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Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos

Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos,


chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato

Alcance do Estado de Fluxo (Flow): um Estudo de Caso

Claudiomir Zanchetti, Deisi Buseti e Josiane Giacomin

Resumo

Todos desejam ter uma vida boa, sentir que a felicidade realmente permeia o
cotidiano, poder afirmar que, apesar dos revezes apresentados pela vida, o bem estar
predomina. Para que estas sensações passem a figurar o cotidiano das pessoas, no entanto, é
fundamental que a postura seja em atitudes capazes de gerar gratificação. Mas ao contrário do
senso comum, os melhores momentos da vida não são passivos, receptivos ou relaxantes, eles
ocorrem quando o corpo e a mente encontram-se empenhados em realizar algo desafiador. Por
mais difíceis que sejam enquanto executadas, estas raras ocasiões tornam-se depois
referências de como a vida deveria ser e ficarão guardadas na memória por muito tempo. O
estado mental em que estas experiências ocorrem é denominado estado de fluxo ou flow. E
uma via amplamente relatada de alcançar o estado de fluxo é através da execução,
composição ou improvisação musical. Este trabalho visa identificar o alcance do flow na
Orquestra Sinfônica da UCS (OSUCS) durante as atividades de ensaios e concertos públicos
através do emprego de metodologia específica. Através dos dados levantados, foi possível
evidenciar que, por meio da música, os entrevistados percorrem o estado mental de fluxo e em
decorrência disto, usufruem dos benefícios subjacentes em suas vidas profissionais e pessoais.

Palavras-chave: felicidade, bem estar, estado de fluxo (flow), música.

Introdução

A busca pela felicidade e o entendimento do que torna as pessoas felizes permeia a


história da evolução humana. Aristóteles já dizia que, mais do que qualquer outra coisa,
homens e mulheres buscam a felicidade. Além disso, Aristóteles e Platão já questionavam a
2.500 anos o que torna a vida boa. Embora não haja uma única resposta ou a resposta correta
para a questão, a Psicologia Positiva propõe que tudo começa com o incremento das situações
de vida capazes de gerar gratificação. Gratificações são atividades que gostamos muito de
fazer, mas não são necessariamente relacionadas com qualquer sensação natural. Elas são
capazes de envolver e absorver o indivíduo de tal modo que o mesmo perde a conexão com a
realidade (SELIGMAN, 2004).
Impressionado e inspirado pelo fato de algumas poucas pessoas conseguirem manter
um estado de contentamento e satisfação em viver, mesmo após terem suas vidas arruinadas
pela Segunda Guerra Mundial, o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi conduziu uma pesquisa
que visou buscar o entendimento das verdadeiras raízes da felicidade, ou seja, em que
momentos da vida cotidiana as pessoas sentem-se realmente felizes. Sua pesquisa abrangeu
mais de oito mil voluntários de diversas nacionalidades, classes sociais e faixa etária, e se
estendeu por mais de duas décadas. O critério de seleção foi a escolha de pessoas que amavam
o que faziam, que empreendiam seu tempo em atividades que realmente gostavam. Assim
sendo, compuseram a pesquisa: atletas, músicos, artistas, mestres do xadrez, padres
dominicanos, cirurgiões, dentre muitos outros (CSIKSZENTMIHALYI, 1990).
Para Kamei (2014) quanto mais um indivíduo é capaz de se dedicar as tarefas que
realmente gosta, maiores se tornam suas competências em realizá-las, e com isso, os
resultados tornam-se cada vez melhores, e o indivíduo mais feliz. O autor destaca, no entanto,

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que no momento em que acontecem, as atividades podem não ser especialmente prazerosas,
mas ao lembrar delas posteriormente, as pessoas relatam que foi uma boa experiência e
gostariam que acontecesse novamente.
A resposta encontrada por Csikszentmihalyi a partir dos resultados da pesquisa,
originou o que ele chamou de flow (em português, fluxo ou fluir), utilizando esse termo por
ter sido um termo usado por muitas pessoas para descrever como se sentiam, em sua melhor
forma. Flow é o estado no qual o indivíduo se encontra ao estar tão envolvido em uma
atividade, que todo o resto parece não importar. A experiência, por mais desafiadora que seja,
é tão agradável por si só, que as pessoas a farão pela simples questão de fazê-la
(CSIKSZENTMIHALYI, 1990).
A sensação do alcance do estado de flow é periodicamente relatada durante as
atividades de execução, composição e improvisação musical, como é o caso das performances
de Jazz (HYTÖNEN-NG, 2013). Estudos também mostram o alcance de um estado de
consciência similar por solicitas improvisadores quando estes tocam seus instrumentos
(PARNCUTT; MCPHERSON, 2002). Neste contexto, a música apresenta-se como uma via
capaz de influenciar o bem estar e o estado emocional das pessoas, pois a partir de seus
elementos constituintes, o ritmo, a melodia, o timbre e a harmonia, a mesma é capaz de afetar
todo o organismo humano, de forma física e psicológica. O receptor da música será
influenciado tanto afetiva quanto corporalmente (FERREIRA, 2005).
Em face ao exposto, fica estabelecido o foco deste trabalho, pelo qual se pretende
compreender melhor o alcance do estado de fluxo no ambiente musical, tendo como contexto
de estudo a Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (OSUCS).

REFERENCIAL TEÓRICO

A Felicidade e o Bem Estar

Desde os tempos de Platão e Aristóteles, até a denominação atual de Psicologia


Positiva, muito se fala sobre felicidade e bem estar. Ao longo dos anos, várias são as
abordagens para investigar a felicidade e a qualidade de vida das pessoas. Os economistas
avaliam a qualidade pela quantidade de bens, mercadorias e serviços que são produzidos, os
cientistas sociais adicionam baixas taxas de crimes, expectativa de vida, distribuição
igualitária de recursos, respeito pelos direitos humanos, e a psicologia avalia a qualidade de
vida pelo bem estar (GIACOMONI, 2004).
O termo Psicologia Positiva surgiu pela primeira vez em 1954, no livro de Maslow,
Motivation and Personality, onde ele afirmou que a psicologia teve muito mais sucesso para
tratar problemas de saúde mental ao invés de compreender o lado humano positivo, as
potencialidades, virtudes, as aspirações realizáveis (PACICO; BASTIANELLO, 2014). De
acordo com Seligman e Csikszentmihalyi (2000), a psicologia positiva possui três áreas de
investigação científica situadas nos níveis subjetivo, individual e grupal.
No nível subjetivo, o interesse concentra-se nos estudos das experiências subjetivas de
valor, como bem-estar subjetivo e satisfação de vida (no passado), otimismo e esperança (no
futuro), felicidade e flow (no presente). No nível individual, busca-se compreender os traços
positivos ligados às características e ao funcionamento de cada pessoa, como capacidade para
o amor, talentos, habilidades interpessoais, generosidade, perdão e sabedoria. No nível grupal,
são analisadas as virtudes cívicas e as instituições que contribuem para que os indivíduos
tornem-se cidadãos melhores, com foco em responsabilidade, altruísmo, tolerância e ética no
trabalho (PACICO; BASTIANELLO, 2014).
Csikszentmihalyi (1997) indica que para aprimorar a qualidade de vida é preciso
prestar atenção ao que é feito todo dia e perceber como as diferentes atividades, lugares, horas

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do dia e companhias impactam nos sentimentos. Não há nenhuma norma que obrigue a
experimentar a vida de uma única maneira. Sob o aspecto das emoções, Seligman (2004)
adiciona que são, em determinada maneira, os elementos mais subjetivos da consciência, elas
podem estar ligadas ao passado, ao presente e ao futuro. As emoções positivas ligadas ao
presente abrangem alegria, êxtase, calma, entusiasmo, animação, prazer e flow – a plenitude, a
experiência de fluir.
Lyubomirsky (2008) realizou um grande estudo que revelou que existem três grandes
fatores que influenciam a felicidade: O primeiro é genético, responsável por 50% da variação
dos nossos níveis de felicidade, ligado aos temperamentos biológicos; 10% são determinados
pelas circunstâncias, níveis de renda, escolaridade, regiões onde vivem; e 40% são atividades
intencionais, determinada pelos pensamentos e comportamentos.
Seligman (2004) expõe que para uma vida boa é necessário usar diariamente as forças
pessoais, concebendo assim felicidade autêntica e gratificação abundante. Neste aspecto,
Csikszentmihalyi (1997) propõe que é possível melhorar a qualidade da própria vida
destinando energia psíquica em atividades que tenham maior possibilidade de produzir fluxo,
condição que denomina de “estado mentalmente positivo”. E uma maneira simples para
melhorar a qualidade de vida é investir em ações próprias, fazendo o que realmente agrada.

O Estado de Fluxo (Flow)

Flow é o estado onde corpo e mente fluem de maneira extremamente harmônica. Há a


combinação dos seguintes fatores: motivação intrínseca, concentração profunda, emoções
positivas e alto desempenho. (KAMEI, 2014).
Para Kamei (2014) o estado de fluxo ocorre quando um indivíduo ama o que faz e
compreende seu propósito, profundamente focado no que está fazendo é capaz de atingir um
nível de conexão com a atividade onde nada mais importa, como se naquele momento,
estivesse vivendo uma realidade paralela. Seligman (2004) complementa que o flow é o
estado de gratificação em que entramos quando nos concentramos completamente no que
estamos fazendo.
Quanto mais um indivíduo é capaz de se dedicar as tarefas que realmente gosta, maiores
se tornam suas competências em realizá-las, e com isso, os resultados tornam-se cada vez
melhores, e o indivíduo mais feliz (KAMEI, 2014). É por este motivo que Seligman (2004)
adverte que o estado de fluxo só pode ser alcançado através de atividades que esteja em
harmonia com propósitos nobres. O autor também destaca que no momento em que
acontecem, as atividades podem não ser especialmente prazerosas, mas ao lembrar delas
depois, as pessoas dizem que foi uma boa experiência e gostariam que acontecesse
novamente.
Em seu livro Flow e Psicologia Positiva, Helder Kamei (2014) descreveu as condições e
características para a ocorrência do estado de fluxo:

1) Metas são claras e o feedback é imediato – O indivíduo deve ter conhecimento preciso
das tarefas que precisa completar, momento a momento e o feedback deve ser
imediato, a cada ação deve-se deixar claro se o desempenho está aproximando a
pessoa de sua meta.
2) Há equilíbrio entre oportunidade de ação e capacidade: as habilidades e os desafios
percebidos são elevados e equivalentes – O indivíduo sabe que é inteiramente capaz de
fazer determinada atividade. As habilidades devem estar plenamente envolvidas em
superar um desafio que está no prelúdio de sua capacidade de controle.
3) Sensação de controle – A pessoa tem a habilidade de controlar o próprio desempenho.

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4) Concentração profunda: a ação se funde com a consciência – Concentração total da


atenção na atividade.
5) Foco temporal no presente: cessam-se as ruminações sobre passado ou futuro – A
atenção precisa estar focada no presente. A consciência não tem espaço para fatos do
passado ou do futuro.
6) Distorção da experiência temporal – Percepção de que o tempo passa mais rápido, ou
mais lento ou até mesmo para.
7) Perda da autoconsciência reflexiva e transcendência das fronteiras do self – Suspensão
temporária da consciência de si mesmo, isso pode conduzir a autotranscendência.
8) A expectativa se torna autotélica – A atividade é tão gratificante que o objetivo final
passa a ser apenas uma justificativa do processo.

Os estudos de Csikszentmihalyi (1997) concluem que o fluxo tende a ocorrer quando


as habilidades de uma pessoa estão totalmente envolvidas em superar um desafio que está no
limiar de sua capacidade de controle. As experiências ótimas frequentemente envolvem um
fino equilíbrio entre a capacidade do indivíduo de agir e as oportunidades disponíveis para
ação.
Conforme demonstra a Figura 1, se os desafios estão altos demais, a pessoa fica
frustrada, em seguida preocupada e mais tarde ansiosa. Se os desafios são baixos em relação
às habilidades do indivíduo, ele fica relaxado, em seguida entediado. Se tanto desafios quanto
as habilidades são percebidos como baixos, a pessoa se sente apática. Mas, quando altos
desafios são correspondidos por altas habilidades, então é mais provável que o profundo
envolvimento que estabelece o fluxo ocorra.

Figura 1: Modelo de oito canais: A qualidade da experiência como função do relacionamento


entre desafios e habilidades. A experiência ótima, ou fluxo, ocorre quando ambas variáveis
estão elevadas.

Fonte: Adaptado de (CSIKSZENTMIHALYI, 1997).

A experiência de flow vale pela satisfação de lidar com situações difíceis e


desafiadoras, ter feedbacks positivos sobre o seu desempenho e perceber que é possível
controlar a situação, se concentrar na atividade, esquecer por alguns momentos todos os
problemas da vida cotidiana, não notar o tempo passar e sentir as fronteiras do eu se
expandirem. (KAMEI, 2014).

Como consequências do Flow, é possível citar:

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1) Crescimento pessoal: o indivíduo passa a se sentir melhor durante e após a


experiência. Csikszentmihalyi (1992) afirma que, quando a sensação de fluir cessa,
nos sentimos mais ‘integrados’ do que antes, não apenas interiormente, mas também
no que se refere às outras pessoas e ao mundo em geral. Para continuar em flow é
preciso progredir e aprender novas habilidades, ascendendo sempre a estágios de
maior complexidade. (CSIKSZENTMIHALYI, 2016).
2) Fortalecimento da autoestima: Imediatamente após uma experiência de flow, a
autoestima da pessoa fica mais alta do que nos momentos fora do flow. As pessoas
relatam que têm mais êxito, que se sentem melhores e estão vivendo acima de suas
próprias expectativas e das expectativas dos outros. (KAMEI, 2014).

Em resumo, conforme Kamei (2014), quando a atividade flui de forma agradável, a


sensação é de que o tempo passa muito rápido. O indivíduo encerra a atividade em um estado
emocional positivo, com a autoestima elevada.

A Música como possível via para o Estado de Fluxo

A pesquisa conduzida por Csikszentmihalyi torna claro que o estado de fluxo é


alcançável por meio da execução de atividades distintas, dada a diversidade profissional dos
voluntários que a compuseram: músicos, artistas, professores, cirurgiões, poetas, mestres do
xadrez, dentre muitos outros (CSIKSZENTMIHALYI, 1990). Uma das possíveis formas de
um indivíduo experimentar e percorrer o flow channel, desta forma, é através da expressão
musical em suas mais variadas formas: composição, improvisação e interpretação.
As performances de Jazz, como são conhecidas, repletas de improvisações, são
possíveis primordialmente a dois fatores: à base de conhecimento formada pelos músicos
através da prática deliberada do instrumento, e sua motivação em transcender o próprio
conhecimento formado e criar algo totalmente novo de forma espontânea. Para isto acontecer
os músicos ainda necessitam lidar com as restrições denominadas internas (que estão
relacionadas à própria aprendizagem e prática do instrumento) e externas (inerentes a cultura
jazzistica: ciclos de 32 compassos, acordes e padrões rítmicos) (KENNY; GELLRICH, 2002).
Quando os músicos de Jazz conseguem superar essas restrições e entrar na trilha1,
reportam uma grande sensação de relaxamento, ampliando seus poderes de expressão e
imaginação, permitindo que toquem com maestria seus instrumentos e sendo capazes de
responder a cada impulso. Descrevem também estados de consciência em que as ideias não se
encontram bloqueadas e a música flui livremente (BERLINER, 1994). Estudos posteriores
também mostram o alcance de um estado de consciência similar por solicitas improvisadores
quando estes tocam seus instrumentos (PARNCUTT; MCPHERSON, 2002).
No ambiente da improvisação musical, o estado de fluxo é capaz de motivar o
indivíduo e potencializar sua concentração, amenizando a autocrítica e induzindo à
autoconfiança, gerando desta forma uma condição psicológica capaz de produzir um
incremento da capacidade criativa do improvisador, motivando-o a buscar o aperfeiçoamento
e refinamento a partir de sua base de conhecimento (KENNY & GELLRICH, 2002).
A música mostra-se, portanto, uma via possível para o alcance das experiências
ótimas, já que é capaz de influenciar o bem estar e estado emocional das pessoas. Ferreira
(2005) expõe que a música, através de seus elementos constituintes, é capaz de afetar todo o
organismo humano, de forma física e psicológica (FERREIRA, 2005). Estas experiências
ótimas trazem consigo sensações de bem estar, satisfação e alegria, essenciais para que as
pessoas possam entrar em sintonia com a vida cotidiana (SNYDER E LOPEZ, 2009).
1
Beliner (1994) denomina o alcance de um elevado nível de desempenho pelos músicos improvisadores como
"whitin the groove", ou estarem dentro da trilha naquele momento.

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Em um estudo realizado com pianistas clássicos profissionais, que tocaram peças de


piano repetidamente para induzir o estado de fluxo, foi encontrada uma relação significativa
entre o estado de fluxo, o ritmo cardíaco, pressão arterial, e os principais músculos faciais do
pianista. Quando o músico entrou em estado de fluxo, a frequência cardíaca e pressão arterial
diminuíram, e os principais músculos da face relaxaram. O estudo em questão enfatizou que,
apesar do flow ser um estado de atenção sem esforço e de relaxamento completo do
organismo, músicos capazes de alcançá-lo possuem desempenho superior àqueles que não
estão em estado de fluxo (DE MANZANO et al., 2010).

MÉTODO DE PESQUISA

Caracterização do Ambiente em Estudo

Fundada em outubro de 2001 para um concerto em 22 de novembro do mesmo ano, a


Orquestra Sinfônica de Caxias do Sul (OSCUS) tem como objetivo fomentar a música de
concerto – a música composta para ser apreciada em um espetáculo musical executada por
uma orquestra –, e desta forma contribuir com o enriquecimento cultural do indivíduo e para
uma sociedade culturalmente enriquecida (UCS, 2016).
Para alcançar seus objetivos a OSUCS integra-se ao setor de desenvolvimento cultural
da Universidade e conta com uma direção artística. O corpo músicos é distribuído nos
seguintes grupos, denominados naipes: cordas, madeiras, metais e percussão. A Figura 1
apresenta a estrutura hierárquica da OSUCS (DESENVOLVIMENTO CULTURAL, 2016).

Figura 2: Estrutura da Orquestra Sinfônica da UCS.

Fonte: Adaptado de Setor de Desenvolvimento Cultural (SDEC) – Universidade de Caxias do Sul.

A quantidade de músicos que integra a Orquestra é variável de acordo com a


programação escolhida anualmente pela direção artística. Para a Temporada OSUCS 2016 o
quadro conta com 36 músicos, além do maestro e regente assistente. Este contingente
expande-se ao receber a participação especial de músicos solistas, sopranos e maestros
convidados. Programações temáticas como “Wolfang Amadeus Mozart a Trajetória de um
gênio” e o DVD “QUADRESSENCIAS”, de autoria da Orquestra, contam ainda com a
participação de atores e coreógrafos profissionais (DESENVOLVIMENTO CULTURAL,
2016).

Objetivos do Trabalho

O objetivo geral do trabalho é identificar o alcance do estado de fluxo na composição


e execução musical realizada pela Orquestra Sinfônica da UCS (OSUCS). Como objetivos
específicos, foram definidos:

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a) Identificar a ocorrência do estado de fluxo nas execuções das peças musicais da


OSUCS.
b) Realizar uma análise comparativa da ocorrência do estado de fluxo em
diferentes naipes da orquestra (categorias de instrumentos);
c) Examinar a relação entre o alcance do estado de fluxo com a idade dos músicos
e com o tempo de atividade na música.
d) Evidenciar as consequências do estado de fluxo na vida dos músicos deste
estudo.

Técnicas e Procedimentos Adotados

Para Campos (2008) o método é a parte mais importante da pesquisa. Esta importância
se evidencia por garantir a autenticidade do conhecimento descoberto. O método utilizado
neste estudo é o fenomenológico. Este método, segundo Vergara (2010), afirma que algo
somente pode ser concebido a partir da perspectiva das pessoas que estão vivendo e
experimentando. Ainda, segundo a autora, o método possui caráter transcendental e subjetivo,
busca compreender o fenômeno, interpretá-lo, identificar seu significado, fazendo uma
radiografia.
O tipo de pesquisa deste estudo é descritiva, bibliográfica e um estudo de caso.
Segundo Vergara (2010), a pesquisa descritiva apresenta particularidades de determinada
população ou de determinado fenômeno; pode demonstrar correlações entre variáveis e definir
sua natureza; não tem obrigação de explicar os fenômenos que descreve, mas serve de base
para a explicação. A pesquisa bibliográfica, para Marconi e Lakatos (2010), abrange toda a
bibliografia publicada relacionada ao tema do estudo. E o estudo de caso se caracteriza pela
profundidade e detalhamento, e é restrito a uma ou poucas unidades, como pessoa, família,
produto, empresa, órgão público, comunidade e até país (VERGARA, 2010).
De acordo com Creswell (2010) as abordagens podem ser: qualitativa, quantitativa e
mista. A pesquisa qualitativa é a mais adequada para a obtenção dos objetivos propostos pelo
presente estudo, tendo em vista que a experiência de flow possui essência subjetiva. Para
Creswell (2010), na abordagem qualitativa, o pesquisador busca estabelecer o significado de
um fenômeno a partir da ótica dos participantes. No método fenomenológico, segundo
Vergara (2010), os dados são obtidos através da observação, em entrevistas e questionários
não estruturados, nas histórias de vida, em conteúdos de textos, na história de países,
empresas, organizações em geral, ou seja, em tudo que possibilite reflexão sobre processos e
interações.
O instrumento de coleta de dados adotado para atingir os objetivos do presente estudo
foi a entrevista, formulada com base no referencial teórico e em entrevistas já utilizadas para a
identificação do flow. Kamei (2014) julgou mais adequado para descrever esta experiência a
narrativa dos próprios sujeitos, registrando seus depoimentos por meio de entrevistas. Esta
técnica também norteou esse estudo, assim como, a utilização de um gravador de voz digital e
um formulário de dados pessoais, mencionadas pelo autor.
Vergara (2010) define população como um conjunto de elementos que possuem as
particularidades que serão o alvo do estudo. E população amostral ou amostra é uma parte
desta população escolhida através de um critério representativo. Conforme Figura 2 (Estrutura
da Orquestra Sinfônica da UCS) a população desta pesquisa é composta por 36 (trinta e seis)
músicos divididos por naipes. Sendo 23 (vinte e três) músicos no Naipe de Cordas, 08 (oito)
músicos no Naipe de Madeiras, 08 (oito) músicos no Naipe de Metais e 01 (um) músico no
Naipe de Percussão. Além do Diretor Artístico e Maestro Titular, e o Regente Assistente. Os
coordenadores de cada naipe integram da composição de músicos descritas acima.

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A amostra deste estudo é determinada pelo critério de tipicidade, composta por 12


músicos nas entrevistas semi-estruturadas e 18 músicos nas entrevistas estruturadas. Para
Vergara (2010) a tipicidade é formada pela seleção de elementos considerados representativos
da população-alvo. As entrevistas, determinadas pela amostra, foram realizadas no mês de
setembro de 2016 na Universidade de Caxias do Sul, Campus 8, durante o intervalo dos
ensaios. Kamei (2014) pressupõe que no mesmo ambiente e logo após a atividade de flow, as
sensações, sentimentos e pensamentos relacionados ainda estão fortemente presentes no corpo
e na mente dos entrevistados, o que diminui a possibilidade de distorções em virtude do
tempo.

DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO E ANÁLISE DOS DADOS

Com base na transcrição e na leitura sistemática das respostas dos entrevistados, foram
adotadas cinco dimensões principais do flow: 1) motivacional, 2) emocional, 3) cognitiva, 4)
perspectiva e 5) consecutiva (relacionada às consequências), conforme modelo adotado por
Kamei (2014).
Ainda conforme modelo do autor, a Figura 3 e tabelas subjacentes retratam as
dimensões subdivididas em categorias e subcategorias observadas para cada dimensão do
flow. Os números entre parênteses apresentam a quantidade de citações os quais visam
comprovar a importância de cada tópico.
Algumas categorias e subcategorias foram modificas ou criadas, tendo em vista que a
pesquisa utilizada por Kamei (2014) foi dirigida a dança de salão. Para determinar as citações
representativas, o número de citações foi divido pela quantidade total de subcategorias. Foram
obtidas 622 citações e 46 subcategorias, resultando em 13,5 citações em média por
subcategoria. Considerando a relevância de cada subcategoria e o número de citações, o
estudo apresentará como citação representativa subcategorias com médias a partir de 8,0.
Na dimensão motivacional as respostas foram subdivididas em duas categorias de
maior relevância, motivação intrínseca (34) e motivação extrínseca (10). Na motivação
intrínseca destaca-se duas subcategorias, satisfação (24) onde os entrevistados relatam
sentimentos como: gostar, paixão, amor e sonhos e um sentimento descrito por eles como
“proporcionar bem-estar ao próximo”, sintetizando a satisfação no momento que estão
tocando. Já nas emoções positivas (10) foram verificados sentimentos como: motivação,
prazer, realização e valorização, conforme citam os entrevistados: “O que me motiva é sem
dúvida a paixão” (A), “É uma profissão que me permite ter um contato direto com o público e
ver o resultado, fazendo bem ao próximo” (B), e “A música é hoje o que me realiza” (C).
Na motivação extrínseca observa-se a maior parte dos depoimentos relacionados a
fatores sociais (10) e diretamente ligados a profissão, com citações tais como: “escolha como
profissão” (A), “opção profissional” (B), “ganha pão” (C), e “amor a profissão” (D).
Para Kamei (2014) as atividades que levam a experiências ótimas são intrinsecamente
compensadoras e estão relacionadas às emoções experimentadas no processo e não na
atividade concluída. E ainda, que as recompensas extrínsecas sozinhas não são suficientes
para explicar o fenômeno do estado de fluxo. Nenhum músico da OSUCS relatou apenas
motivações extrínsecas, contudo todos mencionaram motivações intrínsecas e em quantidade
muito superior as extrínsecas, confirmando o exposto pelo autor.
Na dimensão emocional, através da categoria mais representativa, emoções (47), todos
os músicos mencionaram emoções positivas (36). Apenas uma minoria mencionou emoções
negativas (08) durante a música, no entanto todas elas relacionadas à necessidade de
assertividade durante a apresentação, são elas: preocupação, nervosismo e uma apreensão
sobre ter estudado suficiente.

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Figura 3: Resultado da entrevista com os músicos da OSUCS de acordo com as dimensões do


Flow em categorias e subcategorias representativas
Dimensões Categorias Subcategorias
Satisfação (24)
Motivacional Motivação intrínseca (34)
Emoções positivas (10)
Motivação extrínseca (10) Fatores sociais (10)
Emoções de baixa excitação positiva
(11)
Emocional
Emoções (47)
Emoções de alta excitação positiva (25)
Emoções negativas (08)
Foco no presente - nos elementos da
Pensamentos (30)
música - (30)
Cognitiva Foco nos elementos da música (08)
Atenção (23)
Foco nos colegas e maestro (15)
Concentração (20) Concentração alta (20)

Dificuldades do instrumento e técnica


Desafios (20) (10)

Dificuldades de tocar e grupo (10)


Estudo, conhecimento e preparação (26)
Habilidades (37)
Habilidades comportamentais (11)
Razão desafios / Desafios = habilidades (14)
Perceptiva habilidades (22) Desafios maiores habilidades (08)
Apresentação ou participação solistas
(13)
Ansiedade (24)
Peças musicais com maior
complexidade (11)
Tédio (11) Muitas repetições nos ensaios (11)
Controle (12) Controle de si mesmo (12)
Feedback (32) Feedback instantâneo (32)
Tempo (36) Tempo passa rápido (36)
Emoções de baixa excitação (17)
Autoestima (50) Emoções de alta excitação (25)
Consequências
Emoções negativas (08)
Fatores sociais (09)
Crescimento pessoal (26)
Personalidade (17)

Na subcategoria emoções de baixa excitação positiva (11) os músicos relatam


sentimentos e emoções em que ocorre uma baixa ativação ou excitação psicofisiológica. Os
relatos referentes a emoções e sentimentos de alta ativação ou excitação psicofisiológica estão
na subcategoria emoções de alta excitação positiva (25), sendo alguns exemplos de relatos do
último caso: “Algumas obras levam a gente para outra atmosfera” (A), “Me sinto bem

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confortável, eu gosto” (B), e “Adrenalina, prazer, tocar em público é como pular de bungee
jump” (C).
Ferreira (2005) conclui que a música, através de seus elementos constituintes, é capaz
de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. A maior parte das citações
na dimensão emocional foram de alta excitação, especialmente no momento em que os
músicos estão apresentando um conserto ou recital. Algumas citações como “a mão sua” (A) e
“quando subo no palco sentindo dor de cabeça ou dor de dente, isso acaba sumindo” (B)
exemplificam exatamente o exposto pelo autor.
Para Csikszentmihalyi (1992), os seres humanos se sentem melhor no fluxo, quando
estão plenamente envolvidos em lidar com um desafio, descobrir algo novo ou resolver um
problema. Nesse aspecto, é possível entender que as emoções negativas, neste contexto, são
como um impulso para estimular a ocorrência do fluxo.
Na dimensão cognitiva, as categorias relevantes estão divididas em pensamentos,
atenção e concentração. Na categoria pensamentos (30), observa-se o foco no presente, mais
precisamente nos elementos da música (30). Essa foi a subcategoria com maior número de
citações. Alguns relatos dos entrevistados são: “Não penso em nada fora da música” (A),
“Muito bem concentrado, se eu pensar em outras coisas vou me perder” (B).
Na categoria atenção (23) constatou-se que os músicos encontram-se atentos durante a
execução musical. Duas subcategorias mostraram-se relevantes: foco nos elementos da
música (08), através de citações como: “afinação” (A), “compasso” (B), “partitura” (C),
“sonoridade” (D); e foco nos colegas e no maestro (15), bem exemplificada através da
citação: “presto atenção na afinação, sonoridade e no ritmo do maestro e demais colegas” (A).
Quando ocorre numa experiência de flow, para Kamei (2014), a atenção precisa estar
focada no presente, todos os pensamentos sobre o passado e o futuro desaparecem, pois não
existe mais espaço na consciência. No flow o indivíduo esquece todos os fatos ou problemas
da vida e cria uma espécie de fuga que o leva a maiores níveis de complexidade, elevando
assim gradativamente seus níveis de desafios e habilidades. Os músicos da OSUCS
comprovam na categoria pensamentos, foco no presente na sua totalidade e, no quesito
atenção, demonstram estar focados nos elementos da música como um todo.
Outra categoria da dimensão cognitiva é a concentração (20). Essa categoria foi
responsável por verificar o nível de concentração dos músicos enquanto estão tocando. Ficou
claro que para a música soar com “perfeição”, segundo os próprios músicos, todos precisam
estar altamente concentrados (20). Essa subcategoria foi a mais relevante. Nas palavras dos
entrevistados: “Eu fico bastante concentrado” (A), “Quando você tem prazer, você fica
concentrado e curte cada momento” (B).
Csikszentmihalyi (1999) afirma que quando alguém gosta do que faz e está inspirado e
motivado a fazê-lo, focar a mente se torna mais fácil mesmo quando existem grandes
dificuldades. Além disso, a alta concentração em metas límpidas e compatíveis torna mais
provável a experiência de fluxo. Para o autor, controlar a atenção significa controlar a
experiência.
A dimensão perceptiva é a mais ampla. Ela agrupa grande parte das categorias da
pesquisa e em especial a relação entre habilidades e desafios tão importantes na teoria da
experiência ótima. Segundo Csikszentimihalyi (1990) o flow ocorre quando os desafios são
equivalentes as habilidades.
Analisando a categoria desafios (20), foram identificadas duas subcategorias
relevantes e que receberam igual peso de citações, a dificuldade do instrumento e técnica (10)
e a dificuldade de tocar em grupo (10).
Os músicos da OSUCS relataram as dificuldades com alguns instrumentos que
possuem particularidades mais complexas do que outros. As dificuldades técnicas estão
relacionadas com músicas que exigem dos entrevistados uma performance de alto

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desempenho. Ambas as situações requerem muito estudo e horas de prática. Os entrevistados


relatam: “O trompete é um instrumento relativamente ingrato, porque quem produz o som são
os lábios do trompetista” (A), “O meu instrumento é muito difícil de tocar..., mas tem uma
piada que diz que a trompa é um instrumento divido, porque você assopra e só Deus sabe o
que vai sair” (B), “É como um atleta, tem que estar sempre mantendo as técnicas pessoais”
(C).
Na subcategoria dificuldade de tocar em grupo, é muito forte a percepção de harmonia,
dos tempos de cada colega e naipes e a necessidade de atenção máxima às solicitações do
maestro. Para os músicos da OSUCS o conjunto da obra é muito importante, pois não adianta
uma ótima performance individual se o resultado final não se traduziu da mesma forma.
Contudo, para Csikszentimihalyi (1999), os seres humanos se sentem melhor no fluxo
e isso implica em estar totalmente envolvido com desafios, resolução de problemas e
descoberta de novas possibilidades.
Na categoria habilidades (37), em que os músicos foram questionados sobre o que é
preciso para tocar bem, constatou-se que o estudo, conhecimento e preparação (26) fazem
parte da subcategoria mais representativa. Citações sobre isso apareceram em todas as
entrevistas. Para os músicos é muito importante a questão da preparação, das horas de estudo
e do conhecimento referente ao compositor, à época e até ao que o compositor queria
expressar para garantir uma boa atuação.
A segunda subcategoria relevante são as habilidades comportamentais (11). Citações
como: dedicação, persistência, paciência, disciplina nortearam todas as respostas dos músicos
como uma espécie de pré-requisito para ser músico.
Para Seligman (2004) uma vida plena é composta pela busca de gratificação e se apoia
nas forças e virtudes. As gratificações segundo o autor produzem flow, que por sua vez exige
esforço e habilidades. Ele alerta que uma vida que não exige esforço e habilidades, composta
por prazeres fáceis e sem desafios está predisposta a depressão.
Na categoria razão desafios x habilidades (22) foram identificadas duas subcategorias
relevantes, quando as habilidades são equivalentes aos desafios (14) e quando os desafios são
maiores que as habilidades (08). Houve apenas cinco citações em que as habilidades são
maiores que os desafios, sendo pouco representativa.
Kamei (2014) afirma que é indispensável que haja equilíbrio entre os desafios
percebidos com as habilidades que o indivíduo possui para a situação proposta. A
subcategoria habilidades equivalentes aos desafios é a mais representativa entre os músicos da
OSUCS, evidenciando o que é chamado pelo autor de “modelo teórico de alcance do flow”.
Na categoria ansiedade (24) as subcategorias relevantes identificadas foram: a
participação ou apresentação solista (13) e as peças musicais com maior complexidade (11).
Esses são os motivos que levam os músicos da OSUCS a entrarem em estado de ansiedade.
Kamei (2014) aborda que para alcançar o estado de flow o indivíduo precisa aumentar suas
habilidades ou diminuir os desafios.
Em todas as entrevistas ficou claro que para os músicos desafios maiores são
“combustíveis” para a busca de superação de seus próprios limites. Todos mencionam que é
preciso estudar mais, se dedicar mais para estarem de acordo com o solicitado.
Já na subcategoria participação ou apresentação solista é inevitável a ansiedade, o “frio
na barriga” conhecido no universo artístico. No entanto, fica evidenciado na subcategoria
controle, que os músicos da OSUCS possuem controle de si mesmos, não sendo esses os
motivos de ansiedade que impedem o alcance do estado de flow, até porque os relatos
mencionam que isso ocorre antes de tocar e não no momento que estão tocando.
Na categoria tédio (11) a subcategoria relevante identificada foi: as muitas repetições
nos ensaios (11). Kamei (2014) alerta que para entrar em flow e não cair no tédio o indivíduo
deve aumentar o nível de desafio. No entanto, os músicos deixam bem claro que isso ocorre

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nos ensaios e que na maioria das vezes ocorre quando colegas erram e é necessário repassar
várias vezes.
Mas nenhum músico mencionou que sente tédio quando precisa repassar várias vezes
até alcançar o nível desejado, muito pelo contrário, observou-se um sentimento de obstinação.
Outra questão que chamou a atenção é que nem mesmo uma música considerada fácil faz com
que tocar fique entediante.
Na categoria controle (12), a maioria das citações revelou que os músicos se sentem no
controle de si mesmos (12). Esta foi a subcategoria mais representativa da categoria e releva a
percepção dos músicos sobre seu corpo e instrumento, porém não da orquestra como um todo,
uma vez que o desempenho de um, depende e é influenciado pelo desempenho dos demais,
conforme relatam os entrevistados: “Só consigo transmitir se tenho o controle” (A), “O
sentimento de controle precisa ter o tempo inteiro. Tenho que estar no controle, o meu
treinamento foi feito e preparado para que independente na situação goste ou não, eu esteja
com o controle absoluto da ação” (B).
Para Kamei (2014), se as habilidades e os desafios estiverem em níveis iguais, a
probabilidade de que a pessoa experimente uma sensação de controle é muito alta. Portanto,
entende-se que a sensação de controle existe entre os músicos da OSUCS e corrobora a
proporcionalidade nos níveis de desafios e habilidades, já mencionada em outra categoria
desta mesma dimensão.
Na categoria feedback (32), questionou-se os músicos sobre quando e como ele ocorre
em suas performances. Neste quesito, não houve dúvidas, todos os entrevistados relataram
que identificam imediatamente através da sonoridade, ou seja, o feedback é instantâneo (32):
“É muito nítido, quando a gente não está fazendo uma coisa bem feita” (A), “Na hora a gente
sabe quando erra, quando toca mal e quando toca bem, quando está desafinado” (B).
Csikszentmihalyi (1999) diz que uma das características da atividade de fluxo é que
ela oferece um feedback imediato. Cada ação demonstra se o desempenho está aproximando o
indivíduo da sua meta. O mesmo autor exemplifica que a cada compasso é possível escutar se
as notas que o músico tocou correspondem à partitura.
Na categoria tempo (36), todos os músicos citaram que o tempo passa rápido (36)
especialmente quando a música está agradável. E essa é uma das características do flow mais
frequentemente mencionada, segundo Kamei (2014), o que é corroborado pelas palavras do
entrevistado A: “Às vezes não sinto, o tempo desaparece. Perco a noção completamente”, e do
entrevistado B:
Eu não sinto passar o tempo, por exemplo, domingo eu estava estudando e
eram seis da tarde. Eu moro em apartamento, em que barulho é permitido até
10:00 da noite. Eu não costumo estudar até esse horário, estudo até
aproximadamente 20:30. Mas eu estava tão imerso no que eu estava fazendo
que eu não vi o tempo passar. Então meu colega de apartamento chegou e
perguntou: cara você sabe que horas são? Não, não faço a menor ideia, deve
ser 19 ou 20 horas. E ele respondeu: não, cara, são 23:30.

O flow é o estado onde corpo e mente fluem de maneira extremamente harmônica, e a


combinação dos seguintes fatores: motivação intrínseca, concentração profunda, emoções
positivas e alto desempenho produzem o alcance dessa condição. (KAMEI, 2014)
Seligman (2004) trata as consequências do flow como um capital psicológico. Para o
autor, quando nos dedicamos a uma atividade que nos permite experimentar o flow é como se
estivéssemos construindo capital psicológico para o futuro que é transmitido pela evolução
através da concentração, a perda da consciência e a interrupção do tempo.
Na dimensão consequências, analisou-se primeiramente a categoria autoestima (50)
que se refere à percepção do sujeito sobre si mesmo, que pode ser intrinsicamente positiva ou
negativa em algum grau.

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Logo após a atividade de tocar, foram identificadas três subcategorias relevantes,


emoções positivas de baixa excitação (17), emoções positivas de alta excitação (25) e
emoções negativas (08). Percebe-se que para alguns músicos a atividade de tocar provoca
sensação de relaxamento, bem-estar e tranquilidade, exemplificando as emoções positivas de
baixa excitação, conforme relata o entrevistado A: “Me acalma, me tranquiliza. Eu pratico
yoga, meditação, mas nenhuma dessas técnicas me deixa tão em paz comigo mesmo como o
trompete”.
Para outros músicos as percepções de emoções positivas de alta e baixa excitação se
misturam, mas para a maioria deles, a emoção de alta excitação prevalece e é descrita com
muita intensidade: “É uma satisfação que eu não consigo descrever. É uma sensação de ser
compensado por todo o esforço” (A), “Energia, euforia, depois do concerto eu fico mais
agitado e eufórico, demoro para voltar ao normal” (B).
Observam-se também emoções negativas. Em todos os casos elas estão relacionadas
com o desempenho durante a música. As emoções negativas como tristeza e frustação
ocorrem quando o músico comete algum erro durante sua performance. Contudo quando os
desafios estão acima das habilidades o músico entra num estado de ansiedade (Kamei, 2014).
Nesses casos, para experimentar o flow, segundo o autor, é necessário estudar mais ou
diminuir o nível de desafio.
Fica evidenciado o fortalecimento da autoestima dos músicos da OSUCS
imediatamente após a experiência de flow. Em cada entrevista verificou-se várias emoções
positivas, reforçando o sentimento da autoestima. Para Csikszentimihalyi (1992) a elevação
da autoestima é considerada uma das consequências do flow e ocorre após a experiência
ótima, tendo em vista que durante a experiência a autoconsciência fica suspensa. Snyder e
Lopez (2009) reforçam que as experiências ótimas trazem consigo sensações de bem estar,
satisfação e alegria, tão importantes para a qualidade de vida das pessoas no dia a dia.
Na categoria crescimento pessoal (26), as duas subcategorias relevantes identificadas
foram: personalidade (17) e fatores sociais (09). Constatou-se entre os músicos que as
consequências decorrentes da música são percebidas por eles através da evolução pessoal e
também num contexto social.
Na subcategoria mais citada, personalidade, os músicos relatam que se tornaram
pessoas mais sensíveis. Outra citação recorrente é o desenvolvimento das habilidades de
concentração e foco. Na subcategoria de fatores sociais os músicos relatam mudanças
positivas no relacionamento com outras pessoas e a maneira de olhar o mundo, atribuindo à
música a evolução deles como pessoas melhores.
Todos os relatos demonstram crescimento pessoal, tanto nas subcategorias de
personalidade e fatores sociais, como também emocionais identificadas nas entrevistas. É
fato, segundo Csikszentimihalyi (1992), que após a experiência ótima o self se organiza
tornando se mais complexo do que no momento anterior a experiência. E é através de
repetidas experiências que o self cresce dando origem a dois processos psicológicos: a
diferenciação e a integração.
Após uma experiência ótima o self se torna mais diferenciado. Ao superar desafios o
indivíduo fica mais preparado e capaz, torna se um indivíduo mais singular (Kamei, 2014).
Citações como: “me tornei uma pessoa mais focada” (A), “sou uma pessoa mais centrada e
com raciocínio rápido em várias coisas” (B), “me tornei mais sensível” (C), “consigo me
expressar” (D), “me fez mais persistente, eu desistia muito fácil antes” (E), reforçam o
crescimento pessoal e o desenvolvimento de diferenciação nos músicos da OSUCS.
Ainda, segundo Kamei (2014), o movimento de integração proporciona maior
comunhão com outras pessoas e com o mundo. O flow ajuda a integrar o self, resultando numa
consciência bem organizada. Identificou-se essa integração na subcategoria de fatores sociais.
Algumas frases dos músicos exemplificam bem esta integração: “Quando você toca numa

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orquestra você aprende o trato com as outras pessoas, o convívio faz você superar muitas
coisas e se tornar uma pessoa melhor” (A), “Eu me identifico com o mundo através da
música” (B), “Me sinto uma pessoa mais madura para o mundo e para a vida, vejo tudo com
outros olhos” (C).
A partir da compilação dos dados do formulário da escala de atitudes, para a análise
dos resultados do nível de flow, foram determinados os seguintes grupos:
Tabela 1 – Por naipe, Tabela 2 – Por tempo que toca o instrumento, Tabela 3 – Por
idade, Tabela 4 – Por antes e depois da música.

Tabela 1: Nível dos músicos – por naipe – em uma escala de 1 a 10 das oito características do
Flow
Número de
músicos Naipes Escala mínima Escala máxima Média da escala
09 músicos Cordas 7,00 9,13 8,13
06 músicos Madeiras 7,88 9,75 8,80
03 músicos Metais 7,75 9,13 8,59

Observou-se que a média de alcance do flow numa escala de 1 a 10 nos músicos da


OSUCS foi de 8,51. E não se observou diferenças significativas entre o alcance de flow em
cada naipe, demostrando que características técnicas e complexidade do instrumento não
influenciam no alcance da experiência ótima.

Tabela 2: Nível dos músicos – por tempo que toca o instrumento – em uma escala de 1 a 10
das oito características do Flow
Número de Tempo que toca o
músicos instrumento Escala mínima Escala máxima Média da escala
04 músicos 05 a 10 anos 8,13 9,13 8,66
06 músicos 11 a 20 anos 7,75 9,13 8,63
05 músicos 21 a 30 anos 7,00 9,75 8,18
02 músicos Acima de 30 anos 7,50 7,88 7,69

Nessa tabela o objetivo é relacionar o alcance do estado flow com o tempo de


experiência na atividade, no caso, tocando um instrumento. Não foram evidenciadas
diferenças significativas. O que pode ser observado nos músicos da OSUCS é que a média de
alcance do flow diminui conforme aumenta o tempo de experiência com a música. Nas três
últimas escalas a diferença é de aproximadamente 0,50 pontos entre elas.

Tabela 3: Nível dos músicos – por idade – em uma escala de 1 a 10 das oito características do
Flow
Número de
músicos Idade Escala mínima Escala máxima Média da escala
04 músicos 20 a 29 anos 7,88 9,13 8,41
08 músicos 30 a 39 anos 8,5 9,75 8,94
05 músicos 40 a 49 anos 7,00 9 7,73
01 músico Acima de 50 anos - - 7,88

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Observou-se que a faixa etária dos músicos da OSUCS é ampla: o músico mais jovem
possui 20 anos e o mais velho possui 50 anos. Essa característica propiciou a observação
sobre a relação entre idade e alcance do estado de flow.
Os músicos com até 39 anos alcançam um nível de experiência ótima
aproximadamente 0,90 pontos acima do que os músicos com idade superior de 40 anos. A
diferença apresenta um resultado relevante, porém não evidencia nenhuma tendência de
quanto maior a idade, menor a possibilidade de alcance da experiência ótima.
Segundo Csikszentimihalyi (1999) a escolha que leva ou não a experiências de flow
não é determinada pela condição humana comum, pelo nível social e cultural, tão pouco
aleatoriamente. Para o autor isso dependerá da iniciativa pessoal e da escolha de cada um.
Ainda segundo o autor “Viver significa experimentar – por meio de atos, sentimentos,
pensamentos” (Csikszentimihalyi, p. 17, 1999).
Contudo, avalia-se que os resultados encontrados nas entrevistas dos músicos da
OSUCS relevam características desse grupo e que não estão pré-determinadas na teoria do
estado de flow, que relaciona a mesma a uma pré-disposição atrelada ao comportamento.

Tabela 4: Nível dos músicos – antes e depois de começar a tocar – em uma escala de 1 a 10
das duas consequências do Flow
Número de Antes e depois
músicos da música Escala mínima Escala máxima Média da escala
Antes = quando
ainda não tocava 3,50 8,50 6,06
18 músicos Depois = depois
de começar a
tocar 7,50 10,00 9,00

Nessa tabela o objetivo foi identificar a percepção dos músicos da OSUCS sobre as
consequências da experiência ótima nas suas vidas e também fazer uma relação entre o
“antes” – quando a música não fazia parte da sua vida e “depois” – hoje.
Verificou se uma diferença de 4,0 pontos, considerada extremamente significativa
entre as escalas mínima e máxima do “antes”, evidenciando percepções muito distintas como
ponto de partida da percepção do fortalecimento da autoestima e crescimento pessoal. A
diferença de 2,50 pontos entre as escalas mínima e máxima do “depois” também é relevante,
mas não comparada à anterior, aproximando o momento atual das consequências do alcance
do estado de flow entre os músicos.
Analisando a diferença média das escalas, de aproximadamente 3,0 pontos, fica
evidente a percepção dos músicos quando ao fortalecimento da autoestima e crescimento
pessoal. Esse resultado deixa claro que a experiência ótima proporciona a evolução do
indivíduo. “O que torna o flow um instrumento ainda mais significativo, é o seu potencial para
melhorar a qualidade de vida a longo prazo” (CSIKSZENTIMIHALYI, 2004 apud KAMEI,
2014, p.109).

Considerações Finais

O tema estudado neste artigo apresenta um estado mental capaz de mudar a percepção
do homem à cerca da felicidade, a razão de viver, o estar no aqui e agora e a sensação de levar
uma vida boa. Por este motivo trata-se de um tema importante e contemporâneo, dado o
descompasso causado pela vida cada vez mais acelerada que as pessoas vêem-se obrigadas a
levar. A causa do descontentamento com a vida pode não estar atribuída ao exercício de uma
ou outra carreira profissional, tão pouco ao fato de o indivíduo não possuir hobbies, mas à sua

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incapacidade de, nestas atividades, encontrar o estado mental que realmente propicie o
surgimento dos sentimentos que resultem em gratificação, bem estar e consciência plena.
Do mesmo modo, poder investigar os relatos dos entrevistados à luz de rigorosa
metodologia científica, bem como, desvendar e compartilhar dos sentimentos que se fizeram
presentes em todas as entrevistas foi uma experiência marcante e inspiradora para os
pesquisadores. O ambiente de estudo, completamente diverso às formações dos autores,
instigou os mesmos a buscarem uma compreensão mais ampla do significado do trabalho,
àquele que está mais relacionado à paixão em detrimento da remuneração. Esta diversidade de
formações, ao mesmo tempo, permitiu o enriquecimento deste trabalho através dos pontos de
vista díspares.
Diante dos dados encontrados sob a ótica de cinco diferentes dimensões de requisitos
para o alcance do flow, é incontestável o fato dos músicos da OSUCS experiencializarem o
estado de fluxo durante os ensaios e concertos públicos da Orquestra. Por meio dos dados
qualitativos das entrevistas, a constatação pode seguramente ser expandida ainda para âmbito
dos ensaios individuais, visto que as características e condições necessárias para o alcance do
estado metal permeiam os relatos na vida privada dos músicos.
Aponta-se que igualmente significativo ao encontro do flow pelos entrevistados são os
reflexos que esse hábito tem em suas vidas. Sentimentos de gratidão, aprovação, superação,
sentir-se um ser humano melhor e ver uma sociedade melhor, perceber-se intelectualmente
mais rico, mais maduro, mais persistente, mais produtivo, com maior capacidade de
concentração, permearam todas as entrevistas. E em vista dos benefícios que a atividade
musical proporcionou aos entrevistados, conclui-se que a mesma é uma via factível para o
alcance do flow, do bem estar e da felicidade.

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