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Ministério do Meio Ambiente

PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS

CURSO EaD: ESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL


MÓDULO 2: COMO ESTRUTURAR O SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO
AMBIENTE

Brasília, 2015
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidenta Dilma Dilma Vana Rousseff
Vice Presidente: Michel Temer
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Ministra Izabella Mônica Vieira Teixeira
Secretário Executivo: Francisco Gaetani
Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental - SAIC
Regina Gualda
Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA
Soraia Silva de Mello
Equipe técnica do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais- PNC

Luciana Resende

Neuza Gomes S. Vasconcellos

Carla Silva Sousa (Estagiária)

Concepção do material original

Tereza Moreira

Organização do Curso EAD

Elmar Andrade de Castro

Luciana Resende

Neuza Gomes da S. Vasconcellos

Carla Silva Sousa (Estagiária)

Texto e revisão de conteúdo original

Luciana Resende

Neuza Gomes da S. Vasconcellos

Carla Silva Sousa (Estagiária)

Revisão e colaboração

Angelita Coelho

José Luís Xavier

Miriam Miller

II
Neusa Helena Rocha Barbosa

Nilo Sérgio de Melo Diniz

Coordenação:

Agência Nacional de Águas - ANA

Elmar Andrade de Castro

Mariana Braga

Taciana Neto Leme

Equipe do Departamento de Educação Ambiental- MMA

Soraia Silva de Mello (Diretora)

Renata Rozendo Maranhão (Gerente de Projetos)

Analistas Ambientais
Alex Bernal, Ana Luísa Campos, Jader Oliveira, José Luís Xavier, Luciana Resende, Nadja Janke,
Neusa Helena R. Barbosa, Neuza Gomes Vasconcelos, Patricia F. Barbosa, Taiana Brito

Agentes Administrativos
Maria Aparecida Leite, João Alberto Xavier

Recepcionista
Leylane Aparecida L. do Santos

Estagiários
Amanda Feitosa, Carla Silva Sousa, Paula Geissica Ferreira da Silva, Rômulo de Sousa

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS


Diretoria Colegiada
Vicente Andreu Guillo (Diretor Presidente)
Paulo Lopes Varella Neto
Gisela Forattini
João Gilberto Lotufo Conejo

III
SUPERINTENDÊNCIA DE APOIO AO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE
RECURSOS HÍDRICOS
Humberto Cardoso Gonçalves (Superintendente)
Victor Alexandre Bittencourt Sucupira (Superintendente Adjunto)
COODENAÇÃO DE CAPACITAÇÃO DO SINGREH
Taciana Neto Leme (Gerente)
Celina Maria Lopes Ferreira
Daniela Chainho Gonçalves
Elmar Andrade de Castro
Jair Gonçalves da Silva
Lucas Braga Ribeiro
Luis Gustavo Miranda Mello
Mariana Braga Coutinho
Sandra Cristina de Oliveira (Secretária)
Vivyanne Graça Mello de Oliveira

Este material didático foi produzido no âmbito do Programa Nacional de Capacitação de Gestores
Ambientais, com apoio da Agência Nacional de Águas- ANA, com base nos Cadernos de
Formação- PNC.

IV
SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS E A
PARCERIA MMA E ANA

Para o alcance do direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes


e futuras gerações é imprescindível a participação da coletividade e também do poder público.
Quanto a esse último, torna-se necessária a melhoria de resultados, com vistas a aumentar a
eficiência, eficácia e efetividade da gestão ambiental. Uma importante estratégia é a qualificação
do corpo técnico dos órgãos municipais de meio ambiente. Nesse âmbito, destaca-se a atuação
do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais - PNC.

O PNC foi instituído em 2005, a partir de uma demanda da I Conferência Nacional de Meio
Ambiente. A ideia de se criar o Programa emergiu com a necessidade de haver uma estratégia
nacional de capacitação de gestores locais, visando gerenciar melhor as ações realizadas no
âmbito do Ministério do Meio Ambiente e vinculadas.

Dessa forma, o PNC foi criado para atender aos anseios dos estados e municípios, em uma
estratégia duradoura. Seu objetivo principal é o de capacitar gestores, servidores e técnicos
ambientais, com vistas a ampliar a compreensão do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA) e seu fortalecimento. Busca também a consolidação da gestão ambiental
compartilhada, que envolve a responsabilização das três esferas de governo: federal, estadual e
municipal.

O Programa capacitou aproximadamente 12 mil gestores e técnicos, beneficiando mais de 2


mil municípios. Desde sua criação, passou por importantes momentos: o primeiro referiu-se a uma
fase em que foram realizados cursos presenciais que versavam sobre temas ligados à
estruturação dos sistemas municipais de meio ambiente. Nesse período, ocorreram cursos em 14
estados, por meio de convênios.

Paralelamente à realização de cursos presenciais, a partir de 2007, iniciaram-se os cursos


semipresenciais, executados via internet e realizados em parceria com outras secretarias do
MMA, outros ministérios e entidades vinculadas. Os temas versavam acerca de temas como:
gestão integrada de resíduos sólidos, licenciamento ambiental básico e com foco em estações de
tratamento de esgotos e aterros sanitários, regularização ambiental em propriedades rurais, além

V
de gestão de recursos hídricos e comitês de bacias hidrográficas. Esses últimos cursos realizados
em parceria com a Agencia Nacional de Águas, no ano de 2013.

A Agência Nacional de Águas é a entidade federal de implementação da Política Nacional


de Recursos Hídricos (PNRH) e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SINGERH), de acordo com o disposto na Lei 9.984/2000, a Lei das Águas.
Uma de suas atribuições é estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a
gestão de recursos hídricos.

Assim, a ANA deu início aos processos de capacitação de recursos humanos para a
gestão de recursos hídricos em 2001. Inicialmente, entre 2001 e 2010, a ANA conseguiu
atingir cerca de 10 mil pessoas, por meio de cursos presenciais. Posteriormente a ANA deu
início a implementação sistemática de cursos na modalidade a distância e a partir dessa
estratégia, no período de 2011-2013 mais de 20.000 pessoas foram capacitadas e no ano de
2014 Em 2011 a ANA e. E, somente, no ano de 2014 mais de 22.000 pessoas foram
aprovadas.

O alcance da modalidade a distância elevou a abrangência tanto em número de pessoas


capacitadas quanto na distribuição espacial dos participantes, com representantes de todos os
estados brasileiros e distrito federal, e também de outros países em que a ANA estabelece
ações de cooperação. O público alvo são a sociedade brasileira interessada, os membros de
comitês de bacia, como usuários de água, representantes dos governos municipais, estaduais
e federal e representante das organizações da sociedade civil relacionadas aos recursos
hídricos, além de agentes dos órgãos gestores de recursos hídricos e a sociedade em geral.

Os cursos a distância oferecidos pela ANA, no projeto EAD-ANA variam em carga


horária (entre 4 e 40 horas), sempre na modalidade autoinstrucional, isto é totalmente a
distância e sem tutoria e em temas como planejamento e gestão, hidrometria/hidrologia, uso
racional da água e educação e participação social na gestão de recursos hídricos.

Desse modo, em uma coadunação de esforços entre o MMA e a ANA, e em continuidade de


uma parceria bem sucedida, foi elaborado esse curso, que busca atingir o maior número de
VI
gestores ambientais, membros dos Comitês de Bacias Hidrográficas, estudantes e público em
geral.

Objetiva-se, com isso, instigar a estruturação institucional e o fortalecimento da gestão


ambiental municipal, com a ótica da sustentabilidade sócio-ambiental-territorial, a disseminação de
conhecimentos e a reflexão crítica acerca de assuntos que visam à melhoria da gestão ambiental
pública e a superação de gargalos. Ademais, busca-se contribuir para a inserção do
desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma
transversal e compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de
governo e da sociedade.

Soraia Silva de Mello


Diretora do Departamento de Educação Ambiental - DEA

Taciana Neto Leme


Coordenadora de Capacitação para o SINGREH

VII
APRESENTAÇÃO DO CURSO

Os três módulos que compõem esse curso fornecem linhas gerais para o fortalecimento do
Sistema Nacional de Meio Ambiente em sua inter-relação com os demais instrumentos e atores da
gestão municipal. O material didático foi concebido para trabalhar conceitos não apenas de forma
discursiva. Por meio de exemplos e exercícios, pretende-se promover sucessivas aproximações
das pessoas com a realidade local, no sentido de qualificar a sua atuação.

Diante de uma perspectiva de capacitação descentralizada e voltada a atender cada


realidade específica, vale lembrar que há liberdade para se buscar informações e para criar
metodologias que melhor atendam às suas necessidades. Os materiais produzidos pretendem
apontar caminhos, fornecer sugestões e indicar possíveis fontes de consulta para que as pessoas
e os grupos busquem respostas às questões suscitadas pela prática.

O Módulo I reflete a importância da gestão ambiental municipal e mostra qual é a estrutura


do SISNAMA em âmbito federal, estadual e municipal.

O Módulo II mostra os principais passos para a estruturação dos órgãos que compõem o
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Discorre também sobre as formas de se reunir recursos
destinados às ações na área ambiental.

O Módulo III trata das diferentes escalas de planejamento municipal, com ênfase no
planejamento microrregional e setorial, considerando os níveis de integração a serem
concretizados em torno de um projeto de desenvolvimento sustentável para a comunidade e a
região.

Todos os módulos contêm a legislação referente aos temas desenvolvidos, trazem


explicações sobre termos técnicos e fornecem dicas de onde obter mais informações.

Bons estudos a todos!

VIII
SUMÁRIO
UNIDADE 1: Estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente: um processo
participativo .................................................................................................................... 11
Vontade política e mobilização da comunidade local .............................................. 11
Em bases sólidas .................................................................................................... 14
O papel do facilitador .............................................................................................. 15
Propostas para o Sistema Municipal de Meio Ambiente ......................................... 17
Em resumo .............................................................................................................. 21
UNIDADE 2: A importância de se ter base legal ............................................................ 23
Panorama das leis ambientais nos municípios brasileiros ...................................... 23
O papel da Lei Orgânica municipal ......................................................................... 27
A legislação específica ............................................................................................ 29
A relação com o Legislativo e Ministério Público .................................................... 35
Em resumo .............................................................................................................. 37
UNIDADE 3: Órgão Municipal de Meio Ambiente: instância executiva .......................... 39
Atribuições do Sistema Municipal de Meio Ambiente .............................................. 39
Atribuições, diretrizes e estrutura dos órgãos municipais de meio ambiente .......... 41
Um modelo de gestão pública sustentável .............................................................. 46
O perfil do corpo técnico ......................................................................................... 48
Em resumo .............................................................................................................. 50
UNIDADE 4: Conselho Municipal de Meio Aambiente: instância de decisão e de
participação .................................................................................................................... 52
A presença dos conselhos de meio ambiente nos municípios ................................ 52
Um espaço representativo ...................................................................................... 54
O papel do Conselho Municipal de Meio Ambiente ................................................. 57
Relação com a Prefeitura ........................................................................................ 59
Passos para a formação do Conselho Municipal de Meio Ambiente....................... 60
Em resumo .............................................................................................................. 62
UNIDADE 5: Recursos Para a gestão ambiental municipal ........................................... 64
Recursos previstos em orçamento .......................................................................... 64
Fundo Municipal de Meio Ambiente: valioso instrumento de gestão municipal ....... 67
Passos para a Criação do Fundo Municipal de Meio Ambiente .............................. 70

IX
Outras Fontes de Financiamento para as Ações Ambientais .................................. 74
Em Resumo ............................................................................................................ 88
Referências .................................................................................................................... 90
Anexos ........................................................................................................................... 96
Minuta de Lei para Criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente .................. 96
Minuta de Regimento Interno do CMMA ............................................................... 101

X
UNIDADE 1: ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE:
UM PROCESSO PARTICIPATIVO

Neste capítulo, estudaremos os principais elementos necessários para a


estruturação da gestão ambiental em âmbito local. Teremos como foco principal a
importância da mobilização de atores sociais significativos. Vamos lá!

Vontade política e mobilização da comunidade local

Como aprendemos no Módulo 1 deste curso, é crescente o número de municípios


que despertam para a necessidade de criar e fortalecer a sua área de meio ambiente. É
claro que isso representa um avanço. Porém, ainda há um contingente de municípios que
não possuem sequer um departamento relacionado a essa área. Existem também os que
criam leis e órgãos somente no papel, sem qualquer efetividade.

Para evitarmos situações como essa e alcançarmos uma gestão ambiental bem
sucedida é necessária vontade política, em especial, a do prefeito. É ele quem pode
torná-la uma meta de governo e não uma mera preocupação de ambientalistas que
integram a administração municipal. Por meio do chefe do Poder Executivo local, as
diferentes áreas da prefeitura podem conversar entre si e integrar as ações voltadas para
a qualidade do meio ambiente. Da mesma forma, sua capacidade de trocar ideias e
realizar parcerias com o governo estadual, com os órgãos federais, com empresários e
organizações da sociedade pode fazer toda a diferença.

O mesmo vale para outros poderes e forças sociais atuantes no município. A


câmara dos vereadores, por exemplo, tem importante papel a desempenhar na gestão
ambiental, como veremos mais adiante. A sua adesão às iniciativas pode fazer grande
diferença no grau de efetividade do sistema de gestão a ser implementado.

Porém, além do aspecto político, não podemos nos esquecer da importância da


mobilização da comunidade, de modo que a estruturação da gestão ambiental local seja

11
legitimada e reflita as reais necessidades dessa coletividade. Você sabe o que isso
significa?

Mobilizar-se em torno da criação dos órgãos de meio ambiente consiste no primeiro


momento de um longo processo em direção à gestão do meio ambiente do município.
Isso quer dizer que será necessário prever mecanismos e estratégias de envolvimento e
motivação da comunidade, de modo que permaneçam depois que os órgãos estiverem
em funcionamento.

Nesse sentido, segundo Socher; Ponchirolli (2012), as soluções que visam ao


desenvolvimento sustentável dependem necessariamente do envolvimento de vários
atores e instituições, pois abarcam ações de um sistema complexo, no qual há interação
entre várias dimensões: política, social, cultural, espacial, econômica, entre outras.

De acordo com esses autores, é preciso um encontro entre o cidadão, as


instituições e o Estado para discussão, consenso e escolhas no que se refere a assuntos
públicos. Nesse caso, há uma maior preocupação com os fins e, por isso, um peso mais
elevado a respeito dos pontos de vista dos atores envolvidos em âmbito local, que é onde
acontecem as ações, as vivências e convivências sociais. Aproveitam-se ainda as
potencialidades naturais ou desenvolvidas na comunidade e geram um sentimento de
pertencimento e de autoria (SOCHER; PONCHIROLLI, 2012).

O processo de mobilização consiste em passos como:

 Sensibilização, que compreende contato direto com grupos organizados e


com pessoas influentes na comunidade, para obter informações e promover
reflexão, no sentido de estimulá-los e motivá-los a participar da criação do
Sistema Municipal de Meio Ambiente.

Fazem parte da estratégia de mobilização visitas a formadores de opinião, como


professores, comunicadores, líderes comunitários e religiosos, assim como palestras e
reuniões voltadas a grupos diferenciados em espaços como feiras, igrejas, clubes
esportivos. O mesmo vale para a elaboração de artigos de jornal, realização de
entrevistas no rádio, na TV e o uso de outros veículos de comunicação, como a Internet.

12
Esse será um importante recurso, especialmente em municípios mais populosos ou com
habitantes em áreas dispersas, pois podem atingir um maior número de pessoas.

 Constituição de fóruns para identificar e priorizar os problemas ambientais


do lugar e discutir de forma conjunta como a criação de instâncias formais
pode auxiliar na resolução desses problemas. Os fóruns são espaços onde
será possível projetar o sistema, definindo competências e atribuições,
formas de funcionamento, mecanismos de transparência das ações, etc.

Fórum

É um espaço permanente de discussão e de negociação de conflitos e


interesses representativos da sociedade para decisão sobre ações destinadas
ao desenvolvimento municipal (BRASIL, 2006, p. 16).

 Levantamento das necessidades, em termos técnicos, jurídicos, de


infraestrutura e de custos, para a instituição do Sistema Municipal de Meio
Ambiente.

 Criação de grupos de trabalho com a finalidade de atender a essas


necessidades e formalizar os órgãos ambientais. O conjunto das atribuições
e competências destes poderá ser consolidado em uma única lei que institui
o Sistema Municipal de Meio Ambiente. Pode também ser estabelecido
gradualmente, por meio de leis específicas para cada grupo integrante do
sistema, à medida que forem criados.

 Instituição do sistema, propriamente dito, realizada mediante aprovação de


lei, algo a ser precedido de negociação na câmara dos vereadores. Nesse
momento, convém que haja ampla divulgação, com o objetivo de tornar
pública a luta pela existência de órgãos voltados para o meio ambiente
municipal.

13
Como pudemos perceber, seguindo uma trajetória como essa, será possível
construir um pacto muito mais válido do que se o sistema tivesse sido simplesmente
instituído por lei, ou seja, de cima para baixo.

Em bases sólidas

Você já se perguntou por que existem órgãos que nunca conseguem sair do papel?
Além de falta de mobilização anterior, estes costumam ser criados sem mecanismos que
garantam representatividade e democracia. Portanto, no processo de criação dos órgãos
ambientais municipais, é preciso:

 Estimular a paridade na composição do fórum voltado à criação do Sistema


Municipal de Meio Ambiente, considerando o equilíbrio entre órgãos
governamentais, organizações da sociedade civil e setores empresariais, de
forma que todas as forças sociais significativas estejam ali representadas;

Paridade

Representação em igualdade numérica.

 Envolver atores sociais relevantes, mas que nem sempre participam de


processos como esses, como grupos, organizações e movimentos de
mulheres e de jovens, organizações sindicais e de base, comunicadores,
instituições religiosas, organizações não-governamentais, grupos de terceira
idade, Ministério Público, artistas, organizações representativas do
empresariado, da polícia, do corpo de bombeiros, entre outros.

 Envolver pessoas, grupos ou organizações que desempenham uma função


social relevante, pois apresentam capacidade de defender seus interesses e
de produzir os fatos necessários para alcançar seus objetivos, participando
das decisões para alterar a realidade.
14
 Garantir que essas lideranças sejam genuinamente vinculadas às suas
bases;

 Desenvolver mecanismos de controle social transparentes e participativos,


para que o poder não se concentre nas mãos de um único segmento da
sociedade;

 Formar um grupo de colaboradores realmente comprometido com a gestão


ambiental, que poderá compor os futuros quadros técnicos dos órgãos a
serem criados;

 Tornar esse espaço uma espécie de ouvidoria ambiental para o município.


As denúncias e reclamações que costumam surgir podem ser úteis na
identificação das áreas mais problemáticas da administração, bem como
indicar medidas corretivas à prefeitura;

Ouvidoria

Espaço criado pelas instituições para acolher críticas e sugestões de


clientes e usuários de seus serviços.

 Integrar os grupos de trabalho voltados à criação do Sistema Municipal de


Meio Ambiente na dinâmica dos demais órgãos municipais. Desde o início, é
importante que a esfera de meio ambiente envolva-se com as demais áreas
da prefeitura, sob a liderança do chefe do Executivo municipal.

O papel do facilitador

O sucesso desse trabalho depende, em grande parte, da postura de quem está


coordenando o processo. Essa pessoa ou grupo de pessoas deve reunir qualidades

15
técnicas e habilidades políticas para ter sucesso em seu trabalho. Algumas características
pessoais também são desejáveis, entre as quais:

 Ter humildade e flexibilidade;

 Saber ouvir;

 Utilizar linguagem clara e fácil de entender;

 Evitar vender ilusões e soluções simplistas;

 Respeitar a opinião das pessoas, por mais diferentes que sejam das suas
próprias opiniões;

 Assumir e demonstrar uma postura que esteja acima de qualquer interesse


partidário;

 Promover permanente articulação institucional e garantir o fluxo de


informações;

 Ter um claro compromisso com o resultado do processo,


independentemente de seus interesses pessoais;

 Abrir-se para as diversas formas de organização, assim como valorizar o


conhecimento e a cultura locais, pois muitas vezes, soluções encontradas no
local podem ser altamente inovadoras e positivas, tornando-se modelos para
ações em âmbito regional e estadual;

 Adaptar os programas de trabalho aos hábitos locais;

 Ser pontual no cumprimento de prazos e cronogramas;

 Desenvolver cada vez mais a noção do sistema que está sendo criado,
inspirando as demais pessoas a fazerem o mesmo.
16
Como pudemos observar, a estruturação da gestão ambiental municipal deve ser
um processo participativo e que envolva diversos segmentos sociais, abarcando não só a
esfera política, como prefeitos e vereadores, mas também a comunidade de forma mais
ampla. Nesse sentido, é importante se pensar em uma estrutura de gestão compatível
com a realidade e vocações do município. É o que veremos a seguir.

Propostas para o Sistema Municipal de Meio Ambiente

O Módulo 1 trouxe no capítulo 3, Gestão Ambiental Municipal, diferentes


possibilidades de estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente. Vimos que para
cada tipo de município, existe uma possibilidade de organização mais compatível,
considerando-se tamanho da população (até 5 mil habitantes, até 50 mil e acima de 50
mil), complexidade no uso dos recursos naturais e outras características locais. De forma
genérica, no entanto, esse sistema tem como base o tripé: conselho representativo da
sociedade, órgão de caráter executivo e fundo ambiental.

Para uma melhor compreensão, reveja a seguir os esquemas:

Esquema: Estruturação de órgãos ambientais-: municípios de até 5 mil habitantes

17
Gabinete do
Prefeito

Conselho de Assessoria de
Meio Ambiente Meio Ambiente

Administração e Serviços
Saúde Obras Educação Turismo
Finanças Municipais

Fundo Municipal
de Meio
Ambiente

Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL,


2006).

Esquema: Estruturação de órgãos ambientais- municípios de até 50 mil habitantes

18
Gabinete do
Prefeito

Conselho de
Meio Ambiente

Administração e Turismo e Meio


Saúde Obras Educação Agricultura
Finanças Ambiente

Fundo Municipal
de Meio
Ambiente

Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL,


2006).

Gabinete do
Prefeito

Conselho de Meio
Ambiente

Meio
Obras Finanças Educação Administração Saúde
Ambiente

Fundo Municipal de
Meio Ambiente

Planejamento Sistemas de Fiscalização e Educação Urbanização e


Jurídica
Ambiental Informação Controle Ambiental Áreas Verdes

19
Esquema: Estruturação de órgãos ambientais- municípios acima de 50 mil
habitantes

Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL,


2006).

Entretanto, é importante frisar também que cada comunidade deve ser capaz de
estabelecer suas prioridades. Quanto mais as soluções estiverem apoiadas em suas
necessidades, no seu conhecimento direto, em percepções compartilhadas e no seu
interesse em alcançar soluções concretas para os problemas, mais esses órgãos serão
efetivos. Obviamente, nessa definição, será fundamental contar com o apoio de soluções
técnicas e de informações complementares sobre aspectos científicos, tecnológicos e
legais.

Nesse âmbito, podemos dizer que a abrangência da participação conseguida e a


democracia interna aos órgãos do sistema refletem o nível de amadurecimento e de
organização da sociedade, bem como o grau de compromisso das autoridades. Na
verdade, órgãos realmente representativos significam uma conquista social.

20
Para Refletir:
Utilizando os esquemas para a estruturação da gestão ambiental, e com base no
acúmulo de informações e nos exercícios que você fez até agora, pesquise:

1.Qual estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente reflete melhor a realidade


do seu município, considerando :
- Tamanho;
- Vocação produtiva;
- Forças políticas dominantes;
- Nível de escolaridade dos quadros técnicos da prefeitura;
- Orçamento da prefeitura;
- Infraestrutura física;
- Capacidade de arrecadação.

2.Quais são os grupos sociais mais representativos e que poderiam se engajar


imediatamente no trabalho de estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente?
3.Além disso, quais são as forças contrárias?
4.Que estratégias poderiam ser usadas para torná-las aliadas?

Em resumo

Embora exista um claro movimento pela constituição de órgãos ambientais nos


municípios, a realidade ainda está muito distante do SISNAMA que pretendemos. Muitas
vezes, os órgãos do Sistema Municipal de Meio Ambiente só existem no papel.

A criação de órgãos realmente atuantes e representativos começa com a


mobilização da sociedade. Os passos necessários para isso envolvem constituição de
fóruns de debates representativos, grupos de trabalho que integrem conhecimentos sobre
a realidade local ao aparato técnico, tecnológico e legal necessário para a instituição do
Sistema Municipal de Meio Ambiente.

Além de tomar alguns cuidados para garantir representatividade dos envolvidos, o


grupo que coordena esse processo deve desenvolver uma postura que facilite a
21
formalização do sistema. Isso inclui um elenco de habilidades pessoais, técnicas e
políticas. Deve também identificar as diferentes expectativas e formas de participação
possíveis para os diversos atores.

Como pudemos perceber, a participação da comunidade de modo mais integral


contribui para a construção do Sistema Municipal de Meio Ambiente que vai ao encontro
dos anseios reais de determinada localidade. Assim, sem esquecer essa noção de
mobilização colaborativa, a seguir, avançaremos mais um pouco nesse assunto,
abordando o papel das leis em âmbito municipal para a estruturação da gestão ambiental
local.

22
UNIDADE 2: A IMPORTÂNCIA DE SE TER BASE LEGAL

Neste capítulo, abordaremos a legislação ambiental em âmbito local, com foco na


Lei Orgânica do município e nos regramentos específicos. Além disso, também vamos
estudar o tema, tendo em vista a necessária articulação com o Poder Legislativo e com o
Ministério Público.

Panorama das leis ambientais nos municípios brasileiros

A legislação ambiental de um município pode ser apresentada sob diferentes


maneiras, por exemplo, na Lei Orgânica, no Código Ambiental ou no Plano Diretor. Sobre
isso, o diagnóstico da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, de 2002,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 42,5%
dos municípios brasileiros possuíam pelo menos um tipo de norma ambiental. Em 81%
dos casos, a legislação ambiental estava inserida em capítulos ou artigos da Lei Orgânica
Municipal, e 13% dos municípios dispunham de capítulo ou artigo no Plano Diretor.
Apenas 17% dos que disseram ter lei ambiental possuíam Código Ambiental (BRASIL,
2002).

Os dados do diagnóstico do IBGE refletem um movimento ocorrido nos municípios


a partir da Constituição federal de 1988. A existência de artigos específicos sobre a
questão ambiental na Constituição impulsionou a inclusão da temática nas leis orgânicas
municipais. Entre os que preferiram criar códigos ambientais, estão, principalmente,
aqueles que possuíam mais de 500 mil habitantes, devido à maior necessidade de
instrumentos adequados para lidar com questões ambientais mais complexas.

A mais recente Pesquisa de Informações Básicas Municipais mostrou que houve


um aumento no percentual de municípios com legislação específica para tratar da questão
ambiental desde 2002. Esse aumento ocorreu tanto nas Grandes Regiões quanto em
todas as classes de tamanho de população, exceto nas que tem mais de 500 mil
habitantes (BRASIL, 2013).

23
Desse modo, em 2009, 46,8% dos municípios tinham legislação ambiental,
aumentando para 55,4% em 2012. Já em 2013, esse número aumentou para 65,5%. A
pesquisa indicou que os maiores crescimentos ocorreram nas Regiões Norte (63,7% em
2012, 77,8% em 2013) e Centro-Oeste (54,1% em 2012 e 66,2% em 2013). Além disso,
quanto ao recorte por classe de tamanho da população, os maiores incrementos
ocorreram em municípios pequenos, com até 5 mil habitantes. Nesses, o percentual saiu
de 44,4% em 2012 para 56,3% em 2013 (BRASIL, 2013).

Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,


acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/meio_ambiente_
2002/meio_ambiente2002.pdf

Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,


acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/2013/

24
Gráfico: Municípios brasileiros que apresentam legislação ambiental

MUNICÍPIOS BRASILEIROS QUE APRESENTAM

65,50%
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

55,40%
46,80%
42,50%

2002 2009 2012 2013

Fonte dos dados: (BRASIL, 2014)

Gráfico: Percentual de municípios com legislação ambiental específica nos anos de


2012 e 2013

25
PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS COM LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL ESPECÍFICA NOS ANOS DE 2012 E
2013
2012 2013

77,80%

75,20%
73,30%
66,20%

65,10%
63,70%

63,40%
54,10%
48,60%
39,90%

NORTE NORDESTE CENTRO OESTE SUDESTE SUL

Fonte dos dados: (BRASIL, 2014)

Essa é uma tendência que também se observa em âmbito federal. Inspirando-se


em artigos constitucionais, muitas matérias ligadas ao meio ambiente têm sido abordadas.
Foi o que ocorreu com a Lei no 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação, a Lei no 10.275/2001, que criou o Estatuto da Cidade, a Lei no
9.433/1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, e mais recentemente a
Lei Complementar nº 140/2011, que fixa normas para cooperação entre União, estados,
Distrito Federal e municípios nas ações administrativas de competência comum, por
exemplo.

Essas leis, entre outras, regulamentam artigos constitucionais e trazem novidades


nas atribuições municipais, que precisam ser incorporadas à legislação de âmbito local.
Vejamos a seguir como isso ocorre nos municípios.

Para maiores informações sobre a Lei n° 9.985/2000, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm

26
Para maiores informações sobre a Lei no 10.275/2001, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm

Para maiores informações sobre a Lei no 9.433/1997, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm

Para maiores informações sobre Lei Complementar nº 140/2011, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.htm

O papel da Lei Orgânica municipal

Todas as ações de gestão ambiental realizadas no município precisam estar


amparadas em leis. Embora a legislação ambiental ainda apresente lacunas, pode-se
dizer que o meio ambiente é protegido, no Brasil, por leis bastante avançadas. Os
municípios têm o poder de aplicar em seu território a legislação federal e estadual
vigentes e boa parte das matérias já regulamentadas nesses âmbitos aplica-se também à
esfera municipal.

Tal como ocorre com os serviços de saúde, educação, habitação e saneamento, a


gestão ambiental é objeto da competência comum entre União, estados, municípios e
Distrito Federal. Como vimos no Módulo 1, os entes federados possuem ao mesmo tempo
27
corresponsabilidade e autonomia na esfera legislativa. Assim, constitucionalmente, os
municípios podem criar legislação ambiental própria, e isso vale tanto no sentido de
ampliar a abrangência das leis federais e estaduais quanto para tratar de assuntos
pertinentes ao interesse local.

Dessa forma, a Constituição de 1988 abriu caminho à elaboração de capítulos


sobre o meio ambiente, seja na Lei Orgânica municipal, que é similar a uma constituição
municipal; seja no Plano Diretor, que é um instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana, ou por meio de Código Ambiental específico, que
trata da política ambiental municipal. Porém, é preciso cuidado para evitar a sobreposição
e o confronto de competências.

Lembre-se, cabe à União a competência legislativa sobre normas gerais, de caráter


nacional; os estados e o Distrito Federal devem elaborar legislação suplementar ou
complementar de caráter regional; os municípios podem legislar no interesse local, desde
que considere o que já está regulamentado nos níveis estadual e federal.

A Lei Orgânica municipal é considerada a lei máxima do município. Por meio dela,
torna-se possível dispor sobre a estrutura, o funcionamento e as atribuições dos poderes
Executivo e Legislativo. Essa lei contém os princípios norteadores das matérias de
interesse local em termos de saúde, saneamento, transporte, educação, uso e ocupação
do solo urbano, parcelamento do território, entre outros temas de interesse municipal e
que possuem importantes interfaces com o meio ambiente.

Ao elaborar a Lei Orgânica, o município exerce a competência constitucionalmente


garantida de legislar sobre os assuntos que afetam de forma direta seus interesses
específicos, entre os quais se situam a proteção do meio ambiente e a melhoria da
qualidade de vida. Por isso, os municípios que optarem por tratar do meio ambiente nesse
formato deverão incluir os objetivos e os princípios da Política Municipal de Meio
Ambiente.

Além disso, a Lei Orgânica deve disciplinar o essencial, cabendo às chamadas leis
infraconstitucionais, subordinadas a ela, o detalhamento de cada matéria específica.
Devemos nos lembrar também que as leis ambientais poderão compor o Código

28
Ambiental ou, o que é mais provável, dispersar-se por toda a legislação, considerando-se
que o meio ambiente tem reflexos em quase todas as ações humanas e em todos os
setores da administração.

Desse modo, podemos dizer que a existência de legislação ambiental demonstra


amadurecimento do município para assumir a gestão do seu território e reforça a
necessidade da descentralização da gestão ambiental, no sentido de privilegiar a
execução local da política ambiental, favorecendo a criação e a entrada em vigor do
Sistema Municipal de Meio Ambiente; fortalecer e dinamizar a articulação e a
coordenação entre os entes federados; e conquistar legitimidade para as ações de gestão
ambiental.

Considerando o papel estratégico dos municípios para a gestão ambiental


descentralizada, é importante frisarmos ainda a importância da legislação ambiental
específica. Veremos esse tema a seguir.

A legislação específica

A legislação ambiental específica permite que se consolide a Política Municipal de


Meio Ambiente. Tais leis devem abordar aqueles assuntos que necessitem
regulamentação para dar consistência às suas ações. É comum a prática de se “copiar”
leis de outras localidades, por exemplo, municípios situados em regiões serranas que
possuem dispositivos para regulamentar até a pesca oceânica. Vale lembrar que fazer leis
sem qualquer necessidade só contribui para esvaziar a sua importância, tornando-as
“letra morta”.

Dessa forma, é importante observar algumas orientações básicas que podem


subsidiar a formulação das leis municipais, entre as quais destacamos:

 Definir princípios e diretrizes de planejamento e uso do solo, considerando o


contexto ambiental local e regional em que o município se insere. Municípios
costeiros têm necessidades diferenciadas de estâncias hidrominerais e
climáticas, por exemplo. A mesma distinção deve ocorrer entre municípios

29
com baixo número de habitantes que estão em regiões isoladas e aqueles
que integram regiões metropolitanas; embora sejam igualmente pequenos,
suas necessidades não são as mesmas;

 Prever a criação de um conselho consultivo e de assessoramento


responsável pela formulação de diretrizes da política ambiental. Esse deve
ser composto preferencialmente por pessoas com diferentes formações;

 Estabelecer boas relações com a câmara de vereadores, de forma a criar


uma base que está acima de partidos políticos, e que acolha as demandas
de meio ambiente na formulação de leis;

 Criar mecanismos legais que tornem compatíveis as normas ambientais com


os procedimentos para concessões de licenças e alvarás. Isso simplifica os
processos, encorajando a população a agir dentro da lei.

Alvará

Documento passado a favor de alguém por autoridade judiciária ou


administrativa, que contém ordem ou autorização para a prática de
determinado ato (BRASIL, 2006, p. 51).

Além das orientações já expostas, as temáticas que merecem leis específicas


podem incluir aquelas iniciativas que, se colocadas em prática, terão capacidade para
provocar mudanças significativas em relação ao meio ambiente e à própria prática da
gestão ambiental. Eis algumas das ações que merecem regulamentação:

 Sujeitar as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente a sanções


administrativas (multas, reparação dos danos causados, cassação de
licença). Sem isso, o município não pode exercer fiscalização;

30
Sanção

Medida repressiva infligida por uma autoridade (BRASIL, 2006, p. 52).

 Prever mecanismos de compensação financeira para quem sofrer limitações


no uso de sua propriedade, em razão de medidas de proteção ao meio
ambiente;

 Incluir entre os bens ambientais a serem protegidos o patrimônio


arqueológico, histórico, cultural e paisagístico local. Por meio de lei, pode-
se instituir o tombamento, por exemplo, como um instrumento a ser
utilizado pelo município para garantir a integridade desses bens;

Patrimônio arqueológico

Conjunto de testemunhos materiais relativos à pré-história da humanidade


(BRASIL, 2006, p. 52).

Tombamento

Ato ou efeito de colocar bens móveis e imóveis de interesse público sob a guarda
do Estado, com a intenção de conservá-los, devido ao seu valor histórico,
artístico, arqueológico, etnográfico, paisagístico ou bibliográfico (BRASIL, 2006, p.
52).

31
 Possibilitar a formação de consórcios intermunicipais para a realização de
obras, serviços e atividades de interesse comum a vários municípios,
especialmente em assuntos vinculados à proteção, preservação e
recuperação do meio ambiente;

Para maiores informações sobre consórcios, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11107.htm

 Prever a possibilidade de firmar convênios com entidades públicas ou


privadas para realizar a gestão ambiental dos ecossistemas ou das unidades
de conservação.

 Garantir mecanismos de informação ao público sobre obras, planos e


programas que possam alterar as condições do meio ambiente em
consonância com a Lei de Acesso à Informação;

Para maiores informações sobre a Lei de Acesso à Informação, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12527.htm

 Prever mecanismos formais de promoção da educação ambiental e da


conscientização pública;

32
Conscientização Pública

Modalidade voltada a formar opinião pública sobre determinados temas relativos


ao meio ambiente. Pode ser realizada mediante ações de sensibilização e
mobilização, utilizando, para isso, diferentes meios de comunicação (BRASIL,
2006, p. 52).

 Incluir mecanismos de aplicação da iniciativa popular de lei, do plebiscito,


do referendo e do orçamento participativo, como formas de garantir a
soberania popular e, assim, efetivar a ampla democracia participativa.

Iniciativa popular de lei

Meio pelo qual o povo pode apresentar diretamente projetos de lei ao


Legislativo subscritos por um número mínimo de cidadãos (BRASIL, 2006, p.
52).

Plebiscito

Consulta de caráter geral, que objetiva decidir de forma prévia questões


políticas ou institucionais (BRASIL, 2006, p. 52).

Referendo

Mecanismo de ratificação ou de regulação de matérias anteriormente


decididas pelo poder público, como a aprovação ou rejeição de projetos de lei
(BRASIL, 2006, p. 52).

33
Orçamento participativo

Processo de definição do orçamento público que possibilita a realização de


debates, audiências e consultas públicas sobre propostas do Plano Plurianual,
da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual, como
condição obrigatória para a sua aprovação pela câmara de vereadores
(BRASIL, 2006, p. 52).

Para Refletir
Faça uma pesquisa e analise as leis e os códigos existentes em seu
município. Após isso, busque responder às seguintes perguntas :

- Em que formato estão situadas as leis referentes ao meio ambiente: em


código próprio, na Lei Orgânica, no Plano Diretor ou de forma esparsa?
- As leis existentes atendem às necessidades da sua comunidade?
- Com as leis atuais, quais são as possibilidades de se ter um Sistema
Municipal de Meio Ambiente realmente atuante?

Algumas iniciativas são importantes no sentido de integrar o Poder


Legislativo nos seus níveis federal, estadual e municipal. O Portal
Interlegis, por exemplo, é um programa desenvolvido pelo Congresso
Nacional, que utiliza as tecnologias de informação (Internet,
videoconferência e transmissão de dados). Tem por objetivo permitir a
comunicação e a troca de experiências entre parlamentares e destes com o
público em geral. O portal conta com um importante banco de dados
sobre legislação, o qual inclui as leis orgânicas das capitais dos estados.

34
Para maiores informações sobre o Portal Interlegis, acesse o site:
http://www.interlegis.leg.br/

Não devemos esquecer que o processo de elaboração de leis, mesmo que seja
uma iniciativa do Poder Executivo, perpassa pelo Poder Legislativo. Desse modo,
abordaremos, a seguir, a relação com este poder e também com o Ministério Público.

A relação com o Legislativo e Ministério Público

A proposta de leis deve ser realizada em estreita sintonia com o importante ator
social que constitui a câmara dos vereadores. Cultivar boas relações com vereadores e
vereadoras, compreender a correlação de forças existentes naquele espaço e reconhecer
potenciais aliados do ideário da sustentabilidade socioambiental são práticas
recomendáveis para quem trabalha com a gestão ambiental. A aproximação com a
câmara municipal consiste em um trabalho de sensibilização constante para a necessária
mudança de mentalidade em direção ao desenvolvimento sustentável do município.

Vereadores e vereadoras são peças-chave na formulação e aprovação de leis


capazes de equilibrar as dimensões econômica, social, cultural e ambiental do município.
Para isso, é indispensável o esclarecimento inicial sobre a natureza e a abrangência do
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Ao mesmo tempo, deve-se estimulá-los a participar
das instâncias colegiadas do sistema, de forma a permitir-lhes engajar-se e acompanhar a
gestão ambiental em suas múltiplas ramificações.

Essa forma de atuar deve estender-se também ao Legislativo estadual e ao federal,


o que valoriza a função do legislador, possibilitando o surgimento de relações mais
harmoniosas e colaborativas entre os Poderes Executivo e Legislativo. Trata-se de um
importante meio de administrar os conflitos que normalmente surgem entre esses dois
poderes.

35
Dessa forma, deve-se trabalhar também para introduzir mudanças no
funcionamento da própria câmara de vereadores, contribuindo para tornar a sua atuação
mais transparente e permeada pela participação popular. Isso envolve mudanças na lei
orgânica no sentido de:

 Definir mecanismos que dificultem a alteração dos objetivos e das diretrizes


gerais da Política Municipal de Meio Ambiente e do Plano Diretor, de forma a
impedir ações oportunistas;

 Tornar obrigatória a divulgação prévia de audiências públicas para projetos


de lei como os de Plano Diretor, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei de
Parcelamento, Lei de Proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural,
Paisagístico e Natural do Município, permitindo, dessa forma, amplo debate
público;

 Fixar quórum qualificado para aprovação e alteração de leis importantes


como a lei do Plano Diretor, o Código de Obras, a Lei de Uso e Ocupação
do Solo, entre outras;

Quórum qualificado

Número mínimo de parlamentares para abrir sessão ou proceder a votação. Nas


sessões, há dois ritos: o quórum simples (o total de votos deve ser maior do que
a metade do total de votos dos presentes) e o quórum qualificado. Este último,
em geral, requer o voto de dois terços dos membros do Poder para aprovação da
matéria, por exemplo, nas votações de emenda à Lei Orgânica (PNC, 2006, p. 53).

 Regulamentar a participação popular no processo legislativo nas questões


relativas ao meio ambiente, como o referendo popular e o plebiscito.

36
Além disso, é vital que os gestores ambientais atuem em cooperação com os
procuradores municipais, ou seja, os representantes do Ministério Público no município. O
Ministério Público tem o papel de defender a ordem jurídica, os interesses da sociedade e
observância da Constituição e das leis.

A atuação em conjunto com o Ministério Público permitirá maior consciência dos


limites legais de suas ações. Dessa forma, terão mais eficácia, agindo sempre de acordo
com os procedimentos legais corretos. Ademais, haverá uma maior capacidade de
recorrer ao Judiciário sempre que houver necessidade de dar respostas rápidas a
situações criadas no município e que afetem o meio ambiente e a qualidade de vida da
sua população.

Em resumo

Todas as ações municipais de gestão ambiental precisam estar respaldadas em


leis. A legislação ambiental federal e dos estados é bastante ampla e possibilita aos
municípios agir a partir de seus preceitos. Porém, os municípios também têm
competência em matéria legislativa, em especial, para assuntos de interesse local.

A Lei Orgânica é a “constituição municipal” e dispõe sobre a estrutura, o


funcionamento e as atribuições dos poderes Executivo e Legislativo. Essa lei deve
disciplinar o essencial, cabendo às leis infraconstitucionais, subordinadas a ela, o
detalhamento de matérias específicas.

A existência de legislação ambiental municipal também demonstra


amadurecimento do município para assumir a gestão do seu território. Entretanto, para se
realizar uma legislação “viva”, vale considerar o contexto regional e local do município,
bem como o planejamento existente, além de contar com apoio especializado.

Algumas leis podem servir para alavancar profundas mudanças de mentalidade e


comportamento. Além disso, o cultivo de boas relações com o Poder Legislativo local e o
Ministério Público também se mostra essencial para ter as ações empreendidas sempre

37
em acordo com as normas legais e para dar respostas rápidas a situações que sejam
capazes de afetar negativamente o meio ambiente e a qualidade de vida da população.

Tendo isso em vista, veremos no próximo capítulo, como se dá o processo de


criação de órgãos da instância executiva nessas localidades.

38
UNIDADE 3: ÓRGÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE: INSTÂNCIA
EXECUTIVA

Neste capítulo, estudaremos mais especificamente a estruturação do Órgão


Municipal de Meio Ambiente, considerando suas atribuições e principais diretrizes. Além
disso, abordaremos algumas práticas sustentáveis na gestão pública e o perfil mais
adequado do corpo técnico. Porém, antes de tudo isso, é importante termos uma melhor
compreensão do Sistema Municipal de Meio Ambiente. Prontos?

Atribuições do Sistema Municipal de Meio Ambiente

O campo de atuação do município na área de meio ambiente inclui um elenco


bastante diversificado de atribuições, que, de modo geral, podem ser agrupadas em:

 Agendas positivas – envolvem medidas que auxiliam na definição das


diretrizes ambientais municipais, visando mostrar “como fazer” o
desenvolvimento local sustentável. Tais práticas apoiam-se em ações de
planejamento e de educação ambiental, nas normatizações necessárias e
em uma política tributária voltada a incentivar formas sustentáveis de
produção.

Política tributária

Conjunto de medidas referentes à cobrança de impostos (BRASIL, 2006, p. 29).

 Ações de comando e controle – essas atividades englobam o licenciamento,


o monitoramento, a fiscalização e o exercício do poder de polícia ambiental.
Também faz parte dessa área a geração de informações e dos dados
39
necessários à comparação periódica da qualidade ambiental, para o
exercício do chamado monitoramento ambiental.

Monitoramento ambiental

Procedimento destinado a verificar a variação, ao longo do tempo, das


condições ambientais em função das atividades humanas (BRASIL, 2006, p. 29).

 Conservação e recuperação de ecossistemas – refere-se à gestão de


unidades de conservação municipais, conservação de parques, jardins,
arborização urbana, assim como ações de recuperação ambiental em áreas
rurais, como a preservação de nascentes e matas ciliares (BRASIL, 2006, p.
29).

Conservação

O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a


preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e
a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral
(BRASIL, Lei 9.985, de 18 de julho de 2000).

Recuperação

Ação destinada a reverter processos de degradação ambiental por


meio de práticas e técnicas que visem restaurar o equilíbrio perdido
(BRASIL, 2006, p. 29).

40
Unidades de Conservação

Porções do território nacional com características de relevante valor


ecológico e paisagístico, de domínio público ou privado, legalmente
instituídas pelo poder público com limites definidos sob regimes
especiais de administração, aos quais se aplicam garantias
adequadas de proteção, tais como: parques nacionais, reservas
biológicas, estações ecológicas (BRASIL, 2006, p. 29).

 Administração interna – lida com o dia-a-dia da administração, como o


orçamento, a formação permanente do corpo de profissionais da área e
assessoria jurídica, entre outras atribuições.

Algumas dessas atividades são novas para a maioria dos municípios e requerem
pessoal qualificado, além de leis e procedimentos específicos. Assim, é preciso estruturar-
se em torno de um Órgão Municipal de Meio Ambiente. A forma como esse se insere na
administração municipal dependerá do tamanho do município e da complexidade da
questão ambiental local, como já vimos no Módulo 1 deste curso.

Esse órgão adquire várias configurações. Pode ser uma assessoria especial,
diretamente vinculada ao gabinete do prefeito. Pode também funcionar como um
departamento ou divisão de uma secretaria municipal já existente, como as de agricultura
ou turismo. Em municípios maiores e mais complexos, torna-se uma secretaria específica.

Quanto mais simples e modesta a estrutura adotada, é mais importante tornar a


gestão ambiental uma política de governo, mobilizando os outros órgãos dentro de um
processo participativo e aberto à população local. O mais importante é que não seja mais
um inexpressivo quadrinho no organograma da prefeitura, sem corpo técnico, sem
recursos e sem atuação.

Atribuições, diretrizes e estrutura dos órgãos municipais de meio ambiente

41
O Órgão Municipal de Meio Ambiente é o executor da política ambiental local e tem
características predominantemente técnicas. Deve ser criado por lei, na qual são
esclarecidas as suas atribuições, bem como as competências dos agentes encarregados
do gerenciamento ambiental e, principalmente, da fiscalização. A lei deve estabelecer
também as regras para a tramitação dos processos administrativos instaurados na
apuração das infrações administrativas ambientais, embasando-se para isso na Lei
dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais, bem como na legislação
ambiental do estado.

Vale lembrar que, para realizar o licenciamento ambiental de obras de impacto


local, o Órgão Municipal de Meio Ambiente deverá contar com um quadro técnico capaz
de analisar os empreendimentos e emitir pareceres.

Tramitação

Sequência de procedimentos para se alcançar um efeito ou objetivo


(BRASIL, 2006, p. 30).

Infrações administrativas ambientais

É “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,


promoção, proteção e recuperação do meio ambiente” (BRASIL, Lei
9.605, de 12 de fevereiro de 1998).

Para maiores informações sobre a Lei 9.605/1998, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm

42
O município possui autonomia para definir as competências de seu órgão de meio
ambiente, o que deve ocorrer respeitando-se a vocação de cada local. Dessa forma, se o
município for predominantemente agrícola, por exemplo, deve enfatizar o controle
ambiental sobre os impactos dessa atividade, compondo o seu quadro com técnicos mais
voltados a esse setor. Os exemplos de atribuições a seguir podem servir como guias no
momento de se estabelecer a lei de criação do órgão.

 Coordenar a política municipal de meio ambiente;


 Colocar em prática o planejamento ambiental;
 Fiscalizar o cumprimento da legislação em vigor, com destaque para o que
estabelece a Lei Orgânica Municipal;

Lei Orgânica Municipal

Lembre-se, a Lei Orgânica Municipal é considerada a “constituição”


do município, dispõe sobre a estrutura, o funcionamento e as
atribuições dos poderes Executivo e Legislativo municipais (BRASIL,
2006, p. 30).

 Exercer o controle e a fiscalização ambiental;


 Realizar o diagnóstico ambiental do município;

Diagnóstico ambiental

Descrição das condições ambientais de determinado local (BRASIL,


2006, p. 30).

43
 Realizar o licenciamento ambiental de obras e empreendimentos de impacto
local;
Realizar o zoneamento ambiental do município;

Zoneamento ambiental

Estudo que envolve várias áreas de conhecimento e define as possíveis


ocupações do solo de acordo com a vocação ecológica do local (BRASIL,
2006, p. 30).

 Manter a infraestrutura necessária ao bom funcionamento do Conselho


Municipal de Meio Ambiente;

 Submeter a esse conselho as propostas de normas, procedimentos e


diretrizes para o gerenciamento ambiental municipal, assim como os
pareceres técnicos necessários ao licenciamento ambiental;

 Desenvolver atividades de educação ambiental sobre a necessidade de


proteger, melhorar e conservar o meio ambiente;

 Acompanhar as condições do meio ambiente no âmbito do município, por


meio de um conjunto de indicadores de qualidade ambiental.

Indicador ambiental

Variável qualitativa ou quantitativa, em tempo e espaço definido,


que pode ser mensurada ou descrita e que permite o
acompanhamento dinâmico da realidade (BRASIL, 2014c).

44
Para maiores informações sobre indicadores ambientais, reveja o
capítulo 1, do Módulo 1, deste curso.

É importante salientar também algumas diretrizes para o apoio executivo. Nesse


âmbito, é devemos salientar que a administração precisa de um número de funcionários
condizente com as necessidades essenciais. Além disso, pode contar com o apoio do
saber da comunidade. Alguns municípios da Amazônia, por exemplo, criaram a figura dos
“agentes ambientais voluntários”. Trata-se de pessoas da própria comunidade que
fiscalizam o uso de lagos e rios para evitar a pesca excessiva, orientam práticas agrícolas
sem uso do fogo, entre outras ações, agindo como elos entre o poder público e
sociedade.

Ademais, é necessário estruturar-se para atender prioritariamente as necessidades


críticas locais, ou seja, aquelas que provoquem maiores danos e incômodos à população.
Por exemplo, atendendo a comunidades situadas em áreas de risco nas cidades, atuando
de forma preventiva e evitando que se instalem em topos de morros e beiras de rios.

Também convém buscar cooperação com outras áreas da administração, tanto


municipal quanto estadual e federal instaladas em seu território, pois, conflitos e
superposições significam desperdício de recursos públicos, além de desgaste político e
descrédito por parte da população.

Não se deve esquecer de buscar caminhos ágeis e eficazes para a resolução dos
problemas, evitando, com isso, a burocracia e a sensação de que os órgãos ambientais
representam um freio para o desenvolvimento. Cabe ainda, é claro, prestar contas à
população, periodicamente, das ações desenvolvidas.

45
Não podemos esquecer que muitos dos problemas relacionados à má gestão
ambiental municipal devem-se a enganos na montagem de sua estrutura. Para evitar isso,
o órgão ambiental necessita de dotação orçamentária, pois mesmo que represente uma
pequena divisão de outra secretaria, deve dispor de recursos próprios previstos no
Orçamento Municipal. Trata-se de um investimento que poderá reverter em recursos para
o município, como com a cobrança de multas previstas em lei.

Além disso, deve haver uma infraestrutura física condizente com suas atribuições,
o que pode significar apenas uma sala ou vários prédios, dependendo do tamanho do
município ou da complexidade das questões ambientais com as quais o Órgão Municipal
de Meio Ambiente terá que trabalhar. O mesmo vale para os materiais, equipamentos e
veículos necessários.

Devemos acrescentar ainda a necessidade de quadro de pessoal capacitado para


exercer as diferentes tarefas que o órgão executa. O fato de você estar participando
dessa capacitação representa uma grande contribuição para isso!!

Um modelo de gestão pública sustentável

As equipes da área de meio ambiente muitas vezes são vistas como altamente
criativas e inovadoras em termos de soluções que apresentam para os problemas do
município. Porém, nem sempre aplicam essas mesmas soluções em sua própria prática
cotidiana. Um exemplo? Muito se fala nos três “erres”: reduzir, reutilizar e reciclar. Porém,
grande parte dos escritórios de secretarias de meio ambiente está abarrotada de copos
descartáveis jogados no lixo comum. Esse é apenas um exemplo. Há muitos outros.
Vamos conferir?

Nos prédios, geralmente são usados materiais de construção caros e inadequados


às condições locais; pouco aproveitamento da ventilação e da luminosidade naturais; uso
intensivo de aparelhos de ar condicionado; pouco espaço destinado a áreas verdes;
manutenção inadequada, desperdício de água e de eletricidade.

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Já na prática administrativa observa-se o uso excessivo de papel e de materiais
descartáveis; desconhecimento de critérios “ambientalmente corretos” nas compras
realizadas pelo órgão; desconhecimento de mecanismos para reciclagem; falta de
conforto no atendimento ao público; excesso de burocracia; e uso de materiais de limpeza
causadores de impactos ambientais.

Na qualidade dos ambientes de trabalho é comum barulho excessivo; tabagismo;


falta de organização e de higiene; excessiva competição; falta de pausas para exercício
físico; desmotivação; desvios de conduta, desrespeito aos portadores de necessidades
especiais.

Assim, logo em seus primeiros momentos, o órgão ambiental deve esforçar-se para
dar o exemplo, introduzindo novas práticas na administração pública municipal, como a
implementação da A3P. Você sabe o que significa a A3P?

A A3P significa Agenda Ambiental na Administração Pública. É uma ação de


caráter voluntário, que pretende induzir a adoção de um modelo de gestão pública que
corrija e diminua impactos negativos gerados durante a jornada de trabalho. Baseia-se em
recomendações sobre o uso eficiente dos recursos naturais, materiais, financeiros e
humanos.

Essa iniciativa propõe a construção de uma nova cultura institucional na


administração pública, envolvendo os três níveis: federal, estadual e municipal. Volta-se
para a qualidade de vida no trabalho, para a adoção de critérios ambientais corretos e de
práticas sustentáveis. Seus eixos temáticos são: gestão de resíduos, licitação sustentável,
qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação de servidores,
uso racional de recursos e construções sustentáveis.

Nesse sentido, a inserção de critérios ambientais busca minimizar os impactos


sobre o meio ambiente, por meio do combate ao desperdício, do incentivo a programas e
práticas de reciclagem de materiais, além de uma série de outras medidas que visam
tornar o espaço de trabalho o mais saudável possível.

47
Para maiores informações sobre a A3P, tais como, passos para
implementação, publicações e boas práticas, acesse:
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p

O perfil do corpo técnico

Os ventos da renovação também devem soprar sobre a qualidade do corpo técnico


do Órgão Municipal de Meio Ambiente. É preciso criar uma instituição moderna, enxuta e
participativa. Essa deve ser formada, preferencialmente, por profissionais concursados,
com adequada preparação técnica e grande motivação. Equipes com formação
multidisciplinar são mais eficientes. Por exemplo, os fiscais que atuam também como
educadores podem ser mais simpáticos à população.

Por ser uma área que se relaciona com praticamente todas as demais secretarias
do município, é mais interessante que a pessoa a encabeçar o Órgão Municipal de Meio
Ambiente tenha uma visão abrangente da realidade municipal e seja capaz de dialogar
com outros parceiros na prefeitura, além de abrir-se ao convívio com a comunidade. Essa
pessoa deve ter um perfil articulador e que saiba extrair do corpo técnico e de
especialistas tudo aquilo que eles puderem oferecer em termos de soluções, sem,
contudo, tornar-se prisioneira de visões estritamente técnicas.

A composição da equipe técnica do Órgão Municipal de Meio Ambiente é


estabelecida por meio de lei que cria os cargos e determina a realização de concursos
públicos para preenchê-los. Esses profissionais deverão ser escolhidos de acordo com as
características de cada município. Por exemplo, um município predominantemente
florestal deve dar ênfase à contratação de engenheiros florestais, biólogos ou ecólogos,
entre outros profissionais, que poderão conhecer com mais profundidade os problemas
gerados ao meio ambiente por práticas como desmatamentos e queimadas.

48
E Qual deve ser o tamanho e a composição da equipe de meio ambiente de seu
município? Vamos pensar sobre isso?

Para refletir
Considerando a realidade do seu município, utilize os critérios abaixo para
compor, individualmente ou em grupo, a equipe técnica necessária ao
Órgão Municipal de Meio Ambiente:
- Quais serão as atribuições dessa equipe?
- Que trabalhos cabem à equipe permanente e quais podem ser delegados a
terceiros?
- Quais são as características profissionais necessárias a uma equipe
permanente, considerando a realidade administrativa e ambiental do
município?
- Qual o tamanho ideal da equipe, para que esta seja capaz de atender às
demandas, sem que haja capacidade ociosa?

Nesse processo de formação da equipe técnica, devem ser considerados os


procedimentos para efetivação dos servidores públicos. Assim, deve haver aprovação,
pela câmara dos vereadores, de lei de criação de cargos técnicos, administrativos e de
fiscalização (que pode estar incluída na lei que cria o Órgão Municipal de Meio Ambiente
ou o Sistema Municipal de Meio Ambiente).

No caso de cargos efetivos, também deve ser realizado concurso público. Além das
provas, a análise de títulos, por exemplo, com a comprovação dos anos de experiência
profissional e acadêmica, podem complementar os critérios de seleção. Em geral, as
universidades prestam valioso auxílio na formulação e promoção de concursos públicos.

Após a realização de concurso, pode haver também uma fase de treinamento dos
aprovados na seleção, algo bastante recomendável, tendo em vista uma melhor
ambientação do corpo técnico às atividades que executará.

Não podemos nos esquecer também que a qualificação constante é fundamental


para a realização de um trabalho. Trata-se de um investimento que dará sustentação ao
Sistema Municipal de Meio Ambiente. Desse modo, cabe ao município promover a
capacitação de seu corpo técnico e administrativo, qualificando-o para executar com
49
competência as suas funções. Para otimizar o aproveitamento de recursos humanos
qualificados, administrações regionais e associações microrregionais podem disponibilizar
técnicos que assessorem vários municípios ao mesmo tempo.

Em resumo

O Órgão Municipal de Meio Ambiente, na condição de ente executor do Sistema


Municipal de Meio Ambiente, possui um amplo leque de atribuições que pode ser
sintetizado em: agendas positivas, ações de comando e controle, conservação e
recuperação de ecossistemas e administração interna. A forma como se insere na
administração municipal vai depender do tamanho do município e da complexidade das
questões ambientais locais.

Para ser instituído, este órgão de caráter técnico precisa estar previsto em lei. A lei
deve prever o exercício de fiscalização, bem como conferir este poder ao corpo de fiscais.
Além de exercer a fiscalização, o Órgão Municipal de Meio Ambiente tem a atribuição de
realizar o licenciamento ambiental, para o qual deve contar com um quadro técnico
capacitado. Essa atividade só poderá ser exercida se o município tiver o Conselho
Municipal de Meio Ambiente em atividade.

Para o seu bom funcionamento, o Órgão Municipal de Meio Ambiente deve contar
com orçamento próprio, infraestrutura física condizente e pessoal preparado para exercer
as tarefas. Deve também dar o exemplo para a administração municipal, introduzindo
práticas ecológica e socialmente corretas, que vão desde a escolha do espaço físico às
práticas administrativas que poupem os recursos naturais e promovam maior qualidade
nos ambientes de trabalho.

Para criar uma instituição moderna, enxuta e participativa, deve investir em


profissionais concursados e motivados. A pessoa a encabeçar a instituição precisa
conhecer a realidade municipal e dialogar com outros setores da prefeitura, além de abrir-
se ao contato com a comunidade. Suas escolhas devem se basear em critérios técnicos,
porém com a necessária sensibilidade social.

50
Até aqui compreendemos os processos de mobilização, elaboração de leis e
formação do Órgão Municipal de Meio Ambiente. Vamos avançar um pouco mais? A
seguir, estudaremos a formação dos conselhos municipais de meio ambiente.

51
UNIDADE 4: CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AAMBIENTE: INSTÂNCIA DE
DECISÃO E DE PARTICIPAÇÃO

Neste capítulo, estudaremos um pouco mais acerca dos conselhos de meio


ambiente, porém, agora, em âmbito local. Veremos sua composição e representação dos
diversos segmentos da sociedade, o papel que lhes cabe na estrutura do Sistema
Municipal de Meio Ambiente, os trabalhos especializados por meio das câmaras técnicas
e grupos de trabalho, além das principais etapas para a criação de um conselho no seu
município.

A presença dos conselhos de meio ambiente nos municípios

O Conselho de Meio Ambiente é, por excelência, um fórum de diálogos e de


construção de conhecimento sobre o meio ambiente local. É também um espaço
adequado para administrar conflitos, propor acordos e construir uma gestão ambiental
que esteja em consonância com os interesses econômicos e sociais locais.

Em âmbito federal, há o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que


como vimos no Módulo I deste curso, faz parte do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
SISNAMA. É importante observar que a implantação da política ambiental no Brasil
acompanha o processo de democratização, o que favoreceu a sua consolidação, ao
mesmo tempo em que a luta de movimentos ambientalistas e a criação de colegiados
como o CONAMA também serviram à ampliação de horizontes no que diz respeito a
novos direitos, consignados depois pela Constituição de 1988. Segundo Carlos Sojo, “o
CONAMA é produto e ingrediente da transição democrática no Brasil” (2002 apud DINIZ,
2010, p. 78).

Em âmbito local, a instalação dos conselhos também foi estimulada a partir da


Constituição federal de 1988, que fortaleceu o debate sobre a autonomia municipal.
Nesse sentido, pode-se afirmar que sua missão é consultiva, deliberativa, normativa,
fiscalizadora ou de assessoramento do poder executivo. Por meio dos conselhos, é
estabelecido um novo formato de relações entre a sociedade e o Estado, além de

52
proporcionar a institucionalização da participação de segmentos da sociedade civil
organizada (BRASIL, 2010).

A respeito disso, o diagnóstico Perfil dos Municípios Brasileiros, Meio Ambiente,


realizado em 2002, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que
a realidade brasileira ainda estava distante da meta de se ter o SISNAMA em pleno
funcionamento. Na maioria dos municípios (65,9%) não havia conselhos de meio
ambiente (BRASIL, 2005a).

Desde então, essa realidade mudou gradativamente. Os dados da pesquisa


realizada em 2009 revelaram que 56,3% dispunham de Conselho Municipal de Meio
Ambiente. Em 2012, o número foi 63,7%; já em 2013, 67,9%. Apesar do avanço, as
pesquisas mostram uma defasagem, se forem considerados outros conselhos, como os
de Assistência Social, Direitos da Criança e do Adolescente, que são obrigatórios,
conforme leis federais, e que estão presentes em quase todos os municípios brasileiros
(BRASIL, 2010; 2013; 2014).

Gráfico: Percentual de municípios brasileiros que dispunham de conselho municipal

PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS
BRASILEIROS QUE DISPUNHAM DE
CONSELHO MUNICIPAL
67,90%
63,70%
56,30%
34,10%

2002 2009 2012 2013

Fonte: (BRASIL, 2005a; 2010; 2013; 2014).

Você sabe quais segmentos da sociedade fazem parte do Conselho Municipal de


Meio Ambiente?

53
Um espaço representativo

Cada vez mais a população, juntamente com o poder público, tem sido chamada a
participar da gestão do meio ambiente. Para isso, é necessário que sejam criados
mecanismos institucionais que promovam o aumento da consciência ambiental e a
mudança de hábitos e de comportamentos. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é um
órgão criado para esse fim. Trata-se de um instrumento de exercício da democracia,
educação para a cidadania e convívio entre diferentes setores da sociedade.

Esse espaço destina-se a colocar em torno da mesma mesa os órgãos públicos, os


setores empresariais e políticos e as organizações da sociedade civil no debate e na
busca de soluções para o uso dos recursos naturais, a recuperação dos danos
ambientais, a qualidade ambiental do município e o alcance do desenvolvimento
sustentável.

Devemos considerar que a criação de um conselho ativo e de composição


democrática atende aos princípios que estruturam o SISNAMA. Com acesso às
informações necessárias, cidadãos e cidadãs saberão de seus direitos e deveres e se
sentirão mais responsáveis pela qualidade ambiental do lugar em que vivem. Ao debater
publicamente questões relevantes para a qualidade de vida, o conselho também pode ser
um valioso aliado da democratização da informação.

Isso motiva os políticos, técnicos e cidadãos a conhecerem mais as questões


ambientais e ultrapassarem a fronteira da criação de fóruns apenas para “marcar
posições”. Nesse sentido, é importante que os conselhos sejam dinâmicos, interativos e
tecnicamente preparados.

O Conselho Municipal de Meio Ambiente que seja representativo dos diversos


setores da sociedade cumpre melhor suas atribuições. A sua composição pode ser
paritária, apresentando em igualdade numérica representantes do poder público
(municipal, estadual e federal) e da sociedade civil organizada, por exemplo, o setor
empresarial, setor sindical, universidades, entidades ambientalistas.

54
Cada conselho deve espelhar em sua composição as forças atuantes no local. Por
isso, é necessário conhecer antes quais são essas forças. Devido à interdisciplinaridade
da questão ambiental, de forma genérica, podem fazer parte do Conselho Municipal de
Meio Ambiente, por exemplo, representantes de:

 Secretarias municipais de saúde, educação, meio ambiente, obras,


planejamento e outras cujas ações interfiram no meio ambiente;

 Câmara de vereadores;

 Órgãos estaduais e federais presentes no município;

 Sindicatos;

 Entidades ambientalistas;

 Grupos de produtores rurais;

 Instituições de defesa do consumidor;

 Associações de bairros;

 Grupos de mulheres, de jovens e de pessoas da terceira idade;

 Entidades de classe (arquitetos, engenheiros, advogados, professores, etc);

 Entidades representativas do empresariado;

 Instituições de pesquisa e de extensão;

 Movimentos sociais e de minorias que sejam importantes para o município.

55
É importante ressaltar também que os conselheiros
municipais de meio ambiente são pessoas que agem
de forma voluntária em benefício da comunidade e,
portanto, não recebem pagamento pelos serviços
prestados.

Aconselha-se ainda que o Conselho Municipal de Meio Ambiente seja proporcional


ao número de habitantes do município, tal como consta da tabela a seguir:

Tabela: Proporcionalidade entre número de conselheiros e de habitantes da localidade

Número de conselheiros População do município


10 Menos de 20 mil habitantes
12 Entre 20 mil e 50 mil habitantes
14 Entre 50 mil e 100 mil habitantes
16 Entre 100 mil e 200 mil habitantes
18 Entre 200 mil e 500 mil habitantes
20 Mais de 500 mil habitantes

Fonte: (BRASIL, 2005b)

Ademais, os conselhos podem ser paritários, quando possuem composição


equilibrada em número de membros por categoria; ou majoritários, com representação
diferenciada em número de membros por categoria.

A presidência do Conselho, em geral, é exercida pelo próprio prefeito ou por


pessoa designada a representá-lo, como o secretário de meio ambiente. Há, no entanto,
experiências bem-sucedidas de designação do presidente pelos próprios membros do
conselho.

E afinal, para que serve o Conselho Municipal de Meio Ambiente?

56
O papel do Conselho Municipal de Meio Ambiente

Já sabemos que o Conselho Municipal de Meio Ambiente tem como função


principal opinar e assessorar o poder executivo municipal – a prefeitura, suas secretarias
e o órgão ambiental municipal – nas questões relativas ao meio ambiente. Nos assuntos
de sua competência, é também um fórum para se tomar decisões. Desse modo, entre as
possíveis atribuições do Conselho podemos citar:

 Elaborar o seu regimento interno a partir de princípios e diretrizes


previamente estabelecidos, que orientem inclusive o seu funcionamento
preliminar;

 Propor a política ambiental do município e fiscalizar o seu cumprimento;

 Analisar e, dependendo da legislação municipal, conceder licenças


ambientais para atividades potencialmente poluidoras em âmbito municipal;

 Analisar recursos quanto à aplicação de multas e outras penalidades;

 Promover a educação ambiental;

 Aprovar ou referendar o uso de recursos destinados ao meio ambiente,


fiscalizando sua alocação, bem como as ações do Fundo Municipal de Meio
Ambiente;

 Propor a criação de normas legais, bem como a adequação e a


regulamentação de leis, padrões e normas às condições municipais;

 Acompanhar a implementação das unidades de conservação do município;

 Sistematizar a divulgação de seus trabalhos;

 Opinar sobre aspectos ambientais de políticas estaduais ou federais que


tenham impactos sobre o município;
57
 Receber e apurar denúncias feitas pela população sobre degradação
ambiental, sugerindo à prefeitura as providências cabíveis.

Essas são algumas das atribuições possíveis, mas cada município pode
estabelecer as competências do seu conselho, de acordo com a realidade local. Porém,
lembre-se, o conselho não tem a função de criar leis!

Criar leis compete ao legislativo municipal, ou seja, à câmara de vereadores. O


Conselho pode, no entanto, sugerir sua criação, bem como a adequação e a
regulamentação das já existentes, quando isso significar o estabelecimento de limites
mais rigorosos para a qualidade ambiental ou facilitar a ação do órgão executivo.

Da mesma forma, o conselho não tem poder de polícia. Pode indicar ao órgão
ambiental municipal a fiscalização de atividades poluidoras, mas não exerce diretamente
ações administrativas de fiscalização. Pode ainda expedir resoluções, como o fazem o
CONAMA e alguns conselhos estaduais de meio ambiente (CONSEMAs).

Além disso, nos conselhos pode haver câmaras técnicas e grupos de trabalho.
Essa não é uma prática comum aos conselhos de municípios pequenos. Entretanto, nos
municípios mais populosos, o trabalho do conselho pode estar mais bem distribuído por
meio de câmaras técnicas, grupos de trabalho temáticos ou ad hoc para questões
específicas.

Veja no site do CONAMA os temas e as atividades das câmaras técnicas e


dos grupos de trabalho, bem como sua composição e funcionamento.
http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm

58
Ad hoc

Expressão latina que significa para isto; para tal fim. Portanto, um
consultor “ad hoc” é designado, por se tratar de perito, para executar
determinada tarefa (BRASIL, 2006, p. 23).

Devemos considerar também que não há impedimento legal para que o conselho
se dedique a outra área de atuação, além de meio ambiente. Se o município assim o
desejar, poderá criar um conselho de meio ambiente e turismo, meio ambiente e
agricultura, etc. Esse tipo de arranjo pode atender às necessidades de pequenos
municípios ou daqueles em que a questão ambiental está intimamente ligada a uma
atividade específica, como é o caso das estâncias hidrominerais ou dos municípios
litorâneos, que se dedicam principalmente ao turismo.

Relação com a Prefeitura

A Prefeitura deve fornecer todas as condições para o funcionamento do Conselho


Municipal de Meio Ambiente por meio do Órgão Municipal de Meio Ambiente. Por isso,
convém que, antes da criação daquele, este já esteja instalado. O Órgão Municipal de
Meio Ambiente deverá ter capacidade técnica suficiente para dar apoio, inclusive
administrativo, ao funcionamento do conselho. Cabe ainda ao Executivo municipal,
juntamente com a sociedade, colocar em prática as decisões do conselho para que este
se torne um efetivo instrumento de promoção de qualidade ambiental no município. A lei
de criação do conselho deve garantir todos esses aspectos.

O prefeito pode impedir as atividades do conselho?

O Conselho Municipal de Meio Ambiente é instituído por lei da Câmara Municipal.


O Executivo deve cumprir as leis proclamadas pelo Legislativo. Portanto, caso haja algum
impedimento às atividades do conselho, a questão deverá ser encaminhada à própria

59
câmara de vereadores ou ao Ministério Público para que sejam tomadas as devidas
providências.

E como podemos fortalecer o Conselho Municipal de Meio Ambiente?

Além do processo permanente de debates e mobilizações no próprio município,


vale a pena que o conselho promova constante intercâmbio com instâncias similares de
outros municípios, com os CONSEMAS e com o CONAMA. Este órgão, na condição de
referência permanente para os conselhos municipais, tem grande interesse na
constituição de uma rede de conselhos de meio ambiente, no intuito de fortalecê-los como
instâncias de controle social.

Agora que já temos uma base conceitual sobre os conselhos municipais de meio
ambiente, vejamos a seguir como criá-lo em seu município.

Passos para a formação do Conselho Municipal de Meio Ambiente

Em primeiro lugar devemos ter em mente que a criação do conselho dá-se por
meio de lei, mediante iniciativa do Poder Executivo municipal. Pode ser também iniciativa
do Poder Legislativo, quando o prefeito não se interessar ou se omitir. Porém, como está
vinculado ao Poder Executivo e implica despesas e criação de cargos, convém que a
iniciativa parta do prefeito.

Veja, então, quais são os principais caminhos para a formação do conselho de


meio ambiente em seu município.

 Mobilização. A comunidade deve estar envolvida e debater os termos de


criação da lei que institui o Conselho Municipal de Meio Ambiente. É
importante que tenha espaço para conversar sobre o porquê da existência
do conselho e o papel que este exercerá no município, bem como a sua
composição. Esse momento é importante também para identificar pessoas e
grupos interessados em integrar o futuro órgão.

60
 Redação e aprovação da lei. O conselho deve ser instituído por meio de lei
elaborada e aprovada pela câmara de vereadores do município. O texto da
lei conterá finalidades, competências, composição, estrutura e
funcionamento do conselho, conforme consta nesta minuta de lei.

 Nomeação de conselheiros e conselheiras. Cabe ao Poder Executivo


municipal nomear e dar posse aos integrantes do conselho e a seus
respectivos suplentes, bem como facilitar a escolha de quem deverá exercer
a sua presidência.

 Criação e aprovação do regimento interno. Depois de empossados, os


integrantes discutem e aprovam o regimento interno do conselho. Trata-se
de um documento que, de acordo com a lei, define a estrutura de
funcionamento do órgão, suas competências e forma de organização, como
pode ser visto nesta minuta.

 Reuniões periódicas. O Conselho Municipal de Meio Ambiente deve se


reunir com periodicidade regular, e é importante que esses encontros sejam
abertos à participação dos demais membros da comunidade, na condição de
ouvintes.

61
Para refletir
Caso no seu município não exista Conselho Municipal de Meio Ambiente, é
importante criá-lo. Com base nas informações obtidas até agora e nas minutas
apresentadas anteriormente, elabore um conselho para seu município,
considerando, principalmente, as finalidades, composição, organização dos
trabalhos e o funcionamento.
Agora, avalie suas escolhas, considerando os seguintes princípios :

- Representatividade: a composição do conselho reflete as principais forças e


segmentos sociais atuantes no município?
- Credibilidade: as organizações selecionadas e seus representantes espelham a
estima e o respeito da sociedade? São considerados idôneos?
- Operacionalidade: quais providências foram pensadas para que o conselho
tenha sessões ordinárias regulares?
- Publicidade e transparência: que mecanismos foram pensados para garantir
acesso do público a reuniões, documentos e deliberações do conselho?

Caso seu município já possua conselho de meio ambiente, verifique, com base
nos princípios citados acima, de que forma este atende aos requisitos de bom
funcionamento.

Em resumo

O apelo para que a população participe mais dos cuidados com o meio ambiente
tem sua expressão máxima no Conselho Municipal de Meio Ambiente. Este possui as
funções de opinar, assessorar a prefeitura e decidir questões municipais relativas ao meio
ambiente e à qualidade de vida. Destina-se também a colocar em torno da mesma mesa
todos os setores sociais em busca do desenvolvimento sustentável.

Em termos da representação de seus membros, o conselho pode ser paritário ou


majoritário. Entre suas múltiplas atribuições, destacam-se: debater e propor o
planejamento ambiental do município, criar resoluções para a qualidade ambiental do

62
município; analisar e conceder licenças ambientais; avaliar recursos sobre aplicação de
multas, receber e apurar denúncias, fiscalizar as ações e a destinação de recursos, etc.

O ideal é que o conselho represente as forças sociais mais importantes e tenha um


funcionamento regular e transparente. Nos municípios maiores, as suas tarefas são
distribuídas por meio de uma estruturação que prevê a existência de câmaras técnicas e
grupos de trabalho. A prefeitura é encarregada de prover as condições de funcionamento
do conselho. Em locais onde já exista um ou mais conselhos atuantes em áreas afins,
pode-se introduzir a questão ambiental, como forma de otimizar a atuação destes.

Entre os passos para a formação dos conselhos estão: mobilização, composição


da lei e sua aprovação, nomeação de conselheiros e conselheiras, bem como definição
da presidência, criação e aprovação do regimento interno e a realização de reuniões
periódicas.

Como vocês puderam notar, já compreendemos um pouco mais a respeito dos


conselhos municipais de meio ambiente, vejamos a seguir outro ponto fundamental para a
estruturação da gestão ambiental nos municípios: os fundos municipais de meio
ambiente. Prontos?

63
UNIDADE 5: RECURSOS PARA A GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL

Neste capítulo, veremos outro importante elemento para a estruturação da gestão


ambiental municipal: o Fundo Municipal de Meio Ambiente. Além disso, exemplificaremos
outras formas e fontes de captação de recursos para usos relacionados à gestão meio
ambiente local, em especial as de âmbito federal, estadual e internacional.

Recursos previstos em orçamento

Provavelmente, o elenco de ações definidas no plano ambiental municipal será


ambicioso. Muito maior do que os recursos disponíveis na prefeitura para esta área. É,
portanto, necessário descobrir quais são as possíveis fontes de recursos e como acessá-
las. E mais: identificar, entre as necessidades, quais precisam diretamente de dinheiro
para serem realizadas.

O que será necessário? Novas tecnologias? Assistência técnica? Capacitação de


funcionários? Novas máquinas e equipamentos? Reforço na estrutura institucional da
Prefeitura? Saber exatamente qual é a necessidade constitui o primeiro passo. Muitas
vezes, o município não precisa lançar mão de dinheiro, diretamente, para a resolução de
determinado problema.

O segundo passo consiste em identificar entre possíveis fontes de recursos quais


possuem melhores condições de atender às demandas. Em geral, a prefeitura tende a
contar apenas com os recursos do orçamento municipal. Porém, há outras possibilidades
extraorçamentárias das quais se pode lançar mão.

O orçamento público foi concebido originalmente com a missão de equacionar


despesas. Entretanto, hoje ele é reconhecido como um importante instrumento de
planejamento. A partir da Constituição de 1988, firmou-se a visão de tratá-lo como um
programa no qual constam os investimentos necessários ao desenvolvimento do
município. Dessa forma, as ações e os recursos para executá-las traduzem uma visão de
mais longo prazo e sujeitam-se menos à vontade pessoal do prefeito e a interesses
imediatistas.

64
Orçamento público

Instrumento de planejamento de gestão dos recursos públicos


que obriga o governo a estabelecer a quantia que deverá ser
gasta em cada uma de suas áreas de atuação e em cada nova
obra ou programa a ser executado. (BRASIL, 2006, p.13)

Ao longo dos anos, ganhou cada vez mais força a importância da participação
popular na definição do orçamento. Uma prática hoje adotada por dezenas de municípios
brasileiros é o orçamento participativo, no qual cidadãos e cidadãs dos meios urbano e
rural decidem juntos onde serão gastos os recursos destinados aos investimentos
municipais. Afinal, ninguém melhor que os próprios moradores, que “sentem na pele” os
problemas do cotidiano, para decidir onde serão gastos os recursos. Atualmente, milhares
de cidadãos participam da discussão, definição e fiscalização do orçamento público,
acompanhando de forma mais atenta como está sendo gasto o seu dinheiro.

Orçamento participativo

Processo através do qual a população do municípo


discute, decide e influi na decisão de onde aplicar as
verbas destinadas a investimentos públicos. (BRASIL,
2006, p.13)

E como é feito o orçamento municipal?

Para cada política pública definida, deve-se estabelecer quais ações serão
realizadas e quanto dinheiro será gasto em cada uma. Isso é, em suma, o caráter do
Orçamento público. O plano é elaborado pelo Poder Executivo municipal e aprovado pela

65
Câmara dos Vereadores. Nele constarão quanto, em dinheiro, o poder público (Executivo,
Legislativo e Judiciário, se houver) vai receber e em quais ações esses recursos serão
aplicados durante todo o ano. A base para a realização do orçamento é a busca de
equilíbrio entre receitas, isto é, entre ganhos, rendas e todo tipo de entrada de dinheiro do
município, e as despesas, ou seja, os gastos, investimentos e compras.

As receitas orçamentárias municipais provêm de impostos, taxas e multas pagos


pela população, bem como de repasses dos governos federal e estadual. A elaboração,
aprovação, execução, controle e avaliação do orçamento nas instituições públicas
brasileiras estão previstos em lei. Baseiam-se no Plano Plurianual (PPA), na Lei das
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA).

O Plano Plurianual foi previsto pela Constituição de 1988 e segue os preceitos da


Lei de Responsabilidade Fiscal, que exige maior articulação entre as estratégias definidas
e as diretrizes orçamentárias e fiscais. Estrutura-se de forma que as ações
governamentais sejam gerenciadas em programas e projetos. Ou seja, não apenas define
o recurso que será gasto nas diversas ações, mas também delimita claramente o que
será necessário para realizá-las, os prazos, os custos, bem como o seu
acompanhamento, até que se alcance o resultado esperado.

O PPA é elaborado pelo Poder Executivo, mas pode ser alterado por meio de
emendas. A comunidade mobilizada tem o direito de exigir da prefeitura ou dos
vereadores que o PPA contenha recursos específicos para investimentos na melhoria da
qualidade ambiental, como a criação de mais áreas verdes, a coleta e a reciclagem de
lixo, o tratamento dos esgotos, entre outras medidas.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO tem a finalidade de orientar a elaboração


do orçamento anual por meio das diretrizes, objetivos e metas da administração pública
estabelecidas no PPA. Dessa forma, estabelece os critérios que serão utilizados na
proposta orçamentária de cada ano.

Nesse sentido, a comunidade, as entidades ambientalistas e o conselho municipal


de meio ambiente podem inserir parâmetros nessa lei. Assim, por exemplo, o Executivo
pode indicar que os recursos a serem empregados na merenda escolar sejam gastos com

66
alimentos orgânicos gerados pelos produtores locais; ou ainda estabelecer que todas as
obras executadas pela prefeitura tenham como critério básico o respeito à integridade do
meio ambiente.

A Lei Orçamentária Anual define receitas e despesas para cada um dos programas
e projetos municipais a serem realizados no ano seguinte. Elaborada pelo Poder
Executivo, essa proposta de orçamento deve considerar as metas fixadas no PPA e os
critérios adotados na LDO. Dessa forma, a meta de tratamento de esgotos, prevista no
PPA para durar vários anos, deve ter recursos alocados ou previstos na proposta
orçamentária anual.

Entretanto, a participação popular não deve se restringir à elaboração do


orçamento, consolidado na LOA, mas incluir também o acompanhamento de sua
implementação.

Fundo Municipal de Meio Ambiente: valioso instrumento de gestão municipal

Geralmente, a falta de recursos financeiros constitui um grande empecilho para que


as prefeituras estruturem sua área de meio ambiente. O gestor municipal ao constituir a
área de meio ambiente no município, estará investindo em sua capacidade de
arrecadação. Por exemplo, medidas como a compensação ambiental e as multas
previstas na Lei de Crimes e Infrações Administrativas Ambientais podem ser revertidas
na melhoria da qualidade de vida do município e de sua população.

Porém, captar recursos não significa apenas obter dinheiro ou assistência técnica,
equipamentos e infraestrutura. Significa estabelecer e gerenciar relacionamentos com
instituições que têm interesse na gestão ambiental e no sucesso da administração
municipal. Dependendo de como serão tratadas, essas instituições podem se tornar
importantes parceiras do município.

A criação do Fundo Municipal de Meio Ambiente tem a finalidade de assegurar


recursos financeiros necessários ao desenvolvimento das ações da Política de Meio

67
Ambiente no município, devendo sua criação ser autorizada por lei municipal e suas
receitas, vinculadas ao aperfeiçoamento de mecanismos de gestão ambiental.

Os recursos desse Fundo podem ser utilizados por órgãos das administrações
direta e indireta do próprio município, organizações não-governamentais, organizações da
sociedade civil de interesse público, organizações de base, como sindicatos, associações
de produtores, associações de reposição florestal, entre outras, desde que se configurem
como organizações sem fins lucrativos.

No ano de 2002, os Fundos estavam presentes em somente 1,5% dos municípios,


alcançando 29,6%, em 2009, e 37,2%, em 2012. De acordo com a Pesquisa de
Informações Básicas Municipais, publicada em 2013, (42,8%) municípios do País
dispunham de Fundo de Meio Ambiente. A presença desse fundo é maior na Regiões Sul
(59,5%) e Centro-Oeste (58,9%), seguido pela Região Norte (53,1%); é menor entre os
municípios das Regiões Sudeste (42,6%) e Nordeste (25,2%), conforme gráfico abaixo
(BRASIL, 2014b).

Gráfico: Percentual de municípios com fundo municipal de meio ambiente, segundo


as grandes regiões.

PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS COM


FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE,
SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES
2012 2013
59,50%

58,90%
54,60%
53,10%

51,30%
42,60%
41,90%

36,70%
25,20%
21,40%

NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE

Fonte: (BRASIL, 2014b)

68
Devemos destacar que os estados do Rio de Janeiro (95,6%) e do Rio Grande do
Sul (95,2%) são os que apresentaram os maiores percentuais. Já, os estados do Piauí
(8,5%) e Paraíba (4,5%) apresentam percentuais opostos. Na Região Nordeste, somente
a Bahia (52,0%) mantém resultado superior ao obtido para a média Brasil (42,8%). Além
disso, A ocorrência de um fundo específico para o meio ambiente nos municípios ainda é
baixa entre aqueles com população de até 20 000 habitantes (33,6%), estando mais
presente entre aqueles com mais de 50 000 habitantes (80,2%) (BRASIL, 2014b).

Estruturar o Fundo Municipal de Meio Ambiente pode representar outro patamar de


autonomia e qualidade na captação e na destinação de recursos para a gestão ambiental
municipal. No entanto, antes de criar esse fundo, como já vimos, no Módulo I, é
necessário que os municípios criem o Sistema Municipal de Meio Ambiente.

Desse modo, o Fundo Municipal de Meio Ambiente representa uma fonte de


recursos públicos alocados especificamente para o meio ambiente. É o instrumento
financiador da política ambiental do município, responsável por captar e gerenciar
recursos financeiros destinados a projetos socioambientais, portanto um fundo bem
estruturado e com uma boa gestão pode receber recursos extraorçamentários
(públicos, privados, nacionais e internacionais) e gastá-los sem se sujeitar às regras
orçamentárias convencionais, como a devolução no fim do exercício fiscal.

Recursos extraorçamentários

Valores provenientes de toda e qualquer arrecadação que não figure no orçamento


e, consequentemente, toda arrecadação que não constitui renda do Estado. O seu
caráter é de extemporaneidade ou de transitoriedade nos orçamentos (BRASIL,
2015a).

Agora que já compreendemos o papel do Fundo Municipal de Meio Ambiente,


vejamos a seguir os principais caminhos para sua criação.

69
Passos para a Criação do Fundo Municipal de Meio Ambiente

O Fundo Municipal de Meio Ambiente deverá ser criado e mantido pelo próprio
município para suprir as suas demandas de recursos na área ambiental. Para isso, é
preciso:

Criação da Lei
Regulamentação da Lei
No município, a Câmara de Vereadores é
Definir a natureza e finalidade do fundo;
o órgão responsável pela autorização na
forma como será administrado; recursos
criação do fundo. Este pode ser criado
com os quais poderá operar; modo de
mediante uma lei específica; pode, ainda,
destinação e aplicação dos recursos e
estar previsto na Lei Orgânica do
disposições sobre orçamento e
Município ou em capítulo específico
contabilidade.
sobre meio ambiente de outras leis.

Funcionamento
Agir em conformidade com as Leis no Implementação
8.666/1993 e a Lei Complementar nº Colocar as normas em práticas, o que
101/2000 e outros mecanismos legais, envolve: gestão transparente, com
liberar recursos mediante apresentação participação e controle social; instância
de projetos e adotar critérios para delibrativa colegiada e destinação
financiamento que estejam em exclusiva de recursos para projetos
consonância com a Política Nacional de socioambientais.
Meio Ambiente.

Para maiores informações sobre a Lei 8.666/1993, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm

70
Para maiores informações sobre a Lei Complementar nº 101/2000, acesse
o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm

Além disso, o Fundo Municipal de Meio Ambiente deverá ser estruturado de modo
adequado ao tamanho do município e à sua capacidade de captar e destinar recursos
para o meio ambiente. Da mesma forma, a prioridade para uso dos recursos dependerá
do volume da arrecadação e da capacidade dos gestores em captá-los de outras fontes.
As indicações a seguir podem ser aprimoradas, considerando-se as distintas realidades
locais. Vejamos:

 Órgão gestor – pode ser a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou outro


órgão que tenha entre suas atribuições explícitas para executar a política
ambiental do município. Este órgão deverá prover os recursos humanos e
materiais adequados para o bom funcionamento do Fundo Municipal de
Meio Ambiente.

Caberá ao Órgão Gestor: elaborar a proposta orçamentária do fundo, submetendo-


a a apreciação do colegiado; organizar o plano anual de trabalho e o cronograma de
execução físico-financeira, de acordo com os critérios e prioridades definidas pelo seu
colegiado participativo; celebrar convênios, acordos ou contratos com entidades públicas
ou privadas, visando à execução das atividades custeadas com seus recursos,
observando a legislação vigente; ordenar despesas com seus recursos, de acordo com a
legislação pertinente; prestar contas dos recursos empregados aos órgãos competentes e
monitorar a execução dos projetos conveniados.

 Colegiado participativo – pode ser o Conselho Municipal de Meio Ambiente


ou organização similar que cumpra a mesma finalidade no município. A
pessoa que exerce a presidência desse conselho poderá presidir também o
Fundo Municipal de Meio Ambiente.

71
Colegiado

Fórum consultivo ou deliberativo, estabelecido por instrumento legal, que busca


reunir os segmentos representativos do governo e da sociedade, que atuam em
âmbito estadual (ou municipal), podendo abranger também representantes do
governo federal e dos municípios, para a discussão e o encaminhamento de
políticas, planos, programas e ações (KRIEGER, 2008 p.69).

O colegiado poderá ter como funções: definir os critérios e prioridades para


aplicação dos recursos do fundo; fiscalizar a aplicação dos recursos; apreciar a proposta
orçamentária apresentada pelo órgão gestor, antes que esta seja encaminhada para
inclusão no orçamento municipal; aprovar o plano anual de trabalho e o cronograma
físico-financeiro apresentado pelo órgão gestor; apreciar os relatórios técnicos e as
prestações de contas, antes de seu encaminhamento aos demais órgãos de controle;
outras atribuições que lhe forem consideradas pertinentes, definidas na legislação
ambiental municipal e aprovação, após análise do órgão gestor, dos projetos a serem
financiados.

Cronograma físico-financeiro

Representação gráfica da previsão da execução de um trabalho, na qual se


indicam os prazos em que se deverão executar as suas diversas atividades e os
recursos financeiros a serem desembolsados para isso (BRASIL, 2006 p.57).

 Fontes de recursos – o município pode conseguir recursos para o


funcionamento do Fundo Municipal de Meio Ambiente a partir das seguintes
fontes: dotações orçamentárias específicas, definidas pela prefeitura; taxas
e tarifas ambientais previstas em lei; multas cobradas por infrações às
normas ambientais, na forma da lei; transferências de recursos da União, do
72
Estado ou de outras entidades públicas e privadas; convênios, contratos e
acordos celebrados entre o município e instituições públicas ou privadas,
cuja execução seja de competência do órgão ambiental municipal; doações
em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, recebidos de pessoas física ou
jurídica, públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, desde que o
fundo tenha personalidade jurídica própria; transferência de recursos do
ICMS ecológico; rendimentos de qualquer natureza decorrentes de
aplicações de seu patrimônio; reembolso de serviços prestados,
treinamentos ou produtos vendidos (livros, manuais, etc); e condenações
judiciais de empreendimentos sediados no município ou que afetem o
território municipal, decorrentes de crimes praticados contra o meio
ambiente.

ICMS ecológico

Iniciativa destinada a incentivar a conservação ambiental por meio da adoção


de critérios ambientais na distribuição dos recursos do Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) aos municípios. Dessa
forma, recebem mais recursos aqueles que protegem suas áreas naturais
(BRASIL, 2006 p.58).

 Aplicação dos recursos – Os recursos adquiridos pelo fundo podem ser


aplicados nas seguintes ações: desenvolvimento e aperfeiçoamento de
instrumentos de gestão, planejamento e controle ambiental; criação,
manutenção e gerenciamentos de praças, unidades de conservação e
demais áreas verdes ou de proteção ambiental; execução de projetos e
programas de interesse ambiental, incluindo a contratação de serviços de
terceiros; pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico;
desenvolvimento de programas de capacitação e aperfeiçoamento de
recursos humanos em questões relacionadas ao meio ambiente; custeio de
ações de educação e comunicação ambiental; pagamento de despesas

73
relativas a contrapartidas estabelecidas em convênios e contratos com
órgãos públicos e privados de pesquisa e de proteção ao meio ambiente e
aquisição de material permanente e de consumo necessário à execução da
Política Municipal de Meio Ambiente.

 Acesso aos recursos - Os recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente


podem ser utilizados por órgãos da administração direta ou indireta do
próprio município; organizações não-governamentais (ONGs); organizações
da sociedade civil de interesse público (OSCIPs), organizações de base,
como sindicatos, associações de produtores, associações de reposição
florestal, entre outras, desde que se configurem como organizações sem fins
lucrativos.

Além dessas opções, há outras fontes de recursos para as ações ambientais nos
municípios. Vejamos a seguir essas demais possibilidades.

Para refletir
Pesquise se há no seu município um Fundo Municipal
de Meio Ambiente inserido na estrutura do Sistema
Municipal de Meio Ambiente.

Outras Fontes de Financiamento para as Ações Ambientais

Na esfera federal

a) Fundo Nacional de Meio Ambiente

Historicamente, o financiamento ambiental no Brasil teve início com o Fundo


Nacional de Meio Ambiente, FNMA, criado pela Lei 7.797/1989. A referida lei foi
74
regulamentada pelo Decreto nº 3.524/2000, atualizado pelo Decreto nº 6985/2009, que
estabeleceu a natureza contábil e financeira do fundo e a composição do seu Conselho
Deliberativo. O FNMA é um dos instrumentos do SISNAMA, e tem foco exclusivo nas
questões ambientais. Sua missão é financiar a implementação da Política Nacional de
Meio Ambiente.

Para maiores informações sobre a Lei 7.797/1989, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7797.htm

Para maiores informações sobre o Decreto nº 3.524/2000, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3524.htm

Para maiores informações sobre o Decreto nº 6985/2009, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Decreto/D6985.htm

O FNMA, como agência financiadora integrante do SISNAMA é um dos principais


fundos públicos de fomento socioambiental do Brasil. Seu apoio aos projetos se dá por
meio de:

75
 Demanda espontânea. As propostas podem ser apresentadas em período
específico do ano, definido pelo Conselho Deliberativo, de acordo com as
linhas temáticas e regras do fundo.

 Demanda induzida. As ações são voltadas a projetos estruturantes, de maior


valor, apresentados em resposta a editais específicos, com prazos definidos
e direcionados a um tema ou a uma determinada região do país.

No caso da demanda espontânea, os projetos são de 100 a 300 mil reais. Projetos
de demanda induzida têm seus limites estabelecidos pelo instrumento de seleção (edital
ou termo de referência).

Cabe destacar também que os itens financiáveis podem ser materiais de consumo,
passagens, diárias e despesas com locomoção, serviços de terceiros – pessoa física,
serviços de terceiros – pessoa jurídica, equipamentos e materiais permanentes.

Saiba mais
Para acessar recursos pelo FNMA, deve ficar
claro para a instituição que o recurso
oferecido é de toda a sociedade brasileira.
Sua utilização se sujeita, portanto, aos
princípios da administração pública:
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

Você sabe quais instituições podem receber os recursos do FNMA?

 Instituições públicas da administração direta ou indireta, em seus diversos


níveis (federal, estadual e municipal), categoria na qual se incluem as
prefeituras, com suas secretarias, departamentos ou divisões de meio
ambiente.

 Instituições privadas brasileiras sem fins lucrativos, o que inclui


organizações ambientalistas, fundações, organizações de base e
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que
76
possuam, no mínimo, três anos de experiência comprovada no tema do
projeto.

Desde a criação do FNMA, surgiram muitas outras opções de financiamento na


área ambiental, tanto no setor público como no setor privado. No governo federal, por
exemplo, há diferentes ministérios, órgãos e entidades que apoiam o meio ambiente,
entre os quais fundos específicos, como Fundo Clima, Fundo Nacional Florestal de
Desenvolvimento – FNDF, Fundo Amazônia, o Fundo de Direitos Difusos. Vejamos a
seguir.

Para maiores informações sobre o Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA)


acesse o site do MMA, ou envie um email:
http://www.mma.gov.br/fnma
E-mail: fnma@mma.gov.br

b) Fundo Nacional sobre Mudança do Clima - Fundo Clima

O Fundo Clima foi criado pela Lei nº 12.114/2009 e regulamentado pelo Decreto
nº 7.343/2010. É um instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC,
instituída pela Lei n° 12.187/2009.

Para maiores informações sobre a Lei nº 12.114/2009, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12114.htm

77
Para maiores informações sobre o Decreto nº 7.343/2010, acesse o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Decreto/D7343.htm

Para maiores informações sobre a Lei n° 12.187/2009, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l12187.htm

O Fundo Clima tem por finalidade financiar projetos, estudos e empreendimentos


que visem à mitigação, ou seja, à redução dos impactos da mudança do clima e à
adaptação a seus efeitos. É vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e disponibiliza
recursos em duas modalidades: reembolsável e não-reembolsável. Os recursos
reembolsáveis são administrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social - BNDES. Os recursos não-reembolsáveis são operados pelo Ministério do Meio
Ambiente. Um percentual de 2% da verba anual fica reservado para o pagamento do
agente financeiro e quitação de despesas relativas à administração e gestão (BRASIL,
2015b).

As fontes de recursos do Fundo Clima são as dotações consignadas na Lei


Orçamentária Anual (LOA) da União; doações de entidades nacionais e internacionais,
públicas ou privadas e outras modalidades previstas na lei de criação (BRASIL, 2015b).

O fundo é administrado por um comitê gestor presidido pelo Secretário-Executivo


do Ministério do Meio Ambiente, e deve aprovar a proposta orçamentária e o Plano Anual
de Aplicação de Recursos do Fundo, o PAAR. Ao final de cada ano, é necessário elaborar
relatórios sobre a aplicação das verbas. O órgão colegiado tem também a atribuição de
78
estabelecer diretrizes e prioridades de investimento com frequência bienal (BRASIL,
2015b).

Para maiores informações sobre o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, acesse
o site do MMA:
http://www.mma.gov.br/apoio-a-projetos/fundo-nacional-sobre-mudanca-do-clima

c) Fundo Nacional Florestal de Desenvolvimento - FNDF

O Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF tem a missão de fomentar


o desenvolvimento de atividades florestais sustentáveis no Brasil e promover a inovação
tecnológica no setor. É um fundo público de natureza contábil criado pela Lei nº
11.284/2006, Lei de Gestão de Florestas Públicas, regulamentada pelo Decreto nº
7.167/2010. O Serviço Florestal Brasileiro é o gestor do FNDF (BRASIL, 2015c).

Para maiores informações sobre a Lei 11.284/2006, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11284.htm

79
Para maiores informações sobre o Decreto Nº 7.167/2010, acesse o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Decreto/D7167.htm

As áreas prioritárias para aplicação de recursos são:

 Pesquisa e desenvolvimento tecnológico em manejo florestal;

 Assistência técnica e extensão florestal;

 Recuperação de áreas degradadas com espécies nativas;

 Aproveitamento econômico racional e sustentável dos recursos florestais;

 Controle e monitoramento das atividades florestais e desmatamentos;

 Capacitação em manejo florestal e formação de agentes multiplicadores;

 Atividades florestais;

 Educação ambiental; e

 Proteção ao meio ambiente e conservação dos recursos naturais.

Os recursos do FNDF provêm dos valores arrecadados nas concessões florestais.


Adicionalmente o fundo pode receber doações realizadas de entidades nacionais ou
internacionais, públicas ou privadas; e verbas provenientes de emendas parlamentares.
(BRASIL, 2015c).

80
Para maiores informações sobre o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal, acesse o site:
http://www.florestal.gov.br/extensao-e-fomento-florestal/fundo-
nacional-do-desenvolvimento-florestal/fundo-nacional-de-
desenvolvimento-florestal

d) Fundo Amazônia

O Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não
reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e
de promoção da conservação e do uso sustentável do Bioma Amazônia, nos termos do
Decreto 6.527/2008. O decreto prevê ainda a utilização de até 20% dos recursos do
fundo no apoio ao desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do
desmatamento em outros biomas brasileiros e em florestas tropicais de outros países.

Para maiores informações sobre o Decreto 6.527/08, acesse:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Decreto/D6527.htm

A gestão do fundo é realizada pelo BNDES, que também é responsável pela


captação de recursos, da contratação e do monitoramento dos projetos e ações apoiados.

81
Para maiores informações sobre o Fundo Amazônia, acesse os sites:
http://www.mma.gov.br/apoio-a-projetos/fundo-amazonia ou
http://www.bndes.gov.br/

e) Fundo de Defesa dos Direitos Difusos

O Fundo de Defesa dos Direitos Difusos é um fundo de natureza contábil,


vinculado ao Ministério da Justiça. Foi criado pela Lei nº 7.347/1985 e tem como objetivo
a reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, por infração à ordem econômica e
a outros interesses difusos e coletivos.

Para maiores informações sobre a Lei nº 7.347/1985, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm

Constitui recursos deste fundo: as condenações judiciais de que tratam os Artigos


11 a 13 da Lei n° 7.347/1985, das multas e indenizações decorrentes de aplicação da Lei
nº 7.853/1989, desde que não destinadas à reparação de danos a interesse individuais;
dos valores destinados à União em virtude da aplicação da multa prevista no Artigo 57 e
seu parágrafo único e do produto da indenização prevista no Artigo 100, parágrafo único,
da Lei nº 8.078/1999; das condenações judiciais de que trata o § 2º do Artigo 2º da Lei nº
7.913/1989, das multas referidas no Artigo 84 da Lei nº 8.884/1994; dos rendimentos
auferidos com a aplicação dos recursos do fundo; e outras receitas que vierem a ser
82
destinadas ao fundo e de doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras.

Para maiores informações sobre a Lei nº 7.853/1989, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm

Para maiores informações sobre a Lei nº 7.913/1989, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7913.htm

Para maiores informações sobre a Lei nº 8.884/1994, acesse o site:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8884.htm

83
Para maiores informações sobre o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, acesse o
site:
http://portal.mj.gov.br/cfdd/main.asp?ViewID=%7B2148E3F3-D6D1-4D6C-B253-
633229A61EC0%7D&params=itemID=%7BDE78DD24-07B2-43ED-8925-
58C2D3EB1DE6%7D;&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-
A26F70F4CB26%7D

Além das fontes de recursos provenientes da União, há outras em âmbito estadual,


vejamos:

Na esfera estadual

No âmbito do governo estadual, também pode-se criar um fundo específico para a


área ambiental. Sua formação deve ser autorizada por lei e suas receitas vinculadas ao
aperfeiçoamento de mecanismos de gestão ambiental. O Fundo Estadual de Meio
Ambiente bem estruturado pode receber recursos extra orçamentários e gastá-los sem
precisar se sujeitar às regras contábeis convencionais, tais como a devolução no fim do
exercício fiscal.

A respeito disso, a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais, ESTADIC,


mostrou que 24 Unidades da Federação (88,9%) tinham Fundo Estadual de Meio
Ambiente; apenas os estados do Rio Grande do Norte, Alagoas e Mato Grosso do Sul
informaram não dispor desse tipo de fundo. Dentre as Unidades da Federação que
informaram possuir fundo, 87,5% financiaram ações e/ou projetos voltados para a questão
ambiental nos últimos 12 meses que antecederam a coleta da informação. (BRASIL,
2014a)

Dentre as ações financiadas pelo Fundo Estadual de Meio Ambiente, aquelas


implementadas pelo maior número de Unidades da Federação foram: monitoramento
ambiental, apontada por 76,2%; projetos de educação ambiental, 71,4%; proteção de

84
recursos hídricos 66,7%; preservação da biodiversidade,61,9%; e recuperação de áreas
degradadas, apontada por 61,9% (BRASIL, 2014a).

a) ICMS Ecológico

Outra importante inciativa é o ICMS Ecológico, um mecanismo criado com base no


Artigo 158, inciso IV, da Constituição Federal do Brasil, que possibilita aos governos dos
estados estabelecerem critérios ambientais para a aplicação de até 25% dos repasses
devidos aos municípios.

O ICMS Ecológico surgiu como forma de compensar os municípios pelas restrições


ao uso do solo garantindo, assim, a proteção ambiental, sem impedi-los que busque o seu
desenvolvimento econômico sem causar impactos nos ecossistemas.

Com isso, os estados recompensam financeiramente os municípios que se


enquadram dentro dos parâmetros de preservação ambiental definidos pelo estado no
qual estão inseridos, e os municípios poupam seus recursos em defesa do bem comum,
prestando importantes serviços ambientais a toda a sociedade.

Serviços ambientais

Fluxo de materiais, energia e informação de estoques de capital natural que são


combinados ao capital de serviços humanos para produzir bem-estar aos seres
humanos (CONSTANZA, 2008 apud, GRANZIERA 2014 p.438).

Dezessete Unidades da Federação já aprovaram suas legislações sobre o ICMS


Ecológico.

85
Saiba mais

O ICMS Ecológico está implantado nos seguintes Estados: Paraná (Lei nº


9.491/1990); Minas Gerais (Lei nº 12.040/1995); Rio de Janeiro (Lei nº
5.100/2007); Acre (Lei nº 1.530/2004); Rondônia (Lei nº 147/1996);
Pará (Lei nº 7.638/2012); Amapá (Lei nº 322/1996); Mato Grosso (Lei
nº 73/2000); Mato Grosso do Sul (Lei nº 77/1994); Tocantins (Lei nº
1.323/2002); Goiás (Lei nº 90/2011); Ceará (Lei nº 14.023/20070;
Paraíba (Lei nº 9.600/2011); Pernambuco (Lei nº 1.1899/2000); São
Paulo (Lei nº 8.510/1993); Rio Grande do Sul (Lei nº 11.038/1997); e
Piauí (Lei nº 5.813/2008) (TANNUS et al., 2014)

Na esfera municipal

a) IPTU Verde

O IPTU Verde é um tributo municipal que prevê abatimento fiscal sobre o Imposto
Predial e Territorial Urbano para moradores que adotem práticas consideradas
ambientalmente adequadas pelo município. Tendo como objetivo principal incentivar a
proteção do meio ambiente, o IPTU Verde estimula a população criar e manter medidas
de sustentabilidade ambiental, como o plantio de árvores nas calçadas, captação de água
da chuva, sistema natural de iluminação, telhado verde, entre outras medidas.

Saiba mais

O IPTU Verde foi criado nos seguintes municípios: São


Carlos – SP, Lei nº 13.692/2005, regulamentados pelo
Decreto nº 264/2008, Guarulhos – SP, Lei nº 6.793/2011,
Araraquara –SP, Lei nº 7.152/2009, São Bernardo do Campo
-SP, a Lei nº 6.091/2010, Manaus – AM, a Lei
Complementar nº 886/2005, São Vicente – SP, a Lei
Complementar nº 634/2010, Vilhena –RO, Cruzeiro do
Oeste – PR, Maringá – PR, Curitiba – PR, Sorocaba – SP e
Volta Redonda – RJ (TANNUS et al., 2014)

86
Recursos da cooperação Internacional

Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, muitas agências de cooperação


internacional têm-se dedicado a firmar acordos de cooperação técnica, financeira ou
científica e tecnológica na área de meio ambiente com o governo brasileiro.

As relações de cooperação entre instituições governamentais brasileiras e


internacionais em geral ocorrem por meio de programas amplos e de acordo com
diretrizes estabelecidas pelas políticas de relações exteriores. As instituições do governo
brasileiro que coordenam esse processo são: Agência Brasileira de Cooperação (ABC),
órgão do Ministério das Relações Exteriores (MRE) para assuntos relacionados à
cooperação técnica; Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), também do MRE,
quando se tratar de projetos de cooperação científica e tecnológica; Secretaria de
Assuntos Internacionais (SEAIN), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
para cooperação financeira.

Entre as entidades financiadoras internacionais, podemos citar o Programa das


Nações Unidas para o Meio Ambiente, que presta serviços ao meio ambiente,
particularmente na difusão das preocupações ambientais dentro da comunidade
internacional. Proporciona apoio aos países no desempenho de seus objetivos na área
ambiental, colaborando com os governos no desenvolvimento de projetos e atividades.
Atua, também, com instituições acadêmicas e Organizações não-governamentais que
possuem reconhecida experiência na área.

Para maiores informações sobre o PNUMA, acesse o site:


http://www.unep.org

Também há, a Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional -


USAID, que fornece assistência técnica e financeira nas seguintes áreas: crescimento
econômico e desenvolvimento agrícola, meio ambiente, educação e treinamento,

87
assistência humanitária, saúde e nutrição, democracia e governabilidade. No Brasil, apoia
ações nas áreas de mudanças climáticas, meio ambiente, uso de energia eficiente e
limpa, saúde.

Para maiores informações sobre a USAID, acesse o site:


http://www.usaid.gov/

Ademais, há a Agência de Cooperação Internacional do Japão, JICA. Trata-se do


Órgão do governo japonês responsável pela implementação dos programas e projetos de
cooperação técnica com os demais países. Apoia atividades nas seguintes modalidades:
treinamento, intercâmbio, doação de equipamentos, cooperações técnicas tipo projeto e
pesquisa, miniprojetos, estudos de desenvolvimento. No Brasil, as áreas prioritárias são
saúde, agricultura, indústria, meio ambiente, educação e reformas econômicas.

Para maiores informações sobre o JICA, acesse o site:


http://www.jica.go.jp

Em Resumo

Como pudemos notar é importante que o município tenha na estrutura do Sistema


Municipal de Meio Ambiente um fundo específico para essa área. Além das fontes locais
de recursos, há outras em âmbito federal, estadual e até internacionais.

88
Mesmo sem recursos específicos, muito se pode fazer pela gestão ambiental a
partir das dotações orçamentárias de setores que possuem forte interação com o meio
ambiente. Só no governo federal, há diferentes ministérios e órgãos que apoiam o meio
ambiente, entre os quais os fundos específicos, como Fundo Nacional de Meio Ambiente
(FNMA), e o Fundo de Direitos Difusos entre outros, como os de Ciência e Tecnologia e
Educação.

O Fundo Municipal de Meio Ambiente, por exemplo, representa a oportunidade de


reunir os recursos destinados ao meio ambiente e geri-los de forma profissional, com
eficiência e controle da sociedade.

Nos estados e nos municípios há mecanismos de repasse direto de recursos para


a área de meio ambiente, como o ICMS Ecológico, IPTU Verde e as multas decorrentes
das infrações ambientais, com os quais se pode contar.

Outras fontes importantes de recursos são as organizações nacionais e


internacionais voltadas para a cooperação financeira para a área ambiental que poderão
ser contatadas em busca de recursos.

Neste segundo Módulo do curso compreendemos que a estruturação da gestão


ambiental municipal é fundamental para que se possa atingir a um meio ambiente
equilibrado e a qualidade de vida da população local. De modo geral, tratamos do Sistema
Municipal de Meio Ambiente; da importância de uma base legal local bem consolidada; da
necessidade de existência de um órgão municipal ambiental; da participação social, por
meio da instalação dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente; e de algumas fontes de
recursos para uso em projetos e programas que tratem da questão ambiental. Veja como
é importante uma gestão local qualificada! A partir de agora, podemos pensar um pouco
mais a respeito do tema, assim, trataremos a seguir o planejamento municipal.

89
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 3.524/2000, de 26 de junho de 2000. Regulamenta a Lei no 7.797, de
10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, 26 de junho de 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3524.htm>. Acesso em: 02.fev.2015

______. Decreto 6.527/2008, de 1° de agosto de 2008. Dispõe sobre o estabelecimento


do Fundo Amazônia pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -
BNDES. Presidência da República, Brasília, 1° de agosto de 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6527.htm>. Acesso
em: 02.fev.2015

______. Decreto nº 6985/2009, de 20 de outubro de 2009. Dá nova redação ao art. 4 o do


Decreto no 3.524, de 26 de junho de 2000, que regulamenta a Lei n o 7.797, de 10 de julho
de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente. Presidência da República,
Brasília, 20 de outubro de 2009. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6985.htm>. Acesso
em: 04.fev.2015

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portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público,
define crimes, e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 24 de outubro
de 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm>. Acesso em:
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______. Lei nº 7.913/1989, de 7 de dezembro de 1989. Dispõe sobre a ação civil pública
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______. Lei 8.666/1993, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 21 de junho de 1993.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm>. Acesso
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______. Lei nº 8.884/1994, de 11 de junho de 1994. Transforma o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a
repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências. Presidência
da República, Brasília, 11 de junho de 1994. Disponível em:
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______. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos


Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Presidência da
República, Brasília, 13 de março de 1990. Disponível em: <
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______. Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, 12 de fevereiro de 1998. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm> Acesso em: 15. Jan. 2015.

______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III
e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 31 de agosto de
2000. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm> Acesso em:
05. jan. 2015.

______. Lei nº 10.275, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da


Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, 10 de julho de 2001. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm> Acesso em: 05. jan. 2015.

______. Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de


contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Presidência da República,
Brasília, 06 de abril de 2005. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm> Acesso em: 05.
jan. 2015.

______. Lei 11.284/2006, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas


públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio
Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de
dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965,
6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, 2 de março de 2006. Disponível em:

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03.fev.2015

______. Lei nº 12.114/2009, de 9 de dezembro de 2009. Cria o Fundo Nacional sobre


Mudança do Clima, altera os arts. 6o e 50 da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, e dá
outras providências. Presidência da República, Brasília, 9 de dezembro de 2009.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12114.htm>. Acesso em: 04.fev.2015

______. Lei n° 12.187/2009, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre


Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências. Presidência da República, Brasília,
29 de dezembro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l12187.htm>. Acesso em: 04.fev.2015

______. Lei Complementar nº 101/2000, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, 4 de maio 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 04.fev.2015

______. Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos
dos incisos III, VI e VII do caput do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal,
para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à
poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e
altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Presidência da República, Brasília, 8 de
dezembro de 2011. Disponível em:
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______. Manual de Orientação para Formação de COMDEMAS – Conselhos Municipais


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Maia; GALERA, João Manoel Sanseverino Vergani; SALVO, Gabriele; MOTTA, Ronaldo
Serôa da; ORTIZ, Ramon Arigoni; CARDOSO, Marcelo; DINIZ, Carolina; AMBAR,
Stephanie Haapalainen; GRANZIERA, Maria Luiza; BORN, Rubens Harry. Serviços de
consultoria de pessoa jurídica para a elaboração de diagnóstico do estado da arte
sobre a aplicação de instrumentos econômicos na implementação das políticas
ambientais em nível municipal, estadual e federal. Relatório parcial, critérios de
elegibilidade e seleção preliminar de 15 iniciativas. São Paulo: Agência Verde,
Ecometrika, Vitae Civilis, 28 de abril de 2014. Produto 1. Ministério do Meio Ambiente.

95
ANEXOS

Minuta de Lei para Criação do Conselho Municipal de Meio Ambiente


LEI Nº.............. Dispõe sobre a criação do Conselho
Municipal de Meio Ambiente e dá outras
providências.
A Câmara Municipal aprova e eu, Prefeito Municipal de
................................................., sanciono e promulgo a seguinte Lei:
Art. 1°. – Fica criado, no âmbito da Secretaria Municipal de
........................................... ou Departamento Municipal de ........................................ o
Conselho Municipal de Meio Ambiente - CMMA.
Parágrafo Único – O CMMA é um órgão colegiado, consultivo de assessoramento
ao Poder Executivo
Municipal e deliberativo no âmbito de sua competência, sobre as questões
ambientais propostas nesta e demais leis correlatas do Município.
Art. 2°. – Ao Conselho Municipal de Meio Ambiente - CMMA compete:
I – formular as diretrizes para a política municipal do meio ambiente, inclusive para
atividades prioritárias de ação do município em relação à proteção e conservação do meio
ambiente;
Il – propor normas legais, procedimentos e ações, visando a defesa, conservação,
recuperação e melhoria da qualidade ambiental do município, observada a legislação
federal, estadual e municipal pertinente;
III – exercer a ação fiscalizadora de observância às normas contidas na Lei
Orgânica Municipal e na legislação a que se refere o item anterior;
IV – obter e repassar informações e subsídios técnicos relativos ao
desenvolvimento ambiental aos órgãos públicos, entidades públicas e privadas e a
comunidade em geral;
V – atuar no sentido da conscientização pública para o desenvolvimento ambiental
promovendo a educação ambiental formal e informal, com ênfase nos problemas do
município;
Vl – subsidiar o Ministério Público no exercício de suas competências para a
proteção do meio ambiente previstas na Constituição Federal de 1988;

96
Vll – solicitar aos órgãos competentes o suporte técnico complementar às ações
executivas do município na área ambiental;
Vlll – propor a celebração de convênios, contratos e acordos com entidades
públicas e privadas de pesquisas e de atividades ligadas ao desenvolvimento ambiental;
IX – opinar, previamente, sobre os aspectos ambientais de políticas, planos e
programas governamentais que possam interferir na qualidade ambiental do município;
X – apresentar anualmente proposta orçamentária ao Executivo Municipal, inerente
ao seu funcionamento;
XI – identificar e informar à comunidade e aos órgãos públicos competentes,
federal, estadual e municipal, sobre a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de
degradação;
Xll – opinar sobre a realização de estudo alternativo sobre as possíveis
consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando das entidades
envolvidas as informações necessárias ao exame da matéria, visando a compatibilização
do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental;
XIII – acompanhar o controle permanente das atividades degradadoras e
poluidoras, de modo a compatibilizá-las com as normas e padrões ambientais vigentes,
denunciando qualquer alteração que promova impacto ambiental ou desequilíbrio
ecológico;
XIV – receber denúncias feitas pela população, diligenciando no sentido de sua
apuração junto aos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis e sugerindo ao
Prefeito Municipal as providências cabíveis;
XV – acionar os órgãos competentes para localizar, reconhecer, mapear e
cadastrar os recursos naturais existentes no Município, para o controle das ações
capazes de afetar ou destruir o meio ambiente;
XVI – opinar nos estudos sobre o uso, ocupação e parcelamento do solo urbano,
posturas municipais, visando à adequação das exigências do meio ambiente, ao
desenvolvimento do município;
XVII – opinar quando solicitado sobre a emissão de alvarás de localização e
funcionamento no âmbito municipal das atividades potencialmente poluidoras e
degradadoras;
XVIII – decidir sobre a concessão de licenças ambientais de sua competência e a
aplicação de penalidades, respeitadas as disposições da Deliberação Normativa COPAM

97
nº 01 de 22 de Março de 1990 (“Minas Gerais” de 4/4/90) e da Deliberação Normativa
COPAM nº 29 de 9 de Setembro de 1998 (“Minas Gerais” de 16/09/98);
XIX – orientar o Poder Executivo Municipal sobre o exercício do poder de polícia
administrativa no que concerne à fiscalização e aos casos de infração à legislação
ambiental;
XX – deliberar sobre a realização de Audiências Públicas, quando for o caso,
visando à participação da comunidade nos processos de instalação de atividades
potencialmente poluidoras;
XXI – propor ao Executivo Municipal a instituição de unidades de conservação
visando à proteção de sítios de beleza excepcional, mananciais, patrimônio histórico,
artístico, arqueológico, paleontológico, espeleológico e áreas representativas de
ecossistemas destinados à realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia;
XXII – responder a consulta sobre matéria de sua competência;
XXIII – decidir, juntamente com o órgão executivo de meio ambiente, sobre a
aplicação dos recursos provenientes do Fundo Municipal de Meio Ambiente;
XXIV – acompanhar as reuniões das Câmaras do COPAM em assuntos de
interesse do Município.
Art. 3°. – O suporte financeiro, técnico e administrativo indispensável à instalação e
ao funcionamento do
Conselho Municipal de Meio Ambiente será prestado diretamente pela Prefeitura,
através do órgão executivo municipal de meio ambiente ou órgão a que o CMMA estiver
vinculado.
Art. 4°. – O CMMA será composto, de forma paritária, por representantes do poder
público e da sociedade civil organizada, a saber:
I – Representantes do Poder Público:
a)um presidente, que é o titular do órgão executivo municipal de meio ambiente;
b)um representante do Poder Legislativo Municipal designado pelos vereadores;
c)um representante do Ministério Público do Estado;
d)os titulares dos órgãos do executivo municipal abaixo mencionados:
d.1)órgão municipal de saúde pública e ação social;
d.2)órgão municipal de obras públicas e serviços urbanos.
e)um representante de órgão da administração pública estadual ou federal que
tenha em suas atribuições a proteção ambiental ou o saneamento básico e que possuam
representação no Município, tais como: Polícia

98
Florestal, IEF, EMATER, IBAMA, IMA ou COPASA.
II – Representantes da Sociedade Civil:
a)dois representantes de setores organizados da sociedade, tais como: Associação
do Comércio, da Indústria,
Clubes de Serviço, Sindicatos e pessoas comprometidas com a questão ambiental;
b)um representante de entidade civil criada com o objetivo de defesa dos
interesses dos moradores, com atuação no município;
c)dois representantes de entidades civis criadas com finalidade de defesa da
qualidade do meio ambiente, com atuação no âmbito do município;
d)um representante de Universidades ou Faculdades comprometido com a questão
ambiental.
Art. 5°. – Cada membro do Conselho terá um suplente que o substituirá em caso de
impedimento, ou qualquer ausência.
Art. 6°. – A função dos membros do CMMA é considerada serviço de relevante
valor social.
Art. 7°. – As sessões do CMMA serão públicas e os atos deverão ser amplamente
divulgados.
Art. 8°. – O mandato dos membros do CMMA é de dois anos, permitida uma
recondução, à exceção dos representantes do Executivo Municipal.
Art. 9°. – Os órgãos ou entidades mencionados no art. 4º poderão substituir o
membro efetivo indicado ou seu suplente, mediante comunicação por escrito dirigida ao
Presidente do CMMA.
Art. 10 – 0 não comparecimento a 03 (três) reuniões consecutivas ou a 05 (cinco)
alternadas durante 12 (doze) meses, implica na exclusão do CMMA.
Art. 11 – O CMMA poderá instituir, se necessário, em seu regimento interno,
câmaras técnicas em diversas áreas de interesse e ainda recorrer a técnicos e entidades
de notória especialização em assuntos de interesse ambiental.
Art. 12 – No prazo máximo de sessenta dias após a sua instalação, o CMMA
elaborará o seu Regimento
Interno, que deverá ser aprovado por decreto do Prefeito Municipal também no
prazo de sessenta dias.
Art. 13 – A instalação do CMMA e a composição dos seus membros ocorrerá no
prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data de publicação desta lei.

99
Art. 14 – As despesas com a execução da presente Lei correrão pelas verbas
próprias consignadas no orçamento em vigor.
Art. 15 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.

Fonte: BRASIL, 2006

100
Minuta de Regimento Interno do CMMA
DECRETO N°...........
Aprova o Regimento do Conselho Municipal
de
Meio Ambiente-CMMA. O Prefeito
Municipal
de ............................, no uso de suas
atribuições,
DECRETA:
Art.1° – Fica aprovado o Regimento Interno do Conselho Municipal de Meio
Ambiente que com este se publica.
Art.2°– Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação e revoga as
disposições em contrário.
REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL
DE MEIO AMBIENTE - CMMA
CAPÍTULO I
DO OBJETIVO

Art.1° – Este Regimento estabelece as normas de organização e funcionamento do


Conselho Municipal de
Meio Ambiente-CMMA.
Parágrafo Único – A expressão Conselho Municipal de Meio Ambiente e a sigla
CMMA se equivalem para efeito de referência e comunicação.

CAPÍTULO II
DA FINALIDADE E DA COMPETÊNCIA

Art.2° – O CMMA. instituído como órgão colegiado deliberativo pela Lei n° ......... de
........................, terá suporte técnico, administrativo e financeiro prestado pela Prefeitura
Municipal, inclusive no tocante às instalações, equipamentos e recursos humanos
necessários.
Parágrafo Único – O suporte técnico será suplementarmente requerido à Fundação
Estadual do Meio Ambiente - FEAM e aos demais órgãos e entidades afetos aos
programas de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente.
101
Art.3° – Compete ao CMMA formular e fazer cumprir as diretrizes da Política
Ambiental do Município, na forma estabelecida no art. 2° da Lei nº ............... e neste
Regimento.
Art.4° – O CMMA se compõe de:
I - ...................................................................................................;
II - ................................................................. .................................;
III - ...................................................................................................;
IV - ...................................................................................................;
V - ...................................................................................................;
VI - ...................................................................................................;
VII - ...................................................................................................;
VIII - ...................................................................................................;
listar conforme Lei Municipal que cria o CMMA)
Art.5° – Cada membro do CMMA terá um suplente que o substituirá em caso de
impedimento.
Art.6° – O mandato dos membros do CMMA corresponderá ao período de 02 (dois)
anos, permitida a recondução.

CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO

Art.7° – O CMMA tem a seguinte estrutura básica:


I – Presidência;
II – Vice-Presidência;
III – Plenário;
IV – Secretaria Executiva.
Art.8° – O CMMA será presidido por um de seus membros, que será eleito na
primeira reunião ordinária do órgão, por maioria de votos de seus integrantes, para o
período de 02 (dois) anos, permitida a recondução.
Parágrafo único – À eleição e ao mandato do Vice-Presidente, que substituirá o
Presidente em seus impedimentos, aplica-se o disposto no "caput" deste artigo.
Art.9° – Ao Presidente compete:
I – dirigir os trabalhos do CMMA, convocar e presidir as sessões do Plenário;
Il – propor a criação de comissões técnicas e designar seus membros;

102
III – dirimir dúvidas relativas a interpretação de normas deste Regimento;
IV – encaminhar a votação de matéria submetida a decisão do Plenário;
V – assinar as atas aprovadas nas reuniões;
VI – assinar as deliberações do Conselho e encaminhá-las ao Prefeito, sugerindo
os atos administrativos necessários;
Vll - designar relatores para temas examinados pelo CMMA;
Vlll – dirigir as sessões ou suspendê-las, conceder, negar ou cassar a palavra do
membro do CMMA;
IX – estabelecer, através de Resolução, normas e procedimentos para o
funcionamento do CMMA;
X - convidar pessoas ou entidades para participar das reuniões do Plenário, sem
direito a voto;
XI – delegar atribuições de sua competência.
Art.10 - Compete ao Vice-Presidente substituir o Presidente em seus
impedimentos, exercendo as suas atribuições.
Parágrafo Único – Em caso de impedimento simultâneo do Presidente e do Vice-
Presidente assumirá a
Presidência o membro mais idoso do CMMA .
Art.11 – O Plenário é o órgão superior de deliberação do CMMA, constituído na
forma do artigo 4° deste
Regimento.
Art.12 – Ao Plenário compete:
I – propor alterações deste Regimento para homologação pelo Prefeito Municipal;
Il – elaborar e propor leis, normas, procedimentos e ações destinadas à
recuperação, melhoria ou manutenção da qualidade ambiental, observadas as legislações
federal, estadual e municipal que regula a espécie;
III – fornecer subsídios técnicos para esclarecimentos relativos à defesa do meio
ambiente, aos órgãos públicos, à indústria, ao comércio, à agropecuária e à comunidade
e acompanhar a sua execução;
IV – propor a celebração de convênios, contratos e acordos com as entidades
públicas e privadas de pesquisas e de atividades ligadas a defesa ambiental;
V- opinar sobre a realização de estudos das alternativas e das possíveis
consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando das entidades

103
envolvidas as informações necessárias ao exame da matéria, visando à compatibilização
do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental;
Vl – manter o controle permanente das atividades poluidoras ou potencialmente
poluidoras, de modo a compatibilizá-las com as normas e padrões ambientais vigentes,
denunciando qualquer alteração que provoque impacto ou desequilíbrio ecológico;
Vll – identificar e informar à comunidade e aos órgãos públicos competentes,
estaduais e municipais, sobre a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de
degradação, propondo medidas para a sua recuperação;
Vlll – promover, orientar e colaborar em programas educacionais e culturais com a
participação da comunidade, que visam à preservação da fauna, flora, águas superficiais
e subterrâneas, ar, solo, subsolo e recursos não renováveis do Município;
IX – atuar no sentido de estimular a formação da consciência ambiental,
promovendo seminários, palestras e debates junto aos meios de comunicação e às
entidades públicas e privadas;
X – subsidiar a atuação do Ministério Público, quando de sua atuação prevista na
Lei n° ..................... ;
XI - exercer o Poder de Polícia, no âmbito da legislação ambiental municipal;
XII – julgar e aplicar as penalidades previstas em Lei, decorrentes das infrações
ambientais municipais;
XIII – opinar sobre uso e ocupação do solo urbano e parcelamento urbano,
adequando a urbanização às exigências do meio ambiente e à preservação dos recursos
naturais;
XIV- sugerir à autoridade competente a instituição de unidades de conservação
visando à proteção de sítios de beleza excepcional, mananciais, patrimônio histórico,
artístico, cultural e arqueológico, espeleológico e áreas representativas de ecossistemas
destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia;
XV – receber as denúncias feitas pela população, diligenciando no sentido de sua
apuração, encaminhando aos órgãos municipais e estaduais responsáveis e sugerindo ao
Prefeito Municipal as providências cabíveis;
XVI – propor ao Prefeito a concessão de títulos honoríficos a pessoas ou
instituições que houverem se destacado através de atos que tenham contribuído
significativamente para a preservação, melhoria, conservação e defesa do meio ambiente
do Município.
Art.13 – Compete ao membros do CMMA:

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I – comparecer às reuniões;
Il – debater a matéria em discussão;
lIl – requerer informações, providências e esclarecimentos ao Presidente;
IV – apresentar relatórios e pareceres, dentro do prazo fixado;
V – votar;
Vl – propor temas e assuntos à deliberação e ação do Plenário.
Art.14 – A Secretaria Executiva é órgão auxiliar da Presidência e do Plenário,
desempenhando atividades de gabinete, de apoio técnico, administrativo e de execução
de normas referentes à proteção do meio ambiente.
Art.15 – As funções da Secretaria Executiva serão exercidas por servidor público
municipal, indicado pelo Prefeito.
Art.16 – Compete à Secretaria Executiva:
I – fornecer suporte e assessoramento técnico ao CMMA nas atividades por ele
deliberadas;
Il – elaborar as atas das reuniões;
III - organizar os serviços de protocolo, distribuição e arquivo do CMMA;
IV – executar outras tarefas correlatas determinadas pelo Presidente ou previstas
neste Regimento Interno.

CAPÍTULO IV
DAS REUNIÕES

Art.17 – O CMMA se reunirá ordinária e extraordinariamente.


§ 1° – Haverá uma reunião ordinária quinzenal, em data, local e hora fixados com
antecedência de pelo menos 05 (cinco) dias, pelo Presidente.
§ 2° – O Plenário do CMMA se reunirá extraordinariamente por iniciativa do
Presidente, da maioria de seus membros ou por solicitação de qualquer Câmara
Especializada.
§ 3° – As reuniões extraordinárias serão convocadas pelo Presidente com
antecedência de no mínimo 02 (dois) dias.
Art.18 – O titular da Secretaria Executiva participará das reuniões, sem direito a
voto.
Art.19 – Somente haverá reunião do Plenário com a presença da maioria dos
membros com direito a voto.

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Art.20 – Poderão participar das reuniões do Plenário, sem direito a voto,
assessores indicados por seus membros, bem como pessoas convidadas pelo
Presidente.
Art.21 – As reuniões do Plenário serão públicas.
Art.22 – As reuniões terão sua pauta preparada pelo Presidente, na qual constarà
necessariamente:
I - abertura da sessão, leitura, discussão e votação da ata da reunião anterior;
II- leitura do expediente e das comunicações da ordem do dia;
III - deliberações;
IV - palavra franca;
V - encerramento.
Art.23 - A apreciação dos assuntos obedecerá às seguintes etapas:
I - será discutida e votada matéria proposta pela presidência ou pelos membros;
Il – o Presidente dará a palavra ao relator, que apresentará seu parecer, escrito ou
oral;
III – terminada a exposição, a matéria será posta em discussão;
IV – encerrada a discussão, e estando o assunto suficientemente esclarecido, far-
se-á a votação.
Art.24 - As deliberações do Plenário serão tomadas por maioria de votos dos
membros presentes, cabendo ao
Presidente, além do voto pessoal, o de qualidade.
Art.25 – As atas serão lavradas em livro próprio e assinadas pelos membros que
participaram da reunião que as originaram.
Art.26 – As decisões do Plenário, depois de assinadas pelo Presidente e pelo
relator, serão anexadas ao expediente respectivo.

CAPITULO V
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS

Art.27 – Os casos omissos serão resolvidos pelo Plenário do CMMA.

Fonte: BRASIL, 2006

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