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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO I

(turma da noite)
Prova escrita de exame final

12 de Janeiro de 2010

Duração do exame: 90 minutos acrescido de 30 minutos de tolerância

André, suíço, contraiu matrimónio, em Berna, com Bridget, também suíça, no


regime de separação de bens.
Após o casamento, o casal decide passar a residir habitualmente em Veneza,
uma vez que Bridget aí tinha um palacete, que herdara, por morte de seu tio, anos antes
do casamento com André.
Passados que são dois anos, e atentas as elevadas despesas de manutenção do
palacete, Bridget decide vendê-lo e adquirir uma casa mais modesta. No entanto, André
opõe-se a esta resolução da mulher e afirma que, apesar de o bem ser de Bridget, uma
vez que se trata da casa de morada de família do casal, sempre seria necessário o seu
consentimento para vendê-lo.
Para acalmar a zanga doméstica, o casal contrata com a agência de viagens
Cesare, com sede efectiva em Itália, uma viagem e alojamento em Lisboa. No decurso
dessa viagem, já na chegada a Lisboa, o autocarro em que seguiam, teve um acidente
que se deveu ao excesso de peso da bagagem que era transportada. Nesse acidente,
Bridget partiu uma perna e teve que ser hospitalizada.
Em convalescença em Lisboa, Bridget intenta uma acção contra a agência de
viagens, em que pede que esta seja condenada no pagamento de indemnização relativa
aos danos por si sofridos. Bridget invoca que, nos termos da lei portuguesa, o autocarro
transportava excesso de peso.
A agência de viagens Cesare alega que nada deve pagar pois, de acordo com a
lei italiana, o volume de bagagem transportada estava dentro dos limites legais.

Admitindo que:
1) Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
2) O DIP suíço regula as relações entre os conjuges e o regime de bens do casal
pela lei do domicílio comum do casal;
3) O DIP italiano regula as relações entre os conjuges e o regime de bens do casal
pela lei da nacionalidade comum do casal;
4) Em sede de devolução, o DIP suíço aceita o retorno para a sua própria lei;
também o DIP italiano aceita o retorno para a sua própria lei;
5) De acordo com o art. 169 do Código Civil suíço, independentemente do regime
de bens vigente, um dos conjuges não pode alienar a casa de morada de família
sem o consentimento do outro conjuge. O Direito material italiano não prevê
qualquer regra semelhante a esta.

Diga, fundamentando devidamente cada uma das respostas,


a) Se Bridget necessita do consentimento de André para vender o palacete
sito em Itália.
- Está em causa uma situação que se prende com a relação pessoal entre os conjuges
e não com o regime de bens: saber se, independentemente do regime de bens do casal, é
necessário o consentimento de ambos para vender a casa de morada de família, que é
propriedade de apenas um dos conjuges.
- L1 (art. 52.º)  L2 (LSuíça)  L3 (LIitaliana)  L2 (LSuíça)
- L2 e L3 aceitam o retorno para a sua própria lei, logo, L2 aplica L2 e L3 aplica L3.
- O art. 17.º, n.º 1, do CC, não está preenchido porque, apesar de L1 remeter para
uma lei estrangeira (L2), de L2 remeter para uma terceira lei (L3), e de esta (L3) se
considerar a si própria competente, L2 não aplica L3.
- L1 aplica L2, por força do art. 16.º CC.
- O disposto no art. 169 do CC Suíço é subsumível no conceito quadro do art. 52.º
CC, pois está em causa a regulação da relação entre os conjuges, independentemente do
regime de bens.

b) Se a agência de viagens Cesare é responsável pelo pagamento de


indemnização relativa aos danos sofridos por Bridget.
- Está em causa uma situação de responsabilidade civil extracontratual.
- Estão preenchidos os âmbitos de aplicação do Regulamento Roma II.
- Não tendo havido escolha de lei pelas partes (art. 14.º), rege o art. 4.º do
Regulamento Roma II.
- Tendo, lesante e lesada, residência habitual em Itália, rege o art. 4.º, n.º 2, e
seria aplicada a lei italiana.
- Cumpre verificar se, no caso, estão preenchidos os pressupostos de aplicação
do art. 4.º, n.º 3, do Regulamento Roma II.
a) Na situação em apreço, existia já uma relação entre as partes, uma
relação contratual (art. 4.º, n.º 3, segundo período).
b) A lei aplicável a esta relação contratual seria aferida nos termos do
Regulamento Roma I, por estarem preenchidos os respectivos âmbitos de
aplicação.
c) Não tendo as partes escolhido a lei reguladora do contrato, aplicavam-
se as regras gerais. Actuando A. e B. como consumidores e C. no quadro das
suas actividades comerciais, nos termos do art. 6.º, era esta a disposição
aplicável. O contrato em causa não estava previsto nas alíneas do art. 6.º, n.º 4,
do Regulamento Roma I. Estavam preenchidos os pressupostos de aplicação do
art. 6.º, n.º 1, logo, o contrato seria regido pela lei da residência habitual dos
consumidores, no caso, a lei italiana.
d) Como, quer aplicando o art. 4.º, n.º 2, quer o art. 4.º, n.º 3, se chegava
à aplicação da mesma lei: a lei italiana, conclui-se que não existia uma conexão
mais estreita do que a prevista no art. 4.º, n.º 2, e esta era a disposição aplicável.
- O argumento alegado por C., relativo ao volume de bagagens transportada, não
colhe, na medida em que se trata de uma regra de segurança, cuja aplicação é regulada
nos termos do art. 17.º do Regulamento Roma II. É, por isso, no que respeita às regras
de segurança e de conduta - logo, também no que respeita aos limites de volume de
bagagem transportada -, aplicada a lei do lugar onde ocorre o facto que dá origem à
responsabilidade: a lei portuguesa.

II
Comente apenas uma das seguintes afirmações:
1) O disposto no art. 28.º do Código Civil e no art. 13.º do Regulamento Roma
I tem subjacente uma ideia de justiça formal, visando garantir a harmonia
jurídica internacional.
- Quer o disposto no art. 28.º do Código Civil, quer no art. 13.º do Regulamento
Roma I, tem subjacente uma ideia de tutela da confiança, de tutela da aparência.
Subjacente está, por isso, uma ideia de justiça material: visa-se a aplicação da lei
material que garante a tutela da aparência.
- A aplicação de qualquer destas disposições pode conduzir ao afastamento da lei
que, por força da regra de conflitos, regularia a capacidade jurídica da pessoa. Logo, a
harmonia jurídica internacional é preterida em função da tutela da aparência.

2) Em sede de qualificação, quer o art. 15.º do Código Civil, quer o disposto


nos Regulamentos Roma I e Roma II, consagram a referência selectiva.
- A referência selectiva à lei designada pela regra de conflitos está pressuposta no
disposto do art. 15.º CC, na medida em que, a competência da lex causae se limita à
regulamentação das matérias para as quais foi chamada, e que são definidas pelo
conceito quadro da norma de conflitos do foro.
- No caso dos Regulamentos Roma I e Roma II, embora, tendencialmente funcione a
referência selectiva, esta nem sempre se verifica. Tome-se como exemplo a culpa in
contrahendo, em que se determina que esta matéria é qualificada como responsabilidade
extracontratual.

Cotação:
I – a) 7 valores
I – b) 5 valores
II – 6 valores
Domínio da língua portuguesa e organização das respostas: 2 valores.

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