto possa ter acontecido, qual deveria ter sido a velocidade mínima de rotação
Marte e de Júpiter.
da Terra? O diâmetro médio de Eros é 20,0 km e sua densidade é 1/3 da densidade da Terra.
Suponha que Eros é esférico (na realidade a forma do asteróide é muito irregular) e
5 Sabendo-se que a massa da Lua é 1,2 · 10"' vêzes a massa da Terra, e seu raio, 0,27 o da
compare os valores de alguns parâmetros tais que:
Terra, calcule a razão gLualgTerra· a. intensidade do campo gravitacional na superfície;
b. período de um satélite rasante;
6 Mostre que, no caso de uma órbita circular: c. velocidade de escape da superfície;
a. a energia potencial Ep do sistema é o dobro, em valor absoluto, da energia cinética Ec do d. e qualquer outro que achar interessante, com os valores correspondentes para a Terra.
planeta;
b. a energia total E satisfaz as relações:
1
í ª
.A órbita elíptica de um cometa tem excentricidade igual a 0,6. Determine:
a. A razãc entre a distância ao Sol do periélio e do afélio.
E= -Ec = - 2 - Ep = -GMm/2R.
b. A razão entre os módulos da velocidade no periélio e no afélio.

7 Referindo-se à figura 1 O, mostre que, na latitude IJ, o peso de uma partícula de massa m
é aproximadamente:
P=m ('l'-w' Rcos 2 O)
(Sugestão: o ângulo do peso com a vertical é extremamente pequeno.)

8 Pesa-se uma bola de 1,0 kg: suspendendo-a a um dinamômetro fixado ao teto de um


elevador.
Qual é o peso da bola nos casos seguintes:
a. O elevador está subindo ou descendo, com movimento uniforme.
b. O elevador está subindo com aceleração de 2,0 m/s2 •
c. O elevador, em descida, é freado com desaceleração de 2,0 m/s' • (g "'- 10 N/kgl.

9 Pesa-se uma bola de 1,0 kg, suspendendo-a a um dinamõmetto fixado ao teto de um


vagão que se movimenta sobre um plano horizontal.
Qual é o peso da bola nos casos seguintes:
a. O vagão está movimentando-se em linha reta com aceleração de 2,0 m/s 2 •
b. O vagão está movimêntando-se numa curva de 100 m de raio com velocidade constante
de 20 m/s. (g "'10 N/kg).

10 Pesa-se urna bola de 1,0 kg, suspendendo-a a um dinamômetro fixado ao teto de um


vagão que desce ao longo de uma rampa de 30º, com atrito desprezível.
Qual é o peso da bola? (g ;, 10 N/kg).

559
558
QUESTÕES CONCEITUAIS: A seguir, faça uma.representação qualitativa da trajetória do centro da Lua, em relação'à
órbita circular do centro de massa do sistema Terra-Lua.

1 As forças de atração gravitacional entre dois corpos idênticos estão representadas na 8 Descreva como varia a velocidade (módulo) de um planeta ao longo da sua órbita. Torne
figura 1. essa descrição tão quantitativa quanto possível.

~ .. . ~ 9 Se a 3,a lei de Kepler fosse .I._ = K (Cte), qual deveria ser a expressão da lei da gra-
a•
vitação universal, para ser coerente com a 3.ª lei?
(1)
1O Se a lel da gravitação universal fosse uma lei em ; , em vez de ser em~· qual seria a
forma da 3. a lei de Kepler?

~
11 Se a lei da g~avitação universal fosse da forma F = G~m ln inteiro), qual seria a forma
@
da 3.ª lei de Kepler?
m· m·
12 Suponha que, em vez de postular-se - ' - = =
1, se tivesse postulado - - ' 2 (o que não
(2) infringiria nenhuma lei natural). mg mg
a. Qual seria o valor da intensidade do C:ampo gravitacional. na superfície da Terra?
Quais são as forças exercidas no caso da figura 2? (Cada um dos corpos representado é b. Qual seria o valor do peso de um corpo de massa inercial 1,0 kg? de massa gravita-
idêntico aos da figura 1.l cional 1,0 kg?
c. Qual seria o ·valor da aceleração da gravidade (aceleração de queda dos corpos no
2 O objetivo desta questão é convklá·lo a refletir sobre a importância que assumem as vácuo)?
forças gravitacionais quando se muda a escala de um sistema, da· escala "humana" até a escala d. O período de um pêndulo de comprimento l! não seria evidentemente modificado.
planetária. Explique por quê.
a. Considere duas bolas de gude, em dois cantos opostos de uma sala. Qual é a força de
atração gravitacional entre as bolas, em função das suas massas m e da distância d que separa as 13 Um satélite está em órbita circular de ralo R. $e o mesmo satélite fosse lançado com o
bolas? mesmo momento angular, mas à 'distância R 12 do centro da Terra, e perpenaicularinente 110 ralo
b. Multiplique todas as dimensões lineares do sistema pelo fator de escala 101 : o sistema do vetor, qual seria sua órbita? -
passa a ser comparável com o sistema Terra-Lua.
Por que fator passou a ser multiplicada a força de atração gravitacional inicial? 14 Um satélite é lançado perpendicularmente ao .raio vetor; à distância r do centro da Terra.
Supondo-se que o momento angular é determinado, construa o gráfico da energia total em função
3 Um inventor pede que você financie a extração de um novo elemento, o gravitônio, que da distância de lançamento r.
segundo ele é "super-gravitacional". Afirma que quando o gravitõnio particii:>a de uma interação
com qualquer matéria, o valor de G é o dobro do valor normal. 1 5 Um cometa !em trajetória parabólica e o seu periélio é igual ao raio da órbita de Netuno.
Sugira uma experiência simples que lhe permitirá julgar criticamente as afirmações do Sendo vc a maior velocidade do cometa na sua trajetória, e vN a velocidade de Netuno,
inventor. qual é a razão
4 Suponha que a constante universal da gravitação, G, tivesse um valor 1O vezes maior. __!L 7
Qual seria o o efeito disso sobre o sistema solar? VN
5 A intensidade do campo gravitacional na superfície da Lua é aproximadamente seis vezes 16 De um ponto da superfície de um planeta•sem rotação própria, lançam-se três foguetes
menor que a superfície da Terra e o raio da Lua é 3/11 do raio da Terra. com a mesma velocidade inicial v0 , ·mas com direçÕas diferentes. Qual dos foguetes alcançará a
Como se comparam as massas específicas médias da Lua e da Terra? maior distância do centro do planeta?
6 Pesa-se um livro em Belém, com uma balança .de mola. Dias depois, pesa-se o mesmo 17 Dois objetos de massas diferentes podem ter a mesma órbita (em torno da Terra por
livro, com a mesma balança, em Porto Alegre. Há uma diferença nos dois pesos? exemplo)? ,
Se a experiência tivesse sido feita com Uma balança comum (balança de braços iguais), Considere agora órbitas circulares; se dois objetos podem ter a mesma órbita, terão a
haveria urna diferença nos pesos? mesma velocidade orbital?
Explique a "ausência de peso" que, segundo os jornais, faz com que os astronautas
7 Quando descrevemos o movimento da Lua, costumamos dizer que ela gira em torno da flutuem numa neve espacial.
Terra, implicitamente imóvel. Na realidade, Terra e Lua giram em torno do centro de.massa G do
sistema e o ponto G está ém órbita quase circular em torno do Sol. 1 B Duas naves espaciais estão na mesma órbita circular em torno da Terra a uma certa
Mostre primeiro que a resultante das forças de atração gravitacional Sol-Lua e Terra-Lua distância urna da outra. ·
é sempre dirigida para o lado do Sol (embora o suporte da resultante não passe necessariamente Descreve qualitativamente como uma das naves poderia acoplar-se à primeira, supondo-se
pelo Sol). que esta continua na órbita inicial.

560 561
PROBLEMAS: 7 As marés são produzidas não s9mente pela ação da Lua, mas tar:nbém pela ação do Sol.
a. Compare, na superfície da Terra, a intensidade do campo solar com a do campo lunar.
b. Compare o módulo do termo corretivo devido ao campo gravitacional solar, com o termo
. 1 Qual é a força de atração mútua entre a Terra (m = 6,0 · 10 24 kg) e a Lua (m = correspondente devido ao campo lunar.
= 7,3 • 1022 kg); a distância entre os centros é 3,8 · 1o•m.
c. Explique a diferença entre as respostas aos itens (a) e (b).
Suponha que a gravidade não exista e que se quer manter a Lua em órbita, amarrando-a d. Explique por que as marés de Lua nova ou de Lue cheia são mais altas que as mar~de
a um cabo de aço. Qual seria o diâmetro do cabo? A tensão máxima para o aço é 1,5 · 109 N/m'. meia-lua.
Respostas: 2,0 • 1020 N; 4.10 5 m Respostas: a. 2 • 102 ; b. 1 /2.
2 Imagine que dois astronautas, cuja massa com o traje espacial é de 1,0 · 10 2 kg, distem 8 Dois satélites de massa m = 5,0 •. 1.02 kg, ligados entre si por um cabo de. comprimento
1,0 • 10 2 m um do outro no "espaço sideral". Os campos gravitacionais externos são desprezíveis 2d = 70 m, estão em órbita em torno da Terra. A direção do cabo passa sempre pelo centro O da
e a velocidade rélatjva dos dois··astronautas é inicialmente nula. Quanto tempo (em ordem de Terra e o raio da órbita do centro de massa G do sistema é r = 7,0 • 106 m.
grandeza) será necessário para que a distância entre os dois seja reduzida a 10 m, pela ação da Qual é a tensão do cabo? (0 produto GM para a Terra vale 4,0 • 10,. SI.)
atração gravitacional mútua?· Resposta: 6, 1 • 1o-• N.
Resposta: 10 7 s
9 Considere um plano horizontal tangente à Terra no ponto A e suponha que uma par-
3 Dados relativos ao cometa de Halley: tícula de massa m possa movimentar-se com atrito desprezível sobre esse plano.
a. Período 76,03 anos; a. Qual é a energia potencial de Interação gravitacional deS&a massa com a Terra, em função
b. Periélio: 0,587 UA; 1 Unidade Astronômica (UAI é a distância média da Terra ao Sol de sua distância K à posição de equilíbrio A? Ena posição de equillbrio será escolhida como
(1,496 · 10 11 m). configuração de energia potencial nula.
c. Excentricidade da órbita: 0,967
A partir desses dados, tire o máximo de informações possíveis a respeito do cometa. A x m
Represente, numa folha grande, as órbitas do cometa, da Terra e de J(1piter, respeitando
a escala.
Avalie a fração do periodo duran.te a qual o cometa se encontra dentro da órbita de
Júpiter.

4 A distância da Terra ao Sol varia entre 1.471 · 10 11 m (periélio) e 1,521 • 10 11 m


(afélio).
Verifique que essa variação corresponde a 3% da distância média, aproximadamente. No
entanto, a exceritriCidade da órbita é 0,0167.
a. Compare a excentricidade com os 3% acima e explique a diferença.
b. A Terra está mais perto do Sol em janeiro que em julho. Você acha que os 3% de
diferença relativa têm alguma influência sobre .a diferença entre as temperaturas médias naquelas
épocas, na superfície da Terra? b. Qual é o perlodo das pequenas oscilações da partícula? Mostre que esse perlodo é igual
eo de um satélite rasante da Terra. Mostre que é também igual ao período de um pêndulo simples
5 A Tabela 12-1 (página 542) fornece dados relativos ao sistema solar. A tabela seguinte cuja massa estivesse na vizinhança da superfície da Terra, mas cujo comprimento,fosse igual ao
fornece d'ados relativos a alguns satélites de Saturno: raio da Terra, ou então infinito.

SATêLITES DE SATURNO
Respostas: a. G~m { 1 + ( 1 - ;: )~ } ; b. 2tr ; : -

Satêlite Semi-eixo maior (m) Período T (s)


10 Faça Ul'Tlll avaliação da massa da nossa galáxia, sabendo-se que:
a. O Sol dista 3 • 104 anos-luz (3 • 102º ml do centro da galáxia.
Mimas 1.85 . 10• 8,14 . 10• b. Medidas de velocidades aparentes de estrelas mostram que o Sol se move em torno desse
Dione 3,76 . 10• 2,36 . 10' centro com um período de 2 • 101 anos (6 • 1015 s). ·
e. ~ posshel mostrar que, se uma partícula se encontra no interior de um corpo celeste
Rhea 5,26 . 10• 3,90 • 10 5
com simetria esférica, somente a parte do corpo situado dentro de uma esfera cujo raio é a
Titã 1,22 . 10 9 1,38 • 10 6 distância do centro até a partícula age gravitacionalmente sobre essa partícula.
Resposta: 1041 kg ou seja 1011 vezes a massa do Sol

Verifique a 3.ª lei de Kepler para os dois sistemas (solar e satélites de Saturno), cons- 11 "Pulsares" são provavelmente o estágio final da evolução de certas estrelas; a evidência
truindo os gráficos T vs a em papel log-log. experimental reunida desde a descoberta do primeiro pulsar, em 1968 (na nebulosa do Caran-
guejo), sugere que pode se tratar de estrelas de nêutrons num estado extremamente condensâdo
da matéria.
6 Se a Terra fosse de repente parada na sua órbita, quanto tempo levaria para cair no Sol?
Os pulsares emitem energia sob forma de radiação eletromagnética, a qual chega à Terra
Resposta: - 65 dias.
por "pulsos" cuja freqüência 6 perfeitamente definida. Esse fato leva a pensar que os pulsares

562
563
podem ter um movimento de rotação próprio, cuja freqüência é igual à freqüência dos pulsos c. em 5 de abril, às 3:15, a distância era 12,8 mm;
recebidos. As três imagens do Siltélite a que nos referimos acima, se encontram do mesmo lado do
Este problema tem como objetivo a avaliação de uma ordem de grandeza possível para a planeta;
densidade de um pulsar. d. A escala das fotografias é tal que 11,0 mm correspondem a uma distância angular de
a. Construa um modelo de pulsar; uma hipótese possível é de que a emissão de energia se 4,0 minutos de arco;
produz numa camada superficial de plasma mantida em órbita "rasante" pela atração gravitacional e. Na época das fotografias, Júpiter se encontrava a 4.46 UA da Terra.
do pulsar. A partir dos dados precedentes, determine o período e o raio da órbita de Calisto.
b. Transforme a 3.ª lei de Kepler de modo a expressar o período em função da densidade (Os parâmetros atualmente aceitos para Calisto são: T = 16,7 dias; R = 1,88 • 109 m.)
do corpo central, supondo-se uma órbita "rasante".
c. Qual seda, então, em ordem de grandeza, a densidade do pulsar do Caranguejo, cujo 18 Em 25 de fevereiro de 1976, o Cometa West, cuja trajetória é aproximadamente para·
período é de 3,3 • 1o-•·s? bólica, passou pelo periélio, a uma distância do Sol de 0,1966 unidade astronômica. Sabendo-se·
d. Explique por que o valor enamtrado é provavelmente um limite inferior para a de!Jsi· que a Terra descreve a sua órbita, cujo raio é 1 U.A. em 365,25 dias, determine o valor da
d ade. velocidade do cometa no periélio.
(1 U.A. = 1,496 • 10 11 ml.
12 Suponha que o asteróide sobre o qual vive o Pequeno Prfncipe tenha a mesma densidade Resposta: 95,25 km/s.
média que a Terra. um· dia, de brincadeira, o Pequeno Prfncipe transformou-se em satélite
rasante do seu asteróide (não é multo difícil, a velocidade necessária é talvez de uns 20 km/h), 19 Uma nava espacial tripulada por marcianos chegà na vizinhança da Terra seguindo uma
Quanto tempo demorou para dar uma volta? órbita hiperbólica cuja assíntota dista b do centro da Terra. Quando a nave se encontrava a iuma
Resposta: 8'1 min. distância multo grande da Terra, a sua velocidade era Vo·
a. Qual é a relação entre v0 , b e a distância de perigeu a7
13 Afirma-se no problema precedente que a velocidade necessária para o Pequeno Príncipe
_ GM •
trensfor.mar·se em satélite rasante de seu asteróide é da ordem de 20 km/h. Você acha ·essa
estimativa ra:toável 7 ·
b. Poe-se V' =a em que M é a massa da Terra. Qual é o sentido f ÍSICO de V7

.14 Marte tem um satélite, Phobos,cuja 6rbita circular tem raio de 9,50 • 103 km. O raio de
Marte é 3,40 • 103 km e sua densidade média, 4,12 • 103 kg/m 3 •
Ouai"é o período de Phobos7 · Vo
Reiposta: 2,56 • 104 s.
15 Um "satélite de 24 horas", ou síncrono, é um· satélite- cujo período é igual ao período do
movimento diurno da Terra.
a. Qual é o raio da órbita desse satélite?
b. Um satélite síncrono pode manter-se estacionário em rela~ão à Terra, isto é, encontrar-se
sempre na vertical do mesmo .lugar. Esse tipo de satélite é utilizado em telecomunicações inter·
continentais.
Quais são as condições necessárias para que uin satélite de 24 horas seja estacionário?
(Defina o plano da órbita e o sentido d.e .rotação.)
Para testar as previsões do seu modelo, os parâmetros de um desses satélites são for·
necidos a seguir:
·a. Satélite Syncom: raio médio da órbita: 4,22 • 104 km;
b. Período: 1436,7 min;
c. Inclinação do plano da órbita sobre o plano equatorial terrestre: 0,77º.
16 Não é possível colocar um satélite síncrono em órbita rigorosamente equatorjal (ver o
problema pi-acedente). O plano da órbita do Syncom, por exemplo, é inclinado de 0,77º em
Calcular v0 em função de V para que a = + b.
(No resto do problema, supõe-se essa condição satisfeita.)
relação ao plano equatorial. c. Qual é a velocidade v, da nave no perigeu7
Em conseqüência, o satélite não fica exatamente estacionário, acima de um ponto do d. Expressar V em função de g (int'l!nsidade do campo gravitacional na superffcie da Terra)
equador.
Descreva qualitativamente o movimento aparente do Syncom para um observador ter· e do parâmetro li =
R
-ª- ·
restre. e. Calcular numericamente V v0 e v,,comg.::::. 10 N/kg, R = 6.4 • 106 m,11=2,0.
Resposta:
17 Os dados seguintes referl!m-se a um satélite de Júpiter (Calisto) e foram extraídos de
fotografias feitas no Observatório da Universidade de Colorado (USA), em abril de 1969•
a. em 31 de março às 5:10, Calisto distava (na fotografia) 10,0 mm do centro de Júpiter;
a. b2
V~ ( - . - 1
)
= 2--;
GM
b. v0 = _3r.: V; c. v, = 2../2
5 V; d. v• =~·
li '
~ a ~2
b. em 3 de.abril, às 2:50, a· distdncia era de 25,0 mm e o satélite estava passa~do pela sua
elongapo máxima do planeta; e. V= 5,6 km/s. v0 = 6,0 km/s; v, = 10 km/s
20 Descobre-se um asteróide que está a uma distância r 0 = 2,0 • 10• m da Terra, com
• Culver, R. B. Am, J. Phys. 39, 1904 (1971 ). velocidade v0 = 1,0 • 104 m/s.

564 565
O suporte ela velocidade "• dista b = 3,0 • 101 m do centro da Terra. A que distância
mini ma do centro da Terra pa1S1rá o aster61de1 Complemento
Respostas: 3,9 • 10• m. EQUAÇÃO DE UMA CÔNICA EM COORDENADAS POLARES
21 Um foguete está em 6rbita circular de raio'• = 7,0 • 106 m em torno da Terra.
Acendendo 01 jatos do 1'.Jltimo estágio, o foguete lança um 1&t61lte de maSIB m = 1,0 Seja A a diretriz associada ao foco O de uma cônica (Figura 11. Tomemos como eixo
103 kg com velocidadé "•• tangencialmente à 6rbita circular, com lv0 I = 1,0 • 10" m/s (medida polar, OX perpendicular a A. Pondo OH = d, temos:
no referencial em translação com a Terra). Determine os parânietros da 6rblta do satélite em MP=NH= OH-ON
torno da Terra. Quel é o perlodo do movimento?
=
Respostas: • 2,8 • 101 m; b = =
1,9 • 101 m; e 0,75: T= 4,7 • 10" s MP =d- rcos 9

22 A altitude rndxima do Telstar 1 (medida a partir da superfície terrestre) é 5,64 • 10' m.


e a altitude mínima 0,955 • 106 m.
A
Determine o valor máximo e o valor mínimo da velocidade do satélite. O raio terrestre é
6,37 • 106 m.

23 A altitude máxima (acima do nlvel do mar) do Explorer 32, é 2,72 • 101 km, a altitude
mínima é 2.81 • 102 km. Qual é o perlodo d~ satélite?
Dedos: para a Terra, GM = 3,99 • 1014 SI; raio terrestre: 6,37 • 106 m.
Resposta: 116 min. 'n-- A p

24 A altitude rndxima do Explorer 33 é 4,76 · 10• km, a altitude mínima, 4.08 • 104 km.
Qual é a velocidade do satélite quando se encontra a 2,00 • 105 .km do centro da Terra?
(Veja os dados do problema pracedente).

25 Uma nave espaclel esté em 6rbita circular a uma altitude h = 11,26 • 10' m acima da o N H
superflcia terrestrL A nave quer n'landar uma cápsula para a Terra, devendo a alpsula chegar
tangencial mente à superflcie terrestre.
a. Com que velocidade em relação à Terra, supondo-se esta inercial, deverá a alpsula sair da
6rblta da nave? Sup6He qua o lançamento é feito tangencialmante à 6rblta.
b. Ao ser iançada, que wlocldade deverá ter a cápsula em relação à nave?
Respostas: a. 3.46 • 101 m/s; b. 1,31 • 101 m/s, para trás.

26 Para pôr um satélite em 6rbita circular em torno de Terra, com raio r0 = 3,0 • 1o• km,
põe.se priméiro o foguete em órbita ellptica a partir do perigeu P, a uma altitude h = 5,0 •
102 km. No apogeu A, foguetes auxlllares fornecem ao satélite a velocidade necessária para a Fig. 1
6rbita circular. Determine: A cônica é definida como sendo o lugar geométrico dos pontos cuja razão das distincies
·L a velocidade do foguete em P. ao foco e à diretriz é constante, e igual à excentricidade 11 da curva:
b. a velocidade do foguete em A.
c. o aufTW!nto de velocidade comunicado em A aolatéiite para colocá-lo em 6rbita circular. MO =e
Resposta: a. 9,7 • 11?" m/s; b. 2,2 • 101 m/s; c. 1.4 • 101 m/s. MP
Nio se pode substituir diretamente MP por MP pois MP 6 um n.:ímero aritmético en-
quanto que MP 41 um número algébrico. Resolveremos a dificuldade elevando ao qua-
drado a relação de definição: ·
MO' = 110
MP•

ou
r" •e• (d-rco18J'
r =:!: 11 (d - r COI 9}
Resolvsndo em r:
r(J :!: B COS 9} =:!: ed
Temosentão duas equaçéies possíveis:
r(1+1coi1JJ=11d
( 1)
r(1-1co18J =-11d

566 I
567
Sendo OY, (figura 2), um eixo orientado definido a partir do eixo polar OX pelo lingulo c2 (edJ2
8 = (OX, OYJ ou 1T + 8 = (OX, OY), um mesmo ponto M pode ter como coordenadas - ±-- - 1
polar11, seja r, 8J, 11ja (-r, 8 + 1T}. Se antão o ponto (r, 8} verifica a equaçio:
,,2 b'

r(1 +acos8)=ed (edJ'


± - - =1- -
e•
o mesmo ponto (.-r:. 1T + 8} verifica também a segunda equaçio: b2 a•
r (1 -ecosli)=-ed {ed/2 a• -e•
±--=--- (4)
como se observa imediatamente. Isto significa que as duas equa~es representam a b' ••
mnmacurva.
Basta entlo conservar uma delas e fazer variar 8 de li a 211' para que a curva seja descrita Ora, na elipse: a• - e• = b 2 , e na hii>'rbole: -ta• - e• J = b 2 •
inteiramente. -
A relação (4) escreve-se então:
t tedJ' = tL
b' ,,.
De modo que, em qualquer caso (elipse ou hii>'rboia):
b'
ed = - -
8

Escreveremos antã'o a aquaçã'o da cônica na forma final:


r = b 2 /a
1+11cos8 (5)
Se e < 1 a cônica li uma elipsa.
Se 11 > 1 a cônica li uma hii>'rbole.
Se 11 = 1 (parábola) a equaçã'o deva ser deixada na forma:

r= "
+cos9

Em r11umo, a equaçio polar de uma cônica li:

11d
r = (2)
1+11cosli
Transformamos essa expressã'o, calculando o produto ed em função dos parâmetros da
curva. Na Figura 1, se fizermos 8 = n/2, M vem em J, e r = OJ = ed. De modo que o pro-
duto ed é a ordenada do ponto da curva cuja projeçã'o li o foco. Escrevamos as equações
cartàslanas das cônicas:
x• ±e= 1 (3)
a• b2
(+para a elipse, - para a hipllrbole).
Fazendo x =e, cortaremos a curva pela reta perplllldicular ao eixo maior e passando pelo
foco. A ordenada correspondente será o produto ed procurado:

568
569
e conseqüentenwnte:
Complemento 2
INTERAÇÃO DE DUAS PARTfCULAS NÃO
1
- - F2
m2 =--
m
1
Fr
1
NECESSARIAMENTE ISOLADAS: A expressio de A• então a me11T111 que 11 nlo exlstiuem fol'ÇBI ei<tern81:
ACELERAÇÃO DE UMA PARTfCULA EM RELAÇÃO À 1 - f,
OUTRA
lt=-
"
~ n - sentido que, na·llÇio 12-14 (estudo das ma~sl, afir1T111mos que o campo solar
pode ser ignorado no estudo da interaçio Terra-Lua.

o
f 1 e f 2 = - f 1 são as forças internas Ide interação). F 1 e F 2 são as forças 11xtemas resul-
tantes que agem sobre as partículas. As relações seguintes sio imediatas:

·;,=- 1-CF,
1 -(F 1 +f,)=- - f2 );
m, m,

·; 2 =-1- (F 2 + f 2 ).
m,

Demo.oque:
d .. , =r,
R . . -r,
m, m,
,~1
. . = - - + -,-) · 2 + ú_F -m.1- F)
\mz z i

Dois casos particulares sfo importantes:


ai n6o hll forças ext11mas (sistema isolado). Entio:

t• =µR (1.1=~)
m, +m 2

Se uma das part fculas tiver massa muito maior que a outra, por exemplo m, >>>m,.
µ "'m 2 e podemos escrever:

t 2 == m, R

b) as forças externas são proporcionais às massas das partfcula1.


Os único.s casos de interesse apresentam-se quando as partículas se encontram em um
campo gravitacional uniforme. ~ o caso do sistema Terra-Lua que ocupa uma regiã'o do
espaço em que o campo solar li praticamente uniforme. Sendo -:Y a intensidade desse
campo temos:
F, =m, 'Y • -. F2 =m,-:Y
671
570
E.·
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Apêndice 1
Apêndice 1 CINEMÁTICA ESCALAR
CINEMÃTICA ESCALAR, 573

Apêndice 2
CINE11t1ÃTICA VETORIAL
E MOVIMENTO DOS PROJÉTEIS, 621

INTRODUÇÃO
A Cinemática estuda um aspecto limitado do movimento de partículas ou de sólidos no
referencial que o experimentador escolheu para suas observações.
A idéia de movimento associa duas das grandezas fundamentais da Física: o compri-
mento e o tempo. Se um objeto está se movimentando no laboratório, ocupa posições diferentes
no espaço em instantes diferentes. Os dois parâmetros fundamentais em qualquer estudo de
movimento devem em conseqüência ser a posição, exprimindo-se em geral por três números que
representam a posição do móvel (grandeza vetorial) e que medem distâncias ao longo de três eixos
. coordenados, e o tempo.
Ao ignorar a massa, a Cinemática ignora a matéria no que ela tem de essencial, conten-
tando-se por exemplo em definir a trajetória de uma partícula no decorrer do tempo. Definida a
trajetória e de posse de uma tabela dos instantes em que a partícula passa por seus diversos
pontos, essa partlcula deixa de ter qualquer· interesse para a solução do problema cinemático.
Essa solução proçessa-se por métodos matemáticos consistindo sempre em procurar relações
funcionais entre as trlJs grandezas básicas por um lado (posição, velocidade a aceleração) a o
tempo por outro lldo.
A Cinemàtica limita-se pois em descrever o movimento por melo das três grandezas
básicas assinaladas acima, e é nesse sentido que no início dissemos que ela estuda um aspecto
limitado do movimento dos corpos. A Cinemática estuda o aspecto geométrico da Física. Mas
nem por isso deiKa ela de constituir-se em um instrumento indispensável para a Física. Com
efeito, as interações entre partículas, cujo estudo é a própria essência da Física, nos são conhe-
cidas em particular, embora não exclusivamente, por suas manifestações cinemáticas. i: através da
Cinemática se chega aos conceitos fundamentais de força e de massâ inercial.

2 OBJETl\10 DA CINEMÁTICA ESCALAR


Começaremos por um caso particular da Cinemática, cuja simplicidade permitirá uma
familiaridade,progressiva com conceitos novos.
Suponhamos que um observador esteja fechado dentro de um reboque sem janelas:
alguém está dirijindo o carro que puxa o reboque, mas o observador não vê a estrada. · No
reboque, porém, há um laboratório rudimentar e dois instrumentos indicam por um lado o espaço
percorrido pelo carro desde uma origem arbitrária (assinalada pelo zero do aparelho de medir

573
espaços), e por outro lado, o tempo decorrido desde um instante-origem também arbitrário (o
zero do marcador do tempo).
As relações do sistema carro-reboque com o resto do Universo resumem-se então, para o
observador, em duas medidas que. se expressam cada uma por um número. A distância medida
pelo aparelho é a distância percorrida pelo carro sobre uma estrada, de modo que o que se está
s,
estudando é o movimento no referencial terrestre. Mas o observador não está livre de escolher seu
sistema de coordenadas nesse referencial. Esse sistema. de coordenadas lhe é imposto pelo moto·
rista do carro: é a estrada que está seguindo e a posição que se está medindo é a posição ao longo
dessa estrada, a partir do ponto em que o instrumento marcava zero. Obviamente essa situação
tem seus inconvenientes. Em particular, quando o instrumento marca 750 m (por exemplo), essa s.
distância pode ter sido percorrida tanto numa estrada reta e horizontal, como numa estrada que
suba uma serra cheia de curvas. Não há nenhum meio de se determinar a diferença. O número
fornecido pelo instrumento independe para o observador de qualquer sistema de coordenadas
escolhido no referencial terrestre, pela simples razão que não pode escolher nenhum deles. Na o
realidade esse número não mede a posição do automóvel e sim sua distância atll a origem eo
longo de uma trajetória imposta. Nesse sentido, pode-se dizer que o universo do observador é um t, ~ r4
universo unidimensional, e nesse universo a grandeza posição pode ser considerada como uma s,
grandeza escalar. O tempo é por seu lado uma grandeza escalar verdadeira. De modo que tendo
como ponto de partida exclusivamente duas grandezas escalares, tudo o que vai decorrer será Fig_. 1 Gráfico posiçâ"o-te.mpo do movimento de um automóvel.
também escalar.
Em resumo, o objetivo da Cinemática escalar é o estudo do movimento de uma partícula trajetória. Diremos para simplificar que sua posição escalar era s 0 • Entre os instantes zero e t 1 a
ao longo de uma trajetória imposta. Conhecendo-se a posição da partícula em função do tempo, posição escalar cresceu de valor, o que significa que o carro se afastou da origem no sentido
poderemos definir sucessivamente duas novas grandezas de interesse fundamental: a velocidade e positivo. No instante t 1 a posição é s 1 • Nesse instante, a posição deixa de crescer para éomeçar a
a aceleração. decrescer. A única explicação física possível é a de que o carro anda agora em sentido contrário e
Impondo-se uma trajetória e limitando-se os dados fornecidos à posição da partícula ao começa a aproximar-se da origem: ele anda no sentido negativo da trajetória.
longo dessa trajetória em função do tempo, isto equivale a restringir o universo a uma dimensão. No instante t, a posição é medida pelo número zero: o carro está passando pela origem,
Nessas condições todas as grandezas que intervirão no problema poderão ser tratadas como continuando a movimentar-se no sentido negativo. Do instante t• até o instante r4 a posição do
escalares. carro permanece constante, igual a s,. Obviamente o carro f.ica parado entre esses dois Instantes.
Nesse sentido talaremos de posição escalar, velocidade escalar e aceleração escalar, signifi- No instante t 4 a posição recomeça a variar. Aumenta algebricamente, o que significa que
cando com isto posição, velocidade e aceleração medidas ao longo da trajetória. o carro movimenta-se de novo no sentido positivo. Ultrapassa a o.rigem no instante r 1 e vai se
A natureza da trajetória no referencial terrestre poderá ser conhecida (como ela é conhe- afastando dela no sentido positivo.
cida pelo motorista que dirige.o carro), Porém nunca essa natureza será relevante nas conclusões a O gráfico cuja análise está se iniciando é chamacjo "gráfico posição-tempo" do movi-
que chegaremos. Em outros termos, os conhecimentos que adquiriremos neste capítulo serão mento. (Usaremos também as expressões: gráfico Cs,tl e gráfico "s vs t" que se lê: s versus t, ou s
aplicáveis indistintamente qualquer que seja a trajetória seguida pelo móvel. contra t.)
No final do capítulo esses conhecimentos serão utilizados diretamente no estudo de
alguns movimentos comumente encontrados na Natureza ou no laboratório. 4 VELOCIDADE ESCALAR
4.1 ANÁLISE DETALHADA DO GRÁFICO POSIÇÃO-TEMPO
3 POSIÇÃO AO LONGO DA TRAJETÓRIA (POSIÇÃO ESCALAR) A análise esboçada na seção anterior é obviamente incompleta. Devemos poder obter
Voltemos ao exemplo do experimentador fechado no seu reboque. O marcador de es- uma soma muito maior de informações do gráfico posição-tempo.
paço fornece os espaços percorridos desde uma certa origem. Para ele essa origem é um zero que s s
aparece no mostrador do aparelho; para o motorista que dirige o carro a origem é talvez um
marco quilométrico na beira da estrada; esse marco divide a estrada em dois trechos, 1 e 2
digamos. O marcador de espaço foi construído de tal maneira que as distâncias que indica são s, s,
positivas enquanto o carro estiver no trecho 1, por exemplo e negativas enquanto o carro estiver
s,
no trecho 2. Se as indicações ·do aparelho aumentam algebricamente, o observador no seu rebo-
que diz que o carro está se deslocando no sentido positivo da trajetória que ele desconhece. Se as
indicações do aparelho diminuirem algebricamente, o carro se desloca n'O sentido negativo da '• '• So
trajetória.
O número indicado pelo mostrador do aparelho é a medida da posição do carro ao longo
da estrada, em relação à origem escolhida.
Corno se di~põe também de um relógio, pode-se construir uma tabela dos valores s o t, ( o. t, o t,
fornecidos pelo marcador de espaço em função do tempo t fornecido pelo relógio. A origem dos
tempos é o instante em que o observador decidiu começar a sua e1<periência, isto é, o instante em Fig. 2 A posição pode variar de s0 até s 1 Ele maneiras diferentes.
que iniciou a coleta de dados. ~o instante em que deu partida ao cronógrafo. A seguir, represen· Por exemplo, dizer que 3 posição do móvel cresce algebricamente do valor s, até o valor
tam-se esses dados graficamente, obtendo-se o gráfico da figura 1. s, entre os instantes zero e t 1 , não é uma informação muito precisa. A figura 2 mostra três·
Qual é a história contada por esse gráfico? No instante zero (início da experiência), o maneiras evidentemente diferentes da posição crescer de s0 até s, naquele mesmo intervalo de
carro se encontrava a uma distância positiva s 0 da origem, distância essa medida ao longo da tempo.

574 576
Devemos portanto preocupar-nos em completar a informação precedente, estudando de gráficos posição-tempo diferentes com as mesmas origens A (3,0 s; 340 m) e B (5,0 s; 380 m). O
que maneira varia a posição entre dois instantes quaisquer. i arco 1 é um segmento de reta. Observa-se que neste caso a posição cresceu regularmente com o
tempo. O carro percorre 20 m duránte o primeiro intervalo de 1,0 s e outra vez 20 m durante o
4.1.1 VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA segundo intervalo. Podemos até ver que percorre 5 m em cada segundo, 2,5 m em cada quarto de
Quando dizemos simplesmente que a posição do móvel varia de s 1 até s 2 , ou ainda de segundo, 1,25 m em cada oitavo de segundo, etc ...
68 = s 2 -s 1 , no intervalo de tempo D.t = t 2 - t 1 , estamos somente interessados nas extremidades Pelo contrário, o carro cujo gráfico posição-tempo é o arco 11 percorreu os mesmos 40 m
A e B·de um arco do gráfico posição-tempo. Pouco nos importa o que realmente aconteceu entre nos mesmos 2,0 s, percorreu em média os mesmos 20 m por segundo, mas o exame d<! gráfico
os instantes t 1 e t 2 • No instante t 1 a posição era s1 ; .no instante t 2 a posição era s 2 • As duas mostra logo que a quase totalidade daquele espaço de 40 m foi percorrida durante o último
grandezas 68 = s 2 -s 1 (variação da posição) e D.t = t 2 -t 1 (variação do tempo) seriam as mesmas intervalo.
para qualquer arco possível do gráfico posição-tempo cujas extremidades fossem os mesmos O comportamento médio dos dois carros quanto à distância percorrida dura11te o inter-
pontos A e B, como mostra a figura 3. valo de tempo considerado é o mesmo. Mas o que aconteceu durante o intervalo difere fundamen·
s tal mente nos dois casos.
Raciocinando-se no caso geral, se em um intervalo D.ta posição de um móvel varia de tis,
B podemos dizer que a taxa média de variação da ROsição do móvel durante o intervalo l!!.t é igual à
s. ~------- razão D.s/M. A essa ta~a média de variação dá-se o nome de _velocidade escalar média do móvel no
/j.s intervalo de tempo considerado. Escreveremos: -

s, <v>=~ (1)
M
No exemplo do carro, diremos que entre os instantes 3,0s e 5,0s a velocidade média foi d.e
20 m/s.
Voltando à figura 3, encontraremos imediatamente a interpretação geométrica da velo·
cidade média < v >; é a inclinação da corda AB do gráfico posição-tempo. Essa inclinação é
o t, D.t t• medida em metros por segundo.

Fig. 3 4.1.2 VELOCIDADE ESCALAR INSTANTÂNEA


Três gráficos poss (veis correspondentes aos mesmos valores para D.se para D. t. A informação fornecida pela velocidade média tem evidentemente o seu interesse. Se
alguém diz por exemplo que vai de carro ·do Rio de Janeiro a São Paulo a uma m«Jia de 80 km/h,
concluiremos que gasta mais ou menos 5 horas na viagem, pois sabemos que a distãi:icia entre as
PERGUNTA: duas cidades é aproximacfamente igual a. 400 km. Mas se essa informaÇão é de inegável valor para
Seria poss(vel se imaginar um arco de gráfico espaÇo-tempo imposslwl entre os dois pon- certas aplicações técnicas ou industriais, não tem muito interesse em Física. A razão é que
tos A e·~?
precisamos quase sempre de informações a respeito do que acontece na vizinhanÇa imediata de um
determinado instante ou determinado lugar, pois é graÇas a essas informações cinemáticas locais
Digamos então que entre os instantes t 1 = 3,0 se t 2 = 5,0 s a posição do carro passou do que podemos dissecar literalmente as interações, o que é em definitivo nosso objetivo principal.,
valor s 1 = 340 m ao valor s2 = 380 m. De modo que, nesse particular intervalo de tempo, s s s
D.s = 40r:n e D.t = 2,0 s. O carro percorreu 40 m no sentido positivo (s cresceu), em 2,0 s. Po· s
demos dizer que percorreu em média 20 m por segundo. Mas isso não significa que a posição ~

. r/-
cresceu de 20 m em cada segundo: Vejamos a figura 4 em que são representados dois arcos de B

-~
~1 e
s(m) 'º

*
B
s.+D.st-A---1
D.s 1 1
+D.s
s0 + D.s
~
r- A --fC
380 - e
s. 1 So

1 1.
'•
11
360 1
1
1 1 1 11
to to +D.t 1 to to +D.t 1 to to +.õ.t to
340
fig. 5 Passagem da velocidade média para a velocidade instantãnea.

Suponhamos então que queremos saber como varia a posição s em função do tempo t na
o 3,0 4,0 5,0 t(s) vizinhança do instante t 0 (figura 5). Nes5e instante a posição do móvel é s0 e o ponto correspon·
dente do gráfico posição-tempo é o ponto A. Entre os instantes t 0 e t 0 + Ma posição varia de 1 0
Fig. 4 Duas maneiras diferentes de percorrer 40 m em 2,0 s. até s0 +
D.se definimos a velocidade escalar média, nesse intervalo de tempo, por:

<v>=~·
M

576 577
~
,~

Se quisermos saber como se comporta < v ·>na vizinhança do instante t 0 devemos fazer s
t.t tender para zero. A figura 5 mostra o que acontece: nas figuras (a) (b) (c), sucessivamente, o
intervalo t.t vai diminuindo, mas em todos os casos a velocidade média continua sendo medida
pela Inclinação da co.rda AB. Na figura(d), B veio confundir-se com A, a corda AB transformou-se
na tangente AT em A ao gráfico posição-tempo e a inclinação da corda AB trans~rmou-se
evidentemente na inc)!nação dessa tangente. O que aconteceu a < v >7 A velocidade média é
agora medida em um intervalo de tempo infinitamente pequeno ·em torno de t 0 • Passa a cha-
mar-se velocidade escalar insrantlnea no instante t 0 • Essa velocidade instántânea representa agora, B
realmente, a taxa de variação da posição em função do tempo no instante t 0 •
Definimos então:
Velocidade instantlnea no instante t 0 =limite para o qual tende a velocidade mtklia
entra os instantes t 0 e t 0 + [?t quBndo t.t tende para zero. A
Analiticamente:

v=lim < v>=lim ~ = _!!!.._


At...,. O Ato-O l!.t dt
estando lmplicitarnante entendido que a derivada ds/dt é calculada no instante t0 •
Em outros termos: o
A velocidade escalar instantlnea de um móvel no instante t 0 tJ igual·ao valor que toma,
nessa instante; a darivada em ralação ao tempo de funÇ6o s(t): · t, '

v(t0 ) =( dds)
t t =t 0 . (2)

4.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA·FUNÇÃO v(t)


A velocidade instantânea é por sua vez, no caso geral, uma função do tempo.

EXERCl'CIO:
. '
Cite um caso em que a velocidade escalar instantânea não li função do tempo. Caracterize
esse caso por seu grtlfic:o espaço-tempo.

tempo?
De que maneira podemos construir o gráfico da função v(t}, ou seja, o gráfico velocidade-
·
'
_,

Nada mais simples, quando se conhece o gráfico posição-tempo. A figura 6 mostra o


procedimento. Escolhem-se vár!os pontos sobre o gráfico espaço-tempo: quanto maior o nCJmero
1
de pontos, maior será a precisão do gráfico v vs t; constrói-se a curva em cada um desses pontos;
mede-se a inclinação dessa tangente (cuidado eom as unidades em ordenadas e abscissas) e
finalmente transportam-se os valores correspondentes, isto é, os valores da velocidade instantânea, "º 1
no gráfico v vs t, com as unidades apropriadas •
Aconselha-se a escolha de certos pontos do gráfico posição-tempo para se construir o
gráfico velocidade-tempo. São pontos em que a velocidade instantânea assume valores caracte-
t,
rísticos. Por exemplo, na figura 6, escolhemos primeiro o ponto A (instante zero) e medimos a o
inclinação da tangente (velocidade instantânea) nesse instante. ~ a velocidade inicial do movi- ·
manto, representada pcw v0 • O ponto B, no qual a posição do móvel passa por um máximo, é
também um ponto interessante. No instante correspondente t 1 a velocidade se anula. Observa-se
que entre os instantes zero e t 1 a velocidade diminui: a tangente ao gráfico posição-tempo gira no
sentido trigonométrico inveno. Continua diminuindo até o instante t 2 • O ponto C correspon-
dente é um ponto de inflexão do gráfico posição-tempo: a tangente à curva começa agora a girar
no sentido trigonométrico direto e a velocidade pãra ·conseqüentemente de decrescer para co-
m8çar a crescer. Nesse instante t 2 , o gráfico velocidade-tempo passa por um mínimo.
A velocidade cresce até o instante t 3 quando se anula e permanecerá nula até o instante
t 4 , pois nesse interveio de temi>o a posição do móvel conserva um valor constante. A partir do
instante t 4 , a velocidade recomeça a crescer, passe por um máximo no Instante t, (ponto de Fig. 6 Gráfico (s, t), com o correspondente gráfico(" ti.
inflexão F da curva posição-tempo), decresce de novo e assim por diante.
t O conhecimento do gráfico posição-tempo, construído a partir de dados experimentais,
nos levou assim ao gráfico velocid~e-tempo. Conhecemos agora o valor da taxa de variação da
·!l°sição do móvel em qualquer instante.

579
578
4.3 PASSAGEM INVERSA DO GRÁFICO (v, t) PARA o GRÁFICO Is, t)
Suponhamos agora que, no reboque-laboratório, o observador disponha, não mais de um V
marcador de posição, mas de um marcador de velocid.ade instantânea, ou seja, de um velocímetro.
Conseqüentemente, poderá construir o gráfico velocidade-tempo do movimento do carro. Ser.á B' B
que a partir desse gráfico pode voltar para o gráfico espaço-tempo?
'<s
V

A B VA A'
V A

p a
t, t0 + ll.t t
o ta t0 + ll.t t Flg.9 No Intervalo àt a velocidade nfo é mais constante.
Fig. 7 No intervalo lH a posição varia de vll t.
(A seta significa que a variação MA é numericamente Igual à área do retângulo APQA')
Dividamos o -problema em partes, começando-se com um caso elementar. A figura 7 Suponhamos agora que em vez de guardar durante o intervalo àt a velocicf'ade vA• o
mostrà um elemento AB de um gráfico v vs t, e esse elemento tem d!I particular qua entre os móvel tivesse guardado a velocidade constante v8 . A variaçâ'o da posiçâ'o teria sido medida por
instantes correspondentes t, e t 0 + ll.t, a velotidade permaneceu constante. Isto é, o trecho AB é
v8 ti.t, drea do· ret#ingulo B'POB. E eCsa variaçâ'o de posiçfo, representada por ti.s8 , teria sido
retilíneo e paralelo ao eixo Ot. De quanto variou a posição do móvel no intervalo li t1
A resposta é imediata: a posição variou de vllt, sendo v a velocidade constante mantida maior que avariaçlo real tis, já que v8 é sampl'l! maior que a velocidade real no intervalo ti.r: ( )
pelo m6vel durante aquele intervalo de tempo. Reparemos que il'àt é numericamente igual à área ti.sg-+iJriia B'PQ~ > tis 5
do retângulo sombreado da figura. Se a velocidade v fosse negativa, como na figura 8, o wlor da As relaç&ts (41 e (51 fornecem:
posição escalar decresceria pois o m6vel movimentar-se-ia no ·sentido negativo da trajetõria. A
variação da posição seria ainda fornecida, algebricamente, pelo valor do produto vti.t; e essa li.IA< ÂI < Ass (6)
variação serià ainda medida pela área do retângulo sombreado da figura com a simples convenção Suponhamos que a variação /;.s possa ser representada por uma área do gráfico v vs t,
de contarmos como positivas as áreas situadas acima dos eixos dos r e como negativas as áreas
situadas abaixo desse eixo.
como "º
caso am que a velocidade é consta11te. Não sabemos ainda se Isso é possível, mas
suponhamos que o seja, e representamos por A essa área desconhecida. A relação (71 seria
equivalente a:
" to t 0 +llt
ártM APOA' <A < ártM B'PQB. (7)
o
"
__ til~I il'
B' .B
Fig. 8 O produto vll.t é aqui negativo. "B
Escreveremos então que, se no intervalo /lt a velocidade mantém-se constante e igual a li', :-:tJ
a posição do mõvel varia, durante o intervalo, de:
/J.s = vAt
-1--1- ~
VA A .. 1-H-+~
Passaremos agora ao caso em que o gráfico v vs t, entre os Instantes t 0 e t 0 + ll.t, é um J 1 1 1 j 1 J A'
arco de curva cuja concavidade é sempre dirigida para o mesmo sentido, para baixo por exerr:iplo
+
como na figura 9. No instante t 0 a velocidade é vA" .No instante r 0 ll.ta velocidade é v8 , e 1 1 1 1 1 1 1
supomos "A < v9. Perguntemos de novo qual é a variação da posiçfo do móvel durante o 1 1 1 1 1 1 1
intervalo At. Imaginemos que o móvel tivesse guardado a velocidade constante "A· Então a
variação da posição ser!a medida por VAAt, área do retângulo APQA', Evidentemente essa varia- p 1 1 1 1 1 1 1
ção de posição, que representaremos por /J..sA é menor que a variação real /J..s (desconhecida), já
i , , ' • ' ia
que "A é sempre menor que a velocidade real no Intervalo ll.t: t0 + /J.t t
Fig. 10 to
MA -+-área APQA' < /J..s. (4)
O intervalo At da fig. 9 foi dividido em seis sub-intervalos.

~80
581
Reparemos na figura 9 que a diferença entre as áreas APOA' e B'PQB li igual à área do
retàngulo AB' BA'. Passemos agora à figura 1O, que representa o mesmo arco AB do gráfico v vs t repr_esentada pela na (medida com as escalas apropriadas) limitada pelo arco correspondente do
entre os mesmos instantes t 0 e t 0 + At. Agora, porém, o intervaloAt foi dividido arbitrariamente grlflco v vs t. pelas ordenadas extremas do intervalo e pelo eixo dos tempos.
em seis intervalos (Iguais ou não). Se durante o Intervalo /U a velocidade do m6vel tivesse variado
conforme os degraus inferiores da figura (em cada degrau a velocidade permaneceria constante) a
variação de posição teria sido medida pela área limitada pelos segmentos AP PQ ae; e por - •
mesmos degraus que se iniciam em A terminam em B, e se apoiam por baixo sobre o arco AB. "
Observamos que essa variação de posição teria sido menor que a variação real pais a velocidada do
m6vel teria sido sempre inferior à velocidade real, ou quanto multo, da vez em quando Igual a ela. A B
Representando-se por As1nf essa variação temos:
l!.s;nf <As (8)
ou, com as áreas correspondentes:
'ru limitada pelos degraus inferiores <A . (9)
t1 t
Se pelo contrário, durante o Intervalo At, a velocidade do móvel tivessa variado conforme t,
os degraus ~parlares da figura, a variação de posição teria sido medida pela área limitada paios Fig. 11
segmentos AP PQ BO. e por essas mesmos degraus que se iniciam em A, terminam em B, e se A variaçfo de posiçã'o no intervalo (t1 t 2 1li apresentada pala érea sombreada.
apoiam por cima sobre o arco. Observamos que essa variação de posição teria sido maior que a
variação real pois a velocidade do móvel teria sido sempre maior que a velocidade real ou paio Se a ârea aaim definida for -cortada pelo eixo deis tampo$, as partes situadas acima do
menos, de vez em quando, igual a ela. Escreveremos: eixo (ou melhor, do lado dos v positivos) serão contadas positivamente. As regiões situadas do.
àssup >As (10) outro lado serão contadas negativamente. Na figura 12 por exemplo as áreas 1 e Ili representam
variações positivaL A região 11 representa uma variação negativa.
ou:
Ires limitada pelos degraus superiores'> A . (11)
As ralações (8) e (101 fornecem:
l!.sinf < As < âssup (12)
e as relações (9) e (11 I:

[ pelos Ires limitada J


degraus inferiores <A < [
Ires limitada 1
J
pelos degraus superiores
(13)
~ t
1
ou simplificando as notações:
Ainf < A < Asup • (14) 1 Fig. 1? As éreas I e III representam /J.s positivos. A l!lrea II representa um /J.11 negativo.
·A diferença entre es áreas Asup a A/nf é representada na figura 10 pala soma dos
retângulos sombreados que seguem o arco AB. Observemos o progresso realizado entr!I a figura 9 1
e a figura 10. Na fig. 9, a incerteza sobre As era medida pela árae do retângulo AB'BA'. Essa Analiticamente, o resultado enunciado decorre da pr6pria definição da velocidade escaiar
incerteza reduziu-se consideravelmente na fig. 10, pelo artificio dos degraus de velacidada cons- instantânea. Com efeito sabemos pela ralação (2) que no instante genérico t essa velocidade é
tante. definida por
Podemos agora imaginar que o número de subintervalos em que o interveio At li dl·
vidido, vai crescendo sem parar. cada intervalo tendendo para zero. As quantidades Asinf e /J.s11111 v(t) = __!!!__
dt
• ( 15)
f
da relação (121 têm evidentemente /J.s como limite comum. As áreas Ainf e A 111 da ralação (1_4)
Essa relação· fornece
têm a área desconhecida A como limite comum, e o simples exame da fig. (10 mostra que esse
área limite A é a ârea limitada pelos segmentos AP PC QB, e pelo arco AB do grlfico v vs t. ·
Em resumo, a área A do gráfico v vs t que supomos, hipoteticamente, poder representar a
ds =v(t) dt ,
(16)
variação de posição !J.s, existe realmente: é a área limitada pelo arco AB do gráfico, pelas orde- e Integrando-se essa equação entre os Instantes t 1 e t 2 obtemos
nadas extremas PA e QB e pelo eixo Ot. O resultado obtido com um segmento AB que represen-
tava uma velocidade constante aplica-se ao arco qualquer AB conquanto a concavidade d - s2 -1 1 = /J.s = f t, v(t) dt.
arco esteja sempre dirigida para o mesmo sentido. Mas obviamente, qualquer que 1&ja o grâflco .ti (17)
v vs t de um m6vel entre cio is instantes quaisquer t 1 e t 2 , poderemos sempre decompor o inter-
valo (ti' t 2 l em Intervalos durante os quais a concavidade do gráfico conserva o mesmo sentido: a De um modo geral, representando-se por s(t) a posição escalar da partlcula no instante_
variação total da posição do m6vel será simplesmente a soma das variações correspondentes a genllrico te por s 0 a sua posição no instante zero (j:losição inicial), teremos
cada um desses subintervalos. O resultado precedente é pois absolutamente geral (figura 11 ).
A variação da posição escalar de um móvel entre dois instantes ~· e t 2 ' numericamente s(t) - 1 0 = Jt v(t) dt.
(18)
582
683
Podemos agora resolver o problema proposto no inicio desta seção, e que era: conhe- Em muitos casos, dá-se a posição ·s 0 do móvel no instante inicial. Diz-se que se fornecem
cendo-se o gráfico v vs t de um móvel, será ou não possível deduzir dele o gráfico posição-tempo as condições iniciais do problema definido fjela equação diferencial (16). Na figura 13(b), a curva
correspondente? (li) corresponde a &0 =O (o móvel passàva pela origem da trajetória no instante zero). A curva
(Ili) corresponde a um s0 negativo: o móvel, andando. no sentido positivo da trajetória, não tinha
V ainda atingido- a origem no instante zero, etc ...
v. PERGUNTA:
Por que razão podemos afirmar que o móvel andava no sentido positivo da trajetória no
instante zero?
o
Em resumo: dado o grafice posição-tempo (gráfico svs t),corresponde a esse gráfico um e
só um gráfico velocidade-tempo (gráfico v vs t ). Esse último é obtido por derivação do gráfico
svs t, isto é, medindo-se inclinações de tangentes àquele gráfico.
s Em contrapartida, dado o gráfico v vs t, correspondem a esse gráfico uma infinidade de
gráficos s vs t dedyzidos uns dos outros por translações paralelas ao eixo Os. Esses gráficos são
obtidos por integração do gráfico v vs t, isto é, medindo-se áreas limitadas pela curva v vs t e pelo
eixo dos tempos .. O gráfico s vs t é amarrado quando se fornecem as condições iniciais do mo-
vimento (posição do móvel no instante zero) ou a posição em qualquer instante determinado.

5 ACELERAÇÃO ESCALAR
5.1 ANALISE DO GRAFICO VELOCIDADE-TEMPO: ACELERAÇÃO ESCALAR MÉDIA;
ACELERAÇÃO ESCALAR INSTANTÂNEA.
Podemos obter, a partir do gráfico v vs t de um móvel, informações análogas às que
obtivemos a partir do gráfico s vs r. Vimos que o gráfico posição-tempo permitia definir a velo-
cidade média do móvel no decorrer de um intervalo de tempo l:J.t, pela inclinação da' corda
determinada pelos pontos da curva correspondentes ao início e ao fim do intervalo de tempo.
Essa velocidade média é a taxa média de variação da posição do móvel no intervalo l:J.t.

Fig. 13 Um gráfico v vs t, e quatro gráficos s vs t possíveis.


V
A f!gura 13(a) representa o gráfico v vs t de um móvel a partir do instante zero. Sabemos
que no instante zero a tangente ao gráficos vs t terá uma inclinação igual a v0 ; sabemos que esse.
gráficos vs t terá um ponto de inflexão no instante t, e que entre os instantes zero e t 1 a posição'
do móvel terá variado de uma quantidade representada numericamente pela área (1). Sabemos
também que no instante t 2 o gráficos vs t passará por um máximo e que entre os instantes t 1 e t., Vo
a posição terá variado de uma quantidade representada pela área (li).

PERGUNTA:
Diga por que podemos afirmar que o gráfico passa por um máximo (e não por um
m fnimo) no instante t 2 ?
V0 +l:J.v
+-----,
1 1
1 1
Sabemos que em t 3 teremos outro ponto de inflexão, um mínimo em t 4 e que entre os instantes 1 1
t 2 e t 4 a posição terá variado de uma quantidade (negativa) representada pela área (Ili), etc ... •1
Mas todas essas condições estão satisfeitas por qualquer uma das quatro curvas s vs t 1
representadas na figura 13(b) ou por qualquer outra deduzida de qualquer uma delas por qual-
quer translação paralela ao eixo Os. O gráfico v vs t sozinho não permite escolher entre a infini- to t0 + l:J.t
dade de curvas s vs t pertencentes à família representada na figura 13(b) por quatro de seus
membros. Fig. 14 Aceleração média e aceleração instantânea.
Essa indeterminação tem sua explicação física no fato seguinte: quando o observador
está no reboque, com o seu velocímetro e o seu cronômetro, ele é capaz de calc~lar o espaço Da mesma forma (figura 14i, podemos definir a taxa média de variação da velocidade do
percorrido pelo carro desde o instante zero que escolheu arbitrariamente, até o instante ulterior t .. móvel entre os instantes t 0 e t 0 + l:J.t. No início do intervalo, a velocidade é v 0 (ponto A do
Mas é obviamente incapaz de deduzir onde se encontrava o carro nesse instante t se ninguém lhe gráfico v vs ti. No final do intervalo a velocidade é v0 + l:J.v. No intervalo de tempo tJ. t a velo-
diz onde se encontrava no instante zero (ou aliás em qualquer outro instante determinado).
cidade escalar variou de l:J.v. Definimos a aceleração escalar média do móvel durante esse intervalo
Em outros termos, para poder escolher uma entre a infinidade de curvas svs t cujo de tempo pela relação
gráfico v vs t é o gráfico dado, deve-se conhecer a posição do carro em um dado instante ..
Graficamente, deve-se conhecer um ponto (s,t) do plano posição-tempo. A curva s vs t que se <a>=~ (19)
procura é então a curva da família que passa f?elo ponto dado. l:J.t

584 585
A aceleração escalar instantânea no instante t 0 é definida como sendo o limite para o A varia~ão da velocidade escalar de um móvel entre os instantes t 1 e t 2 (figura 16) é
qual tende a aceleração média quando t::. t tende para zero. Geometricamente, a aceleração escalar numericamente igual à área (medidas com as unidades apropriadas) limitada pela curva a vs t,
instantânea é representada pela inclinação (medida com as unidades apropriadas) da tangente em pelas ordenadas extremas do intervalo, PA e QB, e pelo eixo dos tempos, É a área sombreada da
A da curva v vs t (figura 14). Analiticamente a aceleração instantânea é definida por: figura 16. Analiticamente

a(t 0 )= (dv) (20)• v2 - v1 =l!.v = f t,


t,
a(t) dt (21)
dt t =to
A aceleração se mede em metros por segundo por segundo (m/s'). ou, expressando·se a valocidade em um instante genérico:
t
5.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃOa(t) v(t) - v0 = f a(t) dt, (22)
o
em que v0 representa a velocidade no instante zero (velocidade inicial).
A passagem do gráfico a vs t para o gráfico v vs t é sujeita às restrições encontradas na
s.
passagem do gráfico v vs t para o gráficos vs t. O conhecimento do gráfico a vs t não é suficiente,
em si, para determinar uma curva velocidade-tempo entre a infinidade de gráficos v vs t que
t,
a

Vo í"""'oi...

1
1

1 1 1' 1
-
t,
1
o

a,
1 V
1

-
1

j
Bo ..... 1 I t,

Fig. 15 Um gráfico (s, ti e os gráficos (v, t) e (8, t) correspondentes.


Passa-se do gráfico v vs t para o gráfico a vs t da mesma maneira que se passa do gráfico
s vs t para o gráfico v vs t. A figura 15 mostra as duas derivações sucessivas a partir de um gráfica o
s vs t arbitrário. A um ponto de Inflexão do gráfico v vs t corresponde um máximo ou um
mínimo do gr6fico a vs t. A um máximo ou um mínimo do gráfico v vs t corresponde o valor zero
do gráfico a vs t. A partir do instante t 1 o móvel permanece parado: velocidade e aceleração s
tornam-se nulas a partir desse instante.

5.3 PASSAGEM INVERSA DO GRÁFICO (a,t) PARA O GRÁFICO (v,t)


Enunciemos simplesmente os resultados de uma análise que seria ponto por ponto seme-
lhante à qu! fizemos na seção 4.3,

a
o
~
Fig.17 Um gráfico (a, t), três gráficos (v, t) possíveis eo gráfico (s, t) correspondente às condi·
çBes iniciais v0 =O, s0 =O.
admitem como gráfico aceleração-tempo o gráfico dado. A figura 17 mostra um gráfico a vs t
arbitrário e três das curvas possíveis v vs t correspondentes. Todas essas curvas são evidentemente
deduzidas uma das outras por translações paralelas ao eixo Ov. Para que o problema seja determi-
nado d necessário fixar um ponto do plano (v,tl. Será geralmente o ponto (v0 , OI correspondente à
velocidade inicial do móvel. Se na figura 17 fixarmos como condição inicial para a velocidade:
v = O para t =O, então a curva v vs t procurada será a curva (11) do gráfico velocidade-tempo. Se,
além do mais, impusermos ã posição inicial a condição de ser nula (s =O para t= 0), o gráfico
t, t, s vs t poderá ser construído sem ambigüidade a partir do gráfico v vs t como aprendemos a
Fig. 16 A variaç§o de velocidade no intervalo (t 1 t 2 ) é medida pela área sombreada. fazê-lo na seção 4.3.

586 587
Aparentemente não há nenhuma razão para que o jogo iniciado como gráficos vs t pare aí. gamos ao caso do movimento uniformemente variado. Ne~e movimento a velocidade é uma
A derivação do gráficos vs t forneceu-nos o gráfico v vs t, e a derivação desse .último levou-nos ao .função linear do tempo:
gráfico a vs t. Por que não continuai a aer1var também o gráfico a vs t? A razão é a seguinte: a
Cinemática é apenas uma ferramenta indispensável para o estudo da Dinâmica. Newton disse na
v =v 0 + at ..... movimento uniformemente variado.
sua 2.a lei que basta se conhecer a aceleração de uma partícula juntamente com sua massa, para se O sentido físico das constantes v0 e a é óbvio: v0 é a velocidade inicial do móvel; a é a aceleração
conhecer a força aplicada. Eis porque era necessário chegar até a aceleração e eis porque é constante do movimento.
suficiente parar nesse conceito.
V
6 EXEMPLOS DE MOVIMENTOS
6.1 MOVIMENTO UNIFORME (a) -.<ff':
••
v. =O

~fiili•1
Dentre os movimentos unidimensionais o movimento chamado uniforme é o mais sim-
a>o
pies.
Definimos um movimento ao longo de uma trajetória como uniforme quando a ve-
locidade escalar do móvel é constante.
o
v = cte +-+ movimento uniforme

Deduzimos imediatamente da definição precedente que:


a. em todo movimento uniforme a posição escalar é uma função linear do tempo. Com
efeito, se v = cte, a equação (18) se integra imediatamente, fornecendo:
S =s 0 + Vt; (23)
b. em todo movimento uniforme a aceleração escalar é nula: sendo constante a velocidade,
e sua taxa de variação é identicamente igual a zero. o
s V a V

(c)
Vo v. >o
a<O
So o
1

i
! Fig. 19 Gráficos (v, ti de movimentos uniformes variados.
o t o t o O aspect~ do gráfico v vs t depende evidentemente dos valores da velocidade inicial e da
aceleração. A figura 19 mostra três exemplos possíveis. No caso (a) a velocidade inicial é nula e a
Fig. 1P. Um exemplo de movimento uniforme: posição, velocidade e aceleração (nula). aceleração é positiva, o que significa que a velocidade é uma função crescente do tempo. No caso
1
A figura 18 representa os gráficos s vs r, v vs t e a vs t de um movimento uniforme, (b) a velocidade inicial é positiva e a aceleração também· é positiva. No caso (c) a velocidade
supondo-se que a posição inicial s0 do móvel seja positiva e que o móvel se desloque no sentido inicial é positiva e a aceleração é negativa: a velocidade decresce, anulando·se no instante t 0 •
positivo da trajetória (v > O). Procuremos a lei s = s(t) a partir do gráfico linear v vs t do movimento. A variação da
posição do móvel entre o instante inicial e um instante genérico t é medida pela área sombreada
EXERCfCIO:
representada em cada um dos casos da figura 19 (que não asgota evidentemente os casos possíveis
Represente os gráficos s vs te v vs t de um movimento uniforme nos casos seguintes:
do gráfico v vs t do movimento uniformemente variado). Faremos o cálculo no caso (b),que é
a. s 0 <O v>O um dos mais simples; o leitor é convidado a fazer o cálculo em qualquer caso que queira
b. s 0 >0 considerar.
v<O
c. s 0 <O v<O
A área OABC é a área de um trapézio cujas bases valem respectivamente

Se a trajetória do móvel for uma reta, o movimento é dito retilfneo uniforme: é apro- OA =v 0 CB =v 0 + at,
ximadamente o movimento de uma gota de chuva, ou de uma bola de bilhar (centro da bola) e cuja altura OC é rnedida numericamente por t.
quando se restringe a observação a um trecho pequeno da trajetória. Se a trajetória for uma Representando-se por s0 a posição inicial do móvel, teremos
circunferência o movimento é dito circular uniforme. Esse movimento será estudado especifica·
mente na seção 6.3. /::.s =s - r0 = (v0 + v0 + at} t,
2
ou seja
6.2 MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
Depois do movimento uniforme (v = cte) e por ordem de dificuldade crescente, che-
s =s 0 + v0 t + - 1- at~ (24)
2

588
589
Está claro que a relação (18) cond_uziria diretamente áo mesmo resultado; escreveríamos
s V a
s(t) - s0 = f ot -
(v0 + at) dt =
.
v0 t
1
+ - - at2
2
como precedentemente:
Acabamos de ver que um movimento uniformemente variado pode ser caracterizado, in-
diferentemente, de três maneiras:
a. a velocidade escalar é uma função linear do tempo
o
19 a aceleração 1!5CSlar é constante v.
c. á posição escalar é uma função do 2.0 grau do tempo.
s.
EXERCfCIO: o o t'
Prove que as condições (2) e (3) acima são necessárias e suficientes para que o movimen-
to seja uniformemente variado.
Fig. 22 MovimeMo uniformemente variado com s0 < O, v0 > O, a > O.
Damos agora alguns exemplos de gráficos s vs t, v vs t de movimentos uniformemente va-
rlados: EXEMPL04
EXEMPLO 1 As condições iniciais são.s 0 >O, v0 > O, a <O. (figura 23):
As condições Iniciais são.s 0 =O, v0 ::: O. A aceleração é positiva. (figura 20):

V a
s V a
v.

oi------
So

o
o• r0

o o o t Fig. 23 Movimento uniformemente variado com s0 >O, v0 > O,a <O.

Se a trajetória do móvel for uma reta, o movimento é dito reti/fneo uniformemente vari•
Fig. 20 Movimento uniformemente variado com s 0 =O, v0 =O, a> O. do. O exemplo clâssico desse tipo de movimento é a queda livre de um objeto no campo gravita-
cional terrestre, se a aceleração da gravidade for constante durante a queda e se a resistência do ar
for desprezlvel. Se a trajetória for uma circunferência o movimento é dito cirr:ular uniformemen-
EXEMPLO 2 te variado. Esse movimento será estudado na seção seguinte.
As condições Iniciais sã"o s 0 >O, v0 ; O,s >O (figura 2t): 6.3 MOVIMENTO CIRCULAR
A trajetória do móvel é uma circunferência. Como essa trajetória é muitas vezes encon·
trada em Flsica, convém insistir um pouco sobre os movimentos circulares.
s V a 6.3.1 POSIÇÃO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO ANGULARES

A
s.

o t o o
Fig. 24 Movimento circ.ular.
Fig. 21 ·Movimento uniformemente vari_ado com s 0 >O, v0 =O, a> O. Se a trajetória for uma circunferência de raio R, a posição M do móvel no instante t pode
EXEMPL03 ser determinada pela medida algébrica s do arco AM em que A representa a origem escolhida
As condições iniciais são s 0 <O, v0 > 0,a >O (figura 22): sobre a trajetória (fig. 24~; mas essa posição pode também ser determinada pelo ângulo orientado
8 que o raio OM faz com o raio OA. O sentido das rotações positivas deve coincidir com o

590
591
6.3.3 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORMEMENTE VARIADO
sentido positivo eseolhido sobre a trajetória. Temos então a posiÇão escalars e a posição angular A velocidade angular é uma função lin&!lr do tempo:
9 a relação evidente:
dtl (32)
s= R 9 +-+
s (25) - -=ê= w 0 +at.
9=-R dt
As constantes w 0 e a representam respectivamente a velocidade angular Iniciai e a
A posição angular mede-se em radiano (radl. aceleração angular conltante do movimento (a = B). A po1ição angular li ui:na função do 2.0 grau
A velocidade escalar v é igual à derivada de s em relação ao tempo. Sendo 6 por sua vez
do tempo:
uma função do tempo, temos, derivando (25): ·
6 =6 0 + w 0 t + 21 2
at . (33)
_!!!..._ = v = R ...!!.!.._ = R {J • (26)
dt dt
6.3.4 EXEMPLOS DE MOVIMENTOS CIRCULARES
As extnmidades dos ponteiros de um relógio têm movimentos circulares uniformes, no
A expressão ....!!.!_ = iJ é a taxa de variação da posição angular. Por essa razão ela é
dt referencial do proprio rel6glo.
Em· um referencial definido pelo Sol e por três estralas fixas a Terra e os planetas tim
chamada velocidade angular do móvel.
A velocidade angular se mede em radiano por segundo (rad/s). movimentos aproximadamente circulares e uniformes. Reciprpcamente, para um observador ter·
A aceleração escalar é por sua vez igual à d11rivada da velocidade em relação ao tempo restre, o Sol e as chamadas estrelas fixas têm também movimentos circulares uniformes.
(ou ainda à derivada segunda da posição). Derivando (261 obteremos
dv d29 •.
--=a= R--- = RtJ. (27)
dt dt 2

A expressão d' 9
dr =li, igual à taxa de variação da velocidade engular, é chamada
·
aceleração angular do 'móvel, medindo-se e~ radiano por segundo por segundo (rad/s2 ).
Obserite-se que basta multiplicar pelo raio da trajetória uma grandeza angular qualquer
para obter a grandeza escalar correspondente:

posiç6o escalar == R x (posição angular)


velocidade escalar= R x (velocidade angular)
acel11raçtio escalar = R x (aceleração angular)

6.3.2 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME


A velocidade angular 1 constante. Nesse caso costuma-se representá-la pelo símbolo w.
de •
- - = 6 =w=cte
dt
A velocidade é v = wR. (28)
A posição angular é uma função linear do tempo: 9 = 6 + wt
0 (29)
A aceleração angular é nula.
Observe-se que o movimento circular uniforme é um l'!'IOVimento repetitivo: a Intervalos
de tempos iguais o móvel passa pelo mesmo ponto da trajetória. O tempo que ele leva entra duas
passagens consecutivas é medido por · '
_ espaço percorrido _ 211R 211R.
T- --- --· (25)
velocidade v wR
Esse tempo caracterlstico do movimento é. chamado·operfodo:

T =-3!._.
w
(30)
'
·o inverso do período representa o número de voltas dadas pelo móvel na unidade de
tempo: é a freqüência v do movimento.
11=-1--~ (31)
- T - 211'

593
592
PROBLEMAS RESOLVIDOS SOLUÇÃO:
A trajetória da pedra é orientada positivamente para baixo. As origens para às posições
coincidem respectivamente com os pontos de lançamento das pedras. Seja T o instante de encon- ·
1. R Uma bola de tênis cai de uma altura de 4,0 m e repica até 3,0 m de altura. O contacto
tro. Verifica-se que, em qualquer caso da figura, a soma da posição (positiva) da pedra largada do
com o solo diva 0,Cl10 s. Qual foi a aceleração média durante o contacto? (g = 9,8 m/s 2 )
alto da torre e do módulo da posição (negativa) da pedra lançada de baixo é representada pela
SOLUÇÃO: área do rétângulo OABC, com OA= ·v0 • Ora, essa soma deve ser igual à altura da torre, o que
A trajetória da bola está orientada positivamente para baixo. O gráfico v vs t constrói-se fornece V 0 T =h--> T =h/v0 •
sem dificuldade. Os trechos OA e BC correspondem respectivamente à descida e à subida da bola.

A
V

a c o
ar p 1 \ 1
7
1
\; / Fig. 1
1
1
J-Lª
0,010s

Sendo o movimento uniformemente variado, a inclinação dessãs retas ég = 9,8 m/s 2 • O intervalo o T
PO corresponde ao contacto com o solo. 1
Temos numericamente
1
- 1-
2
PA • OP =4 Fig. 2
A --- _ _J B

com
PA PA
OP = g 9,8 o espaço percorrido até o encontro, pela pedra largada do alto da torre é:
e conseqüentemente (PAI' = 78.4--> PA = 8,85 m/s . 1 1 1 gh 2
área OCO= - - OC • CD= - T' 97= - - - . - - ·
da mesma forma, 2 2 2 ~
A cota do ponto dé encontro é pois:
- 1-
2
BO· ac =3 com QC = 80
9,8
h - - 1- · g ...!t._ =h (1 _ --1!!!__,.
de modo que (BC)' = 58,8 e 80 = 7,65 m/s. 2 V~ 2v~
A aceleração média é medida pela inclinação da reta AB ou seja, em módulo:
DISCUSSÃO:
PA+BO
__t._t_ 8,85+7,65=1,7. 103 m/s 2 A figura 1 corresponde ao caso em que o encontro se dá na parte ascendente da trajetória
<a>:
0,010 .da pedra lançada de baixo. A condição é OC < OF com OF =v0 ,Y, o que se escreva:
h Vo 2
- - < - - .... v. >gh.
2. R Uma torre tem altura h. Deixa-se cair uma pedra do alto da torre enqua(ltO que, no Vo g
mesmo instante, outra pedra é lançada para cima, do pé da. torre, com velocidade v0 • A que altura A figura 2 corresponde ao caso em que o encontro se dá na parte descendente da
se encontram as duas pedras? Discutir o problema em função do parâmetro v0 • trajetória da pedra lançada de baixo. A condição é ~ < gh.

594 595
A bola voltará a bater na mesa At2 segundos depois e a velocidade do terceiro repique
Para v~ = (1 /2)gh, a cota do ponto de encontro é nula: as duas pedras se encontram no será (2/3) 3 Vo etc ...
instante em que a que foi lançada de baixo volta ao ponto de lançamento. Como as inclinações dos segmentos OA, CE, GI, ... são todas iguais ag, obtém-se:
Para v~ < (1/2)gh, não há encontro propriamente dito (a pedra lançada de baixo já caiu
2 BC 2 Vo 2
de novo e se encontra em repouso quando a primeira atinge o solo). At = - - - = - - - • - -
1 g g 3
V
t.t 2 = ~
g
=~ •
g
(i)'
3
etc ..•

O tempo total que leva a pedra até parar é:


t= At0 + At 1 + At2 + ....
ou seja

{+ + (+)' + (+f + .... }


2 Vo
o t=At 0 +
g
A soma da P.G. entre colchetes é 2. Calculemos At0 e v0 • A área do triângulo OAB
. A representa a altura da queda iniciai, ou seja 4,9 m. Temos então:
Fig. 3
1
V0 At0 = 4,9-+ v0 At0 = 9,8 m
Para v~ = gh (figura 3) o ponto de encontro coincide com o ponto ma is alto da trajetória 2
da pedra lançada de baixo. Verifica-se que, neste caso, o ponto de encontro está a meia altura da e
v0 Vo
torra. (Acima da meia altura no caso da figura 1, abaixo·da meia altura no caso da figura 2.) - - = g-+--=9,8m/s2 •
At 0 M0

3. Ã Uma bola cai verticalmente sobre uma mesa horizontal. A cada repique o valor absoluto OsvaloresdeAt0 ev0 são/H0 =1,0s, v0 =9,8 m/s. Substituamos na expressão der:
da velocidade da bola é multiplicado por 2/3. Sabendo-se que a altura inicial da queda é 4,9 m, 2•98
dizer quanto tempo levará a bola até parar. (g = 9,8 m/s2 ) t = 1,0 + - - - '- • 2 = 5,0s.
9,8

SOLUÇÃO:
4. R Um automóvel partindo do repouso percorre determinada distância com movimento
uniformemente acelerado; a seguir percorre o resto do caminho com movimento retardado, até
V A
parar. Mostre que entre o instante da partida e o instante em que o carro pára, a velocidade média:
é igual à metade da velocidade máxima.
E
SOLUCÃ.0:

o A

At0 At 1

O gráfíco v vs t é repre~entado acima. Representando-se por v0 a velocidade com que a o c B

+
bola bate na mesa pela primeira vez, a velocidade de repique será em valor absoluto:
Suponhamos construído o gráfico v vs t. Ele é formado por dois segmentos retilíneos OA.
BC= v0 e a bpla voltará a bater na mesa com a mesma velocidade, At 1 se- e AB. A distância total percorrida pelo carro é representada, com as unidades convenientes, pela

+r v0 ~
gundos depois. A velocidade do segundo repique será, em valor absoluto: área do triângulo OAB. Temos

FG = + BC = (
<V> ::: __As __.:; ____.:.._
representado ____
pela ãrea OAB
At representado por OB
_

597
596
b. Calculamos sucessivamente:
Observe-se que, na figura, a área OAB = (1/21 OB • CA ou seja, com as unidades con·
venientes, (1/2) !H • vmtlx· Então: v=~=3t2 +2t-1 (m/s,sl;
dt
1
2 /;.t • vmáx. 1
<v>= /;.t =-2- vmtlx" a =..!!!._
dt
= 6t + 2 (m/s2 , si.

Estudemos o sinal do produto:


5. R Mostrar que, em um movimento uniformemente variado com aceleração a tem-se:
l:!.fv 2 ) = 2 a !J.s, va = (3t2 + 2t - 11 (6t + 21
em que tJ. (v•) representa a variação do quadrado da velocidade do .móvel correspondente à = 6(1 + 11 ( t - -1-1(3t+1).
variação de posição !J.s. . 3
Para t :> O, esse produto é negativo no intervalo 10..!.1 e positivo para t > ..!.. Conclui-se
3 3
. portanto que:
V a. o movimento ê retardado no intervalo (O 0,33) s;
b. o movimento é acelerado para t > 0,33 s.

v. 7.R Calcule a velocidade má:lia de um movimento uniformemente variado:


a. em relação l!O tempo
b. em relação à posição.

SOLUÇÃO.
O valor médio de uma grandeza G, em relação à variável x, e no intervalo. (x 1 x 2 l dos
o ta t valores dessa variivel é definido por: ·

SOLUÇÃO: 1
Se_ndo · t.s representado pela área sombreada do gniflco (v,tl e observando-se que esta Gm«Jio e
x2
--
- x.,
Jx• G(x)dx
x,
área é a de um trapézio cuja base média é - 1- (v + v0 1e cuja altura ê t - t0 , a. sendo v= v0 + at e representando-se por < v > a velocidade mêdia em relaÇão ao ·
v-v. 2 tempo, temos
ou seja, - -8- - , temos:

1 (v + v0 I (v - v0 l
1
<v>=-- 1t·
t (v0 +at)dt
t, -t,
!J.•=--
. 2 a
l

de modo que: 1 ( v0 .t+ --at•


<v>=-- 1 )~t·
v• - ~ = 2 a t.s -+ tJ. (v 2 J = 2 a !J.s. t 2 - t1 2 r,
A relação ecima ê conhecida como 1r1/açlo dt1 Torrict111i. e depois de cálculos fáceis:

6.R Um movimento é dito acelerado quando veiocidade e aceleração têm mesmo sinal, isto <V>=+ (v, +·vi).
é, quando o produto va é positivo. O movimento é retardado quando a velocidade e aceleração
têm sinais contrérlos (produto va negativo).
a. Mostre que, no movimento acelerado, o
módulo de velocidade cresce e que esse mó-
A velocidade média em relação ao tempo é pois a média aritmética da velocidade
dulo decresce no movimento retardado.
inicial e da velocidade final (isto demonstra-se muito facilmente a partir do gráfico v vs ti.
b. A lei de movimento de uma partícula ê s ::::' 1,0 t3 + 1,0 t2 • 1,0 t(m,s), pera t >O. v
b. representemos agora por a velocidade mt!dia em ralação à posição 1. O exercício pre-
Quais sio os Intervalos de tempo em que o movimento é acelerado? retardado?
cedente (6.R) mostrou que:
SOLUÇÃO: · dv dv 1 d v2 =~ +;las-+v=(~ +2as11h.
a. No movimento l[lcelerado, va >O-+ v;;> O; Observa1ll que v;-=-;-;;;-lv" ). de modo que:
ConclJJi-se que, no movlmento.acalerado, v• é uma função crescente do tempo, o mes-
mo acontecendo, conseqüentemente, com lvl. Um raciocínio análogo mostra que, no mo- v =--- 1
1 2 -11 i1
f
s2
(v0 + 2asl di =
%
i
1
3s.s 2 -s 1
ªj. .
J (v: + 2 asl
s,
vimento retardado, o m6dulo lvl decresce.

598 699
Observando-se que:
s, - s, =
v: -v~ , vem: EXERCICIOS
2a
2(v 3 v•)
v = 2
-
1 Um carro vai de uma cidade a outra seguindo o horário abaixo:
3(v~ - v:) O km 8:00
45 km 8:30
65 km 8:50
8. R Uma partícula passa pela origem com velocidade positiva v0 • A aceleração da partícula
é dada, em função da posição x, pela relação: 125 km 9:35
185 km 10:05
u• X
Calcule as velocidades médias nos sucessivos intervalos (O 45) km, (45 65) km ... e a
a=-AsenA, (A= cte.)
velocidade média no percurso total.
Qual é a velocidade da partícula, em função da posição?
A que condição deve satisfazer v0 para que a partícula possa afastar-se até o infinito? 2 Um carro percorre sucessivamente e sem parar:
12 km a 90 km/h
SOLUÇÃO: 0,50 km a 30 km/h
dv dx dv dv 40 km a 60 km/h
Tendo-se a•=--=----=v-- 1,5 km
dt dt dx dx a 20 km/h
20 km a 1,0 • 102 km/h
vem:
Qual é a sua velocidade média?
vdv=adx
Substituamos a pelo seu valor em ~unção de x: 3 A posição escalar de uma partícula, em função do tempo, é dada na tabela seguinte:
U2 X s(m) : 0,080 0,050 0,040 0,050 0,08Ó 0, 13
vdv=- - - sen-- dx.
A A t(s) : O 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Essa equação é imediatamente integrável: a. Construa o gráfico (s t).
b. Ache a velocidade média da partícula nos intervalos seguintes:
- 1- v• = u• cos _!!_ + e (O 1,0)s; (O 2,0)s; (03,0) s; (0 4,0)s.
2 A
em que C é uma constante de integração. c. Determine, pelas inclinações ·das tangentes ao gráfico (s tl, as velocidades instantâneas
Esta constante é determinada pela condição que, em x =O, v = v0 , o que fornece: em t =O; 1,0 s; 2,0 s; 3,0 s; 4,0 s; 5,0 s; ·
d. Construa o gráfico (v t).
1 1
-2- v•o = u•
+ .C-+ C = --v•
2 o -u•
4 Considere o gráfico seguinte, que representa a velocidade de uma partícula em função
Assim. sendo: do tempo.
a. Qual é o módulo da velocidade média da partícula no intervalo (10 35)s7
v• = 2 u 2 (cos ....!!....__ - 1) + v•
A o b. Qual é o módulo da aceleração da partícula no intervalo (10 35)s7

A particulà afastar-se-á até o infinito se v 2 existir (i.e., se for positivo), para qualquer V
valor de x.
(m/s)
Ora, o menor valor de cos ....!!....__ é -1, de modo que a expressão 30
A
2 u• (-1 - 1) + V: = ir. - 4 u•.
l/
/
'
deve ser sempre positiva (ou talvez nula), o que i~põe:
v: ; . 4 u2 •
20
V '"'" '-.
,
10
V ........
V
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 t (s)

c. Qual foi a distância percorrida nos primeiros 55s?


d. Qual é a aceleração instantânea no.instante t = 65s7

600
601
c. Sllpondo-se que em t =O, s = · 4,0m, em que instante a partícula passará de novo pela
:> A figura representa o gráfico posição-tempo Is tl do movimento de uma partícula. ~~~ .
d. Qual en a velocidade da partícula· no Instante t = 1,0 s? t = 3,0 s? t = 5,0 s7
t = 6,5 s7
e. Qual foi a velocidade média da partícula no intervalo (0 2,0)s? (2,0 4,0)s?
s(m) (2,0 6,0)s? (0 6,0)s? (3,0 7,0)s7
f. Qual era a aceleração da partícula no instante t = 1,0 s? t .= 3,0 s? t = 5,Cls?
2
t = 6,5s7
g. Qual foi a aceleração média da partícula nos intervalos (O 2,0)s? · (2,0 4,0)s?
(4,0 6,0)s? (0 8,0)s? (2,0 6,0)s? (0 4,0)s? (0 7,0)s7 (0 8,0)s?

7 A figura representa o_ gráfico (a,t) do movimento de uma partícula.


3 6 7 8
o tis)

-1
e(m/s 2 )
2
-2 +----- ---------------------' ,
1

a. De quanto variou a posição da partícula no intervalb (0 2,0)s? (O 8,0)s? (2,0 4,0)s?


(4,0 6,0)s? (5,0 7,0)s?
1_ 2 3 4 5 .
6 7. ~
b. Qual era a velocidade da partícula em t = 1,0 s? em t = 3,0 s? em t = 5,0 s? em o t(s)
=
t 6,5 s?
c. Qual era a aceleração da partícula em t = 1,0 s? em t = 3,0 s? em t = 5,0 s? em -1
t = 6,5 s?
d. Qual foi a velocidade média da partícula no intervalo (0 5,0)s? (4,0 5,0)s?
(6,0 8,0)s? -2
6 A figura representa o gráfico (v,t) do movimento de uma oartícula.
-3 -----------
v(m/s)

a. De quanto variou a velocidade da partícula nos intervalos (O 3,0)s? (0 4,0Js?


(0 5,0)s? ((}6,0)s? (O 8,0)s? (1,0 7,0)s? (2,0 8,0)s?
3 4 \.5 6 7 8 b~ Supondo·se que em t =O, v = O qual era a velocidade da partícula em t = 4,0 s?
t = 5,0 s.? . ·
o t(s) c. Supondo-se que em r = O, v· = 3,0 m/s, qual era a velocidade da partícula em t =3,0 s?
em t = 4,0 s? em t = 8,0 s?
-1 d. Supondo-se que, em t = O, v =O e s =O, qual era a posição da partícula em
t = 3,0 s? t = 5,0s?
e. Supondo-se que em t =O, v = 3,01 m/s e s = 15 m, qual era a posição da partícula em
-2 -------- ---- - ----------· . t=·3,0s7 t=5,0s7 t=8,0s7
f. Qual foi a aceleração média da partícula no intervalo (O 3,0)s (O 5,0)s (3,0 8,0)s?
g.·Supondo-se que, em t= O, v= -3,0 m/s, qual foi a velocidade média da.Partícula no inter·
valo (O 3,0)s? (O 5,0)s? (3,0 5,0)s? (3,0 7,0)s?
a. De quanto variou a posição da partícula nos intervalos (O 2,0)s? (2,0 4,0)s?
(4,0 6,0)s? (5,0 8,0)s? (O 8,0)s? (3,0 7,0)s? 8 A figura representa o gráfico {v t) do movimento de um automóvel. Qual foi a velo-
b. Supondo-se que em t =O, s = O, em que instante a partícula passará de novo pela cidade média do automóvel, no intervalo (0 .tB)s?
origem?

603
602
1O A figura (ai representa o gráfico aceleração-tempo do movimento de um automóvel.
Na figura (b) encontra-se um ponto (P) do gráfico velocidade-tempo.
16 , v(m/s) a. Complete o gráfico velocidade-tempo do automóvel.
b. Qual foi o espaço percorrido pelo automóvel no intervalo (O 4,0)s7
a(m/$ 2 ) 6 v(m/sl
14 4+.-- 4+---1 p
1
1
1
3 3t 1
12 1
1
1
2. 2+ 1
1
1
10 1
1
1
1
1
8
o 21 3 4 51 tlsl õli 2 3 4 5 tis)
1• 1
6
2 2
fig.a 1 fig.b
4

11 A figura representa o gráfico ( v ti do movimento de um automóvel. Qual é a expressão


2 da posição s do automóvel, em função do tempo t, sabendo-se que em t =O, s =O?

01 v(m/s)
2 4 6 8 10 12 14 16 18 t(s) 20
9 A figura representa os gráficos (v t) de dois carros que se encontravam juntos no ins-
tante t = O. Em que 9ue instante é máxima a distância entre os dois carros? 15

10

o 2 3 t(s)

, .
12 Um carr~ acelerando uniformemente, percorre 8,0 m no intervalo (1,0 3,0)s, e 32 m no
no intervalo (2,0 6,0)s. Qual é a aceleração do carro?

13 Do alto de um edifício, deixa-se cair uma pedra e, simultaneamente, lança-se outra


para cima com velocidade v0 •
a. Qual é a velocidade da primeira pedra no instante em que a velocidade da segunda se
anula?
b. Qual é, nesse instante, a distância er'ltre as duas pedras?

14 Uma pedra lançada verticalmente para cima sobe durante 2,0 s. Qual fôi a velocidade
inicial? (g ::::. 1O m/s')

15 Largada do alto de um edifício, uma pedra leva 1,0 s para percorrer os últimos 3/4 da
altura. Qual é a altura do edifício? (g::::. 1O m/s2 1

605
25 Ache a lei s = s(t} de um movimento uniformemente acelerado, sabendo-se que
16 Deixa-se cair uma pedra de uma altura de 20 m. Quanto terá percorrido a pedra no a=4,0m/s2 , s 0 =20mev0 =·10m/s.
instante em que 5ua velocidade for igual à velocidade média durante a queda toda? Construa os gráficos s vs t e v vs t no intervalo (O 5,0}s.
lg.:::: 10 m/s 2 )
26 Uma partícula descreve uma trajetbria com movimento uniformemente variado. A 11cele-
17 Uma pedra lançada verticalmente para cima, com velocidade de 20 m/s, sobe até uma ração é igual a 2,0 m/s2 , a velocidade inicial a 3,0 m/s e a posição inicial a 2,0 m. Ache a relação
altura de 20 m (desprezando-se a resistência do arl. Se a pedra fosse lançada com velocidade s = s(t}. Construa os gráficos s vs t e v vs t.
de 10 m/s, até que altura subiria?
27 Se para um certo movimento, v = 1O- 2,0 t (m/s,s), qual é o espaco percorrido entre os
18 Uma bola abandonada sobre um plano inclinado (atdto desprezível) desce com movi· instantes 2,0 s e 3,0 s?
mente uniformemente acelerado e percorre 10 cm durante o primeiro segundo do movimento.
Calcule: 28 Acelerando uniformemente, um autombvel passa pela posição x 0 = 10 m no instante
a. a aceleração; t 0 =O, pela posição x, = 13 m no instante t 1 = 1,0 s e pela posição x 2 = 18 m no instante
b. o tempo que leva a bola para percorrer 1,0 m;
t 2 = 2,0 s. Determine:
c. o espaço percorrido no intervalo (1,0 2,0)s; a. a aceleração do movimento;
d. a velocidade média naquele intervalo. b. a velocidade no instante t 0 •

19 Íllo instante t = O, o carro (1 ) arranca do marco A de uma pista de corridas, com 29 Ache a lei s =s(t) de um movimento uniformemente variado, sabendo-se que nos ins-
aceleração constante. tantes O, _1,0 e 2,0 s as posições são respectivamente 3,0, 6,0 e 19 m.

30 Um trem parte com aceleração de 0,15 m/s2 , mantida constante até que a velocidade
atinja 72 km/h.
a. Quanto tempo leva o trem para atingir essa velocidade?
b. Qual é o caminho percorrido?
c. Qual é a velocidade média nessa primeira fase?

31 Um carro sobre uma estrada horizootal acelera a razão de 2,0 m/s' durante 5,0 s, a partir
~ do repouso. A seguir anda com velocidade constante durante 10 se finalmente freia com desace-
A 8 leração constante de - 5,0 m/s2 até parar.
a. Construa o gráfico v vs t
b. Qual é a distância total percorrida 7
Algum tempo depois, o carro (2) arranca do marco B, indo ao encontro do carro (1 ). A i:. Construa o gráfico a vs t.
aceleração de (2) é também constante, sendo igual a quatro vezes a de (1 ). Os dois carros se d. O que representa, numericamente, a área debaixo do gráfico a vs t durante os cinco
encontram no meio da distância AB, em t = 1Os. segundos iniciais?
Quanto tempo d~pois do carro (1) arrancou o carro (2)?
32 Qual é o espaço percorrido por uma partícula cuja velocidade tem como e.xpressão, em
20 Dois autombveis partem simultaneamente de dois marcos A e. B de uma estrada, distando função do tempo: ·
5,0 • 102 m, indo ao encontro um do outro. v = 3,0 t % (m/s s),
O autombvel A mantém uma aceleração constante de 2,0 m/s2 até atingir a velocidade de
20 m/s . Ele continua então com movimento uniforme. entre os instantes t = 1,0s e t = 1O s?
O auJombvel B mantém sempre aceleração constante de 1,0 m/s2 •
a. Quanto tempo depois da partida se encontram os autombveis? 33 A aceleração de uma partícula é da forma.a = kt 2 (k = cte).
b. A que distância do marco A se dá o encontro? a. Sabendo-se que em t =O, v = -10 m/s e que em t = 6,0 s, v = 10 m/s, determine o valor
de k.
21 Construa os gráficos s vs t e v vs t do movimento: b. Determine a expressão s =s(t) da posição em função do tempo, sabendo-se que em
s = 2,0 t 2 - 12t + 10 (m,s). Determine os instantes em que o valor absoluto da velocida. t = 6,0 s, s =o.
de é igual a 4,0 m/s.
34 A velocidade escalar de uma partícula é v = 6 t~ 'em que v é medido em m/s e tem s.
22 Estude o movimentos =-2,0 t 2 + 4,0 t + 3,0 (m,sl no intervalo (02,0)s. a. Construa o gráfico v vs t. ·
Construa os gráficos s vs t e v vs t. b. Qual é o espaço percorrido pela partícula entre os ins~ntes t= 1,0 se t = 3,0~?

23 Estude o movimento s = 1,0 t 2 + 5,0 t + 2,0 (m,sl. 35 A posição de uma partícula é dada, em função do tempo, pela rel•q
24 Determine um movimento uniformemente variado, sabendo-se que a posição inicial 11 s=A eflt + ee-nt
3,0 m. a velocidade inicial - 2,0 m/s e que o mbvel passa pela posição - 2,0 m no instante Expresse a aceleração da partícula em funÇão da posição.
t = 3,0 s.

607
606
l

36 Um disco gira à razão de 150 rotações por minuto (RPM). Qual é a velocidade de um QUESTÕES CONCEITUAIS
ponto situado a 20 cm do eixo? ·

37 Determine o valor da velocidade angular de um volante que gira a 240 rotações por 1 No movimento uniforme e no movimento uniformemente variado a velocidade média no
minuto (RPM). intervalo (t 1 ,t 2 ).é igual à velocidade 1)0 instante meio do intervalo.
Construa no intervalo (t,.t2 ), um arco do gráfico (v ti de um movimento para o qual
aquela propriedade se verifica (e que não seja uniforme ou uniformemente variado).
38 Uma correia é movimentada por duas polias cujos raios respectivamente são R e R'.
Sabendo-se que não há deslizamento da correia sobre as polias, pede-se a razão entre as
velocidades angulares das polias. 2 Na sua primeira estadia na Universidade de Pisa, no final do século XVI, Galileu admitia
como hipótese que a velocidade de um objeto caindo verticalmente (em queda livre) era propor-
39 A velocidade angular de um volante é dada pela expressão
cionalao espaço percorrido.
Mostre porque essa hipótese é conceitualmente falha.
w =- 2-
5
11 t rad/s.
3 Nos três gráficos propostos a seguir, o eixo horizontal é o eixo dos tempos. O eixo
Quanto tempo leva o volante para atingir a velocidade de 1.• 2 • 102 RPM, partindo do vertical pode representar posições, velocidades ou acelerações:
repouso? Esses gráficos podem ser os gráficos associados a um mesmo movimento? Na afirmativa,
identifique o gráfico (s,t), o gráfico (v,t) e o gráfico (a,t).

40 Üm volante gira com velocidade de 1,2 • 102 RPM. Aplicando-se um freio, o movimento
se torna uniformemente retardado, parando o volante em 35 s. Determinar:
a. O valor da aceleração angular a;
b. A expressão w = w(t) da velocidade angular em função do tempo;
c. O número de voltas dadas até parar.

o o t

4 A figura representa o gráfico aceleração-tempo (a,t) do movimento de uma partícula.


Sabendo-se que, em t. =O, v =O e s =O, construa (qualitativamente) os gráficos (v,t) e
l.f,t) corresponclant~.

l
:l1
a

J
1
J

5 A figura representa o gráfico aceleração-tempo (a,-t) do movimento de uma partícula.


Sabendo-se que, em t =O, v =O e s =O, construa (qualitativãmente) os gtáficos (v,tl e
(s,t) correspondentes.

6',c 609
PROBLEMAS
a
1 A figura representa esquematicamente um dispositivo recentemente utilizado para medir
g. Uma bola de vidro é projetada verticalmente para cima e atravessa sucessivamente dois planos
horizontais 1 e 2 (na prdem 1 -+ 2 durante a subida e na ordem 2-+ 1 durante a descida).
Medem-se:
a. a distância vertical h entre os planos 1 e 2;
b. eis tempos t 1 e t 2 durante os quais a bola permanece acima dos planos 1 e 2, respecti·
vamente.
Expressar g em função de h, t., t 2 •

o 1
---------1 o .1
-------2
1 1
1
1-
1
1
1
Procure associar esses gráficos a um fenômeno físico simples. 1 1
1 1
:1 +
1
1 1

+ :
1 1
1 1
1 1

--~t- ---~----~---1
Resposta:
Bh
g = r: - r;
2 Uma parlícula descreve uma trajetória com movimento variado. No instante inicial,
So =O ev 0 = 15 m/s .. A particula passa pelo ponto A (sA = 10 mi com velocidade VA = - 10 m/s.
Calcule a aceleração do movimento e a velocidade média entre as passagens pela origem e pelei
1· ponto A.
·'
3 O elevador de carga de um edifício em construção sobe com velocidade constante de
1,0 m/s. No instante em que inicia a subida, um tijolo mal colocado cai do alto do edifício, de
40 m de altura.
Onde estará o elevador quando o tijolo o atingir? (g.::::. 1O m/s2 1
Resposta: 2, 7 m de altura.

4 Uma partícula descreve uma trajetória com movimento uniformemente acelerado, sendo
l a = 4,0 m/s2. Em t = O, v = 1O m/s e s = 5,0 m.. Qual é a lei s =s(t)?
0 0
pela partícula com velocidade v = 21 m/s?
Qual é a posição atingida·
11
5 Chegando atrasado à estação ferroviária, um passageiro corre com velocidade constante
ao longo da plataforma onde o trem está parado.
Quando ele se encontra a 25 m do último vagão, o trem arranca com aceleração cons-
tante de 0,50 m/s1 •
a. Qual deveria ser a velocidade mínima do passageiro para que ele consiga alcançar o
trem?
b. Na realidade o passageiro, carregando bagagem, tem uma velocidade de 4,0 m/s, de modo
que não consegue alcançar o trem.
Qual é a ·distância mínima a Que ele chega?
Respostas : a. 5,0 m/s; b. 9,0 m

610 611
6 Determine a relação s = s(t} de um movimento uniformemente variado, sabendo-se que: 13 Uma partícula. descreve uma trajetória com movimento uniformemente variado, sendo
a. Para t = 1,0 s, s = 6,0 m. a= 4,0 m/s 2 , v0 = 4,0 m/s e s 0 = - 20 m. Ache o valor m(nimo da posição da partícula.
b. Quando v = O, s = 2,0 m.
c Entre os instantes t = 1,0 se t = 3,0 s, a velocidade média é igual a 6,0 m/s.
14 A aceleração de uma partícula expressa-se em função do tempo pela relação:

7 Um carro de prova com propulsão a jato percorreu 5,0 • 102 m em 10 s, partindo do a= -1,0 cos 2,0 t, (m/s 2 , sl.
repouso. Ache as relações entre v e t, entres e t, e entre v e s, sabendo-se que, em t = 1,0 s,
a. Construa o gráfico (v,t) do movimento, supondo-se constante a aceleraç.to do carro. s = 2,0 m e v = - 6,0 m/s.
Nessa hipótese, qual é a velocidade qUe deve ter o carro no final dos 5,0 • 102 m7
b. Na realidade, a velocidade do carro era de 80 m/s. Indique uma razão possível ou pro-
vável da diferença com o valor calculado em (a). Modifique o gráfico (v,t) já construído de modo 15 Numa pista de provas para carros, há dois marcos que distam 42 m. Um carro que
consistente com a sua hipótese e com os dados do problema. · mantém uma aceleração constante de 3,0 m/s, leva 2,0 s para percorrer a distância entre os dois
marcos.
A que distância da linha de ·partida se encontra o primeiro marco?
8 Dado o movimento definido pela equação s = 3,0 t' + 5,0 t -.1,0 (m,s), calcule a veloci- Resposta: 54 m.
dçde média no intervalo (t,t + .t:.t).
Ache o limite para o qual tende essa velocidade quando .t:.t tende a zero.'
16
a.
A aceleração de uma partícula é da forma a = kt'(k = cte).
Sabendo·se que no instante t =O a velocidade é -10 m/s e que ele é igual a+ 10 m/s no
9 A aceleração de uma partícula é: instante t = 6,0 s determine a constante k.
a= 10-1,ox• (m/s2 ,ml, b. Qual é a leis = s(t} sabendo-se que s = O para t = 6,0 s7

em que x representa a posição da part fcula. Respostas: a. - 5- ; b. s = - 5- t4 - 10t + 30


a. Determinar a expressão de v• em função de x, sabendo-se que em x =O, v =O. (Ver o 18 216
problema resolvido 8. R.)
Nessas condições, quais são as regiões da trajetória acessíveis ã partícula?
b. Supondo-se sempre v =O em x =O, qual é a posição em que a velocidade da partícula se 17 Saindo de uma curva, o maquinista de um trem rápido, andando a 10 • 102 km/h avista,.
anula de novo? a 0,50 km à sua frente, um trem de carga que anda com velocidade constante na mesma via e no
c. Qual é a posição em que a velocidade da partícula é máxima? mesmo sentido.
Respostas: a. intervalo [0,30]m; b. 5,5 m; c. 3,2 m. O maquinista freia e consegue evitar a colisão. Supondo-se o movimento do trem rápido
uniformemente desacelerado, ele precisaria de 2,0 km para parar.
Qual era a velocidade mínima do trem de carga?
1O Mostre que a relação Resposta: 50 km/h.
v' - ~ =2ati.x,
válida para o movimento uniformemente variado, é válida para qualquer tipo de movimento,
desde que a aceleração a seja substituída pela aceleração média ã em relação à posição. A média . 18 Numa estrada, você no seu automóvel segue a 20 m atrás de um caminhão, andando
da grandeza x em relação à grandeza y, no intervalo (y1 y 2 ) é: ambos a 60 km/h. Você quer ultrapassar o caminhão, colocar-se 20 m à frente dele e voltar a
fxdy andar a 60 km/h. A aceleração máxima que você pode conseguir é 2,0 m/s2 e a desaceleração
x=---·
fdy
máxima (com os freios), de 8,0 m/s 2 Por outro lado você está trafegando numa zona em que a
velocidade-limite é de 80 km/h.
(Os limites de integração são respectivamente y 1 e y 2 .) Qual é o tempo mínimo que você levará para completar a operação ultrapassagem?

11 Mostre que, em um movimento uniformemente variado cuja velocidade inicial é v0 e cuja 19 A aceleração de uma partícula é dada em função da velocidade pela relação
aceleração é a, a velocidade média entre os instantes t 1 e t 2 é
a=-·k~ 2
1
<v> = v0 +-.-a (t 1 + t 2 ) Sabe-se que em t=O, s=s0 e v= v0 •


2 Expresse a velocidade e a posição da partícula, em função do tempo.

é:
12 A aceleração de um carrinho que oscila sobre um trilho de ar entre duas molas esticadas Respostas: v= (+.-+kt s = s + k1
0 log (1 + kv0 t)

a =-w 2 x,
em que w é uma constante, ex é a posição do carrinho (x =O na posição de equll íbrio estático). 20 A velocidade de uma partícula é dada, em função da posição, pela relação
Determine o valor de w, sabendo-se que: v = 2,0s + 3,0 (m/s.m). Qual é a aceleração da partícula ao passar pela origem? Quanto tempo_
leva a partícula para ir da origem até o pontos= 13,5 m7
{ v = 5,0 • 10-• m/s para x =O
v= o para x = 1 o · 10-2 m.
Sugestã'o: dt = dt dv ds
Resposta: 0,50 s-• dvds

612 613
21 Um amortecedor a 61eo tem uma aceleração da forma: Observações feitas durante essa segunda fase forneceram os seguintes dados
a =-k11. t(s) s(m)
Sabendo-se que em 3,0 39
4,0 61
V = Vo 5,0 80
t :e= o x = O, determine: 6,0 1,0. 102
a. a expressão da velocidade em função do tempo; 7,0 1,2. 102
b. a expressão da posição em função do tempo; Sabendo-se que o.movimento iniciou-se no instante zero, determine:
c. a expressão da velocidade em função da posição. a. Quanto tempo durou o movimento acelerad07
Construa os gráficos correspondentes. b. Qual é o valor· da velocidade v0 7
e. Qual é o valor da aceleração inicial7
Respostas: a. v = v 0 exp(-kt); b. x =k"• (1 -exp(-kt)J ; c. v =v
0 -kx.

26 Deixa·se cair um corpo, com velocidade inicial nula, no instante, t =O. Mostrar que os
espaços percorridos em .intervalos de tempo consecutivos iguais formam um!I progressão arit·
22 A aceleração máxima de u.m automõvel é e 1 e a desaceleração máxima, a 2 • Sabe·se ppr rnética.
outro lado, que a velocidade máxima do automóvel é V. Qual é o menor tempo possível gesto
P,Blo automóvel para percorrer uma distância d, partindo do repousa e voltando ao repouso7
27 Na figura estão representados três pontos do gráfico posição-tempo Is.ti do movimento
23 Quando uma esfera de aço cai eni um 1lquido viscoso (KARO, por exemplo), sua acel1t- de um autombvel.
ração é uma função da velocidade da forma: Sab1t-se que o movimento 1niciou-se em t =O e s =O por uma fase de movimento uniforme-
mente acelerado com velocidade Inicial nula, seguindo-se uma fase de movimento uniforme, com
11=9(1--11-1 (1) velocidade de 5,0 m/s e terminando-se (em t = 20 s e s = 80 m) por uma fase de movimento
uniformemente desacelerado de mesma aceleração, em valor absoluto, que a primeira fase.
"• Sabe-se por outro lado que, em t = 1 O s, a posição do automóvel era s = 40 m e que o
em que "• é a velocidade limite da esfera: Para determinada esfera (1 /2") a experiência forneceu carro estava na fase de movimento uniforme.
0, 1O rn/s como valor dessa velocidade. · 1(m)
a. Escrevendo-se a relação (1) na faorrna aproximada:

11 - ) b.t,
ao L-- - ----- -- - - - - - ------------ -- ----- --~---<;>
b.11=911--
"• 70
tanto mais pr6xima da realidade quanto menor for b.t, podem-se calcular os sucessivos acréscimos.
da velocidade a partir do instante t =O (v = 0), e conseqüentemente pode-se determinar o valor
da velocidade em t =O, 6t, 26t. . . . 60
Suger1t-se tomar 6t = 1,0 • 10-~ s. Calcule entio os valores sucessivos de ventre t =O e
t = 2,3 • 10-2 s. 50
A seguir, construa o gráfico (v,t) com os valores achados•
.b. Determine agora a expressão analítica da velocidade, por integração da relação (1 ).
= =
Calcule a velocidade nos instantes t 1,0 • 10~• s, t = 1,0 s, t 2,3 • 10-2 s; (compare esse úl-
timo valor cpm o calculado em (a)).
40 1--------------------<p.
e. Qual foi o espaço percorrido pela bola entre os instantes t =O e t = 1,0 s7 (Determine
primeiro a expressão da posição 1 em função do tempo, por integração da expressão da velo- 30
cidade.)
Respostas: b. 11 =0, 1O (1 - exp(- 98t)] 20
c. 1 =(), 1Ot - 1,02 • 10-• (1 - exp(-9St)]
10
24 Um objeto cai verticalmente em um meio viscoso. A aceleração é dada em função da
velocidade pela relação a = 5,0 • 2,0 v (cm/s2 cm/s). Sendo nula a velocidade inicial, quanto
·tempo levará o objeto para atingir a velocidade de 1,25 crn/s7 o 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 tis)
Resposta: 0,35 s.
Pede-se:
25 O movimento de uma partícula compõe-se de duas fases: a. determinar a duração ea aceleração da 1.a e da 3.ª fase;
1.a fase: movimento uniformemente acelerado, a partir do repouso, até atingir uma b. completar o gráfico posição-tempo;
velocidade v0 (não conhecida). c. construir os gráficos (v,t) e (a,t) correspondentes.
2.ª fase: movimento uniforme com velocidade 110 • Resposta: a. 1,25 m/s2 e -1,25 m/s2

614 615
35 Determine os intervalos em que o movimento s = 2,0 t 3 • 6,0 r• (m,sl é acelerado, re-
28 Durante quanto tempo e de que altura deve cair um corpo para que o espaço percorrido
durante os n últimos segundos seja igual a d? tardado.
Resposta: acelerado: (O 1,0)s; t > 2,0 s; retardado: (1,0 2,0)s
29 Você anda no seu automóvel a 81 km/h e de repente observa que um sinal situado a 36 Deixa-se cair uma pedra do terraço de um edifício. Ela passa na frente de determinada
2,0 • 1o• m a sua frente passa para o vermelho. Você sabe que o sinal está regulado para ficar janela em que um dispositivo eletrônico permite medir o tempo de trânsito da pedra (isto é, o
20 s no vermelho antes de passar ao verde outra vez. Se você quiser passar pelo sinal sem parar, tempo que ela leva para percorrer a altura da janela). O resultado é 0,25 se a janela mede 2,4 m
qual é a menor desaceleração possível (e suposta constante)?
Resposta: · 1,3 m/s 2 de altura. Determine:
a. A velocidade da pedra ao atingir o topo da janela.
b. O espaço que ela já tinha percorrido.
30 No seu automóvel, você parte do repouso acelerando uniformemente até atingir a velo- Resofva graficamente (gráfico v vs tl; g = 9,8 m/s2
cidade -de 60 km/h em 20 s. A partir desse intervalo você é obrigado a manter - velocidade
constante pois não pode ultrapassar um caminhão que está na sua frente. Depois de 2,0 km, 37 Partindo do repouso e com aceleração constante, seu carro pode atingir velocidade de
vendo uma oportunidade de ultrapassar, você acelera de novo uniformemente até atingir a veloci- 72 km/h em B,O s. Você está parado num sinal. No instante em que o sinal passa para o verde, um
dade de 80 km/h em 1Os. Você mantém essa velocidade constante durante 1,0 minuto e frei& até outro carro andaBdo com velocidade constante de 54 km/h, o ultrapassa. O limite de velocidade,
parar, com desaceleração constante de 3,0 m/s2 •. na zona, é de 72 km/h e você não quer ser multado, embora esteja com pressa. Nessas condições:
a. Construa o gráfico v vs t.
a. Construa o gráfico v vs t para os dois carros, no mesmo gráfico.
b. Qual foi a distância total percorrida?
b. Qual é o tempo mínimo que você vai gastar para alcançar o outro carro?
c. Qual foi o tempo total do percurso?
d. Qual foi a velocidade média? Resposta: 16 s.

31 Analisando-se a fotografia estroboscópica de um carrinho sobre um trilho de ar, obtêm-se 38 Do alto de uma torre de altura h deixa-se cair uma pedra, no instante t =O, com
os seguintes dados: velocidade inicial nula.
Do pé da torre, no instante 9(;;. O), lança-se outra pedra, verticalmente para cima, com
velocidade inicial v.
t(s) o 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 a. A que condições devem satisfazer os parâmetros v e 9 para que o encontro entre as duas
x(cm) 5,0 14,0 26,0 41,0 59.0 79.6 100.6 121.6 pedras seja possível? Explicite graficamente essas relações no plano (v 9) e defina nesse plano a
região R ocupada pelos conjuntos dos pares (v 9 1para os quais se produz o encontro.
b. A que condição devem satisfazer v e 9 para que as duas pedras se encontrem em determi·
Mostre que o movimento é inicialmente uniformemente acelerado. nada altura Yo (0 < Yo < h)?
Determine a equação x = x(t) (t ;;. O) Procure responder a essa pergunta em duas etapas:
Mostre que o movimento final é uniforme. Qual é a veiocidade desse movimento? bi Faça primeiro uma discussão qualitativa, por meio dos gráficos posição-tempo das duas
Determine o instante em que se produziu a transição do movimento uniformemente ace- pedras. (Sugestão: construa o gráfico posição-tempo da pedra que cai do alto da torre sobre uma
lerado para o movimento uniforme. folha branca; coBstrua o gráfico correspondente à pedra lançada de baixo sobre uma folha de
Respostas: x = 1,5 t 2 + 0,75t + 0,050; 0,45s papel transparente (acetato), na mesma escala que a primeira. Recubra a folha branca com a folha
transparente, para estudar a interseção dos dois gráficos para Yo dado, e os valores possíveis de v e
9 .1
32 Uma partícula descreve urna trajetória segundo 11 lei bii Ache a relação v = vl6 I; construa o gráfico correspondente no plano (v 8) e discuta em
s = 4,0 t - 3,0 r• (m,sl
função do valor de Yo •
a. Determinar, em função do tempo, a velocidade e a aceleração da partícula. Respostas:
Vu2
b. Em que instante a partícula pára para voltar? Qual é então a sua aceleração?
c. Em que instante a partícula passa de novo pela origem? Quais são então sua velocidade e
a.O< 9<
oc
V-9-
v:>
1 ( 1
--~-g9;b;;v= Tg6
2

sua aceleração?
d. Construa os gráficos s vs t, v vs t, a vs t.

33 Urna partícula descreve uma trajetória segundo a lei


s = 1,0 t 3 - 4,0 t 2 + 5,0 t-2,0 (m,sl
a. Construa os gráficos s vs t e v vs t.
_kg P. h) ( ~8 + k _ 9 r· k' = 1_ Vo
h

b. Determine os intervalos em que o movimento é acelerado e retardado.


Resposta: b.retardado: t ~ 1,0 s, ~(1,31,7)s; acelerado: (1,01,3)s t > 1,7 s

34 Uma partícula descreve uma trajetória segundo a lei


s = 2,0 t 3 - 4,or• + 6,0 t (m,sl
a. Calcule a velocidade média e a aceleração média para
O.;; t.;; 1,0s e para 4,0.;; t.;; 6.0s.
b. calcule a velocidade e a aceleração nos instantes 1,0 s, 4,0 s e 6,0 s.
617
616
2.a PARTE (Experimental)
PROBLEMA EXPERIMENTAL Na 1.a par19, a aceleração do movimento foi calculada por métodos analíticos. Nesta
parte, determinaremos a aceleração por métodos gráficos.
a. Obtenha a sua própria fita do movimento de um carrinho sobre um trilho inclinado.
39 ANÂLISE DO MOVIMENTO DE UM CARRINHO SOBRÉ UM TRILHO De AR. Escolha a inclinação e a frequência do centelhador (esteja sempre consciente das razõei das suas
O centelhador de um carrinho que desce sobre um trilho de er levemente inclinado escolhas). x·- "•
imprime sobre uma fita as posições do carrinho em instantes sucessivos separados pelo intervalo b. 1.0 m'todo. Se tj for o instante em que o carrinho passa pela posiçãox;, a razão - 1- -
de tempo constante At (1 / At é a freqüência do centelhador). t·
O aspecto da fita é semelhante ao da figure. representa a velocidade média no intervalo (O t;l. Mostre que a funçio x - Xo para um n:ovi-
mento uniformemente variado é uma função linear de t. t
x-x
origem O gráfico de ---º
função de t fornece o valor da aceleração do movimento.
t
em
.
1

\ .. ! . . . . . . ) Construa o gráfico e determine o valor de a.


Qual é o valor de v0 ?

Xo x,. x,
de (t;+ +
20 método. Mostre que a velocidade média no intervalo (tj, t;+ At) é uma função linear
At). Co~strua o gráfico das velocidades médias nos intervalos sucessivos Iguais (O Atl
(t 2.t.t) ... Determine de novo, a partir do gráfico, a aceleração do movimento e o valor de v0 •
Tomando-se como origem um qualquer dos pontos da fita, medem-se as posições su- c. Qual dos dois métodos propostos acima ê o mais preciso? Por quê?
cessivas: x 0 (origem) x 1 , x 2 ••• Xn· A duração do movimento, no trecho estudado, foi pois OBSERVAÇÃO:
t =nAt. Fornecemos a seguir uma tabela de dados reais, levantados sobre uma fita. (As posições
Para análise do movimento, sugere-se construir a seguinte tabela: são expressas em cm.)
X0 X1 x, x. x. x, x, x, x,. x,.
Instantes o At 2tit ............... ,,,,, ln - 1 )At nAt o 1, 1 2,7 4,5
X4
6,6 9,0 11,6 14,7 ""•
18,0 21,6 25,4
X11
29,6 34,0
1
i 1 ' 1
1 1
t.t= - - s
1 1 1
1
1 1
4
' 1 1 1
x, '
Posiç6es Xo X2 • • •• • • • ••• •••• ••••• • "n Xn

Diferenças \ d: /""// .......... ...... \/~/


d' d~-l
primeiras (d1 • dfi

Diferenças
seg.undas (d" 1
\/ d"
1
\/. díí-1

OBSERVAÇÃO: ct; =x, - x 0 , etc ... ; ct;'= d; - d;, etc...


O exame das diferenças segundas (d'1 mostrará provavelmente que elas oscilam muito
pouco em torno de um certo valor médio. Aceitemos então a:
HIPÔTESE DE TRABALHO
As diferenças segundas têm um valor constante d.

1.e PARTE (Preparatória)


Mostre que o movimento é uniformemente acelerado.
Sugestlo:
Calcule sucessivamente lx, -x 0 ), (x 2 -x 1 ), (x 1 -x 2 ) ••• lxn-xn- 1 ), em função de d;
e d". A soma de todas essas expressões fornecerá Xn· Lembrando-se que t=nAt, Xn põe-se sob
forma de um trinômio de 2.0 grau em t.
Mostre que o coeficiente de t 2 é constante; mostre a !1911uir que o coeficiente de t
representa v0 (velocidade na origem x 0 ).

618 619
Apêndice 2
CINEMÁTICA VETORIAL
E MOVIMENTO DOS PROJÉTEIS

INTRODUÇÃO
A Cinemática escalar (estudo do movimento ao longo da trajetória) pode fornecer-nos
muitas informações a respeito do movimento da partícula, mas não nos diz nada a respeito da
trajetória seguida. Mais precisamente, se duas partículas têm, sobre duas trajetórias diferentes, leis
s = s (t} idênticas, as leis v = v (t} e a =a (t) serão idênticas para ambas. Fisicamente, as duas
partíc11las terão, no mesmo instante, a mesma velocdade escalar, embora uma delas possa estar
descrevendo uma linha reta enquanto a outra descreve, por exemplo, uma circunferência.
Obviamente, a cinemática escalar é insuficiente para descrever completamente o movi-
mento de uma partícula.

2 OBJETIVO DA CINEMÁTICA VETORIAL


No presente capítulo chegaremos às expressões vetoriais da posição, da velocidade e da
aceleração de uma partícula em movimento. Em princípio listo é, se as dificuldades de ordem
maternátiea não forem insuperáveis), o conhecimento do vetor aceleração deve permitir a de-
terminação da trajetória, se as condições iniciais do movimento forem conhecidas.
Ao mesmo tempo, este capítulo deverá familiarizar-nos com as mudanças de referenciais:
estudaremos a trajetória, a velocidade e a aceleração em referenciais em movimento relativo,
limitando-nos ao caso da translação.
Finalmente, estudaremos o movimento dos projéteis. Esse estudo sen!, no fundo, uma
síntese de todos os conceitos que aprendermos no capítulo.

.3 VETOR DE POSIÇÃÓ DE UMA PART(CULA


Oueremós estudar o movimento de uma part1cula no referencial do laboratório, por
exemplo. Devemos:
a. escolher uma origem O fixa no laboratório (fig. 1 );
b. escolher um sistema de eixos definidos pela base ortonormada (x y i), fixa no labora-
tório.
A segi,iir, querendo definir, em um instante qualquer t, a posição da part(cula P em
relação à origem O definiremos essa posição pelo vetor OP:
OP :=vetor de posição:= r = x x + y 9 + z z; (1)
x y z são as coordenadas da partícula, no instante t, em re.lação à base (x y z).

621
ou seja:
x• +y' = R'.

5 VELOCIDADE VETORIAL
Suponhamos que, no instante t 1 a part.fcula coincida com o ponto P1 da trajetória .(fig.
i
31. O seu vetor de posição era, naquele instante:

)--.
OP, = r,
5.1 VELOCIDADE VETORIAL MÉDIA
Depois do intervalo de tempo /H, a partícula coincide com o ponto P, da trajetória. O
o seu vetor de posição é:
OP2 = r 2 •
iê: Ponhamos:
Fig. 1 Origem, vetor de posição e triedro de referência. P1 P 2 = t;.r
Evidentemente, o vetor de posição r é uma função do tempo, pois ele varia no decorrer e observemos que l!.r é o vetor que mede a variação da posição da partícula entre os instantes te
do movimento da partícula. Da mesma forma, as componentes (x y z) de r são também funções (t+ MI, pois
do tempo:
X =X (t) r 2 = r~ + ór.
r =rltl;I , ou: y = y (t) (2) (0 vetor M é também chamado vetordes/ocamentol.
z = z (t)
2 l!.r
EXEMPLO 1

)-.
Movimento circular uniforme· (fig. 21. Se a partícula descreve uma circunferência de raio M
R com velocidade angular constante w e se a passagem pelo eixo dos x é tomada como origem
dos tempos, observamos que no instante to vetor de posição é:
r = IR cos wtl li +(R sen wtl 9 (3)

ic

9
ok-:"]wt \
o

Fig. 2 Vetor de posição no movimento circular.


Fig. 3 Vetor de variação de posição, e velocidade vetorial média.
4 TRAJETÓRIA DA PART(CULA
As equações (21 expressam, em função do tempo, as coordenadas (x y zl da partlcula.
Construamos o vetor !:!.: é um vetor de me~ma direção e mesmo sentido que l!.r,cujo.
At .
Elas são chamadas: equações paramétricas da trajetória. O parâmetro é o tempo. módulo é igual ao módulo de M dividido por ó t. (Não se deve, na figura, procurar comparar os
A equação cartesiana da trajetória é uma relação entre x y z que não depende do tempo. ór
Em conseqüência, obtém-se a equação cartesiana, eliminando-se o tempo nas equações comprimentos dos vetores ór e-: esses vetores medem duas grandezas de natureza diferente e
paramétricas. M
conseqüentemente não são comparáveis.)
EXEMPLO 2 O vetor assim construido representa, por definição, a velocidade vetorial média, ou
No caso do movimento circular uniforme, as equações paramétricas são: simplesmente velocidade média da partícula entre os instantes te (t +!!.ti. Escreveremos:
x = R cos wt
y = R sen wt. <v>=~·
M
(4)
A eliminação do parâmetro t é, neste caso, imediata. Basta elevar ao quadrado e somar.
Obtém-se: Fisicamente, a velocidade média é uma medida da taxa de variação média da posição da
partícula durante o intervalo considerado. Por exemplo, alguém sai de casa (pónto O da fig. 4) e
x 2 + y• = R 2 cos 2 wt + R 2 sen 2 wt anda até o ponto A em 20 minutos pelo caminho assinalado na figura; se a distância DA.mede

622 623
0 """'-.. < V > Se quisermos uma informação mais precisa a respeito do que acontece ao vetor de
posição da particula no instante t, basta que se considerem intervalos (t, t + t::.t) cada vez me-
1 "'-.....
---,1 ..... .....
1
+
Caminho '
............
nores, estudando-se o comportamento da velocidade vetorial média no decorrer desse processo,
em que os pontos coincidentes P 1 e P2 estão cada vez mais próximos um do outro, com P 1 fixo.•
Quanto à direção, observamos que a corda P1 P2 tende para a tangente em P1 à trajetória.
Concluímos então que, se a velocidade vetorial média tende para um limite (um vetor limite) sua
real L----~ direção tende para a direção da tangente à trajetória no ponto fixo P1 •
A Quanto ao sentido, não há ambigüidade. A velocidade vetorial média tem o sentido de P1
para P2 • No limite - se houver limite - o sentido do vetor será do ponto P1 para o ponto
coincidente com a partícula imediatamente depois de passar por P 1 ; será simplesmente o sentido
Fig. 4 Velocidade média de um percurso.
do movimento.
Quanto ao módulo; procuremos o limite, se existir, do módulo da velocidade vetorial
500 metros, a velocidade média do percurso será representada por um vetor dirigido de O para A média, isto é, de:
e cujo módulo é 1,5 km/hora.

~'
Não se deve confundir velocidade vetorial média com velocidade escalar média. No caso ~
geral o módulo do vetor velocidade média é menor que o módulo da vet"ocidade escalar média. l!.t
Recordemos que o módulo de< v >é medido pela corda da trajetória dividida por l!.t, enquanto
que o valor absoluto de< v >é o comprimento do arco da trajetória dividido por t::.t. Por um artifício simples de cálculo escrevamos:

PERGUNT/\ l~..I = 11::.rlx l_~I


Cii.e um c;1su de rnovirni?ntc em qur: o in6riulJ do v..:tor velocidt:idt r11fdi;:i ê iqudl 20 Vdlr:H M ~ M
<:ihso!PtO d;i velocidnde escalBr média. em que lllsl é a medida do comprimento do an:o P1 P2 da trajetória.
Temos agora:
O conceito de velocidade média conduz a certos resultados que à primeira vista podem
parecer paradoxais. Tomemos por exemplo o caso de um automóvel que percorre urna pista
circular. Entre duas passagens consecutivas pelo mesmo ponto, a velocidade vetorial média é nula.
lim 1t:.r1 lim l llrl x lim I~ 1
llt-+O /J.t t::.t-0 ~ M-0 t::.t
PERGUNTA Ora, quando P2 está extremamente próximo de P1 , a razão entre a medida da corda e a
Ouanto Vúle a velocid;:ida esc3iar rnéd!a ent:e essa:; dllBS p2s.:;agi:ris? medida do arco é muito próxima de 1. Ela se torna rigorosamente igual a 1 no limite:
O conceito de velocidade média é quase que exclusivamente utilizado, em Cinenmtica,
para introduzir o conceito de velocidade instantânea.
lim
M-+0
1~1
1 l:.s
=l
5.'.' VELOCIDADE VETORIAL INSTANTÂNEA Por outro lado reconhece-se em 1t::.s1 / ll t o módulo da velocidade escalar média, que,
Consideremos de novo a velocidade vetorial média da partícula entre os instantes t e
no limite, transforma-se no módulo da velocidade escalar instantânea:
t + !H (figura 5).
lim l~j= j V!
M-0 /Jt
Em resumo:
<v> Se, a partir do instante r em que a partícula coincide com o ponto P1 da trajetória,
considerarmos intervalos de tempo t::.t sempre menores e se definirmos a velocidade média cor:
respondente a cada um desses intervalos, observaremos que tanto a direção, como o sentido e
como o módulo da velocidade vetorial média continuam sendo perfeitamente definidos no limite
em que llt tende para zero.
Os elementos que acabamos de definir - direção, sentido, módulo - caracterizam a
velocidade vetorial instant.§nea da parti°cuia no instante t (ponto coincidente P 1 ) • • .
Na figura 6 representamos a velocidade vetorial instantânea v da partícula P em um
instante t qualquer,
Fisicamente, v significa que, no instante t, ci vetor de posição r está variando na dire-
ção e no sentido de v: a extremidade de restá indo, instantaneamente, na direção da tangente.
Aqui está uma informação que a velocidade escalar não nos podia dar. Graças à velocidade

• P 1 e P2 são respectivamente os pontos da trajetória com que a parti°cuia P coincide nos


instantes te t + t::.t. Daí o nome de pontos coincidentes dado a eles.
instante •• Podemos afirmar que a velocidade é grandeza vetorial, pois é obtida pela multiplicaçio do
Fig. 5 Velocidade vetorial média no intervalo M. vetor ll r pelo escalar __.!__
llt

624 625
vetorial instantânea, sabemos para onde ia a partfcula no instante t. Por outro lado, o módulo da
velocidade vetorial é igual ao valor absoluto da velocidade escalar. O elemento novo é a informa-
ção relativa à direção do movimento.

v
A
º-- Fig. 8 Velocidade no movimento circular.

A velocidade vetorial é:
Fig. 6 Velocidade vetorial instantânea. i = (-wR sen wtl x + (wR cos wtl y (7)
5.3 COMPONENTES DA VELOCIDADE INSTANTÂNEA EXERClCIO:
o processo limite que conduziu à definição da velocidade vetorial instantânea, na seção Prove que, sendo w o vetor wz e ; o vetor de posição de uma partícula em movimento
anterior,. é, do ponto de vista matemático, a definição da derivada do vetor de posição em ·relação
ao tempo, no refe.rencial (SI. Escreveremos: .
r= -
circular no plano (x, vi:
wxr

V= (:; ) = frl em (S) (5) O módulo da velocidade vetorial é:


em (S)
sendo entendido que essa derivada é calculada no instante em que queremos definir a velocidade
J i 1= y(- w R sen wtl2 + (wR coswtl2 =' lwl R (8)
da partícula. · PERGUNTA:
Se o vetor de posição for dado por suas componentes cartesianas: Por que 1 w 1 R e não simplesmente wR?
r = x x + y y + z i,
Se a velocidade angular da partícula não for constante, o ângulo que determina a posição
a velocidade obtém-se derivando a soma do segundo membro, na qual os vetores unitários da partícula no instante t não é mais wt e sim o valor 9 que toma, nesse instante, uma certa
x y z são constantes pois estamos derivando em (S}: função do tempo 9 (t).
v=xx+yy+zz. (6) Então
r = (R cos 91 x+ IR sen 91 y (9)
A velocidad.e obtém-se por derivação em relação ao tempo do vetor de posição:
V
i= (- R sen Ili 6 x+ (R cos 9) 6 y. (10)

A-
I
1
1
1
Mas, assim mesmo, o vetor velocidade, no caso geral (li .;. cte), obtém-se pelo mesmo
processo que para o movimento circular uniforme: multiplicando-ser, à esquerda, pelo operador
ti i (veja o exercício precedente).
Com efeito:
y 1 1
1 1 6 z x r = (R cos Ili 6 i x ~ + IR sen IJ) 6 i x y
Recordemos que i x iê = y, e x y = - z de modo que: x,
x M xx 6 i x r = - (R sen 9 I 6 iê + ( R cos 11 I 6,9 =i
Fig. 7 A projeção da velocidade é a velocidade de projeção da partícula.
Utilizamos a propriedade da multiplicação à esquerda pelo operador (i xi, aplicada a um
Observemos que, fisicamente, x é a velocidade escalar da projeçio.M da partfcula sobre
os eixos dos x. x x é portanto a velocidade vetorial de M (figura 7). vetor do plano (., yl. Esse operador gira o vetor de+._!__ em torno de Z. A seguir, multiplica-se
As componentes da velocidade vetorial ao longo dos eixos são as velocidades das pro- i:>or 8, para obter-se o vetor velocidade. 2
jeções da partfcula sobre esses mesmos eixos. Isto pode resumir-se da seguinte maneira:
Para derivar em relação ao tempo um vetor de módulo constante cuja posição angular é
5.4 VELOCIDADE NO MOVIMENTO CIRCULAR
Comecemos pelo caso mais simples: o do movimento circular uniforme. 11 (t), gira-se o vetor de + ; . A :seguir, multiplica-sa por Õ.
Na seção 3, vimos que o vetor de posição de uma partícula que descreve uma circunfe-
rência com movimento uniforme é:
EXEMPLO 3
r = ( R cos wtl x +l R sen wtl. y. Uma partícula descreve uma circunferência de raio 2,0 m.cA sua posição é definida, no
R é o raio da trajetória, w é a velocidade angular. No instante inicial a partícula coincidia .com o instante t, a partir de uma certa direção de referência, pelo ângulo li = (3,0)t2 (rad,s). Determine
ponto A (fig. 81. a velocidade vetorial no instante t = 2,0 s.

626 627
'Ifj111'1(0Í"iiJIJO f p(,Gf',
~ !f1.,.~,1, l lJ , iwlu1!:·
,;.-,
:iu t:w f'1 rlJl.Í!.!l'I)
[};n
fil, f~M\\

, ~ ..... ~· ;1,1~.;1! .. ~ ;j v: Biblioteca Central


SOLUÇÃO:
Tomemos ic na direção do eixo de referência. Então:
r = (R cos BI i + IR sen O) y
i = ( - R sen BI ti i + 1 R cos BI ti y.
=
Em t = 2,0 s: B = 12 rad, sen O= - 0,545, ecos 6 0,839.
Por outro lado, 8 = 6,0 t; em t = 2,0 s, ti= 12 rad/s.
De modo que, em t = 2,0 s:
• =.1-211-0.5451 112 ic> + 210.0391 112 vi
; =13 ic + 20 y m/s. Fig. 10 Od6grafo de um movimento circular.
Qual é o valor do módulo dessa velocidade?
O interesse do odõgrafo é que podemos considerar a extremidade da velocidade vetorial
6 ACELERAÇÃO VETORIAL como sendo um móvel que descreve o odógrafo e cujo vetor de posição é v. Poderemos então
6.1 ODÔGRAFO DE UM MOVIMENTO repetir a respeito do vetor de posição v e da trajetôria (H 1o que foi dito na seção 4 a respeito do
No referencial (SI da figura 9 uma partícula descreve a trajetória (CI. Três posições da vetor de posição r e da trajetória ICI da partícula. Isto nos levará aos conceitos de aceleração
partlcula. estão representadas, com as respectivas velocidades vetoriais. A partir de um ponto média e de aceleração instantânea.

6.2 ACELERAÇÃO VETORIAL MÉDIA


Seja Q (extremidade da velocidade vetorial} o móvel fictício que descreve o odógrafo IH)
Trajetôria (CI enquanto a part icula descreve a trajetória ICI (fig. 111. Suponhamos que no instante t o ponto Q
coincida com o ponto 0 1 do odógrafo. O seu vetor de posição era naquele instante:

.?.
v, .10 1 =v,

Av
v,
f

)--.
~
Odõgrafo (HI
f<

2
1
instante t
Fig. 9 Um movimento e o seu odógrafo.
Fig. 11 Aceleração média no intervalo lt t +MI ..

qualquer 1, fixo em (S), construimos as velocidades vetoriais sucessivas da partícula. As extremi- Passado o intervalo de tempo t.t, o ponto Q coincide com o ponto a, do odógrafo. O
dades dos vetores correspon~entes distribuem-se sobre uma curva (HI, chamada od6grafo do seu vetor de posição é:
movimento da partícula em (S).
102 =v2
EXEMPLO 4 Escrevamos:
MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME
O od6grato é um ponto, pois s~ há uma velocidade vetorial.
a,a, =t:.v
e observemos que t.v é o vetor que mede a variação da velocidade da part lcula entre os instantes t
EXEMPLO 5 e ( t ·~ti.ti, pois:
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME V2 =v1 +.ti.V.
Tomemos como origem do od6grafo o centro da trajetória (figu·ra 10). A velocidade
vetorial tem módulo constante. Em cor;iseqüência, o odógrafo é uma circunferência de raio lwl R Construamos o vetor t.v/At: é um vetor de mesma direção e mesmo sentido que ô.V e cujo
em que w é a velocidade angular da partícula e R o raio da trajetória. módulo é igual ao módulo de t.v dividido por t.t.

628 629
O vetor assim construido representa (seção 5.1) a velocidade vetorial média do ponto Q A aceleração vetorial indica como varia a velocidade vetorial em determinado instante.
que descreve o od6grafo. Ele representa também, por definição, a aceleração vetorial média, ou Além disto, dá uma indicação interessante com relação à trajetória da partícula. Suponhamos
simplesmente a aceleração mt!dia da partícula_que descreve a trajetória (C), no intervalo (t t + M).
com efeito que a velocidade vetorial e a aceleração vetorial estejam como na fig. 13, por eKemplo.
No instante corres?ondente, o vetor v está variando como é indicado na fig. 14(a), em que a
<a>=~ (11) velocidade (v + t.v). no instante que segue, foi construida tomando-se um 6v de módulo muito
M
pequeno mas paralelo a L No instante em que os vetores v e • estavam como na figura 13,
podemos afirmar que a direção da velocidade estava girando para a direita (ou ainda, sempre, na
6.3 ACELERAÇÃO VETORIAL INSTANTÂNEA
Repetindo-se, mutatis mutandis, o que foi dito na seção 5.3, definiremos o vetor que direção do vetor aceleração). Como o suporte da velocidade é a tangente à trajetória, conclui-se
representa a aceleração vetorial instantânea. Esse vetor: que a trajetória se encurva no sentido da aceleração. Em outros termos,
a. é tangente ao odógrafo no ponto coincidindo com Q no instante t (figura 12). A aceleração indica de que lado se encontra a concavidade da trajetória em relação à
b. tem o sentido do movimento no ponto Q no odógrafo. tangente (suporte da velocidade) ..
c. tem um módulo igual ao limite para o qual tende 1 -'.lv l/M quando t:;t tende para zero. No caso da trajetória ser retil fnea, não há concavidade nem de um lado nem do outro: a
aceleração e a velocidade têm a mesma direção.
Odógrafo (H) O ângulo da aceleração com a velocidade fornece também informações interessantes
sobre o movimento.

a
V

(C) ( ~.,-

instante t

V
Q
Fig. 12 Aceleração instantânea. instante t a

O vetor a representa assim a velocidade do ponto Q do odógrafo. Escreveremos: ângulo da aceleraçã'o


dv •.. (12) com a velocidade.
a= dr= v= r.

6v
V (H)
Fig. 15 Movimento acelerado. O ângulo (va) é agudo".
Suponhamos que no instante t o movimento ao longo da trajetória seja acelerado: o
módulo da velocidade escalar aumenta. As velocidades vetoriais nos instantes sucessivos - porém
muito prôxlmos det - serão talvez como indicado na fig. 15: 1v 1está crescendo. O odôgrafo será
análogo ao mostrado na figura. O traço característico desse odógrafo é que, em t, a curva se afasta
de 1 e conseqüentemente:
No movimento acelerado: a velocidade e a aceleração fazem entre si um lngulo agudo,
ou ainda:
a o produto 11sca/ar v • a li positivo;
Fig. 13 Velocidade e ou ainda: a proj11ção da ac11leração sobre a tangentfl à trajetória tem o entido da velo-
aceleração em Fig. 14 Como varia a velocidade da fig. 13 em um cidade.
determinado instante. intervalo de tempo muito pequeno. Se pelo contrário, no instante t, o movimento for retardado, lv 1 está decrescendo e o
odógrafo, no trecho correspondente ao instante t e aos instantes sucessivos, está se aproximando
do ponto 1 (fig. 16).

630 631
EXEMPLO 7
MOVIMENTO DE UM PROJ~TIL
Desprezamos a resistência do ar. Na parte ascendente da trajetória (fig. 191, a wlocidade
v faz um ângulo obtuso com a aceleração g: o movimento é retardado. No ponto culminante, v e
a g são perpendiculares entre si: a aceleração escalar é nula. Na parte descendente da trajetória a
velocidade v faz um ângulo agudo com a aceleração g: o movimento ao longo da trajetória é
acelerado.
(CI

/~~.
a

(H~.angu ld
o a aceleraçlo
1 • com a velocidade
V
Fig. 16 Movimento retardado. O ângulo (va) é obtuso.
No movimento retardado: a velocidade e a aceleração fazem entre si um ângulo obtuso,
ou ainda:
o. produto escalar v • a ti negativo ou ainda: a projeção da aceleração sobre a tangente à Fig. 19 Movimento de um projétil: inicialmente retardado; depois, acelerado.
trajetória tem sentido comrilrio da velocidade.
Finalmente se, no instante t, a aceleração escalar for nula, o odógrafo no ponto corres·
pondente confunde-se com um arco de circunferência de centro 1 (fig. 17): A aceleração ti EXEMPLO 8
perpendicular à velocidade.
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME
A velocidade escalar é constante. A aceleração perpendicular à velocidade e situada do
a (CI
lado da concavidade da trajetória é centrípeta (figura 201.

_\L instante

~.~,
o

Fig. 17 Aceleração escalar riula. O ângulo (vai é reto.


Fig. 20 Aceleração centrípeta no movimento circular uniforme.
Concluímos então que:
No movimento uniforme (e curvilíneo): a aceleração e a velocidade são perpendiculares 6.4 COMPONENTES O.i\ ACELERAÇÃO l~JSTANTÂNEA.
entre si;
O processo limite que conduz à definição da aceleração vetorial instantânea é, do ponto
ou ainda:
de vista matemãtico, a definição da derivada da velocidade vetorial em relação ao tempo no
o produto escalar v • a - nulo; refereni:ial (SI. .
ou ainda: a componente tangencial da aceleração ti nula. Sendo a derivada da velocidade, a aceleração é também a derivada segunda da posição,
em relação ao tempo:
EXEMPLO 6
MOVIMENTOS RETILÍNEOS
A figura 18 é suficientemente explícita, dispensando comentários. 8 5
~ : :) em (S)
~ (vi em.ISI
(13)
8
= ( ~:Jem (SI
.. (ri em (S)

Essas derivadas devem ser calculadas no instante em que queremos determinar a acelera·
8 c;11\efaóº ção da partícula.
fetafdado Se o vetor de posição for dado por suas componentes:
Fig. 18 Movimentos retillneos. r=x i +yy +zi

632 633
temos sucessivamente:
v=xic+vv+ii.
a=iii:+yy+zi. (14) p
Observamos que iê é a aceleração escalar do môvel cuja trajetória é o eixo definido por i
e cuja abscissa no instante t é x. Esse móvel é e projeção da partícula sobre o eixo. De modo que
as componentes da aceleração são as acelerações das projeções da partícula sobre os eixos do
referencial.
As componentes da aceleração vetorial ao longo dos eixos são as acelerações das proje·
ções da partícula sobre esses mesmos eixos.

EXEMPLO 9 0 X
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME
Na seção 5.4, vimos que a velocidade de uma partícula que descreve uma circunferência t

L.
com movimento uniforme é:
; = (-wR sen wtii:) + (wR c:os wr) y.
R é o raio da trajetória, w é a velocidade angular. No instante inicial, a partícula coincidia com o
ponto A (figura 21 ). Fig. 22 Coordenadas polares.

Em vez de medir OP por suas componentes, podemos defini-lo:


a. por seu módulo r
b. e pelo ângulo O que o unitário Ü de OP. faz com ic. (O é o ângulo do qual deve girar ~
para coincidir com ü.
Temos assim:
OP = rü ; (u, ic) =6.
yo t.c: ' "'' \ O par (r, 6) constitui as coordenadas polares da partícula.
ii: A
Observemos que:
1 r é sempre um número aritmético.
2 o é um"ângulo orientado*, podendo ser positivo (caso da figura) ou negativo.
3 r, o, e ia são funções do tempo:
r = r(t)
Fig. 21 Aceleração no movimento circular uniforme. O = O(t)
u
il = (t).
A aceleração é: Observemos porém que o vetor variável u tem módulo constante.
a= r"= (- w 2 R cos wt) ic + (- w 2 R sen c.Jt) t =-w' r. 7.2 COMPONENTE RADIAL E COMPONENTE TRANSVERSA DA VELOCIDADE"
O módulo da aceleração é: Sendo r OP = =
ria, derivemos em IS), em relação ao tempo:
1a1 =V l-w R cos wt)
2 2 + l-w 2 R sen wt) 2 =w 2 R (16) r;: V= r Ü + rÜ
Sabemos o que é i: é a taxa de variação da distincia da part icula à origem.
EXERClCIO: O que é ÍJ? u é um vetor de módulo constante. Para derivá-lo em relação ao tempo,
Na seção 5.4 vimos que, se um vetor r tem módulo constante em um plano de (S), deri- giramos de + ; , e multiplicamos por é.
vá-lo em relação ao tempo, em (S), equivale a mult\IJlicá-!o à esquerda pelo operador Õ (i x). Mos-
tre então que, no caso do movimento circular uniforme:
Na fig. 23 temos o unitário wdeduzido de upela rotação de+ ; . Então:

w
a = x (e;x r) = w z x (z x r)2 ~=éw.
reencontrando-se dessa maneira as propriedades da aceleração nesse movimento. A velocidade v se escreve ag"ora:
v=rü+rliw ·'., (18)
7 POSIÇÃO E VELOCIDADE EM COORDENADAS POLARES
7.1 SISTEMA DE COORDENADAS POLARES. POSIÇÃO DE UMA PARTÍCULA. • O sentido positivo das rotações, no plano ortonormado por ( ic y), é o sentido que leva ic sobre
No plano ortonormado pela base (ic y), tomemos uma origem arbitnlria O (fig. 22). y por uma rotação de ~.
Seja Ox um eixo orientado pelo unitário i. · 2
No instante t, a posição da partícula Pé definida, pelo vetor OP.

634 635
Na vizinhança de P, podemos considerar que a partícula descreve um arco de circunfe-
rência de raio p com uma velocidade angular que representaremos por à..
É óbvio que á é também a rapidez com que v, perpendi~ular a KP, está girando em torno
de K, no ins~ante t. (Logo após, v estará girando em torno de um outro ponto K, com outro raio
p e outra velocidade Õ. •)
Temos evidentemente:
i V 1=la1 P ·
Passemos agora ao odógrafo. O ponto Q é o móvel que descreve o odógrafo. No instante
t, o vetor de posição v do ponto O. está girando em velocidade&. .
Sendo T o unitário da tangente à trajetória, no sentido do movimento, e N o unitário
normal, no sentido da concavidade da trajetória, procuremos as componentes de a, velocidade de
(C) X
O. ao longo de t eao longo de N.
Fig. 23 Componentes radial e transversa da velocidade. São, no odógrafo, as componentes radial e transversa, respectivamente, da velocidade de
Interpretemos: a
Pelo que aprendemos na seção anterior:
a. a componente radial i Ü (na direção do "raio-vetor" OP) caracteriza o comportamento da
partícula quanto a sua distância em relação à origem. A componente radial tem o sentido de Ü. Se d lv 1 •
ªT=---f=lvlf
i for positivo, a partícula está se afastando da origem. É o caso da figura 23, em que a com- dt
ponente radial é representada por vr. Se i for negativo, a partícula está se aproximando da
origem. vr seria dirigido para o ponto O. ªN = 1liliV1 Jiil,
b. a componente transversa r iJ w (na direção de w, isto é, perpendicular ao raio-vetor)
caracteriza o comportamento da partícula quanto a sua mudança de direção no plano da traje- Substituamos 1á 1 por l_!J :
tória. p
Queremos dizer o seguinte: a partícula não faz somente aproximar-se ou afastar-se de O.
w
Ela também gira em torno de O. Reparemos que r ê é a velocidade de um movimento circular 8 T = 1V1 t
de raio r e velocidade angular instantânea ê. · (19)
A componente transversa, representada na fig. 23 por v traduz essa rotação. v•
ªN =--N
OBSERVAÇÃO: w p
Se derivarmos a relação (18), chegaremos à expressão da aceleração, em termos de
componentes r"dial e transversa. Porém, essas componentes têm pouco interesse. Eis porque EXERC(CJO:
achamos preferível deixar esse cálculo para um exercício resolvido (3.R). Explique a razão dos valores absolutos de v e ét que aparecem nos cálculos precedentes.
(Lembre-se que T foi escolhido no sentido do movi,mento e N, no sentido da concavidade da
8 COMPONENTES TANGO:NCIAL E NORMAL DA ACELERAÇÃO trajetória.)
Vamos aplicar o que acabamos de aprender a respeito das componentes radial e trans-
versa da velocidade. Consideremos no instante t, a velocidade v, tangente em P à trajetória (C) da EXEMPLO 10
partícula (fig. 24). Na vizinhança de P, a trajetória coincide com um arco de circunferência M0VIMENTOCIRCULAR UNIFORME
0

centrado em K, e cujo raio p.é chamado raio de curvatura da trajetória em P. No movimento circular uniforme, a velocidade v é constante e igual a wR. Por sua vez
p = R. Temos então (fig. 25):
K V
ªT =O
v• - -
a· = - - N = w• R N = - w• R V
N R

(H)

(C)
w~

Fig. 24 Componentes tangencial e normal de aceleração. Fig. 25 Aceleração no movimento circular uniforme.

636 637
Verificamos de novo que, no movimento circular uniforme: de 61eo do ponto de vista de um observador fixo na estrada. O referencial (SI passa a ser a Terra e
a. a aceleração é centrípeta nós amarramos ao solo uma base liê y). Nesse sistema a trajetória não é mais uma circunfarência.
b. o seu m6dulo é·v' IR ""c.i 2 R Qual é o mpvimento da mancha de 61eo (trajetória, velocidade, aceleração) no referencial ISI?
EXEMPLO 11
Este problema é um caso
particular do problema da composjçio de movimentos ou de
mudanças de referenciais.
MOVIMENTO CIRCULAR VARIADO 'o enunciado geral é o seguinte:
Se o movimento circular for variado, a componente normal da aceleração expressa-se Conhecendo-se o movimento de uma partícula em um referencial (S'J e o movimento do
ainde por ªN = -iJ • R, em que i é a ~loc;:idade angular instantânea. Agora, porém, existe tam~ém refarencial (S') em outro referencial (S). qual tJ o movimento da partícula em (SJ7
ume componente tangencial ªT"" 1 v 1 T_ (fig. 26). Se o módulo de v !15tlver crascendo, 1v 1 é
positivo e ªT tem o sen!ido do unitário ·T. Se 1v1 estiver decrescendo, l v 1é negativo e ªT tem o 9.2 MOVIMENTO DE (S') EM (S) - CASO DA TRANSLAÇÃO
sentido contrário do de T. Resolvamos primeiro o problema do movimento de (S'I em (S). Quando é que podemos
afirmar que conhecemos o movimento de um referencial em relação a outro?
V A resposta é: conhecemos o movimento de (S'I em IS), quando conhecemos a cinemá·
tica de todos os pontos de IS'), no referencial (Sj: posição, velocidade e aceleração, em um
instante qualquer.
Acontece porém que, se o movimento de (S') for qualquer, a solução desse problema de
cinemática é extremamente diflcil. Limitaremos portanto nosso estutlo de mudanças de referen-
ªT ciais ao caso mais simples: o da translação plana de (S') em (S). .
o
ªN
9'

Fig. 26 Aceleraçfo no movimento circular variado.

No primeiro caso, trata-se de movimento acelerado e no segundo caso, de movimento


retardado.

9 MUDANÇAS DE REFERENCIAIS - DEFINIÇÕES E PROPRIEDADES


9.1 POSIÇÃO DO PROBLEMA y

v•
L.
Fig. 28 O referencial IS') está em translação em IS).
i'
IS'I
9
(S)
Amarn1mos ao plano IS) uma base ortonormada (x vi (fig. 28). IS') será outro plano que
desliza sobre IS). Podemos por exemplo imaginar uma folha de papel que está deslizando sobre
esta página do livro. A folha representa IS') e a página representa IS). Como precisaremos medir
vetores em (S'I, precisàremos de outra base nesse referencial. Seja (x' Y'I.
i (S') li dita em translação em (S) 1e, no decorrer do movimento de (S') em (SJ, a ban
Fig. 27 Movimento de um ponto P de uma roda: os dois referenciais possíveis. vi.
lx' V'l con111rva urna orientação fixa flfTI relaçio,; base (iê 011 um modo geral, qualquer 18ta de
(S'J con1erva em (SJ uma direçio fixa.
Imaginemos uma roda de bicicleta. andando numa estrada com movimento uniforme. Na figura 28, representou-se a trajetória seguida, em _(SI, pelo ponto O' de (S'I ao qual
Queremos estudar o movimento de um ponto da roda, talvez uma mancha de 61eo sobre o pneu. foi amarrada a base (iê' Y'I. Representaram-se também as posições sucessivas dessa base nos
Podemos escolher como raferencial a pr6pria bicicleta, com uma base lx' Y'I como mostra a fig. instantes t 1 t 1 • • • • ••
27. (Esses eixos não giram com a roda; eles estão amarrados ao quadro.) Nesse referencial (S') a Observemos essa figura: ela mostra o que significa "a base (x' y'I conserva uma orien·
trajet6ria da mancha é uma circunferência e o movimento é circular uniforme. A velocidade
o
vetorial é v'; a aceleração vetorial é a'. Podemos também querer estudar n:iovlmento da mancha
tação fixa em relação à base (x vi". v'
Significa que os unitários x' e conservam sempre, em (SI, a
mesma direção. Eles se deslocam paralelamente a eles mesmos.

638 639
A
9.3 PROPRIEDADES DO MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
9.3.1 TRAJETÓRIA EM (S) DOS PONTOS DE (S')
Todos os pontos de (S') têm trajetórias idênticas em (S).
Essas trajetórias deduzem-se uma da outra por translações.
Consideremos dois pontos A e B quaisquer de (S').

1 trajetória
'L. o

de A Fig. 29 Deslocamento de A e B, em (S'), no mesmo intervalo de tempo.

Pela própria definição de translação, 6r A= 6r 8 , de modo que as velocidades médias, em


(S), dos pontos A e B de (S') são iguais, pois:

'L.
A A
(t4) (t,) MA = 6r 8 •
6t l!.t
Fig. 29
Essa igualdade se verifica qualquer que seja o intervalo l!.t considerado.
Ela continua verificando-se no limite, quando 6t - O. Segue-se que, no instante t:
A fig. 29 mostra as posições sucessivas desses dois pontos nos instantes t 1 t 2 , •• VA = VB.
Observamos que, por um lado, a distância AB permanece invariante; por outro lado, pela
Sendo A e 8 quaisquer, concluímos que, no instante t, todos os pontos de (S') têm, em
definição da translação, a direção AB é também invariante.
(S). a mesma velocidade. É a velocidade instantânea de translação de (S') em (S).
Segue-se que, em cada instante t 1 t 2 ••• , passa-se do ponto A ao ponto B pela translação
Ela será representada pelo símbolo V.
caracterizada peló vetor constante AB-
Conclu Imos que a trajetória de B deduz-se da de A pela mesma translação.
9.3.3 ACELERAÇÃO EM (S) DOS PONTOS DE (S')
Todos os pontos de (5') tê~. em (5), no mesmo instante, a mesma aceleração, chamada
EXEMPLO 12 aceleração instantânea de translação de (5') em (5).
TRANSLAÇÃO RETIL(NEA Essa propriedade decorre imediatamente da igualdade das velocidades instantâneas.
Um elevador em movimento constitui um referencial em translação no referencial do A. aceleração instantânea de translação de (S') em (S) será representada pelo símbolo A.
prédio,
Todos os pontos do elevador descrevem retas verticais, trata-se de um movimento de 9.4 ESCOLHA.DA BASE (x' y') EM (S')
translação rr1tilínea. A descrição cinemática dos fenômenos físicos depende dos referenciais em que são
estudados. Mas, em de.terminado referencial, trajetóri~. velocidade, aceleração são obviamente
independentes da base escolhida para medida das grandezas vetoriais (embora as componentes
EXEMPLO 13 dessas grandeza& dependam da base).
TRANSLAÇÃO CIRCULAR Assim é que a base (x' y') de (S') pode ser 11scolhida arbitrariamente.
O carrinho de uma roda gigante constitui um referencial em movimento no referencial Ora, no movimento. de translação de (S') em (S). as bases (x v.l de (S) e (x' y') de (S')
terrestre. Qualquer peça do carrinho conserva, nesse referencial terTestre, uma direção fixa. Todos conservam sempre a mesma orientação relativa.
os pontos do carrinho descrevem circunferências idênticas (não concêntricas). Trata-se de um Nada impede então de tomarmos essas bases paralelas, uma vez por todas: xex' paralelos
movimento de translação circular. entre si, o mesmo acontecendo com y e y' (fig. 31 ).

L
De um modo geral, o movimento de translação de (S') em (SI pode .ser rr1tilíneo ou
curvil fneo.

9.3.2 VELOCIDADE EM (SI DOS PONTOS DE (S')


Todos os pontos de (S') têm, em (5J,. no mesmo instante, a mesma velocidade, chamada
vtllocidade instant§nea de translação de (5'1 em (S).
Consideremos dois pontos A e B quaisquer de (S'I (fig. 30).
·
Fig. 31
ISIL. (S') x'
Estando (S') em translação em (S), é conveniente escolher as duas bases com a mesma
orientaçfo.
Em t, os vetores de posição, em (5), desses dois pontos, são respectivamente r A e rs.
No intervalo M, essas posições em (S) variam respectivamente de t.r A e Ars.

640 641
·essa escolha traz uma simplificação importante: trajet6ria de um ponto qualquér (são todas iguais) e em particular da origem O: X(t) e Y(t}
Um vetor terá, em (S}, es mesmes componentes que em (S'}.
fornecem essa trajet6ria, A partir desses dados, sabemos agora achar a trajetória em (S).
Observemos cuidadosamente que isto é somente possível porque estamos restringindo as
mudanças de referenciais aos casos de translação.
EXEMPLO 14
Se (S') girasse em (S), seria obviamente impossível que as bases (i y) e (i' y') se
Duas estradas são perpendiculares entre si (fig. 33). ~m determinado instante, tomado
conservassem paralelas. · · como origem, um carro C' sai de O', andando para leste com velocidade· constante v', enquanto
que outro carro C sai de O, andando para o norte com velocidade constante v (ambas medidas no
1 O MUDANÇAS DE REFERENCIAIS - CASO DA TRANSLAÇÃO: referencial terrestre).
PROBLEMA DA TRAJETÓRIA Qual é, para o carro C, a trajetória aparente de C'?
Sejam O e O' as origens escolhidas em (S~e (S') respectivamente (fig. 32).
~
p

o'
li' e·
N

d
9
O•+L s

Fig. 32
'Lº
Relaça'o entre os vetores de posiça'o em (S) e em (S'): r =r' +R Fig. 33 Para·o Exemplo 1.
e•
o
•li:

No instante ta partícula ocupa a posição P.


Nesse instante t: SOLUÇÃO: .
a. o vetor de posição da partlcula, em (S),é r. Tomemos como referencial (S) o referencial do carro C, com a basa bê y). A origem,
b. o vetor de posição da partlcula, em (S'), é r'.
e. Ré o vetor de posição, em (S), da origem O' de IS'). nesse referenclal,êo pr6prio carro C. Tomemos como referencial (S') o referencial terrestre, com
a base (x' y'). A origem nesse referencial é o ponto O'. de onde sai o carro C' no instante zero.
r=r'+R (20) No instante genérico t. a situação é a mostrada na figura. Identificamos facilmente:
Sendo r = CC' r' = ac· R =CO'
r=xfi+y9
Expréssemos r' e R em funções das suas componentes:
r' =x'ft' + Y'~
R=xli+Y9 ( = v't i + o v' = v't i
e observando-se que, pela escolha das baseslx yl e lx' e
y e y' por outro lado, silo 111to~es Iguais em (SI•, temos;··
vi. paralelas entre si, x ex·.
·
por um lado, R = oo· - oc= IO x + d91- kl rc + vr 91 = "1- vrl 9
de modo que:
x i +y y= (x' +X) i + (y' + Yl y r = x x + y v= v't x+ (d - vt) y
Isto ~uivale ao sistema As equações paramétricas da trajetória, em (S), são:
x(t) = x'(t} + X(t} ·x=v't
(21) {
y(t) = y'(t} + Y(t} y =d- vt
São a:s equações paramdtricas da trajetória em (S). A eliminação de t é imediata-, fornecendo:
Observemos que o problema proposto está resolvido: conhece-se a trajet6ria em IS'), isto
é, x'(T) e y'(t); conhBce-se por outro lado o movimento de translação de IS') em (S), ou seja, a y =d--v- x.
v'
Concluímos que, para o carro C, a trajetória do carro C' é uma reta que passa por. O'
• São iguais em qualquer referencial. Mas a equação (20) esté escrita em (S), referencial no qual (fisicamente evidente) e cujo coeficiente angular é v/v' (figura 34). A reta estará tanto mais
queremos a trajetória. · · inclinada sobre a direção norte-sul quanto maior for a velocidade v do carro C. Isto é também

642 643
<S sentido negativoJ As componentes der' são-} D cos (- wt) e T D sen (-wt), de modo que:

r' = - 1-o cos wt


2
x' - - 21- D sen wt y'
ou seja
r' = - 1-o cos wtx - - 1- D sen wt
2 2
y.
9 A relação fundamental r = r' + R se escreve, em função das componentes:
x i< + y 1 - D (cos wt - 1) i< + - 1- D (-sen wt + wt)
2
y= -
2
v

As equações paramétricas da trajetória são:
Fig. 34 Trajetória do carro c· para o carro C.
fisicamente evidente. Qual seria a trajetória aparente se a velocidade de C fosse de 100 km/h e a
velocidade de C' 1 cm/h?

EXEMPLO 15
. l =+O
x = - 1- O (cos wt - 1 )

y (-sen wt + wtl
O segundo enmplo será o ca~o da mancha de óleo do pneu da bicicleta. No instante zero São as equações de uma ciclóide (fig. 36).
a mancha estã em contato com o solo,. no ponto O que escolhemos como origem do referencial
terrestre (S), ortonormado pela base (x y) (fig. 35). O referencial (S') é o referencial da bicicleta,
no qual a roda tem movimento circular uniforme. Esse referencial é ortonormado pela base (x'
9' ) e a origem é o centro da roda, Ó'.

Fig. 36 Trajetória da mancha de óleo: é uma ciclóide.

11 MUDANÇAS DE REFERENCIAIS- CASO DA TRANSLAÇÃO:


PROBLEMA DA VELOCIDADE
Voltemos à relação fundamental
r=r'+R
o instante zero instante t Pela escolha das bases, os três vetores envolvidos têm as mesmas componentes em (S) e
em (S').
l'c Podemos então derivar essa relação em relação ao tempo, no referencial (S). obtendo:

Fig. 35 Para o Exemplo 2. ,A1 - (l!!'.....)


- dt
dR I
dt em (S) em (SI ; (dt em (S)
A roda, cujo diâmetro é D, rola sem deslizar. Isto significa que, no intervalo de um
211' Interpretemos:
período T =~que corresponde a uma volta, ela avança de uma circunferência 11D. A veloci-
(~) é a velocidade v =;da partícula, no referencial (S) e no instante t.
dade de translação da bicicleta é conseqüentemente V = __!.... Dw. Concluímos que, no instante t,
.
as componentes em (S) do vetor R
(Reparemos nos sentidos dos unitários.)
=00' são
2
respectivamente. iguais a - ~ D, e +
Owt.
dt

dr'
(dt)
em (SI

em (S)
é identicamente igual a ( ddr' )
t em (S')
.• pelo fato de que (x' y•) se

conserva paralelo a (lê y). É pois a velocidade v'= i'da partícula, em


1 • 1 •
R = - - 2 - D x + - 2- Dwt y. (S') e no instante r.

Por sua vez, a mancha de óleo que, no instante zero, estava em O, está em P no instante dR I é a velocidade em (SI e no instante t, de um ponto de (S') (a origem
t. No referencial (S') da bicicleta e no intervalo (O ti, o vetor r' = O'P girou de - wt. (0 sinal (dt em (S) O'). É pois a velocidade instantânea de translação V de (S') em (S), no
"menos" se deve ao fato de que w foi tomado aritmeticamente e que, na figura, a roda gira no instante t.

644 645
13 MOVIMENTO DOS PROJÉTEIS
Temos assim:
O movimento dos projéteis 41 uma aplicação interessante dos concéitos precedentes.
v=v'+V (22) 13.1 POSIÇÃO DO PROBLEMA .
A ntacldads da part/cula em (SJ, na lnstantll t, 'igual' mme da velocidads da partícula O problema enuncia-se da seguinte maneira: "No referenci11I terrestre, em que a acelera·
em (S'J a da velocidada da translaçio da (S'J em (SJ, no mesmo instants t. ção g de qualquer partícula livre será considerada uniforme, vertical, dirigida para baixo e de
mõdulo aproximadamente igual a 9,8 m/s 1 , um projétil tem velocidada v0 no instante tomado
EXEMPL016: como origem. Cesprezendo-se qualquer ação perturbadora, determinar e trajetória do projétil e
sua velocidade no Instante genérico t".
Rolamento sem das/izamsnto
Voltemos mais uma vez ao caso de roda de bicicleta. Desprezar "qualquer ação perturbadora" , significa, entre outras coisai:
Dizer que a rode role sem deslizar é dizer que o ponto de contato ó tem velocidade nula a. desprezar a resistência do ar;
no referencia/ terrestre (SJ. b. limitar-se ao estudo dos tiros em qúe as dimensões envolvidas (alcance, altura má·
xima ... 1 sejam muito pequenas em comparação com o raio da Terrá. Somente assim o campo
gravitacional terrestre poderé ser .considerado uniforme e g será constante; ·
e. desprezar a rotação diurna da Terra.
13.2 REFERENCIAIS (S) E (S')- MOVIMENTO EM (S')

9'

'1
1
1
V

. i'

1
1
t t lft• o ll:' M
IY'l=WR o V
~
i
Fig. 37 Rolamento sem deslizamento: a velocidade de qualquer ponto da circunferência d igual, a
em módulo, à velocidade de translaçfo: wR =V. Fig. 38 Problema do projdtil.
Ora, no referencial (S'I da roda, em translação em ISI, e velocidade '1 de O 41 um vetor Por simetria, o movimento produz-se no plano vertical definido por v0 e g. Esse pleno
tangente à roda e cujo m6dulo é wR (fig. 371. Por outro lado, a velocidade de transleção da roda, vertical pode ser considerado ligado à Terra. Será o referencial (S), no qual escolhemos uma base
em (SI, é o ll8t0r V, em que 1 V 1 representa a velocidade de bicicleta. (x x
:vi, com horizontal e y vertical, e com as orientações mostradas na fig. 38. A origem O desse
Os vetores v' e V devem ser diretamente opostos, para que a velocidade v de O, em (SI. referencial coincide com a posição de partícula no instante zero. Representaremos por a o lngulo
seja nula, orientada da velocidade v0 com o unitllrio x~
· Conclu imos que: (S'I ser6 um plano vertical que desliza sobre (SI com mo"lfimento de translação retilínea
No rolamento sem de6'izamento, a velocidade dB trens/ação da roda ' igual a wR, ou uniforme, com w/ocidade v0 • A origem desse referencial é o ponto O', que coincidia com O, isto
1111ja, j velocidade flSCa/ar dos pontas da cirr:unfetfncia. ê, com o projétil, no Instante zero. No Instante t, essa origem se encontra e uma distância v0 t de
O, sobre o suporte de v0 • A base (X• yl de (S'l 41 escolhida como de costume, paralela a bê y).
EXERC(CIO: OJal é o movimento do projétil em (S')7 Respondemos às duas perguntas seguintes:
Convença-se de que essa condiçã"o é equivalente à enunciada no exemplo 15 da seçã"o 1O, 1 OJal é a velocidade iniciei do projétil em (S'l7
ou seja: se uma roda rola sem deslizar, ela avança de uma circunferência em um período. Essa velocidade é evidentemente riu/a. Pois, no instante zero, o projétil tem a mesma
velocidade v 0 que o referencial (S'I.
12 MUDANÇAS DE REFERENCIAIS- CASO DA TRANSLAÇÃO
Formalll!llnte, se quiséssemos aplicar a relação (22), escreveríamos:
PROBLEMA DA ACELERAÇÃO
Devido ao fato que as bases li 9'1 e li' 9"1 permanecem sempre paralelas entre si, a Vo =Y'o +V.
derivação em (SI da releção (221, em relação ao tempo, fornice entre as ai::elerações uma ralação Mas, sendo V = v0 • temos necessariamente v'0 =O.
análoga à das velocidades. eicrevamos logo: 2 Qual é a _aceleração do projétil em (S')7
Q3) Apliquemos a relação (231:
a=a'+A.
g=a'+A.
A ace/eraç8a da partfcula em (SJ, no Instante(. l igulll' sama dP. dCll/eraçllO da partfcula
· em (S'J e da ac91eraç8a de translaçlo de (S'J em (SJ, na m"""a Instante t
. ~ importante ol:>servar que as relações (221 e (23) são somente válidas no caso em que o
referencial (S'I esté em translação em (SI. .• a·d posithio se 'o estd acima de iê, negativo se está abaixo.

647
646
N~IVt.!~!;,iÍH~:~ ! ij;t:::; :.~~ i~;'._! b rnr !\7,n;
Blbliot"c.;i Ctintrial
Mas (S') está em movimento de translação retilínea e uniforme, em (S). Conseqüente·
mente, A= O.e a•= g.
O projétil tem pois, em (S'I. a mesma aceleração que no referencial terrestre (S).
Concluímos que,
em (S'), o movimento do projdtil 4 um movimento em queda livre, com velocidade
inicial nula. o>
Em conseqüência, no instante te nesse referencial (S'): ...tJi
a. o vetor de posição do projétil li. 1
li
O'P = r' =- - 21- gt 2 y• >
b.· a velocidade do projétil é
v' = -gry•

13.3 MOVIMENTO NO REFERENCIAL TERRESTRE:


TRAJETÓRIA
No instante r, o vetor de posição em (S) é OP = r. Nesse mesmo instante, 00' = R tem Fig. 39 Triángulo das velocidades para o movimento do projt!til.
como componentes v0 t cos °'e v0 t sena.
A relação r = r' + R se escreve: A relação (26) pode também escrever-se em termos das componentes "" e vy de v.

xx +yv• • 1
= - - 2 - gt• v· • •
+ (v 0 t cos ai x + (v 0 t sena)

v
x
Observando-se que v0 = v0 cosa + v0 sena 9. teremos:

De novo, a translação de (S') em (SÍ. e a escolha das bases permitem identificar y• e vem vx= v0 cosa
vy = v0 sen a - gt
(27)
qualquer instante, de modo que:
• •
x x + Y V= (v0 t cos 0<) x + (v 0 t sen 0<- 21 •
gt•) V· Nessa forma, observamos que vx. velocidade escalar da projeção do móvel sobre a ho-
rizontal*I constante.
As equações paramétricas da trajetória são: Conclu imos que a projeção do projétil sobre um eixo horizontal ·tem movimento r-eti-
lfneo uniforme.
x = v0 t cosa (24) Conclu Imos também que v0 cosa é o módulo da velocidade do projétil no ponto mais
y=v0 rsen0< -+gt• alto da trajetória. (Por que?)
Por sua vez, vy. velocidade escalar da projeção do móvel sobre a vertical, é urna fun-
ção linear do tempo. Em conseqüência, essa projeção tem movimento uniformemente variado,
Da primeira equação, r = x com velocidade inicial v 0 sena e com aceleração g (em módulo).
v. cos °' Isso não I! de se estranhar: a aceleração da projeção vertical é a projeção de g e g se
A substituição na segunda fornece a equação cartesiana: projeta verticalmente em verdadeira grandeza.
y = (tg a) x - g x• · (25) 13.5 TEMPO DE VÔO E ALCANCE, SOBRE O PLANO HORIZONTAL QUE PASSA
2 v~ cos• a PELA ORIGEM
É a equação de uma parábola que passa pela origem O (evidentemente) e cuja conca~i­ Seja A 9 ponto em que a trajetória passa de novo pelo plano horizontal que contém a
dade é dirigida para baixo (também evidente). origem O (fig. 40).

iJ
13.4 MOVIMENTO NO REFERENCIAL TERRESTRE:
VELOCIDADE . -gt9 O~l..-~~~~~~~~~~,-~
No instante t, a velocidade do projétil em (S) é a soma da velocidade em (S') e da d
velocidade de translação de (S') em (S): ·
A
v=v'+V.
Mas v'.=-gt v. e V= v 0 de modo que
Fig. 40 Pela simetria da trajetória, v0 = vA
v=v. -gt V (26)
A construção de v é feita na figura 39. A resolução do triângulo fornecerá o módulo
•Seção 5.3.
de v em qualquer instante t, se for pr.eciso.

648 649
Chamaremos tempo de v6o t ao tempo que leva o projétil para ir de O até A e al-
cance sobre o plano horizontal, à distância OA =d.
Pela simetria da parábola, a velocidade em A faz o mesmo ângulo a com a horizontal
que a velocidade v0 , mas em sentido contrário.
Construindo-se v A pelo método da fig. 39, observamos que vA e v 0 têm p mesmo
módulo, por simetria, e que:
gt = 2 .,0 sena
....
N

~1N
de modo que:
2 v0 sena
t=---- (28)
g
Substituamos na expressão de x nas equações paramétricas (24); teremos o alcance:
d = v! sen 2 a (29)
g
Alcance máximo sobra o plano horizontal: Se quisermos que OA tenha o maior valor o
possível, deveremos fazer sen 2 a= 1, ou seja: atirar debaixo de um lngulo de 45".
.,.
0- .
1
Esse alcance máximo vale - Fig.41 r=tY0 + - t2 9
g
2
14.2 INVERSÃO DO TEMPO
13.6 FLECHA ACIMA DO PLANO HORIZONTAL QUE PASSA PELA ORIGEM
lnvertamCJll ao mesmo tempo te v0 • Isto é, substituamos r por (-r) e v0 .por (-v0 )nas
~ a altura máxima f atingida pelo projétil, acima do plano. O ponto de flecha é o
equações acima. A equação (31 ) conserva-se invariante: o valor· da aceleração da gravidade não
vértice da trajet6ria. depende evidentemente do sentido no qual anda o relõgio~
Pela simetria do triângulo das velocidades da fig. 40, o tempo que leva o projétil para A equação (33) conserva·se também invariante. O que significa que a trajetória do
v0 sena projdtil d a mesma Tentemos entender isto.
atingir o ponto de flecha é a metadl! do tempo de vôo, ou seja, g
Substituamos na expressão de y nas equações paramétricas (24):

y=vsena
v 0 sen a
---g
1 v! sen 2 a
o g 2 g•
Teremos:
v! sen• a
(30)
f=
2g

v.
14 GENERALIZAÇÃO DO PROBLEMA DO PROJÉTIL, POR CONSIDERAÇÕES DE
SIMETRIA
As razões de simetria são sempre fundamentais em Física. Elas vão nos permitir gene-
ralizar os resultados obtidos na seção anterior.

14.1 EQUAÇÕES GERAIS DO MOVIMENTO


A aceleração é constante.

g=cte (31)
A velocidade, obtida por integração de (31) e com a condição que v = v0 em t =O, é:
Fig. 42 Tempo "normal" é inversfo do tempo.
v=v0 + tg (32)
Uma nova integração, com r 0 =O, fornece:
1
r=tv0 + 2 t• g. • Uma aceleração ê o quociente de um comprimento pelo quadrado de um tempo.
(33)

650 651
Dado o movimento de um projétil, a origem dos tempos pode ser escolhida arbitraria- t segundos depois o projétil encontra em P a reta 00, com velocidade vp.
mente. Na fig. 42, a origem dos tempos foi tomada no instante em que o projétil passava por Temos:
O. Nesse instante, a velocidade era v 0 • Era a velocidade inicial. · OM = t v 0
Em t = - 2, p projéti 1 estava em A, com velocidade v A.
Invertamos ao mesmo tempo t e v 0 • Na prática, isso poderia simular-se da maneira
MP= - 1- t • 11 ·
seguinte: filmou-se a experiência real, a da fig. 42, e agora passa-se o filme ao contrário. 2
O que é que estamos vendo?
Passemos o filme ao contrário:
Estamos vendo um projétil percorrer a mesma trajetória, mas em sentido contrário.
O projétil sai de P com velocidade - Vp e t segundos depois passa por O com veloci·
Em t =O, passa pela posição O com uma velocidade v 0 oposta à da experiência real. Em dade -v 0 •
t = + 2 passa por A com uma velocidade também oposta à da experiência real.•
Temos:
A inversão- do movimento sobre a mesma trajetória é traduzida formalmente pela mu-
dança de sinal no segundo membro da equação {321, ao substituirmos t por {-ti e v 0 por PN = -tvp
{-v 0 ). Assim v transforma-se em -v-
Essa inversão do movimento sobre a mesma trajetória tem como conseqüência que, ao NO= - 1- t 2 11·
se assistir ao filme da experiência do projétil, não há nenhum meio de provarmos se o filme 2
está sendo passado no sentido real ou em sentido contrário_ De modo que MP e NO são dois segmentos verticais iguais e o quadri"tero OPMN. li
Estamos encontrando pela primeira vez um aspecto de umas dás simetrias mais fun- um paralelogramo
damentais da Física: a simetria das interações em relação a urna inversão do tempo_ Como primeira conseqüên~ia, lembrando que as diagonais de um paralelogramo se
As interações elásticas são simétricas em relação a uma inversão do tempo. encontram no meio:
O movimento do projétil é regido pela interação Terra-projétil. Essa interação é elás- O suporte da velocidade em P é a reta que une P ao meio de OM.
tica {Recordemos que os atritos foram desprezados. I Consideremos agora o triângulo OMP. Sendo os lados proporcionais aos senos dos ân-
A simetria a que se refere o destaque acima deve ser entendida, por enquanto, pela gulos opostos:
impossibilidade de se provar se "o filme está sendo passado ao contrário".
Essa simetria permite generalizar facilmente os resultados da seção 13, para o pro- OP MP OM
blema do projétil. sen fl sena sen (e.+ 13)
14.3 TEMPO DE VÔO, ALCANCE E FLECHA EM RELAÇÃO A QUALQUER PLANO
QUE PASSA PELA ORIGEM
Atiremos um projétil com velocidade v 0 fazendo o ângulo e. acima de uma direção
OP é o alcance d na direção 00; MP =
De modo que:
+ gt 2 ; OM = v0 t.

qualquer OD (não necessariamente horizontal)_ /l é ci ângulo de v0 com a vertical {fig. 43). _Lgt•
d 2 V0 t
-sen
-13- = -sen
-e.- = sen (e.+ fl)
A segunda equação fornece o tempo de vôo:
N
v0 sen e.
t=------ (34)
g sen la+ fl)

Atirando-se sobre um plano horizontal, a + /l =


centrado na seção anterior em (28)_
+ e t = 2 v0 sen ª resultado en-

Substituindo-se t pelo valor acima na primeira equação, obtém-se o alcance d na dire-


ção OD:
2v~senc.senfl
d (35)
g sen 2 (e.+ fl)
Vp
Verifica-se também que, fazendo-se a + /l = __!__ , obtém-se o resultado (29).
2
Sendo a expressão (35) si~trica em e. e {3, o valor máximo de d, ou seja, o alcance
máximo na direção 00 será obtido para e.= 13, isto é, quando se atira na direção da bissetriz
o do lngulo formado por OD com a venical. Percebe-se agora que os 450 da seção 13.5 eram
Fig. 43 Projétil atirado com velocidade v0 acima de um plano qualquer OD (não necessaria- um caso particular de um resultado mais geral.
Câlculos imediatos fornecem:
mente horizontal).
v•
d - o (36)
• Sabemos que o tempo é irrevers(vel. Durante um certo intervalo de tempo, o projétil pode máx - 2g cos2 a 0
andar como na fig. 42 ou como na fig. 43. Da{ a necessidade da simulação (filme passado ao
contrário) ou da exparilJncia pensada. em que a.0 representa a metade do ângulo da direção 00 com a vertical.

653
652
Voltemos mais uma vez à fig. 43. Sejam S e T os pontos em que a vertical de 1
en~ntra respectivamente a trajetória e a reta 00.
PROBLEMAS RESOLVI DOS
Sendo 1, meio de OM, T é meio de OP, e IT = - 1-gr'.

O projétil passa por S no instante -+·· "


Conseqüen.temente, IS +
= g (-t-)
2
1.R As coordenadas de uma partícula em movimento plano são:
x = 3,0 t + 6,0 t + 4,0 (m, si

+
2

= + +
gt• (= IT). De modo que s. é o meio de IT,' ou ainda, TS = IS = gt 2 •
2
y = 4,0 t 2 + 8,0 t + 2,0 (m, si·
a. qual é a trajetória da partícula?
Mostremos que S é o ponto mais alto da trajetória acima da reta 00. Assim TS será a b. qual é a expressão da velocidade?
flecha acima dessa reta. c. qual é a expressão da aceleração?
·. O suporte da velocidade em S é a reta que une S ao meio de OI. Sendo S o meio de
IT, a velocidade em Sé paralela a OD. · SOLUÇÃO:
S é pois o ponto em que o projétil pára de subir acima de 00, pera começar a descer. a. O enunciado fornece as equações paramétricas da trajetória. Obteremos a equação
Concluímos que, efetivamente, S é o ponto de flecha da trajetória, em relação à reta cartesiana por eliminação de t entre x e y. Multipliquemos a primeira equação por 4, a se-
00. gunda por 3, e subtraiamos uma equação da outra. Acha-se:

vem:
A flecha fé TS =+gt• (ou ainda +.MPJ. Substituindo-se t pelo seu valor (34). 4x- 3y -10= O
A trajetória é uma reta.
v 2 sen 2 a
f = o
(37)
b. ic =6,0 t + 6,0 m/s
2g sen 2 (a+ p) y = 8,0 t + 8,0 m/s
A velocidade é:
v = (6,D t + 6,01 x+ 18,o t + 8,01 v
e. x = 6,0 m/s 2

y = 8,0 m/s 2
A aceleração é:
a= 6,0 x+ 8,0 y (= ctel.
O movimento é retilíneo uniformemente variado, com vel(Jcidade inicial igual a
~ = 1Om/s e com aceleração igual a V 6 2 + 8 2 = 10 mts•.

2. R Urna partícula descreve uma trajetória plana com a aceleração constante cujas com-
ponentes são a}( = 0,50 m/s 2 e ay =O. No instante t =O, a Í>artícula está na origem do sistema
de eixos-coordenadas com uma velocidade cujas componentes são (lfxlo =O e
(vylo = 0,80 mls.
a. ache a trajetória da partícula;
b. determine as coordenadas do ponto onde se encontra a partícula no instante t = 1,01;
c. determine, naquele ponto, a componente normal da aceleração e o raio de curvatura
da trajetória.

SOLUÇÃO:
a. Partindo-se de ªx e ay e com as condições iniciais impostas, uma primeira integração
fornece:

Vx = x= 0,80 t m/s Vy = Y = 0,80 mfs .


Urna segunda integração conduz às equações para!Tlétricas da trajetória:
x =0,40 t 2 (m, s) ; y =0,80 t (m, si.
A eliminação de t entre x e y fornece a equa~ão da trajetória:
y 2 =1,6x.

654
655
É uma parábola cujo eixo é paralelo a x e cuja concavidade é dirigida no sentido desse
unitário. SOLUÇÃO:
b. Em t = 1 ,O s • x = 0.40 rn • y =0,80 m Sendo 1 a 1 o módulo do vetor aceleração, temos:
c. As componentes da velocidade são ic = 0,80 t m/s e y = 0,80 m/s
1 a 1 cos °'=_Ex_ (= arl. por projeção sobre a tangente;
Temos então: dt
2
v' = (0,80 t)' + (0,80) 2 = 0,64(t 2 + 1) (m/s) 2 • 1a 1 sen °' = _v_ (= ªN), por projeção sobre a normal.
p
A velocidade escalar é pois:
v =_ 0,80 ~ m/s Eliminemos 1 a 1:

A componente tangencial da aceleração tem módulo igual a: dv _ ~ cotg °'·


1 v1 = o.ao t ( t' + 1) -Y. mls'. dt - p
No instante t = 1,0 s, esse módulo vale 0.40 ..J2 m/s 2•
Mas, pelo enunciado, p e a são funções conhecidas de s. A equação precedente escre-
ve-se então:
Conhecemos agora o módulo da aceleração vetorial: 0,80 m/s' e o módulo da sua
compone.nte tangencial: 0.40 ...j'2m/s 2 • Obteremos sem dificuldade o módulo dá compo- _!!!.._
dt
=v' f(s). ( 1)
nente normal. igual a:
..;·-(o-.-80_)_'---(o-.-40_../2_2-l' = v'Q.32 = 0,56 m/s'. Essa eq~ação se escreve ainda:

Sabemos por outro lado que o módulo da componente normal da ace1.iração é igual a ..!!!.... .!!!.___ = v' f(s)
=
v' /p. No instante t 1,0 s, v' = 0,64 x 2 = 1,28 (m/s) 2 • Teremos assim: ds dt

1,28 1,28 v _!!:!._ = v' f(s)


0,56 = -P--> p = 0, 56 = 2,3 m. ds
e, final mente
dv
-v- =f(s) ds. (2)
3.R COMPONENTES RADIAL E TRANSVERSA DA ACELERAÇÃO
A relação (18) da seção 7.2 é a expressão da velocidade de uma partícula em função A integração da equação (2) fornece v em função de s:
da componente radial e da componente transversa:
V =r Ü + f 0 W. v =g(s) -> .!!.!__
dt
=g(s).
Derivemos de no.vo em relação ao tem~o: A lei s =s(t) será obtida por integração da equação:
v=a=iü+rü+rew+row+rew
Já sabemos que ü = e w
dt = ....!!!..___.
g(s)
(3)
Por sua vez, o cálculo de ~ é análogo ao de li: wé um vetor de módulo constante.
Para derivá-lo:
5. R Um avião A voa em linha reta, em direção oeste, com velocidade de 300 km/h: Outro
a. giremos de + ; , o que forn.ece o vetor - G (ver a figura 23). avião B' voa também em linha reta, no mesmo plano horizontal que A e com velocidade de
b. multipliquemos a seguir por O. 500 km/h. A distância entre os dois aviões é mínima no instante em que B cruza a trajetória
Temos assim: de A, na sua frente. Qual é o rumo de B?
oh=-8 ü
De modo que: SOLUÇÃO:
A figura 1 representa as velocidades dos dois aviões no referencial terrestre.
a= i ü+; e w+ ; e w+ r {j w - r e' ü Seja (S) o referencial do avião A.
Ou seja: (S') é o referencial terrestre, cuja velocidade de translação em (S) é V = -v A" A figura
2 mostra a construção da velocidade v do avião B no referencial (S), isto é, em relação ao
a= (i - r 02 ) Ü + (2 ró+ r Ô) w avião A. Para A, a trajetória de B é uma reta cuja direção é a de v.
A primeira componente é a componente radial da aceleração. A segunda é a compo· A distância entre os dois aviões será mínima quando B passar pelo pé da perpendicular
nente transversa. baixada de A sobre essa trajetória relativa, isto é, sobre o s1,1porte de v. Ora, o enunciado diz
que esse ponto se encontra sobre o suporte de vA• ou sejá._ de V. Em conseqüência, v deve ser
perpendicular a V, e temos então dois casos possíveis: os das figuras 2 e 3.
4.R Determinar a leis= s(t) do movimento de uma partícula sobre uma trajetória plana Em ambos os casos, o ângulo 8 é tal que cos O = ~ ->o = 53°.
dada, conhecendo-se, para cada valor da posição escalars o ângulo °' do vetor velocidade e do
vetor aceleração. No caso da figura 2, o avião B faz rota a 370 a oeste do norte.
No caso da figura 3, o avião B faz rota a 370 a oeste dó sul.

656
657
VA Temos então:
v 2 = 2g (h - y). (2)
É o quadrado da velocidade de um objeto que cai, com velocidade inicial nula, de
urna altura (h - y).
V
NOTA:
Chega-se diretamente à equação (1) ·pela conservação da energia mecânica, Escreve-se
que a variação da energia cinética entre as cotas O e y é oposta à variação da energia potencial
de interação gravitacional. ·

vA=-V

Fig. 1 Fig. 2

v_A=-V

Fig. 3

6. R PROBLEMA DO PROJ~TI L: Mostrar que a velocidade do projétil, ao passar pela posição


de cota y (em relação ao plano horizontal que pa5Sa pelo ponto de lançamento), é igual em mb-
. ~
.

dulo à que ele teria ao cair livremente, com velocidade inicial nula, do n·ível de cota y até
a posição atual de cota y; g

SOLUÇÃO:
Voltemos à figura 39, que mostra a construção da velocidade no instante t.
· O triângulo das velocicjades permite calcular 1v 1.
Com efeito:
v• = v~ + g2 t 2 - 2 v 0 g t sen a
v• = v~- - ·.'Jg {(v 0 sena) t- ~ gt•}

1
A expressão (v 0 sena) t - - gt 2 é a coordenada y do projétil no instante t (Ver as
2 .
equações paramétricas da trajetória). De modo que:
v• = Vã - 'Jg y. ( 1)
Ponhamos·· v~ = 2g h. Fisicamente, h é a altura máxima que atingiria o projétil, se
fosse lançado verticalmente com velocidade v0 ,

658 659
9 As eq11ações paramétricas do movimento de uma partícula são:
EXERCÍCIOS
x = 2,0 t 1 + 6,0 t (m,s)
Uma partícula se desloca da origem até o ponto M (2,0; 4,0)m em 2,0s. y = 1,0 t + 3,0 (m,s)
a. Quais são as componentes do vetor deslocamento?
b. Quais são as componentes do vetor velocidade média, no intervalo considerado? Estude o movimento da partícula (trajetória, velocidade, aceleração).

2 No instante t - O, a posição vetorial de uma partícula em movimento plano é medida 10 As equações paramétricas do movimento de uma partícula são:
pelo vetor r0 = 3,0 i + 4,0 y (m). A velocidade da partícula é constante, sendo igual a x = 2,0 t (m,s)
v = 5,0 9 (m/s). Qual é o vetor que mede a posição da partícula no· instante t = 2,0 s?
y = 1,0 t 1 - 4,0 t + 3,0 (m,s)
3 Uma parti cuia cuja velocidade no instante r =O é v0 = ,4,0 íi + 3,0 y (m/s) se movimen- a. Qual é a trajetória da partícula?
ta com aceleração uniforme a= -10 y (m/s 1 ). b. Quais são as componentes da velocidade e da aceleração em t = 1,0 s?
Qual é a velocidade da partícula em t "'" 3,0 s?

11 As equações paramétricas do movimento de uma partícula são:


4 Num determinado instante, um automóvel anda na direção norte com velocidade de
60 km/h. Dez segundos depois ele anda na direção nordeste com velocidade de 85 km/h. x = 2,0 t + 1,0 (m,s)
Represente o vetor aceleração média do automóvel durante esse intervalo de 1O se- y = 1,0 t' - 4,0 t - 3,0 (m,sl
gundos.
a. Qual é a trajetória da partícula?
b. Estude como varia a velocidade escalar, em função do tempo.
5 Em determinado instante um automóvel anda na direção norte com velocidade de
e. Quais sio .is coordenadas da part fcula no instante em que essa velocidade é mfnima7
1 O m/s. A aceleração do carro é constante, tem direção leste e módulo de 1,0 m/s 2 • Quanto
tempo demorará até o automóvel andar na direção nordeste? Qual será então o módulo da sua
velocidade? 12 Em um referencial ligado a um plano, as coordenadas de uma partícula em movimento
são:
6 Uma partícula descreve determinada trajetória. Medidas experimentais fornecem os X = 1,0 t 2 (m,sl
valores seguintes da velocidade, em função da posição (escalar): y = 1,0 t + 1,0 t• (m,s)
v (m/s) s (m) a. Ache a trajetória.
b. Calcule as componentes da velocidade e da aceleração, em função do tempo.
.O o
5,0 1,0 c. Determine o ponto da trajetória em que a velocidade escalar é mínima.
8,0 2,0
9,0 3,0 13 Um automóvel descreve uma trajetória plana e suas coordenadas, em função do
8,0 4,0 tempo, são:
5,0 5,0
o 6,0 x=2,0t3 -3,0t 2 (m,s)
y = 1.0 r• - 2,0 t + 1.0 (m,s)
. Determine as posições em que a componente ·tangencial da aceleração é nula.
Determine:
a. a posição do carro em t = 1,0 s;
7 Uma partícula tem sobre um plano um movimento retilíneo. Em um referencial ligado b. as componentes da velocidade em função do tempo;
ao plano as coordenadas da partícula são: c. as componentes da velocidade no instante. t = 1,0 s;
. x = At' + Bt + e d. a velocidade escalar eni t = 1,0 s;
y = A't2 + 8't + C' e. o(s) instante(s) em que a velocidade é nula;
f. ois! instante(sl em que a aceleração é paralela ao eixo y.
Achar a relação que deve necessariamente existir entre os coeficientes A, 8, C, por um
lado, A', 8', C' por outro lado.
14 A posição de uma part fcula, no instante t, é? :
8 As equações paramétricas do movimento de uma partlcula são: r;. 1,or i+ 11.or-2,o r'I y (m,sl.
Qual é a velocidade vetorial média no intervalo Ir, t + llt)?
X= 24 t+ 38 (m,s~
y = - 18 t + 4E (m,sl 15 A posição de uma partícula, no instante t, é:
r = 1,0 (cos wtl x+ 1,0 (sen wtl y + 1,0 ti (m, s).
Estude o movimento da partícula (trajetória, velocidade, aceleração). Qual é o módulo da velocidade?

660 661
16 Uma particula percorre uma circunferência de 2,0 m de raio. A posição escalar varia em a. a velocidade inicial;
função do tempo segundo a relação: b. o tempo de vôo;
s = 0,50 t' + 1,0 t 2 (m,s). Ache, para t = 2,0 s, as componentes tangencial e normal c. a altura máxima atingida;
da aceleração. d. a velocidade no ponto de altitude mãxima.
(g -"' 10m/s2 1
17 Em um movimento plano as coordenadas de uma partícula são:
x = 3,0 cos wt (m,s) 23 O alcance máximo de um morteiro é 4,0 • 10 3 m. Qual deve ser o ângulo de tiro para
y = 3,0 sen wt (m,s) um alvo distante 2,0 • 103 m? (g "'- 10 m/s2 )
a. Qual é a trajetbria da partícula?
b. Ache a velocidade escalar. 24 Em relação aos eixos da figura, um projétil tem movimento caracterizado por:
c. Ache as componentes tangencial e normal da aceleração.
ªx= O
ay = 9,8 m/s 2
18 Uma partícula tem movimento circular uniforme: a velocidade angular é w e o raio
da trajetbria, R.
Define-se o vetor rotação w
pelas regras seguintes:
x
a o vetor w
é perpendicular ao plano da trajetbria;
b. seu mbdulo é igual a w ;
c. seu sentido é definido pela "regra da mão direita'".

v= w x r -
Mostre que sendo v o vetor velocidade:

em que r é o vetor de posição da partícula (origem no centro ou em um ponto qualquer do


~

eixo).

19 Uma partícula descreve uma espiral de Arquimedes cuja equação em coordenadas po-
lares é r = p li. Expresse a velocidade da partícula em função de p, li e {J.

20 Dois autombveis têm velocidades representadas pelos vetores da figura (em relação à
Terra), com
No instante t =O o projéti 1 está na origem com velocidade
1
v, v, = 40 km/h lvxlo = 2,0 m/s
2
Qual é a velocidade (direção e módulo) do automóvel (2) em relação ao automóvel (vyl 0 =O
(1 )?
a qual é a equação da trajetbria?
b. quais são as coordenadas do projétil em t = 1,0 s?
v, c. qual é, nessa posição, a componente normal da aceleração?
d. qual d o raio de curvatura da trajetória?

1
11 v,

2~---
21 Se você anda em linha reta a 2,0 m/s e se um colega cruza o seu caminho perpen·
dicularmente, na sua frente, andando também a 2,0 ~/s, qual é .a velocidade aparente desse
colega (velocidade em relação a você)? ·

22 Um projétil é atirado com um ângulo de tiro de 40º. O terreno é horizontal e o


alcance é 5,0 • 103 m. .
Determine:

662 663
QUESTÕES CONCEITUAIS 7 Um automóvel descreve a trajetória representada na fig. 1 partindo de O e chegandô
em P.
O gn\fico K vs t do movimento está representado na fig. 2.
Pede-se construir um gráfico y vs t consistente com os dados.
1 Um movimento com aceleração (vetorial) constante é necessáriamente uniformemente
variado?
y(m) x(m)
2 No intervalo de tempo l>t, n velocidade escalar média de uma partícula é <v > e sua 40
velocidade vetorial média é < v >. Como se comparam 1< v > 1 e 1< v > 17
20
3 Comente criticamente as afirmações seguintes, referentes ao movimento plano de uma
partícula:
a. a velocidade vetorial de uma partícula pode ser constante, embora sua velocidade es· x(m)
calar varie;
b. a velocidade da partlcula pode ser nula, embora sua aceleração não o seja;
c. a velocidade escalar de uma partícula pode ser constante, embora sua velocidade ve· -40
torial varie;
d. a partícula pode ter aceleração constante e no entanto mudar a direção do seu mo· -00
vimento. -60

4 Comente criticamente as afirmações seguintes referentes ao. movimento plano de uma


partícula:
a. se a variação da posição vetorial (tir) tiver sempre a mesma direção o movimento é 8 O movimento de uma partlcula é circular uniforme. No Instante ta partícula está em
necessariamente retilíneo; . 1 ti 1 P e sua velocidade é v. No intenialo de tempo At que se inicia em t, a aceleração vetorial
b. se, qualquer que seja o intervalo de" tempo considerado, a razão - - ' - for constante o média da partlcula é representada pelo vetor <a> da figura.
l>t
Represente o vetor velocidade em r + tit.
movimento é necessariamente uniforme.

~
V
c. se, qualquer que seja o intervalo de tempo considerado, a razão for constante, o
l>t
movimento é necessariamente retilíneo un!farme;
d. se o ve.tor velocidade tiver môdulo constante, o movimento é necet1sariamente retilíneo
uniforme.
p
5 Comente criticamente as afirmações seguintes, referentes ao movimento plano de uma
partícula:
a, se um movimento for retilíneo, o vetor aceleração e o vetor velocidade têm sempre a <a>
mesma direção;
b. se em determinado instante, a velocidade e a aceleração vetoriais forem nulas, a par·
tícula está e permanecerá em repouso;
c. se o vetor aceleração for constante, o movimento é necessariamente uniformemente 9 Uma partlcula tem movimento circular uniforme, np sentido trigonométrico positivo.
variado;
Os segmentos orientados da figura represbntam a posição vetorial (oriQl!lll no centro da
d. se, em um movimento circular, .a componente normal da aceleração tiver mõdulo
constante o movimento é necessáriamente uniforme. circunferência), a velocidade e a aceleração.
Identifique os três vetores.

6 Comente criticamente as afirmações seguintes, referentes aos gráficas (x,t) e (y,t) do


movimento plano de uma partícula:
s. se os gráficos (x,t) e (y,t) forem formados cada um por um só segmento de reta o
movimento é necessariamente retil fneo uniforme (exclui-se o caso em que ambos os segmentos
são paralelos ao eixo dos tempos);
b. se o grÍífico (x,t) for linear e o gráfico (y,t) um arco de parábola com eixo paralelo ao
eixo dos y, o movimento é necessariamente uniformemente variado. li
c. se os gráficos (x,t) e (y,t) forem dois arcos de parábola idênticos (com os eixos paralelos
a Ox e Oy respectivamente), o movimento é necessariamente retilíneo e uniformemente va-
ri ado. Ili

665
664
1O A partícula P tem movimento circular uniforme, com velocidade angular w (origem no
14 Em determinado momento, dois navios A e B estão como mostra a figura, com A ao
centro da trajetória).
Se a origem das posições vetoriais fosse 1, em vez de O, qual seria a velocidade angular norte de B. A faz rota para oeste. e B faz rota para norte. Represente a trajetória de A em
da partícula? relação a B nos três casos seguintes:

O+L
N

ô s

11 ºDiga se há ou não algo errado no trecho que se segue: a. A e B têm velocidades iguais e constantes;
"No movimento circular uniforme, com velocidade angular w, as componentes do b. no instante representado na figura, A e B têm mesma velocidade. A partir desse ins·
vetor de posição no instante t são: tante, A continua com a mesma velocidade mas B tem movimento uniformemente acelerado;
c. no instante representado na figura, A e B têm mesma velocidade. A partir deste ins-
x = R cos wt tante ambos aceleram uniformemente com a mesma aceleração.
y = R sen wt (R =raio da trajetória) Ao desenhar as trajetórias, caracterize-as por seus elementos relevantes: tangente na
origem, sentido da concavidade por exemplo.
Para achar as componentes do vetor velocidade, derivamos em relação ao tempo:
x= - wR sen wt 15 Pede-se construir o gráfico (s,t) do movimento de um projétil atirado sobre um plano
y= wRcos wt horizontal com resistência do ar desprezível.
(Apenas considerações qualitativas.)
Suponhamos agora que o movimento não seja uniforme; isto é, w = w(t). Nesse caso,
as componentes do vetor velocidade no instante t (que se obtêm em qualquer caso derivando x
e y em relação ao tempo), passam a ser: 16 O passageiro de um trem lança uma bola verticalmente para cima. Descreva qualitati·
x= - [R sen wt] (w + t dw )
dt
vamente o movimento da bola como será visto pelo passageiro, nos casos seguintes:
I\· o trem está parado numa estação;
b. o trem tem movimento retilíneo uniforme;
c. o trem tem movimento retilíneo uniformemente acelerado; retardado;
y= [Rcoswt] (w+tdw) d. o trem percorre uma cuNa com velocidade constante.
dt

12 Comente criticamente as afirmações seguintes, referentes ao movimento plano de uma


partícula:
a. se a posição e a velocidade vetoriais são sempre ortogonais, o movimento é circular;
b. se a velocidade e a aceleração vetoriais são sempre paralelas, o movimento é retil lneo;
c. se a velocidade e a aceleração vetoriais são sempre ortogonais, o movimento é circular
uniforme;
d. se a posição e a aceleração vetoriais são sempre paralelas e de -sentidos opostos o mo-
vimento ê circular.

13 Construir um gráfico qualitativamente correto da velocidade escalar em função do


tempo para a bola de um pêndulo que oscila; o gráfico deve abranger uma oscilação completa.
A partir do gráfico precedente, descreva qualitativamente o comportamento do vetor
aceleração, no decorrer de uma oscilação.

666
667
,..
1

PROBLEMAS
Em um movimento plano, as coordenadas de uma partícula são:
a•
t
x=--t•2p
V at =
(a, p ctel = 1
1
a. Quais são as dimensões das constantes a e p7 1
b. Qual é a trajetbria da part ícula7 1
c.
d.
Quais são, em função do tempo, as componentes da velocidade e da aceleração?
Determine o odógrafo do movimento.
!
o
2 As equações paramétricas do movimento de uma partícula são:
" = 30,0 t (m, si 8 Uma vara AB apoiada contra uma parede, escorrega e cai.
a. Qual é a razão entre as velocidades escalares das extremidades A e B?
V= -10,0t 2 (m,sl b. Mostre que, em qualquer instante, as projeções sobre AB das velocidades vetoriais de
=
Ache, para t 2,0 s, a velocidade escalar, as componentes tangencial e normal da A e B são iguais.
aceleração e o raio de curvatura da trajetbria.
Respostas: 50 m/s; 16 m/s 2 ; 12 rn/s 2 ; 2, 1 • 10 2 m

3 A posição de uma partícula em movimento cicloidal é:


r = 5(3t - sen 3t) i + 5(1 - cos 3t~ y (rrr, si.
Em que instantes a velocidade será paralela ao eixo Ox7 ..
I'

1
1
Resposta: t =- 31- lk11'; ( k Impari 1

4 A posição de uma partícula, no instante t, é: 1


y.
r = 1,0 sen t i + 1,O t
Ache, para t = 1,57 s, as componentes tangencial e normal da aceleração. (Observe que
1 9 Um cavalo andando com velocidade constante v = 2,0 m/s suspende um fardo por
meio de um sistema corda-palia fixa.
Qual é a velocidade com que o fardo esté subindo quando a corda amarrada ao cavalo
1,57=+1 faz 450 com a vertical?

· Resposta: O ; 1,0 m/s 2 Resposta:2.S m/s

5 A velocidade de uma partícula varia em função da posição escalar segundo a relação:


v = 3,0 s• - 12 s lm/s, m).
Para que valor de sé nula a componente tangencial da aceleração?
Resposta: s =O; s = 2,0 m; s 4,0 m =

6 A posição de uma partícula, no instante t, é:


r = r 0 +s(t) Ü
ém que u é um unitãrio constante.
Sabendo-se que a velocidade vetorial média é constante, o que se pode dizer da função
s(t)7
i

7 Um radar em O segue um avião que voa horizontalmente a uma altitude h. Calcule a 1


velocidade e a aceleração do avião em função de h, 9, 9 e 8. ~

669
668
1
1

15 Estudar o movimento da extremidade A da biela AB, ao longo do eixo Ox, sabendo-se


1

que a manivela OB gira uniformemente com velocidade angular w. Os comprimentos respec-


10 No dispositivo representado na figura, puxando-se a extremidade da corda, o anel des-
liza ao longo da haste fixa. 1 tivos são 2 (biela) e r (manivela). ·

No instante em que o ângulo 6 vale 60°, a velocidade v da extremidade da corda é


1,0 m/s. Qual é a velocidade do anel? . 1
2
A
X

,. y,
RespoS1il: x = r cos w t + Q (1 - - 2- sen' wt)
2

t 16 As coordenadas cartesianas de uma partlcula em movimento plano se expressam por:


x =a cos wt
y =b san wt
a. Qual é a trajetória 7
b. Determinar o raio de curvatura da trajetória nas posições ocupadas pela partícula em
t =O e em t =.~......!!..._respectivamente.
Resposta: 2,0 m/s 2w .
. x• y• b' a•
Respostas: a.el1pse--+--=1: b.~
y• b. a b
11 Duas barras OA e AB de mesmo comprimento li! são articuladas em A. A barra OA
gira em torno de sua extremidade O com velocidade angular constante w. A extremidiide B da
barra AB desliza sobre um eixo fixo que passa por O. 17 A posição de uma partícula, no instante t, é:
1:1. Estude o movimento do ponto B.
b. Estude o movimento do ponto M, meio da barra AB: trajetória, velocidade, aceleração,
r = (a cos wt) iê + (b-sen wt) y
odógrafo. Indique uma construção geométrica simples que determine a direção da velocidade a. Ache a 11quação da trajetória.
vetorial de M em qualquer instante. b. Mostre que a aceleração da partícula 1>assa por um ponto fixo e que seu módulo é
c. Mostre que a acpleração vetorial do ponto M passa por um ponto fixo. proporcional à distância da partícula àquele ponto.
. . x' y•
Resposta. a. elipse - - + - - = 1
a' b2
12 Uma partícula percorre uma circunferência de 12 cm de raio.
A posição escalar varia em função do tempo segundo a relação: s = 3,0 t + 0,75 t• (cm, 18 Duas partículas P e a descrevem em .um plano uma circunferência de raio R com
s). Determine o módulo da aceleração em t = 2,0 s. movimento uniforme de velocidade angular w. Os raios OP e· 00 permanecem perpendiculares
R!!sposta: 4,2 cm/s2 entre si. Sejam P, e Q1 as projeções respectivas de P e Q sobre o eixo Ox, Me Nos meios de
P1_Pe Q1 0.

13 Uma partícula descreve uma circunferência de raio R, de modo tal que a velocidade e
a aceleração fazem entre si um ângulo constante, igual a 45º. Estude o movimento. (Veja o
problema resolvido 4. R.)

14 Uma partícula P descreve uma semicircunferência de diâmetro AB = 10 cm, partindo


de B e de modo tal que a velocidade angular da reta AP seja constante e igual a 1,0 rad/s.
Uma outra partícula, a.
está sobre o prolongamento de AP, sendo a distância PQ
constante e igual a 5,0 cm. Qual é a velocidade da partícula Q, no instante em que AP já girou
11'
de-
2 -?
Respostas: 15 cm/s

670 671
r
a. Qual é a trajetória dos pontos M e N7
b. Quais são os vetores velocidade e aceleração desses pontos?
c. O que se pode dizer da ãiea do paralelogramo construido sobre OM e ON7

_1_ R'l.
·2
Resposta: a:elipsex 2 +4y 2 =R 2 ; b.aM·=-w•rM: ªN =-w• rN; c. igual a
~
'

1r,f
1
b. Qual é a trajetória da partícula?
c. Quais são os pontos da trajetória em que a velocidade vetorial e a aceleração vetorial
são perpendiculares entre si7
d. Qual é o odógrafo do movimento?

' 21 Um porta-aviões faz rota para norte com velocidade de 5,0 m/s; um cruzador faz rota a
19 Satélite de 24 horas em órbita polar 50° leste de norte com velocidade de 1O m/s. Construir graficamente a velocidade do porta-aviões
A esfera representada na figura tem raio R. Um satélite S descreve um merjdiano da em relação ao cruzador. Qual é o módulo dessa velocidade? Em determinado mpmento o porta-
aviões se encontra a 2,0 km ao norte, e a 6,0 km a leste, do cruzador. Supondo-se que os dois
navios mantêm a mesma rota e a mesma velocidade, qi.ial será a distância mínima entre eles?
c

22 No instante t 0 dois navios se encontram sobre o mesmo meridiano. O navio N' se encon·
tra à distância d ao norte de N.
a. N faz rota para norte com :velocidade v; N' faz rota para leste com velocidade v'. Qual se-
rá a distdncia m(nima entre os dois navios? ·
b. N' faz rota para leste com velocidade v'. Qual é o rumo que deve tomar N para encontrar
N'7 Quanto tempo levará?

v'
Respostas: a. dv' (v2 + v'2) ·Y.r; b. cos 8 = - ; t =d (v 2 - v••i-~.
V

,
23 Um navio N1 faz rota para o norte com velocidade de 15 km/h.
Outro navio N2 faz rota para Ieste com velocidade de 20 km/h. Em determinado ins·
tante as posições dos dois navios são as mostradas na figura. Qual é o movimento do navio N2
em relação ao navio N1 7

i)'
esfera com velocidade angular constante w no sentido da seta, enquanto esse meridiano gira
em torno do eixo Oz no sentido trigonométrico e com a mesma velocidade angular w. O eixo
Oz é o eixo dos pólos da Terra, cujo centro estã em O. A velocidade w é igual à velocidade
,, N, 20 km/h
angular do movimento diurno da Terra (211'/24 rad/h).
O satélite é pois um satélite de 24 horas em órbita polar. A rotação do plano da 'j t1 r
órbita do satélite é a rotação aparente para um observador terrestre, que vê esse plano girar, 1
I· N
em 24 horas, em sentido contrário ao movimento diurno. 1

º+'
Ó problema propõe-se a estudar a trajetória aparente do satélite, para o observador 1
terrestre.
Condição inicial: em t =O o satélite passa por A, atravessando o equador da esfera;
11, 1
1
Me N são as projeções de S respectivamente sobre o plano xOy e sobre o eixo Oz. ~~ 10 km
a. Ache as coordenadas de S em função do tempo.
b. Estude o movimento de M no plano xOy.
1
1 s
c. Estude o movimento de N. 1
1
d. Construa a aceleração vetorial de S. 1
e. Caracterize a trajetória de S como sendo: 1
ou a interseção da esfera com um cilindro cujos parametros deverão ser determinados;
o~ a interseção da esfera com um co·ne de vértice A, cujos parâmetros deverão ser também
determinados.
\ 1
l ___
115 km/h
N,

20 Em um movimento plano, as coordenadas de uma partícula são:


x =a (1 + cos t) y = b sen t
24 Um submarino S avista um navio A a 3,0 km do norte dele.
a e b são duas constantes positivas, com a > b. O navio faz rota para oeste e sua velocidade é o dobro da velocidade do submarino.
a. Quais são as dimensões de a e b7
_,.
\

!
672 673
a. Qual deve ser a rota do submarino para se aproximar o mais passivei do navio?
b. Qual será a distância mínima entre o navio e o submarino? 31 Dois automóveis percorrem duas estradas retilíneas perpendiculares entre si. O carro
-Respostas: a. 30º oeste de norte; b. 2,6 km l 1 l tem velocidade uniforme de 72 km/h. O carro (2) sai do repouso no instante t = o, com
Jceleração constante a 2 = 2,0 m/s 2 •
Ache a, trajetória do carro (2) ém relação ao carro (1),,
25 Você anda no seu automóvel a 15 km/h. Está chovendo e você observa que, nas
janelas laterais do carro, a chuva ao cair faz um ângulo de 300 com a vertical (e para trás). Se
você aumenta a velocidade para 40 km/h, aquele ângulo passa a valer 450, Parando o carro, 0,50 km
qual é o ângulo que você mediria? (
Respostas: - 27º 2

26 Um nadador nada a 50 m/minuto numa piscina. Esse nadador, em um rio cuja velo-
cidade é de 30 m/minuto, nada rio acima, e volta ao ponto de partida, em 5,0 minutos. Qual
foi a distância total que ele nadou 7
1,0 km

27 Um avião voa do Rio a São Paulo em 1,00 hora e volta de São Paulo para o Rio em 1
1
1, 15 hora. Sabendo-se que a distância Ria-São Paulo é de 400 km, qual é a velocidade do 1
avião em relação ao ar? Qual é a velocidade do vento, que sopra no sentido Rio-São Paulo? 1
Respostas: 360 km/h; 40 km/h . 1
72 km/h 1
1
___ .!_
28 Um navio está numa posição a 15 km ao norte de um porto, dirigindo-se para leste em
linha reta com velocidade de 20 km/h, enquanto um outro navio sai do porto na direção NS
com velocidade de 30 km/h. Resposta: Y= 400
1 x' lml
a. A que distância mlnima os dois navios passarão um pelo outro?
b. Quais serão as posjções dos navios quando a distância entre eles for mlnima7
32 Um avião voa para o nordeste a 200 km/h. Um motociclista anda para o sul a
29 Dois autombveis percorrem com a mesma velocidade (80 km/h) duas -estradás reti- 100 km/h. Qual é a trajetória do avião, para o motociclista? Com que rapidez aumenta adis-
llneas perpendiculares entre si. No instante zero as posições relativas dos dois carros são mos-
tradas na figura. Determine a trajetória do carro (2) em relação ao carro (1), bem como a.do
ti tância entre o avião e q motociclista? (Despreze a diferença de altitude.)

carro (1) em relação ao carro (2). ·


33 Um barco anda rio acima. Em dado momento, um dos passageiros deixa cair uma bola
fi de futebol na água. O barco continua rio acima por mais quinze minutos, dá meia volta e
0,50km alcança a bola em um pónto distando 1,5 km do ponto em que caiu. A velocidade do barco
em relação à água sendo sempre a mesma, qual é a velocidade do rio?
Resposta: 3,0 km/h
2 80 km/h
!

'~·
34 Um barco cuja velocidade é de 5,0 km/h em águas paiadas, qu~r atravessar um rio de
150 m de largura.
A. Supõe-se que a velocidade da água seja de 4,0 km/h.
1,0 km a. Qual o rumo que deve tomar o barco para atravessar seguindo a perpendicular AB às
margens do rio?
1 b. Qual o rumo que deve tomar o barco para acostar a 50 m rio acima de B?
1
1 c. oUal o rumo que deve tomar o barco para acostar a 50 m rio abaixo de 87.
1 d. Tomando o rumo AB, onde acostará o barco?
1 B. Supõe-se q.ie a velocidade da água seja de 6,0 km/h.
1
80 km/h
___ l e. A que distância mlnima de B o barco poderá acostar?
Respostas: a. 530 rio acima; b. 680 rio acima; c. 31º rio acima; d. 12C>m rio
abaixo; e. 1,9 • 10'm

35 Andando de bicicleta a 20 km/h, em direção ao norte, você sente um vento vindo do


30 Mesmo problema que o precedente, supondo-se que a velocidade do carro 121 seja de .,oroeste e avalia a velocidade deste vento em 20 km/h. Qual a direção e a velocidade do vento
, ..n relação à Terra?
60 km/h. A velocidade do outro carro e as posições no instante zero permanecem as mesmas. Resposta : 1 5 km/h

674

i'' 675
• r·- ~-~·""1':'.,,,..,.. _____.....

36 Para um barco que anda em direção do noroeste, o verito vem do oeste. O barco
muda o rumo para nordeste, conservando a mesma velocidade. O vento aparente vem agora do
leste e sua velocidade relativa dobrou. Qual é a direção do vento em relação à Terra'P a. Escrever a equação da trajetória, tomando-se como origem ·o ponto do solo (hori-
Resposta: Sopra para o ponto a 9,5° oeste do norte. zontall oa vertical do ponto de lançamento (g= 10 m/s' ).
b. Achar o instante t em que a pedra chega ao solo e a posição de impacto.
e. Construir o odógrafo do movimento. Representar os vetores velocidade no instante
37 Ou.ando um barco vai para o norte com velocidade de 20 km/h, o vento aparente inicial e no instante t; do impacto com o solo. Qual é a expressão, em função do tempo t
sopra de um ponto a 30º leste do norte. Se o barco vai para o oeste com a mesma velocidade, (O< t < t·I do módulo da velocidade da pedra? ·
o vento aparente sopra de um ponto 60° oeste do sul. Qual a velocidade do vento e sua d. D;,terminar as expressões, em função do tempo, dos módulos das componentes tan-
direção verdadeira7 1 gencial e normal da aceleração da pedra.
Resposta: Sopra para noroeste a 10 km/h 1 é. Determinar a expressão, em função do tempo, do raio de curvatura da trajetória. Cal·
~ cular o valor dl!$8 raio de curvatura no instante do lançamento e no instl!nte do impacto.
38 Quando um planeta retrogride (cf.A Glnese do Mtltodo Cient(fico, Editora Campus, 1.a Respostas: a. y = 50 · 1<T'x'+5,0;
__ b. 1,0s; 10t
ed., 1977, pág. 29), seu movimento anual aparente deixa de processar-se no sentido oeste-leste,
- 11 + t• . d. a T = - r:-:-7
c. v = 1O V

1
para seguir em sentido oposto, isto 6, leste-oeste. Depois de algum tempo (inter Jlo de retrogres- ' · V 1 +t•
sio), o movimento anõmalo cessa e o planeta volta a andar de oeste para leste. Hd portanto duas
dpocasemque,para o observador terrestre o planeta estll praticamente estacionllrio: sfo as épocas ªN = ~
__1_0.... e. Po =10m; P, =28m.
em que o movimento aparente muda de sentido. Nessas épocas a velocidade do planeta em relaçio
â Terra tem direção planeta-Terra. A figura exemplifica o caso de Marte.
- Sabe-se por outro lado que as velocidades e os raios das órbitas (supostamente cir-
culares) de dois planetas A e B são ligados pela relação: 40 Um pr()jétil, atirado soti um ângulo de 450, tem alcance de 2,0 • 103 m. Qual é a
altura máxima atingida pelo projétil?
rAvA =rs"s (Não faça cálculosll
em conseqüênciaera 3.ª lei de Kepler. Resposta: 5,0 • 10 2 m.

41 Um bombardeiro voa horizontalmente a uma altitude de 1,0 • 1O' m e com velocidade


VT de 7,2 • 102 km/h. o piloto quer bombardear um caminhão que segue uma estrada paralela à
rota do avião e no mesmo plano vertical; o caminhão anda no mesmo sentido que o aviãb,

' com velocidade de 72 km/h. Qual é a distância horizontal entre o avião e o caminhão no ins·
tante em que o piloto deve largar a bomba?
Resposta: 2,6 km
·


't'.
42 Este problema é conhecido como problema do macaco. Um caçador aponta o cano de
sua espingarda ~a direção de um macaco pendurado ao galho de uma árvore. Ao perceber o
clarão do disparo, o macaco assustado larga o galho, iniciando assim uma queda livre com
velocidade inicial nula. Mostre que, na queda, o macaco serâ necessariamente atingido pelo
projétil, qualquer que seja a velocidade inicial deste.

43 Um projétil é disparado de um ponto O sobre um terreno horizontal, com vt1locidade


de 2,0 • 102 m/s e sob um ângulo de 45°. O "inimigo" está a 3,0 • 10 3 m do ponto de lançamento,
no plano da trajet6ria e dispõe de uma arma que dispara um prQjétil verticalmente com a mesma
velocidade inicial de 2,0 • 10• m/s. Em que instante ele deve disparar sua arma para destruir o
rB
projétil lançado de 07 (Despreza-se a resistência dQarl (g= 10 m/s21
Detêrmine, em função da ·razão - - = k os valores do ângulo 8 com os quais o pia· Resposta: 17 s depois do disparo do primeiro projétil
'A 'M
neta B parece estacionário para o planeta A. Aplique ao caso de Marte, com - - = 1,5. Qual·
44 Voltemos ao problema do alcance máximo OP numa direção qualquer 00 (seção
'r 14.3). Faz-se variar a direção OD.. O m6dulo de v 0 é constante; no entanto, atira-se sempre ao
é o valor do intervalo de retrogressão para Marte, sabendo·se que o período sideral do planeta '
é de 687 dias? longo da bissetriz do ângulo de OD com a vertical, de modo a conseguir-se o alcance nillximo,
qualquer que seja a direção OD escolhida. Mostre que o ponto P descreve uma parábola ICI,
1+kY.. tangente em P à trajet6ria do projétil. Qua! é a equação de (C)7 Conclua que a parábola (C)
Respostas: cos 9 = k - - - - ; para Mar.te, 9 = ± 16º: 69 dias
1 + kºY..

39 No instante t =O e de um ponto de cota y 0 = 5,0 m, lança-se uma pedra, horizontal-


••t envolve todas as trajetórias obtidas fazendo-se variar a direção v0 , mas conservando-se o mó-
dulo cons~ante.
A parállola (CI é chamada parábola de segurança, correspondente ao valor escolhido
para 1 v0 1.
mente, com velocidade inicial v 0 de mbdulo v 0 = 10 m/s. · v• 9 2
Resposta: --º---,-x

,
Y- 2g 2v0
676
677
,,.;,-,""".;'.·~Affi#ffi'~-......,,-·-----

11
i
45 Um esguicho de bombeiro, na rua, dista 20 m de um edifício em chamas. A veloci-
dade da água ao sair do esguicho, é de 20 m/s. Qual é a altura máxima que a água pode atingir 1
no edifício? (g = 10 m/s 2 ) i
Resposta: 15 m
l fNDICE REMISSIVO

46 Um canhão antial!rao atira um projétil com velocidade de 8,0 • 102 m/s. Um avião
inimigo voa a uma altitude de 1,5 • 10"'m. Qual deve ser o ângulo de tiro inicial, supondo-se
que o canhão abre fogo assim que há uma possibilidade de alcançar o avião? (g = 10 m/$2 ;
despreza-se a resistência do ar).
Resposta: 540

47 Voltemos, com este problema, ao século XVII. Um navio corsário aproxima-se de um


porto, que é protegido por um forte situado a uma· altura h acima do mar. Os canhões do
forte e os do navio são idênticos. Se atirassem verticalmente, o projétil subiria até uma altura
k, com k >h.
O forte pode iniciar o combate assim que o navio se encontre a uma distância hori-
zontal d 1 • O navio pode iniciar o combate assim que o forte se encontre a uma distância
horizontal d 2 • Mostre que:

(!!.._)
d2
?= ~ +h
k-h

A
atrito: sólido: 194 e seg.; componente de:
197; força de atrito estático: 198; estático:
198; coeficiente de atrito estático: 199; coe-
ação: e reação: 148; transmissão à distância:
150.
ficiente· de atrito de deslizamento: 199;
viscoso: 200; força de atrito viscoso: 200;
trabalho das forças de atrito: 256 e seg.
aceleração: seu papel fundamental em Físi-
ca: 77; dos planetas no movimento orbital:
83; razão entre as acelerações numa inte· e
ração: 99; da gravidade: 176, 523; da Lua:
515.
campo: conceito: 175; gravitacional terres-
aceleraç5o: escalar média: 587; escalar ins- tre: 174, 517; terrestre restrito: 175, 518;
tantânea: 588; gráfico aceleraç5o·tempo: energia potencial de interação: 292; em 1fr 2
588; vetorial mtidia: 631; vetoriai instantâ- (energia potencial de interação): 293.
nea: 632; componentes da aceleração ins-
tantifnea; 635; componentes tangencial e centro de massa: definição: 118; posição e
normal:-638.
velocidade: 118; referencial (RCM): 119;
energia cinética associada ao movimento
amortecimento crítico: 455. do:308.

amplitude: 387, 41>3.


Cinemática escalar (Ap. 1): 575 e seg.
áreas (lei das): 471, 473.
Cinemática vetorial (Ap. 2) :_ 623 e seg.
Aristóteles (384-322 AC): e a queda dos
coeficiente de atrito: estático: 199; de des-
graves: 32.
lizamento: 199.

* As referências em itálicos correspondem aos Apêndice 1 (Cinemática escalar) e li (Cinemática


vetorial)
678
679
coeficiente de restituiçio: 365. F momento angular: .cap. ,11: 464; definição:
466; expressão: 467; conservaçã'o: 468; e
colisões: cap. 9: 337; forças de interação: interação central: 468; lei das llreas: 471;
338; elásticas: 345 e seg.; inelásticas: 364 fase:403. interaçio: entre duas partículas com variação: 474; e velocidade angular: 481; de
spin:496.
e seg. m 1 > m 2 : 171; com o campo terrestre: 177;
fator de qualidade: 453. elástica (conservativa): 289; entre duas par·
tículas de massas comparáveis: 307 e seg., momento de inércia: 482.
composição de forças: 153. fluidos: e atrito viscoso: 200; com alta vis- 332, 495 e seg., 570; central (e momento
cosidade: 200; com baixa viscosidade: angular): 4613; gravitacional (cap. 12): momento linear: cap. 4: 91 e seg.; definição:
c6nicas (equação): 567. 201; resistência dos: 201. 513eseg. 109; conservação: 109; no RCM: 120; e
contacto (força dei: 191. impulso: 145; total, em colisões: 341.
força: cap. 5: 139 e seg.; total, ou resultante: interaç5as fundamentais: gravitacional: 156:
141º; mlklia: 144; impulso de uma: 145; eletromagnética: 157;forte: 158;fraca: 158. movimento circular: posiçlo, velocidade,
Individual de interação: 151; composição de eceleraçlo angulares: 593; re/açflo ent/'8
D forças: 153; de deformação: 178; e[ltre impulso de uma força: definição: 145; e va- grandezas lineares e escalares: 594; unifor-
moléculas: 179; detração: 185; de cont"cto: riação do momento: 145. me: 594; velocidade 1111torial: 6?8; acelera-
deformaçio: forças de deformação: 178; 191; de atrito estático: 198; de atrito vis- çlo no movimento circular uniformt1: 636,
de uma mola: 183. coso: 200; relação entre energia potencial e: isolamento da corpos: 202. 639; uniformemente 1111riado: 595; variado
305; impulsiva (em colisi'o): 338. (aceleraçlo): 639.

freqülncia: 403, 451. movimento circular uniforme: força: 142 ..


L
E
movimento dos projiteis: e Galileu (cap.
G 1 - 2~ partel:40eseg.
energia e trabalho (cap. 7): 239 e seg.; lais de. Kepler: 1~ Lei: 526; 2~ Lei: 526;
transferência e transformação de: 242; 31;1 Lei: 514, 529, 538. molfimento dos pro/fiteis: 649 e seg.; traje-
conservação de (cap. 8): 289 e seg.; me- Galileu (1564·1642): o surgimento do méto- tória: 650; velocidade: 650; tempo de lfOo
cânica: 290; no oscilador harmônico: 411; do científico (cap. 1): 29 eseg.; Diálogo so- leis da N-ton: primeira lei: 87; segunda lei: e alcance: 651; generalizaçlo do problema:
numa Interação central:484. bre os dois principais sistemas do mundo 141, 143; terceira lei: 148. 652.
(1632): 24; Discursos sobre duas novas ciên-
energia cinttica: conceito: 240; e sinal do cias (1638): 29, 47 a 52; De Motu (1597): molfirmmto uniforme: 590.
trabalho: 252; medida da variação: 254· e 35,47. M
seg.; e expressSo da: 256; teorema do traba- molfimento uniformemente 1111riado: 590.
lho e da: 261; em sistema de duas partículas: · gnlficos: de energia potencial: 300; de po-
307,332. tencial efetivo: 488. maris:530. mudanças de 1'8ferenciais: raferenciais em
translaçlo: 641; translaçlo retillnea: 642;
gfáficos: posiçlo-tempo: 577; velocidBde-
energia potencial: conceito: 240; variação massa: inercial (cap. 41: 91 e seg.; inercial; translaçlo circular: 642; problerTUI da tni-
tempo: 580; ece/eraçlo-tempo: 588.
da, entre duas configurações: 291; partícula definição: 105; comparação pela balança: jetória: 644; problema da velocidade: 647;
no campo restrito: 292; de interação com 106.. 519; gravitacional: 516; proporcionali- problema da IJ!;fl/eraçlo: 648.
um campo em 1/r: 293; mola linear: 296; dade entre massa inercial e massa gravita-
gravltaçlo: cap. 12: 513 e seg.; Lei da: 516.
configurações de referência: 297; gráficos e cional: 520; dois planetas: 538.
p0ços de: 300, 488; relação entre força e: N
. 305; em sistemas de duas partículas: 307, modelos: físicos e matemllticos {Galileu):
332; de interação gravitacional: 518. 30, 31; e o método cientifico: 31; físico
H
(33) e matemlltico (35) para a queda dos Netun0 (descoberta dei: 540.
equaçéles diferenciais lineares e homoglnees graves; físico (40) e matemlltico (421 para o
de segunda on:lem: 446 e seg. Halley (1656-1742): 55, 56. movimento dos projéteis; de partícula: 73. N-ton (1642-1727): vida e obra (cap. 2):
53 e seg.; De Motu Corporum (1684): 56;
equillbrio: anál.ise microscópica: 180. Hooke (1635-1703): 55. mola: linear: 261; coeficiente de uma: 262; Principia (1687): 56 e seg.; e os conceitos
energia potencial: 296; poço de potencial: de tempo, espaço, movimento: 57 e seg.;
aspalhamento (ângulo de): 353. Huygens (1629:1695):55. 304; não linear:392. Leis do movimento: 59 e seg.

680 '681
o terrestre: 302; para a mola linear: 304; para
a interação gravitacional: 553.
T V
od6grafo: 630; movimento retillneo unifor-
posição: escalar: 576; gráfico posiçfio-tempo:
me: 630; movimento circular uniforme: 630.
577; vetorial: 623; em coordenadas polares:
tensão: de um fio: 189; máxima: 191. ·valoci~de: lei de variação numa interação:
636. 98; relativa (em fluidos viscosos): 200;
6rbitas: circulares: 526; dos planetas: 526;
dos satélites: 541 e seg. teste experimental: para a queda dos graves limita: 201; angular e momento angular:
potência: 267, 268, 413. (Galileu): 37 e seg.; para o movimento dos 481; de escapa: 547; em um ponto da órbita
oscilador: harmônico (cap. 10): 383 e seg.; projéteis: 45. elíptica: 555.
principio de superposiçio: composição de
linear: 383; amplitude: 387, 403; período:
forças: 154; e osciladores lineares: 388. torqua: definição: 477; e variação do mo-
388, 403; modelo matemático: 394; fase: 1111locidade: •calar mHie: 578; acelar ins-
403; freqüência: 403; energia total: 404; mento angular:477. tant6n8B: 579: gnlfico ve/ocidadtHempo:
poço de potencial: 404; representação veto- 580; ltfltorial mMia: 624; 1111torilll instan·
Q
rial: 409, 410, 414; energia e potência: Torrice/li (relaçlo dei: 600. tlnt111: 626; compommtsr da velocidade ve-
411; valores efetivos: 413; não linear: 419; toria1: 628; em coordenadas polares: 636;
amortecido: 448 e seg.; forçado: 458 e seg. trabalho: e energia (cap. 7): 239 e seg.; de componentes radial e tnnswtSB:637.
queda dos graves: e Galileu (cap. 1 - 11! uma força: 243 e seg., 251; sinal do (inter-
parte): 32 e seg. pretação f (sica): 252; das forças de atrito: vinculo: força de: 184; equaçio de: 207,
p 256 e seg.; teorema do trabalho e de energia 210.
cinética: 261.
R viscosidade: 200.
par açio-reaçio: 149. trabalho asparimental: nC! 1: 92; nl? 2: 94;

paralelogramo (regra do): 154. recuo (ângulo de): 353.


l nl? 3: 198; nl? 4: 199.

tração: forças de: 185.


w
partícula: modelo de: 73; isolada: 85. referenciais: inerciais (e 11! Lei) (cap. 3):
73 e seg.; Sol-estrelas: 82; referencial iner- trajetória: 674. Wren (1632-1723): 55.
pêndulo: cónico: 217, 504; balístico: 367;
cial; definição:87; do centro de massa: 119.
de torção: 386; mola-massa suspensa: 417;
simples: 419 e seg., 524.
resistência: dos fluidos:.200; do ar: 200.
pequenas oscilações: 419.
ressonlncia: 461, 462.
perlodo: de um oscilador: 388; do oscilador
rolamento sem deslizamento: 646.
harmônico: 403; do oscilador amortecido:
403; de um planeta: 529.

peso: definição provisória: 175 e seg.; eatra-


s
çio gravitacional: 536.
satélites: energia potencial: 294; órbitas pos-
planetas: problema da órbita: 526; massa: síveis: 541 e seg,; velocidade de escape:
538; descoberta de novos: 539; dados refe- 547; de Saturno: 562.
rentes aos: 542; velocidade de escape: 547.
satelização: 541 e seg.
plano inclinado: e Galileu: 37; problema do:
202. simetria: das leis naturais: 121, 313,492.

Plutio (descoberta dei: 541. spin:496.

poços de potencial: de interação com o cam- superposição: princípio de (composição de


po restrito: 300; de interação com o campo forças): 154.

682 683
·-~-:{W/t/ ~'.-··· ---'.'~'."-"?i-·,,,"#;~f"'*''.'/f'.'f":~r; .-..-,;r::-~_~cy7!:- i!- <

SÍMBOLOS UTILIZADOS
o
"
odógrafo
me:630;

6rbitas: e·
dos satéli'

oscilador:
linear: 3l: .
388, 40::
403; frec
poço de~:
rial: 409.'
411; valo
amortecid.

par ação-r 3 .J2 ... valores numéricos


kg m/s N ..• unidades
paralelogr grandezas escalares
mdt .. .
v a F .. . grandezas tratadas escalarmente
partlcula:
V a F ... } grandezas vetoriais
pêndulo: i:;r-;.. .
de torção.
simples:4
V
lvl !ai !FI ..
a F .. .
·i módulos de grandezas vetoriais
pequenas' w Q 'Y .. .

?
perlodo:'c
harm6nicc
1 dx
Jê(=-l
dr
rl=-l ... derivadas em relação ao tempo
403; de ur dt dt

peso: defi1 1 CJ ordem de grandeza de ...


çA'o gravite l
j

planetas: 1
538; desa
rentes aos:

plano incli
202.

Plutlo (de

poços dep
po restrito
685
682

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