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MODULFORM

MODULFORM

Válvulas e Sistemas
de Alívio de Pressão
Guia do Formador

COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Social Europeu
IEFP · ISQ

Colecção MODULFORM - Formação Modular

Título Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão

Suporte Didáctico Guia do Formando

Coordenação Técnico-Pedagógica IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional


Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos

Apoio Técnico-Pedagógico CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria


Metalúrgica e Metalomecânica

Coordenação do Projecto ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Autor José Pedro dos Santos Paixão

Capa SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA

Maquetagem e Fotocomposição ISQ / Rui Bacelar

Revisão OMNIBUS, LDA

Montagem BRITOGRÁFICA, LDA

Impressão e Acabamento BRITOGRÁFICA, LDA

Propriedade Instituto do Emprego e Formação Profissional


Av. José Malhoa, 11 1099 - 018 Lisboa

1.ª Edição Portugal, Lisboa, Julho de 1999

Tiragem 1 000 Exemplares

Depósito Legal

ISBN

Copyright, 1999
Todos os direitos reservados
IEFP

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP

Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo Estado Português, e
pela União Europeia, através do FSE
M.T1.08

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral

ÍNDICE GERAL

I - TIPOS DE VÁLVULAS

• Tipos de válvulas I.2


• Nomenclatura I.3
• Válvulas de passagem I.4
• Válvulas de cunha e de comporta I.4
• Válvulas de macho esférico I.9
• Válvulas de macho cónico e de macho cilíndrico I.11
• Válvulas reguladoras ou estranguladoras I.12
• Válvulas de globo I.12
• Válvulas de borboleta I.16
• Válvulas de diafragma I.18
• Válvulas de retenção I.19
• Válvulas ou sistemas de alívio de pressão I.22
• Válvula de segurança I.22
• Válvula de alívio I.24
• Válvulas de segurança/alívio I.25
• Válvulas de vácuo I.27
• Discos de ruptura I.28
• Resumo I.32
• Actividades / Avaliação I.33

II - INSPECÇÃO PERIÓDICA E MANUTENÇÃO PREVENTIVA

• Porquê, quando e como II.2


• Porquê II.2
• Quando II.3
• Como II.4
• Válvulas de passagem, reguladoras ou estranguladoras II.5
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IG . 1


Guia do Formando
Índice Geral IEFP · ISQ

• Válvulas de não retorno II.6


• Válvulas e sistemas de alívio de pressão II.7
• Resumo II.10
• Actividades / Avaliação II.11

III - CAUSAS DE FUNCIONAMENTO IMPRÓPRIO

• Causas de funcionamento impróprio III.2


• Selecção da válvula ou dispositivo de segurança III.2
• Selecção dos materiais III.4
• Corrosão III.5
• Erosão III.6
• Calibração III.7
• Falta de informação dos elementos do fabricante III.7
• Equipamento de teste inadequado III.9
• Falta de informação do pessoal de manutenção III.9
• Manutenção III.9
• Transporte e acondicionamento III.10
• Resumo III.12
• Actividades / Avaliação III.13

IV - MANUTENÇÃO, PROCEDIMENTOS DE REPARAÇÃO E


CALIBRAÇÃO

• Preparação IV.2
• Desmontagem da válvula na instalação IV.3
• Inspecção visual após remoção IV.4
• Inspecção da tubagem IV.4
• Inspecção da válvula IV.5
• Transporte para a oficina IV.5
• Caso particular IV.5
M.T1.08

IG . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Índice Geral

• Ensaio prévio - Dispositivos ou válvulas de segurança IV.6


• Desmontagem em oficina IV.7
• Caso particular IV.7
• Limpeza e análise dos componentes IV.9
• Reparação das faces de vedação (sede e obturador) IV.10
• Caso particular IV.11
• Substituição do empanque IV.12
• Montagem dos componentes IV.15
• Caso particular IV.15
• Ensaio final IV.15
• Transporte e montagem no local IV.16
• Resumo IV.17
• Actividades / Avaliação IV.18

V - FICHEIROS E REGISTO HISTÓRICO

• Ficheiros base V.2


• Ficheiros de inspecção periódica V.4
• Acompanhamento da reparação V.5
• Registo histórico V.7
• Resumo V.9
• Actividades / Avaliação V.10

VI - ENSAIOS

• Bancada de ensaios VI.2


• Ensaios de vedação VI.3
• Aquisição de válvula nova (cunha) VI.3
• Aquisição de válvula nova (dispositivo de segurança) VI.4
• Após acções de manutenção VI.7
• Ensaios de calibração em bancada (dispositivos de segurança) VI.7
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IG . 3


Guia do Formando
Índice Geral IEFP · ISQ

• Ensaios em funcionamento (dispositivos de segurança) VI.9


• Ensaio real VI.9
• Ensaio utilizando uma força exterior à válvula VI.10
• Ensaio utilizando seccionamento a montante VI.11
• Resumo VI.13
• Actividades / Avaliação VI.14

BIBLIOGRAFIA B.1

M.T1.08

IG . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

Tipos de Válvulas e sua


Aplicação
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar os diversos tipos de válvulas existentes, sobretudo em unidades


industriais;
• Seleccionar discos de ruptura, no âmbito dos sistemas de alívio de pressão;
• Seleccionar válvulas e identificar suas funções.

TEMAS

• Tipos de válvulas
• Nomenclatura
• Válvulas de passagem
• Válvulas de cunha e de comporta
• Válvulas de macho esférico
• Válvulas de macho cónico e macho cilíndrico
• Válvulas reguladoras ou estranguladoras
• Válvulas de globo
• Válvulas de borboleta
• Válvulas de diafragma
• Válvulas de retenção
• Válvulas ou sistemas de alívio de pressão
• Válvula de segurança
• Válvula de alívio
• Válvulas de segurança/alívio
• Válvulas de vácuo
• Discos de ruptura
• Resumo
• Actividades / Avaliação
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 1


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

TIPOS DE VÁLVULAS

Válvulas são dispositivos destinados a estabelecer, controlar e interromper a


normal circulação, ou escoamento de um fluido, em circuitos fechados.

Antes de iniciar este assunto, convém referir que o dimensionamento das válvulas
varia, de uma maneira geral, entre 1/4" e 72", podendo ser aplicadas numa
vasta gama de pressões e temperaturas. Os materiais do exterior poderão ser
em ferro ou em aço, em bronze, latão, PVC, etc., enquanto que, no interior, e
na grande maioria dos casos, os componentes são, regra geral, em aço
inoxidável.

Em virtude de existirem diversos tipos de válvulas disponíveis para uma desejada


função, é necessário determinar quais as condições de serviço em causa. Assim,
é de primordial importância o conhecimento das características físicas e
químicas do fluido em questão.

Em resumo, a selecção do tipo de válvulas está dependente das seguintes


condicionantes:

Função da válvula:

• De passagem;
• Redutoras, reguladoras ou de controlo;
• Não retorno;
• De alívio de pressão.

Tipo de fluido:

• Líquidos;
• Gases;
• Líquidos com gases;
• Líquidos com sólidos;
• Gases com sólidos;
• Ponto de faísca de um vapor derivado de um líquido por abaixamento da
pressão deste;
• Corrosivo ou não corrosivo;
• Erosivo ou não erosivo.

Uma vez definida a função e tipo de serviço pretendido, poderemos, então,


escolher, de acordo com a sua construção, um dos tipos de válvula indicados
anteriormente.
M.T1.08 UT.01

I . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

No âmbito das válvulas de passagem, temos a considerar os seguintes modelos:

• Cunha e de comporta;
• Macho esférico;
• Macho cónico ou cilíndrico.

Nas válvulas reguladoras ou estranguladoras, encontramos os seguintes


modelos:

• Globo;
• Borboleta;
• Diafragma.

Nas válvulas de não retorno, encontramos um único modelo:

• Não retorno (“Check Valve”).

As válvulas ou sistemas de alívio de pressão incluem vários modelos. São


eles os seguintes:

• Segurança ;
• Segurança/alívio;
• Alívio;
• Vácuo;
• Discos de ruptura.

Nomenclatura

A construção das válvulas varia conforme o tipo e o fabricante mas, de uma


maneira geral, a sua nomenclatura é a mesma ou sofre alterações pouco
significativas. A figura I.1 dá a conhecer os componentes fundamentais de uma
válvula.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 3


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Legenda:
1 - Corpo; 5 - Obturador;
2 - Castelo aparafusado; 6 - Volante;
3 - Haste; 7 - Empanque.
4 - Sede;

Figura I.1 - Nomenclatura geral de uma válvula

VÁLVULAS DE PASSAGEM

Válvulas de cunha e de comporta

Na categoria de válvulas de passagem, as válvulas de cunha e de comporta


ultrapassam, em muito, a percentagem de aplicação em relação a outros tipos
de válvulas. Contudo, têm as suas limitações. Não são, por exemplo,
recomendadas como válvulas reguladoras, visto que tanto a sede como o
obturador são bastante sensíveis à erosão e turbulência do fluido, quando as
mesmas se encontram, parcialmente, abertas ou fechadas. Quando uma válvula
está completamente aberta, o obturador é totalmente levantado, permitindo,
assim, a passagem livre do fluido numa área sensivelmente igual à da tubagem
onde aquela se encontra instalada. O obturador é circular e, quando as faces
laterais do mesmo são convergentes, dizemos tratar-se de uma válvula de
cunha; se as mesmas são paralelas, a denominação corrente é de válvula de
comporta. Em ambas, o obturador poderá ser composto por uma só peça
(rígido), ou por duas (flexível).

No obturador flexível, as duas faces de vedação são repelidas uma da outra


através de uma mola interior ou outro dispositivo, o que permite que haja uma
compensação automática de qualquer desalinhamento angular nas sedes. Por
esta razão, a sua utilização é preferencial em relação ao obturador rígido. Na
figura I.2, está representado um dos modelos de uma válvula de cunha; na
figura I.3, está representada uma válvula de comporta; na figura I.4, estão
representados os dois tipos de obturador, rígido e flexível.
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I . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

Legenda:
1 - Corpo; 7 - Empanque;
2 - Sede; 8 - Bucim;
3 - Obturador ou cunha; 9 - Porcas e parafusos;
4 - Haste; 10 - Bucha;
5 - Castelo; 11 - Volante;
6 - Gaxeta; 12 - Porca da bucha.

Figura I.2 - Válvula de cunha

Legenda:
1 - Corpo; 8 - Empanque;
2 - Castelo; 9 - Bucim;
3 - Haste; 10 - Gaxeta;
4 - Sede; 11 - Porcas e parafusos;
5 - Obturador (faces paralelas); 12 - Volante;
6 - Bucha; 13 - Junta.
7 - Porca da bucha;

Figura I.3 - Válvula de comporta


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 5


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Figura I.4 - Obturador rígido e flexível

Movimentação dos componentes de controlo de fluido

Um aspecto importante a ter em conta na concepção de todas as válvulas é a


forma como se processa a movimentação dos componentes de controlo de
fluído. Nas válvulas de cunha e de comporta, este movimento é obtido através
de uma haste roscada cuja rotação desloca o obturador, afastando-o ou
aproximando-o da sede. A haste pode, igualmente, mover-se para o interior ou
exterior, acompanhando o movimento do obturador e tendo, neste caso, a
vantagem de se poder visualizar o seu posicionamento pelo exterior. Em
situações onde a temperatura seja elevada (circuitos de vapor), ou em que o
fluido tenha características corrosivas, a rosca da haste e casquilho colocam-
-se no exterior da válvula, evitando, assim, o contacto nocivo com o mesmo.
Pelo contrário, se o ambiente exterior possuir características corrosivas como,
por exemplo, plataformas marítimas e serviços similares, a rosca e casquilho
situam-se no seu interior.

Válvulas de grandes dimensões necessitam de muitas voltas no volante para


se obter o fim de curso (aberto ou fechado). Neste caso, e porque a força a
aplicar é grande, são utilizadas engrenagens que desmultiplicam a força e, se
se verificar a necessidade de uma actuação rápida, então a utilização de um
actuador torna-se essencial. A figura I.5 mostra as variantes de movimentação
referidas.
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I . 6 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

Legenda:

A - Rosca interna, haste móvel ;


B - Rosca externa, haste móvel;
C - Rosca interna, haste não móvel;
D - Sem rosca, actuador manual e haste deslizante.

Figura I.5 - Variantes de movimentação dos componentes de controlo de fluido

Zonas de vedação

Nas válvulas de cunha e de comporta, existem quatro zonas onde a vedação é


fundamental. Três dizem respeito à prevenção de fugas para o exterior; a quarta
situa-se ao nível da sede e obturador a fim de evitar a passagem de fluido para
jusante da válvula.

As zonas de vedação de fugas para o exterior situam-se na ligação à tubagem


(válvulas roscadas ou flangeadas), na ligação corpo/castelo e em volta da haste.
A figura I.6 mostra as zonas referidas.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 7


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Legenda:

1 - Ligação à tubagem;
2 - Junta corpo/castelo;
3 - Empanque;
4 - Sede/obturador.

Figura I.6 - Zonas críticas de vedação

Na ligação à tubagem, quer seja roscada ou flangeada, os vedantes indicados


são, geralmente, os mesmos aplicados nas restantes ligações do mesmo
circuito. Existe uma grande variedade de materiais que compõem estes vedantes,
sendo a sua selecção dependente das condições de pressão, de temperatura e
do tipo de fluído. No caso de válvulas soldadas à própria tubagem, não existe,
obviamente, vedante. Este é substituído pela soldadura de ligação, a qual deverá
ser efectuada de acordo com especificações próprias para o efeito.

A ligação corpo/castelo pode ser roscada, aparafusada e soldada. Também


aqui, factores como a pressão, temperatura e natureza do fluido são
determinantes. Estes três tipos de ligação, não sendo únicos, são, com certeza,
os mais comuns.

A zona da haste é bastante mais delicada que as anteriores, em virtude do


movimento rotativo da mesma. É normalmente efectuada através de um cordão,
vulgarmente designado por empanque, o qual é inserido em anéis sobrepostos
dentro de uma caixa (caixa do bucim) e, posteriormente, compactado pelo
bucim. Na grande maioria das válvulas de cunha e de comporta, a localização
destes componentes situa-se na parte superior do castelo, sendo possível, em
alguns casos, a substituição do empanque pela válvula em serviço.
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I . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

Finalmente, a quarta zona de vedação que evita a passagem de fluido para


jusante quando a válvula se encontra fechada, depende, fundamentalmente, do
contacto perfeito entre as faces de vedação. Também aqui, deverão ser tomadas
considerações no que respeita a alterações de pressão e temperatura. Tais
alterações poderão resultar em tensões na tubagem, as quais, por sua vez,
provocam desalinhamentos nas faces de vedação.

Existem dois tipos básicos de vedação: metal com metal ou metal em


contacto com um material elástico.

A face metal com metal apresenta maior força mecânica, embora esteja mais
sujeita a agarramento e gripagem. Para colmatar este problema, alguns
fabricantes procuram materiais de diferentes durezas sendo, no entanto,
expectáveis os problemas apontados, ao fim de alguns ciclos de funcionamento.

A face de metal em contacto com um material elástico tem tido algum


sucesso, principalmente onde não é desejável a contaminação de produtos,
isto é, quando a vedação representa um factor essencial. Este tipo de construção
tem limites, relacionados com a pressão e a temperatura.

Espaço físico de montagem

Em virtude da grande variedade de modelos, que poderão atingir grandes


dimensões, é fundamental que o espaço físico circundante seja bastante amplo,
de modo a que, tanto as acções de operação como de manutenção possam
ser efectuadas com facilidade. Um dos factores a que estas válvulas são
bastantes sensíveis consiste nas tensões provocadas pela tubagem de ligação
tornando-se, por isso, necessário tomar as respectivas precauções no que
respeita aos suportes da mesma.

Válvulas de macho esférico

Embora este modelo de válvulas esteja disponível no mercado há já algum


tempo, só se verificou a sua plena aceitação, talvez, nos últimos quinze anos,
nomeadamente na indústria química. Esta situação ficou a dever-se ao facto de
ter existido uma grande evolução, tanto no fabrico de borrachas e plásticos,
como nas máquinas capazes de uma produção em série deste tipo de válvulas.
Inicialmente, e daí a sua aceitação não ser a melhor, as faces de vedação eram
de metal com metal com a consequente fraca estanquicidade. Posteriormente,
a face que constitui a sede passou a ser fabricada à base de polímeros e nylon,
tendo o obturador, de formato esférico, sofrido também uma evolução qualitativa.
Um dos modelos de uma válvula de macho esférico está representada na
figura I.7.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 9


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Figura I.7 - Válvula de macho esférico

Movimentação dos componentes de controlo de fluido

O processo de movimentação dos componentes de controlo de fluido é


semelhante ao das válvulas de macho cónico, isto é, basta a rotação de um
quarto de volta para termos a válvula fechada ou aberta.

A passagem do fluido é obtida através de um orifício existente no obturador


esférico e que o atravessa de um lado ao outro. Este orifício é, de uma maneira
geral, de idêntica dimensão à da entrada da válvula. Esta normalmente está
equipada com um indicador de posição (fechada ou aberta).

Zonas de vedação

Na prevenção de fugas para o exterior, as válvulas de macho esférico


empregam vários tipos de vedantes na haste ou na ligação corpo/tampa, as
quais vão desde os ‘o ringues’ aos empanques normais. Na sua ligação à
tubagem, quer seja flangeada, roscada ou soldada, o tipo de vedante ou junta
deverá estar de acordo com as especificações utilizadas para a tubagem onde
a mesma se encontra inserida.

Na vedação à passagem do fluido para jusante e, no caso mais comum,


com esfera flutuante, à medida que a pressão aumenta, mais eficaz se torna a
estanquicidade, em virtude da natureza do material da sede que, como dissemos,
poderá ser em borracha ou teflon. Apresentam, no entanto, alguns problemas
quando o diferencial de pressão, a montante e a jusante, é reduzido.

Estas válvulas estão limitadas na sua aplicação por factores como a pressão e
a temperatura devido, essencialmente, aos materiais elásticos aplicados.
Quando o controlo de estanquicidade se torna imperativo e a manutenção
periódica se torna difícil, estas válvulas poderão estar munidas de um dispositivo
de lubrificação ao nível das faces de contacto.
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I . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Espaço físico de montagem

As válvulas deste tipo oferecem vantagens em relação, por exemplo, às válvulas


de cunha, pois o seu formato é mais compacto, sendo, por isso, bastante
aplicadas onde o espaço de montagem constitui problema. São bastante
utilizadas em plataformas de exploração de petróleo e a sua aplicação em
refinarias e indústrias químicas ganha cada vez mais significado.

Válvulas de macho cónico e macho cilíndrico

A válvula de macho cónico é o modelo aperfeiçoado da simples torneira, sendo


a mais velha na família das válvulas. A sua origem remonta ao tempo dos
Romanos, tendo sido encontrado um exemplar quase intacto, feito em bronze,
nas ruínas de Pompeia. A sua utilização estaria relacionada com a distribuição
de água por meio de aquedutos. Os componentes básicos desta válvula são:
o corpo, o macho ou obturador e a tampa.

O macho poderá ser cilíndrico ou cónico e contém uma abertura, através da


qual se dá o escoamento do fluido. Na posição aberta, e tal como na válvula de
macho esférico, o orifício do macho estabelece o contacto entre a entrada e
saída da válvula, proporcionando a passagem do fluido em linha recta. O orifício
ou janela do macho tem, normalmente, a forma rectangular. A figura I.8 representa
uma válvula de macho cónico.

Figura I.8 - Válvula de macho cónico (posição fechada)


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 11


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Movimentação dos componentes de controlo de fluido

Tal como vimos na válvula de macho esférico, a posição de aberta ou fechada é


obtida através da rotação de um quarto de volta do macho. Na tampa, e como
parte integrante da mesma, existe um batente que limita a movimentação do
manípulo. A detecção da posição do macho é bastante simples, visto que,
quando o manípulo se encontra em linha com a válvula, significa que a mesma
se encontra aberta. Se a sua posição for de 90° em relação à válvula, então
esta encontra-se fechada.

Zonas de vedação

Os pontos de vedação para o exterior a ter em atenção numa válvula deste


tipo são os mesmos de uma válvula de cunha. A vedação na haste poderá ser
efectuada através de ‘o ringues’ ou da injecção pelo exterior de um fluido vedante
especial. Na ligação à tubagem, o método de selecção está, novamente,
dependente do tipo de extremidades da válvula e dos materiais aplicados no
mesmo circuito.

O método de vedação da passagem do fluido para jusante poderá ter duas


variantes: ou lubrificado na zona de vedação, permitindo uma melhor
estanquicidade e evitando também que o macho se agarre à sede, ou utilizando
materiais mais macios como o teflon. Este material é bastante durável, sendo
afectado por uma quantidade mínima de fluidos. O seu desgaste por fricção é
muito ligeiro, proporcionando, assim, um prolongamento das condições ideais
de funcionamento da válvula.

Espaço físico de montagem

A válvula de macho cónico ou cilíndrico é uma válvula compacta que requer


pouco espaço para a sua montagem. É mais leve que as válvulas idênticas, de
cunha ou de globo.

VÁLVULAS REGULADORAS OU ESTRANGULADORAS

Válvulas de globo

A designação de válvulas de globo abarca um variadíssimo número de modelos,


desde os que são comandados manualmente aos comandados através de um
dispositivo automático.

O factor de construção, comum a todas elas, situa-se no interior da válvula e


consiste num disco ou obturador que se movimenta no sentido vertical e que
encastra numa sede.

As válvulas de globo são, normalmente, utilizadas em regulação de caudais e


ao contrário, por exemplo, das válvulas de cunha, a direcção do fluxo de fluido
sofre um desvio de 90°. Muitos dos modelos são unidireccionais e possuem
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I . 12 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

uma seta no exterior, a qual indica o sentido correcto de montagem. Na maior


parte dos casos, a pressão é exercida por baixo do disco. A perda de pressão
é bastante elevada e, para minimizá-la, os construtores disponibilizaram modelos
alternativos, tais como o modelo em Y e em ângulo recto.

A válvula de agulha é uma variante da válvula de globo, que é fabricada até 2",
com o obturador e sede cónicos e que permite grande precisão na regulação de
caudal. As figuras I.9, I.10, I.11 e I.12 representam os tipos de válvulas de globo
referenciados.

Figura I.9 - Válvula de globo normal

Figura I.10 - Válvula de globo a 90°


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 13


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Figura I.11 - Válvula de globo em Y

Figura I.12 - Válvula de agulha


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I . 14 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Movimentação dos componentes de controlo de fluido

As técnicas de movimentação dos componentes de controlo de fluido são,


essencialmente, as mesmas da família das válvulas de cunha, ou seja, através
da utilização de uma haste roscada que desloca o obturador, afastando-o ou
aproximando-o da sede.

Zonas de vedação

Os problemas e soluções para as válvulas de globo são idênticos aos verificados


nas válvulas de cunha, com excepção da zona de passagem de fluido para
jusante. O obturador pode ser em forma de disco ou de bujão e a face de
vedação pode ser em metal ou possuir um material elástico embutido. A figura
I.13 mostra um obturador com material elástico embutido.

Legenda:

1 - Sede;
2 - Obturador;
3 - Material elástico embutido.

Figura I.13 - Obturador com material elástico embutido

Onde as condições de serviço não são muito severas e a pressão não é muito
elevada, o obturador com material elástico embutido proporciona uma
vedação extremamente boa, sendo recomendado, em particular, para fluidos
que arrastem consigo partículas sólidas. Quando uma destas partículas é
entalada entre as faces de vedação, é comprimida de encontro à superfície
mais macia, o que diminui a possibilidade de interferência com a vedação. No
entanto, o material elástico (por exemplo borracha) não é aconselhável para
efeitos de regulação de caudal, devido à rápida degradação do mesmo.

O obturador em metal tem, normalmente, a forma afunilada ou cónica, sendo


a superfície de contacto da sede igualmente cónica. A sede pode fazer parte
integrante do corpo ou poderá ser roscada, o que proporciona a sua substituição.
A figura I.14 mostra o tipo de obturador citado, assim como o caso de uma sede
roscada.
M.T1.08 UT.01

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 15


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Legenda:

1 - Obturador em metal (substituível);


2 - Sede (substituível).

Figura I.14 - Obturador em metal / sede roscada

Espaço físico de montagem

As válvulas de globo, quando comparadas com as de cunha, necessitam


sensivelmente do mesmo espaço e possuem sensivelmente o mesmo peso.
Embora não tão sensíveis a tensões provocadas pela tubagem, as válvulas de
globo deverão ser também devidamente suportadas.

Válvulas de borboleta

O princípio de concepção destas válvulas é semelhante ao “registo” aplicado na


chaminé de uma lareira ou da vulgar salamandra. O disco ou obturador tem
sensivelmente a medida do diâmetro da tubagem onde se encontra inserida.
Um quarto de volta é suficiente para permitir uma abertura total, visto que a
haste funciona como eixo de rotação.

Quase todas as válvulas deste tipo possuem sedes em material elástico e são
aplicadas em serviços de baixa pressão e temperatura, gases ou líquidos,
corrosivos ou não, e que arrastam consigo partículas sólidas.

Estas válvulas possuem aspectos exteriores distintos, dependendo das


dimensões dos serviços a que se aplicam. Em tamanhos pequenos, as válvulas
são normalmente roscadas à tubagem. Em dimensões maiores, são montadas
entre duas flanges, podendo ter dois aspectos, consoante possuam, ou não,
furação para aplicação de pernos. Se a possuem, poderão ter uma ou duas
flanges de ligação.

A figura I.15 representa uma válvula de borboleta sem furação e a figura I.16
uma válvula de borboleta com furação.
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I . 16 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Legenda:
1 - Corpo;
2 - Disco;
3 - Haste;
4 - Revestimento interior (“lining”).

Figura I.15 - Válvula de borboleta sem furação

Legenda:
1 - Corpo;
2 - Disco;
3 - Haste;
4 - Revestimento interior (“lining”).

Figura I.16 - Válvula de borboleta com furação


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 17


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

Movimentação dos componentes de controlo de fluido

Como vimos, o movimento destes componentes é bastante simples, consistindo


apenas na rotação de um quarto de volta para a obtenção da abertura ou fecho
total da válvula.

Zonas de vedação

Estas válvulas são constituídas por um corpo único, não havendo ligação corpo/
/castelo ou tampa. No entanto, e no que diz respeito à vedação para o exterior,
existe uma zona de aplicação de empanque em redor da haste. No interior, são
normalmente revestidas com material resistente à corrosão (“lining”), o qual
constitui, conjuntamente com o disco, a vedação da válvula. Este modelo está
limitado a pressões normalmente não superiores a 10 Kg/cm2 (150 psi). Podem,
ainda, possuir a face de encosto do disco (sede) em material elástico, não
sendo, neste caso, revestidas por dentro. Finalmente, se as faces de vedação
forem metal com metal, a sua utilização é bastante reduzida (altas temperaturas),
não se obtendo a estanquicidade desejada.

Espaço físico de montagem

Devido à sua concepção, estas válvulas não necessitam de grande espaço de


montagem. No entanto, deverão ser tomadas as devidas precauções, de modo
a obter-se o espaço necessário para se poder actuar, tanto em operação como
em manutenção.

Válvulas de diafragma

As válvulas de diafragma encontram utilização, tanto como válvulas reguladoras,


como de passagem. Desempenham uma grande variedade de funções em fluidos
líquidos.

Nestas válvulas, o diafragma isola totalmente o fluido do mecanismo


de controlo, não podendo, por isso, contaminar o mesmo e conduzir,
consequentemente, a uma falha de operação. Devido à grande flexibilidade e
variedade dos materiais empregues no fabrico do diafragma, mais concretamente
na patente “Saunders”, estas válvulas podem ser utilizadas em serviços altamente
corrosivos. São válvulas praticamente sem problemas de manutenção e não
necessitam de empanque na zona da haste, sendo, no entanto, previsto para
casos mais perigosos, um castelo devidamente equipado com um empanque
suplementar. É fabricado numa vasta gama de materiais, incluindo ferro ou aço
vazado, aço inoxidável e outras ligas especialmente indicadas para resistir à
corrosão. O interior poderá ser totalmente revestido com algumas variantes de
teflon não contamináveis. As dimensões destas válvulas poderão situar-se
normalmente entre 1/8 e 24".

A figura I.17 representa uma válvula de diafragma.


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I . 18 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Legenda:
1 - Obturador;
2 - Diafragma;
3 - Sede tipo “barragem”.

Figura I.17 - Válvula de diafragma

VÁLVULAS DE RETENÇÃO

Como o próprio nome indica, estas válvulas destinam-se a impedir o retorno do


fluido para montante. São também vulgarmente chamadas de “não retorno”.
O seu funcionamento é bastante simples. A válvula encontra-se aberta quando
a pressão a montante é superior à de jusante. Quando se verifica o inverso,
tanto o peso do obturador como a pressão a jusante impelem o mesmo de
encontro à sede, obtendo-se, assim, a posição fechada. Como ajuda ao fecho,
as válvulas poderão ser equipadas com uma mola, a qual prime o obturador.

Existem três modelos fundamentais, consoante o tipo de obturador. Poderão


ser de charneira, de esfera ou de pistão.

A válvula de charneira é, normalmente, utilizada onde a velocidade do fluxo é


baixa e onde não são previsíveis situações de retorno frequentes. Pode ter
como acessórios, componentes que permitam regular tanto a pressão de abertura
como a pressão de fecho. Os materiais de fabrico poderão ser os seguintes:
bronze, ferro, ferro fundido, aço forjado ou fundido e aço inoxidável.

As ligações à tubagem podem ser roscadas, flangeadas ou soldadas. A sua


montagem no circuito poderá ser na horizontal ou na vertical, sendo o sentido
do fluxo, neste caso, de baixo para cima.

A figura I.18 representa uma válvula de charneira.


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 19


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Legenda:

1 - Tampa; 3 - Obturador;
2 - Sede; 4 - Mola.

Figura I.18 - Válvula de retenção de charneira

As válvulas de esfera, como o nome indica, possuem um obturador em forma


de esfera que pode rodar livremente. A sua construção é limitada a pequenas
dimensões e, normalmente, são utilizadas em produtos viscosos. A posição de
montagem é na horizontal ou na vertical.

A figura I.19 representa uma válvula de retenção de esfera.

Legenda:

1 - Corpo; 3 - Esfera;
2 - Sede; 4 - Porcas e pernos.

Figura I.19 - Válvula de retenção de esfera (montagem vertical)


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I . 20 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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As válvulas de pistão possuem um obturador guiado e, tal como as de esfera,


o seu funcionamento faz-se por acção da gravidade. Poderão, no entanto, possuir
uma mola que proporcione uma vedação mais estável. A configuração das faces
de vedação é muito semelhante à da válvula de globo.

São normalmente utilizadas em serviços de alta pressão e possuem dimensões


inferiores às válvulas de charneira.

A figura I.20 representa uma válvula de retenção de pistão.

Legenda:

1 - Corpo; 4 - Haste do obturador;


2 - Obturador; 5 - Porcas e parafusos;
3 - Sede; 6 - Junta.

Figura I.20 - Válvula de retenção de pistão

Zonas de vedação

A zona de vedação para o exterior situa-se na ligação do corpo à tampa.


A ligação à tubagem, roscada ou flangeada, é outra das zonas a ter em
consideração, tal como em casos anteriores.

No interior, ou seja, nas faces de vedação e, em particular, nas válvulas de


charneira e de pistão, as faces de vedação podem ser constituídas por materiais
já anteriormente referidos (metal com metal, ou metal com material elástico).
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 21


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Espaço físico de montagem

Em virtude de serem válvulas de funcionamento automático que, na grande


generalidade, não necessitam de acessórios externos de funcionamento, o
espaço físico de montagem é relativamente reduzido, embora seja sempre
necessária uma boa movimentação do pessoal ligado à montagem ou
conservação das mesmas.

VÁLVULAS OU SISTEMAS DE ALÍVIO DE PRESSÃO

De um modo geral, poder-se-á dizer que, onde houver um equipamento sob


pressão, existe uma válvula de alívio de pressão ou um outro tipo de dispositivo
denominado disco de ruptura. Existem ainda outros dispositivos, mas, face à
sua fraca representatividade, não os iremos abordar nesta unidade temática.

A sua função fundamental é a de evitar que os aumentos de pressão não


controláveis ponham em risco a segurança de pessoas ou bens (equipamentos,
tubagem, etc.). A pressão de timbre, ou a pressão máxima de serviço do
equipamento onde se encontram instaladas, corresponde, geralmente, à pressão
de abertura da válvula ou ao rebentamento do disco de ruptura.

Existem vários modelos de válvulas de alívio de pressão. Embora nenhum


deles seja recomendado para todos os serviços, existe um ideal para a aplicação
que é desejada. Os fundamentais são os seguintes: válvula de segurança,
alívio, segurança/alívio e vácuo.

Válvula de segurança

A válvula de segurança é normalmente utilizada nos sistemas de vapor ou ar


comprimido.

Estas válvulas caracterizam-se por possuírem uma abertura rápida (“pop action”),
a partir de um braço de abertura manual, o qual deverá poder ser activado
quando a pressão de serviço atingir os 75% da pressão de abertura e por um
castelo aberto que proporciona a refrigeração da mola. Geralmente, são também
munidas de anéis ou rosetas, que permitem a regulação de uma abertura
rápida e de um fecho controlado.

A ligação à tubagem poderá ser roscada, flangeada ou soldada.

São válvulas especialmente indicadas para gases não poluentes.

Têm contra-indicações tais como:

• Serviços corrosivos e tóxicos;


• Circuitos com contrapressão, isto é, circuitos onde haja condições para
a existência de pressão a jusante;
• Circuitos de líquidos.
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I . 22 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Estas contra-indicações resultam do facto deste tipo de válvulas possuir o


castelo aberto, possibilitando assim o escape do produto para a atmosfera.

A figura I.21 representa uma válvula de segurança e a figura I.22 os anéis ou


rosetas que, como vimos, permitem obter o efeito “pop” e fecho controlado,
quando devidamente regulados. A sua regulação será dada na unidade temática
IV (Manutenção, procedimentos de reparação e calibração).

Legenda:
1 - Parafuso de afinação da mola; 9 - Porca;
2 - Porca de fixação tirante/estribo; 10 - Bujões com pinos de fixação
3 - Estribo; dos anéis ou rosetas;
4 - Prato superior da mola; 11 - Porca de fixação tirante/corpo;
5 - Tirante; 12 - Bujão de purga;
6 - Mola; 13 - Entrada da válvula (ligação
7 - Prato inferior da mola; soldada);
8 - Perno; 14 - Haste.
Obs.: Flange de escape não visível (lado oposto da imagem)

Figura I.21 - Válvula de segurança


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 23


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Legenda:

1 - Sede; 3 - Anel superior;


2 - Obturador; 4 - Anel inferior.

Figura I.22 - Anéis de regulação ou “rosetas”

Válvula de alívio

As válvulas de alívio são destinadas a actuar exclusivamente em circuitos de


líquidos. São válvulas de escoamento lento e progressivo, estando a abertura
da zona de escape dependente da maior ou menor pressão interna do
equipamento protegido. Têm o castelo fechado e, normalmente, não possuem
braço de abertura manual. Não dispõem de anéis de regulação, embora alguns
fabricantes os incluam e os considerem fundamentais ao funcionamento da
válvula.

Tal como as válvulas de segurança, possuem também algumas limitações como,


por exemplo, circuitos de gases.

A figura I.23 representa uma válvula de alívio.


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I . 24 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Legenda:
1 - Capacete; 5 - Castelo;
2 - Contraporca do parafuso 6 - Haste;
de afinação; 7 - Guia;
3 - Parafuso de afinação; 8 - Obturador;
4 - Mola; 9 - Sede.

Figura I.23 - Válvula de alívio

Válvulas de segurança/alívio

Nas unidades industriais, as válvulas de segurança/alívio são, sem dúvida,


as mais comuns desta família. Com uma vasta gama de utilização, que abrange
desde os circuitos de vapor a circuitos de líquidos, podem estar munidas de
castelo aberto ou fechado, terem braço de abertura manual ou não e,
normalmente, possuem um anel de regulação ou roseta.

São subdivididas em dois grupos: convencionais e balanceadas ou


equilibradas. A sua principal diferença consiste na existência ou não de um
“fole” na zona das peças deslizantes.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 25


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O “fole” tem como funções principais evitar que o produto protegido ou


proveniente da tubagem de descarga, no caso de ser corrosivo ou tóxico, consiga
não só penetrar na zona de peças deslizantes, provocando o seu agarramento,
como também escapar-se para a atmosfera. Outra das funções, não menos
importante, é a de evitar, quase totalmente, que a contrapressão actue nas
costas do obturador, situação esta que, a verificar-se, iria ajudar a função da
mola e aumentar a pressão de abertura.

As balanceadas possuem fole e as convencionais não. As figuras I.24 e I.25


representam, respectivamente, uma válvula convencional e uma balanceada.

Legenda:
1 - Corpo; 13 - Porca;
2 - Sede roscada; 14 - Mola;
3 - Obturador; 15 - Pratos da mola;
4 - Freio (fixação do obturador); 16 - Parafuso de regulação;
5 - Roseta; 17 - Contraporca do parafuso de
6 - Pino de fixação da roseta; regulação;
7 - Suporte do obturador; 18 - Tubo redutor;
8 - Guia; 19 - Capacete;
9 - Haste; 20 - Junta de bujão;
10 - Freio (fixação da haste); 21 - Junta de ligação corpo/castelo;
11 - Castelo; 22 - Junta do capacete;
12 - Perno de ligação corpo/castelo; 23 - Junta corpo/guia.

Figura I.24 - Válvula segurança/alívio convencional


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I . 26 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Legenda:
1 - Corpo; 13 - Porca;
2 - Sede roscada; 14 - Mola;
3 - Obturador; 15 - Pratos da mola;
4 - Fole; 16 - Parafuso de regulação;
5 - Roseta; 17 - Contraporca do parafuso de regulação;
6 - Pino de fixação da roseta; 18 - Freio (fixação do obturador);
7 - Suporte do obturador; 19 - Capacete;
8 - Guia; 20 - Junta de ligação corpo/castelo;
9 - Haste; 21 - Junta do fole;
10 - Freio (fixação da haste); 22 - Junta corpo/guia;
11 - Castelo; 23 - Junta de bujão;
12 - Perno de ligação corpo/castelo; 24 - Junta do capacete.

Figura I.25 - Válvula segurança/alívio balanceada

Válvulas de vácuo

As válvulas de vácuo, como o próprio nome indica, são utilizadas onde possam
ocorrer situações de vácuo, dentro dos equipamentos protegidos. Podem ser
encontradas trabalhando em conjugação com uma válvula de alívio,
nomeadamente em tanques de armazenagem. São vulgarmente chamadas de
respiros e funcionam com pressões, positivas ou negativas, muito próximas da
pressão atmosférica.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 27


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A figura I.26 representa uma válvula de alívio e vácuo.

Legenda:
1 - Válvula de alívio; 4 - Sede;
2 - Válvula de vácuo; 5 - Obturador ou “palete”.
3 - Ligação à tubagem;

Figura I.26 - Válvula de alívio e vácuo

Discos de ruptura

Os discos de ruptura consistem, basicamente, num diafragma, o qual é


normalmente apertado entre duas flanges especiais.

Têm o seu rebentamento sensivelmente coincidente com a pressão máxima


de serviço do equipamento. A pressão de rebentamento varia na razão directa da
espessura e na razão inversa do diâmetro. Quer isto dizer que, quanto maior for
o diâmetro, menor será a pressão de rebentamento e, quanto maior a espessura,
maior aquela será. Esta pressão poderá atingir os 422 Kg/cm2 (6.000 Psig).

As dimensões situam-se entre 1/2" e 24", embora alguns fabricantes alarguem


a sua gama até 44".

O tipo de montagem ou de instalação poderá ser flangeado, como já referimos


e, ainda, do tipo união ou tipo aparafusado.
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I . 28 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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A figura I.27 representa os três tipos mencionados.

1 2 3

Legenda:
1 - Flangeado; 2 - União; 3 - Aparafusado.

Figura I.27 - Tipos de montagem

Os modelos fundamentais são os seguintes: o convencional, de


deformação inversa e planos.

A figura I.28 representa estes três modelos.

Legenda:
1 - Plano; 4 - Lâminas;
2 - Convencional; 5 - Flanges;
3 - Deformação inversa; 6 - Disco.

Figura I.28 - Modelos fundamentais


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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 29


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O modelo convencional é o mais sujeito à fadiga por stress. Este facto deriva
directamente da tensão provocada pela constante pressão do fluido a montante,
a qual é exercida na face convexa do disco. Em termos de rebentamento é,
sem dúvida, o menos fiável.

O modelo de deformação inversa é mais fiável que o anterior porque a


face em contacto com a pressão é côncava e, por isso, menos sujeito à fadiga.
São normalmente equipados com lâminas que proporcionam uma ajuda
suplementar ao rebentamento.

O modelo plano é o mais fiável de todos. É fabricado em grafite, material


muito resistente à deformação ou fadiga, quer a temperaturas elevadas, como a
baixas pressões. Talvez a sua única limitação seja em conjugação com uma
válvula de segurança, em virtude da danificação que os estilhaços poderão
provocar nas faces de vedação da mesma.

A montagem de um disco de ruptura, em conjugação com uma válvula


de segurança, tem algumas vantagens que, resumidamente, se nomeiam:

• Não há produto no interior da válvula;


• Prolonga a vida da válvula;
• Período de inspecção da válvula mais dilatado;
• Material da válvula pode ser menos dispendioso.

A grande desvantagem de um disco de ruptura actuando sozinho é que, após


o seu rebentamento, o equipamento é despressurizado e só poderá ser
pressurizado após substituição do disco.

Movimentação dos componentes de controlo de fluido

Nas válvulas de segurança, segurança/alívio e alívio e, salvo raras excepções, o


obturador é pressionado de encontro à sede por meio de uma mola, a qual é
devidamente calibrada através de um parafuso de regulação que a comprime ou
descomprime. Quando se comprime, a pressão de abertura da válvula aumenta
e, no caso inverso, baixa.

Em virtude de existirem várias gamas de mola para as diversas pressões


desejadas, é de toda a conveniência não ultrapassar os limites impostos pelo
fabricante.

Estas válvulas são muito delicadas, não só pela função que desempenham,
mas também porque raramente são chamadas a actuar. Esta situação leva o
utilizador quase a esquecer-se da sua importância. É muito comum encontrar
válvulas desta família agarradas na zona da haste com a guia, daí a necessidade
de um controlo periódico efectivo das mesmas. O braço de abertura manual, no
caso concreto dos geradores de vapor, é um importante auxiliar na verificação
periódica do funcionamento da válvula.
M.T1.08 UT.01

I . 30 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Outro problema que afecta estas válvulas é a danificação das faces de vedação.
Estas, tal como nos casos anteriormente vistos, podem ser de metal com
metal, ou metal em contacto com material elástico. As condicionantes de
aplicação destes materiais são, regra geral, as mesmas, ou seja, sempre em
função do tipo de fluido, pressão e temperatura.

Zonas de vedação

As zonas críticas de vedação destas válvulas estão dependentes do tipo de


serviço a que se destinam. A escolha do modelo de válvula é importante, na
medida em que existem diferenças substanciais de concepção.

Assim, não iremos escolher uma válvula de castelo aberto para um serviço
tóxico em que, obviamente, não é desejável a presença desse produto na
atmosfera. Por outro lado, também não iremos escolher uma válvula para trabalhar
em vapor sobreaquecido, em que a temperatura é bastante elevada, com castelo
fechado. Neste caso, é necessário que a mola seja refrigerada.

O facto de existir uma grande variedade de opções, significa que a escolha


terá, forçosamente, de ser criteriosa.

Estas válvulas não necessitam de empanque na haste, visto que o


funcionamento perfeito da válvula depende da liberdade de movimentos das
peças móveis.

Na ligação à tubagem, que poderá ser roscada, flangeada (a mais comum) e


soldada, o tipo de vedante a escolher faz-se novamente em função da pressão,
temperatura e tipo de fluido.

No interior, ou seja, no controlo de passagem de fluido para jusante, é necessário


uma atenção suplementar em relação à rectificação e esmerilagem das faces
de vedação. Tal como em outros tipos de válvulas, existem normas que
regulamentam a quantidade de fuga admissível, sendo, no caso presente, o
nível de aceitação bastante exigente e regulamentado, por exemplo, pelo
API 527.

Espaço físico de montagem

Estas válvulas, tal como as válvulas de cunha, podem atingir grandes dimensões,
necessitando, por isso, de um amplo espaço em redor das mesmas.

Porque algumas são munidas de braço de abertura manual e anéis de regulação,


é de toda a conveniência que o acesso e actuação nestes componentes se
faça com bastante liberdade. Por vezes, são necessários equipamentos de
elevação para a instalação e remoção, facto que motiva também algumas
considerações, em termos de projecto inicial da instalação.
M.T1.08 UT.01

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 31


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Tipos de Válvulas e sua Aplicação IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática, foram apresentados vários tipos de válvulas e suas


principais características. Foi também efectuada uma descrição dos principais
tipos de discos de ruptura.

• Válvulas de passagem
• Cunha ou comporta
• Macho esférico
• Macho cónico ou cilíndrico
• Válvulas reguladoras ou estranguladoras
• Globo
• Borboleta
• Diafragma
• Válvulas de retenção
• Válvulas ou sistemas de alívio de pressão
• Segurança
• Alívio
• Segurança/alívio
• Vácuo
• Discos de ruptura
• Plano
• Convencional
• Deformação inversa

M.T1.08 UT.01

I . 32 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Tipos de Válvulas e sua Aplicação

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Uma válvula é um dispositivo destinado a estabelecer, controlar e interromper


a normal circulação de um fluido em circuitos fechados. Quais são as
condicionantes que regulam a escolha de um determinado tipo de válvula?

2. Se pretender uma válvula de alívio de pressão, destinada a proteger um


equipamento que contenha um gás tóxico, e não seja desejável a presença
de contrapressão a jusante, que tipo de modelo escolheria?

3. Quais são os pontos de vedação mais críticos para o exterior, numa válvula
de cunha?

4. Enumere e distinga, em termos de concepção, os modelos de válvulas de


retenção existentes.

5. Quais são as principais vantagens de um disco de ruptura, em conjugação


com uma válvula de alívio de pressão?
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Componente Prática Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão I . 33


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IEFP · ISQ Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva

Inspecção Periódica e
Manutenção Preventiva
M.T1.08 UT.02

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar porquê, quando e como se deverá proceder a uma inspecção;


• Organizar um programa de inspecção periódico.

TEMAS

• Porquê, quando e como


• Porquê
• Quando
• Como
• Válvulas de passagem, reguladoras ou estranguladoras
• Válvulas de não retorno
• Válvulas e sistemas de alívio de pressão
• Resumo
• Actividades / Avaliação
M.T1.08 UT.02

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão II . 1


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Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva IEFP · ISQ

PORQUÊ, QUANDO E COMO

A inspecção periódica tende a confundir-se com a manutenção preventiva,


tanto mais que ambas procuram prevenir situações de paragens não programadas
e estabelecer períodos de inspecção ideal.

Se perguntarmos aos responsáveis de manutenção qual a sua definição de


inspecção periódica e manutenção preventiva, cada um deles irá dar a
sua própria visão do assunto, porque a mesma varia, grandemente, em objectivos
e frequência.

Muitos pensam na IP/MP como sistemas isolados dentro da sua própria


actividade, citando, como exemplo, o responsável das protecções anti-corrosivas,
que lida somente com assuntos relativos à sua área de actuação, ou o responsável
da área mecânica, que actua isoladamente da anterior.

Quer isto dizer que, em termos de inspecção periódica de válvulas ou dispositivos


de segurança, a filosofia da mesma deverá ser sempre interligada com as outras
actividades existentes, dentro da unidade industrial.

Basicamente, e não dependendo do tipo de programas de IP/MP, todos contêm


dois objectivos:

• Prevenção de condicionantes que motivem paragens de produção,


danificação de equipamentos e acidentes pessoais;
• Conservação da instalação, de modo a evitar as situações anteriores, e
proceder a pequenas reparações e afinações.

PORQUÊ

O porquê da IP/MP nas válvulas ou dispositivos de segurança é objecto desta


unidade formativa e, tal como em todos os outros equipamentos de uma unidade
industrial, relaciona-se directamente com três factores fundamentais:

• Maximização da produção;
• Minimização de custos;
• Segurança de pessoas e bens.

Para que se verifique este tipo de condições, é necessário que haja um


conhecimento profundo, não só da instalação em si (fluidos, pressões,
temperaturas, etc.), mas também dos equipamentos, no caso presente, válvulas.
Paralelamente, deverá existir uma equipa de inspecção, cuja dimensão estará
de acordo com o volume de equipamentos da unidade e que procederá a rotinas
M.T1.08 UT.02

II . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva

de inspecção visual. Durante estas rotinas, irão com certeza ser detectadas
anomalias que, prontamente corrigidas, contribuirão para um prolongamento da
vida útil dos equipamentos.

Convém referir que quem esperar resultados imediatos de um programa de


IP/MP ficará por certo desapontado, visto que o mesmo só produzirá os efeitos
desejáveis, por vezes, ao fim de alguns anos. Se não for implementado, o
utilizador nunca terá qualquer noção de quando e como intervencionar os
equipamentos.

A maximização da produção não é mais que manter a instalação em


funcionamento, o máximo tempo possível sem interrupção. Ela é, sem dúvida,
uma consequência directa do conjunto das acções citadas e de outras, não
menos importantes, como sejam: suporte documental (catálogos do fabricante
e instruções de manutenção), planeamento de intervenções, especialização de
pessoal, relatórios de controlo, instalações e ferramentas adequadas.

A minimização dos custos é também uma consequência das acções referidas,


visto que, quanto maior é o tempo de vida útil de um equipamento e menor o
número de intervenções, assim os custos de manutenção serão também
reduzidos. Outra das vantagens que daí advêm é a possibilidade de reduzir
também os aprovisionamentos, ou seja, a aquisição de peças de reserva.

A segurança de pessoas e bens está mais directamente relacionada com


válvulas ou sistemas de alívio de pressão que, como vimos na Unidade Temática I,
constituem equipamentos importantíssimos para a segurança de qualquer
instalação. Não quer isto dizer que os outros tipos de válvulas não requeiram
atenção. Contudo, os danos provocados pelo deficiente funcionamento de uma
válvula de segurança são consideravelmente superiores. A emissão de produtos
tóxicos, corrosivos ou inflamáveis para a atmosfera é um dos graves problemas
que poderão ser evitados com a detecção e correcção atempada das anomalias
existentes.

QUANDO

A decisão de quando inspeccionar é, provavelmente, uma das que mais influencia


os custos de um programa de IP/MP.

Um ritmo de inspecção exagerado poderá, inclusive, tornar-se tão dispendioso


como uma paragem não programada.

Por outro lado, um ritmo negligente poderá resultar em avarias constantes,


com a consequente e provável paragem da instalação, perdas exageradas de
produto e substituição precoce de componentes, ou mesmo do próprio
equipamento.

O equilíbrio entre estes dois factores, traduzir-se-á, com certeza, numa redução
de custos.
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Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva IEFP · ISQ

Mas, para que se atinja este equilíbrio, devemos ter em atenção que não existem
duas unidades industriais iguais. A idade da instalação, tipo de equipamento,
condições ambientais, tipos de fluido, pressões, temperaturas, etc. deverão
ser ponderados. Os manuais do fabricante são, sem dúvida, um importante
auxiliar nas decisões a tomar. Outro auxiliar importante, caso exista, será o
registo histórico dos equipamentos.

O intervalo entre as acções contidas no IP/MP deverá ser reduzido, se o


desempenho do equipamento não for satisfatório, e dilatado, se nesse intervalo
não forem detectadas anomalias.

COMO

Fluidos nos diversos estados físicos circulam por todos os equipamentos de


qualquer unidade industrial, e a circulação dos mesmos é regulada por válvulas
que deverão ser mantidas em perfeitas condições de funcionamento.

Iremos abordar, neste tema, como inspeccionar visualmente, e introduzindo


sempre que possível as medidas correctivas necessárias, as válvulas e
dispositivos de segurança descritos neste manual. Como complemento, o
inspector deverá estar munido de uma folha de registo de anomalias, onde
deverão constar os seguintes elementos:

• Válvula n.º ou disco de ruptura n.º;


• Modelo;
• Localização;
• Dimensões;
• Anomalias detectadas;
• Período de inspecção;
• Inspeccionado por;
• Data.

Se pensarmos, por exemplo, na vulgar torneira existente em qualquer habitação


(que não é mais do que uma válvula de globo), sabemos que o procedimento
normal quando a torneira “pinga” é apertá-la com mais força até que esta, por
maior que seja, já não permita fechá-la. É então que normalmente se procede à
substituição do obturador elástico (borracha).

Este procedimento pode causar sérios danos na torneira, não só nas faces de
vedação, como também nas peças móveis.

O mesmo se aplica às válvulas tratadas neste manual, com a agravante de que


a extensão da danificação será, com certeza, maior, porque se tratam de válvulas
mais complexas.
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Válvulas de passagem, reguladoras ou estranguladoras

Existem várias anomalias a ter em conta durante uma inspecção de rotina.


Genericamente, estão relacionadas com fugas para o exterior e com o estado
dos componentes visíveis, constituindo estes, fundamentalmente, o corpo,
castelo, haste, pernos e porcas, bucim e volante ou manípulo.

Como vimos na Unidade Temática I, existem várias zonas de vedação para o


exterior, em válvulas com este tipo de função:

• Junta de ligação corpo/castelo;


• Juntas de ligação à tubagem;
• Empanque.

São precisamente estas as zonas a ter em conta, em termos de fugas para o


exterior, durante uma inspecção de rotina.

A ocorrência de uma fuga, na ligação corpo/castelo ou na ligação à tubagem,


conduz, se não se actuar prontamente, à rápida degradação da junta.
Referimo-nos, logicamente, a válvulas com ligações flangeadas. O aperto dos
pernos ou parafusos deverá ser uniforme, de modo a manter o paralelismo
das faces.

Se a vedação for conseguida no momento, é de toda a conveniência uma


nova inspecção, de preferência pouco espaçada da primeira (dia seguinte).

Se não for conseguida, esta anomalia deverá ser registada e resolvida, logo
que as condições de serviço assim o permitam.

Sem dúvida, o problema mais comum é a fuga pelo empanque. A sua


solução passa pelo aperto uniforme das porcas do bucim. O sentido do aperto
é o mesmo dos ponteiros do relógio. A não uniformidade do mesmo poderá
conduzir ou a uma fuga maior ou a uma falta de suavidade de movimentação
da haste.

Se a fuga não for resolvida, será então necessário substituir o empanque. Muitos
fabricantes reclamam que as suas válvulas podem ser empancadas em
funcionamento. Embora este tipo de manutenção tenha as suas vantagens,
não é, contudo, aconselhável, sobretudo, em circuitos de pressões e
temperaturas elevadas. A anomalia deverá ser registada e a sua solução
implementada, principalmente se estivermos em presença de produtos
prejudiciais ao meio ambiente.

O estado dos componentes visíveis poderá apresentar vários aspectos, tais


como corrosão generalizada, falta de lubrificação e empenos, entre outros.
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A corrosão generalizada depende, sobretudo, do meio ambiente onde a válvula


se encontra instalada. A proximidade do mar e o próprio ambiente fabril são
duas situações que podem ocorrer, sendo este último caso derivado,
essencialmente, de imanações ácidas ou alcalinas, provenientes de fugas na
própria instalação, ou da própria válvula. Uma protecção anti-corrosiva
adequada pode contribuir, sem dúvida, para um retardamento desta situação.
Uma inspecção negligente poderá, neste caso, contribuir para a substituição
total da válvula.

A lubrificação é outro dos aspectos a ter em conta. Durante a inspecção de


rotina, deverá ser dada particular atenção aos pernos e porcas e,
fundamentalmente, à zona da haste. Deverá ser feita, se necessária, uma
limpeza com escova ou ar comprimido e, posteriormente, aplicada a massa de
lubrificação adequada. A haste deverá também ser movimentada periodicamente,
de modo a garantir a sua função.

Todas estas acções de limpeza e lubrificação têm como objectivo, não só a


conservação dos componentes, com o consequente prolongamento de vida
dos mesmos, mas também uma manutenção mais simples e rápida.

Os empenos são, na maioria dos casos, provenientes de esforços exagerados


aplicados nas válvulas, tanto na montagem como em operação.

Na montagem, derivam, fundamentalmente, do deficiente alinhamento ou


suporte da tubagem. Deverão ser registadas também estas anomalias como
parte integrante da inspecção de rotina. Raramente podem ser corrigidas em
funcionamento.

Em operação, são, na maioria dos casos, motivadas por falta de sensibilidade


por parte das pessoas envolvidas. Se uma válvula se encontrar com o obturador
danificado, não é, de modo algum, aconselhável sujeitar a válvula a apertos
exagerados, no sentido de se obter a vedação total da válvula. Um volante partido
ou uma haste empenada pode ser o resultado de uma situação deste tipo.

Em manutenção, também se poderão provocar empenos, sobretudo, por


montagem deficiente. Neste caso, deve verificar-se se existem desalinhamentos,
principalmente, na face de ligação corpo/castelo.

Todas estas situações deverão também ser registadas, dado que a sua correcção
não é, geralmente, viável em funcionamento.

Válvulas de não retorno

A inspecção de rotina nestas válvulas, e em virtude de uma maior simplicidade


em relação às anteriores, resume-se à detecção de fugas para o exterior, aspecto
exterior (corrosão, empenos) e lubrificação de pernos e porcas. Como vimos,
estas válvulas não possuem peças exteriores para movimentação dos
componentes de controlo de fluido.

Os procedimentos de inspecção de rotina e de manutenção preventiva são


exactamente os mesmos das anteriores.
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Válvulas e sistemas de alívio de pressão

As válvulas de segurança, segurança/alívio e alívio são, como já referimos,


elementos fundamentais na segurança de qualquer unidade fabril. Nesta situação,
estão também os discos de ruptura.

No caso destas válvulas, e com excepção das fugas pelo empanque, poderão
ocorrer todas as situações anteriormente referidas.

No entanto, se são válvulas que, normalmente, estão sempre fechadas e devem


actuar automaticamente, como verificar periodicamente o seu funcionamento?
Como verificar, por exemplo, que o fole se encontra em bom estado? Como
saber se a válvula tem fuga pelo obturador?

No caso presente, e porque as alternativas, como iremos ver, não são muitas,
é fundamental que as acções de manutenção em paragem sejam efectuadas
em estreita colaboração com a inspecção periódica. Se conseguirmos determinar
quanto tempo uma válvula deste tipo se mantém em perfeitas condições de
funcionamento, em determinado serviço, estamos, certamente, a caminho do
chamado período de inspecção ideal.

Para verificarmos se a válvula funciona, só existem duas alternativas.

A primeira é que, se a válvula possui braço de abertura manual, podemos


fazer actuar a válvula através do mesmo. Esta manobra é especialmente
recomendada em circuitos de vapor. No entanto, existem circuitos onde este
tipo de actuação não é aconselhável. Convém, por isso, sabermos onde podemos
actuar.

A figura II.1 representa o braço de abertura manual citado.

Figura II.1 - Braço de abertura manual


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A segunda consiste em manter estreita colaboração com a produção da unidade,


procurando saber se alguma válvula abriu e qual, e se o funcionamento da
mesma correspondeu ao pretendido. Em caso negativo, e se o problema for
relacionado com a calibração, existem equipamentos que possibilitam essa
mesma calibração em funcionamento, isto é, sem ser necessário remover a
válvula do local.

O fole, que, como vimos, é um componente das válvulas de segurança/alívio


balanceadas, pode também ser inspeccionado através de um orifício roscado,
existente no castelo da válvula. O procedimento normal de detecção do estado de
um fole consiste na aplicação de um manómetro (normalmente até 1,0 Kg/cm²)
nesse mesmo orifício. Se for detectada alguma pressão, então estaremos perante
um fole danificado ou a respectiva junta. Se assim acontecer, o fole só poderá
ser substituído após remoção e desmontagem da válvula.

A figura II.2 indica a localização da montagem do manómetro no castelo da


válvula.

Figura II.2 - Detecção de fuga no fole

A fuga pelo obturador é também uma anomalia algo difícil de detectar,


especialmente se for muito ligeira e se a tubagem de descarga estiver ligada a
um colector. Pelo contrário, se a descarga for para a atmosfera, torna-se mais
fácil, podendo, em alguns casos, visualizar-se a mesma, concretamente em
circuitos de vapor. Em qualquer dos casos, são situações que, dependendo do
fluido em causa, podem conduzir, rapidamente, à degradação das faces de
vedação e ao agarramento das peças deslizantes.
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II . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva

Finalmente, os discos de ruptura também podem ser inspeccionados,


concretamente, quando se encontram montados em conjugação com uma
destas válvulas. Numa situação deste tipo, deverá existir sempre um manómetro
instalado entre o disco de ruptura e a entrada da válvula. Se o manómetro
indicar alguma pressão, significa que o disco se encontra danificado.

A figura II.3 representa este tipo de conjugação.

Legenda :

1 - Disco de ruptura;
2 - Manómetro.

Figura II.3 - Conjugação válvula / disco de ruptura


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RESUMO

Os objectivos fundamentais da inspecção periódica e manutenção preventiva


são, fundamentalmente, os seguintes:

• Prevenção de condicionantes que motivem paragens de produção,


danificação de equipamentos e acidentes pessoais;
• Conservação da instalação, de modo a evitar as situações anteriores, e
proceder a pequenas reparações e afinações;
• Maximização da produção;
• Minimização de custos;
• Segurança de pessoas e bens.

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II . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Inspecção Periódica e Manutenção Preventiva

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Quais são os objectivos fundamentais de um programa de IP/MP ?

2. Quais são os elementos fundamentais a incluir numa ficha de registo de


anomalias?

3. Nas válvulas de passagem, reguladoras ou estranguladoras, onde se localiza


o problema mais comum de fuga para o exterior e, caso seja possível
solucioná-lo, como proceder?

4. Como verificar o estado de conservação de um fole, numa válvula de


segurança/alívio balanceada?

5. Como verificar o estado de um disco de ruptura, quando este se encontra


montado em conjugação com uma válvula?
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Componente Prática Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão II . 11


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Causas de Funcionamento
Impróprio
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Causas de Funcionamento Impróprio

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar os problemas e causas de funcionamento impróprio ou deficiente;


• Reconhecer situações expectáveis, face às condicionantes de serviço,
ambientais e outras (selecção, manutenção, transporte, etc.).

TEMAS

• Causas de funcionamento impróprio


• Selecção da válvula ou dispositivo de segurança
• Selecção dos materiais
• Corrosão
• Erosão
• Calibração
• Falta de informação dos elementos do fabricante
• Equipamento de teste inadequado
• Falta de informação do pessoal de manutenção
• Manutenção
• Transporte e acondicionamento
• Resumo
• Actividades / Avaliação
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão III . 1


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Causas de Funcionamento Impróprio IEFP · ISQ

CAUSAS DE FUNCIONAMENTO IMPRÓPRIO

As causas de funcionamento impróprio não são mais do que situações que


ocorrem com relativa frequência e que condicionam o desempenho e tempo de
vida útil das válvulas e dispositivos de segurança.

As mais importantes são, sem dúvida, as seguintes:

• Selecção da válvula ou dispositivo de segurança;


• Selecção dos materiais;
• Corrosão;
• Erosão;
• Calibração;
• Manutenção;
• Transporte e acondicionamento.

Iremos, seguidamente, abordar de que maneira estas condicionantes influem


no funcionamento e vida útil destes equipamentos.

SELECÇÃO DA VÁLVULA OU DISPOSITIVO DE SEGURANÇA

Como vimos na Unidade Temática I, a selecção depende de condicionantes


relacionadas com a função que se pretende que a válvula ou dispositivo
de segurança venha a desempenhar e com as características do fluido em
causa.

Uma escolha precipitada pode dar origem à rápida degradação da válvula ou do


dispositivo e, ainda, a um comportamento em serviço não desejável.

Como exemplo, admitamos que escolhíamos uma válvula de cunha, para


desempenhar funções de regulação ou estrangulamento do fluido. Se
atendermos que a válvula de cunha é uma válvula de passagem e que o
obturador se posiciona sempre, ou totalmente aberto, ou totalmente fechado,
estamos com certeza perante uma escolha errada. A tentativa de controlar o
fluxo de fluido, nestas condições, iria provocar uma rápida degradação do
obturador.
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III . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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A figura III.1 representa uma válvula de cunha com ligações roscadas.

Figura III.1 - Válvula de cunha (ligações roscadas)

Citando outro caso, este relacionado com os dispositivos de segurança,


supunhamos que, por exemplo, tínhamos seleccionado uma válvula de
segurança/alívio convencional (sem fole) para um serviço em que a presença de
um fluido altamente corrosivo, tanto a montante como a jusante, era uma
constante. Esta válvula iria, seguramente, ficar “agarrada” em pouco tempo
porque, como vimos, uma das principais funções do fole é a de proteger as
peças móveis da presença nociva deste tipo de fluidos. A figura III.2 representa
uma válvula de segurança alívio convencional.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão III . 3


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Figura III.2 - Válvula de segurança/alívio convencional

Estes são apenas dois exemplos de como se pode incorrer, facilmente, num
erro de selecção. A paragem não programada da instalação pode ser uma das
consequências imediatas de problemas desta natureza, daí que seja fundamental
a selecção criteriosa da válvula ou dispositivo de segurança.

SELECÇÃO DOS MATERIAIS

A escolha dos materiais adequados é, sem dúvida, outra das grandes


condicionantes de um correcto funcionamento. A sua definição está novamente
dependente das condicionantes de serviço (tipo de fluido, pressão e temperatura).

Todos os fabricantes oferecem uma vasta gama de alternativas, constituindo,


por isso, um importante auxiliar na selecção dos materiais indicados.

Por outro lado, existem códigos e normas que regulamentam e auxiliam a


selecção de válvulas, consoante o tipo de serviço para que são destinadas.
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III . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Como exemplo, citamos o ASME VIII (American Society of Mechanical Engineers),


Divisão I, parágrafo UG-136, o qual define regras básicas para a selecção de
materiais em dispositivos de segurança (válvulas), tais como:

• Sedes e obturadores em ferro não são permitidos. Deverão ser fabricados


em material resistente à corrosão, provocada pelo produto protegido;
• As peças deslizantes e adjacentes deverão ser fabricadas num material
resistente à corrosão;
• As molas deverão ser fabricadas em material não corrosivo ou possuírem
um revestimento destinado ao mesmo fim.

Estes documentos resultam de longos anos de experiência e de uma conjugação


de esforços entre os fabricantes e utilizadores, na perspectiva de encontrar o
material mais indicado para um determinado tipo de fluido e de condições de
funcionamento.

Os documentos normativos e regulamentares são inúmeros, não constituindo


os mesmos objectivo deste manual. No entanto, e porque consideramos que
poderão vir a ser futuramente importantes auxiliares de consulta, iremos referir
alguns no final do mesmo.

CORROSÃO

Este fenómeno resulta directamente ou da agressividade do meio (corrosão


externa) ou da natureza do fluido (corrosão interna).

A corrosão externa incide nos componentes visíveis: corpo, castelo, pernos e


porcas, bucim, haste, volante e braço de abertura manual, entre outros. Pode
ter como origem, por exemplo, a proximidade do mar, a precipitação intensa
(chuva), ou imanações ácidas ou alcalinas, provenientes de fugas existentes
na instalação ou da própria válvula.

A corrosão interna actua directamente nos componentes não visíveis: sede,


obturador, haste, guia, fole, interior do corpo e castelo, entre outros. Tem como
origem fundamental a natureza do fluido que circula no interior da tubagem.

A sua origem deve-se a fenómenos electroquímicos, os quais geram correntes


eléctricas de fraca intensidade entre pontos superficiais dos componentes da
válvula, ou mesmo da própria tubagem. Estas correntes vão dissolvendo o
material, pouco a pouco, nas zonas de menor potencial, formando em sua
substituição óxidos ou hidróxidos.

A corrente eléctrica originada por uma diferença de potencial, tanto pode


ocorrer entre dois pontos da superfície do mesmo material, como de materiais
diferentes.

Cada metal possui o seu potencial electrolítico, dependendo este da natureza


dos metais e da respectiva heterogeneidade.
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Seguidamente, dão-se exemplos de potenciais electrolíticos de alguns metais:

• Prata (Ag) 0,797 v;


• Cobre (Cu) 0,337 v;
• Chumbo (Pb) -0,126 v;
• Níquel (Ni) -0,250 v;
• Ferro (Fe) -0,440 v.

Na interacção entre dois metais (ferro e cobre), é gerada uma corrente de 0,777 v,
sendo o ferro o metal com potencial mais baixo.

O metal de mais baixo potencial designa-se por ânodo, e o de mais alto potencial,
por cátodo. O ânodo é sempre a zona corroída.

A velocidade da corrosão é mais acelerada, se a diferença de potencial for,


igualmente, maior.

A heterogeneidade de um metal pode resultar de vários factores, como:


rugosidades superficiais, fissuras, cortes, estrutura interna do metal e sua pureza,
composição química, dureza, etc.

A corrosão interna pode ser agravada por factores que não estão presentes
no exterior, citando, como exemplo, a composição química do fluido circulante
e sua densidade, temperatura, pressão, a velocidade de circulação e a
turbulência.

Se as causas que originam este fenómeno são bastantes, também o são as


consequências do mesmo. É muito comum encontrar válvulas sem recuperação
possível, componentes internos completamente desfeitos, fugas pelas juntas e
empanques, anomalias estas derivadas directamente deste problema.

A selecção da válvula (função e materiais), inspecção periódica e a manutenção,


quer seja preventiva ou periódica, constituem factores determinantes para a
minimização dos efeitos da corrosão.

EROSÃO

A erosão é um processo interno que se manifesta pelo desgaste de alguns


componentes, nomeadamente: o corpo, castelo, haste, sede e obturador, os
quais estão directamente expostos ao fluxo de fluido.

A causa deste processo de desgaste deriva da circulação do fluido no interior


da válvula.
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III . 6 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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As zonas mais afectadas são as faces de vedação, estando a rapidez do desgaste


dependente de circunstâncias várias, tais como: o grau de agressividade do
fluído, densidade, velocidade de circulação, pressão, temperatura e quantidade
e densidade dos resíduos arrastados.

Como exemplo, citamos o caso de uma válvula de segurança instalada num


circuito de vapor sobreaquecido de uma caldeira. Basta a existência de uma
pequena fuga para que, rapidamente, a mesma se transforme, através da acção
erosiva deste tipo de vapor, numa fuga maior, sendo quase certa a substituição
ou da sede ou do obturador. O aspecto final de uma anomalia deste tipo é
semelhante ao corte de uma faca.

CALIBRAÇÃO

A calibração é outra causa de funcionamento impróprio, mas exclusiva dos


dispositivos de segurança. Válvuas e setas de alívio de pressão, também
requerem a calibração do actuador, quer seja eléctrico ou pneumático, não
sendo, contudo, objectivo deste trabalho a sua especificação.

Os factores motivadores deste tipo de situação são os seguintes:

• Falta de informação dos elementos do fabricante;


• Equipamento de teste inadequado;
• Falta de informação do pessoal ligado à manutenção.

Falta de informação dos elementos do fabricante

Os elementos do fabricante (catálogos) são decisivos, no que diz respeito, por


exemplo, ao factor de correcção da temperatura, regulação dos anéis ou rosetas
e efeitos de contrapressão.

O factor de correcção da temperatura não é mais do que uma compensação,


dada à força da mola, quando a válvula é calibrada a frio (em bancada). Quando
a mesma se encontra em serviço, a temperatura do circuito dilata os
componentes provocando, assim, um aliviar da tensão da mola.

Exemplo III . 1

Imaginemos uma válvula com pressão de abertura em serviço de 10 Kg/cm²,


inserida num circuito que possuí a temperatura de serviço de 200°C. Se o
factor de correcção, dado pelo fabricante, for de 3%, qual é a pressão de
abertura a frio (em bancada)?
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Solução:
Paf = Pas + (Pas x Fc)
Paf = 10 Kg/cm² + (10 Kg/cm² x 3%)
Paf = 10 Kg/cm² + 0,300 Kg/cm²
Paf = 10,3 Kg/cm²

Paf - Pressão de abertura a frio (em bancada);


Pas - Pressão de abertura em serviço;
Fc - Factor de correcção.

Se não for aplicado, neste exemplo, o factor de correcção, então a válvula irá
ter a sua pressão de abertura em serviço, não aos 10 Kg/cm², mas sim aos
9,7 Kg/cm².

A aplicação deste factor não é generalizada. No entanto, é necessário saber se


a válvula, que temos em presença, necessita ou não desse mesmo factor,
recorrendo obrigatoriamente ao catálogo do fabricante.

A afinação dos anéis de regulação ou rosetas, que, como vimos na Unidade


Temática I, influi no comportamento da válvula em serviço, é também outra
informação contida nos manuais de manutenção da grande maioria dos
fabricantes. Esta informação serve de ponto de partida, tornando-se necessária,
em alguns casos, a afinação em serviço.

Como exemplo, uma das consequências da deficiente regulação do anel que,


por exemplo, permite controlar o fecho da válvula, é a de provocar uma quebra
tão grande de pressão no circuito, que obriga, muitas vezes, a parar a instalação.

Os efeitos da contrapressão actuam como auxiliar à força da mola. Só deverão


ser tidos em conta, no caso de se tratarem de válvulas de segurança/alívio
convencionais, com castelo fechado e ligadas a um colector de descarga comum.
As válvulas com fole não são praticamente influenciadas por estes efeitos.

Exemplo III . 2

Qual é a pressão de abertura a frio de uma válvula de segurança/alívio


convencional, com uma pressão de abertura pretendida em serviço de
7,0 Kg/cm² e com uma contrapressão de 0,250 Kg/cm² ?

Solução:
Paf = Pas - Cp
Paf = 7,0 Kg/cm² - 0,250 Kg/cm²
Paf = 6.750 Kg/cm²

Paf - Pressão de abertura a frio (em bancada);


Pas - Pressão de abertura em serviço;
Cp - Contrapressão.
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III . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Se este raciocínio não for efectuado e calibrarmos a válvula em bancada para


os 7,0 Kg/cm², a sua abertura em serviço será, então, de 7,250 Kg/cm². Este
valor poderá ser altamente prejudicial para a segurança do equipamento que a
válvula está a proteger.

Todos estes procedimentos estão disponíveis nos catálogos e instruções de


manutenção dos fabricantes.

Equipamento de teste inadequado

Uma bancada de teste adequada aos dispositivos de segurança constitui factor


fundamental para uma correcta calibração dos mesmos.

Manómetros calibrados são essenciais para resultados finais fiáveis. Deverá


ser efectuada uma verificação periódica dos mesmos. A sua quantidade e rigor
de leitura estão dependentes das gamas de pressão em presença, isto é, para
uma válvula que se deseje calibrada para 30 Kg/cm², não se irá utilizar um
manómetro de 100 Kg/cm², mas sim um de 40 Kg/cm².

O fluido de teste é também importante, visto haver válvulas que deverão ser
testadas com líquido ou com gás, dependendo da sua função. A pureza do
fluido de teste é fundamental.

Falta de informação do pessoal de manutenção

O pessoal ligado à manutenção deverá ser detentor de toda a informação


necessária, (parâmetros de funcionamento, catálogos do fabricante, registo
histórico), de modo a que as acções de manutenção se traduzam numa completa
eficiência do dispositivo em serviço.

Caso estas condições não sejam satisfeitas, e tomando como referência um


dos exemplos dados anteriormente, teremos, com certeza, uma válvula actuando
fora dos valores pretendidos.

MANUTENÇÃO

Constituindo, sem dúvida, um elemento fundamental para o prolongamento da


vida de uma válvula, a manutenção tem, contudo, regras básicas para a sua
correcta execução.

Deverá ser sempre efectuada por pessoal especializado. Muitas das


situações anómalas que ocorrem depois de uma paragem, são, decerto, devidas
a uma deficiente manutenção.
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A manutenção periódica é, normalmente, associada à paragem da instalação.


Estas paragens têm, contudo, prazos muito rígidos, o que implica, por vezes,
que o pessoal envolvido ignore alguns conceitos básicos desta actividade.

Este assunto irá ser desenvolvido na Unidade Temática IV, sendo, no entanto,
de realçar que esta é, talvez, a causa de funcionamento impróprio mais
significativa.

TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO

A maioria dos fabricantes demonstra um cuidado especial no acondicionamento


das válvulas para o transporte.

Este procedimento tem como objectivo principal evitar vibrações nas faces de
vedação, prevenir a danificação das flanges e outros componentes, assim como
a entrada de impurezas para o interior das válvulas.

O transporte e acondicionamento abrange três situações distintas, onde poderão


ser provocados alguns danos nas válvulas:

• Do fabricante para o utilizador;


• Antes, durante e após a manutenção;
• Montagem na instalação.

O transporte do fabricante para o utilizador é, normalmente, efectuado


pelas empresas transportadoras, cuja sensibilidade para esta situação é pouca
ou nenhuma.

Por isso, é de toda a conveniência que seja efectuada uma inspecção visual e
ensaio prévio, de modo a garantir que os parâmetros de funcionamento não
sejam alterados.

O manuseamento da válvula, antes, durante e após a manutenção, é também


bastante importante.

Antes, porque só assim se poderá determinar em que condições a válvula se


encontrava na instalação. Este caso está relacionado directamente com as
válvulas de segurança, segurança/alívio e alívio, as quais deverão ser submetidas
a um teste prévio à chegada à oficina. Estas válvulas deverão ser sempre
transportadas na falta de justificação.

Durante, como garantia da não danificação dos componentes. Não devem, por
exemplo, ser arremessados para o chão.
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III . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Causas de Funcionamento Impróprio

Após, garantindo, assim, os resultados pretendidos pela manutenção. Se a


válvula for remetida para o armazém, então as zonas abertas deverão ser
tapadas, de modo a evitar a entrada de humidade e poeiras, e conservadas em
local seco. Os dispositivos de segurança deverão ser arrumados na posição
vertical.

A montagem na instalação também deverá ser efectuada com os cuidados


necessários e as vedações das flanges só serão removidas no momento
imediatamente anterior à mesma.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão III . 11


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Causas de Funcionamento Impróprio IEFP · ISQ

RESUMO

Fundamentalmente, os problemas que podem ocorrer em funcionamento estão


directamente relacionados com:

• Selecção da válvula;
• Selecção dos materiais;
• Corrosão;
• Erosão;
• Calibração;
• Manutenção;
• Transporte e acondicionamento.

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III . 12 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Causas de Funcionamento Impróprio

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Quais são as causas mais importantes de funcionamento impróprio?

2. O funcionamento correcto de um dispositivo de segurança (válvula) está


dependente também da calibração a frio. Tomemos como exemplo uma
válvula de segurança/alívio, com uma pressão de abertura em serviço de
22,5 Kg/cm² e instalada num circuito com a temperatura de 350°C. Qual é a
calibração necessária em bancada, atendendo a que o factor de correcção
de temperatura recomendado pelo fabricante é de 4%?

3. Em que consiste o factor de correcção da temperatura dos dispositivos de


segurança?

4. De que maneira se manifestam os efeitos da contrapressão numa válvula


sem fole?

5. Se, após a manutenção, a válvula for remetida para o armazém, quais são
os cuidados a ter, no que respeita ao seu acondicionamento?
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Componente Prática Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão III . 13


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IEFP · ISQ Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração

Manutenção, Procedimentos de
Reparação e Calibração
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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IEFP · ISQ Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar os procedimentos adequados de manutenção;


• Distinguir cada fase do processo: desmontagem na instalação, fases de
manutenção e montagem na instalação.

TEMAS

• Preparação
• Desmontagem da válvula na instalação
• Inspecção visual após remoção
• Inspecção da tubagem
• Inspecção da válvula
• Transporte para a oficina
• Caso particular
• Ensaio prévio - Dispositivos ou válvulas de segurança
• Desmontagem em oficina
• Caso particular
• Limpeza e análise dos componentes
• Reparação das faces de vedação (sede e obturador)
• Caso particular
• Substituição do empanque
• Montagem dos componentes
• Caso particular
• Ensaio final
• Transporte e montagem no local
• Resumo
• Actividades / Avaliação
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 1


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Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração IEFP · ISQ

PREPARAÇÃO

Constituindo, sem dúvida, um elemento fundamental para o prolongamento da


vida de uma válvula existem, contudo, regras básicas de preparação, que
passamos a citar:

• Obtenção da autorização de desmontagem na instalação;


• Obtenção de documentação relativa à válvula a intervencionar;
• Verificação das necessidades de apoio logístico em função das dimensões
e localização da válvula;
• Criação de um espaço em oficina, devidamente amplo e resguardado;
• Existência de uma bancada de ensaios.

A autorização de desmontagem na instalação é um documento essencial


e é, normalmente, fornecido pelo operador da área onde a válvula se situa. Este
documento significa que foram tomadas todas as medidas necessárias,
nomeadamente, despressurização e descontaminação (entre outras), de modo
a permitir o início da desmontagem. Quer a reparação seja efectuada no local
ou em oficina, é fundamental, por questões de segurança, a existência deste
documento.

A obtenção de documentação relativa à válvula é outro dos aspectos


preparativos importantes, pois permite confrontar os elementos constantes na
placa de características com a documentação existente. Fornecerá também,
entre outras, indicações importantes sobre o tipo de ferramentas a utilizar, o
procedimento de desmontagem, as peças de reserva existentes, o material
das juntas e empanques e os ensaios a realizar.

A ficha de manutenção da válvula, que a deverá acompanhar ao longo de todo


este processo, e onde serão inscritos dados, tais como, características da
válvula, inspecção e ensaios, será exemplificada na Unidade Temática V.

A verificação das necessidades de apoio logístico tem a ver com a


necessidade ou não de equipamentos de elevação, de andaimes e da existência
ou não de isolamento. Esta fase pode e deve ser efectuada com antecipação,
em virtude do tempo normalmente necessário, por exemplo, para a montagem
de um andaime.

O apoio logístico inclui também as ferramentas indicadas, havendo necessidade,


no caso concreto de fluidos inflamáveis, da utilização de ferramentas anti-
-deflagrantes. No caso de fluidos tóxicos, é recomendado o uso de equipamento
de protecção especial, como por exemplo, máscara, óculos e luvas.

A existência, em oficina, de um local amplo e resguardado reveste-se de


bastante importância, visto ser aí que se irá proceder à fase mais importante da
manutenção.
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IV . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração

Amplo, porque a manutenção envolve inúmeras operações distintas e, por vezes,


bastante pessoal.

Resguardado, porque as impurezas que normalmente circulam no ar, e não só,


em situações de paragem da instalação, são factores negativos, face aos
resultados finais pretendidos.

A bancada de ensaios é a ferramenta que vai permitir avaliar os resultados


finais da manutenção. Permite, muitas vezes, detectar problemas de montagem,
de funcionamento e de vedação. Deverá ser mantida em perfeitas condições de
funcionamento, mesmo em períodos de laboração normal da instalação.

DESMONTAGEM DA VÁLVULA NA INSTALAÇÃO

Após a obtenção da autorização de desmontagem, pode dar-se início à


desmontagem, na instalação, da válvula ou dispositivo de segurança.

O primeiro passo a dar é a aplicação de um penetrante em todas as porcas e


pernos das flanges de ligação à tubagem.

Depois de aliviados, os pernos devem permanecer na mesma posição de modo


a constituírem suporte à própria válvula. Este procedimento é especialmente
recomendado em casos onde a tubagem esteja em tensão ou a dimensão da
válvula assim o exija. Permite, ainda, a aplicação atempada de equipamento de
suporte e elevação, reduzindo os riscos de acidente com o pessoal envolvido.

Neste ponto da desmontagem, é natural que uma pequena quantidade de produto


seja escoada através da folga criada nas flanges. Esta situação pode ocorrer,
mesmo tendo sido efectuada a purga do circuito. Deve-se, pois, ter especial
atenção ao tipo de produto em causa.

Uma vez a válvula devidamente apoiada, poder-se-á remover a mesma, tendo o


cuidado de não danificar as faces de vedação das flanges. Os pernos, parafusos
ou porcas, deverão ser recolhidos num recipiente que acompanhará sempre a
válvula, até ao retorno da mesma à instalação. Convém referir que, para cada
tipo de serviço, e consoante a pressão, temperatura e natureza do fluido, existem
também pernos, parafusos ou porcas específicos.

Algumas válvulas necessitam de uma lavagem de neutralização logo que são


removidas, devido à natureza corrosiva ou tóxica do fluido que nelas circula.
Esta neutralização é, normalmente, efectuada com produtos de PH elevado
como, por exemplo, soda cáustica. Outras ainda deverão ser mantidas secas,
de modo a prevenir a ignição do produto ainda existente no seu interior.

Finalmente, é de toda a conveniência tapar as entradas da tubagem, de modo


a não permitir a entrada de detritos para o interior da mesma.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 3


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Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração IEFP · ISQ

INSPECÇÃO VISUAL APÓS REMOÇÃO

A inspecção visual após remoção possui duas vertentes, as quais embora


logicamente interligadas, podem ser trabalhadas em separado. São elas:

• Inspecção da tubagem;
• Inspecção da válvula.

Inspecção da tubagem

A inspecção da tubagem é dirigida, fundamentalmente, para aspectos


relacionados com suportes, desalinhamentos, obstruções, corrosão e erosão.

Os suportes, como vimos na Unidade Temática III, são elementos fundamentais


no correcto funcionamento de uma válvula. Suportes corroídos, mal apoiados
etc., devem ser corrigidos durante o período em que a válvula se encontra em
oficina.

Os desalinhamentos podem ter como origem uma deficiente montagem inicial


ou um suporte inoperacional. Também aqui se deverão tomar as medidas
correctivas necessárias. Alguns desses desalinhamentos implicariam o corte
da tubagem adjacente, o que, em alguns casos, se torna impraticável. Nestas
situações, é de toda a conveniência um acompanhamento mais de perto da
válvula em causa, assim que esta estiver novamente em funcionamento.

É importante que a obstrução no interior da tubagem, caso seja detectada,


seja removida. Pode manifestar-se por pequenos resíduos acumulados, assim
como pela total obstrução.

No caso concreto dos dispositivos de segurança, esta situação é particularmente


negativa, pois pode não só danificar prematuramente as faces de vedação,
como também impedir o funcionamento total do mesmo dispositivo.

A corrosão e erosão podem, como já foi referido, reduzir substancialmente a


espessura ou destruir, completamente, os componentes. Podem estar
presentes, tanto no interior ou exterior da tubagem, como nas faces das flanges.

Em caso de dúvida, no que respeita à conservação ou não da espessura mínima,


existem equipamentos de controlo não destrutivo (medidor de espessuras),
que permitem analisar este problema no local.

Nas faces das flanges, e em casos onde a acção da corrosão e erosão é


bastante notória, é necessário recorrer a um novo “faceamento” ou rectificação.
Existem, actualmente, máquinas que rectificam estas peças no local, visto que
o corte e reposição é, na grande maioria dos casos, impraticável.
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IV . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Inspecção da válvula

Alguns dos problemas citados (obstruções, corrosão e erosão) são comuns


também à inspecção a realizar na válvula. Existem outros, porém, que
são igualmente importantes. A verificação, por exemplo, de empenos na
haste e fracturas na mola (dispositivos de segurança com castelo aberto) é
fundamental.

TRANSPORTE PARA A OFICINA

Esta fase da manutenção, muitas vezes ignorada, deverá ser feita com bastante
cuidado. Um número elevado de anomalias pode ocorrer quando se transporta
as válvulas “a monte”.

Caso particular

Os dispositivos de segurança requerem um cuidado especial. O seu transporte


é feito com a válvula na posição vertical e, de preferência, em veículos de rodado
macio, com o objectivo de evitar vibrações no equipamento.

Deverão ser também trancadas ou grampeadas para transporte. Esta operação


consiste na aplicação de um acessório no capacete da válvula, o qual, ao entrar
em contacto com a extremidade da haste, evita qualquer movimento das peças
deslizantes. Só assim se poderá garantir que os resultados do ensaio prévio,
efectuado logo à chegada à oficina, traduzam, efectivamente, as condições em
que a válvula se encontrava quando em funcionamento.

A figura IV.1 exemplifica este tipo de acessório, que não necessita mais do que
o aperto manual.
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Legenda:
1 - Capacete;
2 - Haste;
3 - Grampo.

Figura IV.1 - Válvula grampeada

ENSAIO PRÉVIO - DISPOSITIVOS OU VÁLVULAS DE SEGURANÇA

O ensaio prévio é exclusivo dos dispositivos de segurança e deverá ser sempre


efectuado logo que a válvula chega à oficina.

O objectivo fundamental é saber em que condições a válvula se encontrava na


instalação.

A válvula é montada na bancada de ensaios e a pressão é elevada, lentamente,


até ao valor previsto (pressão de abertura a frio).

Quatro tipos de resultados poderão ocorrer:

• A válvula abriu no valor previsto;


• A válvula abriu abaixo do valor previsto;
• A válvula abriu acima do valor previsto;
• A válvula não abriu.
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IV . 6 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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DESMONTAGEM EM OFICINA

Se a válvula abriu no valor previsto, poder-se-á proceder de imediato à


desmontagem.

Se a válvula abriu abaixo do valor previsto, poderemos estar perante uma


calibração errada na anterior beneficiação, um afrouxamento da contraporca do
perno de afinação da mola, ou ainda, uma perda de elasticidade da mola.

Se abriu acima do valor previsto, a origem deste problema poderá estar


também numa calibração errada ou na existência de impurezas que dificultem
a movimentação das peças deslizantes. Neste caso, é conveniente provocar
uma segunda abertura.

Se a válvula não abriu, estamos perante a situação mais grave de todas.


Diz-se, então, que a válvula se encontra “agarrada”.

Estes resultados devem ser registados na ficha de manutenção, em virtude da


sua importância na determinação do período de inspecção ideal. As válvulas
com dificuldade ou impossibilidade na abertura deverão ser sujeitas a períodos
de inspecção periódica mais curtos.

Os processos de desmontagem variam conforme o fabricante e o modelo da


válvula em presença. O manual de manutenção do fabricante é um auxiliar
fundamental.

As ferramentas a utilizar são as de uso geral, tais como chaves de bocas, de


luneta, francesa, de fendas, alicate universal, alicate de pressão e maço de
borracha, entre outras.

Deve ter-se especial cuidado em não danificar zonas onde, por exemplo, a
vedação ou o alinhamento são fundamentais.

Todos os componentes deverão ser guardados em recipientes individuais por


válvula, os quais possuirão uma identificação bem visível no exterior. O facto de
haver válvulas iguais não significa que os seus componentes possam ser
permutados.

Caso particular

Os dispositivos de segurança (válvulas) possuem características que obrigam


ao registo de alguns dados importantes, de modo a facilitar a montagem e
ensaio final. São eles a altura do parafuso de afinação da mola (figura IV.2) e a
posição do anel ou anéis de regulação (figura IV.3).
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Figura IV.2 - Altura do parafuso de afinação da mola

Esta dimensão é bastante importante, na medida em que permite que seja


respeitada a afinação da mola, após a montagem da válvula, proporcionando
também um ensaio em bancada mais rápido.

Legenda:

1 - Suporte do obturador; 3 - Sede;


2 - Anel de regulação; 4 - Obturador.

(↔) - Direcções de rotação do anel:


Sinal + o anel desce;
Sinal - o anel sobe.

Figura IV.3 - Posição do anel de regulação

A posição do anel de regulação é outro elemento necessário a ter em conta, de


modo a que se possa reposicionar o mesmo, após a montagem da válvula.
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IV . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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A figura IV.3 exemplifica o caso de uma válvula só com um anel, e uma das
formas de identificar a posição do mesmo é fazê-lo rodar no sentido contrário
aos ponteiros do relógio, até estabelecer contacto com o suporte do obturador.
Este movimento é acompanhado pela contagem do número de dentes. A posição
só deverá ser alterada, se a mesma estiver, completamente, fora das indicações
do fabricante ou tenha havido indicação de um deficiente funcionamento.

A desmontagem destes dispositivos possui, também, outra característica


importante, relacionada com a segurança do pessoal envolvido. A primeira acção
a desenvolver, depois de retirado o capacete e registada a altura do parafuso de
aperto, é aliviar a pressão da mola. Nunca desapertar o castelo com a mola
em tensão.

LIMPEZA E ANÁLISE DOS COMPONENTES

Após a desmontagem, proceder-se-á à lavagem e limpeza de todos os


componentes. O manuseamento deverá ser feito com cuidado, evitando
pancadas.

A lavagem poderá ser efectuada com petróleo ou gasóleo, de modo a que a


superfície das peças possa ser perfeitamente analisada. Não esquecer a limpeza
de pernos e porcas. É de toda a conveniência que a superfície onde se vai
trabalhar esteja limpa e que o operador tenha as mãos isentas de sujidade.

Os componentes serão, então, analisados, com especial incidência sobre os


seguintes:

• Corpo (corrosão e desgaste);


• Castelo ou tampa (corrosão e desgaste);
• Bucim (corrosão, fractura);
• Flanges (corrosão, desgaste e laminagem);
• Mola (corrosão, fractura e elasticidade);
• Haste (corrosão, empeno, desgaste);
• Guia (corrosão e desgaste);
• Obturador (estado da superfície de vedação, profundidade dos defeitos,
dimensões mínimas);
• Sede (estado da superfície de vedação, profundidade dos defeitos,
dimensões mínimas);
• Fole (fendas, corrosão, deformação).

As peças danificadas podem ter, ou não, recuperação. Porque os períodos de


intervenção (paragens) são, normalmente, bastante curtos, é conveniente a
existência de material de reserva, com especial incidência para aquele cuja
danificação é mais frequente. Falamos concretamente da sede, obturador, fole,
mola e juntas. Os outros componentes duram, normalmente, bastante mais
tempo, não sendo, contudo, de excluir a existência de, por exemplo, uma haste
ou até de uma válvula completa para casos mais dramáticos de degradação.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 9


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Manutenção, Procedimentos de Reparação e Calibração IEFP · ISQ

A figura IV.4 representa, no caso concreto dos dispositivos de segurança, regra


geral, as dimensões mínimas a ter em conta e que motivam a substituição da
sede e obturador.

Figura IV.4 - Dimensões mínimas

REPARAÇÃO DAS FACES DE VEDAÇÃO (SEDE E OBTURADOR)

Quando se fala em faces de vedação, inclui-se todas as zonas susceptíveis de


fuga, tanto para o exterior como no interior.

Sem dúvida, a zona de vedação sede/obturador é a mais delicada, não só pelo


contacto permanente com o fluido, mas também pelos níveis de vedação exigidos,
por vezes, bastante altos, como é o caso dos dispositivos de segurança (válvulas).

O material necessário para esta operação de rectificação, vulgarmente chamada


de lapidação, consiste em planos de ferro fundido e massas de rectificar
(carborundo). Estas massas têm várias graduações, conforme o tipo de
acabamento que se pretenda. A existência de um líquido de limpeza
(desengordurante), pincéis e pistola de ar comprimido é também recomendada.

Para se dar início à lapidação, é conveniente observar visualmente o tipo de


defeitos quanto à sua profundidade, de modo a seleccionar a respectiva massa.
A mais grossa utiliza-se para defeitos mais profundos, e a mais fina para o
acabamento final.
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IV . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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O passo seguinte consiste em colocar uma pequena quantidade de massa no


plano de lapidação e assentar a peça a rectificar em cima desta zona.
O movimento da peça será em forma de um oito, conforme está representado
na figura IV.5.

Legenda:
1 - Peça; 2 - Plano.

Figura IV.5 - Movimento de rectificação

Não deverá ser feita excessiva força na peça de encontro ao plano, levantando-a
periodicamente, para permitir a entrada de carborundo fresco.

Quando se utilizar uma massa bastante grossa, é conveniente inspeccionar


frequentemente a face da peça, na perspectiva de não ultrapassar as dimensões
mínimas recomendadas pelo fabricante.

A existência de um plano para cada tipo de carborundo é recomendada, de


modo a evitar a contaminação. Se só existir um plano, este deverá ser
cuidadosamente lavado em cada mudança de massa.

Após a obtenção do acabamento final desejado, e se a montagem da válvula


não for imediata, a peça é cuidadosamente acondicionada e arrumada em local
seguro.

Caso particular

O tipo de rectificação mencionado é válido para sedes e obturadores que podem


ser removidos e trabalhados fora da válvula. No entanto, e no caso concreto das
válvulas de globo, as faces de vedação são cónicas, sendo necessário rodar o
obturador na sede para a obtenção de uma boa vedação.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 11


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Deve ter-se em atenção que muitos dos obturadores rodam livremente na haste,
o que lhes proporciona um assentamento mais correcto. Porém, para este tipo
de rectificação, é necessário fixar o obturador na haste de modo a que o conjunto
rode ao mesmo tempo. O castelo da válvula irá servir de guia para um correcto
alinhamento da haste.

Aplica-se, então, um ligeira camada de massa no obturador. O movimento é


efectuado, neste caso, rodando a haste para a frente e para trás, imprimindo
uma ligeira pressão. A massa deve ser substituída frequentemente.

Após o processo de lapidação concluído, é necessário saber se as peças (sede


e obturador) estabelecem um contacto perfeito. Para tal, é utilizada uma tinta
chamada azul da prússia.

Para a observação da sede, deposita-se uma ligeira camada daquela no


obturador. É então montado, cuidadosamente, na sede, fazendo-o rodar ¼ de
volta e aplicando, ao mesmo tempo, uma ligeira pressão. Retira-se com cuidado
e, com o auxílio de uma lanterna, verifica-se se existe uma linha azul contínua
na sede. Se for descontínua, é porque o contacto não é perfeito e será necessário
voltar a uma nova fase de rectificação.

Quando a análise da sede está concluída, a tinta é removida de ambas as


peças e procede-se à observação do obturador. O procedimento é o mesmo,
com a diferença de que o azul é aplicado, neste caso, na sede.

Algumas válvulas estão equipadas com peças substituíveis. Neste caso, poderá
ser mais económica a montagem de novos componentes. Contudo, se os defeitos
encontrados forem de pouca gravidade, é aconselhável a reparação.

SUBSTITUIÇÃO DO EMPANQUE

A substituição do empanque é, talvez, a reparação mais frequente,


concretamente no que respeita às válvulas de cunha, de comporta e de globo.

Para ter acesso ao empanque, é necessário retirar o volante, desapertar e


retirar o bucim. A figura IV.6 mostra os componentes que devem, regra geral,
ser desmontados para esta operação.
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IV . 12 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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2
3

Legenda:
1 - Volante; 5 - Anéis do empanque;
2 - Porcas do bucim; 6 - Caixa do empanque;
3 - Anilhas; 7 - Haste.
4 - Bucim;

Figura IV.6 - Acesso ao empanque

A ferramenta utilizada para remover os anéis do empanque assemelha-se, na


ponta, a um saca-rolhas.

É fundamental não danificar a superfície da haste nem a face interior da caixa


do empanque. São duas zonas de vedação importantíssimas.

Após a remoção do empanque, a caixa do mesmo e a haste são, criteriosamente,


limpas e sopradas com ar comprimido. A válvula está, então, preparada para
receber novo empanque.

Terá de ser utilizado o empanque recomendado para a válvula e tipo de serviço


em causa. São fornecidos ou em bobine ou já cortados à medida da caixa.

Para cortar os anéis em cordão bobinado, utiliza-se um veio com o diâmetro da


haste. Enrola-se o cordão até fazer o número de anéis desejado e corta-se o
terminal.

Com um instrumento de corte eficaz, faz-se, então, um corte longitudinal,


abrangendo todas as voltas, e os anéis ficam formados. Os anéis devem ser
retirados ao longo do veio, de modo a não os abrir e, consequentemente, criar
bocas no interior.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 13


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O corte do empanque pode ser efectuado a 90° ou a 45°.

A figura IV.7 mostra o corte a 90° efectuado em cordão de bobine.

Figura IV.7 - Corte de empanque bobinado

A montagem dos anéis deve ser efectuada um a um. O primeiro é inserido na


caixa e acompanhado até ao fundo da mesma, utilizando uma peça tubular
própria. O anel deverá ficar completamente assente no fundo da caixa, com as
pontas em contacto perfeito.

A montagem é idêntica para os anéis seguintes, havendo a preocupação de


desencontrar as zonas de corte. Se forem montados dois anéis, os cortes
ficarão desfasados de 180°. Se forem três, o desfasamento será de 120°. Se
forem quatro ou mais, será de 90°. A figura IV.8 exemplifica os vários
desfasamentos em relação ao bucim.

Figura IV.8 - Desfasamento de corte


na montagem
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IV . 14 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Este desfasamento garante o estrangulamento da fuga.

No final da montagem dos anéis, é colocado o bucim, deixando a haste da


válvula leve. Deve ter-se especial atenção ao aperto do bucim, o qual deverá ser
efectuado uniformemente, sem provocar empenos.

O ajustamento final é, normalmente, efectuado em serviço.

MONTAGEM DOS COMPONENTES

A montagem é efectuada respeitando novamente as instruções do fabricante.

Uma parte importante desta fase é a lubrificação de todas as zonas móveis e


roscadas. Existe uma vasta gama de lubrificantes tendo, cada um, a sua
utilização específica. O manual do fabricante deverá ser consultado.

As juntas são, normalmente, substituídas por novas e o empanque é também


novo. A montagem deste último está descrita no tema anterior.

Caso particular

Nos dispositivos de segurança (válvulas), o parafuso de afinação da mola deverá


ser posicionado tal como estava antes da desmontagem. O mesmo se aplica
aos anéis de regulação. Ver figuras IV.2 e IV.3.

ENSAIO FINAL

O ensaio final deve ser efectuado em qualquer tipo de válvula, após a reparação.
Este ensaio diz respeito, essencialmente, à vedação e será tratado na Unidade
Temática VI.

Após este ensaio, a válvula deverá ser protegida nas entradas, evitando a entrada
de impurezas.

Os dispositivos de segurança deverão ser arrumados na posição vertical enquanto


aguardam o transporte para a instalação.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 15


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TRANSPORTE E MONTAGEM NO LOCAL

O transporte, como vimos, pode ser um dos factores causadores de anomalias


de funcionamento. Por isso, são normalmente tomados cuidados especiais
nesta fase.

As protecções contra a entrada de impurezas só serão removidas no momento


imediatamente anterior à montagem.

As juntas serão, à partida, do mesmo material que se encontrava instalado ou,


no caso de haver engano, substituídas pelo indicado. Estas serão sempre
seleccionadas de acordo com condições de pressão, temperatura, natureza do
fluído e tipo de face de vedação. Poderão ser em cartão, semi-metálicas ou
totalmente metálicas.

O aperto das flanges de ligação à tubagem requer alguns cuidados. A utilização


de uma chave dinamométrica é recomendável. A sequência correcta de aperto
está representada na figura IV.9. Esta sequência é particularmente importante
nas válvulas em ferro fundido, podendo mesmo partir se não houver uniformidade
do referido aperto.

Válvulas de grandes dimensões

Válvulas de pequenas dimensões

Figura IV.9 - Sequência de aperto das flanges


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IV . 16 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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RESUMO

As fases fundamentais da manutenção são as seguintes:

• Preparação;
• Desmontagem da válvula na instalação;
• Inspecção visual após remoção;
• Transporte para a oficina;
• Ensaio prévio - dispositivos de segurança;
• Desmontagem;
• Limpeza e análise dos componentes;
• Reparação das faces de vedação;
• Substituição do empanque;
• Montagem dos componentes;
• Ensaio final;
• Transporte e montagem no local.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão IV . 17


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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Antes de iniciar as acções de manutenção, quais são as regras básicas de


preparação essenciais?

2. Para que serve o azul da prússia?

3. Num ensaio prévio de um dispositivo de segurança, várias situações podem


ocorrer. Quais são essas situações e que conclusões se poderão tirar das
mesmas?

4. Na reposição do empanque numa válvula, os anéis são propositadamente


desencontrados, no que respeita às extremidades. Consoante o número de
anéis, diga quais são os ângulos de desfasamento recomendados.

M.T1.08 UT.04

IV . 18 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Prática


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IEFP · ISQ Ficheiros e Registo Histórico

Ficheiros e Registo Histórico


M.T1.08 UT.05

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Reconhecer os diversos documentos que constituem um registo histórico


(conjunto de ficheiros que deverão existir em qualquer unidade industrial);
• Organizar os ficheiros necessários à constituição de um programa de gestão
da manutenção e dos equipamentos.

TEMAS

• Ficheiros base
• Ficheiros de inspecção periódica
• Acompanhamento da reparação
• Registo histórico
• Resumo
• Actividades / Avaliação
M.T1.08 UT.05

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão V . 1


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Ficheiros e Registo Histórico IEFP · ISQ

FICHEIROS BASE

Se é difícil imaginar uma unidade industrial sem a existência de válvulas, também


o é sem documentação de suporte.

Esta documentação é fundamental para a gestão e controlo dos equipamentos


existentes e poderemos considerá-la, mesmo, como uma ferramenta essencial
para a implementação de um sistema de manutenção.

Para que a gestão e controlo do sistema se faça de uma maneira fácil e eficaz,
é necessário não sobrecarregar o mesmo com documentação a mais. No
entanto, alguns elementos são considerados básicos e deverão constar em um
ou mais documentos de suporte.

Em primeiro lugar, consideremos a ficha do equipamento. Esta ficha pode, e


deve, ser obtida à chegada do equipamento, caso este seja novo. Se se tratar
de um equipamento já existente, é de toda a conveniência localizar a ficha
original, ou tentar obter todos os elementos possíveis, como, por exemplo,
aqueles que normalmente se encontram na placa da válvula.

A figura V.1 representa uma das formas de agregar os elementos de uma válvula,
podendo a mesma variar em formato ou número de elementos, de acordo com
as necessidades de cada programa de gestão da manutenção.

Figura V.1 - Exemplo do registo técnico de uma válvula

Os dispositivos de segurança (válvulas e discos de ruptura) diferem um pouco


das válvulas em geral, visto possuírem outros parâmetros a registar, tais como:
pressão de serviço, pressão de abertura em bancada e em serviço, pressão de
rebentamento, contrapressão, entre outros. A figura V.2 reúne os elementos
básicos de um dispositivo de segurança (disco de ruptura). A figura V.3 refere-se
a uma válvula de segurança, segurança/alívio ou alívio.
M.T1.08 UT.05

V . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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A pressão de rebentamento de um disco de ruptura é sempre correspondente a


uma determinada temperatura. Assim, o valor da pressão de rebentamento e a
temperatura não poderão estar dissociados.

Figura V.2 - Registo técnico de um disco de ruptura

Figura V.3 - Registo técnico de um dispositivo de segurança (válvula)


M.T1.08 UT.05

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão V . 3


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FICHEIROS DE INSPECÇÃO PERIÓDICA

Após ter sido organizado o ficheiro base, informatizado ou não, pode partir-se
para a inspecção periódica, utilizando uma ficha semelhante à da figura V.4.

Figura V.4 - Ficha de inspecção periódica

Esta ficha irá acompanhar o inspector ou o pessoal da manutenção, durante as


visitas de inspecção de rotina.

Qualquer anomalia, quer tenha sido solucionada ou não, deverá constar nesta
ficha. Caso seja necessária a implementação de medidas correctivas, tais como
a diminuição do período de inspecção ou a programação de uma intervenção
mais profunda no equipamento (em paragem), as mesmas poderão ser
consideradas nesta altura.

Paralelamente a estas acções, é recomendável a existência de peças de reserva


em armazém. Só assim se poderá garantir uma intervenção bem sucedida no
equipamento. A figura V.5 representa um exemplo de como, basicamente, se
poderá elaborar um modelo de existências em armazém.
M.T1.08 UT.05

V . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Figura V.5 - Ficha de existências em armazém

ACOMPANHAMENTO DA REPARAÇÃO

A reparação pressupõe, também, a existência de fichas de acompanhamento


que talvez sejam as mais importantes em termos de definição do período de
inspecção ideal.

As figuras V.6 e V.7 constituem dois exemplos de como elaborar uma ficha de
acompanhamento de reparação para válvulas em geral e para dispositivos de
segurança (válvulas).

É essencial compreender que qualquer sistema de gestão da manutenção só


resultará se houver uma interligação de todos os dados contidos na
documentação objecto desta Unidade Temática. Isoladamente, como se pode
compreender, não será possível tirar quaisquer conclusões, quer de natureza
económica ou funcional.
M.T1.08 UT.05

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão V . 5


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Figura V.6 - Ficha de acompanhamento de reparação geral de válvulas


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V . 6 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Figura V.7 - Ficha de acompanhamento da reparação em dispositivos de segurança

REGISTO HISTÓRICO

O registo histórico reúne, de uma maneira simples e resumida, as intervenções


efectuadas ao longo do tempo, quer em válvulas, quer em dispositivos de
segurança.

A figura V.8 exemplifica, no caso concreto dos dispositivos de segurança, como


elaborar um registo desta natureza.
M.T1.08 UT.05

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão V . 7


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Figuras V.8 - Registo Histórico de ensaios e reparações

Os documentos apresentados não devem ser entendidos como ideais. Cada


unidade industrial tem as suas características, e a forma mais correcta de os
elaborar depende dos equipamentos em causa e da orgânica interna de cada
instalação.
M.T1.08 UT.05

V . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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RESUMO

Os documentos necessários para se partir para um programa de gestão de


manutenção são, basicamente, os seguintes:

• Registo técnico do equipamento;


• Ficha de inspecção do equipamento;
• Ficha de existências em armazém;
• Fichas de acompanhamento de reparação;
• Registo histórico das acções.
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Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão V . 9


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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Observe o registo histórico seguinte e diga qual a medida correctiva que se


impõe de imediato.

2. Elabore um exemplo de um registo técnico de uma válvula de segurança.


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V . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Prática


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Ensaios
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Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão


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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar os tipos de ensaios existentes;


• Reconhecer as condições em que os ensaios são efectuados (tanto em
válvulas como em dispositivos de segurança).

TEMAS

• Bancada de ensaios
• Ensaios de vedação
• Aquisição de válvula nova (cunha)
• Aquisição de válvula nova (dispositivo de segurança)
• Após acções de manutenção
• Ensaios de calibração em bancada (dispositivos de segurança)
• Ensaios em funcionamento (dispositivos de segurança)
• Ensaio real
• Ensaio utilizando uma força exterior à válvula
• Ensaio utilizando seccionamento a montante
• Resumo
• Actividades / Avaliação
M.T1.08 UT.06

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 1


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Ensaios IEFP · ISQ

BANCADA DE ENSAIOS

Alguns dos ensaios que iremos abordar pressupõem a existência de uma


bancada de ensaios.

Resumidamente, poder-se-á definir como o equipamento necessário para a


efectivação dos testes de estanquicidade e de calibração. Este equipamento é
montado como um todo e deverá ser mantido, sempre, em perfeitas condições
de funcionamento, visto que a necessidade da sua utilização poderá ser imediata.
Os fluidos de teste poderão ser ar ou um gás inerte (azoto) ou água.

No caso de o fluido ser a água, é aconselhável a adição de um inibidor de


corrosão.

Para pressões bastante elevadas (± 200 Kg/cm²) é, normalmente, utilizada a


conjugação de ar e água.

A figura VI.1 representa um dos modelos de uma bancada de ensaios.

A adaptação de uma bancada de testes para dispositivos de segurança não


difere muito daquela utilizada para as válvulas em geral. Visto existir já a fonte
de alimentação e todo o restante aparato, é somente necessário obter as
adaptações necessárias para a ligação à bancada da válvula sujeita a teste.

Legenda:
1 - Reservatório; 4 - Manómetro;
2 - Entrada de ar; 5 - Dispositivo de segurança;
3 - Entrada de uma fonte de alimentação 6 - Purga.
suplementar;

Figura VI.1 - Bancada de ensaios


M.T1.08 UT.06

VI . 2 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Importante será notar que o reservatório, tubagem e flanges, são equipamentos


sob pressão e, como tal, o seu fabrico deverá estar de acordo com a legislação
em vigor.

Os materiais a aplicar deverão ser resistentes à corrosão e pressões pretendidas.

ENSAIOS DE VEDAÇÃO

Como vimos, o ensaio de vedação é uma constante em qualquer válvula, e é de


toda a conveniência que seja sempre efectuado, nas seguintes situações:

• Quando seja adquirida uma válvula nova;


• Após acções de manutenção.

Aquisição de válvula nova (cunha)

A aquisição de uma válvula nova não significa que a mesma esteja em perfeitas
condições de vedação.

É muito frequente encontrar válvulas novas que, depois de postas em serviço,


apresentam problemas de vedação. Por isso, é importante submeter as mesmas
a um ensaio, a que se poderá chamar de recepção.

Consoante o modelo de válvula, assim será efectuado o ensaio. Se estivermos


em presença de uma válvula concebida para que o fluxo de fluido se faça em
ambas as direcções como, por exemplo, uma válvula de cunha, então o ensaio
terá de ser efectuado também nos dois sentidos. Se a válvula possuir uma seta
indicadora do sentido do fluxo (válvula de globo), então o ensaio será efectuado
com pressão a montante e a observação da fuga a jusante.

Existem, tal como para a selecção dos materiais, normas que definem quais
os ensaios a fazer e quais os parâmetros a respeitar.

Como exemplo, citamos a norma API (American Petroleum Institute) 598, a


qual define, consoante o material e classe da válvula, a pressão a aplicar no
ensaio, exceptuando os dispositivos de segurança. O tipo de fluido, tempo
de duração e fuga admissível também são contemplados.

Se o fluido for ar comprimido, a pressão de teste será limitada entre


4,2 Kg/cm² e 7,0 Kg/cm², independentemente do material e classe.

Se o fluido for água, a pressão de teste, neste caso, estará dependente,


como vimos, de factores como o material e a classe da válvula. A água deverá
conter um inibidor de corrosão.
M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 3


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A tabela VI.1 relaciona o tempo de duração mínimo exigido para o ensaio de


vedação com a dimensão da válvula, baseado também na norma API 598 e, no
caso concreto, de uma válvula de cunha.

Se o teste for feito com ar, a unidade a considerar será o n.º de bolhas/minuto.
Se for efectuado com água, a unidade será o n.º de gotas/minuto.

DURAÇÃO MÍNIMA
DIMENSÕES DO TESTE
(em segundos)

2" ou inferior 15
2½” a 6" 60
8" a 12" 120
14" ou superior 120

Tabela VI.1 - Dimensões / tempo mínimo de duração

A tabelaVI.2 relaciona a fuga admissível por minuto, em função das dimensões.


Neste caso, trata-se de faces de vedação metal com metal, também em uma
válvula de cunha.

MÁX. FUGA
DIMENSÕES ADMISSÍVEL
(gotas/minuto)

2" ou inferior 0
2½” a 6" 12
8" a 12" 20
14" ou superior 28

Tabela VI.2 - Dimensões / fuga admissível

Deve ter-se especial atenção, durante a realização do teste, para o facto de, se
o mesmo for efectuado com água, ser necessário deixar encher todo o interior
da válvula, antes de iniciar a contagem das gotas. O tempo real de teste só
será contado a partir desse ponto.

Aquisição de válvula nova (dispositivo de segurança)

O teste de vedação dos dispositivos de segurança também é regulamentado por


diversas normas. Pode ser efectuado com ar comprimido ou com água. Neste
caso concreto, e como exemplo, a norma API (American Petroleum Institute)
STANDARD 527 define as fugas admissíveis, em zona de vedação metal com
metal, consoante o orifício, a pressão de abertura, com fole ou sem fole.
M.T1.08 UT.06

VI . 4 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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O orifício não é mais do que a área mínima existente no interior da sede, o


qual regula o caudal escoado pela válvula. É normalmente referenciada em
ilustrações como do (diâmetro do orifício) e identificado por uma letra. O documento
que define a área do orifício é a norma API 526.

A figura VI.2 mostra onde deve ser medido o diâmetro do orifício.

A tabela VI.3 relaciona a letra do orifício com a respectiva área, de acordo


com a norma API 526.

A tabela VI.4 relaciona o tipo de válvula, o orifício e a pressão de ensaio


(até 70.3 Kg/cm²), com a fuga admissível, no caso de faces de vedação metal
com metal e com a temperatura de ensaio aproximada de 15,6°C.

Figura VI.2 - Localização do diâmetro do orifício

Designação Área do Designação Área do


da letra orifício da letra orifício

D 0,110 L 2,853
E 0,196 M 3,60
F 0,307 N 4,34
G 0,503 P 6,38
H 0,785 Q 11,05
J 1,287 R 16,00
K 1,838 T 26,00

Tabela VI.3 - Designação letra / área do orifício (in²)

Obs.: 1 in² = 6,452cm²


M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 5


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Tipo de Orifício Fuga máx. Fuga máx.


válvula (Letra) Bolhas/min m3/24 horas

Convencional ≤aF 40 0,017

Balanceada ≤aF 40 0,021

Convencional ≥aG 20 0,0085

Balanceada ≥aG 20 0,013

Tabela VI.4 - Orifício / fuga admissível (até 70,3 Kg/cm²)

Para a efectivação do ensaio de vedação nos dispositivos de segurança,


concretamente no ensaio pneumático, são necessários alguns acessórios
de modo a poder fazer-se a contagem das bolhas. Novamente, a norma API 527
constitui um auxiliar importante no dimensionamento desses mesmos
acessórios.

Esse acessórios são constituídos, fundamentalmente, por:

• Uma flange, cujo material poderá ser leve e, simultaneamente, pouco


sujeito a deformações como, por exemplo, a “ebonite”. Esta flange será
aplicada na descarga da válvula e fixa por grampos. Deverá possuir um
anel de borracha pelo interior, de modo a que não haja fugas pela face de
encosto das duas flanges. É também importante que possua um orifício
que permita o escoamento do ar, no caso da válvula abrir durante o ensaio
de vedação;

• Um tubo aplicado na flange de teste com 7,9 mm de diâmetro exterior e


0,89 mm de espessura. Este tubo será mergulhado numa tina de água,
até uma profundidade de 12 mm.

A figura VI.3 representa um dispositivo de segurança, montado na bancada de


teste e com os acessórios do ensaio de vedação igualmente montados.
M.T1.08 UT.06

VI . 6 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Legenda :
1 - Reservatório; 3 - Tubo para contagem de bolhas;
2 - Flange de teste; 4 - Tina com água;
H - Profundidade do tubo na água - 12mm.

Figura VI.3 - Aparato para o teste de vedação

De notar que este ensaio só produzirá os efeitos necessários se todas as


zonas de fuga para o exterior forem tapadas, de modo a permitir que o ar se
escoe, exclusivamente, pelo tubo de teste.

Após acções de manutenção

Os ensaios atrás descritos, são válidos também após as acções de manutenção,


com especial incidência para os dispositivos de segurança.

Dado que uma das principais funções da manutenção é transformar válvulas


“velhas” em válvulas novas, assim também estes ensaios mantêm a sua
importância, quer numa situação, quer noutra.

ENSAIOS DE CALIBRAÇÃO EM BANCADA (DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA)

Os ensaios de calibração de dispositivos de segurança em bancada envolvem,


como vimos na Unidade Temática IV, duas cotas que foram previamente obtidas,
aquando da desmontagem da válvula. São elas, a altura do parafuso de afinação
(figura IV.2) e a posição do anel de regulação (figura IV.3), caso exista.
M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 7


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Ensaios IEFP · ISQ

A conservação da altura do parafuso de afinação tem como vantagem, caso


a válvula tenha aberto na pressão correcta durante o ensaio prévio, garantir que
estamos próximos da afinação final. Esta situação permite que a calibração
final da válvula se faça com o menor número de aberturas possível, evitando,
assim, a danificação prematura das faces de vedação.

A reposição do anel ou anéis, caso existam, nas cotas iniciais é também


importante, mas relaciona-se, fundamentalmente, com o comportamento da
válvula em serviço.

Se a válvula está instalada num circuito de líquidos, muitos fabricantes


recomendam que o anel seja posicionado o mais baixo possível. Neste caso, o
ensaio deverá ser efectuado com água.

Se está instalada num circuito de gases, o ensaio será efectuado com ar ou


gás inerte, e os fabricantes fornecem, normalmente, tabelas que relacionam o
número de dentes com o orifício. Outros relacionam o número de dentes com a
pressão de abertura. A tabela IV.5 relaciona o número de dentes com o orifício.

ORIFÍCIO N.º DE ORIFÍCIO N.º DE


LETRA DENTES LETRA DENTES

D 8 M 11
E 8 N 13
F 8 P 10
G 9 Q 10
H 10 R 12
J 9 T 14
K 11 U 7
L 11 W 6

Tabela VI.5 - Regulação do anel segundo o tipo de orifício

Nota: Esta tabela constitui apenas um exemplo das informações normalmente


contidas nos manuais de manutenção, não devendo ser utilizada na prática.
Para uma válvula de um determinado fabricante, deve-se consultar sempre o
respectivo manual.

Para efeitos de calibração em bancada, o anel é posicionado com metade do


número de dentes previsto na tabela. Esta afinação permite que se obtenha
uma abertura franca (“pop”) e um fecho menos violento para as faces de vedação.

Após estas operações, a válvula é, então, colocada na bancada de ensaio, na


posição vertical e apertada por meio de pernos e porcas, grampos, ou outros
acessórios.
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VI . 8 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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Depois de seleccionar o manómetro mais compatível com os parâmetros de


abertura da válvula sujeita a teste, a pressão é, então, elevada vagarosamente,
até a válvula abrir.

Se houver correcções a fazer, a pressão do reservatório deverá ser reduzida em


pelo menos 25%, evitando, assim, o risco de uma abertura imprevista.

Nunca se devem regular os anéis com pressão a montante da válvula.

Não esquecer o factor de correcção da temperatura e a contrapressão, os quais,


como já foi referido, constituem elementos fundamentais para uma calibração
final rigorosa.

Após estar concluída a calibração, e para efeitos do ensaio de vedação descrito


no tema anterior, a pressão é, então, reduzida para 90% da pressão de abertura,
no caso de faces de vedação metal com metal, e para 95%, no caso de faces
de vedação metal com material elástico.

Caso a válvula cumpra com as exigências requeridas, será, então, selada, de


modo a garantir a não adulteração dos resultados obtidos. Todas as alterações
de regulação, efectuadas após a válvula ter sido selada, só deverão ser realizadas
por pessoal autorizado e devidamente registadas.

ENSAIOS EM FUNCIONAMENTO (DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA)

Existem, actualmente, três métodos de ensaio de dispositivos de segurança


em funcionamento. São eles os seguintes:

• Ensaio real;
• Ensaio utilizando uma força exterior à válvula;
• Ensaio utilizando seccionamento a montante.

Ensaio real

O ensaio real é, entre os ensaios em funcionamento, o mais antigo. Consiste


na pressurização do equipamento onde a válvula se encontra instalada, até se
atingir a pressão de abertura da mesma.

É normal ser efectuado, periodicamente, em geradores de vapor (caldeiras).

No entanto, nem todos os equipamentos podem ser sujeitos a este tipo de


ensaio, devido à natureza do fluido que neles circula, assim como à
indisponibilidade dos mesmos. São ensaios que envolvem grandes consumos
de energia, meios logísticos e humanos, e provocam, normalmente, atrasos no
arranque da instalação.

A sua realização coincide, geralmente, com a revisão e ensaio dos geradores


de vapor.
M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 9


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Ensaios IEFP · ISQ

Ensaio utilizando uma força exterior à válvula

Com a evolução da tecnologia, foram-se desenvolvendo métodos que permitem,


não só testar e calibrar as válvulas em funcionamento, como também obter
registos de ensaio, os quais contêm indicações dos valores de abertura e
comportamento da válvula.

A figura VI.4 representa um destes equipamentos, o qual, no caso concreto, se


encontra actualmente em função no nosso país.

O princípio de funcionamento é simples.

Consiste na montagem de um macaco hidráulico, assente no topo do castelo e


ligado à haste por meio de um adaptador. A pressão hidráulica é fornecida por
um compressor. Esta pressão é injectada no cilindro superior, traccionando a
haste e fazendo com que a válvula se abra.

Uma célula de carga, existente também no macaco hidráulico, transmite um


sinal eléctrico ao registador gráfico, correspondente à força efectuada.

Legenda:
1 - Macaco hidráulico; 4 - Compressor;
2 - Cilindros superior e inferior; 5 - Registador gráfico.
3 - Célula de carga;

Figura VI.4 - Equipamento para ensaios em funcionamento


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VI . 10 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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As principais vantagens deste tipo de equipamento, são as seguintes:

• Não há necessidade de aumentar a pressão do equipamento onde a


válvula está instalada;
• O teste é feito no local, sendo uma grande vantagem para válvulas soldadas
à própria linha;
• As válvulas podem ser testadas com a fábrica em funcionamento normal
ou com todo o sistema fora de serviço;
• A perda de energia ou produto é consideravelmente reduzida;
• O teste é mais rápido, mais preciso e mais económico;
• Os níveis de ruído são reduzidos consideravelmente.

Os casos típicos de utilização são os seguintes:

• Durante o normal funcionamento da instalação, para verificação do estado


de calibração das válvulas;
• Antes das paragens programadas, para apoio na decisão das válvulas a
intervencionar;
• Após arranque, para confirmação, nas condições reais de funcionamento,
da calibração das válvulas intervencionadas.

Ensaio utilizando seccionamento a montante

Este ensaio é raramente utilizado e só poderá ser efectuado se houver uma


válvula de seccionamento antes da válvula de segurança.

Entre as flanges de ligação da válvula com o dispositivo de segurança, deverá


existir um pequeno troço de tubo, vulgarmente chamado “carrinho”, o qual
permitirá a aplicação de uma picagem de entrada de ar ou azoto. Esta picagem
permite também saber se a válvula de seccionamento, quando fechada, dá
passagem ou não. A figura VI.5 representa o tipo de montagem descrito.
M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 11


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Ensaios IEFP · ISQ

Legenda:

1 - Válvula de seccionamento;
2 - Tubagem de descarga;
3 - “Carrinho”;
4 - Entrada de ar.

Figura VI.5 - Aparato para teste com seccionamento


a montante

M.T1.08 UT.06

VI . 12 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Científico-Tecnológica


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RESUMO

Os principais ensaios em válvulas e dispositivos de segurança são os seguintes:

• Ensaios de vedação;
• Ensaios de calibração em bancada (dispositivos de segurança);
• Ensaios em funcionamento (dispositivos de segurança).
M.T1.08 UT.06

Componente Científico-Tecnológica Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão VI . 13


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Ensaios IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Qual é a razão para a necessidade do ensaio de vedação na recepção de


uma válvula nova?

2. O que representa o do de um dispositivo de segurança e qual a sua função?

3. Se pretender realizar um ensaio de estanquicidade a um dispositivo de


segurança balanceado (com fole), cuja pressão de abertura a frio é de
25 Kg/cm² e possui o orifício F, qual o número máximo de bolhas admissíveis
por minuto que se deverão registar?

M.T1.08 UT.06

VI . 14 Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão Componente Prática


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IEFP · ISQ Bibliografia

BIBLIOGRAFIA

ANSI (American Nacional Standard Institute)

B 16.5 - Steel pipe flanges and flanged fittings


B 16.10 - Face-to-face and end-to-end dimensions of ferrous valves
B 16.20 - Ring-joint gaskets and grooves for steel pipe flanges
B 16.21 - Non metallic gaskets for pipe flanges

API (American Petroleum Institute)

API - Guide for Inspection of Refinery Equipment Chapter XI - Pipe, Valves and
Fittings
API 520 - Recomended Practice for the Design and Installation of Pressure-
-relieving Systems in Refineries
API 526 - Flanged Steel Safety Relief Valves
API 527 - Comercial Seat Tightness of Safety Relief Valves with Metal to Metal
Seats
API 598 - Valve Inspection and Test
API 600 - Steel Gate Valves Flanged or Buttwelding Ends
API 2000 - Venting Atmosfheric and Low Pressure Storage Tanks

ASME (American Society of Mechanical Engineers)

ASME Boiler and Pressure Vessel Code Section VIII - Division I

ASTM (American Society for Testing and Materials)

A 216 - Standard Specification for Carbon-Steel Castings Suitable for Fusion


Welding for High-Temperature Service
A 217 - Standard Specification for Alloy-Steel Castings for Pressure Containing
Parts Suitable for High-Temperature Service
A 351 - Standard Specificacion for Ferritic and Austenitic Steel Castings for
High-Temperature Service

BS (British Standards Institution)

BS 1414 - Specification for Steel Wedge Gate Valves (Flanged and Butt-Welding
Ends) for the Petroleum, Petrochemical and Allied Industries
BS 1873 - Specification for Steel Globe Valves (Flanged and Butt-Welding
Ends) for the Petroleum, Petrochemical and Allied Industries
BS 6755 - Part 1: Testing of Valves Specification for Production Pressure
Testing Requirements
M.T1.08 An.01

Válvulas e Sistemas de Alívio de Pressão B . 1


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