FALHAS DE COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS

Vive-se a era da comunicação. A tecnologia digital oferece ao homem uma

inacreditável facilidade de comunicação, em tempo real e sem qualquer barreira de
espaço ou localização entre emissor e receptor. Os ambientes
empresariais mudaram rapidamente: são inúmeras as possibilidades e alternativas de
comunicação virtual, como e-mails, chats e web conferences, apoiados em
dispositivos móveis de alta qualidade de imagem e som. E tudo isso a um baixíssimo
custo. Com tanta facilidade de se comunicar, seria de se supor um avanço espetacular
no entendimento entre as equipes de trabalho, gerências e subordinados e clientes e
fornecedores, por exemplo. A realidade, entretanto, indica que velhos
desentendimentos humanos continuam presentes e resistentes nos ambientes
empresariais, causados por fatores externos às tecnologias de comunicação.

Falhas de comunicação nas empresas

Fatores inerentes ao ser humano. A começar pela linguagem: Denis Diderot

dizia que as palavras quase nunca bastam para transmitir precisamente o que se
sente. O uso da palavra exige pleno conhecimento e domínio da língua, o que,
infelizmente, nem sempre ocorre entre profissionais. Uma palavra mal colocada,
mesmo que involuntariamente, já é suficiente para provocar desentendimentos. Mas
outros fatores agravam ainda mais a comunicação presencial ou a distância.
A incapacidade de ouvir, de prestar atenção ao que o outro diz, é um forte
obstáculo ao entendimento. A ausência de debate efetivamente multilateral – quando
apenas um fala – é caminho certo para o desastre de entendimento. A arrogância, a
soberba, a imposição, a ameaça, a intriga e a bajulação são outros elementos que
impedem o entendimento, com graves prejuízos para as empresas.
As tecnologias digitais garantem a transmissão de dados e a comunicação,
mas não o diálogo e a troca de ideias em benefício dos objetivos empresariais. Para
que isso ocorra é preciso que a empresa tenha como política o debate colegiado, onde
todos tenham vez e voz. O debate reduz os equívocos de compreensão e proporciona
o refinamento das conclusões.
A realidade que envolve a empresa é de altíssima complexidade e, portanto,
quanto mais profissionais apresentarem seus pontos de vista, mais aprimorada será a
decisão. A adoção de tecnologias digitais decomunicação pela empresa não basta
para o propósito de criação e inovação de seus membros. E menos ainda para a
adesão dos funcionários ao projeto da empresa. É preciso, deliberadamente, criar
mecanismos que garantam o debate saudável e a troca de ideias, presencialmente ou
em ambiente virtual. Sem diálogo, a comunicação na empresa não passa de uma
conversa de surdos, impossível de unir esforços para o objetivo comum.

BROM, Luiz Guilherme. Falhas de comunicação nas empresas. in Revista Gestão &
Negócios. Edição n. 89. 12 jun. 2015.
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