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ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO AGACHAMENTO: LONGE DO CONSENSO

Biomechanical aspects of squat: away from the consensus

Article · June 2018

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7 authors, including:

Ricardo Pablo Passos Gustavo Celestino Martins

Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) 38 PUBLICATIONS   17 CITATIONS   
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Leandro Borelli de Camargo Mauro A Guiselini

Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Instituto de Ensino e Pesquisa Mauro Guiselini
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 ARTIGO DE REVISÃO

ASPECTOS BIOMECÂNICOS DO AGACHAMENTO: LONGE DO CONSENSO

ISSN: 2178-7514
Biomechanical aspects of squat: away from the consensus
Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018

Ricardo Pablo Passos1,2, Gustavo C. Martins1,2, Leandro B. Camargo1,2,4, Daniel B. Franck1,2,

Mauro A. Guiselini1,2, Fernanda T. Costa1,2, Guanis B. Vilela Junior1,2,3
RESUMO
O exercício de agachamento e suas variações são quase unânimes no treinamento esportivo, na reabilitação e
na promoção da saúde. Movimento fundamental nas atividades cotidianas da mais tenra infância até a velhice;
conseguir realizar agachamentos é um indicador da saúde física das pessoas. Isto justifica a importância de
todo esforço acadêmico que tenha como objetivo compreender este movimento. Este artigo de revisão não-
sistemática foi norteado por dois pressupostos: 1) destacar pesquisas sobre o agachamento, que no saudável
debate acadêmico, não apresentam consenso, onde, talvez ingenuamente, esperava-se encontrá-lo. 2) evidenciar
que a tecnologia e a mudança nos métodos e instrumentos são cruciais para a melhoria do conhecimento
sobre este exercício físico. Os artigos foram selecionados tendo como critério publicações sobre o tema,
exclusivamente publicados nos anos de 2016 a 2018 e em periódicos de notória qualidade em língua inglesa.
Foram escolhidas três teses em função da relevância das mesmas em relação à análise do agachamento. Todos os
trabalhos utilizados recorrem a pelo menos um dos diferentes métodos biomecânicos para analisar o movimento
humano. Esta reflexão torna explícita a falta de consenso sobre o agachamento, o que não necessariamente se
configura como um problema.

Palavras-chave: Biomecânica. Cinética. Cinemática. Agachamento.

ABSTRACT
The squat exercise and its variations are almost unanimous in sports training, rehabilitation and health
promotion. A fundamental movement in everyday activities from early childhood to old age, being able to
perform squats is an indicator of people’s physical health. This justifies the importance of all academic endeavor
aimed at understanding this movement. This non-systematic review article was guided by two assumptions: 1)
to highlight research on squatting, which in the healthy academic debate, did not present consensus, where,
perhaps naively, one hoped to find it. 2) evidence that technology and change in methods and instruments are
crucial to improving knowledge about this physical exercise. The articles were selected based on publications
published exclusively in the years 2016 to 2018 and in journals of notable quality in English. Three theses were
chosen according to their relevance in relation to the squat analysis. All the works used resort to at least one of
the different biomechanical methods to analyze human movement. This reflection makes explicit the lack of
consensus about squatting, which does not necessarily constitute a problem.

Keywords: Biomechanics. Kinetics. Kinematics. Squat.

1- Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano/ Unimep – Piracicaba - SP

2- Núcleo de Pesquisas em Biomecânica Ocupacional e Qualidade de Vida (CNPq)
Autor de correspondência:
3- UniMetrocamp Wyden – Campinas – SP
Ricardo Pablo Passos
4- Centro Universitário Amparense – UNIFIA – Amparo - SP
Universidade Metodista de Piracicaba
PPG-CMH - Bloco 7 - Sala 30
Rodovia do Açucar Km 152 - Campus Taquaral
Piracicaba, SP, Brasil.
Email: rppasso@gmail.com
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
INTRODUÇÃO
É notória a importância da avaliação
biomecânica, especialmente no mundo fitness,
uma vez que vários estudos [1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11]
mostram o índice de lesões que ocorrem nas
academias, clubes, centros de treinamento de
alto rendimento e mesmo nas práticas amadoras
do exercício físico. Tal avaliação, também
se justifica na perspectiva pedagógica, pois
através da mesma pode-se orientar a execução
adequada do movimento sob o crivo da análise
biomecânica. Com o agachamento o mesmo
acontece, apesar de ser um excelente exercício
para fortalecimento, especialmente de membros
inferiores, se executado inadequadamente e/ou
por indivíduos que não estejam aptos a realizá-lo
é muito provável a ocorrência de alguma lesão.
Portanto, o presente estudo tem como objetivo
fazer uma revisão da literatura científica sobre o
tema biomecânica do agachamento a partir de
artigos publicados em revistas e/ou teses entre
os anos de 2016 e 2018. A escolha destes últimos
três anos de publicação se justifica em função
do significativo número de artigos publicados
a anteriori que carecem, não raro, de rigor
metodológico e com resultados amplamente
conflitantes. Observa-se que nos últimos três
anos, o nível de abordagem sobre o tema ficou
mais rigoroso uma vez que os métodos foram
aprimorados, por exemplo, com a utilização
dos chamados big four (tamanho da amostra,
poder do teste, tamanho do efeito, significância).
Soma-se a isto, a disseminação de tecnologias
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 2
e procedimentos, algumas novas, que ficaram
mais acessíveis, como plataformas de força mais
acessíveis, inovações na EMG, aprimoramento
na reconstrução 3D por DLT (Direct Linear
Transform), varredura por infravermelho, dentre
outras.
MÉTODOS
Foram utilizadas as bases de dados,
Medline; SciELO; PUBMED e Google
Acadêmico, para a busca de artigos e teses
publicados entre os anos de 2016 e 2018. Os
termos-chave exclusivamente em língua inglesa
foram: squat, biomechanics. Foram encontrados
6050 artigos e teses; os artigos selecionados a
partir do fator de impacto da publicação, sendo a
maioria deles publicados nos periódicos: American
Journal Sports Medicine; Scandinavian Journal
Medicine Sciences Sports; Knee Surgery Sports Trauma
Arthroscopy; The Journal of Strength & Conditioning
Research; International Journal of Kinesiology &
Sports Science; Brazilian Jornal Sports Medicine; The
Journal of Sports Medicine and Physical Fitness; Gait
& Posture; European Journal of Applied Physiology;
dentre outros. Foram escolhidas três teses dada
a relevância das mesmas em relação ao tema aqui
discutido.
REVISÃO DA LITERATURA
Atualidade: um consenso improvável
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
Elucidados os critérios de seleção dos
artigos destacam-se os principais objetivos e
achados dos mesmos, usando como critério
de redação os diferentes métodos de análise
biomecânica utilizados.
Kernozek et al [12]
, pesquisaram o
estresse articular no deslocamento anterior
dos joelhos durante o exercício agachamento,
este exercício é utilizado em reabilitação para a
síndrome da dor patelofemoral, o objetivo foi
analisar duas formas de execução do mesmo, 1)
mantendo os joelhos a trás dos dedos dos pés,
2) e passando os joelhos a frente dos dedos dos
pés. Recrutaram 25 mulheres saudáveis, e seus
resultados foram que a magnitudes de estresse na
articulação patelofemoral, força de reação e força
de quadríceps foram maiores quando os joelhos
passavam os dedos dos pés em comparação
com a técnica que não ultrapassava. E que está
técnica de não passar os dedos dos pés com os
joelhos seus ângulos de flexão do mesmo, flexão
do quadril e dorsiflexão do tornozelo eram
reduzidos. Concluíram que os achados fornecem
algum suporte geral para minimizar a translocação
para frente do joelho durante o agachamento
para pacientes que podem ter a síndrome da dor
patelofemoral.
Segundo Campos e colaboradores
que investigaram curvatura geométrica da coluna
lombar durante os agachamentos restritos e
irrestritos, tinham como possível hipótese que
a curvatura lombar tem padrões diferentes em
diferentes níveis da coluna, dependendo da
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 3
técnica de agachamento utilizada. O objetivo
deste estudo foi analisar o comportamento da
curvatura geométrica da coluna lombar durante
o agachamento irrestrito e restrito (com feedback
relativo às posições do joelho ultrapassando
ou não os dedos dos pés, respectivamente),
utilizando um novo método investigativo. O
movimento da coluna foi coletado por meio de
análise tridimensional em dezenove participantes
(11 homens e 8 mulheres). Os pontos dos
processos vertebrais reconstruídos na posição
neutra vertical e na posição mais profunda do
exercício de agachamento foram projetados
no plano sagital do tronco, um polinômio foi
ajustado aos dados e foram quantificados a
curvatura geométrica bidimensional a nível
lombar, além da inclinação do tronco e da
região lombo-sacra, a curvatura geométrica geral
e o ângulo global da coluna lombar. A lombar
apresenta uma flexão da postura de pé neutra
para o ponto mais profundo do movimento; mas
para a lombar inferior a flexão é menos intensa
se os joelhos se movimentarem anteriormente
passando os dedos do pé. O tronco e a região
lombo sacra inclinam-se para frente nas duas
técnicas de agachamento e esses efeitos também
são reduzidos em agachamentos irrestritos. Os
[13]
dados coletados no estudo são evidências de
que durante o agachamento a curvatura lombar
apresenta padrões diferentes em diferentes níveis
espinhais dependendo da técnica de exercício.
A coluna lombar inferior parece estar menos
sobrecarregada durante o agachamento sem
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
restrições.
Alguns estudos que investigaram as
formas de execução do exercício agachamento
[12,13,14,15]
no tipo bilateral é frequentemente
usado em programas de desempenho esportivo.
A ativação dos músculos das extremidades
inferiores pode mudar com base no alinhamento
do joelho durante a realização do exercício, como
mostra o estudo de Slater [14]
que comparou os
padrões de ativação muscular dos membros
inferiores durante diferentes técnicas
agachamento. Vinte e oito indivíduos saudáveis,
não lesionados (19 mulheres, 9 homens) foram
voluntários para esta pesquisa. Eletrodos de
eletromiografia (EMG) foram colocados no
vasto lateral, vasto medial, reto femoral, bíceps
femoral e gastrocnêmio da perna dominante.
Os participantes completaram 5 agachamentos
enquanto deslocavam intencionalmente
o joelho anteriormente, 5 agachamentos
enquanto deslocavam intencionalmente o joelho
medialmente e 5 agachamentos com alinhamento
de controle. Em conclusão, os participantes
apresentaram alterações nos padrões de ativação
muscular durante os agachamentos com mal
alinhamento frontal e sagital intencional, como
demonstrado pelas alterações na ativação do
quadríceps, bíceps femoral e gastrocnêmio
durante o ciclo do agachamento. Veremos ao
longo deste artigo pesquisas que contradizem
estes achados.
Nairn et al [15] pesquisaram a importância
de como os movimentos e atividade muscular são
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 4
afetados pela localização da instabilidade durante
um exercício de agachamento, para isso os
treinos de agachamento usando dispositivos de
instabilidade tornou-se cada vez mais populares.
Muitos dispositivos geram instabilidade nos
pés e fornecem uma perturbação de baixo para
cima; no entanto, o efeito de um dispositivo de
instabilidade de cima para baixo durante um
agachamento permanece incerto, os autores
para induzir instabilidade na parte superior do
de corpo, utilizaram um cilindro cheio de água.
Este estudo analisou os efeitos da localização da
instabilidade (de cima para baixo, de baixo para
cima e sem instabilidade) durante um exercício de
agachamento em termos de cinemática e ativação
muscular. Dez participantes do sexo masculino
foram instrumentados com 75 marcadores
reflexivos para rastrear a cinemática do tornozelo,
joelho, quadril, tronco, barra e a eletromiografia
foi registrada em 12 músculos bilateralmente.
O agachamento foi realizado com uma barra
olímpica em uma superfície estável, uma barra
olímpica em uma bola (de baixo para cima) e um
cilindro cheio de água em solo sólido (de cima
para baixo). No geral, a mudança da localização
da instabilidade durante um agachamento mudou
os padrões de movimento e ativação muscular
do tronco e das extremidades inferiores. Isso
fornece informações para pesquisas futuras sobre
reabilitação, aprendendo técnicas adequadas
de agachamento e para cenários específicos de
treinamento, apesar dos pesquisadores não terem
optado em avaliar também o nível de instabilidade
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
que a água forneceu ao sistema.
O agachamento é um exercício popular
para o desenvolvimento de força e potência das
extremidades inferiores. No entanto, este exercício
tem riscos potenciais de lesão, particularmente
na coluna lombar, pelve e articulação do
quadril. A literatura anterior sugere os apoios
para o calcanhar como um meio de ajustar
favoravelmente a cinemática do tronco e da pelve
com a intenção de reduzir tais riscos de lesão.
No entanto, não existe pesquisa biomecânica
direta para apoiar essas recomendações. Portanto
Charlton e colaboradores [16]
, tiveram como
objetivo de seu estudo examinar os efeitos dos
apoios de calcanhar em comparação com os
pés descalços em agachamentos com barra
minimamente carregados. A amostra composta
por 14 homens treinados que realizaram um
agachamento com os pés descalços ou com os
pés levantados bilateralmente com um bloco de
madeira de 2,5cm, enquanto a cinemática 3D, a
cinética e EMG foram coletados. O apoio para
o calcanhar provocou significativamente menos
ângulos de flexão do tronco para frente no pico
de flexão do joelho e no pico dos momentos
externos da articulação do quadril, por fim, não
foram encontradas diferenças médias de pico
ou raiz na atividade muscular entre as condições
e seus resultados dão suporte às sugestões
fornecidas na literatura para a utilização de
apoios para calcanhar como meio de reduzir a
flexão excessiva do tronco para frente, mas não
para a redução na flexão relativa do tronco-pelve
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durante o agachamento posterior com barra.
Banyard e pesquisadores [17]
estudaram
a confiabilidade e a validade da relação carga-
velocidade para predizer o agachamento
posterior de peso livre em uma repetição máxima
(1RM). Dezessete homens treinados em força
realizaram três avaliações de 1RM em três dias
separados. Todas as repetições foram realizadas
em profundidade total com esforço concêntrico
máximo. Com utilização de regressão linear
individual foram estimados os valores de 1RM,
que foi derivada da relação carga-velocidade de 3
(20, 40, 60% de 1RM), 4 (20, 40, 60, 80% de 1RM)
ou 5 (20, 40, 60, 80, 90% de 1RM) conjuntos
incrementais de aquecimento. A relação carga-
velocidade para o agachamento total com carga
máxima mostrou confiabilidade e validade
moderadas, mas não pôde prever com precisão
1RM, o que foi estável entre os ensaios. Assim, o
método de predição de relação carga-velocidade
1RM usado neste estudo não pode modificar
com precisão as cargas de treinamento da sessão
devido à grande variabilidade da velocidade
concêntrica média de 1RM.
Já Fuglsang et al [18]
analisaram o efeito
da Mobilidade do Tornozelo e razões e do
tronco no agachamento traseiro. Estudos
anteriores mostraram que ângulos de tronco
mais altos (menos inclinados para frente)
geram menos tensão na região lombar; assim,
parece apropriado investigar os fatores que
supostamente influenciam no ângulo do tronco,
como a mobilidade do tornozelo e as relações
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
de segmento entre a coluna torácica, coxas
e pernas influenciam o ângulo do tronco no
agachamento traseiro. Onze homens adultos
realizaram 3 repetições em aproximadamente
75% de 1 repetição máxima no agachamento
para uma posição paralela (coxas na horizontal)
ou inferior. Além disso, os indivíduos realizaram
um teste com peso para determinar a amplitude
máxima de movimento (ADM) da articulação
do tornozelo. Os ângulos dos segmentos perna,
coxa e do tronco, bem como os ângulos da
articulação do tornozelo, foram calculados
por meio da análise cinemática bidimensional.
Regressões simples lineares e múltiplas foram
usadas para testar a correlação entre os ângulos
das extremidades inferiores, as proporções dos
segmentos e o ângulo do tronco. A mobilidade
do tornozelo mostrou correlacionar-se
significativamente negativamente com o ângulo
do tronco, mostrando assim que um sujeito
com ADM maior no tornozelo tinha um tronco
mais ereto. Este estudo não conseguiu encontrar
uma correlação significativa entre as proporções
do segmento e o ângulo do tronco. Além disso,
quando combinados, não foi encontrada relação
significativa entre a mobilidade do tornozelo, as
relações de comprimento do segmento e o ângulo
do tronco.
Korak e colaboradores [19]
optaram por
pesquisar e investigar com a eletromiografia o efeito
de uma pausa de descanso versus agachamento
tradicional e o volume de levantamento em
mulheres treinadas, com 4s de descanso entre
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repetições. Como o treino de sessão única afeta
o volume de levantamento e a atividade muscular
via eletromiografia (EMG), são atualmente vagas
na literatura e podem beneficiar profissionais
de força e condicionamento para elaboração
de programas de treinamento de resistência.
Este estudo comparou diferenças no volume
levantado e na atividade muscular entre uma
pausa de descanso versus protocolo tradicional.
Treze mulheres treinadas, que completaram
tanto um protocolo de pausa de descanso como
de agachamento tradicional, consistindo de
quatro séries para falha de movimento a 80%
do pré-teste 1RM com 2 min de descanso entre
as séries. Volume total e atividade muscular do
vasto lateral, o vasto medial, o reto femoral e
o glúteo máximo foram medidos em ambos os
dias de treinamento, indicou-se que o volume
total levantado foi maior na pausa de repouso
em comparação com o protocolo tradicional.
Nenhuma outra diferença de atividade muscular
foi observada nos músculos remanescentes.
Concluíram que uma pausa de descanso permite
maior volume levantado através de repetições
aumentadas em comparação com um protocolo
tradicional em mulheres treinadas. O método de
descanso-pausa pode ser superior a um método
tradicional de treinamento durante um mesmo
ciclo de hipertrofia, onde um foco principal é o
volume total levantado.
Glassbrook et al [20]
analisaram os
agachamentos de barras altas e barras baixas,
com análise biomecânica, pois nenhum estudo
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
anterior comparou as diferenças de força de
reação do ângulo articular e do solo (força
vertical) entre o agachamento retro-alto e o dorso
inferior acima de 90% 1RM. Seis levantadores
de nível internacional, 6 de nível olímpico, 6 de
nível nacional, e 6 atletas treinados amadores.
Suas descobertas sugerem que os praticantes que
buscam enfatizar a musculatura mais forte do
quadril devem considerar o levantamento dorso
inferior, além disso, quando o objetivo é levantar
a maior carga possível, esta a posição pode ser
preferível. Por outro lado, o agachamento retro-
alto é mais adequado para replicar movimentos
que exibem uma posição do tronco mais ereta,
para colocar mais ênfase na musculatura associada
da articulação do joelho.
Kelly e colaboradores [21]
viram a
importância de pesquisar o efeito da contração
isométrica voluntária máxima de abdução do
quadril no movimento lombar e na potência
durante o agachamento. A potenciação pós-
ativação (PAP) é um fenômeno neuromuscular
que tem sido mostrado para aumentar os
atributos geradores de força muscular, bem como
recrutamento neural e sensorial. Enquanto a PAP
demonstrou melhorar agudamente o desempenho
muscular durante atividades de alta intensidade, o
efeito da PAP na cinemática lombo pélvica sob
carga permanece desconhecido. O objetivo da
pesquisa foi examinar o potencial do efeito, em
uma contração isométrica voluntária máxima de
abdução do quadril no movimento lombar e na
potência durante o agachamento posterior com
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haltere. Foram recrutados nove homens treinados
em resistência, que realizaram um conjunto de
5 repetições do agachamento em barra usando
80% 1RM com e sem uma contração isométrica
voluntária máxima de abdução do quadril antes
do desempenho. Experimentos de controle
foram randomizados e contrabalançados entre os
participantes. A contração isométrica voluntária
máxima de abdução do quadril foi realizada por
meio de abdução manual por alavanca. Durante o
exercício de agachamento, a análise de movimento
lombar foi realizada usando a tecnologia de sensor
de movimento sem fio, e a potência foi avaliada
por meio de um acelerômetro. A implementação
de uma contração isométrica voluntária máxima
de abdução do quadril com alavanca anterior ao
exercício de agachamento nas costas não alterou
significativamente o movimento lombar ou
aumentou a potência em homens treinados em
resistência.
Segundo Farrell [22]
não existe consenso
sobre qual profundidade de agachamento é a
mais ideal. Este estudo tentou determinar qual
das duas profundidades de agachamento (90
graus de flexão do joelho e 45 graus de flexão do
joelho) se correlacionaria com tempos de sprint
superiores e desempenho. Vinte e três atletas do
sexo masculino (14-17 anos) do ensino médio em
um time de futebol norte-americano realizaram
o sprint de 36,6 metros, além de realizar um
agachamento de 3RM nos 90 e 45 graus de flexão
do joelho em dias separados. A conclusão foi
que pode-se optar por executar o agachamento
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
traseiro em qualquer profundidade. Isso poderia
permitir a preferência individual de agachamento
na profundidade e variabilidade do programa. Por
exemplo, indivíduos mais altos muitas vezes têm
dificuldade em obter flexão profunda do joelho.
Flores et al [23]
realizaram pesquisa cujo
objetivo foi caracterizar os momentos extensores
do pico do joelho (pKEMs) em três profundidades
de agachamento comumente praticadas acima
da profundidade paralela, paralela e completa, e
com três cargas de 0% (sem carga), 50% e 85%
de profundidade. Dezenove mulheres realizaram
agachamento de profundidade e carga aleatória.
A dinâmica inversa foi usada para obter os
momentos extensores do pico do joelho da
cinemática tridimensional. A profundidade e a
carga tiveram efeitos de interação significativos
nestes picos. Os resultados indicam que o efeito
da carga nos mesmos em mulheres não segue
um padrão progressivamente crescente com o
aumento da profundidade ou da carga. Portanto,
quando a alta carga sobre o joelho é uma
preocupação, os indivíduos devem considerar
cuidadosamente a profundidade do agachamento
que está sendo realizado e a carga relativa utilizada.
Já Koefoed et al [24]
investigaram a saída
de potência máxima no exercício de agachamento
com salto carregado e como esta é afetada pela
estrutura de ajuste. Para os autores projetar
uma sessão de exercícios como uma estrutura
de conjuntos de clusters, em comparação com
uma estrutura de conjuntos tradicional, pode ser
uma maneira de obter uma saída de pico mais
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alta na sessão. Mas, segundo os autores, não se
sabe se isso é possível para indivíduos não elite
(atletas recreacionais) que realizam exercício de
agachamento com salto. O objetivo do estudo
foi, portanto, testar a hipótese de que a potência
de pico seria maior em uma sessão de exercício
de agachamento de salto, que foi estruturada
com conjuntos de cluster, em comparação
com conjuntos tradicionais. Dez indivíduos (2
mulheres, 8 homens) realizaram duas sessões
de exercício de agachamento com salto de
carga, estruturadas com conjuntos de clusters
e conjuntos tradicionais, respectivamente. As
sessões foram realizadas em dois dias separados,
em ordem contrabalançada. A posição da barra
foi usada para calcular os valores derivados,
incluindo a potência de pico. Em conclusão, o
presente estudo mostrou que o pico de potência
foi aproximadamente 4% maior em uma sessão
de exercício de agachamento com salto de
carga estruturada com conjuntos de cluster,
em comparação com uma sessão de exercícios
estruturada com conjuntos tradicionais. Este
resultado foi obtido em indivíduos não atletas.
Demers et al [25]
buscou entender o
efeito da largura da postura e da antropometria
na amplitude articular do movimento, dos
membros inferiores durante um agachamento
traseiro, teve como objetivo deste estudo avaliar
se a alteração da largura de apoio tem efeito sobre
a amplitude de movimento da flexão do quadril,
flexão do joelho e dorsiflexão do tornozelo
durante um agachamento sem carga e se esses
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
movimentos articulares são afetados pelas
diferenças antropométricas. Trinta e dois adultos
jovens e saudáveis realizaram agachamentos
sem carga em três diferentes larguras de apoio,
normalizadas para a largura pélvica. Os ângulos
articulares foram avaliados usando sensores
de captura de movimento eletromagnético no
sacro, coxa, perna e pé da perna dominante. A
comparação ANOVA dos ângulos articulares
para as três larguras de apoio, em intervalos de
10º da orientação da coxa durante o agachamento,
indicou que os ângulos articulares tendem a ser
maiores quando a largura de apoio é mais estreita,
com efeitos mais significativos na dorsiflexão do
tornozelo. Uma relação tronco / coxa maior
(tronco relativamente longo) também tendeu a
estar associada a ângulos do tornozelo e joelho
mais baixos, enquanto uma relação coxa /
comprimento maior (coxa relativamente longa)
tendeu a estar associada a ângulos de tornozelo
e joelho mais altos. duas larguras de apoio
mais estreitas. A implicação mais prática destes
achados, segundo os autores, é que indivíduos
com dorsiflexão limitada do tornozelo, ou com
pernas / coxas particularmente longas, podem se
beneficiar de uma largura de apoio mais ampla
quando agachados.
Matsuki e colaboradores [26]
buscaram
compreender a cinemática in vivo dos joelhos
osteoartríticos em estágio inicial durante o pivô
e o agachamento. O objetivo da pesquisa foi
analisar a cinemática de joelhos osteoartríticos
em estágio inicial usando técnicas de registro
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 9
de modelos. Quinze joelhos osteoartríticos em
estágio inicial de oito mulheres com idade média
de 52 anos foram envolvidos neste estudo. Um
radiologista confirmou com radiografias simples
que os joelhos apresentavam alterações artríticas
grau 1 ou -2 de Kellgren-Lawrence. Imagens
fluoroscópicas de atividades de agachamento
e pivô foram registradas para cada sujeito.
Modelos de superfície tridimensional do fêmur
distal e da tíbia proximal foram criados a partir
de imagens, e os sistemas de coordenadas
anatômicas foram embutidos em cada modelo. A
posição tridimensional e a orientação do fêmur
e da tíbia foram determinadas usando técnicas
de registro de imagem de modelo, e a translação
ântero-posterior da tíbia e a rotação interna /
externa em relação ao fêmur foram calculadas.
Os pontos de contato do côndilo femoral
medial e lateral também foram computados.
Em comparação com os joelhos saudáveis, os
joelhos com osteoartrite mostraram pontos de
contato laterais que foram significativamente
deslocados anteriormente nas atividades pivô
(P<0,001) e agachamento (P=0,001) e maior
rotação externa tibial na atividade de pivô
(P=0,007). A localização do ponto de contato
medial foi semelhante aos joelhos saudáveis, mas
a quantidade de translação anteroposterior foi
menor (P<0,001). Essas mudanças cinemáticas
podem alterar as distribuições de tensão no
compartimento medial durante as atividades de
suporte de peso. As mudanças na cinemática
possivelmente têm alguma influência na iniciação
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
ou progressão da osteoartrite do joelho.
Perez-Castilla e colaboradores
destacam que estudos anteriores revelaram
que a velocidade da barra pode ser usada para
determinar a intensidade de diferentes exercícios
de treinamento de resistência. No entanto, a
relação carga-velocidade parece ser dependente
do exercício. Com objetivo de comparar a
relação carga-velocidade obtido a partir de duas
variações do exercício de meio-agachamento
(tradicional vs. balístico) técnicas de execução
(concêntrico-excêntrico vs. concêntrico).
Vinte homens executaram um teste de carga
progressiva submáxima em quatro exercícios de
meio-agachamento: 1) excêntrico-concêntrico 2)
agachamento tradicional, 3) agachamento com
salto de contra movimento (ou seja, balístico
agachamento usando a técnica concêntrica
excêntrica),4) agachamento (isto é, agachamento
balístico técnica concêntrica). Regressões lineares
individuais foram usadas para estimar o máximo de
interferência (1RM) para cada exercício de meio-
agachamento. Posteriormente, outra regressão
linear foi aplicada para estabelecer a relação entre
a carga relativa (% RM) e a velocidade média
de propulsão (VMP). Para todos os exercícios,
foi observada uma forte relação entre %RM
e VMP: agachamento tradicional excêntrico-
concêntrico (R2=0,949), agachamento tradicional
concêntrico (R2=0,920), salto contra movimento
(R2=0,957) e salto agachamento (R2=0,879).
As velocidades associadas a cada % RM foram
maiores para a variação balística e para a técnica
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excêntrica - concêntrica tradicional do que para a
[27]
técnica concêntrica, respectivamente. Diferenças
na velocidade entre os exercícios de meio-
agachamento diminuíram com o incremento na
carga relativa. Estes resultados demonstram que
a VMP pode ser usada para prever a intensidade
de exercício nos quatro exercícios de meio-
agachamento. No entanto, segundo os autores,
regressões independentes são necessárias para
cada exercício de meio-agachamento, já que a
relação carga-velocidade se mostrou uma tarefa
específica. Este estudo mostra que a suposição
de que o agachamento, por ser muito popular
nas academias, é de simples execução traz
consigo uma falta de conhecimento biomecânico
do mesmo. Trata-se de um exercício de alta
complexidade e como já destacamos resultados
contraditórios, exigem cautela em afirmações
que queiram mapear a “técnica perfeita” do
agachamento. Não existe técnica perfeita, existe
a melhor técnica que diferentes sujeitos em
diferentes contextos realizam o agachamento de
forma particular.
Strömbäck e colaboradores [28]
em
estudo cross seccional de nível 3, teve como
objetivo investigar a prevalência, localização
e caracterização de lesões entre levantadores
clássicos suecos, com ênfase nas diferenças entre
homens e mulheres, e investigar se os fatores de
treinamento e estilo de vida estão associados a
uma lesão. Um total de 53 levantadoras de sub-
elite, do sexo feminino e 51 do sexo masculino,
responderam a um questionário on-line, incluindo
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
perguntas sobre características do plano de
fundo, hábitos de treinamento e fatores de estilo
de vida. A parte principal do questionário incluiu
perguntas sobre lesões e suas consequências. Uma
lesão foi definida como uma condição de dor ou
comprometimento da função corporal que afeta o
treinamento dos levantadores de peso. Os autores
constataram que setenta por cento (73/104) dos
participantes estavam feridos na época da coleta
dos dados, e 87% (83/95) sofreram uma lesão nos
últimos 12 meses anteriores à mesma. A região
lombo-pélvica, ombro e quadril foram as áreas
mais comumente lesionadas para ambos os sexos.
As mulheres experimentaram uma frequência
significativamente maior de lesões no pescoço
e na região torácica do que os homens. As
lesões pareciam ocorrer durante o treinamento,
embora apenas 16% (11/70) das pessoas
lesionadas precisassem abster-se completamente
do treinamento. Concluíram que é provável que
o gerenciamento de cargas de treinamento e a
otimização da técnica de levantamento durante o
agachamento e supino sejam importantes.
Estudos de Sinclair et al [29] com o objetivo
de averiguar a ação dos músculos quadríceps e
isquiotibiais durante os agachamentos (traseiro
e frontal), utilizaram a análise cinemática
tridimensional. Com amostra composta por
dezoito homens adultos foram avaliados com 1
valor máximo de repetição de 122,7 ± 16,4 e 88,7
± 13,9 kg para os elevadores de agachamento
nas costas e na frente. Os participantes
completaram o agachamento nas costas e na
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frente em 70% do seu agachamento frontal
com 1 RM. A cinemática dos isquiotibiais e do
músculo quadríceps foi determinada durante
situações cinéticas utilizando dados de captura
de movimento, além da cinemática segmentar
e articular. Os resultados mostraram que não
houve diferenças cinemáticas nas articulações e
segmentos / articular entre agachamento frontal
e traseiro e nem no recrutamento da musculatura
do quadríceps e isquiotibiais. Outros estudos,
com o mesmo objetivo, como reportam estes
autores, identificaram diferenças significantes
entre o agachamento frontal e traseiro, mas
apresentaram limitações técnicas inerentes à
análise bidimensional então utilizada. Mais uma
evidência da ausência de consenso, provavelmente,
oriundos de escolhas metodológicas como
veremos na sequência e veremos exemplos de
como as novas tecnologias podem contribuir
para uma compreensão da complexidade inerente
ao supostamente simples agachamento.
Björk [30]
realizou pesquisa cujo objetivo
específico foi avaliar se a velocidade do
agachamento excêntrico e concêntrico e o pico
de velocidade na fase concêntrica são afetados na
potência com o uso da manobra de valsalva (MV)
e o uso do cinturão protetor (CP). Dez homens
e cinco mulheres realizaram 12 agachamentos
divididos em quatro séries de três repetições
com carga de 75% da 1RM auto reportada. Três
condições foram comparadas: 1) com ou sem CP,
2) com CP + MV; 3) MV apenas e 4) o grupo
controle composto por sujeitos sem CP e VM.
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
Concluíram que não houve diferença significante
na potência quando comparadas as quatro
diferentes condições de teste. A velocidade na
contração excêntrica, concêntrica e de pico na fase
concêntrica não apresentou diferença significante
entre as diferentes condições experimentais.
Cook [31]
realizou pesquisa cujo objetivo
foi investigar se existe alguma relação entre
medidas antropométricas com velocidade
concêntrica média (VCM) em várias intensidades
na volta do agachamento e o número de
repetições capaz de ser realizado durante um
conjunto para fadiga voluntária a 70% de uma
repetição máxima(1RM). Foi hipotetizado que os
fêmures curtos e a altura total seriam relacionados
VCMs mais lentos e menor número total de
repetições realizadas. Com a amostra de 58
sujeitos treinados em resistência foram realizados
os testes: 1) de 1RM do agachamento posterior
seguido por dois conjuntos de repetições simples
a 30-90% dos 1RM e 70% de 1RM ajustados para
fadiga. Não houve correlação significativa entre
comprimento e altura do fêmur com o VCM em
qualquer intensidade (p>0,05). Foi encontrada
uma correlação negativa significante entre
altura (r=-0,39, p=0,003) e comprimento do
fêmur (r =-0,31, p=0,018) com o número total
de repetições realizadas. Portanto, este estudo
traz à luz um dado importante: o argumento,
muitas vezes recorrente, de que diferentes
valores antropométricos seriam determinantes
da velocidade concêntrica média, parece não ter
evidência científica.
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 12
Stevens Jr e colaboradores [32]
realizaram
uma pesquisa inovadora onde um aplicativo foi
desenvolvido e validado para detecção automática
de movimentos de agachamentos.
Para isto estudaram a biomecânica do
agachamento pela análise de movimento com
a identificação dos eventos: início da descida,
transição entre descida / subida e final da
subida. A identificação automatizada reduz
o tempo necessário para processar ensaios,
permitindo a consistência entre os estudos.
O objetivo deste estudo foi desenvolver
critérios para a identificação de eventos e aplicá-
los a dois protocolos de agachamento em
pacientes patológicos e grupos tipicamente em
desenvolvimento (TD). A amostra de trinta e
quatro indivíduos com displasia do quadril e 41
sujeitos de DT foram incluídos neste estudo.
Enquanto instrumentados com um conjunto
de marcadores Plug-In-Gait de corpo inteiro,
os participantes realizaram dois protocolos: um
agachamento profundo, onde os sujeitos faziam
uma pausa com contagem de três segundos na
sua menor profundidade de agachamento, e um
agachamento tradicional, onde a fase de descida
foi imediatamente seguida pela fase de subida.
Os revisores analisaram as formas de onda
cinemáticas / cinéticas de um subconjunto de
ensaios para desenvolver critérios de avaliação do
joelho no plano sagital e a projeção vertical do
centro de massa.
As velocidades foram usadas para identificar e
comparar eventos e limiares absolutos versus
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
relativos do pico de velocidade do joelho. Esses
critérios foram incorporados em um código de
detecção automática de eventos. Usando um
algoritmo de limiar relativo, os eventos foram
identificados automaticamente em 244 de 259
tentativas (94%). Para os testes que exigem a
colocação manual de eventos (n=15 ensaios),
houve perfeita confiabilidade entre avaliadores
e os sujeitos da pesquisa. Concluíram que
os critérios desenvolvidos para a detecção
automática de eventos de agachamento foram
altamente confiáveis para os pesquisadores e para
os praticantes.
Fox em 2017 [33] pesquisou o agachamento
através da biomecânica do joelho e tornozelo
durante o agachamento com os calcanhares
apoiados e não apoiados no chão, com e sem
deslocamento de peso corporal. Para isto recorreu
às seguintes tarefas: 1) um teste de agachamento,
em seguida, mantendo os calcanhares no chão. 2)
um teste de agachamento, em seguida, levantando
os calcanhares do chão. 3) um agachamento
asiático com deslocamento de peso. 4)
agachamento catcher com o peso mudando.
Cada tarefa foi repetida até que 5 tentativas
bem-sucedidas fossem gravadas; os dados foram
coletados e processados usando o software
Cortex. Os principais resultados, segundo o
autor, foram: os músculos quadríceps e tibiais
anteriores apresentaram mais atividade durante o
agachamento asiático, enquanto ambas porções
do gastrocnêmio experimentaram mais atividade
durante o agachamento catcher. O pesquisador
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 13
constatou que enquanto os voluntários do sexo
masculino tendiam a ter maiores momentos de
extensão do joelho, flexão do joelho e flexão
plantar do tornozelo do que os voluntários do
sexo feminino, não houve diferença significante
entre qualquer um dos momentos articulares,
ângulos ou atividades musculares.
Ao pesquisar se durante o agachamento
com sobrecarga a ativação do reto femoral é
distribuída igualmente, Souza e colaboradores [34]
recorreram a treze voluntários que realizaram
10 agachamentos consecutivos com 20% e 40%
do peso corporal. O valor do RMS (Root Mean
Square) foi calculado separadamente para terços
das fases concêntrica e excêntrica, para avaliar as
alterações próximo-distais na amplitude da EMG
durante o agachamento. Segundo os autores
não foram observadas diferenças significantes
entre as regiões do reto femoral quando se
consideram as fases de agachamento e os ângulos
da articulação do joelho individualmente. Para as
duas cargas consideradas nesta pesquisa, valores
um proximais de RMS foram maiores durante a fase
excêntrica e para a posição articular do joelho mais
flexionada. Os autores sugerem que inferências
sobre o grau de ativação do reto femoral durante
o agachamento devem ser feitas com cautela a
partir de EMGs de superfície.
Mengarelli e colaboradores [35] pesquisaram
o equilíbrio através do exercício de agachamento
pois o mesmo é importante em programas de
reabilitação e esportes, além de contribuir na
avaliação clínica da capacidade motora residual.
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
O comportamento do centro de pressão (COP)
e sua parametrização é comumente usado
para descrever e analisar o agachamento. Esta
pesquisa objetivou comparar os dados do COP,
obtidos através da Wii Balance Board (WBB) e
de uma plataforma de força (PF). Quarenta e oito
sujeitos realizaram um agachamento, sendo a fase
descendente analisada. Os resultados mostraram
uma correlação muito alta (r) e diferenças
limitadas do RMS entre trajetórias COP no
sentido ântero-posterior (r> 0,99; 1,63±1,27mm)
e medial-lateral direção (r>0,98, 1,01± 0,75
mm). Parâmetros espaciais do deslocamento do
COP e pico de força de reação apresentou vieses
fixos entre a WBB e a PF. Erros mostraram
uma alta consistência (desvio padrão <2,4% dos
resultados da PF) e distribuição aleatória em
torno da diferença média. A velocidade média
é o único parâmetro que exibiu uma tendência
para valores proporcionais. Os achados deste
estudo sugerem que a WBB é um dispositivo
válido para a avaliação e parametrização de
deslocamento do COP durante o movimento
de agachamento. Esta pesquisa traz elementos
que corroboram a confiabilidade da WBB para
analisar o comportamento do COP nos esportes
e na reabilitação.
Ainda dentro do escopo de novas
tecnologias utilizadas para avaliar o exercício de
agachamento Dale et al [36]
pesquisaram o efeito
da perturbação visual na aceleração da coxa
durante o agachamento (unilateral e bilateral) com
a utilização do acelerômetro de um smartphone
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 14
acoplado na extremidade distal da coxa. Isto em
duas condições: 1) visão normal e 2) perturbação
visual com óculos estroboscópicos. A amostra de
vinte e duas mulheres e dezesseis homens sem
patologias de extremidades inferiores, foram
também filmados no plano frontal. Nos resultados
destacam-se a interação significante entre a
postura unilateral e a condição visual (Normal:
9,85±0,06; Estroboscópica: 9,86±0,07; p=0,008
com um alfa ajustado de 0,25). As acelerações
femorais não foram associadas (r=0,07) com
avaliação 2D de vídeo do ângulo de projeção
no plano frontal. Tais resultados são mais uma
evidência de novas tecnologias (acelerômetro no
smartphone) são uteis para avaliar a qualidade do
agachamento realizado.
Outro exemplo de pesquisa que recorre
às novas tecnologias para analisar o agachamento
foi realizada por Clément e colaboradores [37]
que utilizaram exoesqueleto com marcadores
no joelho e tíbia de oito sujeitos obesos e nove
não-obesos, para avaliar a cinemática desta
articulação durante este movimento. O problema
central de sua pesquisa decorre do fato que os
tradicionais marcadores colocados sobre a pele,
durante o movimento analisado, podem se mover
até 30 mm e 15 mm em relação ao fêmur e tíbia,
respectivamente. Esses movimentos, conhecidos
como Elementos de Tecido Mole (ETM), é
potencialmente capaz de causar grandes erros
cinemáticos que podem atingir 35° para as
rotações do joelho. Os resultados mostraram
que o ETM observado no fêmur foi maior
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
nos indivíduos não obesos do que nos obesos
na rotação frontal (p=0,004), rotação axial
(p=0,000), deslocamento medio-lateral (p=0,000)
e anteroposterior (p=0,019), enquanto que o
ETM observado na tíbia foi menor em indivíduos
não obesos do que em sujeitos obesos para as
três rotações (p<0,05) e deslocamento médio-
lateral (p=0,015). Os autores concluíram que o
ETM no fêmur tem uma diferença significante na
abdução-adução do joelho entre os dois grupos.
Esta pesquisa levanta uma questão subjacente
de grande importância em qualquer área de
investigação: aquilo que, sob o ponto de vista do
método, era considerado “padrão ouro”, com o
surgimento e consolidação de novas tecnologias,
gradualmente vai sendo substituído por outros
materiais e métodos que se consolidam e fazem
a ciência avançar na medida em que, como disse
Imre Lakatos[38], resolvem problemas.
Smale e colaboradores [39]
realizaram
pesquisa que inovou com a velha eletromiografia
(EMG) para resolver um problema com um novo
método de fatoração de matriz não negativa
concatenada que decompôs os sinais EMG
em sinergias musculares. Os autores explicam
que devido ao grande número de músculos
usados nas atividades motoras, pode ser difícil
identificar ativações musculares individuais e
suas contribuições no contexto mais amplo
de movimentos como o agachamento. Essa
desvantagem foi recentemente abordada usando
fatoração de matriz não negativa (FMNN)
para realizar análises de sinergismo muscular,
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decompondo grandes quantidades de dados
EMG em alguns componentes mais simples
que podem ser usados para descrever os papéis
musculares no movimento humano. O objetivo
foi suplementar as transformadas contínuas
wavelet com sinergias musculares na análise da
fadiga para descrever a combinação da diminuição
da frequência de disparo e os perfis de ativação
alterada em contrações musculares dinâmicas.
Para isto nove sujeitos saudáveis realizaram
tarefas dinâmicas antes e depois de terem feito
agachamentos com uma barra olímpica até a
completa exaustão.
A análise da sinergia revelou mudanças
sutis no agachamento de duas pernas após a
instalação da fadiga, enquanto as diferenças no
agachamento unilateral eram mais pronunciadas
e incluíam o deslocamento de uma co-ativação
geral de músculos no estado pré-fadiga a uma
ponderação dominante extensora do joelho pós-
fadiga. Esta combinação de métodos, segundo os
autores, é uma maneira eficaz de descrever a fadiga
muscular e que os padrões de ativação muscular
desempenham um papel muito importante na
manutenção da cinética global da articulação após
a fadiga. O FMNN é um belo exemplo de ares
novos na EMG e um claro exemplo de inovação
metodológica.
Sanford et al [40]
hipotetizaram que não
haveria assimetria a longo prazo na cinemática e
cinética do joelho em indivíduos com ligamento
cruzado anterior (LCA) reconstruídos após
cirurgia e na reabilitação. Para isto coletaram
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
dados de posição, da força de reação do solo
(FRS) e da simetria ântero - posterior (AP) de
oito sujeitos que passaram pela cirurgia e oito sem
problemas no joelho (grupo controle) durante o
agachamento bilateral. Os principais resultados
encontrados foram uma translação anterior
quatro vezes maior no joelho reconstruído
quando comparado com um sujeito sem lesão
de joelho. Diferenças significantes nas FRS
entre sujeitos lesionados e não lesionados, nas
diferentes flexões do joelho (10, 20, 30, 40, 50
graus). Os autores reportam que clinicamente
estes achados são relevantes pois distribuições de
carga alteradas através da articulação do joelho é
potencialmente capaz de colocar os sujeitos em
risco de futuras complicações com a osteoartrite.
A limitação na amplitude de movimento
(ADM) de dorsiflexão (DF) tem sido usualmente
reportada com elemento central na eficiência de
realizar agachamentos, Rabin et al [41]
utilizaram
tal limitação para identificar sujeitos aptos a
realizar tal exercício com o menor risco de lesão
possível. Para isto recorreram a cinquenta e três
participantes saudáveis que foram submetidos
a um teste de agachamento elevado (AE) e um
teste de agachamento frontal (AF) além de testes
bilaterais de suporte do peso no tornozelo. Os
participantes cuja ADM da DF caiu abaixo de
1 DP da média da amostra foram considerados
limitados pela ADM da DF. Tal pesquisa traz
um exemplo de um teste simples e que pode, ao
ser utilizado, para fazer uma triagem dos sujeitos
aptos a treinar o agachamento com o melhor
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 16
nível de segurança possível.
É com intencionalidade de trazer à tona,
mais uma vez, a complexidade do exercício
de agachamento que destacamos a última
pesquisa desta revisão. Realizada por Vigotsky
e colaboradores [42]
que estudaram os aspectos
biomecânicos, antropométricos e psicológicos
determinantes da força durante o agachamento.
Com amostra composta por vinte e um
participantes em idade escolar (14 homens e 7
mulheres; idade = 23 ± 3 anos). A primeira coleta
de dados consistiu em testes antropométricos,
psicométricos e um agachamento bilateral com
uma repetição máxima (1RM). Na segunda coleta
de dados, os participantes realizaram um teste
de dinamometria isométrica para os extensores
do joelho, quadril e coluna vertebral, em uma
posição específica. Utilizaram a regressão linear
múltipla e correlações foram para investigar as
relações combinadas e individuais entre variáveis
biomecânicas, antropométricas e psicológicas
e 1RM de agachamento. A regressão múltipla
revelou apenas um determinante estatisticamente
preditivo: massa livre de gordura normalizada
para altura. Os coeficientes de correlação para
variáveis individuais e 1RM de agachamento
variaram de r = −0,79 a 0,83, com preditores
biomecânicos, antropométricos, experienciais
e sexuais, mostrando as relações mais fortes e
variáveis psicológicas exibindo os relacionamentos
mais fracos. Os autores sugerem que a força de
agachamento em uma população heterogênea
é multifatorial e mais relacionada a variáveis
 Aspectos biomecânicos do agachamento: longe do consenso
físicas do que psicológicas. É evidente que
aparentemente estes achados sejam óbvios, mas
talvez uma análise multifatorial com populações
menos heterogêneas trouxesse resultados capazes
de fornecer a evidência científica de aspectos
psicológicos no agachamento. Esta pesquisa
tem sua relevância à medida que deixa claro uma
regressão múltipla não apresenta sensibilidade
para detectar o que hipoteticamente queriam
mostrar.
CONCLUSÃO
Esta revisão refletiu sobre o exercício
do agachamento, destacando, especialmente
estudos que mostraram, algumas concordâncias
e várias discordâncias relativas à eletromiografia,
à cinemática, à cinética, à antropometria e aos
riscos de lesões do mesmo. É evidente que vale
a máxima “de perto, ninguém é normal” e neste
sentido a busca pelo agachamento perfeito é
tão patética quanto a utopia biomecânica de
querer esgotar a explicação da complexidade do
movimento humano, afinal, não existe método
infalível e o mundo fora dos laboratórios, o mundo
onde a vida acontece com bilhões de corpos em
movimento, este mundo que é transformado e
transforma o humano numa miríade sem fim de
possibilidades motoras, complexas, dinâmicas.
Mas isto não significa que o que se pesquisa, seja
lá com for, é inútil, é o contrário de tudo isto,
significa que talvez, seja este não consenso, a dor e
a delícia de pesquisar não o que queremos, mas o
Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida | Vol. 10| Nº. 2| Ano 2018| p. 17
que podemos pesquisar.
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Observação: Os autores declaram não existir
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