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SP, junho de 2019

OUTROS
DESTINOS
No Uruguai, viagem de
vinho por Montevidéu,
Canelones e Carmelo

AREIAS E
AROMAS EM
MARRAKESH

MARCAS DO TEMPO
A experiência do gosto comprova:
na simplicidade, quase tudo faz sentido

SELEÇÃO DO MÊS
Rótulos do Chile e da Itália
dominam as combinações

E MAIS:
• COMIDAS ASIÁTICAS
• ADEGA DE OUTONO/INVERNO
• MOLHO BRANCO VEGANO
SUMÁRIO & EDITORIAL

FALA,
4
VIAGEM
Roteiro de vinho
MEMÓRIA
no Uruguai
NADA MAL IR A LUGARES INCRÍVEIS, COMER PRATOS
SOFISTICADOS E BEBER VINHOS FINOS. MAS LEVAMOS

10
EM NÓS UM GOSTO FORJADO NA SINGELEZA. REPARE

E
m seu prestigioso restaurante três estrelas Michelin na cidade de Lyon,
pot-pourri na França, uma temida e destemida cozinheira francesa receberá a visita
Comer, beber, de uma atriz muito famosa. Todos ao redor estão ansiosos. Para a chef, o
assistir, cozinhar desafio do dia parece igual aos outros. Intenso, laborioso, cozinha quente
e movimentada. Gestos, ordens, decisões. Expectativas. Cheiros e gostos.
Podemos até ouvir, em nossa imaginação, a sinfonia dos bastidores: os passos apres-
sados dos funcionários desviando dos esbarrões para assumir suas praças de trabalho.

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O chop chop das facas, os caldeirões que borbulham, a atmosfera esfumaçada e
os nacos de manteiga que derretem. O chiado da fritura, a música dos metais e dos
encontros das louças. Broncas são ouvidas. Corações, partidos. Elogios existem,
possivelmente transmitidos e reconhecidos em silêncio.
gastronomia PENSATA A chef está decidida a fazer seu prato preferido. Quando conta, a equipe fica
Na Ásia, o que há de Na memória afetiva, incrédula. Sopa de legumes. Sério?
mais autêntico o gosto faz mais sentido “A atriz chegou, ainda mais bonita ao vivo do que na tela do cinema”, escreve
Janaína Tokitaka em A B C Delas (Companhia das Letrinhas; não deixe de ler, para e
com as crianças – e por sua conta também). O livro é um abecedário de profissões
em que para cada letra há a história real de uma mulher importante em sua área de

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conhecimento. Esta é a de Eugénie Brazier (1895-1977), cujo restaurante “transfor-
mou Lyon em uma das capitais mundiais da gastronomia”.
A convidada pede um vinho e quer saber se Eugénie pode fazer companhia a ela,
que não gosta de comer sozinha. Feito. Janaína Tokitaka continua:
MUNDO VEGGIE seleção do mÊs “O garçom se aproximou, carregando uma linda sopeira com uma concha de prata.
Receita de molho Combine as escolhas Ele serviu as duas com cuidado. – Minha mãe costumava trazer essa sopa dentro
branco vegano de junho de uma lata – Eugénie começou a dizer, emocionada – quando eu ficava cuidando
dos porcos no nosso sítio, no inverno. A atriz pegou uma colher para provar a sopa.
Eugénie a impediu. Ela cortou uma fatia de pão de casca grossa e a colocou dentro
do prato da convidada. – Pronto. É assim que mamãe fazia. A atriz comeu um pedaço

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do pão encharcado de sopa. Seus olhos se arregalaram. – É a melhor coisa que eu
já comi na vida! Eugénie riu, feliz. – Eu sei! E as duas começaram a conversar, como

y
velhas amigas, sobre comida e sobre a vida.”

INSPIRAÇÃO
Entre aromas e areias, A sopa que Eugénie Brazier e a atriz famosa comeram era, provavelmente,
em Marrakesh diferente da sopa que a mãe da chef fazia na roça, no interior da França. Como
quem conta um conto, Eugénie é capaz de escrever uma nova história, recorrer
ao repertório dos afetos e usar talentos culinários para fazer uma sopa deliciosa,
diferente, talvez melhorada (talvez nunca tão boa quanto). Não temos como saber.
Apenas esqueça o talher e chuche o pão na sopa. Viu? É bom. Não tem nojinho,
horror e frescura. Tem prazer e sentimento. Virar o prato na boca para beber o caldo
do feijão? Ora, quem pode imaginar elogio mais eloquente? Se lamber, é ouro puro.
Também vale aquela mágica scarpetta, que é deixar a tigela com jeito de limpa, para
não desperdiçar nada do molho do macarrão ou da carne de panela. Ai. Ai.
/clubepaladar Diretor de Projetos Especiais A revista do Clube Paladar chega à edição de junho com este espírito – o das
Luis Fernando Bovo memórias verdadeiras e inventadas, da construção do gosto que nos leva a experi-
@clubepaladar
Editora e Jornalista Responsável ências tão distintas ao longo da vida. Tomara que nossos passeios por lembranças,
clubepaladar Viviane Zandonadi MTB nº 87972/SP vinícolas uruguaias, autênticas comidas de rua asiáticas e pratos e vinhos deste
Editora de Arte mês levem leitoras e leitores para lá de Marrakesh, literalmente.
Comitê Executivo Clube Paladar Renata Maneschy
Paulo Pessoa e Luciano Kleiman Boa leitura. Fiquem bem,
Colaboraram nesta edição
Diretor Clube Paladar Daniella Romano,
Anderson Garcia Alves Johnny Mazzilli
Projeto Gráfico e Victoria Romano
João Guitton e Foto da capa: iStock
Leandro Dantas Faustino
Consultor de Vinhos Esta operação pertence ao VIVIANE ZANDONADI
Massimo Leoncini Grupo Estado e à Grand Cru Editora

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VIAGEM DO VINHO

Dominada pelas uvas Tannat, a produção de


vinhos no país ganha cada vez mais relevância –
assim como os passeios pelas vinícolas
POR BRUNA TONI, DE MONTEVIDÉU
O ESTADO DE S. PAULO

copos
ENTRE

SEIS VINÍCOLAS NO
SUL DO URUGUAI

O sul do Uruguai
é responsável por
impressionantes
84% da produção

ISTOCK
viticultora do país

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VIAGEM DO VINHO

ISTOCK
D
errama a bebida da garrafa ao copo.

MONTEVIDÉU
Sente o aroma. Faz movimentos cir- Paisagem de outono
culares. Sente o aroma outra vez. Fi- em algum lugar de
nalmente, degusta. Esta é a equação Canelones, no Uruguai
BRUNA TONI/ESTADÃO
básica para quem tem à mão uma
taça de vinho. Mas ela pode ficar muito mais complexa • García
e interessante caso você seja um entendedor da be- É a casa do bom churrasco uruguaio, na
bida de Baco. Ou então se, assim como esta repórter, ativa desde 1967. O chef Eduardo Parodi
for simplesmente um bom apreciador (curioso) em prepara asado de tira (corte invertido da
viagem pelo sul do Uruguai, responsável por impres- costela bovina; 480 pesos, R$ 55) que har-
sionantes 84% da produção viticultora do país. moniza muito bem com um vinho Tannat
Em meados de março, cheguei a Montevidéu para (1.250 pesos, R$ 142); garcia.com.uy.
seis dias de um roteiro enogastronômico. Na pro-
gramação, esticadas até o departamento vizinho de • Tribu
Canelones, a uma hora da capital. Dali, seguiríamos Espaço cultural, restaurante, café e loja

DE VOLTA A
de carro até o departamento de Colônia – cuja cidade no tradicional bairro de Palermo, o Tribu
mais famosa é Colônia do Sacramento. Nossa parada quer atrair um público diversificado, ofe-
em Colônia, contudo, era em Carmelo, a pérola viticul- recendo exposições, literatura, música
tora que, em 2014, foi chamada pelo jornal The New CANELONES (do jazz ao tango) e um cardápio baseado
York Times de “Toscana em miniatura”. em ingredientes locais; bit.ly/tribusuy.
Uma Toscana cuja principal uva não é italiana, mas
francesa. Trata-se da Tannat, casta trazida há mais de • Jacinto
150 anos da comuna de Madiran por um imigrante Na Cidade Velha, é o segundo restauran-
basco chamado Pascual Harriague. te da chef Lucía Soría. Conta com peque-
A tal da Tannat,se deu tão bem em seu novo lar na padaria e menu sazonal. Segui uma
sul-americano que se tornou a marca registrada dos das sugestões do dia: filé de corvina com
vinhos uruguaios, dominando quase metade das legumes (630 pesos, R$ 72) e vinho (220
plantações do país. A explicação para o sucesso do pesos a taça, R$ 25); jacinto.com.uy.
cultivo dela e de outros tipos utilizados na produção
de tintos está nas condições geográficas e climáticas BRUNA TONI/ESTADÃO
• Mercado Ferrando
de Carmelo: na área de encontro dos Rios Paraná e O PIZZORNO (US$ 25) foi um dos meus favoritos de Pintxos (tapas bascas), parrillas e
Uruguai, o clima é temperado, com estações bem CEM ANOS DE CULTIVO toda a viagem. Mais da metade dos vinhedos do churros são algumas opções deste
definidas – tudo de que as uvas gostam. Foi nesta vinícola de 109 anos, sob o O tour com degustação é diário e dá Uruguai ficam no sul do país; visitamos mercado gastronômico no bairro de
alguns deles, como o Juanicó, na foto
Mas, como quantidade não quer dizer qualidade, comando da mesma família desde a direito a provar quatro ou cinco vinhos, Cordón. Ex-fábrica de móveis, foi
correu bastante tempo até que os vinhos uruguaios fundação, que nossa aventura pelo com empanadas deliciosas de acom- reformado e inaugurado em 2017.
fossem admitidos no hall dos bons rótulos mundiais mundo dos vinhos começou. Francisco, panhamento (desde US$ 30). Também Na casa Mundano pedi pintxo de
(hoje, aliás, o mercado brasileiro é o que mais con- o mais novo entre os Pizzorno, deu as é possível ir além do básico, fazendo a camarão (95 pesos, R$ 11);
some a produção do Uruguai). O salto qualitativo boas-vindas e passou a bola para Lucio prova num almoço (US$ 55) ou num voo mercadoferrando.com.
veio na década de 1970, quando os descendentes Afonso, que nos guiou por toda parte de helicóptero (US$ 350). BRUNA TONI/ESTADÃO

dos imigrantes italianos e espanhóis que plantaram interna da propriedade – infelizmente, Apesar de centenária, faz apenas cin-
no país os primeiros parreirais, ainda no século 19, uma chuva forte na noite anterior havia co anos que a vinícola recebe turistas – e
passaram a investir em estudos técnicos e aprimo- estragado parte da plantação, impedin- 85% do público é brasileiro.
ramento da tecnologia. do nosso acesso. O local hospeda viajantes. São quatro
E, mais uma vez, a Tannat respondeu bem aos São 21 hectares com 11 tipos de uvas, quartos com varanda praticamente den-
desejos produtivos: permitiu domarem seu sabor sendo a Tannat o carro-chefe. A colheita tro do parreiral. Eles dividem parede nu-
originalmente rústico, causado pelo elevado grau de é manual, fertilizantes não são utiliza- ma casa térrea, onde sala e cozinha são Saiba onde
tanino (daí seu nome), tornando-se uma boa compa- dos e toda sua produção – 180 mil gar- compartilhadas. Diárias desde US$ 110, continuar
nhia, de sabor mais suave e aroma marcante. rafas por ano – é de vinhos finos. Entre com café – reservas pelo Booking.com.
Tão marcante que escrevo memorando o cheiro os rótulos, o Pizzorno Tannat Reserva Site: pizzornowines.com JUANICÓ são foi separar as cascas das sementes e, seu roteiro
do mosto e dos tintos envelhecendo nos barris de DELÍCIAS DA VINDIMA por fim, arrancar os sapatos para entrar enogastronômico
carvalho e nos tanques das seis vinícolas familiares, BRUNA TONI/ESTADÃO Não passava das 11 horas da manhã quan- dentro de um enorme caixote e se esbal-
repletas de histórias, que visitamos na viagem – ao do saímos da Pizzorno, alegres pelos vi- dar na pisa da uva – se você nunca fez, BRUNA TONI/ESTADÃO
Lucio, nosso guia,
todo, o Uruguai tem 190 vinícolas, 25 abertas a em uma das salas nhos provados, e chegamos à vinícola saiba que a antiga técnica (hoje feita por
turistas. Das que fomos, duas estão em Canelones, de degustação da Juanicó para uma experiência única: par- diversão) é um tanto quanto relaxante.
ideais para bate-voltas a partir de Montevidéu. As Pizzorno ticipar de uma vindima uruguaia. A festa, que ainda contou com grupo
outras quatro ficam na Rota dos Vinhos de Carmelo Demos sorte: ali, a festa da colheita de dança italiana levando senhoras e
– que, além das citadas aqui, inclui as bodegas El da uva ocorre apenas uma vez ao ano, senhores para o meio da pista, terminou
Legado e Zubizarreta. entre fevereiro e março (época da co- num grande salão onde foram servidos
Depois de muitas taças de tintos, brancos, espu- Departamento lheita da uva em toda a região). Com um almoço simples e ainda mais vinho.
mantes e (bons) rosés, e de encontrar tanta gente vizinho ao de petiscos e vinhos rosé, branco e tinto à Com história que remonta à época
profissional no caminho, minha equação básica, vontade, demos continuidade ao “modo jesuítica, a área foi transformada em
felizmente, foi atualizada. Hoje, reparo em tipos de
Montevidéu bebedores” iniciado horas antes. vinícola em 1979 pela família Deicas. É
uva. Atribuo aromas possíveis antes e depois de mo- tem vinícolas Logo chegou o momento mais aguar- dali que sai o vinho Don Pascual, o mais
vimentar taça. Incluí em meu vocabulário palavrões
que podem dado: a ida aos parreirais, com alicates popular do país segundo os uruguaios,
como maceração e champenoise, duas técnicas de e caixotes em mãos para tirar o maior também exportado ao Brasil.
produção. Cuido de minhas garrafas de vinho como ser visitadas número de cachos de uvas possíveis. Além da vindima (1.500 pesos, R$ 170
se fossem filhas. Tudo porque, no roteiro que você em um dia Dispensei essa parte trabalhosa – pre- por pessoa), há dois tipos de degustação
confere a seguir, beber, comer e saber mais foi um trio feri devorar um saboroso cacho de Ca- (desde US$ 30) e duas experiências que
de prazeres indissociáveis. Afinal, é bebendo que se
no esquema bernet à sombra. incluem almoço e harmonização (a partir
aprende. E vice-versa. bate-volta Depois da colheita, o trabalho/diver- de US$ 65). Reserve. Site: juanico.com A festa da vindima na vinícola Juanicó tem muita música e dança

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VIAGEM DO VINHO

ISTOCK
CAMPOTINTO Já o casarão, ou melhor, a Casona Cam-
AMOR NO SÉCULO 21 potinto, serviu de morada aos donos. Hoje,

BRUNA TONI/ESTADÃO
A história desta bodega também começa é espaço de descanso, entretenimento e
com um imigrante, o florentino Diego Viga- degustação de vinhos. Foi ali, numa sala de
nó, e sua mulher, María Eugenio Barreiro. paredes de adobe, que experimentamos
Contudo, ela é do início do século 21. seus Tannat mais finos, descansados em
Apaixonados pela região e seus par- barris de carvalho. Sobre o Reserva (2016),
reirais, o casal viu ali a chance de ter seu nossa guia brincou: “Tem cheiro de fruta Bate-volta Ruas do centro de Colônia do Sacramento,
Patrimônio da Humanidade fincado
próprio vinhedo. Juntos, adquiriram,
além de terras, uma casa de campo de
podre, fruta que está doce, né?”. De fato,
ele era mais suave e adocicado. Já o Grand
em Colônia no estuário do Rio da Prata

DUAS ESCAPADAS
mais de 100 anos, próxima à Igreja de Reserva (2017), mais intenso, assumia o BRUNA TONI/ESTADÃO
PARA VARIAR DO
São Roque, do século 19, e outro casarão cheiro do carvalho, ideal para carnes – e ROTEIRO VINÍCOLA
centenário, distante 450 metros. para esta repórter degustar.
A casa deu lugar a um restaurante A prova que fizemos custa 540 pesos • Colônia do Sacramento
e uma pousada de clima familiar, com (R$ 62), mas há opções desde 430 pesos Para dar um tempo no roteiro de vi-
12 quartos, inaugurada em 2013. Tem (R$ 49). Além das degustações, é possível nhos, considere a parada nesta cidade
piscina e um quarto adaptado para pes- reservar piquenique nos parreirais (US$ histórica: está a 2h30 de Montevidéu
soas com dificuldade de mobilidade. As 40 por pessoa) ou o day use (US$ 30 por e a 1h de Carmelo. Fincada no estuário
diárias custam, em média, US$ 180, e pessoa), do meio-dia às 20h – inclui caval- do Rio da Prata, ela foi alvo de uma
Passeio bucólico à beira do hóspedes têm 10% de desconto no tour gada, acesso ao salão de jogos e duas taças longa disputa entre portugueses e
Rio da Prata, em Carmelo com degustação da vinícola. de vinho. Site: posadacampotinto.com. espanhóis ao longo de dois séculos.
BRUNA TONI/ESTADÃO Como resultado, preserva em seu
centro, patrimônio da Unesco, traços Las Liebres: boa comida e
NARBONA das arquiteturas espanhola e portu- jardim contemplativo
NARBONA guesa, com ruas de paralelepípedos,
PARA
CARMELO

ÀS MARGENS DO RIO DA PRATA casas de barro, ruínas e a mais antiga

QUANDO
Por volta de 1909, o padre Juan de Nar- igreja uruguaia, do século 17, à beira
bona criou, às margens do Rio da Prata, do rio – com vista para Buenos Aires.
uma das primeiras adegas do país. Nos
anos que se seguiram, o local passou por • Colônia Valdense
VOCÊ FOR
outros donos e foi usado como armazém A 1h30 de Montevidéu e também de Transporte e hospedagem
e bodega. Até que, na década de 1990, Carmelo, essa simpática cidade, fun-
a família argentina Canton comprou a dada por italianos no século 19, pode Aéreo
área de 50 hectares e fez nascer a Nar- ser um desvio interessante se você é SP-Montevidéu-SP: desde R$ 987
bona: uma fazenda com produtos com- fã de queijos: há diversas granjas pro- na Latam e de R$ 1.606 na Azul
petitivos e oferta turística. dutoras de tipos como dambo, gruyè-
Os argentinos deram à marca o so- Casarão recebe visitantes interessados re e provolone, entre elas a Brassetti Terrestre
brenome do primeiro dono e preserva- em degustar vinhos da Campotinto e a Don Santi. Visite ainda o Museu do Sete dias de aluguel de carro em
ram construções antigas, utilizadas pelo Colecionador. Montevidéu custa a partir de
restaurante e pela hospedagem de luxo, R$ 733, em média, na rentcars.com
que ostenta o selo Relais & Chateux.

BRUNA TONI/ESTADÃO
São apenas cinco quartos. Três deles FAMILIA IRURTIA Onde dormir
têm vista para a adega e os outros dois, DE AVÔ PARA NETO • Grand Hyatt Carmelo: isolado
para os parreirais – todos com um convi- Além de hospedagem, parreirais e degustações, a Narbona tem um excelente restaurante Quem plantou o primeiro parreiral des- e luxuoso, esse resort (ex-Four
dativo terraço. A diária começa em US$ ta pequena bodega, nascida em 1913, foi Seasons) ocupa 44 mil hectares,
250 o casal na baixa temporada e inclui e biscoitos. E, com exceção dos vi- da porta, em direção ao jardim inter- Lorenzo Irurtia. De origem basca, ele se com 150 mil metros quadrados de
serviços como transfer a Puerto Cama- nhos, que podem ser encontrados no no, que se tem ideia das dimensões da instalou na região na metade do século parreirais. Tem 44 quartos amplos
cho, passeios de kart pelos vinhedos, aeroporto de Montevidéu a preços propriedade. São 8 hectares, a maior 19 e, como outros imigrantes, esculpia pe- e bem equipados, campo de golfe,
empréstimo de bicicletas e visita guiada semelhantes, vale a pena comprar o parte deles coberto por parreirais, onde dras para pavimentação. Apaixonado por piscinas e spa. Diárias desde
com degustação. que você gostar antes de ir embora. a colheita das uvas Tannat, Syrah, Mos- vinhos, porém, arranjou tempo para testar US$ 369, com café;
Quem não é hóspede também pode Site: narbona.com.uy/pt. catel, Cabernet, Chardonnay e Merlot é o solo de outra forma: cultivando videiras. bit.ly/hyattcarmelo.
participar da degustação com três ti- feita manualmente. A parte mais diver- A plantação cresceu, mas as técni-
pos de vinhos, queijos e pães. Custa US$ ALMACÉN DE LA CAPILLA - CORDANO tida é sempre a da chegada das uvas ao cas de cultivo não acompanharam os • Las Liebres: com pratos brasea-
40, dura 1h30 e é realizada numa enor- COMO ANTIGAMENTE galpão, quando todo aquele tanque de tempos modernos. Ao menos não até dos à la Francis Mallmann, este res-
me sala com móveis antigos e paredes O Almacén de la Capilla, ou Cordano, fica frutos roxos é despejado no maquinário 1954, quando Dante, um dos netos de taurante-hospedaria está no ponto
umedecidas e desgastadas pelo tempo, em frente à Casona Campotinto, bem para começar a virar suco – a produção Lorenzo, assumiu a vinícola e investiu mais alto do Estado de Colônia. Fui

BRUNA TONI/ESTADÃO
parte do charme do local. perto da capelinha de São Roque. Ali, do local é de 10 mil litros ao ano. em tecnologia, importando plantas de cordeiro preparado no forno de
Cidade no Dos 19 hectares de parreirais, a Nar- o genovês Antonio Cordano abriu, em O Almacén tem apenas um chalé pa- da França para replantio em Carmelo. barro, delicioso (650 pesos; R$ 74).
bona dedica 15 deles exclusivamente ao 1855, seu armazém para servir a comu- ra hospedagem, com diária a US$ 200 Além da tradicional Tannat, há Cabernet, Diárias desde US$ 315.
departamento cultivo da uva Tannat. Gostos pessoais, nidade que crescia na região. o casal – o preço inclui café da manhã e Syrah, Malbec e Pinot Noir. Site: lasliebres.com.uy.
de Colônia o vinho que mais me fez suspirar foi um Até hoje o espaço mantém a atmos- empréstimo de bicicletas (reservas pe- Embora não tenha grande estrutura
Pinot Noir (US$ 21 a garrafa). Pelo sabor fera de vendinha do interior. Na entra- lo Booking.com e pelo Airbnb). Mas seu turística, seu ponto alto é a preservação • El Bodegon: a fachada é antiga,
reúne aprazível, mas também por ter sido a da, nos perdemos entre as prateleiras jardim com ares românticos e algumas da história. No passeio, além da fábrica, mas este bar de vinho com decora-
vinícolas primeira vez que diferenciei claramente que rodeiam o balcão antigo, repletas mesinhas me pareceu a melhor oferta do você verá os mais antigos parreirais da ção simpática abriu há menos de
familiares os aromas do líquido antes e depois de de produtos como garrafas de vinho e lugar para uma tarde livre. A degustação região, uma curiosa coleção de rótulos um ano no centro de Carmelo.
fazer movimentos circulares com a taça, de licor, pó de café, erva-mate e bala de custa US$ 28 e inclui seis tipos de vinhos, e uma espécie de museu que revela a Peça ojo de bife, clássico uruguaio;
e cheias de como mandam os bons apreciadores. vinho, “a única da região”, diz orgulhoso licor de uva Tannat, tábua de queijos, doce trajetória dos Irurtia no Uruguai. bit.ly/bodegonuy.
história Como fazenda, a Narbona produz Diego Vecchio, dono do lugar ao lado da de leite e grappamiel, tradicional bebida O tour inclui uma taça de vinho (200
também doce de leite, geleia, azeite, mulher, Ana Paula Cordano. uruguaia que mistura grapa, mel e água. pesos, R$ 23). Para degustar mais rótu- Na foto superior, da fábrica da Irurtia, um pouco da história da família; *A REPÓRTER DO VIAGEM VIAJOU A CONVITE
queijos, iogurtes, massas, conservas É só quando atravessamos a segun- Site: bit.ly/almacencapilla. los, desde US$ 25. Site: irurtia.com.uy. atrás do antigo Almacén de la Capilla, ficam os parreirais da Cordano DO MINISTÉRIO DO TURISMO DO URUGUAI

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NETFLIX

POT-POURRI

A VIDA À MESA
CHEESE SLICES EDITORA ALAÚDE

LONGA-METRAGEM
E SEUS ACOMPANHAMENTOS EM NAPA VALLEY
Já estreou Wine Country, comédia de de Amy Poehler para
PEQUENOS BOCADOS SOBRE VINHO, COMIDA E VIAGEM a Netflix. Embora não romantize o vinho como fez Sideways
(2004), deve ser a maior investida de popularização do vinho da
Califórnia desde então, ao mostrar a viagem de amigas que co-
memoram um aniversário de 50 anos. (Isabelle Moreira Lima)

PINOT NOIR
GUASPARI

Queijos
em cena
VIVIANE ZANDONADI

DE SÃO PAULO
PONTO FINAL
SOBREMESAS
EPISÓDIO BRASILEIRO
DA SÉRIE ‘CHEESE SLICES’ INFALÍVEIS AFOGANDO MÁGOAS.
CHEGA AGORA AO BRASIL
A vinícola Guaspari usa o método que inverte o ciclo Preparar sobremesas é quase
E SORVETES
T
rem mais lindo o vídeo do da videira para produzir no interior de São Paulo – ela sempre um desafio. Portanto, Fim de mês, sexta-feira, fim de um dia difícil. Assim chega-
inglês Will Studd sobre poda no verão e colhe no inverno, quando é mais seco, qualquer promessa de doces que mos ao Ponto Final do Pot-Pourri de junho. Affogato é sor-
as tradições queijeiras para garantir concentração e evitar doenças. não têm erro, é sempre bem-vinda. vete afogado em xícara de expresso. A bebida se transforma
clandestinas brasileiras. Will é o Famosa por vinhos obtidos de Syrah, a Guaspari Claro e sem firulas, Larousse das aos poucos até ficar um tanto cremosa, não muito quente
apresentador do programa Cheese agora lança o Guaspari Pinot Noir 2016. Feito de uvas Sobremesas Infalíveis (Ed. Alaúde, e doce. Uma pequena dose de gordura necessária que faz
Slices (Fatias de Queijo, em tradução cultivadas em solo granítico a 1.100 metros de altitude, 426 pags., R$ 169,90) reúne 200 re- bem ao espírito e bom papel de sobremesa.
livre), assistido em mais de 30 paí- ele foge um pouco da tipicidade, ao apresentar uma ceitas açucaradas, que prometem Não tenho máquina de expresso e fujo de cápsulas. Mas
ses por canais de televisão por assi- fruta vermelha mais madura (quase geleia) que o espe- 100% de acerto, todas bem simples ando enamorada da Pressca – uma prensa brasileira que fun-
natura. O episódio brasileiro foi re- rado. Na boca, tem corpo médio, acidez boa e típica. É e rápidas. Os preparos levam, no ciona por êmbolo. Demorei duas semanas para me adaptar e
alizado em 2013, em inglês, e nunca agradabilíssimo e tem final longo. máximo, seis ingredientes e até agora já estou sabida no fazer e contente com o resultado.
foi passado no Brasil por questões Trata-se de um vinho de edição limitada. “A Pinot quatro passos ilustrados para ficar Como o filtro da cafeteirinha manual é de metal, o resultado
de direitos autorais. Ele conseguiu Noir tem uma produção extremamente reduzida, com prontos. O sumário reúne desde é um café mais tranquilo do que o expresso e mais encorpado
liberar isso recentemente e me pro- menos de três toneladas e produziremos somente em clássicos, como tiramisù, cheese- e turvo do que o coado. Menos translúcido, mais cafeinado.
pôs a difusão. Com o título Queijos bons anos”, explica o diretor de produto Luiz Barbui cake e brownie, até receitas que Fui buscar na gelateria do bairro o sorvete de creme: a ilha de
Clandestinos do Brasil, o vídeo con- Cruz. Talvez por isso o preço assuste: R$ 328 na loja da podem parecer intimidadoras, a ânimo não afunda, coisa que a física explica. O sorvete derrete
ta tim-tim por tim-tim a importância vinícola. (Isabelle Moreira Lima) exemplo de profiteroles de choco- aos poucos e as mágoas, essas sim, se afogam (ao menos por
histórica e cultural do nosso queijo late e cremè brûlée. Bom exemplar enquanto). Já no primeiro gole eu entendi o efeito da bebida

outono
mineiro. E também relata a saga e o para alimentar o ego confeiteiro. cortada pelo gelo, ao gosto e com carinho. O que termina assim
sofrimento dos comerciantes que (Renata Mesquita) só pode acabar bem. (Viviane Zandonadi)

ADEGA DE
se arriscam para abastecer o mer-
cado paulistano com a iguaria. As-
sista em bit.ly/queijo-clandestino.
(Débora Pereira) VITRINE PALADAR LIGUE E ANUNCIE (11)3855-2001 / 0800-055-2001
anunciar.classificados@estadao.com

PIXABAY

Uma pequena lista de rótulos


interessantes para os dias de
temperatura mais amena
• Moulin de Gassac Classic Rouge 2013 romã e maracujá doce dão as boas-vindas
POR ISABELLE MOREIRA LIMA, Origem: Languedoc-Roussillon, França ao primeiro contato com este rosé francês.
O ESTADO DE S. PAULO Preço: R$ 84,83 na Mistral Na boca, é gordinho (acidez baixa), tem
Um vinho evoluído que merece ser aera- boa estrutura e textura. Excelente para o

A
s bebidas desta seleção têm ca- do (pode usar uma jarra) para liberar seus frango assado do fim de semana.
racterísticas perfeitas para fazer aromas de terra e carne. Nasceu para o
a transição climática do calorão, outono-inverno, com um toque de figo na • Y Tu de Quien Eres? 2017
em que reinam os brancos cheios de aci- boca, tanino no ponto, estrutura e acidez. Origem: Manchuela, Espanha
dez, para o friozinho, dos tintos com muito Para beber com os amigos. Preço: R$ 95 na Toque de Vinho
corpo e alto teor alcoólico. Os vinhos fazem Outonalíssimo e complexo, traz notas de
parte de um listão de 20 rótulos de meia- • Round Hill Merlot 2016 terra, ferro e carne. Tem corpo médio e
-estação publicado pelo Paladar na última Origem: Califórnia, EUA taninos equilibrados. Delicioso. É vinho
semana de maio. Visite bit.ly/paladar- Preço: R$ 89,90 na Grand Cru feito em crowdfunding por camponeses
vinho-outono para ver todas as sugestões Uma barganha para a Califórnia, este com uvas brancas, tintas e em extinção.
e onde encontrar. Merlot tem aromas exuberantes de cere- Combina com steak tartare ou ojo de bife.
ja e de canela em pau, além de um toque
• Leyda Pinot Noir verde (engaços na vinificação?). Apesar • Michel Pinot Gris Kabinett 2014
Origem: Leyda, Chile de delicioso, não é para puristas: trata-se Origem: Baden, Alemanha
Preço: R$ 74,90 na Grand Cru de um vinho comercial, construído. Prove Preço: R$ 99 na Weinkeller
Pinot Noir por menos de R$ 100 tem sido com baby back ribs. Se você gosta de Chablis, cole aqui: fruta
um desafio. Este tem acidez e fruta no pon- branca e mineralidade são atributos deste
to. Traz um leve tostado de seis meses em • Horgelus Rosé 2018 vinho delicioso e complexo. Na boca, pri-
barrica e, portanto, é um pouco mais estru- Origem: Côtes de Gascogne, França meiro vem a fina agulha, depois a acidez al-
turado. Acompanha hambúrguer, massas Preço: R$ 93,23 na Premium tíssima e o final persistente. Aos cinco anos,
ao molho vermelho e filé à parmigiana. Aromas delicados e surpreendentes de está maravilhoso. Pode escoltar aspargos.

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GASTRONOMIA

A TRADIÇÃO ASIÁTICA DE

COMIDA DE

RUA
2

Na série documental ‘Street Food’ cozinheiras

I
nserida há pouco tempo no car- e cozinheiros fazem espetáculos nas calçadas
dápio da Netflix, a série docu-
4
FOTOS: NETFLIX mental Street Food apresenta POR PEDRO VENCESLAU
O ESTADO DE S. PAULO
o lado popular da gastronomia.
Em vez de restaurantes sofis- FOTOS: NETFLIX
ticados com pratos caros e vinhos fora jo. Tudo preparado na rua e em frente a um
de série, os teatros de operação dos co- salão apertado que fica apinhado de gente. 2
zinheiros são calçadas esfumaçadas ou No mesmo episódio de estreia conhe- Coreia do Sul
pequenos estabelecimentos em zonas cemos na capital tailandesa o cozinhei- Em Seul, no au-
populares. As opções vão de pratos fu- ro Khun Sumeth, que apresenta uma têntico mercado
megantes a frutos do mar minimalistas. massa de ovos feita à mão com patas Gwangjang, a bar-
Street Food tem a assinatura dos de caranguejo. Um espetáculo. Em se- raca de Cho Yoon-
mesmos criadores de Chef’s Table, guida, a série se move para outra região -sun é o melhor
também da Netflix, mas a receita é da cidade onde somos apresentados ao lugar para comer
diferente. A série é uma road trip pela “mais famoso especialista em curry de macarrão artesa-
Ásia, um continente que cultua a comida toda a Ásia”: Jek Pui. nal em caldo sabo-
de rua. Em busca de pérolas culinárias, roso e junto de um
os produtores passaram por Bangcoc ‘divino’ kimchi
(Tailândia), Osaka (Japão), Déli (Índia), CADA PARADA É UM
Yogyakarta (Indonésia), Chiayi (Taiwan), CAPÍTULO E CADA
Seul (Coreia do Sul), Ho Chi Min (Vietnã), 3
Singapura e Cebu (Filipinas).
CAPÍTULO É UMA Taiwan
Em todos esses lugares, a comida de PROFUSÃO DE SABORES Em Chiayi, o
rua é uma tradição que passa de pai de QUE LEVA O PÚBLICO ensopado de
filho. Logo no primeiro episódio conhe- A UMA IMERSÃO NA cabeça de peixe
cemos a chef Jay Fai em seu pequeno da barraca Smart
CULTURA LOCAL
restaurante encravado em rua caótica Fish é um dos
de Bangcoc. símbolos da
Na entrada, uma placa avisa: “O tem- Há 70 anos no mesmo lugar, o chefe cultura gastronô-
po de espera não é garantido. Desculpe”. oferece receitas de família com curry e mica de Taiwan
Quem passa por ali nem imagina que o curry verde. Protagonista, o ingrediente
estabelecimento entrou no Guia Miche- surge junto de almôndegas e preparos
lin e que sua dona é uma das chefs mais de porco ou de galinha. Tudo com muito
1 premiadas da Ásia. alho e pimenta. O cheiro do prato faz 4
Japão “Ninguém vem aqui pelo ambiente”, com que se forme diariamente uma fila Tailândia
Em Osaka, ‘a cozinha do reconhece Jay Fai. Seu prato de trabalho enorme. Os clientes comem de pé. Em Bangcoc, Jay
Japão’ e ‘comer até cair’, é uma receita de família que cruzou ge- Já em Osaka, no Japão, uma das pedi- Fay faz tom yum
o alegre chef Toyo é a rações: o tom yum. Trata-se de uma be- das é um prato frio: sashimi de peixes da (sopa de cama-
cara da cidade e líssima sopa com camarões suculentos e estação cortados delicadamente, ovas, rões) e uma ome-
prepara especialidades, ervas frescas. O tempero é uma mistura de sushis e patas de caranguejo, um clássi- lete de caranguejo
como a bochecha de picante, salgado e azedo. Outra especiali- co asiático. Impossível não sair faminto especial e muito
atum grelhada dade da casa é uma omelete de carangue- depois de cada capítulo de Street Food. apreciada (foto)

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NETFLIX

GASTRONOMIA MUNDO VEGGIE

AQUI TEM
NETFLIX

MAIS
A Origem do Sabor
(China)
SÉRIE DOCUMENTAL | NETFLIX
Está em cartaz na Netflix um docu-
mentário em vinte capítulos sobre
a comida tradicional em uma região
Jiro Dreams Of Sushi chinesa chamada Chaoshan. A produ-
(Japão) ção – bonita e apetitosa em som e ima-
DOCUMENTÁRIO | NETFLIX Séries e filmes que passeiam por mesas asiáticas gem, como já virou padrão – é do tipo
É a história do sushiman Jiro Ono e os POR VIVIANE ZANDONADI maratonável e/ou fácil de encaixar
bastidores de sua cozinha. Jiro tem 93 ERIK SHIRAI/FILM SALES COMPANY entre uma e outra atividade. Os episó-
anos. Seu restaurante em Tóquio chama- dios têm menos de 15 minutos. Ao es-
-se Sukiyabashi Jiro, tem três estrelas tilo ponto a ponto, A Origem do Sabor
Michelin e oferece apenas dez lugares. O apresenta a vida de vários ingredien-
preço por pessoa de uma refeição passa tes – como são produzidos e tratados
dos 1 000 reais e a fila de espera é de um e manipulados –, até o momento em
mês. Não há cardápio. Cara a cara com que chegam a compor alguma receita
Jiro, que faz o que quiser a partir do que que no final será devorada com muito
coletou em seus fornecedores mais cedo, prazer. Caranguejo, pasta de soja,
o comensal prova sushis preparados na ostra, folhas de chá, peixes, mariscos. FETTUCCINE AO
hora, um a um. Disciplinado e obstinado, Tudo é pretexto para as filmagens e os MOLHO BRANCO
Jiro vive para o trabalho e não espera retratos sinestésicos feitos nas ruas, E COGUMELOS
menos de seus funcionários – não por em cozinhas de restaurantes e nas ca- Ingredientes
acaso, tem contas afetivas a acertar com sas das pessoas. • 1 xícara de castanha de caju crua

FETTUCCINE
os dois filhos – e acha que uma refeição (antes de usar, deixe de molho por
DIVULGAÇÃO
precisa sempre superar a anterior. “Não duas horas ou mais)
cheguei perto da perfeição, mas me sinto • 1/2 xícara de leite vegetal de sua
extasiado todos os dias. Amo fazer sushi”, preferência
diz o homem considerado o melhor • 1/2 xícara de água quente

SEM CULPA
sushiman do mundo. The Birth Of Saké (Japão) • 150 gramas de tofu firme
DOCUMENTÁRIO | ITUNES (US$ 3,99) • 1 colher de sopa de azeite de oliva
NETFLIX O filme mostra a rotina de uma fábrica de saquê em funcionamento há 150 anos. • 2 colheres de sobremesa de suco
A Tedorigawa Yoshida Sake Brewery resiste à produção industrial em série e de limão-siciliano espremido
ainda opera ao modo tradicional, que respeita o tempo das coisas e é quase que • 1 colher de sopa de levedura
totalmente artesanal. Para seus empregados, aquilo é um jeito de viver – du- nutricional (opcional)
rante parte do ano, eles chegam a morar na fábrica, longe da família. Um deles Descobri uma versão vegana (e gostosa) do molho branco. • Pimenta-do-reino a gosto
diz que fazer saquê é como criar uma vida, da qual você se separa quando ela [a Nem a nutricionista, nem a consciência ficarão no seu pé TEXTO E FOTO VICTORIA ROMANO • Sal a gosto
bebida] chega à idade adulta. Sobretudo para os mais velhos, trata-se de uma • 1 bandeja de cogumelo shiitake

O
realidade que começa a desaparecer diante da impaciência da nova geração e • 1 colher de sopa de shoyu
do mercado. É um belo filme. Reflexivo. Ótima oportunidade para aprender que conceito de comfort quentinho de massa, com um molho te por aquelas que não usam ovo na • 1/2 xícara de vinho branco
o saquê é bem mais do que um fermentado de arroz. food (na tradução li- branco bem cremoso para completar. composição, como as de grão duro, que • 1 pacote de fettuccine (massa
teral, comida confor- Não importa se você é vegano, ve- levam apenas farinha e água. seca, grão duro, sem ovos)
Samurai Gourmet (Japão) NETFLIX
tável) diz respeito aos getariano ou onívoro: eu não preciso Harmonize com uma taça do vinho
SÉRIE DE FICÇÃO | NETFLIX Midnight Diner – Tokyo The Lunchbox pratos que nos dão te explicar que a combinação de creme branco Mazzei Belguardo, um vermen- Preparo
Takeshi Kasumi acaba de se aposentar, Stories (Japão) (Índia) aconchego, conforto. São preparos de leite, queijo, sal, manteiga e farinha tino da Toscana que é leve, mineral, de 1. Em uma panela, ferva bastante
depois de quase quarenta anos traba- SÉRIE DE FICÇÃO | NETFLIX LONGA DE FICÇÃO | ITUNES (US$ 3,99) que remetem a um momento nostál- branca pode não ser a opção mais sau- acidez refrescante e aromas de cítricos. água para o macarrão. Se quiser,
lhando no mesmo lugar e percorrendo as Midnight Diner é um restaurante Na Índia dos dabawallas, entregadores gico, a exemplo daquela inesquecível dável para sua alimentação. Tem na Grand Cru. salgue a água.
mesmas ruas no vaivém de casa e escri- japonês em uma ruazinha de Tóquio. de marmitas que nunca erram, acon- macarronada de domingo feita por al- Para a minha (nossa) sorte, descobri 2. Enquanto a água ferve e, depois,
tório de contabilidade. Nunca deu uma Funciona da meia-noite às sete da teceu (em filme, pelo menos). Um deles guém muito querido – ou mesmo a uma uma versão vegana do molho branco. enquanto a massa cozinha, junte
escapadinha para tomar cerveja na hora manhã e em seu cardápio há um único trocou as quentinhas. Foi assim: uma saudade de algo bom que ainda não Foi depois de alguns testes na cozinha no liquidificador a castanha
do almoço, no meio do expediente – seria prato e poucas bebidas. Só que o mulher, na tentativa de despertar o chegamos a viver. Não é exatamente e o resultado é maravilhoso: a melhor de caju e o tofu. Use o modo
tão extravagante quanto abocanhar um cozinheiro tem uma política de acolhi- marido ausente, sempre com a cara no uma regra, mas costumam ser receitas parte é que você vai comer bem e nem a pulsar quando necessário e vá
doce à tarde, jantar churrasco em ritual mento bastante peculiar: ele se pro- celular ou na televisão, pediu umas dicas ricas em carboidratos e calorias... nutricionista nem a consciência ficarão acrescentando a água quente aos
gorduroso, comer um monte de pratos põe a preparar qualquer outra recei- de tempero para a tia e preparou uma Minha comfort food sempre foi al- no seu pé. poucos, para ajudar no processo.
apimentados. E um lámen industrializado ta, desde que tenha os ingredientes. refeição extraordinária para mandar gum tipo massa – culpe a ascendência Para substituir a cremosidade do 3. Junte o leite, o azeite e o sal
quentinho e reconfortante depois de uma Algumas pessoas fazem as compras e para o marido. Só que o rapaz trocou as italiana e os muitos domingos à mesa creme de leite, usei tofu macio, um dos e bata até conseguir uma textura
visita frustrada a um restaurante ruim? levam para ele. É uma garantia de que quentinhas e entregou a lancheira para em família. Uma das receitas de que me ingredientes mais versáteis e talvez cremosa e homogênea.
E viajar para dormir em uma pousada terão um pedido especial atendido. O um outro homem. Um viúvo sensível e in- lembro quando penso em minha infân- dos mais injustiçados. é porque a pes- Para finalizar, acrescente o
no litoral só para resgatar, da atmosfera balcão desse lugar também funciona teligente que mal podia acreditar na pró- cia é o fettuccine ao molho branco. Não soa que o preparou não soube fazer. limão e a levedura nutricional.
marítima, um café da manhã como o dos como uma espécie de consultório pria sorte: adorou a comida. Não demora tem jeito, basta dar uma garfada para Mesmo assim, caso você ainda tenha Derrame o molho no fettuccine e
VICTORIA ROMANO
tempos de menino? Peixe, arroz, chá. sentimental. Os clientes, habitantes para os dois entenderem o que ocorreu eu ser imediatamente transportada preconceitos de cozinhar com ele, do- misture bem.
É vegetariana há dez anos. Quando parou de
Agora, ele pode fazer tudo isso e muito de Tóquio, a cada episódio trazem e, ao modo “nunca te vi, sempre te amei”, para essas memórias. bre a quantidade de castanha de caju comer carne, começou a se aventurar na cozinha 4. Em uma frigideira antiaderente,
mais. Uma série sobre o desejo de viver a dilemas variados e que pedem uma passarem a conversar por bilhetinhos na Não é por acaso que, quando as tem- da receita e deixe o tofu para outra hora e descobriu uma nova paixão: preparar pratos grelhe os cogumelos com
vida e de dar o devido lugar ao gosto. Sem solução inspirada entre chiados de marmita. Pronto, começa aí um romance peraturas começam a cair, em meados – mas saiba que as calorias e o preço saudáveis, orgânicos, vegetarianos e veganos. um pouco de shoyu e vinho
Estudou cinema e moda, é empresária e tem
piadas de aposentadoria, por favor. É só fritura, caldeirões borbulhantes e cal- epistolar. Uma graça. Dá muito o que de outono, e o inverno faz as primeiras do seu molho vão aumentar um pouco. uma marca de cosméticos cruelty free, branco. Finalize com eles e a
um filme (muito bom, leve, divertido). dos sorvidos direto da tigela. pensar (sem falar na fome). ameaças, eu já penso em meu prato Na hora de escolher a massa, op- a Hey Pretty (www.heypretty.com.br) pimenta-do-reino.

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PENSATA

A sopa de pão é minha primeira lembrança de gosto. Podia


MEMÓRIA ser pão perdido, esquecido ou novo. Era doce e montada na

sentido
caneca de alumínio meio amassada. Rasgo o pão, derramo

QUANDO
SOPA DE PÃO (OU ASSADOS E PERDIDOS)*
café e leite e polvilho açúcar. Lembro que, naquele tempo,
quando encontrava no meio da sopa um miolo cheio de
manteiga, sabia que havia sido premiada pela cumplicidade

TUDO FAZ
possível da avó.
Esse era o fim da tarde, depois da aula, até o pai chegar do es-
critório do seu Kiko. Vencido o trânsito de operários da fábrica,
que travava a rua, eu alcançava a mesa posta que nunca falha-
va. A vó Odete e o vô Sabino me esperavam no portão da casa
erguida por ele, que era pedreiro, e na qual ela, agora viúva, vive
suas saudades. Aprendi a sopa com meu avô, que já não tinha os
dentes. Era a solução predileta dele.
Às vezes, a avó me deixava ir para a sala. Sentada no
sofá, ela colocava sobre as minhas pernas um prato grande
colorex. No centro, havia um copo de café com leite bem
docinho. Ao redor do copo, uma ciranda de fatias de pão com
As memórias de comida – boas ou ruins – manteiga – quase tão boa quanto a sopa. Assistiria ao Sítio
ajudam a dizer de onde viemos e para onde vamos do Pica-pau Amarelo e ficaria com medo do Minotauro. Tudo
em seu lugar.
POR VIVIANE ZANDONADI
Quando terminasse, poderia ir lá fora jogar rouba-monte
com o avô ou vê-lo jogar. Paciência. Na verdade, não era paciên-
cia. Depois da ave-maria, ele desligava o rádio e, sobre o banco

D
esde sempre, comemos, das e enfeitadas para seguir em frente. de madeira pintado de cinza, improvisava o carteado. Distribuía
porque temos fome e de- Precisamos delas. Crescemos nelas. duas mãos de cartas. Uma para si e outra para um amigo ima-
sejo. O corpo pede, obe- Aprendemos. E voltamos ao começo: ginário. Jogavam buraco. Torcia pelos dois. Mais tarde, na vida,
decemos ao seu coman- prazer e desejo. Desde criancinhas, é um faria a mesma coisa ao brincar sozinha em casa. Brincar de adi-
do. Sua vontade é nosso jogo que ajuda a nos definir. vinhar o outro inventado.
motor. Mas por que lembramos tanto do Sobre os sentidos da memória e do Ainda faço a sopa em uma tentativa meio débil de res-
que comemos? Por que a estética da me- gosto, tenho feito um trabalho, há alguns gatar o conforto. Aos seis anos de idade, já achava o mundo
mória afetiva da comida é tão presente e anos, com uma amiga. Viviane Aguiar, assombroso. Expectativa superada, a nova sopa não adianta
explorada comercial e sentimentalmente além de jornalista, é mestre e pesqui- muito, mas dissolve um pouco o desassossego.
quanto aquele discurso manjado (e mui- sadora de história da alimentação. Em Meu avô já não existe e minha avó não espera mais a gen-
tas vezes furado, porque o passado não nosso projeto, o Lembraria.com, cole- te no portão, porque a saúde se esvaziou. Ela ainda conserva
é lisinho e homogêneo; tem asperezas e tamos relatos de pessoas que topam os olhos claros e o gosto por doce. Ainda lembra da vida

ISTOCK
caroços, vide o presente) de que “ah, sau- compartilhar suas lembranças afetivas (boa?!) na roça, antes de tudo, e das conversas em italiano
dade dos velhos tempos, antigamente é de comida e assim construímos o que com a nona.
que era bom e blablabla...”? chamamos de O Dicionário das Comidas Ela ainda tem os mesmos dedos alongados, as unhas
No público, no privado e na mé- Impossíveis, um relicário que descreve os curtas e perfeitas, as mãos macias que modelavam coxinhas
dia, podemos supor que nem tudo era sabores únicos e as lembranças por meio de galinha tão delicadas, e que arrumavam os pedaços de
bom nesse tal de “antigamente”. Oquei. das quais as pessoas contam e revisitam bolo de nada na louça clara. As mãos delgadas que alisavam
Houve piora em certos sentidos, sim, e uma parte de suas vidas. as nossas mãos em carinho e sobre seu corpo ajeitavam
isso dá o maior desgosto. Mas de modo Os tais relatos de doces e salgados os vestidos estampados. Mãos que dobravam e dobravam
geral o mundo está melhor – exceto, é revelam que, em termos de sentimen- outra vez o guardanapo de papel até fazê-lo desaparecer,
claro, por algumas muitas pessoas (e aqui, to, moramos muito na simplicidade (e enquanto contavam uma história. As mãos finas que no ca-
humildemente, eu não falo nem de mim menos na filosofia, no luxo e na riqueza). lor das brigas podiam quebrar pratos e arrancar cabelos, se
nem de vocês, que estão lendo este texto). Moramos na sopa de pão, café, leite e quisessem. Mãos que desafiaram a lógica do tanque e con-
Ocorre que pelo caminho perdemos açúcar. Em chuchar o biscoito de maise- tinuaram lisas. Mãos que nunca seguraram um passaporte
coisas e pessoas. Nos transformamos. na no café coado. Naquela luz de meio de nem uma passagem de avião, mas empurraram muita gente
Sentimos saudade até dos lugares em tarde que desenhava sombras na can- para fazer as malas. Mãos que não esperavam por tudo isso
que não estivemos e de significados que tina da escola na hora da merenda. Nos (e assim, desse jeito).
certos momentos não tiveram (ou sim) e, cheiros da infância. No tédio doméstico As mãos que faziam minha sopa de menina.
por isso e não só, ficam marcados em nós do domingo de manhã. Sem pressa. No Corta para aquela manhã no Engenho Mocotó quando a pro-
para sempre. E o para sempre, bem, até barulho de um portão batendo sempre fessora Leila Algranti disse que a gente procura uma comida que
que chegue o próximo minuto, é agora. no mesmo horário. Nas cadeiras da me- nos lembre de outra. “Meu problema são as cocadas”, falou. “Vi-
Aos fatos: nem toda avó cozinha lin- sa de jantar ocupadas até pela ausência vo atrás de uma cocada que nunca encontro igual. Uma cocada
damente e muda a vida de filhos e netos de quem não está mais entre nós. que comi quando era garota, em uma barca para Paquetá. Uma
com suas comidas, para melhor ou para A comida? Bom... A comida nos ajuda cocada de fita. Posso provar centenas e nunca acho a minha.”
pior. Mas há muitas que sim. Do mesmo a enfrentar os dias, a sentir vivos e es- Meu palpite é que nunca vai achar. É como a sopa. Repito
jeito, nem todas as lembranças da dinâ- pertos e acolhidos em nossas vontades, para ver se alcanço a fotografia antiga do avô e da avó com a
mica familiar nesse cômodo, a cozinha, possibilidades (e impossibilidades). Não vida fervendo em suas possibilidades. Não está lá.
são boas e calorosas. Alegria, felicidade, é pouco. No fim do dia, quando tudo es-
contentamento. Dor, dias infelizes, en- tiver incerto e nada estiver resolvido, a * Escrevi este texto há muito tempo, em meu blog
crencas e lágrimas. metáfora tende a ser a mesma: encare Do que Eu Falo Quando Eu Falo de Comida. Republico-o
Tem tudo isso na vida e a cozinha e os o prato fundo como a possibilidade de agora em memória de minha avó, que, depois de muitas
pratos repetem o padrão. Agora, como devorar os dias em colheradas genero- sopas de pão que ajudaram a formar paladares e pessoas
comer não é, definitivamente, uma ação sas. Junte um copo de vinho e tudo fica tão diferentes entre si, enfrentou sua doença até o
banal, usamos memórias reais, inventa- bem. Ao menos por enquanto. dia 8 de junho de 2013. Há seis anos.

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CLUBE PALADAR CLUBE PALADAR

ESSENCIAL PALADAR
SELEÇÃO DO MÊS UM JOVEM CABERNET SAUVIGNON CHILENO É O VINHO DESTE MÊS

ERRAZURIZ
Ao viajar o Chile de norte a sul, Don Maximiano Errazuriz encontrou,
no Vale do Aconcágua, o terroir ideal para as mudas europeias que
trouxera para a América do Sul no século 19. Foi pioneiro na exploração
do vale para a produção de vinhos finos e abriu as portas da vinícola,
batizada com o sobrenome de sua família, em 1870. Seus descendentes
herdaram o espírito visionário e consagraram seus vinhos mundo
afora. Hoje, quem está à frente dos negócios é Eduardo Chadwick
Errazuriz – ele conta ainda com a experiência de Francisco Baettig, um ERRAZURIZ
dos enólogos mais respeitados do Novo Mundo.
ESTATE SERIES
CABERNET
SAUVIGNON
RESERVA 2017

A degustação dos vinhos deste


mês ocorreu no paulistano
Trencadís, um restaurante
jovem, de pegada moderna
e recém-aberto no bairro de
Pinheiros. Trencadís é o nome
de uma técnica decorativa Errazuriz Estate Series
Cabernet Sauvignon
espanhola que cria mosaicos Reserva 2017
a partir de cacos de cerâmica PAÍS: Chile
ou fragmentos de outros REGIÃO: Vale do Maipo e
Vale do Aconcágua
materiais, como vidro ou pedra. UVA: 100% Cabernet

Ela foi muito utilizada durante Sauvignon


ÁLCOOL: 13,5%
o modernismo catalão, em PRODUTOR: Errazuriz
especial pelo arquiteto Antoni A Cabernet Sauvignon amadurece
Gaudí. Quem pilota a cozinha ARROZ DE CARNES COM VERDURAS
ainda melhor e de forma mais
equilibrada nos vinhedos
do restaurante, que tem parte Rendimento: 1 porção espalhados pelos vales do Maipo
e do Aconcágua. De cor rubi
das mesas no terraço à sombra Ingredientes • 3 favas de vagem • Azeite e caldo de 3. Tempere os legumes com sal e profunda, o vinho tem aromas
de frutas escuras, como cereja
de uma grande árvore, é o chef • 80 gramas de arroz bomba • 2 dentes de alho carne a gosto pimenta, grelhe-os e reserve. e cassis, e toques de baunilha
• 40 gramas de extrato de tomate • 2 quiabos 4. Adicione as carnes já cozidas ao e especiarias. No paladar, é
Diego Cerqueira. Ele estudou • 30 gramas de pancetta • 1 alho-poró Preparo arroz. Continue misturando até carnudo e suculento, de taninos
gastronomia na Andaluzia e defumada • 1 cenoura baby branqueada 1. Doure o alho em azeite, que os grãos fiquem al dente.
estruturados, acidez muito
boa e final elegante. Combinou
trabalhou por mais de dez anos • 30 gramas de joelho de porco (levemente cozida) adicione a cebola, o alho-poró e os perfeitamente com o arroz de
carnes e vegetais preparado por
desfiado • 1⁄2 cebola picada em brunoise pimentões e cozinhe por cerca de Finalização
em restaurantes estrelados na • 30 gramas de ossobuco desfiado • 1⁄2 pimentão vermelho 20 minutos. Sirva o arroz em prato fundo,
Diego Cerqueira. Além disso,
tem potencial para churrasco de
CHEF DIEG
O CERQUE
IRA
Catalunha e nas Astúrias. • 30 gramas de paleta de cordeiro • 1⁄2 pimentão verde 2. Junte o arroz, mexa bem, e distribuindo os legumes grelhados e cortes bovinos magros, carnes
• 20 ml de aïoli (emulsão de alho, • 1⁄2 miniberinjela acrescente o caldo até que o arroz gotinhas de aïoli sobre o prato. Finalize de forno, filé-mignon e contrafilé
TEXTO E FOTOS JOHNNY MAZZILLI com folhas e brotos comestíveis. na chapa, massa à bolonhesa e
leite, óleo, sal e pimenta) • Flores e brotos comestíveis esteja quase no ponto.
queijos maduros.

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CLUBE PALADAR CLUBE PALADAR

SUPER PALADAR
A DUPLA DE JUNHO É COMPOSTA POR UM SUCULENTO TINTO E UM ESPUMANTE VERSÁTIL E FESTIVO

ERRAZURIZ
Ao viajar o Chile de norte a sul, Don Maximiano Errazuriz encontrou,
no Vale do Aconcágua, o terroir ideal para as mudas europeias
que trouxera para a América do Sul no século 19. Foi pioneiro na
exploração do vale para a produção de vinhos finos e abriu as portas
da vinícola, batizada com o sobrenome de sua família, em 1870. Seus
descendentes herdaram o espírito visionário e consagraram seus
vinhos mundo afora. Hoje, quem está à frente dos negócios é Eduardo
Chadwick Errazuriz – ele conta ainda com a experiência de Francisco
Baettig, um dos enólogos mais respeitados do Novo Mundo.

ERRAZURIZ TERRA SERENA


ESTATE SERIES GRAN CUVÉE
CABERNET EXTRA DRY
SAUVIGNON
RESERVA 2017

Errazuriz Estate Series


Cabernet Sauvignon
Reserva 2017
Terra Serena Gran
PAÍS: Chile
Cuvée Extra Dry
REGIÃO: Vale do Maipo e ARROZ DE CAMARÃO-ROSA
Vale do Aconcágua Rendimento: 1 porção PAÍS: Itália
UVA: 100% Cabernet CROQUETA DE LINGUIÇA BLUMENAU REGIÃO: Vêneto
Sauvignon
Rendimento: 20 unidades Ingredientes • 1⁄2 cebola picada em mexendo, despeje o UVA: Glera, Trebbiano e
ÁLCOOL: 13,5% Verduzzo
• 80 gramas de brunoise caldo de camarão pouco
PRODUTOR: Errazuriz ÁLCOOL: 11,5%
Ingredientes Chutney Em seguida, adicione a cebola, o e leite e, por fim, na farinha panko. camarão rosa • 1 talo de alho-poró a pouco até que o arroz
A Cabernet Sauvignon amadurece Croqueta • 30 gramas de açúcar tomate e o alho-poró e cozinhe por Frite em óleo quente (180 graus) • 80 gramas de fatiado esteja quase al dente. PRODUTOR: Terra Serena
ainda melhor e de forma mais aproximadamente 10 minutos. até dourar. Sirva com o chutney. 3. Adicione as ervilhas
• 140 gramas de linguiça • 20 gramas de gengibre arroz bomba • 1⁄2 pimentão vermelho As borbulhas finas mostram a
equilibrada nos vinhedos
Blumenau • 40 ml de vinagre de Jerez 2. Coloque a farinha aos poucos e • 50 gramas de • 1⁄2 pimentão verde frescas e misture até que delicadeza e a elegância deste
espalhados pelos vales do Maipo
espumante italiano que escoltou,
e do Aconcágua. De cor rubi • 80 gramas de manteiga • 3 tomates maduros picados. cozinhe por mais 4 minutos. Chutney ervilhas frescas • Caldo de camarão o arroz esteja cozido.
profunda, o vinho tem aromas
de frutas escuras, como cereja
• 70 gramas de farinha Sem pele e sem semente 3. Em outra panela, ferva o leite 1. Doure o alho em fogo abaixo TERRA • 40 gramas de • Sal e pimenta 4. Em uma frigideira,
com sucesso, o arroz de
camarão-rosa. Tem aromas de
e cassis, e toques de baunilha de trigo • 2 dentes de alho com uma folha de louro e, quando com um fio de azeite. Junte a cabeças e recortes • Folhas e brotos puxe no fio de azeite frutas amarelas, a exemplo de
e especiarias. No paladar, é
carnudo e suculento, de taninos
• 400 ml de leite
• 1 folha de louro
• 1⁄2 cebola
• Azeite, garam masala, sal e
a farinha estiver cozida, vá
misturando-a ao leite aos poucos
cebola e o gengibre e cozinhe
durante cinco minutos.
SERENA de polvo cozido
• 40 gramas de
comestíveis as ervilhas-tortas e os
camarões. Reserve.
damasco e pêssego, e no paladar
é fresco, de acidez agradável e
boa cremosidade. O Extra Dry
estruturados, acidez muito boa A história da vinícola Terra Serena começou em 1881,
• 1⁄2 alho-poró pimenta até que a mistura desgrude do 2. Em seguida, entre com os tomate concentrado Preparo 5. Sirva o arroz em um no rótulo indica um toque de
e final elegante. Foi o rótulo quando Pietro Serena construiu uma destilaria perto
• 1⁄2 tomate fundo da panela. tomates picados e deixe cozinhar • 20 ml de aïoli (emulsão 1. Doure o alho com um prato fundo, distribua doçura entre o Brut e o Demi-
escolhido para escoltar a saborosa da cidade de Crocetta, na região do Vêneto. Ali, o vinho Sec. Além de frutos do mar,
croqueta de lingüiça Blumenau. • 1⁄2 cebola Preparo 4. Coloque a mistura em uma por mais 20 minutos. de alho, leite, óleo e limão fio de azeite. Adicione a gotinhas de aioli e, ao
Outras pedidas interessantes:
era armazenado e vendido em barris de madeira. acompanha uma infinidade de
• Tomilho Croqueta assadeira. Quando esfriar, modele 3. Coloque o açúcar, o vinagre de Tempos depois, após a Segunda Guerra Mundial, siciliano) cebola, o alho-poró e os lado, disponha as ervil- pratos e aperitivos, como queijo
espaguete ao sugo, risoto
• Farinha panko 1. Leve para a panela a manteiga, pequenas bolinhas. Jerez e o garam masala. Cozinhe- • 4 camarões-rosa pimentões e cozinhe por has-tortas e os camarões. fresco e de cabra, carpaccio,
de calabresa, hambúrguer e Adolfo Serena assumiu o comando da companhia
comida asiática e receitas
cheeseburguer, lagarto ao forno • Ovo, leite e farinha de a linguiça picada em cubos 5. Empane as bolinhas na farinha os até que tudo se incorpore. e a levou para Susegana. Quando os filhos foram • 4 ervilhas tortas 20 minutos. Finalize com folhas e
condimentadas. Favorece, ainda,
com legumes assados e cortes trigo para empanar pequenos e um ramo de tomilho. de trigo, depois na mistura de ovo Ajuste o sal e a pimenta. trabalhar com o pai, outras mudanças ocorreram. • 2 dentes de alho 2. Junte o arroz e, sempre brotos comestíveis. um delicioso brinde sem comida.
para churrasco.

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CLUBE PALADAR CLUBE PALADAR

INCRÍVEL PALADAR SAN MARZANO


Em 1962, 19 vinicultores da região italiana de San Marzano
se uniram e fundaram a Cantina San Marzano. A cooperativa
UM PUJANTE CABERNET SAUVIGNON CHILENO E UM ITALIANO INCOMUM, À BASE DE MALVASIA NERA
cresceu ao ponto de atrair 1.200 produtores de vinho que,
utilizando equipamentos modernos e tecnologia avançada,

ERRAZURIZ produzem rótulos elegantes respeitando as tradições dos vinhos


da Puglia. A vinícola está no coração do Primitivo di Manduria,
Ao viajar o Chile de norte a sul, Don Maximiano Errazuriz encontrou, no Vale uma faixa de terra suspensa entre dois mares, onde vinhas e
do Aconcágua, o terroir ideal para as mudas europeias que trouxera para a floreiras nascem lado a lado em um solo de terras vermelhas.
América do Sul no século 19. Foi pioneiro na exploração do vale para a produção
de vinhos finos e abriu as portas da vinícola, batizada com o sobrenome de
sua família, em 1870. Seus descendentes herdaram o espírito visionário e
consagraram seus vinhos mundo afora. Hoje, quem está à frente dos negócios
é Eduardo Chadwick Errazuriz – ele conta ainda com a experiência de Francisco
Baettig, um dos enólogos mais respeitados do Novo Mundo.
TALÒ
MALVASIA NERA
2018
SAN MARZANO

ERRAZURIZ
MAX RESERVA
CABERNET
SAUVIGNON
2015 Talò Malvasia Nera 2018
San Marzano

Errazuriz Max Reserva PAÍS: Itália


Cabernet Sauvignon 2015 PANCETTA DEFUMADA COM BRANDADE DE BACALHAU REGIÃO: Puglia
Rendimento: 1 porção SUB-REGIÃO: Salento
PAÍS: Chile UVA: Malvasia Nera
REGIÃO: Vale do Aconcágua
Ingredientes • Leite com a batata e adicione o Molho de porco com caiena ÁLCOOL: 14%
UVA: Cabernet Sauvignon 1. Utilize o caldo da marinada
Pancetta • Ovo creme de leite. Acerte o sal e a PRODUTOR: San Marzano
ÁLCOOL: 14% • 200 gramas de pancetta • Sal e pimenta pimenta, coloque a mistura em da pancetta, reduzindo-o em
Não é tão comum encontrar
PRODUTOR: Errazuriz • 30 gramas de cebola forminhas e congele. fogo baixo. CORDEIRO AGRIDOCE um vinho varietal da uva
Neste Cabernet Sauvignon • 20 gramas de açúcar Purê de batata-doce roxa 2. Uma vez congelado, 2. Retire o excesso de gordura Rendimento: 2 porções Malvasia Nera, variedade mais
de tipicidade inegável, desenforme e empane: passe com a ajuda de uma presente em cortes (blends),
• 20 gramas de sal • 50 ml de creme de leite
encontramos uma excelente mas a intensidade e a riqueza
• 3 fatias de limão-siciliano • 1 batata-doce roxa primeiro na farinha de trigo, escumadeira e tempere com Ingredientes • 1 aipo assados, jogue água para Porto ao fogo até ferver. de aromas deste tinto fazem
expressão da uva no Vale
do Aconcágua, com aromas • 1 folha de louro • Sal e a pimenta depois no leite batido com o ovo pimenta caiena. • 100 gramas de lentilha • Caldo de legumes que solte da assadeira, Triture e reserve. justiça à escolha do enólogo.
vívidos de frutas escuras, • 1 dente de alho e, em seguida, na farinha panko. • 30 gramas de jamón em cubos reduza e processe para obter 5. Para a lentilha, doure Apresenta aroma de frutas
notas herbáceas e de alguma vermelhas (amoras) e delicadas
• Alecrim e tomilho Preparo Reserve. Apresentação e finalização • 30 gramas de açúcar Preparo o molho. Reserve. bem a cebola até que notas licorosas de cereja,
especiaria. Os taninos são
macios, o corpo médio e a Pancetta 1. Doure a pancetta por • 20 ml de vinho do Porto 1. Tempere o cordeiro com 3. Queime a berinjela na boca caramelize. Adicione o chocolate e especiarias. Na boca,
acidez, ótima. Nós o escolhemos Brandade de bacalhau 1. Misture todos os temperos Purê de batata-doce roxa todos os lados, frite a • 2 cebolas alho, louro e cebola. Cozinhe do fogão e cubra para que o jamón e a lentilha e é macio e aveludado, tem frutas
para acompanhar a pancetta escuras, acidez discreta e boa
• 60 gramas de bacalhau cozido e deixe a pancetta marinar por 1. Cozinhe a batata-doce no brandade, aqueça o purê e o • 2 figos em fogo baixo, porcione calor residual termine a cocção. cozinhe tudo em caldo de
defumada, mas saiba que persistência. Combinou muito
também faz ótimo par com
• 60 gramas de batata cozida um dia. Depois, reserve o caldo. vapor. molho. Disponha no prato o • 1 paleta de cordeiro e reserve. Retire a casca e processe a legumes. Reserve. bem com o cordeiro agridoce.
um filé à Chateaubriand ou ao • 2 colheres (sopa) de creme de 2. Corte a pancetta em formato 2. Uma vez cozida, misture o purê e a pancetta. Cubra-os • 1 dente de alho 2. Asse os ossos na assadeira polpa. Tempere com sal e 6. Doure o cordeiro dos dois Outras sugestões: carne de
molho de pimenta, além de creme de leite quente até o com o molho. pimenta. Reserve. lados, aqueça as demais panela condimentada, risoto
leite retangular. Reserve. • 1 folha de louro com mirepoix (aipo, cebola e
carnes de panela e assadas, de funghi, costela grelhada e
• Farinha de trigo Brandade ponto de purê. Ajuste o sal e a 2. Coloque a brandade e decore • 1 berinjela cenoura em cubos). Quando 4. Para a compota de figo, leve preparações, monte o prato e cupim ao forno. Queijo maduro
lasanha à bolonhesa e pizza de
calabresa. • Farinha panko 1. Misture o bacalhau já desfiado pimenta. brotos comestíveis. • 1 cenoura os legumes estiverem a fruta, o açúcar e o vinho do sirva com o molho. também é boa pedida.

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SUBLIME PALADAR STINCO DE ANGUS


Rendimento: 1 porção ERRAZURIZ
Ao viajar o Chile de norte a sul, Don Maximiano
Ingredientes Errazuriz encontrou, no Vale do Aconcágua,
A SELEÇÃO INCLUI DOIS TINTOS DE RESPEITO: UM CHILENO ENCORPADO E UM ITALIANO MACIO Stinco o terroir ideal para as mudas europeias que
• 300 gramas de stinco trouxera para a América do Sul no século 19. Foi
• 200 ml de vinho tinto pioneiro na exploração do vale para a produção
• 50 ml de conhaque de vinhos finos e abriu as portas da vinícola,
• 2 tomates batizada com o sobrenome de sua família, em
1870. Seus descendentes herdaram o espírito
• 1 alho-poró
visionário e consagraram os vinhos mundo
• 1 cenoura
afora. Hoje, quem está à frente dos negócios é
• 1 cebola
Eduardo Chadwick Errazuriz – ele conta ainda
ERRAZURIZ
• Caldo de carne com a experiência de Francisco Baettig, um dos ACONCAGUA
• Alecrim, sal, pimenta e tomilho enólogos mais respeitados do Novo Mundo. ALTO
CARMÉNÈRE
ALLEGRINI Mandioca
PALAZZO DELLA • 200 gramas de mandioca
• Caldo de legumes
TORRE VERONESE • Sal e pimenta
IGT 2015
Alho-poró
• 20 ml de azeite
• 2 ramos de tomilho
• 1 alho-poró
• Azeite, sal e pimenta

Farofa de jamón
• 40 gramas de farinha panko
• 20 gramas de farinha de mandioca
• 20 gramas de jamón
• 1 colher (sopa) de manteiga

Preparo
Stinco
1. No forno com temperatura máxima, doure
o stinco durante 10 minutos junto das ervas.
Ao retirar, jogue o conhaque sobre a carne
quente. Reserve.
2. Em uma panela, puxe os vegetais até que
fiquem translúcidos, adicione a carne, o
vinho tinto e o caldo de carne. Cozinhe por
aproximadamente 4 horas em fogo baixo ou
Allegrini Palazzo Della
Torre Veronese IGT 2015 até que solte do osso.
3. Desfie a carne, ajuste o sal e a pimenta e
PAÍS: Itália monte três porções quadradas iguais com
REGIÃO: Vêneto
SUB-REGIÃO: Valpolicella
ajuda de um molde. Reserve.

UVAS: 70% Corvina Veronese,


25% Rondinella, 5% Sangiovese Mandioca
ÁLCOOL: 13,9% 1. Cozinhe a mandioca no caldo de legumes
PRODUTOR: Allegrini
ESCONDIDINHO DE BOCHECHA DE PORCO com sal e pimenta até que fique macia.
Rendimento: 1 porção 2. Escorra e retire a parte fibrosa.
Muito gastronômico, o Palazzo
3. Utilize o mesmo molde do stinco para dar
della Torre é um vinho feito a Errazuriz Aconcagua
partir das variedades tradicionais Ingredientes sele as bochechas no um fio de azeite, adicione formato em três porções. Reserve. Alto Carménère
do Vêneto e uma fração de • 40 gramas de queijo forno pré-aquecido os grãos de milho e o
Sangiovese, que dá a ele um PAÍS: Chile
mascarpone ao máximo durante creme de leite. Cozinhe Alho-poró
caráter peculiar. Fermentado a REGIÃO: Vale do Aconcágua
partir de uma combinação de • 200 ml de vinho tinto 10 minutos. Ao retirar, por cerca de 15 minutos e 1. Puxe o alho-poró no azeite junto com
UVA: Carménère
uvas frescas recém-colhidas e • 100 ml de creme de leite deglaceie com o conhaque. então triture e coe. o ramo de tomilho e tempere com sal e
uvas passificadas, é um vinho
potente e encorpado, meio-
termo entre o Valpolicella de
ALLEGRINI • 30 ml de brandy
• 3 bochechas de porco
2. Em outra panela,
doure os vegetais,
5. Para finalizar,
disponha as bochechas
pimenta. Reserve. ÁLCOOL: 13,5%

PRODUTOR: Errazuriz

entrada e o nobre Amarone Líder na produção de Amarone della • 2 ramos de tomilho adicione as bochechas, em um prato fundo Farofa de jamón Este tinto rico e encorpado, de
della Valpolicella. O aroma é Valpolicella Classico, a Allegrini é • 2 tomates o vinho tinto e o caldo e com seu caldo reduzido, 1. Doure o jamón na manteiga e adicione as aromas de frutas negras, notas
rico em frutas escuras e notas uma vinícola italiana muito premiada de café e um toque delicado de
de compota. No paladar, é • 2 milhos cozinhe durante três horas finalize o creme de duas farinhas até que fiquem bem crocantes. tabaco, é frutado, tem frescor,
e reconhecida por saber inovar e
opulento, redondo, de taninos • 1 alho japonês em fogo baixo. Reserve as milho com o mascarpone, acidez discreta e notas de
muito polidos e deliciosa
valorizar o potencial de qualidade da páprica e especiarias doces,
• 1⁄2 cenoura bochechas. ajuste o sal e a pimenta Montagem
persistência. Ficou divino junto região. Pertence à família de mesmo como noz-moscada. Escalado
• 1⁄2 alho-poró 3. Reduza o caldo do e cubra o prato até 1. Grelhe o stinco dos dois lados com um fio
ao escondidinho de bochecha nome e ocupa colinas de Valpolicella para harmonizar com o opulento
de porco, mas é versátil. Outras desde o século 16. São 100 hectares • 1⁄2 cebola cozimento. esconder as bochechas. de azeite, frite a mandioca, adicione o alho- stinco de angus, é ótimo
ideias: carnes bem temperadas, de plantação dentro da denominação • Caldo de carne 4. Cozinhe o milho no vapor Coloque um pouco mais poró cozido e dois quiabos cortados ao meio também para guisado de carne
receitas com presunto cru, durante 90 minutos, retire do caldo reduzido por cima e dourados na chapa. Monte o stinco no de tempero marcante, paleta de
espaguete à carbonara, risoto de
e toda uma linha de vinhos obtidos de cordeiro ao forno com batata
cupim com parmesão e guisado uvas cultivadas exclusivamente em Preparo os grãos e reserve. Doure e enfeite com prato, sobrepondo a mandioca, os vegetais e alecrim, ragu de ossobuco e
de cordeiro. seus próprios vinhedos. 1. Na companhia do tomilho, a cebola e o alho-poró com o alho japonês. e a farofa. risoto de costela.

TRENCADÍS – RUA COSTA CARVALHO, 159, PINHEIROS – SÃO PAULO, SP


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c
r
INSPIRAÇÃO

ISTOCK
VIAGEM DE

Marrakesh
Nos mercados
da medina, o perfume

LUXO PARA
e o colorido de flores
secas e especiarias

ISTOCK
c
Seis dias na surpreendente cidade
vermelha – e uma noite inesquecível
no deserto sob as estrelas
POR DANIELLA ROMANO E VICKY ROMANO

F
undada há mais de mil de hena brigam pela atenção do viajante, em autofalantes por toda a cidade. Os to pelo cônsul honorário Hadi Akkouh,
anos por comerciantes enquanto nos mercados de rua, os souks, riads – casas marroquinas onde todas que divide seu tempo entre as obriga-
VICKY ROMANO

nômades que atraves- os vendedores gritam ofertas e vendem as áreas se voltam para um terraço in- ções do cargo consular e sua agência
savam o Saara, Mar- os mais diversos produtos – de sapatos e terior – abrigam jardins secretos. Sua de viagem Morocco Imperial. Filho de
rakesh, no centro-su- bolsas a temperos e outros ingredientes arquitetura mescla referências estéticas um marroquino naturalizado brasilei-
doeste do Marrocos, é culinários, passando por chás e bijuterias. de dois povos que habitam o Marrocos: ro, o paulistano Hadi mudou-se para o
uma cidade cheia de energia que fervilha e A frenética Marrakesh emana vida. árabes e berberes (nativos). Marrocos há cinco anos com Lilian, com
tem um pouco de tudo: tradição, contras- No entanto, no interior das casas quem é casado e de quem é sócio. Co-
te, cor, aroma, história. A cidade vermelha, muradas e atrás das fachadas discretas A VIAGEM nhece o país como a palma da mão. Hadi
como é conhecida, pode parecer um pouco há paz e sossego. O barulho das ruas é Chegamos em Marrakesh lá pelas três e Lilian montaram uma agência butique
intimidante para quem acaba de chegar. interrompido pelo som dos pássaros, da da tarde. O sol ardia e a temperatura que organiza tudo para os brasileiros em
Camelos, encantadores de serpente, vi- água corrente das fontes e pelas cinco batia os 40 graus Celsius, uma prévia do visita ao Marrocos. Trilhas e circuitos de
dentes e mulheres que fazem tatuagem paradas diárias para orações, cantadas verão. Éramos esperadas no aeropor- bicicletas estão entre as especialidades.

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À noite, no
INSPIRAÇÃO coração da
medina, a mais
movimentada

NATIONAL GEOGRAPHIC LODGES


praça de
Marrakesh
da medina. Marrakesh se divide entre ganha contornos JEMAA EL FNA
a cidade nova e a medina: essa última, mágicos No coração da medina, a Jemaa el Fna
antiga cidade fortificada e Patrimônio é a principal praça de Marrakesh. En-
Mundial da Humanidade pela Unesco cantadores de serpentes, tatuadoras
desde 1985, jamais pode ser ignorada. de hena, acrobatas, vendedores de água
Ali, prepare-se para andar ou fazer do deserto, até o ponto de tuk tuks: tudo
uso dos tuk tuks, já que carros não são fervilha. À noite, a agitação ganha um ar
permitidos dentro das paredes cente- de magia, as barracas de comida típica
nárias que cercam mais de 700 hecta- tomam conta da praça e atraem mora-
res de bairros e abrigam algumas das dores e viajantes. Na época do Rama-
A impressionante

VICKY ROMANO
vista da montanha no principais atrações: praças, mesquitas, dan, é ainda mais bonito e significativo:
Kasbah du Toubkal palacetes, riads, souks, casas e um ema- durante todo o mês, quando o sol se põe
ranhado de ruelas sem fim. e o jejum é interrompido, a praça fica
Para sentir a cidade, pudemos ex- tomada de gente que festeja o ftur, a
NO DESERTO ATLAS Uma pequena trilha nos levou ao perimentar os dois tipos de hospeda- ceia especial da ocasião.
Seguimos direto para o deserto Agafay, No dia seguinte, acordamos cedo e se- Kasbah du Toubkal. Kasbah significa gem. Ficar na medina é frenético, mas Os terraços de cafés e restaurantes
que fica a cerca de 30 quilômetros de guimos na direção do Atlas, junto com literalmente casa fortificada. Típicas divertido e interessante. Começamos ao redor da praça oferecem uma vista
Marrakesh, aos pés da montanha Atlas. É nosso anfitrião, Hadi. Durante o passeio, dos povos berberes, no passado essas no hotel Royal Mansour, erguido pelo privilegiada do passeio e são uma al-
um destino bem menos procurado pelos tivemos bastante contato com o povo construções serviam para proteger a Rei Mohammed VI para ser uma cópia terativa aos acepipes peculiares das
turistas. Diferentemente do Saara, que berbere e constatamos que o contraste população de possíveis ataques. Seus da medina. É uma medina dentro da barracas. Uma sugestão é ficar por ali
VICKY ROMANO

já tem fluxo massivo de visitantes, em característico do Marrocos se expressa muros elevados ficam sempre no alto e medina. Trocamos o burburinho dos e beber uma taça de vinho nacional ou
Agafay ainda existe bastante tranquili- também nas paisagens: atrás de dunas têm visão estratégica para avistar a che- vendedores e mascates pelo perfumado um aperitivo e escolher um prato. Nove
dade e poucas opções de hospedagem – a de areia e paisagem desértica, surge gada de inimigos. O Kasbah du Toubkal jardim, um presente para os sentidos. O entre dez sites de viagens consultados
maioria ao estilo gampling, um conceito uma montanha de pico nevado e uma foi erguido recentemente com a ajuda silêncio só é quebrado com a algazarra antes de nossa partida indicavam o res-
de acampamento confortável, cheio de estação de esqui. de todos os moradores de um pequeno dos pássaros e pelo som da água que taurante Le Salama. Fomos conferir: são
comodidades. É também uma ótima al- Uma dica para quem deseja comprar vilarejo. É um refúgio na montanha: uma corre pelas canaletas que ladeiam as três andares, paredes coloridas e uma
ternativa para quem não estiver disposto artesanatos berberes, como bijuterias hospedagem de 14 quartos e restau- ruelas do hotel. mistura de objetos decorativos contem-
a enfrentar a grande viagem de dez horas e tapetes: as pequenas vilas aos pés da rante com diversas iniciativas sociais Os quartos, na verdade, são casas: porâneos e marroquinos. O ambiente
de carro que separa Marrakesh do Saara. montanha são ideais, com preços mais e sustentáveis. O lodge parte do seleto cada riad tem três andares, um pátio é super cool. O último pavimento é um
VICKY ROMANO

De qualquer modo, no Saara ou em convidativos do que os souks e as lojas grupo Unique Lodges of the World, da interno a céu aberto, com jardim, fonte, terraço aberto e disputado com vista
Agafay, dormir uma noite no deserto pre- da medina. National Geographic. A vista do hotel sala de visitas, bar, copa, uma suíte com para a praça. A culinária internacional

ISTOCK
cisa estar na lista de programas imperdí- Os tradicionais tapetes são tecidos para a montanha Atlas é espetacular. banho turco e, na cobertura, piscina, ajuda a variar do tajine e do cuscuz.
veis: é uma das experiências mais poten- à mão, às vezes por grupos de até dez lareira e espreguiçadeiras. Tudo deco-
tes e mágicas da viagem. A recomendação pessoas. A técnica é transferida de uma MARRAKESH rado com o que há de mais requintado CIEL D’AFRIQUE
é programar-se para chegar a tempo de geração para outra. Cada família ou tri- Depois de uma noite no deserto e um no estilo mourisco, detalhes de cedros normalmente, mas é bom lembrar que,
ver o por do sol. Foi o que fizemos. bo tem seus próprios desenhos. Cada dia de passeio nas montanhas, voltamos entalhados como nos palácios, lustres mesmo fora do Ramadan, muitos luga-
Na chegada, fomos recebidas pelos tecelão acrescenta um toque pessoal, para Marrakesh. A energia frenética da de cristal Bacarat, paredes revestidas de res não servem bebida alcóolica (é um
berberes que cuidam do local. Eles vestiam por isso um tapete marroquino jamais cidade chega a assombrar e nos vemos azulejos marroquinos, cortinas de velu- país muçulmano).
túnicas coloridas e turbantes exuberantes. é igual ao outro. E, como a tecelagem sem saber o que olhar primeiro, ten- do e damasco e tapetes de seda. Com 53 Entre dias de calor e programação
Mal descemos do carro e já nos ofereceram é uma arte típica desses povos das tando absorver cada pequeno detalhe intensa, reservamos um tempo para
ISTOCK

riads dentro de um jardim de cinco hec-


uma xícara de chá verde com menta (bebi- montanhas, comprar um tapete é levar e personagem. tares e 550 funcionários, tudo funciona tomar sol e relaxar. No Royal Mansour,
No alto, o acampamento no deserto,
da típica do Marrocos que nos foi ofereci- onde com os berberes passeamos em consigo um pedacinho da história do A primeira decisão que você precisa com precisão. O serviço é discreto, e os a piscina do spa fica em uma abóboda
da durante toda a viagem em muitos dos camelos. O tradicional chá de menta país e de quebra ainda contribuir para a tomar ao programar sua viagem é esco- funcionários circulam por passagens de vidro no meio do jardim das laranjei-
lugares visitados). Na paisagem árida, de e um jantar local subsistência das pequenas vilas. lher se vai se hospedar dentro ou fora secretas para não perturbar a paz. Os ras – é uma parada obrigatória, assim
solo seco, quase não se vê vegetação. hóspedes que chegam do aeroporto pe- como o spa, aberto para hóspedes e
Saímos para uma volta com os came- ISTOCK dir o translado para o hotel, que é feito não-hóspedes. Além de uma oferta de
los e o sol tingiu o céu dos mais variados em um Bentley dourado chiquérrimo. tratamentos incríveis, é um dos mais
tons de vermelho e laranja. Ao cair da noi- Jantamos no restaurante mais fa- lindos que já visitamos, todo revestido
te, por todo o camping foram acesas uma moso do Royal Mansour, o La Grande por uma estrutura de metal que imita
a uma as muitas lamparinas com velas Table Marocaine que tem três estrelas uma renda branca e delicada.
espalhadas pelo chão, um ritual lento e Michelin e, no comando, o chef Yannick

VICKY ROMANO
silencioso que acompanhamos das espre- Alléno. Provamos o menu especial para
guiçadeiras, no deque da nossa barraca. o primeiro dia do Ramadan que coincidiu
Depois de relaxar com um drinque com a nossa chegada. Inesquecível. O
perto da fogueira, observando estrelas, Ramadan é o nono mês do calendário
fomos guiadas para uma outra tenda, ex- islâmico, no qual os muçulmanos pra-
clusiva para nós duas jantarmos. ticam jejum obrigatório por lei civil e
O jantar marroquino incluiria tajine religiosa durante 30 dias, da alvorada,
de legumes, cuscuz e tajine de cordeiro. ao pôr-do-sol. É um jejum de líquidos,
Avisamos que uma de nós era vegeta- comida e sexo. Neste período, buscam
riana e foi acrescentada ao menu uma a renovação da fé, a prática mais inten-
deliciosa sopa de lentilhas. Provamos sa da caridade, da fraternidade e dos
pela primeira vez um vinho branco pro- valores da vida em família. Ao final do
duzido no Marrocos – o país é islâmico dia, o jejum é quebrado no ftur, que é VISTA DE CIMA
e proíbe o consumo de bebidas alcoóli- uma refeição alegre, para reunir amigos Pedimos para nossa concierge um programa diferente e exclusivo: ela nos reservou
cas entre os marroquinos. Mesmo com e familiares e celebrar. um passeio de balão. Saímos do hotel às 4h30 da manhã. O céu ainda estava escuro
a restrição religiosa, há regiões vinícolas Grávidas, crianças e idosos não par- e enquanto esperávamos o balão ficar pronto, começou a amanhecer. Quando já
e o Marrocos abriga o mais importan- Temperos e especiarias ticipam do Ramadan, assim como os não estávamos mais no chão, em pleno ar foi montada uma mesa de café da manhã
são estrelas dos mercados
te polo produtor de vinhos do norte da marroquinos. Perfumam viajantes e turistas. Fomos a vários res- ocidental e marroquino. Subimos a 1.000 metros de altura enquanto o sol nascia
África (leia mais na página 31). e colorem a cidade taurantes e bares onde o serviço corria A “renda” delicada no spa do Royal Mansour revelando uma luz dourada. A sensação é maravilhosa, um espetáculo.

28 | clubepaladar.com.br clubepaladar.com.br | 29
INSPIRAÇÃO

FORA DA MEDINA
SOBRE OS
VINHOS
No dia seguinte, visitamos o Palácio Bahia,
outra atração da medina e uma joia nas
proximidades do bairro judeu. Constru-
ído no final do século 19, tem um jardim
Marrocos é o produtor mais
de 8.000 metros quadrados e foi o maior
de seu tempo. Preste atenção aos deta- importante do norte da África;
lhes do teto. No fim da visita, mudamos Meknes tem terroir privilegiado
de hotel. Já era hora de experimentar a
O Icône é elegante
hospedagem do lado de fora da medina. Ao colonizarem o Marrocos no século como um Côte du Rhône
Ficamos no Mandarim Oriental, que 20, os franceses desenvolveram a viti-
mescla arquitetura berbere e árabe e cultura no país para fugir da filoxera –
também tem pinceladas ao estilo chinês,
presente na decoração de todos os hotéis
doença das vinhas causadas por inse-
tos –, que devastou os vinhedos da Eu- PARA
da cadeia. Há até uma unidade do restau-
rante Ling ling, do grupo Hakassan.
ropa em 1875. Plantaram as principais
cepas francesas e tiveram sucesso. Por
QUANDO
Na chegada, conhecemos o spa e o ba- um longo período o Marrocos produziu VOCÊ FOR
nho turco do hotel, um dos mais famosos em larga escala, mas sem preocupação Tire suas dúvidas
da Marrakesh – o ritual do hammam faz com a qualidade. A maior parte dos
parte da cultura marroquina há séculos. vinhos era enviada para a Europa para Acompanhamento
As práticas milenares de purificação não ser usada em cortes. no Marrocos
podem faltar em uma visita ao Marrocos. Depois de várias mudanças, a • Morocco Imperial Bike
Valem cada segundo. Depois do banho, partir dos anos 2000, o Marrocos moroccoimperial.com/pt/home
fizemos uma massagem com óleo de ar- passou a fazer parte da OIV (Organiza-
gan –indicado para tudo por lá; perto da ção Internacional da Vinha e do Vinho) Hospedagem
montanha Atlas há uma concentração de e a elaborar tintos e brancos de quali- • Mandarin Oriental Marrakesh
cooperativas produtoras. dade. Atualmente, o país é o produtor (fora da medina)
Relaxadíssimas, finalmente chegamos de vinhos mais importante do norte www.mandarinoriental.com/
ao nosso quarto que, na verdade, era uma da África. O Alto Atlas tem bom Marrakesh/la-medina/luxury-hotel
vila privativa com piscina, jacuzzi, ham- potencial e já recebeu uma classifica- Diárias a partir de U$ 800,
mam, lareira, sala de estar e até mordomo ção de alto status, a Coteaux de para dois.
24 horas. Uma dica: peça o café da manhã L’Atlas Premier Cru.
na vila, espetacular, e passe a manhã entre Com vinhas plantadas nas encostas • Royal Mansour Marrakesh
a piscina e a jacuzzi. do monte, a região de Meknes ostenta (na medina)
um terroir privilegiado. Seus vinhedos www.royalmansour.com
JARDIN MAJORELLE estão até 700 metros acima do nível Diárias a partir de U$ 900, para dois
Em nosso último dia por Marrakesh, fomos do mar, recebem chuvas moderadas e
conhecer o famoso Jardin Majorelle, na boa insolação. A colheita começa em Restaurantes, bares e cafés
companhia de Hadi e sua equipe. Ir com um Vila particular para hóspedes agosto e vai até o final de setembro. • Le Salama

VICKY ROMANO
guia que já tinha tudo preparado foi a de- do Mandarin Oriental Marrakesh. Para garantir a qualidade dos vinhos, • Nômad Café
Sossego e relaxamento fora da medina
cisão acertada. Logo na entrada, percebe- são cavados poços para irrigar as • Le Jardin Café
mos o tamanho da fila que enfrentaríamos vinhas e modernos equipamentos con- • Café des Epices
se estivéssemos sozinhas e sem ingresso. trolam a temperatura na vinificação.
Além de ter sido ótimo, claro, para apren- Para ter uma ideia de como o mer- Passeio de Balão
der sobre todos os detalhes do local. cado está evoluído por lá, o hotel La • Royal Mansour – Ciel d’Afrique
O jardim botânico tem mais de 300 es- Mamounia, um dos mais luxuosos do www.cieldafrique.info
pécies de plantas do mundo. É uma obra Marrocos, e que tem uma adega com U$ 200, com café da manhã berbere
Árabes e berberes, de costumes
MARROCOS

do pintor Jacques Majorelle, morto em 18 mil garrafas, desenvolveu, junto ou U$ 320, se o café da manhã for
1962. Ele dedicou boa parte da vida a esse tão diferentes, vivem juntos neste com os produtores locais, um vinho de servido no balão. Para dois
oásis particular e também criou o onipre- país de maioria muçulmana edição limitada e numerada inspirado
sente tom azul cobalto que leva seu nome: no Vale do Rhône, à base de Syrah e Aéreo
azul majorelle. Quem quiser pode comprar O Marrocos é uma monarquia consti- Viognier, e encontrado exclusivamen- A Royal Air Maroc tem o voo
o pigmento e levar para casa. tucional, com parlamento eleito. O rei te no hotel. Nós o provamos e ficamos SP – Casablanca – SP por partir
Depois da morte do pintor, o jardim tem vastos poderes sobre os militares, surpresas com a elegância, a com- de U$ 770. A TAP e a Iberia, com
ficou anos abandonado até ser redesco- a política, os assuntos religiosos e os plexidade e o corpo. De fato, tem as conexões em Lisboa ou Madrid,
berto e comprado pelo estilista Yves Saint poderes executivo e legislativo. características de um Côte du Rhône. levam para Marrakesh
SOBRE O

Laurent e seu companheiro Pierre Bergé. A cultura mistura influências locais e Chama-se Icône.

PAULO SALDAÑA/ESTADÃO
Eles revitalizaram o espaço e transfor- europeias. No passado, os berberes dúvidas
maram a antiga casa de Majorelle em um eram em sua maioria um povo nômade Principais uvas para • Precisa de visto ou vacina?
museu da cultura berbere. Não deixe de que vivia principalmente nas monta- vinhos no Marrocos Não
conhecer a sala de joias. Do lado de fora, nhas e no deserto do Saara, sempre • Tintos e rosés: Cinsault, Carignan,
na mesma rua, há um outro museu, este viajando em camelos para comerciali- Alicante Bouschet, Grenache, • A segurança no aeroporto é rígida?
dedicado a Yves Saint Laurent. Fica em zar os mais diversos produtos. Com a Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Viajamos sozinhas, duas mulheres,
PAULO SALDAÑA/ESTADÃO

uma parte mais moderna da cidade, com expansão árabe no século 7, árabes e A ROTA DAS MIL MARAVILHAS Tempranillo, Mourvèdre. e não houve problema
lojas e restaurantes, e um providencial berberes, de perfis e costumes tão dife- Na estrada a caminho do Saara, Said e seu camelo Jimi Hendrix posam para • Brancos: Grenache Blanc, Chardonnay,
sorvete ao fim do passeio. rentes, foram obrigados a conviver. a foto do repórter Paulo Saldaña, que esteve lá em 2016. Marrakesh é a porta Sauvignon Blanc, Vermentino, Ugni • Moeda
Voltamos de Marrakesh com a sensa- A religião oficial do país é o islamismo. de entrada do deserto. O cobiçado trajeto de carro até as dunas e acampamen- Blanc, Clairette, Muscat, Viognier, 1 dirham vale 2,41 reais;
ção de que ainda há muito por descobrir. O árabe e o berbere tamazigue são idio- tos dura quase dez horas – cerca de 1.500 quilômetros de ida e volta. Faranat Tunis Bourboulenc, Roussanne. euros são bem aceitos
O Marrocos é um destino certo por muitos A antiga casa do pintor Jacques Majorelle mas oficiais e o francês é falado e com-
motivos. Você facilmente vai achar o seu. e o azul cobalto que ele criou preendido por boa parte da população. DANIELLA ROMANO E VICKY ROMANO HOSPEDARAM-SE EM MARRAKESH A CONVITE DO ROYAL MANSOUR E DO MANDARIN ORIENTAL. PREÇOS CHECADOS EM MAIO DE 2019

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