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A ORGANIZAÇÃO
A tribo era a maior unidade social em Israel, composta de vários clãs. As Doze Tribos se
referiam a todo o povo de Israel.
O clã era uma unidade social intermediária. Era maior que a casa do pai e menor que a
tribo. Várias famílias formavam um clã.
A família, também chamada casa do pai, era a menor unidade social em Israel. Era
formada por um grupo de 50 a 100 pessoas.
A FAMÍLIA
O nome da mulher judia era mudado quando nascia o primeiro filho homem. Passava a
ser chamada de mãe de Fulano.
Os israelitas não tinham sobrenome. Chamavam-se, por exemplo, José filho de Davi. Isso
lhes dava senso de continuidade, de história.
Quando um homem morria sem ter filhos, seu parente mais próximo deveria casar com a
viúva. O primogênito desse matrimônio herdaria o nome e a propriedade do falecido. É a
chamada Lei do Levirato.
Embora contassem menos, as meninas eram consideradas mão-de-obra útil. Quando uma
filha casava, seus pais recebiam um presente matrimonial (dote) para compensar a perda
da mão-de-obra útil da filha.
A mulher era propriedade do marido, a quem considerava como patrão. Essa atitude ainda
era encontrada no tempo de Jesus.
Apesar das mulheres executarem a maior parte dos trabalhos pesados, ocupavam posição
social inferior, tanto na família quanto na sociedade.
Normalmente os bebês judeus eram amamentados ao seio por dois ou três anos. A taxa
de mortalidade infantil era muito alta por causa das precárias condições sanitárias das
casas.
A criança recém-nascida era lavada e esfregada com sal, pois acreditava-se que isso
fortalecesse sua pele e depois era envolvida em fraldas.
Durante o Antigo Testamento, a criança recebia o nome assim que nascia. O nome
traduzia a expectativa da família e o projeto de vida para o recém-nascido.
Na época do Novo Testamento, a criança recebia o nome oito dias após o nascimento,
quando era circuncidada.
A CIRCUNCISÃO E ADOLESCÊNCIA
A circuncisão era comum entre os semitas. Em Israel, a circuncisão tornou-se, para toda
criança do sexo masculino, sinal de pertença ao povo de Deus.
Por ocasião da circuncisão da criança, também era feita a purificação da mãe, por meio
do sacrifício de um pombo e um cordeiro. No caso de pobres, o cordeiro era substituído
por outro pombo.
O MATRIMÔNIO
Em Israel praticava-se a poligamia. No tempo dos Juízes e dos Reis, um homem podia
casar-se com tantas mulheres conseguisse sustentar.
Na época do Novo Testamento, era comum o homem ter apenas uma mulher, embora
houvesse exceções. Era raríssimo um homem não casar-se e não existe palavra em
hebraico para designar o solteiro.
A idade prevista na Lei para casar era de 13 anos para os rapazes e a partir dos 12 anos
para as moças. Talvez por causa disso os casamentos eram combinados pelos pais.
Em Israel, o matrimônio era questão mais civil que religiosa. No noivado, fazia-se um
contrato perante duas testemunhas. Às vezes, o par trocava entre si um anel ou bracelete.
O casamento se realizava quando o noivo acabava de construir a casa. Com seus amigos,
dirigia-se à noite para a casa de sua noiva, que o esperava em vestes nupciais, com o rosto
coberto por um véu e com as jóias dadas pelo noivo.
A cerimônia do casamento era simples. O véu era tirado do rosto da noiva e colocado no
ombro do noivo. Depois o noivo e seus amigos conduziam a esposa para sua nova casa,
onde se realizava o banquete de casamento.
Entre os israelitas, o marido podia divorciar-se de sua esposa. A esposa, porém, não tinha
esse direito, mas em certas circunstâncias podia forçar o marido a pedir o divórcio.
A MORTE
Quando alguém morria, o corpo era lavado e envolvido em panos para sepultamento
rápido por causa do clima quente. O corpo era transportado em padiola até a sepultura.
As pessoas ricas tinham túmulos especialmente construídos, com escadaria que descia
através da rocha sólida até a câmara mortuária. Uma lage e um bloco de pedra fechavam
a entrada.
OS GRUPOS IDEOLÓGICOS
Os zelotas eram membros do partido judaico que se opunha à dominação romana por
julgá-la incompatível com a soberania do Deus de Israel.
O Sinédrio era a suprema instância jurídica do tempo do Novo Testamento. Jesus foi
condenado à morte pelo Sinédrio.
Toda pessoa atingida pela lepra era banida do convívio social, tornando-se assim um
marginalizado por excelência.
O TEMPO E AS FESTAS
O calendário hebraico era regido pela lua. A cada lua nova correspondia o início de um
mês, ocasião em que se celebrava uma grande festa.
A festa da Páscoa era inicialmente um ritual de pastores para proteger os rebanhos. Foi
assumida como memorial da libertação da opressão do Egita.
A festa dos Pães Sem Fermento era celebrada na primavera. Visava a não misturar o
produto da nova colheita com o da antiga, caso fosse usado o fermento guardado numa
porção de massa.
A festa das Semanas ou da Messe era celebrada após sete semanas ou cinquenta dias
contados a partir do início da ceifa. No Novo Testamento é chamada de Pentecostes (50
dias).
A festa das Tendas ou da Colheita era a mais popular, celebrada no outono, no final da
estação dos frutos. O povo armava cabanas de folhagens lembrando os acampamentos do
deserto.
Todos os sábados os judeus se reuniam na sinagoga para rezar, ouvir e comentar os textos
bíblicos. Nela todo judeu adulto podia tomar a palavra.
Para o povo bíblico, o chifre era símbolo de força. Uma trombeta em forma de chifre era
tocada nos acontecimentos importantes e grandes solenidades de Israel.
Sinagoga ou casa de oração eram as casas de reunião que apareceram a partir do exílio da
Babilônia. A sobrevivência do judaísmo deveu-se à existência de sinagogas, que
substituíram o Templo.
O TRABALHO
O trabalho nas vinhas começava na primavera com a poda. Depois, quando os ramos
cresciam, era necessário erguê-los acima do solo com estacas. As uvas amadureciam entre
julho e outubro.
As mulheres israelitas faziam o pão diariamente. A primeira tarefa era o difícil trabalho
de moer os grãos, transformando-os em farinha grossa, que era misturada com sal e água,
fazendo-se a massa.
Trabalho diário vital para as mulheres era buscar água nos poços ou fontes. Carregavam
os pesados potes de água na cabeça ou nos ombros.
A mulher tinha muito trabalho a fazer em casa, do início ao fim do dia: tirar leite, preparar
queijo, iogurte, fiar, tecer a lã, etc... Além disso, a mulher trabalhava na roça.
Na Palestina encontravam-se o ferro e o cobre. Outros metais, como ouro, prata, estanho
e chumbo tinham de ser importados.
O couro dos animais era secado ao sol e tratado com o extrato de certas plantas. Devido
ao mau cheiro, os curtidores viviam fora das cidades e eram considerados pessoas impuras
(cf. At 9,43).
No tempo de Jesus, o salário de um trabalhador diarista era uma moeda de prata (denário),
quantia suficiente para sustentar a família durante um dia. Jesus foi vendido por 30
denários.
PESOS E MEDIDAS
A MORADIA
Os pobres do Antigo Testamento moravam em casas muito pequenas: apenas uma sala
quadrada e um quintal. As casas eram construídas em mutirão ou por construtores
profissionais ambulantes.
Os saduceus
Os saduceus formavam o outro partido importante da época de Jesus, embora sua
influência já estivesse em declínio. Eram oriundos de famílias ricas, em geral os grandes
proprietários de terras. Os principais sacerdotes eram, em grande parte, saduceus, e o
sumo sacerdote era escolhido dentre eles. Controlavam a organização do Templo, e eram,
também, o partido majoritário no Sinédrio (o conselho superior dos judeus), onde eles e
os fariseus frequentemente tomavam posições opostas (At 23.6-10).
Sua posição teológica era conservadora, não aceitando nenhuma revelação além dos cinco
livros de Moisés (Gênesis a Deuteronômio). Assim, eles rejeitavam crenças mais recentes
aceitas pelos fariseus, como imortalidade, ressurreição, anjos e demônios (Mc 12.18; At
23.8). Sendo uma minoria aristocrática, não tinham tanto apoio popular quanto os
fariseus.
Os essênios
Este grupo, a respeito do qual, no passado, não se tinham muitas informações, passou a
receber uma atenção toda especial a de 1947, com a descoberta dos rolos do mar Morto.
Estes rolos pertenciam à biblioteca da comunidade de Qumran, uma seita "monástica"
dos essênios que vivia em isolamento voluntário no deserto que fica próximo ao mar
Morto. A seita foi fundada pelo desconhecido "mestre da justiça" por volta de 165 a.C.,
e sobreviveu até 68 d.C., quando foi destruída na revolta judaica (contra os romanos).
Eles se consideravam o verdadeiro povo de Deus, e os outros judeus, inclusive o sistema
do Templo em Jerusalém, eram vistos como inimigos. Isolados no deserto, eles
aguardavam a vinda dos dois Messias (o Messias sacerdotal de Arão e o Messias real de
Israel) e a grande batalha final entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Quando esse
dia chegasse, Deus aprovaria o testemunho fiel da comunidade e restauraria o verdadeiro
santuário.
Enquanto isto, eles se ocupavam com o estudo diligente das Escrituras, seguiam uma
rígida disciplina monástica, guardavam a lei com maior rigor ainda do que os fariseus,
amavam uns aos outros e odiavam os de fora. Produziram comentários bíblicos
elaborados, aplicando cada frase das passagens do AT a sua própria situação e
expectativa.
Nem todos os grupos essênios adotavam o mesmo estilo de vida separatista da
comunidade de Qumran. No entanto, os documentos de Qumram dão claros indícios de
que havia um tipo de judaísmo apocalíptico e asceta que representava uma alternativa em
relação aos tipos mais conhecidos dos fariseus e saduceus.
Os zelotes
Enquanto fariseus e saduceus tentavam conviver com o governo romano, e os homens de
Qumran sonhavam com a poderosa intervenção futura de Deus, muitos judeus não
estavam dispostos a esperar. Em 6 d.C., por ocasião de um recenseamento romano com
vistas á cobrança de impostos, Judas, o Galileu, liderou uma importante revolta (At 5.37)
que serviu de instrução a futuros grupos de rebeldes, geralmente rotulados de "zelotes".
É possível que Barrabás, aquele "salteador" que estava preso por ocasião do julgamento
de Jesus, fosse o líder de um desses grupos. Os romanos suprimiram vários levantes
anteriores, mas a grande revolta judaica provocada por zelotes em 66 d.C. resultou na
destruição de Jerusalém em 70 d.C. Na melhor das hipóteses, os zelotes eram patriotas
com motivações religiosas, que acreditavam que o povo de Deus não devia estar sujeito
a nenhuma potência estrangeira.
Apocalíptica
Muitos "apocalipses" foram escritos na Palestina do segundo século antes de Cristo em
diante. Seu objetivo era trazer uma mensagem de esperança a um povo à beira do
desespero. Nesses apocalipses aparecem relatos de visões extraordinárias supostamente
recebidas por grandes homens do passado (Enoque, Elias, Esdras, etc.), e geralmente se
faz uso de figuras ou imagens de significado secreto, números simbólicos e datas
cuidadosamente calculadas. Uma de suas características é o acentuado dualismo, ou seja,
um conflito cósmico em que estão envolvidos o bem e o mal, Deus e Satanás, a luz e as
trevas. A presente ordem mundial é controlada pelas forças do mal, mas a batalha final
está prestes a ser travada. Então Deus esmagará toda a oposição, o mal será destruído, e
seu povo reinará em glória. O livro do Apocalipse, no NT, é um apocalipse cristão.
Esperanças messiânicas
As estranhas visões que aparecem nos apocalipses expressavam apenas uma entre várias
esperanças alimentadas pelos judeus daquela época. Vários personagens messiânicos do
AT ocupavam o imaginário popular: o profeta como Moisés (Dt 18.15-19), Elias que
estava por voltar (Ml 4.5-6), entre outros. Mas acima de tudo aguardava-se a vinda do
Filho de Deus, um rei guerreiro cuja missão era trazer vitória, paz e glória a Israel. Alguns
pensavam em renovação espiritual; a maioria, em vitória sobre os romanos.
A palavra Messias (grego, "Cristo") inevitavelmente despertava esperanças de
independência política, o que levou Jesus a ser cauteloso com o uso deste título. Ele veio
a um povo "que esperava a consolação de Israel" (Lc 2.25), mas o que ninguém esperava
é que isso fosse acontecer através de uma cruz.
Prosélitos
Apesar de os judeus serem frequentemente mal interpretados e ridicularizados, um
número considerável de gentios era atraído pela religião judaica e tomava a importante
decisão de se tornar "prosélito". Isto envolvia circuncisão e batismo, bem como a
obediência a toda a lei, inclusive o sábado e as leis alimentares. Era, na verdade, uma
mudança de nacionalidade.
Muitos outros, atraídos pela fé monoteísta e pela rígida moralidade do judaísmo, que
contrastavam com o politeísmo decadente de Roma, se identificavam com a fé e os ideais
de Israel, mas não queriam se comprometer totalmente como prosélitos. estes, que em
alguns casos eram ricos e influentes oficiais romanos, aparecem no NT sob o nome de
"os que temem a Deus" ou "os piedosos" (At 13.26,43,50; 17.4).
Os samaritanos
Estes eram descendentes de israelitas que haviam sobrevivido à destruição do reino do
Norte e que haviam casado com gente estrangeira que havia sido transferida para aquela
região depois da queda de Samaria em 722/1 a.C. Nunca foram integrados no reino de
Judá e na época de Neemias a divisão se cristalizou. A construção do templo samaritano
no monte Gerezim, nas proximidades de Siquém (Jo 4.20), levou os judeus a
definitivamente repudiarem os samaritanos. Foi o rei Hircano quem destruiu o templo
samaritano em 128 a.C.