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AULA 03 - TEMPLO, SINAGOGA, PRAÇAS E CASAS, CULTURA JUDAICA

Curso Jesus Judeu – Equipe Bíblica Ruah

A ORGANIZAÇÃO

A tribo era a maior unidade social em Israel, composta de vários clãs. As Doze Tribos se
referiam a todo o povo de Israel.

O clã era uma unidade social intermediária. Era maior que a casa do pai e menor que a
tribo. Várias famílias formavam um clã.

A família, também chamada casa do pai, era a menor unidade social em Israel. Era
formada por um grupo de 50 a 100 pessoas.

A FAMÍLIA

O nome da mulher judia era mudado quando nascia o primeiro filho homem. Passava a
ser chamada de mãe de Fulano.

Os israelitas não tinham sobrenome. Chamavam-se, por exemplo, José filho de Davi. Isso
lhes dava senso de continuidade, de história.

Quando crescidos, os rapazes judeus ajudavam a família a trabalhar a terra. Os filhos


homens eram necessários também para perpetuar o nome da família, pois os israelitas
pensavam que sobreviveriam nos seus filhos.

Quando um homem morria sem ter filhos, seu parente mais próximo deveria casar com a
viúva. O primogênito desse matrimônio herdaria o nome e a propriedade do falecido. É a
chamada Lei do Levirato.

Embora contassem menos, as meninas eram consideradas mão-de-obra útil. Quando uma
filha casava, seus pais recebiam um presente matrimonial (dote) para compensar a perda
da mão-de-obra útil da filha.

A mulher era propriedade do marido, a quem considerava como patrão. Essa atitude ainda
era encontrada no tempo de Jesus.

Apesar das mulheres executarem a maior parte dos trabalhos pesados, ocupavam posição
social inferior, tanto na família quanto na sociedade.

Normalmente os bebês judeus eram amamentados ao seio por dois ou três anos. A taxa
de mortalidade infantil era muito alta por causa das precárias condições sanitárias das
casas.

A criança recém-nascida era lavada e esfregada com sal, pois acreditava-se que isso
fortalecesse sua pele e depois era envolvida em fraldas.

Durante o Antigo Testamento, a criança recebia o nome assim que nascia. O nome
traduzia a expectativa da família e o projeto de vida para o recém-nascido.
Na época do Novo Testamento, a criança recebia o nome oito dias após o nascimento,
quando era circuncidada.

A CIRCUNCISÃO E ADOLESCÊNCIA

A circuncisão era comum entre os semitas. Em Israel, a circuncisão tornou-se, para toda
criança do sexo masculino, sinal de pertença ao povo de Deus.

Todo primogênito pertencia de direito a Deus. Por ocasião da circuncisão, o primogênito


era resgatado mediante o sacrifício de um animal.

Por ocasião da circuncisão da criança, também era feita a purificação da mãe, por meio
do sacrifício de um pombo e um cordeiro. No caso de pobres, o cordeiro era substituído
por outro pombo.

Na época do Novo Testamento, o rapaz passava a ser considerado adulto quando


completava 13 anos. Esse acontecimento era marcado por um serviço religioso especial
chamado Bar-Mitsvah (=Filho da Lei).

Antes de se tornar Bar-Mitsvah, o adolescente aprendia a ler os trechos da Lei e dos


Profetas que naquele dia seriam lidos na sinagoga. No dia da cerimônia, ele os lia para a
assembléia.

Depos da Cerimônia do Bar-Mitsvah, o rabino dirigia a palavra ao rapaz e invocava sobre


ele a bênção de Deus, utilizando a palavra de Nm 6,24-26.

O MATRIMÔNIO

Em Israel praticava-se a poligamia. No tempo dos Juízes e dos Reis, um homem podia
casar-se com tantas mulheres conseguisse sustentar.

Na época do Novo Testamento, era comum o homem ter apenas uma mulher, embora
houvesse exceções. Era raríssimo um homem não casar-se e não existe palavra em
hebraico para designar o solteiro.

A idade prevista na Lei para casar era de 13 anos para os rapazes e a partir dos 12 anos
para as moças. Talvez por causa disso os casamentos eram combinados pelos pais.

Na época do Antigo Testamento, os casamentos geralmente ocorriam no mesmo clã. Era


proibido o casamento com pessoas de outras nações, que adoravam outros deuses.

Em Israel, o matrimônio era questão mais civil que religiosa. No noivado, fazia-se um
contrato perante duas testemunhas. Às vezes, o par trocava entre si um anel ou bracelete.

O noivado vinculava do mesmo modo que o casamento. Durante o período de espera do


casamento, a moça continuava morando na casa paterna e o rapaz era dispensado do
serviço militar.
Quando casava uma filha, o pai recebia uma importância em dinheiro (chamado mohar):
o preço da moça. As vezes essa soma era substituída pelo trabalho do noivo.
O mohar voltava à filha se o marido ou os pais falecessem.

O casamento se realizava quando o noivo acabava de construir a casa. Com seus amigos,
dirigia-se à noite para a casa de sua noiva, que o esperava em vestes nupciais, com o rosto
coberto por um véu e com as jóias dadas pelo noivo.

A cerimônia do casamento era simples. O véu era tirado do rosto da noiva e colocado no
ombro do noivo. Depois o noivo e seus amigos conduziam a esposa para sua nova casa,
onde se realizava o banquete de casamento.

Entre os israelitas, o marido podia divorciar-se de sua esposa. A esposa, porém, não tinha
esse direito, mas em certas circunstâncias podia forçar o marido a pedir o divórcio.

A MORTE

Quando alguém morria, o corpo era lavado e envolvido em panos para sepultamento
rápido por causa do clima quente. O corpo era transportado em padiola até a sepultura.

Os israelitas sepultavam os mortos em cavernas. Algumas tinham espaço para todos os


membros da família. Se necessário, eram ampliadas, abrindo-se corredores com
prateleiras escavadas na rocha, onde eram postos os cadáveres.

As pessoas ricas tinham túmulos especialmente construídos, com escadaria que descia
através da rocha sólida até a câmara mortuária. Uma lage e um bloco de pedra fechavam
a entrada.

Os pobres eram entrerrados em covas pouco profundas em terreno aberto. Em torno do


corpo era colocada uma fileira de pedras e os espaços intermediários eram preenchidos
com pequenas pedras e terra.

OS GRUPOS IDEOLÓGICOS

Os saduceus eram o grupo econômico e político dominantes na época de Jesus. A ele


pertenciam os sacerdotes. Eram materialistas e não aceitavam a ressurreição.

Os fariseus ou separados eram um partido leigo muito próximo ao povo. Distinguiam-se


pela intransigência e rígida observação da Lei.

Os herodianos eram os defensores da dominação romana na Palestina. Estavam a serviço


de herodes e eram os mais ferrenhos perseguidores dos movimentos subversivos.

Os zelotas eram membros do partido judaico que se opunha à dominação romana por
julgá-la incompatível com a soberania do Deus de Israel.

Os sicários, assim chamados porque carregavam um punhal, eram um movimento


subversivo caracterizado por violentos atentados.
Os essênios eram uma facção do clero de Jerusalém que se afastou para as montanhas a
fim de encarnar uma vivência genuína da fé judaica.

Os publicanos ou cobradores de imposto eram os coletores de tributos e taxas destinados


ao Império Romano. Por essa razão, eram odiados pelo povo.

O SINÉDRIO E A RELIGIÃO JUDAICA

O Sinédrio era a suprema instância jurídica do tempo do Novo Testamento. Jesus foi
condenado à morte pelo Sinédrio.

O Sinédrio era formado por 71 membros: sumos-sacerdotes, anciãos e doutores da Lei.


Seu presidente era o sumo-sacerdote em exercício.

Os sumos-sacerdotes depostos conservavam seu título e continuavam como membros do


Sinédrio. O sumo-sacerdote era escolhido dentre quatro famílias sacerdotais.

Os anciãos eram os representantes da classe rica, em geral grandes proprietários de terras


e imóveis urbanos. Junto com os sumos-sacerdotes, detinham o poder político e
econômico.

Os doutores da Lei ou escribas, eram pessoas mais cultas, entendidas em jurisprudência


e interpretação bíblica. No Sinédrio, representavam a ideologia dominante.

Toda pessoa atingida pela lepra era banida do convívio social, tornando-se assim um
marginalizado por excelência.

Na Palestina, os rabinos exigiam que cada cidade tivesse um médico e possivelmente


também um cirurgião. O Templo sempre contava com um médico para tratar dos
sacerdotes, que trabalhavam descalços e pegavam certas doenças.

O TEMPO E AS FESTAS

O calendário hebraico era regido pela lua. A cada lua nova correspondia o início de um
mês, ocasião em que se celebrava uma grande festa.

A festa da Páscoa era inicialmente um ritual de pastores para proteger os rebanhos. Foi
assumida como memorial da libertação da opressão do Egita.

A festa dos Pães Sem Fermento era celebrada na primavera. Visava a não misturar o
produto da nova colheita com o da antiga, caso fosse usado o fermento guardado numa
porção de massa.

A festa das Semanas ou da Messe era celebrada após sete semanas ou cinquenta dias
contados a partir do início da ceifa. No Novo Testamento é chamada de Pentecostes (50
dias).

A festa das Tendas ou da Colheita era a mais popular, celebrada no outono, no final da
estação dos frutos. O povo armava cabanas de folhagens lembrando os acampamentos do
deserto.
Todos os sábados os judeus se reuniam na sinagoga para rezar, ouvir e comentar os textos
bíblicos. Nela todo judeu adulto podia tomar a palavra.

Para o povo bíblico, o chifre era símbolo de força. Uma trombeta em forma de chifre era
tocada nos acontecimentos importantes e grandes solenidades de Israel.

Sinagoga ou casa de oração eram as casas de reunião que apareceram a partir do exílio da
Babilônia. A sobrevivência do judaísmo deveu-se à existência de sinagogas, que
substituíram o Templo.

O TRABALHO

As estações determinavam o ritmo do trabalho anual. A estação úmida (out.-abr.) era


ocupada para arar, semear (com um cêsto na mão), gradear e capinar.

As colheitas estendiam-se de março à outubro. Colhia-se primeiro o linho e a cevada. O


trigo era o último dos cereais a ser colhido. Em seguida, colhiam-se uvas, figos e
azeitonas.

O trabalho nas vinhas começava na primavera com a poda. Depois, quando os ramos
cresciam, era necessário erguê-los acima do solo com estacas. As uvas amadureciam entre
julho e outubro.

As mulheres israelitas faziam o pão diariamente. A primeira tarefa era o difícil trabalho
de moer os grãos, transformando-os em farinha grossa, que era misturada com sal e água,
fazendo-se a massa.

Ao fazer o pão, as mulheres misturavam um pouco de massa fermentada do dia anterior,


fazendo assim a massa levedar. Por ocasião da Páscoa, o pão não podia conter fermento.

Trabalho diário vital para as mulheres era buscar água nos poços ou fontes. Carregavam
os pesados potes de água na cabeça ou nos ombros.

A mulher tinha muito trabalho a fazer em casa, do início ao fim do dia: tirar leite, preparar
queijo, iogurte, fiar, tecer a lã, etc... Além disso, a mulher trabalhava na roça.

Na época do Novo Testamento, os sindicatos eram bastante difundidos no Império


Romano. Para funcionar, precisavam de licença do imperador, para evitar que servissem
a atividades políticas subversivas.

Quando os hebreus saíram do Egito, os egípcios já usavam o ouro há muitos séculos.


Levaram consigo jóias de ouro e prata e sabiam trabalhar esses metais.

Na Palestina encontravam-se o ferro e o cobre. Outros metais, como ouro, prata, estanho
e chumbo tinham de ser importados.

O processo de purificação do ouro, fundindo-os para separar as impurezas é


frequentemente usado na Bíblia como imagem da ação purificadora do sofrimento.
Quando os israelitas entraram em Canaã, os cananeus já tinham carros com acessórios
de ferro e outros objetos desse metal. Os filisteus impediam que os isrelitas dominassem
a técnica para não fabricar armas.
Na época do Novo Testamento, havia um setor de ferreiros em Jerusalém, mas os
profissionais do bronze e ferro não podiam trabalhar em certas festas religiosas por
causa do barulho que faziam.

Os israelitas não se dedicaram muito à pesca antes da época do Novo Testamento. O


hebraico tem somente um a palavra para dizer "peixe", tanto para o menor peixinho
como para os grandes cetáceos.

No tempo de Jesus havia florescente indústria pesqueira no lago da Galiléia. A cidade


de Betsaida, situada à beira do lago, significa "casa da pesca".
Os pescadores, no tempo de Jesus, trabalhavam em grupos familiares, valendo-se
também da ajuda de assalariados. No mar da Galiléia, a pesca noturna era perigosa por
causa das repentinas tempestades que o agitavam.

Os zoólogos antigos acreditavam que no tempo de Jesus existissem 153 espécies de


peixes. Também se acreditava que esse era o número das nações conhecidas (cf. Jo
21,11).

O couro dos animais era secado ao sol e tratado com o extrato de certas plantas. Devido
ao mau cheiro, os curtidores viviam fora das cidades e eram considerados pessoas impuras
(cf. At 9,43).

Em Israel existiam parteiras desde os primeiros tempos. Talvez formassem corporação já


antes do Êxodo, com código ético próprio e dirigentes reconhecidos.

No tempo de Jesus, o salário de um trabalhador diarista era uma moeda de prata (denário),
quantia suficiente para sustentar a família durante um dia. Jesus foi vendido por 30
denários.

PESOS E MEDIDAS

O côvado, medida de superfície encontrada freqüentemente na Bíblia, é o comprimento


do braço, da ponta dos dedos até os cotovelos (45,8 a 52,5 cm).

O estádio corresponde a 192 metros.

A MORADIA

Os pobres do Antigo Testamento moravam em casas muito pequenas: apenas uma sala
quadrada e um quintal. As casas eram construídas em mutirão ou por construtores
profissionais ambulantes.

OUTROS ESCRITOS JUDAICOS

Midraxe é um esforço para explicar uma passagem bíblica difícil e obscura.


Os Midraxim são os antigos comentários judaicos, procurando explicar e atualizar a
Bíblia.
Mishna são as coletânias de tradições, a princípio orais e depois escritas, que tratam da
aplicação de uma lei a circunstâncias particulares. Os judeus acreditavam que a Mishna
remontava a Moisés.

Talmude é um conjunto de explicações e comentários judaicos de textos bíblicos,


principalmente as leis. Em hebraico, a palavra Talmude significa ensinamento.

A religião judaica na época do Novo Testamento


Jesus é judeu. A igreja cristã começou na Palestina, e seus primeiros membros eram
judeus. Para entender o NT, precisamos ter algum conhecimento da religião judaica da
época de Jesus.
Os últimos profetas do AT viveram 400 anos ou mais antes de João Batista entrar em
cena. E desde aquela época a religião judaica não ficou sendo exatamente a mesma. A
religião clássica do Israel do AT evoluiu e veio a ser o que chamamos de judaísmo.
No primeiro século da era cristã, havia judeus em todas as partes do mundo romano e até
mesmo fora dele. Aqui iremos nos ater aos judeus da Palestina.

Algumas importantes instituições do judaísmo:


O Templo
O grande Templo de Salomão fora destruído pelos babilônios em 587 a.C. Após o exílio,
os judeus que retornaram a Jerusalém reconstruíram o Templo. Tratava-se de um edifício
menos impressionante, que ficou de pé durante 500 anos. Herodes o Grande decidiu
substituí-lo por um magnífico templo novo, que se tornou uma das sete maravilhas do
mundo antigo. A obra foi iniciada 19 a.C. e ainda não havia sido concluída na época de
Jesus (Jo 2.20). Acabaria ficando pronta em 64 d.C., mas seis anos depois o Templo foi
destruído pelos romanos.
Foi este imponente complexo de construções que deixou os discípulos de Jesus admirados
(Mc 13.1). Ali ainda eram oferecidos os sacrifícios e se realizava o culto que havia sido
instituído muito antes. Aquele era de ação dos sacerdotes e de seus auxiliares. Mas, é
claro, tudo isso acontecia sob o olhar vigilante dos soldados romanos, que estavam
aquartelados na fortaleza Antônia, de onde podiam avistar os pátios do Templo (At 21.31-
40). Os prédios do Templo em si ficavam separados do grande pátio externo, o "pátio dos
gentios", por uma mureta na qual havia várias inscrições que proibiam os gentios de ir
além daquele ponto. Quem o fizesse, corria o risco de ser morto (veja At 21.28-29; Ef
2.14).
Quando os Evangelhos descrevem Jesus ensinando e ministrando "no Templo", falam de
algo que normalmente ocorria nessa ampla área pública, onde os mestres se instalavam
nos pórticos cobertos e o povo se reunia para ouvir e fazer perguntas. Nesse mesmo pátio
também funcionava, durante as festas, o movimentado mercado de animais para os
sacrifícios e estavam instaladas as bancas dos cambistas (que tinham o dinheiro sagrado
para ofertas no Templo), situação que tanto irritou Jesus.(Mt 21.12).
O Templo não era apenas um lugar de adoração. Era um símbolo de identidade judaica e
orgulho nacional. Uma das principais razões por que Jesus e os seus seguidores se
tornaram malvistos foi que eles eram considerados inimigos do Templo (Mt 26.61; 27.40;
At 6.13-14).
A sinagoga
Havia apenas um Templo, mas cada comunidade tinha a sua sinagoga. Ali não se
ofereciam sacrifícios. Era o centro local de culto e estudo da Lei. No sábado, a
comunidade se reunia, homens e mulheres separados, para ouvir a leitura e exposição de
determinadas passagens da Lei e dos Profetas (Lc 4.16-21) e fazer orações litúrgicas.
Durante a semana, a sinagoga era a escola local, o centro comunitário e o núcleo do
governo local. Seus líderes eram as autoridades civis da comunidade, os magistrados e
guardiões da moral pública.
Lei e tradições
Israel tinha uma lei desde a época de Moisés. Mas depois do exílio e da destruição do
Templo, Esdras (no século 5 a.C.) liderou um movimento de estudo intensivo da Lei, e
os judeus se tornaram cada vez mais "o povo do livro".
Este estudo detalhado gerou um conjunto de tradições, ainda em desenvolvimento na
época de Jesus, que procurava detalhar melhor como a Lei devia ser seguida.
Os escribas, que eram os estudiosos profissionais e guardiões da Lei e das tradições,
elaboravam regras exatas para todas as ocasiões
Havia, por exemplo, 39 tipos de trabalho proibidos no sábado, e um deles ( transportar
um objeto de um lugar a outro) foi ampliado a ponto de levar à proibição de quase toda e
qualquer atividade. Viagens eram limitadas a uma "jornada de sábado", cerca de 1 Km
(At 1.12).
O ensinamento dos escribas pretendia ajudar o povo a obedecer à Lei, mas infelizmente,
como as palavras de Jesus a respeito dos escribas indicam, às vezes o zelo pelos detalhes
ofuscava as questões fundamentais da Lei (Mc 7.1-13; Mt 23.23).
As marcas de um judeu
A necessidade de sobreviver diante de hostilidades e perseguição levou os judeus a
valorizar aqueles aspectos da Lei que os distinguiam como povo de Deus. Três "sinais de
identidade" se tornaram muito importantes: circuncisão, observação da lei do sábado, e
as leis alimentares (baseadas em Lv 11 e na ordem de não comer sangue) que impediam
os judeus de tomar uma refeição normal com os não judeus. Um dos maiores problemas
enfrentados pelos primeiros cristãos foi definir como seguidores de origem judaica e de
origem gentílica poderiam ser integrados numa mesma comunidade (leia At 10.1--11.18;
At 15.1-29).
Aprofundando: Os Partidos e movimentos do judaísmo do século 1
Os fariseus
Os leitores dos Evangelhos tendem a pensar que fariseu é sinônimo de hipócrita, mas não
era este o conceito que a maioria dos judeus tinha a respeito dos fariseus. Eles eram os
puristas em questões religiosas , extremamente dedicados à preservação e observância da
lei e interessados em incentivar os outros a fazerem o mesmo. À luz disto, eram judeus
exemplares (Fp 3.5-6) e eram muito respeitados. A maioria dos escribas pertencia ao
partido farisaico, e eles foram os responsáveis pelo rico desenvolvimento das tradições
legais mencionado acima.
Seu zelo pela observação meticulosa da lei (principalmente em questões de pureza ritual
na alimentação) limitava seu contato social com judeus menos escrupulosos, e podia levar
a um senso de superioridade com relação à "plebe" (Jo 7.49). Esta separação, bem como
a tendência de dar mais valor à exata observação de ritos do que a princípios amplos como
o amor e a misericórdia, fez com que entrassem em conflito com Jesus. Ele não
questionou a ortodoxia deles; apenas os acusou de terem uma visão equivocada a respeito
do que significava servir a Deus, assim que o esforço deles por definir as exigências da
lei, por mais bem intencionado que fosse, acabava dificultando as coisas para as pessoas
simples.
O número de fariseus provavelmente não era grande, mas a sua influência era marcante.
Foram os fariseus que determinaram as diretrizes para o desenvolvimento do judaísmo
após a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Eles imprimiram no judaísmo uma ênfase
continuada na piedade individual, em padrões éticos rígidos, bem como na observação
ritual.

Os saduceus
Os saduceus formavam o outro partido importante da época de Jesus, embora sua
influência já estivesse em declínio. Eram oriundos de famílias ricas, em geral os grandes
proprietários de terras. Os principais sacerdotes eram, em grande parte, saduceus, e o
sumo sacerdote era escolhido dentre eles. Controlavam a organização do Templo, e eram,
também, o partido majoritário no Sinédrio (o conselho superior dos judeus), onde eles e
os fariseus frequentemente tomavam posições opostas (At 23.6-10).
Sua posição teológica era conservadora, não aceitando nenhuma revelação além dos cinco
livros de Moisés (Gênesis a Deuteronômio). Assim, eles rejeitavam crenças mais recentes
aceitas pelos fariseus, como imortalidade, ressurreição, anjos e demônios (Mc 12.18; At
23.8). Sendo uma minoria aristocrática, não tinham tanto apoio popular quanto os
fariseus.
Os essênios
Este grupo, a respeito do qual, no passado, não se tinham muitas informações, passou a
receber uma atenção toda especial a de 1947, com a descoberta dos rolos do mar Morto.
Estes rolos pertenciam à biblioteca da comunidade de Qumran, uma seita "monástica"
dos essênios que vivia em isolamento voluntário no deserto que fica próximo ao mar
Morto. A seita foi fundada pelo desconhecido "mestre da justiça" por volta de 165 a.C.,
e sobreviveu até 68 d.C., quando foi destruída na revolta judaica (contra os romanos).
Eles se consideravam o verdadeiro povo de Deus, e os outros judeus, inclusive o sistema
do Templo em Jerusalém, eram vistos como inimigos. Isolados no deserto, eles
aguardavam a vinda dos dois Messias (o Messias sacerdotal de Arão e o Messias real de
Israel) e a grande batalha final entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Quando esse
dia chegasse, Deus aprovaria o testemunho fiel da comunidade e restauraria o verdadeiro
santuário.
Enquanto isto, eles se ocupavam com o estudo diligente das Escrituras, seguiam uma
rígida disciplina monástica, guardavam a lei com maior rigor ainda do que os fariseus,
amavam uns aos outros e odiavam os de fora. Produziram comentários bíblicos
elaborados, aplicando cada frase das passagens do AT a sua própria situação e
expectativa.
Nem todos os grupos essênios adotavam o mesmo estilo de vida separatista da
comunidade de Qumran. No entanto, os documentos de Qumram dão claros indícios de
que havia um tipo de judaísmo apocalíptico e asceta que representava uma alternativa em
relação aos tipos mais conhecidos dos fariseus e saduceus.
Os zelotes
Enquanto fariseus e saduceus tentavam conviver com o governo romano, e os homens de
Qumran sonhavam com a poderosa intervenção futura de Deus, muitos judeus não
estavam dispostos a esperar. Em 6 d.C., por ocasião de um recenseamento romano com
vistas á cobrança de impostos, Judas, o Galileu, liderou uma importante revolta (At 5.37)
que serviu de instrução a futuros grupos de rebeldes, geralmente rotulados de "zelotes".
É possível que Barrabás, aquele "salteador" que estava preso por ocasião do julgamento
de Jesus, fosse o líder de um desses grupos. Os romanos suprimiram vários levantes
anteriores, mas a grande revolta judaica provocada por zelotes em 66 d.C. resultou na
destruição de Jerusalém em 70 d.C. Na melhor das hipóteses, os zelotes eram patriotas
com motivações religiosas, que acreditavam que o povo de Deus não devia estar sujeito
a nenhuma potência estrangeira.
Apocalíptica
Muitos "apocalipses" foram escritos na Palestina do segundo século antes de Cristo em
diante. Seu objetivo era trazer uma mensagem de esperança a um povo à beira do
desespero. Nesses apocalipses aparecem relatos de visões extraordinárias supostamente
recebidas por grandes homens do passado (Enoque, Elias, Esdras, etc.), e geralmente se
faz uso de figuras ou imagens de significado secreto, números simbólicos e datas
cuidadosamente calculadas. Uma de suas características é o acentuado dualismo, ou seja,
um conflito cósmico em que estão envolvidos o bem e o mal, Deus e Satanás, a luz e as
trevas. A presente ordem mundial é controlada pelas forças do mal, mas a batalha final
está prestes a ser travada. Então Deus esmagará toda a oposição, o mal será destruído, e
seu povo reinará em glória. O livro do Apocalipse, no NT, é um apocalipse cristão.
Esperanças messiânicas
As estranhas visões que aparecem nos apocalipses expressavam apenas uma entre várias
esperanças alimentadas pelos judeus daquela época. Vários personagens messiânicos do
AT ocupavam o imaginário popular: o profeta como Moisés (Dt 18.15-19), Elias que
estava por voltar (Ml 4.5-6), entre outros. Mas acima de tudo aguardava-se a vinda do
Filho de Deus, um rei guerreiro cuja missão era trazer vitória, paz e glória a Israel. Alguns
pensavam em renovação espiritual; a maioria, em vitória sobre os romanos.
A palavra Messias (grego, "Cristo") inevitavelmente despertava esperanças de
independência política, o que levou Jesus a ser cauteloso com o uso deste título. Ele veio
a um povo "que esperava a consolação de Israel" (Lc 2.25), mas o que ninguém esperava
é que isso fosse acontecer através de uma cruz.
Prosélitos
Apesar de os judeus serem frequentemente mal interpretados e ridicularizados, um
número considerável de gentios era atraído pela religião judaica e tomava a importante
decisão de se tornar "prosélito". Isto envolvia circuncisão e batismo, bem como a
obediência a toda a lei, inclusive o sábado e as leis alimentares. Era, na verdade, uma
mudança de nacionalidade.
Muitos outros, atraídos pela fé monoteísta e pela rígida moralidade do judaísmo, que
contrastavam com o politeísmo decadente de Roma, se identificavam com a fé e os ideais
de Israel, mas não queriam se comprometer totalmente como prosélitos. estes, que em
alguns casos eram ricos e influentes oficiais romanos, aparecem no NT sob o nome de
"os que temem a Deus" ou "os piedosos" (At 13.26,43,50; 17.4).
Os samaritanos
Estes eram descendentes de israelitas que haviam sobrevivido à destruição do reino do
Norte e que haviam casado com gente estrangeira que havia sido transferida para aquela
região depois da queda de Samaria em 722/1 a.C. Nunca foram integrados no reino de
Judá e na época de Neemias a divisão se cristalizou. A construção do templo samaritano
no monte Gerezim, nas proximidades de Siquém (Jo 4.20), levou os judeus a
definitivamente repudiarem os samaritanos. Foi o rei Hircano quem destruiu o templo
samaritano em 128 a.C.

No entanto, os samaritanos adoravam o mesmo Deus. Sua autoridade era a Lei ou os


Cinco Livros de Moisés (mas não o restante do AT), cujo texto era praticamente o mesmo
que o texto usado pelos judeus. Como muitos dos judeus, os samaritanos aguardavam a
vinda de um profeta como Moisés. O ódio dos judeus em relação aos samaritanos se
baseava mais em fatores históricos e raciais do que em qualquer diferença fundamental
de religião.

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