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TIPOLOGIA TEXTUAL
1. DESCRIÇÃO
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É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a
mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um
dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da
cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As
coisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram
moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem
mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas
valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.
A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo em
que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à
escuta, de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de
sombra. Na estante junto à escada há um Tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de
tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a
forma suprema da beleza: o verso.
Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois
a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima,
onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa:
roquefort amassado, ovos frescos, mangas-espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate,
biscoitos de araruta - pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia
noturna. E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma
repugnância que vem de longe. Em cima ficam os guardados antigos, os livros que lembram a
infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna sabe por que,
queima às vezes uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna.
Hoje, vazia.
A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola.
Seu corpo como que se marca ainda na velha poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o
brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa materna, a figura paterna
parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e
as mãos filiais mais unidas em torno à grande mesa, onde já agora vibram também vozes infantis.
Com a finalidade de compensar possíveis irregularidades do piso, o seu freezer possui, na parte
inferior dianteira, dois pés niveladores para um perfeito apoio no chão. (Manual de instruções)
Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor do cobre, brilhava com reflexos dourados; os
cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a
fronte; a pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes
alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da inteligência.
Tinha a cabeça cingida por uma fita de couro, à qual se prendiam do lado esquerdo duas plumas
matizadas, que descrevendo uma longa espiral, vinham rogar com as pontas negras o pescoço
flexível.
“Ali naquela casa de muitas janelas e bandeiras coloridas vivia Rosalina. Casa de gente de casta,
segundo eles antigamente. Ainda conserva a imponência e o porte senhorial, o ar solarengo que o
tempo de todo não comeu. As cores das janelas e da porta estão lavadas de velhas, o reboco caído em
alguns trechos como grandes placas de ferida, mostra mesmo as pedras e os tijolos e as taipas de sua
carne e ossos, feitos para durar toda a vida; vidros quebrados nas vidraças, resultado do ataque da
meninada nos dias de reinação, quando vinham provocar Rosalina (não de propósito e ruindade, mas
sem-que-fazer de menino), escondida detrás das cortinas e reposteiros; nos peitoris das sacadas de
ferro rendilhado, formando flores estilizadas, setas, volutas, esses e gregas, faltam muitas das pinhas
de cristal facetado cor-de-vinho que arrematavam nas cantoneiras a leveza daqueles balcões."
(DOURADO, Autran. Ópera dos mortos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p.1-2).
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta
anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua
aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente
de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade — de brim, a não ser em certas
ocasiões (batizado, morte, casamento — então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem
passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os
gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente,
nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande
porte. Sendo assim tão descomunal, podia ser desajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma
grande e ponderada figura. Não jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito
medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro
trabalhado e prata, aí então sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um
daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra
armados cavaleiros.
(DOURADO, Autran. Ópera dos mortos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p.9-10).
2. NARRAÇÃO
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O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia
bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria,
desde que não fosse muito caro.
Não seria fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel o gerente, homem de maus modos,
foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da portaria olhou com
desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse que não tinha, na pressa da
viagem esquecera os documentos.
— E como pretende o senhor conseguir um lugar num hotel, se não tem documentos? — disse o
encarregado. — Eu nem sei se o senhor vai pagar a conta ou não!
O viajante não disse nada. Tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro hotel também
não havia vaga. No quarto — que era mais uma modesta hospedaria — havia, mas o dono desconfiou
do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava lotado. Contudo, para não ficar mal,
resolveu dar uma desculpa:
— O senhor vê, se o governo nos desse incentivos, como dão para os grandes hotéis, eu já teria feito
uma reforma aqui. Poderia até receber delegações estrangeiras. Mas até hoje não consegui nada.
Se eu conhecesse alguém influente… O senhor não conhece ninguém nas altas esferas?
O viajante hesitou, depois disse que sim, que talvez conhecesse alguém nas altas esferas.
— Pois então — disse o dono da hospedaria — fale para esse seu conhecido da minha hospedaria.
Assim, da próxima vez que o senhor vier, talvez já possa lhe dar um quarto de primeira classe, com
banho e tudo.
O viajante agradeceu, lamentando apenas que seu problema fosse mais urgente: precisava de um
quarto para aquela noite. Foi adiante.
No hotel seguinte, quase tiveram êxito. O gerente estava esperando um casal de conhecidos
artistas, que viajavam incógnitos. Quando os viajantes apareceram, pensou que fossem os hóspedes
que aguardava e disse que sim, que o quarto já estava pronto. Ainda fez um elogio.
— O disfarce está muito bom. Que disfarce? Perguntou o viajante. Essas roupas velhas que vocês
estão usando, disse o gerente. Isso não é disfarce, disse o homem, são as roupas que nós temos. O
gerente aí percebeu o engano:
— Sinto muito — desculpou-se. — Eu pensei que tinha um quarto vago, mas parece que já foi
ocupado.
O casal foi adiante. No hotel seguinte, também não havia vaga, e o gerente era metido a
engraçado. Ali perto havia uma manjedoura, disse, por que não se hospedavam lá? Não seria muito
confortável, mas em compensação não pagariam diária. Para surpresa dele, o viajante achou a
idéia boa, e até agradeceu. Saíram.
Não demorou muito, apareceram os três Reis Magos, perguntando por um casal de forasteiros. E foi
aí que o gerente começou a achar que talvez tivesse perdido os hóspedes mais importantes já
chegados a Belém de Nazaré.
(SCLIAR, Moacyr. A massagista japonesa. Porto Alegre: L&PM, p. 49-50).
Crônica
A aliança
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito,
mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a
situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra.
Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um
amigo meu. Fictício, claro.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora.
Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino
em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida,
como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o
carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que
o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio,
que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco
funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança
escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto,
mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro.
Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor
que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher.
Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-
las.
Fábula
O lobo e o cordeiro
No tempo em que o lobo e o cordeiro estavam em tréguas [1]), desejava aquele que se oferecesse
ocasião para as romper. Um dia que [2]) ambos se acharam na margem de um regato, indo be ber,
disse o lobo mui encolerizado contra o cordeiro:
“Por que me turbais a água que vou beber?” Respondeu ele mansamente: “Senhor fulano lobo,
como posso eu turbar a vossa mercê a fonte, se ela corre de cima, e eu estou cá mais abaixo?”
Fonte: Seleta em Prosa e Verso dos melhores autores brasileiros e portugueses por Alfredo
Clemente Pinto. (1883) 53ª edição.
3. TEXTOS INJUNTIVOS
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Inicie o preparo com até 24 horas antes de assar, comece lavando bem a costela. Amasse bem os
dois dentes de alho e junte com o óleo, a cebola e os outros temperos ao seu gosto, misture tudo
muito bem e espalhe o tempero sobre a carne. Coloque-a em uma vasilha coberta e leve à
geladeira.
Depois de passadas as 24 horas, coloque a costela na panela de pressão e cozinhe por uns 40
minutos, quando ela estiver praticamente se desmanchando, disponha a costela em uma forma
juntamente com o caldo da panela e leve para assar por meia hora.
Enquanto a carne estiver assando, cozinhe as batatas, mas não deixe que se desmanchem. Quando
estiver faltando 10 minutos para a carne assar por completo, adicione as batatas na forma para
grelhar. Para servir pode ser acompanhada com arroz branco, salada e purê de batatas.
Exercícios:
“Ali naquela casa de muitas janelas e bandeiras coloridas vivia Rosalina. Casa de gente de
casta, segundo eles antigamente. Ainda conserva a imponência e o porte senhorial, o ar
solarengo que o tempo de todo não comeu. As cores das janelas e da porta estão lavadas de
velhas, o reboco caído em alguns trechos como grandes placas de ferida, mostra mesmo as
pedras e os tijolos e as taipas de sua carne e ossos, feitos para durar toda a vida; vidros
quebrados nas vidraças, resultado do ataque da meninada nos dias de reinação, quando vinham
provocar Rosalina (não de propósito e ruindade, mas sem-que-fazer de menino), escondida
detrás das cortinas e reposteiros; nos peitoris das sacadas de ferro rendilhado, formando flores
estilizadas, setas, volutas, esses e gregas, faltam muitas das pinhas de cristal facetado cor-de-
vinho que arrematavam nas cantoneiras a leveza daqueles balcões."
DOURADO, Autran. Ópera dos mortos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p. 1-2.
4. ARGUMENTAÇÃO
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Na argumentação, há seleção de prós e/ou contras; o autor focaliza o assunto proposto, questionando-o e
procurando solucioná-lo através de uma análise valorativa.
A estrutura básica da dissertação em geral é composta de:
Introdução;
Desenvolvimento;
Conclusão.
6. TEXTO DIALOGAL
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