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TILLVITZ & VELOSO

ADVOCACIA, ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Agravo de Instrumento
Autos de Origem: 0000076-75.2019.8.16.0183

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

JULIA CAROLINE HARTMANN, menor,


brasileira, estudante, CPF: 116.590.96936, RG: 14.518.903-9, neste ato
representada por sua representante legal, JUCELI HAACK, agricultora, casada,
brasileira, CPF: 0321.091.29-98, RG: 6.304.830-5 residente e domiciliada na Linha
Jaracatía- Zona Rural, Município de São João- PR, por intermédio de sua procuradora
e Advogada, instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional
declinado em nota de rodapé, locais em que recebem avisos e intimações forenses,
vem, mui respeitosamente, com fundamento no artigo 1.015, parágrafo único, do
Código de Processo Civil, à presença de Vossa Excelência interpor, tempestivamente,

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE


URGÊNCIA

Em face da r. decisão de evento 10.1 exarada


pela Excelentíssima Senhora Doutora Juíza de Direito Designada da Vara Cível da
Comarca de São João/PR, junto aos autos mandado de segurança com efeito liminar,
a qual não concedeu o pedido liminar pleiteado.

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REQUER, com fundamento no artigo 1.019,


inciso I, do Código de Processo Civil, que seja recebido e processado o presente
Agravo de Instrumento por este E. Tribunal de Justiça, deferindo liminarmente
com efeito devolutivo a pretensão recursal, pelas razões de fato e de direito que
passa a expor em apartado.

INFORMAR o nome dos advogados:


Agravante: LETICIA VELOSO DOS PRAZERES, inscrita na OAB/PR 91.414, com
endereço profissional à Rua Santo Antônio, n° 470, centro, Cidade de São João/PR.
Agravado: Reitor da Universidade Estadual Do Centro Oeste - UNICENTRO, pessoa
jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº 77.902.914/0001-72, sito na
Rua Salvatore Renna – Padre Salvador, nº 875, Estado do Paraná, representada neste
ato pelo reitor Sr. ALDO NELSON BONA, até este presente momento não foi
habilitado aos autos advogado representante.

NESTES TERMOS;
Pede, e espera, deferimento.

São João, PR, 02 de fevereiro de 2019.

(Assinado digitalmente no sistema Projudi)


LETICIA VELOSO DOS PRAZERES
OAB/PR n. 91.414

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Agravo de Instrumento
Autos de Origem: 0000076-75.2019.8.16.0183

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

Agravante: JULIA CAROLINE HARTMANN, representada neste ato por sua


representante legal JUCELI HAACK
Agravada: Reitor da Universidade Estadual Do Centro Oeste - UNICENTRO,
representada neste ato pelo reitor Sr. ALDO NELSON BONA

COLENDA CÂMARA!
Emérito Relator!
Doutos Julgadores!

Em que pese o culto entendimento da


Excelentíssima Senhora Doutora Juíza de Direito Designada da Vara Cível da Comarca
de São João/PR, que negou a concessão do pedido liminar do mandado de segurança
que pretendia a concessão de matrícula em caráter provisório, e a inclusão de seu
nome na lista de aprovados em cotas sociais, não pode prosperar, pelas razões de fato
e de direito que passará a expor:

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I–DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Com amparo na Lei 13.105/2015, Art. 98


e 99, requer a Agravante o benefício da justiça gratuita, tendo em vista não ter
condições financeiras de arcar com as despesas processuais em sede de recurso, sem
prejuízo próprio e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência em
anexo.

II. DA EXPOSIÇÃO FÁTICA

1. Colenda Câmara, a Agravante realizou a


prova para concorrer as vagas do curso de graduação em medicina, dentro do
programa PAC - Programa de Avaliação Continuada, oferecida pela Universidade
Estadual Do Centro Oeste – UNICENTRO.

2. Com efeito, ressalta-se que a Agravante


sempre estudou em colégio público, e é pessoa de baixa renda na acepção da palavra,
visto que, seus pais são pequenos agricultores de economia familiar, onde sua fonte
de renda vem especialmente da pequena produção de leite. Desta forma, se encaixa
perfeitamente nas vagas para cotista social. (conforme comprovantes em anexo)

3. Ocorre que, a Agravante participou


conforme manual das duas primeiras fases do programa. De igual modo, realizou a
sua inscrição para o PAC III/2016 no período estabelecido no edital. No entanto,
quando foi realizar a inscrição para a última etapa, em razão do estresse, e
nervosismo, esqueceu de colocar que é cotista.

4. Assim que percebeu a confusão


sucedida, a Agravante tentou mediante inúmeras ligações, bem como, através
de e-mail’s, por diversas vezes solucionar o problema com a Universidade,
frisa-se, antes mesmo da data da prova. Uma vez que, na própria página do
Programa, no setor de informações para o dia das provas, prevê que após
verificação do pagamento da inscrição, no caso de haver algum problema,
existe a possibilidade de que os candidatos entrem em contato com a
Coordenadoria Central de Processos Seletivos, para resolução.

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5. Contudo, todas as tentativas restaram-


se infrutíferas. Tendo seu pedido indeferido sob a insustentável alegação de que
“após o encerramento das inscrições, não podemos realizar nenhuma
alteração no sistema.”

6. Entretanto, chegou o dia 21 de outubro


de 2018, data da prova, em que passou a concorrer às vagas disponíveis no curso
desejado. Entre todo esse período, entrou em contato com diversos funcionários da
Agravada, aguardando ansiosamente um parecer de que o equívoco teria sido
sanado, e sua inscrição reformada corretamente.

7. No entanto, a Agravada realizou a


convocação em primeira chamada dos alunos de ampla concorrência, e as 02 vagas
destinadas as cotas sociais deveriam ser comprovadas mediante documentação.

8. Ocorre, Colenda Câmara, que mesmo


após ter alegado prontamente que se tratava de um terrível mal-entendido, e que,
por diversas vezes tentou resolver esse equívoco, em momento algum foi acatada
pela Universidade, não procederam a chamada da Agravante para a verificação
da documentação. Onde ali restaria comprovada a sua condição de cotista.

9. É notório que a Agravante faz jus as


cotas sociais, e que, nas duas primeiras fases do Programa afirmou que é
pertencente das cotas sociais. Contudo, a Universidade se limitou a convocar os dois
próximos da lista, sendo os candidatos n° 17° e 18°, sem qualquer fundamentação,
restringindo-se a manter a decisão de não editar a classificação final, desolando
completamente a Agravante.

10. Em razão disso, outra não foi a


alternativa senão a impetração de Mandado de Segurança, com pedido liminar,
objetivando a concessão de matrícula em caráter provisório no curso e instituição
pretendida.
11. Em destaque verifica-se que na
pendencia da Decisão que não concedeu a liminar do presente caso, é incoerente,
em virtude de que a magistrada não se atentou para a boa-fé da estudante, tampouco
vislumbrou as distintas opiniões da Agravada em seu site e edital.

12. Primordialmente preocupa-se com


a continuidade dos estudos da Agravante, já que fica evidente que se trata do
futuro da mesma, e a interrupção implicará em transtornos de toda ordem, visto

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que, estudou e alcançou a pontuação necessária para angariar a vaga destinada a


cotas sociais. Mas, que em razão da não alteração, ficará sem a tão desejada vaga.

13. Tão evidente, no entanto, é a


questão da própria Agravada ter opiniões distintas no seu próprio site, o que
ocasiona aos jovens enorme ambiguidade. Isso normalmente só é percebido
de forma um pouco difusa, depois da falha tentativa de ratificação da
inscrição.
14. Assim, flagrante é o prejuízo
indevidamente causado a Agravante, onde ficará sem poder estudar, e vindo
de família humilde, não poderá arcar com os custos de uma faculdade
particular. Podendo vir a ficar sem poder cursar um curso superior, a
condenando a uma vida de extremo sofrimento.

15. Entretanto, a má prestação de


atendimento da Agravada só se verifica, portanto, a partir do momento em que a
Agravante/consumidora constata impossibilidades na ratificação da inscrição,
impossibilitando o desempenho de sua participação ao exame. Não sendo lhe
proporcionado o direito de defesa.

16. Os diversos e-mails enviados,


juntamente com as várias ligações, comprovam que a unidade apresenta
sérios problemas na prestação de serviços com os seus candidatos, o que
causa diversos danos a quem se dispõe em realizar a prova. Visto que, não
seguem suas próprias informações no site, e não auxiliam seus candidatos
quanto a informações de cunho administrativo.

17. Destarte, a documentação juntada aos


autos é suficiente para comprovar a má prestação de serviço da Agravada, que
resultou na efetiva perda da vaga de medicina da Agravante. Assim como, o nexo
causal, em razão de ter esgotado todos os meios possíveis de contato para alteração
da sua condição de bolsista, frisa-se, antes mesmo da prova. E ainda assim, não ter
obtido sucesso.

18. Não obstante, sobreveio decisão que


negou a liminar do mandado se segurança, conforme teor no mov. 10.1.

“Salienta-se que não é ilegal o ato administrativo que, em observância ao


edital e as informações que constam na ficha de inscrição - preenchida

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pela própria impetrante – não a incluiu na classificação de cotista, dado


que a interessada não havia assim optado.”

19. Ora Colenda Câmara, embora a


Agravante tenha realizado corretamente as duas primeiras fases do
programa, colocando que pertence as cotas sociais, o que se examina é
somente a última?

20. Excluem-se facilmente a


prerrogativa da análise da boa-fé da Agravante, subsequentemente, da
proporcionalidade excepcional da situação que a Agravante se encontra. Dado
que, não se trata de um vestibular comum, o exame compõe-se de TRÊS
PROVAS, que somam para o resultado final. Desta forma, as inscrições, tal
como, suas informações deveriam seguir o mesmo patamar.

21. Por se tratar de vaga em Universidade


Estadual, destinada a escolher os melhores candidatos, ou seja, os que conseguirem
as maiores notas no exame, existe uma série de requisitos que devem ser atendidos
pelo candidato.

22. Contudo, a própria Agravada não


segue à risca o que publica. Ainda, um mero descuido, que não ocorreu nas duas
primeiras fases do exame, não pode retirar o sonho da Agravante em cursar o curso
almejado. Uma vez que, está implícito na Constituição Federal, nossa LEI SUPREMA
que deve ser analisado os princípios que regem nossa legislação pátria, exalta-se:
princípio da boa-fé, princípio da proporcionalidade, e, princípio da legalidade.

23. Como pode ser visto, em detrimento


das diversas explicações para a alteração da inscrição, antes mesmo da realização
do exame, ao qual, através de uma medida de simples “conserto” por parte da
Agravada. Resolveria a situação, onde após verificação de seu sistema, veria que se
versava de acadêmica que concluiu as anteriores provas como candidata cotista. E
assim, a inscrição estaria modificada, o que lhe foi fielmente negado.

24. Além do mais, em razão de se tratar


de três provas, e em duas delas ter realizado corretamente a inscrição, resta
demonstrada a boa-fé da participante. Em momento algum, quis deixar de
lado sua opção de cotista, e um descuido não pode condená-la a passar o resto
da vida sem a chance de cursar o tão sonhado curso. Principalmente, por se

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tratar de um curso concorridíssimo como medicina, onde é notório como o


mais difícil para adentrar no Brasil.

25. Em anexo resta destacado, que a


própria escola da Agravante, através de seus funcionários e professores auxiliaram
no contato com a Agravada para a modificação da inscrição, a qual se manteve inerte
diante de todas as possibilidades de contato.

26. Ainda, fica evidente, mediante


histórico escolar, bem como, em detrimento de todas as declarações dos professores
da Agravante, onde dissertam, e, demonstram seu esforço, empenho e dedicação aos
estudos, no decorrer dos anos, como estudante.

27. A Agravada pecou demasiadamente


quanto a qualidade do serviço prestado na realização dos exames de admissão. Pois,
estamos falando do futuro de jovens, e, a não verificação da boa-
fé/proporcionalidade/legalidade da Agravante ocasiona a perda de uma chance
única na vida da estudante. Uma vez que, não possui condições de pagar uma
faculdade particular de medicina, e que, embora tenha alcançado a nota, é
excluída em razão de um descuido, ocorrido anteriormente ao exame. Dado a
não possibilidade de ratificação.

28. Ora, estamos aqui diante de uma


Universidade que presta serviço essencial, o da educação, e que gradua anualmente
profissionais e cidadãos para toda a sociedade, nas mais variadas áreas e setores, e
que, incoerentemente, nega o direito a uma simples modificação de inscrição, de
uma candidata extremamente dedicada (conforme faz prova em anexo). Mas peca,
principalmente por trabalhar diretamente com sonhos e futuros, e apesar do
conhecimento do nervosismo que acomete os jovens, nesta faixa etária, ignora-os,
falhando como prestadora de serviço.

Colenda Câmara, estes são os


verdadeiros fatos jurídicos que consubstanciam as pretensões da Agravante em
mover a presente ação.

III. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS

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III.1. DO MANDADO DE SEGURANÇA

1. O mandado de segurança é o remédio


constitucional adequado para as situações em que por ato de autoridade visualize-
se direito líquido e certo, abuso de poder e manifesta ilegalidade, os quais restaram
sobejamente comprovados nos autos, a AGRAVANTE NÃO OBTEVE LIMINAR
FAVORÁVEL.

2. Daí o oferecimento do presente


recurso, visando ao DEFERIMENTO DA LIMINAR PLEITEADA, considerando a
presença de perigo de difícil reparação, materializado pela possibilidade de
perda de semestres escolares - pois subsiste o ato de indeferimento da matrícula
provisória da Agravante.

3. Deve ser considerado que a


Agravante, quando da impetração do mandamus, preenchia os requisitos
legais pertinentes para o deferimento da LIMINAR aludida.

4. Outrossim, a ação foi impetrada


devidamente dentro do prazo legal, de 120 dias, previsto no artigo 23, da Lei
12.016/09.

III. 2. DA AUTORIDADE E DO ATO COATOR

1. Colenda Câmara, na situação em tela,


tem como autoridade coatora, o Sr. ALDO NELSON BONA por ser a autoridade
máxima responsável pela instituição Unicentro, que chancelou e aplicou por meio
do Edital/ Manual n° 11/2018, as normas afrontadoras aos princípios
constitucionais vigentes, assim como, negligenciou apoio na retificação da inscrição
da Agravante.

2. Estando através de critérios, diga-se de


passagem, improporcionais, que impediram a Agravante de realizar a sua matrícula
no curso de Medicina. Ignorando-se integramente os princípios que norteiam a
nossa Constituição Federal.

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3. Tais atos são concretamente os


responsáveis pelo ato de coação a que se refere o Inciso LXIX do artigo 5º, da
Constituição Federal.

4. No que tange especificamente ao ato de


coação, a negativa de matrícula de aluna, que obteve coeficiente de rendimento
(nota) suficiente para ingressar na universidade dentro da cota a qual pertence. E,
ainda, a não observação da sua própria página em seu site, é, sem dúvida um ato
ilegal que impede a Impetrante de continuar com seus estudos e sonhos de ingressar
no curso almejado.

III. 3 - DA FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

1. Colenda Câmara, não há dúvidas que a


Universidade Estadual presta serviço público, e em detrimento disto, a relação
amolda-se aos conceitos de “fornecedor” e “consumidor” estampados pelo Código
do Consumidor. Isso porque os usuários de serviços públicos, podem e devem ser
considerados “consumidores” de serviços, uma vez que utilizam os serviços públicos
como destinatários finais, desta forma, vislumbraremos o conceito de consumidor:

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

2. Já as Universidades Estaduais que


prestam serviços públicos, especificamente fornecimento de processos seletivos
enquadram-se no conceito de “fornecedor”, visto que distribuem e gerenciam
serviços a um número indeterminado de pessoas, de forma habitual e mediante
remuneração, pois seus usuários pagam pelo fornecimento do serviço, mesmo que
indiretamente.

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços. [g.n]

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3. Em que pese à adoção da teoria


finalista pelo CDC, de que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, certo é que tal conceito deve
ser tomado considerando-se a vulnerabilidade das partes na relação jurídica. E
como exemplificado, a Agravante é a parte mais frágil desta relação.

4. Nessa esteira, Cláudia Lima Marques


obtempera acerca da existência de três espécies de vulnerabilidade, a saber:

 Primeira, na qual o consumidor não é detentor do conhecimento específicos a


respeito do objeto que está adquirindo, sendo, em decorrência disso, suscetível
de ser enganado mais facilmente, no que tange às características ou, ainda,
quanto à unidade do bem ou do serviço prestado.

 A segunda espécie de vulnerabilidade é a jurídica ou científica, cujo aspecto


característico está arrimado na ausência de conhecimento jurídica específicos, de
contabilidade ou mesmo de economia.

 Ademais, a terceira espécie de vulnerabilidade é denominada de fática ou


socioeconômica, atrelada à posição de monopólio, fático ou jurídico, por meio do
qual o fornecedor, que em razão de sua posição de monopólio, fático ou jurídico,
abalizado em seu grande poderia econômico ou mesmo em decorrência da
essencialidade do serviço, impõe a sua superioridade a todos que contratam com
ele.1

5. Desta maneira, a estudante está inclusa


nas três espécies de vulnerabilidade, porquanto, na situação em que se encontrava,
estudando desenfreadamente, nervosa, e preocupada em conseguir adentrar em
uma universidade, já que, não possui condições de pagar uma faculdade privada.
Somada a falta de conhecimento técnico sobre editais/manuais. Adicionado, a
superioridade da Universidade nesta relação, resulta, evidente, como a vulnerável
da narrativa em demanda.

6. Mesmo que a Agravada alegue que sua


atitude está de acordo com o que consta no edital. Esta sua alegação não prospera,

1
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: O novo regime das
relações contratuais, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, pp. 370-373.
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não foi proporcional, não se auferiu a boa-fé da candidata, não ocorreu a


possibilidade da candidata se explicar. Muito pelo contrário, se utilizou da
superioridade que possui na relação, para não alterar a inscrição. Onde já tinha se
beneficiado com o valor da inscrição.

7. Todavia, neste período do impasse, a


Agravante era apenas uma possível aferidora da vaga, não teria como imaginar que
se classificaria. No entanto, após sair a lista, e a convocação, tornou-se detentora
certamente da vaga, pois é possuidora dos requisitos das cotas sociais, as quais
está comprovado em anexo. Tornando-se irrelevante a negativa da Agravada SOB
A ALEGAÇÃO QUE APÓS O ENCERRAMENTO DAS INSCRIÇÕES, NÃO PODEM
REALIZAR NENHUMA ALTERAÇÃO NO SISTEMA, vez que, não descaracteriza sua
obrigação de reparar o dano causado a consumidora lá no início do processo
seletivo.
8. Neste mesmo sentido, segundo a Lei nº
3.964/2007, explana que é essencial a observação dos princípios constitucionais em
todas as fases dos concursos, e, em sede de analogia deve ser olhado com o mesmo
norte para os vestibulares, analisemos a seguir:

Art. 2º A realização de concurso público, em todas as suas fases,


exige a observância estrita, pelo Poder Público, dos princípios
constitucionais expressos e implícitos impostos à administração
pública direta e indireta, previstos na Constituição Federal e na
Lei Orgânica do Distrito Federal. [g.n]

9. Desta forma, é imprescindível que na


situação em demanda, seja empregado o bom senso, diante da situação em
apreciação. Uma vez que, estamos falando sobre o futuro de uma jovem,
carente, que vê através dos estudos uma oportunidade de crescer na vida, e
a negativa de alteração da inscrição, desde o início, resulta em enormes
prejuízos. Sendo completamente desproporcional perante a legislação este
indeferimento.

10. Antônio José Calhau Resende explana


sobre o conceito da razoabilidade, enaltecido a seguir:

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A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e


variável no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso,
prudência, moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes,
levando-se em conta a relação de proporcionalidade entre os
meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as
circunstâncias que envolvem a pratica do ato. 2 [g.n]

11. Subsequentemente, sob uma análise


do contexto atual, a boa-fé objetiva está profundamente ligada à ética, e nesse
sentido, dá juridicidade a ideias como lealdade, correção, veracidade e justa
expectativa. Não raro, na sociedade atual, com a deturpação das condutas, em que a
racionalidade pende para o lado obscuro e imoral, objetivando vantagem que se
sabe ser ilícita, o padrão de conduta probo e honesto tem sido visto como exceção.

Trata-se de uma regra de conduta, de comportamento ético, social,


imposta às partes, pautada nos ideais de honestidade, retidão e
lealdade, no intuito de não frustrar a legítima confiança, expectativa da
outra parte, tendo ainda, a finalidade de estabelecer o equilíbrio nas
relações jurídicas. 3

12. O insigne Professor Miguel Reale


assim define a boa-fé no atual cenário social e jurídico:

“Em primeiro lugar, importa registrar que a boa-fé apresenta dupla


faceta, a objetiva e a subjetiva. Esta última – vigorante, v.g., em matéria
de direitos reais e casamento putativo – corresponde,
fundamentalmente, a uma atitude psicológica, isto é, uma decisão da
vontade, denotando o convencimento individual da parte de obrar em
conformidade com o direito. Já a boa-fé objetiva apresenta-se como
uma exigência de lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo
social pelo qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a
própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma
pessoa honesta, proba e leal. Tal conduta impõe diretrizes ao agir no
tráfico negocial, devendo-se ter em conta, como lembra Judith Martins

2
RESENDE, Antônio José Calhau. O Princípio da Razoabilidade dos Atos do Poder Público. Revista do
Legislativo. Abril, 2009
3
FARIAS; Rosenvald, 2007, p.59.

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Costa, “a consideração para com os interesses do alter, visto como


membro do conjunto social que é juridicamente tutelado”. Desse
ponto de vista, podemos afirmar que a boa-fé objetiva se qualifica
como normativa de comportamento leal. A conduta, segundo a
boa-fé objetiva, é assim entendida como noção sinônima de
“honestidade pública” 4 [g.n]

13. Tem-se, diante disto, que a boa-fé


objetiva deve nortear as relações no âmbito jurídico e social, a fim de que terceiros
não sejam prejudicados nos atos da vida civil, com a velha máxima de “não façamos
ao outro o que não gostaríamos que fizessem a nós”.

14. Ainda, conforme o código de defesa do


consumidor:

A boa-fé objetiva, que é a que está presente no CDC, pode ser definida,
grosso modo, como sendo uma regra de conduta, insto é, o dever das
partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade,
a fim de se estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo.5

15. Portanto, diante do exposto, é


inegável a boa-fé da estudante, pois, ela vem desde o conhecimento do
descuido, exaurir todas as formas de contato para a alteração, e não somente
após a divulgação da lista dos aprovados. E, como se não estivéssemos
tratando de algo crucial, de extrema importância, como a educação, e o futuro,
foi simplesmente recusada pela Universidade. Devendo, desta forma, a
autarquia responder tal falha prestacional.

16. O Código de Defesa do Consumidor


privilegia a tutela dos direitos daqueles que ocupam uma posição de desvantagem,
nos termos do Art. 4, inciso I do CDC.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo


o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses

4
REALE, 2003
5
NUNES, Luiz Antônio Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor: 3ªed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
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econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a


transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de


consumo;

17. Como anteriormente considerado a


Agravada responde objetivamente, pela natureza da atividade que exerce, pelos
danos que esta vir a causar. A responsabilidade objetiva decorre da obrigação de
eficiência dos serviços, bem como, da análise da moralidade na prestação dos
serviços públicos, estando dissertado no Art. 37 da Constituição Federal.

18. Ademais, a relação havida entre as


partes litigantes é de consumo, sendo aplicável na espécie o Art. 14, § 1º, do Código
de Defesa do Consumidor, diante da prestação defeituosa do serviço, havendo plena
aplicação das regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

19. Assim sendo, a Requerida, não vem


operando em conformidade com os princípios que regem as relações de consumo,
especificamente o da boa-fé e o da transparência, ambos inseridos no art. 4º do
Código de Defesa do Consumidor, onde estão expressos:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo;
[...]

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III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de


consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.
170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;[g.n]

20. Não podemos negar que a educação


revela-se hoje num dos bens mais preciosos da humanidade. Trata-se de um serviço
essencial que deve ser prestado obrigatoriamente pelo Estado, que, no caso em tela,
através de concessão, repassou a responsabilidade pelo fornecimento à Agravada.
Porém, não se desobrigou de zelar pela prestação do serviço. E, em agindo
arbitrariamente, como descrito no caso em tela, infringiu o disposto no Código de
Defesa do Consumidor, ao não analisar os princípios que norteiam a nossa Carta
Magna.

21. A Universidade deve ser considerada


como fornecedora para fins de aplicação da referida norma legal, mormente por
deter a distribuição de vagas do curso de medicina. O Art. 22 do referido diploma
leciona que a Agravante, prestadora de serviço público, é obrigada a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e a manter a continuidade quanto aos
essenciais, que é o caso do fornecimento de vagas universitárias públicas.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código. [g.n]

22. No que tange a defesa dos direitos do


consumidor o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor elenca os direitos
básicos do consumidor, dentre eles o direito de inversão do ônus probatório,
observa-se:

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Art.6º. São direitos básicos do consumidor:


[...]
VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência6. [grifou-se]
[...][g.n]

23. A luz do assunto é válida a


conceituação dada por Claudia Lima Marques:

Vulnerabilidade: Trata-se do princípio básico do Código de Defesa do


Consumidor, ou como afirma o STJ: ‘O ponto de partida do CDC é afirmar
do Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor, mecanismo que visa a
garantir igualdade formal-material aos sujeitos da relação jurídica de
consumo (REsp.586.316/MG).[...] Poderíamos afirmar, assim, que a
vulnerabilidade é mais um estado da pessoa, um estado inerente de risco
ou um sinal de confrontação excessivo de interesses identificado no
mercado (assim Rippert, la regle morale,p.153), é uma situação
permanente ou provisória, individual ou coletiva (Fiechter- Boulvard,
Rapport, p. 324), que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos,
desequilibrando a relação7.[grifo nosso]

24. Sobre a Inversão do ônus da prova, a


citada doutrinadora, Claudia Lima Marques, pontifica que:

É direito básico do consumidor “a facilitação da defesa de seus


direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
experiências”. Note-se que a partícula “ou” bem esclarecer que, a favor do
consumidor, pode o juiz inverter o ônus da prova quando apenas uma das
duas hipóteses está presente no caso. Não há qualquer outra exigência do
CDC, sendo assim facultativo ao juiz inverter o ônus da prova inclusive
quando essa prova é difícil mesmo para o fornecedor, parte mais forte

6Código de Defesa do Consumidor. Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990.


7CLAUDIA LIMA MARQUER, ANTÔNIO HERMAN V. BENJAMIN e BRUNA MIRAGEM. Comentários ao Código de
Defesa do Consumidor. 3ª Ed. Editora Revista dos Tribunais: 2007.p. 192-198.

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expert na relação, pois o espirito do CDC é justamente de facilitar a defesa


dos direitos dos consumidores e não o contrário, impondo provar o que é
em verdade o “risco profissional” ao – vulnerável e leigo- consumidor.
Assim, se o profissional coloca máquina, telefone ou senha a disposição
do consumidor para que realize saques e este afirma de forma verossímil
que não os realizou, a prova de quem realizou tais saques é do
profissional, que lucrou com essa forma de negócio, ou de execução
automática, ou em seu âmbito de controle interno: cujus commodum, ejus
periculum! Em outras palavras, este é o seu risco profissional e deve
organizar-se para poder comprovar quem realizou a retirada ou o
telefonema. Exigir uma prova para poder comprovar é imputar a este
pagar duas vezes pelo lucro do fornecedor com atividade de risco no
preço pago e no dano sofrido. Dai a importância do direito básico
assegurado ao consumidor de requerer no processo a inversão do ônus
da prova. Note-se igualmente que não podem as partes, através de
contrato ou qualquer acordo inverter o ônus da prova em prejuízo do
consumidor (art. 51 VI, do CDC). Além dessa possibilidade de inversão do
ônus da prova, nos arts. 12, § 3º, e 14, § 3º.8[grifo nosso].

25. Não se pode perder de vistas, que no


tocante ao disposto no Art. 6º, VIII, do CDC, a inversão do ônus da prova só poderá
ocorrer diante da conjugação de dois elementos, quais sejam, a verossimilhança
das alegações e a hipossuficiência do consumidor.

26. Pois bem, oportuno se torna dizer que,


de forma evidente, e insuscetível de discussões, a hipossuficiência técnica, jurídica e
financeira da Agravante em relação à Agravada, já que é a parte mais fraca na
relação, aqui em análise.

27. Com relação à verossimilhança da


alegação, por sua vez, a mesma está consubstanciada nos comprovantes de e-mails,
ligações, declarações de professores que auxiliaram na tentativa falha de modificar
a inscrição da Agravante, que seguem em anexo, que comprovam a boa-fé da
candidata.

28. Importante observar que, diante da


aplicação do CDC, cabe a incidência dos princípios a ele inerentes, principalmente,
quando estamos tratando de vagas de um curso tão concorrido como medicina,
assim enaltecido pela boa-fé, visando à proteção do hipossuficiente na relação

8 CLAUDIA LIMA MARQUER, ANTÔNIO HERMAN V. BENJAMIN e BRUNA MIRAGEM, Op. Cit. p. 257-258.

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jurídica. Sobre este tópico, muito bem dissertou Cavalieri, que faz a seguinte
determinação doutrinária:

Promover a defesa do consumidor (Constituição Federal, art. 5º, XXXII)


importa restabelecer o equilíbrio e a igualdade nas relações de consumo,
profundamente abaladas por aquele descompasso entre o social e o
jurídico, ao qual nos referimos (Código de Defesa do Consumidor, art. 8º,
III). Em outras palavras, a vulnerabilidade do consumidor é a
própria razão de ser do nosso Código do Consumidor; ele existe
porque o consumidor está em posição de desvantagem técnica e
jurídica em face do fornecedor. E foi justamente em razão dessa
vulnerabilidade que o Código consagrou uma nova concepção do
contrato – um conceito social, no qual a autonomia da vontade não é
mais o seu único e essencial elemento, mas também, e
principalmente, os efeitos sociais que esse contrato vai produzir e a
situação econômica e jurídica das partes que o integram. Ainda em
razão dessa vulnerabilidade, o Estado passou a intervir no mercado de
consumo ora controlando preços e vedando cláusulas abusivas, ora
impondo o conteúdo de outras e, em certos casos, até obrigando a
contratar, como no caso dos serviços públicos. Ao juiz foram outorgados
poderes especiais, não usuais no Direito tradicional, que lhe permitem,
por exemplo, inverter o ônus da prova em favor do consumidor,
desconsiderar a pessoa jurídica, nulificar de ofício as cláusulas abusivas,
presumir a responsabilidade do fornecedor até prova em contrário, e
assim por diante.9 [grifou-se]

29. A verossimilhança fática e a


hipossuficiência técnica, jurídica e financeira da Requerente, como ocorre no caso
em comento, cabe garantir a defesa de seus direitos.

Colenda Câmara, além da notória


condição verossímil e hipossuficiente da Agravante em face da Agravada, a
presente demanda trata-se de relação de consumo, impondo, assim, que a
análise do presente Agravo de Instrumento seja realizada sob a ótica do Código
de Defesa do Consumidor.

9 FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 8ª edição revista e ampliada. Editora Atlas S.A,
São Paulo, 2008, pág. 465/466.

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III.4. DA RESPONSABILIDADE CÍVIL.

1. Colenda Câmara, inicialmente, a fim de


que se possa estabelecer quais os elementos necessários para caracterização de
possível obrigação reparatória da Agravante, cumpre definir qual o sistema de
responsabilidade civil que regula a presente situação, isto é, se estabelecido na
noção de culpa ou na ideia de risco.

2. O Código de Defesa do Consumidor no


seus artigos 14 e 20, protege a integridade dos consumidores:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade


que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha. [grifo nosso]

3. Destarte, que em detrimento da


Universidade ser estadual, esta presta serviço de ordem pública, e assim, entra para
a definição de fornecedor, e como enaltecido no caso em tela, ocorreu disparidade
de informações no seu site e edital. Pois, na página no setor das informações da
prova, existe a probabilidade de se poder ratifica-la. Por outro lado, no edital,
não existe essa possibilidade, assim, é nítido que estas diferentes opiniões
acabam por confundir os candidatos.

4. O TRF-4 já decidiu:

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Trata-se de agravo de instrumento contra decisão que indeferiu a


antecipação de tutela em que a autora pretende seja retificada sua
inscrição no vestibular 2015 da Universidade Federal de Santa Maria.
Alega, em síntese, que sua opção original era concorrer pela 'Cota EP2'
- para candidatos oriundos do sistema público de ensino, cuja renda
familiar é superior a 1,5 salários mínimos. Entretanto,
equivocadamente, inscreveu-se para 'Cota EP2A', destinada ao
candidato egresso do Sistema Público de Ensino Médio, autodeclarado
preto, pardo e indígena, com renda familiar bruta mensal superior a 1,5
salários mínimos nacional per capita. Pugna pela aplicação dos
princípios da razoabilidade e da boa-fé. É o relatório. Decido. O recurso
merece acolhida. Inobstante o equívoco perpetrado no preenchimento
do formulário de inscrição seja de inteira responsabilidade do
candidato, entendo verossímil a alegação de boa-fé da autora,
porquanto claramente se vê que a mesma não poderia concorrer às
quotas raciais, por ser da cor branca, de ascendência italiana (evento 1-
FOTO4), o que afasta qualquer possibilidade de fraude ao sistema de
cotas. Por fim, há que se ressaltar, que o equívoco da autora é de
certa maneira justificável, na medida em que não é absolutamente
clara a distinção realizada pelo sistema disponibilizado via
internet, para a inscrição do vestibular da Universidade Federal
de Santa Maria - UFSM, e também pela semelhança das
nomenclaturas das diferentes classes de cotas "EP2A" e "EP2".
Nestes termos, entendo que impossibilitar-lhe a matrícula é
medida por demais gravosa, considerando as circunstâncias
acima mencionadas e a observância aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. Nesse sentido, esta Corte:
ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. NOTA DE CONCURSO.
PRETENSÃO DE RECÁLCULO DA NOTA OBTIDA NO PROCESSO
SELETIVO - VESTIBULAR - REGULADO PELO EDITAL DA FURG Nº
2012/01, EXCLUINDO-SE DO CÔMPUTO DA NOTA O ACRÉSCIMO DE
4% AOS CANDIDATOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE AÇÃO
INCLUSIVA - PROAI. 1. Constatado equívoco na inscrição pelo programa
de ação inclusiva - PROAI, por conta de equívoco na interpretação das
regras editalícias, é possível a recolocação do candidato na lista dos
inscritos pelo acesso universal, desde que excluído o aumento da nota
conferido pelo programa de acesso especial. Parece violar o direito de
acesso à educação a exclusão da autora do processo seletivo de ampla
concorrência - acesso universal - só porque não cumpriu os requisitos
para acesso ao programa de inclusão especial - PROAI. Precedente
desse E. Tribunal. 2. Improvimento da apelação. (TRF4, AC 5001390-
85.2012.404.7101, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Carlos Eduardo

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Thompson Flores Lenz, D.E. 31/01/2013) MANDADO DE SEGURANÇA.


VESTIBULAR. RETIFICAÇÃO DE OPÇÃO. EQUÍVOCO NO
PREENCHIMENTO. BOA-FÉ. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 1.
Comprovada a boa-fé da estudante, a qual, no ato de preenchimento da
ficha de reopção, cometeu equívoco ao assinalar a concorrência para a
vaga pretendida, no que mantida a sentença assegurou a matrícula da
impetrante no curso de Pedagogia - Licenciatura - Diurno, sem exigir-
lhe a auto declaração étnico-racial. 2. Apelação e reexame necessário
improvidos. (TRF4, APELREEX 5000124-26.2013.404.7102, Terceira
Turma, Relator p/ Acórdão Nicolau Konkel Júnior, D.E. 15/08/2013)
AÇÃO ORDINÁRIA. RETIFICAÇÃO DA INSCRIÇÃO. VESTIBULAR.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEFENSORIA PÚBLICA. SÚMULA 421
DO STJ. INAPLICABILIDADE NO CASO. Obstar a retificação da
inscrição em concurso vestibular, por erro meramente formal,
constitui violação aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. A Súmula 421 do STJ não é aplicável à hipótese em
tela, haja vista que a Defensoria Pública da União não pertence à pessoa
jurídica da Universidade Federal de Pelotas, mas sim é órgão da União
Federal. Ademais, a Súmula 421 do STJ reflete jurisprudência anterior
ao advento da Lei Complementar 132, de 7 de outubro de 2009, que
alterou a Lei Orgânica da Defensoria Pública - LODP. (TRF4, AC
5004342-05.2010.404.7102, Quarta Turma, Relator p/ Acórdão Vilson
Darós, D E. 31/08/2011). Ante o exposto, defiro a antecipação de
tutela requerida, para o fim de retificar a inscrição da agravante
no Vestibular 2015 (nº. 217988), passando a concorrer, em igualdade
de condições, com os demais candidatos optantes do sistema "EP2", se
preenchidos os requisitos para tal opção. Intime-se para contrarrazões.
(TRF-4 - AG: 50327251720144040000 5032725-17.2014.404.0000,
Relator: MARGA INGE BARTH TESSLER, Data de Julgamento:
26/12/2014, TERCEIRA TURMA)

5. Neste mesmo norte, a Constituição


Federal de 1988 consagrou no artigo 37, § 6º, a responsabilidade objetiva do Estado
e das pessoas jurídicas prestadoras de serviço público pelos atos praticados pelos
seus agentes. Vejamos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. [grifo
nosso]

6. Do dispositivo legal supracitado,


denota-se que a responsabilidade não pode ser definida em razão da condição da
vítima, mas sim, nos termos do texto constitucional, pela qualidade do agente
causador do dano, atuando na prestação do serviço público.

7. Concomitantemente com o disposto


no texto constitucional é necessário destacar que a partir do momento em que
existia um dever jurídico de agir, exigindo da prestadora a alteração da
inscrição, por um descuido, situação apta a prevenir ou evitar o resultado
danoso sofrido pela candidata, e assim não procede, identifica-se uma conduta
omissiva juridicamente reprovável, causa suficiente para determinar a sua
responsabilidade objetiva.

8. No que tange a responsabilidade civil


por atos omissivos de prestadora de serviço público o doutrinador Marçal Justen
Filho, destaca que:

Portanto, o critério fundamental não está na existência ou na ausência de


um elemento subjetivo. O que se põe como relevante é a existência ou
não de um dever de diligência. Se for possível reconhecer a
existência do dever de diligência, então a omissão do
concessionário, de que resulte a consumação de dano, acarretará o
surgimento de responsabilidade civil. A distinção entre atos omissivos
e comissivos deriva de que, nestes últimos, é evidente a infração a um
certo dever. O ato comissivo importa incompatibilidade material com o
dever geral de diligência, o que dispensa maiores cogitações acerca do
aspecto subjetivo do agente. Há o dever de evitar a prática de certas
condutas, eis que contrárias ao Direito ou a valores fundamentais. Se o
agente praticar tais condutas, sua atuação será reprovável, sem
necessidade de investigar profundamente os aspectos relacionados com
a formação de sua vontade. Já nos atos omissivos, a questão é distinta. É
que não há, propriamente, ato omissivo ilícito. Ao menos, não se pode
afirmar que a mera e simples produzirá a responsabilidade civil do

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Estado. A omissão juridicamente reprovável consiste na ausência de


adoção de providência apta a evitar um certo resultado. Ou seja, a
omissão é qualificada pela existência de um dever de agir de modo
determinado.10 [g.n.]

9. Assentada a responsabilidade objetiva


da autarquia, despicienda a análise se a mesma agiu com culpa ou não, pois, para
que se reconheça o dever de indenizar, basta que a parte Autora prove a existência
de danos e o nexo causal entre estes e a conduta daquela.

10. No caso em apreço, a prova


documental que instrui a inicial e as demais provas que serão produzidas no curso
do processo serão suficientemente claras para demonstrar que houve omissão no
dever legal da Ré de prestar um serviço eficiente e seguro, sem deixar de vislumbrar
os princípios constitucionais.

11. Conforme, veremos:

ERRO EM INSCRIÇÃO VIA INTERNET NÃO PODE PREJUDICAR CANDIDATO


A VAGA EM UNIVERSIDADE. 15/06/2015

Decisão que permitiu a estudante fazer o Vestibular 2015 da Universidade


Federal de Santa Catarina (UFSC) depois que teve a inscrição anulada por erro
no sistema de informática foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região (TRF4).

O entendimento da 4ª Turma, em julgamento realizado dia 5 de junho,


confirmou sentença em mandado de segurança proferida pela 3ª Vara Federal
de Florianópolis.

A candidata ajuizou ação na Justiça depois de verificar no site da universidade


que sua inscrição não havia sido efetivada por falta de pagamento da taxa. Ela
então contatou a comissão responsável pelo certame, remetendo o
comprovante de quitação. Porém, foi informada que o documento não
correspondia ao boleto gerado pela instituição.

10JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria Geral das Concessões de Serviço Público. São Paulo: Editora Dialética, 2003, p.
515-516.

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Com a liminar, a estudante fez a prova, mas a UFSC tentou reverter a decisão
alegando que a autora não teria agido com a diligência necessária, uma
vez que deixou transcorrer o prazo previsto no edital para eventuais
reclamações.

Proferida a sentença, o processo foi enviado ao tribunal para reexame.


Segundo o desembargador Cândido Alfredo Silva Leal Júnior, relator do
processo, “deve ser garantida a inscrição da autora por constar nos autos
a cópia do boleto bancário demonstrando o crédito do valor em conta
corrente da instituição”.

O magistrado ressaltou também que “a estudante não pode sofrer as


consequências danosas quando a própria universidade optou por inscrição via
internet. Deve a instituição de ensino superior suportar os riscos inerentes à
realização de inscrição de forma virtual”.

Mesmo o concurso vestibular 2015 já tendo sido encerrado, o tribunal resolveu


analisar o caso por considerar que o “certame pode projetar efeitos para o
futuro”, como listas de segunda chamada ou ocorrência de casos semelhantes.

5035468-31.2014.404.7200/SC

12. Assim, embora tenha ocorrido um


equívoco da candidata, é plausível a alteração, diante da situação distinta vivenciada
pela Agravante.

13. O serviço fornecido pela Autarquia


é a educação, conforme salientado, sua principal característica é formação
profissional. Assim, a Agravada não pode se eximir da responsabilidade pela
ineficaz prestação do serviço, pois ela deveria ter regularizado a situação da
alteração no momento em que foi verificado através dos e-mails, e ligações
que a candidata não constava como cotista, devendo dispor de uma simples
tarefa para imediatamente restaurar o serviço de maneira adequada que não
causasse danos a consumidora.

14. Desta forma, sendo inconteste a falha


na prestação de serviço a candidata, é irrefutável a obrigação de prestar serviço
adequado, e de indenizar da parte Ré.

15. O que a Agravante busca, é que a


Agravada preste serviços na forma em que a lei determina que seja prestado, e a
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demora judicial em resolver a presente lide acarretará inúmeras perdas a


Agravante, demonstrando a necessidade da liminar.

16. Ora, a Agravada presta serviços de


péssima qualidade, não realiza auxílio a Agravante, mantem-se inerte aos vários
pedidos, demonstrando o descaso que a autarquia tem com seus consumidores.

Colenda Câmara, demonstrou-se o


latente equívoco da magistrada de primeiro grau ao revogar a liminar
suscitada pela Agravante, o que impõe a cassação da decisão agravada, e, por
conseguinte seja concedido liminarmente, nos termos dos artigos 294 e 300 do
Novo Código de Processo Civil, o deferimento do presente recurso, obrigando a
Agravada a fornecer a vaga para a estudante, dentro das cotas sociais a qual
pertence.

IV. TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

1. Consoante aos autos, a Agravante foi


intimada da decisão da negativa da liminar, e assim, em conformidade com o que
reza o Art. 219, Art. 1003 do CPC, e Art. 7o § 1o da lei nº 12.016/2009, vem postular
o presente recurso dentro do prazo de 15 dias.

2. Ainda, de acordo com o Art. 294, e 300


do CPC para o aferimento da presente tutela antecipada de urgência, é essencial
alguns requisitos, vejamos:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada,
pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

3. Em que pese a situação em contexto,


destaca-se a presença dos dois requisitos, quais sejam: o fumus boni iuris e o

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periculum in mora. O fumus boni iuris está ligado à plausibilidade do direito


afirmado pela própria Agravante na ação principal. Ou seja, demonstrada perante
a boa-fé da estudante, em que, esgotou os meios possíveis de contato com a
Universidade, anteriormente ao dia do exame vestibular, para que lhe
auxiliassem na alteração da inscrição, e consequentemente, sobreviesse a
concorrer dentro das cotas a qual pertence, tendo seu anseio efetivamente
negado (conforme dados em anexo)

4. Não obstante, o fumus boni juris acha-


se perfeitamente demonstrado, face à cristalina comprovação de que a Impetrante
conseguiu um coeficiente de rendimento suficiente para ingressar nas vagas
oferecidas pela Universidade.

5. Em outras palavras, sendo certo que a


"fumaça do bom direito" se encontra relacionada à plausibilidade, tem-se, de outro
lado, a constatação de que a "prova inequívoca" se reveste de maior rigidez para sua
configuração, porquanto sua presença leve não à plausibilidade do direito, mas à sua
imediata certificação, ainda que precária.

6. A propósito, resta claro, que a


estudante esgotou os meios possíveis ao seu alcance. Tanto é, que os funcionários e
professores á auxiliaram nas inúmeras ligações, uma vez que, é excelente aluna, de
baixa renda, e que nas duas primeiras fases do concurso vestibular, fez corretamente
a indicação que pertence as cotas sociais.

7. Já, periculum in mora o “perigo na


demora”, é um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe, e o receio de
que a demora da decisão judicial cause um dano grave ou de difícil reparação ao bem
tutelado. Não há, portanto, a necessidade de provar a existência do direito, bastando
a mera suposição de verossimilhança. Como ocorre no caso em tela.

8. O perigo da demora está configurado


na perda de semestres escolares, e demais atividades, o que já vem ocorrendo,
em razão da negativa da concessão da liminar. Pois, o prazo para a entrega de
documentos, e para a realização da matrícula já ocorreu na data 24/01/2019,
e a Agravante está prestes a perder aulas do primeiro semestre.

9. Luiz Guilherme Marinoni disserta sobre


o assunto:

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O perigo na demora é suficientemente certo, ademais, para viabilizar


tanto uma tutela contra o ilícito como uma tutela contra o dano. Há perigo
na demora porque, se a tutela tardar, o ilícito pode ocorrer,
continuar ocorrendo, ocorrer novamente, ou pode o dano ser
irreparável, de difícil reparação ou não encontrar adequado
ressarcimento. Daí que ‘perigo de dano’ e ‘risco a resultado útil do
processo’ devem ser lidos como ‘perigo na demora’ para caracterização da
urgência – essa leitura permitirá uma adequada compreensão da técnica
processual à luz da tutela dos direitos. ”11

10. Sob o mesmo aspecto, o Código de


Processo Civil no seu Art. 4° determina que seja razoável o prazo para a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Porém apesar do exposto, é
inegável que permanece a morosidade judiciaria, e a Agravante não pode prosseguir
sendo prejudicada.

11. Face a isso, é absolutamente legítimo


e primordial que a Agravante tenha seus lídimos direitos constitucionais
reconhecidos e respeitados, a fim de restar aprovada no curso de Medicina, uma vez
ter atingido a nota necessária, e tenha tentado modificar a inscrição para integrar as
cotas a qual pertence.

12. Logo, a Agravante está enfrentando


risco a sua educação, principalmente, ao seu futuro como profissional, o que
fere o seu direito à dignidade da pessoa humana. Pois, como já mencionado, é
aluna detentora das cotas sociais. E assim sendo, não consegue custear uma
faculdade particular. E lhe tirar esta possibilidade vai muito além de seguir
regras, e sim, da aplicabilidade do bom senso, e da proporcionalidade nas
situações que lhe apresentam.

13. Não lhe denotar a tutela de urgência


frustraria por completo a apreciação ou execução da ação principal. Onde a
Agravante, certamente ao obter a vaga, já estaria reprovada por faltas.

11
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de
Processo Civil comentado. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016a.
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14. Desta feita, A tutela antecipada neste


caso se faz necessária em virtude de que a cada dia que passa sem o amparo vital, a
Agravante vai sofrendo um dano cada vez maior. Portanto, a demora do resultado
desta lide já acarreta, e poderá acarretar ainda mais, danos de difíceis reparação já
que a Agravada já demonstrou seu desinteresse em auxiliar a Agravante até a
presente ocasião.

15. Por outro lado, em razão da Agravante


ser filha de pequenos agricultores, de baixa renda, faz jus a dispensa da caução
mediante declaração de hipossuficiência, bem como, pelos comprovantes de renda
em anexo, vide Art. 300 CPC in verbis :

Art. 300 § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,


conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir
os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la. [g.n]

16. Com efeito, em detrimento de todo o


exposto até o momento, resta demonstrado o proeminente direito da Agravante em
angariar a tutela antecipada de urgência, visto que, preenche todos os requisitos
legais. Não procedendo a explanação do Art. 300 § 3 , do CPC. Diminuindo com isso
o eminente sofrimento que a acomete desde então.

Sendo certo, que o direito invocado pela


parte Agravante é, efetivamente, procedente, e não só provável, requer a
concessão da tutela antecipada de urgência, condenando a Agravada a realizar
a matrícula da estudante.

V. DOS REQUERIMENTOS

ANTE O EXPOSTO, por ser este o tópico


específico, REQUER desta Colenda Câmara, composta de nobres julgadores de
elevado saber jurídica e espírito de justiça, o que abaixo se postula:

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1. REQUER seja recebido e processado o


presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
DE URGÊNCIA, no seu regular efeito devolutivo nos termos do Art.7. § 1o da Lei Nº
12.016/ 2009, e Art. 300 do Código de Processo Civil.

2. REQUER, o deferimento do presente


pedido liminar, de sorte que seja a Agravada determinada a auferir a Agravante
uma das vagas destinadas a candidatos cotistas sociais. Ainda, que seja fixada
multa diária a Agravada, caso uma vez devidamente citada, deixe de dar cabal
cumprimento ao item supra, conforme o acima exposto, informando ao juiz da
causa a decisão, tudo com fundamento no artigo 1.019, inciso I, do Código de
Processo Civil.

3. REQUER a concessão da TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, visto que a r. decisão em 1° grau, se
cumprida, resultará em lesão grave e de difícil reparação a Agravante.

4. REQUER sejam requisitadas


informações ao juízo da causa, informando-lhe que no caso de reforma da decisão
agravada, será prejudicado o agravo de instrumento, nos termos do
Art. 1.018. § 1° do Código de Processo Civil.

5. REQUER seja determinada a intimação


da Agravada, na pessoa do seu procurador, para que, querendo e podendo, responda
ao presente agravo de instrumento, no prazo de 15 dias, nos termos do artigo 1.019,
inciso II, do Código de Processo Civil.

6. REQUER, seja ao final dado


PROVIMENTO DO RECURSO a fim de que a decisão interlocutória recorrida
seja totalmente reformada.

7. INFORMA, que o presente recurso de


Agravo de Instrumento está sendo instruído com as seguintes cópias, nos termos do
artigo 1.018 do Código de Processo Civil:

TABELA: Da Ação de Mandado de Segurança– Autos n. 0000076-


75.2019.8.16.0183–Projudi:

 Petição inicial - mandado de segurança– evento 1.1

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 Procuração Agravante – evento 1.2


 Documentos pessoais Agravante – evento 1.4
 Documentos pessoais representante Agravante– evento 1.5
 Declaração de hipossuficiência– evento 1.3
 Comprovante de residência – evento 1.6
 Classificação geral do PAC– evento 1.7
 Lista convocados em primeira chamada– evento 1.8
 Negativa da Agravada ao pedido de alteração da Agravante– eventos
1.9, 1.10
 Print do site– evento 1.11
 Histórico escolar– evento 1. 12
 Declarações professores– evento 1.16, 1.17, 1.18
 Declarações funcionários–evento 1.14, 1.15
 Comprovantes de renda– evento 1.19, 1.20, 1.13, 1.21
 Decisão (negando o pedido liminar)– evento 10.1
 Comprovante de intimação da Agravada– evento 11.
 Expedição de notificação para manifestação da Agravada– evento 12.1.

8. INFORMA, ainda, que está constituído


nos autos do MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR n. 0000076-
75.2019.8.16.0183, a seguinte advogada da Agravante: LETICIA VELOSO DOS
PRAZERES, inscrita na OAB/PR91.414, com endereço declinado em nota de rodapé.

9. INFORMA, também, que o advogado da


parte Agravada constituído nos autos da ação n. 0000076-75.2019.8.16.0183, até o
presente momento não foi habilitado aos autos.

10. DECLARA que todos os documentos


anexados ao presente Agravo de Instrumento são cópias autênticas dos autos n.
0000076-75.2019.8.16.0183 do Mandado de Segurança com Pedido Liminar, tudo
com fundamento no Art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal e art. 1º, da lei nº.
1.533/51.

NESTES TERMOS;
Pede, e espera, deferimento.

São João, PR, 02 de fevereiro de 2019.

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(Assinado digitalmente no sistema Projudi)


LETICIA VELOSO DOS PRAZERES
OAB/PR n. 91.41

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