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COMPLEXO AGROINDUSTRIAL I

Dra. Ana Claudia Chesca


1. APRESENTAÇÃO

Caro (a) Aluno (a):


Neste conteúdo iniciaremos nossos estudos sobre complexos agroindustriais. Nosso
primeiro conteúdo será uma introdução ao complexo agroindustrial e suas definições
pertinentes. Trata-se de um assunto muito interessante e de bastante importância para os dias
de hoje!
Caso você tenha dúvidas referentes ao conteúdo, saliento que no material apensado
há textos interessantes para a leitura!
Bom estudo!

2. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES PERTINENTES AO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL

2.1. INTRODUÇÃO

A compreensão do agronegócio, em todos os seus componentes e inter-relações, é


uma ferramenta indispensável a todos os tomadores de decisão, sejam autoridades públicas
ou agentes econômicos privados, para que formulem políticas e estratégias com maior
previsão e máxima eficiência.

2.2. DEFINIÇÕES PERTINENTES

Vamos relembrar o conceito de sistema agroindustrial e cadeia de produção, isto


tornará mais fácil a compreensão do conteúdo a ser estudado.
 Sistema agroindustrial: corresponde a um conjunto de atividades que concorrem para
a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de insumos até a chegada do
produto final ao consumidor. Ele não está associado, portanto, a nenhuma matéria-prima
agropecuária ou produto final específico.
 Cadeia de produção: a cadeia de produção é definida a partir de um determinado
produto final. Após essa identificação, deve ser ir encadeado, de jusante e montante, as várias
operações comerciais e logísticas, necessárias à sua produção (exemplo, dentro do complexo
sucro-alcooleiro duas cadeias poderão ser facilmente estudadas: a de produção de açúcar e
a de produção de álcool).
 Complexo agroindustrial: tem como ponto de partida determinada matéria-prima de
base. Portanto, o sistema agroindustrial é formado por vários complexos agroindustriais
(complexo soja, complexo sucroalcooleiro, etc.). Em consequência, são estudados os
diferentes processos industriais e comerciais que essa matéria prima pode sofrer até se
transformar em diferentes produtos finais.

ACChesca_Complexo_Agroindustrial_I 1
A partir da definição acima de complexos agroindustriais vamos dar continuidade nos
estudos a respeito desse assunto!

A noção de Complexo Agroindustrial serve para caracterizar uma tipologia marcada


pelas relações intersetoriais indústria-agricultura-comércio-serviços num padrão agrário
moderno, no qual o setor agropecuário passa a ser visto de maneira integrada à indústria. A
formação de um complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias de
produção, cada uma delas associada a um produto ou a uma família de produtos. O Complexo
Agroindustrial tem como ponto de partida a matéria-prima de base. Desta forma, poder-se-ia,
por exemplo, fazer alusão ao complexo soja, complexo cana-de-açúcar, complexo café, etc.
A arquitetura deste complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias
de produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos. Portanto, o
sistema agroindustrial é formado por vários complexos agroindustriais (complexo soja,
complexo sucro-alcooleiro, etc.). Em consequência, são estudados os diferentes processos
industriais e comerciais que essa matéria-prima pode sofrer até se transformar em diferentes
produtos finais.
A parte do complexo agroindustrial, anterior à produção rural, que congrega o conjunto
de setores que produzem os insumos que são adquiridos pelos produtores é chamada
agregado I ou montante do complexo agroindustrial. A parte por sua vez, que recebe a
produção dos produtores (isto é, do agregado II), para armazená-la, processá-la e distribuí-la
no mercado é chamada agregado III ou jusante do complexo agroindustrial.
Para que o conceito de complexo agroindustrial seja melhor compreendido, convém
oferecer alguns dados que expressam, entre outros, principalmente a evolução da produção
e dos investimentos do complexo, numa economia desenvolvida.
Segundo Araújo, Wedekin, Pinazza (1990), a propriedade agrícola mudou sua
atividade de subsistência para uma operação comercial, em que os agricultores consomem,
cada vez menos o que produzem. O moderno agricultor é um especialista, confinado às
operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funções de armazenar, processar e distribuir
alimento e fibra vão se transferindo, em larga escala, para organizações além da fazenda.
Essas organizações transformaram-se em operações altamente especializadas.
Criou-se um novo arranjo de funções fora, e a montante, da fazenda: a produção de insumos
agrícolas e fatores de produção, incluindo máquinas e implementos, tratores, combustíveis,
fertilizantes, suplementos para ração, vacinas e medicamentos, sementes melhoradas,
inseticidas, herbicidas, fungicidas e muitos itens mais, além de serviços bancários, técnicos
de pesquisa e informação.
A jusante da fazenda formou-se complexas estruturas e armazenamento, transporte,
processamento, industrialização e distribuição ainda mais formidáveis. Atualmente os
complexos agroindustriais brasileiros desempenham uma significativa importância na
economia do país, referindo-se a todas as instituições que desenvolvem atividades, no
processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e pecuária,
envolvendo desde a produção e fornecimento de recursos, até que o produto final chegue nas
mãos dos consumidores. (Figura 1).

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Figura 1. Representação da cadeia do Complexo agroindustrial.

Fonte: GONÇALVES JUNIOR (2012).

A característica central da constituição dos complexos agroindústrias é a integração


da agropecuária com outros ramos industriais, transformando-a em um elo de uma cadeia
onde se encontram de um lado, as indústrias que fornecem à agricultura insumos, máquinas
e equipamentos (setor a montante) e, do outro, as indústrias de classificação, beneficiamento
e/ou industrialização da matéria prima agrícola, bem como a sua distribuição (setor a jusante).
Amplia-se também a rede de serviços de apoio necessários ao funcionamento desse sistema,
representado pela assistência técnica, pesquisa e desenvolvimento, pelos serviços bancários,
marketing, transporte, bolsas de mercadorias e outros.

2.3. SETORES DO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL

O complexo agroindustrial é formado pelos seguintes setores (Figura 2):


 Produção agropecuária: engloba os vários tipos de cultivo e criações.
 Instituições: envolve os vários serviços prestados ao setor agropecuário (crédito,
assistência técnica, extensão, pesquisa, etc.).
 Indústria de insumos: abrange os ramos industriais e comerciais que se orientam para o
atendimento das necessidades produtivas agropecuárias (corretivos, fertilizantes, defensivos,
implementos, equipamentos, etc.).
 Comercialização: diz respeito aos serviços de estocagem e comercialização dos produtos
agropecuários (cooperativas, atacadistas, varejistas, redes de comercialização, etc.).
 Indústria de processamento: inclui os ramos industriais com produção
predominantemente baseada em matérias-primas de origem agropecuária.

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Figura 2: Esquema do Complexo Agroindustrial.

Fonte: SZMRECSÁNYI (1983).

Cabe ressaltar que as articulações mostradas no esquema não se aplicam igualmente


para os vários produtos agropecuários. No caso do feijão no Brasil, por exemplo, o produto
não sofre nenhum processamento industrial, sendo encaminhado diretamente para os canais
de comercialização. Por outro lado, é bom lembrar que a inserção de um particular produto
dentro do complexo agroindustrial pode se alterar com o decorrer do tempo. Utilizando-se o
mesmo produto como exemplo e ainda para o caso brasileiro, se o consumidor se habituar
(ou for habituado) em algum momento a fazer uso de feijão enlatado, a inserção desse produto
no complexo agroindustrial será outra. Ainda mais, um produto como tomate, que atualmente
apresenta dois caminhos dentro do esquema, conforme seja processado ou não, talvez, no
futuro, seja consumido fundamentalmente como produto transformado, deslocando a
produção do tomate de mesa.
Ao centrar-se à análise na relação entre a agricultura e a indústria de transformação
ou agroindústria, nota-se que as formas de relacionamento podem adquirir diferentes
conotações, conforme o produto considerado e o tipo de produtor agrícola envolvido.
Guimarães (1979) enfatiza que os setores “a jusante da agricultura impõe, à sua maneira, as
quantidades e tipos de produtos mais conformes às exigências de transformação industrial”.

2.4. A CONSTITUIÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DOS CAIs NO BRASIL

Assim como nos países desenvolvidos, o setor agropecuário brasileiro na década de


50, também passou por importantes mudanças, onde o avanço técnico nas práticas
administrativas e produtivas possibilitou o crescimento de uma rede extensa e complexa de
organizações públicas e privadas em prol deste setor, daí agribusiness, que traduzido, virou
complexo agroindustrial (CAI) ou agronegócio.
Desde o início de sua evolução, as práticas agrícolas passaram por diversas
transformações, mas, no século XX, estas mudanças ocorreram de maneira mais intensa e
agressiva em todas as suas formas, sejam elas devido aos níveis tecnológicos, de aplicação
e emprego de capital ou pelas formas de trabalho aplicado.

ACChesca_Complexo_Agroindustrial_I 4
No Brasil, a década de 50 foi marcada por importantes mudanças no setor
agropecuário, onde o avanço técnico nas práticas administrativas e produtivas possibilitou o
crescimento de uma rede extensa e complexa de organizações públicas e privadas em prol
deste setor, formando o sistema de alimentos e fibras. Deu-se lugar a uma análise que buscou
destacar um sistema interligado de produção, processamento e comercialização de bens de
origem agropecuária, com o objetivo de satisfazer o consumidor urbano com uma ampla gama
de produtos elaborados, diferenciados, facilmente utilizáveis e com preço e qualidade
compatíveis, daí agribusiness, que traduzido, virou complexo agroindustrial (CAI) ou
agronegócio.
As relações entre campo/cidade e agricultura/indústria se intensificaram nas décadas
de 1960 e 1970, quando um setor passou a depender mais do outro e a produção industrial e
agrícola se voltaram ao atendimento do suprimento da demanda. A orientação do parque
industrial brasileiro e o atendimento e viabilização do processo de modernização da produção
agropecuária nacional colaboraram para a distensão do mercado consumidor urbano e para
a expansão na participação brasileira no mercado externo, estabelecendo relações, antes
distanciadas, entre os setores da produção agropecuária e industrial (MIORIN, 1982). As
políticas econômicas promoveram a disponibilidade de crédito e de incentivo financeiro como
o crédito rural e os incentivos fiscais. Com isto, o Estado brasileiro assumiu o papel de
promotor fundamental do processo agroindustrial, sendo seu principal difusor junto à
modernização agrícola e aprofundamento das relações entre o agro e a indústria através dos
“pacotes” de política econômica e creditícia (SILVA, 1998).
Silva (1998) reforça a concepção de Müller (1989) de que o desenvolvimento dos
complexos agroindustriais se constituiu no produto da modernização da agricultura iniciada
na década de 1960 e marcou o surgimento do novo padrão da agricultura brasileira. Para o
autor, fazia parte da chamada “industrialização expandida” e não contemplando apenas a
diversificação dos produtos de exportação, como também a “substituição localizada de
importações de matérias-primas estratégicas”.
Desta maneira, os CAIs, segundo Müller (1989), seriam “um conjunto formado pela
sucessão de atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e
florestais”. Sob esta visão, enquadrar-se-iam múltiplas atividades desde a geração dos
produtos, dos processos de beneficiamento e da transformação, assim como a produção de
bens de capital e de insumos industriais para as atividades agrícolas. Muitos autores colocam
igualmente armazenagem, transporte e distribuição dos produtos industriais e agrícolas, além
do financiamento, da pesquisa e da tecnologia e assistência técnica. Estes distintos processos
estariam ligados na forma de redes, por serem dinâmicos e estabelecerem fluxos de
produção, capital e informação.
Assim, a agricultura envolvida pelos complexos agroindustriais assumiu caráter
tecnológico compatível com o processo de modernização vigente na época que transformou
o antigo sistema de produção, denominado de tradicional e ou arcaico, em um sistema
moderno, o qual se diferenciava dos demais pelo emprego da mecanização e uso de insumos
sem atribuir valor algum as antigas formas de produção tradicionais.
Sabe-se que a atuação dos CAIs sobre o espaço rural se intensificou a partir da
segunda metade do século XX, em um contexto de mundialização da economia e de
disseminação de inovações técnicas no setor agropecuário. Pode-se considerar que as
mudanças ocorridas no espaço rural estão ligadas às transformações ocorridas no modo de
produção capitalista como um todo, ou seja, são determinadas por atores em nível mundial.
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A constituição dos CAIs é assegurada pela integração técnica intersetorial entre as
indústrias que produzem para a agricultura (bens de capital), a agricultura propriamente dita
e as agroindústrias processadoras. Essa integração só foi possível a partir da internalização
da produção de máquinas e insumos para a agricultura.
Sua consolidação foi favorecida pelo capital financeiro, basicamente, através do
Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) e das políticas específicas de agroindustrialização
instituídas pelos chamados fundos de financiamento.

2.5. CAIs NO BRASIL

É sabido que nas últimas décadas, houve profundas mudanças estruturais na


agricultura brasileira. As mais significativas se operaram na produção. O chamado “setor de
subsistência” perdeu muito em grandeza e significado; a agricultura de mercado se expandiu.
Integrou-se progressivamente com os demais setores da economia. Da indústria passou a
demandar fertilizantes químicos, máquinas e implementos e os serviços daí decorrentes.
Também a sua produção se orientou cada vez mais, ao mercado além da fronteira da fazenda.
Os produtos da agropecuária passaram a ter uma demanda crescente por parte dos
demais setores da economia, principalmente da agroindústria, antes de atingir o consumidor
final. Excluídas algumas regiões ainda de extrema pobreza em que se pratica uma agricultura
de subsistência, a agropecuária brasileira está hoje integrada com os demais setores da
economia brasileira.
Os setores da agropecuária e da agroindústria tem grande importância na geração de
emprego no país. O emprego do CAI está dividido nas atividades “antes da agricultura” (nas
indústrias mecânicas, químicas, de transporte, etc.), no setor rural e nos setores de
processamento e distribuição de produtos agropecuários e seus derivados.
O país ocupa posições importantes no “ranking” mundial de produção e exportação de
mercadorias elaboradas pelo CAI. Na economia nacional, a agropecuária é o setor mais
aberto e competitivo no cenário internacional. O “market-share” do Brasil no mercado mundial
de alimentos e fibras permanece artificialmente limitado por dois conjuntos de restrições, um
de ordem externa e outro de ordem interna. O primeiro está associado às variadas formas de
reserva de mercado com que as nações desenvolvidas defendem os interesses do setor
produtivo rural doméstico, apesar dos elevados custos imputados a consumidores e
contribuintes. A restrição de ordem interna deriva dos altos custos totais de distribuição de
mercadorias agrícolas exportáveis bem como das vendidas no mercado interno.

2.5.1. O setor de insumos e bens de produção para a agricultura

De acordo com Araújo, Wedekin e Pinazza (1990), os investimentos aplicados em


pesquisa e experimentação nas áreas vegetal e animal visam levar ao mercado rural novos
processos e produtos, que modernizem e aumentem a produtividade da atividade
agropecuária. Os benefícios do aumento da produtividade de terra, dos insumos e da mão-
de-obra, contribuem para a redução dos riscos da atividade e adequam o tempo absorvido na
consecução de cada etapa do ciclo de produção. Isso possibilita a obtenção de produtos com
características técnicas compatíveis com o melhor rendimento nas atividades de
processamento, de acordo com as preferências dos consumidores.

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2.5.2. A indústria de sementes

O setor de sementes seleciona plantas com características específicas e atributos


desejáveis com base na teoria da evolução e nas descobertas das leis da hereditariedade. A
semente melhorada é o principal fator da produtividade e é o vetor da eficiência dos chamados
insumos modernos.

2.5.3. A indústria de fertilizantes

O uso de fertilizantes está associado às técnicas que visam a melhorar


qualitativamente o solo, servindo, portanto, como poupança quantitativa do fator terra. A
qualidade do solo determina as necessidades de fertilizantes para sua correção e
recomposição.

2.5.4. A indústria de defensivos agrícolas

O defensivo contribui para evitar a queda da produtividade de todos insumos e fatores


de produção. Os defensivos agrícolas são produtos químicos que, quando aplicados em
épocas próprias, em caráter regular ou em situações de emergência, servem para combater,
controlar e evitar a incidência de doenças e pragas.

2.5.5. A indústria de máquinas agrícolas

Tanto na indústria de tratores como na de colheitadeiras, a constante necessidade de


inovar coloca o trabalho de pesquisa e desenvolvimento como ponto estratégico para manter
a capacidade competitiva. Nesse sentido, a garantia de participação em partes
representativas do mercado, resulta da possibilidade de acesso direto ou indireto à tecnologia
externa. Além dos tratores e colheitadeiras, o setor de bens da capital é composto por outras
indústrias de máquinas, equipamentos e implementos (ARAÚJO, WEDEKIN; PINAZZA,
1990).

2.5.6. A produção agropecuária

O Brasil se enquadra na concepção clássica a respeito do papel que o setor agrícola


desempenha no processo de desenvolvimento econômico de uma nação, através do
cumprimento de quatro funções básicas:
 Aumento da oferta de alimentos e matérias-primas para suprir o crescente setor urbano-
industrial;
 Geração de divisas, via exportação de produtos;
 Liberação de recursos humanos, suprindo mão-de-obra para expansão dos outros
setores da economia;
 Transferência de renda para suporte aos investimentos necessários ao processo de
urbanização e industrialização do país.

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2.5.7. Processamento e distribuição

No Complexo Agroindustrial, as atividades ligadas ao segmento de processamento,


transformação e distribuição tendem a ter maior velocidade de crescimento em relação às
demais, em termos econômicos e de geração de emprego.

2.5.8. Características da agroindústria

O sistema de integração é uma das formas de relação entre a agroindústria alimentar


e os produtores, com reflexo na organização da produção " dentro da porteira". Junto com o
estabelecimento de preços, são definidos os insumos utilizados, as técnicas adotadas, as
épocas de colheita e entrega do produto à indústria. Nesse sistema, normalmente, as
agroindústrias responsabilizam-se pelo transporte e armazenamento do produto da
agropecuária.
Para administrar todo o processo, do suprimento de matéria-prima à comercialização
do produto final, de forma a ganhar mercado e marcar posições sólidas, é bastante comum
as empresas investirem em atividades que possibilitam a integração vertical e horizontal. Essa
estratégia, de fato, aumenta o poder competitivo da empresa, porém requer maior capital em
pelo menos quatro pontos: primeiro, para formação de ativo fixo que viabilize escalas
econômicas de produção; segundo, para bancar o lento giro dos estoques pois a sazonalidade
da produção resulta em compras de matéria-prima concentradas em curto período e
processamento ao longo de todo o ano; terceiro, para acompanhar a evolução tecnológica
dos processos produtivos, na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos; quarto, para
desenvolver os serviços de promoção, pesquisa de mercado e propaganda. No âmbito das
estratégias comerciais, são aspectos chaves o lançamento de produtos, fortalecimento de
marca, embalagens, dentre outros (ARAÚJO, WEDEKIN E PINAZZA, 1990).

2.5.9. A indústria da alimentação

O conceito de "agribusiness" sedimenta o vínculo existente entre a produção e o


consumo ao longo da cadeia alimentar, ao envolver as atividades ligadas à manipulação,
processamento, preservação, armazenamento e distribuição dos produtos. Para que todo
esse sistema opere com eficácia, o papel da tecnologia é fundamental, já que associa os
métodos e processos da pesquisa e produção agropecuária e do processamento industrial
com os princípios e requisitos da nutrição humana. O uso crescente de alimentos
industrializados prontos ou semi prontos representa novos padrões de vida e consumo.

2.5.10. Distribuição

Na distribuição de alimentos no Brasil, mais precisamente nas atividades de


fornecimento de comadas preparadas à população, o negócio de "fast-food" merece especial
atenção dada sua rápida expansão nos últimos anos.

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2.5.11. A adição de valor no sistema agroalimentar

Na cadeia do Complexo Agroindustrial, a atividade econômica envolve um importante


processo de adição de valor sobre as matérias-primas de origem agropecuárias. As mudanças
de matéria-prima original buscam atender às demandas variadas dos consumidores e se dão
ao longo do processo de produção, comercialização e consumo.
O subsetor de comercialização está mais relacionado com as instituições e
organizações empenhadas na transferência do produto agrícola "in natura", desde o ponto de
produção inicial até o consumidor final. Trata-se de um processo de agregação de valor
resultante do processamento e/ou incorporação de serviços, desenvolvidos em três níveis
principais, chamados de utilidades na teoria econômica clássica:
 Utilidade de tempo (armazenamento e perecibilidade) O processo de armazenagem
está associado à natureza estacional de produção agropecuária e é fundamental à
formação de preços e ao processo físico da comercialização.
 Utilidade de lugar (transporte e distribuição). O setor de transportes interno de cargas
é composto por cinco modalidade principais: rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo
e dutoviário. O suprimento de insumos para as regiões produtoras e escoamento dos
excedentes da produção agrícola para as zonas de consumo são concentrados nas
rodovias, que recebem o apoio dos sistemas ferroviário e hidroviário;
 Utilidade de forma (processamento e embalagem). Os alimentos processados vêm
ganhando espaço no complexo agroindustrial brasileiro e mundial, em detrimento dos
produtos comercializados "in natura". Atendendo ao conceito de utilidade, o
processamento possibilita uma oferta mais homogênea durante o ano todo, atuando a
favor da estabilização dos na safra e escassez na entressafra.
 Utilidade de Troca e Posse. Está diretamente ligada à possibilidade de acesso a um
determinado bem ou serviço.
A comercialização também possui caráter social, pois envolve interações entre seres
humanos através de instituições apropriadas. A mais importante delas é o mercado, "local
onde operam as forças de oferta e demanda, através de vendedores e compradores, de tal
forma que ocorra a transferência de propriedade das mercadorias". É justamente nessa
transferência que resulta a criação de uma outra utilidade, a de troca.

2.5.12. Cadeias de produção

A análise de cadeias de produção é uma das ferramentas privilegiadas da escola


francesa de economia industrial. Apesar dos esforços de conceituação empreendidos pelos
economistas industriais francesas, a noção de cadeia de produção continua vaga quanto ao
seu enunciado. Uma rápida passagem pela bibliografia sobre o assunto permite encontrar
grande variedade de definições. Batalha (1977), procurando sintetizar estas ideias, enumerou
três séries de elementos que estariam implicitamente ligados a uma visão em termos de
cadeia de produção:
 A cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação dissociáveis,
capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico;
 A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e financeiras que
estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de
montante a jusante, entre fornecedores e clientes;
ACChesca_Complexo_Agroindustrial_I 9
 A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a valorização
dos meios de produção e asseguram a articulação das operações.

De maneira geral uma cadeia de produção agroindustrial pode ser segmentada, de


jusante a montante, em três macro segmentos. Em muitos casos práticos, os limites desta
divisão não são facilmente identificáveis. Além disso, esta divisão pode variar muito segundo
o tipo de produto ou segundo objetivo da análise. Os três macros segmentos propostos são:
 Comercialização. Representa as empresas que estão em contato com o cliente final
da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais
(supermercados, restaurantes, mercearias, cantinas etc.). Podem ser incluídas neste
macro segmento as empresas responsáveis somente pela logística de distribuição.
 Industrialização. Representa as firmas responsáveis pela transformação das
matérias primas em produtos finais destinados aos consumidores. O consumidor pode
ser uma unidade familiar ou outra agroindústria.
 Produção de matérias-primas. Reúne as firmas que fornecem as matérias-primas
iniciais para que outras empresas avancem no processo de produção do produto final
(agricultura, pecuária, pesca, piscicultura etc.).

2.5.13. Sistema agroindustrial

Sistema agroindustrial pode ser considerado o conjunto de atividades que ocorrem


para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção dos insumos (sementes,
adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada do produto final (queijo, biscoito, massas etc.)
ao consumidor. Ele não está associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto
final específico. Na verdade, o SAI, quando apresentado desta forma, revela-se de pouca
utilidade prática como ferramenta de gestão e de apoio à tomada de decisão.
O SAI pode ser visto como sendo composto pelos conjuntos de atores:
 Agricultura, pecuária e pesca;
 Indústrias agroalimentares (IAA);
 Distribuição agrícola e alimentar;
 Comércio internacional;
 Consumidor;
 Indústrias e serviços de apoio.

Os processos de desenvolvimento do setor ocorridos nas últimas décadas estiveram


na maior parte dos casos vinculado a uma estratégia governamental, as quais viabilizaram a
industrialização da agricultura e o desenvolvimento dos setores industriais conectados a ela.
Baseado neste fato pode-se concluir que a participações do governo através das
políticas públicas direcionadas ao setor, é de singular importância. Cabe a ele promover um
ambiente interno de desenvolvimento, de forma que o país se insira nos rígidos padrões de
competitividade mundial.
A inserção do mercado agronegócio brasileiro num padrão de competitividade
internacional ainda não é satisfatória, o país tem vários dos seus produtos agrícolas
restringidos no mercado externo, o que demonstram a inexistência ou ineficiência das políticas
públicas direcionadas ao setor. O complexo agroindustrial brasileiro, possui excelente

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competitividade no mercado externo e representa a geração de grandes volumes de divisas
para o país.
A tecnologia pode ser ilustrada pelos avanços na pesquisa e desenvolvimento de
novos insumos, novos produtos para o consumidor, que pode se dar através do
processamento das matérias primas pelas agroindústrias. Na tecnologia repousam as maiores
oportunidades para o aumento da qualidade e a redução dos custos dos produtos vendidos
pelas empresas do agronegócio brasileiro.
Segundo Elias (2002), a expansão dos CAIs veio a constituir o principal vetor da
reestruturação produtiva da Agropecuária Brasileira e, consequentemente, também da
organização do agribusiness brasileiro e da expansão do Meio Técnico-Científico-
Informacional no campo.

ACChesca_Complexo_Agroindustrial_I 11
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ACChesca_Complexo_Agroindustrial_I 13

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