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EDITOR:
Marcos Marcionilo
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IIilI I ft rtihTil R

CONSELHO EDITORIAL3
Ana Stahl Zilles [Unisinos]
Angela Paiva Dionisio [UFPE]
Carlos Alberto Faraco [UFPR]
Egon de Oliveira Rangel [PUC-SP]
Gilvan Müller de Ol¡veira [UFSC, lpol]
Henrique Monteagudo [Universidade de Santiago de Compostela]
Kanavillil Rajagopalan tUNICAMPI
Marcos Bagno [UnB]
Maria Marta Pereira Scherre [UFES]
Rachel Gazolla de Andrade tPUC-5Pl
Roberto Mulinacci [Universidade de Bolonha]
Roxane Rojo IUNICAMPI
Salma Tannus Muchail tPUC-SPI
Sírio Possenti tUNICAMPI
Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB]
r Capít 1&
pesg
tn a ge e

cAP]ruto tem como foco a metodologia. Além de proporcionar


'r$ffitt visão geral dos principais métodos de pesquisa
.;iswma de iextos on-
':ryrrn" na literatura atual, ele inclui abordagens adotadas em nossos
próprios projetos de pesquisa sobre ringuagem e letramento
nas novas
mídias. Primeiramentg levantamos as questões do ponto de partida
dos
estudos que pesquisam a ringuagem online. Depois discutimos
os métodos
tradicionais (incluindo observação e entrevista) e os métod.os mais
recen_
tes (como autoetnografia e tecnobiograña) adotados na
investigação sobre
MI, Flickr e Facebook, abordados nos capítr.rros anteriores. oùt L, t.*",
discutidos incluem: a importância de combinar têxtos e práticas;
desen-
volver uma metodorogia sensível; a postura do pesquisador; e os desafios
da realiz¿çãe de pesquisas na internet.

Textos e práticas: a questão do ponto de partida


Há muitos pontos de partida possíveis para o exame da linguagem
online; e uma questão recorrente para os pesquisadores interãssados
na linguagem, tanto como texto quanto como prática, é saber por
onde
começar. Se decidimos pesquisar um si¿e ou plataforma particular,
de-
vemos começar observando a palavra escrita que aparece na
tela? ou
devemos começar entendend.o as práticas, mediante, por exempro,
entre-
vistas com produtores ou usuários de textos?
A resposta a estas perguntas está estreitamente rigada aos objeti-
vos da pesquisa. várias abordagens metodológicas essenciais foram

##,
re:g:i.
lidar com estas questões. Segue-se também que iniciar a pesquisa apenas
observando as palavras em textos em plataformas específicas não é sufi-
ciente para informar uma compreensão do que a escrita online significa
na vida das pessoas. Em vista disso, surgiu a pesquisa sobre letramentos
'Ç,*--^,,^.,.-
das práticáa C'otidianas
eIgmPlq' ILo*eLøL-20tO- este as práticas como unidade
básica de análise. Os pesquisadores também consideram como a peda-
gogia p levar em conta as
Seguindo uma
mentos de 9¡til9 mais gtnoErifico-ao
pesqu_isa_1 de_talles
.daq p1áligaq cot¡{r*qlrel {igitafs das pessoas- Davies
e Merchant (2007), por exemplo, analisam blogs acadêmicos como uma
prática social. Eles adotam uma abordagem autoetnográft.ca na pesquisa
sobre as práticas de letramento de suas próprias atividades nos åtogs. (Cf.
Anderson, 2006, para uma explicação sobre esta abordagem na pesquisa
em ciências sociais, que também foi usada em Barton, 2077b.) Tal abor-
dagem também lhes permite realçar as vantagens da realização de pes-
quisas por um sujeito participante. Em particular, seu conhecimênto em
primeira mão das atividades emblogs não só lhes permitiu coletar dados
ricos sobre o que realmente acontece em blogs, como também levantou
questões sobre a etnografia como método de pesquisa online, tais como
os benefícios de realizar pesquisas autoetnográficas online e a relação
dos adores com a cultur-a digital que está sendo pesquisada;
se descreveu no capítulo l, nossa investigação sobre a
linguagem online se concentra em práticas de produção de texto, "as for-
mas pelas quais as pessoas escolhem e transformam recursos para re- j
presentar significados sob a forma de textos para diferentes fins" (Le9'
2007 c: 289).,CómpieénderãfprãîiðälTè produção'dëIêietõ"önf¿ñã nãò im-
aperias analisar características estruturais da língua, mas também
observar modos particulares de criação e utilização de textos e passar
a investigar o como e o porquê da produção de textos pela observação
de detalhes da vida dos participantes. Percepções, sentimentos e valo-
res das pessoas também são levados em consideração nessa construção
teórica. Em suma, a essência das práticas de produção de texto é estu-
dar textos em termos do que as pessoas fazem com eles. Como ponto de
partida diferente, uma abordagem baseada em práticas também pode
começar com a vida cotidiana das pessoas fora da tela. Isto constitui
uma maneira de examinar como as tecnologias transformaram essas
práticas já existentes.
22O L¡nguagem ontine: textos epráticas
dtgita¡s
cApfruLo 12 - A pesqulsa da llnguagem online 22f;::
il' ffi
ff
#
p Com esses enguadramentos conceituais em mente, argumentamos s-ua.pscrita online, não perceberÍamos a dinâmica
i da linguagem online.
que textos e práticas são inseparáveis quando se pesquisa a linguagem Pela lente das práticas de produção textual,
também somos capazes de
onlíne' No entanto, como temos enfatizado ao longo do livro, não vemos entender a linguagem onlíne na perspectiva
do usuário. Conectar tra_
a linguagem simplesmente como um conjunto d.e caracterÍsticas estru- dições de análise linguística com investigação
baseada na prática re-
turais, tampouco ela é apenas um modo de representação do discurso quer uma nova estrutura metodorógica
e a reformuração dos métodos
digital ao lado de outros modos. A linguagem online também é uma prá- tradicionais em resposta às mudanças nas virtualidades
das novas mí_
tica social situada. Diferentes maneiras d.e usar a linguagem servem a dias. Uma abordagem com métod.os mistos
é a preferida, pois não há um
uma variedade de funções discursivas em diferentes contextos sociais, único método que possa ser empregado para
resolver todas as questões
levando a diferentes significados ilocucionários que se pretende parâ o relativas aos textos e às práticas em torno
que é dito. As maneiras de aplicar recursos linguísticos são moldadas
deles. pr..ir"*o,
Às u"""r,
combinar métodos quantitativos.e qua¿¡Mivss;
em outros momentos,
por vários fatores situados nas vivências cotid.ianas do uso da lingua- transitamos entre métod.os face a face e métodos
onlíne. É importan-
gem e além. A esse respeito, nem a linguagem nem a prática devem ser te ser explícito sobre os métodos e instrumentos
de investigaçãopara
vistas como o único ponto de partida. Em vez disso, esses métodos vão e apresentar e discutir questões e desafios presentes
na pesquisa online
voltam entre dados linguísticos e dados de práticas Ao obser- de forma mais geral.
var as palavras num site, algo sobre a
vida dos produtores do texto: de onde eles são, o que fazem para ganhar
O estudo das MI
a vida, seus interesses e hobbies, seu repertório linguístico em situações
onlíne e offiíne, e assim por diante. Com o Flickr, por exemplo, o ato de O objetivo geral do projeto de MI era entender
como os jovens em
olhar os perfis das pessoas e a lingua usada em vários espaços de escrita Hong Kong dispunham de seus recursos
multimodais, multilÍngues e de
pode revelar muitas coisas sobre as identidades linguÍsticas e culturais múltiplos sistemas d.e escrita ao participar
do apricativo de MI. o objeti-
que elas estão apresentando. Esta combinação de análise dos discursos vo geral do estudo era compreender a natureza
situada do uso da rÍngua
online e das práticas das pessoas também é capturada pela etnografia nas MI, o gue exigiu, de modo geral, gJqlaaborOasem:de
r? estudo de caso
online centrada no discurso, feita porAndroutsopoulos (200g). .. \.'
" qualitativa e múltipla. os dados foram coretados
de um grupo de 19 jo-
r.r. vens em Hong Kong, entre z0 e 2g anos.
vale notar q,r" * dudos foram
coletados entre 2006 e 2007, e os métodos
Abordagem com métodos m¡stos adotados ã*p."grrr* o qu.
estava disponível naquela época. procurar
informantes parã este estudo
Ao longo do livro, vários estudos que realizamos foram citados como não foi tarefa fácil, dada a guantidade
de comunicação pessoal e privada
exemplos para ilustrar questões relacionadas com a linguagem online. presente em MI. Novos informantes
apareceram em diferentes momen-
Nesta seção, fornecemos descrições detalhadas dos métodos de coleta de tos. Alguns começaram a participar num
estágio muito inicial, enguan-
dados adotados em três dos projetos de pesquisa envolvend.o d.iferentes to alguns foram identificados posteriormente por
meio de informantes
formas de novas mídias online. os três estudos em questão são o estudo existentes, uma abordagem chamada de ..bola
de neve,,.
das práticas de produção de texto nas
l4I, a pesquisa sobre as práticas Dois pontos são dignos de nota em relação
à estrutura de pesquisa
multilíngues no Flickr e o estudo das atividades de escrita na web 2.0. do estudo de MI. Em primeiro lugar, nem
todos os participantes foram
! O pressuposto metodológico global em nossa pesquisa é que a com- pesquisados com os mesmos procedimentos.
Em vez disso, havia uma
preensão da escrita em ambientes na web implica conectar textos e metodologia ..sensível,,, como discutido abaixo.
Em segundo lugar, um
práticas, sendo ambos essenciais parâ compreender a produção e o uso mesmo participante pode ter se envolvido
no estudo por diferentes vias
de linguagem online. 'SËñt¡olhat a.tentamente para os textos, não com-r de coleta de dados. Arguns participantes
foram estud.ados pera primeira
produtos linguísticos concretos das atividad es onlinefi via a seguir, com uma mistura de etnografia
¡peenderíamos os tradicional e métodos onrf-
ftm observar a vida e as crenças dos usuários sobre o que fazem cont rm, incluindo as seguintes etapas:

222 Llnguagem online: textos e prát¡cas dig¡ta¡s


cAPITULo 12 - A pesqutsa da tinguagem ontine 223
ìt
a
a (Ð observação ínícial: o pesquisador ia à casa do participante ou
(ii) Análise inicial: os diários eram analisados e codificados em
a à residência do estudante e se sentava atrás deles para tomar
notas de campo, enquanto eles permaneciam sentados à fren_ termos de conteúdo. Tópicos da entrevista eram identificados

a te de seu computador e conversavam com amigos onrine. Desta


folma, o pesquisador tinha acesso aos espaços privados de co_
com base nesta anáIise.
(iii) Entrevista online: entrevistas de acompanhamento eram feitas
a municação dos participantes. Essa observação estreita do ato principalmente por meio de MI. Este método de entrevista se
mostrou particularmente adequado para investigar estudantes
a de escrever e enviar mensagens também revelou outras práti-
cas online, tais como múltiplas tarefas alguns participantes
que o pesquisador não conhecia bem ou que tinha conhecido

a frequentemente arternavam para outras- aplicações, tais como a


utilização do MS Word para trabalhos de casa, enquanto man_
apenas eletronicamente, ou aqueles que não podiam se reunir
pessoalmente com o pesquisador.
a tinham o aplicativo de MI em segundo plano. (Cf. anexo 3 para Enquanto uma observação atenta das mensagens instantâneas era

a (ii)
uma lista do que foi coberto nesta sessão de observação.)
coleta de logs de bate-papo: pedia-se ao participante que impri-
importante para o compreensão das caracterÍsticas textuais, modali-
dades de dados qualitativos, como entrevistas e diários, permitiam ao

a misse o histórico de chat da fase (i). Isso garantia a autenticid.a_


de dos dados textuais.
pesquisador mergulhar na vida dos participantes e detectar como sua
produção textual via MI poderia ter sido mediada por outras práticas
a (iii) Entrevista face a face: com base nas notas de campo do pesqui- online. Foi criado um perfil para cada participante, de acordo com as

o sador, uma entrevista face a face era realizada com o partici-


pante no local.
informações obtidas das notas de campo e das várias fases de coleta de
dados. Análises entre os casos também foram realizadas, com o objetivo

a (iv) Análise inicial: em seguida, o pesquisador saÍa e analisava


tod.os os dados recoLhidos de (Ð_(iiÐ. Esta fase começava com
de procurar temas e padrões emergentes.

a uma análise discursiva dos textos de bate-papo. características


A pesquisa sobre as práticas multilíngues no Flickr
a linguísticas identificadas nos textos tornavam-se temas para
entrevistas posteriores. O objetivo original da pesquisa sobre o Flickr era compreender
a (v) Acompanhamento: com base nos temas emergentes de (iv),
eram feitas novas entrevistas, face a face ou online, depend.en-
como as pessoas mobilizavam seus recursos linguísticos ao interagir
com um público internacional. Iniciamos o estudo recolhendo dados
a do da disponibilidade dos participantes. Manter contato com os sobre o nível de diversidade linguÍstica e a distribuição global de lín-

a informantes ajudou a controlar as alterações no seu uso de MI.


Por exemplo, no final de um semestre, alguns participantes co_
guas no Flickr. Para isso, o primeiro passo foi realizar uma observação
exploratória de 100 páginas do Flickr, selecionadas de um dos maio-
a meçaram a usar MI para discutir projetos com os colegas, não
apenas para bate-papo social e interpessoal.
res grupos de interesse no Flickr, chamado FlickrCentral, onde podem
ser identificados usuários com uma vasta gama de origens linguísticas
a À medida que a investigação progred.ia, um procedimento alterna_
tivo foi desenvolvido em resposta à vida digital cotidiana dos partici-
e geográficas. Como a participação em grupos é uma atividade opcio-

a pantes. Nesta segunda via, os participantes foram estudad.os principal-


nal, isso também foi uma forma eficaz de identificar usuários ativos,
que constituíram nosso principal grupo-alvo. observamos os primeiros

a mente mediante métodos onlíne.


Q O diário eletrônico: cada participante devia manter, com um
100 usuários que encontramos no FlickrCentral, considerando somente
aqueles que tinham contribuÍdo ativamente com conteúdo escrito, o que
a processador de texto, um diário d.urante sete dias, no qual des_
crevia suas atividades diárias online e no MI. os participantes
incluía dar títulos, descrições e t48's para muitas de suas fotos. A partir

a também copiavam e colavam seus logs de bate_papo no d.iário,


que era então enviado por e_mail para o pesquisador. (Cf. no
dessas 100 páginas, obtivemos estatísticas descritivas sobre a presença e
distribuição da língua inglesa e outras línguas nos principais espaços de
a apêndice 4 notas de orientação para os escritores de diário.) escrita, incluindo perfis, tÍtulos e descrições de fotos, tags e comentários.
Tanto quanto possível, também observamos as lÍnguas utilizadas pelos
a
a 224 Ltnguagem orlne: textos e práflcas digitais
cApITULO 12 - A pesquisa da linguagem onrlne Zp-*,
ffi
m
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ü usuários e suas localizações. Apesar de se tratar de um si¿e em inglês, dos entrevistados). Quando começamos a desenvolver um relacionamen-
5
i observamos a presença de muitas outras lÍnguas; e metade das páginas to mais próximo com os participantes, às vezes alternávamos para nos-
na análise inicial incluía outras lÍnguas além do inglês, como relatado sas contas de e-matl pessoais, de acordo com a preferência deles. Todos
em Lee e Barton (2071). Depois de termos nos familiarizado com as pos- os nossos informantes tinham um grand.e número de fotos; e um tema
sibilidades tecnológicas e a tendência geral de multilinguismo no Flickr, recorrente em pesquisas online é como extrair uma amostra do que po-
recolhemos textos em várias línguas no site e contatamos os produto- tencialmente podem ser dados em demasia. para restringir o escopo,
res desses textos. Nosso ponto de partida, ou nossa principal unidade analisamos as 100 fotos mais recentes que cada participante da"pesquisa
de análise, foi uma seleção de páginas no Flickr, ou seja, espaços indi- havia enviado. Nas entrevistas subsequentes, nossas perguntas se con-
viduais da web onde os usuários podem subir suas fotos. Também nos centraram em áreas especÍficas dessas páginas do Flickr bem como nas
concentramos intensámente nas atividades do Flickr que contêm escrita respostas ao questionário inicial. Ao fazer isto, pudemos dedicar bastan-
gerada pelo usuário. Coletamos textos em múItiplas línguas de quatro es- te atenção aos detalhes sobre situações reais de uso do Flickr. os dados
paços de escrita no Flickr: perfis; títulos e descrições t tags e comentários. da entrevista foram, então, codificados e categorizados d.e acordo com
os
Tendo obtido um instantâneo da situação multilíngue no Flickr, o temas emergentes das transcrições. Nosso interesse de pesquisa sobre o
próximo passo foi dar uma olhada mais de perto nas práticas multilín- Flickr também se devia à nossa participação pessoal no sife. Deste modo,
gues de usuários individuais nestes diferentes espaços de escrita. Além nós também realizamos autoetnografias de nossas atividades no Flickr,
das 100 páginas de usuários descritas acima, identificamos um conjunto que detalhamos abaixo ao discutir a postura do pesquisador.
de outras onde o inglês coexiste com outras línguas. Foi possível selecio- Este estudo nuclear do Flickr funcionou, então, como um ponto d.e
nar 30 usuários ativos, 18 falanteslde chinês e 12 falantes de espanhol. partida para estudos adicionais sobre linguagem onltne. por exempro, o
Usuários "ativos" são pessoas que enviavam fotos regularmente e contri- estudo adicional de pessoas participantes do projeto de tirar uma foto
buíam escrevendo para o site, por exemplo, na forma de legendas de fotos por dia começou a partir da observação de que um dos participantes do
e comentários. Estes 30 participantes específicos vieram de várias áreas estudo principal do Flickr estava envolvido e era membro de um grupo
geográficas onde o chinês ou o espanhol eram as principais línguas, mas,
"365". Inicialmente, a busca por ..365,, identificou mais de 200 páginas
para além desse critério, estudamos os primeiros usuários ativos com onde pessoas empreendiam projetos d.e uma-foto-por-dia. Estas páginas
que deparamos. Eles foram inicialmente convidados a completar um receberam um olhar geral, e 50 delas, em que as pessoas falavam sobre
questionário online sobre suas práticas gerais no Flickr. O questionário aprendizagem, foram examinadas com mais detalhes por meio de anáIi-
abrangia perguntas sobre o motivo de usarem o Flickr e sobre as lÍnguas se de conteúdo, para identificar temas-chave.
que costumavam usar em diferentes áreas do site e por quê. Houve uma
taxa de resposta de 500/o para nossa solicitação inicial, considerada alta
para um pedido onlíne a estranhos. A razão para essa alta taxa de respos- Apesquisa da escrita na Web 2.0: tecnobiografias
ta talvez seja o fato de que todos os participantes foram abordados em o terceiro estudo fundamental que empregamos neste livro diz res-
primeiro lugar através do sistema de e-mail privado do Flickr, chamado peito às atividades de escrita na web 2.0 entre jovens em Hong Kong.
FlickrMail, disponivel apenas para os membros; naquele e-mail inicial, Além de identificar as principais atividades da web 2.0, a pesquisa ana-
havíamos nos identificado como colegas usuários do Flickr e como pes- lisa especificamente as maneiras como um grupo de graduandos bitín-
quisadores acadêmicos; a pesquisa foi postada num sife de pesquisa onli- gues em Hong Kong mobilizam seus múltiplos recursos linguísticos em
ne gratuito, facilmente acessível a quem quisesse responder. sifes da web 2'0, e como isso se relaciona com sua articulação de iden-
A pesquisa foi seguida por uma série de entrevistas por e-mail, para tidade online. Este estudo foi realizado no período de 2010 azo1r1r e teve
identificar as diferentes formas de participação no Flickr e as maneiras duas fases de coleta de dados, com emprego de vários métod.os: a primei-
como as pessoas mobilizavam seus recursos linguÍsticos em suas pró- ra fase de coleta de dados teve como objetivo obter informações demo-
prias páginas. (Cf. apêndice 5 para um exemplo de e-mail enviado a um gráficas sobre os alunos e identificar possíveis participantes mediante

i&ø Llnguagem onrnê textos e prátlcas dlg¡tais


cApffulo t2 - A pesqulsa da l¡nguagem orlne z{F;i:,
um questionário online inicial, enviado para tod.os os alunos de gradua- Foram realizadas análises intracasos e intercasos. Inicialmente, foi
ção de uma universidade em Hong Kong. Mais de 170 estudantes de gra- criado um perfil para cada participante de acordo com as informações
duação responderam. A isto se seguiu uma "observação persistente,, (um obtidas das anotações de campo e das várias fases de coleta de dados des-
termo usado em Herring, 2004) dos sites web 2.0 mais frequentados pelos critas acima. Todas as transcrições foram codificadas utilizando o sof
participantes selecionados, cujos rinks foram fornecidos por eles tware de anáIise qualitativa de dados ATLAS.ti, para examinar padrões
mesmos
no questionário. similarmente à pesquisa do Flickr, o questionário da emergentes nos diferentes participantes. Além dos dados da entrevista,
pesquisa para este estudo também abrangia perguntas acerca das práti- o que os participantes escreviam no Facebook, em seus blogs e mensa-
cas linguísticas dos participantes em diferentes domÍnios gens instantâneas também foi analisado como dados das tecnobiogra-
online e offrine,
tais como a(s) língua(s) que disseram usar ao escrever um e-maÍl para fias. Essas novas mídias oferecem novas virtualidades e maneiras para
um professor, ou ao consultar informações na internet para as tarefas os usuários online escreverem sobre si mesmos, o que lhes permite criar
escolares etc. Em seguida, esta primeira fase do estudo serviu de e atualizar constantemente suas autobiografias em tempo real. O signifi-
base
para a elaboração do protocolo de entrevista na segunda fase cado de tecnobiografia também foi estendido para incluir perfis online,
do estudo.
os dados fundamentais vieram de detalhadas entrevistas em estilo atualização de sfatus e autorrepresentação visual por meio de imagens.
tecnobiográfico com 20 participantes, todos os quais indicaram no ques-
tionário que concordavam em contribuir com a pesquisa como partici-
pantes do caso. Estes estudantes participantes também compartilhavam Métodos onl¡ne e respons¡vidade à vida dos participantes
um conjunto semelhante de recursos ringuÍsticos. ou seja, eres falam Os projetos de pesquisa sobre novas mídias, descritos acima, fazem
cantonês como língua principar na vida cotidiana, embora tenha uso extensivo de métodos online. Esses métodos vão da realização de pes-
conhe-
cimento do chinês escrito padrão, uma variedade escrita padrão ensi- quisas na internet até a observação da vida dos participantes na web
nada na escola e utilizada em contextos institucionais; cantonês escrito, sem aviso prévio e a entrevista dos participantes via e-mail ou chaf em
uma variedade locar não padrão de escrita, também pod.e ser utilizado tempo real. Ao mesmo tempo, a internet pode ser usada como ferramen-
para fins informais. o ingtês é uma das rÍnguas oficiais em Hong ta de pesquisa para fornecer vários métodos de coleta de dados quali-
Kong,
onde é ensinado como segund.a língua. A mistura de chinês e ingrês tativos, como entrevistas e observação dos participantes. Usando essas
nos
enunciados torna-se uma prática linguística predominante entre esses abordagens, examinamos o que as pessoas fazem onlíne e como elas
jovens participantes. compreendem o mundo onlíne. Esses métodos podem ser vistos como
com uma sessão de gra- parte de abordagens etnográficas, que realçam as perspectivas das
vação de tela, em que um participante estudante navegava na internet pessoas e situam suas atividades em contextos culturais mais amplos.
por cerca de 30 minutos, durante os quais suas atividades de tela Numa extensa discussão sobre métodos virtuais, Hine (2000) enfatiza a
eram
gravadas por meio do software Camtasia. Isto foi seguido por iJ3!9rl*ância*de Y-er a como cultura e o papel fundamental das
uma
entrevista face a face com duração entre 30 e S0 minutos, em que a ab of da gg4¡ s g¡eg¡{fic"-qs :
gravação de tela era mostrada e o participante revia e discutia
com o
pesquisador as atividades online gravadas. As perguntas da entrevista particular impu-
Os estudos naturalÍsticos em geral e a etnografia em
giraram em torno de linguÍsticas em contextos onlíne e seram um desafio à visão limitada da CMC fornecida por estudos ex-
offlí.ne em diferentes fases e como novos temas perimentais. Ao destacar as ricas e complexas interações sociais que a
que haviam durante a con acompanha- CMC pode fornece¡ os pesquisadores estabeleceram a CMC como um
mento for am realizadas pela função de mensagem privada no Face_ contexto cultural Ao fazê-Io, basearam-se em estruturas que focam a
book (já que todos os participantes rerataram ser usuários ativos construção da realidade por meio do discurso e da prática. Um estilo
do
Facebook). (Ver Apêndice 6 para as principais áreas e perguntas de etnografia que inclui o engajamento em tempo real com o local de
abor_
dadas nas entrevistas tecnobiográficas.) pesquisa de campo e múltiplas maneiras de interagir com informantes

22A L¡nguagem ontine:textoseprát¡casdigtta¡s cAPlfulo 12 - A pesqu¡sa da ltnguagem ont¡ne 229


provou ser crucial por destacar os processos em que a interação onl¿ne A atmosfera de entrevista rerativamente descontraída criada pero
vem a ser socialmente significativa para os participantes. Ao reivindi- MI também é observada por Voida et a.I. (2004). Eles àrgumentam que,
car um novo local de pesquisa de campo para a etnografia e focar na por meio de mensagens instantâneas, tanto o entrevistador
quanto o en-
construção de um espaço social delimitado, os proponentes da cultura trevistado podem se comunicar de forma interativa sem se
sentir obri_
online exageraram, contudo, a separação enûe offIine e online. (20O0:27) gados a se empenhar em intensas atividades
de escuta e anotações. Além
disso, o intervalo de tempo entre as mensagens, ou seja, quand.o
estáva-
A abordagem de Hine condiz com o foco dos estudos de letramento mos esperando que o outro digitasse uma resposta, dava
tempo, tanto ao
nas práticas. Usando uma nova moldura de letramentos, Leander revê o participante quanto ao pesquisador, de organizar e refletir
sobre seus
estudo de Hine juntamente com outras etnografias virtuais como 'etno- pensamentos. Embora inconvenientes de entrevistas
online tenham sid.o
grafias conectivas' (Leander, 2009). Gostaríamos de enfatizar que estas reconhecidos (por exemplo, por James e Busher, 2006),
dados recolhidos
são frequentemente "abordagens etnográficas" baseadas numa útil dis- de nossas entrevistas onrine produziram informações
sobre as percep-
tinção desenvolvida por Bloome e Green (1992), que diferencia entre ções e as ideorogias dos participantes muito mais ricas do que teriam
a imersão total numa cultura para "fazer uma etnografia" e o objeti- produzido entrevistas face a face.
vo mais estreito e mais focado de *empregar abordagens etnográficas" Ao decidir o que, então, torna a ferramenta d.e entrevi stas onltne
(como também é discutido em Barton, 2011a). Com frequência, a pesqui- mais adequada, o'conner et a.r. (200g) descrevem os prós e contras
do
sa online segue o segundo. uso de ferramentas síncronas ou assÍncronas. por causa d.e seu
modo
Um método recorrente que adotamos é a entrevista online. Ela é um de comunicação com atraso, as ferramentas assÍncronas, como
o e-mail,
instrumento útil, que complementa as pesquisas online. Questionários, dão tempo aos participantes d.e pensarem antes de responder,
ao passo
por si sós, já foram criticados como instrumento de coleta de dados por que as plataformas síncronas, como MI, assemelham-se
ao nÍvel de inte_
causa de sua falta de critérios de seleção na escolha de participantes fo- ração em conversas face a face, que falta ao e_mail. De fato, qualquer
cais (Dillman, 2007). É por isso que em nossos d.iversos projetos comple- forma de cMC pode se tornar uma ferramenta d.e entrevistas. percebe_
mentamos as pesquisas onlíne com entrevista de participantes cuidado- mos que a plataforma de entrevist a onlíne mais eficaz é aquela que
está
samente selecionados. Entrevistas onlíne provaram ser particularmente prontamente disponível no local que estamos pesquisand.o,
ou algo com
úteis para a pesquisa de dados que exija comunicação pessoal e privada, que os participantes já estão familiarizados e usam ativamente
na vid.a
que os participantes não se sentiriam confortáveis em discutir com os cotidiana. Em nossa pesquisa, sempre nos foi possível identificar
uma
pesquisadores em outros lugares. O imprescindÍvel é que a presença físi- ferramenta de entrevista na prataforma de pesquisa (uso de MI, Frickr-
ca do pesquisador não é necessária numa entrevista online. Isso também MaiI, e envio de mensagens privadas no Facebook para a realização
das
pode criar uma atmosfera relaxada de pesquisa e evitar qualquer cons- entrevistas).
trangimento que poderia existir num contexto face a face. Por exemplo, Também percebemos a importância de identificar ferramentas
e
na pesquisa sobre MI, a maioria das entrevistas foi realizada via MI, métodos úteis de pesquisa com base nas experiências online
situadas
que era ao mesmo tempo a principal plataforma de pesquisa do estudo. dos participantes. No momento da realização da pesquisa sobre
MI, o
Com este método, os participantes de MI relativamente taciturnos em uso de mensagens instantâneas e o processamento de texto por
compu-
entrevistas face a face acabaram se revelando bastante articulados no tador eram parte integrante na vida d.os estudantes universitários
em
contexto onlíne. Como um participante, sem ser solicitado, explicitamen- Hong Kong. são atividades com que os alunos se identificaram
e com
te refletiu no final de uma sessão de entrevista por MI: as quais se sentiram mais confortáveis. A compreensão d.as práticas
on-
Ifne dos alunos permitiu ao investigador desenvolver uma
metodologia
Eu gosto desta maneira [fazer uma entrevista por ICQJ, porque me sensível (Stringer, 1999; Barton et a1.,2007), que girava
em torno dessas
sinto menos nervoso. Posso pensar com clareza quando escrevo mi- duas ferramentas eletrônicas
nhas mensagens. - entrevista
de diário no processador de texto.
via MI e escrever entrad.as
Encaixar as atividades d.e coleta de

Llnguagem ortme textos e prátlcas dlglta¡s


'l.;a.æ cAplTULo 12 - A pesqulsa da tinF.uagem ont¡ne
ru
e 'r
¡

t dados nas práticas cotidianas dos participantes

t dade de tempo e espaço fornecida po,


aumentar consideravelmente os interesses
e aproveitar a flexibiti-
urr", métodos eletrônicos podem
que a privacidade só pode ser protegida de forma limitada em suas pes-
quisas (Elgesem, 1996; Herring,2002). por exemplo, na pesquisa de MI,
o participantes no processo de coleta
e motivação dos estuãantes
de dados, especiarmente quando este
era frequente ocorrer em novas sessões de bate-papo em MI d.e modo

o passa por múltiplos estágios durante


um longo período de tempo.
não planejado e espontâneo enquânto os participantes eram observad.os.
Durante o chat com uma pessoa, novas mensagens de outros parceiros

o Questões de ética e privacidade


de bate-papo também podiam chegar ao mesmo tempo e de forma im-
previsível. Portanto, o pesquisador não tinha possibilidade de entrar em
(D A etnografia virtual contém contato com todos os participantes antes das sessões de observação; e o
lnui_tos. pg¡ìç_lplos da etnografia tra_
o dicional e, em ryuitos
lucggåçgc". No entanto, a pesquisa
as mesmas em re-
consentimento dos parceiros de bate-papo dos participantes foi pedido
apenas se os logs fossem citados em publicações. Elgesem (L996) aponta

o çao numa
a internet ser um" elpgç-o*g-Þe;çp.e p¡lblico, a participa-
risco de tornar as infor-
a maçõ gq publicamente*conhecidas. Há, portanto, limites para a reivin-

o dicação de privacidade online. É também provável que haja diferentes


respostas a essas perguntas, dependendo da sensibilidade dos dados e

o da vulnerabilidade dos participantes.


Herring (2002) também aponta que o consentimento informado
o pode afetar seriamente a qualidade d.a investigação sobre CMC, espe-

o cialmente as pesquisas em que se estudam as identidades de grupo em


CMC pública, tais como mensagens instantâneas e salas de chøt. A au-

o tora explica que a assinatura de u¡q_.tgfm.o de.cOnsgntimento poderia


iEgllc_g-¡ uma identidade adicional, ou seja, o sujeito da pesquisa. Essa
o identidade extra imposta aos usuários de bate-papo pode ter um forte

o Que tipo
de espaço público é o mundo onlíne
direitos sobre o uso de textos publicamente
equem possui e tem
impacto sobre a naturalidade da interação, pois os participantes podem
estar conscientes de seu papel como participantes da pesquisa. Essas
a acessáveis na internet?
Quando e em que medida o anonimato deve ser asseguraaol quan_
preocupações e questões também são levadas em conta nos nossos pro-
jetos de pesquisa. Num contexto em que os dados não são sensíveis e
a do os nomes de telas dos participantes devem
guando aparecem online?
Quando rostos precisam
ser preservados os participantes não são vulneráveis, acreditamos poder preservar a

a Quando é ético espreitar sem aviso previo ou observar


ticipar em locais publicamente acessáveis?
sem par_
ser censurados? autenticidade dos nossos dados e cumprir nosso objetivo de estudar as
pessoas e sua vida. Por exemplo, em nosso convite inicial para nossos

a Em que situações conteúdos gratuitos


online podem ser utiliza_
participantes do Flickr (via FlickrMail privado), nós nos posicionamos
como usuários ativos do Flickr com interesse em suas fotografias e
a dos para fins de pesquisa, sem permissão?
Se for necessário permissão, que
tipo de permissão é necessário
em seu uso linguístico no site, ao mesmo tempo em que indicávamos

a e a guem se deve ped.ir permissão?


De que forma os pesquisadores podem
a potencialidade de serem participantes da pesquisa em nosso proje-
to. Deixamos claro aos participantes que seu conteúdo seria Utilizado
a estranhos online?
obter consentimento de estritamente para fins de pesquisa e que eles poderiam se retirar do
estudo a qualquer momento. Nos casos em que quisemos publicar os
a Embora o consentimento informado
do em pesquisas envorvendo pessoas,
tenha sido amplamente adota_
os pesquisad orcs onlinenotaram
conteúdos que haviam produzido e até mesmo fotos deles, voltamos a

a escrever para os participantes em questão para pedir sua autorização

a 232 L¡nguagem onlne: textos e prát¡cas


d¡gita¡s
cAptTULo 12 - A pesquisa da tinguagem ontine 233
r
ñ

I
: por escrito. Em suma, embora ainda haja incertezas sobre a ética em alguns desses papéis de forma consciente, enquanto outros papéis foram
pesquisas online, adotamos uma abordagem flexível e tentamos prote- revelados quando analisávamos os dados. Davies e Merchant (2oo7:173)
prestaram um bom auxílio ao resumir as maneiras como os investigado-
res das novas mídias se posicionam:
formas d" p_q-"r.9ui"". > "Pesquisador como identificador de novos tropos,, (ou seja, ele
descobre a "novidade,' das tecnologias);
A postura do pesquisador > "Pesquisador como iniciado,' (ou seja, um usuário ativo.da tecno_
logia examinando outros usuários da tecnologia em qJuestão);
Por fim, destacamos nossos papéis e nossa posição como pesquisa- r "Pesquisador como analista,' (ou seja, analisa textos e práticas);
dores da linguagem online. Assim como a boa pesquisa qualitativa ex- > *Pesquisador como sujeito e objeto,, (ou seja, faz autoetnografias);
plicita outros aspectos de sua metodologia (Barton, 2}7la), acred.itamos > "Pesquisador como ativista' (ou seja, estuda o impacto social das
ser essencial que os próprios pesquisadores çxplicitem seu rela -
m.e"4to- coM+esquis4jsta é,_s pgstuË em_"suils-_A{lé,lise_$l*es"cri!+. À As fronteiras entre esses papéis podem ser imprecisas e muitas
medida que ocorriam a coleta e análise de dados, tomamos consciência vezes se sobrepõem. Em nossa experiência, o fato de sermos simultanea-
dos múItiplos papéis que desempenhávamos em diferentes estágios de mente participante e analista beneficiou bastante nossa pesquisa. Tal
nossos estudos. Antes de tudo, nossos interesses em pesquisar novas mí- como ocorre quando se faz pesquisa etnográfica em qualquer lugar, os
dias seja MI, Flickr, ou Facebook nasceram de nossa própria par-
- -
ticipação pessoal nesses sífes. Além de estudar os sifes e seus usuários,
pesquisadores online também precisam se familiarizar com o que se
passa em seus locais de pesquisa antes de poder estudá-los. Isto signifi-
refletimos constantemente sobre nossa própria participação, realizando ca mais do que apenas criar uma conta e espreitar
assim nossas próprias autoetnografias, ou para ser mais precisos, nossas constantemente participávamos como usuários ativos - em nossos casos,
e experientes. Já
autonetnografias, "reflexão pessoal autobiográfica sobre a adesão à co- possuiamos conhecimento participante antes dos estudos. Na pesquisa
munidade online" (Kozinets, 2010: 1gg ). sobre MI, por exemplo, a familiaridade da pesquisadora com recursos
Tomemos como exemplo a pesquisa sobre o Flickr. Nós dois éra- linguísticos específicos do MI em Hong Kong (como alternância de có-
mos usuários ativos do Flickr havia mais de seis anos. como discutido digos e uma série de emotícons asiáticos) permitiu-lhe comparar sua
anteriormente, fazemos upload. d.e fotos com regularidade para nossos própria experiência e conhecimento com as práticas d.os informantes, o
streams de fotos; adicionamos tag's e escrevemos sobre nossas fotos; es- que a levou a descobrir a diversidade das práticas de produção de texto
tabelecemos contato com outros usuários do Flickr e comentamos suas em torno d a s mens a gens inst a ntânea s. como*a4êülta.Lp-1{!ig}-Pareg:*g
fotos. AIém de nossa familiaridade com o Flickr, sabemos outra lÍngua fqto-,{.e"fef1-etlmoq ggbre nossas próprias práticas auxiliou na compre-
além do inglês uma de nós é bilíngue em chinês e inglês e o outro
-
tem conhecimento de espanhol, coincidentemente as duas línguas mais
ensão das práticas onltne de nossos informantes e nos permitiu com-
preender em na-lqr profundidade tanto os textos quanto as práticas de
usadas no Flickr depois do inglês. Nossas experiências multilÍngues no produgã"o
.9"qJe+¡o.
Flickr permeiam nossa compreensão da relação entre o inglês e outras Em suma, vemos a metodologia online como uma maneira adicional
línguas online, o que oferece certa perspectiva interna para nossa pes- de compreender a vida dos participantes online, em vez de algo que ri-
quisa. Em outras palavras, nossa posição como pesquisadores do Flickr valiza com ou desafia métodos rradicionais. lsto nãö'signiiiCá
foi parcialmente possibilitada por nosso papel como iniciados e usuários [ue ô pus-
qîir*ñ; Ëñü áË transferir seu rocal de pesquisa inteiramente para um
ativos do Flickr. Em relação aos participantes de nossa pesquisa, nós às contexto online
vezes éramos seus contatos ou amigos do Flickr; em outros momentos, - o onltne e o off7ine operam em estreita colaboração um
com o outro em nossa abordagem. Nossa abordagem da pesquisa de le-
éramos visitantes de suas páginas e pesquisad.ores. À medida que in- tramentos digitais se centra na linguagem, juntamente com uma infini-
teragÍamos com nossos informantes, refletÍamos imediatamente sobre dade de métodos de pesquisa tradicionais e onlíne, fornecendo uma rica

234 Ltnguagem onrine: textos e práflcas dlg¡tais


cAplTUt0 rz - A pesqulsa da llnguâgem onlDe
v
a
ú variedade de dados que nos permitam
entender merhor a reração entre a
a vid'a online e offlíne, ou mais precisamente,

o
o
incorporado na vida cotidiana dos participantes,
compreensão da produção de textos
a maneira como o onlíne esfâ
o que é cruciar para a
dos participantes como letramen-
tos situados' Quando aplicada à linguística
discurso, a etnografia virtuar t"*¡é^
ou à investigação baseada no
Capít 13
o compreensão das funções sociais
se mostra extremamente útil na
do discurso mediado por computad.or. luxos gem
o on ee
o
o
o
o
o Presença offline da linguagem da internet
o HAMAMoS rsrn liwo principal interesse
de Linguagem onlíne. Nosso
o os textos e práticas no contexto de
9lP9ços de esçrita na in-

o ternet. Ao mesmo tempo, apresentamos ao longo do liwo casos e


exemplos que demonstram a cotidianidade da linguagem online e como

o ela transita entre os domínios online e ofiline da vida. É a domestica-


ção das tecnologias que torna imprecisa a fronteira entre os chamados
o mundos onlíne e offline, o que também está modificando as conceitua-

o ções tradicionais de comunidade e redes. Não é exagero o argumento de


wellman, citado no capítulo 1, de que a "comparagSg-süeægp@gtpe
o
o
o em práticas linguísticas do dia a dia, pois as pessoas levam a vida êntre-
raçãñão iõcursos ñ¿ine ä Ø¡îñã^Ëffiîäpitìilô
-tuiä-õ1Ërec"
ïm â"soto
o Uñ$¡ótico para a retåCãA'¿ntËîontextos online e offline,buscando com-

o preender a natureza cada vez mais diversificada da linguagem, da vida e


do mundo global.

o Este livro ofereceu muitos exemplos de como as atividades de escri-


ta online se encaixam nas práticas so_ciais coli4iaìffi'n'ræ,-èlä-vãlïõs
o empregam recursos específicos

o 236
de produção de significado online para projètar difriÍëñtëbTdêñîîdãtiðs,

o Linguagem orlÆe textos e práticas


dtgitajs
aå*i r

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