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Os «Trezentos» não inventaram Oscar Wilde, é certo; o que fizeram foi, por
acção insistente sobre ele no meio em que vivia, impeli-lo cada vez mais no
exagero da parte infecunda do seu helenismo, o que fizeram foi, conseguido
isto, espalhar por toda a europa o conhecimento da sua obra. A «propaganda»
de Wilde é mais alguma coisa que o simples desenvolvimento natural da sua
reputação.
Outro exemplo. A certa altura do século XIX e mais claramente no século XX,
surgiu uma corrente monárquica, nacionalista e tradicionalista na Europa e
sobretudo em França. Este elemento representava um perigo, tanto mais que
ameaçava tornar-se forte, como, com efeito, se tornou. Era forçoso desvirtuá-
lo. Assim se fez. Por uma acção insistente e disfarçada junto de elementos
componentes desse movimento, conseguiu-se que esse monarquismo assumisse
um aspecto absolutamente anti-individualista, fazendo-o ir simular as
instituições da Idade-Média. Sabedores os trezentos, ou quem os dirige, que a
civilização europeia, pelos seus fundamentos gregos, é radicalmente
individualista; que a civilização moderna é, de per si individualista também,
pois que avançou para além da fase corporativista que é característica do início
de todas as civilizações e do seu estado semi-bárbaro, viram bem que,
convertendo em anti-individualista e corporativista o novo monarquismo,
conseguiam um triplo resultado, de três modos servidor dos seus fins: nulificar
a acção futura profunda desse monarquismo desadaptando-o do individualismo
fundamental da nossa civilização; pô-lo em conflito com o individualismo
moderno, nascido do progresso das nações e da multiplicação de entrerelações
e culturas; atirar com ele contra os princípios helénicos e clássicos.