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“e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:20.

b)

Talvez o pior e mais aterrorizante medo do ser humano possa ser descrito por uma simples
palavra: solidão. Percorrer um trajeto longo, ver a vida passando como a paisagem por uma
janela de ônibus durante a viagem, e, de repente, não encontrar mais ninguém conhecido.
Parece que os passageiros que embarcaram junto foram descendo paulatinamente e, em algum
momento, cai a ficha: só sobrou você. A solidão é tão temida porque, diante dela, somos
obrigados a encarar aquele que, ao longo do tempo, veio a se tornar o nosso mais duro inimigo:
nós mesmos! Quando estamos sós, precisamos lidar com nossas incertezas, nossas
inconstâncias, nossos medos. Quando estamos sós, não existem subterfúgios, não há válvula de
escape! Somos obrigados a encarar as realidades que tantas vezes escondemos por trás de
pessoas, afazeres e até vícios. A verdade é que, inescapavelmente, todos nós, em algum
momento, ficaremos sós. Nesse momento, as dores, projetos, medos e arrependimentos –
outrora divididos entre você e outras pessoas – cairão sobre seus ombros, como uma rocha
precipitada do alto de um abismo.

Os discípulos estavam familiarizados com esse sentimento. Não é pra menos, afinal o mesmo
Jesus que outrora ressuscitava mortos e operava milagres impressionantes havia sido morto e
sepultado. Eles corriam risco de vida por terem seguido a esse Jesus durante sua vida. É
precisamente nesse momento, regado a todo tipo de medos e ansiedades, que Jesus profere o
versículo supracitado: eis que estou convosco! De repente, parece que todo aquele medo se
transforma em coragem, as ansiedades se convertem em ousadia e os medos em fé. Aqueles
homens assustados, de pernas trêmulas e corações agitados viriam a se tornar os maiores
evangelistas da história. Haja vista tão contrastante transformação, penso que seja relevante
analisar essa promessa de Jesus.

Em primeiro lugar, deve-se pontuar que o homem foi criado por Deus para compartilhar uma
vida social com outras pessoas. Ainda no Éden, num universo que nem sequer havia sido
maculado pelo pecado original, Deus cria a mulher, constatando que “não era bom que o
homem estivesse só”. A própria criação da família é uma evidência de que o ser humano não foi
criado para estar só. Inferimos, por tanto, que a solidão não é o status ideal de Deus para seus
filhos.

Em segundo lugar, há que se considerar o fato de que, mesmo não sendo o projeto ideal para o
homem, a solidão é uma etapa necessária do percurso. Em toda a escritura, vemos na vida cristã
uma dualidade clara: o relacionamento do homem com Deus e o relacionamento do homem
com o próximo. O próprio Jesus resumiu a lei mosaica nesses dois pontos: amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Notemos que a ordem do mandamento não é
aleatória. O relacionamento do homem com Deus deve vir em primeiro lugar na escala de nossas
prioridades. É correto dizer que o relacionamento do homem com o seu próximo só é pleno
quando o seu relacionamento com Deus está “em dias”. E é nesse aspecto que a solidão pode-
nos ser exímia professora. Às vezes, só conseguimos ouvir a voz de Deus quando silenciamos
todas as outras que nos cercam. Estar a sozinho é compreender a malignitude do nosso ser. É
na solidão que a ansiedade rasga gritos ensurdecedores dentro nossos corações.

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