Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
% Por cento
° Grau
a.a Ao ano
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico
Art. Artigo
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CODEPLAN Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central
CONAM Conselho de Meio Ambiente do Distrito Federal
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DETRAN Departamento de Transito do Distrito Federal
DF Distrito Federal
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMSA Empresa Sul Americana de Montagens S/A
EPI‟s Equipamento de Proteção Individual
ETE Estação de tratamento de Esgoto
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ma Milhões de Anos
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
RÃS Regiões Administrativas
SEMARH Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SEMATEC Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia
SHIS Setor de habitações Individuais Sul
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC Unidade de Conservação
UNB Universidade de Brasília
CNEA Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Etc. Et Cetera (e as demais coisas)
GPS Global Positioning System
Km Quilômetro (s)
Km² Quilômetro (s) quadrado (s)
Nº Número
OBS Observação
ONG Organização não Governamental
1
Plano de Manejo ARIE do Bosque
SUMÁRIO
2
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.5. Indicação de Locais com Vocação para Visitação........................................................ 118
6.6. Investigação do Potencial para Implantação de Núcleo de Educação Ambiental na
Unidade de Conservação .......................................................................................... 121
6.7. Atores e Conflitos Sociais ......................................................................................... 123
6.8. Levantamento de Informações sobre Possíveis Residentes na ARIE do Bosque ............ 124
6.8.1. Indicação de Locais para Distribuição de Permissionários no Entorno da Área 125
6.8.2. Situação Fundiária ..................................................................................... 125
7. PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E MEDIDAS MITIGADORAS .................................................... 127
7.1. Segurança ............................................................................................................... 127
7.2. Ocupação Indevida da Área ...................................................................................... 127
7.3. Fauna ..................................................................................................................... 128
7.4. Flora ....................................................................................................................... 128
7.5. Lago ....................................................................................................................... 138
8. MANEJO .......................................................................................................................... 139
8.1. Objetivos................................................................................................................. 140
8.2. Zoneamento ............................................................................................................ 140
8.3. Determinação da Capacidade de Carga ..................................................................... 148
8.4. Programa de Manejo ................................................................................................ 149
8.4.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente ...................................................... 149
8.4.2. Programa de Manejo de Uso Público ........................................................... 153
8.4.3. Programa de Manejo e Operação ................................................................ 157
9. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO ............................................................................. 163
9.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente .................................................................... 163
9.1.1. Subprograma de Investigação .................................................................... 163
9.1.2. Subprograma de Monitoramento ................................................................. 163
9.2. Programa de Manejo de Uso Público ......................................................................... 164
9.2.1. Subprograma de Recreação ........................................................................ 164
9.2.2. Subprograma de Educação Ambiental ......................................................... 164
9.2.3. Subprograma de Turismo ........................................................................... 165
9.2.4. Subprograma de Relações Públicas ............................................................. 165
9.3. Programa de Manejo e Operação .............................................................................. 166
9.3.1. Subprograma de Proteção .......................................................................... 166
9.3.2. Subprograma de Administração .................................................................. 166
9.3.3. Subprograma de Manutenção ..................................................................... 167
9.3.4. Subprograma do Entorno ........................................................................... 167
9.3.5. Subprograma de Cooperação Institucional ................................................... 167
9.3.6. Ocupação Indevida .................................................................................... 168
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 169
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 171
12. ANEXOS .......................................................................................................................... 186
3
Plano de Manejo ARIE do Bosque
LISTA DE FIGURAS
4
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 40. Visão geral da área em estudo. Ao fundo e esquerda da figura, observa-se imóveis
residenciais. ....................................................................................................................... 51
Figura 41. Vista geral da ARIE do Bosque, com presença de árvores esparsas. ................................ 51
Figura 42. Visão geral da área em estudo. .................................................................................... 52
Figura 43. ARIE do Bosque. Ao fundo, o lago Paranoá. Fonte:Equipe Técnica Neotropica ................. 52
Figura 44. Termiteiro do gênero conitermes. ................................................................................. 54
Figura 45. Apis mellifera, espécie exótica visitando uma flor, ARIE do Bosque, Brasília, DF ............... 55
Figura 46. Coleoptera da família Scarabaeidae ............................................................................... 55
Figura 47. Tatuzinho-de-Jardim (Crustacea). ................................................................................. 56
Figura 48. Composição da herpetofauna estudada na ARIE do Bosque durante o levantamento da
herpetofauna. .................................................................................................................... 61
Figura 49. Famílias de anfíbios anuros registrados e representatividade de cada uma durante a
amostragem. ..................................................................................................................... 62
Figura 50. Famílias de répteis registrados e representatividade de cada uma durante a amostragem. 62
Figura 51. Rhinella schneideri (sapo-cururu) .................................................................................. 64
Figura 52. Leptodactylus labyrinthicus (rã-pimenta) ....................................................................... 64
Figura 53. Hypsiboas albopunctatus (perereca-cabrinha)................................................................ 65
Figura 54. Ameiva ameiva (calango-verde) .................................................................................... 65
Figura 55.. Tropidurus torquatus (calango) ................................................................................... 65
Figura 56. Representatividade de Famílias de aves amostradas na ARIE do Bosque. ........................ 75
Figura 57. Guildas tróficas exploradas pelas aves amostradas na ARIE do Bosque. INS (Insetívoros):
ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA (Granívoros); DET (Detritívoros) e
NEC (Nectarívoros). ............................................................................................................ 75
Figura 58. Estrilda astrild (bico-de-lacre) ....................................................................................... 82
Figura 59. Syrigma sibilatrix (Maria-faceira) ................................................................................... 82
Figura 60. Vanellus chilensis (quero-quero) ................................................................................... 82
Figura 61.. Mimus saturninus (sabiá-do-campo) ............................................................................ 82
Figura 62. Coereba flaveola (cambacica) ....................................................................................... 82
Figura 63. Volatinia jacarina (tziu) ................................................................................................ 82
Figura 64. Didelphis albiventris (gambá). ...................................................................................... 86
Figura 65. Anoura geoffroyi (morcego beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica ......................... 87
Figura 66. Glossophaga soricina (morcego beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica .................. 87
Figura 67. Carollia perspicillata (morcego). .................................................................................... 88
Figura 68. Artibeus lituratus (morcego). ........................................................................................ 88
Figura 69. Callithrix penicillata (sagui). .......................................................................................... 88
Figura 70. Rattus rattus (rato). ..................................................................................................... 89
Figura 71. Fezes e pegadas de Hydrochaeris hydrochoerus (capivara). ........................................... 89
Figura 72. Pontos de coleta da ictiofauna. ..................................................................................... 91
Figura 73. Tilápia (Tilapia aff. rendalli) .......................................................................................... 94
Figura 74. Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) Fonte:www.infobibos.com/.../Psicultura/Index.htm
......................................................................................................................................... 94
Figura 75. Traíra (Hoplias malabaricus) Fonte: www.geocities.jp/oda230/sakana.html ................. 95
Figura 76. Lambari (Astyanax scabripinnis) Fonte: fishbase.org/identification/specieslist.cfm ............ 95
Figura 77. Barrigudinho (Poecilia reticulata) Fonte: www.viviparos.com/Galeria/FAG1.htm ............... 95
Figura 78. Tucunaré (Cichla spp.) Fonte: www.ilhadopescador.com.br/peixes.php .......................... 95
Figura 79- Evolução da TMGCA - TMGCA-Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual entre
períodos. ........................................................................................................................... 96
Figura 80- População residente por lugar de nascimento ................................................................ 97
Figura 81. População residente por situação de domicílio segundo o sexo. ...................................... 99
Figura 82: Distribuição da População Residente Urbana e Rural. ................................................... 101
Figura 83: Distribuição da população residente por sexo. ............................................................. 101
Figura 84- População residente por espécie de domicílio particular e coletivo. ............................... 105
Figura 85. - Entrevista com trabalhadores na ARIE, 2011. ............................................................ 108
Figura 86. - Entrevista com representantes comerciais próximos à ARIE, 2011. ............................. 108
Figura 87. - Entrevista com trabalhadores próximos à ARIE, 2011. ............................................... 108
Figura 88. Entrevista com moradores próximos à ARIE, 2011. ..................................................... 108
Figura 89. - Entrevista com moredores próximos à ARIE, 2011. .................................................... 109
5
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 90. - Faixa etária dos entrevistados. ................................................................................. 109
Figura 91. Profissão dos entrevistados. ....................................................................................... 110
Figura 92. Tipo de domicílio dos entrevistados. ............................................................................ 110
Figura 93. Reside próximo à área. .............................................................................................. 112
Figura 94. Freqüência em que utiliza a área. ............................................................................... 112
Figura 95. - Animais podem causar dano à área. ......................................................................... 113
Figura 96 - Contribui para a preservação da área......................................................................... 114
Figura 97. Cães (pela falta de segurança), 2006. ......................................................................... 115
Figura 98. Lixo espalhado, dez. 2006. ......................................................................................... 115
Figura 99. Poluição do lago, dez. 2006. ....................................................................................... 115
Figura 100. Poluição da área, dez. 2011. ..................................................................................... 115
Figura 101. Poluição do lago, dez. de 2011. ................................................................................ 115
Figura 102. Poluição do lago, dez. de 2011. ................................................................................ 115
Figura 103. Lixo no chão, dez. de 2011. ...................................................................................... 116
Figura 104. Estrutura abandonada no Parque, 2011. .................................................................... 116
Figura 105. Abandono de infraestrurura, dez. 2006. .................................................................... 116
Figura 106. Presença de moradores de rua, 2006. ....................................................................... 116
Figura 107 - Árvores caídas dentro da ARIE, 2011. ...................................................................... 116
Figura 108. Garrafas de bebidas alcoólicas dentro da ARIE, 2011. ................................................ 116
Figura 109. Ciclovia degradada e sem manutenção, 2011. ........................................................... 117
Figura 110. Cerca viva em residência na ARIE, jan. 2007. ............................................................ 127
Figura 111. Residência na ARIE, jan. 2007. ................................................................................. 127
Figura 112. Aspectos da flora, jan. 2007. .................................................................................... 129
Figura 113. Vista parcial da flora local, jan. 2007. ........................................................................ 129
Figura 114. Espécies encontradas na área, 2007. ........................................................................ 129
Figura 115. Área antropizada, 2007. ........................................................................................... 129
Figura 116. Distribuição das Espécies a serem utilizadas na Área para Revegetação, onde: P=
pioneiras; S= secundárias e C= clímax. ............................................................................. 134
Figura 117. Plantio das mudas no local definitivo, onde: 1- terra retirada da superfície mais composto
orgânico ou mineral; 2- terra retirada abaixo da superfície. ................................................ 136
Figura 118. Vista Parcial do Lago Paranoá, jan. 2007. .................................................................. 138
Figura 119. Aves sobrevoando o lago, jan. 2007. ......................................................................... 138
Figura 120. Espécies aquáticas no lago, jan. 2007. ...................................................................... 138
Figura 121.Organograma de implantação do plano de manejo ...................................................... 139
Figura 122. Exemplo de Área na Zona de Uso Intensivo – CICLOVIA, jan. 2007............................. 143
Figura 123. Exemplo de Área na Zona de Uso Especial (rampa para acesso da embarcação da
unidade), jan. 2007. ......................................................................................................... 144
Figura 124. Vista parcial da Área na Zona de Recuperação - BOSQUE DOS EUCALIPTOS, jan. 2007.145
Figura 125. Vista parcial da Área na Zona de Uso Extensivo - MARGENS DO LAGO PARANOÁ, jan.
2007. .............................................................................................................................. 147
Figura 126- Fluxograma com o sistema de Administração da ARIE Bosque. ................................... 160
6
Plano de Manejo ARIE do Bosque
LISTA DE TABELAS
7
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 39. Subprograma de Proteção ......................................................................................... 166
Tabela 40. Subprograma de Administração.................................................................................. 166
Tabela 41. Subprograma de Manutenção .................................................................................... 167
Tabela 42. Subprograma do Entorno ........................................................................................... 167
Tabela 43. Subprograma de Cooperação Institucional .................................................................. 167
Tabela 44. Ocupação Indevida ................................................................................................... 168
8
Plano de Manejo ARIE do Bosque
1. DADOS CADASTRAIS
9
Plano de Manejo ARIE do Bosque
2. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por essência um caráter dinâmico, pois é passível de mudanças
futuras. A elaboração do Plano de Manejo da ARIE do Bosque envolveu a participação de
profissionais multidisciplinares, no intuito de subsidiar a elaboração de zonas e os seus
possíveis usos, sempre em consonância com o manejo adequado dos recursos naturais.
10
Plano de Manejo ARIE do Bosque
3. HISTÓRICO E ACERVO LEGAL E TÉCNICO
A população que adquiriu os lotes acreditava ter direito a aquele espaço territorial, não
respeitando a distância das margens do lago. Interessante apontar aqui, que no projeto
original também foi previsto, que a cada duas quadras deveria haver um livre acesso às
margens (JORNAL DE BRASÍLIA, Novembro de 2005).
No período de 1960 a 1976, foi construída a ponte Costa e Silva, ligando o Lago Sul a
Brasília, uma vez que os moradores tinham dificuldade para acessar o outro lado da cidade
(TAMANINI, 1998). Esta ponte encontra-se inclusive localizada próxima à ARIE do Bosque.
11
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 1 - Vegetação da ARIE, 1975. Figura 2 - Vegetação da ARIE, 1976.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF.
12
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 4 - Vista do Lago Sul, 1995. Figura 5 - Vegetação original de Brasília, 1994.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF
Figura 6 - Ponte Costa e Silva e visualização da Figura 7 - Construção da Ponte Costa e Silva, 1975.
vegetação da ARIE, 1975. Visualização da ARIE do Bosque.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF.
13
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 8 - Inauguração da Ponte Costa e Silva, 1976. Ao fundo, a ARIE do Bosque.
Fonte: Arquivo Público do DF.
14
Plano de Manejo ARIE do Bosque
PONTÃO
ARIE
8
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 11 - Vista da Ponte Costa e Silva, nov. 2006. Figura 12 - Ponte Costa e Silva, nov. 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Na metade da década de 1970, a partir da construção das pontes, até a década de 1980,
iniciou-se uma especulação imobiliária intensa no Lago Sul. As casas avançaram aos
espaços públicos, com a justificativa de abandono das áreas verdes por parte dos órgãos
governamentais, alegando, acúmulo de lixo e entulho e a falta de segurança por sem-tetos
(Figura 13), que utilizam dessas áreas para invadirem as propriedades particulares
(JORNAL DE BRASÍLIA, Junho de 2005). Esses fatos provocaram a substituição da
vegetação nativa da área verde por cercas sobre as áreas públicas.
9
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 14 - Cerca invadindo área pública,jan. 2007. Figura 15.a - Cerca invadindo área pública,jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Figuras 15.b - Cerca invadindo área pública, jan. 2007. Figura 16 - Cercamento na área, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
10
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 19 – Rampa para embarcação na orla do lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
11
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 20 - Placa de sinalização do Bosque dos Eucaliptos, 1995.
Fonte: Arquivo Público do DF.
III - proteger ninhais de aves aquáticas e outros locais de reprodução da fauna nativa;
12
Plano de Manejo ARIE do Bosque
I V - proteger os refúgios de aves migratórias;
Art. 6° - A SEMATEC terá o prazo de seis meses para a demarcação da área de que
trata esta Lei.
III - proteger ninhais de aves aquáticas e outros locais de reprodução da fauna nativa;
13
Plano de Manejo ARIE do Bosque
IV - desenvolver programas de observação ecológica e de pesquisa sobre os
ecossistemas locais.
Parágrafo único. A área da ARIE DO BOSQUE, a que se refere o art. 1°, corresponde à
área delimitada na planta de levantamento planialtimétrico anexada a esta Lei Complementar.
GIM ARGELLO
14
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 21 - ARIE na década de 1960 (1965) sem a presença de ponte.
Fonte: Arquivo Público do DF.
15
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 23 - ARIE na década de 1990 (1991).
Fonte: Arquivo Público do DF.
16
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO
O objetivo da ARIE do Bosque é proteger parte das margens do lago Paranoá, passíveis de
sofrerem processos erosivos e assoreamento. Visa também preservar espécies da biota
local e garantir uma maior qualidade de vida aos moradores circunvizinhos.
4.1. Clima
O clima do Distrito Federal, assim como a ARIE do Bosque é marcado pela forte
sazonalidade, com dois períodos distintos bem caracterizados. O período entre maio e
setembro é evidenciado pela baixa taxa de precipitação, baixa nebulosidade, alta taxa de
evaporação, com baixas umidades relativas diárias (tendo sido registrados valores inferiores
a 15 %). O período entre outubro e abril apresenta padrões contrastantes, sendo que os
meses de dezembro a março concentraram 47% da precipitação anual. Segundo a
classificação climática de KÖPPEN (in CODEPLAN, 1984), no Distrito Federal podem
ocorrer, em função de variações de temperaturas médias (dos meses mais frios e mais
quentes) e de altitude, climas do tipo: Tropical Aw, Tropical de Altitude Cwa e Tropical de
Altitude Cwb. A precipitação média anual é da ordem de 1.500 mm, sendo que existe uma
distribuição irregular, onde as menores alturas pluviométricas anuais ocorrem na porção
leste e as taxas mais elevadas estão concentradas em dois pontos a NE e SE do Distrito
Federal.
Estudos mostram que em média 12% da precipitação total infiltram na zona vadosa,
efetivamente alcançando a zona saturada do aquífero, seja este livre ou confinado. A
evapotranspiração real fica em torno de 900 mm anuais, sendo que os meses de maio a
setembro apresentam déficit hídrico, enquanto o período de outubro a abril apresenta
superávit. Um efeito anômalo da distribuição das precipitações é observado durante os
veranicos de janeiro (SALLES, 2007).
4.2. Geomorfologia
17
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A ARIE do Bosque está inserida na Unidade Morfoescultural Planaltos Retocados, que
compreende um conjunto de pediplanos levemente sulcados por uma rede de drenagem de
baixa densidade, estando elevados a cotas entre 900 e 1.200m, correspondendo aos
extensos remanescentes da Superfície Sul-Americana. Essa unidade está localizada em
amplas áreas da região, principalmente na porção leste, onde estão situadas as bacias dos
rios Preto e São Marcos. O relevo presente caracteriza-se por extensas e monótonas
superfícies planas, ocasionalmente interrompidas por vales muito amplos e suaves
(CODEPLAN, 1984).
4.2.2. A hipsometria
A análise das curvas de nível em carta topográfica, em escala de 1:100 000, demonstra a
ocorrência de quatro níveis hipsiométricos na área do Distrito Federal:> 1200 m (1200 -1100
m/1100 – 1000 m), < 1000 m. O Distrito Federal está constituído por cerca de 57 % de terras
altas, acima da cota de 1000 m. Essas terras altas apresentam-se como dispersoras de
água para as bacias de drenagem dos rios Maranhão (bacia amazônica), Preto (bacia do rio
São Francisco), São Bartolomeu, Descoberto e Alagado (bacia platina) (NOVAES PINTO,
1990).
4.2.3. A declividade
O Distrito Federal está inserido na Faixa de Dobramentos Brasília, cuja evolução ocorreu em
cinco fases de deformação hierarquizadas dentro de um único evento deformacional
relacionado ao Ciclo Orogenético Brasiliano (final do Neoproterozóico, aproximadamente
570 Ma.). Tal ciclo, caracterizado por tectônica compressiva (W-E) em direção ao cráton do
São Francisco, apresenta as quatro primeiras fases com deformações tipo dobramentos e
fraturamentos (caráter dúctil-rúptil) e foram responsáveis pela formação de domos (domo de
Brasília, domo do Pipiripau e domo de Sobradinho) e bacias estruturais. A última fase foi
responsável pelo desenvolvimento de estruturas de fraturamentos (rúptil) incluindo falhas e
fraturas (CAMPOS & FREITAS SILVA, 1998).
18
Plano de Manejo ARIE do Bosque
padrão regional com três conjuntos de direções: os lineamentos de extensão (em torno de
N20oW e N20oE), os de cisalhamento (aproximadamente W-E) e o par conjugado de
cisalhamento (em torno de N45oW e N45oE) (NOVAES PINTO, 1994).
4.2.6. O Modelado
A borda da chapada (ruptura de declive) mantém alinhamento geral na direção N50W sendo
“festonada” devido ao entalhe da drenagem que individualiza setores paralelos de
prolongamento da chapada e de reentrâncias. O desnível entre a borda e a encosta, em
alguns setores, é de aproximadamente 150 metros. Observa-se em campo, a presença de
couraças lateríticas nas bordas. Em estudos geomorfológicos no Distrito Federal, BATISTA
& MARTINS (1999) analisa a evolução de fácies lateríticas em trechos de bordas
evidenciando a resistência das couraças aos processos erosivos e, portanto, o papel deste
material como controlador de feições de ruptura de declive entre chapadas e encostas.
A área abrangida pelo estudo está compreendida no Planalto Central Goiano e foi incluída
por AB‟SABER (1963, 1970) no Domínio Morfoclimático dos Chapadões Tropicais do Brasil
Central, sendo caracterizada por uma monótona sucessão de superfícies tabulares planas
ou aplainadas, (chapadas) sulcadas por uma rede de baixa densidade de vales encaixados.
Nesses terrenos desenvolve-se uma peculiar formação fitogeográfica denominada de
cerrado.
Essa fisionomia da paisagem calcada nas extensas chapadas revestidas por vegetação de
cerrado, ou por suas variações fitoecológicas (campos-cerrados, cerrados, cerradões, matas
ciliares), abarca uma sequencia de unidades geoecológicas, ou ecótonos, resultantes de
uma peculiar interação dos condicionantes geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
hidrológicos e edáficos. A compreensão dessa estrutura da paisagem, típica do Centro-
19
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Oeste, é de fundamental importância para o entendimento e análise da atuação dos
processos erosivos-deposicionais e de avaliação de impactos ambientais decorrentes do
uso e ocupação do solo.
Topos de Chapadas
Matas de Galeria
Capões de mata
Matas secas
20
Plano de Manejo ARIE do Bosque
fertilidade natural. Esses terrenos também representam refúgios de vegetação florestal, mas
devido à baixa capacidade de armazenagem de água no solo, esta mata caracteriza-se pela
perda de folhas na estação seca, caracterizando-a como uma mata decídua ou caducifólia
(RIBEIRO & WALTER, 1998).
Os vales principais apresentam uma restrita sedimentação fluvial (Apf), dentre os quais se
destacam o rio Descoberto e o ribeirão Rodeador, na porção oeste; e os ribeirões
Sobradinho, do Torto e do Gama, na porção leste. O planalto do Distrito Federal consiste no
mais elevado dos planaltos retocados, sendo que seu limite com as demais unidades
geomorfológicas é geralmente demarcado por um degrau estrutural (De) de 70 a 100m de
desnivelamento. Esse degrau foi produzido por erosão diferencial no contato de falhas de
empurrão entre os xistos do Grupo Canastra (menos resistentes ao intemperismo) e os
quartzitos e metarritmitos do Grupo Paranoá. O planalto do rio Pipiripau, englobado nesta
unidade, apresenta situação semelhante (BATISTA & MARTINS, 1999).
O Planalto do Distrito Federal, devido a seus terrenos planos, bem drenados e de alta
capacidade de carga, e por abranger a capital federal, consiste numa área de acelerada
expansão urbana. Tal processo de urbanização desordenada, desencadeada pelo inchaço e
multiplicação das cidades-satélites, implica em problemas ambientais que devem ser
enfrentados pelo poder público, tais como o uso indiscriminado dos recursos hídricos, a
contaminação do lençol freático, a catalização de processos erosivos (levando-se em
consideração tanto a perda de solo por erosão laminar – BATISTA et al., 1996 – quanto por
erosão linear acelerada – ravinas e voçorocas) e o assoreamento dos cursos fluviais e
corpos d‟água (BATISTA & MARTINS, 1999).
21
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A presença de uma camada extensa e contínua de couraça laterítica atua no sentido de
preservação do perfil chapada-encosta. A presença deste material é interpretada como a
área de exposição de camada horizontal que se adentra para o interior da chapada e
representa um antigo horizonte plintítico que marca a transição do regolito para a rocha. O
horizonte plintítico, transformado em petroplintita, é resistente aos processos de
intemperismo (NOVAES PINTO, 1994).
4.3. Geologia
Segundo SILVA (2003), a região do Distrito Federal mostra uma história deformacional
complexa e polifásica, desde o Ciclo Transamazônico até o Brasiliano, com prováveis
reativações neotectônicas. O conjunto de rochas metamórficas representado pelo Complexo
Granulítico Anápolis - Itauçu, Associação Ortognáissica Migmatítica, pela Sequência
Metavulcanossedimentar Rio do Peixe e pelos metassedimentos dos Grupos Araxá,
Canastra, Paranoá e Ibiá, foi afetado por um regime tectono-estrutural de cisalhamento
dúctil simples, de natureza contracional, com a geração de estruturas de imbricamento
crustal e nappes tectônicos.
A evolução geológica da região foi caracterizada por três importantes eventos tectônicos
proterozóicos. O primeiro e o segundo desenvolveram-se sob regime dúctil e o terceiro em
regime caracteristicamente rúptil. Um último evento, cenozóico rúptil, é também interpretado.
O primeiro evento é o mais antigo, transamazônico. Está restrito ao canto sudoeste da área
onde afetou intensamente as rochas das unidades (Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu,
Associação Ortognáissica Migmatítica e a Sequência Metavulcanossedimentar Rio do
Peixe). Distinguem-se com clareza duas fases de deformação, das quais resultaram
estruturas imbricadas que justapõem granulitos orto com paraderivados e com os
granitóides da Associação Gnáissico-Migmatítica e, de um componente rúptil, na fase final.
22
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Canastra. Afetou com grande intensidade estas rochas, envolvendo também, as rochas do
Complexo Granulítico e a Sequência Metavulcanossedimentar.
O traçado do rio Preto mostra que seu antigo curso se unia com o rio São Marcos, ambos
fluindo no sentido Sul. Um notável evento desviou seu curso para Leste. Um lineamento de
direção NW-SE pode ser interpretado como o causador do fenômeno. Tal lineamento faz o
contato das unidades do Grupo Canastra/Formação Serra do Landim, para SW, com as
unidades do Grupo Paranoá/Unidade ítmica Quartzítica e Grupo Bambuí/Subgupo
Paraopeba Indiviso, para NE. A partir do lineamento, para Sul, o rio São Marcos mostra-se
aluvionado, para norte, o rio Preto escava seu curso.
23
Plano de Manejo ARIE do Bosque
reativação da falha NW que separa a Formação Chapada dos Pilões, da Unidade Rítmica
Quartzítica Intermediária do Grupo Paranoá.
O contato entre os grupos ocorre por meio de falhas de empurrão. O Grupo Paranoá ocupa,
no D.F., 65% do território e apresenta-se dividido em seis unidades, conforme a coluna
estratigráfica (da base para o topo): Unidade S (Metassiltito), Unidade A (Ardósia), R3
(Metarritmito Arenoso), Q3 (Quartzito Médio), R4 (Metarritmito Argiloso), PPC (Areno-
argiloso-carbonatado) (CAMPOS & FREITAS SILVA, 1998). A principal unidade geológica
presente na área da ARIE do Bosque é formada pelas rochas do grupo Paranoá.
O metacalcário possui coloração cinza escuro, estrutura maciça, granulação muito fina, por
vezes cortado por vênulas de calcita. Ocorre em lentes dentro do metassiltito cinza bem
estratificado. Em áreas isoladas, próximo ao contato com o Grupo Canastra, ocorrem
24
Plano de Manejo ARIE do Bosque
brechas tectônicas que passam lateralmente para quartzitos finos. As relações de contato
do Grupo Paranoá com o Grupo Canastra são relativamente mal definidas devido às
exposições não serem muito claras, mas os contatos são definidos por meio de uma falha
de empurrão de direção preferencial noroeste. Nesta zona, tanto as rochas do Grupo
Paranoá como do Grupo Canastra apresentam-se deformadas (SILVA, 2003).
4.4. Solo
Os estudos realizados por SILVA (2003) permitiram identificar três grandes domínios
pedoambientais na região, como sejam:
Não obstante a sua resistência à erosão, um programa de conservação do solo deve ser
adotado quando da utilização destes solos com lavouras. Apresentam aptidão para
agricultura tecnificada com a aplicação de insumos em larga escala (correções, adubações,
controle químico de pragas e doenças e irrigação). Há que se considerar, entretanto, que a
densidade de drenagem é bastante baixa nestes locais, o que dificulta e onera
sobremaneira a captação de água para irrigação, sobretudo para a utilização de pivô-central.
25
Plano de Manejo ARIE do Bosque
intemperizada; grande estabilidade de agregados, sendo o grau de floculação da argila igual
ou muito próximo de 100%. O teor de argila dispersa deve ser < 20% quando o horizonte
tiver 0,40% ou menos de carbono orgânico e não apresentar pH positivo ou nulo; textura
franco arenosa ou mais fina, teores baixos de silte, sendo a relação silte/argila, até a
profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o horizonte A exceder 150 cm de espessura) na
maioria dos sub-horizontes B, inferior a 0,7 nos solos de textura média e a 0,6 nos solos de
textura argilosa; relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki), determinada na ou correspondendo à
fração argila, _ 2,2, sendo normalmente < 2,0; menos de 4%de minerais primários alteráveis
(menos resistentes ao intemperismo) ou menos de 6% de muscovita referidos a 100g de
terra fina, podendo conter na fração < 0,05mm (silte + argila) não mais que traços de
argilominerais do grupo das esmectitas, e somente pequenas quantidades de ilitas, ou de
argilominerais interestratificados; capacidade de troca de cátions < 17meq/100g de argila
sem correção para carbono; serosidade, quando presente, no máximo pouca e fraca;
corresponde em parte ao “oxic horizon”, conforme a Soil Taxonomy (AB‟SABER, 1970).
4.5. Geotecnia
MACEDO et al. (1994) descreve que o Distrito Federal é coberto por um manto de
intemperismo de idade Terciária-Quaternária, que engloba uma grande variedade de solos.
A espessura é bastante variável e dependem de vários fatores como topografia, cobertura
vegetal e rocha de origem. A profundidade média estimada em todo o Distrito Federal está
na ordem de 15,00 a 30,00, baseando-se em sondagem para construção civil e poços
tubulares.
Em Brasília, segundo CAMAPUM DE CARVALHO et al. (1993), este solo pode atingir até 18
metros de espessura e é constituído por argilas, siltes e areias combinadas em diferentes
proporções dependendo do domínio geológico local. Apresenta geralmente as seguintes
características:
26
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e os elevados teores de Fe e Al, devido ao processo de lixiviação. Apesar do alto teor de
argila estes solos apresentam elevada porosidade e comportamento similar a solos
arenosos (EMBRAPA, 1978). Resulta deste processo de intemperismo, o que é conhecido
pelos geotécnicos da região como camada de “argila porosa” vermelha, com baixa
resistência (spt < 4) e alta permeabilidade, cobrindo grandes extensões do Distrito Federal.
Na área da ARIE do Bosque foi identificado solo do tipo latossolos vermelhos. O trabalho da
EMBRAPA (1978) define este solo como não hidromórficos, com horizonte A moderado e
horizonte B latossólico, textura argilosa ou média e rica em sesquióxidos. São muito porosos,
bastante permeáveis e de acentuadamente a fortemente drenados, sendo também álicos e
fortemente ácidos.
Escarpas Erosivas, formas de relevo que apresentam rebordos erosivos de alta declividade
e considerável susceptibilidade aos processos erosivos, estão situados no limite entre os
vales encaixados e os planaltos adjacentes. Nos fundos de vales, predomina um relevo de
rampas e colinas que convergem para o eixo do canal-tronco apresentando, portanto,
vertentes mais suaves e menores amplitudes de relevo, porém, com uma rede de drenagem
de alta densidade. Dessa forma, podemos conceber que a evolução desses vales procedeu-
se, primeiramente, a partir da incisão vertical dos talvegues principais e, posteriormente,
esses vales incisos foram alargados por intermédio do recuo das vertentes empreendido
pede rede tributária aos coletores principais.
4.5.2. Hidrogeologia
No Distrito Federal, assim como na Arie do Bosque, são reconhecidos aquíferos de domínio
poroso e do domínio fraturado (CAMPOS & FREITAS-SILVA, 1998, 1999). O domínio
poroso foi dividido por Campos & Freitas em quatro sistemas - P1, P2, P3 e P4. O domínio
fraturado é classificado em quatro sistemas, cuja denominação segue a nomenclatura das
unidades geológicas, incluindo os sistemas Paranoá, Canastra, Bambuí e Araxá. O Sistema
Aquífero Paraná, que engloba a ARIE do Bosque é dividido em cinco subsistemas: S/A, A,
R3/ Q3, R4 e PPC e o Sistema Canastra dividido nos subsistemas F e F/Q/M.
Conforme Campos et al. (2004), os sistemas porosos são caracterizados em função de sua
espessura, condutividade hidráulica e transmissividade, compondo aquíferos intergranulares,
27
Plano de Manejo ARIE do Bosque
livres, contínuos lateralmente, aproveitados por poços escavados, com moderado a elevado
risco de contaminação e com importância hidrogeológica restrita para abastecimento público.
4.6. Água
A represa existe desde 1959 e é hoje um dos principais cartões postais da cidade.
Apresenta como seus principais tributários o Riacho Fundo, o Ribeirão do Torto, o Ribeirão
do Bananal, o Ribeirão do Gama e o Ribeirão Cabeça de Veado, além dos efluentes de
duas estações de tratamentos de esgotos situadas no Plano Piloto da capital e a Estação de
Tratamento de Esgoto - ETE Norte e Sul.
Outro fator que pode interferir na qualidade das águas de um lago é o lançamento das
águas pluviais, que referem-se à parcela de água das chuvas que, não se infiltrando, nem
28
Plano de Manejo ARIE do Bosque
se evaporando, tende a escoar superficialmente. Podem caracterizar-se pela presença de
sólidos, matéria orgânica, micro-organismos patogênicos, defensivos agrícolas, fertilizantes
e compostos químicos. Em áreas urbanas, essas águas tendem a carrearem mais poluentes.
A concentração de poluentes é maior no início do escoamento superficial e depende de
vários fatores, tais como: uso do solo e tipo de atividade desenvolvida na bacia hidrográfica;
fatores hidrológicos; tipo de pavimentação ou cobertura; vegetação existente e estrutura e
composição do solo (MONTANARI & STRAZZACAPPA, 1999).
Foi realizado pela empresa Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda., um trabalho de coleta
de águas pluviais em área vizinha à ARIE do Bosque, especificamente na área do Centro de
Lazer Pontão do Lago Sul. Os resultados deste trabalho complementam o estudo das
características físico-químicas da água, sendo o relatório é apresentado a seguir.
A água pluvial é proveniente das águas coletadas nas coberturas das edificações e das
áreas externas como as vias de acesso, pátio de estacionamento e calçadas. Os pontos de
coleta (boca de lobo) são moldados em concreto e as tubulações dos pontos de coletas são
constituídas de tubos de PVC tipo rígido de plástico vinílico e concreto, de maneira similar
ao sistema de esgoto sanitário (Figuras 25 e26).
Figura 25- Vista de uma das galerias de água Figura 26- Vista de um dos pontos de
pluvial localizado nas vias de acesso interno do lançamentos de águas pluviais no Lago Paranoá,
Centro de Lazer Pontão do Lago Sul, jan. 2007. Centro de Lazer Pontão do Lago Sul, jan.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. 2007.Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
29
Plano de Manejo ARIE do Bosque
devidos responsáveis para que sempre se tenha o controle das áreas e locais que estão
sendo mantidos.
4.6.1.2. MONITORAMENTO
30
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 27 - Coleta de amostras das águas pluviais coletadas no Centro de Lazer Pontão do Lago Sul
lançada no Lago Paranoá, jan. 2007. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Foram definidos três pontos de coleta, no lançamento de águas pluviais situados na Orla do
Lago Paranoá (Figura 34), sendo estes representativos para toda a área do
empreendimento: P-01 - À direita da sede do Pontão do Lago Sul (água pluvial); P-02 - No
centro do Pontão do Lago Sul (água pluvial); P-03 - Á esquerda da sede do Pontão do Lago
Sul (água pluvial). As coletas foram realizadas em três campanhas, com replicatas, nos dias
31/01/2006, 16/02/2006 e 14/03/2006 durante o período chuvoso, quando ocorre um aporte
mais significativo de águas pluviais ao Lago Paranoá.
As coletas foram realizadas com profundidade de no mínimo 10 cm, mantendo cuidado para
se preservar as amostras (CONTE & LEOPOLDO, 2001). Elas foram acomodadas em
frascos apropriados e acondicionadas em caixas de isopor e levadas para serem analisadas
no Laboratório Aqualit em Goiânia – GO e no Laboratório Bioagri Ambiental em Piracicaba –
SP. As metodologias utilizadas para as análises dos parâmetros requeridos são
recomendadas pelo Standard Methods for the examination of water and wastewater (2003).
31
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Resultados do monitoramento
Não há uma legislação específica que verse sobre padrões de lançamento de águas pluviais
coletadas em áreas externas de empreendimentos aos corpos receptores. Os resultados
obtidos foram comparados com a Resolução do CONAMA nº 357/05, art. 34 que estabelece
os padrões de lançamentos de efluentes em corpos de água, a título comparativo. A Tabela
02 a seguir apresenta uma síntese dos resultados das três campanhas.
32
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 2- Resultados dos parâmetros avaliados.
P – 01 P – 02 P - 03
Res.
1º Camp.
1º Camp.
2º Camp.
3º Camp.
1º Camp.
2º Camp.
3º Camp.
2º Camp.
3º Camp.
CONAMA
Parâmetros Unidades
357/05 art.
34
Turbidez 4,52 53,70 2,81 5,09 4,97 45,0 36,9 12,1 50,8 uT N.R
Nitrogênio Total 18,6 8,57 20,0 10,0 7,86 21,4 18,6 15,0 20,0 mg / L N N.R
Nitrogênio
1,43 5,71 4,29 2,86 4,29 2,86 1,45 3,57 2,9 mg / L N-NH3 20,0
Amoniacal
OD 7,5 5,7 7,5 7,6 5,8 7,4 7,1 6,4 6,5 mg / L O2 N.R
DBO5 Dias 1,5 15,0 0,5 1,6 3,0 4,5 1,9 17,0 2,0 mg / L O2 N.R
DQO 7,0 26,0 9,0 7,0 5,0 24,0 8,0 23,0 4,0 mg / L O2 N.R
OG V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A mg / L 20,0
Sólidos Totais 30,0 120,0 60,0 20,0 30,0 130,0 110,0 50,0 100,0 mg / L N.R
Cádmio Total < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 mg/l Cd 0,2
Chumbo Total < 0,020 < 0,020 < 0,010 < 0,020 < 0,020 < 0,010 < 0,020 < 0,020 < 0,010 mg/l Pb 0,5
Surfactantes 0,11 0,95 0,41 0,15 1,04 0,11 0,15 0,12 0,29 mg / L L.A.S. N.R
N.M.P / 100
Coliforme Total 11.000,0 110.000,0 11.000,0 11.000,0 110.000,0 11.000,0 11.000,0 110.000,0 110.000,0 N.R
mL
Coliforme N.M.P / 100
140,0 2.800,0 AUSENTE 11.000,0 110.000,0 2.300,0 11.000,0 700,0 2.300,0 N.R
Termotolerante mL
2,4 – D < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 g / L N.R
Diazinon < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 mg / L N.R
Benzeno < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 mg / L N.R
Tolueno <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 g / L N.R
Etilbenzeno <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 g / L N.R
Xilenos <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 g / L N.R
Legenda: V.A = Virtualmente Ausente, N.R = Não Recomendável.
Fonte: Arquivo Público do DF.
33
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Todos os parâmetros analisados, como demonstra a Tabela 02, apresentaram valores abaixo
dos estabelecidos pela legislação supracitada, não representando, portanto, riscos de
alterações aos padrões de qualidade das águas do Lago Paranoá no trecho em questão.
Os resultados obtidos nas três amostragens indicaram que os principais parâmetros estiveram
dentro da faixa característica conforme apresentado na Tabela 03, inferindo, portanto, que as
águas pluviais que escoam na área do empreendimento apresentaram concentrações
compatíveis de águas pluviais de áreas urbanas, não causando maiores interferências na
qualidade do Lago Paranoá no período da amostragem.
Além das amostras coletadas para o monitoramento realizado pelo Centro de Lazer Pontão do
Lago Sul, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB executa um
rígido controle da qualidade da água do Lago Paranoá. É mantido um programa semanal de
balneabilidade que estabelece as áreas próprias para recreação e lazer, com base no
parâmetro Escherichia coli, segundo a frequência de coleta e metodologia de análise dos
resultados proposta na Resolução nº 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA,
datada de 29 de novembro de 2000. A seguir, são apresentados nas Figuras 28 a 30 alguns
mapas de balneabilidade fornecidos pelo site da CAESB (www.caesb.df.gov.br).
De acordo com a Figura 28, observou-se que a maioria dos pontos de monitoramento
apresentaram resultados classificados como „excelente‟ quanto à balneabilidade do lago. Já as
Figuras 29 e 30 demostraram que em ambos os períodos sazonais a qualidade da água do
Lago Paranoá manteve-se como excelente em todos os pontos de monitoramento, bem como
em locais onde há o lançamento de águas pluviais.
34
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 28 - Mapa de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro de
2006. Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
35
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 29 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro de
2012 (período de chuva). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
36
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 30 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em julho de 2012
(período de seca). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
37
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4.7. Levantamento de Ruído
38
Plano de Manejo ARIE do Bosque
LEI Nº 1.065, DE 06 DE MAIO DE 1996.
DODF DE 07.05.1996.
Dispõe sobre normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora e dá outras
providências.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL FAZ SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA
DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Art. 1º Esta Lei estabelece às normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora,
fixando níveis máximos de emissão de sons e ruídos, de acordo com o local e a duração da fonte.
§ 1º Considera-se poluição sonora qualquer som indesejável, principalmente quando
interfere em atividades humanas ou ecossistemas a serem preservados.
§ 2º Considera-se som o fenômeno acústico que consiste na propagação de ondas sonoras
produzidas por um corpo que vibra em meio material elástico.
§ 3º Considera-se ruído o som constituído por grande número de vibrações acústicas com
relações de amplitude e fase distribuídas ao acaso.
Art. º É proibido perturbar o sossego e o bem-estar público e da vizinhança pela emissão
de sons de qualquer natureza que ultrapassem os níveis máximos de intensidade fixados nesta Lei.
Art. 3º Os níveis sonoros máximos permitidos em ambientes externos e internos são os
fixados pelas Normas 10.151, Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o Conforto da
Comunidade, e 10.152, Níveis de Ruído para Conforto Acústico, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
Parágrafo único - A concessão ou a renovação de licença ambientar ou alvará de
funcionamento estão condicionadas a vistoria prévia que comprove tratamento acústico compatível com
os níveis sonoros permitidos nas áreas em que estiverem situados.
Art. 4º As atividades relacionadas com construção civil, reformas, consertos, operações de
carga e descarga não passíveis de confinamento ou que, apesar de confinadas, ultrapassem o nível
sonoro máximo para elas admitido, somente podem ser realizadas no horário de 7 horas às 16 horas, se
contínuas, e no de 7 horas às 19 horas, se descontínuas.
Parágrafo único - As atividades mencionadas no caput somente podem funcionar aos
domingos e feriados mediante licença especial, com discriminação de horários e tipos de serviços
passíveis de serem executados.
Art. 5º A emissão de ruídos por veículos automotores obedecerá aos limites fixados pelas
Resoluções nº 1, de 17 de setembro de 1992 e nº 2, de 11 de fevereiro de 1993, do Conselho Nacional
de Meio Ambiente - CONAMA.
Art. 6º É proibida a utilização, por veículos automotores, de buzinas, sinais de alarme e
outros equipamentos similares, nas proximidades de hospitais, prontos-socorros, sanatórios, clínicas e
escolas.
Art. 7º A sinalização de silêncio nas proximidades de clínicas, hospitais, prontos-socorros,
sanatórios e escolas serão implantados pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal - DETRAN,
levando em conta as condições de propagação de som, com o fim de proteger as referidas instituições.
Art. 8º Todos os equipamentos, máquinas e motores que produzam sons excessivos ou
ruídos incômodos devem utilizar dispositivos para controle da poluição sonora.
Art. 9º Não estão sujeitos às proibições desta Lei os sons produzidos pelas seguintes
fontes:
I - sirenes ou aparelhos sonoros de viaturas quando em serviços de socorro ou de
policiamento;
II - detonações de explosivos empregados em demolições, desde que em horário
previamente aprovado pelo setor competente.
39
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Art. 10. Não se admitem sons provocados por criação, tratamento ou comércio de animais
que incomodem a vizinhança.
Art. 11. As fontes de som de área determinada não podem transmitir para outra área mais
restritiva níveis de som que ultrapassem os máximos fixados para esta última.
Art. 12. Para efeito desta Lei, as medições de nível de som devem ser realizadas por
instrumento adequado, em decibel, e seguir a metodologia estabelecida pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
Art. 13. A Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia - SEMATEC, no que
concerne ao controle da poluição sonora, fica incumbida de:
I - estabelecer normas de controle e redução da poluição sonora no Distrito Federal;
II - exercer a fiscalização e o poder de polícia quando necessário;
III - exigir o cumprimento desta Lei quando da concessão ou renovação das licenças
ambientais;
IV - executar programa de monitoramento da poluição sonora.
V - executar programa de educação e conscientização da população.
Art. 14. Incumbe à Secretaria de Saúde a implantação de programa de monitoramento de
níveis de audição da população e, em colaboração com a Secretaria de Educação, a realização de
exames auditivos em escolares.
Art. 15. Os padrões adotados devem ser revistos a cada dois anos e incorporar os novos
conhecimentos nacionais e internacionais e os resultados do monitoramento realizado no Distrito
Federal.
Art. 16. Os infratores do disposto nesta Lei sujeitam-se às penalidades previstas na Lei nº
41, de 13 de setembro de 1989, Lei da Política Ambiental do Distrito Federal.
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 18. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 06 de maio de 1996.
108º da República e 37º de Brasília.
CRISTOVAM BUARQUE
Este texto não substitui o publicado na imprensa oficial.
40
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4.8. Análise da Paisagem
A paisagem é definida como uma unidade ambiental heterogênea, constituída por um mosaico
de unidades ou partes interativas de habitat (RICKLEFS, 1996).
A área tem características típicas das demais áreas verdes às margens do Lago Paranoá,
localizadas no entorno das moradias dos Setores de Habitações Individuais dos Lagos Sul e
Norte, ou seja, área degradada, invadida por cercas, ancoradouros e atracadouros construídos
pelos proprietários dos lotes.
Figura 31- Predominância de gramínea, jan. 2007. Figura 32- Bosque dos Eucaliptos, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
41
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 33 - Eucaliptos caídos, jan. 2007. Figura 34 - Margens do lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
42
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO
5.1. Flora
Ocorrem aqui cerca de 12 mil espécies em sua flora vascular de acordo com recentes
atualizações (MENDONÇA et al. 2008). No entanto, cobertura vegetal original no Bioma
Cerrado se encontra bastante fragmentada, e em ritmo acelerado, vem desaparecendo. Alho &
Martins (1995) destacaram o desmatamento entre as principais ameaças à biodiversidade do
Cerrado, juntamente com o fogo de origem antrópica, a introdução de espécies exóticas
invasoras e a redução da fauna.
Um estudo recente, que utilizou imagens do satélite MODIS do ano de 2002, concluiu que 55%
do Cerrado já foram desmatados ou transformados pela ação humana (MACHADO et al. 2004).
Esse fato, somado à distribuição restrita das espécies (FELFILI et al. 2001) e ao pequeno
percentual de 1,1% da área legalmente declarados como Área de Proteção Ambiental e aos
2,5% declarados como de Preservação Permanente, dão ideia dos riscos de perda das
informações sobre a florística da região (UNESCO, 2000).
O Distrito Federal (DF), localizado na área nuclear do Bioma Cerrado, tem sofrido acelerada
ação depredatória dos recursos naturais. Em um período de 44 anos após o início de sua
ocupação, 73.8% da cobertura original de Cerrado já foram perdidos (FELFILI, 2000). As
Unidades de Conservação (UC) do DF ocupam o total de 42% de sua área física, mas muitas
dessas áreas, inclusive as Áreas de Proteção Ambiental, encontram-se invadidas por
edificações ilegais, o que leva a contaminação e assoreamento dos corpos d„água e
consequente queda da biodiversidade (FELFILI et al. 2001).
Desta forma, essa área apresenta características de um cerrado “antropizado” que pouco
preserva suas características originais, principalmente com relação a sua vegetação lenhosa.
O mapa de vegetação trás a delimitação da fisionomia na ARIE do Bosque (ANEXO 1 –Mapa
de Vegetação da AIRE do Bosque).
43
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e à bibliografia especializada. A nomenclatura utilizada para a confecção da lista de espécies
seguiu o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group (APG II, 2003). A grafia
correta dos nomes científicos e os autores das espécies foram confirmados na base de dados
“TreeAtlan 2.0” disponível na internet (OLIVEIRA-FILHO, 2010).
Conforme observado, toda a área se encontra em estado degradado. Em alguns pontos, este
grau de degradação é mais elevado que em outros. Isso também se deve a grande presença
de espécies exóticas, como gramíneas de origem africana, Brachiaria sp. e Panicum maximum
Jacq. (Figura 35), que possuem caráter invasor, devido à alta capacidade de colonizar áreas
degradadas e concorrer em água e nutrientes com as espécies nativas. As gramíneas
africanas são as espécies de caráter invasor mais comum em áreas de Cerrado (MISTY,
1998).
44
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 5. Indivíduos nativos e exóticos identificados em levantamento florístico realizado na “ARIE do Bosque” no Distrito Federal, com os respectivos meses de
floração, frutificação, síndromes de polinização e dispersão de sementes.
Mês de
Mês de Síndrome de Síndrome de Nativa/
Nome Popular Nome Científico Família Frutificaçã
Floração Dispersão Dispersão exótica
o
1 Macaúba Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. ARECACEAE out-jan set-jan cantarofilia zoocoria nativa
2 Milho-de-grilo Aegiphila lhotskiana Cham. LAMIACEAE jul-set nov-jan melitofilia zoocoria nativa
3 Albizia Albizia sp. FABACEAE - - ornitofilia anemocoria nativa
4 Caju Anacardium sp. ANACARDIACEAE - - entomofilia zoocoria nativa
5 Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan FABACEAE nov-jan jul-ago entomofilia anemocoria nativa
6 Araticum Annona sp. ANNONACEAE jan-mar - cantarofilia zoocoria nativa
7 Jaca Artocarpus heterophyllus Lam MORACEAE nov-dez - anemofilia barocoria exótica
8 Primavera Bougainvillea glabra Choisy. NYCTAGINACEAE nov-fev mar-mai entomofilia anemocoria exótica
9 Murici Byrsonima pachyphylla A.Juss. MALPIGHIACEAE mai-out jun-jul melitofilia zoocoria nativa
10 Guanandi Calophyllum brasiliense Cambess. CLUSIACEAE ago-nov mai-nov melitofilia zoocoria nativa
11 Jequitibá Cariniana sp. LECYTHIDACEAE - - melitofilia zoocoria exótica
12 Chuva-de-ouro Cassia fistula L. FABACEAE entomofilia autocoria exótica
13 Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. FABACEAE set-mar mai-out entomofilia zoocoria nativa
14 Jacarandá-do-cerrado Dalbergia miscolobium Benth. FABACEAE novo-mai mai-jul melitofilia anemocoria nativa
15 Pingo-de-ouro Duranta repens L. VERBENACEAE set-jan abr-jul entomofilia zoocoria exótica
16 Corticeira Erythrina velutina Wild. FABACEAE ago-dez jan-fev entomofilia autocoria nativa
17 Eucalipto Eucaliptus sp. MYRTACEAE - - entomofilia anemocoria exótica
18 Eucalipto-prateado Eucalyptus cinerea F. Muell. ex Benth. MYRTACEAE abr-set set entomofilia anemocoria exótica
19 Pitanga Eugenia uniflora L. MYRTACEAE ago-set out-jan entomofilia zoocoria nativa
20 Ficus Ficus benjamina Linn. MORACEAE - abr-jun entomofilia zoocoria exótica
21 Figueira-do-brejo Ficus insipida Willd. MORACEAE jul-set jan-fev entomofilia zoocoria nativa
22 Genipapo Genipa americana L. RUBIACEAE out-dez nov-jan entomofilia zoocoria exótica
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.)
23 Ipê-rosa BIGNONIACEAE mai-ago set-out entomofilia anemocoria nativa
Mattos
24 Ipê-amarelo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O.Grose BIGNONIACEAE ago-nov out-dez entomofilia anemocoria nativa
25 Ingá-amarelo Inga laurina (Sw.) Willd. FABACEAE - - fanelofilia zoocoria nativa
26 Ingá-feijão Inga marginata Willd. FABACEAE - - fanelofilia zoocoria nativa
45
Plano de Manejo ARIE do Bosque
27 Jacarandá-muchiba Machaerium opacum Vogel FABACEAE out-jan jan-abr entomofilia anemocoria nativa
28 Manga Mangifera indica L. ANACARDIACEAE abr-jun set-dez entomofilia zoocoria exótica
29 Amora Morus sp. MORACEAE set-out out-nov melitofilia zoocoria exótica
anemocoria/
30 Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemao ANACARDIACEAE jun-jul set-out entomofilia nativa
autocoria
31 Pau-bálsamo Myroxylon peruiferum L.f. FABACEAE mai-ago set-dez ornitofilia anemocoria nativa
32 Vassoura-de-bruxa Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill. OCHNACEAE jul-out out-jan melitofilia zoocoria nativa
33 Monguba Pachira aquatica Aubl. MALVACEAE set-nov abr-jun entomofilia barocoria exótica
34 Marmeleiro-do-campo Plenckia populnea Reissek CELASTRACEAE out-nov jul-ago entomofilia anemocoria nativa
35 Grão-de-galo Pouteria torta (Mart.) Radlk SAPOTACEAE abr-set out-fev Falenofilia zoocoria nativa
36 Protium Protium sp. ANACARDIACEAE - - melitofilia zoocoria nativa
37 Goiaba Psidium grajava L. MYRTACEAE set-out dez-mar entomofilia zoocoria nativa
38 Pau-terra-grande Qualea grandiflora Mart. VOCKYSIACEAE ago-abr dez-set melitofilia anemocoria nativa
39 Pau-terra-miúdo Qualea multiflora Mart. VOCKYSIACEAE mai-out set-out melitofilia anemocoria nativa
40 Guapuruvu Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake FABACEAE ago-nov mar-jun melitofilia autocoria exótica
41 Acacia Senegalia sp. FABACEAE - - melitofilia autocoria nativa
42 Tulipeira Spathodea campanulata Beauv. BIGNONIACEAE abr-mai jul-set melitofilia anemocoria exótica
43 Jambolão Syzygium cumini (L.) Skeels. MYRTACEAE jan fev entomofilia anemocoria exótica
Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook.f. ex
44 Caraiba BIGNONIACEAE jul-set set-out entomofilia anemocoria nativa
S.Moore
45 Pombo Tapirira sp. ANACARDIACEAE - - melitofilia zoocoria nativa
46 Ipê-mirim Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth. BIGNONIACEAE ago-set set-out entomofilia anemocoria exótica
47 Quaresmeira Tibouchina candolleana (Mart. ex DC.) Cogn. MELASTOMATACEAE set-out jun-set entomofilia anemocoria nativa
48 Assapeixe Vernonia polyanthes Less. ASTERACEAE jul-ago set-nov melitofilia anemocoria nativa
46
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 35 - Predominância de gramíneas invasoras na ARIE do Bosque DF, Fev. 2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Além destes indivíduos exóticos de caráter invasor que são encontrados de forma
isolada na paisagem, dentro da ARIE do Bosque é possível observar que foram
realizados alguns plantios de espécies exóticas como Cariniana sp., Spathodea
campanulata, Syzygium cumini, Tecoma stans, Ficus benjamina e Eucalyptus cinerea
(Figura 37), que é provavelmente um dos mais antigos devido ao porte das árvores.
Figura 36 – Spathodea campanulata, espécie exótica presente na ARIE do Bosque-Df, Fev. 2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
47
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 37 – Povoamento de Eucalyptus cinerea, ARIE do Bosque- DF, Fev. 2012. Fonte:Equipe
Técnica Neotropica
48
Plano de Manejo ARIE do Bosque
representatividade genética de uma população (VENCOVSKY, 1987). A Figura 39
mostra alguns indivíduos que ocorreram apenas uma única vez no levantamento.
Figura 39. Espécies nativas encontradas na ARIE do Bosque-DF com apenas um indivíduo cada,
Fev. 2012. Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Sendo assim, a seleção dos indivíduos para coleta de sementes deve pressupor a
obtenção da maior dissimilaridade possível, objetivando maior variabilidade genética
no lote de sementes (FOWLER, 2008), desta forma a variabilidade genética obtida a
partir da coleta de apenas um indivíduo não é geneticamente interessante do ponto de
vista da conservação.
49
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.1.2. Recomendações para o controle das espécies exóticas
Para que a área recupere suas funções ecológicas a curto e longo prazo, recomenda-
se que seja realizado um trabalho conjunto de controle das espécies exóticas
invasoras e enriquecimento com espécies nativas na ARIE do Bosque. Espécies como
Ficus benjamina, Tecoma stans, Eucalyptus cinerea, Syzygium cumini, Duranta repens
e Cariniana sp. devem ser gradativamente removidas da área, para posterior
substituição por espécies nativas.
50
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2. Fauna
Figura 40. Visão geral da área em estudo. Ao fundo Figura 41. Vista geral da ARIE do Bosque, com
e esquerda da figura, observa-se imóveis presença de árvores esparsas.
residenciais. Fonte: Equipe Técnica Neotropica
Fonte: Equipe Técnica Neotropica
51
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 42. Visão geral da área em estudo. Figura 43. ARIE do Bosque. Ao fundo, o lago
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Paranoá. Fonte:Equipe Técnica Neotropica
5.2.2. Invertebrados
52
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2.2.1. METODOLOGIA
Outra ordem que também é observada com frequência na área em estudo foi a ordem
Isoptera, vulgarmente conhecidos como cupins. Os cupins constroem seus ninhos em
diversos habitats, podem ser visíveis na superfície do solo (epígeos), acima da
superfície (arbóreos), ou podem ser inteiramente subterrâneos (hipógeos)
(CONSTANTINO, 2002). Estes ninhos são construídos de vários tipos de materiais,
incluindo solo, fezes, material vegetal e saliva. Os cupinzeiros são utilizados por outros
animais como abrigo (aranhas, escorpiões, lacraia, opiliões, formigas e alguns
vertebrados, como calangos, rãs e cobras) ou como local de nidificação (algumas aves,
ratos, muitas abelhas, vespas e besouros) (COSTA et al., 2009). Os cupins são
importantes nos processos de decomposição e reciclagem de matéria orgânica, como
folhas, galhos e troncos caídos. Na área em estudo foram encontrados cupins
pertencentes a duas famílias, Termitidae e Rhinotermitidae. Dentre os Termitidae,
destacam-se duas subfamílias, os Nasutitermitinae e os Termitinae, sendo elas, as
53
Plano de Manejo ARIE do Bosque
mais abundantes famílias de cupins que possuem soldados. Os gêneros encontrados
foram: Cornitermes (Figura 44), Syntermes, Nasutitermes, Velocitermes, Anoplotermes,
Coptotermes e Heterotermes (CONSTANTINO & DIANESE, 2001).
54
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 45. Apis mellifera, espécie exótica visitando uma flor, ARIE do Bosque, Brasília, DF
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
O filo Annelida, foi representado na ARIE por duas espécies, Pontoscolex sp, espécie
nativa da região e a espécie Pheretima hawayana, espécie exótica que exerce forte
pressão competitiva nas espécies nativas, pois possuem habitats semelhantes
(BROWN et al., 2006).
56
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Todos os táxons encontrados na ARIE do Bosque são apresentados na Tabela 7.
CLASSE BRACHIPODA
ORDEM CLADOCERA
Família Bosminidae
Bosmina hagmanni (Stingelin, 1904)
Bosmina longirostris (Müller, 1776)
CLASSE INSECTA
ORDEM COLEOPTERA
Família Carabidae
Família Cerambycidae
Família Chrysomelidae
Família Coccinelidae
Família Curculionidae
Família Elateridae
Família Erotylidae
Família Hydrophilidae
Família Lucanidae
Família Lycidae
Família Passalidae
Família Scarabaeidae
ORDEM DIPTERA
Família Bibionidae
Família Ceratopogonidae
Família Chironomidae
Família Culicidae
Aedes aegypti (Linnaeus, 1762)
Família Drosophilidae
Família Musicidae
Família Tephridae
ORDEM ISOPTERA
Família Termitidae
Anoplotermes sp
Cornitermes sp
Nasutitermes sp
Syntermes sp
Velocitermessp
Família Rhinotermitidae
Coptotermes sp
Heterotermes sp
ORDEM HYMENOPTERA
Família Anthophoridae
57
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Xylocopa sp
Família Apidae
Apis mellifera (Linnaeus, 1758)
Centris sp
Tetragonisca sp
Família Formicidae
Acromyrmex sp
Ectatomma sp
Hypoponera sp
Pachycondyla sp
Odontomacus sp
Solenopsis sp
ORDEM LEPIDOPTERA
Família Nymphalidae
Família Pieridae
Família Papilionidae
ORDEM ODONATA
Família Aeshnidae
Castoraeschna sp
Família Calopterygidae
Hetaerina sp
Família Gomphidae
Zonophora sp
Família Libellulidae
Elasmothemis sp
CLASSE MALACOSTRACA
ORDEM ISOPODA
CLASSE MAXILLOPODA
ORDEM CALANOIDA
Família Cyclopidae
Thermocyclops decipiens (Kiefer, 1929)
Família Diaptomidae
Notodiaptomus cearensis (Wright, 1936)
CLASSE GASTROPODA
ORDEM BASOMMATOPHORA
Família Planorbidae
Biomphalaria straminea (Dunker, 1848)
Drepanotrema cimex (Moricand, 1839)
CLASSE BIVALVIA
CLASSE EUROTATORIA
ORDEM PLOIMA
Família Synchaetidae
Polyarthra vulgaris (Carlin, 1943)
Synchaeta pectinata (Ehrenberg, 1832)
Família Trichocercidae
Trichocerca pusilla (Lauterborn, 1898)
58
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2.2.3. CONSIDERAÇOES GERAIS
5.2.3. Herpetofauna
59
Plano de Manejo ARIE do Bosque
No bioma Cerrado podem ser encontradas 141 espécies de anfíbios sendo que 47
espécies são endêmicas (BASTOS, 2007). Para os répteis cerca de 107 serpentes, 47
lagartos, quinze anfisbênias, dez quelônios e cinco jacarés (COLLI et al., 2002).
5.2.3.1. METODOLOGIA
Dados Primários
Dados Secundários
60
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 8. Coleções Pesquisadas da Herpetofauna.
COLEÇÕES
Coleção Célio F. B. Haddad - IB/UNESP
Coleção de Anfíbios do Museu de História Natural 'Prof. Dr. Adão José Cardoso' - UNICAMP
Coleção de Répteis do Museu de História Natural 'Prof. Dr. Adão José Cardoso' – UNICAMP
Coleção Herpetológica Alphonse Richard Hoge - Instituto Butantã
Durante o levantamento foram registradas dez espécies, sendo seis répteis e quatro
anfíbios (Figura 48) pertencentes a dez famílias (Bufonidae, Caecilidae, Hylidae,
Leptodactylidae, Teiidae, Tropiduridae, Amphisbaenidae, Dipsadidae, Chelidae e
Emydidae; Tabela 9).
Em relação à riqueza dos répteis, os lagartos e quelônios foram mais abundantes com
duas espécies cada (33,3%) seguidos das serpentes e anfisbênias com uma espécie
cada (16,6%) (Figura 49). Entre os anfíbios, as famílias Bufonidae, Caecilidae, Hylidae
e Leptodactylidae, apresentaram a mesma representatividade, com uma espécie cada
(25%) (Figura 50).
61
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 49. Famílias de anfíbios anuros registrados Figura 50. Famílias de répteis registrados e
e representatividade de cada uma durante a representatividade de cada uma durante a
amostragem. amostragem.
Tabela 9. Anfíbios e répteis registrados na ARIE do Bosque, Brasília, DF. A classificação dos
anfíbios está de acordo com “Amphibian Species of the World”
(http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos répteis, de
acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/).
62
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM TESTUDINES
FAMÍLIA CHELIDAE
Phrynops geoffroanus (Schweigger, cágado-de-
Aq AT D/N LC
1812) barbelas
FAMÍLIA EMYDIDAE
Trachemys dorbigni (Duméril & tigre-d'água
Aq - - LC
Bibron, 1835)
Legenda: Hábitos: Ar (arborícola); Sab (Semi-arborícula); Ter (terrícola); Aq (aquático); Cr (criptozóico) Re (reofílico) Ru
(rupícola); Habitat: AT (área antropizada); CE (cerrado sensu strictu) MC (mata ciliar); F (floresta); (PA) Período de
Atividade: D (diurno) N (noturno); (SC) Status de Conservação: LC (não ameaçado); DD (dados deficientes); VU
(vulnerável); CR (criticamente ameaçado).
63
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Leptodactylus labyrinthicus (Figura 53) - Possui ampla distribuição, ocorrendo em
regiões do Cerrado e da Caatinga e sudeste do Brasil, na Bolívia, Argentina, Paraguai
e Venezuela (FROST, 2012; GAA, 2012). Pode ser encontrada em áreas abertas e/ou
no interior de florestas primárias e secundárias. Os machos desta espécie vocalizam
no chão próximo a corpos d‟água. Segundo GUIMARÃES (2006) esta é uma espécie
indicadora de poças associadas ao cerrado sentido restrito.
Ameiva ameiva (Figura 54) - Ocorre do Panamá até o sul do Brasil e norte da
Argentina, não sendo uma espécie seletiva no que se refere à escolha do habitat.
Pode ser encontrado em florestas e cerrados, sendo comum em áreas alteradas pela
ação do homem. De hábito terrestre, cava também buracos sob rochas, troncos caídos,
montes de areia, argila, onde procura abrigo e deposita seus ovos (SARTORIUS et al,
1999).
Apostolepis sp. - Não pôde ser identificada até o momento em nível específico. No
Distrito Federal ocorrem quatro espécies desse gênero (Apostolepis assimilis, A.
albicolaris, A.flavotorquata e A. ambinigra), que são fossoriais e se alimentam de
invertebrados.
Figura 51. Rhinella schneideri (sapo-cururu) Figura 52. Leptodactylus labyrinthicus (rã-
Fonte:Equipe Técnica Neotropica pimenta)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
64
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 53. Hypsiboas albopunctatus (perereca- Figura 54. Ameiva ameiva (calango-verde)
cabrinha) Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Tabela 10. Check-list dos anfíbios e répteis registrados, em levantamento de dados secundários,
do Distrito Federal. A classificação dos anfíbios está de acordo com “Amphibian Species of the
World” (http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos répteis,
de acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/).
65
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular
CLASSE AMPHIBIA
ORDEN ANURA
FAMÍLIA CAECILIDAE
Siphonops paulensis (Boettger, 1892) cecília
BUFONIDAE
Rhinella schneideri (Werner, 1894) sapo-cururu
Rhinella rubescens (Lutz, 1925) sapo-cururu-ruivo
FAMÍLIA CYCLORAMPHIDAE
Odontophrynus cultripes (Reinhardt & Lütken, 1862) sapo-verruga
Odontophrynus salvatori (Caramaschi, 1996) sapo-verruga
Proceratophrys goyana (Miranda-Ribeiro, 1937) sapo-verruga
Proceratophrys moratoi (Jim & Caramaschi, 1980) sapo-verruga
Proceratophrys sp. sapo-verruga
FAMÍLIA DENDROBATIDAE
Epipedobates flavopictus (Lutz, 1925) rãzinha-de-seta
FAMÍLIA HYLIDAE
Aplastodiscus perviridis Lutz, 1950 perereca-verde
Bokermannohyla pseudopseudis (Miranda-Ribeiro, 1937) perereca-da-cachoeira
Dendropsophus cruzi (Pombal & Bastos, 1998) pererequinha
Dendropsophus elianeae (Napoli & Caramaschi, 2000) pererequinha
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) perereca
Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt, 1862) perereca
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) perereca
Hypsiboas goianus (Lutz, 1968) perereca-listrada
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) perereca-da-mata
Hypsiboas paranaiba (Carvalho, Giaretta & Facure, 2010) perereca
Hypsiboas raniceps (Cope, 1862) perereca-zebrada
Phyllomedusa azurea (Cope, 1862) perereca-da-folhagem
Phyllomedusa oreades (Brandão , 2002) perereca-da-folhagem
Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925) perereca-do-brejo
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) perereca-do-banheiro
Scinax squalirostris (Lutz, 1925) perereca-nariguda
Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768) perereca-grudenta
FAMÍLIA LEIUPERIDAE
Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863) rãzinha
Physalaemus centralis (Bokermann, 1962) rãzinha
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) rã-cachorro
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, 1862) rãzinha
66
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular
67
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular
68
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular
69
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular
A região em que a ARIE do Bosque está inserida compreende uma das áreas com
maior riqueza registrada por localidade do bioma. Entre as localidades no Cerrado
para as quais há levantamentos faunísticos de anfíbios já publicados, as que
apresentaram maiores riquezas conhecidas são a região do Distrito Federal, com 48
espécies de anfíbios (BRANDÃO & ARAÚJO, 2001); a região do médio rio
Jequitinhonha em Minas Gerais, com 45 espécies (FEIO & CARAMASCHI, 1995); e
vale do alto rio Tocantins em Goiás, com 44 espécies de anfíbios (SILVA JR. et al.,
2005). No entanto, devido ao alto grau de antropização da ARIE do Bosque, sendo
praticamente composta por área totalmente convertida em área urbana, a riqueza da
herpetofauna apresenta-se bastante reduzida. A maioria das espécies de répteis e
anfíbios do Cerrado apresenta forte associação com determinados micro-habitats,
dependendo principalmente da estrutura vertical da vegetação e tipo de substrato, de
modo que muitas espécies estão restritas às fitofisionomias onde há disponibilidade
dos micro-habitats mais adequados. Para conservar esta fauna altamente diversificada
e especialista, é necessário que as áreas destinadas à preservação apresentem todas
as categorias do mosaico de fitofisionomias (campo, cerrado, mata) em uma região.
Assim, essa área com vegetação composta praticamente por gramínea possui
capacidade de abrigar apenas espécies menos exigentes quanto à qualidade e
estratificação da vegetação.
70
Plano de Manejo ARIE do Bosque
estudo por terem porte pequeno e capacidade de deslocamento limitada. Sugere-se a
recuperação da área, através do reflorestamento com espécies nativas de cerrado e
um monitoramento da herpetofauna na matriz degradada (verificando quais espécies
têm capacidade de utilizá-la), a fim de se elaborar estratégias mais eficazes para a
recuperação da ARIE do Bosque.
5.2.4. Avifauna
A avifauna brasileira é uma das mais ricas em espécies, com 1822 no total, sendo 232
endêmicas do país (CBRO 2009). O cerrado abriga 837 espécies de aves, distribuídas
em 64 famílias, sendo 200 taxa, considerados elementos amazônicos e 78 atlânticos.
Do total de espécies do bioma, 759 (90,7%) se reproduzem na região e 33 são
endêmicas (aproximadamente 4% das espécies) (SILVA 1995).
Em áreas onde a cobertura vegetal original tenha sido reduzida para finalidades
diversas, os remanescentes de áreas nativas tornam-se os únicos habitats disponíveis
para as espécies de aves florestais. Tais fragmentos variam em tamanho, formato e
grau de isolamento em relação a outros remanescentes e acabam contendo apenas
um subconjunto alterado da comunidade original. A fragmentação de habitats gera o
declínio ou o desaparecimento de espécies que, para manter populações viáveis em
longo prazo, necessitam de áreas amplas ou de um gradiente de habitats.
5.2.4.1. METODOLOGIA
71
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O número total de táxons registrados, na ARIE do Bosque, foi de 51 espécies de aves.
Sendo estas distribuídas em 14 ordens e 29 famílias (Tabela 11). Passeriformes foi a
ordem com o maior número de espécies, como esperado, com 26 representantes.
Entretanto deve-se ressaltar que a riqueza observada neste estudo, provavelmente
não esgota de maneira definitiva o número de espécies existentes no local, o que
poderá ser corroborado ou não, ao longo de novos levantamentos no local.
Tabela 11. Check-list das aves registradas na ARIE do Bosque. Filogenia conforme CBRO (2009).
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE (1)
Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá CAR
CICONIIFORMES
ARDEIDAE (4)
Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena CAR
Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho CAR
Ardea alba (Linnaeus, 1758) garça-branca-grande CAR
Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira ONI
THRESKIORNITHIDAE (2)
Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789) coró-coró ONI
Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) curicaca ONI
CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE (1)
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta DET
FALCONIFORMES
FALCONIDAE (1)
Caracara plancus (Miller, 1777) caracará ONI
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE (1)
Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero INS
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE (3)
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa GRA
Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou ONI
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão ONI
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE (1)
Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro-amarelo FRU
CUCULIFORMES
72
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
CUCULIDAE (3)
Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato INS
Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco INS
Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) anu-preto INS
STRIGIFORMES
STRIGIDAE (1)
Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira CAR
APODIFORMES
TROCHILIDAE (3)
Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-de-garganta-verde NEC
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco-acanelado NEC
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura NEC
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE (1)
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande CAR
GALBULIFORMES
BUCCONIDAE (1)
Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) joão-bobo ONI
PICIFORMES
PICIDAE (2)
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca INS
Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo INS
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE (1)
Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) choca-barrada INS
FURNARIIDAE (1)
Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro INS
TYRANNIDAE (6)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi ONI
Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei INS
Tyrannus savana (Vieillot, 1808) tesourinha INS
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) suiriri INS
Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera INS
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira INS
HIRUNDINIDAE (3)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa INS
Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) andorinha-de-sobre-branco INS
Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo INS
73
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
TROGLODYTIDAE (1)
Troglodytes musculus (Naumann, 1823) curruíra INS
TURDIDAE (1)
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) sabiá-barranco ONI
MIMIDAE (1)
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo ONI
COEREBIDAE (1)
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica NEC
THRAUPIDAE (3)
Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento FRU
Thraupis palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro FRU
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela FRU
EMBERIZIDAE (3)
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro ONI
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu GRA
Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho GRA
PARULIDAE (1)
Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra INS
ICTERIDAE (1)
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna ONI
FRINGILLIDAE (1)
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim FRU
ESTRILDIDAE (1)
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) bico-de-lacre GRA
PASSERIDAE (1)
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal ONI
Legenda: GT (Guilda Trófica); INS (Insetívoros): ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA
(Granívoros); DET (Detritívoros) e NEC (Nectarívoros).
As famílias mais representativas foram Tyrannidae com seis espécies, Ardeidae com
quatro, Columbidae, Cuculidae, Trochilidae, Hirundinidae, Thraupidae e Emberezidae
com três representantes cada (Figura 56). A família Tyrannidae é a maior família do
hemisfério ocidental (SICK, 1997), sendo que o Brasil possui em torno de 210
espécies de aves pertencentes a esta família (11% do total de aves ocorrentes no
território nacional). Por isso, em geral, esta é a família mais significativa em
levantamentos de espécies da ornitofauna.
74
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 56. Representatividade de Famílias de aves amostradas na ARIE do Bosque.
Figura 57. Guildas tróficas exploradas pelas aves amostradas na ARIE do Bosque. INS
(Insetívoros): ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA (Granívoros); DET
(Detritívoros) e NEC (Nectarívoros).
Não houve registro de espécies endêmicas ao Cerrado. De acordo com dados da lista
nacional de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003b),
nenhuma espécie catalogada na área em estudo encontra-se ameaçada de extinção.
75
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Em termos gerais, a avifauna observada, é bastante generalista quanto às exigências
alimentares e ambientais, caracterizadas principalmente por espécies que tendem a
serem beneficiadas por ambientes antrópicos, sendo estas bastante abundantes no
local.
Estrilda astrild (Figura 56)- Pequena ave africana introduzida no país durante o tráfico
negreiro. É apreciada como ave de gaiola, embora escape com facilidade devido ao
seu pequeno tamanho. Aliás, esta é a origem sugerida pelo para os bicos-de-lacre em
Brasília (SICK, 1997).
Egretta thula - Uma das garças mais comuns no continente Americano, aparece em
qualquer parte do país, forrageia em águas abertas, interiores, orla marítima,
manguezais, estuários, lagos, lagoas, represas e rios. Difere de outras garças brancas
pelas pernas negras com pés amarelos (SIGRIST, 2009).
Ardea alba - É uma espécie aquática beneficiada pela criação dos lagos artificial como
o Lago Paranoá. Identifica-se logo pelo tamanho, o maior entre as garças brancas. O
bico comprido e amarelo uniforme, e as longas pernas negras também são suas
características principais (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).
76
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Syrigma sibilatrix (Figura 57)– Espécie campestre vive em grupos familiares ou aos
casais. Insetívora, percorre os campos, pampas, plantações, cerrados, varjões e
bordas de ambientes lacustres (SIGRIST, 2009).
Vanellus chilensis (Figura 58)- Uma das aves mais conhecidas do Distrito Federal
adaptou-se muito bem à paisagem urbana, onde ocupa áreas de gramados extensos e
abertos. Alimenta-se de insetos e pequenos animais que apanha enquanto anda pelo
chão. Tem comportamento conspícuo e plumagem característica. O ninho é uma
depressão rala, no meio de um campo ou pastagem. Extremamente agressivo, não
hesita em perseguir pessoas próximas ao seu ninho (SICK, 1997).
Brotogeris chiriri - Típica do Brasil central. Verde com um grande espelho amarelo-
enxofre. Vive no cerrado, em mata de galeria e etc. (SICK, 1997).
Piaya cayana - É uma das aves mais populares do Brasil e de vasta distribuição na
America Latina. É notável pela cauda longa, graduada e alvinegra. Típico de áreas
77
Plano de Manejo ARIE do Bosque
abertas, antrópicas ou naturais. Frequente em muitas cidades do Brasil Oriental
(SIGRIST, 2009).
Guira guira - É uma das aves mais conhecidas do Brasil Oriental, comum em parques
e cidades, pastos e plantações. Forrageia preferencialmente no solo, em bandos de 6
a 12 indivíduos (SIGRIST, 2009).
Crotophaga ani - Uma das aves mais beneficiadas pela conversão do Cerrado em
pastagens, o anu é comum em áreas rurais e nos gramados urbanos. Altamente
gregário, tem reprodução comunitária, com várias fêmeas depositando seus ovos no
mesmo ninho e colaborando na criação dos filhotes. Caminha em grupos nos
gramados à procura de insetos, seu alimento principal. Vive nas paisagens abertas
com moitas e capões entre pastos e jardins; preferem lugares úmidos (ANTAS &
CAVALCANTI, 1988).
Phaethornis pretrei - Beija-flor grande pode ser observado algumas vezes visitando
pomares e jardins urbanos. Logo reconhecido pelo corpo cor de canela e cauda
característica, encimada de branco, com penas centrais mais longas. É um beija-flor
típico do Planalto Central, mas ocorre em outras áreas, do Piauí ao Rio Grande do Sul.
Aparece em todo o Distrito Federal (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).
78
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Nystalus chacuru - Habitante típico do cerrado, o joão-bobo é comum no Distrito
Federal. O nome popular refere-se a seu comportamento, quase imóvel, quando está
no solo. Vive em pequenos grupos, de dois a cinco indivíduos. Não é fácil de observar
no cerrado, devido aos hábitos discretos e plumagem inconspícua (BAGNO &
MARINHO-FILHO, 2001).
Dryocopus lineatus - Distingue-se pelo topete vermelho, corpo negro com duas faixas
brancas paralelas no dorso e uma lista branca em cada lado da cabeça. Estes pica-
paus alimentam-se exclusivamente de larvas de insetos, especialmente brocas de
madeira. Localizam as presas dando batidas fracas nas árvores ou galhos mortos,
parando frequentemente para escutar. Capturam as larvas com a língua longa,
pontuda e cheia de saliências. A abertura que deixa nos troncos são característicos,
grandes e irregulares (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).
Furnarius rufus - Um dos pássaros mais populares no Brasil Merídio-Oriental; Faz seu
ninho em formato de forno, um a cada ano, embora às vezes reforme um velho. Como
material, usa barro úmido e um pouco de esterco misturado à palha. Em regiões
arenosas usam mais esterco que terra; a quantidade de palha empregada varia sendo
apanhada ativamente pelo construtor e não fazendo parte de esterco; pode utilizar-se
de argamassa porventura disponível. Escolhe um lugar bem aberto para instalar-se,
tais como árvores isoladas, postes telegráficos e etc.; na falta de um substrato alto,
constrói sobre o solo (SICK, 1997).
Tyrannus savana - Ave migratória inconfundível pela sua longa cauda em forma de
tesoura, este papa-moscas é presença constante nos extensos gramados com árvores
esparsas da cidade nos meses de junho/agosto a janeiro/fevereiro. Captura insetos
em voo, a partir de um poleiro ou manobrando com sua cauda habilmente junto às
copas das árvores. Fora das áreas urbanas, é vista com pouca frequência, geralmente
em migração. Passa então pelas bordas de matas ciliares e campos sujos (ANTAS &
CAVALCANTI, 1988).
Tyrannus melancholicus - Ocorrem o ano todo nos pastos, áreas rurais, parques da
cidade e alguns jardins. É visto com frequência pousado em fios, facilmente
identificável pelo peito amarelo e cabeça cinza. Come insetos, apanhando-os em voo,
saindo do poleiro e retornando ao mesmo para comer. Nidifica no início das chuvas
(SICK, 1997).
79
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Xolmis cinereus - Ave de tom cinza, do porte de um sabiá. O olho é vermelho vivo.
Caça insetos, capturando-os em voos após sair de um galho. Vive nos cerrados do
Planalto Central, tendo colonizado os ambientes urbanos. É vista até na Esplanada
dos Ministérios, muitas vezes, pousada na grama por falta de árvores. É mais
frequente na época estação chuvosa (SICK, 1997).
Tachycineta leucorrhoa – Esta espécie aparece nas margens dos rios, nos varjões
(SICK, 1997).
Coereba flaveola (Figura 60) - Espécie muito comum em quintais, um dos pássaros
mais abundantes do Brasil. De bico de sovela, destaca-se uma larga faixa branca
superciliar, garganta cinzenta e barriga amarelo-limão. O canto é um sibilado forte de
caráter ondulatório apressado, o canto pode ser localmente, mais melodioso,
lembrando a vocalização de um parulídeo. Vive em todos os tipos de mata secundária
onde há flores; seu alimento principal é o néctar. Procuram as mais variadas flores, a
começar pelos hibiscos, passando para inflorescência da bananeira, dos gravatás e
etc. Na vasta área da sua ocorrência, evoluíram numerosas raças geográficas (SICK,
1997).
Thraupis sayaca - O mais popular dos sanhaços brasileiros aparece, em Brasília, nos
jardins bem arborizados da cidade, nas matas ciliares, cerradões e matas associadas
a afloramentos calcários como as do vale do rio Maranhão, região norte do Distrito
80
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Federal. Frutos são seu alimento principal, aparecendo nos pomares e jardins com
laranjeiras, goiabas, mangas e mamões maduros, para citar algumas de suas frutas
prediletas (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).
Sicalis flaveola - Apreciado por seus dotes canoros, comumente aprisionado como
pássaro de gaiolas no Brasil oriental. Habita em áreas semiabertas com arborização
esparsas, campos e pastos. Granívoro, terrícola, também captura cupins em revoadas
(SIGRIST, 2009).
Volatinia jacarina (Figura 61) - Uma das aves mais populares do país. Atrai a atenção
devido ao hábito do macho cantar em locais muito visíveis, dando uma pirueta no ar.
De novembro a fevereiro, época de reprodução no Planalto Central, os machos ficam
muito ativos durante todo o dia, cantando “tiziu” a cada pulo, ao mesmo tempo em que
evidenciam o branco da área interna da asa durante a cambalhota. É observado em
todo o Distrito Federal, mesmo no interior das cidades, em áreas com capinzais
capazes de mantê-lo e servir de suporte para o ninho. Canta nas cercas e nos poleiros
artificiais, substitutos dos arbustos e árvores (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).
Gnorimopsar chopi - Pássaro de canto vigoroso, apreciado por seus dotes canoros em
muitas regiões do país. Forrageiam no solo em áreas abertas ou semiabertas, áreas
antrópicas, palmais e buritizais. Localmente comum no centro-sul do Brasil (SIGRIST,
2009).
81
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 58. Estrilda astrild (bico-de-lacre) Figura 59. Syrigma sibilatrix (Maria-faceira)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Figura 60. Vanellus chilensis (quero-quero) Figura 61.. Mimus saturninus (sabiá-do-campo)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Figura 62. Coereba flaveola (cambacica) Figura 63. Volatinia jacarina (tziu)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Todas as aves citadas acima foram identificadas na ARIE do Bosque. Foi reconhecida
uma espécie migratória, a tesourinha, Tyrannus savana, comum na primavera. Quanto
às espécies exóticas, introduzidas no Brasil, que acompanharam a implantação da
cidade e que foram registradas na área, pode-se citar o pardal, Passer domesticus e o
bico-de-lacre, Estrilda astrild.
5.2.5. Mastofauna
Apesar dos mamíferos serem considerados um dos grupos mais bem conhecidos,
poucas áreas foram adequadamente inventariadas e listas locais de espécies são
geralmente incompletas (VOSS & EMMONS, 1996). Partindo desse contexto, muito
esforço ainda é necessário para se conhecer a real diversidade de espécies, sua
classificação, evolução e biologia. Essas lacunas de conhecimento dificultam
iniciativas de conservação e manejo, assim como análises regionais (BRITO, 2004).
83
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O presente estudo tem por objetivo atualizar e apresentar a lista de espécies de
mamíferos que ocorrem na ARIE do Bosque, Distrito Federal (DF). E através de dados
secundários, buscar apontar espécies potenciais de ocorrência no local (Tabela 12),
bem como destacar os níveis de ameaça pertinentes.
5.2.5.1. METODOLOGIA
Tabela 12. Lista das espécies de mamíferos registradas (X) e de possível ocorrência (PO) para
ARIE do Bosque, com respectivo status de conservação (IUCN, 2011). Pm: preocupação menor, Di:
dados insuficientes. Taxonomia conforme Wilson & Reeder (2005).
Status de Status de
Ordenamento taxonômico Nome popular
ocorrência conservação
Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Lund, 1840 Gambá X Pm
Ordem Pilosa
Família Dasypodidae
Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-de-rabo-mole PO Pm
Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Tatuí PO Pm
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-peba PO Pm
84
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Ordem Primates
Família Cebidae
Cebus libidinosus Spix, 1823 Macaco-prego PO Pm
Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) Sagui X Pm
Ordem Chiroptera
Família Phyllostomidae
Desmodus rotundus (É. Geoffroy, 1810) Morcego-vampiro PO Pm
Anoura geoffroyi Gray, 1838 Morcego beija-flor PO Pm
Glossophaga soricina (Pallas, 1788) Morcego beija-flor PO Pm
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego PO Pm
Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego PO Pm
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego PO Pm
Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego PO Pm
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego PO Pm
Platyrrhinus incarum (Thomas, 1912) Morcego PO Pm
Platyrrhinus lineatus (É. Geoffroy, 1810) Morcego PO Pm
Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) Morcego PO Pm
Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Morcego PO Pm
Família Mormoopidae
Pteronotus parnellii Gray, 1843 Morcego PO Pm
Família Molossidae
Molossops temminckii (Burmeister, 1854) Morcego PO Pm
Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego PO Pm
Molossus rufus É. Geoffroy, 1805 Morcego PO Pm
Nyctinomops laticaudatus (É. Geoffroy,
Morcego PO Pm
1805)
Família Vespertilionidae Morcego PO Pm
Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) Morcego PO Pm
Eptesicus diminutus Osgood, 1915 Morcego PO Di
Eptesicus furinalis (d'Orbigny, 1847) Morcego PO Pm
Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) Morcego PO Di
Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego PO Pm
Myotis riparius Handley, 1960 Morcego PO Pm
Ordem Carnivora
Família Mustelidae
Galictis cuja (Molina, 1782) Furão PO Pm
Ordem Rodentia
Família Cricetidae
Akodon lindberghi Hershkovitz, 1990 Rato PO Di
Calomys callosus (Rengger, 1830) Rato PO Pm
Calomys expulsus (Lund, 1841) Rato PO Pm
Calomys tener (Winge, 1887) Rato PO Pm
Cerradomys scotti (Langguth & Bonvicino,
Rato PO Pm
2002)
85
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Hylaeamys megacephalus (Fischer, 1814) Rato PO Pm
Necromys lasiurus (Lund, 1840) Rato PO Pm
Nectomys rattus (Pelzen, 1883) Rato PO Pm
Oecomys bicolor (Tomes, 1860) Rato PO Pm
Oecomys concolor (Wagner, 1845) Rato PO Pm
Oligoryzomys fornesi (Massoia, 1973) Rato PO Pm
Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) Rato PO Pm
Thalpomys cerradensis Hershkovitz, 1990 Rato PO Pm
Thalpomys lasiotis Thomas, 1916 Rato PO Pm
Família Muridae
Mus musculus Linnaeus, 1758 * Rato PO Pm
Rattus rattus (Linnaeus, 1758) † Rato X Pm
Família Caviidae
Cavia aperea Erxleben, 1777 Preá PO Pm
Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus,
Capivara X Pm
1766)
* Espécie exótica (introduzida) que voltou à condição silvestre.
† Espécie exótica.
ORDEM DIDELPHIMORPHIA
86
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM CHIROPTERA
Por sua capacidade de voo (única entre os mamíferos), notável diversidade de formas
e hábitos alimentares, os morcegos podem utilizar os mais variados nichos em
complexa relação de interdependência com o meio (FENTON et al., 1992; PEDRO et
al., 1995; NEUWEILER, 2000). À medida que partilham os recursos, influenciam na
dinâmica dos ecossistemas, agindo como dispersores de sementes, polinizadores e
reguladores de populações animais (KUNZ & FENTON, 2003). Também apresentam
grande potencial como indicadores de níveis de alteração do hábitat (FENTON et al.,
1992; JONES et al., 2009), podendo ser utilizados como “ferramentas” na identificação
dos processos biológicos envolvidos na perda ou transformação do ambiente natural
(BIANCONI et al., 2004).
Figura 65. Anoura geoffroyi (morcego beija-flor). Figura 66. Glossophaga soricina (morcego
Fonte:Equipe Técnica Neotropica beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica
87
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 67. Carollia perspicillata (morcego). Figura 68. Artibeus lituratus (morcego).
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica
ORDEM PRIMATES
Os primatas estão representados no mundo por 634 espécies (WILSON & REEDER,
2005), sendo que 98 ocorrem no Brasil – país que detêm a maior diversidade de
primatas do Mundo (REIS et al., 2011) – destas, três apresentam registro no DF
(IBRAM, 2012). Para ARIE do Bosque foi diagnosticado através de avistamento a
presença de Callithrix penicillata (Figura 69). Segundo a distribuição do táxon, sua
ocorrência na região é esperada, uma vez que este primata demonstra facilidade de
adaptação a áreas perturbadas (BICCA-MARQUES et al., 2011). Cabe lembrar, porém,
que a não conectividade dos fragmentos e a destruição dos corredores ecológicos
pode comprometer a variabilidade genética das populações, expondo-as a efeitos
estocásticos e determinísticos que levam a extinção. São considerados animais
onívoros, cuja dieta é composta principalmente por frutos e insetos e, eventualmente,
sementes, flores, brotos e pequenos vertebrados (BICCA-MARQUES et al., 2011).
ORDEM RODENTIA
88
Plano de Manejo ARIE do Bosque
representada por 243 espécies (BONVICINO et al., 2008; Reis et al., 2011), com 42
espécies ocorrendo no DF (IBRAM, 2012). Para ARIE do Bosque foram registrados
Rattus rattus – espécie exótica (Figura 70) e Hydrochaeris hydrochoerus (Figura 71).
Para estas taxas, cabe mencionar o alto poder de penetração que apresentam em
ambientes florestais alterados, e a capacidade de adaptação as mais variadas
condições impostas pelo ser humano ao ambiente. Sendo, muitas vezes, encontrados
em ambientes urbanos. A onivoria constitui o principal hábito alimentar dos
representantes da ordem, consumindo gramíneas, frutos, tubérculos, brotos, sementes,
entre outros (OLIVEIRA & BONVICINO, 2011). Muitas espécies, como Cuniculus paca,
Dasyprocta spp. Hydrochaeris hydrochoerus, são bastante perseguidas por caçadores
e/ou cães domésticos que adentram áreas florestais (OLIVEIRA & BONVICINO, 2011).
Figura 70. Rattus rattus (rato). Figura 71. Fezes e pegadas de Hydrochaeris
Fonte:Equipe Técnica Neotropica hydrochoerus (capivara).
Fonte:Equipe Técnica Neotropica
89
Plano de Manejo ARIE do Bosque
qual o bioma Cerrado está submetido (KLINK & MACHADO, 2005), contribui
diretamente para o desaparecimento de muitas espécies.
5.2.6. Ictiofauna
A barragem foi construída sobre a antiga Cachoeira do Paranoá que, por sua altura,
era uma importante barreira para a dispersão da fauna aquática, determinando um
longo período de isolamento das comunidades de peixes do alto Rio Paranoá. Isso
explica a baixa similaridade (30%) entre as comunidades de peixes dos tributários do
Lago Paranoá com as demais comunidades de peixes do Distrito Federal (ROCHA,
1990).
90
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 72. Pontos de coleta da ictiofauna.
Coordenadas: P1(191122E/8247798N); P2(191448E/8248001N); P3(191717E/8248346N)
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
91
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Durante o levantamento da Ictiofauna no lago Paranoá, houve o registro de oito espécies
(Tabela 13). De acordo com dados secundários (IBRAM, 2012), estão presentes no corpo
d‟água, por volta de 35 espécies de peixes, sendo seis espécies exóticas.
92
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular CAP BLP EXO
Xiphophorus helleri (Heckel, 1848) Espadinha X X
PERCIFORMES
CENTRARCHIDAE
Lepomis macrochira (Rafinesque, 1819 Blue gill X X
CICHLIDAE
Cichla sp. Tucunaré X X
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) Tilápia-do-nilo X X X
Tilapia rendalli (Boulenger, 1897) Tilápia X X X
SILURIFORMES
CALLICHTHYIDAE
Aspidoras fuscoguttatus (Nijssen & Isbrücker,
Cascudinho X X
1976)
LORICARIIDAE
Imparfinis sp. Bagrinho X
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Bagre X
Hypostomus sp. 1 Cascudo Pardo X
Hypostomus sp. 2 Cascudo Pinta Preta X
Microlepidogaster sp.
TRICHOMYCTERIDAE
Trycomicterus sp. Candirú X
Legenda: CAP: Espécies capturadas durante o levantamento; BLP: Dados secundários para Bacia do Lago Paranoá (IBRAM,
2012); EXO: Espécies exóticas.
Segundo Starling et al. (2002), tanto a Tilapia rendalli, quanto a Oreachromis niloticus que
são encontradas na ARIE do Bosque, podem inibir o recrutamento de outras espécies de
peixes, que se alimentam principalmente de zooplâncton, e se orientam visualmente para
localizar e capturar suas presas. Esse fato ocorre ao menos no estágio inicial de sua vida,
devido a sua ação na bioturvação ou resuspensão de sedimentos.
A tilápia (Figura 73) é uma espécie utilizada controle biológico de algumas plantas aquáticas.
Preferem plantas flutuantes, mas também consomem algas fibrosas. Ao preparar a
nidificação, prefere sempre uma área limpa, em água rasa onde a quantidade de oxigênio é
abundante. A fêmea deposita seus ovos no ninho, alcançando em número entre uma dúzia
a mais de 2.000 (NELSON et al, 1987).
Oreochromis niloticus possui corpo bem compresso e delgado. Apresenta uma linha lateral
dividida em duas partes: a porção anterior mais alta em relação à porção posterior, uma
nadadeira dorsal longa e sem cortes, e a nadadeira anal afilando em uma ponta. O
comprimento máximo publicado foi de 60 cm, e o peso máximo publicado foi de
aproximadamente 4,3 kg. A principal característica que distingue o Oreochromis niloticus
(Figura 74) é a presença de listras por todo comprimento da nadadeira caudal. São animais
de hábitos diurnos principalmente. De hábito alimentar fitoplanctófago, alimenta-se
principalmente de algas clorofíceas (RIBEIRO, 2006).
93
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 73. Tilápia (Tilapia aff. rendalli) Figura 74. Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:www.infobibos.com/.../Psicultura/Index.htm
Cyprinus carpio é uma espécie onívora e bastante utilizada como peixe ornamental. Quando
a temperatura da água atinge abaixo de 10º C, a carpa se recolhe em abrigos e ai
permanece jejuando até o retorno de condições de temperatura ideal (NELSON et al. 1987).
Hoplias malabaricus - Prefere águas paradas (lênticas), dando-se muito bem em lagos e
açudes, mas está presente nos rios com constância, situando-se predominantemente nos
remansos destes. Tem o corpo cilíndrico e alongado (Figura 75). Apresenta cor discreta,
podendo alterá-la um pouco, em função de fatores ambientais. Algumas variedades
geográficas apresentam olhos esverdeados, outras vermelhos, outros indistintos, etc. Tem
como principais características serem peixes carnívoros, predadores, com ampla
distribuição pela América do Sul. Habitam, de preferência, ambientes lênticos e têm hábitos
preferencialmente noturnos (NELSON et al. 1987).
94
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 75. Traíra (Hoplias malabaricus) Fonte: Figura 76. Lambari (Astyanax scabripinnis) Fonte:
www.geocities.jp/oda230/sakana.html fishbase.org/identification/specieslist.cfm
Cichla spp. - Peixes de escamas (Figura 78) de corpo alongado. Exemplares adultos podem
medir 30 cm ou mais de 1m de comprimento total, pode ser amarelado, esverdeado,
avermelhado, azulado, quase preto e etc. A forma e número de manchas (podem ser
grandes, pretas e verticais; ou pintas brancas distribuídas regularmente pelo corpo e
nadadeiras etc.) variam bastante de espécie para espécie. Todos os tucunarés apresentam
uma mancha redonda (ocelo) no pedúnculo caudal. Espécies sedentárias (não realizam
migrações) vivem em lagos/lagoas (entram na floresta inundada durante a cheia).
Alimentam-se principalmente de peixes e camarões (RIBEIRO, 2006).
Figura 77. Barrigudinho (Poecilia reticulata) Fonte: Figura 78. Tucunaré (Cichla spp.) Fonte:
www.viviparos.com/Galeria/FAG1.htm www.ilhadopescador.com.br/peixes.php
95
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO
A cidade de Brasília foi inaugurada em abril de 1960 e que muitos acreditavam que não
durariam cinco anos. Já o Núcleo Bandeirante, formado em 1956 com o nome de Cidade
Livre, destinado a abrigar os primeiros Candangos, era para deixar de existir após a
inauguração de Brasília, no entanto, consolidou-se de tal forma que se tornou uma cidade-
satélite.
Figura 79- Evolução da TMGCA - TMGCA-Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual entre períodos.
Fonte: Projeções populacionais - Brasil e Grandes Regiões - IBGE e Censo Demográfico - IBGE
96
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Após realização da pesquisa distrital por amostra de domicílios – PDAD em 2004 constatou-
se que a população do Distrito Federal era de aproximadamente 2.096.534 habitantes,
sendo 48,1% homens, 51,9% mulheres, desses 24,6% tinham até 14 anos de idade, a
maioria cerca de 68,0% estava no grupo de 15 a 59 anos. Restando uma população de
7,4% representada pela faixa etária de 60 anos acima. (CODEPLAN-PDAD, 2004).
Esse processo migratório apresentou traços bastante conflituosos, pois à medida que se
implantava o Plano Piloto formou-se uma periferia circunvizinha representada pelas Cidades
Satélites. Na época da construção da nova cidade fez-se necessário a criação desses
núcleos habitacionais, no sentido de acolher os trabalhadores (PAVIANI e GOUVÊA, 2003).
Foi justamente a criação das Cidades Satélites, que fizeram emergir as Regiões
Administrativas do Entorno do Distrito Federal, pois se observou claramente, que após esse
acelerado processo de crescimento da população, houve o encaminhamento da massa
populacional para a periferia. Assim, com o objetivo de facilitar a administração dessas
localidades o território foi dividido em Regiões Administrativas (RAs), que atualmente
totalizam 29, cada qual com um administrador específico conforme demonstrado na Tabela
16 abaixo. Importante salientar que Brasília foi a primeira RA criada (TAMANINI, 1998).
97
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O Distrito Federal compreende as seguintes Regiões Administrativas: Brasília, Gama,
Recanto das Emas, Sobradinho, Samambaia, Planaltina, Brazlândia, Paranoá, São
Sebastião, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Cruzeiro, Lago Sul, Lago Norte, Guará e
Santa Maria. Curiosamente, Planaltina e Brazlândia, apesar de existirem bem antes da
construção da nova Capital, fundadas, respectivamente, em 1859 e 1932, tornaram-se
cidades-satélites do Distrito Federal. Oficialmente, Taguatinga é a Cidade Satélite mais
antiga criada como tal, implantada em 05 de junho de 1958, seguida por Sobradinho, em
13/05/60; Gama, em 12/10/60; Guará, em 21/04/69 e Ceilândia, em 27/03/71, cujo nome
deriva da sigla CEI. Campanha de Erradicação de Invasões.
De acordo com os dados secundários levantados, nota-se que no ano de 1959 foram
construídas casas para os oficiais da Aeronáutica pela proximidade da Base Aérea. As
informações indicam que a princípio, a falta de comércio, a ausência de pontes e o término
do mandato do então presidente Juscelino Kubitscheck (que gerou especulações sobre o
retorno da capital ao Rio de Janeiro), foram aspectos inibidores de interesse à compra de
casas na região do Lago Sul. Entretanto, com o passar dos anos, houve uma valorização
intensa da região que passou a ser povoada em razão do tamanho do lote, proximidade do
98
Plano de Manejo ARIE do Bosque
lago e visão paisagística. Levantamento realizado pela Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano e Habitação, aponta que a primeira casa vendida no Lago Sul
ocorreu no ano de 1965 (CODEPLAN, 1984b).
A Região do Lago Sul (RA XVI) foi criada pela Lei nº 643/94 tendo seus limites físicos
administrativos fixados pelo Decreto nº 15.515/94. Ocupando uma área de 190, 237 km² e
densidade demográfica de 147,76 hab/km² (GDF-2008), estando atualmente dividido em
Setor de Habitação Individual Sul, Setor de Mansões Urbanas Dom Bosco, Setor de
Estaleiros, Aeroporto Internacional, Base Aérea de Brasília e Campo Experimental Água
Limpa da Universidade de Brasília (UNB). No ano de 1964, quando da implantação da RA I
– Brasília, o Lago Sul ainda estava incorporado a essa área. Posteriormente, tornou-se uma
área independente, mas mesmo assim, até 1968 o bairro era exclusivamente residencial e
praticamente vinculado ao Plano Piloto (TAMANINI, 1998).
Em 2010 a população total residente de Brasília era de 2.570.160 hab., com uma população
residente rural de 87.950 hab. e urbana de 2.482.210hab. Em relação à população urbana, o
sexo masculino representa 1.180.777 hab. e o feminino 1.301.433 hab. Já a população rural
é composta de 48.103 homens e 39.847 mulheres (IBGE, CENSO DEMOGRAFICO 2010).
99
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - BGE a densidade demográfica em
2010 é de 444,07 hab/km². Estima-se que a população em 2011 é de aproximadamente
2.609.998 habitantes (IBGE, 2011)1.
TOTAL 12.482.963
Urbana Homens 6.118.252
Mulheres 6.364.711
Centro-oeste
TOTAL 1.575.131
Rural Homens 861.719
Mulheres 713.412
TOTAL 2.482.210
Urbana Homens 1.180.777
Mulheres 1.301.433
Distrito federal
TOTAL 87.950
Rural Homens 48.103
Mulheres 39.847
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).
1
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas - DPE. Coordenação de População e Indicadores Socias - COPIS.
o
NOTA: Estimativas da população residente com data de referência 1 de julho de 2011.
100
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 82: Distribuição da População Residente Urbana e Rural.
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2010.
Já a Figura 83, abaixo representa a distribuição de população residente por sexo no Distrito
Federal e Brasília. Observa-se que a população do sexo feminino é apenas um pouco mais
superior do que o masculino.
Dos residentes na região, prevalece o sexo feminino sobre o masculino, com valores
respectivamente de 51,35% e 48,65%. Já no censo de 2000 foi informado que a razão de
sexo era de 94,73 homens para cada grupo de 100 mulheres e que o Lago Sul é a região
que apresenta o maior índice de idosos em sua população cerca de 19,88%. Os elementos
estatísticos esclarecem também uma taxa decrescente de crescimento da população total
entre os anos pesquisados. Muitos creditam esses índices ao fato dos domicílios
permanecerem por longo tempo fechados, ou ainda, pelos desmembramentos familiares,
101
Plano de Manejo ARIE do Bosque
que ocasionaram a ida das pessoas para outras Regiões Administrativas, que
apresentassem um menor custo de vida.
Segundo o censo demográfico, há uma participação relativa maior entre os grupos etários
de 15 a 64 anos de idade, e de certa maneira, a tendência de envelhecimento da população
verificada no Brasil nos últimos anos transparece também nessa Região Administrativa,
visto que, entre os anos de 1991 a 2005 houve um aumento da idade média da população
residente no local, cuja média, no ano de 2005 girava em torno de 36 anos, Tabela 19.
Tabela 20: Taxa de alfabetização das pessoas de 10 anos ou mais de idade por sexo em 2010.
Brasil, Região Centro-Oeste e
Sexo Total
Unidade da Federação.
Total 91,0
Brasil Homens 90,6
Mulheres 91,3
Total 93,4
Centro-oeste Homens 93,2
Mulheres 93,5
Total 96,7
Distrito federal Homens 96,7
Mulheres 96,7
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).
6.2. Permissionários
O mapa identificando os permissionários pode ser visualizado em anexo (Anexo 02: Mapa
identificando os permissionários).
103
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.3. Uso e Ocupação Atual do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes
Pesquisa realizada pela Codeplan informa que o respectivo território é caracterizado por
28,20 km² de área urbana e 155,19 km² de área rural de acordo com a Tabela 22. A Região
Administrativa do Lago Sul divide-se ao norte com o Riacho Fundo e margem esquerda do
Lago Paranoá; ao sul pela DF-001; a leste pela DF-001 e a oeste pela RFSA, Ribeirão do
Gama, Córrego do Cedro, Poligonal do Aeroporto e DF-047 (GDF, 1977).
Quanto às zonas residenciais do local, no ano 2000 os índices apontam que um total de
97,20% da população mora em casa, apenas 0,05% em apartamento e 0,31% em cômodos
(Tabela 23 e Figura 84).
104
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 84- População residente por espécie de domicílio particular e coletivo.
Fonte: IBGE – Censo Demográfico - 2000.
Dos 6.778 domicílios particulares permanentes, 96,34% possuem rede geral para
abastecimento de água, sendo 93,18% canalizada em pelo menos 01 cômodo e 3,16% são
canalizadas só na propriedade ou terreno. Poço ou nascente representa apenas 3,58% do
total das residências. Nos parâmetros analisados pelo Censo Demográfico do IBGE, de
todos os domicílios apenas 09 não possuíam banheiro sanitário. Todavia, aqueles que
dispõem 50,84% têm a fossa séptica como forma de esgotamento sanitário e apenas 6,09%
a fossa rudimentar (Tabelas 24 e 25).
105
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Canalizada só na
Canalizada só na
Canalizada só na
Não canalizada
Não canalizada
propriedade ou
propriedade ou
propriedade ou
Canalizada em
Canalizada em
Canalizada em
pelo menos 01
pelo menos 01
pelo menos 01
cômodo
cômodo
cômodo
terreno
terreno
terreno
Lago Sul 6.316 214 232 7 4 4 0 1 6.778
(%) 93,18 3,16 3,42 0,10 0,06 0,06 0,00 0,02 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2000.
Outro escoadouro
Fossa rudimentar
esgoto ou pluvial
Rede geral de
Fossa séptica
banheiro ou
Não tinham
Rio ou lago
Região
sanitário
Total
Total
Vala
Geral
106
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 27. - Alvarás de construção expedidos e área licenciada, por categorias.
Alvarás de Construção
Área Licenciada (em m²)
Expedidos
Não
Residencial Residencial Não residencial
residencial
2001
2002
2003
2001
2002
2003
2001
2002
2003
2001
2002
2003
130 73 105 05 02 02 69.372,14 38.649,02 43.766,74 13.840,11 2.401,51 5.718,73
Fonte: Administrações Regionais 1998/2000
Tem-se o conhecimento de que essa região concentra o maior conjunto de áreas verdes do
Distrito Federal, representada por espaços ambientalmente protegidos, dos quais o Jardim
Botânico de Brasília e a ARIE do Bosque, objeto desse estudo. Conforme visualizamos pela
Tabela 28, vários parques estão localizados na região administrativa do Lago Sul.
De acordo com os dados, de 1994 a 1999 não havia registro algum de qualquer tipo de área
pública rural localizada nessa zona administrativa, portanto, em pesquisa da Secretaria de
Assuntos Fundiários não consta nenhum tipo de lote decorrente, por desconhecimento total
desse dado.
Desde 1961, já era prevista a ocupação da região onde se encontra localizado o Lago Sul,
inclusive com memorial de registro em cartório, descrevendo o uso do solo para residências,
comércio, recreação, escolas, e supermercados, entre outros. Em 1984, por iniciativa do
governo, foi feito um estudo para complementação de equipamentos públicos comunitários
no Lago Sul (TAMANINI, 1998).
Quanto ao uso e ocupação do solo, constata-se que um dos graves problemas verificados
na região de influência à ARIE do Bosque é a existência em larga escala de lotes irregulares.
Juntamente aos parcelamentos urbanos, existem diversas invasões isoladas, de menor
amplitude, que também ocasionam danos ambientais graves, em função do
comprometimento de nascentes e matas ciliares, causando desmatamentos, contaminação
dos recursos hídricos e erosões.
107
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.4. Visão da Comunidade em Relação à Unidade
Foi entrevistado um total de 48 pessoas. Mesmo não sendo considerada tão representativa
em termos quantitativos, podemos afirmar que a pesquisa apresentou-se apropriada ao seu
objetivo, ou seja, qualitativamente indicou a opinião de parte dos moradores, trabalhadores
e visitantes do local.
Figura 85. - Entrevista com trabalhadores na Figura 86. - Entrevista com representantes
ARIE, 2011. comerciais próximos à ARIE, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambiettal.
Figura 87. - Entrevista com trabalhadores Figura 88. Entrevista com moradores próximos à
próximos à ARIE, 2011. ARIE, 2011.
108
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambiettal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
109
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 91. Profissão dos entrevistados.
Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.
Interessante ressaltar ainda, que apesar da população de Brasília ser bastante reconhecida
pelas funções institucionais /administrativas, a pesquisa esclarece que 84% das pessoas
que responderam ao questionário são profissionais liberais e apenas 4% é representado
pelos servidores públicos (Figura 91). Esses dados vão de encontro ao estudo realizado
pela Codeplan em 2006, pois afirma que a atividade econômica da população encontra-se
concentrada na prestação de serviços com 55,8% do total e apenas 19,3% está inserida nas
administrações federal e local.
Depois de avaliado o perfil dos entrevistados constatou-se que 73% deles possuem
domicílios limítrofes à ARIE do Bosque (Tabela 23), logo, representam uma amostra
bastante representativa e potencialmente interessada no estudo.
110
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Independente se circunvizinho, ou não, à respectiva área, concluiu-se no universo
pesquisado que as residências representam um total de 79%. Em segundo lugar apresenta-
se mais representativo o comércio com 4%. Os apartamentos representam 6%, no que
condiz ao tipo de habitação existente. Observou-se que 11% não chegaram a responder
essa questão. Na realidade a atividade comercial é bastante inexpressiva na região
circunvizinha à ARIE, visto que o local é praticamente constituído de habitações residenciais
comuns, além da presença de embaixadas (Figura 92).
Como resultado obtido, notou-se que 90% dessas propriedades não possuem poço
artesiano, enquanto 10% não chegaram a responder sobre esse questionamento proposto
(Tabela 27). No que tange o conhecimento sobre a Unidade de Conservação (UC), a
pesquisa revelou que 65% das pessoas não têm ideia clara sobre a UC, enquanto que 35%
interpretam a área como um espaço ambientalmente protegido pela legislação (Tabela 23).
Na verdade, mesmo as pessoas que apresentaram ter algum discernimento,
transpareceram reduzida noção sobre as reais características das Unidades de
Conservação. Segundo a pesquisa realizada pela Neotropica, 2% dos proprietários não
reconhecem a UC como um parque, 33% nunca visitaram o parque, e 65% conhecem muito
pouco sobre a área.
111
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 93. Reside próximo à área.
Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.
A pesquisa demonstrou ainda que a maioria dos entrevistados (40%), mesmo residentes
próximos à área, não frequentam o local e apenas 6% revelaram que frequentam a Unidade
de Conservação todos os dias (Figura 94).
Os dados demonstram ainda que 52% das pessoas têm conhecimento sobre a fauna,
enquanto 48% não o têm. Os entrevistados que têm conhecimento mencionaram a
112
Plano de Manejo ARIE do Bosque
existência de diversos animais dentre os quais: preá; lobo-guará; anu; tatu; cutia; capivara;
jacaré; mico; sagui; paca; tartaruga; sapo; cobra coral amarela e vermelha; pássaros
diversos como carcará, papagaio, gavião, andorinha, joão-de-barro, canarinho verdadeiro,
garça, quero-quero, coruja, pombo doméstico, sabiá comum e preto, tesourinha, bem-te-vi;
insetos como marimbondo pequeno preto com mancha branca, mosquito; peixes como
tucunaré e tilápia.
A pesquisa questionou sobre o provável dano causado pela presença de animais na área,
mas conforme se constatou 52% das pessoas consideram que os mesmos não trazem
nenhum problema ao local, 36% não responderam e apenas 12% pensam afirmativamente
no estrago causado pelos animais (Figura 95).
Uma das principais ações a serem seguidas é a não alimentação dos animais pelos
moradores, visto que os animais que habitam a Unidade de Conservação são silvestres,
protegidos por leis e decretos, vivem livres e seguindo o processo natural da cadeia
alimentar em equilíbrio. Ao serem alimentados por produtos industrializados, modificam seus
hábitos e colocam em risco sua sobrevivência, podendo ingerir produtos inadequados,
contaminados ou impróprios para seu metabolismo, prejudicando a sua digestão e
consequentemente sobrevivência.
Conforme Tabela 27, 70% dos entrevistados não alimentam os animais presentes, até
mesmo porque, conforme visto anteriormente não frequenta o local.
Ainda que não saibam detalhadamente sobre o tipo de flora local, foi quase unânime o relato
sobre a importância da manutenção de vegetação predominantemente nativa, conforme
Tabela 27. De alguma maneira, 81% das pessoas entrevistadas apontaram contribuir para a
preservação da ARIE do Bosque, 2% admitiram não fazer nenhum tipo de contribuição e
17% não responderam. Essa colaboração quanto à proteção da área foi resumida nos
seguintes aspectos: não danificando o local, fazendo a limpeza da área e do lago, alertando
sobre a existência de resíduos sólidos originários das residências limítrofes a área,
113
Plano de Manejo ARIE do Bosque
efetuando o plantio de mudas, fiscalizando os eventos ocorridos na área, evitando a
realização de eventos na área, estruturando o parque com lixeiras, promover a manutenção
do parque, promover a segurança na área e realizando sua adubação (Figura 96).
114
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 97. Cães (pela falta de segurança), 2006. Figura 98. Lixo espalhado, dez. 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Figura 99. Poluição do lago, dez. 2006. Figura 100. Poluição da área, dez. 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Figura 101. Poluição do lago, dez. de 2011. Figura 102. Poluição do lago, dez. de 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
115
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 103. Lixo no chão, dez. de 2011. Figura 104. Estrutura abandonada no Parque, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Figura 105. Abandono de infraestrurura, dez. 2006. Figura 106. Presença de moradores de rua, 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Figura 107 - Árvores caídas dentro da ARIE, 2011. Figura 108. Garrafas de bebidas alcoólicas dentro
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. da ARIE, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
116
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 109. Ciclovia degradada e sem manutenção, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Importante salientar, que um dos entrevistados chegou a mencionar que no ano de 2004,
houve a elaboração de um projeto de lei criando um assentamento para quiosques com
permissão para a venda de bebidas alcoólicas. Entretanto, muitos consideraram que essa
não foi uma atividade muito adequada para o local. Das pessoas que relataram utilizar a
área, 5% demonstraram que o seu uso se faz no sentido de realizar atividades de
passeio/caminhada, prática de esportes e encontro com amigos.
Outro morador relatou sua total insatisfação com eventos ocorridos no local, citando como
exemplo um campeonato de MotoCross, o qual achou inadequado para os moradores locais.
Tal morador se mostrou adverso a quaisquer eventos, ou outros tipos de intervenções, que
venham a descaracterizar o parque como local de tranquilidade e paz. Segundo ele, "os
moradores da região não querem outro empreendimento como o Pontão do lago Sul nessa
área”.
Com essa pesquisa podemos concluir que, apesar da maioria dos moradores locais não
utilizarem a unidade como local de lazer, alguns até mesmo desconheciam a existência de
tal unidade, existem moradores preocupados com a manutenção da integridade do mesmo,
prezando por sua manutenção e fiscalização, para que não se percam as características
naturais da área em questão.
A campanha de 2011 foi importante para constatar que não houve evolução no que diz
respeito às condições de manutenção do parque. Foram evidenciados acumulo de resíduos
sólidos por toda a área, como registrado na campanha de 2006, com destaque para as
garrafas de bebidas alcoólicas, evidenciando o que já havia sido relatado pelos moradores
entrevistados; que o parque serve de refugio para grupos de jovens que fazem uso de álcool,
além de mendigos que usam o parque como moradia. As margens do lago continuam
117
Plano de Manejo ARIE do Bosque
sofrendo com o despejo de lixo, das mais variadas naturezas, o que prejudica a integridade
hídrica do corpo em questão.
A pesquisa in loco foi fundamental para a elaboração do presente Plano de Manejo, haja
vista que, a equipe técnica obteve resultados práticos sobre as necessidades da
comunidade. Portanto, a proposta de zoneamento e os programas ambientais aqui
sugeridos estão embasados na realidade local e, consequentemente, nas vontades dos
residentes.
A ARIE do Bosque, justamente por estar localizada na orla do Lago Paranoá, já é motivo de
interesse para visitação. No presente momento, a área encontra-se marginalizada e
destituída de qualquer infraestrutura que permita o acesso de usuários a um espaço público
de qualidade. No entanto, com o presente estudo, vislumbram-se potenciais atrativos, e
alguns locais dentro da respectiva Unidade de Conservação, com vocação para visitação.
Segundo Milanos (1998), antes mesmo de indicar as prováveis áreas de visitação desse
local, é importante evidenciar aqui, que os chamados espaços verdes urbanos, como o
objeto desse estudo, surgiram ainda no século XVII na Inglaterra, todavia, somente no
século XIX esses locais ganharam relevância na Europa, inserindo-se já nos planos
urbanísticos das cidades. Num primeiro momento, esses espaços eram usados basicamente
pelas classes altas da sociedade, por tratar-se justamente de antigos jardins privados.
No século XIX, a burguesia passou a usufruir dessas áreas no intuito de gozar de ar puro e
reduzir as tensões sociais vivenciadas no dia-a-dia, compensando assim, as horas de
trabalho excessivo. Com o surgimento do capitalismo e dos grandes aglomerados urbanos,
a ocupação desordenada trouxe consigo vários impactos ambientais e sociais negativos,
incentivando ainda mais a criação dessas áreas. É certo afirmar, que além de importantes
para a conservação de elementos da natureza, o uso desses espaços verdes traz bem-estar
físico e mental à comunidade (MILANOS, 1998).
O espaço verde urbano, e que é objeto desse estudo, trata-se de uma Área de Relevante
Interesse Ecológico (ARIE) que se insere dentro do grupo de unidades de uso sustentável
118
Plano de Manejo ARIE do Bosque
que visa conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos. De
acordo com o artigo 16 da legislação, a ARIE. “é uma área em geral de pequena extensão,
com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou
que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo
a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza”.
Art. 18. O Parque Ecológico tem como objetivo conservar amostras dos ecossistemas
naturais, da vegetação exótica e paisagens de grande beleza cênica; propiciar a
recuperação dos recursos hídricos, edáficos e genéticos; recuperar áreas degradadas,
promovendo sua revegetação com espécies nativas; incentivar atividades de pesquisa e
monitoramento ambiental e estimular a educação ambiental e as atividades de lazer e
recreação em contato harmônico com a natureza.
§ 1º O Parque Ecológico é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2º O Parque Ecológico deve possuir, no mínimo, em trinta por cento da área total da
unidade, áreas de preservação permanente, veredas, campos de murundus ou mancha
representativa de qualquer fitofisionomia do Cerrado.
§ 3º A visitação pública é permitida e incentivada e está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no plano de manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão
responsável por sua supervisão e administração e àquelas previstas em regulamento.
§ 4º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este
estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.
Essa inserção não tem a função única e exclusiva de revitalização desse espaço público,
que se encontra atualmente desocupado, pelo contrário, procura em âmbitos gerais,
fortalecer o turismo de lazer de Brasília, que é, basicamente, caracterizada por segmentos
quais sejam turismo de negócios e eventos. No mais, com a execução dessa proposta,
pode-se relacionar à possibilidade de integração do Lago Paranoá a vida da cidade, visto
que esse é um patrimônio público do Distrito Federal que deve ser valorizado.
119
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A ideia de reenquadramento da ARIE do Bosque se mostra necessária, pois o uso desse
espaço dentro do Projeto Orla trará benefícios diversos quais sejam: o local tornar-se-á um
fator de atratividade dentro de um projeto duradouro, redução dos índices de desemprego,
ampliação da base de contribuição fiscal, o governo obterá receitas juntamente com a
iniciativa privada responsável pela gestão do empreendimento, participação da sociedade
agora na elaboração do plano de manejo, durante sua implantação e futura utilização.
Importante afirmar em todo o tempo a função de proteção da área que esta intrínseca em
todas as etapas do projeto. Nesse sentido, tendo em vista a sugestão pelo
reenquadramento da área, propõe-se a construção de uma infraestrutura física, a qual
possibilite a realização de atividades diversas. Tais atividades poderão ser educacionais,
recreativas e desportivas, que atendam as necessidades dos moradores do entorno,
residentes de Brasília e turistas que se dirigem a cidade. Importante salientar, que todas as
propostas sugeridas e aqui apresentadas, levaram em consideração, legislações pertinentes
e a opinião da população circunvizinha, pois eles são de fato conhecedores da problemática
da região.
Aquisição de uma embarcação que possa servir para a prática de atividades de educação
ambiental, levando os visitantes para um passeio de barco como forma de conhecer o Lago
Paranoá. Esta atividade poderá ser cobrada dos visitantes ou poderão ser fechadas
parcerias com instituições de ensino locais e outras associações. A embarcação deverá
conter equipamentos de primeiros socorros como coletes salva vidas.
Criar uma sede específica para a prática de ações de sensibilização ambiental com os
visitantes, com a exibição de documentários ambientais, organização de brincadeiras,
realização de palestras, de minicursos de reaproveitamento de materiais e reciclagem, entre
outros. Esse espaço servirá também como centro de apoio aos visitantes com o intuito de
facilitar o seu contato com as peculiaridades da área. No local deverão ser afixados painéis
contendo mapas do local e fotos da ARIE, bem como distribuído folhetos explicativos e
ofertado produtos a venda como camisetas, chaveiros, bonés.
120
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Disponibilizar a venda de água de coco com colocação de mini quiosques (ambulantes
/permissionários regularizados na área). Também permitir a instalação de 2 permissionários
fixos (para possível instalação de restaurantes).
Necessário dizer, que o uso turístico em áreas naturais protegidas com base nos princípios
de sustentabilidade é condicionado ao volume humano que a UC pode suportar. Para
conhecer essa variável surgirão várias metodologias, no intuito de controlar o uso pelos
visitantes, de espaços ambientalmente protegidos.
121
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Os usuários devem ser encorajados a se responsabilizar, bem como, a apoiar a
conservação do meio ambiente, por meio da realização de atividades práticas na área. Os
frequentadores devem receber informações sobre assuntos ambientais, culturais e sociais
como ponto essencial da visitação. Para tanto, propõe-se a criação de uma infraestrutura
física que atenda às satisfações dos usuários da área, mas que ao mesmo tempo, permita a
proteção dos recursos naturais ali presentes. Assim sendo, além da implantação da ciclovia,
pista de caminhada e equipamentos de ginástica, que irão atender as necessidades físicas e
de saúde, considera-se essencial à implantação de um núcleo educacional que incentive a
preservação ambiental e transmita conhecimento às pessoas. Esse núcleo estará
gerenciando todas as ações educativas propostas quais sejam, por exemplo, passeio de
barco, realização de apresentações culturais, entre outras. Ficará a cargo desse núcleo a
preservação e divulgação de material didático-pedagógico sobre os objetivos e normas
desse plano de manejo.
O núcleo de educação ambiental também poderá criar uma marca que traduza a essência e
os princípios da respectiva Unidade de Conservação, e assim, ofertar produtos à venda
como, por exemplo, cartões postais, pequenos brindes (chaveiros, adesivos, broches,
bonés), agendas, cadernos, camisetas, bolsas, mochilas, publicações, entre outros.
É certo afirmar, que a interpretação do meio ambiente é uma forma estimulante de fazer
com que as pessoas entendam o seu entorno ecológico, bem como, é um procedimento
bastante antigo e que está intimamente ligado à história dos parques nacionais norte-
americanos. A interpretação ambiental é uma tradução da linguagem da natureza para a
linguagem comum dos visitantes, fazendo com que estes sejam informados em vez de
distraídos, e educados, além de divertidos. Interpretar a natureza é mais do que
simplesmente informar-se, ou seja, é uma forma de comunicação que interpreta relações e
promove questionamentos (KINKER, 2002).
Importante retratar que as ações de educação propostas para serem implantadas pelo
núcleo de educação ambiental não devem dirigir-se unicamente aos visitantes. As atividades
poderão ser orientadas a públicos-alvo específicos como estudantes, professores,
pesquisadores, líderes de associações, entre outros. A participação da comunidade
circunvizinha a ARIE do Bosque é fundamental dentro das ações propostas nesse plano de
manejo, haja vista que deverá ser realizado um resgate da vegetação anterior com
atividades de plantio no local, e assim, a comunidade deverá responsabilizar-se juntamente
com a gerência da área, com a manutenção das espécies, observando o seu crescimento e
as mudanças a serem desenvolvidas nesse local antropizado para uma área de preservação
ambiental.
122
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.7. Atores e Conflitos Sociais
A ARIE do Bosque, localizada na orla do Lago Paranoá, situa-se em uma região nobre de
Brasília, por conseguinte, os atores sociais característicos da região são representados pela
população de alto poder aquisitivo do Distrito Federal, com grau de instrução elevado e alto
índices de infraestrutura urbana.
Estudos da CODEPLAN informam que a renda média domiciliar bruta mensal do Distrito
Federal era da ordem de 09 salários mínimos em 2004 e justamente a maior renda
detectada foi no Lago Sul, com média de 43,4 salários mínimos. A população residente
nessa área de interesse, em sua maioria, é caracterizada pelos dirigentes do país,
funcionários públicos graduados, profissionais liberais e comerciantes com rendimentos
mais elevados. Essa é uma região definitivamente expressiva, pois demonstra a segregação
socioespacial existente no Distrito Federal, ou seja, de um lado uma população detentora de
elevada condição social e do outro, uma comunidade marginalizada.
É fato, que os moradores dessa região são privilegiados, pois se sabe que há uma
distribuição de renda acentuadamente desigual entre as regiões administrativas e
consequentemente entre as famílias de cada uma delas.
Interessante apontar que a construção de Brasília foi planejada e caracterizada por um estilo
urbano definido. Com a construção do Plano Piloto desenvolveu-se o planejamento da
região, tendo em vista o aproveitamento topográfico local. O zoneamento da cidade foi
definido a partir de dois eixos: o Rodoviário (disposto na posição Norte/Sul) e o Monumental
(sentido Leste/Oeste). É no sistema rodoviário que se integra a Asa Sul à Norte
(CODEPLAN, 1984b) e é justamente na região da Asa Sul/Lago Sul onde se encontra
localizada a ARIE do Bosque.
Embora a construção de Brasília tenha sido planejada, o uso e ocupação do solo no Distrito
Federal, de uma maneira em geral, não vêm se constituindo do mesmo modo. A oferta de
lotes e a realização de parcelamentos, tanto por parte do poder público quanto da iniciativa
privada, vem se desenvolvendo sem o cumprimento dos preceitos legais, ou seja, há uma
forte ocupação urbana, porém, sem o investimento em infraestrutura básica e geração de
empregos na mesma proporção. A Bacia do Lago Paranoá é um dos locais onde não tem
havido respeito com relação a essa ocupação urbana (TAMANINI, 1998).
Inicialmente previsto como local de proteção, ao longo dos anos, a Bacia do Lago Paranoá
foi sendo ocupada desordenadamente. Atualmente, ocorre em demasia a transformação de
chácaras e glebas rurais situadas em áreas de grande sensibilidade ambiental, em lotes
urbanos (PAVIANI & GOUVÊA, 2003).
123
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.8. Levantamento de Informações sobre Possíveis Residentes na ARIE do
Bosque
O Setor de Chácaras foi acrescido em 1966 e apesar do Setor de Mansões Urbanas Dom
Bosco possuir memorial datado de 1961, manteve-se praticamente desocupado, até então.
No ano de 1966 foi registrado o acréscimo de um centro comercial no Trecho 1 (atual QI5),
que foi inaugurado em 1968, e se tornou o Centro Comercial Gilberto Salomão, marcando o
início da oferta de comércio e serviços no bairro, que até então era exclusivamente
residencial. Este fato, complementado pela inauguração da primeira ponte em 1974 e pela
abertura do supermercado Jumbo em 1978 representaram para a história de Brasília a
"descoberta do Lago Sul". Também em 1966 foram criados lotes para postos de
abastecimentos (PAG e PLL) em todo o setor (TAMANINI, 1998).
A década de 1970 marca a consolidação de fato do local, com início da oferta de comércio e
serviços, melhoria da acessibilidade ao Plano Piloto com a construção e o funcionamento
das duas pontes. Importante apresentar aqui, que no ano de 1981 foi elaborado o Plano
Diretor de Urbanização da Orla do Lago Paranoá no sentido de desocupar áreas públicas
ocupadas por lotes residenciais, especialmente aqueles às margens do lago, bem como,
criar novas áreas e equipamentos de recreação e lazer (CODEPLAN, 1984b).
124
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Certamente, podemos concluir que mesmo não havendo a existência de moradores fixos na
ARIE do Bosque, a administração da área deverá atentar-se para a ocorrência de invasões
em espaços físicos, que estejam inseridos na área limítrofe dessa Unidade de Conservação.
Para tanto, foi fundamental a participação da comunidade na elaboração desse plano de
manejo, bem como, será no próprio gerenciamento da área.
Também é proibida a emissão de ruídos por parte dos permissionários, para que não
interfira no sossego dos animais e visitantes da área, assim como, fica estabelecida que a
entrada de novos permissionários esteja condicionada a saída de algum dos já licenciados.
Cada um dos permissionários móveis terá um espaço de 10 m² de área para venda de seu
produto e os fixos de 25 m².
A ausência de uma política habitacional eficiente em todo o Brasil, que garanta a oferta
planejada de moradia para as diferentes faixas de renda, levou muitas pessoas a
procurarem soluções habitacionais em áreas ofertadas por parceladores privados e por
125
Plano de Manejo ARIE do Bosque
grileiros de terras públicas, independentemente do respeito à legislação urbanística e
ambiental. Estima-se atualmente, que 54,2% dos parcelamentos irregulares do Distrito
Federal estão situados em áreas de proteção ambiental. Há um consenso quanto à
necessidade de regularizar os parcelamentos ambientalmente viáveis, entretanto, a
experiência recente tem mostrado que as maiores dificuldades estão no componente
fundiário (CODEPLAN, 1984a).
É importante reconhecer, que no atual momento e nos próximos anos, a Bacia do Lago
Paranoá, onde se encontra inserido a ARIE, oferece todas as condições para um
agravamento da ocupação. Os parcelamentos privados tendem a estabelecer-se na bacia,
previsão que reforça a necessidade de monitoramento e de implantação de uma política de
fiscalização permanente, ao lado da intensificação do processo de regularização.
126
Plano de Manejo ARIE do Bosque
7. PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E MEDIDAS MITIGADORAS
7.1. Segurança
A ARIE do Bosque possui uma área de 23,9553 ha. Até a década de 1990 sua área era de
378.321,60 ha. Hoje, uma boa parte de sua área foi ocupada por moradores, que fecharam
as entradas das ruas. Tais entradas deveriam fazer interligação com o remanescente, como
foi previsto no projeto original da cidade. Muitos dos moradores avançaram com seus muros
e assim destruíram a vegetação original. (Figuras 110 e 111).
Para resolver estes problemas, será necessário estipular normas para uso da área,
estabelecer um gestor administrativo e elaborar um Termo de Ajuste de Conduta. Este
documento terá como principal objetivo direcionar atividades para a melhoria das condições
da unidade, como plantio de árvores nativas e atividades de educação ambiental.
Figura 110. Cerca viva em residência na ARIE, jan. Figura 111. Residência na ARIE, jan. 2007.
2007. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
127
Plano de Manejo ARIE do Bosque
7.3. Fauna
Fauna Silvestre
Animais Domésticos
Na ARIE do Bosque foram encontrados gatos abandonados. Esses animais deverão ser
retirados do local por causarem uma série de problemas aos animais ali existentes, como às
aves (boa parte migratória) e serem vetores de doenças, como a raiva, portadores de
parasitas, que são transmitidos aos animais silvestres.
Animais Exóticos
O administrador da área deverá estar sempre alerta à introdução de espécies exóticas, pois
estas causam sérios problemas à fauna local, prejudicando o equilíbrio dos grupos ou até a
extinção dos animais nativos.
7.4. Flora
Manejo da Flora
128
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 112. Aspectos da flora, jan. 2007. Figura 113. Vista parcial da flora local, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
Figura 114. Espécies encontradas na área, 2007. Figura 115. Área antropizada, 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
A ARIE do Bosque apresenta-se totalmente antropizada (Figuras 112 a 115), de acordo com
o item Análise da Paisagem, a mesma consta apenas de uma grande extensão de
gramados, espécies frutíferas, eucaliptos cinquentenários e algumas espécies isoladas da
vegetação nativa. Assim, este programa visa à recomposição da paisagem, em um cenário
próximo da vegetação pretérita, procurando restaurar as características originais da área,
para que a mesma retorne a um estado biológico apropriado, promovendo-se o manejo, até
atingir-se um ponto em que a ação do homem não seja mais necessária, onde os ciclos de
nutrientes sejam fechados, os componentes da biota estejam razoavelmente em equilíbrio e
o sistema hídrico estabilizado.
Também é interessante mencionar que originalmente esta área foi vegetada pela
fitofisionomia de Cerrado, e que após a construção do lago Paranoá transformou-se em
parte em um ambiente ribeirinho. Por sua vez, é imprescindível sua recomposição ambiental,
pois exerce importante papel na proteção do curso d'água contra o assoreamento e a
contaminação por diversas substâncias, principalmente por estar localizado dentro de um
grande centro urbano. Estas peculiaridades conferem às regiões ribeirinhas um grande
aparato de leis, decretos e resoluções visando sua preservação.
129
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A desativação de rampas para embarcações particulares na área da AIRE do Bosque será
imprescindível para reabilitação da área. Sendo uma área ribeirinha de preservação
permanente essas “aberturas” na mata realizadas de forma inadequada descaracterizam a
área e “recortam” o ambiente já tão prejudicado.
Reflorestamento/Recuperação Florística
Segundo Attanasio et al. (2006), para uma recomposição rápida da vegetação deverá ser
implantado o método de plantio simultâneo de espécies pioneiras, secundárias e clímaxes.
A experiência tem mostrado que todas as categorias de plantas podem ser implantadas
numa única etapa. Deve-se apenas tomar-se o cuidado de sempre alocar as mudas de
espécies clímaxes próximas de dois ou mais exemplares de espécies pioneiras e
secundárias, pois estas crescerão rapidamente e proporcionarão o sombreamento
130
Plano de Manejo ARIE do Bosque
necessário às espécies clímaxes. Outro cuidado a tomar é que espécies de porte muito
grande fiquem lado a lado uma das outras.
Considerando a área de recuperação de 16,38 ha, espaçamento 3,0 X 3,0 serão plantadas
aproximadamente 18.200 mudas, contemplando diversas espécies e grupos ecológicos,
totalizando 2.674 arranjos em quincôncio, dispostas de acordo com a sua posição no
reflorestamento (Figura 116); sendo que deste total 50% ou seja, 9.100 mudas serão
pioneiras, 30%, ou seja, 5460 mudas serão secundárias e 20%, ou seja, 3640, mudas serão
clímax.
Tabela 31. Espécies arbustivo-arbóreas, recomendadas para recuperação da ARIE. G.E. = grupo
ecológico: P = Pioneira; SE = Secundárias; CL = Clímax. Quanto a indicação: A = áreas encharcadas
permanentemente; B = áreas com inundação temporária; C = áreas bem drenadas, não alagáveis.
Época de
Família Nome Científico Nome Vulgar G.E Indicação
Floração
Leguminosae- Angico-branco,
Acacia polyphylla DC. Dez/mar P B, C
Mimosoideae monjolo
Verbenaceae Aegiphila lhotzkiana L. Milho-de-grilo Set-Dez P C
Araticum-cortica,
Annonaceae Annona crassiflora Mart. Out/Nov SE C
Marolo
Alibertia macrophylla K. Marmelada-de-
Rubiaceae SE C
Schum. cachorro
131
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Pau-marfim-do-
Agonandra brasiliensis Miers
Opiliaceae cerrado, tinge- Ago/Out P C
ex Benth.
cuia.
Leguminosae- Anadenanthera colubrina P
Angico-vermelho Ag/set C
Mimosoideae (Vell.) (SE)
Leguminosae- Apuleia molaris Spruce ex
Garapa P C
Caesalpinioideae Benth.
Aspidosperma Peroba,
Apocynaceae Set/nov CL B, C
cylindrocarpum Müell Arg. guatambu
Aspidosperma subincanum Guatambu- P
Apocynaceae Set/nov C
Mart vermelho, pereiro (SE)
Peroba-do-
Aspidosperma tomentosum cerrado, Pau-
Apocynaceae Set/Out CL C
Mart. pereira-do-
campo
Austroplenckia populnea Marmeleiro-do- P
Celastraceae Out/Nov C
Reiss. campo (SE)
Astronium fraxinifolium
Anacardiaceae Gonçalo Alves Ago/set P C
Schott. ex Spreng.
Blepharocalyx salicifolius P
Myrtaceae Murta, cambui Dez/Jan B
(Kunth) O. Berg (SE)
Leguminosae-
Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira-preta Nov/Jan CL C
Papilionoideae
Byrsonima coccolobifolia
Malpighiaceae Murici-do-cerrado Dez/Jan SE C
Kunth
Malpighiaceae Byrsonima crassa Nied. Murici Ago-Nov SE C
Byrsonima verbascifolia (L.)
Malpighiaceae Murici Ago/Nov SE C
DC.
Caryocar brasiliense P
Caryocaraceae Pequi Set/Nov C
Cambess. (SE)
Moraceae Cecropia lyratiloba Miq. Embaúba Set/out P A, B
Connarus suberosus Cabelo-de-negro, P
Connaraceae Ago/Out C
Planchon pau-ferro (SE)
Leguminosae- Oleo copaíba,
Copaifera lansdorffii Desf. Dez/mar CL B, C
Caesalpinioideae copaíba
Caviúna-do-
Leguminosae- Dalbergia miscolobium P
cerrado, Jan/Fev C
Papilionoideae Benth. (SE)
jacarandá
Ebenaceae Diospyros burchellii Hiern. Olho-de-boi Jul-Out SE B
Leguminosae- P
Dimorphandra mollis Benth. Faveira Out/Jan C
Caesalpinioideae (SE)
Leguminosae-
Dipteryx alata Vog. Barú Out/Jan CL B, C
Papilionoideae
Leguminosae- Enterolobium gummiferum Timburi-do-
Ago/Set P C
Mimosoideae (Mart.) MacBryde cerrado
Eriotheca pubescens (Mart. P
Bombacaceae Embiruçu Jul/Set C
& Zucc.) Schott. & Endl. (SE)
Erythroxylum deciduum A. Cocão, fruta-de- P
Erythroxylaceae Ago/Out A, B
St.-Hil. pomba (SE)
Erythroxylum suberosum A.
Erythroxylaceae Cabelo-de-negro Set-Jan CL C
St.- Hil.
Erythroxylum tortuosum
Erythroxylaceae Muxiba-comprida Ago-Dez P C
Mart.
Myrtaceae Eugenia dysenterica DC. Cagaita Ago/set CL B, C
Sterculiaceae Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Set/Nov P C
Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lund Caparrosa Set-Nov P C
Leguminosae- Hymenaea stignocarpa Mart. Jatobá-do-
Dez/fev CL B, C
Caesalpinioideae ex Hayne cerrado
Leguminosae- P
Inga edulis Mart. Ingá Out/Jan A, B
Mimosoideae (SE)
Leguminosae- P
Inga uruguensis Hook & Arn. Ingá Out/Fev A, B
Mimosoideae (SE)
Kielmeyera coriacea
Clusiaceae Pau-santo Ago-Jan SE C
(Spreng.) Mart.
Malpighiaceae Heteropterys byrsonimifolia Murici-macho Set-Dez SE C
132
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A. Juss.
Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Mangaba-brava Out/Dez SE C
Luehea grandiflora Mart. & P
Tiliaceae Açoita-cavalo Mai/Jul C
Zucc. (SE)
Leguminosae-
Machaerium opacum Vog. Jacarandá Jul/Ago P C
Papilionoideae
Miconia albicans (Sw.) Quaresmeira-
Melastomataceae SE C
Triana branca
Melastomataceae Miconia pohliana Cogn. Pixirica Mai-Set SE C
Myrcia tomentosa (Aubl.) P
Myrtaceae Araçá, goiabinha Jul/Out C
DC. (SE)
Caparrosa-
Nyctaginaceae Neea theifera Oerst. Jun-Set CL C
branca
P
Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Pau-terra Nov/Jan C
(SE)
Cinzeiro, pau-
Vochysiaceae Qualea multiflora Mart. Nov/Dez P C
terra-do-campo
Vochysiaceae Qualea parviflora Mart. Pau-terra Nov/Dez SE C
Ouratea hexasperma (A. St.- Vassoura-de-
Ochnaceae Jul-Out SE C
Hil.) Baill. bruxa
Piptocarpha rotundifolia Candeia,
Asteraceae Out/Dez CL C
(Less.) Baker paratudo
Leguminosae- Jacarandá
Platypodium elegnas Vogel Set/nov SE B, C
Papilionoideae canzileiro
Leguminosae- P
Plathymenia reticulata Benth. Vinhático Set/Nov C
Mimosoideae (SE)
Pouteria ramiflora (Mart.) Leiteiro-preto, P
Sapotaceae Ago/Out C
Radlk. abiu (SE)
Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk. Guapeva Out/nov P A
Pseudobombax tomentosum
P
Bombacaceae (Mart.& Zucc.) A. Robyns Embiruçu Jul/Ago C
(SE)
Robyns
Myrtaceae Psidium pohlianum Berg Araça Nov-Dez SE C
Myrsinaceae Rapaenea guianensis Aubl. Pororoca Jun/Jul P A, B
Carne-de-vaca,
Proteaceae Roupala montana Aubl. carvalho-do- Mar-Set CL C
brasil
Salacia crassifolia (Mart. ex Bacupari-do-
Hippocrateaceae Jul-Dez SE C
Schult.) G. Don cerrado
Leguminosae- Sclerolobium paniculatum
Pau-bosta Out/Nov P C
Caesalpinioideae Vog.
Schefflera macrocarpa Mandiocao-do-
Araliaceae Jan-Set P B
(Seem.) D.C. Frodin cerrado
Strychnos pseudoquina A. P
Loganiaceae Quina, quineira Dez/Mar C
St.-Hil. (SE)
Leguminosae- Stryphnodendron P
Barbatimão Set/Nov C
Mimosoideae adstringens (Mart.) Coville (SE)
Styrax ferrugineus Nees & P
Styracaceae Pindaíba Jul/Set C
Mart. (SE)
Symplocaceae Symplocos rhamnifolia A. DC Congonha Mar-Set SE C
Tabebuia aurea (Silva
Bignoniaceae Manso) Benth.&Hook.f.ex Caraíba Ago/set CL B, C
S.Moore
Tabebuia serratifolia (Vahl)
Bignoniaceae Ipê amarelo Ago/set SE B, C
G.
Tibouchina condolleana P
Melastomataceae Quaresmeira Jul/Set B, C
(DC.) Cogn. (SE)
Tocoyena formosa (Cham. & Jenipapo-de-
Rubiaceae Out-Nov SE C
Schltdl.) K. Schum. cavalo
Ucuuba-do-
Myristicaceae Virola sebifera Aubl. Dez-Fev SE B
cerrado
P
Vochysiaceae Vochysia thyrsoidea Pohl Gomeira Nov/Dez C
(SE)
P
Annonaceae Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba-d'água Nov/Jan A, B
(SE)
133
Plano de Manejo ARIE do Bosque
P
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica de porca Out/Nov C
(SE)
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Método de recomposição
3,0 m
3,0 m
Legenda:
Preparo do solo
Nas áreas a serem recuperadas não haverá revolvimento de solo, apenas o coveamento e a
construção de curvas de nível, a fim de evitar perdas das plântulas. A construção dessas
curvas se limitará nas áreas passíveis de mecanização.
134
Plano de Manejo ARIE do Bosque
As covas terão as dimensões de 40x40x40 centímetros espaçadas 3,0 x 3,0 metros, caso
constate-se compactação no local a profundidade da abertura da cova se estenderá até
cinquenta centímetros. Na abertura das covas deverá se separar a terra da superfície (mais
rica em matéria-orgânica), da terra do fundo da cova. Na terra da superfície adicionar o
composto orgânico e/ou mineral e misturá-los, além de retirar da terra de preenchimento das
covas pedras, entulho ou lixo, a fim de facilitar o bom desenvolvimento da muda. Não serão
utilizadas práticas como aração e gradagem no local, para garantir a permanência das
espécies já estabelecidas. Na semana que antecederá o plantio é recomendável fazer um
coroamento com um raio de 0.5 metros em volta da cova a fim de evitar a competição com a
grama. A Figura 113 demonstra de forma sequencial as etapas do plantio. Essa técnica de
plantio está sendo utilizada pela empresa Neotropica Tecnologia Ambienttal em vários
trabalhos de recuperação, dentre eles: Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da
Estação de Tratamento de Esgoto Parque Atheneu de Goiânia - GO (margens do rio Meia
Ponte), Projeto de Reposição Florística das Áreas de Preservação Permanente do
Loteamento Jardins do Cerrado em Goiânia (Margens do córrego da Cruz), Programas de
Reflorestamento da Faixa de Preservação Permanente das PCHs Lagoa Grande, Riacho
Preto e Boa Sorte na cidade de Dianópolis – TO e Programa de Monitoramento das Áreas
de Preservação Permanente na cidade de Rio Quente - GO
Deverá ser feito um levantamento na área para averiguar a situação de possíveis pragas
(formigas cortadeira, cupins entre outras), que possa danificar as mudas plantadas. A partir
do grau de coincidência poderão ser adotados métodos de controle natural com o uso das
sementes de Sesamum indicum L. Além disso, o Sesamum indicum L colocado sobre o
formigueiro, intoxica o tal fungo e ajuda a eliminar o ninho das formigas. Outro método
natural que poderá ser utilizado é a calda do fumo (Nicotiana tabacum L.), onde a nicotina é
um alcaloide que se obtém através do fumo. É um poderoso inseticida de fácil obtenção,
tendo ação de contato no combate as pragas. Também é recomendado o controle químico
através de iscas ou nebulização.
O combate inicial a formigas cortadeiras, cupins e outras pragas que possam atacar as
mudas e as espécies em desenvolvimento, em toda a área a ser plantada, nas reservas de
matas nativas e numa faixa de 100 metros de largura ao redor de toda a área, se dará 60
dias antes do plantio. Após o combate inicial é recomendado o repasse, que é a operação
que visa combater os formigueiros que não foram totalmente extintos no combate inicial,
bem como aqueles que não foram localizados na primeira operação. O repasse é feito, no
mínimo, 60 dias após o combate inicial, antes do plantio em toda á área, inclusive na faixa
ao redor.
A utilização de iscas deve ser feita no período seco. No período chuvoso, pode-se valer de
porta iscas, facilmente adquiridas no comércio. Recomenda-se usar produtos a base de
sulfuramida ou fipronil. A dosagem da isca a ser usada no combate a um formigueiro vai
depender da área que ele ocupa e da marca do produto utilizado. A isca é aplicada com
dosadores nos olheiros de alimentação, distante cerca de 10 a 15 cm do olheiro, ao lado do
carreiro, sendo a quantidade de isca distribuída nos diferentes olheiros de alimentação.
Deve ser observado o disposto na Instrução Normativa IBRAM nº08/2012, tanto para
aplicação de agroquímicos, quanto para a aplicação de insumos para o combate a pragas.
Adubação
O adubo será colocado na porção de solo removida com a abertura da cova. A adubação
poderá ser orgânica, minerais ou ambos, dependendo da disponibilidade de encontrá-los
135
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e/ou financeiras. Sugerem-se aplicar 200 gramas de NPK 4-14-8 e/ou 3 litros de esterco
curtido por cova (Figura 117).
Figura 117. Plantio das mudas no local definitivo, onde: 1- terra retirada da superfície mais composto
orgânico ou mineral; 2- terra retirada abaixo da superfície.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Orientações de plantio
Replantio
É necessário tomar o cuidado com a demora do replantio, pois certos atrasos podem causar
às mudas replantadas desvantagens permanentes, em crescimento e desenvolvimento. As
mudas que morrem devem ser repostas, preferencialmente num período não superior a 60
dias após o plantio. As mudas destinadas ao replantio devem ser de boa qualidade, um
pouco maior que o normal e com raízes bem desenvolvidas. Já as mudas que estagnam seu
136
Plano de Manejo ARIE do Bosque
crescimento devem ser avaliadas as possíveis causas e tentar saná-las, e caso necessário,
fazer a sua substituição.
Manutenção
Coroamento
O coroamento tem a finalidade de evitar a competição da muda com a vegetação local por
água, luz e nutriente. O coroamento deve ter a raio mínimo de 0,5 metros ao redor da muda.
Deve-se fazer este coroamento até que esta competição possa existir, não afetando o
desenvolvimento das futuras árvores, o que ocorre entre 1 e 1,5 anos após o plantio.
Adubação de Cobertura
A adubação de cobertura poderá ser feita com a fórmula NPK 18-9-18 acrescida de 160 kg
de Boro/ton, parcelada em duas vezes, no início e final do período chuvoso (novembro e
março). Em cada cobertura, utilizar 60 g do adubo por cova. A adubação de cobertura deve
ser feita preferencialmente com o solo úmido para não ser necessária a incorporação do
adubo. Outro aspecto a ser seguido é que a distribuição do adubo não deve ser feita junto a
muda, mas a uma distância de 15 a 20 cm do caule desta. A adubação de coberta deverá
ser efetuada nos 2 primeiros anos iniciais devendo ser avaliado a necessidade do terceiro
ano em diante.
Cobertura Morta
A cobertura morta tem os objetivos de manter a umidade na cova, diminuir a insolação direta
do sol na cova e diminuir o surgimento de plantas daninhas, que afetam o desenvolvimento
das mudas. Deve-se utilizar o próprio material obtido com a capina no coroamento como
cobertura morta.
137
Plano de Manejo ARIE do Bosque
OBS: Os cuidados descritos acima deverão ser executados até as mudas atingirem uma
altura de 2,0 metros quando já sobrevivem sozinhas, dispensando os cuidados de cultivo.
Aceiramento
Os aceiros deverão constantemente estar limpos e com a largura mínima de proteção, a fim
de evitar incêndios que possam entrar na área plantada, danificando ou matando as mudas.
7.5. Lago
A ARIE, por se encontrar às margens do Lago Paranoá, envolve cuidados especiais como
prudência ao introduzir animais exóticos e o assoreamento do lago por falta de vegetação às
suas margens. Para a resolução destes problemas, é importante o monitoramento contínuo
da água, tanto dos seus fatores bióticos, como abióticos. É imprescindível a vigilância
contínua e atividades educativas para se evitar a poluição do lago pelo acúmulo de resíduos
sólidos e a revegetação das margens, para a melhoria das condições ambientais locais
(Figuras 118 a 120).
Figura 118. Vista Parcial do Lago Paranoá, jan. 2007. Figura 119. Aves sobrevoando o lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
138
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8. MANEJO
Programa de Manejo
Cooperação
Interinstitucional
Público/Privado
139
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8.1. Objetivos
8.2. Zoneamento
Para a realização do Zoneamento da ARIE do Bosque (Lago Sul - DF), foi utilizada a base
de dados georreferenciados produzida no Sistema de Estadual de Estatística e Informações
Geográficas de Goiás (SIEG) e a Superintendência de Gestão de Áreas Protegidas (SUGPA
– IBRAM (Instituto Brasília Ambiental)), com base no Decreto nº 27.541, de 21 de dezembro
de 2006 D.O.D. F de 22.12.2006.
De acordo com Decreto, a Área do Bosque Lago Sul é de 239.553 m². Segue as seguintes
coordenadas (Tabela 26) que se inicia do ponto um (01) e termina no vinte e sete (27) e
segue margeando o lago sul no sentido sudoeste iniciando no ponto vinte e sete (27), e
segue até o ponto um (01) sentido nordeste, finalizando a poligonal da Área do Bosque do
Lago Sul.
140
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8248032, 1653 192224, 3331 11
8248042, 0489 192159, 2469 12
8248064, 6633 192036, 2826 13
8248069, 3588 191966, 4027 14
8248065, 3542 191823, 4450 15
8248055, 3035 191754, 1323 16
8248016, 7499 191606, 1228 17
8247990, 6106 191541, 1460 18
8247914, 0578 191408, 7151 19
8247872, 9689 191351, 9969 20
8247768, 9523 191238, 8119 21
8247715, 5156 191193, 5374 22
8247585, 7915 191112, 5374 23
8247522, 8461 191081, 8704 24
8247450, 7331 191045, 8776 25
8247344, 9136 190994, 2495 26
8247358, 7456 190964, 7513 27
Fonte: Decreto nº 27.541, de 21 de dezembro de 2006 D.O.D.F de 22.12.2006
Definição:
A Zona de Uso Intensivo é constituída pelas áreas naturais ou alterada pela atividade
humana, entretanto, o ambiente é mantido o mais natural possível. Contém paisagens
únicas e recursos que possam servir às atividades recreacionais. São áreas relativamente
concentradas, com facilidades de trânsito e de assistência ao público. Nesse espaço poderá
conter infraestrutura como o Centro de Apoio aos Visitantes, bem como outras facilidades e
serviços, como restaurantes ou lanchonetes.
Objetivos:
141
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A Zona de Uso Intensivo tem como objetivo proporcionar a recreação intensiva dos usuários
da área, assim como disponibilizar e promover ações de Educação Ambiental em harmonia
com o meio. Nesse sentido, essa área visa despertar o interesse do público para
conhecimento genérico da flora e fauna nativas e das biocenoses existentes (Figura 151).
Descrição:
A zona de uso intensivo da ARIE do Bosque refere-se aos seguintes aspectos: pista de
caminhada; estacionamento; caminhos e percursos existentes dentro do Parque, tanto para
pedestres, como para ciclistas e espaços reservados para o comércio controlado, área
recreativa e ginástica.
A pista de caminhada, que se encontra na parte interna da ARIE do Bosque do Lago Sul,
possui um perímetro de 1.031 metros e uma área de 3.108 m²; a ciclovia possui perímetro
de 2.822 metros e uma área de 11.260 m²; o estacionamento possui uma área de 15.000
m2; os dois (02) permissionários fixos ocuparão uma área de 50 m2; os três (03) vendedores
de água de coco, ocuparão uma área de 30 m2; o deck 4 m²; a calçada 1.860 m² na parte
externa; o parque infantil ocupará uma área de 16 m2; as duas (02) áreas para o
equipamento de ginástica será de 32 m2. A área total da zona de uso intensivo é 31.360 m².
Normas:
142
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 122. Exemplo de Área na Zona de Uso Intensivo – CICLOVIA, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Definição:
Objetivos:
A Zona de Uso Especial, em âmbitos gerais, tem como objetivos proteger a ARIE do Bosque
por meio da implantação de atividades e ações voltadas a sensibilização ambiental, que são
previstas para essa área e minimizar o impacto da implantação das estruturas, ou os efeitos
das obras no ambiente natural ou cultural da ARIE do Bosque.
Descrição:
Normas:
A vegetação dessa área contém plantas exóticas que deverão ser constantemente
podadas e verificadas, com intuito de não comprometerem a zona de preservação
integral ou de recuperação;
Animais domésticos não serão permitidos dentro da ARIE;
143
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Os recursos da ARIE do Bosque não poderão ser utilizados pelos visitantes e
funcionários para fins comerciais ou benefícios individuais;
Os guardas responsáveis pela ARIE terão como responsabilidade, verificar a
quantidade de pessoas que visitam a área diariamente, no sentido de controlar a
capacidade de carga do local;
Manter infraestrutura de fiscalização;
Dar devido apoio aos funcionários da ARIE do Bosque;
Minimizar o impacto ambiental, concentrando em pequena área do Parque,
atividades e equipamentos necessários a sua manutenção e administração;
Oferecer facilidades a pesquisadores e visitantes oficiais;
O uso de píeres e rampas para embarcações particulares na área da AIRE será
exclusivo para técnicos, e caso seja necessário para monitoramento ou atividade de
educação ambiental.
Figura 123. Exemplo de Área na Zona de Uso Especial (rampa para acesso da embarcação da unidade),
jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Zona de Recuperação
Definição:
Essa é uma zona que contém áreas que sofreram considerável alteração antrópica. É
considerada uma zona provisória, pois uma vez restaurada será incorporada em uma das
categorias permanentes. As espécies exóticas introduzidas e presentes na área deverão ser
removidos gradualmente.
Objetivos:
A Zona de Recuperação tem como objetivo deter a degradação dos recursos naturais da
área, principalmente flora e solo e ao mesmo tempo favorecer a recuperação natural da vida
silvestre ali presente.
144
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Descrição:
A Zona de Recuperação nesta ARIE abrange quase que toda a área da unidade, incluindo a
margem do lago, pois praticamente todo o local necessita ser revegetado, resgatando assim
sua flora original. A área total dessa zona compreende 163, 800 m².
Importante ressaltar que a respectiva área apresenta um grande potencial futuro, pois uma
vez recuperada, irá incorporar a Zona de Uso Extensivo e Zona de Uso Especial, trazendo à
área a vegetação do cerrado, melhorando a permeabilidade do solo e reintroduzindo a fauna
local (Figura 124).
Normas:
Figura 124. Vista parcial da Área na Zona de Recuperação - BOSQUE DOS EUCALIPTOS, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Definição:
145
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Essa é uma zona constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar
alguma alteração antrópica.
Objetivo:
A Zona de Uso Extensivo tem como objetivos manter o ambiente natural com um mínimo de
impacto humano; facilitar a investigação científica; promover ações de educação ambiental e
incentivar a observação da fauna e flora; facilitar ao público o acesso às margens do lago
em circuitos previamente determinados apenas por caminhada.
Descrição:
Compreende as margens do lago, com uma área 18.030 m² e uma área próxima ao
estacionamento, os ninhais, de extrema importância para a sobrevivência de muitas aves,
com 49.270 m2. O total da zona de Uso Extensivo é de 67.300 m2 (Figura 125).
Normas:
146
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 125. Vista parcial da Área na Zona de Uso Extensivo - MARGENS DO LAGO PARANOÁ, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
Zona de Amortecimento
Definição:
Objetivo:
A Zona de Amortecimento tem por objetivo minimizar os impactos negativos sobre a unidade,
podendo esta zona ter dimensões variáveis de acordo com a indicação técnica, ensejando
limitações ao direito de propriedade conforme se depreende da sua própria definição legal.
Descrição:
Normas:
147
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Os moradores do entorno não podem utilizar os recursos naturais na ARIE do
Bosque, bem como, prejudicarem o desenvolvimento das atividades da Unidade de
Conservação;
Não é permitida a alimentação dos animais presentes na ARIE do Bosque;
Não é permitida a pesca dentro da ARIE do Bosque;
Os moradores do entorno devem dar devido apoio aos funcionários da ARIE do
Bosque;
As construções do entorno deverão estar em harmonia com a paisagem natural.
As áreas de ocupações indevidas deverão ser retiradas, para que a ARIE do Bosque Lago
Sul adquira o tamanho de sua área original, definida pelo Decreto nº 27.541/2006, onde
ARIE do Bosque lago Sul, em que apresenta uma área de 239.553 m², observando o erro do
memorial descritivo das coordenadas geográficas, em que não há uma poligonal definida.
Após o georreferenciamento o levantamento a atual da Área do Bosque Lago Sul é de
237.256 m².
Depois da retiradas das ocupações indevidas a Área do Bosque Lago Sul, deverá ser toda
cercada, para evitar futuras invasões e com isso garantir sua preservação.
Segundo MILANO (1998), entende-se por capacidade de carga ou de suporte, “o nível ótimo
(máximo aceitável) de uso pelo visitante, bem como pelas infraestruturas relacionadas, que
uma área pode receber com alto nível de satisfação para os usuários e mínimos efeitos
negativos nos recursos”.
A capacidade de carga desse espaço verde está diretamente relacionada aos aspectos
ecológicos, à infraestrutura e aos fatores bióticos e abióticos da área. Esta capacidade de
carga deverá ser sempre revisada e adequada às novas realidades.
148
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O controle da demanda e a limitação do uso turístico auxiliam não só na manutenção das
características ambientais da ARIE do Bosque e na formulação de medidas de proteção,
mas também no ganho social advindo do melhor aproveitamento do tempo de estada do
visitante na área. O desafio para se controlar o impacto de visitação em áreas naturais não
deve ser menosprezado, pois os problemas ambientais decorrentes da interferência humana
exigem uma postura preventiva para equilibrar o uso, e pró-ativa, de forma que a solução
venha em tempo hábil.
A capacidade de carga é um indicador quantitativo. Todavia, esse número não pretende ser
estanque ou inquestionável, podendo-se alterar, de acordo com as condições de
infraestrutura e gestão da área, sendo necessário revê-lo periodicamente. Essa revisão é
importante, pois o comportamento muitas das vezes oferece um risco mais elevado do que a
própria quantidade de visitantes.
149
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8.4.1.1. SUBPROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO
Objetivos:
Atividades:
Normas:
Requisitos:
150
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Binóculo com Zoom;
Equipamento de GPS;
Suporte logístico do órgão responsável pela área;
Fichas específicas para censo de animais;
Folhetos informativos sobre os recursos da ARIE do Bosque.
Resultados esperados:
Objetivos:
Objetivos:
Atividades:
151
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Intensificação de contatos com universidades para efetuar estudos na ARIE do
Bosque;
Acompanhamento e avaliação da distribuição sazonal dos animais e migração
ocorrentes;
Monitoramento dos ninhais;
Acompanhamento e avaliação da regeneração da zona de recuperação;
Realização de análise periódica da qualidade de água do lago, em pontos próximo a
ARIE do Bosque, na área da Zona de Amortecimento, a cargo do órgão responsável
pela área;
Aplicar questionários elaborados pelo órgão responsável pela ARIE do Bosque, aos
visitantes da Unidade;
Anotar as preferências dos visitantes pelos circuitos possíveis e locais de visitação
permitidos;
Acompanhar o comportamento da fauna em relação aos visitantes.
Monitorar o solo para que não ocorra o pisoteio na área, principalmente na zona de
recuperação e de uso extensivo, notadamente onde se localizam os ninhais;
Realizar vistorias periódicas nas margens do lago, próxima da ARIE do Bosque, para
verificar a ocorrência de lançamento de esgoto e de outros resíduos, tomando as
providências necessárias, caso seja constatada alguma irregularidade;
Acompanhar o desenvolvimento da flora e suas relações com a fauna.
Normas:
O órgão responsável pela ARIE do Bosque deverá elaborar uma ficha para o
acompanhamento da distribuição sazonal dos animais, com mapas;
Os locais utilizados para monitoramento deverão ser os mesmos em toda a ARIE do
Bosque;
As amostras para análises de água também deverão ser nos mesmos locais do lago,
em todas as estações do ano, em relação aos seus aspectos físico-químicos;
O órgão responsável deverá elaborar uma ficha em meio digital e impresso para
acompanhamento das análises de água efetuadas na ARIE do Bosque;
Não será permitido o uso de píeres e rampas para embarcações particulares na
área da AIRE. O uso será exclusivo para técnicos, e caso seja necessário para
monitoramento ou atividade de educação ambiental;
Não é permitida a introdução de novas espécies de peixes no lago;
Os questionários deverão ser aplicados a todos os visitantes da ARIE do Bosque
(ideal);
As atividades de monitoramento biológico e ecológico são de responsabilidade do
biólogo da ARIE do Bosque;
Aplicam-se aqui todas as normas previstas para o subprograma de investigação.
Requisitos:
Resultados Esperados:
152
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Conhecer as comunidades de seres vivos da ARIE do Bosque;
Divulgar informações mais precisas da ARIE do Bosque;
Obter dados para aperfeiçoar o manejo de flora e fauna da ARIE do Bosque;
Conhecimento das preferências dos visitantes para sua melhor distribuição
Obter dados para aperfeiçoar o manejo da água;
Preservação do solo;
Elaboração de um banco de dados gerados pelo mapeamento das condições do solo.
Objetivos:
O presente subprograma tem como objetivo oferecer opções de lazer aos visitantes da ARIE
do Bosque, tanto à comunidade circunvizinha à Unidade de Conservação, quanto aos
demais residentes de Brasília e potenciais turistas.
Atividades:
Normas:
153
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Não será permitida a venda de bebidas alcoólicas na lanchonete da ARIE do
Bosque;
Não será permitida a entrada de churrasqueiras na ARIE do Bosque;
A equipe técnica responsável pela execução das ações culturais será contratada
pela administração do parque;
Os passeios de barco deverão ser realizados com a presença de monitores e os
visitantes deverão utilizar equipamento salva-vidas.
Requisitos:
Resultados Esperados:
Objetivos:
Atividades:
154
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Promover minicursos de reaproveitamento de materiais com uso de papéis, jornais,
garrafas pet, madeira, retalhos, metal, etc.;
Realizar passeios de barco com o objetivo de conhecer o lago Paranoá e verificar
sua importância para a cidade;
Promover ações culturais (peças teatrais, shows acústicos, concursos literários,
saraus de leitura de contos e poesias), entre outros;
Colocar lixeiras em pontos estratégicos da ARIE do Bosque;
Produzir material gráfico da UC com informações socioambientais da área;
Criar uma marca que remeta aos objetivos da ARIE do Bosque;
Disponibilizar para a venda produtos quais sejam: cartões postais, pequenos brindes
(chaveiros, adesivos, broches, bonés), agendas, cadernos, camisetas, bolsas,
mochilas, publicações, entre outros.
Normas:
Requisitos:
Resultados Esperados:
155
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Distribuir material informativo da ARIE do Bosque aos visitantes;
Divulgar as ações realizadas na ARIE do Bosque;
Sensibilizar os usuários para o uso e proteção de espaços públicos verdes de
Brasília.
Objetivos:
O Subprograma de Turismo tem como objetivo ofertar novos atrativos aos turistas que
visitam Brasília, haja vista, que grande parte dos visitantes da cidade tem como foco o
segmento de negócios e eventos, é imprescindível ofertar novas opções de lazer a essa
demanda. Com a inserção da ARIE do Bosque no Projeto Orla, proposta sugerida dentro
desse Plano de Manejo, os turistas terão um contato direto com os recursos naturais da
cidade, conhecendo as belezas paisagísticas do Lago Paranoá, patrimônio público do
Distrito Federal.
Atividades:
Normas:
Requisitos:
Resultados Esperados:
156
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Atrair visitantes de outras localidades.
Objetivos:
Atividades:
Normas:
Requisitos:
157
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Objetivos:
Atividades:
Normas:
Requisitos:
Resultados Esperados:
Objetivo:
Atividades:
158
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Designar os Guardas Ambientais responsáveis pela segurança da ARIE do Bosque;
Designar monitores para orientação dos frequentadores da ARIE do Bosque;
Adquirir todo o equipamento necessário à Administração;
Familiarizar todo o pessoal da ARIE do Bosque com suas responsabilidades e
funções;
Implementar o Plano de Manejo e revisá-lo periodicamente;
Planejar periodicamente reuniões com o objetivo de capacitar os funcionários e
verificar o andamento das atividades da ARIE do Bosque;
Elaborar regimento interno.
Normas:
Requisitos:
Treinamento adequado;
Contratação de pessoal para o funcionamento da ARIE do Bosque;
Equipamentos de manutenção.
Resultados Esperados:
159
Plano de Manejo ARIE do Bosque
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DE
ÁREAS PROTEGIDAS
SUGAP
Coordenação de Unidades
de Conservação de Uso
Sustentável e
Biodiversidade (Copar)
Gerência de Criação,
Implementação e Proteção de
Unidades de Conservação de
Usos Sustentáveis (Geimp)
Objetivos:
Atividades:
Desenvolver um sistema de coleta de lixo para limpeza das lixeiras colocadas nas
áreas de desenvolvimento;
Reparar o alambrado sempre que necessário;
Adquirir todo o equipamento necessário para recuperações básicas;
Verificação do sistema de sinalização;
Manutenções constantes dos equipamentos e instalações.
Normas:
A coleta do lixo deve ser periódica e deve-se colocá-lo no local indicado para este
fim;
Haverá um funcionário responsável pelo posto mecânico, bem como, pelas
ferramentas;
160
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O almoxarifado deverá ser organizado de modo que as ferramentas de trabalho
estejam adequadamente arranjadas.
Requisitos:
Resultados Esperados:
Objetivos:
Atividades:
Normas:
Requisitos:
Recursos humanos;
Interação entre órgãos da administração municipal no controle externo;
Distribuição de folhetos com as recomendações técnicas de proteção ao ambiente.
Resultados Esperados:
161
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Melhoria da qualidade dos recursos naturais e Biodiversidade da ARIE do Bosque.
Objetivo:
Atividades:
Normas:
Requisitos:
Resultados Esperados:
162
Plano de Manejo ARIE do Bosque
9. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO
Cronograma
Atividades
Intensificar contatos com universidades para efetuar estudos específicos na ARIE do Bosque X
Contatar entidades particulares ou governamentais ligadas à investigação de vida silvestre para
X X X
financiar e efetuar estudos específicos da fauna da ARIE do Bosque
O órgão público, responsável pela ARIE do Bosque, deverá publicar um folheto com as
informações básicas sobre a ARIE do Bosque, e seus recursos, bem como, a necessidade de X
estudos e pesquisas.
Divulgar, aos órgãos públicos específicos, os grandes problemas enfrentados pela ARIE (água,
X
fogo, agrotóxicos e etc.).
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
163
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 34. Subprograma de Monitoramento
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
Atividades
164
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 36. Subprograma de Educação Ambiental
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
165
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 38. Subprograma de Relações Públicas
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
Atividades
Dar conhecimento ao gestor da ARIE do Bosque do organograma proposto, bem como das
X
responsabilidades e funções de cada funcionário
Designar o responsável pela proteção X
Designar o responsável pela manutenção X
Designar os Guardas Ambientais responsáveis pela segurança da ARIE do Bosque X
166
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Designar monitores para orientação dos frequentadores da ARIE do Bosque X
Adquirir todo o equipamento necessário à Administração X
Familiarizar todo o pessoal da ARIE do Bosque com suas responsabilidades e funções X
Implementar o Plano de Manejo e revisá-lo periodicamente X X X X
Planejar periodicamente reuniões com o objetivo de capacitação dos funcionários e
X X X X
verificação do andamento das atividades da ARIE do Bosque
Elaborar regimento interno X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
Desenvolver um sistema de coleta de lixo para limpeza das lixeiras colocadas nas áreas de
X
desenvolvimento
Reparar o alambrado sempre que necessário X X X X
Adquirir todo o equipamento necessário para recuperações básicas X
Verificação do sistema de sinalização X X X X
Manutenções constantes dos equipamentos e instalações X X X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
Atividades
Produzir, em parceria com entidades públicas ou privadas, material educativo para palestras e
X X X X
campanhas de Educação Ambiental
167
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Promover parcerias com instituições governamentais e não governamentais (ONGs) para
X X X X
desenvolvimento de atividades de interesse comuns
Buscar patrocinadores para confecção de material educativo ou manutenção da ARIE do
X X X X
Bosque
Estabelecer parcerias com as universidades para ajudar no monitoramento, pesquisa e
X X X X
turismo
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades
Contatar os moradores que estão com suas propriedades dentro da ARIE do Bosque X
Retirada das estruturas que estão invadindo a ARIE do Bosque X X
Cercar a ARIE do Bosque X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.
168
Plano de Manejo ARIE do Bosque
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Plano de Manejo da ARIE do Bosque não finaliza com este instrumento de planejamento,
mas inicia um novo processo de monitoramento de uma Unidade de Conservação no Distrito
Federal.
O monitoramento deve ser contínuo na área para que as mudanças típicas em áreas
urbanizadas, não afetem as espécies existentes ou provoquem o aumento desordenado de
outras, causando o desequilíbrio na unidade. Os objetivos propostos pelo Plano de Manejo
devem ser seguidos e repassados à comunidade para que haja uma interação harmônica
entre Poder Público e a sociedade.
As normas instituídas no Plano de Manejo deverão ser seguidas e somente alteradas, caso
haja necessidade, mediante consulta prévia, considerando a realidade da época. É
importante que todos os frequentadores da ARIE do Bosque conheçam o zoneamento
ambiental e obedeçam às regras estabelecidas.
A categoria em que está classificada a ARIE do Bosque, de acordo com os estudos feitos na
mesma, não está de acordo com os conceitos de Área de Relevante Interesse Ecológico.
Esta área, em geral, deve ter pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana,
com características naturais, extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota
regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou
local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetos de
conservação da natureza.
169
Plano de Manejo ARIE do Bosque
todas as etapas do projeto. Nesse sentido, tendo em vista a sugestão pelo
reenquadramento da área, propõe-se a construção de uma infraestrutura física, a qual
possibilite a realização de atividades diversas. Tais atividades poderão ser educacionais,
recreativas e desportivas, que atendam as necessidades dos moradores do entorno,
residentes de Brasília e turistas que se dirigem a cidade. Importante salientar, que todas as
propostas sugeridas e aqui apresentadas, levaram em consideração, legislações pertinentes
e a opinião da população circunvizinha, pois eles são de fato conhecedores da problemática
da região.
170
Plano de Manejo ARIE do Bosque
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALHO, C.J.R.; MARTINS, E.S. De grão em grão, o cerrado perde espaço. Documento para
discussão. Brasil: WWF/PRO-CER, 1995.
APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436,
2003.
Balmford, A. & Long, A. 1994. Avian endemism and forest loss. Nature; 372: 623-624.
Bastos, R.P. Anfíbios do Cerrado. In: Nascimento LB & Oliveira ME. 2007. (Org.).
Herpetologia no Brasil II. 1 ed. Belo Horizonte: Sociedade Brasileira de Herpetologia; 1: 87-
100.
171
Plano de Manejo ARIE do Bosque
BATISTA, G. M. M & MARTINS, E. S. Compartimentação geomorfológica e sistemas
morfodinâmicos do Distrito Federal. 1999.
Bibby, C. J. et al. Bird census techniques. London, Academic Press. 1993. 257p.p.
Bicca-Marques, J. C.; Silva, V. M. & GomeS, D. F. 2011. Ordem Primates. In: REIS, N. R.;
Peracchi, A. L.; Pedro, W. A.; Lima, I. P (Eds.). Mamíferos do Brasil. 2 ed. Londrina. p. 107-
150.
Blair, R. B. Birds and Butterflies along an urban gradient: surrogate taxa for assessing
biodiversity? Ecological Applications, v.9, n. 1.1999.
Bonvicino, C. R.; Oliveira, J. A. & D´andrea, P. S. 2008. Guia dos roedores do Brasil, com
chaves para gêneros baseado em caracteres externos. Rio de Janeiro: Centro Pan-
Americano de Febre Aftosa – OPAS/OMS. 120 p.
172
Plano de Manejo ARIE do Bosque
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências.
Diário Oficial [da República Federativa do Brasil]. Brasília, p. 11356-11361.
Brito, D. 2004. Lack of adequate taxonomic knowledge may hinder endemic mammal
conservation in the Brazilian Atlantic Forest. Biodiversity and Conservation, 13: 2135-2144.
Brown, G.C., et al. Exotic, Peregrine, and Invasive Eathworms in Brazil: Diversity,
Distribuition, and Effets on Soils and Plants. Caribbean Journal of Science, 42(3), 339-358,
2006.
Chantler, P. Family Apodidae (Swifts).In: Hoyo, J; Elliott, A.; Sargatal, J., eds. Handbook of
the Birds of the World, Barn-owls to Hummingbirds. Barcelona, Lynx Edicions. 1999.
Chapman, R. F.; The insects: Structure and Function. New York: Cambridge University
Press, 1998.
Cheida, C. C.; Nakano-Oliveira, E.; Fusco-Costa, R.; Rocha-MendeS, F. & Quadros, J. 2011.
Ordem Carnivora. In: Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; PEdro, W. A. & LIMA, I. P (Eds.).
Mamíferos do Brasil. 2 ed. Londrina. p. 235-288.
173
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CIFUENTES, M. “Determinación de Capacidad de carga turística em áreas
protegidas.“ Informe Técnico, n.º 194. Costa Rica - / WWF. 1992.
Colli, G.R, Bastos, R.P & Araújo, A.F.B. 2002. The character and dynamics of the Cerrado
herpetofauna. Pp. 223-241. In: P. S. Oliveira & R. J. Marques (Eds.). The Cerrados of Brazil:
Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. New York: Columbia University Press.
Constantino, R.; Dianese, E.C. The Urban Termite Fauna of Brasília, Brazil. Sociobiology,
38(3A): 323-326. 2001.
Costa, D. A. ; Carvalho, R. A.; Lima Filho, G. F. De; Brandão, D. Inquilines and invertebrate
fauna associated with termite nests of Cornitermes cumulans (Isoptera, Termitidae) in the
Emas National Park, Mineiros, Goiás, Brazil. Sociobiology, v. 53, p. 443-453, 2009.
Costa, L. P.; Leite, Y. L.; Mendes, S. L. & Ditchfield, A. D. 2005. Conservação de mamíferos
no Brasil. Megadiversidade, 1(1): 104-112.
174
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CRBO. Lista de Aves do Brasil. Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO). 2009.
Disponível em: www.cbro.org.br; Download em 08- 11-2009.
CRIA (http://splink.cria.org.br )
Dietzsch, L.; Rezende, A.V.; Pinto, J.R.R. & Pereira, B.A.S. 2006. Caracterização da flora
arbórea de dois fragmentos de mata de galeria do Parque Canjerana, DF. Cerne 12: 201-
210.
Eisenberg, J. F. & Redford, K. H. 1999. Mammals of the neotropics: the central neotropics.
Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. Chicago: University of Chicago Press, v. 3. 609 p.
175
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Emery, E. O. ; Brown Jr., K. S. ;PINHEIRO, C. E. G.. As borboletas (Lepidoptera,
Papilionoidea) do Distrito Federal, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia (Impresso), v. 50,
p. 85-92, 2006.
Emmons, L. H. & Feer, F. 1997. Neotropical rainforest mammals: a field guide. Second
Edition. Chicago, University of Chicago Press. 307 p.
Eterovick, P. C. & Sazima, I. 2004. Anfíbios da Serra do Cipó, Minas Gerais – Amphibians
from the Serra do Cipó, Minas Gerais. v.1. 1ª ed. Editora PUC Minas, Belo Horizonte, Brasil,
152pp.
Feio, R.N. & Caramaschi, U. 1995. Aspectos zoogeográficos dos anfíbios do médio Rio
Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, Brasil. Revista Ceres, 42: 53-61.
FELFILI, J. M. Floristic composition and phytosociology of the gallery Forest alongside the
gama stream in Brasilia, DF in Brazil. Ver. Bras. De Bot. 17:1-15, 1994.
FELFILI, J.M. Perda da diversidade. In: UNESCO. Vegetação no Distrito Federal: tempo e
espaço. Brasília: 33-34. 2000.
Fenton, M. B.; Acharya, L.; Audet, D.; Hickey, M. B. C.; Merriman, C.; Obrist, M. K. & Syme,
D. M. 1992. Phyllostomid bats (Chiroptera: Phyllostomidae) as indicators of habitat disruption
in the Neotropics. Biotropica, 24 (3): 440-446.
176
Plano de Manejo ARIE do Bosque
FERREIRA, L. M. Comparações entre riqueza, diversidade e equiltabilidade de borboletas
em três áreas com diferentes graus de perturbação, próximas a Brasília. Brasília:
Universidade de Brasília. Tese de mestrado em Ecologia, 1982.
França, F.G.R & Araújo, A.F.B. 2006. The Conservation Status of Snakes In Central Brazil.
South American Journal of Herpetology, 1(1), 2006, 25-36
Fritz, U. & P. Havaš. 2007. Checklist of chelonians of the world. Vertebrate Zoology,
57(2):149368.
Frost, D.R. 2012. Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 5.3 (12
February, 2010). Electronic Database Acesso em 05-Mar-2012. Disponível em
http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/American Museum of Natural History, New
York, USA.
FURLEY, P. A. The nature and diversity of neotropical savanna vegetation with particular
reference to the Brazilian cerrados. Global Ecology Ond Biogeography, Edinburgh, v. 8, n.
3/4, p.233-241, jul. 1999.
GOODLAND, R. & FERRI, M. G. Ecologia do cerrado. Ed. Itatiaia limitada, Belo Horizonte.
1979.
GUARINO, E.S.G. & WALTER, B.M.T. 2005. Fitossociologia de dois trechos inundáveis de
matas de galeria no Distrito Federal, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19: 431-442.
Heyer WR, Rand AS, Cruz CAG & Peixoto OL. 1988. Decimations, extinctions, and
colonizations of frog populations in southeast Brazil and their evolutionary implications.
Biotropica. 20: 230-235.
177
Plano de Manejo ARIE do Bosque
IBRAM. 2012. Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal –
Brasília Ambiental. Projeto Fauna-DF – Lista de Fauna do Distrito Federal. Disponível em
<http://www.ibram.df.gov.br>, acesso em março de 2012.
IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. IUCN – World Conservation Union,
Gland, Suíça. Disponível em <http://www.iucnredlist.org>, acesso em março de 2012.
Izecksonh, E. & Carvalho-e-silva, S.P. 2001. Anfíbios do Município do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ. 148p.
Jones, G.; Jacobs, D. S.; Kunz, T. H.; Willig, M. R. & Racey, P. A. 2009. Carpe noctem: the
importance of bats as bioindicators. Endangered Species Research, 8: 93-115.
JORNAL DE BRASÍLIA. Aumenta procura por imóveis no Lago Sul. Outubro de 2005.
KOSTE, W. Study of the Rotatória-Fauna of Litoral of the Rio Branco, South of Boa Vista,
Northern Brazil. International Review of Hidrobiology, v. 85,p. 433-469, 2000.
Kunz, T. H. & Fenton, M. B. 2003. Bat Ecology. Chicago: The University of Chicago Press.
779 p.
MACEDO, P.M.; BRANDÃO, W & ORTIGÃO, J.ªR. Geologia de engenharia no túnel da Asa
Sul do Mêtro de Brasília. 4º Simp. de geol. Do Centro – Oeste, Brasília, DF, 1994.
MACHADO, R. B.; RAMOS NETO, M. B.; PEREIRA, P. G. P.; CALDAS, E. F.; GONÇALVES,
D. A.; SANTOS, N. S.; TABOR, K.; STEININGER, M. Estimativas de perda da área do
Cerrado brasileiro. Relatório técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, DF,
2004.
178
Plano de Manejo ARIE do Bosque
MACHADO, R.B. Caracterização da fauna e da flora do Cerrado, In: FELEIRO, F.G.;
FARIAS NETO, A.L. (Editores). Savanas: desafios e estratégias para o equilíbrio entre
sociedade, agronegócios e recursos naturais. Planaltina-DF: Embrapa Cerrados. 1198 p.
2008.
MALEK, E. A. Snail hosts of Schistosomiasis and other snail transmitted diseases in tropical
America: A manual. Pan American Health Organization , Washington, USA, 325pp. 1985.
Marini, M.A. Garcia, F.I. Conservação de Aves no Brasil. Megadiversidade, v.95, n.1, p. 95-
102. 2005.
MENDONÇA, R.C.; FELFILI, J.M.; WALTER, B.M.T.; SILVA JÚNIOR, M.C.; REZENDE,
A.V.; FILGUEIRAS, T.S.; NOGUEIRA, P.E.; FAGG, P.E. 2008. Flora Vascular do Bioma
Cerrado - Checklist com 12.356 espécies. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P., RIBEIRO, J.F.
(ed.) Cerrado: ecologia e flora. Embrapa Cerrados. Brasília –DF: Embrapa informação
tecnológica. 2v.
Merritt, R.W. & Cummins, K.W.. An introduction to the aquatic insects of North America.
Kendall/Hunt Publishing Company, Iowa. 862p., 1996.
Ministério do Meio Ambiente - MMA. 2008. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de
extinção. Editores: Angelo Barbosa Monteiro Machado, Gláucia Moreira Drummond, Adriano
Pereira Paglia. - 1.ed. - Brasília, DF : MMA; Belo Horizonte, MG : Fundação Biodiversitas.
MMA - Ministério do Meio Ambiente. Lista das espécies da fauna ameaçada de extinção.
Instrução Normativa n° 3, de 27 de maio de 2003. Brasília: IBAMA e MMA; 2003b.
MMA/ IBDF/ FBCN. Plano de Manejo Parque Nacional das Emas. Brasília. 1981.
179
Plano de Manejo ARIE do Bosque
MONTANARI, V. & STRAZZACAPPA, C. Pelos caminhos da água. Editora Moderna. São
Paulo, 1999.
Muller A.C. 1995. Hidroelétricas, meio ambiente e desenvolvimento. São Paulo. Makron
Books p420.
Murdoch, W.W.; Evans, F.C. E Peterson C. H. Disversity and Pattern in Plants and Insects.
Ecology, Vol. 53, No. 5, pp. 819-829, 1972.
MYERS, N.; MITTERMEIR, R. A.; C. G.; FONESCA, G. A. B. & KENT, J. 2000. Biodiversity
hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853 - 858.
NELSON, R. L.; SEDELL, J. R.; TUHY, J. S. Methods for evaluatins riparian habitats with
applications to management. General Technical Report INT – 221. ogden, ut: U.S.
Departament of agriculture, Forest service, Intermountain Research Station. 177p. 1987.
Neuweiler, G. 2000. The biology of bats. New York: Oxford University Press. 310 p.
Nogueira, C., Valdujo, P. H. &. França F. G. R, 2005. Studies on Neotropical Fauna and
Environment., 40(2): 105-112.
Nogueira, m. G.; Henry, R.; Jorcin, A. Ecologia de Reservatórios: impactos potenciais, ações
de manejo e sistemas em cascata. 2º edição. São Carlos. Ed. Rima, 2006. 472p.
Noss, R. F. 1990. Can we maintain biological and ecological integrity? Conservation Biology,
4: 241-243.
Nowak, R. M. 1991. Walker‟s mammals of the world. 5a. Ed. Baltimore, Johns Hopkins
University. v.1. 283 p.
180
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Nunes, M.F.C. Betini, G.S. Métodos de estimativa de abundância de psitacídeos. In: Galetti,
M. Pizo, M.A. (eds). Ecologia e conservação de psitacídeos no Brasil. Belo Horizonte:
Melopsittacus Publicações Científicas. 2002.
Oliveira, J. A. & Bonvicino, C. R. 2011. Ordem Rodentia. In: REIS, N. R.; Peracchi, A. L.;
Pedro, W. A.; Lima, I. P (Eds.). Mamíferos do Brasil. 2 ed. Londrina. p. 358-414.
OLIVEIRA-FILHO, A.T. 2010. TreeAtlan 2.0, Flora arbórea da América do Sul cisandina
tropical e subtropical: Um banco de dados envolvendo biogeografia, diversidade e
conservação. Universidade Federal de Minas Gerais. (http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/).
Oster, G. F. & E. O. Wilson. Caste and Ecology in the Social Insects. Princeton, Princeton
University Press, 352 p., 1978.
PARAENSE, W. L. Distribuição dos caramujos no Brasil. In: REIS, F.A., FARIA I. ; KATIZ, N.
(Ed.). Modernos conhecimentos sobre a esquistossomose mansônica. Suplemento dos
Anais de Academia Mineira de Medicina. Academia Mineira de Medicina, Belo Horizonte
pp.117-128. 1986.
Pardini, R.; Ditt, E. H.; Cullen, L. J.; Bassi, C. & Rudran, R. 2003. Levantamento rápido de
mamíferos terrestres de médio e grande porte. In: Cullen, L. J.; Rudran, R. & Pádua, C. V.
(Eds.). Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba,
Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 652 p.
PAVIANI, A.; GOUVÊA, L. (org). Brasília: controvérsias ambientais. Brasília: UnB, 2003.
Pedro, W. A.; Geraldes, M. P.; Lopez, G. G. & Alho, C. J. R. 1995. Fragmentação de hábitat
e a estrutura de uma taxocenose de morcegos em São Paulo (Brasil). Chiroptera
Neotropical, 1(1): 4-6.
181
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Plano de Manejo do Jardim Botânico Amália Hermano Teixeira. AMMA Goiânia-Go. 173p.
2007.
Plano de Manejo do Parque Vaca Brava (Sulivan Silvestre). SEMMA Goiânia-Go. 180p.
2006.
REIS, M. L. & JUAREZ, K. M. Mastofauna. In.: Olhares sobre o Lago Paranoá. Organizado
por Fernando Oliveira Fonseca – Brasília: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
425p. 2001.
Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. 2007. Morcegos do Brasil. Londrina.
253 p.
Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Pedro, W. A. & Lima, I. P. 2011. Mamíferos do Brasil. 2 ed.
Londrina. 439 p.
Relatório técnico sobre a Nova Capital. Relatório Belcher. Brasília, 316p., 1984.
RIBEIRO, J. F. & WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. Pp. 87-167. In: S.M.
Sano & S.P. Almeida. Cerrado, Ambiente e flora. Planaltina, EMBRAPA CPAC, 1998.
182
Plano de Manejo ARIE do Bosque
RIBEIRO, M. C. L. de B.; STARLING, F. L. do R. M.; WALTER, T. & FARAH, E. M. Fauna.
In: F. O. Fonseca (org.). Olhares sobre o Lago Paranoá. Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (SEMARH), Brasília – DF. 2001.
Rossi, R. V. & Bianconi, G. V. 2011. Ordem Didelphimorphia. In: REIS, N. R.; Peracchi, A.
L.; Pedro, W. A.; Lima, I. P (Eds.). Mamíferos do Brasil. 2 ed. Londrina. p. 31-69.
Ruppert, E.E., Fox, R.S. & Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 7ª ed., Ed. Roca, São
Paulo, 2005.
Sano, S.M & Almeida, S.P. (eds.). 1998, Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-
CPAC. 89-166.
183
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Sartorius, S. S. , Vitt, L. J. , Colli, G. R. 1999. Use of naturally and anthropogenically
disturbed habitats in Amazonian rainforests by the teiid lizard Ameiva ameiva. Biological
Conservation. v. 90, n. 2, p. 91-101
SEGERS, H.; SARMA, S. S. S. Notes on some new or little known Rotifera from Brazil.
Revista Hydrobiologia Tropical, v.26, n.3, 1993. p. 175-185.
Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1997. 912p. p.
Sigrist, T. Guia de Campo. Aves do brasil oriental. São Paulo: Editrora Avisbrasilis. 2007.
Silva Jr., N.J.; Silva, H.L.R.; Rodrigues, M.T.U.; Valle, N.C.; Costa, M.C.; Castro, S.P.; Linder,
E.T.; Johansson, C. & Sites Jr., J.W. 2005. A fauna de vertebrados do alto rio Tocantins em
áreas de usinas hidrelétricas. Estudos - Vida e Saúde, 32(1):57-101. Strüssmann, C. 2000.
Herpetofauna. p. 153-189 In C. Alho (ed). Fauna Silvestre do rio Manso – MT. Brasília:
Centrais Elétricas do Norte do Brasil/IBAMA.
Silva, J.M.C. Birds of the Cerrado region, South America. Steenstrupia 21:69-92. 1995.
Simmons, N.B. 2005. Order Chiroptera, p. 312-529. In: K.H. Redford & J.F. Eisenberg (Eds).
Mammal species of the world, a taxonomic and geographic reference. 4 ed. Smithsonian
Institution Press, Washington, XVIII+1206p.
Souza, D. All the birds of Brazil. An identification guide. Sao Paulo: Editora Dall. 2002. 356
p.p.
184
Plano de Manejo ARIE do Bosque
STARLING, F. et al. Contribution of omnivorous tilapia to eutrophication of a shallow tropical
reservoir: evidence from a fish kill. Freshwater Biology, 47: 2443-2452. 2002.
Stotz DF, et al. Neotropical birds: Ecology and Conservation. Chicago: University of Chicago
Press; 1996.
TUNDISI, J. G.; MATSUMURA TUNDISI, T. Limnologia. São Paulo, Oficinas de Textos. 629
p. 2008.
Weygoldt, P. 1989. Changes in the composition of mountain stream frog communities in the
Atlantic mountains of Brazil: Frogs as indicators of environmental deteriorations? Studies on
Neotropical Fauna and Environment. 243: 249-255.
Wilson, D. E. & Reeder, D. M. 2005. Mammals species of the world: a taxonomic and
geographic reference. 3 ed. Smithsonian Institution Press. 2142 p.
Wilson, E.O. & Hölldobler, B. Eusociality: origin and consequences. Proceedings of the
National Academy of Sciences, 102 (38): 13367-13371, 2005.
Zonneveld, Isaak S.. 1990. Scope and Concepts of Landscape Ecology as an Emerging
Science. Changing Landscapes: an Ecological Perspective, (eds: I. S. Zonneveld e R. T. T.
Forman), pag 3-20, Springer-Verlag, New York.
185
Plano de Manejo ARIE do Bosque
12. ANEXOS
186
Plano de Manejo ARIE do Bosque