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Doença de evolução crônica que acomete a pele e as mucosas do nariz, da boca, da faringe e da laringe. É causada
por protozoários do gênero Leishmania e transmitidas por insetos flebotomíneos.
ETIOLOGIA
Amastigota: forma aflagelada, encontrada no mamífero. Se multiplica por fissão binária dentro de macrófagos.
São corpúsculos ovoides, de contornos bem definidos, com 2 a 6 m de comprimento por 1,5 a 3 m de largura.
O citoplasma apresenta coloração azul pálida; o núcleo aparece corado em vermelho. Próximo ao núcleo,
corado em violeta, o cinetoplasto apresenta-se puntiforme, ou como um bastonete denso.
Promastigota: depois que os amastigotas alcançam o tubo digestivo do flebotomíneo, se transformam em
promastigotas, formas flageladas que se proliferam por divisão binária. Os promastigotas inoculados na pele
do mamífero retornam à forma amastigota, completando-se o ciclo biológico do protozoário.
Nos mamíferos silvestres, as leishmânias causam pouco ou nenhum efeito patológico, caracterizando uma relação de
equilíbrio entre o parasita e o hospedeiro. Hospedeiros acidentais, incluindo o homem, reagem intensamente à
presença do invasor, resultando daí o aparecimento das lesões. Muitas vezes, porém, a infecção no homem é
inaparente ou se manifesta sob a forma de lesão mínima.
EPIDEMIOLOGIA
Zoonose autóctone do continente americano, mantida na natureza por animais silvestres, com participação
secundária de animais domésticos. Homem é hospedeiro acidental: teoricamente, não tem importância na
manutenção do ciclo, mas pode haver transmissão entre humanos.
Predomina em regiões de clima quente e úmido.
Há cerca de 12 mi de infectados em todo o mundo. Brasil está entre um dos 6 países com a maior porcentagem
de casos (Etiópia, Índia, Somália, Sudão e Sudão do Sul). Endêmica no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e
Sudeste do Brasil.
Comum em áreas onde há desmatamentos para colonização de novas áreas, construção de estradas e
instalação de frentes de trabalho para garimpo, mineração, extração de madeira, etc. Em locais onde a
expansão urbana aproximou a população dos focos naturais da doença.
Transmitida através de flebotomíneos, que possuem hábitos preferencialmente noturnos, sem eliminar a
possibilidade de transmissão durante o dia.
Infecção por L. amazonensis: comum na Amazônia brasileira; pequenos roedores são os principais
reservatórios. O vetor é Bichromomyia flaviscutellata, que apresenta baixo grau de antropofilia, mas a ampla
distribuição do parasita permite o acometimento humano com relativa frequência.
Infecção por L. (V.) braziliensis: comum nos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. Transmitida pelo
Psychodopygus wellcomei. No Nordeste, o vetor é Nyssomyia whitmani.
Infecção por L. (V.) guyanensis: frequente nas florestas tropicais do norte do Brasil, tem transmissão por
duas espécies de flebotomíneos: Nyssomyia umbratilis e Nyssomyia anduzei.
(psychodidae)
QUADRO CLÍNICO
Manifestações iniciais são na pele, no local de inoculação das formas promastigotas. Dependendo da resposta imune
do hospedeiro e da espécie infectante, a doença pode ficar limitada ao local da inoculação do parasita, ou atingir novos
sítios na pele e nas mucosas do nariz, da orofaringe e da laringe.
Distinguem-se três formas clínicas:
Ocorre em pacientes que reagem à infecção com adequada resposta imune celular, que são a maioria.
A manifestação mais comum é a úlcera, observada em pelo menos 85% dos pacientes; nos demais casos,
observam-se lesões verrucosas, vegetantes, papulares, nodulares, tuberosas, ou em placas infiltradas.
A úlcera característica da leishmaniose apresenta contorno circular, com
borda elevada, lembrando a imagem de uma cratera. É pouco exsudativa,
sem tendência a sangramento espontâneo, e mostra um fundo granuloso,
de coloração vermelha, ou então amarelada, quando há deposição de
fibrina. Pode estar coberta por crosta, cuja remoção expõe o aspecto
ulcerado típico. Os pacientes raramente se queixam de dor intensa, mas
alguns referem ardência e pontadas. O infiltrado de células na margem da
úlcera confere à pele coloração avermelhada, que se estende a cerca de
dois centímetros da borda. É comum, no entanto, a colonização da
superfície ulcerada por bactérias e leveduras, conferindo à lesão um
aspecto exsudativo ou purulento, além de torná-la mais dolorosa.
Lesão cutânea típica da
Evolução: período de incubação de 2 a 8 semanas, depois do qual surge, no
leishmaniose tegumentar
local da picada, uma pápula, um nódulo ou uma enduração. A partir da lesão
inicial, instala-se a úlcera, que cresce durante 3 ou 4 meses; o diâmetro
máximo varia de alguns milímetros a vários centímetros. Em seguida, a lesão se estabiliza e, à medida que
começa a prevalecer a reação imune do hospedeiro, tende à cura espontânea, que geralmente ocorre entre 6
meses e 3 anos.
No início da doença, é comum a presença de linfangite e linfadenite regionais, especialmente quando as lesões
se localizam na face ou nos membros superiores. Os gânglios reacionais tendem a regredir após 2 a 3 meses,
à medida que a lesão primária tende a se estabilizar em tamanho; eventualmente, o gânglio evolui para
ulceração, acusando a presença local do parasita.
Pode ocorrer a disseminação linfática, que origina múltiplas lesões secundárias, mais frequentemente quando
o agente é L. (V.) guyanensis
.
FORMA MUCOSA
Lesões instalam-se de preferência nas vias aéreas superiores, acometendo as estruturas mais resfriadas pela
passagem do ar inspirado, especialmente o septo nasal. Caracterizam-se pela evolução arrastada, tendo como
manifestações mais comuns desconforto, ardência, obstrução nasal, aumento de secreção, formação de
crostas escuras e sangramento aos pequenos traumatismos.
Na fase inicial, o exame local evidencia eritema e erosão superficial na mucosa do septo anterior, que pode
estar desviado para o lado oposto ao da lesão. Há também a presença local de processo infiltrativo, causando
tumefação e rugosidades na mucosa. As manifestações podem simular rinite alérgica durante meses.
As lesões apresentam caráter progressivo, com características variadas. Há um espectro de formas clínicas,
ora com predomínio do caráter ulcerativo e mutilante, ora com aumento de volume das partes moles, eritema
e ulcerações superficiais, mas sem destruição importante.
A extensão das lesões não guarda relação com o tempo de evolução, de tal forma que, em poucos meses,
pode ocorrer destruição total do arcabouço nasal e do lábio superior. Outras vezes, a doença evolui durante
muitos anos, com discreta perfuração do septo, sem comprometer a aparência externa.
Na boca, na orofaringe e na laringe, as lesões geralmente assumem caráter proliferativo. É comum a presença,
no palato, de um coxim saliente, com superfície irregular. A úvula e os pilares amigdalianos aumentam de
volume e apresentam eritema, rugosidades e ulcerações superficiais, às vezes cobertas por placas de
monilíase; com o tempo, podem sofrer deformidades ou destruição total. O comprometimento da faringe e da
laringe pode causar distúrbios na deglutição, dificuldade respiratória, rouquidão ou mesmo afonia. Lesões na
língua, nas gengivas e na mucosa jugal são raras, aparecendo, geralmente, na forma cutâneo-mucosa
disseminada.
A maioria das lesões de mucosa é causada por L. (V.) braziliensis. A doença surge, geralmente, no decorrer
dos cinco primeiros anos que sucedem o aparecimento da lesão na pele. Às vezes, porém, manifesta-se até
algumas décadas após a involução da úlcera primária, cuja cicatriz pode ainda ser observada.
Não existem parâmetros que permitam prever o aparecimento de lesões nas mucosas. Sabe-se, porém, que o
risco é bem maior em indivíduos que permitiram a cura espontânea da doença na pele. Em algumas pessoas,
a doença aparece primariamente nas mucosas, sem deixar vestígios na pele.
Imunidade: exacerbação da resposta imune mediada por células T, evidenciada pela intensa reação cutânea
de hipersensibilidade tardia, elevada produção de interferon-g e teste positivo de proliferação de linfócitos. O
quadro histopatológico das lesões é caracterizado por intenso infiltrado de linfócitos e células plasmáticas,
poucos macrófagos, escassos parasitas, semelhante ao observado na forma cutânea localizada.
A detecção de elevadas concentrações de TNF-a no soro dos pacientes antes do tratamento, e de baixos níveis
ao final dele, sugere que essa citocina seja responsável por essa forma da moléstia. Existem, ainda, evidências
de que as lesões seriam causadas por mecanismos de autoagressão, mediada pela ação local de anticorpos
antileishmânia, que identificam antígenos da mucosa normal.
Apesar de não constituir um fator de risco imediato para a vida do paciente, o aspecto fagedênico das lesões
de mucosa e o odor fétido causam repugnância, dificultando-lhe a convivência social e familiar. Mesmo após a
cura, a doença é responsável por estigmas sociais decorrentes de mutilações graves e problemas estéticos de
difícil correção cirúrgica.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Teste de Montenegro
Deve ser realizada antes do início do tratamento, pois os parasitas desaparecem das lesões logo depois de
instituída a terapêutica antimonial.
Os melhores resultados são obtidos por meio de esfregaços em lâmina, a partir de raspagem na borda interna
da úlcera. Impressões em lâmina, obtidas a partir de fragmentos de biópsias, também fornecem bons
resultados.
Pode ser feita ainda por meio de isolamento em meios de cultura e inoculação em hamsters, a partir de material
obtido por biópsia ou punção aspirativa na borda da lesão.
A pesquisa direta do parasita dá índices de positividade em torno de 90%, superando amplamente o exame
histopatológico.
De modo geral, as formas amastigotas são mais abundantes na fase inicial da doença, tornando-se raras em
lesões antigas, especialmente nas mucosas.
Histopatologia
TRATAMENTO
Medicação de escolha: antimoniais pentavalentes (Glucantime). Segunda opção: anfotericina-B.
MEDIDAS DE CONTROLE