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DE SANTA CATARINA.
(10 linhas)
AURÉLIO JESUS, já qualificado, inconformado com a decisão que indeferiu o pedido de tutela de urgência para que
lhe seja fornecido de imediato medicamento para tratamento de câncer, sob o argumento de que não teria sido
comprovado o periculum in mora, nos autos da Ação de Fornecimento de Medicamento com Pedido de Antecipação
de Tutela, promovida em face do Estado de Santa Catarina, também já qualificado, vem por seu advogado,
tempestivamente, com fundamento no artigo 1015, inciso I, do Código de Processo Civil, interpor AGRAVO DE
INSTRUMENTO, pelo que expõe e requer a esse Egrégio Tribunal o seguinte:
O Agravante é portador de câncer raro e, por isso, deve consumir diariamente dois comprimidos do medicamento
receitado por seu médico, sendo que cada caixa de vinte comprimidos custa cerca de R$ 35.000,00.
O Agravante por não possui condições financeiras para comprar o remédio, que é imprescindível ao seu tratamento,
razão pela qual pleiteou ao Estado de Santa Catarina o fornecimento imediato da medicação.
Ocorre que o pedido restou indeferido pelo juiz de 1ª instância porque, ao que consta da decisão agravada, não teria
restado comprovado o periculum in mora.
Assim, o Agravante não vê alternativa se não interpor o recurso de Agravo de Instrumento, visando a modificação da
decisão que indeferiu o pedido urgente formulado na inicial.
O indeferimento da tutela antecipada consiste numa decisão interlocutória, conforme artigo 203, § 2º do Código de
Processo Civil. Por se tratar de medida que pode vir a causar risco de dano irreparável, cabível o presente Agravo de
Instrumento no prazo de 15 dias, nos termos dos artigos 1.003, § 5º, e 1.015, inciso I, ambos do Código de Processo
Civil.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(…).
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes.
Assim, por força dos fundamentos constitucionais acima referidos, tem o Estado obrigação de prestar assistência à
saúde àqueles que dela necessitam por estarem acometidos de grave moléstia, especialmente em casos como o do
Agravante que é portador de grave neoplasia.
Cabe mencionar que a jurisprudência vem se firmando no sentido de que, sendo o funcionamento do Sistema Único
de Saúde (SUS) de responsabilidade da União, dos Estados e dos Municípios, quaisquer desses entes têm
legitimidade para figurar no pólo passivo da ação postulando o fornecimento público de medicamentos ou
tratamento médico, sendo que tal responsabilidade solidária implica em litisconsórcio facultativo e, não, necessário,
cabendo à parte autora a escolha daquele ente contra o qual deseja litigar, sem a obrigatoriedade de inclusão dos
demais.
A corroborar tal entendimento, o seguinte precedente:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER AJUIZADA EM FACE DO ESTADO
DE SANTA CATARINA E DO MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL - DECISÃO ANTECIPATÓRIA QUE
DETERMINOU AOS ENTES PÚBLICOS DEMANDADOS FORNECEREM MEDICAMENTO NO LAPSO
DE 10 (DEZ) DIAS, SOB PENA DE SEQUESTRO DE VALORES - PRETENSÃO DE QUE SEJA
ATRIBUÍDA TAL RESPONSABILIDADE APENAS PARA UM DOS RÉUS - SOLIDARIEDADE QUE SE
ENCONTRA ASSENTE NA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
"A CF/1988 erige a saúde como um direito de todos e dever do Estado (art. 196). Daí, a
seguinte conclusão: é obrigação do Estado, no sentido genérico (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios), assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à
medicação necessária para a cura de suas mazelas, em especial, as mais graves. Sendo o SUS
composto pela União, Estados e Municípios, impõe-se a solidariedade dos três entes
federativos no polo passivo da demanda. (STJ, AgRg no REsp n. 690.483/SC, rel. Min. José
Delgado, Primeira Turma, j. 19.4.05)." (Apelação n. 0005635-53.2010.8.24.0135, de
Navegantes, rel. Des. Francisco Oliveira Neto, j. 27-09-2016).
'A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido da responsabilidade
solidária e da competência comum dos entes federados, de forma que qualquer um deles pode
responder por demanda cujo objeto seja a tutela à saúde.' (AgRg no AREsp 532.487/RO, Rel.
Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/09/2014, DJe 26/09/2014).
(Agravo de Instrumento n. 2012.070263-7, de São Miguel do Oeste, rel. Des. Rodolfo C. R. S.
Tridapalli, j. 17-03-2015).”
(TJSC, Processo 0158661-15.2015.8.24.0000, Relator: Cid Goulart
Segunda Câmara de Direito Público
Julgado em: 25/10/2016 ).
Desse modo, encontrando-se o Agravante com doença maligna, sem condições de arcar com as despesas do
medicamento prescrito pelo seu médico, tem ele direito a que o Estado de Santa Catarina forneça a medicação que
lhe é necessária para manutenção de sua vida.
O artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil autoriza o Relator a conceder a tutela antecipada recursal de
forma incidental no agravo de instrumento.
Para tanto, o artigo 300 do mesmo Código, determina que a concessão da liminar no agravo depende da presença
dos requisitos do fundamento relevante e perigo de dano.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
[...] O Código de Processo Civil estabelece como requisito positivo para a concessão da tutela de
urgência a probabilidade do direito, ou seja, a análise em sede de possibilidade de que o autor
possui o direito que alega e que está sujeito à situação de perigo. Para que a tutela de urgência
seja concedida, ainda que não se exija certeza jurídica sobre o direito do autor, há que se ter ao
menos aparência desse direito, e, por isso, o juiz faz a apreciação da existência da pretensão do
autor em um juízo de cognição sumária, e não exauriente […]
[TESSER, André Luiz Bahml. Tutela cautelar e antecipação de tutela. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014].
No presente caso, o fundamento é relevante, pois se trata de neoplasia maligna, conforme atestado pelo médico que
acompanha a evolução clínica do Agravante, o que confere inequívoca credibilidade e evidencia a imprescindibilidade
do tratamento proposto.
Além disso, caso não seja concedida a medida, o Agravante sofrerá dano grave, já que corre risco iminente de morte
se não for submetido ao tratamento proposto, não havendo possibilidade alguma de aquisição da medicação pelo
próprio Agravante já que não possui ele condições financeiras para arcar com tal custo.
A tutela provisória é necessária simplesmente porque não é possível esperar, sob pena de o
ilícito ocorrer, continuar ocorrendo, ocorrer novamente, não ser removido ou de dano não ser
reparado ou reparável no futuro. Assim, é preciso ler as expressões perigo de dano e risco ao
resultado útil do processo como alusões ao perigo da demora. [...] Vale dizer: há urgência
quando a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito.
[MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. O Novo Processo Civil.
Vol 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015].
V – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a. a concessão da tutela antecipada recursal, nos termos dos artigos 300 e 1019, inciso I, do Código de Processo Civil,
para que seja fornecido imediatamente o medicamento prescrito pelo médico;
b. que o presente recurso seja CONHECIDO e PROVIDO para reformar a decisão agravada no sentido de determinar à
parte agravada o imediato fornecimento da medicação, conforme receita médica que acompanha a inicial,
arbitrando-se multa diária em caso de descumprimento;
c. a condenação da parte Agravada ao pagamento das custas processuais do incidente, em conformidade com o
artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil;
d. a intimação da parte contrária para que apresente sua contraminuta ao recurso, no prazo legal;
e. a juntada da inclusa guia de preparo devidamente recolhida;
f. a juntada das seguintes cópias obrigatórias constantes do artigo 1.017 do Código de Processo Civil: petição inicial,
contestação, petição que ensejou a decisão agravada, decisão agravada, certidão da intimação da decisão
agravada, procurações dos advogados do agravante e do agravado;
e) informa os nomes e endereços dos advogados das partes, nos termos do artigo 1.016, inciso IV, do Código de
Processo Civil:
Advogado do Agravante:.... Endereço:..
Advogado do Agravado:... Endereço:...
g. informa que, no prazo de 3 dias, em conformidade com artigo 1.018 do Código de Processo Civil, o Agravante
comunicará ao juiz de 1ª instância sobre a interposição do recurso de Agravo de Instrumento.
Termos em que,
Pede deferimento,