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Colégio DELTA
Curso de Mecatrônica
TÉCNICAS DIGITAIS
3° MÓDULO
TURMA: _____
Não há como negar que com o decorrer dos anos a eletrônica digital vem automatizando e
modernizando todos os ramos de trabalho, desde a indústria até à medicina, pesquisas científicas,
transportes, educação, forças armadas e principalmente na informática.
Incluindo as áreas industriais, os equipamentos digitais cada vez mais fazem parte da rotina da
automação de linhas de produção, montagem, robótica, máquinas de grande porte, sistemas de expedição,
controle de estoque, segurança, consultórios médicos, sistemas de comunicações, instituições de ensino,
Etc.
Para um bom técnico em mecatrônica, ter noções básicas de eletrônica digital é um requisito
fundamental para a manutenção e operação de equipamentos dotados desta tecnologia. Proporciona,
inclusive, a adoção de soluções rápidas, práticas e eficientes na forma de projetos de circuitos digitais,
para a resolução de problemas dos mais variados em qualquer área de atuação.
O material disponibilizado aqui em forma de apostila propõe a passagem destes conhecimentos
básicos, previamente divididos em 2 módulos (semestres).
Neste módulo, iniciamos com conceitos de sistemas de numeração, passando por portas lógicas e
álgebra booleana, e terminando com regras e princípios básicos de projetos.
No próximo semestre, veremos circuitos combinacionais básicos, passando por noções de
circuitos seqüenciais, até sua conclusão com circuitos seqüenciais avançados, memórias eletrônicas e
conversores de sinais.
No mais, aproveite e utilize bem este material, se dedique com afinco às aulas e exercícios,
estude bastante e conte comigo para dúvidas e problemas de qualquer natureza!!
ÍNDICE
I N T R O D U Ç Ã O................................................................................................................................................................3
I- PANORAMA GERAL DA TECNOLOGIA DIGITAL ....................................................................................................3
II- SISTEMAS DE NUMERAÇÃO ........................................................................................................................................7
1- MAIOR ALGARISMO DA BASE ....................................................................................................................................7
2- CONTAGEM EM QUALQUER BASE ............................................................................................................................8
3- ALGARISMOS MAIS E MENOS SIGNIFICATIVOS.....................................................................................................9
4- DECOMPOSIÇÃO DE NÚMEROS..................................................................................................................................9
5- CONVERSÃO ENTRE SISTEMAS DE NUMERAÇÃO ...............................................................................................11
A) Conversão de decimal para qualquer base ................................................................................................................11
B) Conversão de qualquer base para decimal ................................................................................................................12
C) Conversão de binário para octal e vice versa............................................................................................................12
D) Conversão de binário para hexadecimal e vice versa ...............................................................................................14
6- CÓDIGOS........................................................................................................................................................................15
A) Códigos decimais .......................................................................................................................................................15
B) Código de Gray ..........................................................................................................................................................17
C) Código ASCII .............................................................................................................................................................18
III-OPERAÇÕES COM NÚMEROS BINÁRIOS...............................................................................................................22
1- ADIÇÃO..........................................................................................................................................................................22
2- SUBTRAÇÃO .................................................................................................................................................................23
IV-ALGEBRA BOOLEANA .................................................................................................................................................26
1- LÓGICA ..........................................................................................................................................................................26
2- FUNÇÕES BOOLEANAS BÁSICAS.............................................................................................................................27
3- TABELA-VERDADE .....................................................................................................................................................28
4- PORTAS LÓGICAS ........................................................................................................................................................29
A) Porta E ou AND .........................................................................................................................................................30
B) Porta OU ou OR.........................................................................................................................................................31
C) Porta NÃO, NOT ou INVERSORA .............................................................................................................................32
D) Porta Não-E ou NAND ..............................................................................................................................................33
E) Porta NÃO-OU ou NOR .............................................................................................................................................34
F) Porta XOR ou OU-EXCLUSIVO................................................................................................................................35
G) Porta XNOR ou NOR-EXCLUSIVO ou CKT COINCIDÊNCIA ................................................................................36
5- ANÁLISE DE CIRCUITOS DIGITAIS BÁSICOS.........................................................................................................37
6- IMPLEMENTAÇÃO DE CIRCUITOS DIGITAIS BÁSICOS .......................................................................................40
V- EXTRAÇÃO DE FUNÇÕES BOOLEANAS..................................................................................................................42
1- FORMA CONJUNTIVA .................................................................................................................................................44
2- FORMA DISJUNTIVA ...................................................................................................................................................45
3- IMPLEMENTAÇÃO DOS CIRCUITOS ........................................................................................................................46
VI- SIMPLIFICAÇÃO DE FUNÇÕES BOOLEANAS ......................................................................................................48
1- PROPRIEDADES, AXIOMAS E TEOREMAS DA ÁLGEBRA BOOLEANA .............................................................48
A) Propriedade da UNIÃO..............................................................................................................................................48
B) Propriedade da INTERSEÇÃO ..................................................................................................................................48
C) Propriedade da TAUTOLOGIA .................................................................................................................................49
D) Propriedade dos COMPLEMENTOS ........................................................................................................................49
E) Propriedade da MÚLTIPLA NEGAÇÃO....................................................................................................................49
F) Propriedade COMUTATIVA ......................................................................................................................................50
G) Propriedade ASSOCIATIVA ......................................................................................................................................50
H) Propriedade DISTRIBUTIVA ....................................................................................................................................50
I) Propriedade da ABSORÇÃO.......................................................................................................................................51
J) Teorema “DE MORGAN” ..........................................................................................................................................52
EXEMPLOS ....................................................................................................................................................................52
2- MAPA DE VEITCH KARNAUGH.................................................................................................................................54
3- FUNÇÕES INCOMPLETAS...........................................................................................................................................60
4- CASOS QUE NÃO ADMITEM SIMPLIFICAÇÃO .......................................................................................................67
A) Implementação com portas NAND .............................................................................................................................67
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 2
Figura 2 – Áudio digital em um CD (as áreas com “furos” são consideradas “0”, e as áreas refletoras, “1”)
Em sistemas eletrônicos digitais, uma informação é representada por tensões (ou correntes)
que estão presentes nas entradas e saídas dos diversos circuitos. Normalmente, os números binários 0 e
1 são representados por dois níveis de tensões nominais. Por exemplo, em circuitos digitais TTL, zero
volt (0 V) representa o binário 0, e +5 V representa o binário 1. Na realidade, devido a variações nos
circuitos, o 0 e o 1 são representados por faixas de tensão (Figura 3):
Todos os sinais de entrada e saída estarão dentro de uma dessas faixas, exceto durante as
transições de um nível para o outro.
Nos sistemas digitais, o valor exato da tensão não é importante: na figura 3, um valor de
tensão de 3,6 V terá o mesmo resultado que 4,5 V, pois estão dentro da mesma faixa de atuação.
Em sistemas analógicos, o valor exato da tensão é importante: como exemplo, se uma tensão
analógica é proporcional a uma temperatura medida por um transdutor, 3,6 V representa uma
temperatura diferente da equivalente a 4,5 V. Resumidamente, o valor da tensão representa uma
informação significativa.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 5
Figura 4 (a) A transmissão paralela usa uma linha de conexão por bit, e todos os bits são transmitidos simultaneamente;
(b) A transmissão serial usa uma linha de sinal, na qual os bits são transmitidos serialmente (um de cada vez).
Assim sendo, todo e qualquer número do sistema decimal utiliza obrigatoriamente apenas os
algarismos descritos anteriormente.
Porém, assim como infinitos são os números naturais, infinitos são os sistemas de
numeração!
Maior ênfase, no entanto, será dada aos sistemas binário (base 2), octal (base 8) e
hexadecimal (base 16), que são as bases de numeração mais utilizadas em diversos sistemas digitais.
São apresentados a seguir os conjuntos de algarismos ou dígitos que compõem cada um dos
sistemas de numeração supracitados:
Repare que, assim como no decimal, a base de cada sistema representa o numero de
algarismos que o compõe.
O sistema hexadecimal utiliza letras para representar quantidades maiores que nove
unidades porque nosso conjunto de caracteres hindu-arábicos não contém símbolos que representem
estas quantidades. O que utilizamos no dia-a-dia são números com dois ou mais algarismos decimais:
10, 11, 12, Etc.
No caso particular do sistema binário os algarismos 0 e 1 são chamados comumente de
BITS, do inglês: “BInary digiTS”.
Fica fácil, então, saber qual o maior algarismo de qualquer sistema de numeração se,
observando atentamente os conjuntos de algarismos anteriores, intuitivamente chegarmos à seguinte
conclusão:
M=B-1
Onde:
M = Maior algarismo do sistema de base B;
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 8
0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,...
Repare que a contagem sucedeu-se normalmente para cada acréscimo de uma unidade e que
tornou-se necessário o uso de um determinado “artifício” para que a contagem prosseguisse a partir de
dez unidades. Isto ocorreu, como já sabemos, porque o sistema decimal não dispõe de símbolos que
representem quantidades iguais ou maiores que dez unidades.
Para tanto torna-se necessário o uso do seguinte “artifício”: a contagem volta para zero e
acrescenta-se uma unidade à posição imediatamente superior (à esquerda).
Verifique esta regra nas contagens seguintes:
...10,11,12,13,...,18,19,20,21,...,29,30,31,...,98,99,100,...
Outro conceito importante para o estudo de números de uma determinada base é o da ordem
de significância. Dentro de um número dizemos que um algarismo qualquer é mais significativo ou
menos significativo que outro do mesmo número. Veja o exemplo a seguir:
31549
Neste número decimal notamos intuitivamente que, apesar do algarismo 1 possuir valor
isolado inferior ao dos demais (uma unidade), este possui um valor na estrutura do número muito maior
que o ocupado pelo 5, 4 e pelo 9. Basta lembrarmos que o 1 representa, dentro do número em questão,
um mil, enquanto os outros representam, respectivamente, cinco centenas, quatro dezenas e nove
unidades. Neste caso dizemos que o 1 é mais significativo que o 5, 4 e o 9. Daí concluímos que o
algarismo mais significativo do número acima é o 3, e que o 9 é o algarismo menos significativo, e que
o 5 é mais significativo que o 4 e menos significativo que o 1 e assim por diante.
No estudo de circuitos digitais que se utilizam de uma estrutura numérica binária é comum
o uso das siglas MSB (Most Significant Bit) para bits mais significativos e LSB (Least Significant Bit)
para bits menos significativos.
4- DECOMPOSIÇÃO DE NÚMEROS
Tal representação, na verdade, consiste em multiplicar cada algarismo do número pela base
elevada à ordem de significância deste algarismo, partindo do menos significativo (0) com acréscimo de
uma unidade para cada posição imediatamente superior, para finalmente serem adicionados.
Este processo é classificado como decomposição, pois basta executar a operação descrita
acima que a mesma resultará no próprio número em questão.
É importante lembrar que a base, no caso 10, elevada a um determinado expoente natural é
igual à 1 seguido de tantos zeros quantas forem as unidades do expoente.
Para qualquer sistema de numeração a decomposição segue o mesmo processo como pode
ser visto com a decomposição do numero binário a seguir:
4 3 2 1 0
(10101)2 = 1x2 + 0x2 + 1x2 + 0x2 + 1x2
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 10
Vale dizer também para este caso que a base elevada ao expoente é igual à 1 seguido de
tantos zeros quantos forem as unidades do expoente. Como pode ser visto na tabela de contagens que é
mostrada anteriormente podemos facilmente comprovar que:
0
2 = 1= (1)2
1
2 = 2= (10)2
2
2 = 4= (100)2
3
2 = 8= (1000)2
1 5 11
2 = 10 2 = 100000 2 = 100000000000
Conforme visto na tabela das páginas 8 e 9, uma determinada quantidade pode ser expressa
em qualquer sistema de numeração.
Por exemplo:
Como isto se verifica então é matematicamente possível a conversão entre os diversos sistemas
de numeração.
Veremos a seguir algumas técnicas para conversão entre algumas bases e seus procedimentos.
O método utilizado é o das divisões sucessivas que consiste em dividir o número decimal pela
base para a qual se deseja convertê-lo sucessivas vezes até que o último quociente seja menor que a
base divisora.
18 2
9 2
4 2
2 2
1
18 2
9 2
4 2
2 2
1
18 = 100102
Este processo, como já foi dito anteriormente, converte um número decimal em outro de
qualquer base.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 12
O método para esta conversão, conhecido como soma de potências da base, é bastante simples,
basta, primeiramente, decompor o número que se deseja converter para decimal.
4 3 2 1 0
100102 = 1x2 + 0x2 + 0x2 + 1x2 + 0x2
Após a decomposição executamos esta operação, não pela base, mas em decimal, ou seja,
3
para este exemplo 2 não será igual à 1000 mas igual à 8:
4 3 2 1 0
100102 = 1x2 + 0x2 + 0x2 + 1x2 + 0x2
= 1x16 + 0x8 + 0x4 + 1x2 + 0x1
= 16 + 0 + 0 + 2 + 0
Concluindo temos:
100102 = 18
8=2
(?)
Utilizando-se de um pouco de raciocínio lógico chegamos à seguinte conclusão:
3
8=2
Conclui-se que as bases em questão tem o número 3 como “fator de relacionamento” entre
elas.
Isto explica porque os processos para a conversão de binário para octal e vice-versa, são
conhecidos, respectivamente, por empacotamento e desempacotamento de 3 bits.
Observe o binário a seguir:
101000010
Para convertê-lo em octal executamos o empacotamento de três bits sempre a partir dos
bits menos significativos:
Agora convertemos cada pacote para decimal, pois todos os algarismos do sistema octal
(de 0 à 7) também pertencem ao sistema decimal:
5 0 2
1010000102 = 5028
5 0 2
Para tanto, convertemos cada algarismo octal em binário como se os mesmos fossem
decimais. É de suma importância relembrar que tal desempacotamento é de 3 bits, portanto acrescente
os zeros à esquerda que forem necessários:
5 0 2
5028 = 1010000102
Outros exemplos:
11110111002 = ? 8
1 7 3 4
11110112 = 17348
26208 = ? 2
2 6 2 0
26208 = 101100100002
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 14
4
16 = 2
Chegaremos à conclusão de que o método para converter um número binário em
hexadecimal e vice-versa é conhecido como, respectivamente, empacotamento e desempacotamento
de 4 bits.
Acompanhe os exemplos a seguir:
1011110111002 = ? 16
11 13 12
⇓ ⇓ ⇓
B D C
1011110111002 = BDC16
1110101001111112 = ? 16
7 5 3 15
⇓ ⇓ ⇓ ⇓
7 5 3 F
1110101001111112 = 753F16
8116 = ? 2
8 1
1000 0001
8116 = 100000012
3A416 = ? 2
3 A 4
3A416 = 11101001002
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 15
6- CÓDIGOS
A) Códigos decimais
Os códigos a seguir são comparados aos algarismos decimais da primeira coluna, pois tais
códigos tem como objetivo a codificação destes algarismos para utilização nos mais diferentes sistemas:
Os códigos 8421 e 84-2-1 são classificados como CÓDIGOS BCD (Binary Coded
Decimal), pois foram concebidos especificamente com a finalidade de codificar os algarismos decimais.
O código 8421 foi largamente empregado em máquinas decimais onde cada número que fosse operado
por estas máquinas seria convertido para este código.
O código 3 em excesso, ou simplesmente XS3 (do inglês: “eXcesS 3”) foi criado para
facilitar operações aritméticas, principalmente as de subtração em máquinas decimais.
Os códigos 2 entre 5 (“2 out of 5” – 2OF5) e biquinário foram largamente empregados na
transmissão de dados, pois sua estrutura, com uma quantia fixa de zeros e uns em cada número,
facilitava a detecção de erros de transmissão.
Os códigos 8421, 84-2-1 e biquinário são chamados de PONDERADOS, pois a
implementação de suas tabelas baseia-se na soma ponderada de valores.
23 = ? 8421
2 3
0010 0011
2310 = 001000118421
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 16
256 = ? XS3
2 5 6
25610 = 010110001001XS3
47 = ? BIQ
4 7
0110000 1000100
4710 = 01100001000100BIQ
Pergunta: Quantos bits são necessários para representar, em BCD 8421, o valor decimal 846569.
Solução: Cada dígito é convertido no código BCD 8421. Assim um número decimal de 6 dígitos requer
24 bits, pois cada algarismo deste código possui 4 bits:
8 4 6 5 6 9 (decimal)
1000 0100 0110 0101 0110 1001 (BCD 8421)
84656910 = 1000010001100101011010018421
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 17
B) Código de Gray
Este código foi concebido de modo que cada número diferencie do próximo ou do anterior
em apenas um bit.
Existem dois modos de implementar este código, o mais simples é através da tabela usando
a técnica do espelhamento. Observe:
Decimais Gray
0 0 0 0 0
1 0 0 0 1
2 0 0 1 1
3 0 0 1 0
4 0 1 1 0
5 0 1 1 1
6 0 1 0 1
7 0 1 0 0
8 1 1 0 0
9 1 1 0 1
10 1 1 1 1
11 1 1 1 0
12 1 0 1 0
13 1 0 1 1
14 1 0 0 1
15 1 0 0 0
C) Código ASCII
O código padrão americano para intercâmbio de informações (American Standard Code for
Information Interchange) é, atualmente, largamente utilizado nos sistemas computacionais, para a
comunicação entre periféricos, softwares ou mesmo entre computadores (via rede, cabo ou linha
telefônica).
A estrutura deste código é baseada na utilização de 7 bits conforme é visto logo abaixo:
8 7 6 5 4 3 2 1
Colunas Linhas
Exemplos:
1) Sol = ( ? )ASCII
S o l
2) Um operador está digitando um programa em BASIC. O computador converte cada tecla no código
ASCII equivalente e armazena o código com 8 bits na memória. Determine a cadeia de caracteres
binária que deve ser armazenada na memória quando o operador digita a seguinte instrução em BASIC:
if (x>3)
Solução: Localize cada caractere (inclusive o espaço – SPace) na tabela e transcreva o código ASCII de
cada um.
i 01101001
f 01100110
SP 00100000
( 00101000
x 01111000
> 00111110
3 00110011
) 00101001
Assim sendo, a cadeia de bits gerada pelo teclado e armazenada na memória será expressa do seguinte
modo:
A tabela a seguir mostra um pequeno resumo dos números decimais de 1 a 15, representados
nos sistemas binário (binário natural), hexa e nos códigos BCD8421 e Gray. Analise-a cuidadosamente
e veja se você entendeu como ela foi obtida. Observe, especialmente, que a representação BCD usa 4
bits para cada dígito decimal.
Curiosidades:
Exercícios Extras:
1- ADIÇÃO
Vamos primeiramente recordar uma operação de adição decimal considerando toda a sua
estrutura.
8 5 2
+ 1 7 4
1 0 2 6
1º) A soma é executada, inicialmente, com os dois algarismos menos significativos e prosseguindo
com os próximos em ordem de significância;
2º) Se a soma resultar em um número maior que nove (Ex.: 5+7 = 12) o menos significativo (2) compõe
o resultado e o mais significativo (1) é transportado (“vai um!”) para a soma seguinte;
3º) Assim sendo, após a soma menos significativa, as somas seguintes serão de três algarismos: o do
primeiro número, o do segundo e o transporte gerado pela soma anterior.
Observação: se não houver transporte da soma anterior esta pode ser feita considerando o transporte
igual a ZERO, o que não altera o resultado:
8 5 2
+ 1 7 4
1 0 2 6
4º) Se após a última soma for gerado um transporte, este comporá o resultado como o algarismo mais
significativo.
Foi necessário explicitar procedimentos que são quase automáticos na execução de uma soma
porque, para uma soma binária, o procedimento é exatamente o mesmo.
Observe as considerações seguintes que explicitam a soma de bits:
Resultado:
0+0= 0 0
0+1= 1 1
1+0= 1 1
1+1= 10 0 e vai 1
1+1+1= 11 1 e vai 1
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 23
Seguindo o que foi explicitado anteriormente, qualquer soma binária poderá ser executada com
os mesmos procedimentos:
1 1 1 0
+ 1 1 1
1 0 1 0 1
1 0
+ 1 1
1 0 1
2- SUBTRAÇÃO
6 4
- 2 8
Os números mostram uma operação possível (64-28), porém a primeira subtração (4-8) necessita
de um mecanismo para ser executada, conhecido como empréstimo.
Nesse caso “pega-se emprestado” uma unidade da posição seguinte (6), sendo que uma unidade
dessa posição equivale à dez unidades (base deste sistema de numeração) da posição anterior; assim
sendo, a operação 4-8 passa a ser 14-8, tornando a operação possível (14-8=6):
6 14
- 2 8
6
Tendo o algarismo mais significativo emprestado uma unidade para o algarismo anterior, a
operação 6-2 passa a ser 5-2.
5 4
- 2 8
3 6
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 24
O processo de empréstimo pode ainda ser explicitado com duas operações de subtração: a
primeira subtrai a unidade emprestada (1) do primeiro algarismo (6), na outra, o segundo algarismo (2)
subtrai o resultado dessa primeira operação (5).
6 4
-
5
- 2 8
3 6
1 1 0
- 1 0 1
Para a primeira operação (0-1), torna-se necessário o mecanismo do empréstimo. Nesse caso a
operação 0-1 passa a ser 10-1, cujo resultado será 1.
1 1 10
- 1 0 1
1
1 1 0
-
0
- 1 0 1
0 1
1 1 0
- 1 0 1
0 0 1
1102 - 1012 = 12
O que foi feito com a operação empréstimo foi simplesmente transformar, em termos decimais,
a operação 0-1 em 2-1, o que resultou em 1 mais a geração de um empréstimo por parte do algarismo
seguinte.
Portanto, para fins de facilitar a operação de subtração binária, seguiremos os postulados a
seguir:
Resultado:
0-0= 0
1-1= 0
1-0= 1
0-1= 1 1 ( 1 e empresta 1 )
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 25
1 1 0 1 0
- 0 0
1 1 0 1
0 1 1 0 1
1 1 0 0 0 1
- 0 1
1 1 0 1
1 0 0 1 0 0
IV-ALGEBRA BOOLEANA
1- LÓGICA
Inspirado no processo de “investigação Socrática” e nas leis da lógica (também criada por
Sócrates), George Boole (1815-1864) apresentou em 1854, através de sua obra “An Investigation of the
Laws of Thought” (“Uma Investigação das leis do Pensamento”), um sistema matemático de análise
lógica conhecido por Álgebra de Boole ou simplesmente Álgebra booleana.
Neste modelo matemático analisam-se as ocorrências do universo, ou de um sistema fechado,
não como variáveis que podem assumir infinitos valores positivos ou negativos, mas como variáveis
que podem assumir apenas dois valores.
Se pensarmos bem a respeito, praticamente qualquer ocorrência do cotidiano, do universo ou de
um pequeno sistema pode ser representada assumindo apenas uma de duas posições:
Sim Não
Verdadeiro Falso
Alto Baixo
Cheio Vazio
Aceso Apagado
Aberto Fechado
Saturado Cortado
Ligado Desligado
84 anos mais tarde o engenheiro americano Claude Elwood Shannon utilizou-se das teorias da
álgebra booleana através de dois algarismos que representavam perfeitamente suas dualidades e são
chamados de níveis lógicos:
1 0
Sim Não
Verdadeiro Falso
Alto Baixo
Cheio Vazio
Aceso Apagado
Aberto Fechado
Saturado Cortado
Ligado Desligado
A álgebra booleana, assim como a álgebra convencional, prevê o uso de operações matemáticas
básicas donde se derivam todas as outras operações ou funções booleanas.
Estas operações ou funções básicas são três:
E ou AND;
OU ou OR;
NÃO ou NOT.
A função OU ou OR, também conhecida como união ou disjunção, por sua vez estabelece que
este mesmo resultado será alcançado se pelo menos uma das condições for satisfatória.
Exemplo: Em minha casa, haverá consumo de energia elétrica se uma lâmpada acender OU se a
televisão for ligada OU se eu utilizar o chuveiro OU ...
Repare que na função OR se mais de uma ou todas as condições forem satisfeitas o resultado
também será alcançado.
Para a função NÃO ou NOT, também conhecida como complemento ou inversão, nós temos
que o resultado será alcançado se negarmos uma determinada condição.
Exemplos: Estabelecemos o ganho estático do transistor se este NÃO receber sinal de entrada;
Meu fornecimento de energia elétrica será cortado se eu NÃO pagar a conta em dia;
No retificador de meia onda haverá corrente na carga se o diodo NÃO estiver cortado.
Parece simples, mas apenas estas três funções básicas são suficientes para gerar qualquer função
booleana por mais complexa que seja e, conseqüentemente, qualquer sistema eletrônico digital
complexo possui estas três funções como unidades constituintes básicas.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 28
3- TABELA-VERDADE
A tabela-verdade é uma técnica que descreve como a saída de um circuito lógico depende
dos níveis presentes nas entradas do mesmo.
A figura abaixo ilustra a tabela-verdade para um circuito lógico qualquer. Essa tabela
relaciona todas as combinações possíveis para os níveis lógicos presentes nas entradas.
Os níveis lógicos da função de saída (X) dependem da natureza do circuito, ou seja, das
particularidades do projeto.
Observe atentamente a primeira tabela, de 2 variáveis: A primeira linha da primeira tabela
mostra que quando as entradas A e B forem iguais a 0, a saída X será nível 1. A segunda linha mostra
que quando A=0 e B=1, a saída X torna-se 0. Da mesma maneira, a tabela mostra o que acontece com o
estado lógico da saída para qualquer conjunto de todas as condições possíveis de entrada.
Exemplos de tabela-verdade para circuitos de: (a) duas entradas (b) três entradas (c) quatro entradas
As figuras (b) e (c) mostram exemplos de tabelas para circuitos lógicos de 3 e 4 variáveis de
entrada. Veja novamente que cada tabela relaciona, no lado esquerdo, todas as combinações possíveis
para os níveis lógicos de entrada e, no lado direito, os níveis lógicos resultantes para a saída X. É
evidente que o valor atual da saída X depende do tipo de circuito lógico projetado.
Observe que há quatro linhas para uma tabela de duas entradas, oito linhas para 3
entradas e 16 linhas para 4 entradas. O número de todas as combinações possíveis de entrada é
expresso pela seguinte fórmula:
2V = L
onde : V = Número de variáveis de entrada;
L = Número de linhas.
Questões de revisão:
1. Qual será o estado lógico da saída para o circuito de quatro entradas representado na figura (c)
quando todas as entradas, exceto a B, forem nível 1?
2. Repita a questão 1 para as seguintes condições de entrada: A=1, B=0, C=1 e D=0.
3. Quantas linhas devem ter uma tabela que representa um circuito de cinco entradas?
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 29
4- PORTAS LÓGICAS
Portas lógicas, é como são conhecidos os circuitos que executam as funções booleanas básicas
e suas combinações, portanto são os circuitos mais simples de qualquer sistema digital.
As portas lógicas são classificadas em três grupos: Básicas, universais e comparadoras.
As portas lógicas básicas são aquelas que executam as funções booleanas básicas.
As universais são combinações de portas básicas e possuem esta classificação por serem
utilizadas para implementar todo e qualquer tipo de circuito digital, inclusive portas básicas e
comparadoras.
As duas portas comparadoras também são combinações das portas básicas e são assim
classificadas por gerarem a função XOR (“xisór”) ou OU-EXCLUSIVO e a função XNOR (“xisnór”),
também conhecida por NOR-EXCLUSIVO ou CKT COINCIDÊNCIA. São funções específicas para
comparação de duas condições, declarando-as iguais ou diferentes.
Por tratarem-se de circuitos, as portas lógicas trabalham com valores específicos de tensão que
variam de acordo com seu tipo de construção. As portas lógicas identificam os níveis lógicos através
destes valores de tensão em suas entradas e respondem, em suas saídas, com tais valores que também
são interpretados como níveis lógicos por outros circuitos.
Os circuitos digitais que são construídos utilizando lógica de transistores (família TTL), por
exemplo, identificam níveis de 5V ou pouco menos como nível 1 e níveis de 0V ou um pouco mais
como nível 0.
Será mostrado, no próximo módulo, as principais famílias lógicas, suas implementações e
particularidades. Por enquanto veremos as características de todas as portas lógicas:
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 30
A) Porta E ou AND
+
Y
Função:
Y=A B .
Tabela verdade: Diagrama de Venn:
A B Y
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Tanto pelo circuito discreto como pela tabela verdade, que representam as variáveis de entrada
com as letras A e B e a função de saída por Y, notamos a representação da função que esta porta
executa, a função AND.
Quanto ao circuito discreto note que a lâmpada apenas acenderá se as chaves A E B estiverem
fechadas.
Pela tabela verdade, perceba que a saída somente estará em nível 1 se a entradas A E B
estiverem também em nível 1.
Ou podemos dizer de outro modo: Basta que uma das entradas seja igual à zero para que a
saída seja também zero.
A função acima representada pelo operador “.” é assim lida: “Y é igual à A e B”.
A interpretação do diagrama de Venn mostra que a função “E” gera a interseção dos conjuntos
A e B, pois o único resultado satisfatório para esta função está nos elementos que são dos conjuntos A E
B.
A porta AND pode ter duas ou mais entradas, portanto tudo o que foi visto acima vale para
qualquer porta AND, independentemente de seu número de entradas, bastando acrescentar o número de
elementos correspondentes às entradas excedentes.
Semelhante à álgebra convencional, a função AND pode, também, ser escrita desta forma:
Y=AB
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 31
B) Porta OU ou OR
+
B Y
Função:
Y=A+B
1 0 1
1 1 1
Questões de revisão:
4. Qual é o único conjunto de condições de entrada que produz uma saída BAIXA para qualquer porta
OR?
6. Qual é a única combinação de entrada que produz uma saída em nível ALTO em uma porta AND de
cinco entradas?
7. Qual nível lógico deve ser aplicado à segunda entrada de uma porta AND de duas entradas, para que
o sinal lógico na primeira entrada seja desabilitado (impossibilitado de alterar a saída)?
8. Verdadeiro ou falso: A saída de uma porta AND sempre será diferente da saída de uma porta OR
para as mesmas condições de entrada.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 32
+
A Y
Função:
Y= A
1 0
O circuito discreto e a tabela mostram que a saída será sempre o inverso, negação ou
complemento da entrada, ou seja, a lâmpada só acenderá se a chave NÃO fechar e, pela tabela, a
saída será 1 se a entrada for 0 e vice versa.
Para o diagrama de Venn, note que a função é representada pela negação da variável, pois o
resultado esperado está em todos os elementos que NÃO pertencem ao conjunto A.
A função representada por uma linha sobreposta à variável é assim lida: “Y é igual à A
invertido” ou “Y é igual à A negado” ou “Y é igual à A barrado”.
Esta é a única porta lógica que possui apenas uma entrada por motivos óbvios.
O símbolo aqui demonstrado representa a porta NOT em seu estado isolado, pois, na grande
maioria das vezes, ela sempre estará associada à algum circuito digital, sendo identificada por um
pequeno círculo em um terminal de entrada ou de saída do mesmo.
Questões de revisão:
9. A saída do inversor é conectada à entrada de um segundo inversor. Qual o nível lógico de saída se a
entrada for 0? Qual o nível lógico de saída se a entrada for 1?
10. A saída da porta AND de duas entradas é conectada à entrada de um INVERSOR. Determine a
tabela-verdade, mostrando a saída Y do INVERSOR para cada combinação das entradas A e B.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 33
A
+
Y
B
Função:
Y = A .B
0 0 1
0 1 1
1 0 1
1 1 0
Esta é a primeira das duas portas universais. Fica claro que esta porta é, na verdade, a
combinação da porta AND com a INVERSORA, ou podemos dizer: esta porta gera a função AND
negada, ou ainda, o complemento da função AND.
Tanto o circuito discreto como a tabela e o diagrama de Venn evidenciam que esta porta gera
uma função que é exatamente o complemento da função AND: basta que uma das entradas seja 0
para que a saída seja 1.
A função supracitada é assim lida: “Y é igual à A e B barrados” ou “Y é igual à A e B negados”.
Assim como a AND esta porta pode ter mais de uma entrada.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 34
+
A B Y
Função:
Y= A+B
Questões de revisão:
11. Qual é o único conjunto de condições de entrada que produz uma saída nível ALTO em uma porta
NOR de três entradas?
12. Determine o nível lógico da saída do circuito na figura abaixo para A=B=1 e C=D=0.
13. Troque a porta NOR da figura da questão anterior por uma porta NAND, e troque a porta NAND
por uma porta NOR. Qual é a nova expressão para X?
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 35
Função:
Y = A⊕B
0 1 1
1 0 1
1 1 0
+
Y
Função:
Y = A⊗B
1 0 0
1 1 1
No caso particular das duas portas comparadoras, as mesmas têm como função comparar
dois níveis, exatamente por isso não existem portas comparadoras com mais de duas entradas.
Se uma comparação entre mais de duas entradas for necessária, duas ou mais portas serão
usadas em conjunto, porém, os efeitos não serão sempre os mesmos de uma única porta, ou seja, nem
sempre a função XNOR será o complemento da XOR! Isto será explicitado em momento oportuno.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 37
É obvia a necessidade da boa análise de um circuito digital para que a compreensão de sua
função e utilidade possam ser bem assimiladas.
Uma das análises que pode ser efetuada é demonstrada nos circuitos a seguir, de onde são
extraídas as expressões de saída, através da análise de cada função básica, porta-a-porta, desde as
entradas.
Qualquer circuito lógico pode ser descrito usando os três operandos booleanos básicos,
porque as portas OR, AND e NOT são os blocos fundamentais dos sistemas digitais. Considere a figura
(a) abaixo; usando as expressões booleanas de cada porta, podemos determinar a expressão lógica de
saída:
Sempre que um INVERSOR estiver presente em um circuito lógico, a expressão para a saída
do INVERSOR será igual à expressão de entrada com uma barra sobre ela:
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 38
Outros exemplos:
Y = AB ⊕ BC
W = F + G + H + HI
X = HIF
Outra análise que ajuda muito a entender a implementação de um circuito digital é a verificação
de seu funcionamento com níveis lógicos escolhidos aleatoriamente ou de uma linha da tabela verdade
correspondente.
Esta analise porta-a-porta mostra o efeito causado por estes níveis de entrada até resultar na
verificação dos níveis de saída.
Este tipo de verificação do funcionamento dos circuitos digitais é conhecida como análise bit-a-
bit. Observe os exemplos seguintes:
F=0
A=0
G = 0 W =1
B =1 Y =1
H=0 X=0
C=0
I =1
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 39
Os métodos de análise de circuitos digitais vistos aqui ajudam muito na compreensão dos
circuitos que veremos nos capítulos seguintes.
Todos os circuitos que vimos anteriormente são classificados como circuitos combinacionais,
ou seja, circuitos digitais cujo estado da saída depende única e exclusivamente do estado das
entradas.
Parece uma afirmação extremamente óbvia, mas existem circuitos em que a classificação
anterior não é verdadeira, ou seja, o estado das saídas não depende apenas dos estados de entrada; tais
circuitos serão estudados no próximo módulo.
Questões de revisão:
Cada entrada da porta OR tem um termo que é um produto lógico AND, o que significa que
uma porta AND, com as entradas apropriadas, pode ser usada para gerar cada um desses termos. Isso é
indicado na Figura (b), que mostra o diagrama final do circuito:
Questões de revisão:
A grande maioria dos problemas do cotidiano pode ser resolvida através de “soluções digitais”,
observe a situação proposta abaixo:
O problema consiste em ligar automaticamente a bomba para encher a caixa d’água com a água
do poço, mas tal acionamento não pode ocorrer se o poço estiver seco ou a caixa d’água cheia.
O primeiro passo é considerar as variáveis e funções do problema: fazendo uma atenta
observação fica claro que a bomba será ou não acionada em função do poço e da caixa, portanto as
variáveis do problema são a caixa e o poço que determinarão o estado lógico da bomba (função do
problema).
O segundo passo é definir os estados das variáveis e da função de forma binária, ou seja,
considerando apenas dois estados para cada um:
NOTA: não há obrigatoriedade nem regra que defina qual dos dois estados deve ser 1 ou 0, ficando a
cargo do projetista decidir sua preferência, ou para fins de facilitar a simplificação do projeto ou por
mera comodidade ou convenção pessoal.
A partir daí o terceiro passo é montar a tabela verdade das variáveis e da função de saída
conforme é visto a seguir:
P CB
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 43
Com isto chegamos à conclusão de que o circuito que executará a tarefa de chavear a bomba
d’água nas condições supramencionadas é uma porta AND, conforme a figura a seguir:
Nem sempre os projetos de circuitos digitais resolvem situações problema através de uma tabela
verdade tão simples, infelizmente. Para tanto existem técnicas para extrair funções booleanas de tabelas
mais complexas.
Existem duas formas de extração: conjuntiva e disjuntiva.
Observe a tabela de oito linhas* abaixo originada de um projeto qualquer:
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 1 1
1- FORMA CONJUNTIVA
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 1 1
A B C Y
0 0 0 0 A+ B+C
0 0 1 0 A+ B+C
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0 A+ B+C
1 0 1 1
1 1 0 0 A+ B+C
1 1 1 1
A B C Y
0 0 0 0 A+ B+C
0 0 1 0 A+ B+C
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0 A+ B+C
1 0 1 1
1 1 0 0 A+ B+C
1 1 1 1
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 45
( )(
Y = (A + B + C ) • A + B + C • A + B + C • A + B + C )( )
ou
( )(
Y = (A + B + C ) A + B + C A + B + C A + B + C )( )
Esta forma, por motivos aparentes, é também conhecida como produto de somas.
2- FORMA DISJUNTIVA
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 1 1
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 1 A. B .C
0 1 1 1 A. B .C
1 0 0 0
1 0 1 1 A. B .C
1 1 0 0
1 1 1 1 A. B .C
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 46
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 1 A.B .C
0 1 1 1 A.B .C
1 0 0 0
1 0 1 1 A.B .C
1 1 0 0
1 1 1 1 A. B .C
Observe os circuitos que são originados das funções anteriores, extraídas de uma mesma tabela:
Perceba que são circuitos bem diferentes, mas que foram originados da mesma tabela,
portanto executam a mesma função. Comprove isto efetuando uma análise bit-a-bit de ambos,
escolhendo qualquer linha da tabela e colocando nas entradas dos dois circuitos os níveis
correspondentes e verificando as saídas que, considerando o exposto anteriormente, terão o mesmo
nível lógico.
Apesar de originarem circuitos que geram a mesma função de saída, a forma de extração
mais utilizada é a disjuntiva.
Primeiro porque favorece simplificação mais facilitada para funções complexas, devido ao
fato de uma função nesta forma ser semelhante às equações da álgebra convencional com a qual
estamos mais familiarizados.
Segundo porque o pensamento humano tende a assumir a forma disjuntiva, ou seja, é mais
cômodo mentalmente atribuirmos o nível 1 para estados “ligados” ou “acesos”, por exemplo.
O terceiro motivo é que os métodos mais avançados de simplificação de funções se aplicam
apenas a funções disjuntivas.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 48
A) Propriedade da UNIÃO
Como o nome sugere é aplicável à função OR. É composta por 2 axiomas que explicitam
qual dos níveis é seu elemento neutro e qual não é:
A+0= A
B +1 = 1
Exemplos:
AB + CF + 1 + A B C = 1
A DF + FAB + 0 = A DF + FAB
B) Propriedade da INTERSEÇÃO
Análoga à propriedade anterior, esta é aplicável à função AND. É também composta por 2
axiomas:
A.1 = A
B.0 = 0
Exemplos:
AB + AC + A0C = AB + AC
AD1 + FA = AD + FA
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 49
C) Propriedade da TAUTOLOGIA
Esta propriedade se aplica tanto para a função AND como para a OR e consiste
simplesmente na “eliminação de repetições”. Eis os seus axiomas:
A.A = A
B+B =B
Exemplos:
AB + AC + AB = AC + AB
XYYX + WZ + WZWZ = XY + WZ
É aplicável tanto à função AND, como para a OR, e especifica o resultado da operação de
uma variável ou termo com seu complemento:
A.A = 0
B+B =1
Exemplos:
AB + AC + AB = 1
XZ Z + WYZ = WYZ
A= A
B=B
Podemos concluir, então, que se negarmos uma variável, termo ou função um número par de
vezes é o mesmo que não negar, e se negarmos um número impar de vezes, é o mesmo que negar uma
vez só.
Existem circuitos que se utilizam de várias portas NOT num único canal sem constituir, com
isto, uma falha na simplificação; isto se deve ao fato de que a porta NOT é um dispositivo eletrônico,
portanto possui um tempo de resposta ou tempo de propagação. Para alguns circuitos digitais em
particular o tempo gasto para que um determinado nível lógico seja transmitido de um ponto à outro
deste circuito é de importância comprometedora ou até mesmo VITAL para a sua correta
operacionalidade.
Portanto uma solução prática para resolver problemas causados por tempo de propagação
num circuito digital é simplesmente inserir tantas inversoras quantas forem necessárias para gerar um
atraso na transmissão de um determinado nível lógico num ponto do circuito em que tal atraso for
necessário para seu perfeito funcionamento.
NOTA: O tempo de propagação de portas NAND e NOR está em torno de 15 nanosegundos e o de uma
inversora é igual ou pouco menor que 10 nanosegundos.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 50
EXEMPLO:
F) Propriedade COMUTATIVA
Semelhante a álgebra convencional. Lembra uma antiga frase matemática: “a ordem dos
fatores não altera o produto”:
A.B = B.A
B+A = A+B
Exemplos:
AB + AC + BC = AC + AB + BC = BC + AC + AB
XYZ = XZY = YXZ = YZX = ZXY = ZYX
G) Propriedade ASSOCIATIVA
A(B .C ) = ( A. B )C = B ( A.C ) = A. B .C
A + (B + C ) = ( A + B ) + C = B + ( A + C ) = A + B + C
Perceba que esta propriedade nos esclarece como podemos implementar funções básicas
com mais de 2 variáveis, utilizando 2 ou mais portas do mesmo tipo.
H) Propriedade DISTRIBUTIVA
AB + AC = A(B + C )
XW ( Z + Y ) = WXZ + WXY
Para efeito de recordação, esta propriedade também é conhecida no vulgo como fatoração
por termos comuns, onde o termo comum é colocado “em evidência”, na parte externa esquerda do
conjunto entre parênteses.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 51
I) Propriedade da ABSORÇÃO
Esta é outra das propriedades que são particulares à álgebra booleana e é representada por
três axiomas, aqui apresentados com suas respectivas comprovações:
1) A + AB = A
A + AB = A(1 + B ) = A.1 = A
2) ( A + B ).( A + C ) = A + BC
( A + B )(. A + C ) = AA + AC + AB + BC = A + AC + AB + BC = A(1 + C + B ) + BC =
A.1 + BC = A + BC
3) A + AB = A + B
( )
A + AB = A.1 + AB = A( B + 1) + AB = AB + A + AB = A + B A + A = A + B.1 = A + B
Podemos expandir este 3° axioma em um 4°, que na verdade é o mesmo, porém visto sob um
segundo ponto de vista:
4) A + AB = A + B
A + AB = A.1 + AB = A( B + 1) + AB = AB + A + AB = A + B ( A + A) = A + B
Questões de Revisão
20. Simplifique:
a) y = AC + ABC
b) y = A BC D + A BC D
c) y = AD + ABD
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 52
A + B = A.B A.B = A + B
= =
Tais axiomas podem ser comprovados através de propriedades da álgebra de Boole, mas a
forma mais fácil e rápida de fazê-lo é através de tabelas verdade:
A B A B A+ B A.B AB A+ B
0 0 1 1 1 1 1 1
0 1 1 0 0 0 1 1
1 0 0 1 0 0 1 1
1 1 0 0 0 0 0 0
EXEMPLOS
Observe agora alguns exemplos de redução de funções complexas utilizando algumas das
propriedades que acabamos de conhecer:
Y = EGL + E G L + EGL + EG L
( ) ( )
= EL G + G + EG L + L = EL(1) + EG (1)
y = EL + EG
W = FH J + FHJ + F HJ + F H J
( ) ( ) (
= FH J + J + F H J + J = FH + F H = H F + F )
W =H
Na última simplificação logo acima nota-se algo muito interessante: chegou-se à conclusão
que a função W pode ser implementada simplificadamente, não com algumas portas lógicas, mas
apenas com um fio que transmita a variável H à função. Outra conclusão interessante alcançada com a
simplificação é que as variáveis F e J não exercem influência importante na função (são inúteis).
Tais ocorrências são mais comuns do que se imagina. Em quase todos os projetos, apenas
com a simplificação, o projetista conclui que uma ou outra variável considerada em sua idealização, na
verdade não tem importância vital na boa operacionalidade do circuito.
Questões de revisão:
21. Aplique DeMorgan nas expressões abaixo de modo que apresentem inversões apenas em variáveis
simples:
a) z = ( A + B).C
b) y = R ST + Q
22. Implemente um circuito que tem como expressão de saída z = A.B.C usando apenas uma porta
NOR e um INVERSOR.
23. Use os teoremas de DeMorgan para converter y = A + B + C D em uma expressão que contenha
inversões apenas em variáveis simples.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 54
A A
B
B
O padrão de construção deste método gráfico está explicitado no mapa de Karnaugh de duas
variáveis acima: perceba que as variáveis e seus complementos identificam duas células cada do plano
dividido em quatro células.
A ordem de colocação das variáveis e complementos não importa, o que é de fato muito
importante para o bom desempenho do mapa é que as variáveis devem estar diretamente em oposição
aos seus complementos, ou seja, se o mapa for desenhado com a variável A numa das colunas seu
complemento A deve estar na coluna oposta, assim como a variável B deve estar na linha (ou na
coluna) oposta à B . Observe os exemplos a seguir:
A A B B B B
B A A
B A A
Deste modo cada célula do mapa é identificada por duas variáveis, assim sendo cada célula
constitui um termo possível em uma função de duas variáveis:
B B
A AB AB
A AB AB
A A
C C C
Visto que já existem no mapa anterior 2 colunas e 2 linhas, para a construção de um mapa de
3 variáveis é necessário “encaixar” uma terceira variável dividindo-se as colunas.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 55
O que foi dito anteriormente a respeito da colocação das variáveis para a identificação de
cada linha e coluna é válida também para o mapa de três variáveis, aliás, tal regra é válida para qualquer
mapa de Karnaugh.
Assim temos neste mapa cada variável identificando quatro células. Deste modo cada célula
representa um termo possível em funções de três variáveis:
A A
B A BC A BC A BC A BC
C C C
NOTA: perceba que o número de células de um mapa de Karnaugh é o mesmo número de linhas de
uma tabela verdade de mesmo número de variáveis, assim sendo sua construção obedece à
mesma fórmula:
A A
D D D
Agora, para “encaixarmos” uma quarta variável, foi necessária a divisão das linhas.
Neste mapa em particular não somente as laterais são adjacentes por efeito de sua
tridimensionalidade, mas também a borda superior é adjacente à inferior; como exemplo, temos que no
mapa acima a célula A BC D é adjacente à A BC D , ABCD é adjacente à ABC D , e a célula ABC D
é, ao mesmo tempo, adjacente à ABC D e ABC D .
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 56
Observe agora como utilizar o mapa de Karnaugh para simplificar uma função:
Y = AB + AB
B B
A 1
A 1
NOTA: qualquer símbolo pode ser utilizado para “marcar” a célula que corresponde a um termo da
função, porém o mais utilizado é o bit 1, talvez para lembrar ao projetista que tal termo foi
originado de uma linha da tabela onde a função é igual a 1. Em conseqüência as outras
células não marcadas possuem valor 0.
B B
A 1
A 1
NOTA: esta conclusão se deve à eliminação através da propriedade dos complementos da álgebra
booleana:
( )
X A + A = X (1) = X
Y =B
W = F H J + FHJ + F HJ
F F
H 1 1
H 1
J J J
Você percebeu que não foi formada uma malha de três células, mas duas malhas de duas
células cada?
A regra é a seguinte: uma malha do mapa de Karnaugh só poderá conter um número de
células que seja potência de 2.
Portanto, até o mapa de quatro variáveis, as malhas somente conterão 2, 4, 8 ou 16 células.
Identificamos, então, a primeira malha:
F F
H 1 1
H 1
J J J
F F
H 1 1
H 1
J J J
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 58
W = FJ + HJ
Utilizando álgebra o projetista pode ainda optar por reduzir a função simplificada acima:
W = J (F + H )
Outro exemplo:
Y = EGL + E G L + EGL + E G L
G 1 1
1 1
Você se lembra de que o mapa de três variáveis possui as laterais adjacentes, como um mapa
mundi? Observe:
G 1 1
1 1
Y =L
NOTA: foi formada uma quadra no lugar de dois pares porque quanto maior for a malha maior será
a simplificação. Isto ocorre em qualquer caso.
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 59
Agora temos duas oitavas (malhas de oito células); basta lembrar que o mapa de quatro
variáveis possui, além das laterais, as bordas superior e inferior adjacentes:
A A
C 1 1 1 1 B
1 1
C B
1 1
1 1 1 1 B
D D D
V = A+ B
A A
1 1 D
B
1 1
D
1 1
B
1 1 D
C C C
Duas quadras:
Z = C D + CD
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 60
A A
1 1 D
B
D
1 1 1 1
B
D
C C C
X = BC D + BD
3- FUNÇÕES INCOMPLETAS
Existem funções booleanas incompletas, que são aquelas em que certos termos não
possuem alguma (s) variável (is). Observe alguns exemplos abaixo:.
Y = ABC + AC + A BC
W = A B + A BC
Z = A B + ABC + AC
Para simplificar funções incompletas de três variáveis através do mapa de Karnaugh, basta
lembrarmos de alguns detalhes a respeito do mapa de três variáveis:
1
A
1 1 1
A
1 1 1 1
A
1 1 1 1
Y =A
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 62
C 1
1
B
E o segundo termo:
C 1
1
Neste caso a célula do segundo termo coincidiu com uma das células do primeiro, o que não
causa problema algum no processo.
Por fim, a simplificação:
A
C
1
W = AB
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 63
1 1
B 1 1
Z=A
1
B
1
B
1 1
D
C
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 64
1 1 1
B
1 1 1 1
D
Quarto termo, que coincide com duas células da quadra anterior, ou seja, sem problemas:
1 1 1
B
1 1 1 1
D
Último termo:
1 1 1 1
B
1 1 1 1
D
C
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 65
A
B
1 1 1 1
1 1 1 1
D
V =B
1 1
D
1 1
C
X = BD
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 66
D
A
1 1
C
1 1
U = BC
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 67
Existem funções booleanas que não admitem simplificação, nem mesmo pelo mapa de
Karnaugh. Observe alguns exemplos a seguir:
Y = AB + A B
Z = A B + AB
W = ABC + ABC
U = ABC + ABC + ABC + ABC
X = ABCD + ABCD + ABCD
V = ABCD + ABCD + ABCD + ABCD + ABCD + ABCD + ABCD + ABCD
Y = AB + AB = AB + AB
Y = AB . AB
NOTA: mais à frente veremos como fazer com que uma porta lógica execute uma função diferente da
que ela gera. Deste modo as inversoras do CKT acima seriam substituídas por portas NAND
que executem a função NOT, tornando o referido CKT ainda menor fisicamente.
W = ABC . ABC
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 68
Existem funções específicas que podem ser implementadas apenas com portas XOR ou
XNOR.
A fim de facilitar a identificação das mesmas, começaremos a análise pelos casos mais
simples, ou seja, extraindo as funções das portas XOR e XNOR:
XOR XNOR
AB + AB AB + AB
A A A A
B 1 B 1
B 1 B 1
Estas funções apresentam uma característica bem particular: o mapa de Karnaugh apresenta
suas células marcadas distribuídas como num tabuleiro de xadrez.
Portanto temos a seguir algumas das funções comparadoras, ou seja, podem ser
implementadas apenas com portas XOR ou XNOR; observe seus mapas de Karnaugh:
Y = AB + AB
A A
B 1
B 1
Z = AB + AB
A A
B 1
B 1
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 69
1 1
B 1 1
1 1
B
1 1
D
1 1
1 1
No caso das portas comparadoras (XOR e XNOR), como já visto em capítulos anteriores,
sabemos que ambas as funções são complementares (inversas entre si), portanto as seguintes igualdades
são válidas:
A ⊕ B = A ⊗ B ou A ⊕ B = A ⊗ B
XOR → A ⊕ B ⊕ C = A ⊕ (B ⊕ C) = (A ⊕ B ) ⊕ C = B ⊕ (A ⊕ C)
XNOR → A ⊗ B ⊗ C = A ⊗ (B ⊗ C) = (A ⊗ B ) ⊗ C = B ⊗ (A ⊗ C)
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 70
A B C A ⊕ (B ⊕ C) (A ⊕ B ) ⊕ C B ⊕ (A ⊕ C)
0 0 0 0 0 0
0 0 1 1 1 1
0 1 0 1 1 1
0 1 1 0 0 0
1 0 0 1 1 1
1 0 1 0 0 0
1 1 0 0 0 0
1 1 1 1 1 1
A B C A ⊗ (B ⊗ C) (A ⊗ B ) ⊗ C B ⊗ (A ⊗ C)
0 0 0 0 0 0
0 0 1 1 1 1
0 1 0 1 1 1
0 1 1 0 0 0
1 0 0 1 1 1
1 0 1 0 0 0
1 1 0 0 0 0
1 1 1 1 1 1
A ⊕ B ⊕ C = A ⊗ B ⊗ C ou A ⊕ B ⊕ C = A ⊗ B ⊗ C
Se semelhante análise for feita com quatro e cinco variáveis teremos a seguinte constatação:
A ⊕B⊕C⊕ D = A ⊗B⊗C⊗D
A⊕B⊕C⊕D⊕E = A⊗B⊗C⊗D⊗E
Para que se possa identificar corretamente qual das portas (XOR ou XNOR)
verdadeiramente corresponde à tabela de uma determinada função que se deseja implementar, devemos
seguir alguns procedimentos:
Primeiramente verificamos se a expressão a ser simplificada se trata de uma função
comparadora, ou seja, se é possível implementá-la utilizando apenas portas XOR ou XNOR. Para isto,
analisamos o mapa de Karnaugh e observamos se o mesmo tem o aspecto de tabuleiro de xadrez.
Em caso afirmativo, comparamos as quatro primeiras linhas da tabela verdade com a porta
XOR, apenas, visto que, como foi observado acima, pode haver complementação ou semelhança com a
função XNOR, gerando possível confusão. Daí utilizarmos apenas a função XOR como referência de
comparação.
Observe o exemplo a seguir, que mostra a tabela-verdade da função U seguida de sua
implementação:
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 71
A B C U
0 0 0 1
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 0
1 1
B 1 1
Nota-se que, além da função não apresentar simplificação possível, ela possui o aspecto de
tabuleiro de xadrez, ou seja, é uma função comparadora, portanto é possível a sua implementação
utilizando apenas portas comparadoras.
Para efetuar esta simplificação, observemos as 4 primeiras linhas de sua tabela:
A B C U
0 0 0 1
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 0
Perceba que as quatro primeiras linhas correspondem à tabela da porta XOR negada ( XOR ).
Vamos resumir o que concluímos até aqui para a função U:
U = A ⊕ B ⊕ C = (A ⊕ B ) ⊕ C ou U = A ⊗ B ⊗ C = (A ⊗ B ) ⊗ C
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 72
OU
Para entender ainda melhor a implementação dos circuitos acima, atente para os seguintes
detalhamentos:
= =
Outro exemplo:
A B C D V
0 0 0 0 0
0 0 0 1 1
0 0 1 0 1
0 0 1 1 0
0 1 0 0 1
0 1 0 1 0
0 1 1 0 0
0 1 1 1 1
1 0 0 0 1
1 0 0 1 0
1 0 1 0 0
1 0 1 1 1
1 1 0 0 0
1 1 0 1 1
1 1 1 0 1
1 1 1 1 0
1 1
B
1 1
D
1 1
1 1
C
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 73
V = A ⊕ B ⊕ C ⊕ D = (A ⊕ B ) ⊕ (C ⊕ D) ou V = A ⊗ B ⊗ C ⊗ D = (A ⊗ B ) ⊗ (C ⊗ D)
OU
Podemos então resumir o que foi visto até aqui com a tabela abaixo, lembrando que estas
regras só se aplicam se estivermos trabalhando com uma função comparadora:
A ⊕ B ⊕ C ⊕ D ⊕ .... ou A ⊕ B ⊕ C ⊕ D ⊕ .... ou
PAR
A ⊗ B ⊗ C ⊗ D ⊗ .... A ⊗ B ⊗ C ⊗ D ⊗ ....
A ⊕ B ⊕ C ⊕ .... ou A ⊕ B ⊕ C ⊕ .... ou
IMPAR
A ⊗ B ⊗ C ⊗ .... A ⊗ B ⊗ C ⊗ ....
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 74
Como já foi definido em capítulos anteriores, todos os circuitos que vimos anteriormente são
classificados como circuitos combinacionais, ou seja, circuitos digitais cujo estado da saída
depende única e exclusivamente do estado das entradas.
No projeto de circuitos combinacionais, é essencial a utilização de técnicas que venham a
facilitar a sua concretização, além de eliminar uma série de erros advindos de falhas de interpretação do
problema proposto. Veremos adiante a correta seqüencia e aplicação destes métodos.
Mas antes, veremos técnicas que possibilitam uma maior simplificação física com a
reutilização de circuitos integrados de portas universais já presentes em uma etapa inicial de um projeto
qualquer.
Como bem sabemos, as portas NAND e NOR são classificadas como UNIVERSAIS, o que
significa que qualquer tipo de circuito pode ser implementado com o uso destas portas, inclusive outras
portas lógicas.
Perceba a grande utilidade deste fato se considerarmos, como exemplo, a necessidade da
inserção de uma porta OR em determinada parte do circuito, e implementarmos esta mesma porta
utilizando 3 portas NAND disponíveis em CI’s já utilizados na implementação do projeto.
Veremos a seguir como isto é possível:
Aqui veremos como implementar qualquer tipo de porta lógica utilizando portas universais.
Isso pode ser necessário em diversas situações, um exemplo é a urgência em se utilizar uma
determinada função lógica que não está disponível na bancada do projetista ou do mantenedor. Outro
exemplo é a simplificação do circuito projetando-o com um único tipo de porta lógica ou utilizando as
que estão “sobrando” num CI já utilizado no circuito.
Analise agora todos os casos acompanhados de suas respectivas técnicas:
Analise atentamente a tabela de uma porta NAND. Para facilitar a análise, divide-se a tabela
em duas metades:
A B Y
0 0 1
0 1 1
1 0 1
1 1 0
A B Y
0 0 1
0 1 1
1 0 1
1 1 0
Chegamos à seguinte conclusão: se uma das entradas estiver fixa em nível 1, a saída será
o inverso da outra entrada. Assim sendo, podemos implementar uma inversora utilizando uma porta
NAND do seguinte modo:
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 75
Analisando agora a primeira e a última linha da mesma tabela, nota-se outra particularidade:
A B Y
0 0 1
0 1 1
1 0 1
1 1 0
Com isto, chegamos à outra conclusão: se as entradas forem iguais, a saída será o inverso
destas entradas:
Basta fazer a mesma análise do caso anterior. Assim, chegamos a conclusões semelhantes,
confira:
A B Y
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 0
Utilizando a propriedade da múltipla negação, sabemos que negar duas vezes é o mesmo que
não negar, portanto para obter a função AND a partir da NAND basta negar a saída desta, com
uma NOT obviamente:
Y = AB = AB
Y = A+B = A+B
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 76
A + B = A.B
Para que a função AND “apareça” na função NOR, as negações de entrada devem
“desaparecer”.
Se bastante atenção for dada nos procedimentos anteriores, resolveremos este problema
facilmente utilizando-se da propriedade da múltipla negação:
A + B = A.B
A . B → A . B = AB
Assim Sendo, para que uma porta NOR execute a função AND, basta negar as
entradas, com portas NOT é claro:
Y = A + B = A . B = AB
A.B = A + B
A+B→A+B = A+B
Y = A.B = A +B = A + B
Basta aplicar uma porta NOT (em branco) na saída de uma OR (em destaque):
Y = A.B = A +B = A + B
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 77
Basta aplicar uma porta NOT (em branco) na saída de uma AND (em destaque):
Y = A + B = A . B = AB
A B Y
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0
Y = AB + AB
Agora basta implementar a função extraída com o que foi visto até aqui: 2 inversoras (1), 2
portas AND (2) e uma porta OR (3):
Y = A⊕B
Aplicando a propriedade da dupla negação nas portas em destaque, 4 portas ainda podem ser
eliminadas tornando o circuito ainda mais simples:
Y = A⊕B
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 78
Assim como no caso anterior, basta aplicar o que foi visto até aqui, implementando a
expressão da porta XOR com 2 inversoras (1), 2 portas AND (2) e uma porta OR (3):
Y = A⊕B
Y = A⊕B
Para este caso, utiliza-se o mesmo processo visto anteriormente, ou seja, basta extrair a
expressão da porta XNOR e implementá-la utilizando 2 inversoras, 2 portas NAND e uma porta OR,
além de eliminar 4 portas utilizando a propriedade da múltipla negação:
Y = A⊗B
Idem:
Y = A⊗B
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 79
2- TÉCNICAS DE PROJETO
A) Circuito eleitor
Projetar um circuito eleitor que determine a decisão da maioria dentre 3 participantes (se são a
favor ou contra um determinado assunto). O circuito deverá mostrar a decisão correspondente
em sua saída.
A B C Y
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1
Y = BC + AC + AB
Por fim, montamos o circuito:
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 80
B) Detector de pares
Projetar um circuito que detecte um número par de chaves fechadas de um total de três chaves.
C1 C2 C3 S
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 1
0 1 1 0
1 0 0 1
1 0 1 0
1 1 0 0
1 1 1 1
S = C1 ⊕ C2 ⊕ C3 ou
S = C1 ⊗ C2 ⊗ C3
Ou
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 81
C) Controle de semáforo
Projetar um sistema de comutação que controle dois semáforos de um cruzamento por meio de
sensores localizados no asfalto, de modo que se houver um carro na rua A, por exemplo, o
semáforo A “abre” e o outro semáforo “fecha”; funcionamento semelhante para o semáforo B se
houver um carro na rua B.
Havendo um carro em cada rua, a preferencial é a rua A.
CA CB SA SB
0 0 X X
0 1 0 1
1 0 1 0
1 1 1 0
CA
1
CB 1 X
Perceba que para a função SA ficou mais conveniente substituir a situação irrelevante X pelo
nível 0. Portanto a função SA fica assim simplificada:
SA = CA
CA
1
CB X
Técnicas Digitais - 3ª Mecatrônica – Colégio Delta 82
Agora a simplificação ficará maior se o estado irrelevante for substituído por 1, logo a
função SB fica descrita assim:
SB = CA
VIII- BIBLIOGRAFIA: