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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

% Por cento
° Grau
a.a Ao ano
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico
Art. Artigo
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CODEPLAN Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central
CONAM Conselho de Meio Ambiente do Distrito Federal
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DETRAN Departamento de Transito do Distrito Federal
DF Distrito Federal
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMSA Empresa Sul Americana de Montagens S/A
EPI‟s Equipamento de Proteção Individual
ETE Estação de tratamento de Esgoto
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ma Milhões de Anos
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
RÃS Regiões Administrativas
SEMARH Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SEMATEC Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia
SHIS Setor de habitações Individuais Sul
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC Unidade de Conservação
UNB Universidade de Brasília
CNEA Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Etc. Et Cetera (e as demais coisas)
GPS Global Positioning System
Km Quilômetro (s)
Km² Quilômetro (s) quadrado (s)
Nº Número
OBS Observação
ONG Organização não Governamental

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
SUMÁRIO

1. DADOS CADASTRAIS ............................................................................................................ 9


1.1. Empresa contratante ................................................................................................... 9
1.2. Empresa Contratada ................................................................................................... 9
1.3. Equipe Técnica ........................................................................................................... 9
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10
3. HISTÓRICO E ACERVO LEGAL E TÉCNICO ........................................................................... 11
4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ................................................................................... 17
4.1. Clima ....................................................................................................................... 17
4.2. Geomorfologia .......................................................................................................... 17
4.2.1. Unidade Morfoescultural .............................................................................. 17
4.2.2. A hipsometria ............................................................................................. 18
4.2.3. A declividade .............................................................................................. 18
4.2.4. Faixa de dobramento Brasília ....................................................................... 18
4.2.5. Domo de Brasília ......................................................................................... 18
4.2.6. O Modelado ................................................................................................ 19
4.2.7. Feições Geomorfológicas ............................................................................. 20
4.2.8. Unidades da Paisagem do Planalto Central ................................................... 20
4.3. Geologia................................................................................................................... 22
4.3.1. Geologia Estrutural ..................................................................................... 22
4.3.2. Evolução Geológica ..................................................................................... 22
4.3.3. Geologia Regional ....................................................................................... 24
4.3.4. Unidades Geológicas ................................................................................... 24
4.3.5. Unidade Litológica....................................................................................... 24
4.4. Solo ......................................................................................................................... 25
4.4.1. Latossolos Vermelhos .................................................................................. 25
4.4.2. Horizonte B latossólico ................................................................................ 25
4.5. Geotecnia ................................................................................................................. 26
4.5.1. Erosão Natural ............................................................................................ 27
4.5.2. Hidrogeologia ............................................................................................. 27
4.6. Água ........................................................................................................................ 28
4.6.1. RELATÓRIO: SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL ........................................... 29
4.7. Levantamento de Ruído ............................................................................................ 38
4.8. Análise da Paisagem ................................................................................................. 41
5. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO ................................................................................ 43
5.1. Flora ........................................................................................................................ 43
5.1.1. Caracterização da vegetação da ARIE do Bosque .......................................... 43
5.1.2. Recomendações para o controle das espécies exóticas .................................. 50
5.2. Fauna ...................................................................................................................... 51
5.2.1. Local da amostragem .................................................................................. 51
5.2.2. Invertebrados ............................................................................................. 52
5.2.3. Herpetofauna ............................................................................................. 59
5.2.4. Avifauna ..................................................................................................... 71
5.2.5. Mastofauna ................................................................................................ 83
5.2.6. Ictiofauna ................................................................................................... 90
6. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO ........................................................................... 96
6.1. Dinâmica Populacional .............................................................................................. 96
6.1. Levantamento da Ocupação Física do Entorno ........................................................... 103
6.2. Permissionários........................................................................................................ 103
6.3. Uso e Ocupação Atual do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes ........................... 104
6.4. Visão da Comunidade em Relação à Unidade ............................................................. 108
6.4.1. Análise da Comunidade .............................................................................. 108

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.5. Indicação de Locais com Vocação para Visitação........................................................ 118
6.6. Investigação do Potencial para Implantação de Núcleo de Educação Ambiental na
Unidade de Conservação .......................................................................................... 121
6.7. Atores e Conflitos Sociais ......................................................................................... 123
6.8. Levantamento de Informações sobre Possíveis Residentes na ARIE do Bosque ............ 124
6.8.1. Indicação de Locais para Distribuição de Permissionários no Entorno da Área 125
6.8.2. Situação Fundiária ..................................................................................... 125
7. PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E MEDIDAS MITIGADORAS .................................................... 127
7.1. Segurança ............................................................................................................... 127
7.2. Ocupação Indevida da Área ...................................................................................... 127
7.3. Fauna ..................................................................................................................... 128
7.4. Flora ....................................................................................................................... 128
7.5. Lago ....................................................................................................................... 138
8. MANEJO .......................................................................................................................... 139
8.1. Objetivos................................................................................................................. 140
8.2. Zoneamento ............................................................................................................ 140
8.3. Determinação da Capacidade de Carga ..................................................................... 148
8.4. Programa de Manejo ................................................................................................ 149
8.4.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente ...................................................... 149
8.4.2. Programa de Manejo de Uso Público ........................................................... 153
8.4.3. Programa de Manejo e Operação ................................................................ 157
9. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO ............................................................................. 163
9.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente .................................................................... 163
9.1.1. Subprograma de Investigação .................................................................... 163
9.1.2. Subprograma de Monitoramento ................................................................. 163
9.2. Programa de Manejo de Uso Público ......................................................................... 164
9.2.1. Subprograma de Recreação ........................................................................ 164
9.2.2. Subprograma de Educação Ambiental ......................................................... 164
9.2.3. Subprograma de Turismo ........................................................................... 165
9.2.4. Subprograma de Relações Públicas ............................................................. 165
9.3. Programa de Manejo e Operação .............................................................................. 166
9.3.1. Subprograma de Proteção .......................................................................... 166
9.3.2. Subprograma de Administração .................................................................. 166
9.3.3. Subprograma de Manutenção ..................................................................... 167
9.3.4. Subprograma do Entorno ........................................................................... 167
9.3.5. Subprograma de Cooperação Institucional ................................................... 167
9.3.6. Ocupação Indevida .................................................................................... 168
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 169
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 171
12. ANEXOS .......................................................................................................................... 186

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Vegetação da ARIE, 1975. ............................................................................................ 12


Figura 2 - Vegetação da ARIE, 1976. ............................................................................................ 12
Figura 3 - Vegetação original de Brasília – terrenos invadidos no Lago Sul, 1995. ............................ 12
Figura 4 - Vista do Lago Sul, 1995. ............................................................................................... 13
Figura 5 - Vegetação original de Brasília, 1994. ............................................................................. 13
Figura 6 - Ponte Costa e Silva e visualização da vegetação da ARIE, 1975. ...................................... 13
Figura 7 - Construção da Ponte Costa e Silva, 1975. Visualização da ARIE do Bosque. ..................... 13
Figura 8 - Inauguração da Ponte Costa e Silva, 1976. Ao fundo, a ARIE do Bosque. ........................ 14
Figura 9 - Ponte Costa e Silva, 2000. ............................................................................................ 14
Figura 10 - Acesso das quadras à ARIE do Bosque, 1997. ................................................................ 8
Figura 11 - Vista da Ponte Costa e Silva, nov. 2006. ........................................................................ 9
Figura 12 - Ponte Costa e Silva, nov. 2006. ..................................................................................... 9
Figura 13 - Presença de moradores de rua, jan. 2007. ..................................................................... 9
Figura 14 - Cerca invadindo área pública,jan. 2007. ....................................................................... 10
Figuras 15.b - Cerca invadindo área pública, jan. 2007. ................................................................. 10
Figura 16 - Cercamento na área, jan. 2007. .................................................................................. 10
Figura 17 - Residências na ARIE, jan. 2007. .................................................................................. 10
Figura 18 - Embaixadas na ARIE, jan.2007. ................................................................................... 10
Figura 19 – Rampa para embarcação na orla do lago, jan. 2007. .................................................... 11
Figura 20 - Placa de sinalização do Bosque dos Eucaliptos, 1995. ................................................... 12
Figura 21 - ARIE na década de 1960 (1965) sem a presença de ponte. ........................................... 15
Figura 22 - ARIE na década de 1970 (1978). ................................................................................. 15
Figura 23 - ARIE na década de 1990 (1991). ................................................................................. 16
Figura 24 - ARIE na década de 1990 (1997). ................................................................................. 16
Figura 25- Vista de uma das galerias de água pluvial localizado nas vias de acesso interno do Centro
de Lazer Pontão do Lago Sul, jan. 2007. .............................................................................. 29
Figura 26- Vista de um dos pontos de lançamentos de águas pluviais no Lago Paranoá, Centro de
Lazer Pontão do Lago Sul, jan. 2007.Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. ..................... 29
Figura 27 - Coleta de amostras das águas pluviais coletadas no Centro de Lazer Pontão do Lago Sul
lançada no Lago Paranoá, jan. 2007. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. ..................... 31
Figura 28 - Mapa de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro
de 2006. Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal ................. 35
Figura 29 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro
de 2012 (período de chuva). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal .............................................................................................................................. 36
Figura 30 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em julho de
2012 (período de seca). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal .............................................................................................................................. 37
Figura 31- Predominância de gramínea, jan. 2007. ........................................................................ 41
Figura 32- Bosque dos Eucaliptos, jan. 2007. ................................................................................ 41
Figura 33 - Eucaliptos caídos, jan. 2007. ....................................................................................... 42
Figura 34 - Margens do lago, jan. 2007. ........................................................................................ 42
Figura 35 - Predominância de gramíneas invasoras na ARIE do Bosque DF, Fev. 2012. Fonte:Equipe
Técnica Neotropica ............................................................................................................. 47
Figura 36 – Spathodea campanulata, espécie exótica presente na ARIE do Bosque-Df, Fev. 2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica ........................................................................................ 47
Figura 37 – Povoamento de Eucalyptus cinerea, ARIE do Bosque- DF, Fev. 2012. Fonte:Equipe Técnica
Neotropica ......................................................................................................................... 48
Figura 38 (a,b) – Espécies frutíferas exóticas encontradas na ARIE do Bosque-DF, Fev,2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica ........................................................................................ 48
Figura 39. Espécies nativas encontradas na ARIE do Bosque-DF com apenas um indivíduo cada, Fev.
2012. Fonte:Equipe Técnica Neotropica ............................................................................... 49

4
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 40. Visão geral da área em estudo. Ao fundo e esquerda da figura, observa-se imóveis
residenciais. ....................................................................................................................... 51
Figura 41. Vista geral da ARIE do Bosque, com presença de árvores esparsas. ................................ 51
Figura 42. Visão geral da área em estudo. .................................................................................... 52
Figura 43. ARIE do Bosque. Ao fundo, o lago Paranoá. Fonte:Equipe Técnica Neotropica ................. 52
Figura 44. Termiteiro do gênero conitermes. ................................................................................. 54
Figura 45. Apis mellifera, espécie exótica visitando uma flor, ARIE do Bosque, Brasília, DF ............... 55
Figura 46. Coleoptera da família Scarabaeidae ............................................................................... 55
Figura 47. Tatuzinho-de-Jardim (Crustacea). ................................................................................. 56
Figura 48. Composição da herpetofauna estudada na ARIE do Bosque durante o levantamento da
herpetofauna. .................................................................................................................... 61
Figura 49. Famílias de anfíbios anuros registrados e representatividade de cada uma durante a
amostragem. ..................................................................................................................... 62
Figura 50. Famílias de répteis registrados e representatividade de cada uma durante a amostragem. 62
Figura 51. Rhinella schneideri (sapo-cururu) .................................................................................. 64
Figura 52. Leptodactylus labyrinthicus (rã-pimenta) ....................................................................... 64
Figura 53. Hypsiboas albopunctatus (perereca-cabrinha)................................................................ 65
Figura 54. Ameiva ameiva (calango-verde) .................................................................................... 65
Figura 55.. Tropidurus torquatus (calango) ................................................................................... 65
Figura 56. Representatividade de Famílias de aves amostradas na ARIE do Bosque. ........................ 75
Figura 57. Guildas tróficas exploradas pelas aves amostradas na ARIE do Bosque. INS (Insetívoros):
ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA (Granívoros); DET (Detritívoros) e
NEC (Nectarívoros). ............................................................................................................ 75
Figura 58. Estrilda astrild (bico-de-lacre) ....................................................................................... 82
Figura 59. Syrigma sibilatrix (Maria-faceira) ................................................................................... 82
Figura 60. Vanellus chilensis (quero-quero) ................................................................................... 82
Figura 61.. Mimus saturninus (sabiá-do-campo) ............................................................................ 82
Figura 62. Coereba flaveola (cambacica) ....................................................................................... 82
Figura 63. Volatinia jacarina (tziu) ................................................................................................ 82
Figura 64. Didelphis albiventris (gambá). ...................................................................................... 86
Figura 65. Anoura geoffroyi (morcego beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica ......................... 87
Figura 66. Glossophaga soricina (morcego beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica .................. 87
Figura 67. Carollia perspicillata (morcego). .................................................................................... 88
Figura 68. Artibeus lituratus (morcego). ........................................................................................ 88
Figura 69. Callithrix penicillata (sagui). .......................................................................................... 88
Figura 70. Rattus rattus (rato). ..................................................................................................... 89
Figura 71. Fezes e pegadas de Hydrochaeris hydrochoerus (capivara). ........................................... 89
Figura 72. Pontos de coleta da ictiofauna. ..................................................................................... 91
Figura 73. Tilápia (Tilapia aff. rendalli) .......................................................................................... 94
Figura 74. Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) Fonte:www.infobibos.com/.../Psicultura/Index.htm
......................................................................................................................................... 94
Figura 75. Traíra (Hoplias malabaricus) Fonte: www.geocities.jp/oda230/sakana.html ................. 95
Figura 76. Lambari (Astyanax scabripinnis) Fonte: fishbase.org/identification/specieslist.cfm ............ 95
Figura 77. Barrigudinho (Poecilia reticulata) Fonte: www.viviparos.com/Galeria/FAG1.htm ............... 95
Figura 78. Tucunaré (Cichla spp.) Fonte: www.ilhadopescador.com.br/peixes.php .......................... 95
Figura 79- Evolução da TMGCA - TMGCA-Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual entre
períodos. ........................................................................................................................... 96
Figura 80- População residente por lugar de nascimento ................................................................ 97
Figura 81. População residente por situação de domicílio segundo o sexo. ...................................... 99
Figura 82: Distribuição da População Residente Urbana e Rural. ................................................... 101
Figura 83: Distribuição da população residente por sexo. ............................................................. 101
Figura 84- População residente por espécie de domicílio particular e coletivo. ............................... 105
Figura 85. - Entrevista com trabalhadores na ARIE, 2011. ............................................................ 108
Figura 86. - Entrevista com representantes comerciais próximos à ARIE, 2011. ............................. 108
Figura 87. - Entrevista com trabalhadores próximos à ARIE, 2011. ............................................... 108
Figura 88. Entrevista com moradores próximos à ARIE, 2011. ..................................................... 108
Figura 89. - Entrevista com moredores próximos à ARIE, 2011. .................................................... 109

5
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 90. - Faixa etária dos entrevistados. ................................................................................. 109
Figura 91. Profissão dos entrevistados. ....................................................................................... 110
Figura 92. Tipo de domicílio dos entrevistados. ............................................................................ 110
Figura 93. Reside próximo à área. .............................................................................................. 112
Figura 94. Freqüência em que utiliza a área. ............................................................................... 112
Figura 95. - Animais podem causar dano à área. ......................................................................... 113
Figura 96 - Contribui para a preservação da área......................................................................... 114
Figura 97. Cães (pela falta de segurança), 2006. ......................................................................... 115
Figura 98. Lixo espalhado, dez. 2006. ......................................................................................... 115
Figura 99. Poluição do lago, dez. 2006. ....................................................................................... 115
Figura 100. Poluição da área, dez. 2011. ..................................................................................... 115
Figura 101. Poluição do lago, dez. de 2011. ................................................................................ 115
Figura 102. Poluição do lago, dez. de 2011. ................................................................................ 115
Figura 103. Lixo no chão, dez. de 2011. ...................................................................................... 116
Figura 104. Estrutura abandonada no Parque, 2011. .................................................................... 116
Figura 105. Abandono de infraestrurura, dez. 2006. .................................................................... 116
Figura 106. Presença de moradores de rua, 2006. ....................................................................... 116
Figura 107 - Árvores caídas dentro da ARIE, 2011. ...................................................................... 116
Figura 108. Garrafas de bebidas alcoólicas dentro da ARIE, 2011. ................................................ 116
Figura 109. Ciclovia degradada e sem manutenção, 2011. ........................................................... 117
Figura 110. Cerca viva em residência na ARIE, jan. 2007. ............................................................ 127
Figura 111. Residência na ARIE, jan. 2007. ................................................................................. 127
Figura 112. Aspectos da flora, jan. 2007. .................................................................................... 129
Figura 113. Vista parcial da flora local, jan. 2007. ........................................................................ 129
Figura 114. Espécies encontradas na área, 2007. ........................................................................ 129
Figura 115. Área antropizada, 2007. ........................................................................................... 129
Figura 116. Distribuição das Espécies a serem utilizadas na Área para Revegetação, onde: P=
pioneiras; S= secundárias e C= clímax. ............................................................................. 134
Figura 117. Plantio das mudas no local definitivo, onde: 1- terra retirada da superfície mais composto
orgânico ou mineral; 2- terra retirada abaixo da superfície. ................................................ 136
Figura 118. Vista Parcial do Lago Paranoá, jan. 2007. .................................................................. 138
Figura 119. Aves sobrevoando o lago, jan. 2007. ......................................................................... 138
Figura 120. Espécies aquáticas no lago, jan. 2007. ...................................................................... 138
Figura 121.Organograma de implantação do plano de manejo ...................................................... 139
Figura 122. Exemplo de Área na Zona de Uso Intensivo – CICLOVIA, jan. 2007............................. 143
Figura 123. Exemplo de Área na Zona de Uso Especial (rampa para acesso da embarcação da
unidade), jan. 2007. ......................................................................................................... 144
Figura 124. Vista parcial da Área na Zona de Recuperação - BOSQUE DOS EUCALIPTOS, jan. 2007.145
Figura 125. Vista parcial da Área na Zona de Uso Extensivo - MARGENS DO LAGO PARANOÁ, jan.
2007. .............................................................................................................................. 147
Figura 126- Fluxograma com o sistema de Administração da ARIE Bosque. ................................... 160

6
Plano de Manejo ARIE do Bosque
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Periodicidade de Manutenção nas áreas comuns. ............................................................ 30


Tabela 2- Resultados dos parâmetros avaliados. ............................................................................ 33
Tabela 3 - Características qualitativas das águas de precipitação e de escoamento superficial. ......... 34
Tabela 4 - Impactos de Ruídos na Saúde. ..................................................................................... 38
Tabela 5. Indivíduos nativos e exóticos identificados em levantamento florístico realizado na “ARIE do
Bosque” no Distrito Federal, com os respectivos meses de floração, frutificação, síndromes de
polinização e dispersão de sementes. .................................................................................. 45
Tabela 6 – Principais espécies amostradas em um levantamento florístico na APA do Paranoá
recomendadas para o plantio de enriquecimento na ARIE do Bosque. ................................... 50
Tabela 7. Lista de fauna invertebrada, observadas na ARIE do Bosque. .......................................... 57
Tabela 8. Coleções Pesquisadas da Herpetofauna. ......................................................................... 61
Tabela 9. Anfíbios e répteis registrados na ARIE do Bosque, Brasília, DF. A classificação dos anfíbios
está de acordo com “Amphibian Species of the World ”
(http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos répteis, de
acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/). ..................... 62
Tabela 10. Check-list dos anfíbios e répteis registrados, em levantamento de dados secundários, do
Distrito Federal. A classificação dos anfíbios está de acordo com “Amphibian Species of the
World” (http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos
répteis, de acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/). .... 65
Tabela 11. Check-list das aves registradas na ARIE do Bosque. Filogenia conforme CBRO (2009). .... 72
Tabela 12. Lista das espécies de mamíferos registradas (X) e de possível ocorrência (PO) para ARIE
do Bosque, com respectivo status de conservação (IUCN, 2011). Pm: preocupação menor, Di:
dados insuficientes. Taxonomia conforme Wilson & Reeder (2005). ...................................... 84
Tabela 13. Check list da ictiofauna do lago Paranoá, Brasília-DF. .................................................... 92
Tabela 14 - Evolução da população do Distrito Federal, TMGCA e Densidade Demográfica 1957-2005
......................................................................................................................................... 96
Tabela 15 – Naturalidade da População segundo as Grandes Regiões – ano 2004. .......................... 97
Tabela 16 – Quadro das Regiões Administrativas (RAs). ................................................................. 98
Tabela 17 - População residente por situação de domicílio segundo o sexo. .................................... 99
Tabela 18 - População residente por situação de domicílio e sexo em 2010 ................................... 100
Tabela 19 - Indicadores Demográficos da RA XVI/1991 a 2005. .................................................... 102
Tabela 20: Taxa de alfabetização das pessoas de 10 anos ou mais de idade por sexo em 2010. ..... 102
Tabela 21 - Descrição do tipo de imóvel ...................................................................................... 103
Tabela 22- Áreas por km² do Lago Sul. ....................................................................................... 104
Tabela 23. População residente por espécie de domicílio particular e coletivo. ............................... 104
Tabela 24. Domicílios particulares permanentes por forma de abastecimento de água ................... 105
Tabela 25 - Domicílios particulares permanentes por existência de banheiro ou sanitário e tipo de
esgotamento sanitário. ..................................................................................................... 106
Tabela 26 - Domicílios particulares permanentes por destino de lixo. ............................................ 106
Tabela 27. - Alvarás de construção expedidos e área licenciada, por categorias. ............................ 107
Tabela 28. - Parques Ecológicos. ................................................................................................ 107
Tabela 29- Análise da Comunidade. ............................................................................................ 114
Tabela 30 - Pesquisa com os moradores circunvizinhos ................................................................ 125
Tabela 31. Espécies arbustivo-arbóreas, recomendadas para recuperação da ARIE. G.E. = grupo
ecológico: P = Pioneira; SE = Secundárias; CL = Clímax. Quanto a indicação: A = áreas
encharcadas permanentemente; B = áreas com inundação temporária; C = áreas bem
drenadas, não alagáveis. .................................................................................................. 131
Tabela 32. Coordenadas em UTM. .............................................................................................. 140
Tabela 33. Subprograma de Investigação .................................................................................... 163
Tabela 34. Subprograma de Monitoramento ................................................................................ 164
Tabela 35. Subprograma de Recreação ....................................................................................... 164
Tabela 36. Subprograma de Educação Ambiental ......................................................................... 165
Tabela 37. Subprograma de Turismo .......................................................................................... 165
Tabela 38. Subprograma de Relações Públicas ............................................................................ 166

7
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 39. Subprograma de Proteção ......................................................................................... 166
Tabela 40. Subprograma de Administração.................................................................................. 166
Tabela 41. Subprograma de Manutenção .................................................................................... 167
Tabela 42. Subprograma do Entorno ........................................................................................... 167
Tabela 43. Subprograma de Cooperação Institucional .................................................................. 167
Tabela 44. Ocupação Indevida ................................................................................................... 168

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
1. DADOS CADASTRAIS

1.1. Empresa contratante

EMSA – EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGEM S.A


CNPJ: 17.393.547-0001-05
Endereço: Rodovia BR-153, KM 504,6 - Zona Industrial.
Cidade: Aparecida de Goiânia - GO - CEP: 74.911.410
Fone: (62) 4008-1400

1.2. Empresa Contratada

NEOTROPICA TECNOLOGIA AMBIENTTAL LTDA.


CNPJ: 06.078.290/0001-72
Endereço: Rua 125, n° 30 – Setor Sul.
Cidade: Goiânia – GO - CEP 74093-070
Fone/Fax: (62) 3093-5302

1.3. Equipe Técnica

Murilo Roriz Rizzo Biólogo


Rodrigo Borges Roriz Biólogo
Georgia R. Silveira de Sant‟Ana Bióloga, Especialista em Ecologia, Mestre
Administradora em Turismo, Especialista em
Fernanda Rodrigues de Lima
Ecoturismo
Gabriela Duarte Vilela Engenheira Florestal
Robson Santos Geógrafo

Rogério Sales de Andrade Geógrafo, Especialista em Geoprocessamento


Rúbia Cristina Diógenes Pinheiro Bióloga, Mestre em Ecologia
Flávio Polli Biólogo (estagiário)
Larissa Silva Naves Bióloga (estagiária)

9
Plano de Manejo ARIE do Bosque
2. INTRODUÇÃO

Esse documento é instrumento para a gestão da Área de Relevante Interesse Ecológico


(ARIE) do Bosque, Unidade de Conservação (UC), localizada na zona administrativa do
Lago Sul (Brasília – DF). O trabalho utilizou-se de pesquisas primária e secundária para
propor e nortear as atividades potenciais a serem desenvolvidas na respectiva área.

O presente estudo tem por essência um caráter dinâmico, pois é passível de mudanças
futuras. A elaboração do Plano de Manejo da ARIE do Bosque envolveu a participação de
profissionais multidisciplinares, no intuito de subsidiar a elaboração de zonas e os seus
possíveis usos, sempre em consonância com o manejo adequado dos recursos naturais.

O plano, elaborado a partir de estudos com dados secundários e primários, levou em


consideração dimensões quais: ambiental, cultural, social, econômica, institucional e legal e
foi subdividido em 12 (doze) capítulos, para um melhor entendimento.

Após a caracterização ambiental da área, no capítulo 07 é apresentado à problemática


existente e as possíveis medidas mitigadoras para subsidiar a proposta de manejo e sua
implantação descrita no capítulo 08 e 09. Por fim são apresentadas as considerações finais
e anexos, como complemento do estudo.

10
Plano de Manejo ARIE do Bosque
3. HISTÓRICO E ACERVO LEGAL E TÉCNICO

O projeto de construção de Brasília elaborado por Lúcio Costa contribuiu na limitação de


estudos à área central do terreno onde seria erguida a cidade, deixando “em aberto” a
ocupação das áreas adjacentes, dentre elas o Lago Norte e o Lago Sul. Posteriormente,
quando o projeto foi aprovado, estas áreas destinaram-se a edificação de bairros
residenciais (TAMANINI, 1998).

Na década de 1950, iniciaram-se as obras em Brasília e na década de 1960 realizou-se o


represamento do Lago Paranoá. O urbanista Lúcio Costa planejou uma faixa de 150 metros
de cerrado original, onde haveria trilhas ecológicas que permitiriam o contato harmônico do
homem com a natureza. Todavia, no momento em que houve a criação dos lotes do Lago,
os corretores de imóveis, já em 1960, anunciavam a venda dos mesmos, à beira do lago
(TAMANINI, 1998).

A população que adquiriu os lotes acreditava ter direito a aquele espaço territorial, não
respeitando a distância das margens do lago. Interessante apontar aqui, que no projeto
original também foi previsto, que a cada duas quadras deveria haver um livre acesso às
margens (JORNAL DE BRASÍLIA, Novembro de 2005).

Segundo o Jornal de Brasília, de junho de 2005, no artigo A Recuperação da Orla do Lago


Sul, a realidade é outra, pois em várias partes das margens do Lago, muitos moradores não
respeitam o espaço de 30 metros estipulado pela lei nº 4771/65 do Código Florestal. O
acesso público, que deveria ser deixado a cada duas quadras, também quase não existe,
em função da construção de casas ou muros, impedindo o acesso do público a orla do Lago
Paranoá.

No período de 1960 a 1976, foi construída a ponte Costa e Silva, ligando o Lago Sul a
Brasília, uma vez que os moradores tinham dificuldade para acessar o outro lado da cidade
(TAMANINI, 1998). Esta ponte encontra-se inclusive localizada próxima à ARIE do Bosque.

Naquela época, conforme Figuras 1 e 2 apresentadas a seguir, verifica-se que a vegetação


original ainda existia. Assim, certamente podemos afirmar que a partir do momento em que
os lados foram interligados, iniciou-se o processo de degradação, descaracterizando a
vegetação nativa da ARIE do Bosque com a introdução de espécies exóticas, alterando
desta forma, a flora, a fauna e os recursos naturais ali existentes.

11
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 1 - Vegetação da ARIE, 1975. Figura 2 - Vegetação da ARIE, 1976.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF.

Algumas fotografias originárias do arquivo público do Governo do Distrito Federal são


apresentadas abaixo (Figura 3 a 12), evidenciando a vegetação característica da região do
Lago Sul, especialmente no entorno da ARIE do Bosque.

Figura 3 - Vegetação original de Brasília – terrenos invadidos no Lago Sul, 1995.


Fonte: Arquivo Público do DF.

12
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 4 - Vista do Lago Sul, 1995. Figura 5 - Vegetação original de Brasília, 1994.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF

Figura 6 - Ponte Costa e Silva e visualização da Figura 7 - Construção da Ponte Costa e Silva, 1975.
vegetação da ARIE, 1975. Visualização da ARIE do Bosque.
Fonte: Arquivo Público do DF. Fonte: Arquivo Público do DF.

13
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 8 - Inauguração da Ponte Costa e Silva, 1976. Ao fundo, a ARIE do Bosque.
Fonte: Arquivo Público do DF.

Figura 9 - Ponte Costa e Silva, 2000.


Fonte: Arquivo Público do DF.

14
Plano de Manejo ARIE do Bosque
PONTÃO

ARIE

Figura 10 - Acesso das quadras à ARIE do Bosque, 1997.


Fonte: Arquivo publico do DF.

8
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 11 - Vista da Ponte Costa e Silva, nov. 2006. Figura 12 - Ponte Costa e Silva, nov. 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Na metade da década de 1970, a partir da construção das pontes, até a década de 1980,
iniciou-se uma especulação imobiliária intensa no Lago Sul. As casas avançaram aos
espaços públicos, com a justificativa de abandono das áreas verdes por parte dos órgãos
governamentais, alegando, acúmulo de lixo e entulho e a falta de segurança por sem-tetos
(Figura 13), que utilizam dessas áreas para invadirem as propriedades particulares
(JORNAL DE BRASÍLIA, Junho de 2005). Esses fatos provocaram a substituição da
vegetação nativa da área verde por cercas sobre as áreas públicas.

Figura 13 - Presença de moradores de rua, jan. 2007.


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Observa-se atualmente, a presença de vários obstáculos que inibem o acesso público às


margens do lago como cercas, píeres, rampas para embarcações, garagens de barcos,
quadras de esportes, piscinas, churrasqueiras e outros tipos de construções, contrariando,
ao mesmo tempo, as normas urbanísticas e ambientais (Figura 14 a 19).

9
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 14 - Cerca invadindo área pública,jan. 2007. Figura 15.a - Cerca invadindo área pública,jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figuras 15.b - Cerca invadindo área pública, jan. 2007. Figura 16 - Cercamento na área, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 17 - Residências na ARIE, jan. 2007. Figura 18 - Embaixadas na ARIE, jan.2007.


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

10
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 19 – Rampa para embarcação na orla do lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Em 1984, constatando-se a problemática que caracterizava a região devido ao número de


espaços invadidos, iniciou-se a criação de organizações governamentais e não
governamentais com o intuito de conter este processo de ocupação. Surge assim, em 1998,
a Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque (ARIE), com a Lei n° 1914 de 19 de
março de 1998, espaço definido então como ambientalmente protegido. Conforme parágrafo
2º, art. 2º, do Decreto Federal nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984, esta área já integrava a
Zona de Vida Silvestre da APA do Lago Paranoá, para melhor salvaguarda da biota nativa,
entretanto, infelizmente nesta época, a maioria da vegetação nativa já havia sido retirada.

Em 23 de novembro de 2001, revoga-se a Lei n° 1914/98 e cria-se a Lei Complementar n°


407, a qual dispõe sobre a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque, na
Região Administrativa do Lago Sul - RA XVI, reforçando mais uma vez a existência da
Unidade de Conservação para sua preservação e continuidade para as futuras gerações,
com o grande objetivo de restituir a vegetação nativa do local.

Como visto anteriormente, a respectiva Unidade de Conservação, localizada entre os limites


dos conjuntos 4 a 11 da QL-10 do Lago Sul às margens do Lago Paranoá, no Setor de
Habitações Individuais Sul – SHIS, Região Administrativa do Lago Sul – RA XVI, passou por
várias fases: no início a de inexistência, embora prevista no planejamento urbanístico da
cidade; a de redução de área, por motivo de invasões e a de resgate, com a criação de Leis
que limitam a área e contribuem para sua continuidade por gerações (Figura 20).

11
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 20 - Placa de sinalização do Bosque dos Eucaliptos, 1995.
Fonte: Arquivo Público do DF.

A seguir, é apresentado o acervo legal e técnico com relação à legislação específica


referente à criação da ARIE do Bosque (Lei n° 1914, DE 19 de março de 1998, Lei
complementar n° 407, de 23 de novembro de 2001, Figura 21 a 24).

LEI N° 1914, DE 19 DE MARÇO DE 1998.

(Autor do Projeto: Deputado Distrital Daniel Marques)

Dispõe sobre a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque, na Região


Administrativa do Lago Sul - RA XVI.

A PRESIDENTE DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL PROMULGA


NOS TERMOS DO § 6° DO ART. 74 DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL, A SEGUINTE
LEI, ORIUNDA DE PROJETO VETADO PELO GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL E
MANTIDO PELA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL:

Art. 1° - Fica criada a Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque - ARIE DO


BOSQUE - na área pública localizada entre os limites dos Conjuntos 2 a 11 da QL 10 e as margens
do lago Paranoá, no Setor de Habitações Individual Sul - SHIS, Região Administrativa do Lago
Sul - RA XVI.

Art. 2° - A ARIE DO BOSQUE tem por objetivos:

I - manejar a recuperação da vegetação às margens do lago Paranoá e coibir as


pressões antrópicas;

II - garantir a preservação de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção;

III - proteger ninhais de aves aquáticas e outros locais de reprodução da fauna nativa;

12
Plano de Manejo ARIE do Bosque
I V - proteger os refúgios de aves migratórias;

V - desenvolver programas de observação ecológica e de pesquisa sobre os


ecossistemas locais.

Art. 3° - A Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia - SEMATEC - poderá


firmar convênios e acordos com entidades públicas ou privadas para a elaboração do plano de
manejo da ARIE DO BOSQUE, que será submetido à aprovação do Conselho de Meio Ambiente do
Distrito Federal - CONAM, no prazo de seis meses.

Parágrafo Único - As associações de moradores dos Conjuntos 2 a 11 da QL 10 do Setor


de Habitações Individuais Sul - SHIS - do Lago Sul participarão da elaboração do plano de manejo de
que trata este artigo.

Art. 4° - A ARIE DO BOSQUE e as atividades nela desenvolvidas ficarão sob a


coordenação e fiscalização da SEMATEC, com a participação de órgãos afins do Distrito Federal e da
União com os quais poderão ser firmados convênios, acordos e outros instrumentos, para a
conservação da biota, bem como para a implantação do disposto nesta Lei.

Art. 5° - É vedado na ARIE DO BOSQUE o exercício de atividade que represente risco


ou prejuízo ambiental.

Art. 6° - A SEMATEC terá o prazo de seis meses para a demarcação da área de que
trata esta Lei.

Art. 7° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8° - Revogam-se as disposições em contrário.

Publicada no DODF de 08.04.1998

LEI COMPLEMENTAR N° 407, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2001


DODF DE 14.12.2001.

Dispõe sobre a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque, na Região


Administrativa do Lago Sul - RA XVI. Revoga a Lei n° 1.914, de 19 de março de 1998.

O Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal promulga nos termos do § 6º do


art. 74 da Lei Orgânica do Distrito Federal, a seguinte Lei Complementar, oriunda de Projeto vetado
pelo Governador do Distrito Federal e mantido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal:

Art. 1° Fica criada a Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque - ARIE DO


BOSQUE, na área pública localizada entre as margens do Lago Paranoá e os limites da área verde
dos lotes de número 19 e 20 dos conjuntos 04 a 11 da QL 10, no Setor de Habitações Individuais Sul
– SHIS, Região Administrativa do Lago Sul - RA XVI.

Art. 2° A Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque tem por objetivos:

I - manejar a recuperação da vegetação às margens do Lago Paranoá e coibir as


pressões antrópicas;

II - garantir a preservação de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção;

III - proteger ninhais de aves aquáticas e outros locais de reprodução da fauna nativa;

13
Plano de Manejo ARIE do Bosque
IV - desenvolver programas de observação ecológica e de pesquisa sobre os
ecossistemas locais.

Art. 3° A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH - poderá firmar


convênios e acordos com entidades públicas ou privadas para a elaboração do plano de manejo da
ARIE DO BOSQUE, que será submetido à aprovação do Conselho de Meio Ambiente do Distrito
Federal - CONAM, no prazo de seis meses.

Parágrafo único. As associações de moradores dos conjuntos 04 a 11 da QL 10 do Setor


de Habitações Individuais Sul – SHIS - do Lago Sul participarão da elaboração do plano de manejo
de que trata o caput.

Art. 4° A ARIE DO BOSQUE e as atividades nela desenvolvidas ficarão sob a


coordenação e fiscalização da SEMARH, com a participação de órgãos afins do Distrito Federal e da
União com os quais poderão ser firmados convênios, acordos e outros instrumentos, para a
conservação da biota, bem como para a implantação do disposto nesta Lei.

Art. 5° É vedado na ARIE DO BOSQUE o exercício de atividades que representem risco


ou prejuízo ambiental.

Art. 6° A SEMARH no prazo de noventa dias da publicação desta Lei Complementar


demarcará a poligonal da ARIE DO BOSQUE.

Parágrafo único. A área da ARIE DO BOSQUE, a que se refere o art. 1°, corresponde à
área delimitada na planta de levantamento planialtimétrico anexada a esta Lei Complementar.

Art. 7° Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8° Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei n° 1.914, de 19 de


março de 1998.

Brasília, 10 de dezembro de 2001

GIM ARGELLO

14
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 21 - ARIE na década de 1960 (1965) sem a presença de ponte.
Fonte: Arquivo Público do DF.

Figura 22 - ARIE na década de 1970 (1978).


Fonte: Arquivo Público do DF.

15
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 23 - ARIE na década de 1990 (1991).
Fonte: Arquivo Público do DF.

Figura 24 - ARIE na década de 1990 (1997).


Fonte: Arquivo Público do DF.

16
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

O trabalho de caracterização do meio físico que engloba o clima, a geomorfologia, geologia,


solos e geotecnia, refere-se à ARIE do Bosque, delimitada pelo quadrante de coordenadas
UTM 191000,00 E 8248500,00 N/ 192750,00 E 8247250,00 N, fuso 23, meridiano central –
45º, SAD 69, localizada na região Administrativa do Lago Sul, vizinha à área do Pontão do
Lago Sul – Orla do Lago Paranoá, cidade de Brasília – Distrito Federal – DF, Centro–Oeste
do Brasil. A ARIE do Bosque, teve sua criação por Decreto Distrital e abrange uma área de
23,9553 ha dentro da APA do Lago Paranoá.

O objetivo da ARIE do Bosque é proteger parte das margens do lago Paranoá, passíveis de
sofrerem processos erosivos e assoreamento. Visa também preservar espécies da biota
local e garantir uma maior qualidade de vida aos moradores circunvizinhos.

O trabalho de caracterização física da área teve como base o levantamento bibliográfico,


compilação de dados e descrição dos compartimentos e feições dos atributos físicos, na
intenção de fornecer informações que permitam estabelecer a análise dos aspectos do meio
físico regional e local, tendo como instrumento balizador o Termo de Referência (TR).

4.1. Clima

O clima do Distrito Federal, assim como a ARIE do Bosque é marcado pela forte
sazonalidade, com dois períodos distintos bem caracterizados. O período entre maio e
setembro é evidenciado pela baixa taxa de precipitação, baixa nebulosidade, alta taxa de
evaporação, com baixas umidades relativas diárias (tendo sido registrados valores inferiores
a 15 %). O período entre outubro e abril apresenta padrões contrastantes, sendo que os
meses de dezembro a março concentraram 47% da precipitação anual. Segundo a
classificação climática de KÖPPEN (in CODEPLAN, 1984), no Distrito Federal podem
ocorrer, em função de variações de temperaturas médias (dos meses mais frios e mais
quentes) e de altitude, climas do tipo: Tropical Aw, Tropical de Altitude Cwa e Tropical de
Altitude Cwb. A precipitação média anual é da ordem de 1.500 mm, sendo que existe uma
distribuição irregular, onde as menores alturas pluviométricas anuais ocorrem na porção
leste e as taxas mais elevadas estão concentradas em dois pontos a NE e SE do Distrito
Federal.

Estudos mostram que em média 12% da precipitação total infiltram na zona vadosa,
efetivamente alcançando a zona saturada do aquífero, seja este livre ou confinado. A
evapotranspiração real fica em torno de 900 mm anuais, sendo que os meses de maio a
setembro apresentam déficit hídrico, enquanto o período de outubro a abril apresenta
superávit. Um efeito anômalo da distribuição das precipitações é observado durante os
veranicos de janeiro (SALLES, 2007).

4.2. Geomorfologia

4.2.1. Unidade Morfoescultural

17
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A ARIE do Bosque está inserida na Unidade Morfoescultural Planaltos Retocados, que
compreende um conjunto de pediplanos levemente sulcados por uma rede de drenagem de
baixa densidade, estando elevados a cotas entre 900 e 1.200m, correspondendo aos
extensos remanescentes da Superfície Sul-Americana. Essa unidade está localizada em
amplas áreas da região, principalmente na porção leste, onde estão situadas as bacias dos
rios Preto e São Marcos. O relevo presente caracteriza-se por extensas e monótonas
superfícies planas, ocasionalmente interrompidas por vales muito amplos e suaves
(CODEPLAN, 1984).

4.2.2. A hipsometria

A análise das curvas de nível em carta topográfica, em escala de 1:100 000, demonstra a
ocorrência de quatro níveis hipsiométricos na área do Distrito Federal:> 1200 m (1200 -1100
m/1100 – 1000 m), < 1000 m. O Distrito Federal está constituído por cerca de 57 % de terras
altas, acima da cota de 1000 m. Essas terras altas apresentam-se como dispersoras de
água para as bacias de drenagem dos rios Maranhão (bacia amazônica), Preto (bacia do rio
São Francisco), São Bartolomeu, Descoberto e Alagado (bacia platina) (NOVAES PINTO,
1990).

4.2.3. A declividade

As encostas do Distrito Federal apresentam classes de declives variadas. Nas chapadas, no


vale do rio Preto e na área de drenagem do rio Paranoá, encostas retilíneas com < 8% de
declividade associam-se a encostas de perfil côncavo. Classe de declives de 8-20% ocorre
nas encostas de vales próximas dos divisores de drenagem. Encostas íngremes dos
rebordos estruturais das chapadas exibem classes de declives de 8-20% e algumas vezes >
20%. Nas encostas de rebordos dissecados das chapadas, bem como nas encostas das
pseudomesas, dos inselbergues, dos esporões e das ombreiras predomina classe de
declives de 8-20% (NOVAES PINTO, 1990).

4.2.4. Faixa de dobramento Brasília

O Distrito Federal está inserido na Faixa de Dobramentos Brasília, cuja evolução ocorreu em
cinco fases de deformação hierarquizadas dentro de um único evento deformacional
relacionado ao Ciclo Orogenético Brasiliano (final do Neoproterozóico, aproximadamente
570 Ma.). Tal ciclo, caracterizado por tectônica compressiva (W-E) em direção ao cráton do
São Francisco, apresenta as quatro primeiras fases com deformações tipo dobramentos e
fraturamentos (caráter dúctil-rúptil) e foram responsáveis pela formação de domos (domo de
Brasília, domo do Pipiripau e domo de Sobradinho) e bacias estruturais. A última fase foi
responsável pelo desenvolvimento de estruturas de fraturamentos (rúptil) incluindo falhas e
fraturas (CAMPOS & FREITAS SILVA, 1998).

4.2.5. Domo de Brasília

O domo de Brasília abrange aproximadamente 40% da área do Distrito Federal e apresenta-


se truncado por superfície de aplainamento. Quanto aos lineamentos, estes seguem um

18
Plano de Manejo ARIE do Bosque
padrão regional com três conjuntos de direções: os lineamentos de extensão (em torno de
N20oW e N20oE), os de cisalhamento (aproximadamente W-E) e o par conjugado de
cisalhamento (em torno de N45oW e N45oE) (NOVAES PINTO, 1994).

No Distrito Federal, distinguem-se na paisagem, extensas superfícies planas denominadas


“Chapadas”, delimitadas por encostas com declividades variadas. Estas superfícies
caracterizam residuais ou testemunhos de antigas superfícies de aplainamento, que se
encontram, atualmente em processo de entalhamento. O contato entre a superfície plana e
encostas ocorre por ruptura de declive que será definida, neste trabalho, como a borda de
chapada. Tal feição evolui à medida que se desenvolvem as drenagens (recuo de
cabeceiras de drenagem). As couraças lateríticas, que ocorrem nas bordas, têm importante
papel na manutenção das mesmas (NOVAES PINTO, 1986). Entretanto, neste trabalho, as
couraças não serão caracterizadas e sim mencionadas, apenas seu papel na manutenção
do modelado das bordas.

4.2.6. O Modelado

O modelado representa um sistema organizado pela transição de superfície de


aplainamento, borda e encosta. A superfície de aplainamento insere-se no compartimento
geomorfológico Chapada da Contagem (NOVAES PINTO, 1993). Possui declividade menor
que 8% e é mantida pelos quartzitos que na área estudada não afloram, sendo sua
caracterização feita com base em dados de poços tubulares profundos.

A borda da chapada (ruptura de declive) mantém alinhamento geral na direção N50W sendo
“festonada” devido ao entalhe da drenagem que individualiza setores paralelos de
prolongamento da chapada e de reentrâncias. O desnível entre a borda e a encosta, em
alguns setores, é de aproximadamente 150 metros. Observa-se em campo, a presença de
couraças lateríticas nas bordas. Em estudos geomorfológicos no Distrito Federal, BATISTA
& MARTINS (1999) analisa a evolução de fácies lateríticas em trechos de bordas
evidenciando a resistência das couraças aos processos erosivos e, portanto, o papel deste
material como controlador de feições de ruptura de declive entre chapadas e encostas.

As encostas compõem a unidade geomorfológica da Região Dissecada do Vale do Curso


Superior do Rio Descoberto. São esculpidas em metarritmitos da Unidade R4 e entalhadas
por inúmeras drenagens, caracterizando alta densidade hidrográfica devido à dinâmica
erosiva sobre os metarritmitos que afloram nos canais e representam material impermeável.
Os vales que entalham as encostas são profundos e em “V”. Nos perfis topográficos das
encostas observa-se patamar, interpretado, inicialmente, como feição estrutural
neotectônica. Esta feição se prolonga na área com direção aproximada SE – NW.

A área abrangida pelo estudo está compreendida no Planalto Central Goiano e foi incluída
por AB‟SABER (1963, 1970) no Domínio Morfoclimático dos Chapadões Tropicais do Brasil
Central, sendo caracterizada por uma monótona sucessão de superfícies tabulares planas
ou aplainadas, (chapadas) sulcadas por uma rede de baixa densidade de vales encaixados.
Nesses terrenos desenvolve-se uma peculiar formação fitogeográfica denominada de
cerrado.

Essa fisionomia da paisagem calcada nas extensas chapadas revestidas por vegetação de
cerrado, ou por suas variações fitoecológicas (campos-cerrados, cerrados, cerradões, matas
ciliares), abarca uma sequencia de unidades geoecológicas, ou ecótonos, resultantes de
uma peculiar interação dos condicionantes geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
hidrológicos e edáficos. A compreensão dessa estrutura da paisagem, típica do Centro-

19
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Oeste, é de fundamental importância para o entendimento e análise da atuação dos
processos erosivos-deposicionais e de avaliação de impactos ambientais decorrentes do
uso e ocupação do solo.

4.2.7. Feições Geomorfológicas

As feições geomorfológicas identificadas neste estudo apresentam um comportamento que


reflete nitidamente as influências de um conjunto de condicionamentos que insere diversos
fatores no seu desenvolvimento. Entre eles, estão os fatores geológico-estruturais, gerados
em regime de cisalhamento dúctil e rúptil e representados por zonas de cisalhamento
responsáveis pela formação de cristas relativamente elevadas, em geral, orientadas na
direção N-S e NW-SE sustentadas comumente por milonitos. Outros controles geológico-
estruturais são evidenciados através do condicionamento das drenagens.

4.2.8. Unidades da Paisagem do Planalto Central

Topos de Chapadas

Recobertas por cerrados ou campos-cerrados, apresentam solos muito profundos, lixiviados,


ácidos (elevado teor de alumínio) e de baixa fertilidade natural (Latossolos álicos, em geral),
frequentemente capeados por couraças detrítico-lateríticas. Esses terrenos apresentam um
nível freático, em geral, profundo, mas apresentando uma grande oscilação sazonal devida
ao regime pluviométrico típico dos trópicos semiúmidos. Essas formações superficiais,
assim como as características físicas e químicas dos solos, atestam uma idade antiga à
elaboração dessas superfícies tabulares. Na área, esta unidade de paisagem é
particularmente relevante sobre os planaltos retocados a leste do rio São Bartolomeu e no
planalto do Distrito Federal (RIBEIRO & WALTER, 1998).

Matas de Galeria

As matas de galeria são as formações florestais do bioma Cerrado associadas aos


pequenos cursos d‟água, estabelecidas sobre solos úmidos bem drenados ou encharcados
formando corredores fechados, ou galerias, sobre os cursos d‟água. As árvores atingem
altura entre 20 e 30 metros abrangendo uma cobertura arbórea de 70 a 95% (RIBEIRO &
WALTER, 1998).

Capões de mata

Representam refúgios florestais em meio ao domínio dos cerrados situados em interflúvios


sustentados por rochas de composição básica e solos argilosos, de alta fertilidade natural
(Terra Roxa estruturada e Brunizém, por exemplo). Este peculiar condicionante
geopedológico favorece o estabelecimento de uma vegetação florestal isolada devido a uma
maior capacidade de armazenagem de água no solo e disponibilidade de nutrientes minerais
(RIBEIRO & WALTER, 1998).

Matas secas

Ocorrem exclusivamente em áreas de afloramento de rochas calcárias, apresentando solos,


em geral, pouco profundos (devido à dissolução química do carbonato de cálcio) e com alta

20
Plano de Manejo ARIE do Bosque
fertilidade natural. Esses terrenos também representam refúgios de vegetação florestal, mas
devido à baixa capacidade de armazenagem de água no solo, esta mata caracteriza-se pela
perda de folhas na estação seca, caracterizando-a como uma mata decídua ou caducifólia
(RIBEIRO & WALTER, 1998).

Planalto do Distrito Federal

A Unidade Geomorfológica Planalto do Distrito Federal está localizada na porção central do


Distrito Federal, sendo drenado, na porção oeste, pela bacia do rio Descoberto, tributária do
rio Corumbá, e a leste, pelas bacias do rio Paranoá e ribeirão Sobradinho, ambas tributárias
do rio São Bartolomeu. Essa unidade abrange chapadas elevadas (Dp), alçadas a cotas de
1.200 a 1.340m e extensas superfícies tabulares sulcadas por uma rede de drenagem de
baixa densidade (Dt21; Dt22), mantidos em cotas de 1.050 a 1.150m (NOVAES PINTO,
1994).

Os vales principais apresentam uma restrita sedimentação fluvial (Apf), dentre os quais se
destacam o rio Descoberto e o ribeirão Rodeador, na porção oeste; e os ribeirões
Sobradinho, do Torto e do Gama, na porção leste. O planalto do Distrito Federal consiste no
mais elevado dos planaltos retocados, sendo que seu limite com as demais unidades
geomorfológicas é geralmente demarcado por um degrau estrutural (De) de 70 a 100m de
desnivelamento. Esse degrau foi produzido por erosão diferencial no contato de falhas de
empurrão entre os xistos do Grupo Canastra (menos resistentes ao intemperismo) e os
quartzitos e metarritmitos do Grupo Paranoá. O planalto do rio Pipiripau, englobado nesta
unidade, apresenta situação semelhante (BATISTA & MARTINS, 1999).

O Planalto do Distrito Federal, devido a seus terrenos planos, bem drenados e de alta
capacidade de carga, e por abranger a capital federal, consiste numa área de acelerada
expansão urbana. Tal processo de urbanização desordenada, desencadeada pelo inchaço e
multiplicação das cidades-satélites, implica em problemas ambientais que devem ser
enfrentados pelo poder público, tais como o uso indiscriminado dos recursos hídricos, a
contaminação do lençol freático, a catalização de processos erosivos (levando-se em
consideração tanto a perda de solo por erosão laminar – BATISTA et al., 1996 – quanto por
erosão linear acelerada – ravinas e voçorocas) e o assoreamento dos cursos fluviais e
corpos d‟água (BATISTA & MARTINS, 1999).

A questão socioambiental é, na atualidade, um dos temas mais conflagrados para a gestão


da capital federal. A criação do Parque Nacional de Brasília, ocupando as cabeceiras do
ribeirão do Torto e protegendo o manancial da represa de Santa Maria que abastece Brasília
é de grande importância para a região. Partindo deste exemplo, devem-se destinar as
cabeceiras de drenagem para preservação ambiental, assim como a recomposição da mata
ciliar nos cursos fluviais. Nesta unidade estão instalados os sítios urbanos de Brasília,
Taguatinga, Sobradinho, Gama, Ceilândia, Brazlândia e Águas Lindas de Goiás, dentre os
principais (MARTINS, 2001).

Os processos erosivos lineares observados na região apresentam controle antrópico e


natural. O controle antrópico é relativo à impermeabilização das áreas de chapada e
consequente aumento do escoamento superficial, com disposição final do excedente pluvial
de forma inadequada (sem a presença de dissipadores, condutos ou galerias). O controle
natural é relacionado às zonas de fraquezas representadas pelas estruturas planares
(fraturas, juntas e falhas de pequeno rejeito) que tendem a concentrar os escoamentos
superficiais e subsuperficiais (fluxos superficial e interno) que são responsáveis pelo
transporte de partículas, culminando com o desencadeamento de erosão superficial e
subterrânea (BATISTA & MARTINS, 1999).

21
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A presença de uma camada extensa e contínua de couraça laterítica atua no sentido de
preservação do perfil chapada-encosta. A presença deste material é interpretada como a
área de exposição de camada horizontal que se adentra para o interior da chapada e
representa um antigo horizonte plintítico que marca a transição do regolito para a rocha. O
horizonte plintítico, transformado em petroplintita, é resistente aos processos de
intemperismo (NOVAES PINTO, 1994).

4.3. Geologia

4.3.1. Geologia Estrutural

Segundo SILVA (2003), a região do Distrito Federal mostra uma história deformacional
complexa e polifásica, desde o Ciclo Transamazônico até o Brasiliano, com prováveis
reativações neotectônicas. O conjunto de rochas metamórficas representado pelo Complexo
Granulítico Anápolis - Itauçu, Associação Ortognáissica Migmatítica, pela Sequência
Metavulcanossedimentar Rio do Peixe e pelos metassedimentos dos Grupos Araxá,
Canastra, Paranoá e Ibiá, foi afetado por um regime tectono-estrutural de cisalhamento
dúctil simples, de natureza contracional, com a geração de estruturas de imbricamento
crustal e nappes tectônicos.

Em níveis crustais superiores, os metassedimentos do Grupo Bambuí refletem uma


tectônica compressional em direção ao Cráton de São Francisco. Após a formação das
Coberturas Detrito-lateríticas Terciário-Quaternárias, há fortes evidências de falhamentos
normais reativando antigas estruturas.

4.3.2. Evolução Geológica

A evolução geológica da região foi caracterizada por três importantes eventos tectônicos
proterozóicos. O primeiro e o segundo desenvolveram-se sob regime dúctil e o terceiro em
regime caracteristicamente rúptil. Um último evento, cenozóico rúptil, é também interpretado.

O primeiro evento é o mais antigo, transamazônico. Está restrito ao canto sudoeste da área
onde afetou intensamente as rochas das unidades (Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu,
Associação Ortognáissica Migmatítica e a Sequência Metavulcanossedimentar Rio do
Peixe). Distinguem-se com clareza duas fases de deformação, das quais resultaram
estruturas imbricadas que justapõem granulitos orto com paraderivados e com os
granitóides da Associação Gnáissico-Migmatítica e, de um componente rúptil, na fase final.

Estas deformações foram também responsáveis pelo desenvolvimento de uma forte


lineação de estiramento, dispostas entre NNW e EW, associada às espessas zonas de
cisalhamento com expressivas faixas miloníticas e protomiloníticas, por vezes,
acompanhadas de retrometamorfismo com intensa transformação dos litótipos envolvidos.

O segundo evento desenvolveu-se durante o Ciclo tectono-metamórfico Brasiliano.


Constitui-se no mais importante conjunto de deformações dúcteis de toda a área estudada.
As feições estruturais geradas neste evento apontam para um modelo de cisalhamento
simples progressivo, tangencial, com o cavalgamento do bloco sudoeste (Complexo
Granulítico) sobre os metassedimentos Araxá e destes sobre as litologias do Grupo

22
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Canastra. Afetou com grande intensidade estas rochas, envolvendo também, as rochas do
Complexo Granulítico e a Sequência Metavulcanossedimentar.

Compreende três fases de deformação, reconhecidas principalmente, nos grupos Araxá e


Canastra, estruturados por movimentos tangenciais (duas fases), essencialmente de baixo
ângulo e transcorrentes oblíquos (uma fase). São ainda observadas estruturas em anticlinais
e sinclinais assimétricas, dobras invertidas e dobramentos flexurais do tipo chevron, além de
dobramentos amplos e abertos no grupo Paranoá.

Falhas normais oblíquas e de cisalhamento direcionais de pequeno rejeito, resultantes da


reativação de antigas zonas de fraquezas são também produtos deste evento. A intersecção
de eixos de dobras abertas com direção E-W e dobras com o eixo ortogonal N-S resultou
em estruturas de interferências dos tipos domo e bacia.

O terceiro evento, de natureza caracteristicamente rúptil, mas com alguns componentes


dúctil/rúptil, afetou todas as unidades da área, durante o Ciclo Brasiliano. Estão
representados por sistemas de fraturas e falhas nos metassedimentos Araxá, Canastra,
Paranoá e Ibiá. No Grupo Bambuí gerou dobramentos holomórficos e grandes falhas
inversas com acentuada vergência para o Cráton do São Francisco.

Reflexo do transporte tectônico em direção à região em apreço por meio de esforços de


compressão sobre estas rochas. Tais esforços provocaram deformações e rupturas,
gerando também cavalgamentos, dobramentos apertados, principalmente nos pelitos
próximos as suas bordas, tornando-se intensas ao longo dos falhamentos cavalgantes que
os separam dos grupos Paranoá e Canastra. Já em direção ao interior da bacia, as
deformações são de natureza epidérmica, com camadas pouco perturbadas, dispondo-se de
forma sub-horizontal ou em ondulações amplas e suaves texturas, permitindo que as
estruturas primárias fossem preservadas.

Nos granulitos e granitóides gnáissicos caracterizam-se pela reativação dos planos de


fraquezas, gerados nas deformações do segundo evento e subordinadamente ao primeiro
evento. As estruturas associadas à deformação rúpteis compreendem falhas e fraturas de
dimensões regionais, na maioria das vezes de âmbito local, sem e/ou marcada por zonas de
brechação cataclástica, de direção preferencial NE-SW, NW-SE, NNW-SSE e uma segunda
preferencial N-S. Sua orientação é nitidamente NE e os mergulhos são comumente altos,
por vezes, subverticais.

Um último evento, de característica rúptil, mostrando alçamento e afundamento de blocos,


após a formação das coberturas detrito-lateríticas pode ser interpretado. No leste da área, o
rio Preto e Bezerra, interrompem bruscamente a deposição de aluviões, ao mesmo tempo
em que se encaixam em lineamento de direção E-W. Daí, para Sul, o rio Preto passa a
escavar seu leito, demonstrando um provável alçamento do bloco sul.

O traçado do rio Preto mostra que seu antigo curso se unia com o rio São Marcos, ambos
fluindo no sentido Sul. Um notável evento desviou seu curso para Leste. Um lineamento de
direção NW-SE pode ser interpretado como o causador do fenômeno. Tal lineamento faz o
contato das unidades do Grupo Canastra/Formação Serra do Landim, para SW, com as
unidades do Grupo Paranoá/Unidade ítmica Quartzítica e Grupo Bambuí/Subgupo
Paraopeba Indiviso, para NE. A partir do lineamento, para Sul, o rio São Marcos mostra-se
aluvionado, para norte, o rio Preto escava seu curso.

A mesma orientação NW-SE baliza, a norte e sul, as coberturas detrito-lateríticas sobre as


quais se assenta a cidade de Brasília, demonstrando que um basculamento do bloco
preservou as coberturas dos processos erosivos. No limite sul do bloco, pode-se inferir uma

23
Plano de Manejo ARIE do Bosque
reativação da falha NW que separa a Formação Chapada dos Pilões, da Unidade Rítmica
Quartzítica Intermediária do Grupo Paranoá.

Outra evidência de movimentação tectônica jovem é a diferença em cota das chapadas


elevadas do Planalto do Distrito Federal (entre 1.200 e 1.300m), e os planaltos das bacias
dos rios Preto e São Marcos (entre 900 e 1.000m). Essa discrepância de cotas pode ser
explicada por reativações neotectônicas posteriores ao aplainamento gerador das chapadas.

4.3.3. Geologia Regional

Segundo SILVA (2003), a geologia na região do Distrito Federal e Entorno é constituída em


grande parte por rochas metassedimentares dobradas, de baixo grau metamórfico, fácies
xisto-verde, pertencentes aos grupos: Araxá, Canastra, Paranoá, Ibiá e Bambuí, que
compreendem a Faixa Brasília, sobrepostas a um embasamento granito-gnáissico de idade
paleo-mesoproterozóica representado pelo Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu,
Associação Ortognáissica Migmatítica e pela Sequência Metavulcanossedimentar Rio do
Peixe.

4.3.4. Unidades Geológicas

O contato entre os grupos ocorre por meio de falhas de empurrão. O Grupo Paranoá ocupa,
no D.F., 65% do território e apresenta-se dividido em seis unidades, conforme a coluna
estratigráfica (da base para o topo): Unidade S (Metassiltito), Unidade A (Ardósia), R3
(Metarritmito Arenoso), Q3 (Quartzito Médio), R4 (Metarritmito Argiloso), PPC (Areno-
argiloso-carbonatado) (CAMPOS & FREITAS SILVA, 1998). A principal unidade geológica
presente na área da ARIE do Bosque é formada pelas rochas do grupo Paranoá.

4.3.5. Unidade Litológica

Na área ocorre a unidade litológica A (Ardósia), caracterizada por um pacote no qual


predomina uma alternância de metassiltito, metargilito, ardósia e, subordinadamente,
quartzitos finos a médios, lentes de metacalcário cinza e dolomito com estromatólitos. O
metassiltito desta unidade apresenta características semelhantes aos das outras unidades
sendo uma rocha de coloração cinza-arroxeado, por vezes amarelada com tons
esverdeados, muito argilosos, alternando-se com níveis de metargilito de coloração creme-
arroxeado, com fraco camamento e, por vezes, com finas intercalações de quartzito (SILVA,
2003).

As ardósias ocorrem muito fraturadas e silicificadas, associadas aos metassiltitos são


caracterizadas por suas cores vermelho-arroxeado quando alteradas e cinza-esverdeado
onde estão menos intemperizadas. Às vezes, encontram-se extremamente fraturadas
apresentando estrutura laminar homogênea e clivagem ardosiana bem desenvolvida.
Ocorrem intercaladas com os metassiltitos e quartzitos em leitos milimétricos a centimétricos
caracterizando os metarritmitos da unidade (SILVA, 2003).

O metacalcário possui coloração cinza escuro, estrutura maciça, granulação muito fina, por
vezes cortado por vênulas de calcita. Ocorre em lentes dentro do metassiltito cinza bem
estratificado. Em áreas isoladas, próximo ao contato com o Grupo Canastra, ocorrem

24
Plano de Manejo ARIE do Bosque
brechas tectônicas que passam lateralmente para quartzitos finos. As relações de contato
do Grupo Paranoá com o Grupo Canastra são relativamente mal definidas devido às
exposições não serem muito claras, mas os contatos são definidos por meio de uma falha
de empurrão de direção preferencial noroeste. Nesta zona, tanto as rochas do Grupo
Paranoá como do Grupo Canastra apresentam-se deformadas (SILVA, 2003).

4.4. Solo

4.4.1. Latossolos Vermelhos

Os estudos realizados por SILVA (2003) permitiram identificar três grandes domínios
pedoambientais na região, como sejam:

Nas chapadas, superfícies tabulares elevadas, ocorrem Latossolos Vermelhos, Vermelho-


Amarelos e Amarelos Distróficos de textura muito argilosa sob vegetação de cerrado e em
áreas de relevo plano e suave, ondulado. Estes solos apresentam boas condições físicas
(profundos, de boa drenagem interna, fáceis de serem trabalhados, sem pedras e com
grande resistência à erosão) e más condições químicas (baixa oferta de nutrientes e
ocorrência frequente de alumínio tóxico), para a agricultura.

Não obstante a sua resistência à erosão, um programa de conservação do solo deve ser
adotado quando da utilização destes solos com lavouras. Apresentam aptidão para
agricultura tecnificada com a aplicação de insumos em larga escala (correções, adubações,
controle químico de pragas e doenças e irrigação). Há que se considerar, entretanto, que a
densidade de drenagem é bastante baixa nestes locais, o que dificulta e onera
sobremaneira a captação de água para irrigação, sobretudo para a utilização de pivô-central.

Neste domínio, também se constatou a ocorrência, embora restrita, de Latossolos


petroplínticos, caracterizados pela grande quantidade de canga ao longo do perfil. Estes
solos oferecem grandes limitações à mecanização, devido à ocorrência generalizada de
pedras, além daquelas limitações químicas inerentes dos Latossolos. Por outro lado,
constituem fonte de material para a construção e manutenção de estradas. Do ponto de
vista agropecuário, apresentam aptidão para pastagens.

Em outro domínio, constituídos pelas superfícies aplainadas rebaixadas, ocorrem


basicamente Latossolos Vermelhos de textura argilosa sob vegetação de cerradão e cerrado
tropicais subcaducifólios em áreas de relevo suave ondulado, solos estes que apresentam
também boas condições físicas e condições químicas deficientes. Devido ao relevo mais
movimentado, a utilização com lavouras exige um maior cuidado com relação à conservação
do solo, com vistas na redução do processo erosivo.

4.4.2. Horizonte B latossólico

Horizonte subsuperficial que não apresenta características diagnósticas de horizontes,


podendo ocorrer sob qualquer horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico e que tem as
seguintes características: pouca diferenciação entre os subhorizontes; estrutura forte muito
pequena a pequena do tipo granular (microestrutura), ou fraca a moderada em blocos
subangulares; espessura – 50 cm; menos de 5% do volume mostrando estrutura da rocha
original, como estratificação fina, saprolito ou fragmentos de rocha semi ou não

25
Plano de Manejo ARIE do Bosque
intemperizada; grande estabilidade de agregados, sendo o grau de floculação da argila igual
ou muito próximo de 100%. O teor de argila dispersa deve ser < 20% quando o horizonte
tiver 0,40% ou menos de carbono orgânico e não apresentar pH positivo ou nulo; textura
franco arenosa ou mais fina, teores baixos de silte, sendo a relação silte/argila, até a
profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o horizonte A exceder 150 cm de espessura) na
maioria dos sub-horizontes B, inferior a 0,7 nos solos de textura média e a 0,6 nos solos de
textura argilosa; relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki), determinada na ou correspondendo à
fração argila, _ 2,2, sendo normalmente < 2,0; menos de 4%de minerais primários alteráveis
(menos resistentes ao intemperismo) ou menos de 6% de muscovita referidos a 100g de
terra fina, podendo conter na fração < 0,05mm (silte + argila) não mais que traços de
argilominerais do grupo das esmectitas, e somente pequenas quantidades de ilitas, ou de
argilominerais interestratificados; capacidade de troca de cátions < 17meq/100g de argila
sem correção para carbono; serosidade, quando presente, no máximo pouca e fraca;
corresponde em parte ao “oxic horizon”, conforme a Soil Taxonomy (AB‟SABER, 1970).

Na área em estudo foram detectados os solos latossolos vermelho e vermelho-amarelo com


as descrições já mencionadas acima, apresentando altos teores de alumínio trocável,
elevada acidez e reduzida taxa de matéria orgânica, alto teor de argila, alta capacidade de
retenção de água, alta capacidade de troca catiônica, baixos teores de bases (Ca, Mg e K) e
fósforo disponível. O solo apresenta uma estrutura forte muito pequena granular, com
textura mais grossa. A densidade aparente é baixa (< 1g cm-3).

O Latossolo predominante na ARIE do Bosque é altamente susceptível à erosão,


especialmente, se os sulcos atingem camadas do subsolo pouco coerentes in situ. Desta
forma, o solo da área necessita de uma cobertura vegetal adequada. Na atualidade
apresenta vegetação exótica (eucalipto, gramíneas e árvores frutíferas) e a maior parte do
ambiente se encontra compactado em função da passagem de pessoas e animais
domésticos, pois a área é aberta.

4.5. Geotecnia

MACEDO et al. (1994) descreve que o Distrito Federal é coberto por um manto de
intemperismo de idade Terciária-Quaternária, que engloba uma grande variedade de solos.
A espessura é bastante variável e dependem de vários fatores como topografia, cobertura
vegetal e rocha de origem. A profundidade média estimada em todo o Distrito Federal está
na ordem de 15,00 a 30,00, baseando-se em sondagem para construção civil e poços
tubulares.

Em Brasília, segundo CAMAPUM DE CARVALHO et al. (1993), este solo pode atingir até 18
metros de espessura e é constituído por argilas, siltes e areias combinadas em diferentes
proporções dependendo do domínio geológico local. Apresenta geralmente as seguintes
características:

 Spt inferior a 6 golpes.


 Limite de liquidez entre 25 e 78%.
 Limite de plasticidade entre 58 e 18%.
 Índice de plasticidade entre 4 e 38%.
 Índice de vazios 1,2 e 2,2.

Estes solos caracterizam-se pela pouca diferenciação entre os horizontes em termos


texturais. Fatores de grande importância são: a quase ausência das bases (Ca. Mg, K, Na),

26
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e os elevados teores de Fe e Al, devido ao processo de lixiviação. Apesar do alto teor de
argila estes solos apresentam elevada porosidade e comportamento similar a solos
arenosos (EMBRAPA, 1978). Resulta deste processo de intemperismo, o que é conhecido
pelos geotécnicos da região como camada de “argila porosa” vermelha, com baixa
resistência (spt < 4) e alta permeabilidade, cobrindo grandes extensões do Distrito Federal.

Na área da ARIE do Bosque foi identificado solo do tipo latossolos vermelhos. O trabalho da
EMBRAPA (1978) define este solo como não hidromórficos, com horizonte A moderado e
horizonte B latossólico, textura argilosa ou média e rica em sesquióxidos. São muito porosos,
bastante permeáveis e de acentuadamente a fortemente drenados, sendo também álicos e
fortemente ácidos.

O horizonte B latossólico, possui as seguintes características:

 Espessura quase maior que 250 cm.


 Pouco diferenciado entre seus sub-horizontes.
 Os saprólitos estão ausentes ou devem constituir menos que 5% do volume do
horizonte.

4.5.1. Erosão Natural

Escarpas Erosivas, formas de relevo que apresentam rebordos erosivos de alta declividade
e considerável susceptibilidade aos processos erosivos, estão situados no limite entre os
vales encaixados e os planaltos adjacentes. Nos fundos de vales, predomina um relevo de
rampas e colinas que convergem para o eixo do canal-tronco apresentando, portanto,
vertentes mais suaves e menores amplitudes de relevo, porém, com uma rede de drenagem
de alta densidade. Dessa forma, podemos conceber que a evolução desses vales procedeu-
se, primeiramente, a partir da incisão vertical dos talvegues principais e, posteriormente,
esses vales incisos foram alargados por intermédio do recuo das vertentes empreendido
pede rede tributária aos coletores principais.

A partir das considerações feitas acima, as condições geotécnicas da ARIE do Bosque


apresenta características de estabilidades frente aos processos erosivos. Porém,
observações detalhadas deverão ser constantes, principalmente no início das obras de
implantação das estruturas, no sentido de tomar medidas preventivas de controle de erosão
e colapso.

4.5.2. Hidrogeologia

No Distrito Federal, assim como na Arie do Bosque, são reconhecidos aquíferos de domínio
poroso e do domínio fraturado (CAMPOS & FREITAS-SILVA, 1998, 1999). O domínio
poroso foi dividido por Campos & Freitas em quatro sistemas - P1, P2, P3 e P4. O domínio
fraturado é classificado em quatro sistemas, cuja denominação segue a nomenclatura das
unidades geológicas, incluindo os sistemas Paranoá, Canastra, Bambuí e Araxá. O Sistema
Aquífero Paraná, que engloba a ARIE do Bosque é dividido em cinco subsistemas: S/A, A,
R3/ Q3, R4 e PPC e o Sistema Canastra dividido nos subsistemas F e F/Q/M.

Conforme Campos et al. (2004), os sistemas porosos são caracterizados em função de sua
espessura, condutividade hidráulica e transmissividade, compondo aquíferos intergranulares,

27
Plano de Manejo ARIE do Bosque
livres, contínuos lateralmente, aproveitados por poços escavados, com moderado a elevado
risco de contaminação e com importância hidrogeológica restrita para abastecimento público.

Segundo Novaes Pinto (1990), a caracterização hidrogeológica está intimamente


relacionada aos parâmetros geológicos e subordinada aos aspectos fisiográficos. No Distrito
Federal, o manto de cobertura de idade Cenozoica é areno-argiloso a argilo-arenoso, com
diferentes intensidades de lateritização. Sua espessura média é de 20 m, sendo
normalmente poroso e permeável.

As “águas rasas” estão contidas nesse manto de superfície. As “águas subterrâneas”


pertencentes à zona de saturação distribuem-se irregularmente nas rochas, através do
sistema de fraturas/falhas e cavidades de dissolução.

4.6. Água

A Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque se localiza as margens da represa do


Paranoá, que está situada na Bacia do Lago Paranoá de Brasília
(8248390.3774N/191732.6061E; 8247358.7456N/190964.7513E). O espelho d‟água desta
represa está a 1000 m de altitude, apresentando uma área de 40 km2 e um volume
acumulado de cerca de 560 milhões de metros cúbicos. A profundidade máxima é de 38 m e
a média é de 14 m.

A represa existe desde 1959 e é hoje um dos principais cartões postais da cidade.
Apresenta como seus principais tributários o Riacho Fundo, o Ribeirão do Torto, o Ribeirão
do Bananal, o Ribeirão do Gama e o Ribeirão Cabeça de Veado, além dos efluentes de
duas estações de tratamentos de esgotos situadas no Plano Piloto da capital e a Estação de
Tratamento de Esgoto - ETE Norte e Sul.

A transformação de um ecossistema fluvial em lacustre gera intensos desequilíbrios na


estrutura físico-química e funcionalidade biológica do rio represado, impondo grandes
ajustes na sucessão das comunidades bióticas (Muller, 1995; Nogueira et al., 2006). Dessa
forma, os reservatórios são considerados ecossistemas complexos e representa um desafio
aos estudos ambientais (Espíndola et al., 2004; Nogueira et al., 2006).

Em muitas regiões há reservatórios localizados em áreas urbanas, sendo esses submetidos


a inúmeras pressões por usos múltiplos, tendo muitos “serviços” ambientais e sociais
disponíveis. Esses sistemas são pressionados permanentemente por diversos impactos,
entre eles: fontes pontuais e não pontuais de nutrientes, degradação das margens e da zona
litoral, desmatamento, descarga de resíduos sólidos, assoreamento, descargas de
substâncias tóxicas, ocupações urbanas extensas (TUNDISI & MATSUMURA TUNDISI,
2008). No caso da Bacia do Lago Paranoá, as intervenções antrópicas tem-se mostrado
crescente, desde a chegada dos primeiros candangos para a construção de Brasília, em
1957.

Algumas irregularidades às margens do lago, especialmente advindos da degradação e uso


do solo, movimentação de terra, forte urbanização muitas vezes desprovidas das redes de
infraestrutura adequadas e fatores agravados pela topografia do corpo d‟água são
responsáveis pelo assoreamento e contaminação das águas do Lago Paranoá.

Outro fator que pode interferir na qualidade das águas de um lago é o lançamento das
águas pluviais, que referem-se à parcela de água das chuvas que, não se infiltrando, nem

28
Plano de Manejo ARIE do Bosque
se evaporando, tende a escoar superficialmente. Podem caracterizar-se pela presença de
sólidos, matéria orgânica, micro-organismos patogênicos, defensivos agrícolas, fertilizantes
e compostos químicos. Em áreas urbanas, essas águas tendem a carrearem mais poluentes.
A concentração de poluentes é maior no início do escoamento superficial e depende de
vários fatores, tais como: uso do solo e tipo de atividade desenvolvida na bacia hidrográfica;
fatores hidrológicos; tipo de pavimentação ou cobertura; vegetação existente e estrutura e
composição do solo (MONTANARI & STRAZZACAPPA, 1999).

Foi realizado pela empresa Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda., um trabalho de coleta
de águas pluviais em área vizinha à ARIE do Bosque, especificamente na área do Centro de
Lazer Pontão do Lago Sul. Os resultados deste trabalho complementam o estudo das
características físico-químicas da água, sendo o relatório é apresentado a seguir.

4.6.1. RELATÓRIO: SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL

A água pluvial é proveniente das águas coletadas nas coberturas das edificações e das
áreas externas como as vias de acesso, pátio de estacionamento e calçadas. Os pontos de
coleta (boca de lobo) são moldados em concreto e as tubulações dos pontos de coletas são
constituídas de tubos de PVC tipo rígido de plástico vinílico e concreto, de maneira similar
ao sistema de esgoto sanitário (Figuras 25 e26).

Figura 25- Vista de uma das galerias de água Figura 26- Vista de um dos pontos de
pluvial localizado nas vias de acesso interno do lançamentos de águas pluviais no Lago Paranoá,
Centro de Lazer Pontão do Lago Sul, jan. 2007. Centro de Lazer Pontão do Lago Sul, jan.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. 2007.Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Os esgotos produzidos nos sanitários e cozinhas, denominados de esgotos sanitários, não


são lançados na rede coletora de águas pluviais, são, portanto, encaminhados à ETE Sul
para o correto tratamento. Assim, as redes de esgotos sanitários e águas pluviais são
independentes. Os Projetos Básico e Executivo do Sistema de Drenagem da Área do Centro
de Lazer Pontão do Lago Sul foram desenvolvidos de acordo com os padrões e
recomendações estabelecidos pela NOVACAP.

4.6.1.1. MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL

A operação de um complexo esportivo, cultural e de lazer, exige uma administração que


mantenha sempre o nível de qualidade dos serviços e do atendimento prestado aos
visitantes. As manutenções de todo o complexo são realizadas periodicamente por
colaboradores treinados com a utilização dos devidos equipamentos e os corretos EPI‟s. A
administração desenvolveu quadros gerais, conforme a Tabela 01, de manutenção com os

29
Plano de Manejo ARIE do Bosque
devidos responsáveis para que sempre se tenha o controle das áreas e locais que estão
sendo mantidos.

A manutenção do sistema de drenagem pluvial é realizada pelos próprios colaboradores do


complexo com a retirada dos sólidos e observações quanto às condições físicas dos pontos
de coleta. Além da manutenção, os responsáveis observaram quanto à situação das caixas
de águas pluviais, situação das caixas de esgotos, vistoria de bombas, vazamentos, odores
e limpeza.

Tabela 1- Periodicidade de Manutenção nas áreas comuns.


Periodicidade
Manutenção
Diário Semanal Quinzenal Mensal
Situação das caixas de água pluvial X
Situação das caixas de esgotos X
Vistorias em bombas de esgoto X
Vazamento X
Odor X
Limpeza X
Situação dos pontos de coletas X
Fonte: EMSA – Empresa Sul Americana de Montagens S/A.

Há um Programa de Educação Ambiental desenvolvido no complexo que tem como objetivo


principal a incorporação da dimensão ambiental em todas as atividades do Pontão do Lago
Sul e a conscientização dos visitantes quanto à importância do Lago Paranoá. A
sensibilização dos visitantes quanto às questões ambientais diminuíram a quantidade de
resíduos sólidos lançados dentro do Lago ou mesmo resíduos lançados fora dos recipientes
de coleta.

4.6.1.2. MONITORAMENTO

Após avaliação sobre o projeto urbanístico do empreendimento e sua possível influência ao


meio ambiente local, em especial ao Lago Paranoá, foram sugeridos os denominados
Planos de Controle Ambiental. Um desses planos é o de Monitoramento da Qualidade da
Água de Drenagem Pluvial. O monitoramento é realizado através da coleta de amostras das
águas de drenagem pluvial para a realização de análises, visando indicar possíveis
interferências na qualidade das águas do Lago Paranoá neste trecho de influência do
empreendimento (Figura 27).

30
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 27 - Coleta de amostras das águas pluviais coletadas no Centro de Lazer Pontão do Lago Sul
lançada no Lago Paranoá, jan. 2007. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

O Monitoramento é de extrema importância para a tomada de medidas visando à


conservação da qualidade das águas do Lago, pois através dessa atividade é possível
observar se está havendo contaminação das águas pluviais através de esgotos domésticos
ou qualquer outra fonte de poluição. A análise da água de um manancial pode evidenciar o
uso inadequado do solo, os efeitos do lançamento de efluentes, suas limitações de uso e
seu potencial de autodepuração (GRABOW, 1996), isto é, sua capacidade de restabelecer o
equilíbrio após recebimento de efluentes. Dentre os parâmetros utilizados para qualificar a
água estão os físico-químicos (pH, cloretos, alcalinidade, nitratos, fosfatos, turbidez,
condutividade e etc.), e os microbiológicos (coliformes fecais e totais) (SPERLING, 2005).

O presente trabalho teve como objetivo analisar os fatores físico-químicos e microbiológicos


da água nos pontos de lançamento das águas pluviais na orla do Lago Paranoá, localizado
em Brasília, Distrito Federal, que está sob interferência antrópica, a fim de compará-los com
os valores preconizados pela Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA. Os parâmetros analisados foram: Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO), Oxigênio Dissolvido, Sólidos Totais, Nitrogênio Amoniacal, Turbidez, Cádmio Total,
Demanda Química de Oxigênio (DQO), Óleos e Graxas, Nitrogênio Total, Chumbo Total,
Surfactantes, Herbicida 2,4 - D {éster amina do ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D)},
Diazinon, Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno, Xilenos, Coliformes Fecais e Coliformes Totais.

Foram definidos três pontos de coleta, no lançamento de águas pluviais situados na Orla do
Lago Paranoá (Figura 34), sendo estes representativos para toda a área do
empreendimento: P-01 - À direita da sede do Pontão do Lago Sul (água pluvial); P-02 - No
centro do Pontão do Lago Sul (água pluvial); P-03 - Á esquerda da sede do Pontão do Lago
Sul (água pluvial). As coletas foram realizadas em três campanhas, com replicatas, nos dias
31/01/2006, 16/02/2006 e 14/03/2006 durante o período chuvoso, quando ocorre um aporte
mais significativo de águas pluviais ao Lago Paranoá.

As coletas foram realizadas com profundidade de no mínimo 10 cm, mantendo cuidado para
se preservar as amostras (CONTE & LEOPOLDO, 2001). Elas foram acomodadas em
frascos apropriados e acondicionadas em caixas de isopor e levadas para serem analisadas
no Laboratório Aqualit em Goiânia – GO e no Laboratório Bioagri Ambiental em Piracicaba –
SP. As metodologias utilizadas para as análises dos parâmetros requeridos são
recomendadas pelo Standard Methods for the examination of water and wastewater (2003).

31
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Resultados do monitoramento

Não há uma legislação específica que verse sobre padrões de lançamento de águas pluviais
coletadas em áreas externas de empreendimentos aos corpos receptores. Os resultados
obtidos foram comparados com a Resolução do CONAMA nº 357/05, art. 34 que estabelece
os padrões de lançamentos de efluentes em corpos de água, a título comparativo. A Tabela
02 a seguir apresenta uma síntese dos resultados das três campanhas.

32
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 2- Resultados dos parâmetros avaliados.
P – 01 P – 02 P - 03

Res.

1º Camp.
1º Camp.

2º Camp.

3º Camp.

1º Camp.

2º Camp.

3º Camp.

2º Camp.

3º Camp.
CONAMA
Parâmetros Unidades
357/05 art.
34

Turbidez 4,52 53,70 2,81 5,09 4,97 45,0 36,9 12,1 50,8 uT N.R
Nitrogênio Total 18,6 8,57 20,0 10,0 7,86 21,4 18,6 15,0 20,0 mg / L N N.R
Nitrogênio
1,43 5,71 4,29 2,86 4,29 2,86 1,45 3,57 2,9 mg / L N-NH3 20,0
Amoniacal
OD 7,5 5,7 7,5 7,6 5,8 7,4 7,1 6,4 6,5 mg / L O2 N.R
DBO5 Dias 1,5 15,0 0,5 1,6 3,0 4,5 1,9 17,0 2,0 mg / L O2 N.R
DQO 7,0 26,0 9,0 7,0 5,0 24,0 8,0 23,0 4,0 mg / L O2 N.R
OG V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A V.A mg / L 20,0
Sólidos Totais 30,0 120,0 60,0 20,0 30,0 130,0 110,0 50,0 100,0 mg / L N.R
Cádmio Total < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 mg/l Cd 0,2
Chumbo Total < 0,020 < 0,020 < 0,010 < 0,020 < 0,020 < 0,010 < 0,020 < 0,020 < 0,010 mg/l Pb 0,5
Surfactantes 0,11 0,95 0,41 0,15 1,04 0,11 0,15 0,12 0,29 mg / L L.A.S. N.R
N.M.P / 100
Coliforme Total 11.000,0 110.000,0 11.000,0 11.000,0 110.000,0 11.000,0 11.000,0 110.000,0 110.000,0 N.R
mL
Coliforme N.M.P / 100
140,0 2.800,0 AUSENTE 11.000,0 110.000,0 2.300,0 11.000,0 700,0 2.300,0 N.R
Termotolerante mL
2,4 – D < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 g / L N.R
Diazinon < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 mg / L N.R
Benzeno < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 mg / L N.R
Tolueno <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 g / L N.R
Etilbenzeno <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 g / L N.R
Xilenos <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 g / L N.R
Legenda: V.A = Virtualmente Ausente, N.R = Não Recomendável.
Fonte: Arquivo Público do DF.

33
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Todos os parâmetros analisados, como demonstra a Tabela 02, apresentaram valores abaixo
dos estabelecidos pela legislação supracitada, não representando, portanto, riscos de
alterações aos padrões de qualidade das águas do Lago Paranoá no trecho em questão.

A Tabela 03 a seguir, apresenta um resumo das características qualitativas das águas de


precipitação e de escoamento superficial, segundo BERNARDES & SOARES (2005).

Tabela 3 - Características qualitativas das águas de precipitação e de escoamento superficial.


Escoamento
Parâmetros Precipitação Unidades
Superficial
Sólidos em suspensão - 67 - 190 mg/L
DBO 1 - 13 8 - 30 mg/L
DQO 9 - 16 40 - 73 mg/L
Coliformes totais - 104 - 107 NMP/100mL
Coliformes fecais - 103 - 106 NMP/100mL
Estreptococos fecais - 104 - 105 NMP/100mL
Amônia - 0,5 - 1,5 mg/L
Nitrato 0,05 - 1,00 0,48 - 0,91 mg/L
Fósforo total 0,02 - 0,15 0,67 - 1,66 mg/L
Chumbo 0,03 - 0,07 0,03 - 0,12 mg/L
Zinco - 0,135 - 0,490 mg/L
Fonte: BERNARDES & SOARES (2005).

Os resultados obtidos nas três amostragens indicaram que os principais parâmetros estiveram
dentro da faixa característica conforme apresentado na Tabela 03, inferindo, portanto, que as
águas pluviais que escoam na área do empreendimento apresentaram concentrações
compatíveis de águas pluviais de áreas urbanas, não causando maiores interferências na
qualidade do Lago Paranoá no período da amostragem.

As análises demonstraram que as amostras coletadas no trecho do Centro de Lazer Pontão do


Lago Sul em janeiro, fevereiro e março de 2006 estão dentro dos parâmetros exigidos pela
Resolução do CONAMA nº 357/2005. Vale ressaltar, porém, a possível influência da
sazonalidade na qualidade das águas do Lago, sendo de suma importância à análise e
comparação de dados levando em consideração os distintos períodos sazonais.

Além das amostras coletadas para o monitoramento realizado pelo Centro de Lazer Pontão do
Lago Sul, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB executa um
rígido controle da qualidade da água do Lago Paranoá. É mantido um programa semanal de
balneabilidade que estabelece as áreas próprias para recreação e lazer, com base no
parâmetro Escherichia coli, segundo a frequência de coleta e metodologia de análise dos
resultados proposta na Resolução nº 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA,
datada de 29 de novembro de 2000. A seguir, são apresentados nas Figuras 28 a 30 alguns
mapas de balneabilidade fornecidos pelo site da CAESB (www.caesb.df.gov.br).

A Figura 28 apresenta um mapa de balneabilidade do Lago Paranoá de fevereiro de 2006, que


coincide com o período de amostragem do monitoramento apresentado anteriormente. E as
Figuras 29 e 30 apresentam mapas de dois meses e períodos sazonais distintos de 2012
(chuva: feveiro; seca: julho), que contemplam nove pontos de monitoramento (conforme
legenda das figuras) ao longo da orla do Lago.

De acordo com a Figura 28, observou-se que a maioria dos pontos de monitoramento
apresentaram resultados classificados como „excelente‟ quanto à balneabilidade do lago. Já as
Figuras 29 e 30 demostraram que em ambos os períodos sazonais a qualidade da água do
Lago Paranoá manteve-se como excelente em todos os pontos de monitoramento, bem como
em locais onde há o lançamento de águas pluviais.

34
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 28 - Mapa de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro de
2006. Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

35
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 29 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em fevereiro de
2012 (período de chuva). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

36
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 30 - Mapas de Balneabilidade do Lago Paranoá realizado pela CAESB, Brasília-DF, em julho de 2012
(período de seca). Fonte: CAESB-Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

37
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4.7. Levantamento de Ruído

Considerando a significância da pressão sonora sobre a saúde humana, a Organização


Mundial de Saúde referiu-se aos seus efeitos conforme a Tabela 04 a seguir.

Tabela 4 - Impactos de Ruídos na Saúde.


Volume Reação Efeitos Negativos Exemplo de Exposição
Confortável (limite Rua sem tráfego,
estabelecido pela
Até 50 dB Nenhum
Organização Mundial da Funcionamento de uma
Saúde) geladeira.
Acima de 50 dB Organismo Humano começa a sofrer impactos do ruído
Diminuição do poder de
Estado de alerta, Agência bancária, ar
concentração, baixa na
De 55 a 65 dB incapacidade de condicionado, conversa
produtividade intelectual e
relaxamento. em um tom normal.
distúrbios do sono.
Aumento do nível de
cortisona no sangue,
diminuindo a resistência
Organismo reage tentando
De 65 a 70 dB (início imunológica. Liberação de Bar ou restaurante
se adequar ao ambiente,
das epidemias de ruído) endorfina, tornando o lotado.
minando as defesas.
organismo dependente.
Aumento da concentração de
colesterol no sangue.
Praça de alimentação de
Irritação, aumento do risco
Organismo sujeito a shoppings, ruas de
de enfarte, infecções, entre
Acima de 70 dB estresse degenerativo e tráfego intenso,
outras sérias doenças.
abalos na saúde mental. liquidificador, moto-
Danos ao sistema auditivo.
serra.
Fonte: OMS, 2001.

A zona de amortecimento da área em estudo é exclusivamente residencial e devem seguir as


orientações estabelecidas na Lei nº 1065, de 06 de maio de 1996, que dispõe sobre normas
de preservação ambiental quanto à poluição sonora e dá outras providências. Diagnosticou-se
que os ruídos gerados na zona de amortecimento pouco interferem na qualidade ambiental da
unidade, constatando-se como maior gerador de ruído o tráfego de veículos nas ruas que
circundam a ARIE do Bosque.

Em seguida, apresenta-se a legislação que dispõe sobre as normas de preservação ambiental


quanto à poluição sonora no Distrito Federal.

38
Plano de Manejo ARIE do Bosque
LEI Nº 1.065, DE 06 DE MAIO DE 1996.
DODF DE 07.05.1996.
Dispõe sobre normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora e dá outras
providências.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL FAZ SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA
DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Art. 1º Esta Lei estabelece às normas de preservação ambiental quanto à poluição sonora,
fixando níveis máximos de emissão de sons e ruídos, de acordo com o local e a duração da fonte.
§ 1º Considera-se poluição sonora qualquer som indesejável, principalmente quando
interfere em atividades humanas ou ecossistemas a serem preservados.
§ 2º Considera-se som o fenômeno acústico que consiste na propagação de ondas sonoras
produzidas por um corpo que vibra em meio material elástico.
§ 3º Considera-se ruído o som constituído por grande número de vibrações acústicas com
relações de amplitude e fase distribuídas ao acaso.
Art. º É proibido perturbar o sossego e o bem-estar público e da vizinhança pela emissão
de sons de qualquer natureza que ultrapassem os níveis máximos de intensidade fixados nesta Lei.
Art. 3º Os níveis sonoros máximos permitidos em ambientes externos e internos são os
fixados pelas Normas 10.151, Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o Conforto da
Comunidade, e 10.152, Níveis de Ruído para Conforto Acústico, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
Parágrafo único - A concessão ou a renovação de licença ambientar ou alvará de
funcionamento estão condicionadas a vistoria prévia que comprove tratamento acústico compatível com
os níveis sonoros permitidos nas áreas em que estiverem situados.
Art. 4º As atividades relacionadas com construção civil, reformas, consertos, operações de
carga e descarga não passíveis de confinamento ou que, apesar de confinadas, ultrapassem o nível
sonoro máximo para elas admitido, somente podem ser realizadas no horário de 7 horas às 16 horas, se
contínuas, e no de 7 horas às 19 horas, se descontínuas.
Parágrafo único - As atividades mencionadas no caput somente podem funcionar aos
domingos e feriados mediante licença especial, com discriminação de horários e tipos de serviços
passíveis de serem executados.
Art. 5º A emissão de ruídos por veículos automotores obedecerá aos limites fixados pelas
Resoluções nº 1, de 17 de setembro de 1992 e nº 2, de 11 de fevereiro de 1993, do Conselho Nacional
de Meio Ambiente - CONAMA.
Art. 6º É proibida a utilização, por veículos automotores, de buzinas, sinais de alarme e
outros equipamentos similares, nas proximidades de hospitais, prontos-socorros, sanatórios, clínicas e
escolas.
Art. 7º A sinalização de silêncio nas proximidades de clínicas, hospitais, prontos-socorros,
sanatórios e escolas serão implantados pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal - DETRAN,
levando em conta as condições de propagação de som, com o fim de proteger as referidas instituições.
Art. 8º Todos os equipamentos, máquinas e motores que produzam sons excessivos ou
ruídos incômodos devem utilizar dispositivos para controle da poluição sonora.
Art. 9º Não estão sujeitos às proibições desta Lei os sons produzidos pelas seguintes
fontes:
I - sirenes ou aparelhos sonoros de viaturas quando em serviços de socorro ou de
policiamento;
II - detonações de explosivos empregados em demolições, desde que em horário
previamente aprovado pelo setor competente.

39
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Art. 10. Não se admitem sons provocados por criação, tratamento ou comércio de animais
que incomodem a vizinhança.
Art. 11. As fontes de som de área determinada não podem transmitir para outra área mais
restritiva níveis de som que ultrapassem os máximos fixados para esta última.
Art. 12. Para efeito desta Lei, as medições de nível de som devem ser realizadas por
instrumento adequado, em decibel, e seguir a metodologia estabelecida pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
Art. 13. A Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia - SEMATEC, no que
concerne ao controle da poluição sonora, fica incumbida de:
I - estabelecer normas de controle e redução da poluição sonora no Distrito Federal;
II - exercer a fiscalização e o poder de polícia quando necessário;
III - exigir o cumprimento desta Lei quando da concessão ou renovação das licenças
ambientais;
IV - executar programa de monitoramento da poluição sonora.
V - executar programa de educação e conscientização da população.
Art. 14. Incumbe à Secretaria de Saúde a implantação de programa de monitoramento de
níveis de audição da população e, em colaboração com a Secretaria de Educação, a realização de
exames auditivos em escolares.
Art. 15. Os padrões adotados devem ser revistos a cada dois anos e incorporar os novos
conhecimentos nacionais e internacionais e os resultados do monitoramento realizado no Distrito
Federal.
Art. 16. Os infratores do disposto nesta Lei sujeitam-se às penalidades previstas na Lei nº
41, de 13 de setembro de 1989, Lei da Política Ambiental do Distrito Federal.
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 18. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 06 de maio de 1996.
108º da República e 37º de Brasília.
CRISTOVAM BUARQUE
Este texto não substitui o publicado na imprensa oficial.

40
Plano de Manejo ARIE do Bosque
4.8. Análise da Paisagem

A paisagem é definida como uma unidade ambiental heterogênea, constituída por um mosaico
de unidades ou partes interativas de habitat (RICKLEFS, 1996).

Em paisagens naturais, as unidades de habitat podem ser representadas por florestas,


cerrados, campos, ambientes rupestres, ambientes aquáticos e outros ecossistemas. Já em
paisagens antrópicas, além de fragmentos desses ecossistemas, são observadas,
principalmente, culturas agrícolas, plantios florestais, pastagens e outras unidades de uso e
ocupação da terra. Os fatores geomorfológicos, geológicos e climáticos, entre outros, moldam
toda a paisagem e ambientes que contribuem para delinear seus atributos físicos, químicos e
biológicos (FORMAN & ZONNEVELD, 1990).

Na ARIE do Bosque, a paisagem é caracterizada pelo Cerrado antropizado. Trata-se de uma


área de pequenas dimensões que, à exceção de algumas garças e capivaras que
eventualmente transitam no local, e da peculiaridade de encontrar-se às margens do Lago
Paranoá, possui espécies isoladas de árvores nativas do cerrado, entremeadas por árvores
exóticas e frutíferas, com a predominância de gramíneas exóticas (Figura 31 a 34).

A área tem características típicas das demais áreas verdes às margens do Lago Paranoá,
localizadas no entorno das moradias dos Setores de Habitações Individuais dos Lagos Sul e
Norte, ou seja, área degradada, invadida por cercas, ancoradouros e atracadouros construídos
pelos proprietários dos lotes.

Figura 31- Predominância de gramínea, jan. 2007. Figura 32- Bosque dos Eucaliptos, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

41
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 33 - Eucaliptos caídos, jan. 2007. Figura 34 - Margens do lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

42
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

5.1. Flora

O Bioma Cerrado possui alta riqueza específica, grande endemismo e grande


heterogeneidade espacial (MACHADO et al. 2008), sendo atualmente considerada a savana
mais rica no mundo (MYERS et al. 2000, FURLEY, 1999). Riqueza esta relacionada às
diferentes fitofisionomias, que variam desde formações campestres até formações florestais
(MACHADO et al. 2004).

Ocorrem aqui cerca de 12 mil espécies em sua flora vascular de acordo com recentes
atualizações (MENDONÇA et al. 2008). No entanto, cobertura vegetal original no Bioma
Cerrado se encontra bastante fragmentada, e em ritmo acelerado, vem desaparecendo. Alho &
Martins (1995) destacaram o desmatamento entre as principais ameaças à biodiversidade do
Cerrado, juntamente com o fogo de origem antrópica, a introdução de espécies exóticas
invasoras e a redução da fauna.

Um estudo recente, que utilizou imagens do satélite MODIS do ano de 2002, concluiu que 55%
do Cerrado já foram desmatados ou transformados pela ação humana (MACHADO et al. 2004).
Esse fato, somado à distribuição restrita das espécies (FELFILI et al. 2001) e ao pequeno
percentual de 1,1% da área legalmente declarados como Área de Proteção Ambiental e aos
2,5% declarados como de Preservação Permanente, dão ideia dos riscos de perda das
informações sobre a florística da região (UNESCO, 2000).

O Distrito Federal (DF), localizado na área nuclear do Bioma Cerrado, tem sofrido acelerada
ação depredatória dos recursos naturais. Em um período de 44 anos após o início de sua
ocupação, 73.8% da cobertura original de Cerrado já foram perdidos (FELFILI, 2000). As
Unidades de Conservação (UC) do DF ocupam o total de 42% de sua área física, mas muitas
dessas áreas, inclusive as Áreas de Proteção Ambiental, encontram-se invadidas por
edificações ilegais, o que leva a contaminação e assoreamento dos corpos d„água e
consequente queda da biodiversidade (FELFILI et al. 2001).

5.1.1. Caracterização da vegetação da ARIE do Bosque

Na área de abrangência da ARIE do Bosque, existe pouquíssima vegetação nativa


remanescente devido à expansão da área urbana e as ocupações impróprias ao seu entorno,
estando a ARIE totalmente descaracterizada em sua vegetação natural, pois sua flora original
foi em grande parte substituída indivíduos não nativos deste Bioma.

Desta forma, essa área apresenta características de um cerrado “antropizado” que pouco
preserva suas características originais, principalmente com relação a sua vegetação lenhosa.
O mapa de vegetação trás a delimitação da fisionomia na ARIE do Bosque (ANEXO 1 –Mapa
de Vegetação da AIRE do Bosque).

A vegetação foi identificada através de um levantamento florístico foi realizado por


caminhamento em toda a área (FILGUEIRAS et a 1994). Neste caminhamento, todas as
espécies arbóreas encontradas foram identificadas e discriminadas em uma planilha de campo
como nativas ou exóticas do Bioma Cerrado conforme tabela 5. Os indivíduos não
identificados em campo foram coletados e herborizados para posterior consulta à especialistas

43
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e à bibliografia especializada. A nomenclatura utilizada para a confecção da lista de espécies
seguiu o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group (APG II, 2003). A grafia
correta dos nomes científicos e os autores das espécies foram confirmados na base de dados
“TreeAtlan 2.0” disponível na internet (OLIVEIRA-FILHO, 2010).

A tabela 3 também apresenta a síndrome de dispersão, polinização e os meses de floração e


frutificação das espécies encontradas. Ao total, foram encontradas 48 espécies lenhosas,
sendo 32 nativas do Cerrado e 16 exóticas.

As áreas degradadas da ARIE do Bosque apresentam solo compactado devido à presença de


animais domésticos como cavalo e pessoas que constantemente passam pela área com
veículos automotores. Além da retirada seletiva da vegetação, observam-se também algumas
árvores com sinais de queimada em seus troncos, evidenciando a passagem de fogo no local.
Situação comum no Distrito Federal, principalmente no período de agosto a setembro (período
seco). Assim sendo, os processos de degradação da ARIE do Bosque, mais que à ocorrência
de fogo e compactação do solo deve-se à interferência antrópica através de desmatamento,
abertura de estradas, extração de madeira, construção de casas e suas expansões.

Conforme observado, toda a área se encontra em estado degradado. Em alguns pontos, este
grau de degradação é mais elevado que em outros. Isso também se deve a grande presença
de espécies exóticas, como gramíneas de origem africana, Brachiaria sp. e Panicum maximum
Jacq. (Figura 35), que possuem caráter invasor, devido à alta capacidade de colonizar áreas
degradadas e concorrer em água e nutrientes com as espécies nativas. As gramíneas
africanas são as espécies de caráter invasor mais comum em áreas de Cerrado (MISTY,
1998).

44
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 5. Indivíduos nativos e exóticos identificados em levantamento florístico realizado na “ARIE do Bosque” no Distrito Federal, com os respectivos meses de
floração, frutificação, síndromes de polinização e dispersão de sementes.
Mês de
Mês de Síndrome de Síndrome de Nativa/
Nome Popular Nome Científico Família Frutificaçã
Floração Dispersão Dispersão exótica
o
1 Macaúba Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. ARECACEAE out-jan set-jan cantarofilia zoocoria nativa
2 Milho-de-grilo Aegiphila lhotskiana Cham. LAMIACEAE jul-set nov-jan melitofilia zoocoria nativa
3 Albizia Albizia sp. FABACEAE - - ornitofilia anemocoria nativa
4 Caju Anacardium sp. ANACARDIACEAE - - entomofilia zoocoria nativa
5 Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan FABACEAE nov-jan jul-ago entomofilia anemocoria nativa
6 Araticum Annona sp. ANNONACEAE jan-mar - cantarofilia zoocoria nativa
7 Jaca Artocarpus heterophyllus Lam MORACEAE nov-dez - anemofilia barocoria exótica
8 Primavera Bougainvillea glabra Choisy. NYCTAGINACEAE nov-fev mar-mai entomofilia anemocoria exótica
9 Murici Byrsonima pachyphylla A.Juss. MALPIGHIACEAE mai-out jun-jul melitofilia zoocoria nativa
10 Guanandi Calophyllum brasiliense Cambess. CLUSIACEAE ago-nov mai-nov melitofilia zoocoria nativa
11 Jequitibá Cariniana sp. LECYTHIDACEAE - - melitofilia zoocoria exótica
12 Chuva-de-ouro Cassia fistula L. FABACEAE entomofilia autocoria exótica
13 Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. FABACEAE set-mar mai-out entomofilia zoocoria nativa
14 Jacarandá-do-cerrado Dalbergia miscolobium Benth. FABACEAE novo-mai mai-jul melitofilia anemocoria nativa
15 Pingo-de-ouro Duranta repens L. VERBENACEAE set-jan abr-jul entomofilia zoocoria exótica
16 Corticeira Erythrina velutina Wild. FABACEAE ago-dez jan-fev entomofilia autocoria nativa
17 Eucalipto Eucaliptus sp. MYRTACEAE - - entomofilia anemocoria exótica
18 Eucalipto-prateado Eucalyptus cinerea F. Muell. ex Benth. MYRTACEAE abr-set set entomofilia anemocoria exótica
19 Pitanga Eugenia uniflora L. MYRTACEAE ago-set out-jan entomofilia zoocoria nativa
20 Ficus Ficus benjamina Linn. MORACEAE - abr-jun entomofilia zoocoria exótica
21 Figueira-do-brejo Ficus insipida Willd. MORACEAE jul-set jan-fev entomofilia zoocoria nativa
22 Genipapo Genipa americana L. RUBIACEAE out-dez nov-jan entomofilia zoocoria exótica
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.)
23 Ipê-rosa BIGNONIACEAE mai-ago set-out entomofilia anemocoria nativa
Mattos
24 Ipê-amarelo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O.Grose BIGNONIACEAE ago-nov out-dez entomofilia anemocoria nativa
25 Ingá-amarelo Inga laurina (Sw.) Willd. FABACEAE - - fanelofilia zoocoria nativa
26 Ingá-feijão Inga marginata Willd. FABACEAE - - fanelofilia zoocoria nativa

45
Plano de Manejo ARIE do Bosque
27 Jacarandá-muchiba Machaerium opacum Vogel FABACEAE out-jan jan-abr entomofilia anemocoria nativa
28 Manga Mangifera indica L. ANACARDIACEAE abr-jun set-dez entomofilia zoocoria exótica
29 Amora Morus sp. MORACEAE set-out out-nov melitofilia zoocoria exótica
anemocoria/
30 Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemao ANACARDIACEAE jun-jul set-out entomofilia nativa
autocoria
31 Pau-bálsamo Myroxylon peruiferum L.f. FABACEAE mai-ago set-dez ornitofilia anemocoria nativa
32 Vassoura-de-bruxa Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill. OCHNACEAE jul-out out-jan melitofilia zoocoria nativa
33 Monguba Pachira aquatica Aubl. MALVACEAE set-nov abr-jun entomofilia barocoria exótica
34 Marmeleiro-do-campo Plenckia populnea Reissek CELASTRACEAE out-nov jul-ago entomofilia anemocoria nativa
35 Grão-de-galo Pouteria torta (Mart.) Radlk SAPOTACEAE abr-set out-fev Falenofilia zoocoria nativa
36 Protium Protium sp. ANACARDIACEAE - - melitofilia zoocoria nativa
37 Goiaba Psidium grajava L. MYRTACEAE set-out dez-mar entomofilia zoocoria nativa
38 Pau-terra-grande Qualea grandiflora Mart. VOCKYSIACEAE ago-abr dez-set melitofilia anemocoria nativa
39 Pau-terra-miúdo Qualea multiflora Mart. VOCKYSIACEAE mai-out set-out melitofilia anemocoria nativa
40 Guapuruvu Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake FABACEAE ago-nov mar-jun melitofilia autocoria exótica
41 Acacia Senegalia sp. FABACEAE - - melitofilia autocoria nativa
42 Tulipeira Spathodea campanulata Beauv. BIGNONIACEAE abr-mai jul-set melitofilia anemocoria exótica
43 Jambolão Syzygium cumini (L.) Skeels. MYRTACEAE jan fev entomofilia anemocoria exótica
Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook.f. ex
44 Caraiba BIGNONIACEAE jul-set set-out entomofilia anemocoria nativa
S.Moore
45 Pombo Tapirira sp. ANACARDIACEAE - - melitofilia zoocoria nativa
46 Ipê-mirim Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth. BIGNONIACEAE ago-set set-out entomofilia anemocoria exótica
47 Quaresmeira Tibouchina candolleana (Mart. ex DC.) Cogn. MELASTOMATACEAE set-out jun-set entomofilia anemocoria nativa
48 Assapeixe Vernonia polyanthes Less. ASTERACEAE jul-ago set-nov melitofilia anemocoria nativa

46
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 35 - Predominância de gramíneas invasoras na ARIE do Bosque DF, Fev. 2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Além destes indivíduos exóticos de caráter invasor que são encontrados de forma
isolada na paisagem, dentro da ARIE do Bosque é possível observar que foram
realizados alguns plantios de espécies exóticas como Cariniana sp., Spathodea
campanulata, Syzygium cumini, Tecoma stans, Ficus benjamina e Eucalyptus cinerea
(Figura 37), que é provavelmente um dos mais antigos devido ao porte das árvores.

Figura 36 – Spathodea campanulata, espécie exótica presente na ARIE do Bosque-Df, Fev. 2012.
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

47
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 37 – Povoamento de Eucalyptus cinerea, ARIE do Bosque- DF, Fev. 2012. Fonte:Equipe
Técnica Neotropica

Espécies frutíferas de origem exótica também são frequentemente encontradas no


local, Mangifera indica (Manga) (Figura 38a). Artocarpus heterophyllus (Jaca) (Figura
38b).

Figura 38 (a,b) – Espécies frutíferas exóticas encontradas na ARIE do Bosque-DF, Fev,2012.


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Todas as espécies nativas encontradas apresentaram baixa quantidade de indivíduos,


um só indivíduo por espécie em sua maioria, desta forma não foi possível
localizar/identificar árvores matrizes ou porta-semente naquela comunidade.
Principalmente se levarmos em consideração que para espécies alógamas, um grande
número de sementes (centenas que sejam) tomadas de uma única planta não possui

48
Plano de Manejo ARIE do Bosque
representatividade genética de uma população (VENCOVSKY, 1987). A Figura 39
mostra alguns indivíduos que ocorreram apenas uma única vez no levantamento.

Machaerium opacum Copaifera langsdorffii

Plenckia populnea Annona sp.

Dalbergia miscolobium Tabebuia aurea

Figura 39. Espécies nativas encontradas na ARIE do Bosque-DF com apenas um indivíduo cada,
Fev. 2012. Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Sendo assim, a seleção dos indivíduos para coleta de sementes deve pressupor a
obtenção da maior dissimilaridade possível, objetivando maior variabilidade genética
no lote de sementes (FOWLER, 2008), desta forma a variabilidade genética obtida a
partir da coleta de apenas um indivíduo não é geneticamente interessante do ponto de
vista da conservação.

49
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.1.2. Recomendações para o controle das espécies exóticas

Para que a área recupere suas funções ecológicas a curto e longo prazo, recomenda-
se que seja realizado um trabalho conjunto de controle das espécies exóticas
invasoras e enriquecimento com espécies nativas na ARIE do Bosque. Espécies como
Ficus benjamina, Tecoma stans, Eucalyptus cinerea, Syzygium cumini, Duranta repens
e Cariniana sp. devem ser gradativamente removidas da área, para posterior
substituição por espécies nativas.

A Tabela 6 apresenta algumas espécies recomendadas para plantio na área. Essa


listagem baseia-se nas principais espécies encontradas em um levantamento
realizado na APA do Paranoá por Assunção & Felfili, (2004), e também apresenta
espécies mais abundantes em solos com maior teor de umidade da região (mal
drenados) (GUARINO & WALTER, 2005; DIETZSCH et al. 2006; FELFILI, 1997),
sendo desta forma, sugeridas para plantio às margens do lago no perímetro da ARIE.

Tabela 6 – Principais espécies amostradas em um levantamento florístico na APA do Paranoá


recomendadas para o plantio de enriquecimento na ARIE do Bosque.
N° Nome Popular Nome científico Família Ambiente
Stryphnodendron adstringens (Mart.)
1 Barbatião FABACEAE Bem drenado
Cov.
Laranjinha-do-
2 Styrax ferrugineus Nees & Mart. STYRACACEAE Bem drenado
cerrado
3 Vassoura-de-bruxa Ouratea hexasperma (St. Hil.) Baill. OCHNACEAE Bem drenado
4 Pequi Caryocar brasiliense Cambess. CARYOCARACEAE Bem drenado
5 Pau-santo Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. CLUSIACEAE Bem drenado
6 Murici Byrsonima coccolobifolia Kunth BIGNONIACEAE Bem drenado
Jacarandá-do-
7 Dalbergia miscolobium Benth. FABACEAE Bem drenado
cerrado
8 Marmelo-do-cerrado Plenckia populnea Reissek CELASTRACEAE Bem drenado
Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.)
9 Paineira MALVACEAE Bem drenado
Schott & Endl.
Piptocarpha rotundifolia (Less.)
10 Coração-de-negro ASTERACEAE Bem drenado
Baker
11 Araticum Annona crassiflora Mart. ANNONACEAE Bem drenado
12 Sapatinho-de-judeu Connarus suberosus Planch. CONNARACEAE Bem drenado
13 Pombo Tapirira guianensis Aubl. ANACARDIACEAE Mal Drenado
14 Protium Protium spruceanum (Benth.) Engl. ANACARDIACEAE Mal Drenado
15 Guanandi Calophyllum brasiliense Cambess. CLUSIACEAE Mal Drenado
16 Pindaíba Xylopia emarginata Mart. ANNONACEAE Mal Drenado
17 Brinco-d'agua Ferdinandusa speciosa Pohl RUBIACAE Mal Drenado
18 Pixirica Miconia dodecandra (Desr.) Cogn. MELASTOMATACEAE Mal Drenado
Protium heptaphyllum (Aubl.)
19 Protium ANACARDIACEAE Mal Drenado
Marchand

Além de plantios de enriquecimento na área, recomenda-se que sejam realizados


programas de educação ambiental junto à comunidade do entorno e aos visitantes da
ARIE do Bosque, como forma de conscientizar seus frequentadores sobre a
importância desta área verde urbana e de como eles podem contribuir para a melhoria
da qualidade ambiental do local e preservação de suas espécies em compatibilidade
com os objetivos de uso.

50
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2. Fauna

A ARIE do Bosque é uma unidade em que as características naturais foram


degradadas ao longo do tempo, especialmente a partir da década de 1960, quando da
construção da ponte Costa e Silva.

O roteiro metodológico do IBAMA para elaboração de Planos de Manejo prevê a


realização de mais de uma etapa no estudo. Com isso, num primeiro momento foi
realizado um checklist (listagem) preliminar das espécies existentes na área, no
período de janeiro a março de 2006 e Fevereiro de 2012, fazendo-se alguns
relacionamentos com o ambiente estudado. Posteriormente, na segunda fase, deverão
ser realizadas campanhas ao longo do ano, a fim de verificar as dinâmicas
populacionais, permitindo a integração de dados, principalmente por ser uma área
antropizada, onde com a execução do Plano de Manejo, pretende-se recuperar o local.
Recomenda-se que este trabalho seja feito junto às universidades. Segue abaixo uma
relação das espécies encontradas no local.

5.2.1. Local da amostragem

A área em estudo apresenta-se altamente convertida, com cobertura vegetal


caracterizada predominantemente por uma matriz de gramínea e a presença de
árvores e arbustos esparsos, algumas das quais exóticas, com a inexistência de
floresta ciliar nas margens do lago Paranoá (Figuras 30 a 43).

Figura 40. Visão geral da área em estudo. Ao fundo Figura 41. Vista geral da ARIE do Bosque, com
e esquerda da figura, observa-se imóveis presença de árvores esparsas.
residenciais. Fonte: Equipe Técnica Neotropica
Fonte: Equipe Técnica Neotropica

51
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 42. Visão geral da área em estudo. Figura 43. ARIE do Bosque. Ao fundo, o lago
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Paranoá. Fonte:Equipe Técnica Neotropica

5.2.2. Invertebrados

Os invertebrados são conhecidos pela sua grande diversidade de espécies, com as


mais diferentes formas e funções. Os invertebrados estão ganhando cada dia mais
importância nos trabalhos de inventários de fauna, relatórios de impacto e
monitoramento ambiental. Além de ser um grupo megadiverso dentre os animais, eles
ainda possuem grande importância ecológica e econômica (CHAPMAN, 1998).

Esses animais participam de vários processos ecológicos de fundamental importância


para a manutenção dos ambientes. Processos como a predação, alimentando-se ou
servindo de alimento para outros animais, a polinização, transportando o pólen de uma
planta para outra, e outros processos de interação inter ou intraespecíficos
(CHAPMAN, 1998; JOHNSON & TRIPLEHORN, 2005). Além dos interesses
ecológicos já citados, também se destacam os interesses econômicos, ou seja, os
impactos diretos que os invertebrados causam para o ser humano, como a utilização
deles para o controle de pragas em lavouras, a transmissão de doenças e vários
outros (MURDOCH et al., 1972; CONSOLI & OLIVEIRA, 1998; NASCIMENTO &
HABIBE, 2009).

Dentre os invertebrados, podemos destacar alguns táxons, como os filos,


Platyhelminthes, Mollusca, Annelida, Arthropoda e Nematoda, esses cinco filos
compõem uma parte considerável da quantidade total de espécies de invertebrados.
Dentre esses filos, os Arthropoda ou artrópodes, têm recebido maior ênfase nos
estudos, principalmente pelo fato de ser o filo com o maior número de espécie entre os
animais (RUPPERT et al., 2005). Os artrópodes são divididos em dois táxons, os
Chelicerata, composto pelos artrópodes que possuem quelíceras, como as aranhas e
escorpiões. E os Mandibulata, artrópodes que possuem mandíbula. Sendo que, os
Mandibulata são divididos em outros dois táxons, os Crustacea ou crustáceos, como
os caranguejos, camarões, lagostas e tatuzinhos-de-jardim, e os Tracheata, como os
insetos, as lacraias, piolho-de-cobra e outros. Inserido nos Tracheata, encontram-se
os Hexapoda, táxon composto por todos os artrópodes que possuem três pares de
patas. O maior táxon dentro de Tracheata é a classe Insecta, na qual estão presentes
todas as ordens de insetos (ROCHA et al., 1990; RUPPERT et al., 2005).

52
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2.2.1. METODOLOGIA

Procurou-se fazer um inventário preliminar da fauna de invertebrados presentes na


ARIE do Bosque, dando maior ênfase aos táxons endêmicos e exóticos além de suas
relações com o ambiente.

A coleta de dados dos invertebrados foi realizada através da observação na área e


coleta ativa utilizando pulsá. Os indivíduos foram coletados nos mais diversos habitats:
solo, grama, árvores, raízes de plantas aquáticas e na margem do lago.

Os invertebrados foram identificados com o auxilio de chaves de identificação


especializadas para cada grupo taxonômico, os moluscos foram identificados de
acordo com PONDER & LINDBERG (1997), PARAENSE (1981), PARAENSE (1986) e
MALEK (1985). Os anelídeos foram identificados de acordo com RIGHI et al (1984) e
RIGHI (1978). Os artrópodes foram identificados de acordo com Johnson & Triplehorn
(2005) e RUPPERT et al. (2005). A classe Branchiopoda foi identificada de acordo
com ELMOOR-LOUREIRO (1997); SOUSA e ELMOOR-LOUREIRO (2008). A classe
Maxillopoda foi identificada de acordo com MATSUMURA-TUNDISI & ROCHA (1983),
Dussart & FRUTOS (1985), Reid (1985) e os rotíferos foram identificados baseados
em SEGERS e SARMA (1993), KOSTE (2000) e SEGERS (2007).

5.2.2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observados na área em estudo, indivíduos pertencentes a quatro filos: Mollusca,


Annelida, Arthropoda e Rotifera. Desses filos o que possui maior representatividade é
o Arthropoda, do qual, destaca-se a classe Insecta pela sua grande diversidade e
abundância de indivíduos. Foram encontradas todas as principais ordens de insetos,
em habitats aquáticos e terrestres. As principais ordens de inseto foram Odonata,
Isoptera, Lepidoptera, Hymenoptera, Coleoptera e Diptera.

Os representantes da ordem Odonata, vulgarmente conhecidos como libélulas,


possuem sua fase imatura aquática e sua fase adulta terrestre e com grande
capacidade de voo (DE MARCO & VIANNA, 2005). Na área de estudo encontrou-se
as seguintes famílias de Odonata: Aeshnidae, Calopterygidae, Gomphidae e
Libellulidae. Os odonatas são importantes predadores de girinos, ainda na fase
imatura e também participam da polinização das plantas floridas. Possuem ampla
distribuição no Brasil, sendo os gêneros encontrados na ARIE do Bosque, muito
comuns: Castoraeschna, Hetaerina, Zonophora e Elasmothemis.

Outra ordem que também é observada com frequência na área em estudo foi a ordem
Isoptera, vulgarmente conhecidos como cupins. Os cupins constroem seus ninhos em
diversos habitats, podem ser visíveis na superfície do solo (epígeos), acima da
superfície (arbóreos), ou podem ser inteiramente subterrâneos (hipógeos)
(CONSTANTINO, 2002). Estes ninhos são construídos de vários tipos de materiais,
incluindo solo, fezes, material vegetal e saliva. Os cupinzeiros são utilizados por outros
animais como abrigo (aranhas, escorpiões, lacraia, opiliões, formigas e alguns
vertebrados, como calangos, rãs e cobras) ou como local de nidificação (algumas aves,
ratos, muitas abelhas, vespas e besouros) (COSTA et al., 2009). Os cupins são
importantes nos processos de decomposição e reciclagem de matéria orgânica, como
folhas, galhos e troncos caídos. Na área em estudo foram encontrados cupins
pertencentes a duas famílias, Termitidae e Rhinotermitidae. Dentre os Termitidae,
destacam-se duas subfamílias, os Nasutitermitinae e os Termitinae, sendo elas, as
53
Plano de Manejo ARIE do Bosque
mais abundantes famílias de cupins que possuem soldados. Os gêneros encontrados
foram: Cornitermes (Figura 44), Syntermes, Nasutitermes, Velocitermes, Anoplotermes,
Coptotermes e Heterotermes (CONSTANTINO & DIANESE, 2001).

Figura 44. Termiteiro do gênero conitermes.


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

A ordem Lepidoptera possui ampla distribuição. Os lepidópteros além de servirem de


alimentos para outros animais são muito importantes no processo de polinização e
herbivoria das plantas (EMERY et al., 2006; Dessuy & Morais 2007). É um grupo
relativamente bem estudo na região do DF (BROWN & MIELKE, 1979a; MIELKE, 1976
e FERREIRA, 1982). Na área em estudo foram encontradas três famílias:
Nymphalidae, Pieridae e Papilionidae.

Outra ordem de importante interesse ecológico e econômico é a Hymenoptera, ordem


essa, representada pelas formigas, abelhas e vespas. Os himenópteros possuem
papeis fundamentais na manutenção do ambiente, também participam dos processos
de polinização e interagem com outras espécies através de parasitismo, competição e
predação (WILSON & HÖLLDOBLER, 2005; ELPINO-CAMPOS et al., 2007). A família
mais diversa da ordem Hymenoptera é a Formicidae, família composta por todas as
formigas. As formigas se organizam em colônias com uma organização social muito
complexa, assim como os cupins, e algumas abelhas e vespas são eussociais, ou seja,
possuem uma “socialidade verdadeira” (OSTER & WILSON, 1978; WILSON &
HÖLLDOBLER, 2005). Além dessa família, também se destaca as famílias
Anthophoridae e Apidae, a maioria das abelhas pertencem a essas duas famílias. Na
área de estudo encontrou-se os seguintes gêneros da família Formicidae: Ectatomma,
Hypoponera, Odontomacus, Pachycondyla, Solenopsis e Acromyrmex. Para as
famílias Anthophoridae e Apidae foram encontrados os gêneros: Centris, Xylocopa,
Tetragonisca, Apis. Das abelhas destacamos a espécie Apis mellifera, (Figura 45),
espécie exótica que rapidamente se espalhou por toda América do Sul (OLIVEIRA &
CUNHA 2005).

54
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 45. Apis mellifera, espécie exótica visitando uma flor, ARIE do Bosque, Brasília, DF
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

A ordem Coleoptera é a que possui a maior diversidade de espécies entre os insetos


(CHAPMAN, 1998; JOHNSON & TRIPLEHORN, 2005). Os coleópteros possuem
corpo rígido, suas asas anteriores possuem uma forte quitinização, tornando-se rígida
e muito resistente, essa estrutura recebe o nome de élitro. Por possuir uma grande
diversidade de espécies a taxonomia de algumas famílias não é bem resolvida, o que
dificulta sua identificação a níveis mais específicos (PINHEIRO et al., 1998; SEGURA
et al., 2011). A ordem possui espécies adaptadas aos mais variados habitats, podem
ser encontrados em ambientes terrestres, por exemplo, no solo, dentro de troncos
caídos e em troncos de árvores ainda vivas. Os coleópteros aquáticos possuem
adaptações próprias para o nado, nesses grupos a fase larval e a adulta são aquáticas
(MERRIT & CUMMINS, 1996; Segura et al., 2011). Além disso, os coleópteros
participam dos processos de decomposição de matéria orgânica, como troncos caídos
e fezes de animais. São importantes no processo de polinização de várias espécies de
plantas. Na área em estudo foram observadas as seguintes famílias: Carabidae,
Hydrophilidae, Lucanidae, Passalidae, Scarabaeidae (Figura 46), Elateridae, Lycidae,
Erotylidae, Coccinelidae, Cerambycidae, Chrysomelidae e Curculionidae.

Figura 46. Coleoptera da família Scarabaeidae


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Outra ordem de enorme importância ambiental, econômica e principalmente de saúde


pública é a ordem Diptera. Essa ordem engloba todas as espécies de moscas e
mosquitos. A maioria das espécies dessa ordem possuem a fase larval aquática e a
adulta terrestre e com grande capacidade de voo (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). O
homem enfrenta graves problemas com o combate e prevenção de alguns mosquitos,
55
Plano de Manejo ARIE do Bosque
pois são vetores de doenças graves causadas por vírus e protozoários. Das famílias
de dipteras transmissores de doenças, a família mais conhecida é a Culicidae,
representada por espécies como o Aedes aegypti e Anopheles darlingi, vetores da
dengue e da malária respectivamente (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). Na área em
estudo encontraram-se as famílias, Culicidae, Bibionidae, Chironomidae,
Ceratopogonidae, Tephridae, Drosophilidae e Musicidae.

Ainda dentro do filo Arthropoda, destaca-se o táxon Crustacea. Na ARIE do Bosque


foram encontradas as classes Brachipoda, representada pela ordem Cladocera. De
acordo com as pesquisas realizadas no Lago Paranoá em relação ao zooplâncton, as
espécies de cladóceros mais encontradas são: Bosmina hagmanni, Bosmina
longirostris, Bosmina tubicen, Diaphanosoma birgei, Moina micrura (ELMOOR-
LOUREIRO 1989). Na área, foram identificados as espécies Bosminia hagmanni e
Bosmina longirostris. Outra classe de Crustacea encontrada na área foi a Maxillopoda,
representada pela subclasse Copepoda, espécies de copépodos encontradas foram
Thermocyclops decipiens e Notodiaptomus cearensis (ROCHA, 1990). Os
representantes terrestres mais conhecidos entre os crustáceos são os tatuzinhos de
jardim (Figura 47), também encontrados na área de estudo, pertencem à classe
Malacostraca, ordem Isopoda. Participam principalmente da decomposição de matéria
orgânica e na alimentação de outros animais.

Figura 47. Tatuzinho-de-Jardim (Crustacea).


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Outro filo aquático encontrado na área em estudo é o Rotifera, representado pelas


espécies Trichocerca pusilla, Polyarthra vulgaris e Synchaeta pectinata.

Representantes do filo Mollusca também foram encontrados na ARIE do Bosque. Os


moluscos vivem nos mais diversos tipos de habitats, são terrestres, em sua grande
maioria pertencente a classe Gastropoda, aquáticos, representados pelas classes
Bivalvia e Cephalopoda (RUPPERT et al., 2005). Na área e em suas proximidades
foram encontradas as espécies Drepanotrema sp, Biomphalaria straminea,
Drepanotrema cimex. A espécie Biomphalaria straminea é um importante hospedeiro
intermediário da esquistossomose, Schistosoma mansoni, doenças essa muito comum
em regiões com pouca infraestrutura sanitária (TELES, 1996).

O filo Annelida, foi representado na ARIE por duas espécies, Pontoscolex sp, espécie
nativa da região e a espécie Pheretima hawayana, espécie exótica que exerce forte
pressão competitiva nas espécies nativas, pois possuem habitats semelhantes
(BROWN et al., 2006).

56
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Todos os táxons encontrados na ARIE do Bosque são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Lista de fauna invertebrada, observadas na ARIE do Bosque.


CLASSE CLITELLATA
ORDEM HAPLOTAXIDA
Família Megascolecidae
Phretima hawayana (Gates, 1926)
Família Glossoscolecidae
Pontoscolex sp

CLASSE BRACHIPODA
ORDEM CLADOCERA
Família Bosminidae
Bosmina hagmanni (Stingelin, 1904)
Bosmina longirostris (Müller, 1776)

CLASSE INSECTA
ORDEM COLEOPTERA
Família Carabidae
Família Cerambycidae
Família Chrysomelidae
Família Coccinelidae
Família Curculionidae
Família Elateridae
Família Erotylidae
Família Hydrophilidae
Família Lucanidae
Família Lycidae
Família Passalidae
Família Scarabaeidae
ORDEM DIPTERA
Família Bibionidae
Família Ceratopogonidae
Família Chironomidae
Família Culicidae
Aedes aegypti (Linnaeus, 1762)
Família Drosophilidae
Família Musicidae
Família Tephridae
ORDEM ISOPTERA
Família Termitidae
Anoplotermes sp
Cornitermes sp
Nasutitermes sp
Syntermes sp
Velocitermessp
Família Rhinotermitidae
Coptotermes sp
Heterotermes sp
ORDEM HYMENOPTERA
Família Anthophoridae

57
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Xylocopa sp
Família Apidae
Apis mellifera (Linnaeus, 1758)
Centris sp
Tetragonisca sp
Família Formicidae
Acromyrmex sp
Ectatomma sp
Hypoponera sp
Pachycondyla sp
Odontomacus sp
Solenopsis sp
ORDEM LEPIDOPTERA
Família Nymphalidae
Família Pieridae
Família Papilionidae
ORDEM ODONATA
Família Aeshnidae
Castoraeschna sp
Família Calopterygidae
Hetaerina sp
Família Gomphidae
Zonophora sp
Família Libellulidae
Elasmothemis sp

CLASSE MALACOSTRACA
ORDEM ISOPODA

CLASSE MAXILLOPODA
ORDEM CALANOIDA
Família Cyclopidae
Thermocyclops decipiens (Kiefer, 1929)
Família Diaptomidae
Notodiaptomus cearensis (Wright, 1936)

CLASSE GASTROPODA
ORDEM BASOMMATOPHORA
Família Planorbidae
Biomphalaria straminea (Dunker, 1848)
Drepanotrema cimex (Moricand, 1839)

CLASSE BIVALVIA

CLASSE EUROTATORIA
ORDEM PLOIMA
Família Synchaetidae
Polyarthra vulgaris (Carlin, 1943)
Synchaeta pectinata (Ehrenberg, 1832)
Família Trichocercidae
Trichocerca pusilla (Lauterborn, 1898)

58
Plano de Manejo ARIE do Bosque
5.2.2.3. CONSIDERAÇOES GERAIS

A classe Insecta foi o grupo mais representativo dentre os invertebrados, apesar da


área em estudo ser muito degradada, os principais habitats presentes, em sua maioria,
gramíneas, algumas poucas árvores de maior porte e a margem do lago, oferecem
uma boa estrutura para animais mais generalistas e menos sensíveis a perturbação
ambiental e com ampla distribuição geográfica (FREITAS, 2010).

As principais pressões ambientais que afetam os insetos na ARIE do Bosque são a


perda de habitat, o que torna o ambiente mais homogêneo, além do acúmulo de lixo
no local. Esses dois impactos podem causar a perda de espécies sensíveis às
alterações no habitat (CORLETT, 2000; FAHRIG, 2003).

Outra pressão sofrida pelas espécies locais é a invasão de espécies exóticas,


principalmente as abelhas, como por exemplo, a invasão da espécie Apis mellifera,
vulgarmente conhecida como abelha europeia ou africanizada. Espécie essa muito
agressiva, excluindo outras espécies de abelhas nativas. Constroem grandes colmeias
e ao serem perturbadas, realizam ataque em massa, que pode resultar em morte do
individuo atacado (OLIVEIRA & CUNHA, 2005).

Um problema que já se tornou muito comum em ambientes urbanos é a transmissão


de doenças por vetores ou hospedeiros intermediários. Na área de estudo foram
encontrados espécies com essas características, o grande acúmulo de lixo na área
permite a proliferação desses animais, principalmente moscas e mosquitos. As
espécies, Aedes aegypti, vetor do vírus da dengue e o caramujo Biomphalaria
straminea, hospedeiro intermediário do Schistosoma mansoni, causador da
esquistossomose (filo Platyhelminthes), são graves problemas de saúde pública e
devem ser combatidos (TELES, 1996).

5.2.3. Herpetofauna

Considerado o segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado é qualificado como uma


formação savânica tropical que ocupa aproximadamente 2 milhões de km2. Localiza-se,
principalmente, na região central do Brasil (entre a zona equatorial e 23° de latitude
sul) correspondendo a cerca de 23,1% do território brasileiro (Buschbacher, 2000).
São observadas porções de Cerrado nos seguintes estados: Goiás, Tocantins, Distrito
Federal, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí,
Rondônia e São Paulo, assim como em algumas áreas disjuntas ao norte dos estados
do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas ilhas do Paraná
(SANO & ALMEIDA, 1998).

Este bioma compreende considerável variedade de fisionomias vegetais, que


englobam formações florestais (como as matas de galeria e o cerradão), savânicas
(veredas e cerrado sensu stricto) e campestres (campo limpo e campo sujo). O clima
da região caracteriza-se pela estacionalidade, em que o período chuvoso compreende
de outubro a março, e o período seco de abril a setembro. A precipitação média anual
é de 1.500mm e as temperaturas variam entre 22ºC e 27ºC em média (KLINK &
MACHADO, 2005).

59
Plano de Manejo ARIE do Bosque
No bioma Cerrado podem ser encontradas 141 espécies de anfíbios sendo que 47
espécies são endêmicas (BASTOS, 2007). Para os répteis cerca de 107 serpentes, 47
lagartos, quinze anfisbênias, dez quelônios e cinco jacarés (COLLI et al., 2002).

Devido ao elevado número de espécies endêmicas o Cerrado brasileiro foi incluído


entre os 25 “hotspots” de biodiversidade mais importante do mundo (MYERS et al.,
2000). As espécies endêmicas são estritamente dependentes de sua área para
sobrevivência, além de serem frequentemente os componentes mais vulneráveis de
uma comunidade particular (BALMFORD & LONG, 1994).

Apesar dos estudos já existentes, as informações básicas sobre a história natural da


maioria das espécies da herpetofauna do bioma são bastante escassas (COLLI et al.,
2002). O conhecimento restrito e subestimativas da riqueza de comunidades do
Cerrado comprometem as deduções a respeito das relações ecológicas entre as
espécies e a proposta de planos de manejo e conservação das mesmas.

Por volta de 35% da área de Cerrado no Brasil já foi transformada em pastagens,


monoculturas, reservatórios de hidrelétricas e cidades (COUTINHO, 2002). Fatores
como o aumento da demanda de alimentos e do tamanho populacional, produção de
energia, consumo de água, entre outros, promoveram sérias transformações num
período de tempo relativamente pequeno (KLINK & MACHADO, 2005). Diversos
estudos científicos realizados no Brasil demonstram que muitas espécies de anfíbios
estão sofrendo declínios populacionais decorrentes, principalmente, da destruição dos
seus habitats (HEYER et al., 1988; WEYGOLDT, 1989; IZECKSOHN & CARVALHO,
2001). Como estudos de longo prazo envolvendo o monitoramento da fauna de répteis
e anfíbios são poucos freqüentes, torna-se difícil precisar quais são os impactos reais
da ação antrópica sobre a herpetofauna desse bioma.

5.2.3.1. METODOLOGIA

O levantamento da herpetofauna, na ARIE do Bosque foi realizado através de


métodos diretos (Dados primários) e indiretos de amostragem (Dados secundários).

Dados Primários

O inventário foi realizado utilizando-se a metodologia de Procura Ativa que consistiu


em transectos diurnos entre as 9h00 e 12h00 e noturnos entre 18h00 e 24h00,
horários de atividade da maioria de répteis e anfíbios. Os transectos noturnos
ocorreram preferencialmente em poças temporárias, e em toda a extensão da margem
do lago Paranoá, na área de influência direta da ARIE, devido à preferência dos
anuros por ambientes úmidos.

Dados Secundários

Para obtenção de dados secundários, a fim de melhor caracterizar a herpetofauna da


ARIE do Bosque, foram realizadas consultas a dados museológicos e bibliográficos.
Informações disponíveis em artigos científicos, teses e dissertações e capítulos de
livros relacionados à região de interesse (p. ex. ARAÚJO & COLLI, 1998; BRANDÃO
et al, 2001; COLLI et al, 2002; BRANDÃO et al, 2006; NOGUEIRA, 2006; FRANÇA &
ARAÚJO, 2006) e as coleções registradas no banco de dados “speciesLink” do Centro
de Referência em Informação Ambiental, CRIA (http://splink.cria.org.br; ver Tabela 8)
foram utilizadas. Foram consideradas apenas espécies registradas no Distrito Federal.

60
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 8. Coleções Pesquisadas da Herpetofauna.
COLEÇÕES
Coleção Célio F. B. Haddad - IB/UNESP
Coleção de Anfíbios do Museu de História Natural 'Prof. Dr. Adão José Cardoso' - UNICAMP
Coleção de Répteis do Museu de História Natural 'Prof. Dr. Adão José Cardoso' – UNICAMP
Coleção Herpetológica Alphonse Richard Hoge - Instituto Butantã

5.2.3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o levantamento foram registradas dez espécies, sendo seis répteis e quatro
anfíbios (Figura 48) pertencentes a dez famílias (Bufonidae, Caecilidae, Hylidae,
Leptodactylidae, Teiidae, Tropiduridae, Amphisbaenidae, Dipsadidae, Chelidae e
Emydidae; Tabela 9).

Em relação à riqueza dos répteis, os lagartos e quelônios foram mais abundantes com
duas espécies cada (33,3%) seguidos das serpentes e anfisbênias com uma espécie
cada (16,6%) (Figura 49). Entre os anfíbios, as famílias Bufonidae, Caecilidae, Hylidae
e Leptodactylidae, apresentaram a mesma representatividade, com uma espécie cada
(25%) (Figura 50).

Figura 48. Composição da herpetofauna estudada na ARIE do Bosque durante o levantamento da


herpetofauna.

61
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 49. Famílias de anfíbios anuros registrados Figura 50. Famílias de répteis registrados e
e representatividade de cada uma durante a representatividade de cada uma durante a
amostragem. amostragem.

Tabela 9. Anfíbios e répteis registrados na ARIE do Bosque, Brasília, DF. A classificação dos
anfíbios está de acordo com “Amphibian Species of the World”
(http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos répteis, de
acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/).

CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular Hábito Hábitat PA SC


CLASSE AMPHIBIA
ORDEN ANURA
FAMÍLIA BUFONIDAE
Rhinella schneideri (Werner, 1894) sapo-cururu Te AT,CE,VE N LC
FAMÍLIA HYLIDAE
Hypsiboas albopunctatus (Spix, perereca-cabrinha
Ab AT, CE N LC
1824)
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, rã-pimenta
Te AT, CE N LC
1824)
ORDEN GYMNOPHIONA
FAMÍLIA CAECILIDAE
Siphonops paulensis (Boettger, cobra-cega, cecília
Fo ? ? LC
1892)
CLASSE REPTILIA
ORDEM SQUAMATA
SUBORDEM AMPHISBAENIA
FAMÍLIA AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena alba (Linnaeus, 1758) cobra-de-duas-
Fo AT, CE D LC
cabeças
SUBORDEM SAURIA
FAMÍLIA TEIIDAE
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) calango-verde
FAMÍLIA TROPIDURIDAE
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) lagarto/calango Sab AT,CE,MC,F D LC
FAMÍLIA DIPSADIDAE
Apostolepis sp. coral-falsa

62
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM TESTUDINES
FAMÍLIA CHELIDAE
Phrynops geoffroanus (Schweigger, cágado-de-
Aq AT D/N LC
1812) barbelas
FAMÍLIA EMYDIDAE
Trachemys dorbigni (Duméril & tigre-d'água
Aq - - LC
Bibron, 1835)
Legenda: Hábitos: Ar (arborícola); Sab (Semi-arborícula); Ter (terrícola); Aq (aquático); Cr (criptozóico) Re (reofílico) Ru
(rupícola); Habitat: AT (área antropizada); CE (cerrado sensu strictu) MC (mata ciliar); F (floresta); (PA) Período de
Atividade: D (diurno) N (noturno); (SC) Status de Conservação: LC (não ameaçado); DD (dados deficientes); VU
(vulnerável); CR (criticamente ameaçado).

A riqueza registrada nesse levantamento de campo pode ser considerada baixa se


comparada com a riqueza de outras localidades inventariadas no Distrito Federal
(BRANDÃO et al, 2001; COLLI et al, 2002; BRANDÃO et al, 2006; NOGUEIRA, 2006;
FRANÇA & ARAÚJO, 2006). Ainda, segundo Araújo & Colli (1998) baseados em
dados de coleções científicas, em um raio de 20 km para localidades no eixo leste-
oeste do cerrado, a riqueza local possível de ser observada é de aproximadamente 25
espécies de lagartos, 50 de serpentes, três espécies de jacaré, três de tartarugas,
duas de anfisbênias, uma espécie de Gymnophionos e 45 anfíbios anuros. Portanto,
corroborando com esse quadro.

A baixa riqueza observada deve-se principalmente à pequena complexidade estrutural


do habitat, bastante alterado pela ação antrópica. Os anfíbios, com maiores restrições
para a ocupação de habitats abertos e secos, são comparativamente mais “hábitat-
especialistas” que os lagartos. A riqueza de espécies de lagartos geralmente é maior
nos habitats abertos, como obervado também neste levantamento. No entanto, a área
amostrada, demonstra avançado grau de antropização, consistindo basicamente em
uma matriz de gramínea em área urbana, portanto não possuindo disponibilidade de
microhabitats adequados que permitam uma maior ocupação de anfíbios e répteis.

Todas as espécies registradas por metodologia direta (levantamento de campo) são


consideradas ecologicamente generalistas e, em sua maioria, podem colonizar áreas
antrópicas em outras regiões do país, incluindo pastagens (ver BRANDÃO & ARAÚJO,
1998; STRÜSSMANN, 2000; BRANDÃO, 2002). Das espécies registradas para a área,
nenhuma se encontra nas listas oficiais da fauna ameaçada de extinção no Brasil
(MMA, 2008).

A seguir, são apresentados comentários sobre as espécies registradas in loco na área


de amostragem:

Rhinella schneideri (Figura 51) - Apresenta extensa distribuição geográfica ocorrendo


no Brasil, Paraguai, Bolívia central, Argentina e Uruguai (FROST, 2012). Adapta-se
bem a ambientes modificados pela ação humana podendo com facilidade ser
encontrada ao redor de habitações.

Hypsiboas albopunctatus (Figura 52) - Possui ampla distribuição no Brasil, é


encontrada no Planalto Central, nos estados do Sul e em quase todos os estados do
Sudeste, e também no estado de Rondônia. Ocorre também no nordeste da Argentina
(na província de Corrientes), no leste da Bolívia (no departamento de Santa Cruz),
leste do Paraguai e no Uruguai. É uma espécie típica de Cerrado e pode ser
observada em vegetações arbustivas próximas a áreas alagadas, permanentes ou
temporárias e em margens de riachos (ETEROVICK & SAZIMA, 2004).

63
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Leptodactylus labyrinthicus (Figura 53) - Possui ampla distribuição, ocorrendo em
regiões do Cerrado e da Caatinga e sudeste do Brasil, na Bolívia, Argentina, Paraguai
e Venezuela (FROST, 2012; GAA, 2012). Pode ser encontrada em áreas abertas e/ou
no interior de florestas primárias e secundárias. Os machos desta espécie vocalizam
no chão próximo a corpos d‟água. Segundo GUIMARÃES (2006) esta é uma espécie
indicadora de poças associadas ao cerrado sentido restrito.

Siphonops paulensis - Ocorre desde as florestas secas do sul do Brasil à Bacia


Amazônica, ainda, no norte da Argentina, Paraguai e leste da Bolívia. Consiste em um
grupo de anfíbios ápodos muito pouco conhecidos quanto à história natural e ecologia,
é geralmente encontrado abaixo de 800m de altitude (FROST, 2012).

Ameiva ameiva (Figura 54) - Ocorre do Panamá até o sul do Brasil e norte da
Argentina, não sendo uma espécie seletiva no que se refere à escolha do habitat.
Pode ser encontrado em florestas e cerrados, sendo comum em áreas alteradas pela
ação do homem. De hábito terrestre, cava também buracos sob rochas, troncos caídos,
montes de areia, argila, onde procura abrigo e deposita seus ovos (SARTORIUS et al,
1999).

Tropidurus torquatus (Figura 55) - É bastante comum em áreas antrópicas. Ocorre na


Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. No Brasil, ocorre em todas as regiões, exceto
na região Amazônica, sendo típico na região Centro-Oeste, Sudeste e Sul (FROST,
2012).

Apostolepis sp. - Não pôde ser identificada até o momento em nível específico. No
Distrito Federal ocorrem quatro espécies desse gênero (Apostolepis assimilis, A.
albicolaris, A.flavotorquata e A. ambinigra), que são fossoriais e se alimentam de
invertebrados.

Trachemys dorbigni - Ocorre na parte mais meridional do Brasil, e também no Uruguai


e nordeste da Argentina (FRITZ & HAVAS, 2007). Esta espécie é uma das tartarugas
de água doce mais abundantes no Rio Grande do Sul. Embora esta espécie seja
endêmica do Sul do Brasil, por ser muito comum sua utilização como “pet”, acabou
sendo introduzida em outros estados do país (BUJES & VERRASTRO, 2007;
SANTOS et al, 2009).

Figura 51. Rhinella schneideri (sapo-cururu) Figura 52. Leptodactylus labyrinthicus (rã-
Fonte:Equipe Técnica Neotropica pimenta)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

64
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 53. Hypsiboas albopunctatus (perereca- Figura 54. Ameiva ameiva (calango-verde)
cabrinha) Fonte:Equipe Técnica Neotropica
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Figura 55.. Tropidurus torquatus (calango)


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

5.2.3.3. DADOS SECUNDÁRIOS

A fim de caracterizar a herpetofauna da ARIE do bosque, foi utilizada a base de dados


secundários provenientes de registros em coleções científicas e por informações
disponíveis em artigos científicos, teses e dissertações e capítulos de livros
relacionados à região do Distrito Federal (ARAÚJO & COLLI, 1998; BRANDÃO &
ARAÚJO, 2001; NOGUEIRA & FRANÇA, 2005; NOGUEIRA, 2006; FRANÇA &
ARAÚJO, 2006).

A consulta às fontes de dados secundários gerou uma lista de 185 espécies de


Anfíbios e Répteis com ocorrência para o Distrito Federal. Foram registradas 43
espécies de anfíbios, sendo 42 anuros, pertencentes a nove famílias e 19 gêneros, e
uma espécie de cecília. Para os répteis foram registrados 30 lagartos, dois
anfisbenídeos e 53 serpentes, pertencentes a 17 famílias e 54 gêneros (Tabela 10).

Tabela 10. Check-list dos anfíbios e répteis registrados, em levantamento de dados secundários,
do Distrito Federal. A classificação dos anfíbios está de acordo com “Amphibian Species of the
World” (http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.php); e, a classificação dos répteis,
de acordo com “The TIGR Reptiles Database” (http://www.reptile-database.org/).

CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

65
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

CLASSE AMPHIBIA
ORDEN ANURA
FAMÍLIA CAECILIDAE
Siphonops paulensis (Boettger, 1892) cecília
BUFONIDAE
Rhinella schneideri (Werner, 1894) sapo-cururu
Rhinella rubescens (Lutz, 1925) sapo-cururu-ruivo
FAMÍLIA CYCLORAMPHIDAE
Odontophrynus cultripes (Reinhardt & Lütken, 1862) sapo-verruga
Odontophrynus salvatori (Caramaschi, 1996) sapo-verruga
Proceratophrys goyana (Miranda-Ribeiro, 1937) sapo-verruga
Proceratophrys moratoi (Jim & Caramaschi, 1980) sapo-verruga
Proceratophrys sp. sapo-verruga
FAMÍLIA DENDROBATIDAE
Epipedobates flavopictus (Lutz, 1925) rãzinha-de-seta
FAMÍLIA HYLIDAE
Aplastodiscus perviridis Lutz, 1950 perereca-verde
Bokermannohyla pseudopseudis (Miranda-Ribeiro, 1937) perereca-da-cachoeira
Dendropsophus cruzi (Pombal & Bastos, 1998) pererequinha
Dendropsophus elianeae (Napoli & Caramaschi, 2000) pererequinha
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) perereca
Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt, 1862) perereca
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) perereca
Hypsiboas goianus (Lutz, 1968) perereca-listrada
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) perereca-da-mata
Hypsiboas paranaiba (Carvalho, Giaretta & Facure, 2010) perereca
Hypsiboas raniceps (Cope, 1862) perereca-zebrada
Phyllomedusa azurea (Cope, 1862) perereca-da-folhagem
Phyllomedusa oreades (Brandão , 2002) perereca-da-folhagem
Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925) perereca-do-brejo
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) perereca-do-banheiro
Scinax squalirostris (Lutz, 1925) perereca-nariguda
Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768) perereca-grudenta
FAMÍLIA LEIUPERIDAE
Eupemphix nattereri (Steindachner, 1863) rãzinha
Physalaemus centralis (Bokermann, 1962) rãzinha
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) rã-cachorro
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, 1862) rãzinha

66
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

Pseudopaludicola mystacalis (Cope, 1887) rã


Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887) rãzinha-grilo
FAMÍLIA LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus andreae rãzinha
Leptodactylus furnarius rãzinha-cavadora
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) rã-assobiadora
Leptodactylus cf. hylaedactylus (Cope, 1868) rã
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) rã-pimenta
Leptodactylus latrans (Linnaeus, 1758) rã-manteiga
Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862) rã-pingo-de-chuva
Leptodactylus syphax Bokermann, 1969 rã
FAMÍLIA MICROHYLIDAE
Chiasmocleis albopunctata (Boettger, 1885) rãzinha
Elachistocleis cesarii (Miranda-Ribeiro, 1920) rã-guarda
STRABOMANTIDAE
Barycholos ternetzi (Miranda Ribeiro, 1937) rãzinha
CLASSE REPTILIA
ORDEM CHELONIA
FAMÍLIA CHELIDAE
Acanthochelys spixii (Spix, 1824) cágado-espinhudo
Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812) cágado-de-barbelas
Mesoclemmys vanderhaegei (Bour, 1973) cágado-de-vanderhaegei
ORDEM SQUAMATA
SUBORDEM LACERTILIA
FAMÍLIA ANGUIDAE
Ophiodes striatus Spix, 1824 cobra-de-vidro
FAMÍLIA GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnes, 1818) lagartixa
FAMÍLIA GYMNOPHTALMIDAE
Bachia bresslaui (Amaral, 1935)
Cercosaura ocellata Wagler, 1830 calanguinho
Cercosaura schreibersii albostrigata (Griffin, 1917) lagarto
Colobosaura modesta (Reinhardt & Lütken, 1862) lagarto
Micrablepharus atticolus Rodrigues, 1996 lagarto
Micrablepharus maximiliani Reinhardt & Luetken, 1862 calanguinho-de-rabo-azul
FAMÍLIA HOPLOCERCIDAE
Hoplocercus spinosus Fitzinger, 1843 jacarézinho-do-cerrado
FAMÍLIA IGUANIDAE

67
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

Iguana iguana (Linnaeus, 1758) iguana


FAMÍLIA POLYCHROTIDAE
Anolis chrysolepis brasiliensis Duméril & Bíbron, 1837 lagarto
Anolis meridionalis Boettger, 1885 papa-vento
Anolis nitens (Wagler, 1830) papa-vento
Enyalius aff. Bilineatus Duméril & Bibron, 1837 calango-da-mata
Polychrus acutirostris Spix, 1825 calango-preguiça
FAMÍLIA PHYLLODACTYLIDAE
Phyllopezus pollicaris (Spix, 1825) lagarto
FAMÍLIA TEIIDAE
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) calango-verde
Cnemidophorus ocellifer (Spix, 1825) lagartixa/calango
Kenthropix paulensis Boettger, 1893 lagarto
Tupinambis duseni Lönnberg, 1910 teiú
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) teiú
Tupinambis rufescens (Günther, 1871) teiú
FAMÍLIA TROPIDURIDAE
Tropidurus itambere Rodrigues, 1987 calango
Tropidurus oreadicus Rodrigues, 1987 calango
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) lagarto/calango
FAMÍLIA SCINCIDAE
Mabuya bistriata (Spix, 1825) lagarto-liso
Mabuya dorsivittata Cope, 1862 calango-liso
Mabuya frenata (Cope, 1862) lagarto-liso
Mabuya guaporicola Dunn, 1936 lagarto-liso
Mabuya nigropunctata Spix, 1825 calango-liso
SUBORDEM AMPHISBAENIA
FAMÍLIA AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 cobra-de-duas-cabeças
Amphisbaena microcephala (Wagler, 1824) cobra-de-duas-cabeças
SUBORDEM OPHIDIA
FAMÍLIA ANOMALEPIDIDAE
Liotyphlops cf. ternetzii (Boulenger, 1896) cobra-cega
FAMÍLIA BOIIDAE
Boa constrictor Linnaeus, 1758 jibóia
Eunectes murinus (Linnaeus, 1758) sucurí
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) salamanta
FAMÍLIA COLUBRIDAE

68
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

Chironius bicarinatus (Wied, 1820) cobra-cipó


Chironius carinatus (Linnaeus, 1758) cobra-cipó
Chironius exoletus (Linnaeus, 1758) cobra-cipó
Chironius flavolineatus (Boettger, 1885) cobra-cipó
Drymarchon corais (Boie, 1827) cobra
Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820) cobra
Drymoluber brazili (Gomes, 1918) cobra
Simophis rhinostoma (Schlegel, 1837) coral-falsa
Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) caninana
Pseustes sulphureus (Wagler, 1824)
Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758)
FAMÍLIA DIPSADIDAE
Apostolepis albicolaris Lema, 2002 cobra
Apostolepis assimilis (Reinhardt, 1861) coral-falsa
Apostolepis flavotorquata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra
Atractus cf. reticulatus (Boulenger, 1885) cobra
Clelia clelia (Daudin, 1803) muçurana
Taeniophallus occipitalis (Jan, 1863) cobra
Erythrolampus aesculapii (Linnaeus, 1758) coral-falsa
Gomesophis brasiliensis (Gomes, 1918) cobra
Helicops carinicaudatus (Wied, 1825) cobra-d'água
Helicops leopardinus (Schlegel, 1837) cobra-d'água
Helicops modesta Günther, 1861 cobra-d'água
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) dormideira
Liophis almadensis (Wagler, 1924) cobra
Liophis lineatus (Linnaeus, 1758) cobra
Liophis poecilogyrus (Wied-neuwied, 1825) mata-cavalo
Liophis reginae (Linnaeus, 1758) cobra-d'água
Oxyrhopus petola (Linnaeus, 1758) cora-falsa
Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril, 1854 coral-falsa
Oxyrhopus trigeminus (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) coral-falsa
Phillodryas aestivus (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra-cipó
Philodryas nattereri Steindachner, 1870 cobra-cipó
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) cobra-cipó-verde
Philodryas patagoniensis (Girard, 1858) corre-campo
Phimophis guerini (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra
Philodryas agassizii (Jan, 1863) papa-aranha
Pseudoboa neuwiedii

69
Plano de Manejo ARIE do Bosque
CLASSE/ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE Nome Popular

Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) muçurana


Sibynomorphus mikanii (Schlegel, 1837) dormideira
Thamnodynastes hypoconia (Cope, 1860) cobra-cipó
Thamnodynastes pallidus (Linnaeus, 1758)
Thamnodynastes strigatus (Günther, 1958) jararaquinha
Waglerophis merremi (Wagler, 1824) boipeva
Xenopholis undulatus (Jensen, 1900)
FAMÍLIA ELAPIDAE
Micrurus frontalis (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) coral-verdadeira
FAMÍLIA VIPERIDAE
Bothrops itapetiningae (Boulenger, 1907) cotiarinha
Bothrops moojeni Hoge, 1966 jararaca
Bothrops neuwiedi goyasensis (Wagler, 1824) jararaca-pintada
Caudisona durissa (Linnaeus, 1758) cascavel

Ao comparar a riqueza com provável ocorrência e a efetivamente registrada durante o


trabalho de campo, é possível constatar que apenas cerca de 5% das espécies das
áreas foram registradas. Fato que pode ser explicado devido ao avançado grau de
antropização da ARIE.

5.2.3.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A região em que a ARIE do Bosque está inserida compreende uma das áreas com
maior riqueza registrada por localidade do bioma. Entre as localidades no Cerrado
para as quais há levantamentos faunísticos de anfíbios já publicados, as que
apresentaram maiores riquezas conhecidas são a região do Distrito Federal, com 48
espécies de anfíbios (BRANDÃO & ARAÚJO, 2001); a região do médio rio
Jequitinhonha em Minas Gerais, com 45 espécies (FEIO & CARAMASCHI, 1995); e
vale do alto rio Tocantins em Goiás, com 44 espécies de anfíbios (SILVA JR. et al.,
2005). No entanto, devido ao alto grau de antropização da ARIE do Bosque, sendo
praticamente composta por área totalmente convertida em área urbana, a riqueza da
herpetofauna apresenta-se bastante reduzida. A maioria das espécies de répteis e
anfíbios do Cerrado apresenta forte associação com determinados micro-habitats,
dependendo principalmente da estrutura vertical da vegetação e tipo de substrato, de
modo que muitas espécies estão restritas às fitofisionomias onde há disponibilidade
dos micro-habitats mais adequados. Para conservar esta fauna altamente diversificada
e especialista, é necessário que as áreas destinadas à preservação apresentem todas
as categorias do mosaico de fitofisionomias (campo, cerrado, mata) em uma região.
Assim, essa área com vegetação composta praticamente por gramínea possui
capacidade de abrigar apenas espécies menos exigentes quanto à qualidade e
estratificação da vegetação.

Há a necessidade de se conhecer os efeitos da perda e degradação do hábitat sobre a


herpetofauna na área. Répteis e anfíbios são excelentes modelos para este tipo de

70
Plano de Manejo ARIE do Bosque
estudo por terem porte pequeno e capacidade de deslocamento limitada. Sugere-se a
recuperação da área, através do reflorestamento com espécies nativas de cerrado e
um monitoramento da herpetofauna na matriz degradada (verificando quais espécies
têm capacidade de utilizá-la), a fim de se elaborar estratégias mais eficazes para a
recuperação da ARIE do Bosque.

5.2.4. Avifauna

A avifauna brasileira é uma das mais ricas em espécies, com 1822 no total, sendo 232
endêmicas do país (CBRO 2009). O cerrado abriga 837 espécies de aves, distribuídas
em 64 famílias, sendo 200 taxa, considerados elementos amazônicos e 78 atlânticos.
Do total de espécies do bioma, 759 (90,7%) se reproduzem na região e 33 são
endêmicas (aproximadamente 4% das espécies) (SILVA 1995).

A degradação de ambientes naturais é uma das principais ameaças à conservação da


avifauna (MARINI & GARCIA 2005) que leva ao declínio das populações e a extinção
local e regional de espécies (MMA, 2003a). No caso da ornitofauna, a fragmentação
ambiental é a principal ameaça, sendo que este grupo responde claramente à
heterogeneidade espacial (ALMEIDA, 2003). Além disso, a presença de algumas
espécies e a ausência de outras pode indicar o estado de conservação de uma
determinada área, sendo esse o motivo pelo qual as aves são utilizadas como
bioindicadores (BLAIR, 1999).

Em áreas onde a cobertura vegetal original tenha sido reduzida para finalidades
diversas, os remanescentes de áreas nativas tornam-se os únicos habitats disponíveis
para as espécies de aves florestais. Tais fragmentos variam em tamanho, formato e
grau de isolamento em relação a outros remanescentes e acabam contendo apenas
um subconjunto alterado da comunidade original. A fragmentação de habitats gera o
declínio ou o desaparecimento de espécies que, para manter populações viáveis em
longo prazo, necessitam de áreas amplas ou de um gradiente de habitats.

5.2.4.1. METODOLOGIA

Para o levantamento da comunidade avifaunística local, foram percorridos transectos


lineares, ao longo de toda a extensão da ARIE do Bosque, realizados nas primeiras
horas da manhã e final da tarde. O método de transecto linear é comumente utilizado
para levantamentos rápidos, pois fornece maior quantidade de dados por esforço
amostral (BIBBY et al. 1992). As espécies foram catalogadas por meio de identificação
visual mediante observação com binóculos (8x40) e reconhecimento in situ ou, quando
necessário, confronto com a literatura especializada (SOUZA, 2002; SIGRIST, 2007),
além de identificação imediata de vocalizações. Quando possível, obteve-se registro
fotográfico das espécies.

A elaboração da lista de espécies foi baseada na proposta taxonômica do Comitê


Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2009).

5.2.4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

71
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O número total de táxons registrados, na ARIE do Bosque, foi de 51 espécies de aves.
Sendo estas distribuídas em 14 ordens e 29 famílias (Tabela 11). Passeriformes foi a
ordem com o maior número de espécies, como esperado, com 26 representantes.
Entretanto deve-se ressaltar que a riqueza observada neste estudo, provavelmente
não esgota de maneira definitiva o número de espécies existentes no local, o que
poderá ser corroborado ou não, ao longo de novos levantamentos no local.

Tabela 11. Check-list das aves registradas na ARIE do Bosque. Filogenia conforme CBRO (2009).
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE (1)
Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá CAR

CICONIIFORMES
ARDEIDAE (4)
Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena CAR
Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho CAR
Ardea alba (Linnaeus, 1758) garça-branca-grande CAR
Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira ONI
THRESKIORNITHIDAE (2)
Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789) coró-coró ONI
Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) curicaca ONI

CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE (1)
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta DET

FALCONIFORMES
FALCONIDAE (1)
Caracara plancus (Miller, 1777) caracará ONI

CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE (1)
Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero INS

COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE (3)
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa GRA
Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou ONI
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão ONI

PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE (1)
Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro-amarelo FRU

CUCULIFORMES

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
CUCULIDAE (3)
Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato INS
Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco INS
Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) anu-preto INS

STRIGIFORMES
STRIGIDAE (1)
Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira CAR

APODIFORMES
TROCHILIDAE (3)
Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-de-garganta-verde NEC
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco-acanelado NEC
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura NEC

CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE (1)
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande CAR

GALBULIFORMES
BUCCONIDAE (1)
Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) joão-bobo ONI

PICIFORMES
PICIDAE (2)
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca INS
Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo INS

PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE (1)
Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) choca-barrada INS
FURNARIIDAE (1)
Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro INS
TYRANNIDAE (6)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi ONI
Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei INS
Tyrannus savana (Vieillot, 1808) tesourinha INS
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) suiriri INS
Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) primavera INS
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira INS
HIRUNDINIDAE (3)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa INS
Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) andorinha-de-sobre-branco INS
Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo INS

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular GT
TROGLODYTIDAE (1)
Troglodytes musculus (Naumann, 1823) curruíra INS
TURDIDAE (1)
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) sabiá-barranco ONI
MIMIDAE (1)
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo ONI
COEREBIDAE (1)
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica NEC
THRAUPIDAE (3)
Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento FRU
Thraupis palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro FRU
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela FRU
EMBERIZIDAE (3)
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro ONI
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu GRA
Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho GRA
PARULIDAE (1)
Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra INS
ICTERIDAE (1)
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna ONI
FRINGILLIDAE (1)
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim FRU
ESTRILDIDAE (1)
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) bico-de-lacre GRA
PASSERIDAE (1)
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal ONI
Legenda: GT (Guilda Trófica); INS (Insetívoros): ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA
(Granívoros); DET (Detritívoros) e NEC (Nectarívoros).

As famílias mais representativas foram Tyrannidae com seis espécies, Ardeidae com
quatro, Columbidae, Cuculidae, Trochilidae, Hirundinidae, Thraupidae e Emberezidae
com três representantes cada (Figura 56). A família Tyrannidae é a maior família do
hemisfério ocidental (SICK, 1997), sendo que o Brasil possui em torno de 210
espécies de aves pertencentes a esta família (11% do total de aves ocorrentes no
território nacional). Por isso, em geral, esta é a família mais significativa em
levantamentos de espécies da ornitofauna.

74
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 56. Representatividade de Famílias de aves amostradas na ARIE do Bosque.

Foram reconhecidas sete guildas tróficas, sendo “insetívoros” (n=18), “onívoros”


(n=13), e “carnívoros” (n=6) as que apresentaram maior número de espécies (Figura
57).

Figura 57. Guildas tróficas exploradas pelas aves amostradas na ARIE do Bosque. INS
(Insetívoros): ONI (Onívoros); CAR (Carnívoros); FRU (Frugívoros): GRA (Granívoros); DET
(Detritívoros) e NEC (Nectarívoros).

As aves exploram recursos alimentares variados e essa diversidade de alimentação


justifica a atração de certas espécies a um habitat específico, fazendo com que as
guildas demonstrem a relação das espécies com o meio em que vivem (VILLANUEVA
& SILVA, 1996). A elevada porcentagem de aves insetívoras é típica da região tropical
(SICK, 1997).

Não houve registro de espécies endêmicas ao Cerrado. De acordo com dados da lista
nacional de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2003b),
nenhuma espécie catalogada na área em estudo encontra-se ameaçada de extinção.

75
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Em termos gerais, a avifauna observada, é bastante generalista quanto às exigências
alimentares e ambientais, caracterizadas principalmente por espécies que tendem a
serem beneficiadas por ambientes antrópicos, sendo estas bastante abundantes no
local.

Houve o registro de uma espécie migratória de longa distância: Tyrannus savana é


uma espécie que permanece durante o inverno na região Amazônica, e se desloca ao
Brasil Central e Sul para se reproduzir. Esta espécie chega a Brasília a partir de julho
e janeiro (NEGRET & NEGRET, 1981; PIMENTEL, 1985). As migrações nesta época,
presumivelmente, estão relacionadas à floração e frutificação das plantas e ao
aumento em abundância de insetos, afloração de alimentos fartos, embora
temporários (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).

Houve o registro de duas espécies exóticas, a saber: Estrilda astrild (bico-de-lacre) e


Passer domesticus (pardal).

Estrilda astrild (Figura 56)- Pequena ave africana introduzida no país durante o tráfico
negreiro. É apreciada como ave de gaiola, embora escape com facilidade devido ao
seu pequeno tamanho. Aliás, esta é a origem sugerida pelo para os bicos-de-lacre em
Brasília (SICK, 1997).

Passer domesticus - Espécie granívora da Eurásia, introduzida no Rio de Janeiro.


Chegou a Brasília já em 1959, trazidos pelos operários que trabalharam na construção
da cidade. É altamente adaptável às condições urbanas (ROCHA et al., 1990).

A seguir, são apresentados breves comentários sobre as espécies registradas in loco


na área de amostragem:

Phalacrocorax brasilianus - Antes da criação dos grandes lagos artificiais do Distrito


Federal (Paranoá, Santa Maria e Descoberto), aves aquáticas como os biguás só
dispunham de pequenas lagoas naturais (como as do Jaburu e Bonita). A construção
dos lagos forneceu aos biguás novos ambientes para colonizarem. Hoje é muito
comum no Lago Sul, aparecendo também em todos os lagos artificiais de Brasília,
principalmente em setembro e março. Suas pernas, ao contrário da maioria das aves
aquáticas, não são impermeáveis e molham-se de uma forma tal que chegam a
impedir o voo. Isto permite ao biguá mergulhar sem ser dificultado pelo ar retido por
uma plumagem impermeável (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Egretta thula - Uma das garças mais comuns no continente Americano, aparece em
qualquer parte do país, forrageia em águas abertas, interiores, orla marítima,
manguezais, estuários, lagos, lagoas, represas e rios. Difere de outras garças brancas
pelas pernas negras com pés amarelos (SIGRIST, 2009).

Butorides striata - Socó quase cosmopolita. É comum em todo Brasil e prefere


ambientes lênticos com farta vegetação paludícola e áreas abertas adjacentes. Ave
localmente migratória pode voar durante a noite de uma lagoa para outra (SIGRIST,
2009).

Ardea alba - É uma espécie aquática beneficiada pela criação dos lagos artificial como
o Lago Paranoá. Identifica-se logo pelo tamanho, o maior entre as garças brancas. O
bico comprido e amarelo uniforme, e as longas pernas negras também são suas
características principais (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

76
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Syrigma sibilatrix (Figura 57)– Espécie campestre vive em grupos familiares ou aos
casais. Insetívora, percorre os campos, pampas, plantações, cerrados, varjões e
bordas de ambientes lacustres (SIGRIST, 2009).

Mesembrinibis cayennensis - Vive solitário ou mais raramente em grupos de três a


quatro indivíduos em beiras de lagos e rios. Nidifica em árvores altas, na porção
superior das copas (SIGRIST, 2009).

Theristicus caudatus - Espécie campestre, comum em grande parte do país. É comum


em áreas semiabertas, capoeiras, beiras de florestas secas, caatingas, cerrados,
plantações, campos, canaviais e áreas urbanas. Mais adaptável que os outros
membros da família, sua população se expande na região centro-sul do país em
decorrência da ampliação das fronteiras agrícolas (SIGRIST, 2009).

Coragyps atratus – A espécie mais comum de urubu encontrada em cidades e áreas


abertas de todo o país, evita áreas densamente florestadas (SIGRIST, 2009).

Caracara plancus - Falcão de pernas e pescoço longos atinge 50 a 60 cm de


comprimento e sua envergadura pode chegar a 1,2 m. Saqueia ninhos de garças,
colhereiros e gaviões-carrapateiros. Segue tratores que aram o campo para capturar
minhocas e outros invertebrados. Pode ser visto sozinho ou em pequenos grupos. O
ninho é feito de gravetos, em forquilhas de árvores. Põe de dois a três ovos
manchados, que são incubados por um período de 28 dias. É encontrado
frequentemente nas estradas e regiões de queimadas, onde encontra alimento fácil
(ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Vanellus chilensis (Figura 58)- Uma das aves mais conhecidas do Distrito Federal
adaptou-se muito bem à paisagem urbana, onde ocupa áreas de gramados extensos e
abertos. Alimenta-se de insetos e pequenos animais que apanha enquanto anda pelo
chão. Tem comportamento conspícuo e plumagem característica. O ninho é uma
depressão rala, no meio de um campo ou pastagem. Extremamente agressivo, não
hesita em perseguir pessoas próximas ao seu ninho (SICK, 1997).

Columbina talpacoti - É a espécie mais comum do gênero no Brasil, encontrada em


áreas semiabertas, bordas de florestas, quintais, parques, jardins. Frequente em
cidades (SIGRIST, 2009).

Columbina squammata - Espécie localmente comum no Brasil Centro-Oriental, em


áreas semiabertas, borda de florestas, cerrados, catingas, capoeiras, quintais,
pomares, parques e jardins. É comum até em grandes metrópoles, e facilmente
reconhecida pela cauda com retrizes externas longas e plumagem clara barrada de
preto (SIGRIST, 2009).

Patagioenas picazuro - Espécie de grande porte do Brasil Centro-Meridional. Expande


sua área de distribuição para o sudeste em decorrência da expansão das fronteiras
agrícolas. Nidifica em arvores de grande porte, tais como pinheiros e eucaliptos
(SIGRIST, 2009).

Brotogeris chiriri - Típica do Brasil central. Verde com um grande espelho amarelo-
enxofre. Vive no cerrado, em mata de galeria e etc. (SICK, 1997).

Piaya cayana - É uma das aves mais populares do Brasil e de vasta distribuição na
America Latina. É notável pela cauda longa, graduada e alvinegra. Típico de áreas

77
Plano de Manejo ARIE do Bosque
abertas, antrópicas ou naturais. Frequente em muitas cidades do Brasil Oriental
(SIGRIST, 2009).

Guira guira - É uma das aves mais conhecidas do Brasil Oriental, comum em parques
e cidades, pastos e plantações. Forrageia preferencialmente no solo, em bandos de 6
a 12 indivíduos (SIGRIST, 2009).

Crotophaga ani - Uma das aves mais beneficiadas pela conversão do Cerrado em
pastagens, o anu é comum em áreas rurais e nos gramados urbanos. Altamente
gregário, tem reprodução comunitária, com várias fêmeas depositando seus ovos no
mesmo ninho e colaborando na criação dos filhotes. Caminha em grupos nos
gramados à procura de insetos, seu alimento principal. Vive nas paisagens abertas
com moitas e capões entre pastos e jardins; preferem lugares úmidos (ANTAS &
CAVALCANTI, 1988).

Athene cunicularia - É a coruja mais facilmente observada no Distrito Federal; destaca-


se das demais por nidificar em buracos no solo. É encontrada em áreas de campo
limpo, pastagens e em ambientes urbanos com extensos gramados. Constrói o ninho
frequentemente em tocas abandonadas de tatu, que amplia no fundo com suas garras
para formar uma câmara de postura. Possui hábitos diurnos. Plumagem
frequentemente com traços cor de terra. Os filhotes ameaçam intrusos com um
chocalhar que se assemelha bastante ao matraquear da cascavel, o que pode
realmente amedrontar um predador quando vem do interior de uma toca. Pousa ereta,
sobre cupinzeiros, estacas e fios, inclusive à beira de estradas (ANTAS &
CAVALCANTI, 1988).

Amazilia fimbriata - O menor beija-flor comumente observado no Distrito Federal


aparece com frequência em quintais e jardins com flores melíferas, como o hibisco-
fechado (Malvaviscus sp.), ou a unha de vaca (Bauhinia variegata e similares). Na
cidade, é visto com mais frequência na época de chuvas. É reconhecido pela listra
branca, estreita, que desce pelo centro do peito e abdômen expandindo-se no ventre.
Asas e cauda são quase negras, e o resto da plumagem é verde-fosco. No bico, a
mandíbula é rosa coral. O adulto pesa apenas cerca de 4g, enquanto o beija-flor-
tesoura, o maior do DF, pesa aproximadamente 8g (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Phaethornis pretrei - Beija-flor grande pode ser observado algumas vezes visitando
pomares e jardins urbanos. Logo reconhecido pelo corpo cor de canela e cauda
característica, encimada de branco, com penas centrais mais longas. É um beija-flor
típico do Planalto Central, mas ocorre em outras áreas, do Piauí ao Rio Grande do Sul.
Aparece em todo o Distrito Federal (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).

Eupetomena macroura - É um dos beija-flores mais comuns de Brasília, reconhecível


de imediato pelo longo rabo azul-escuro, em forma de tesoura. Ocorrem nos jardins,
cerrados e bordas de matas ciliares. Sua população parece variar marcadamente ao
longo do ano, sugerindo a existência de movimentos migratórios ou deslocamentos
sazonais. Disputa agressivamente o acesso às flores e às garrafinhas de beija-flores,
com membros de sua e de outras espécies (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).

Megaceryle torquata - O maior Martim-Pescador brasileiro, ocorre nos lagos artificiais,


açudes e rios do Distrito Federal. Adapta-se bem às circunstâncias criadas pelo
homem e frequenta viveiros de peixes sem vegetação aquática. Usa uma técnica de
pesca diferente da empregada pelo Martim-Pescador-Verde. Em Brasília, é mais
comum encontrar ninhos solitários, em barrancos perto das margens do lago Paranoá
(SICK, 1997).

78
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Nystalus chacuru - Habitante típico do cerrado, o joão-bobo é comum no Distrito
Federal. O nome popular refere-se a seu comportamento, quase imóvel, quando está
no solo. Vive em pequenos grupos, de dois a cinco indivíduos. Não é fácil de observar
no cerrado, devido aos hábitos discretos e plumagem inconspícua (BAGNO &
MARINHO-FILHO, 2001).

Dryocopus lineatus - Distingue-se pelo topete vermelho, corpo negro com duas faixas
brancas paralelas no dorso e uma lista branca em cada lado da cabeça. Estes pica-
paus alimentam-se exclusivamente de larvas de insetos, especialmente brocas de
madeira. Localizam as presas dando batidas fracas nas árvores ou galhos mortos,
parando frequentemente para escutar. Capturam as larvas com a língua longa,
pontuda e cheia de saliências. A abertura que deixa nos troncos são característicos,
grandes e irregulares (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Colaptes campestris - Campestre, gregário e semiterrícola, habita cerrados, caatinga,


pastos, plantações e parques urbanos. Nidifica em troncos secos e cupinzeiros
arbóreos ou terrestres ou em barrancos cortados por estradas (SIGRIST, 2009).

Thamnophilus doliatus - Comum em áreas semiabertas, matas secas, caatingas e


cerrados de grande parte do país, evita adentrar florestas densas. Vive solitário ou aos
casais, quase nunca associados a bandos mistos (SIGRIST, 2009).

Furnarius rufus - Um dos pássaros mais populares no Brasil Merídio-Oriental; Faz seu
ninho em formato de forno, um a cada ano, embora às vezes reforme um velho. Como
material, usa barro úmido e um pouco de esterco misturado à palha. Em regiões
arenosas usam mais esterco que terra; a quantidade de palha empregada varia sendo
apanhada ativamente pelo construtor e não fazendo parte de esterco; pode utilizar-se
de argamassa porventura disponível. Escolhe um lugar bem aberto para instalar-se,
tais como árvores isoladas, postes telegráficos e etc.; na falta de um substrato alto,
constrói sobre o solo (SICK, 1997).

Pitangus sulphuratus - É provavelmente o pássaro mais popular deste país. Habita os


campos de cultura, cidades e pousa nos edifícios. Vive às vezes em regime de
semidomesticação (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Megarynchus pitangua - Semelhande Pitangus sulphuratus, porem maior e com


distinto bico achatado. É ave comum em zonas urbanas, embora ocorra também em
zona rural em capoeiras e bordas de matas. Evita o interior da floresta densa
(SIGRIST, 2009).

Tyrannus savana - Ave migratória inconfundível pela sua longa cauda em forma de
tesoura, este papa-moscas é presença constante nos extensos gramados com árvores
esparsas da cidade nos meses de junho/agosto a janeiro/fevereiro. Captura insetos
em voo, a partir de um poleiro ou manobrando com sua cauda habilmente junto às
copas das árvores. Fora das áreas urbanas, é vista com pouca frequência, geralmente
em migração. Passa então pelas bordas de matas ciliares e campos sujos (ANTAS &
CAVALCANTI, 1988).

Tyrannus melancholicus - Ocorrem o ano todo nos pastos, áreas rurais, parques da
cidade e alguns jardins. É visto com frequência pousado em fios, facilmente
identificável pelo peito amarelo e cabeça cinza. Come insetos, apanhando-os em voo,
saindo do poleiro e retornando ao mesmo para comer. Nidifica no início das chuvas
(SICK, 1997).

79
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Xolmis cinereus - Ave de tom cinza, do porte de um sabiá. O olho é vermelho vivo.
Caça insetos, capturando-os em voos após sair de um galho. Vive nos cerrados do
Planalto Central, tendo colonizado os ambientes urbanos. É vista até na Esplanada
dos Ministérios, muitas vezes, pousada na grama por falta de árvores. É mais
frequente na época estação chuvosa (SICK, 1997).

Myiarchus ferox - Ocorre desde a Amazônia até o Brasil Oriental em bordas de


florestas úmidas e secas, capoeiras, restingas, caatingas e florestas secundarias e
áreas antropicas (SIGRIST, 2009).

Pygochelidon cyanoleuca - É a menor andorinha do Distrito Federal, azul-brilhante no


dorso e branca nas partes inferiores. Colonizou toda a área urbana de Brasília,
reproduzindo-se nas fendas laterais dos edifícios, no teto da Rodoviária, nos
Ministérios e na Universidade de Brasília, entre outros pontos (BAGNO & MARINHO-
FILHO, 2001).

Tachycineta leucorrhoa – Esta espécie aparece nas margens dos rios, nos varjões
(SICK, 1997).

Progne tapera - Habita o campo e a paisagem aberta de cultura (ANTAS &


CAVALCANTI, 1988).

Troglodytes musculus - Depois do pardal, certamente a ave que melhor se adapta às


áreas urbanas, chegando a nidificar em vasos de plantas, caixas de correio e outros
locais inusitados. A reprodução, no Distrito Federal, vai de agosto a novembro, época
em que são mais evidentes ao emitirem seu canto forte e contínuo de locais bem
visíveis. Cantam praticamente o ano inteiro, mas com maior frequência no período de
cria. Originalmente, habitava a borda da mata ciliar, o cerrado e o cerradão, locais
onde ainda é encontrada. Ocorre em todo Planalto Central (ANTAS & CAVALCANTI,
1988).

Turdus leucomelas - Espécie comum no Brasil Oriental, ocorrendo em áreas


semiabertas e antrópicas muito comum em quintais em cidades. Consome frutos e
insetos no solo (SIGRIST, 2009).

Mimus saturninus (Figura 59)- É a espécie mais conhecida do gênero, comum em


parques de cidades, pastos, caatingas, cerrados e plantações. Forrageia
principalmente no solo aos bandos de seis a doze indivíduos. No Cerrado associa-se
em bandos mistos. Choca em média, de dois a três ovos, e por vezes seu ninho é
parasitado por chopins, chocando os ovos dos mesmos (SIGRIST, 2009).

Coereba flaveola (Figura 60) - Espécie muito comum em quintais, um dos pássaros
mais abundantes do Brasil. De bico de sovela, destaca-se uma larga faixa branca
superciliar, garganta cinzenta e barriga amarelo-limão. O canto é um sibilado forte de
caráter ondulatório apressado, o canto pode ser localmente, mais melodioso,
lembrando a vocalização de um parulídeo. Vive em todos os tipos de mata secundária
onde há flores; seu alimento principal é o néctar. Procuram as mais variadas flores, a
começar pelos hibiscos, passando para inflorescência da bananeira, dos gravatás e
etc. Na vasta área da sua ocorrência, evoluíram numerosas raças geográficas (SICK,
1997).

Thraupis sayaca - O mais popular dos sanhaços brasileiros aparece, em Brasília, nos
jardins bem arborizados da cidade, nas matas ciliares, cerradões e matas associadas
a afloramentos calcários como as do vale do rio Maranhão, região norte do Distrito

80
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Federal. Frutos são seu alimento principal, aparecendo nos pomares e jardins com
laranjeiras, goiabas, mangas e mamões maduros, para citar algumas de suas frutas
prediletas (BAGNO & MARINHO-FILHO, 2001).

Thraupis palmarum - O sanhaçu de mais vasta distribuição em território brasileiro


expande sua área de ocorrência em certos locais do sudeste. Como canto de tom
mais alto que os outros sanhaçus, facilmente atraem a atenção de gaioleiros (SIGRIST,
2009).

Tangara cayana - Espécie predominantemente de áreas abertas, arborizadas,


capoeiras, cerrados, florestas de galeria e secundárias, cidades, plantações e
eucaliptais. Associa-se facilmente a bandos mistos (SIGRIST, 2009).

Sicalis flaveola - Apreciado por seus dotes canoros, comumente aprisionado como
pássaro de gaiolas no Brasil oriental. Habita em áreas semiabertas com arborização
esparsas, campos e pastos. Granívoro, terrícola, também captura cupins em revoadas
(SIGRIST, 2009).

Volatinia jacarina (Figura 61) - Uma das aves mais populares do país. Atrai a atenção
devido ao hábito do macho cantar em locais muito visíveis, dando uma pirueta no ar.
De novembro a fevereiro, época de reprodução no Planalto Central, os machos ficam
muito ativos durante todo o dia, cantando “tiziu” a cada pulo, ao mesmo tempo em que
evidenciam o branco da área interna da asa durante a cambalhota. É observado em
todo o Distrito Federal, mesmo no interior das cidades, em áreas com capinzais
capazes de mantê-lo e servir de suporte para o ninho. Canta nas cercas e nos poleiros
artificiais, substitutos dos arbustos e árvores (ANTAS & CAVALCANTI, 1988).

Sporophila caerulescens - É muito perseguido no país para cativeiro, apreciado pelo


canto e rusticidade. Vive em todo o Distrito Federal, em especial nas fazendas de
gado. Alimenta-se de sementes de capins e de tiriricas, sendo o habitante natural dos
brejos e buritizais mais beneficiados pela introdução de gramíneas forrageiras para o
gado (SICK, 1997).

Geothlypis aequinoctialis - Habitante da borda da mata ciliar, dos brejos, buritizais e


outros ambientes úmidos com vegetação arbustiva. Ocorre em todo Planalto Central,
tendo um canto característico, emitido com maior frequência de julho a
novembro/dezembro, época de reprodução. É um insetívoro, buscando seu alimento
no meio do intrincado dos arbustos ou sobre as folhas (SICK, 1997).

Gnorimopsar chopi - Pássaro de canto vigoroso, apreciado por seus dotes canoros em
muitas regiões do país. Forrageiam no solo em áreas abertas ou semiabertas, áreas
antrópicas, palmais e buritizais. Localmente comum no centro-sul do Brasil (SIGRIST,
2009).

Euphonia chlorotica - Ocorre em todo Brasil. Aos casais ou grupos familiares,


acompanha bandos mistos nas bordas de florestas secas, capoeiras, cerrados,
caatingas, parques e árvores isoladas em geral (SIGRIST, 2009).

81
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 58. Estrilda astrild (bico-de-lacre) Figura 59. Syrigma sibilatrix (Maria-faceira)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Figura 60. Vanellus chilensis (quero-quero) Figura 61.. Mimus saturninus (sabiá-do-campo)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica

Figura 62. Coereba flaveola (cambacica) Figura 63. Volatinia jacarina (tziu)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica

5.2.4.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A avifauna local é caracterizada por espécies generalistas, que se beneficiam de áreas


antrópicas e são bastante comuns em ambientes urbanos, tais como parques e jardins.

Com a construção de Brasília, a vegetação nativa foi convertida, cedendo espaço a


áreas urbanas e agrícolas. O que é observado na área em estudo, pois se trata de
ambiente com conversão total da vegetação nativa e com introdução de espécies de
82
Plano de Manejo ARIE do Bosque
plantas frutíferas e exóticas, que não compõe vegetação original do Cerrado.
Observam-se apenas algumas espécies pontuadas de árvores típicas do cerrado, mas
que se encontram isoladas. Segundo Antas & Cavalcanti (1988), várias aves nativas
colonizaram estes ambientes, especialmente aquelas típicas de vegetação aberta e de
borda florestal.

Todas as aves citadas acima foram identificadas na ARIE do Bosque. Foi reconhecida
uma espécie migratória, a tesourinha, Tyrannus savana, comum na primavera. Quanto
às espécies exóticas, introduzidas no Brasil, que acompanharam a implantação da
cidade e que foram registradas na área, pode-se citar o pardal, Passer domesticus e o
bico-de-lacre, Estrilda astrild.

5.2.5. Mastofauna

Mamíferos constituem um grupo de vertebrados de ampla distribuição geográfica, com


grande variedade de formas e hábitos (e.g. EMMONS & FEER, 1997; EISENBERG &
REDFORD, 1999; WILSON & REEDER, 2005). A classe é composta no mundo por
139 famílias e 4.629 espécies (WILSON & REEDER, 2005). No Brasil ocorrem 46
famílias com 688 espécies nativas distribuídas na seguinte proporção: Didelphimorphia
(1 família, 55 espécies); Sirenia (1, 2); Xenarthra (4, 19); Primates (4, 111);
Lagomorpha (1, 2); Chiroptera (9, 172); Carnivora (6, 28); Perissodactyla (1, 1);
Artiodactyla (4, 13); Cetacea (8, 42) e Rodentia (7, 243) (REIS et al., 2011). Para o
bioma Cerrado são registradas 195 espécies, sendo 18 endêmicas (KLINK &
MACHADO, 2005; REIS et al., 2011).

A perda e fragmentação de habitats, resultantes de atividades humanas, constituem as


maiores ameaças aos mamíferos terrestres no Brasil. Além disso, sofrem a pressão de
caça, mesmo que a atividade seja ilegal no país há mais de 40 anos (e.g. COSTA et
al., 2005; ROCHA-MENDES et al., 2005). O Cerrado no Brasil Central, considerado
um dos ‘hotspots’ para conservação da biodiversidade mundial, está desaparecendo
rapidamente e algumas espécies de mamíferos em risco de extinção são endêmicas
(e.g. MYERS et. al., 2000; COSTA et al., 2005; KLINK & MACHADO, 2005). Entre
essas, destacam-se grandes e pequenas espécies (p. ex.: tamanduá-bandeira, tatu-
canastra, lobo-guará, rato-candango e o morcego Lonchophylla dekeyseri).

A importância dos mamíferos é evidente em uma série de processos ecossistêmicos,


seja através da dispersão de sementes ou pela regulação de outras populações. A
baixa densidade ou a extinção local de predadores topo de cadeia pode ocasionar um
aumento da densidade de espécies de médio porte de hábitos generalistas, gerando
alterações na comunidade de pequenos vertebrados (PARDINI et al., 2003; BEGON et
al., 2007). Para se obter a proteção adequada deste grupo é necessário proteger
áreas grandes o suficiente para suportar populações viáveis de baixa densidade e
grandes áreas de vida (NOSS, 1990). Dessa forma, o grupo dos mamíferos parece ser
um bom indicador do nível de alteração dos habitats naturais, e útil para o
monitoramento da qualidade ambiental de ecossistemas.

Apesar dos mamíferos serem considerados um dos grupos mais bem conhecidos,
poucas áreas foram adequadamente inventariadas e listas locais de espécies são
geralmente incompletas (VOSS & EMMONS, 1996). Partindo desse contexto, muito
esforço ainda é necessário para se conhecer a real diversidade de espécies, sua
classificação, evolução e biologia. Essas lacunas de conhecimento dificultam
iniciativas de conservação e manejo, assim como análises regionais (BRITO, 2004).

83
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O presente estudo tem por objetivo atualizar e apresentar a lista de espécies de
mamíferos que ocorrem na ARIE do Bosque, Distrito Federal (DF). E através de dados
secundários, buscar apontar espécies potenciais de ocorrência no local (Tabela 12),
bem como destacar os níveis de ameaça pertinentes.

5.2.5.1. METODOLOGIA

Os mamíferos identificados na ARIE do Bosque (Tabela 12) foram registrados por


meio de observação direta e por vestígios (rastros, fezes, tocas e carcaças). Os
rastros e demais vestígios indiretos das espécies foram identificados segundo critérios
de BECKER & DALPONTE (1999) E BORGES & TOMÁS (2004). Quanto aos dados
secundários, à caracterização da mastofauna aconteceu através de levantamento em
artigos de periódicos científicos e banco de dissertações e teses da Universidade de
Brasília – UnB. A partir dos dados compilados foi montada uma lista das principais
espécies (Tabela 12).

5.2.5.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os mais importantes estudos sobre as comunidades de pequenos mamíferos


no DF, destacam-se os trabalhos de Ribeiro & Marinho-Filho (2005) na Estação
Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE); e Santos (2009) na APA Gama e Cabeça
de Veado (APAGCV), que utilizando como método de captura armadilhas do tipo
Sherman, registraram oito e seis espécies, respectivamente. Já para os mamíferos de
médio e grande porte, o estudo conduzido por Juarez (2008) em três Unidades de
Conservação do DF (Parque Nacional de Brasília, ESECAE e APAGCV), adicionou 25
espécies na lista, destas, 24 foram amostradas por meio de armadilhas fotográficas e
uma por encontro ocasional de vestígios. Enquanto Bagatini (2006), buscando avaliar
os índices de atropelamento da fauna silvestre nas rodovias do entorno da ESECAE,
menciona o registro de oito espécies da mastofauna. Em relação aos morcegos, o DF
conta com a presença de 51 espécies, sendo duas ameaçadas de extinção:
Chiroderma doriae e Lonchophylla dekeyseri (e.g. AGUIAR, 2000; BARROS et al.,
2007). O grupo dos mamíferos está representado no DF por 138 espécies (70% do
total de espécies do Cerrado) (IBRAM, 2012). Na sequência, segue maiores
apontamentos sobre cada ordem registrada na ARIE do Bosque.

Tabela 12. Lista das espécies de mamíferos registradas (X) e de possível ocorrência (PO) para
ARIE do Bosque, com respectivo status de conservação (IUCN, 2011). Pm: preocupação menor, Di:
dados insuficientes. Taxonomia conforme Wilson & Reeder (2005).

Status de Status de
Ordenamento taxonômico Nome popular
ocorrência conservação

Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Lund, 1840 Gambá X Pm
Ordem Pilosa
Família Dasypodidae
Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-de-rabo-mole PO Pm
Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Tatuí PO Pm
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-peba PO Pm

84
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Ordem Primates
Família Cebidae
Cebus libidinosus Spix, 1823 Macaco-prego PO Pm
Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) Sagui X Pm
Ordem Chiroptera
Família Phyllostomidae
Desmodus rotundus (É. Geoffroy, 1810) Morcego-vampiro PO Pm
Anoura geoffroyi Gray, 1838 Morcego beija-flor PO Pm
Glossophaga soricina (Pallas, 1788) Morcego beija-flor PO Pm
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego PO Pm
Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego PO Pm
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego PO Pm
Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego PO Pm
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego PO Pm
Platyrrhinus incarum (Thomas, 1912) Morcego PO Pm
Platyrrhinus lineatus (É. Geoffroy, 1810) Morcego PO Pm
Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) Morcego PO Pm
Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Morcego PO Pm
Família Mormoopidae
Pteronotus parnellii Gray, 1843 Morcego PO Pm
Família Molossidae
Molossops temminckii (Burmeister, 1854) Morcego PO Pm
Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego PO Pm
Molossus rufus É. Geoffroy, 1805 Morcego PO Pm
Nyctinomops laticaudatus (É. Geoffroy,
Morcego PO Pm
1805)
Família Vespertilionidae Morcego PO Pm
Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) Morcego PO Pm
Eptesicus diminutus Osgood, 1915 Morcego PO Di
Eptesicus furinalis (d'Orbigny, 1847) Morcego PO Pm
Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) Morcego PO Di
Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego PO Pm
Myotis riparius Handley, 1960 Morcego PO Pm
Ordem Carnivora
Família Mustelidae
Galictis cuja (Molina, 1782) Furão PO Pm
Ordem Rodentia
Família Cricetidae
Akodon lindberghi Hershkovitz, 1990 Rato PO Di
Calomys callosus (Rengger, 1830) Rato PO Pm
Calomys expulsus (Lund, 1841) Rato PO Pm
Calomys tener (Winge, 1887) Rato PO Pm
Cerradomys scotti (Langguth & Bonvicino,
Rato PO Pm
2002)

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
Hylaeamys megacephalus (Fischer, 1814) Rato PO Pm
Necromys lasiurus (Lund, 1840) Rato PO Pm
Nectomys rattus (Pelzen, 1883) Rato PO Pm
Oecomys bicolor (Tomes, 1860) Rato PO Pm
Oecomys concolor (Wagner, 1845) Rato PO Pm
Oligoryzomys fornesi (Massoia, 1973) Rato PO Pm
Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) Rato PO Pm
Thalpomys cerradensis Hershkovitz, 1990 Rato PO Pm
Thalpomys lasiotis Thomas, 1916 Rato PO Pm
Família Muridae
Mus musculus Linnaeus, 1758 * Rato PO Pm
Rattus rattus (Linnaeus, 1758) † Rato X Pm
Família Caviidae
Cavia aperea Erxleben, 1777 Preá PO Pm
Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus,
Capivara X Pm
1766)
* Espécie exótica (introduzida) que voltou à condição silvestre.
† Espécie exótica.

ORDEM DIDELPHIMORPHIA

A família Didelphidae, a única dentro da ordem, é composta no mundo por 92 espécies.


Dentre eles, 55 espécies ocorrem no Brasil (ROSSI & BIANCONI, 2011) e 12
encontram-se no DF (IBRAM, 2012). Para ARIE do bosque, o registro de Didelphis
albiventris (Figura 64) era esperado, dada sua grande plasticidade adaptativa, o que
permite que seja encontrado até mesmo em grandes centros urbanos, sendo comuns
e abundantes em vários ambientes (REIS et al., 2011). A dieta dos marsupiais é
composta pelos mais variados itens alimentares, como pequenos vertebrados,
artrópodes, néctar, frutas, entre outros (e.g. ROSSI & BIANCONI, 2011).

Figura 64. Didelphis albiventris (gambá).


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

86
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM CHIROPTERA

Morcegos compreendem o segundo grupo de mamíferos mais rico em espécies (n =


1.116) do mundo, atrás apenas dos roedores (WILSON & REEDER, 2005). No Brasil,
o grupo é representado por 172 espécies (REIS et al., 2007; Reis et al., 2011) sendo
que 51 ocorrem no DF (IBRAM, 2012). Estão divididos em duas subordens:
Megachiroptera (conhecidos como “raposas voadoras”), que contém apenas a família
Pteropodidae, ocorrendo no Velho Mundo, e Microchiroptera, com as 17 famílias
restantes, da qual fazem parte os pequenos morcegos característicos dos trópicos e
regiões temperadas de ambos os hemisférios (NOWAK, 1999; SIMMONS, 2005).

Por sua capacidade de voo (única entre os mamíferos), notável diversidade de formas
e hábitos alimentares, os morcegos podem utilizar os mais variados nichos em
complexa relação de interdependência com o meio (FENTON et al., 1992; PEDRO et
al., 1995; NEUWEILER, 2000). À medida que partilham os recursos, influenciam na
dinâmica dos ecossistemas, agindo como dispersores de sementes, polinizadores e
reguladores de populações animais (KUNZ & FENTON, 2003). Também apresentam
grande potencial como indicadores de níveis de alteração do hábitat (FENTON et al.,
1992; JONES et al., 2009), podendo ser utilizados como “ferramentas” na identificação
dos processos biológicos envolvidos na perda ou transformação do ambiente natural
(BIANCONI et al., 2004).

Tais espécies, dispersores de pólen ou semente, poderiam se enquadrar na categoria


de espécies-chave como élos-móveis (mutualistas-chaves), termo utilizado para
descrever animais que são importantes na perpetuação de muitas espécies de plantas,
as quais, por sua vez, apoiam outras redes tróficas (PEDRO, 1998; BEGON et al.,
2007). Tais fatores incluem os morcegos na lista dos grupos que merecem atenção
especial em programas de conservação e monitoramento. Abaixo segue imagens de
quatro espécies que possivelmente ocorrem na ARIE do Bosque (Figuras 65 a 68).

Figura 65. Anoura geoffroyi (morcego beija-flor). Figura 66. Glossophaga soricina (morcego
Fonte:Equipe Técnica Neotropica beija-flor). Fonte:Equipe Técnica Neotropica

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 67. Carollia perspicillata (morcego). Figura 68. Artibeus lituratus (morcego).
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:Equipe Técnica Neotropica

ORDEM PRIMATES

Os primatas estão representados no mundo por 634 espécies (WILSON & REEDER,
2005), sendo que 98 ocorrem no Brasil – país que detêm a maior diversidade de
primatas do Mundo (REIS et al., 2011) – destas, três apresentam registro no DF
(IBRAM, 2012). Para ARIE do Bosque foi diagnosticado através de avistamento a
presença de Callithrix penicillata (Figura 69). Segundo a distribuição do táxon, sua
ocorrência na região é esperada, uma vez que este primata demonstra facilidade de
adaptação a áreas perturbadas (BICCA-MARQUES et al., 2011). Cabe lembrar, porém,
que a não conectividade dos fragmentos e a destruição dos corredores ecológicos
pode comprometer a variabilidade genética das populações, expondo-as a efeitos
estocásticos e determinísticos que levam a extinção. São considerados animais
onívoros, cuja dieta é composta principalmente por frutos e insetos e, eventualmente,
sementes, flores, brotos e pequenos vertebrados (BICCA-MARQUES et al., 2011).

Figura 69. Callithrix penicillata (sagui).


Fonte:Equipe Técnica Neotropica

ORDEM RODENTIA

Os roedores formam o grupo de mamíferos mais rico em espécies do mundo (n =


2.277, cerca de 42% da diversidade total de Mammalia), além disso, estão
amplamente distribuídos no planeta (WILSON & REEDER 2005.). No Brasil, a ordem é

88
Plano de Manejo ARIE do Bosque
representada por 243 espécies (BONVICINO et al., 2008; Reis et al., 2011), com 42
espécies ocorrendo no DF (IBRAM, 2012). Para ARIE do Bosque foram registrados
Rattus rattus – espécie exótica (Figura 70) e Hydrochaeris hydrochoerus (Figura 71).
Para estas taxas, cabe mencionar o alto poder de penetração que apresentam em
ambientes florestais alterados, e a capacidade de adaptação as mais variadas
condições impostas pelo ser humano ao ambiente. Sendo, muitas vezes, encontrados
em ambientes urbanos. A onivoria constitui o principal hábito alimentar dos
representantes da ordem, consumindo gramíneas, frutos, tubérculos, brotos, sementes,
entre outros (OLIVEIRA & BONVICINO, 2011). Muitas espécies, como Cuniculus paca,
Dasyprocta spp. Hydrochaeris hydrochoerus, são bastante perseguidas por caçadores
e/ou cães domésticos que adentram áreas florestais (OLIVEIRA & BONVICINO, 2011).

Figura 70. Rattus rattus (rato). Figura 71. Fezes e pegadas de Hydrochaeris
Fonte:Equipe Técnica Neotropica hydrochoerus (capivara).
Fonte:Equipe Técnica Neotropica

5.2.5.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

De modo geral, as espécies registradas e as sugeridas para possível ocorrência na


ARIE do Bosque, apresentam alta flexibilidade ambiental e grande poder adaptativo
(REIS et al., 2011), uma vez que o local encontra-se altamente antropizado. Não estão
presentes na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al.,
2005) e, com exceção de Eptesicus diminutus, Histiotus velatus e Akodon lindberghi,
classificados pela IUCN (2011) como “dados insuficientes” (i.e. espécie que necessita
de mais dados para que seu status possa ser corretamente avaliado), as demais são
consideradas como de “baixo risco de extinção”, subcategoria “preocupação menor”
(i.e. espécie que não está ameaçada no presente e apresenta pouca probabilidade de
se tornar ameaçada num futuro próximo).

Atualmente, determinadas espécies não estão ameaçadas no Brasil como um todo,


mas são extremamente raras ou podem estar até mesmo extintas em grandes áreas
de sua distribuição original. Das 69 espécies de mamíferos classificados como
ameaçadas de extinção pela IUCN (2011), a maior ameaça encontra-se
principalmente nas ordens Primates e Carnivora, com 26 e 10 espécies,
respectivamente (BICCA-MARQUES et al., 2011; CHEIDA et al., 2011). Isso significa
que 26,8% do total de primatas e 34,5% do total de carnívoros estão em perigo de
desaparecer. Considerando a íntima relação que os mamíferos silvestres apresentam
com os ecossistemas brasileiros, esses valores certamente estão relacionados à
grande redução, fragmentação e outros impactos antrópicos sob as áreas naturais
(VOSS & EMMONS, 1996; REIS et al., 2011). A degradação ambiental, ameaça ao

89
Plano de Manejo ARIE do Bosque
qual o bioma Cerrado está submetido (KLINK & MACHADO, 2005), contribui
diretamente para o desaparecimento de muitas espécies.

5.2.6. Ictiofauna

O Lago Paranoá é um reservatório urbano com 48 anos de desenvolvimento. Ao longo


desse período, quatorze espécies de peixes exóticas, originárias de outras bacias
hidrográficas brasileiras, africanas, asiáticas, europeias e norte-americanas, foram
progressivamente introduzidas no lago, com invasões posteriores em trechos dos
tributários contribuintes e no Rio Paranoá, à jusante da barragem (ROCHA, 1990).

A barragem foi construída sobre a antiga Cachoeira do Paranoá que, por sua altura,
era uma importante barreira para a dispersão da fauna aquática, determinando um
longo período de isolamento das comunidades de peixes do alto Rio Paranoá. Isso
explica a baixa similaridade (30%) entre as comunidades de peixes dos tributários do
Lago Paranoá com as demais comunidades de peixes do Distrito Federal (ROCHA,
1990).

A ictiofauna nativa da Bacia do Rio Paranoá é formada, principalmente, por peixes de


escama da ordem Characiformes (57%) e por peixes de couro da ordem Siluriformes
(30,6%). As famílias Characidae, com 12 espécies (25%) e Crenuchidae, com oito
espécies (16,6%), são as mais representativas na comunidade. Os charutinhos do
gênero Characidium (com oito espécies - 17%) e os lambaris do gênero Astyanax
(com quatro espécies - 8,5%) apresentam os maiores números específicos (RIBEIRO,
1998).

As introduções de peixes no Lago Paranoá se iniciaram já no ano seguinte do seu


enchimento, tendo sido lançados no reservatório, entre março e dezembro de 1961,
um total de 145.000 tilápias do Congo (Tilápia rendalli), 6.500 “black-bass”
(Micropterus salmoides); 7.000 “bluegill” (Lepomis macrochira); 5.000 mandi amarelo
(bagre não identificado) e 12 reprodutores de piapara (espécie da Família
Anostomidae - piaus), peixes estes oriundos da Granja do Ipê (RIBEIRO, et al. 2001).

Durante a década de 70, a lista de espécies introduzidas no lago passou também a


incluir peixes ornamentais criados por aquaristas amadores. Os estudos realizados no
Lago Paranoá sugerem que as espécies exóticas estão distribuídas indistintamente
por todas as áreas do lago, mas algumas têm modificado sua abundância ao longo
dos anos. O “bluegill” alcançou seu pico máximo de abundância na década de 80,
tendo decaído nas capturas desde então. A tilápia do Nilo também parece estar
substituindo a tilápia do Congo, ao menos no braço do Riacho Fundo. O tucunaré vem
aumentando significativamente sua presença no lago nos últimos anos. As demais
espécies parecem apresentar populações mais estabilizadas (RIBEIRO et al., 2001).

5.2.6.1. METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM

Na ARIE do Bosque, às margens do lago Paranoá, foram instaladas redes de espera


simples em três pontos amostrais (Figura 72). Foram capturadas e identificadas
algumas espécies. As espécies identificadas foram caracterizadas de acordo com seu
modo de vida e diferenciadas quanto a espécies exóticas e nativas. Não foram
encontradas espécies da classe CHONDRICHTHYES.

90
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 72. Pontos de coleta da ictiofauna.
Coordenadas: P1(191122E/8247798N); P2(191448E/8248001N); P3(191717E/8248346N)
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

91
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Durante o levantamento da Ictiofauna no lago Paranoá, houve o registro de oito espécies
(Tabela 13). De acordo com dados secundários (IBRAM, 2012), estão presentes no corpo
d‟água, por volta de 35 espécies de peixes, sendo seis espécies exóticas.

Tabela 13. Check list da ictiofauna do lago Paranoá, Brasília-DF.


ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular CAP BLP EXO
CHARACIFORMES
CRENUCHIDAE
Characidium sp. Canivete X
Characidium xanthopterum (Silveira et al, 2008) Canivete X
ANOSTOMIDAE
Leporinus microphthalmus (Garavello, 1989) Piau X
CHARACIDAE
Astyanax ribeirae (Eigenmann, 1911) Lambari X
Astyanax scabripinnis paranae (Eigenmann,
Lambari X X
1914)
Astyanax scabripinnis rivularis (Jenyns, 1842) Lambari X
Astyanax sp. Lambari/Piaba X
Bryconamericus stramineus (Eigenmann, 1908) Lambari X
Ctenobrycon sp. Canivete X
Hasemania crenuchoides (Zarske & Géry, 1999) Lambari X
Hyphessobrycon balbus (Myers, 1927) X
Knodus moenkhausii (Eigenmann & Kennedy,
Tetra- colombiano X
1903)
Kolpotocheirodon theloura (Malabarba &
X
Weitzman, 2000)
Moenkhausia sp. Cascudinho X
Planaltina myersi (Böhlke, 1954) Piaba X
ERYTHRINIDAE
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Traíra X X
PARODONTIDAE
Apareiodon affinis (Steindachner, 1879)[ Canivete X
Apareiodon ibitiensis (Amaral Campos, 1944) Canivete X
Apareiodon piracicabae (Eigenmann, 1907) Canivete X
Parodon tortuosus (Eigenmann & Norris, 1900) Canivete X
PROCHILODONTIDAE
Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) Curimatã X
CYPRINODONTIFORMES
CYPRINIDAE
Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758) Carpa X X X
POECILIIDAE
Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) Guaru X
Phalloceros harpagos (Lucinda, 2008) X
Poecilia reticulata(Peters, 1859) barrigudinho X X

92
Plano de Manejo ARIE do Bosque
ORDEM/FAMÍLIA/Espécie Nome Popular CAP BLP EXO
Xiphophorus helleri (Heckel, 1848) Espadinha X X
PERCIFORMES
CENTRARCHIDAE
Lepomis macrochira (Rafinesque, 1819 Blue gill X X
CICHLIDAE
Cichla sp. Tucunaré X X
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) Tilápia-do-nilo X X X
Tilapia rendalli (Boulenger, 1897) Tilápia X X X
SILURIFORMES
CALLICHTHYIDAE
Aspidoras fuscoguttatus (Nijssen & Isbrücker,
Cascudinho X X
1976)
LORICARIIDAE
Imparfinis sp. Bagrinho X
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Bagre X
Hypostomus sp. 1 Cascudo Pardo X
Hypostomus sp. 2 Cascudo Pinta Preta X
Microlepidogaster sp.
TRICHOMYCTERIDAE
Trycomicterus sp. Candirú X
Legenda: CAP: Espécies capturadas durante o levantamento; BLP: Dados secundários para Bacia do Lago Paranoá (IBRAM,
2012); EXO: Espécies exóticas.

5.2.6.2. ESPÉCIES EXÓTICAS CAPTURADAS

Segundo Starling et al. (2002), tanto a Tilapia rendalli, quanto a Oreachromis niloticus que
são encontradas na ARIE do Bosque, podem inibir o recrutamento de outras espécies de
peixes, que se alimentam principalmente de zooplâncton, e se orientam visualmente para
localizar e capturar suas presas. Esse fato ocorre ao menos no estágio inicial de sua vida,
devido a sua ação na bioturvação ou resuspensão de sedimentos.

A tilápia (Figura 73) é uma espécie utilizada controle biológico de algumas plantas aquáticas.
Preferem plantas flutuantes, mas também consomem algas fibrosas. Ao preparar a
nidificação, prefere sempre uma área limpa, em água rasa onde a quantidade de oxigênio é
abundante. A fêmea deposita seus ovos no ninho, alcançando em número entre uma dúzia
a mais de 2.000 (NELSON et al, 1987).

Oreochromis niloticus possui corpo bem compresso e delgado. Apresenta uma linha lateral
dividida em duas partes: a porção anterior mais alta em relação à porção posterior, uma
nadadeira dorsal longa e sem cortes, e a nadadeira anal afilando em uma ponta. O
comprimento máximo publicado foi de 60 cm, e o peso máximo publicado foi de
aproximadamente 4,3 kg. A principal característica que distingue o Oreochromis niloticus
(Figura 74) é a presença de listras por todo comprimento da nadadeira caudal. São animais
de hábitos diurnos principalmente. De hábito alimentar fitoplanctófago, alimenta-se
principalmente de algas clorofíceas (RIBEIRO, 2006).

93
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 73. Tilápia (Tilapia aff. rendalli) Figura 74. Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus)
Fonte:Equipe Técnica Neotropica Fonte:www.infobibos.com/.../Psicultura/Index.htm

Cyprinus carpio é uma espécie onívora e bastante utilizada como peixe ornamental. Quando
a temperatura da água atinge abaixo de 10º C, a carpa se recolhe em abrigos e ai
permanece jejuando até o retorno de condições de temperatura ideal (NELSON et al. 1987).

5.2.6.3. ESPÉCIES NATIVAS CAPTURADAS

Hoplias malabaricus - Prefere águas paradas (lênticas), dando-se muito bem em lagos e
açudes, mas está presente nos rios com constância, situando-se predominantemente nos
remansos destes. Tem o corpo cilíndrico e alongado (Figura 75). Apresenta cor discreta,
podendo alterá-la um pouco, em função de fatores ambientais. Algumas variedades
geográficas apresentam olhos esverdeados, outras vermelhos, outros indistintos, etc. Tem
como principais características serem peixes carnívoros, predadores, com ampla
distribuição pela América do Sul. Habitam, de preferência, ambientes lênticos e têm hábitos
preferencialmente noturnos (NELSON et al. 1987).

Astyanax scabripinnis - Peixes de escamas, de pequeno porte, raramente ultrapassando 20


cm de comprimento total; corpo alongado e pouco comprimido. A coloração é bastante
variada; algumas espécies são muito coloridas (Figura 76). Espécies onívoras alimentam-se
de vários itens vegetais e animais (flores, frutos, sementes, insetos, crustáceos, algas,
detritos e etc.) vivem em vários tipos de habitat. Os menores e mais coloridos são utilizados
como peixes ornamentais (NELSON et al. 1987).

94
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 75. Traíra (Hoplias malabaricus) Fonte: Figura 76. Lambari (Astyanax scabripinnis) Fonte:
www.geocities.jp/oda230/sakana.html fishbase.org/identification/specieslist.cfm

Poecilia reticulata (Figura 77) - Peixe ornamental de comportamento pacífico, originário da


América Central e América do Sul. O comprimento do macho adulto é de aproximadamente
5 centímetros e o da fêmea, 7 cm. São normalmente encontrados em populações isoladas,
habitando pequenos riachos e lagos de diversos tamanhos (RIBEIRO, 2006).

Hypostomus sp. 2 - Os cascudos caracterizam-se pelo corpo delgado, revestido de placas


ósseas, e pela cabeça grande. A boca localiza-se na face ventral e em algumas espécies é
rodeada por barbas. Estes peixes vivem nos fundos dos rios e lagos, até cerca de 30 metros
de profundidade, e alimentam-se de lodo, vegetais e restos orgânicos em geral (NELSON et
al. 1987).

Cichla spp. - Peixes de escamas (Figura 78) de corpo alongado. Exemplares adultos podem
medir 30 cm ou mais de 1m de comprimento total, pode ser amarelado, esverdeado,
avermelhado, azulado, quase preto e etc. A forma e número de manchas (podem ser
grandes, pretas e verticais; ou pintas brancas distribuídas regularmente pelo corpo e
nadadeiras etc.) variam bastante de espécie para espécie. Todos os tucunarés apresentam
uma mancha redonda (ocelo) no pedúnculo caudal. Espécies sedentárias (não realizam
migrações) vivem em lagos/lagoas (entram na floresta inundada durante a cheia).
Alimentam-se principalmente de peixes e camarões (RIBEIRO, 2006).

Figura 77. Barrigudinho (Poecilia reticulata) Fonte: Figura 78. Tucunaré (Cichla spp.) Fonte:
www.viviparos.com/Galeria/FAG1.htm www.ilhadopescador.com.br/peixes.php

95
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO

6.1. Dinâmica Populacional

A população do Distrito Federal, no anos iniciais a construção de Brasília, registrou elevadas


taxas anuais de crescimento em função de intenso fluxo migratório vivenciado na época. No
entanto, a cada década suscedida, embora ainda continuasse elevada, as taxas começaram
a declinar em razão da mudanças características de cada período.

Conforme informações levantadas pela CODEPLAN, na década de 50 os moradores de


Planaltina, Brazlândia e fazendas circunvizinhas, cerca de 12.283 habitantes foram os
primeiros moradores do Distrito Federal, entretanto ocorreu um aumento significativo no
número de habitantes residentes no DF entre a década de 1960/70 e 70/80 impulsionados
pelas obras de construção de Brasília, consolidando a predominância migratória na
formação dessa população (CODEPLAN, 2006).

A cidade de Brasília foi inaugurada em abril de 1960 e que muitos acreditavam que não
durariam cinco anos. Já o Núcleo Bandeirante, formado em 1956 com o nome de Cidade
Livre, destinado a abrigar os primeiros Candangos, era para deixar de existir após a
inauguração de Brasília, no entanto, consolidou-se de tal forma que se tornou uma cidade-
satélite.

Entre a década de 1980/91 aconteceu um declínio expressivo no número migratório para o


Distrito Federal, demonstrado pela média anual de 8.966 e taxa média geográfica de
crescimento anual 2,84 permanecendo com certa estabilidade até o ano 2005 (Tabela 14 e
Figura 79).

Tabela 14 - Evolução da população do Distrito Federal, TMGCA e Densidade Demográfica 1957-2005


ANOS POPULAÇÃO TMGCA¹ HAB/KM²
1957 12.283 2,12
1959 64.314 128,82 11,11
1960 140.164 117,94 24,21
1970 537.492 14,39 92,84
1980 1.176.935 8,15 203,30
1991 1.601.094 2,84 276,57
1996 1.821.946 2,62 314,72
2000 2.051.146 3,01 354,31
2005 2.333.108 2,61 403,01
Fontes: Projeções populacionais - Brasil e Grandes Regiões - IBGE e Censo Demográfico - IBGE dados elaborados pela
SEPLAN

Figura 79- Evolução da TMGCA - TMGCA-Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual entre períodos.
Fonte: Projeções populacionais - Brasil e Grandes Regiões - IBGE e Censo Demográfico - IBGE

96
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Após realização da pesquisa distrital por amostra de domicílios – PDAD em 2004 constatou-
se que a população do Distrito Federal era de aproximadamente 2.096.534 habitantes,
sendo 48,1% homens, 51,9% mulheres, desses 24,6% tinham até 14 anos de idade, a
maioria cerca de 68,0% estava no grupo de 15 a 59 anos. Restando uma população de
7,4% representada pela faixa etária de 60 anos acima. (CODEPLAN-PDAD, 2004).

Na Tabela 15 e na Figura 80 pode-se observar a distribuição da população por lugar de


nascimento, e constatar que a maioria dos residentes do Distrito Federal em 2004 já era em
sua maioria de naturalidade desta unidade Federativa.

Tabela 15 – Naturalidade da População segundo as Grandes Regiões – ano 2004.


Lugar de nascimento Quantidade Percentual
Exterior 6.142 0,3
Região Norte 43.519 2,1
Região Nordeste 558.792 26,7
Região Sudeste 287.383 13,7
Região Sul 30.388 1,4
Região Centro-Oeste 136.791 6,5
Distrito Federal 1.006.689 48,0
Entorno 26.831 1,3
Total 2.096.534 100,0
Fonte: SEPLAN/Codeplan – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio-PDAD.

Figura 80- População residente por lugar de nascimento


Fonte: SEPLAN/Codeplan – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio.

Esse processo migratório apresentou traços bastante conflituosos, pois à medida que se
implantava o Plano Piloto formou-se uma periferia circunvizinha representada pelas Cidades
Satélites. Na época da construção da nova cidade fez-se necessário a criação desses
núcleos habitacionais, no sentido de acolher os trabalhadores (PAVIANI e GOUVÊA, 2003).

Foi justamente a criação das Cidades Satélites, que fizeram emergir as Regiões
Administrativas do Entorno do Distrito Federal, pois se observou claramente, que após esse
acelerado processo de crescimento da população, houve o encaminhamento da massa
populacional para a periferia. Assim, com o objetivo de facilitar a administração dessas
localidades o território foi dividido em Regiões Administrativas (RAs), que atualmente
totalizam 29, cada qual com um administrador específico conforme demonstrado na Tabela
16 abaixo. Importante salientar que Brasília foi a primeira RA criada (TAMANINI, 1998).

97
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O Distrito Federal compreende as seguintes Regiões Administrativas: Brasília, Gama,
Recanto das Emas, Sobradinho, Samambaia, Planaltina, Brazlândia, Paranoá, São
Sebastião, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Cruzeiro, Lago Sul, Lago Norte, Guará e
Santa Maria. Curiosamente, Planaltina e Brazlândia, apesar de existirem bem antes da
construção da nova Capital, fundadas, respectivamente, em 1859 e 1932, tornaram-se
cidades-satélites do Distrito Federal. Oficialmente, Taguatinga é a Cidade Satélite mais
antiga criada como tal, implantada em 05 de junho de 1958, seguida por Sobradinho, em
13/05/60; Gama, em 12/10/60; Guará, em 21/04/69 e Ceilândia, em 27/03/71, cujo nome
deriva da sigla CEI. Campanha de Erradicação de Invasões.

Tabela 16 – Quadro das Regiões Administrativas (RAs).


Regiões Lei Data Regiões Lei Data
RA I Brasília 4.545 10/12/1964 RAXVI- Lago Sul 643 10/1/1994
RAII- Gama 4.545 10/12/1964 RAXVII - Riacho Fundo 620 15/12/1993
RAIII - Taguatinga 4.545 10/12/1964 RAXVIII- Lago Norte 641 10/1/1994
RAIV- Brazlândia 4.545 10/12/1964 RAXIX - Candangolândia 658 27/1/1994
RAV- Sobradinho 4.545 10/12/1964 RAXX- Águas Claras 3.153 6/5/2003
RAVI- Planaltina 4.545 10/12/1964 RAXXI-Riacho Fundo II 3.153 6/5/2003
RAXXII-
RAVII- Paranoá 4.545 10/12/1964 3.153 6/5/2003
Sudoeste/Octogonal
RAVIII- Núcleo
0.49 25/10/1989 RAXXIII-Varjão 3.153 6/5/2003
Bandeirante
RAIX - Ceilândia 0.49 25/10/1989 RAXXIV-Park Way 3.255 29/12/2003
RAXXV- SCIA
RAX- Guará 0.49 25/10/1989 3.315 27/1/2004
(Estrutural)¹
RAXI - Cruzeiro 0.49 25/10/1989 RAXXVI-Sobradinho II 3.315 31/8/2004
RAXXVII-Jardim
RAXII – Samambaia 0.49 25/10/1989 3.435 3/1/2005
Botânico
RAXIII- Santa Maria 348 4/11/1992 RAXXVIII-Itapoã 3.527 3/1/2005
RAXIV- São Sebastião 705 10/5/1994 RAXXIX-(S I A) ² 3.618 14/7/2005
RAXV - Recanto das
510 28/7/1993
Emas
Fonte: SEPLAN/Codeplan – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio-2004
Nota: (1) SCIA- Setor Complementar de Indústria e Abastecimento-Inclui a Estrututal.
(2) SIA Setor de Indústria e Abastecimento.

Em relação à dinâmica populacional do Lago Sul, Região Administrativa onde se encontra


inserida a ARIE do Bosque, é sabido que essa é uma área diferenciada em relação às
Cidades Satélites, visto que, inicialmente serviu como residência aos engenheiros da
Companhia Construtora Brasileira de Estradas, empresa paulista de terraplanagem que
participou das obras de construção da nova capital. Posteriormente, a área serviu de
moradia aos diretores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (TAMANINI, 1998),
portanto, constata-se que essa, desde o princípio, é uma região bastante elitizada pelo
público para o qual foi destinada.

De acordo com os dados secundários levantados, nota-se que no ano de 1959 foram
construídas casas para os oficiais da Aeronáutica pela proximidade da Base Aérea. As
informações indicam que a princípio, a falta de comércio, a ausência de pontes e o término
do mandato do então presidente Juscelino Kubitscheck (que gerou especulações sobre o
retorno da capital ao Rio de Janeiro), foram aspectos inibidores de interesse à compra de
casas na região do Lago Sul. Entretanto, com o passar dos anos, houve uma valorização
intensa da região que passou a ser povoada em razão do tamanho do lote, proximidade do

98
Plano de Manejo ARIE do Bosque
lago e visão paisagística. Levantamento realizado pela Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano e Habitação, aponta que a primeira casa vendida no Lago Sul
ocorreu no ano de 1965 (CODEPLAN, 1984b).

A Região do Lago Sul (RA XVI) foi criada pela Lei nº 643/94 tendo seus limites físicos
administrativos fixados pelo Decreto nº 15.515/94. Ocupando uma área de 190, 237 km² e
densidade demográfica de 147,76 hab/km² (GDF-2008), estando atualmente dividido em
Setor de Habitação Individual Sul, Setor de Mansões Urbanas Dom Bosco, Setor de
Estaleiros, Aeroporto Internacional, Base Aérea de Brasília e Campo Experimental Água
Limpa da Universidade de Brasília (UNB). No ano de 1964, quando da implantação da RA I
– Brasília, o Lago Sul ainda estava incorporado a essa área. Posteriormente, tornou-se uma
área independente, mas mesmo assim, até 1968 o bairro era exclusivamente residencial e
praticamente vinculado ao Plano Piloto (TAMANINI, 1998).

Segundo o (IBGE) no ano de 2000 o Instituto registrou 28.137 moradores representando


1,37% dos habitantes do DF. Já no ano de 2010 o número de moradores do Lago Sul era de
29.537 habitantes representando 1,15% da população do Distrito Federal, Tabela 17 e
Figura 81.

Tabela 17 - População residente por situação de domicílio segundo o sexo.


Situação do População Lago Sul
Domicílio Abs. %
Homens 13.688 48,65
Mulheres 14.449 51,35
Total 28.137 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico - 2000.

Figura 81. População residente por situação de domicílio segundo o sexo.


Fonte: IBGE – Censo Demográfico - 2000.

Em 2010 a população total residente de Brasília era de 2.570.160 hab., com uma população
residente rural de 87.950 hab. e urbana de 2.482.210hab. Em relação à população urbana, o
sexo masculino representa 1.180.777 hab. e o feminino 1.301.433 hab. Já a população rural
é composta de 48.103 homens e 39.847 mulheres (IBGE, CENSO DEMOGRAFICO 2010).

99
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - BGE a densidade demográfica em
2010 é de 444,07 hab/km². Estima-se que a população em 2011 é de aproximadamente
2.609.998 habitantes (IBGE, 2011)1.

A seguir a Tabela 18, apresenta um panorama geral da população residente no Brasil,


Região Centro-Oeste e Distrito Federal. Observa-se que esta detalhada por situação de
domicilio (rural e urbana) e pelo sexo.

Tabela 18 - População residente por situação de domicílio e sexo em 2010


Brasil, Regiões Centro-Oeste e Situação do
Sexo TOTAL
Unidade da Federação. Domicilio
TOTAL 160.925.804
Urbana Homens 77.710.179
Mulheres 83.215.625
Brasil
TOTAL 29.829.995
Rural Homens 15.696.811
Mulheres 14.133.184

TOTAL 12.482.963
Urbana Homens 6.118.252
Mulheres 6.364.711
Centro-oeste
TOTAL 1.575.131
Rural Homens 861.719
Mulheres 713.412
TOTAL 2.482.210
Urbana Homens 1.180.777
Mulheres 1.301.433
Distrito federal
TOTAL 87.950
Rural Homens 48.103
Mulheres 39.847
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

A Figura 82 abaixo representa a distribuição de população residente rural e urbana no


Distrito Federal e Brasília. Observa-se que há uma discrepância grande entre a população
urbana que é muito mais superior quando comparada a rural.

1
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas - DPE. Coordenação de População e Indicadores Socias - COPIS.
o
NOTA: Estimativas da população residente com data de referência 1 de julho de 2011.

100
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 82: Distribuição da População Residente Urbana e Rural.
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2010.

Já a Figura 83, abaixo representa a distribuição de população residente por sexo no Distrito
Federal e Brasília. Observa-se que a população do sexo feminino é apenas um pouco mais
superior do que o masculino.

Figura 83: Distribuição da população residente por sexo.


Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2010.

Dos residentes na região, prevalece o sexo feminino sobre o masculino, com valores
respectivamente de 51,35% e 48,65%. Já no censo de 2000 foi informado que a razão de
sexo era de 94,73 homens para cada grupo de 100 mulheres e que o Lago Sul é a região
que apresenta o maior índice de idosos em sua população cerca de 19,88%. Os elementos
estatísticos esclarecem também uma taxa decrescente de crescimento da população total
entre os anos pesquisados. Muitos creditam esses índices ao fato dos domicílios
permanecerem por longo tempo fechados, ou ainda, pelos desmembramentos familiares,
101
Plano de Manejo ARIE do Bosque
que ocasionaram a ida das pessoas para outras Regiões Administrativas, que
apresentassem um menor custo de vida.

Segundo o censo demográfico, há uma participação relativa maior entre os grupos etários
de 15 a 64 anos de idade, e de certa maneira, a tendência de envelhecimento da população
verificada no Brasil nos últimos anos transparece também nessa Região Administrativa,
visto que, entre os anos de 1991 a 2005 houve um aumento da idade média da população
residente no local, cuja média, no ano de 2005 girava em torno de 36 anos, Tabela 19.

Tabela 19 - Indicadores Demográficos da RA XVI/1991 a 2005.


1991 1996 2000 2005
Taxa de Crescimento da População Total (%) - 1,08 -0,71 -0,31
Taxa de Crescimento dos Grandes Grupos Etários (%)
0 – 14 - -3,62 -3,98 -2,97
15 – 64 - 1,80 -0,65 -0,16
65 e mais - 10,55 6,88 2,94
Participação Relativa (%) dos Grandes Grupos Etários
0 – 14 22,92 18,06 15,80 13,80
15 – 64 73,17 75,81 75,99 76,55
65 e mais 3,91 6,12 8,22 9,65
Participação Relativa (%) das Mulheres de 15 -49 anos 62,43 61,46 58,52 57,51
Idade Média da População Total 29,6 32,6 34,8 36,3
Razão de Dependência (%)
Total 36,67 31,90 31,60 30,63
Jovens 31,32 23,83 20,79 18,03
Idosos 5,35 8,07 10,81 12,60
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1991 – 2000.

Em relação à taxa de alfabetização de pessoas de 10 anos ou mais de idade por sexo,


Tabela 20 abaixo apresenta um panorama geral no Brasil, Centro-Oeste, Distrito Federal.
Observa-se que é muito baixo o nível de analfabetismo e o Distrito Federal é apenas 3,3%.

Tabela 20: Taxa de alfabetização das pessoas de 10 anos ou mais de idade por sexo em 2010.
Brasil, Região Centro-Oeste e
Sexo Total
Unidade da Federação.
Total 91,0
Brasil Homens 90,6
Mulheres 91,3
Total 93,4
Centro-oeste Homens 93,2
Mulheres 93,5
Total 96,7
Distrito federal Homens 96,7
Mulheres 96,7
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

Outro fator interessante ao se analisar à dinâmica populacional de um determinado local é a


relação de dependência, ou seja, é o quociente entre a população dependente (em tese
aqueles que estão fora do mercado de trabalho, dos quais, por exemplo, os jovens menores
de 15 anos e adultos maiores de 65 anos de idade) e a população potencialmente ativa. No
ano de 2005 observa-se que a relação de dependência total era em torno de 30,63, portanto,
102
Plano de Manejo ARIE do Bosque
isto significa dizer que para um grupo de 100 pessoas no mercado de trabalho existiam 30
sem trabalhar.

6.1. Levantamento da Ocupação Física do Entorno

O levantamento da estrutura urbana instalada na faixa do entorno da ARIE do Bosque, foi


definida como sendo de aproximadamente 100 m de raio relativo ao seu anel externo,
comprovando uma natureza predominantemente residencial dos bairros localizados ao seu
redor. Foram identificados 112 imóveis edificados, dos quais 104 sobrados, 03 lotes vagos,
01 salão de beleza, 01 escritório e 03 embaixadas. Segue adiante, na Tabela 21, a relação
das quadras com a descrição dos tipos de imóveis presentes.

Tabela 21 - Descrição do tipo de imóvel


Quadra Bairro Descrição Quantidade
Sobrado 18
Ql.10 Conj. 10 Lago Sul
Lote Vago 01
Sobrado 17
Salão de Beleza 01
Ql.10 Conj. 09 Lago Sul Escritório 01
Embaixada 01
Lote Vago 01
Sobrado 19
Ql.10 Conj. 08 Lago Sul
Embaixada 02
Sobrado 20
Ql.10 Conj. 07 Lago Sul
Lote Vago 01
Ql.10 Conj. 06 Lago Sul Sobrado 18
Ql.10 Conj.05 Lago Sul Sobrado 12
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

6.2. Permissionários

A respectiva Unidade de Conservação ainda não possui permissionários na área ou nas


suas imediações. Com a futura instalação de equipamentos e funcionamento da unidade, o
órgão responsável pela área deverá fazer a seleção dos futuros permissionários,
estipulando regras de acordo com as leis locais e respeitando a preservação da área. Foi
definido neste estudo um limite para a instalação de 03 (três) ambulantes e 02 (dois)
permissionários fixos, com renovação de cadastro anual, mediante comportamento
adequado diante da unidade.

O órgão responsável deverá proporcionar cursos de capacitação para o melhor


entendimento das regras da ARIE do Bosque, compreendendo melhor o ecossistema que
envolve o local, isto porque, os permissionários deverão assumir o compromisso de não
danificarem a paisagem e infraestrutura local.

O mapa identificando os permissionários pode ser visualizado em anexo (Anexo 02: Mapa
identificando os permissionários).

103
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.3. Uso e Ocupação Atual do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes

Pesquisa realizada pela Codeplan informa que o respectivo território é caracterizado por
28,20 km² de área urbana e 155,19 km² de área rural de acordo com a Tabela 22. A Região
Administrativa do Lago Sul divide-se ao norte com o Riacho Fundo e margem esquerda do
Lago Paranoá; ao sul pela DF-001; a leste pela DF-001 e a oeste pela RFSA, Ribeirão do
Gama, Córrego do Cedro, Poligonal do Aeroporto e DF-047 (GDF, 1977).

Tabela 22- Áreas por km² do Lago Sul.


Áreas (km²)
URBANA RURAL Total
28,20 155,19 183,39
Fonte: Codeplan (2007).

Quanto às zonas residenciais do local, no ano 2000 os índices apontam que um total de
97,20% da população mora em casa, apenas 0,05% em apartamento e 0,31% em cômodos
(Tabela 23 e Figura 84).

Os domicílios improvisados (aqueles localizados em unidades não residenciais, como lojas,


fábricas, embarcações, prédios em construção, entre outros) representam um total de
apenas 0,53%. Os domicílios coletivos diagnosticam um percentual de 1,91%, tratando-se
de alguns exemplos dos quais: Mosteiro de São Bento, Seminário Presídio da Papuda,
Colégio das Irmãs Marcelinas, dentre outros.

Tabela 23. População residente por espécie de domicílio particular e coletivo.


Espécie de domicílio
Localidade Particular
Permanente Coletivo Total
Improvisado
Lago Sul Casa Apartamento Cômodo
27.350 15 88 148 5,36 28,137
(%) 97,20 0,05 0,31 0,53 1,91 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2000.

104
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 84- População residente por espécie de domicílio particular e coletivo.
Fonte: IBGE – Censo Demográfico - 2000.

O Censo Demográfico de 2000 esclarece que a RA XVI é constituída de 6.778 domicílios


urbanos e nenhum localizado em ambiente campestre, que enuncia para a indicação de que
essa é uma área eminentemente não rural. No ano de 2004 os domicílios contabilizavam um
total de 6.057 unidades. A média estimada determina 04 moradores para cada domicílio.

Segundo estudo realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e


Habitação, “entre a Contagem de 1996 e o Censo de 2000 houve no Lago Sul uma redução
de cerca de 7%, ou menos 527 domicílios particulares recenseados. Uma das explicações
pode estar na mudança de destinação de uso destes imóveis, fato que vem ocorrendo
através do licenciamento de atividades em lotes residenciais, como universidades
particulares, cursos de língua, academias, clínicas médicas, buffets para eventos sociais,
entre outros”.

Dos 6.778 domicílios particulares permanentes, 96,34% possuem rede geral para
abastecimento de água, sendo 93,18% canalizada em pelo menos 01 cômodo e 3,16% são
canalizadas só na propriedade ou terreno. Poço ou nascente representa apenas 3,58% do
total das residências. Nos parâmetros analisados pelo Censo Demográfico do IBGE, de
todos os domicílios apenas 09 não possuíam banheiro sanitário. Todavia, aqueles que
dispõem 50,84% têm a fossa séptica como forma de esgotamento sanitário e apenas 6,09%
a fossa rudimentar (Tabelas 24 e 25).

Tabela 24. Domicílios particulares permanentes por forma de abastecimento de água


Forma de abastecimento
Região Rede Geral Poço ou Nascente Outra Total

105
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Canalizada só na

Canalizada só na

Canalizada só na
Não canalizada

Não canalizada
propriedade ou
propriedade ou

propriedade ou
Canalizada em

Canalizada em

Canalizada em
pelo menos 01

pelo menos 01

pelo menos 01
cômodo

cômodo

cômodo
terreno

terreno

terreno
Lago Sul 6.316 214 232 7 4 4 0 1 6.778
(%) 93,18 3,16 3,42 0,10 0,06 0,06 0,00 0,02 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2000.

Tabela 25 - Domicílios particulares permanentes por existência de banheiro ou sanitário e tipo de


esgotamento sanitário.
Tinham banheiro ou sanitário

Outro escoadouro
Fossa rudimentar
esgoto ou pluvial
Rede geral de

Fossa séptica

banheiro ou
Não tinham
Rio ou lago
Região

sanitário
Total

Total
Vala
Geral

Lago 2.915 3.441 412 0 0 1 6.769


9 6.778
Sul (%) 43,06 50,84 6,09 0,00 0,00 0,01 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2000.

Referente à disposição final de resíduos sólidos, os índices indicam respectivamente que


95,87% dos domicílios utilizam o serviço de limpeza pública, 3,82% fazem uso da coleta por
caçamba, 0,27% queimam o lixo na propriedade, 0,03% enterram e apenas 0,01% jogam o
mesmo em terreno baldio ou logradouro (Tabela 26).

Tabela 26 - Domicílios particulares permanentes por destino de lixo.


Lago Sul
Destino do lixo Domicílios
Absolutos %
Coletado por serviço de limpeza 6.498 95,87
Coletado por caçamba 259 3,82
Queimado (na propriedade) 18 0,27
Enterrado (na propriedade) 2 0,03
Jogado em terreno baldio ou logradouro 1 0,01
Jogado em rio ou lago 0 0,00
Outro destino 0 0,00
Total 6.778 100,00
Fonte: IBGE – Censo Demográfico – 2000.

Quanto ao uso e ocupação do solo, de acordo com a pesquisa realizada pelas


administrações regionais, observou-se uma diminuição no número de alvarás de
construções residenciais expedidos, de 2001 a 2002, ao passo que no ano de 2003 houve
um aumento para um total de 105. Em relação aos alvarás para construções não
residenciais, nota-se um decréscimo entre 2001 a 2003. Quanto às áreas licenciadas do
Lago Sul, observa-se um total de 43.840,11 m² para as áreas residenciais no ano de 2003
enquanto que as áreas não residenciais diagnosticam um valor de 5.718,73 m² (Tabela 27).

106
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 27. - Alvarás de construção expedidos e área licenciada, por categorias.
Alvarás de Construção
Área Licenciada (em m²)
Expedidos
Não
Residencial Residencial Não residencial
residencial
2001

2002

2003

2001

2002

2003

2001

2002

2003

2001

2002

2003
130 73 105 05 02 02 69.372,14 38.649,02 43.766,74 13.840,11 2.401,51 5.718,73
Fonte: Administrações Regionais 1998/2000

Tem-se o conhecimento de que essa região concentra o maior conjunto de áreas verdes do
Distrito Federal, representada por espaços ambientalmente protegidos, dos quais o Jardim
Botânico de Brasília e a ARIE do Bosque, objeto desse estudo. Conforme visualizamos pela
Tabela 28, vários parques estão localizados na região administrativa do Lago Sul.

Tabela 28. - Parques Ecológicos.


Parque Área Perímetro
Das Copaíbas 76,5100 4.527,70
Ecológico e Vivencial Canjerana 51,5800 7.656,60
Ecológico Garça Branca 139,810 7.650,80
Vivencial do Anfiteatro Natural do Lago Sul 102599 1.709,05
Ecológico Dom Bosco 131,1400 5.913,20
Ecológico Bernardo Sayão 2344266 12.027,83
Parque Península Sul 136413 4.185,58
Fonte: Administração Regional do Lago Sul/julho de 2003.

De acordo com os dados, de 1994 a 1999 não havia registro algum de qualquer tipo de área
pública rural localizada nessa zona administrativa, portanto, em pesquisa da Secretaria de
Assuntos Fundiários não consta nenhum tipo de lote decorrente, por desconhecimento total
desse dado.

Desde 1961, já era prevista a ocupação da região onde se encontra localizado o Lago Sul,
inclusive com memorial de registro em cartório, descrevendo o uso do solo para residências,
comércio, recreação, escolas, e supermercados, entre outros. Em 1984, por iniciativa do
governo, foi feito um estudo para complementação de equipamentos públicos comunitários
no Lago Sul (TAMANINI, 1998).

Quanto ao uso e ocupação do solo, constata-se que um dos graves problemas verificados
na região de influência à ARIE do Bosque é a existência em larga escala de lotes irregulares.
Juntamente aos parcelamentos urbanos, existem diversas invasões isoladas, de menor
amplitude, que também ocasionam danos ambientais graves, em função do
comprometimento de nascentes e matas ciliares, causando desmatamentos, contaminação
dos recursos hídricos e erosões.

Quanto à atividade industrial, em conformidade à pesquisa desenvolvida pelo Instituto


Euvaldo Lodi, entre os anos de 1994 a 1996 não houve nenhum registro de estabelecimento
cadastrado.

107
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.4. Visão da Comunidade em Relação à Unidade

A seguir são apresentados os dados referentes ao levantamento de campo realizado, cujo


propósito foi verificar a opinião da comunidade local referente à Unidade de Conservação.

6.4.1. Análise da Comunidade

Nos dias 15 e 16 de Dezembro de 2006, janeiro de 2007, e no dia 26 de Dezembro de 2011,


foram realizados levantamentos de campo a fim de compor as atividades para a elaboração
do Plano de Manejo da ARIE do Bosque. Para tanto, a equipe técnica participante desse
estudo elaborou um questionário no sentido de diagnosticar o envolvimento dos moradores
com a respectiva área, assim como atestar junto aos visitantes do complexo de lazer Pontão
do Lago Sul (vizinho à área), o conhecimento que dispõem sobre o local.

Foi entrevistado um total de 48 pessoas. Mesmo não sendo considerada tão representativa
em termos quantitativos, podemos afirmar que a pesquisa apresentou-se apropriada ao seu
objetivo, ou seja, qualitativamente indicou a opinião de parte dos moradores, trabalhadores
e visitantes do local.

Figura 85. - Entrevista com trabalhadores na Figura 86. - Entrevista com representantes
ARIE, 2011. comerciais próximos à ARIE, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambiettal.

Figura 87. - Entrevista com trabalhadores Figura 88. Entrevista com moradores próximos à
próximos à ARIE, 2011. ARIE, 2011.

108
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambiettal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 89. - Entrevista com moredores próximos à ARIE, 2011.


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Conforme apresentado na Figura 90 a seguir, 4% dos entrevistados possuem entre 8 e 14


anos; 12% possuem entre 15 e 20 anos; 37% apresentam entre 21 e 30 anos; 19%
possuem de 31 a 40 anos; 15% apresentam de 41 a 60 anos e 13% possuem mais de 60
anos.

Figura 90. - Faixa etária dos entrevistados.


Fonte: Pesquisa 2011- Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

109
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 91. Profissão dos entrevistados.
Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

Interessante ressaltar ainda, que apesar da população de Brasília ser bastante reconhecida
pelas funções institucionais /administrativas, a pesquisa esclarece que 84% das pessoas
que responderam ao questionário são profissionais liberais e apenas 4% é representado
pelos servidores públicos (Figura 91). Esses dados vão de encontro ao estudo realizado
pela Codeplan em 2006, pois afirma que a atividade econômica da população encontra-se
concentrada na prestação de serviços com 55,8% do total e apenas 19,3% está inserida nas
administrações federal e local.

Das profissões representadas pela pesquisa diagnosticou-se: economista, corretor de


imóvel, secretária, caseiros, vendedora, empresários, aposentados dentre outros. Salienta-
se aqui, que os moradores do Lago Sul possuem alto poder aquisitivo, desse modo, pode-se
inferir que os profissionais residentes no local são bem remunerados em sua grande maioria.
Portanto, de certa forma, as profissões detectadas pela pesquisa não representam de fato
todo o perfil profissional dos habitantes locais.

Depois de avaliado o perfil dos entrevistados constatou-se que 73% deles possuem
domicílios limítrofes à ARIE do Bosque (Tabela 23), logo, representam uma amostra
bastante representativa e potencialmente interessada no estudo.

Figura 92. Tipo de domicílio dos entrevistados.


Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

110
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Independente se circunvizinho, ou não, à respectiva área, concluiu-se no universo
pesquisado que as residências representam um total de 79%. Em segundo lugar apresenta-
se mais representativo o comércio com 4%. Os apartamentos representam 6%, no que
condiz ao tipo de habitação existente. Observou-se que 11% não chegaram a responder
essa questão. Na realidade a atividade comercial é bastante inexpressiva na região
circunvizinha à ARIE, visto que o local é praticamente constituído de habitações residenciais
comuns, além da presença de embaixadas (Figura 92).

Como resultado obtido, notou-se que 90% dessas propriedades não possuem poço
artesiano, enquanto 10% não chegaram a responder sobre esse questionamento proposto
(Tabela 27). No que tange o conhecimento sobre a Unidade de Conservação (UC), a
pesquisa revelou que 65% das pessoas não têm ideia clara sobre a UC, enquanto que 35%
interpretam a área como um espaço ambientalmente protegido pela legislação (Tabela 23).
Na verdade, mesmo as pessoas que apresentaram ter algum discernimento,
transpareceram reduzida noção sobre as reais características das Unidades de
Conservação. Segundo a pesquisa realizada pela Neotropica, 2% dos proprietários não
reconhecem a UC como um parque, 33% nunca visitaram o parque, e 65% conhecem muito
pouco sobre a área.

Os benefícios da UC nomeados foram: bem-estar coletivo, proteção à fauna e a flora,


valorização do local, preservação de nossa biodiversidade natural, espaço potencial para a
realização de atividades de lazer e que propiciem a redução do stress, dentre outros
benefícios.

Especificamente em relação ao conceito de Área de Relevante Interesse Ecológico, a


grande maioria desconhece essa definição, no entanto, algumas pessoas já ouviram falar
como sendo este um espaço destinado à preservação de aspectos naturais importantes. Um
entrevistado considerou como uma área destinada à pesquisa, e outra pessoa ressaltou
ainda que a existência e uso da mesma acarretem como exemplo para os demais espaços
urbanos, e como limitantes de áreas ambientalmente importantes.

Em conformidade a Figura 93 apresentada abaixo, 73% dos indivíduos participantes da


pesquisa residem próximo à área objeto desse estudo, 23% moram em outro local e 4%
vivem em outra cidade. Portanto, pode-se deduzir que todos os questionamentos e
sugestões apresentados foram, em sua grande maioria, decorrentes das pessoas com maior
interesse pela revitalização desse espaço verde urbano, visto que, residem próximo a essa
Unidade de Conservação e, portanto, anseiam pela implantação de melhorias para o local.

111
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 93. Reside próximo à área.
Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

A pesquisa demonstrou ainda que a maioria dos entrevistados (40%), mesmo residentes
próximos à área, não frequentam o local e apenas 6% revelaram que frequentam a Unidade
de Conservação todos os dias (Figura 94).

Figura 94. Freqüência em que utiliza a área.


Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

O fato de não frequentarem a área, consequentemente evidência o desconhecimento sobre


a vegetação original do local. Assim, a pesquisa obteve um resultado de 68% do total dos
entrevistados que alegaram não conhecer a vegetação original, desse parâmetro analisado.
Apenas 32% das pessoas disseram ter indícios sobre o tipo de recurso florestal existente no
passado, os quais relataram a existência do cerrado com presença de árvores retorcidas e
tortuosas típicas, quais sejam cajuzinho, pequi, sucupira, etc. (Tabela 27).

Os dados demonstram ainda que 52% das pessoas têm conhecimento sobre a fauna,
enquanto 48% não o têm. Os entrevistados que têm conhecimento mencionaram a

112
Plano de Manejo ARIE do Bosque
existência de diversos animais dentre os quais: preá; lobo-guará; anu; tatu; cutia; capivara;
jacaré; mico; sagui; paca; tartaruga; sapo; cobra coral amarela e vermelha; pássaros
diversos como carcará, papagaio, gavião, andorinha, joão-de-barro, canarinho verdadeiro,
garça, quero-quero, coruja, pombo doméstico, sabiá comum e preto, tesourinha, bem-te-vi;
insetos como marimbondo pequeno preto com mancha branca, mosquito; peixes como
tucunaré e tilápia.

A pesquisa questionou sobre o provável dano causado pela presença de animais na área,
mas conforme se constatou 52% das pessoas consideram que os mesmos não trazem
nenhum problema ao local, 36% não responderam e apenas 12% pensam afirmativamente
no estrago causado pelos animais (Figura 95).

Uma das principais ações a serem seguidas é a não alimentação dos animais pelos
moradores, visto que os animais que habitam a Unidade de Conservação são silvestres,
protegidos por leis e decretos, vivem livres e seguindo o processo natural da cadeia
alimentar em equilíbrio. Ao serem alimentados por produtos industrializados, modificam seus
hábitos e colocam em risco sua sobrevivência, podendo ingerir produtos inadequados,
contaminados ou impróprios para seu metabolismo, prejudicando a sua digestão e
consequentemente sobrevivência.

Figura 95. - Animais podem causar dano à área.


Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda

Conforme Tabela 27, 70% dos entrevistados não alimentam os animais presentes, até
mesmo porque, conforme visto anteriormente não frequenta o local.

Como demonstrado anteriormente, 68% das pessoas desconhecem a vegetação original.


Por outro lado, é curioso certificar-se que 32% dizem ter consciência sobre as espécies
florestais presentes no local, (Tabela 27).

Ainda que não saibam detalhadamente sobre o tipo de flora local, foi quase unânime o relato
sobre a importância da manutenção de vegetação predominantemente nativa, conforme
Tabela 27. De alguma maneira, 81% das pessoas entrevistadas apontaram contribuir para a
preservação da ARIE do Bosque, 2% admitiram não fazer nenhum tipo de contribuição e
17% não responderam. Essa colaboração quanto à proteção da área foi resumida nos
seguintes aspectos: não danificando o local, fazendo a limpeza da área e do lago, alertando
sobre a existência de resíduos sólidos originários das residências limítrofes a área,

113
Plano de Manejo ARIE do Bosque
efetuando o plantio de mudas, fiscalizando os eventos ocorridos na área, evitando a
realização de eventos na área, estruturando o parque com lixeiras, promover a manutenção
do parque, promover a segurança na área e realizando sua adubação (Figura 96).

Figura 96 - Contribui para a preservação da área.


Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

Pela pesquisa de campo, vários problemas foram detectados pelos entrevistados em


relação à situação atual da ARIE do Bosque e da região circunvizinha à mesma, entre os
quais: presença de vandalismo; abandono; gerenciamento inexistente e ausência de
infraestrutura pela não conclusão do projeto; não definição do limite da área da UC e
consequentemente ocorrência de invasão; presença de andarilhos/mendigos; falta de
policiamento; esgoto a céu aberto; resíduos químicos; acúmulo de lixo e, portanto,
frequência de insetos e roedores; falta de segurança e manutenção; dificuldade de acesso;
poluição e uso indevido da água do lago; queimadas frequentes; desentendimentos entre os
vizinhos, entre outros.

Tabela 29- Análise da Comunidade.


Análise Sim (%) Não (%) Não responderam
Propriedade faz limite com a área 73 27
Propriedade possui poço artesiano 90 10
Conhecimento sobre o que é UC 65 35
Conhecimento sobre a vegetação original 32 68
Conhecimento sobre os animais desta área no
30 70
passado
Conhecimento sobre os animais na UC 52 48
Alimentou os animais da área 16 70 14
Conhecimento da flora local. 38 52 10
Importância da vegetação nativa da área 85 15
Fonte: Pesquisa 2011 - Neotropica Tecnologia Ambienttal Ltda.

Problemas detectados pelos entrevistados e constatados pela equipe de campo:

114
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 97. Cães (pela falta de segurança), 2006. Figura 98. Lixo espalhado, dez. 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 99. Poluição do lago, dez. 2006. Figura 100. Poluição da área, dez. 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 101. Poluição do lago, dez. de 2011. Figura 102. Poluição do lago, dez. de 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

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Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 103. Lixo no chão, dez. de 2011. Figura 104. Estrutura abandonada no Parque, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 105. Abandono de infraestrurura, dez. 2006. Figura 106. Presença de moradores de rua, 2006.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Figura 107 - Árvores caídas dentro da ARIE, 2011. Figura 108. Garrafas de bebidas alcoólicas dentro
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. da ARIE, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

116
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 109. Ciclovia degradada e sem manutenção, 2011.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Após a constatação desses diversos problemas (Figuras 97 a 109), os entrevistados foram


questionados a opinar sobre possíveis melhorias para o local. Diversas sugestões foram
relacionadas como, por exemplo, elaboração e execução de trabalhos de educação
ambiental; criar espaço físico de lazer para as crianças; implantar estrutura na área como
quiosques, restaurantes e banheiros; realizar a manutenção das estruturas já existentes;
realizar o reflorestamento e a revitalização florística; propiciar a limpeza do local; fixar uma
gerência administrativa na unidade; ampliar a vigilância, promovendo assim mais segurança
aos moradores; realizar um trabalho de sensibilização com os moradores, no sentido de
obter colaboração para a preservação do espaço; definir os limites da UC, pois as invasões
se mostram constantes e implantar sinalização com informações sobre a UC.

Importante salientar, que um dos entrevistados chegou a mencionar que no ano de 2004,
houve a elaboração de um projeto de lei criando um assentamento para quiosques com
permissão para a venda de bebidas alcoólicas. Entretanto, muitos consideraram que essa
não foi uma atividade muito adequada para o local. Das pessoas que relataram utilizar a
área, 5% demonstraram que o seu uso se faz no sentido de realizar atividades de
passeio/caminhada, prática de esportes e encontro com amigos.

Outro morador relatou sua total insatisfação com eventos ocorridos no local, citando como
exemplo um campeonato de MotoCross, o qual achou inadequado para os moradores locais.
Tal morador se mostrou adverso a quaisquer eventos, ou outros tipos de intervenções, que
venham a descaracterizar o parque como local de tranquilidade e paz. Segundo ele, "os
moradores da região não querem outro empreendimento como o Pontão do lago Sul nessa
área”.

Com essa pesquisa podemos concluir que, apesar da maioria dos moradores locais não
utilizarem a unidade como local de lazer, alguns até mesmo desconheciam a existência de
tal unidade, existem moradores preocupados com a manutenção da integridade do mesmo,
prezando por sua manutenção e fiscalização, para que não se percam as características
naturais da área em questão.

A campanha de 2011 foi importante para constatar que não houve evolução no que diz
respeito às condições de manutenção do parque. Foram evidenciados acumulo de resíduos
sólidos por toda a área, como registrado na campanha de 2006, com destaque para as
garrafas de bebidas alcoólicas, evidenciando o que já havia sido relatado pelos moradores
entrevistados; que o parque serve de refugio para grupos de jovens que fazem uso de álcool,
além de mendigos que usam o parque como moradia. As margens do lago continuam

117
Plano de Manejo ARIE do Bosque
sofrendo com o despejo de lixo, das mais variadas naturezas, o que prejudica a integridade
hídrica do corpo em questão.

A pesquisa in loco foi fundamental para a elaboração do presente Plano de Manejo, haja
vista que, a equipe técnica obteve resultados práticos sobre as necessidades da
comunidade. Portanto, a proposta de zoneamento e os programas ambientais aqui
sugeridos estão embasados na realidade local e, consequentemente, nas vontades dos
residentes.

6.5. Indicação de Locais com Vocação para Visitação

A ARIE do Bosque, justamente por estar localizada na orla do Lago Paranoá, já é motivo de
interesse para visitação. No presente momento, a área encontra-se marginalizada e
destituída de qualquer infraestrutura que permita o acesso de usuários a um espaço público
de qualidade. No entanto, com o presente estudo, vislumbram-se potenciais atrativos, e
alguns locais dentro da respectiva Unidade de Conservação, com vocação para visitação.

Segundo Milanos (1998), antes mesmo de indicar as prováveis áreas de visitação desse
local, é importante evidenciar aqui, que os chamados espaços verdes urbanos, como o
objeto desse estudo, surgiram ainda no século XVII na Inglaterra, todavia, somente no
século XIX esses locais ganharam relevância na Europa, inserindo-se já nos planos
urbanísticos das cidades. Num primeiro momento, esses espaços eram usados basicamente
pelas classes altas da sociedade, por tratar-se justamente de antigos jardins privados.

Por outro lado, ao se tornarem locais públicos, os parques urbanos, considerados


fragmentos da natureza, já passam a ser vistos como espaços de socialização e culto a
paisagem. A princípio, os modelos paisagísticos desses parques baseavam-se em ideias
românticas de volta à natureza, quais sejam, por exemplo, os jardins dos palácios britânicos.

No século XIX, a burguesia passou a usufruir dessas áreas no intuito de gozar de ar puro e
reduzir as tensões sociais vivenciadas no dia-a-dia, compensando assim, as horas de
trabalho excessivo. Com o surgimento do capitalismo e dos grandes aglomerados urbanos,
a ocupação desordenada trouxe consigo vários impactos ambientais e sociais negativos,
incentivando ainda mais a criação dessas áreas. É certo afirmar, que além de importantes
para a conservação de elementos da natureza, o uso desses espaços verdes traz bem-estar
físico e mental à comunidade (MILANOS, 1998).

Os parques competem igualmente com as zonas comerciais, residenciais e industriais


dentro da perspectiva de uso do espaço público das cidades, por isso mesmo, a
implantação dessas áreas deve ser bem planejada no propósito de evitar possíveis conflitos.
Atualmente, os parques certamente já fazem parte do foco das políticas públicas de
desenvolvimento urbano. Esses locais livres geralmente enfrentam grande pressão de
urbanização, por isso mesmo, a reorganização espacial é imprescindível (MILANOS, 1998).

As preocupações ecológicas dos dias atuais fortaleceram a ideia de criação de leis


específicas de proteção a essas áreas, e no Brasil, por exemplo, foi criado pela lei nº 9.985
de Julho de 2000 o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), como forma de
resguardar espaços territoriais e seus recursos ambientais relevantes.

O espaço verde urbano, e que é objeto desse estudo, trata-se de uma Área de Relevante
Interesse Ecológico (ARIE) que se insere dentro do grupo de unidades de uso sustentável
118
Plano de Manejo ARIE do Bosque
que visa conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos. De
acordo com o artigo 16 da legislação, a ARIE. “é uma área em geral de pequena extensão,
com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou
que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo
a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza”.

A lei complementar nº 407 de 23 de novembro de 2001 dispõe sobre a criação desse


espaço, na Região Administrativa do Lago Sul – RA XVI e revogam a lei nº 1.314 de março
de 1998. Entretanto, considerando-se o levantamento e o trabalho realizado sugere-se um
reenquadramento da área sob as diretrizes da lei complementar nº 827 de 22/07/2010-
DODF de 24/01/2011 que institui o Sistema Distrital de unidades de Conservação no
território do Distrito Federal, no sentido de transformá-la em parque de usos múltiplos, ou
seja, não nos moldes originalmente criados, com funções exclusivas de contemplação e
preservação da natureza. A proposta aqui é convertê-lo em parque dentro de um projeto
mais amplo, qual seja “Projeto Orla”, como forma de dinamização da economia urbana, visa
oferecer novas opções de lazer e recreação ao ar livre tanto a população local quanto para
os turistas que visitam a cidade de Brasília.

O Art. 18 da Lei citada diz:

Art. 18. O Parque Ecológico tem como objetivo conservar amostras dos ecossistemas
naturais, da vegetação exótica e paisagens de grande beleza cênica; propiciar a
recuperação dos recursos hídricos, edáficos e genéticos; recuperar áreas degradadas,
promovendo sua revegetação com espécies nativas; incentivar atividades de pesquisa e
monitoramento ambiental e estimular a educação ambiental e as atividades de lazer e
recreação em contato harmônico com a natureza.
§ 1º O Parque Ecológico é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2º O Parque Ecológico deve possuir, no mínimo, em trinta por cento da área total da
unidade, áreas de preservação permanente, veredas, campos de murundus ou mancha
representativa de qualquer fitofisionomia do Cerrado.
§ 3º A visitação pública é permitida e incentivada e está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no plano de manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão
responsável por sua supervisão e administração e àquelas previstas em regulamento.
§ 4º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este
estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

A inserção do presente unidade de conservação no SDUC consiste em ampliar alternativas


de lazer, aproveitando-se a vista panorâmica e a potencialidade da área para o turismo, isto
porque, equipamentos de comércio e lazer poderão ser empreendidos, gerando assim um
efeito multiplicador na economia, com a criação de postos de trabalho e ampliação da renda,
minimizando a dependência à atividade pública quanto à geração de empregos na cidade.

Essa inserção não tem a função única e exclusiva de revitalização desse espaço público,
que se encontra atualmente desocupado, pelo contrário, procura em âmbitos gerais,
fortalecer o turismo de lazer de Brasília, que é, basicamente, caracterizada por segmentos
quais sejam turismo de negócios e eventos. No mais, com a execução dessa proposta,
pode-se relacionar à possibilidade de integração do Lago Paranoá a vida da cidade, visto
que esse é um patrimônio público do Distrito Federal que deve ser valorizado.

119
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A ideia de reenquadramento da ARIE do Bosque se mostra necessária, pois o uso desse
espaço dentro do Projeto Orla trará benefícios diversos quais sejam: o local tornar-se-á um
fator de atratividade dentro de um projeto duradouro, redução dos índices de desemprego,
ampliação da base de contribuição fiscal, o governo obterá receitas juntamente com a
iniciativa privada responsável pela gestão do empreendimento, participação da sociedade
agora na elaboração do plano de manejo, durante sua implantação e futura utilização.
Importante afirmar em todo o tempo a função de proteção da área que esta intrínseca em
todas as etapas do projeto. Nesse sentido, tendo em vista a sugestão pelo
reenquadramento da área, propõe-se a construção de uma infraestrutura física, a qual
possibilite a realização de atividades diversas. Tais atividades poderão ser educacionais,
recreativas e desportivas, que atendam as necessidades dos moradores do entorno,
residentes de Brasília e turistas que se dirigem a cidade. Importante salientar, que todas as
propostas sugeridas e aqui apresentadas, levaram em consideração, legislações pertinentes
e a opinião da população circunvizinha, pois eles são de fato conhecedores da problemática
da região.

A princípio, sugerimos a criação de uma gerência (sede administrativa), no sentido de


controlar a presença dos futuros visitantes da área. A gerência deverá possuir um escritório
com sanitário e sistema de comunicação, como por exemplo, rádios WalK Talk que favoreça
a contato interno entre os funcionários da ARIE. Além da implantação da gerência, é
necessária a construção de dois postos de fiscalização (guaritas), que servirão como pontos
de apoio para assegurar os limites da área e fazer a vigilância do local. Nesses postos
deverá haver pontos de comunicação com as demais áreas do parque, com a
disponibilização também de rádio Walk Talk.

Assim, avaliando-se o espaço físico da Unidade de Conservação, apresentamos algumas


atividades potenciais a serem realizadas e visitadas no local, das quais:

Implantar pista de caminhada e reestruturar a ciclovia existente para a prática de atividades


esportivas e contemplação da orla do Lago Paranoá. Com a disponibilização desse espaço
para o uso desportivo, consideramos ainda importante promover a construção ou uma
reforma dos equipamentos de ginástica que já se encontram presentes no local. Assim,
propomos a implantação de uma pista de caminhada com 8.165,09 m², de uma ciclovia com
3.841,46 m² e de equipamentos de ginástica com 16 m² de área.

Implantar um Parque Infantil, de 16 m² de área, no intuito de promover atividades de lazer


ao ar livre, às crianças com faixa etária de até 12 anos de idade.

Aquisição de uma embarcação que possa servir para a prática de atividades de educação
ambiental, levando os visitantes para um passeio de barco como forma de conhecer o Lago
Paranoá. Esta atividade poderá ser cobrada dos visitantes ou poderão ser fechadas
parcerias com instituições de ensino locais e outras associações. A embarcação deverá
conter equipamentos de primeiros socorros como coletes salva vidas.

Criar uma sede específica para a prática de ações de sensibilização ambiental com os
visitantes, com a exibição de documentários ambientais, organização de brincadeiras,
realização de palestras, de minicursos de reaproveitamento de materiais e reciclagem, entre
outros. Esse espaço servirá também como centro de apoio aos visitantes com o intuito de
facilitar o seu contato com as peculiaridades da área. No local deverão ser afixados painéis
contendo mapas do local e fotos da ARIE, bem como distribuído folhetos explicativos e
ofertado produtos a venda como camisetas, chaveiros, bonés.

120
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Disponibilizar a venda de água de coco com colocação de mini quiosques (ambulantes
/permissionários regularizados na área). Também permitir a instalação de 2 permissionários
fixos (para possível instalação de restaurantes).

A aparência visual das lanchonetes e/ou restaurantes (permissionários fixos), sede


administrativa, núcleo de educação ambiental e guaritas de segurança não devem agredir o
ambiente, para tanto, indicamos que essas estruturas sejam construídas com a madeira dos
eucaliptos. Tanto a sede administrativa quanto a lanchonete e/ou restaurantes deverão
possuir sanitários (01 masculino e 01 feminino). A lanchonete e/ou restaurantes deverão ter
seus resíduos sólidos separados e acomodados, além de possuírem pisos semipermeáveis.
Por estarem localizados próximos às residências, estes estabelecimentos deverão ter
horário de funcionamento pré-estabelecidos. (até no máximo as 22:00 h). A comercialização
de produtos deverá ser controlada com o intuito de minimizar os impactos, especialmente na
fauna do local. Na lanchonete poderão ser vendidos produtos típicos do cerrado como
picolés, sucos, doces em compota, biscoitos caseiros, bolos de frutos dos quais: baru, buriti,
jatobá, etc.

Importante citar aqui que a infraestrutura da ARIE necessita impreterivelmente também, da


implantação de um estacionamento amplo, conforme poderemos visualizar no mapa de
zoneamento. Como muitos dos visitantes serão crianças que se dirigirão ao presente
espaço em transporte escolar, além de muitos dos usuários serem pessoas residentes
distantes à área, se faz necessário à construção dessa estrutura de acesso. O
estacionamento deverá ser permeável com a implantação da concregrama, de forma a
impactar menos no solo.

Necessário dizer, que o uso turístico em áreas naturais protegidas com base nos princípios
de sustentabilidade é condicionado ao volume humano que a UC pode suportar. Para
conhecer essa variável surgirão várias metodologias, no intuito de controlar o uso pelos
visitantes, de espaços ambientalmente protegidos.

Para tanto, considera-se imprescindível o estudo da capacidade de carga na ARIE, ou seja,


a gerência deverá diagnosticar e analisar a capacidade que a área poderá suportar sem
causar danos irreversíveis ao ambiente natural.

6.6. Investigação do Potencial para Implantação de Núcleo de Educação


Ambiental na Unidade de Conservação

A presente Unidade de Conservação possui um potencial efetivo para a implantação de um


Núcleo de Educação Ambiental, conforme já mencionado anteriormente. Educação,
conscientização e capacitação, compõem a base do turismo responsável, e como a
proposta aqui é fortalecer o turismo de Brasília, por meio do reenquadramento da ARIE do
Bosque, transformando-a em um parque inserido dentro do projeto orla, é imprescindível a
implantação de um núcleo que promova a sensibilização dos visitantes.

A pressão já existente em áreas naturais, especialmente em Unidades de Conservação, tem


como causas claras a falta de planejamento nas áreas de seu entorno, os fatores políticos e
a ausência da aplicação dos princípios de sustentabilidade. O uso turístico dos recursos
naturais deve enfatizar sob um prisma diferenciado o ser humano, por isso mesmo, a
educação ambiental se faz importante (MILANOS, 1998).

121
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Os usuários devem ser encorajados a se responsabilizar, bem como, a apoiar a
conservação do meio ambiente, por meio da realização de atividades práticas na área. Os
frequentadores devem receber informações sobre assuntos ambientais, culturais e sociais
como ponto essencial da visitação. Para tanto, propõe-se a criação de uma infraestrutura
física que atenda às satisfações dos usuários da área, mas que ao mesmo tempo, permita a
proteção dos recursos naturais ali presentes. Assim sendo, além da implantação da ciclovia,
pista de caminhada e equipamentos de ginástica, que irão atender as necessidades físicas e
de saúde, considera-se essencial à implantação de um núcleo educacional que incentive a
preservação ambiental e transmita conhecimento às pessoas. Esse núcleo estará
gerenciando todas as ações educativas propostas quais sejam, por exemplo, passeio de
barco, realização de apresentações culturais, entre outras. Ficará a cargo desse núcleo a
preservação e divulgação de material didático-pedagógico sobre os objetivos e normas
desse plano de manejo.

O núcleo de educação ambiental também poderá criar uma marca que traduza a essência e
os princípios da respectiva Unidade de Conservação, e assim, ofertar produtos à venda
como, por exemplo, cartões postais, pequenos brindes (chaveiros, adesivos, broches,
bonés), agendas, cadernos, camisetas, bolsas, mochilas, publicações, entre outros.

É certo afirmar, que a interpretação do meio ambiente é uma forma estimulante de fazer
com que as pessoas entendam o seu entorno ecológico, bem como, é um procedimento
bastante antigo e que está intimamente ligado à história dos parques nacionais norte-
americanos. A interpretação ambiental é uma tradução da linguagem da natureza para a
linguagem comum dos visitantes, fazendo com que estes sejam informados em vez de
distraídos, e educados, além de divertidos. Interpretar a natureza é mais do que
simplesmente informar-se, ou seja, é uma forma de comunicação que interpreta relações e
promove questionamentos (KINKER, 2002).

Especificamente em relação à implantação do núcleo de educação ambiental na ARIE do


Bosque, pode-se inferir que o objetivo fundamental dessas ações de sensibilização é
despertar a curiosidade dos visitantes para a temática ambiental, particularmente em
relação à proteção do Lago Paranoá. A linguagem interpretativa a ser usada dentro do
núcleo de educação ambiental da ARIE do Bosque poderá servir-se de várias técnicas como,
por exemplo: uso de materiais impressos como cartilhas e folders, exibição de vídeos,
placas indicativas e interpretativas dentro da unidade, palestras e apresentações lúdicas
como peças teatrais. Assim, consideramos que a informalidade nesse tipo de ambiente é o
mais indicado para entreter e sensibilizar os visitantes.

Para se obter um bom plano educativo e interpretativo a gerência da ARIE do Bosque


deverá contar com uma equipe de trabalho integrada e multidisciplinar. A montagem dessa
equipe pode indicar grandes investimentos de recursos financeiros, por isso, sugere-se aqui
a realização das parcerias institucionais e a busca de voluntários, que são muitas vezes
fundamentais para viabilizar a montagem dessa boa equipe.

Importante retratar que as ações de educação propostas para serem implantadas pelo
núcleo de educação ambiental não devem dirigir-se unicamente aos visitantes. As atividades
poderão ser orientadas a públicos-alvo específicos como estudantes, professores,
pesquisadores, líderes de associações, entre outros. A participação da comunidade
circunvizinha a ARIE do Bosque é fundamental dentro das ações propostas nesse plano de
manejo, haja vista que deverá ser realizado um resgate da vegetação anterior com
atividades de plantio no local, e assim, a comunidade deverá responsabilizar-se juntamente
com a gerência da área, com a manutenção das espécies, observando o seu crescimento e
as mudanças a serem desenvolvidas nesse local antropizado para uma área de preservação
ambiental.

122
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.7. Atores e Conflitos Sociais

A ARIE do Bosque, localizada na orla do Lago Paranoá, situa-se em uma região nobre de
Brasília, por conseguinte, os atores sociais característicos da região são representados pela
população de alto poder aquisitivo do Distrito Federal, com grau de instrução elevado e alto
índices de infraestrutura urbana.

Estudos da CODEPLAN informam que a renda média domiciliar bruta mensal do Distrito
Federal era da ordem de 09 salários mínimos em 2004 e justamente a maior renda
detectada foi no Lago Sul, com média de 43,4 salários mínimos. A população residente
nessa área de interesse, em sua maioria, é caracterizada pelos dirigentes do país,
funcionários públicos graduados, profissionais liberais e comerciantes com rendimentos
mais elevados. Essa é uma região definitivamente expressiva, pois demonstra a segregação
socioespacial existente no Distrito Federal, ou seja, de um lado uma população detentora de
elevada condição social e do outro, uma comunidade marginalizada.

É fato, que os moradores dessa região são privilegiados, pois se sabe que há uma
distribuição de renda acentuadamente desigual entre as regiões administrativas e
consequentemente entre as famílias de cada uma delas.

Interessante apontar que a construção de Brasília foi planejada e caracterizada por um estilo
urbano definido. Com a construção do Plano Piloto desenvolveu-se o planejamento da
região, tendo em vista o aproveitamento topográfico local. O zoneamento da cidade foi
definido a partir de dois eixos: o Rodoviário (disposto na posição Norte/Sul) e o Monumental
(sentido Leste/Oeste). É no sistema rodoviário que se integra a Asa Sul à Norte
(CODEPLAN, 1984b) e é justamente na região da Asa Sul/Lago Sul onde se encontra
localizada a ARIE do Bosque.

Embora a construção de Brasília tenha sido planejada, o uso e ocupação do solo no Distrito
Federal, de uma maneira em geral, não vêm se constituindo do mesmo modo. A oferta de
lotes e a realização de parcelamentos, tanto por parte do poder público quanto da iniciativa
privada, vem se desenvolvendo sem o cumprimento dos preceitos legais, ou seja, há uma
forte ocupação urbana, porém, sem o investimento em infraestrutura básica e geração de
empregos na mesma proporção. A Bacia do Lago Paranoá é um dos locais onde não tem
havido respeito com relação a essa ocupação urbana (TAMANINI, 1998).

Inicialmente previsto como local de proteção, ao longo dos anos, a Bacia do Lago Paranoá
foi sendo ocupada desordenadamente. Atualmente, ocorre em demasia a transformação de
chácaras e glebas rurais situadas em áreas de grande sensibilidade ambiental, em lotes
urbanos (PAVIANI & GOUVÊA, 2003).

A situação dos condomínios e dos parcelamentos irregulares apresenta números


importantes, pois de acordo com dados da CAESB de 1975 e do IBGE de 2000 (último
censo oficial), nos parcelamentos irregulares da bacia, existiam 27.016 lotes, dos quais
13.171 já estavam ocupados, totalizando uma população de 72.968 pessoas. Essa, portanto,
caracteriza-se como a situação de maior conflito existente na região do Lago Sul, e
particularmente na região do entorno da ARIE.

Essa situação revela um desafio à legislação e evidencia o fracasso do poder público em


fiscalizar, assim sendo, no que se refere à implementação do Plano de Manejo na ARIE do
Bosque. Deverá ser feito um trabalho inicial de delimitação e definição da respectiva área, e
ao mesmo tempo, uma tarefa de sensibilização dos moradores do entorno e futuramente
dos visitantes potenciais.

123
Plano de Manejo ARIE do Bosque
6.8. Levantamento de Informações sobre Possíveis Residentes na ARIE do
Bosque

Antes de levantar informações sobre os possíveis residentes na ARIE é importante


apresentar aqui o processo de ocupação da região do Lago Sul. Sabe-se, por exemplo, que
os primeiros registros de ocupação da área datam de 1961 e referem-se a loteamentos dos
trechos A (atual QL 4), B (atual QI 1), O (atual QL 6), I (atual QI 5 e QI 7), 2 (atual QL 8), 3
(atual QI 9 e QL 10), 4 (atual QI 11), 5 (atual QI 13, QI 15, QL 14 e QL 16), 6 (atual QL 18 e
QI 19), 7 (atual QL 20 e QI 21), 8 (atual QL 22 e QI 23) e 9 (atual QL 24 e QI 25). Em 1965
foi acrescida parte da QL 2 (atual QL 8) e em 1966 foi acrescida na QL 4 (atual QL 12) o
Setor de Habitações Isoladas ou Residência dos Ministros.

O Setor de Chácaras foi acrescido em 1966 e apesar do Setor de Mansões Urbanas Dom
Bosco possuir memorial datado de 1961, manteve-se praticamente desocupado, até então.

No ano de 1966 foi registrado o acréscimo de um centro comercial no Trecho 1 (atual QI5),
que foi inaugurado em 1968, e se tornou o Centro Comercial Gilberto Salomão, marcando o
início da oferta de comércio e serviços no bairro, que até então era exclusivamente
residencial. Este fato, complementado pela inauguração da primeira ponte em 1974 e pela
abertura do supermercado Jumbo em 1978 representaram para a história de Brasília a
"descoberta do Lago Sul". Também em 1966 foram criados lotes para postos de
abastecimentos (PAG e PLL) em todo o setor (TAMANINI, 1998).

A década de 1970 marca a consolidação de fato do local, com início da oferta de comércio e
serviços, melhoria da acessibilidade ao Plano Piloto com a construção e o funcionamento
das duas pontes. Importante apresentar aqui, que no ano de 1981 foi elaborado o Plano
Diretor de Urbanização da Orla do Lago Paranoá no sentido de desocupar áreas públicas
ocupadas por lotes residenciais, especialmente aqueles às margens do lago, bem como,
criar novas áreas e equipamentos de recreação e lazer (CODEPLAN, 1984b).

Atualmente, a RA XVI é constituída basicamente de área urbana e subdividida em setores


quais: Setor Individual Sul, Setor de Mansões Urbanas Dom Bosco, Setor de Estaleiros,
Aeroporto, Base Aérea de Brasília, Setor Ermida Dom Bosco e Jardim Botânico. Existe uma
pequena área rural junto a Barragem do Paranoá e outra onde se localiza o Campo
Experimental Água Limpa da Universidade de Brasília.

Após essa constatação do processo de ocupação da RA XVI, consideramos importante


apresentar aqui alguns problemas verificados pela pesquisa in loco, realizada pela equipe
técnica responsável pela elaboração desse plano de manejo. Destaca-se como de mais
intensidade, a falta de segurança no local e alguns loteamentos com indefinição de seus
limites. Foi também presenciado a existência de moradores de rua, que vagam pela área,
sem ocupação.

Os dados indicam a presença da população feminina superior à masculina na região.


Também é certo afirmar que a população do Distrito Federal, de uma maneira em geral,
apresenta alto grau de instrução, pois de acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de
Domicílios realizada em 2004, 10% da população possui nível superior e um terço está
estudando, seja em escola pública ou privada. Essa situação não é diferente no Lago Sul,
que concentra grande parte da população mais instruída e rica do Distrito Federal. Nesse
mesmo ano de 2004 detectou-se, por exemplo, que a renda média domiciliar bruta se
mostrou mais elevada também no Lago Sul, com média de 43,4 salários mínimos.

124
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Certamente, podemos concluir que mesmo não havendo a existência de moradores fixos na
ARIE do Bosque, a administração da área deverá atentar-se para a ocorrência de invasões
em espaços físicos, que estejam inseridos na área limítrofe dessa Unidade de Conservação.
Para tanto, foi fundamental a participação da comunidade na elaboração desse plano de
manejo, bem como, será no próprio gerenciamento da área.

Pela pesquisa de campo realizada com os moradores circunvizinhos, levantamos a seguinte


situação: (tabela 28).

Tabela 30 - Pesquisa com os moradores circunvizinhos


Residente na área do
Quadra Bairro Quantidade
entorno a ARIE
Sobrado 3
Ql.10 Conj. 10 Lago Sul
Lote Vago 1
Sobrado 3
Ql.10 Conj. 09 Lago Sul Lote Vago 1
Embaixada 1
Ql.10 Conj. 08 Lago Sul Sobrado 2
Sobrado 1
Ql.10 Conj. 07 Lago Sul
Lote Vago 1
Ql.10 Conj. 06 Lago Sul Sobrado 1
Ql.10 Conj.05 Lago Sul Sobrado 2
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal, dez. 2006.

6.8.1. Indicação de Locais para Distribuição de Permissionários no Entorno da Área

Serão implantados 02 pontos para distribuição de ambulantes e 02 para permissionários


fixos na área interna da Unidade de Conservação, conforme apresentamos no mapa de
zoneamento. Esses 02 pontos móveis serão designados para a venda de água de coco e
estarão localizados dentro da zona de uso intensivo. Os outros poderão destinar-se a
atividade qual seja, por exemplo, a instalação de restaurantes ou lanchonetes. Os
ambulantes, quando da instalação no local, deverão se responsabilizar em não
comprometer a qualidade ambiental da área, e assim disponibilizar lixeiras em bom estado
de manutenção, para que possam conservar hábitos de coleta dos resíduos produzidos pela
venda do produto.

Também é proibida a emissão de ruídos por parte dos permissionários, para que não
interfira no sossego dos animais e visitantes da área, assim como, fica estabelecida que a
entrada de novos permissionários esteja condicionada a saída de algum dos já licenciados.
Cada um dos permissionários móveis terá um espaço de 10 m² de área para venda de seu
produto e os fixos de 25 m².

6.8.2. Situação Fundiária

O aspecto fundiário mais expressivo da ARIE do Bosque e já referido, diz respeito às


irregularidades dos lotes. O Lago Sul é uma região mais característica de zona urbana,
sendo assim, não são detectados problemas fundiários de ordem rural/agrícola.

A ausência de uma política habitacional eficiente em todo o Brasil, que garanta a oferta
planejada de moradia para as diferentes faixas de renda, levou muitas pessoas a
procurarem soluções habitacionais em áreas ofertadas por parceladores privados e por

125
Plano de Manejo ARIE do Bosque
grileiros de terras públicas, independentemente do respeito à legislação urbanística e
ambiental. Estima-se atualmente, que 54,2% dos parcelamentos irregulares do Distrito
Federal estão situados em áreas de proteção ambiental. Há um consenso quanto à
necessidade de regularizar os parcelamentos ambientalmente viáveis, entretanto, a
experiência recente tem mostrado que as maiores dificuldades estão no componente
fundiário (CODEPLAN, 1984a).

É importante reconhecer, que no atual momento e nos próximos anos, a Bacia do Lago
Paranoá, onde se encontra inserido a ARIE, oferece todas as condições para um
agravamento da ocupação. Os parcelamentos privados tendem a estabelecer-se na bacia,
previsão que reforça a necessidade de monitoramento e de implantação de uma política de
fiscalização permanente, ao lado da intensificação do processo de regularização.

Os resultados do processo desordenado de ocupação do território já podem ser sentidos


pela contaminação do lençol freático, provocada pelas fossas dos condomínios de alta
densidade, e pela rápida diminuição do nível das águas subterrâneas, em razão da
operação clandestina de poços artesianos (CAESB, 1975). Em relação a esse fator,
conforme já demonstrado anteriormente pela pesquisa de campo, 72% dos entrevistados
disseram não possuir poço artesiano em suas residências. As invasões de terras públicas,
ao lado do parcelamento irregular de áreas ditas particulares, terminam comprometendo as
possibilidades de parcelamento regular de novas áreas dentro da Bacia do Lago Paranoá,
tendo em vista a capacidade de suporte limitada do lago e de seus tributários.

126
Plano de Manejo ARIE do Bosque
7. PROBLEMAS PRIORITÁRIOS E MEDIDAS MITIGADORAS

7.1. Segurança

Para a realização da segurança da ARIE do Bosque, o órgão responsável pela unidade


deverá terceirizar a responsabilidade, ou então, destinar a Polícia Militar para vigilância
contínua da mesma. Atualmente, o abandono do local vem provocando insegurança para os
moradores do entorno, uma vez que se tornou atrativa para delinquentes e moradores de
rua, causando problemas sociais e ambientais.

Para um monitoramento adequado, além da presença dos vigilantes da ARIE do Bosque e


da existência de um gestor administrativo, são necessários que esses estejam equipados
com rádio, veículos e uma maior integração com a fiscalização urbana ou ambiental,
efetivando a lei e a criação de normas para os futuros permissionários e para a ARIE do
Bosque. Todas estas medidas juntas serão essenciais para a realização de uma segurança
eficiente e contínua.

7.2. Ocupação Indevida da Área

A ARIE do Bosque possui uma área de 23,9553 ha. Até a década de 1990 sua área era de
378.321,60 ha. Hoje, uma boa parte de sua área foi ocupada por moradores, que fecharam
as entradas das ruas. Tais entradas deveriam fazer interligação com o remanescente, como
foi previsto no projeto original da cidade. Muitos dos moradores avançaram com seus muros
e assim destruíram a vegetação original. (Figuras 110 e 111).

Para resolver estes problemas, será necessário estipular normas para uso da área,
estabelecer um gestor administrativo e elaborar um Termo de Ajuste de Conduta. Este
documento terá como principal objetivo direcionar atividades para a melhoria das condições
da unidade, como plantio de árvores nativas e atividades de educação ambiental.

Figura 110. Cerca viva em residência na ARIE, jan. Figura 111. Residência na ARIE, jan. 2007.
2007. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal

127
Plano de Manejo ARIE do Bosque
7.3. Fauna

Fauna Silvestre

Um problema observado é a oferta de alimentação aos animais de forma inadequada por


parte dos usuários da área. Devido a isso, torna-se necessário um trabalho educativo e
acompanhamento constante, com monitores instruídos.

A desativação de rampas para embarcações particulares na área da AIRE do Bosque será


imprescindível para reabilitação da área. Os ninhais que deverão ser preservados em suas
margens terão somente a ganhar com esta determinação. Deverá ser estabelecido somente
um acesso ao lago, em área onde o impacto gerado for reduzido em relação à fauna e flora.

Animais Domésticos

Na ARIE do Bosque foram encontrados gatos abandonados. Esses animais deverão ser
retirados do local por causarem uma série de problemas aos animais ali existentes, como às
aves (boa parte migratória) e serem vetores de doenças, como a raiva, portadores de
parasitas, que são transmitidos aos animais silvestres.

É necessária a realização de uma campanha de sensibilização para evitar o abandono de


animais domésticos em Unidades de Conservação do DF, prevenindo futuros problemas à
comunidade e à fauna local.

Animais Exóticos

O administrador da área deverá estar sempre alerta à introdução de espécies exóticas, pois
estas causam sérios problemas à fauna local, prejudicando o equilíbrio dos grupos ou até a
extinção dos animais nativos.

7.4. Flora

Manejo da Flora

128
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 112. Aspectos da flora, jan. 2007. Figura 113. Vista parcial da flora local, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal

Figura 114. Espécies encontradas na área, 2007. Figura 115. Área antropizada, 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal

A ARIE do Bosque apresenta-se totalmente antropizada (Figuras 112 a 115), de acordo com
o item Análise da Paisagem, a mesma consta apenas de uma grande extensão de
gramados, espécies frutíferas, eucaliptos cinquentenários e algumas espécies isoladas da
vegetação nativa. Assim, este programa visa à recomposição da paisagem, em um cenário
próximo da vegetação pretérita, procurando restaurar as características originais da área,
para que a mesma retorne a um estado biológico apropriado, promovendo-se o manejo, até
atingir-se um ponto em que a ação do homem não seja mais necessária, onde os ciclos de
nutrientes sejam fechados, os componentes da biota estejam razoavelmente em equilíbrio e
o sistema hídrico estabilizado.

Também é interessante mencionar que originalmente esta área foi vegetada pela
fitofisionomia de Cerrado, e que após a construção do lago Paranoá transformou-se em
parte em um ambiente ribeirinho. Por sua vez, é imprescindível sua recomposição ambiental,
pois exerce importante papel na proteção do curso d'água contra o assoreamento e a
contaminação por diversas substâncias, principalmente por estar localizado dentro de um
grande centro urbano. Estas peculiaridades conferem às regiões ribeirinhas um grande
aparato de leis, decretos e resoluções visando sua preservação.

129
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A desativação de rampas para embarcações particulares na área da AIRE do Bosque será
imprescindível para reabilitação da área. Sendo uma área ribeirinha de preservação
permanente essas “aberturas” na mata realizadas de forma inadequada descaracterizam a
área e “recortam” o ambiente já tão prejudicado.

De acordo com as considerações anteriores, com a caracterização do meio físico e histórico


da ARIE do Bosque é recomendada a recomposição florística dessa área, de modo que no
tópico seguinte serão descritas as seguintes ações:

 Escolha das Espécies;


 Preparo do Solo;
 Plantio;
 Manutenção;
 Monitoramento do Processo de Sucessão Ecológica.

Reflorestamento/Recuperação Florística

A recuperação dessa área será de acordo com as características do ambiente, ou seja, em


conformidade com a variação edáfica e umidade, obedecendo à fisionomia pretérita.

Segundo Felfili (2000), a recuperação de ambientes ribeirinhos requer a utilização de


princípios ecológicos e silviculturais, oriundos do conhecimento científico existente, para
melhor nortear a definição de modelos de revegetação a serem utilizados. Segundo a
pesquisadora/autora, o conhecimento de aspectos fitossociológicos, de estrutura de
populações e de autoecologia de espécies, entre outros fatores, é importante para o
sucesso desses programas. De acordo com esses propósitos, o programa apresentado
embasa-se em diversos trabalhos de fitossociologia (FELFILI, 2000; FELFILI, 1994;
ANDRADE et al., 2002; ASSUNÇÃO & FELFILI,J. M. 2004) realizados no Distrito Federal e
seu entorno, do qual irá sugerir as espécies potenciais para a recuperação.

Método e espécies sugeridas para a recomposição florestal

A combinação de espécies de diferentes grupos ecológicos, ou categorias sucessionais, é


extremamente importante nos projetos de recuperação. As florestas são formadas através
do processo denominado de sucessão secundária, onde grupos de espécies adaptadas às
condições de maior luminosidade colonizam as áreas abertas, e crescem rapidamente,
fornecendo o sombreamento necessário para o estabelecimento de espécies mais tardias
na sucessão. Várias classificações das espécies em grupos ecológicos têm sido propostas
na literatura especializada, sendo mais empregada à classificação em quatro grupos
distintos: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímaxes. A tolerância das
espécies ao sombreamento aumenta das pioneiras às clímaxes (ATTANASIO et al., 2006).

Segundo Attanasio et al. (2006), para uma recomposição rápida da vegetação deverá ser
implantado o método de plantio simultâneo de espécies pioneiras, secundárias e clímaxes.
A experiência tem mostrado que todas as categorias de plantas podem ser implantadas
numa única etapa. Deve-se apenas tomar-se o cuidado de sempre alocar as mudas de
espécies clímaxes próximas de dois ou mais exemplares de espécies pioneiras e
secundárias, pois estas crescerão rapidamente e proporcionarão o sombreamento

130
Plano de Manejo ARIE do Bosque
necessário às espécies clímaxes. Outro cuidado a tomar é que espécies de porte muito
grande fiquem lado a lado uma das outras.

Os ambientes ribeirinhos apresentam uma heterogeneidade florística elevada por ocuparem


diferentes ambientes ao longo das margens dos rios. A grande variação de fatores
ecológicos nas margens resulta em uma vegetação arbustivo-arbórea adaptada a tais
variações. Promata (2004) recomenda adotar os seguintes critérios básicos na seleção de
espécies para recuperação de matas de galeria:

 Plantar espécies nativas;


 Utilizar o maior número possível de espécies;
 Plantar espécies atrativas à fauna;
 Observar a gradiente de umidade do solo no plantio.

Recomenda-se utilizar um grande número de espécies para gerar diversidade florística,


imitando assim, as fisionomias presentes no ambiente. Áreas vegetadas com maior
diversidade apresentam maior capacidade de recuperação de possíveis distúrbios, melhor
ciclagem de nutrientes, atratividade à fauna, maior proteção ao solo de processos erosivos e
maior resistência a pragas e doenças (PROMATA, 2004).

Para a revegetação serão escolhidas dentre as espécies selecionadas, aquelas cujos


comportamentos já estejam estudados e congreguem características de atratividade à fauna
e adaptabilidade diversificada. Tais espécies poderão ser adquiridas em centros de
pesquisas que reproduzam espécies da flora do Cerrado, e ou, de viveiros particulares
especializados (ATTANASIO et al., 2006). Considerando a composição de espécies das
fitofisionomias cerrado stricto sensu e mata ciliar.

Na Tabela 29 são apresentadas espécies nativas indicadas para a recuperação desse


ambiente ribeirinho e seu entorno, com os respectivos nomes vulgares, o grupo ecológico a
que pertencem e a tolerância à umidade do solo. Foram incluídas na lista, aquelas espécies
que aparecem em destaque na maioria dos estudos fitossociológicos realizados no cerrado
do Distrito Federal, em matas ciliar/galeria do Brasil Central e as que a experimentação
científica tem comprovado sua capacidade para recuperar estas áreas. Entretanto, a
escolha das espécies a serem plantadas terá como condicionante a disponibilidade de
mudas no viveiro a serem adquiridas.

Considerando a área de recuperação de 16,38 ha, espaçamento 3,0 X 3,0 serão plantadas
aproximadamente 18.200 mudas, contemplando diversas espécies e grupos ecológicos,
totalizando 2.674 arranjos em quincôncio, dispostas de acordo com a sua posição no
reflorestamento (Figura 116); sendo que deste total 50% ou seja, 9.100 mudas serão
pioneiras, 30%, ou seja, 5460 mudas serão secundárias e 20%, ou seja, 3640, mudas serão
clímax.

Tabela 31. Espécies arbustivo-arbóreas, recomendadas para recuperação da ARIE. G.E. = grupo
ecológico: P = Pioneira; SE = Secundárias; CL = Clímax. Quanto a indicação: A = áreas encharcadas
permanentemente; B = áreas com inundação temporária; C = áreas bem drenadas, não alagáveis.
Época de
Família Nome Científico Nome Vulgar G.E Indicação
Floração
Leguminosae- Angico-branco,
Acacia polyphylla DC. Dez/mar P B, C
Mimosoideae monjolo
Verbenaceae Aegiphila lhotzkiana L. Milho-de-grilo Set-Dez P C
Araticum-cortica,
Annonaceae Annona crassiflora Mart. Out/Nov SE C
Marolo
Alibertia macrophylla K. Marmelada-de-
Rubiaceae SE C
Schum. cachorro

131
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Pau-marfim-do-
Agonandra brasiliensis Miers
Opiliaceae cerrado, tinge- Ago/Out P C
ex Benth.
cuia.
Leguminosae- Anadenanthera colubrina P
Angico-vermelho Ag/set C
Mimosoideae (Vell.) (SE)
Leguminosae- Apuleia molaris Spruce ex
Garapa P C
Caesalpinioideae Benth.
Aspidosperma Peroba,
Apocynaceae Set/nov CL B, C
cylindrocarpum Müell Arg. guatambu
Aspidosperma subincanum Guatambu- P
Apocynaceae Set/nov C
Mart vermelho, pereiro (SE)
Peroba-do-
Aspidosperma tomentosum cerrado, Pau-
Apocynaceae Set/Out CL C
Mart. pereira-do-
campo
Austroplenckia populnea Marmeleiro-do- P
Celastraceae Out/Nov C
Reiss. campo (SE)
Astronium fraxinifolium
Anacardiaceae Gonçalo Alves Ago/set P C
Schott. ex Spreng.
Blepharocalyx salicifolius P
Myrtaceae Murta, cambui Dez/Jan B
(Kunth) O. Berg (SE)
Leguminosae-
Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira-preta Nov/Jan CL C
Papilionoideae
Byrsonima coccolobifolia
Malpighiaceae Murici-do-cerrado Dez/Jan SE C
Kunth
Malpighiaceae Byrsonima crassa Nied. Murici Ago-Nov SE C
Byrsonima verbascifolia (L.)
Malpighiaceae Murici Ago/Nov SE C
DC.
Caryocar brasiliense P
Caryocaraceae Pequi Set/Nov C
Cambess. (SE)
Moraceae Cecropia lyratiloba Miq. Embaúba Set/out P A, B
Connarus suberosus Cabelo-de-negro, P
Connaraceae Ago/Out C
Planchon pau-ferro (SE)
Leguminosae- Oleo copaíba,
Copaifera lansdorffii Desf. Dez/mar CL B, C
Caesalpinioideae copaíba
Caviúna-do-
Leguminosae- Dalbergia miscolobium P
cerrado, Jan/Fev C
Papilionoideae Benth. (SE)
jacarandá
Ebenaceae Diospyros burchellii Hiern. Olho-de-boi Jul-Out SE B
Leguminosae- P
Dimorphandra mollis Benth. Faveira Out/Jan C
Caesalpinioideae (SE)
Leguminosae-
Dipteryx alata Vog. Barú Out/Jan CL B, C
Papilionoideae
Leguminosae- Enterolobium gummiferum Timburi-do-
Ago/Set P C
Mimosoideae (Mart.) MacBryde cerrado
Eriotheca pubescens (Mart. P
Bombacaceae Embiruçu Jul/Set C
& Zucc.) Schott. & Endl. (SE)
Erythroxylum deciduum A. Cocão, fruta-de- P
Erythroxylaceae Ago/Out A, B
St.-Hil. pomba (SE)
Erythroxylum suberosum A.
Erythroxylaceae Cabelo-de-negro Set-Jan CL C
St.- Hil.
Erythroxylum tortuosum
Erythroxylaceae Muxiba-comprida Ago-Dez P C
Mart.
Myrtaceae Eugenia dysenterica DC. Cagaita Ago/set CL B, C
Sterculiaceae Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Set/Nov P C
Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lund Caparrosa Set-Nov P C
Leguminosae- Hymenaea stignocarpa Mart. Jatobá-do-
Dez/fev CL B, C
Caesalpinioideae ex Hayne cerrado
Leguminosae- P
Inga edulis Mart. Ingá Out/Jan A, B
Mimosoideae (SE)
Leguminosae- P
Inga uruguensis Hook & Arn. Ingá Out/Fev A, B
Mimosoideae (SE)
Kielmeyera coriacea
Clusiaceae Pau-santo Ago-Jan SE C
(Spreng.) Mart.
Malpighiaceae Heteropterys byrsonimifolia Murici-macho Set-Dez SE C

132
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A. Juss.
Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Mangaba-brava Out/Dez SE C
Luehea grandiflora Mart. & P
Tiliaceae Açoita-cavalo Mai/Jul C
Zucc. (SE)
Leguminosae-
Machaerium opacum Vog. Jacarandá Jul/Ago P C
Papilionoideae
Miconia albicans (Sw.) Quaresmeira-
Melastomataceae SE C
Triana branca
Melastomataceae Miconia pohliana Cogn. Pixirica Mai-Set SE C
Myrcia tomentosa (Aubl.) P
Myrtaceae Araçá, goiabinha Jul/Out C
DC. (SE)
Caparrosa-
Nyctaginaceae Neea theifera Oerst. Jun-Set CL C
branca
P
Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Pau-terra Nov/Jan C
(SE)
Cinzeiro, pau-
Vochysiaceae Qualea multiflora Mart. Nov/Dez P C
terra-do-campo
Vochysiaceae Qualea parviflora Mart. Pau-terra Nov/Dez SE C
Ouratea hexasperma (A. St.- Vassoura-de-
Ochnaceae Jul-Out SE C
Hil.) Baill. bruxa
Piptocarpha rotundifolia Candeia,
Asteraceae Out/Dez CL C
(Less.) Baker paratudo
Leguminosae- Jacarandá
Platypodium elegnas Vogel Set/nov SE B, C
Papilionoideae canzileiro
Leguminosae- P
Plathymenia reticulata Benth. Vinhático Set/Nov C
Mimosoideae (SE)
Pouteria ramiflora (Mart.) Leiteiro-preto, P
Sapotaceae Ago/Out C
Radlk. abiu (SE)
Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk. Guapeva Out/nov P A
Pseudobombax tomentosum
P
Bombacaceae (Mart.& Zucc.) A. Robyns Embiruçu Jul/Ago C
(SE)
Robyns
Myrtaceae Psidium pohlianum Berg Araça Nov-Dez SE C
Myrsinaceae Rapaenea guianensis Aubl. Pororoca Jun/Jul P A, B
Carne-de-vaca,
Proteaceae Roupala montana Aubl. carvalho-do- Mar-Set CL C
brasil
Salacia crassifolia (Mart. ex Bacupari-do-
Hippocrateaceae Jul-Dez SE C
Schult.) G. Don cerrado
Leguminosae- Sclerolobium paniculatum
Pau-bosta Out/Nov P C
Caesalpinioideae Vog.
Schefflera macrocarpa Mandiocao-do-
Araliaceae Jan-Set P B
(Seem.) D.C. Frodin cerrado
Strychnos pseudoquina A. P
Loganiaceae Quina, quineira Dez/Mar C
St.-Hil. (SE)
Leguminosae- Stryphnodendron P
Barbatimão Set/Nov C
Mimosoideae adstringens (Mart.) Coville (SE)
Styrax ferrugineus Nees & P
Styracaceae Pindaíba Jul/Set C
Mart. (SE)
Symplocaceae Symplocos rhamnifolia A. DC Congonha Mar-Set SE C
Tabebuia aurea (Silva
Bignoniaceae Manso) Benth.&Hook.f.ex Caraíba Ago/set CL B, C
S.Moore
Tabebuia serratifolia (Vahl)
Bignoniaceae Ipê amarelo Ago/set SE B, C
G.
Tibouchina condolleana P
Melastomataceae Quaresmeira Jul/Set B, C
(DC.) Cogn. (SE)
Tocoyena formosa (Cham. & Jenipapo-de-
Rubiaceae Out-Nov SE C
Schltdl.) K. Schum. cavalo
Ucuuba-do-
Myristicaceae Virola sebifera Aubl. Dez-Fev SE B
cerrado
P
Vochysiaceae Vochysia thyrsoidea Pohl Gomeira Nov/Dez C
(SE)
P
Annonaceae Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba-d'água Nov/Jan A, B
(SE)

133
Plano de Manejo ARIE do Bosque
P
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica de porca Out/Nov C
(SE)
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Método de recomposição

O sistema a ser implantado será o de enriquecimento, do qual é utilizado para áreas em


estágio avançado de antropização, mas que apresenta alguma resiliência, ou vegetação
natural, ainda que exígua, com domínio de espécies dos estágios iniciais de sucessão,
sofrendo o acréscimo de espécies secundárias, oportunistas ou tolerantes. Um sistema
viável de plantio nas áreas de vegetação nativa é o quincôncio, onde cada muda de espécie
secundária ou clímax fica posicionada no centro de um quadrado composto de mudas de
espécies pioneiras (Figura 116). Entre as espécies vegetais a serem utilizadas na
revegetação, sugere-se a utilização de atrativos para a fauna, que irá agilizar a retomada
dos processos de sucessão natural.

3,0 m

3,0 m

Legenda:

Pioneira Secundária Clímax

Figura 116. Distribuição das Espécies a serem utilizadas na Área para


Revegetação, onde: P= pioneiras; S= secundárias e C= clímax.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Preparo do solo

Nas áreas a serem recuperadas não haverá revolvimento de solo, apenas o coveamento e a
construção de curvas de nível, a fim de evitar perdas das plântulas. A construção dessas
curvas se limitará nas áreas passíveis de mecanização.

134
Plano de Manejo ARIE do Bosque
As covas terão as dimensões de 40x40x40 centímetros espaçadas 3,0 x 3,0 metros, caso
constate-se compactação no local a profundidade da abertura da cova se estenderá até
cinquenta centímetros. Na abertura das covas deverá se separar a terra da superfície (mais
rica em matéria-orgânica), da terra do fundo da cova. Na terra da superfície adicionar o
composto orgânico e/ou mineral e misturá-los, além de retirar da terra de preenchimento das
covas pedras, entulho ou lixo, a fim de facilitar o bom desenvolvimento da muda. Não serão
utilizadas práticas como aração e gradagem no local, para garantir a permanência das
espécies já estabelecidas. Na semana que antecederá o plantio é recomendável fazer um
coroamento com um raio de 0.5 metros em volta da cova a fim de evitar a competição com a
grama. A Figura 113 demonstra de forma sequencial as etapas do plantio. Essa técnica de
plantio está sendo utilizada pela empresa Neotropica Tecnologia Ambienttal em vários
trabalhos de recuperação, dentre eles: Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da
Estação de Tratamento de Esgoto Parque Atheneu de Goiânia - GO (margens do rio Meia
Ponte), Projeto de Reposição Florística das Áreas de Preservação Permanente do
Loteamento Jardins do Cerrado em Goiânia (Margens do córrego da Cruz), Programas de
Reflorestamento da Faixa de Preservação Permanente das PCHs Lagoa Grande, Riacho
Preto e Boa Sorte na cidade de Dianópolis – TO e Programa de Monitoramento das Áreas
de Preservação Permanente na cidade de Rio Quente - GO

Deverá ser feito um levantamento na área para averiguar a situação de possíveis pragas
(formigas cortadeira, cupins entre outras), que possa danificar as mudas plantadas. A partir
do grau de coincidência poderão ser adotados métodos de controle natural com o uso das
sementes de Sesamum indicum L. Além disso, o Sesamum indicum L colocado sobre o
formigueiro, intoxica o tal fungo e ajuda a eliminar o ninho das formigas. Outro método
natural que poderá ser utilizado é a calda do fumo (Nicotiana tabacum L.), onde a nicotina é
um alcaloide que se obtém através do fumo. É um poderoso inseticida de fácil obtenção,
tendo ação de contato no combate as pragas. Também é recomendado o controle químico
através de iscas ou nebulização.

O combate inicial a formigas cortadeiras, cupins e outras pragas que possam atacar as
mudas e as espécies em desenvolvimento, em toda a área a ser plantada, nas reservas de
matas nativas e numa faixa de 100 metros de largura ao redor de toda a área, se dará 60
dias antes do plantio. Após o combate inicial é recomendado o repasse, que é a operação
que visa combater os formigueiros que não foram totalmente extintos no combate inicial,
bem como aqueles que não foram localizados na primeira operação. O repasse é feito, no
mínimo, 60 dias após o combate inicial, antes do plantio em toda á área, inclusive na faixa
ao redor.

A utilização de iscas deve ser feita no período seco. No período chuvoso, pode-se valer de
porta iscas, facilmente adquiridas no comércio. Recomenda-se usar produtos a base de
sulfuramida ou fipronil. A dosagem da isca a ser usada no combate a um formigueiro vai
depender da área que ele ocupa e da marca do produto utilizado. A isca é aplicada com
dosadores nos olheiros de alimentação, distante cerca de 10 a 15 cm do olheiro, ao lado do
carreiro, sendo a quantidade de isca distribuída nos diferentes olheiros de alimentação.

Deve ser observado o disposto na Instrução Normativa IBRAM nº08/2012, tanto para
aplicação de agroquímicos, quanto para a aplicação de insumos para o combate a pragas.

Adubação

O adubo será colocado na porção de solo removida com a abertura da cova. A adubação
poderá ser orgânica, minerais ou ambos, dependendo da disponibilidade de encontrá-los
135
Plano de Manejo ARIE do Bosque
e/ou financeiras. Sugerem-se aplicar 200 gramas de NPK 4-14-8 e/ou 3 litros de esterco
curtido por cova (Figura 117).

Figura 117. Plantio das mudas no local definitivo, onde: 1- terra retirada da superfície mais composto
orgânico ou mineral; 2- terra retirada abaixo da superfície.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Orientações de plantio

A fim de facilitar o pegamento e desenvolvimento das mudas, são sugeridas as seguintes


recomendações:

 Retirar a embalagem plástica que envolve a muda antes do plantio;


 A terra do subsolo (fundo da cova) com a terra da superfície será invertida no plantio;
 A muda deverá ser colocada no centro da cova, de modo a cobrir o colo (região entre
a raiz e o caule);
 O escoramento da muda é opcional, serve para sustentar a muda evitando o seu
tombamento;
 Após o plantio a muda deve ser regada com bastante água, caso o mesmo seja feito
fora do período chuvoso;
 Fazer uma bacia em torno da muda, com diâmetro de 20 cm, a fim de armazenar a
água da chuva ou da irrigação.

Replantio

O sucesso de recuperação de matas de galerias depende da escolha das espécies, dos


fatores genéticos das espécies e sementes utilizadas, da capacidade do sítio e das técnicas
de manejo adotadas. Existem dois problemas imediatos após o plantio: a mortalidade das
mudas e o crescimento extremamente lento ou crescimento travado.

É necessário tomar o cuidado com a demora do replantio, pois certos atrasos podem causar
às mudas replantadas desvantagens permanentes, em crescimento e desenvolvimento. As
mudas que morrem devem ser repostas, preferencialmente num período não superior a 60
dias após o plantio. As mudas destinadas ao replantio devem ser de boa qualidade, um
pouco maior que o normal e com raízes bem desenvolvidas. Já as mudas que estagnam seu
136
Plano de Manejo ARIE do Bosque
crescimento devem ser avaliadas as possíveis causas e tentar saná-las, e caso necessário,
fazer a sua substituição.

Manutenção

Coroamento

O coroamento tem a finalidade de evitar a competição da muda com a vegetação local por
água, luz e nutriente. O coroamento deve ter a raio mínimo de 0,5 metros ao redor da muda.
Deve-se fazer este coroamento até que esta competição possa existir, não afetando o
desenvolvimento das futuras árvores, o que ocorre entre 1 e 1,5 anos após o plantio.

Adubação de Cobertura

A adubação de cobertura poderá ser feita com a fórmula NPK 18-9-18 acrescida de 160 kg
de Boro/ton, parcelada em duas vezes, no início e final do período chuvoso (novembro e
março). Em cada cobertura, utilizar 60 g do adubo por cova. A adubação de cobertura deve
ser feita preferencialmente com o solo úmido para não ser necessária a incorporação do
adubo. Outro aspecto a ser seguido é que a distribuição do adubo não deve ser feita junto a
muda, mas a uma distância de 15 a 20 cm do caule desta. A adubação de coberta deverá
ser efetuada nos 2 primeiros anos iniciais devendo ser avaliado a necessidade do terceiro
ano em diante.

Combate às Plantas Invasoras

Recomenda-se a roçagem da grama existente dentro da área plantada no limite do


coroamento, evitando cortar as espécies da regeneração natural, pois estas ajudarão a
recompor a área a ser trabalhada. É necessário também manter o coroamento sempre limpo.

Ronda a Formigas e Cupins

A ronda é a operação de combate às formigas durante todo o período de formação do


povoamento florestal. Trabalhos experimentais permitem concluir que uma maior eficiência
operacional é atingida quando a ronda é executada entre 15 e 30 dias após os tratos
culturais, uma vez que o revolvimento do solo reduz as atividades do formigueiro, que só se
torna evidente a partir de quinze dias. Poderá ser utilizar iscas formicidas a base de
sulfuramida e o cupinicida Confidor encontrados facilmente no comércio local. Para o
manuseio dos produtos, é necessária a utilização de equipamentos de proteção individual
(EPI‟s), como luvas, máscara e roupa apropriada. Os cupins de montículo devem ser
controlados na área promovendo a destruição do montículo e a eliminação da rainha. Esta
prática é eficaz no combate a esta praga, podendo ser utilizada em pequenas áreas com
grande sucesso e sem o uso de inseticidas químicos.

Cobertura Morta

A cobertura morta tem os objetivos de manter a umidade na cova, diminuir a insolação direta
do sol na cova e diminuir o surgimento de plantas daninhas, que afetam o desenvolvimento
das mudas. Deve-se utilizar o próprio material obtido com a capina no coroamento como
cobertura morta.

137
Plano de Manejo ARIE do Bosque
OBS: Os cuidados descritos acima deverão ser executados até as mudas atingirem uma
altura de 2,0 metros quando já sobrevivem sozinhas, dispensando os cuidados de cultivo.

Aceiramento

Os aceiros deverão constantemente estar limpos e com a largura mínima de proteção, a fim
de evitar incêndios que possam entrar na área plantada, danificando ou matando as mudas.

7.5. Lago

A ARIE, por se encontrar às margens do Lago Paranoá, envolve cuidados especiais como
prudência ao introduzir animais exóticos e o assoreamento do lago por falta de vegetação às
suas margens. Para a resolução destes problemas, é importante o monitoramento contínuo
da água, tanto dos seus fatores bióticos, como abióticos. É imprescindível a vigilância
contínua e atividades educativas para se evitar a poluição do lago pelo acúmulo de resíduos
sólidos e a revegetação das margens, para a melhoria das condições ambientais locais
(Figuras 118 a 120).

Figura 118. Vista Parcial do Lago Paranoá, jan. 2007. Figura 119. Aves sobrevoando o lago, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal. Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal

Figura 120. Espécies aquáticas no lago, jan. 2007.


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal

138
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8. MANEJO

Foi estabelecido o zoneamento da Unidade de Conservação em função da realidade da


área, onde foram identificadas cinco zonas que demandarão distintos graus de proteção e
intervenção, contribuindo desta forma para que a unidade cumpra seus objetivos específicos
de manejo. O Programa de Manejo da ARIE do Bosque é apresentado adiante.

Programa de Manejo

Meio Ambiente Uso público Operações

Pesquisa e Recreação Proteção


monitoramento

Manejo da Educação Ambiental Administração


Flora

Subprograma Turismo Manutenção


de água

Manejo da Relações Públicas Integração com o


Fauna Entorno
(Associação)

Cooperação
Interinstitucional
Público/Privado

Figura 121.Organograma de implantação do plano de manejo


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

139
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8.1. Objetivos

O Plano de Manejo da ARIE do Bosque envolve os seguintes objetivos, orientados conforme


a lei de criação da área:

I. Conservar amostras dos ecossistemas naturais;


II. Proteger paisagens naturais de beleza cênica notável, bem como atributos
excepcionais de natureza geológica, geomorfológica e histórica;
III. Proteger e recuperar recursos hídricos, edáficos e genéticos;
IV. Promover a recuperação de áreas degradadas e a sua revegetação com espécies
nativas;
V. Incentivar atividades de pesquisa, estudos e monitoramento ambiental;
VI. Estimular o desenvolvimento da educação ambiental e das atividades de recreação e
lazer em contato harmônico com a natureza.

8.2. Zoneamento

Para a realização do Zoneamento da ARIE do Bosque (Lago Sul - DF), foi utilizada a base
de dados georreferenciados produzida no Sistema de Estadual de Estatística e Informações
Geográficas de Goiás (SIEG) e a Superintendência de Gestão de Áreas Protegidas (SUGPA
– IBRAM (Instituto Brasília Ambiental)), com base no Decreto nº 27.541, de 21 de dezembro
de 2006 D.O.D. F de 22.12.2006.

De acordo com Decreto, a Área do Bosque Lago Sul é de 239.553 m². Segue as seguintes
coordenadas (Tabela 26) que se inicia do ponto um (01) e termina no vinte e sete (27) e
segue margeando o lago sul no sentido sudoeste iniciando no ponto vinte e sete (27), e
segue até o ponto um (01) sentido nordeste, finalizando a poligonal da Área do Bosque do
Lago Sul.

Conforme o georreferenciamento há um erro na poligonal que segue o memorial descritivo


das coordenadas geográficas. De acordo com georreferenciamento atual, a poligonal da
Área do Bosque Lago Sul é de 237.256 m², erro de aproximadamente 03 m² (três),
aceitáveis para os padrões cartográficos. O mapa com a área do bosque é apresentado em
anexo (Anexo 03: Mapa com a área do Bosque).

Tabela 32. Coordenadas em UTM.


Latitudes Longitudes Pontos
8248390, 3774 191732, 6061 01
8248319, 6532 191770, 6079 02
8248260, 4070 191829, 0189 03
8248202, 2087 191903, 4318 04
8248160, 9034 191972, 1116 05
8248143, 1957 192021, 0688 06
8248128, 0239 192082, 4270 07
8248108, 7319 192138, 7387 08
8248079, 9068 192182, 5321 09
8248056, 9972 192205, 3564 10

140
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8248032, 1653 192224, 3331 11
8248042, 0489 192159, 2469 12
8248064, 6633 192036, 2826 13
8248069, 3588 191966, 4027 14
8248065, 3542 191823, 4450 15
8248055, 3035 191754, 1323 16
8248016, 7499 191606, 1228 17
8247990, 6106 191541, 1460 18
8247914, 0578 191408, 7151 19
8247872, 9689 191351, 9969 20
8247768, 9523 191238, 8119 21
8247715, 5156 191193, 5374 22
8247585, 7915 191112, 5374 23
8247522, 8461 191081, 8704 24
8247450, 7331 191045, 8776 25
8247344, 9136 190994, 2495 26
8247358, 7456 190964, 7513 27
Fonte: Decreto nº 27.541, de 21 de dezembro de 2006 D.O.D.F de 22.12.2006

O zoneamento é uma ferramenta imprescindível para a elaboração do Plano de Manejo de


Unidades de Conservação, pois permite orientar os gestores da área em suas decisões
quanto ao nível de intervenção e melhorias no local. Para tanto, de forma a atingir os
objetivos propostos, faz-se necessário dividir a ARIE do Bosque em zonas específicas, as
quais se caracterizam pelo estado atual de suas áreas e pelo manejo que suportam ou
necessitam.

A partir deste zoneamento é que serão elaborados os programas de manejo. Como o


próprio Plano de Manejo, é certo afirmar, que o zoneamento é também um processo
dinâmico, e sua duração deverá ser dimensionada conforme as necessidades, incluindo
inclusive, as verificações de comportamento. Como pode ser observado o Zoneamento
Geral da ARIE do Bosque Lago Sul.

O mapa como Zoneamento Geral da ARIE do Bosque é apresentado no Anexo 04.

Zona de Uso Intensivo

Definição:

A Zona de Uso Intensivo é constituída pelas áreas naturais ou alterada pela atividade
humana, entretanto, o ambiente é mantido o mais natural possível. Contém paisagens
únicas e recursos que possam servir às atividades recreacionais. São áreas relativamente
concentradas, com facilidades de trânsito e de assistência ao público. Nesse espaço poderá
conter infraestrutura como o Centro de Apoio aos Visitantes, bem como outras facilidades e
serviços, como restaurantes ou lanchonetes.

Objetivos:

141
Plano de Manejo ARIE do Bosque
A Zona de Uso Intensivo tem como objetivo proporcionar a recreação intensiva dos usuários
da área, assim como disponibilizar e promover ações de Educação Ambiental em harmonia
com o meio. Nesse sentido, essa área visa despertar o interesse do público para
conhecimento genérico da flora e fauna nativas e das biocenoses existentes (Figura 151).

Descrição:

A zona de uso intensivo da ARIE do Bosque refere-se aos seguintes aspectos: pista de
caminhada; estacionamento; caminhos e percursos existentes dentro do Parque, tanto para
pedestres, como para ciclistas e espaços reservados para o comércio controlado, área
recreativa e ginástica.

A pista de caminhada, que se encontra na parte interna da ARIE do Bosque do Lago Sul,
possui um perímetro de 1.031 metros e uma área de 3.108 m²; a ciclovia possui perímetro
de 2.822 metros e uma área de 11.260 m²; o estacionamento possui uma área de 15.000
m2; os dois (02) permissionários fixos ocuparão uma área de 50 m2; os três (03) vendedores
de água de coco, ocuparão uma área de 30 m2; o deck 4 m²; a calçada 1.860 m² na parte
externa; o parque infantil ocupará uma área de 16 m2; as duas (02) áreas para o
equipamento de ginástica será de 32 m2. A área total da zona de uso intensivo é 31.360 m².

O mapa com a delimitação da Zona de Uso Intensivo da ARIE do Bosque é apresentado no


Anexo 05.

Normas:

 As atividades recreativas nessa área restringem-se a passeios a pé ou bicicleta,


sendo que cada atividade utiliza seu espaço apropriado e específico, seja a pista de
caminhada ou a ciclovia, com objetivo de recreação, e ou mesmo contemplação do
espaço ali existente.
 As atividades comerciais restringem-se a publicações educativas, confecção de
material de divulgação, souvenires e alimentos limitados às normas da ARIE do
Bosque e do órgão competente que o gerencia. Exceto, porém, pela instalação de
permissionários fixos (possibilidade para instalação de restaurantes ou lanchonetes).
 A investigação científica deverá estar sempre compatível com os interesses da ARIE
e devidamente autorizada.
 Os eventos e empreendimentos realizados devem ser compatíveis com os objetivos
do manejo da ARIE do Bosque e devem ter autorização do órgão responsável pela
administração da ARIE. Os eventos/empreendimentos, não podem utilizar som alto e
devem recolher todo o lixo produzido e se responsabilizar pela retirada deste de
dentro da área.
 O uso de rádios e equipamentos de som deverá ser individual, sem perturbar outros
visitantes e os recursos naturais.
 Não será permitida a presença de motos ou veículos semelhantes.
 Não será permitida a introdução de animais domésticos ou selvagens.
 As construções deverão estar em harmonia com a paisagem natural.
 As bicicletas deverão se restringir a ciclovia.
 Haverá cestos de lixo na área de estacionamento da ARIE.
 A sinalização deve ser clara, precisa, em harmonia com o meio ambiente.
 Os visitantes deverão ser avisados sobre a necessária utilização dos cestos de lixos
e sanitários.
 Não é permitida a alimentação dos animais presentes na ARIE do Bosque.
 Não é permitida a coleta de material vegetativo dentro da ARIE do Bosque.
 Não é permitida a pesca dentro da ARIE do Bosque.

142
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 122. Exemplo de Área na Zona de Uso Intensivo – CICLOVIA, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Zona de Uso Especial

Definição:

A Zona de Uso Especial compreende as áreas necessárias à administração, manutenção e


serviços, com acesso controlado ao público visitante.

Objetivos:

A Zona de Uso Especial, em âmbitos gerais, tem como objetivos proteger a ARIE do Bosque
por meio da implantação de atividades e ações voltadas a sensibilização ambiental, que são
previstas para essa área e minimizar o impacto da implantação das estruturas, ou os efeitos
das obras no ambiente natural ou cultural da ARIE do Bosque.

Descrição:

Essa zona compreende os espaços da administração e as guaritas, com acesso ao público


controlado. A gerência ocupará uma área de 16 m2 e a segurança duas áreas de 08 m2,
totalizando 32 m2 (Figura 122).

O mapa com a delimitação da Zona de Uso Especial da ARIE do Bosque é apresentado no


Anexo 06.

Normas:

 A vegetação dessa área contém plantas exóticas que deverão ser constantemente
podadas e verificadas, com intuito de não comprometerem a zona de preservação
integral ou de recuperação;
 Animais domésticos não serão permitidos dentro da ARIE;

143
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Os recursos da ARIE do Bosque não poderão ser utilizados pelos visitantes e
funcionários para fins comerciais ou benefícios individuais;
 Os guardas responsáveis pela ARIE terão como responsabilidade, verificar a
quantidade de pessoas que visitam a área diariamente, no sentido de controlar a
capacidade de carga do local;
 Manter infraestrutura de fiscalização;
 Dar devido apoio aos funcionários da ARIE do Bosque;
 Minimizar o impacto ambiental, concentrando em pequena área do Parque,
atividades e equipamentos necessários a sua manutenção e administração;
 Oferecer facilidades a pesquisadores e visitantes oficiais;
 O uso de píeres e rampas para embarcações particulares na área da AIRE será
exclusivo para técnicos, e caso seja necessário para monitoramento ou atividade de
educação ambiental.

Figura 123. Exemplo de Área na Zona de Uso Especial (rampa para acesso da embarcação da unidade),
jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Zona de Recuperação

Definição:

Essa é uma zona que contém áreas que sofreram considerável alteração antrópica. É
considerada uma zona provisória, pois uma vez restaurada será incorporada em uma das
categorias permanentes. As espécies exóticas introduzidas e presentes na área deverão ser
removidos gradualmente.

Objetivos:

A Zona de Recuperação tem como objetivo deter a degradação dos recursos naturais da
área, principalmente flora e solo e ao mesmo tempo favorecer a recuperação natural da vida
silvestre ali presente.

144
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Descrição:

A Zona de Recuperação nesta ARIE abrange quase que toda a área da unidade, incluindo a
margem do lago, pois praticamente todo o local necessita ser revegetado, resgatando assim
sua flora original. A área total dessa zona compreende 163, 800 m².

Importante ressaltar que a respectiva área apresenta um grande potencial futuro, pois uma
vez recuperada, irá incorporar a Zona de Uso Extensivo e Zona de Uso Especial, trazendo à
área a vegetação do cerrado, melhorando a permeabilidade do solo e reintroduzindo a fauna
local (Figura 124).

O mapa com a delimitação da Zona de Recuperação da ARIE do Bosque é apresentado no


Anexo 07.

Normas:

 A recuperação da área, no que tange à vegetação, deverá ocorrer gradualmente com


o enriquecimento florestal;
 A zona deverá ser mantida de acordo com o programa da Flora;
 Serão desenvolvidos arquivos fotográficos destas áreas periodicamente, para
acompanhamento da evolução de recuperação, estudos posteriores e educação
ambiental;
 As trilhas nessas áreas serão interpretativas, e, conforme o seu desenvolvimento, as
normas serão reavaliadas.

Figura 124. Vista parcial da Área na Zona de Recuperação - BOSQUE DOS EUCALIPTOS, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Zona de Uso Extensivo

Definição:

145
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Essa é uma zona constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar
alguma alteração antrópica.

Objetivo:

A Zona de Uso Extensivo tem como objetivos manter o ambiente natural com um mínimo de
impacto humano; facilitar a investigação científica; promover ações de educação ambiental e
incentivar a observação da fauna e flora; facilitar ao público o acesso às margens do lago
em circuitos previamente determinados apenas por caminhada.

Descrição:

Compreende as margens do lago, com uma área 18.030 m² e uma área próxima ao
estacionamento, os ninhais, de extrema importância para a sobrevivência de muitas aves,
com 49.270 m2. O total da zona de Uso Extensivo é de 67.300 m2 (Figura 125).

O mapa com a delimitação da Zona de Uso Extensivo é apresentado no Anexo 08.

Normas:

 Os estudos científicos poderão ser efetuados, de acordo com as normas do


programa de manejo;
 O uso público restringe-se a realização de atividades educativas;
 O uso de barcos partindo da AIRE só será permitido para técnicos, e caso seja
necessário para monitoramento ou atividade de educação ambiental;
 É proibido recolher flores, galhos e frutos ou qualquer outra coleta de material
orgânico ou inorgânico;
 É proibido o uso de rádios e ou qualquer equipamento de som;
 As legendas interpretativas deverão ser colocadas em locais de visível acesso e
devem ser claras e precisas, e em harmonia com o meio ambiente;
 As atividades recreativas limitar-se-ão a observação, através de fotografias e
filmagens, e somente será permitida a retirada de peixes exóticos, quando o
departamento de educação ambiental do órgão competente e o departamento de
parques do mesmo autorizar mediante projeto aprovado;
 Não será permitido o uso de cigarros;
 Haverá cestos de lixo ao longo da área;
 Os visitantes deverão ter oportunidade de avaliar a normalização e serviços da ARIE
do Bosque.

146
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Figura 125. Vista parcial da Área na Zona de Uso Extensivo - MARGENS DO LAGO PARANOÁ, jan. 2007.
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

Zona de Amortecimento

Definição:

A Lei n° 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, em seu


artigo 2º, inciso XVIII, afirma que a zona de amortecimento é o entorno de uma Unidade de
Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas,
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.

As Zonas de Amortecimento estão intimamente vinculadas com as paisagens que as


rodeiam e que possuem elementos dinâmicos. Sua definição não deve ser destinada
unicamente à proteção dos recursos naturais, todavia, deve ser voltada para as atividades
do uso do solo economicamente viável e ecologicamente compatíveis.

Objetivo:

A Zona de Amortecimento tem por objetivo minimizar os impactos negativos sobre a unidade,
podendo esta zona ter dimensões variáveis de acordo com a indicação técnica, ensejando
limitações ao direito de propriedade conforme se depreende da sua própria definição legal.

Descrição:

Compreende 100 m, em todo o entorno da ARIE do Bosque. O mapa com a delimitação da


Zona de Amortecimento é apresentado no Anexo 09.

Normas:

147
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Os moradores do entorno não podem utilizar os recursos naturais na ARIE do
Bosque, bem como, prejudicarem o desenvolvimento das atividades da Unidade de
Conservação;
 Não é permitida a alimentação dos animais presentes na ARIE do Bosque;
 Não é permitida a pesca dentro da ARIE do Bosque;
 Os moradores do entorno devem dar devido apoio aos funcionários da ARIE do
Bosque;
 As construções do entorno deverão estar em harmonia com a paisagem natural.

Área de Ocupação Indevida

As áreas de ocupações indevidas deverão ser retiradas, para que a ARIE do Bosque Lago
Sul adquira o tamanho de sua área original, definida pelo Decreto nº 27.541/2006, onde
ARIE do Bosque lago Sul, em que apresenta uma área de 239.553 m², observando o erro do
memorial descritivo das coordenadas geográficas, em que não há uma poligonal definida.
Após o georreferenciamento o levantamento a atual da Área do Bosque Lago Sul é de
237.256 m².

Depois da retiradas das ocupações indevidas a Área do Bosque Lago Sul, deverá ser toda
cercada, para evitar futuras invasões e com isso garantir sua preservação.

O mapa com a delimitação desta área é apresentado no Anexo 10.

8.3. Determinação da Capacidade de Carga

Segundo MILANO (1998), entende-se por capacidade de carga ou de suporte, “o nível ótimo
(máximo aceitável) de uso pelo visitante, bem como pelas infraestruturas relacionadas, que
uma área pode receber com alto nível de satisfação para os usuários e mínimos efeitos
negativos nos recursos”.

CEBALHOS-LASCURÁIN (1996), afirma que a capacidade de carga possui quatro


componentes básicos, quais sejam:

 Um componente biofísico, relacionado ao impacto dos visitantes nos recursos


naturais e culturais;
 Outro, sociocultural, relacionado ao impacto dos visitantes na comunidade receptora;
 Outro, psicológico, relacionado à qualidade da experiência vivida e a satisfação do
visitante;
 E o outro componente relacionado com a capacidade de manejo, ou seja, o nível
máximo de visitação que pode ser manejado adequadamente em uma área,
considerando-se o staff disponível, limitações da infraestrutura.

A capacidade de carga desse espaço verde está diretamente relacionada aos aspectos
ecológicos, à infraestrutura e aos fatores bióticos e abióticos da área. Esta capacidade de
carga deverá ser sempre revisada e adequada às novas realidades.

148
Plano de Manejo ARIE do Bosque
O controle da demanda e a limitação do uso turístico auxiliam não só na manutenção das
características ambientais da ARIE do Bosque e na formulação de medidas de proteção,
mas também no ganho social advindo do melhor aproveitamento do tempo de estada do
visitante na área. O desafio para se controlar o impacto de visitação em áreas naturais não
deve ser menosprezado, pois os problemas ambientais decorrentes da interferência humana
exigem uma postura preventiva para equilibrar o uso, e pró-ativa, de forma que a solução
venha em tempo hábil.

A capacidade de carga é um indicador quantitativo. Todavia, esse número não pretende ser
estanque ou inquestionável, podendo-se alterar, de acordo com as condições de
infraestrutura e gestão da área, sendo necessário revê-lo periodicamente. Essa revisão é
importante, pois o comportamento muitas das vezes oferece um risco mais elevado do que a
própria quantidade de visitantes.

O desenvolvimento e aplicação de métodos, de monitoramento e controle são processos


ainda em elaboração e teste, não só no Brasil como em todo o mundo. Dessa forma, a
proposta aqui apresentada deve ser vista como um modelo experimental, sendo, portanto,
flexível, pois deverá ser analisada periodicamente pela gerência da ARIE do Bosque.

A capacidade de carga aqui definida leva-se em consideração mais intensamente as visitas


e não os visitantes, isto porque, um mesmo visitante pode realizar mais de uma visita por dia.
Levando-se em consideração, que o núcleo de educação ambiental funcionará de segunda
a sexta-feira, no período das 08h00min às 17h30min, definiu-se algumas variáveis, a serem
consideradas dentro dessa capacidade de suporte, quais sejam:

 Número de passeios de barco: O barco deverá ter capacidade máxima para 30


pessoas com 02 educadores a bordo, sendo cada 01 responsável por um grupo de
15 pessoas. O passeio de barco poderá ser realizado três vezes por semana (terças-
feiras, quartas-feiras e quintas-feiras), sendo 02 viagens no período da manhã e 02
no período da tarde, com duração de 40 minutos cada uma;
 Número de palestras diárias: Poderão ser realizadas 04 palestras diárias (02 no
período matutino e 02 no período vespertino). Cada palestra deverá ser direcionada
a um grupo máximo de 40 pessoas;
 O Núcleo de Educação Ambiental e a visitação (a entrada não será cobrada)
funcionarão todos os dias na ARIE do Bosque.

8.4. Programa de Manejo

O Programa de Manejo da ARIE do Bosque visa proteger as biocenoses da unidade,


estimular a educação ambiental com a finalidade de atender à função socioambiental,
desenvolvendo programas educativos e interpretativos para que o público possa melhor
apreciar e compreender um ecossistema protegido, além de promover a pesquisa científica
e o monitoramento.

8.4.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente

149
Plano de Manejo ARIE do Bosque
8.4.1.1. SUBPROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO

Objetivos:

 Conhecer de forma intensificada e com maiores informações os recursos da ARIE do


Bosque, em especial, seus recursos faunísticos;
 Estudar o impacto do uso público para a vida silvestre;
 Estudar a produção de alimentos da área para a fauna silvestre;
 Avaliar a influência de espécies introduzidas sobre a fauna nativa;
 Avaliar os efeitos da fragmentação e urbanização da área sobre a fauna.

Atividades:

 Intensificar contatos com universidades de Brasília para efetuar estudos específicos


na ARIE do Bosque;
 Contatar entidades particulares ou governamentais ligadas à investigação de vida
silvestre para financiar e efetuar estudos específicos da fauna;
 O órgão público responsável pela ARIE do Bosque publicará folheto informativo
sobre a área e seus recursos, bem como a necessidade de estudos e pesquisas;
 Divulgar aos órgãos públicos específicos os problemas enfrentados pela ARIE do
Bosque.

Normas:

 Os estudos deverão evitar ao máximo a perturbação dos animais da ARIE do


Bosque;
 Durante os estudos, a metodologia aplicada a cada grupo animal deverá respeitar o
protocolo recomendado pelo IBAMA e ao órgão ambiental responsável pela área;
 Os dados obtidos nos estudos serão de propriedade do órgão responsável pela
Unidade de Conservação, podendo, porém, ser utilizados em trabalhos acadêmicos,
desde que obedeçam aos critérios do Subprograma de Monitoramento e desde que
seja citada a fonte;
 O Departamento responsável pela ARIE deverá implantar e manter atualizado um
banco de dados contendo mapas de distribuição sazonal dos animais, registros
fotográficos, desenvolvimento reprodutivo, etc.;
 Qualquer trabalho relacionado com a fauna deverá ser acompanhado pelo biólogo da
ARIE do Bosque, o qual será o responsável pela atualização do banco de dados;
 A divulgação dos problemas enfrentados pela ARIE do Bosque deverá conter
detalhes e fatos, de preferência, ilustrados com fotos e provas documentais;
 Com relação à pesquisa sobre a flora, será permitida desde que efetuada por
instituição de pesquisa e por técnicos do órgão responsável pela ARIE do Bosque, a
coleta de materiais vegetativos (flores, frutos e sementes) para a formação de
exsicatas e coleções com fins de pesquisa e / ou Educação Ambiental (obs.: Não
será permitida a retirada total de exemplares da flora local, como também de
arbustos, bromeliáceas, entre outros);
 O trabalho de campo dos pesquisadores deverá ser limitado àquelas zonas
permitidas para este fim.

Requisitos:

 Recursos humanos: estagiários e técnico com formação em Biologia;


 Equipamento fotográfico;

150
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Binóculo com Zoom;
 Equipamento de GPS;
 Suporte logístico do órgão responsável pela área;
 Fichas específicas para censo de animais;
 Folhetos informativos sobre os recursos da ARIE do Bosque.

Resultados esperados:

 Elaboração de um catálogo ilustrativo contendo as espécies de ocorrência na ARIE,


para divulgação;
 Conhecer a fauna e flora da ARIE do Bosque;
 Obter dados para aperfeiçoar o manejo da flora e fauna da ARIE do Bosque;
 Definir a importância da ARIE do Bosque no contexto nacional;
 Eliminar conflitos e problemas através dos canais competentes.

8.4.1.2. SUBPROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS

Objetivos:

 Manter a integridade das biocenoses em um estado mais natural possível;


 Proteger especificamente a Zona de Recuperação;
 Proteger a ARIE do Bosque e seus recursos de impactos negativos sob a mesma.

Atividades, Normas, Requisitos e Resultados esperados:

As atividades previstas para os objetivos de integridade das biocenoses e recuperação de


uma zona assim classificada, bem como suas respectivas normas, requisitos e resultados
esperados estão previstos no subprograma de proteção.

8.4.1.3. SUBPROGRAMA MONITORAMENTO

Objetivos:

 Conhecer, de forma intensificada e com maiores informações, os recursos bióticos e


abióticos da ARIE do Bosque;
 Estudar o impacto do uso público para a vida dos animais;
 Promover avaliação periódica de aspectos relevantes da flora e da fauna, bem como
sua intenção;
 Avaliação da qualidade da água;
 Avaliação das características do solo;
 Avaliação periódica dos visitantes;
 Avaliação periódica do impacto do uso público.
 Estudar o impacto do uso público sobre a biota.

Atividades:

151
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Intensificação de contatos com universidades para efetuar estudos na ARIE do
Bosque;
 Acompanhamento e avaliação da distribuição sazonal dos animais e migração
ocorrentes;
 Monitoramento dos ninhais;
 Acompanhamento e avaliação da regeneração da zona de recuperação;
 Realização de análise periódica da qualidade de água do lago, em pontos próximo a
ARIE do Bosque, na área da Zona de Amortecimento, a cargo do órgão responsável
pela área;
 Aplicar questionários elaborados pelo órgão responsável pela ARIE do Bosque, aos
visitantes da Unidade;
 Anotar as preferências dos visitantes pelos circuitos possíveis e locais de visitação
permitidos;
 Acompanhar o comportamento da fauna em relação aos visitantes.
 Monitorar o solo para que não ocorra o pisoteio na área, principalmente na zona de
recuperação e de uso extensivo, notadamente onde se localizam os ninhais;
 Realizar vistorias periódicas nas margens do lago, próxima da ARIE do Bosque, para
verificar a ocorrência de lançamento de esgoto e de outros resíduos, tomando as
providências necessárias, caso seja constatada alguma irregularidade;
 Acompanhar o desenvolvimento da flora e suas relações com a fauna.

Normas:

 O órgão responsável pela ARIE do Bosque deverá elaborar uma ficha para o
acompanhamento da distribuição sazonal dos animais, com mapas;
 Os locais utilizados para monitoramento deverão ser os mesmos em toda a ARIE do
Bosque;
 As amostras para análises de água também deverão ser nos mesmos locais do lago,
em todas as estações do ano, em relação aos seus aspectos físico-químicos;
 O órgão responsável deverá elaborar uma ficha em meio digital e impresso para
acompanhamento das análises de água efetuadas na ARIE do Bosque;
 Não será permitido o uso de píeres e rampas para embarcações particulares na
área da AIRE. O uso será exclusivo para técnicos, e caso seja necessário para
monitoramento ou atividade de educação ambiental;
 Não é permitida a introdução de novas espécies de peixes no lago;
 Os questionários deverão ser aplicados a todos os visitantes da ARIE do Bosque
(ideal);
 As atividades de monitoramento biológico e ecológico são de responsabilidade do
biólogo da ARIE do Bosque;
 Aplicam-se aqui todas as normas previstas para o subprograma de investigação.

Requisitos:

 Um biólogo para a ARIE do Bosque;


 Fichas específicas para senso de animais;
 Fichas para a vegetação;
 Questionário para visitantes;
 Ficha específica para a zona de recuperação;
 Fichas para registro das pesquisas realizadas na ARIE do Bosque.

Resultados Esperados:

152
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Conhecer as comunidades de seres vivos da ARIE do Bosque;
 Divulgar informações mais precisas da ARIE do Bosque;
 Obter dados para aperfeiçoar o manejo de flora e fauna da ARIE do Bosque;
 Conhecimento das preferências dos visitantes para sua melhor distribuição
 Obter dados para aperfeiçoar o manejo da água;
 Preservação do solo;
 Elaboração de um banco de dados gerados pelo mapeamento das condições do solo.

8.4.2. Programa de Manejo de Uso Público

8.4.2.1. SUBPROGRAMA DE RECREAÇÃO

Objetivos:

O presente subprograma tem como objetivo oferecer opções de lazer aos visitantes da ARIE
do Bosque, tanto à comunidade circunvizinha à Unidade de Conservação, quanto aos
demais residentes de Brasília e potenciais turistas.

A execução do Programa de Recreação vai de encontro com a proposta aqui sugerida, de


reenquadramento da ARIE do Bosque, transformando-a em um parque inserido dentro do
Projeto Orla, pois objetivam, basicamente, dinamizar a economia da cidade de Brasília,
aproveitando-se o potencial desses espaços verdes urbanos, localizados as margens do
Lago Paranoá, para a prática de atividades de lazer.

Desse modo, a proposta do Subprograma de Recreação, em âmbitos gerais, procura


maximizar a qualidade de vida individual e coletiva, seja através do estímulo ao esporte ou
ainda através do incentivo a proteção ambiental.

Atividades:

 Incentivar a prática esportiva através da implantação de pista de caminhada e


ciclovia;
 Criar um parque infantil e reestruturar os equipamentos de ginástica existentes;
 Promover ações culturais;
 Promover passeios de barco no Lago Paranoá;
 Programar sinalização na ARIE do Bosque;
 Viabilizar parcerias com instituições de ensino locais e outras associações
interessadas em desenvolver ações recreativas /educativas na UC.

Normas:

 As atividades recreativas propostas na ARIE do Bosque deverão seguir critérios de


segurança previstos nesse Plano de Manejo;
 Todas as atividades recreativas propostas para a ARIE do Bosque vinculam-se às
ações do Núcleo de Educação Ambiental;
 Não será permitido o uso de bicicletas na pista de caminhada;
 Não será permitido o uso de aparelhos sonoros na ARIE do Bosque, exceto fones de
ouvido;

153
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Não será permitida a venda de bebidas alcoólicas na lanchonete da ARIE do
Bosque;
 Não será permitida a entrada de churrasqueiras na ARIE do Bosque;
 A equipe técnica responsável pela execução das ações culturais será contratada
pela administração do parque;
 Os passeios de barco deverão ser realizados com a presença de monitores e os
visitantes deverão utilizar equipamento salva-vidas.

Requisitos:

 Implantação de uma gerência administrativa;


 Infraestrutura física com condições adequadas para a prática esportiva (pista de
caminhada, ciclovia e equipamentos de ginástica);
 Contratação de equipe técnica multidisciplinar;
 Receptividade dos funcionários da ARIE do Bosque;
 Sinalização visual da ARIE do Bosque, em linguagem adequada;
 Estabelecimento de parcerias.

Resultados Esperados:

 Promover novas opções de lazer aos moradores de Brasília;


 Incentivar a prática esportiva;
 Permitir um maior contato dos moradores com os recursos naturais, especialmente
com o Lago Paranoá.

8.4.2.2. SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Objetivos:

 O Subprograma de Educação Ambiental visa sensibilizar os visitantes da ARIE do


Bosque para a adoção de práticas ambientalmente responsáveis, incentivando as
pessoas a adotarem medidas pró-ativas de proteção aos recursos naturais de
Brasília, especialmente dos parques urbanos localizados às margens do Lago
Paranoá. A ideia principal é levar os indivíduos a uma reflexão e uma percepção do
meio ambiente natural da cidade, através da realização prática de atividades
interativas.
 Assim, de forma multidisciplinar, o presente subprograma busca inserir práticas de
educação ambiental não formal nessa área verde de Brasília, objetivando o uso
socioambiental e sustentável da ARIE do Bosque.

Atividades:

 Viabilizar parcerias com instituições de ensino locais e outras associações


interessadas em desenvolver ações recreativas /educativas na UC;
 Criar o Núcleo de Educação Ambiental da ARIE do Bosque;
 Incentivar nos visitantes a ideia da proteção ambiental através da execução de
atividades ao ar livre e em contato direto com os recursos naturais;
 Realizar palestras;
 Exibir documentários ambientais;
 Preparar programas especiais para as crianças, visando à interação e sensibilização;

154
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Promover minicursos de reaproveitamento de materiais com uso de papéis, jornais,
garrafas pet, madeira, retalhos, metal, etc.;
 Realizar passeios de barco com o objetivo de conhecer o lago Paranoá e verificar
sua importância para a cidade;
 Promover ações culturais (peças teatrais, shows acústicos, concursos literários,
saraus de leitura de contos e poesias), entre outros;
 Colocar lixeiras em pontos estratégicos da ARIE do Bosque;
 Produzir material gráfico da UC com informações socioambientais da área;
 Criar uma marca que remeta aos objetivos da ARIE do Bosque;
 Disponibilizar para a venda produtos quais sejam: cartões postais, pequenos brindes
(chaveiros, adesivos, broches, bonés), agendas, cadernos, camisetas, bolsas,
mochilas, publicações, entre outros.

Normas:

 Uso restrito dos espaços localizados às margens do Lago Paranoá;


 Desenvolvimento de espaços adequados para cada atividade em específico;
 O Núcleo de Educação Ambiental deverá dispor de uma sala para projeção de
imagens e outros instrumentos e materiais necessário ao desenvolvimento das
atividades no núcleo;
 Acesso democrático a informação ambiental para todos os visitantes da ARIE do
Bosque;
 Uso de uma linguagem de fácil entendimento, que permita a interpretação ambiental
dos visitantes;
 Uso do estudo de capacidade de carga nas atividades propostas para a ARIE do
Bosque;
 Planejamento e comunicação interna eficiente entre o núcleo ambiental e a gerência
administrativa da ARIE do Bosque;
 Os materiais gráficos deverão conter um mapa indicativo das estradas, circuitos, e
outras atividades desenvolvidas na ARIE do Bosque.

Requisitos:

 Todas as atividades executadas nesse subprograma estarão a cargo do núcleo de


educação ambiental com o acompanhamento da gerência do parque;
 Equipamento audiovisual;
 Folhetos interpretativos;
 Sinalização interpretativa na trilha;
 Guia para grupo de estudantes ou visitantes.

Resultados Esperados:

 Quantificar o número de participantes das ações de educação ambiental (passeios


de barcos, apresentações teatrais, palestras, etc.) para a realização de futuras
pesquisas estatísticas;
 Colocar os visitantes em contato direto com os recursos naturais;
 Atender diferentes públicos-alvo (estudantes, professores, pesquisadores, líderes de
associações) entre outros;
 Democratizar manifestações culturais tendo foco na questão ambiental;
 Permitir a interpretação ambiental dos visitantes de forma interativa e estimulante;

155
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Distribuir material informativo da ARIE do Bosque aos visitantes;
 Divulgar as ações realizadas na ARIE do Bosque;
 Sensibilizar os usuários para o uso e proteção de espaços públicos verdes de
Brasília.

8.4.2.3. SUBPROGRAMA DE TURISMO

Objetivos:

O Subprograma de Turismo tem como objetivo ofertar novos atrativos aos turistas que
visitam Brasília, haja vista, que grande parte dos visitantes da cidade tem como foco o
segmento de negócios e eventos, é imprescindível ofertar novas opções de lazer a essa
demanda. Com a inserção da ARIE do Bosque no Projeto Orla, proposta sugerida dentro
desse Plano de Manejo, os turistas terão um contato direto com os recursos naturais da
cidade, conhecendo as belezas paisagísticas do Lago Paranoá, patrimônio público do
Distrito Federal.

Atividades:

 Entrar em contato com a Secretaria de Turismo do GDF (Governo do Distrito


Federal), no intuito de colocar a ARIE do Bosque como atrativo turístico da cidade,
para que a mesma possa ser inserida nos materiais promocionais do governo;
 Elaborar políticas de atendimento e recepção ao público, aos profissionais, que irão
atuar no centro de apoio aos visitantes/núcleo de educação ambiental;
 Distribuir material gráfico impresso nos hotéis e agências de viagem de forma incluir
a ARIE do Bosque em roteiros turísticos da cidade;
 Realizar ações culturais em dias comemorativos para a cidade, como por exemplo,
data da inauguração de Brasília;
 Realizar competições esportivas na área em momentos esporádicos.

Normas:

 As atividades voltadas aos turistas deverão estar em harmonia com o Subprograma


de Educação Ambiental;
 Deverá ser feito um controle da quantidade de turistas que visitam a ARIE do Bosque.
 A programação da ARIE do Bosque deverá estar integrada às atividades turísticas
programadas para outras Unidades de Conservação de Brasília.

Requisitos:

 Lista atualizada de hotéis e agências de viagens que possam interessar à


administração da ARIE do Bosque;
 Programação turística específica ao turista de negócios;
 Sinalização adequada.

Resultados Esperados:

 Programar novo atrativo turístico para a cidade;


 Contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da cidade;
 Divulgar o potencial turístico da ARIE do Bosque;

156
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Atrair visitantes de outras localidades.

8.4.2.4. SUBPROGRAMA DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Objetivos:

O Subprograma de Relações Públicas objetiva propagar as atividades entre diversos meios


de comunicação existentes, assim como, divulgar as ações de sensibilização ambiental
desenvolvidas na ARIE do Bosque.

Atividades:

 Estabelecer parceria voluntária com ONGs e outras instituições;


 Divulgar as ações e atividades desenvolvidas na ARIE do Bosque nos diversos
meios de comunicação, quais sejam, jornais, revistas e televisão. A divulgação
permitirá atrair um maior número de visitantes para a área;
 Contatar a Secretaria Municipal de Trânsito do GDF para incluir a sinalização no
entorno da ARIE do Bosque e em pontos estratégicos da cidade;
 Realizar pesquisas com moradores circunvizinhos a ARIE do Bosque e visitantes no
intuito de atestar a opinião pública quanto às atividades que estão sendo
desenvolvidas na área;
 Contratar estagiários e voluntários que queiram atuar na equipe técnica.

Normas:

 Todas as ações de comunicação e divulgação do parque deverão ser coordenadas


pela equipe de relações públicas do parque;
 Os materiais gráficos produzidos poderão ser confeccionados em papel reciclado;
 Os pôsteres deverão seguir as orientações relacionadas pela administração da ARIE
do Bosque;
 Os filmes a serem produzidos por empresas deverão ser orientados e
acompanhados por um técnico da ARIE do Bosque ou do órgão ambiental
responsável pela ARIE.

Requisitos:

 Recurso financeiro para elaboração e confecção de materiais gráficos;


 Parcerias com outras instituições para a divulgação da ARIE do Bosque;
 Resultados Esperados;
 Divulgar o potencial turístico da ARIE do Bosque.

8.4.3. Programa de Manejo e Operação

8.4.3.1. SUBPROGRAMA DE PROTEÇÃO

157
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Objetivos:

Proteger o ecossistema da ARIE do Bosque contra interferências humanas nocivas, bem


como contra as adversidades que possam ocorrer no local.

Atividades:

 Adquirir equipamentos para fazer a segurança da ARIE do Bosque;


 Capacitar pessoal para a vigilância da ARIE do Bosque;
 Desenvolver um sistema eficaz de fiscalização;
 Adquirir equipamento adicional de rádio para a comunicação interna;
 Capacitar os guardas ambientais ou equipes terceirizadas para fiscalização,
primeiros socorros e treinamentos específicos para incêndios;
 Elaborar um folheto com direitos e restrições de visitantes e guardas;
 A ARIE do Bosque deverá estar devidamente sinalizada com placas de zoneamento,
conforme este Plano de Manejo.

Normas:

 A fiscalização deverá intensificar-se ao longo dos limites e locais onde a cerca é


interrompida, bem como naqueles locais mais vulneráveis da área;
 Todo material biológico apreendido será de propriedade da ARIE do Bosque;
 Os recipientes de lixo deverão ter a logomarca da ARIE do Bosque.

Requisitos:

 Todo o pessoal envolvido neste subprograma deve estar previsto no Subprograma


de Administração;
 Equipamento para a viabilização da segurança da ARIE do Bosque;
 Placas indicadoras das zonas ambientais, conforme Plano de Manejo.

Resultados Esperados:

 Manutenção e proteção do ecossistema e seus recursos naturais;


 Proteção contra possíveis atos predatórios dos frequentadores da ARIE do Bosque;
 Proteção aos frequentadores da ARIE do Bosque.

8.4.3.2. SUBPROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

Objetivo:

Garantir uma boa administração interna e externa da ARIE do Bosque.

Atividades:

 Dar conhecimento ao gestor da ARIE do Bosque do organograma proposto, bem


como das responsabilidades e funções de cada funcionário;
 Designar o responsável pela proteção;
 Designar o responsável pela manutenção;

158
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Designar os Guardas Ambientais responsáveis pela segurança da ARIE do Bosque;
 Designar monitores para orientação dos frequentadores da ARIE do Bosque;
 Adquirir todo o equipamento necessário à Administração;
 Familiarizar todo o pessoal da ARIE do Bosque com suas responsabilidades e
funções;
 Implementar o Plano de Manejo e revisá-lo periodicamente;
 Planejar periodicamente reuniões com o objetivo de capacitar os funcionários e
verificar o andamento das atividades da ARIE do Bosque;
 Elaborar regimento interno.

Normas:

 O gestor da ARIE do Bosque é responsável por todos os aspectos de administração


e manejo do Bosque, sob a coordenação do órgão responsável pela administração
da área;
 O gestor da ARIE do Bosque e o diretor do órgão responsável pela Unidade de
Conservação representam a ARIE do Bosque em qualquer lugar, sendo o primeiro o
responsável administrativo pela implementação do Plano de Manejo;
 O gestor da ARIE do Bosque é responsável pelos relatórios mensais sobre o
funcionamento da Unidade de Conservação, o arquivo e o controle de materiais;
 O responsável pela proteção incumbirá de toda a fiscalização e da busca de solução
para qualquer problema externo, nas imediações da ARIE do Bosque, que lhe for
pertinente;
 O responsável pela manutenção supervisionará os reparos na ARIE, tais como:
limpeza, organização das casas etc.;
 Um responsável técnico do órgão responsável pela área tem a responsabilidade de
estabelecer e implementar o Subprograma de Monitoramento, bem como assistir o
gestor nos Subprogramas de Relações Públicas e Turismo;
 O técnico responsável do órgão responsável pela Unidade de Conservação deverá
ser um biólogo;
 O Departamento de Educação Ambiental do órgão responsável pela Unidade de
Conservação deverá monitorar e implementar o Subprograma de Educação
Ambiental, Recreação e Relações públicas;
 O responsável técnico do órgão responsável pela Unidade de Conservação deverá
treinar e orientar os estagiários da ARIE do Bosque;
 Os guardas ambientais deverão ter cursos periódicos organizados pelo
Departamento de Educação Ambiental e órgão responsável pela Unidade de
Conservação;
 Cronograma proposto deverá ser seguido pela administração da ARIE do Bosque.

Requisitos:

 Treinamento adequado;
 Contratação de pessoal para o funcionamento da ARIE do Bosque;
 Equipamentos de manutenção.

Resultados Esperados:

 Maior dinamismo e eficácia dos serviços necessários a ARIE do Bosque.

Apresenta-se a seguir, na Figura 126, um fluxograma com o sistema de Administração da


ARIE Bosque.

159
Plano de Manejo ARIE do Bosque
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DE
ÁREAS PROTEGIDAS
SUGAP

Coordenação de Unidades
de Conservação de Uso
Sustentável e
Biodiversidade (Copar)

Gerência de Criação,
Implementação e Proteção de
Unidades de Conservação de
Usos Sustentáveis (Geimp)

Núcleo de Manejo Integrado de Áreas


Protegidas (Numap)

Figura 126- Fluxograma com o sistema de Administração da ARIE Bosque.


Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

8.4.3.3. SUBPROGRAMA DE MANUTENÇÃO

Objetivos:

Manter a integridade dos recursos da ARIE do Bosque.

Atividades:

 Desenvolver um sistema de coleta de lixo para limpeza das lixeiras colocadas nas
áreas de desenvolvimento;
 Reparar o alambrado sempre que necessário;
 Adquirir todo o equipamento necessário para recuperações básicas;
 Verificação do sistema de sinalização;
 Manutenções constantes dos equipamentos e instalações.

Normas:

 A coleta do lixo deve ser periódica e deve-se colocá-lo no local indicado para este
fim;
 Haverá um funcionário responsável pelo posto mecânico, bem como, pelas
ferramentas;

160
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 O almoxarifado deverá ser organizado de modo que as ferramentas de trabalho
estejam adequadamente arranjadas.

Requisitos:

 Pessoas, equipamentos e instalações estão previstos no Subprograma de


Administração.

Resultados Esperados:

 Manutenção, limpeza e ordem da ARIE do Bosque para maior funcionalidade e


melhor aspecto.

8.4.3.4. SUBPROGRAMA DO ENTORNO

Objetivos:

 Integrar a comunidade frequentadora e associações de moradores dos bairros do


entorno ao desenvolvimento da ARIE do Bosque;
 Proporcionar aos órgãos competentes dados que subsidiem o controle;
 Verificar o desenvolvimento ocupacional do entorno;
 Verificar a geração de poluentes de qualquer natureza, que possam causar impactos
diretos a ARIE do Bosque.

Atividades:

 Promover a participação dos moradores e trabalhadores do entorno na vigilância e


monitoramento da ARIE do Bosque;
 Elaborar um protocolo de recomendações para controle de poluição, emissão de
ruídos e produção de resíduos a ser distribuído aos ocupantes da área do entorno.

Normas:

 A instalação de empreendimentos que utilizem equipamentos de som deverá


observar o limite de emissão de ruídos;
 Resíduos da construção civil deverão ser acomodados em local adequado e
removidos dentro do prazo estipulado, ambos já previstos em legislação específica.

Requisitos:

 Recursos humanos;
 Interação entre órgãos da administração municipal no controle externo;
 Distribuição de folhetos com as recomendações técnicas de proteção ao ambiente.

Resultados Esperados:

 Compromisso da população do entorno com a proteção da ARIE do Bosque;


 Controle dos fatores impactantes evitando-se que seus parâmetros e índices
ultrapassem os limites atuais;

161
Plano de Manejo ARIE do Bosque
 Melhoria da qualidade dos recursos naturais e Biodiversidade da ARIE do Bosque.

8.4.3.5. SUBPROGRAMA DE COOPERAÇÃO INTERINSTITUCIONAL

Objetivo:

Integrar instituições públicas e privadas, proporcionando um bem maior para a ARIE do


Bosque e consequentemente para a população de Brasília.

Atividades:

 Produzir, em parceria com entidades públicas ou privadas, material educativo para


palestras e campanhas de Educação Ambiental;
 Promover parcerias com instituições governamentais e não governamentais (ONGs)
para desenvolvimento de atividades de interesse comuns;
 Buscar patrocinadores para confecção de material educativo ou manutenção da
ARIE do Bosque;
 Estabelecer parcerias com as universidades para ajudar no monitoramento, pesquisa
e turismo.

Normas:

 Todo material de divulgação deverá ser submetido à aprovação prévia da equipe


técnica;
 Os filmes e documentos produzidos por empresas deverão ser orientados e
acompanhados por um técnico do órgão ambiental.

Requisitos:

 Folhetos ilustrativos da ARIE do Bosque;


 Material Audiovisual da ARIE do Bosque.

Resultados Esperados:

 Maior integração do local com órgãos públicos e privados;


 Ajuda na manutenção e divulgação da ARIE do Bosque.

162
Plano de Manejo ARIE do Bosque
9. IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

Cronograma

Segundo o Roteiro Metodológico do IBAMA para Elaboração de Planos de Manejo, as


atividades do plano são desenvolvidas de forma contínua, de modo que os programas serão
executados conforme a realidade local, podendo ser modificados ao longo da execução das
atividades.

A duração de cada etapa dependerá de quando iniciar a implementação do Plano de Manejo


da ARIE do Bosque, das condições financeiras que serão disponibilizadas para a realização
das atividades e das possíveis alterações que podem ocorrer. Ao contrário de outros
programas na área ambiental, as variáveis que envolvem um Plano de Manejo inviabilizam
uma previsão exata do início e fim de cada etapa, de modo que caso seja executado em um
período de 1 (um) ano, por exemplo, a primeira e segunda etapa de muitos subprogramas já
poderão ser iniciadas e finalizadas concomitantemente.

Assim, as atividades foram divididas em quatro etapas e são apresentadas a seguir.

9.1. Programa de Manejo do Meio Ambiente

9.1.1. Subprograma de Investigação

As atividades do Subprograma de Investigação estão descritas na Tabela 31 abaixo.

Tabela 33. Subprograma de Investigação


IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Intensificar contatos com universidades para efetuar estudos específicos na ARIE do Bosque X
Contatar entidades particulares ou governamentais ligadas à investigação de vida silvestre para
X X X
financiar e efetuar estudos específicos da fauna da ARIE do Bosque
O órgão público, responsável pela ARIE do Bosque, deverá publicar um folheto com as
informações básicas sobre a ARIE do Bosque, e seus recursos, bem como, a necessidade de X
estudos e pesquisas.
Divulgar, aos órgãos públicos específicos, os grandes problemas enfrentados pela ARIE (água,
X
fogo, agrotóxicos e etc.).
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.1.2. Subprograma de Monitoramento

As atividades do Subprograma de Monitoramento estão descritas na Tabela 32 abaixo.

163
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 34. Subprograma de Monitoramento

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Contatar universidades para efetuar estudos na ARIE do Bosque X X


Monitorar a distribuição sazonal dos animais e migração ocorrentes X X X
Monitoramento dos ninhais X X X X
Monitorar a regeneração da zona de recuperação X X X X
Analisar, periodicamente, a qualidade de água do lago em pontos próximo a ARIE do
Bosque, quanto aos aspectos físico-químicos, na área da Zona de Amortecimento, a cargo X X X
do órgão responsável pela área
Aplicar questionários elaborados pelo órgão responsável pela ARIE do Bosque, aos
X X X
visitantes da Unidade
Anotar as preferências dos visitantes pelos circuitos possíveis e locais de visitação
X X X X
permitidos
Monitorar o comportamento da fauna em relação aos visitantes X X X X
Monitorar o solo, para que não ocorra o pisoteio na área, principalmente na zona de
X X X X
recuperação e de uso extensivo, na parte onde se localizam os ninhais
Realizar vistorias periódicas nas margens do lago, próxima da ARIE do Bosque, para
verificar a ocorrência de lançamento de esgoto e de outros resíduos, tomando as X X X X
providências necessárias, caso seja constatada alguma irregularidade
Acompanhar o desenvolvimento da flora e suas relações com a fauna X X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.2. Programa de Manejo de Uso Público

9.2.1. Subprograma de Recreação

As atividades do Subprograma de Recreação estão descritas na Tabela 33 abaixo.

Tabela 35. Subprograma de Recreação IV etapa


III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Incentivar a prática esportiva através da implantação de pista de caminhada e


X X
ciclovia
Criar um parque infantil e reestruturar os equipamentos de ginástica existentes X X
Promover ações culturais X X X X
Promover passeios de barco no Lago Paranoá com o objetivo de conhecer o
X X X
ecossistema e sua preservação
Implementar a sinalização na ARIE do Bosque X X X X
Viabilizar parcerias com instituições de ensino locais e outras associações
X X
interessadas em desenvolver ações recreativas/educativas na UC
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.2.2. Subprograma de Educação Ambiental

As atividades do Subprograma de Educação Ambiental estão descritas na tabela 30 abaixo.

164
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 36. Subprograma de Educação Ambiental

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Viabilizar parcerias com instituições de ensino locais e outras associações


X X
interessadas em desenvolver ações recreativas/educativas na UC
Criar o núcleo de educação ambiental da ARIE do Bosque X
Preparar atividades ao ar livre e em contato direto com os recursos naturais X X X
Preparar e ministrar palestras para a comunidade interna e do entorno X X X
Exibir documentários ambientais X X X
Preparar programas especiais para crianças visando à interação e sensibilização X X X
Promover minicursos de reaproveitamento de materiais com uso de papéis, jornais,
X X X
garrafas pet, madeira, retalhos, metal, etc.
Realizar passeios de barco com o objetivo e conhecer o lago Paranoá e sua
X X
importância na cidade
Promover ações culturais (peças teatrais, concursos literários, saraus de leitura de
X X
contos e poesias), entre outros
Colocar lixeiras em pontos estratégicos da ARIE do Bosque X
Produzir material gráfico da UC com informações socioambientais da área X X X
Criar uma marca que remeta aos objetivos da ARIE do Bosque X
Criar, confeccionar e disponibilizar produtos para a venda, que incentivem a
preservação da ARIE do Bosque e divulgue seus recursos naturais: cartões postais,
X X
pequenos brindes (chaveiros, adesivos, broches, bonés), agendas, cadernos,
camisetas, bolsas, mochilas, publicações, entre outros
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.2.3. Subprograma de Turismo

As atividades do Subprograma de Turismo estão descritas na Tabela 35 abaixo.

Tabela 37. Subprograma de Turismo

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Elaborar políticas de atendimento e recepção ao público aos profissionais que irão


X
atuar no centro de apoio aos visitantes/núcleo de educação ambiental
Contatar a Secretaria de Turismo do GDF (Governo do Distrito Federal) no intuito
de colocar a ARIE do Bosque como atrativo turístico da cidade, para que a mesma X
possa ser inserida nos materiais promocionais do governo
Distribuir material gráfico impresso nos hotéis e agências de viagem, de forma
X X X
incluir a ARIE do Bosque em roteiros turísticos da cidade
Realizar ações culturais em dias comemorativos para a cidade, como por exemplo,
X X X
data da inauguração de Brasília
Realizar competições esportivas na área, em momentos esporádicos X X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.2.4. Subprograma de Relações Públicas

As atividades do Subprograma de Relações Públicas estão descritas na Tabela 36 abaixo.

165
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Tabela 38. Subprograma de Relações Públicas

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Estabelecer parceria voluntária com ONGs e outras instituições X X X X


Divulgações e atividades desenvolvidas na ARIE do Bosque nos meios de
X X X
comunicação
Contatar a Secretaria Municipal de trânsito para incluir a sinalização no entorno da
X
ARIE do Bosque
Realizar pesquisas com moradores circunvizinhos à ARIE do Bosque e visitantes X X X
Contatar estagiários e voluntários que queiram atuar na equipe técnica X X X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3. Programa de Manejo e Operação

9.3.1. Subprograma de Proteção

As atividades do Subprograma de Proteção estão descritas na Tabela 37 abaixo.

Tabela 39. Subprograma de Proteção

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Adquirir equipamentos para fazer a segurança da ARIE do Bosque X


Capacitar pessoal para a vigilância da ARIE do Bosque X X
Desenvolver um sistema eficaz de fiscalização X
Adquirir equipamento adicional de rádio para a comunicação interna X
Capacitar os guardas ambientais ou equipes terceirizadas para fiscalização, primeiros
X X
socorros e treinamentos específicos para incêndios
Elaborar um folheto com direitos e restrições de visitantes e guardas X
Confeccionar e colocar placas de zoneamento, conforme Plano de Manejo, em áreas
X X
estratégicas da ARIE do Bosque
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3.2. Subprograma de Administração

As atividades do Subprograma de Administração estão descritas na Tabela 38 abaixo.

Tabela 40. Subprograma de Administração


IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Dar conhecimento ao gestor da ARIE do Bosque do organograma proposto, bem como das
X
responsabilidades e funções de cada funcionário
Designar o responsável pela proteção X
Designar o responsável pela manutenção X
Designar os Guardas Ambientais responsáveis pela segurança da ARIE do Bosque X

166
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Designar monitores para orientação dos frequentadores da ARIE do Bosque X
Adquirir todo o equipamento necessário à Administração X
Familiarizar todo o pessoal da ARIE do Bosque com suas responsabilidades e funções X
Implementar o Plano de Manejo e revisá-lo periodicamente X X X X
Planejar periodicamente reuniões com o objetivo de capacitação dos funcionários e
X X X X
verificação do andamento das atividades da ARIE do Bosque
Elaborar regimento interno X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3.3. Subprograma de Manutenção

As atividades do Subprograma de Manutenção estão descritas na Tabela 39 abaixo.

Tabela 41. Subprograma de Manutenção

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Desenvolver um sistema de coleta de lixo para limpeza das lixeiras colocadas nas áreas de
X
desenvolvimento
Reparar o alambrado sempre que necessário X X X X
Adquirir todo o equipamento necessário para recuperações básicas X
Verificação do sistema de sinalização X X X X
Manutenções constantes dos equipamentos e instalações X X X X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3.4. Subprograma do Entorno

As atividades do Subprograma do Entorno estão descritas na Tabela 40 abaixo.

Tabela 42. Subprograma do Entorno

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Promover a participação dos moradores e trabalhadores do entorno na vigilância e


X X X X
monitoramento da ARIE do Bosque
Elaborar um protocolo de recomendações para controle de poluição, emissão de ruídos,
X
produção de resíduos a ser distribuído aos ocupantes da área do entorno
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3.5. Subprograma de Cooperação Institucional

As atividades do Subprograma de Cooperação Institucional estão descritas na Tabela 41


abaixo.

Tabela 43. Subprograma de Cooperação Institucional


IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa

Atividades

Produzir, em parceria com entidades públicas ou privadas, material educativo para palestras e
X X X X
campanhas de Educação Ambiental

167
Plano de Manejo ARIE do Bosque
Promover parcerias com instituições governamentais e não governamentais (ONGs) para
X X X X
desenvolvimento de atividades de interesse comuns
Buscar patrocinadores para confecção de material educativo ou manutenção da ARIE do
X X X X
Bosque
Estabelecer parcerias com as universidades para ajudar no monitoramento, pesquisa e
X X X X
turismo
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

9.3.6. Ocupação Indevida

As atividades da Ocupação Indevida estão descritas na Tabela 42 abaixo.

Tabela 44. Ocupação Indevida

IV etapa
III etapa
II etapa
I etapa
Atividades

Contatar os moradores que estão com suas propriedades dentro da ARIE do Bosque X
Retirada das estruturas que estão invadindo a ARIE do Bosque X X
Cercar a ARIE do Bosque X
Fonte: Neotropica Tecnologia Ambienttal.

168
Plano de Manejo ARIE do Bosque
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Plano de Manejo da ARIE do Bosque não finaliza com este instrumento de planejamento,
mas inicia um novo processo de monitoramento de uma Unidade de Conservação no Distrito
Federal.

O Plano apresenta um levantamento preliminar da fauna e flora da área, apresentando o


habitat local conforme suas características atuais. É de suma importância divulgar os dados
verificados para a comunidade com o intuito de tornar conhecidas as espécies existentes
visando preservação e o enriquecimento das mesmas.

O monitoramento deve ser contínuo na área para que as mudanças típicas em áreas
urbanizadas, não afetem as espécies existentes ou provoquem o aumento desordenado de
outras, causando o desequilíbrio na unidade. Os objetivos propostos pelo Plano de Manejo
devem ser seguidos e repassados à comunidade para que haja uma interação harmônica
entre Poder Público e a sociedade.

Os coordenadores das atividades educativas da área terão a grande meta de divulgar o


Plano de Manejo para os frequentadores do local, bem como, repassar a importância da
ARIE do Bosque. Deverá ser divulgado seu valor histórico e ambiental, além de acompanhar
gradativamente através de documentos, a evolução da unidade, a parte de implementação
do manejo, divulgando, integrando e sensibilizando a comunidade na preservação e
equilíbrio da natureza.

As normas instituídas no Plano de Manejo deverão ser seguidas e somente alteradas, caso
haja necessidade, mediante consulta prévia, considerando a realidade da época. É
importante que todos os frequentadores da ARIE do Bosque conheçam o zoneamento
ambiental e obedeçam às regras estabelecidas.

A categoria em que está classificada a ARIE do Bosque, de acordo com os estudos feitos na
mesma, não está de acordo com os conceitos de Área de Relevante Interesse Ecológico.
Esta área, em geral, deve ter pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana,
com características naturais, extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota
regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou
local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetos de
conservação da natureza.

Verificando este conceito e comparando com as diretrizes da lei complementar nº 827 de


22/07/2010-DODF de 24/01/2011 que institui o Sistema Distrital de unidades de
Conservação no território do Distrito Federal, analisamos que a categoria da ARIE do
Bosque, deve ser alterada, pois a mesma está totalmente antropizada e deverá ser
revegetada. A classificação mais adequada para a área seria a de Parque de Usos Múltiplos
(inserindo a unidade dentro do projeto Orla de Brasília) assim como discorrido no capítulo
6.6.

A ideia de reenquadramento da ARIE do Bosque se mostra necessária, pois o uso desse


espaço dentro do Projeto Orla trará benefícios diversos quais sejam: o local tornar-se-á um
fator de atratividade dentro de um projeto duradouro, redução dos índices de desemprego,
ampliação da base de contribuição fiscal, o governo obterá receitas juntamente com a
iniciativa privada responsável pela gestão do empreendimento, participação da sociedade
agora na elaboração do plano de manejo, durante sua implantação e futura utilização.
Importante afirmar em todo o tempo a função de proteção da área que esta intrínseca em

169
Plano de Manejo ARIE do Bosque
todas as etapas do projeto. Nesse sentido, tendo em vista a sugestão pelo
reenquadramento da área, propõe-se a construção de uma infraestrutura física, a qual
possibilite a realização de atividades diversas. Tais atividades poderão ser educacionais,
recreativas e desportivas, que atendam as necessidades dos moradores do entorno,
residentes de Brasília e turistas que se dirigem a cidade. Importante salientar, que todas as
propostas sugeridas e aqui apresentadas, levaram em consideração, legislações pertinentes
e a opinião da população circunvizinha, pois eles são de fato conhecedores da problemática
da região.

170
Plano de Manejo ARIE do Bosque
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Plano de Manejo ARIE do Bosque
12. ANEXOS

Anexo 01: Mapa de vegetação da ARIE do Bosque.

Anexo 02: Mapa identificando os permissionários;

Anexo 03: Mapa com a área do Bosque;

Anexo 04: Mapa com zoneamento geral da ARIE do Bosque;

Anexo 05: Mapa com a zona de Uso Intensivo da ARIE do Bosque;

Anexo 06: Mapa com a zona de Uso Especial da ARIE do Bosque;

Anexo 07: Mapa com a zona de Recuperação da ARIE do Bosque;

Anexo 08: Mapa com a zona de Uso Extensivo da ARIE do Bosque;

Anexo 09: Mapa com a zona de Amortecimento da ARIE do Bosque;

Anexo 10: Mapa com área de ocupação indevida na ARIE do Bosque;

186
Plano de Manejo ARIE do Bosque

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