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V.

6 - N0 5
Set/Out 2012
ISSN 1981-2922

Periodontia – a base da Odontologia moderna.

Nesta Edição
• Caderno Científico – Periodontia
• Caderno Científico – Cariologia
• PCA – Caderno de Periodontia Clínica Avançada
• Fórum Clínico
Vol. 6 • N0 5 • Set/Out/2012

Qualificação:
Qualis Nacional B4 – Odontologia
Qualis Nacional B4 – Saúde Coletiva
Qualis Nacional B5 – Medicina

Indexação:
BBO – Bibliografia Brasileira de Odontologia
LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

PerioNews - Vol. 6, n.5 (setembro/outubro/2012) - São Paulo: VM Cultural Editora Ltda., 2007

Periodicidade Bimestral

ISSN - 1981-2922

1. Odontologia (Periódicos) 2. Periodontia 3. Cariologia


I. VM Cultural Editora Ltda. II. Título

CDD 617.6005
Black D65
D631
Editorial

PERIODONTIA DO SÉCULO XXI

Vivemos um momento especial na Periodontia, com novas tecnologias, abordagens e propos-

tas de tratamento. Conceitos como reconstrução dos tecidos, estética periodontal, reposição

de raízes perdidas por implantes, medicina periodontal, oclusão em dentes e implantes, além

do perfil sistêmico dos pacientes, têm provocado uma revolução nas atividades clínicas.

Diante disso, é necessário que o profissional especialista “desperte” para essa nova fase e se

preocupe em adquirir o conteúdo de conhecimentos que a literatura tem mostrado nesses

últimos 12 anos, e que se constitui na “Periodontia do século XXI”.

O paradigma do tratamento da doença periodontal tem sido modificado com os avanços das

técnicas de pesquisa clínica, e tem ajudado o clínico no entendimento do início e da evolução

dos processos que comprometem a manutenção da saúde do aparelho mastigatório.

Apesar de todos esses avanços, não podemos nos esquecer de que o sucesso de todos os

trabalhos de reabilitação bucal tem como fundamento o controle da placa dentária bacteriana.
De nada adianta dispor de recursos cirúrgicos se a fase de manutenção for negligenciada.

Esta edição da revista PerioNews traz interessantes artigos dentro dessa nova abordagem da

Periodontia, sempre pautados no embasamento clínico e científico para o melhor aprimo-

ramento dos cirurgiões-dentistas.

Boa leitura!

Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum


Editor científico

PerioNews 2012;6(5):461 461


EDITOR CIENTÍFICO
Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum
(FOP-Unicamp/SP)
(editorcientifico.perionews@vmcom.com.br)
Sumário
CONSELHO CIENTÍFICO
Capa: imagem que expressa
Profs. Drs. Álvaro Francisco Bosco (Unesp-Araçatuba/SP), Arthur Belém Novaes Júnior
a satisfação com o resultado final
(Forp - USP/SP), Benedicto Egbert Corrêa de Toledo (Unifeb/SP), Cassiano Kuchen-
dos tratamentos odontológicos.
becker Rösing (UFRGS/RS), Carlos Alberto Dotto (Unicid/SP), Daiane Cristina Peruzzo
(FOP-Unicamp/SP), Eduardo Gomes Seabra (UFRN/RN), Eduardo Muniz Barretto
Tinoco (Uerj-Unigranrio/RJ), Eduardo Saba Chujfi (SLMandic/SP), Elcio Marcantonio
Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Enilson Antonio Sallum (FOP-Unicamp/SP), Euloir Passa-
nezi (FOB-USP/SP), Fernanda Vieira Ribeiro (FOP-Unicamp/SP), Francisco Pustiglioni 461 | Editorial
(Fousp/SP), Francisco Humberto Nociti Jr. (FOP-Unicamp/SP), Getúlio da Rocha
Periodontia do século XXI
Nogueira Filho (EBMSP/BA), Henrique Cruz Pereira (Unig/RJ), José Eduardo Cezar
Sampaio (Unesp/SP), José Eustáquio da Costa (UFMG/MG), José Roberto Cortelli
(Unitau/SP), Luis Antonio P. Alves de Lima (USP/SP), Magda Feres (UnG/SP), Márcio
465 | Ponto de vista
Fernando de Moraes Grisi (Forp-USP/SP), Marcio Zaffalon Casati (FOP-Unicamp/SP), Reconstrução do periodonto de sustentação: retorno ao paradigma
Mauro Pedrine Santamaria (FOP-Unicamp), Renato de Vasconcelos Alves (FOP-UPE/ Wilson Roberto Sendyk
PE), Ricardo Guimarães Fischer (Uerj-RJ), Rui Vicente Oppermann (UFRGS/RS), Sérgio
Luís da Silva Pereira (Unifor/CE), Sônia Groisman (UFRJ/RJ), Urbino da Rocha Tunes 468 | Fórum clínico
(EBMSP/BA), Valdir Gouveia Garcia (Unesp-Araçatuba/SP), Vinicius Augusto Tramon-
tina (PUC/Paraná), Wagner Leal Serra e Silva Filho (Unicamp/SP), Wilson Roberto Emergências em Periodontia: como proceder?
Sendyk (Unisa/SP), Wilson Trevisan Jr. (Aonp/PR)
472 | Caderno Científico
PerioNews [ www.perionews.com.br ] Trabalhos originais e inéditos em Periodontia e Cariologia
Expediente
Fundador e Diretor Executivo: Haroldo J. Vieira (diretoria.haroldo@vmcom.com.br); 548 | Pesquisas em evidência
Editor-Chefe: Adilson Fuzo (jornalismo.adilson@vmcom.com.br); Editora e Jornalista Leituras essenciais
Responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 (jornalismo.cecilia@vmcom.com.br);
Revisora: Vivian Arais Soares; Assistente de Redação: Aline Souza (jornalismo.aline@ 552 | Eventos
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mustafe@vmcom.com.br) e Rogério Moreno Ferro (web.rogerio@vmcom.com.br);
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Caderno Científico
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
472 | Diagnóstico e tratamento de periodontite agressiva 507 | Reabilitação estética de pacientes periodontais com
Diagnosis and treatment in aggressive periodontitis implantes dentários
Camila Camarinha da Silva Cirino, Hugo Felipe do Vale, Karina Esthetic rehabilitation of patients periodontal disease with
Gonzales Silvério Ruiz, Marcio Zaffalon Casati, Enilson Antônio dental implants – clinical report
Sallum, Renato Correa Viana Casarin Euro Luiz Elerati, Sérgio Carvalho Costa, Mauricéa de Paula Assis

480 | Integração entre Ortodontia e Periodontia no tratamento 515 | Avaliação do conhecimento de cirurgiões-dentistas de
de retração gengival em dente incisivo inferior extruído Ipiaú/BA sobre abscesso periodontal
Integrating Orthodontics and Periodontics in the treatment Evaluating the knowledge of dental surgeons about
of gingival recession in extruded mandibular incisor teeth periodontal abscess in the city of Ipiaú/BA
Danielle Torres Azevedo, Danilo Maeda Reino, Luiz Alexandre Maria Cecília Fonsêca Azoubel, Amália Tavares Cunha, Eduardo
Moura Penteado, Fernando José Camello de Lima Azoubel

485 | O emprego de matriz de colágeno suíno (Mucograft) para 521 | Terapia fotodinâmica no tratamento da doença
recobrimento radicular periodontal e peri-implantar
The porcine collagen matrix (Mucograft) used to root Photodynamic therapy in the treatment of periodontal
coverage. A case report disease and peri-implant disease
Joao Carnio, Marcel Rodrigo Fuganti, Osny Ferrari Ma Fernanda M. Kolbe, Vanessa H. Luchesi, Deborah Haidée A.
Peres de Oliveira, Karina T. Villalpando, Fernanda Vieira Ribeiro
493 | Associação da raspagem com antibioticoterapia em um
caso de periodontite agressiva generalizada 529 | Relação direta da doença periodontal com o nascimento
Association of manual scaling with antibiotic therapy in a de bebês de baixo peso e partos prematuros
case of generalized aggressive periodontitis. Case report Direct relationship between periodontal disease and low
Caroline Lombardo Serra, Daniela Tomazini Morota, Guilherme birth weight babies and premature births
José Pimentel Lopes de Oliveira, Silvana Regina Perez Orrico Viviane Coelho Dourado, Alex Correia Vieira, Luciano Cincurá Silva
Santos, Igor Fernandes de Souza Pereira, Kayure Rocha da Mata,
501 | Marcadores séricos e salivares promissores ao diagnóstico Paula de Sant'Ana Amorim, Rafael Carvalho Nascimento, Rafael
da doença periodontal: uma revisão crítica dos Santos Rodrigues
Serum and salivary promising markers for the diagnosis of
periodontal disease: a critical review 533 | Uso do genograma na avaliação da saúde bucal
Lidiane Cristina Machado Costa, Bárbara Nascimento Using the genogram assessment of oral health: a case report
Albuquerque, Rafael Paschoal Esteves Lima, Simone Angélica Telma Borzino, Lecine Borzino, Sonia Groisman, Ana Catarina
de Faria Amormino, Fernando de Oliveira Costa, Luís Otávio de Busch Loivos, Nilton Penha, Marcos Corvino, Daniela Simões
Miranda Cota, Telma Campos Medeiros Lorentz
539 | PCA – Caderno de Periodontia Clínica Avançada
Diagnóstico e tratamento das doenças peri-implantares
Marco Aurélio Bianchini, Guenther Schuldt Filho, João Gustavo
Oliveira de Souza, Haline Renata Dalago, José Moisés de Souza
Junior

Compromisso com nossos leitores


Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando
aumentar a base de informação.
Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer para mais perto possibilidades futuras.
Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práti-
Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcio-
cas clínicas seguras.
nar segurança nas várias práticas clínicas.
Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fluxo regular de
Incentivar a produção científica de jovens talentos, criando prêmios de mérito para
atualização científica neste campo.
ampliar o número de pesquisadores no Brasil.

PerioNews 2012;6(5):462-3 463


Ponto de vista

RECONSTRUÇÃO DO PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO:


RETORNO AO PARADIGMA

Sabemos que a Medicina se constrói através de pesquisas e descobertas biológicas sequenciais,


cuja interação gera um entendimento sobre determinado fenômeno ou patologia. É desta com-
preensão que nasce a técnica profilática ou terapêutica, que visa o bem-estar do paciente.

Com a Odontologia não poderia ser diferente. Durante os últimos 40 anos na Odontologia, em
geral, e na Periodontia, em particular, produziu-se grande número de publicações científicas
acerca de várias técnicas ou métodos que visavam compensar a reabsorção de parte do perio-
donto de sustentação, sequela, maior característica da periodontite. Como resultado desta evo-
lução, a Periodontia recebeu um extraordinário impulso de desenvolvimento, o que redundou
em diagnóstico mais preciso, melhor avaliação dos fatores de risco, prognóstico e tratamento
mais eficientes para os pacientes portadores de doença periodontal.

De uma maneira geral, podemos salientar que este desenvolvimento foi centrado em maior
conhecimento biológico dos tecidos que compõem o periodonto. Por outro viés, uma melhor
compreensão dos mecanismos de reparação da ferida cirúrgica foi o fator determinante para o
estabelecimento das técnicas estéticas e reconstrutivas da Periodontia.

Do pensamento clínico em voga no início da década de 1970, de que “gengiva saudável é aque-
la que não tem bolsa”, a Periodontia evoluiu não só na prevenção da doença periodontal em
indivíduos sãos, mas também para a reconstrução do periodonto de sustentação perdido pela
periodontite.

Hoje, creio ser o momento de se ampliar o horizonte de tratamento para os pacientes com
periodontite avançada. Uma quantidade significativa de trabalhos científicos relacionados a in-
Wilson Roberto Sendyk
Livre-docente em dutores de formação óssea, enxertos homógenos e terapia celular estão disponíveis na literatura
Periodontia – FOP- médica. Sua aplicação em Periodontia ainda é inicial, mas poderá levar à realização do antigo
Unicamp; Doutor e mestre
sonho de conseguir-se nova inserção de maneira previsível. Só assim o conceito generalizado,
em Periodontia – Fousp;
de que o melhor tratamento para a periodontite avançada é a avulsão dentária e a colocação de
Professor titular da
disciplina de Periodontia e implantes, será sobrepujado.
Implantodontia – Unisa.

PerioNews 2012;6(5):465 465


EMERGÊNCIAS
EM PERIODONTIA:
COMO PROCEDER?
Depois de abordar as lesões de furca,
a seção Fórum clínico traz à discussão,
nesta edição, as “emergências em
Periodontia”, destacando os processos
agudos: GUN, PUN e abscessos.
Acompanhe.

De sintomatologia dolorosa, as doenças agudas perio-


dontais apresentam características clínicas específicas
e abordagem terapêutica diferenciada. Assim, é fun-
damental que o cirurgião-dentista tenha pleno conhe-
cimento para reconhecer os sinais e os sintomas das
principais emergências da clínica periodontal.
O correto diagnóstico de doenças como gengivite ulce-
rativa necrosante (GUN), periodontite ulcerativa necro-
sante (PUN) e abscessos do periodonto, por exemplo, é
essencial para a indicação do tratamento mais adequa-
do. Confira a opinião de três especialistas no assunto.

468 PerioNews 2012;6(5):468-71


Fórum clínico

G
engivite ulcerativa necrosante (GUN) é uma condição inflamatória e destrutiva, caracterizada pela
ulceração e necrose das papilas gengivais. As úlceras são cobertas por uma camada branco-amarelada
composta basicamente por fibrina e tecido necrótico. Inicialmente, as lesões necróticas são raras e
pequenas, e a dor é moderada. As primeiras lesões geralmente surgem nas interproximais da região anterior
da mandíbula. Em estágios avançados, as lesões são dolorosas, e pode haver sangramento espontâneo. Vale
ressaltar que neste estágio pode se formar cratera e comprometimento do ligamento e do osso alveolar,
levando à perda de inserção. O diagnóstico neste estágio passa a ser de periodontite ulcerativa necrosante
(PUN).
Os portadores de GUN e PUN são geralmente adultos jovens com higiene bucal deficiente. Algumas ou-
tras características podem ser detectadas, tais como halitose, intumescimento dos nódulos linfáticos regio-
nais (principalmente em casos mais graves) e, eventualmente, elevação moderada da temperatura corporal.
O uso de tabaco, álcool e estresse psicológico também são considerados fatores de risco para estas doenças.
O objetivo do tratamento da fase aguda é eliminar a atividade de doença caracterizada pela evolução da
necrose tecidual. Na primeira consulta, é realizada raspagem e polimento para remoção de biofilme e cálculo
de acordo com a tolerância do paciente à dor. Na fase inicial, os pacientes são instruídos a utilizar antissép-
ticos bucais como coadjuvantes do controle mecânico, tais como água oxigenada (10 volumes diluída em
água, em proporções iguais) e clorexidina 0,12% duas vezes ao dia. Em situações onde há comprometimento
sistêmico, o uso complementar de antibióticos sistêmicos pode ser preconizado. O tratamento adequado
minimiza os sintomas em alguns dias. Uma vez cronificado o processo, os procedimentos de raspagem,
orientação e motivação de higiene bucal devem ser intensificados, visando o tratamento da gengivite ou
periodontite. Nas áreas onde permanecerem crateras gengivais, podemos optar por cirurgia para corrigir a
morfologia do periodonto. Se for adotado um tratamento adequado, o prognóstico é bom.

Abscesso periodontal
Pode haver dois tipos de abscessos periodontais, de acordo com sua etiologia: 1) abscesso relacionado
à periodontite, onde a infecção aguda tem origem no biofilme presente em bolsas profundas; 2) abscesso
não relacionado à periodontite, quando a infecção aguda tem origem em outra fonte local, como impacta-
ção de corpo estranho ou alterações na integridade radicular. O diagnóstico é baseado na avaliação dos sin-
tomas e dos sinais clínicos e radiográficos. Um sinal evidente é a presença de uma elevação ovoide ao longo
da porção lateral da raiz. Está geralmente associado à bolsa profunda e é comum supuração através de fístula
ou da bolsa. Pode ser observado ainda aumento da mobilidade e sangramento a sondagem.
Os sintomas encontrados podem ser dor, sensibilidade à percussão e, eventualmente, elevação da tem-
peratura corpórea e linfodenopatia regional. No exame radiográfico, a imagem do tecido ósseo interdental
pode ser sugestiva de normalidade ou de perda óssea, variando de um aumento do espaço do ligamento
à perda óssea acentuada. Infecções agudas, como abscessos periapicais e fraturas radiculares, podem ter
características similares às do abscesso periodontal.
Sinais como ausência de vitalidade pulpar, lesões cariosas extensas, fístulas e achados radiográficos são Cássio Volponi Carvalho
importantes no diagnóstico diferencial. O tratamento geralmente consiste em duas etapas: 1) controle da Mestre e doutor em
Periodontia – Fousp;
lesão aguda através de drenagem e debridamento mecânico cuidadoso, para evitar danos ao tecido perio-
Professor do Curso
dontal sadio; 2) após cronificação da lesão, damos continuidade ao tratamento da lesão original ou residual.
de Especialização em
Em algumas situações podemos associar o uso de antibioticoterapia sistêmica. O prognóstico depende das Periodontia – FFO/USP.
condições periodontais prévias. cvcarvalho@me.com

PerioNews 2012;6(5):468-71 469


Fórum clínico

D
entro do abrangente campo em que se inserem as emergências periodontais, não há como se
prescindir de mencionar as doenças periodontais necrosantes (DPN), por serem as mais graves
condições periodontais agudas provocadas pela placa e o abscesso periodontal, em razão de sua
alta prevalência: trata-se da terceira maior causa que leva um indivíduo a procurar um cirurgião-dentista
em caráter emergencial.
A gengivite ulcerativa necrosante (GUN) é uma DPN que se caracteriza por ulcerações que adotam
uma conformação de cratera na papila interdental e gengiva marginal, aparecendo como áreas dolo-
rosas de necrose, de fácil sangramento, com região central deprimida e bordas elevadas, além de odor
fétido. A inspeção cuidadosa da cavidade oral, acompanhada de minuciosa anamnese de sua saúde
bucal e sistêmica, na busca de evidenciar depressão ou supressão do sistema imunológico, fecha o
diagnóstico precoce. O tratamento inicial sugerido para a GUN compreende debridamento, meticulosa
remoção de placa e cálculo, de preferência com ultrassom, e prescrição de quimioterápicos tópicos
(peróxido de hidrogênio a 3% ou clorexidina a 0,12%) e/ou sistêmicos (metronidazol). O paciente deve
ser instruído a retornar e a melhorar sua higiene oral.
Ao se discorrer sobre a GUN, frequentemente, se remete a outra patologia que, apesar de cons-
tituir uma entidade clínica particularizada, apresenta-se sob o mesmo agrupamento em que a GUN está
inserida: a periodontite ulcerativa necrosante (PUN). Consideradas por alguns autores como uma única
condição em que há diferentes manifestações clínicas, a tendência atual, no entanto, é individualizá-las.
De fato, a PUN tem um espectro de sinais que lhe são próprios, a saber: a patente perda de osso alveolar
e de inserção clínica. O tratamento segue os mesmos princípios delineados para a GUN. O prognóstico,
assim como na GUN, varia de acordo com o grau de debilidade imunológica do hospedeiro.
O abscesso periodontal se define por uma infecção bacteriana que se ajusta aos seguintes pré-re-
quisitos: ser localizada, aguda, restrita aos tecidos que compõem o periodonto, resultando em uma ou
mais coleções de pus que detêm comunicação com a cavidade bucal. Sua capacidade em rapidamente
causar vasta destruição tecidual exige que, uma vez estabelecido o diagnóstico – o qual demanda,
em geral, apenas os exames clínico (incluindo sondagem) e radiográfico, em face das evidências, tais
como a presença dos sinais cardinais da inflamação e de sangramento e/ou supuração espontâneos
ou provocados, apenas para citar três dos mais relevantes sinais intraorais – se proceda o tratamento
vigoroso no sentido de, a princípio, controlar a lesão aguda e, a seguir, identificar e solucionar a origem
do problema, bem como, se for o caso, manejar a lesão residual.
No consultório, deve-se inicialmente executar a drenagem através da bolsa periodontal ou por
meio de incisão, a qual pode ou não ser seguida, diante da classe (gengival, periodontal ou pericoronal)
e da severidade do abscesso, por raspagem e alisamento radicular, e cirurgia periodontal. Concomitante
ao tratamento mecânico, o paciente deve ser submetido à antibioticoterapia sistêmica por um período
de cinco dias, após o qual, constatada a remissão completa da infecção, deve-se suspender a droga.
O prognóstico dependerá em grande medida da eficácia do tratamento: sabe-se que a recorrência do
problema está associada a um maior potencial em perder o dente afetado.

Referências
• Armitage GC. Development of a classification system for periodontal diseases and conditions. Ann Periodontol 1999;4:1.
Plínio da Silva Macêdo • Corbert EF. Diagnosis of acute periodontal lesions. Periodontology 2000;34:204-16.
Professor associado de • Herrera D, Roldán S, Sanz M. The periodontal abscess: a review. J Clin Periodontol 2000;27(6):377-86.
• Jaramillo A, Aarce RM, Herrera D, Betancourth M, Botero JE, Contreras A. Clinical and microbiological characterization of periodontal
Periodontia – UFPI; Doutor
abscesses. J Clin Periodontol 2005;32:1213-8.
em Periodontia – FOB-USP. • Lindhe J, Lang NP, Karring T. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
pliniomacedo@bol.com.br • Newman MG, Takei HH, Klokkevold PR, Carranza FA. Carranza’s Clinical Periodontology. 11th ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2012.

470 PerioNews 2012;6(5):468-71


Fórum clínico

O
s processos agudos periodontais englobam infecções localizadas ou generalizadas, associadas ou não
a manifestações sistêmicas, que evoluem rapidamente e causam dor e/ou desconforto. Os absces-
sos provocam sensação dolorosa pelo estímulo dos nociceptores em decorrência da inflamação, e as
doenças periodontais necrosantes causam dor pela exposição de tecido conjuntivo em meios químicos, físicos
e térmicos. O tratamento imediato é essencial para o alívio da sintomatologia, paralisar a rápida perda de inser-
ção, evitar sequelas e perpetuação para um processo crônico.
Os abscessos do periodonto caracterizam-se por uma elevação ovoide e flácida, superfície lisa e brilhante,
coloração avermelhada e com coleção purulenta no seu interior, sendo classificados em abscesso gengival,
periodontal e pericoronário. O abscesso gengival acomete a gengiva marginal livre e/ou papila interdental e
ocorre pela obstrução física da entrada do sulco gengival por partículas contaminadas, como palitos dentais,
alimentos e cimentos odontológicos. O prognóstico é favorável após a remoção mecânica do corpo estranho
e descontaminação da área subgengival. O alívio da dor é imediato e normalmente não há necessidade de
analgésico.
O abscesso periodontal acomete o periodonto de sustentação e está associado a bolsas periodontais
profundas, sensibilidade à palpação, dor difusa e halitose. O prognóstico é variável e depende da quantidade de
osso remanescente e do grau de mobilidade. O tratamento imediato é realizado de maneira semelhante ao do
abscesso gengival, adicionando-se a drenagem via bolsa ou incisão na mucosa e irrigação subgengival com soro
fisiológico, clorexidina ou iodo-povidine. Analgésicos podem ser prescritos, mas a antibioticoterapia deve se
restringir a pacientes com febre, mal-estar e linfadenopatia; pacientes de risco ou quando a sintomatologia em
áreas generalizadas e difusas não permite o tratamento local. A amoxicilina é o antibiótico de escolha, sendo a
clindamicina o substituto para pacientes alérgicos. Por sua alta substantividade nos tecidos periodontais e em
sítios infectados, a azitromicina também pode ser uma opção terapêutica.
O acúmulo de bactérias abaixo do capuz periocoronário e o trauma do dente antagonista sobre ele são
fatores desencadeantes do abscesso pericoronário, comum em terceiros molares inferiores parcialmente im-
pactados. O tratamento local imediato é semelhante ao descrito anteriormente, porém, na presença de trismo,
assimetrias faciais e sintomatologia sistêmica, a terapia antibiótica é fundamental. O tratamento mediato con-
siste na ulectomia ou extração do dente, e dependerá de fatores locais como posição do dente na arcada, grau
de rizogênese e presença de cistos ou tumores.
A gengivite ulcerativa necrosante (GUN) e a periodontite ulcerativa necrosante (PUN) parecem representar
diferentes fases de uma mesma patologia. A GUN caracteriza-se por ulceração crateriforme da gengiva inter-
dental e marginal livre recoberta por uma pseudomembrana amarelada, sangramento, dor moderada a intensa
e halitose; sintomatologia sistêmica é menos frequente e ocorre em casos mais avançados. A PUN apresenta
características semelhantes, porém, acomete gengiva inserida e tecido ósseo, podendo ocorrer sequestros.
Apesar de ser uma patologia desencadeada por bactérias fusoespiroquetais, estresse e fumo são fatores com-
portamentais importantes, bem como má nutrição, imunossupressão e infecção pelo HIV, comumente encon-
tradas em pacientes com PUN.
O pronto atendimento é imprescindível e se baseia na remoção da pseudomembrana, biofilme supragen-
Sérgio Luís da Silva
gival e cálculo por meio de instrumentos mecânicos ou ultrassônicos. Agentes químicos locais, como peróxido Pereira
de hidrogênio e clorexidina, e prescrição de analgésicos são recomendados. O metronidazol deve ser indicado Mestre e doutor em
em casos avançados com manifestação sistêmica. O prognóstico é favorável, entretanto, como não são au- Clínica Odontológica/
tolimitantes, algumas sequelas como perda de papila e recessão gengival podem ocorrer e a necessidade de Periodontia – FOP/
Unicamp; Professor
cirurgia plástica periodontal deve ser considerada.
titular de Clínica
Estabelecer um diagnóstico correto das urgências em Periodontia não é importante apenas para se pla-
Integrada – Curso de
nejar bem o tratamento, mas também compreender que o paciente espera uma aplicação prática do nosso Odontologia – Unifor.
conhecimento para aliviar sua dor e seu sofrimento. luiss@unifor.br

PerioNews 2012;6(5):468-71 471


Revisão da literatura

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE PERIODONTITE AGRESSIVA

Diagnosis and treatment in aggressive periodontitis

Camila Camarinha da Silva Cirino*


Hugo Felipe do Vale**
Karina Gonzales Silvério Ruiz***
Marcio Zaffalon Casati***
Enilson Antônio Sallum****
Renato Correa Viana Casarin*****

RESUMO ABSTRACT
A periodontite agressiva é uma doença que ainda se apresenta como de- Aggressive periodontitis is a disease which still presents challenge to di-
safio para o diagnóstico e para o tratamento. Frequentemente, acomete agnosis and treatment. Frequently, affects healthy individuals, has famil-
pessoas saudáveis, tem forte correlação familiar e produz rápida perda de ial aggregation and produces rapid attachment loss. However, the clinical
inserção. Entretanto, as características clínicas não são suficientes para fe- findings are insufficient to make the diagnosis. The presence of a patho-
char o diagnóstico. A presença de uma microbiota patogênica é funda- genic microbiota is critical for the onset and progression of disease. The
mental para o início e a progressão da doença. A biodiversidade da micro- biodiversity of the subgingival microflora is quite large, and a great part
flora subgengival é bastante grande, e uma grande parte ainda permanece still remains unknown. The genetic profile can also be directly related to
desconhecida. O perfil genético também pode estar diretamente relacio- periodontal destruction, by altering cellular functions related to immune-
nado à destruição periodontal, pela alteração de funções celulares relativas inflammatory system caused by mutations or polymorphisms. Although
ao sistema imune-inflamatório, causadas por mutações ou polimorfismos. the PA is a multifactorial disease hard to understand the etiological fac-
Embora a PA seja uma doença multifatorial de difícil compreensão dos fa- tors, the treatment of choice for the PA is the mechanical therapy, which
tores etiológicos, o tratamento de escolha para a PA é a terapia mecânica, showed significant improvement of clinical parameters. The use of anti-
que demonstrou melhora significativa dos parâmetros clínicos. O uso de microbials as an adjunct in the treatment has attempted to enhance the
antimicrobianos como auxiliar no tratamento tem tentado potencializar clinical results of mechanical therapy. The aim of this article is the clinical,
os resultados clínicos da terapia mecânica. O objetivo deste artigo foi pon- microbiological and immunological that can help the diagnosis of aggres-
tuar as características clínicas, microbiológicas e imunológicas que possam sive periodontitis, as well as a review of protocols for periodontal treat-
auxiliar o diagnóstico da periodontite agressiva, bem como uma revisão ment more recently evaluated, allowing a treatment focused on specific
dos protocolos de tratamento periodontal mais recentemente avaliados, characteristics of this disease.
permitindo um tratamento focado em características específicas dessa Key Words – Aggressive periodontitis; Diagnosis; Treatment.
condição patológica.
Unitermos – Periodontite agressiva; Diagnóstico; Tratamento.

*Mestranda em Clínica Odontológica, área de concentração Periodontia – Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas.
**Doutorando em Clínica Odontológica, área de concentração Periodontia – Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas.
***Professores doutores do Departamento de Prótese e Periodontia – Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas.
****Professor titular do Departamento de Prótese e Periodontia – Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas.
*****Doutor em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Universidade Estadual de Campinas.

Recebido em abr/2012 – Aprovado em mai/2012

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Periodontia

de sucesso clínico.

A PERIODONTITE AGRESSIVA É Dessa forma, o presente estudo abordou conceitos recen-


tes sobre características clínicas, microbiológicas e imunológicas
UMA FORMA DE PERIODONTITE
que possam auxiliar o diagnóstico da periodontite agressiva, bem
RARA E FREQUENTEMENTE GRAVE,
como uma revisão dos protocolos de tratamento periodontal mais
CARACTERIZADA POR ACOMETER
recentemente avaliados, permitindo um tratamento focado em
INDIVÍDUOS SISTEMICAMENTE características específicas dessa condição patológica.
SAUDÁVEIS, PRODUZIR RÁPIDA PERDA

DE INSERÇÃO E ÓSSEA, ALÉM DE TER


Revisão da Literatura
FORTE CORRELAÇÃO FAMILIAR.
Até 1999, a classificação das doenças periodontais que aco-
metiam pacientes jovens era dada pelo termo periodontite de
acometimento precoce, o que incluía as chamadas periodontite
pré-puberal, juvenil e de progressão rápida. A utilização dos parâ-
Introdução metros idade e taxa de progressão levaram a grandes problemas
na classificação dos indivíduos portadores da doença, culminando
A periodontite agressiva é uma forma de periodontite rara em uma nova denominação destas condições. Em 1999, durante o
e frequentemente grave, caracterizada por acometer indivíduos Workshop Internacional para Classificação das Doenças Periodon-
sistemicamente saudáveis, produzir rápida perda de inserção e ós- tais, o termo periodontite agressiva (PA) foi apresentado em subs-
sea, além de ter forte correlação familiar. Secundariamente, pode tituição à periodontite de acometimento precoce3.
haver incompatibilidade da quantidade de placa e severidade da A PA, como outras formas de periodontite, tem seus meca-
doença, presença elevada de Aggregatibacter actinomycetemco- nismos patogênicos baseados em um desafio microbiano, e po-
mitans e, em alguns casos, de Porphyromonas gingivalis, anorma- dem ser modificados por condições genéticas e/ou adquiridas, e
lidade fagocitária, pobre resposta de anticorpos contra agentes ambientais, como tabagismo, estresse, uso de drogas, influência
infecciosos e macrófagos hiperresponsivos, e um caráter autolimi- de hormônios sexuais, entre outros4. Para um diagnóstico preci-
tante na progressão da doença1. so, é necessário que o profissional tenha conhecimento tanto dos
No Brasil, alguns estudos demonstraram uma prevalência alta aspectos clínicos, quanto de aspectos microbiológicos, imunoló-
da doença, com média de 5,55%, com ocorrência maior em indiví- gicos, histopatológicos, genéticos, além de questões relativas a
duos na faixa de 25 a 29 anos, fumantes, em condição socioeconô- prognóstico e resposta ao tratamento. Estes tópicos serão abor-
mica baixa e com presença significativa de cálculo supragengival .
2
dados a seguir.
Embora muitos estudos tenham sido realizados com o in-
tuito de entender melhor o processo de instalação dessa doença Aspectos clínicos
e características patognomônicas da mesma, o diagnóstico dife- Desde a década de 1920, autores5 já relatavam um tipo in-
rencial ainda não é realizado com fidelidade e confiabilidade. Além comum de periodontite que acometia principalmente incisivos e
disso, o tratamento mais previsível para essa condição ainda não molares, e era observada em pacientes jovens. Chamou-se aquela
é consensual. Diversos estudos buscam identificar o melhor pro- condição de cementopatia. Também observou-se que não havia
tocolo de tratamento periodontal para a periodontite agressiva, relação entre a destruição periodontal e fatores locais (placa e cál-
sendo o uso de antimicrobianos uma valiosa ferramenta no intuito culo) nos estágios iniciais da doença, levando a chamar esta condi-
de promover melhor resposta ao tratamento. Entretanto, embora ção de atrofia difusa do osso alveolar ou periodontose6.
algumas revisões sistemáticas tenham identificado um benefício A periodontite agressiva possui algumas características es-
adicional, não se tem consenso quanto à droga, tempo e dosagem pecíficas que permitem classificá-la em localizada e generalizada.
a ser utilizada. Além disso, outras formas de tratamento são pouco Na periodontite agressiva localizada, o acometimento é circum-
estudadas, por exemplo, a instalação de implantes e terapias rege- puberal, com perda de inserção em molares e incisivos. Já a pe-
nerativas, embora alguns estudos tenham mostrado possibilidade riodontite agressiva generalizada, em geral, afeta pacientes com

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Cirino CCS • do Vale HF • Ruiz KGS • Casati MZ • Sallum EA • Casarin RCV

idade inferior a 30 anos, com perda de inserção generalizada


e com característica episódica, afetando mais de três dentes
além de incisivos e molares.
As Figuras 1 e 2 ilustram os aspectos clínicos e radiográ-
ficos de um paciente de 24 anos, do gênero feminino, com
diagnóstico de periodontite agressiva generalizada.
A Tabela 1 ilustra as características da periodontite
agressiva em suas duas formas.

Figura 1 – Aspecto clínico.

Figuras 2 – Aspecto radiográfico.

TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DA PERIODONTITE AGRESSIVA LOCALIZADA E GENERALIZADA, SEGUNDO A ACADEMIA AMERICANA DE PERIODONTIA – ADAPTADO DE ARMITAGE, 20047

Periodontite agressiva localizada Periodontite agressiva generalizada


Frequente em adolescentes Frequente abaixo de 30 anos
Progressão rápida Progressão rápida
Depósitos bacterianos não consistentes com a destruição Depósitos bacterianos às vezes consistentes com a destruição
Destruição periodontal localizada em incisivos e primeiros molares permanentes Destruição periodontal em incisivos, primeiros molares permanentes e outros dentes
Agregação familiar marcante Agregação familiar marcante
Cálculo subgengival frequentemente ausente Cálculo subgengival presente/ausente

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Periodontia

Levando em consideração a taxa de progressão, a periodon- permitido a identificação de diversos novos possíveis patógenos
tite agressiva localizada poderia ser uma forma inicial de perio- periodontais13.
dontite agressiva generalizada, embora não haja evidências para
tal afirmação. A PA possui taxa de progressão muito variada, com Aspectos relativos ao hospedeiro
perda de inserção aproximada de 2 mm a 3 mm por ano7. Entre- Mesmo quando se observa o comportamento da PA em indi-
tanto, como uma das características da doença é sua capacidade víduos com padrões microbianos semelhantes, a progressão não
autolimitante , torna-se questionável a teoria da evolução da for-
4
é semelhante, sugerindo que a influência de fatores inerentes ao
ma localizada em generalizada. hospedeiro é extremamente importante no estudo da patogênese.
Estas características clínicas são orientadoras para o diagnós- Desde 1999, já se estabeleceu alguns fatores imunes como
tico, porém, como são muito variáveis de indivíduo para indivíduo, características secundárias da PA, como anormalidades fagocíticas,
é necessário lançar mão de outros meios para fechar o diagnóstico altos níveis de PGE2 e IL-1β e macrófagos hiperresponsivos1.
de periodontite agressiva. A íntima relação familiar, característica da periodontite agres-
siva, é alvo de diversos estudos. O perfil genético pode estar dire-
Aspectos microbiológicos tamente relacionado à destruição periodontal, pela alteração de
O desafio microbiano é essencial para o desenvolvimento da funções celulares relativas ao sistema imune-inflamatório, causa-
periodontite. A infecção que acomete os tecidos periodontais é das por mutações ou polimorfismos14.
causada por diversos microrganismos, que fazem parte da micro- Muitos polimorfismos genéticos têm sido investigados como
biota indígena da maior parte dos indivíduos8. biomarcadores para doença periodontal agressiva. O gene po-
O combate aos patógenos periodontais torna-se mais difícil limórfico antagonista do receptor da IL-1 foi apontado com um
pela agregação dos mesmos em biofilme. O comportamento das marcador de risco para PA generalizada em uma população ira-
bactérias organizadas em biofilmes é bem diferente das bactérias niana15.
planctônicas, já que seus fatores de virulência e patogenicidade são Alterações no gene da IL-6 podem estar relacionadas com a
significativamente potencializados, além do biofilme ser resistente presença de Aa na periodontite16, assim como a presença deste
ao sistema de defesa do indivíduo e agentes antimicrobianos4. patógeno induz a expressão de várias quimiocinas, como MIP-1α,
A microbiota presente em PA é bastante complexa e variá- MIP-1β, MIP-1γ, RANTES, MIP-2, e IP 10, que podem estar relaciona-
vel. Microrganismos do complexo vermelho9 (Tanerella forsythia, das com a migração de linfócitos T, monócitos e neutrófilos para o
Porphyromonas gingivalis e Treponema denticola) são altamente sítio inflamatório17. Já o aumento dos níveis de IL-4 e IL-13 parece
relacionados com profundidade de sondagem e sangramento a estar relacionado com a presença dos genótipos -34 TT e -590 TT
sondagem. O patógeno Aggregatibacter actinomycetemcomitans da IL-4 em pacientes com PA. Estas citocinas são responsáveis por
também é fortemente associado à incidência da PA, principalmen- regular a inflamação e a produção de anticorpos18.
te em sua forma localizada4. A presença do Aa promoveu aumento Estudos epigenéticos têm sido alvo de muitas pesquisas,
do risco de indivíduos jovens desenvolverem a doença no futuro, principalmente pesquisas com metilação do DNA. Recentemente,
além de aumentar em 18 vezes o risco de perda de inserção10. uma pesquisa mostrou que a metilação do gene da IL-8 interfere
Além destes patógenos, outros também estão relacionados na PA generalizada19. Fatores ambientais como o fumo, o estresse
com a PA, como o Campylobacter rectus, Prevotella intermedia, e as alterações hormonais podem levar ao aumento da metilação
Treponema SSP, bacilos entéricos, entre outros . Vírus também
11
dos genes, embora não haja evidências científicas deste evento
têm sido apontados como modificadores de instalação e progres- em PA20.
são da doença periodontal, sendo frequentemente detectados na A resposta do hospedeiro também pode ser analisada pelos ní-
microbiota subgengival de portadores de PA . 12
veis de citocinas e anticorpos. Em população brasileira, verificou-se
A biodiversidade da microflora subgengival é bastante gran- que, em pacientes com periodontite agressiva generalizada, os ní-
de, e grande parte ainda permanece desconhecida. Apenas 50- veis de IL-10 e de IgG estão diminuídos, e que, após o tratamento,
60% dos microrganismos são cultiváveis, entretanto, técnicas mo- a redução da IL-10 teve uma correlação significativa com a redução
leculares mais modernas, como a análise do gene 16S rRNA, têm da profundidade de sondagem21-22.

PerioNews 2012;6(5):472-8 475


Cirino CCS • do Vale HF • Ruiz KGS • Casati MZ • Sallum EA • Casarin RCV

Tratamento tou que, após 15 anos da primeira avaliação, os sítios não tratados
Uma vez realizado um diagnóstico correto baseado em evi- na forma localizada tiveram tendência à estabilização ao longo do
dências clínicas e de posse das características microbiológicas e tempo, enquanto que na PAG houve maior perda de inserção e
imunológicas/genéticas da PA, pode-se optar por um protocolo dental24.
de tratamento mais eficiente e previsível, apesar de, independente Em PAL verificou-se que o tratamento mecânico com raspa-
da severidade, o sucesso do tratamento estar diretamente relacio- gem e alisamento radicular (RAR) não resultou em melhora nos pa-
nado à motivação do paciente. É necessário que o paciente esteja râmetros clínicos e microbiológicos25, embora um estudo de longo
ciente de sua condição e possa aderir ao tratamento no que tange prazo tenha notado ganho de inserção clínica nos sítios tratados
o controle de placa, controle dos fatores de risco e manutenção. com terapia cirúrgica e não cirúrgica24.
Embora a PA seja uma doença multifatorial de difícil com- Em PAG, um estudo onde se realizou RAR e instruções de
preensão dos fatores etiológicos, a terapia mecânica é um dos higiene oral mostrou, após dez semanas, um ganho de inserção de
elementos do processo de tratamento. Muitos estudos relatam 1,77 mm e redução de profundidade de sondagem de 2,11 mm.
pobre resposta ao tratamento mecânico, com discreta redução Entretanto, 32% dos indivíduos não responderam ao tratamento,
da profundidade de sondagem e da contagem de patógenos, e sendo o tabagismo o principal responsável pelo insucesso26.
pouco ganho de inserção clínica23. As Figuras 3 e 4 ilustram um caso de PAG com boa resposta
A diferença na resposta nas formas localizada (PAL) e genera- ao tratamento. As imagens apontam a condição clínica no Baseli-
lizada (PAG) também deve ser levada em consideração. Um estudo ne, um mês e três meses após a realização do tratamento, respec-
longitudinal feito com famílias portadoras de PAL e PAG consta- tivamente.

Figuras 3 – Sítio
mesiovestibular
do dente 43.
Baseline, um mês
e três meses após
tratamento.

Figuras 4 – Sítio
mesiovestibular
do dente 24.
Baseline, um mês
e três meses após
tratamento.

476 PerioNews 2012;6(5):472-8


Periodontia

Assim, na busca de aumentar os resulta- A TERAPIA ANTIMICROBIANA imunológicos, uma conclusão definitiva ainda
dos clínicos da terapia periodontal, o uso de parece estar distante da realidade. Por isso,
LOCAL TAMBÉM PODE SER UMA
antimicrobianos como auxiliar no tratamento mais estudos são necessários no sentido de
ALIADA NO TRATAMENTO DA PA.
da PA tem sido, nos últimos anos, muito es- desenvolver testes microbiológicos, imunoló-
EM UM ESTUDO, VERIFICOU-SE
tudado e questionado. A associação de amoxi- gicos e/ou genéticos que auxiliem no diagnós-
cilina com metronidazol por via sistêmica tem QUE A UTILIZAÇÃO DE FIBRAS DE tico desta condição.
sido o protocolo com resultados mais expres- TETRACICLINA EM SÍTIOS AFETADOS O estabelecimento de um prognóstico
sivos. A terapia antimicrobiana (amoxicilina + PRODUZIU RESULTADOS MELHORES é, também, um processo complexo. Alguns
metronidazol) adjunta à terapia mecânica pro- fatores, como bolsas profundas persistentes,
DO QUE A RAR SOZINHA28.
duziu melhoras nos parâmetros clínicos, além perda de inserção, mobilidade, lesões de furca,
da redução de P. gingivalis, T. forsythia, Trepo- supuração, placa e cálculo, podem ser auxilia-
nema denticola e Aa, imediatamente e seis meses após a terapia . 27
res na previsibilidade do tratamento26. Fatores individuais, como
A terapia antimicrobiana local também pode ser uma aliada tabagismo, predisposição genética, idade, gênero, raça, condições
no tratamento da PA. Em um estudo, verificou-se que a utiliza- biopsicossociais também devem ser levados em consideração e,
ção de fibras de tetraciclina em sítios afetados produziu resultados muitas vezes, são mais importantes no resultado clínico do trata-
melhores do que a RAR sozinha28. Entretanto, são necessários mais mento do que os próprios parâmetros clínicos29. Entretanto, todo
estudos com diferentes sistemas de liberação local em periodonti- o complexo processo de determinação de prognóstico esbarra na
te agressiva para confirmar seus benefícios. falta de um protocolo efetivo de tratamento da PA, fato que como
Ainda que haja um diagnóstico preciso e um tratamento ativo visto, não há consenso na literatura.
adequado, o objetivo da terapia é manter a saúde periodontal. E O tratamento de escolha para a PA é a terapia mecânica, seja
neste sentido, a terapia periodontal de suporte é uma condição ela não cirúrgica ou cirúrgica, que demonstrou melhora significa-
primordial para o sucesso em longo prazo. tiva dos parâmetros clínicos24. Entretanto, estudos mostram pior
resposta quando comparado à, por exemplo, periodontite crôni-
Discussão ca. Dessa forma, nas últimas décadas, muitos estudos focaram em
avaliar o potencial na terapia antimicrobiana como uma auxiliar
De maneira geral, pode-se dizer que a patogênese da doença para potencializar os efeitos da terapia mecânica. Dentre todos os
periodontal agressiva está na interação da microbiota patogêni- protocolos medicamentosos estudados, a associação de amoxici-
ca com a resposta alterada do hospedeiro, assim como na perio- lina/metronidazol parece ser a de maior previsibilidade, embora
dontite crônica. Entretanto, nos pacientes com PA, esse equilíbrio não haja um consenso quanto à dose de cada droga, o tempo de
entre agressão e defesa do hospedeiro parece ser alterado de duração e/ou efeito a longo prazo.
forma a promover uma rápida e severa destruição dos tecidos pe- Recentemente, um estudo demonstrou que a associação des-
riodontais. Sendo assim, o peso de cada um desses fatores ainda sas drogas com o protocolo mecânico de desinfecção de boca toda
precisa ser investigado a fundo, mas, acima de tudo, conhecido promoveu maior redução de sondagem em bolsas profundas e re-
pelo clínico durante o processo de diagnóstico e tratamento da dução de Aa quanto comparado apenas à terapia mecânica isolada30.
periodontite agressiva. Entretanto, mais estudos devem ser realizados com o intuito de
O diagnóstico de periodontite agressiva é um processo que elevar o conhecimento das possibilidades e determinar-se um pro-
demanda um amplo conhecimento das características da doença. tocolo mais efetivo.
Porém, esse processo ainda pode ser difícil em casos de alterações Finalmente, como a periodontite agressiva é uma condição
sistêmicas associadas, pacientes acima dos 35 anos, presença de rara, há uma clara dificuldade no estabelecimento de um número
fatores locais abundantes, entre outros. Embora muitos esforços de indivíduos portadores da doença que permita realizar estudos
tenham sido feitos nos últimos anos, não há um parâmetro bio- clínicos controlados e randomizados. Pesquisas para o desenvol-
marcador que seja definitivo na diferenciação das periodontites vimento de testes auxiliares ao diagnóstico clínico podem levar,
crônica e agressiva. Como visto anteriormente, embora diferenças no futuro, ao estabelecimento de novos protocolos individualiza-
pontuais tenham sido detectadas em testes microbiológicos e/ou dos de tratamento, sendo esta uma tendência no tratamento em

PerioNews 2012;6(5):472-8 477


Cirino CCS • do Vale HF • Ruiz KGS • Casati MZ • Sallum EA • Casarin RCV

saúde de uma forma geral. Assim, mais esforços serão necessários Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
nos próximos anos, a fim de se entender de forma mais completa por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
a periodontite agressiva.
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
Conclusão honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
A periodontite agressiva é uma doença de natureza infeccio- royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
sa e inflamatória, que acomete pacientes jovens, caracterizada por
rápida perda de inserção e extensa perda óssea. Esta velocidade Endereço para correspondência:
Camila Camarinha da Silva Cirino
de progressão está associada a uma microbiota virulenta e fatores Avenida Limeira, 901
inerentes ao hospedeiro, como polimorfismos genéticos e altera- 13414-903 – Piracicaba – SP
Tel.: (19) 2106-5301
ções de produção de citocinas. O tratamento é, em geral, mecâ- camilacamarinha@yahoo.com

nico e químico, com o auxílio de antimicrobianos. O prognóstico


desta doença ainda é sombrio, sendo que o diagnóstico precoce é
uma das condições para melhora do prognóstico.

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478 PerioNews 2012;6(5):472-8


Relato de caso clínico

INTEGRAÇÃO ENTRE ORTODONTIA E PERIODONTIA NO TRATAMENTO


DE RETRAÇÃO GENGIVAL EM DENTE INCISIVO INFERIOR EXTRUÍDO

Integrating Orthodontics and Periodontics in the treatment


of gingival recession in extruded mandibular incisor teeth

Danielle Torres Azevedo*


Danilo Maeda Reino**
Luiz Alexandre Moura Penteado***
Fernando José Camello de Lima***

RESUMO ABSTRACT
Embora diversas técnicas cirúrgicas estejam disponíveis para o tratamen- Although several surgical techniques are available for the gingival recession
to de retrações gengivais, a taxa de sucesso ainda é variável devido aos treatment, the success rate is still variable due to different levels of severity
diversos níveis de gravidade desta condição gengival. Desta forma, reco- of gingival condition. Thus, partial root coverage is expected in teeth that
brimento radicular parcial é esperado em dentes que apresentam altera- show changes such as bad positioning and extrusions, being accepted as
ções de posicionamento, tais como giroversões e extrusões, sendo aceitos a challenge to periodontists. However orthodontic treatment can be used
como desafios para periodontistas. No entanto, o tratamento ortodôntico to correct tooth positioning, facilitating and increasing the root coverage
pode ser utilizado para corrigir o posicionamento dentário, facilitando e predictability. The purpose of this report is to demonstrate the complete
aumentando a previsibilidade do recobrimento radicular. O objetivo deste root coverage obtained in an extruded lower incisor through the integra-
relato de caso foi demonstrar o recobrimento radicular completo obtido tion of Orthodontics and Periodontics.
em incisivo inferior extruído, através da integração entre Ortodontia e Key Words – Gingival recession; Periodontal plastic surgery; Root covera-
Periodontia. ge; Ortodontics.
Unitermos – Retração gengival; Cirurgia plástica periodontal; Recobrimen-
to radicular; Ortodontia.

*Especialista, mestre e doutoranda em Odontopediatria – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
**Especialista, mestre e doutorando em Periodontia – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
***Professores assistentes – Universidade Federal de Alagoas.

Recebido em set/2011 – Aprovado em set/2011

480 PerioNews 2012;6(5):480-4


Periodontia

aumentam a área avascular, pois as retrações se tornam mais lar-


RETRAÇÕES GENGIVAIS SE CARACTERIZAM gas e convexas, dificultando a nutrição dos tecidos periodontais
PELA EXPOSIÇÃO DA RAIZ DENTÁRIA, DEVIDO e até mesmo do enxerto de tecido conjuntivo quando utilizado.

A MIGRAÇÃO APICAL DO TECIDO GENGIVAL


Já as inclinações vestibulares ou palatinas/linguais costumam levar
a raiz dentária para fora do perímetro do arco do osso alveolar,
MARGINAL1. ESSAS LESÕES SÃO FACILMENTE
gerando deiscências e fenestrações; também, podem aumentar
ENCONTRADAS, PODENDO ATINGIR ATÉ 50%
a área avascular, a qual deverá ser recoberta com tecido gengival.
DA POPULAÇÃO ADULTA2. AS RETRAÇÕES Para que o recobrimento radicular seja bem-sucedido e o
GENGIVAIS APRESENTAM COMO FATOR resultado estável em longo prazo, o maior número possível de fa-
ETIOLÓGICO A INFLAMAÇÃO DO TECIDO tores de risco devem ser controlados e o fator etiológico deve ser

GENGIVAL, A QUAL PODE SER CAUSADA PELO


eliminado. Desta maneira, é importante a indicação do tratamento
ortodôntico como forma de eliminar fatores de risco associados
ACÚMULO DE BIOFILME MICROBIANO OU POR
à Ortodontia, com a finalidade de aumentar a taxa de sucesso no
TRAUMATISMO MECÂNICO3-4.
recobrimento radicular. Portanto, o objetivo deste relato de caso
foi demonstrar associação de tratamento ortodôntico e cirurgia
plástica periodontal para o tratamento de retração gengival em
dente extruído.
Introdução
Relato de Caso Clínico
Retrações gengivais se caracterizam pela exposição da raiz
dentária, devido a migração apical do tecido gengival marginal1. Paciente do gênero feminino, 18 anos, compareceu à clínica
Essas lesões são facilmente encontradas, podendo atingir até 50% odontológica; sua queixa principal estava relacionada à hipersensi-
da população adulta . As retrações gengivais apresentam como
2
bilidade dentinária e estética. O exame clínico revelou bom padrão
fator etiológico a inflamação do tecido gengival, a qual pode ser de higiene bucal, mas com presença de retração gengival isolada
causada pelo acúmulo de biofilme microbiano ou por traumatismo de 5 mm em incisivo inferior extruído (elemento dentário 31), o
mecânico3-4. qual devido a exposição radicular era fonte de sua queixa de hiper-
Embora somente a inflamação do periodonto seja aceita sensibilidade dentinária. O exame radiográfico confirmou não ha-
como fator etiológico, existem fatores de risco, os quais podem ver perda óssea interproximal, caracterizando a retração gengival
aumentar a incidência destas lesões assim como a gravidade das como Classe I de Miller6.
mesmas . Isoladamente, os fatores de risco não causam retrações
5
Foi realizada instrução de higiene bucal e orientação sobre a
gengivais, mas quando presentes podem agravar esta condição. etiologia das retrações gengivais, como forma de preservar o futu-
Desta forma, o tratamento torna-se mais, reduzindo, consequen- ro resultado cirúrgico e evitar a ocorrência de retrações gengivais
temente, a sua taxa de sucesso . Muitos são os fatores de risco
5
em outros elementos dentários. Em seguida, a paciente recebeu
associados às retrações gengivais: fumo, presença de bridas e profilaxia. Quando o índice de biofilme bacteriano apresentou re-
inserções musculares altas, biotipo gengival delgado, fatores de sultado inferior a 20% em duas consultas consecutivas, o procedi-
retenção de biofilme microbiano entre outros . 5
mento cirúrgico foi agendado.
Alguns fatores de risco estão relacionados à Ortodontia, ou Devido à pequena faixa de tecido queratinizado e à pequena
seja, condições que são tratadas por essa especialidade, as quais espessura gengival, foi feita a opção por dois estágios cirúrgicos7.
são capazes de agravar ou dificultar o recobrimento radicular. Ex- A primeira cirurgia consistiu em formar tecido queratinizado e au-
trusões dentárias distanciam a junção cemento-esmalte da crista mentar a espessura gengival. Incisões verticais foram realizadas,
óssea alveolar, condição que aumenta a chance de recobrimento sendo unidas com incisões horizontais e incisão intrassulcular no
radicular incompleto. Apinhamentos dentários facilitam o acúmulo elemento 31. Em seguida, o retalho parcial foi elevado, preservan-
de biofilme microbiano, podendo gerar recidivas após tratamento, do tecido conjuntivo e periósteo, criando o leito receptor para o
além de poder dificultar o procedimento cirúrgico. As giroversões enxerto gengival. Condicionamento radicular químico foi realizado

PerioNews 2012;6(5):480-4 481


Azevedo DT • Reino DM • Penteado LAM • de Lima FJC

com tetraciclina (Medquímica, SP), uma cápsula de 500 mg foi dis- de espessura gengival (Figuras 1).
solvida em 10 ml de solução salina, sendo aplicado o medicamento O segundo estágio cirúrgico foi executado com a finalidade
com algodão esterilizado por cinco minutos sobre a raiz dentária. de recobrir a raiz dentária exposta. Incisões verticais estenden-
Após a descontaminação da raiz exposta foi procedida a irrigação do-se além da junção mucogengival foram realizadas e unidas
abundante com solução salina. com incisões horizontais na altura da junção cemento-esmalte.
Gaze umedecida foi deixada sobre a área cirúrgica e em se- Após incisão intrassulcular, um retalho total foi elevado, seguido
guida, após anestesia do palato duro, foi executada a remoção de pela divisão do mesmo em sua base, a fim de eliminar sua tensão.
enxerto gengival. Incisões foram realizadas no palato duro, de for- Depois, o retalho foi posicionado coronalmente, recobrindo toda
ma a criar um retalho trapezoidal similar ao retalho criado na área a raiz dentária exposta. Suturas foram realizadas com fio de seda
receptora. Com uma nova lâmina de bisturi, o retalho foi dividido 4.0, as quais foram removidas após dez dias. A medicação e as
de forma a obter um enxerto gengival livre de aproximadamente instruções pós-operatórias foram repetidas, assim como após o
2 mm de espessura, mantendo tecido conjuntivo e periósteo sobre primeiro estágio cirúrgico. Retornos para pós-operatório foram
o osso palatino. Compressa com gaze umedecida foi realizada por realizados semanalmente até completar 30 dias. A paciente relatou
três minutos, posteriormente suturas com fio de seda 4.0 foram pós-operatório tranquilo. Retornos foram realizados mensalmen-
realizadas a fim de favorecer a manutenção do coágulo, sendo te, até completar três meses. Após seis meses de cicatrização, a
depois aplicado cimento cirúrgico (Coe-Pak EUA) sobre o leito paciente recebeu alta para se submeter ao tratamento ortodôn-
doador. Em seguida, o enxerto gengival livre foi adaptado sobre tico, com finalidade funcional e estética. Durante o tratamento
o leito receptor e suturado com fio seda 4.0. Foi prescrita me- ortodôntico foi possível observar completo recobrimento radicu-
dicação analgésica e anti-inflamatória por três dias. A paciente lar, que foi capaz de intruir o elemento 31, diminuindo a distância
foi instruída a não escovar as áreas operadas por 14 dias, sendo entre junção cemento-esmalte e crista óssea, assim como corrigir
prescrito uso de bochechos com clorexidina a 0,12%. Cimento posicionamento e inclinação dentária. Desta forma, foram criadas
cirúrgico e suturas foram removidas com dez dias. Após 60 dias, condições adequadas para o periodonto, sendo obtido recobri-
ambos os sítios operados apresentavam-se bem cicatrizados, mento radicular completo. O caso recebeu acompanhamento de
com ampla faixa de tecido queratinizado formado e bom ganho cinco anos (Figuras 2).

Figuras 1 – A. Aspecto clínico inicial da recessão gengival no elemento dental 31. B. Remoção do retalho do sítio doador. C. Preparo do leito
receptor. D. Retalho posicionado e sistema de suturas no leito receptor. E. Cicatrização do leito receptor após 60 dias. F. Cicatrização do leito
doador após 60 dias.

482 PerioNews 2012;6(5):480-4


Periodontia

Figuras 2 – A. Remoção do retalho de espessura parcial e deseptelização das papilas. B. Aspecto clínico após incisões verticais,
horizontais e intrassulcular. C. retalho posicionado e suturado coronalmente, recobrindo toda a raiz dentária exposta. D/E.
Recobrimento radicular completo obtido durante tratamento ortodôntico. Aspecto final do enxerto após cinco anos de
acompanhamento.

Discussão gengivais11. No entanto, estas condições ortodônticas são rever-


síveis. Assim, o tratamento ortodôntico pode intruir, alinhar e ni-
Muitos são os fatores de risco que estão relacionados à retra- velar os elementos dentários, facilitando aos pacientes remover
ção gengival, embora não sejam suficientes para gerar as mesmas, o biofilme microbiano12 e criando condições mais favoráveis ao
são capazes de agravá-las e dificultar o recobrimento radicular8-10. recobrimento radicular.
Desta forma, retrações gengivais em dentes que apresentam maior Existem poucos estudos controlados que possam demons-
número de fatores de risco associados podem se tornar grandes trar o uso da Ortodontia associada a procedimentos de recobri-
desafios para periodontistas. Muitas vezes, a associação de fatores mento radicular. Mas, um estudo13 foi capaz de demonstrar que
de risco pode ser responsável por gerar recobrimento radicular par- o tratamento ortodôntico, ao realizar a intrusão de dentes, pode
cial, assim como por diminuir a estabilidade dos resultados obtidos. reduzir a retração gengival em dentes de biotipo fino ou espesso.
Especificamente, as condições relacionadas à Ortodontia, Além disso, segundo os autores, o tratamento ortodôntico bene-
como giroversões, extrusão e inclinações, são condições que difi- ficia o tratamento de retrações gengivais por alinhar e nivelar os
cultam a obtenção de previsibilidade no tratamento de retrações elementos dentários.

PerioNews 2012;6(5):480-4 483


Azevedo DT • Reino DM • Penteado LAM • de Lima FJC

Ainda hoje não existe consenso na lite- TABELA 1 – COMPARAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL OBTIDA APÓS AS ETAPAS DE TRATAMENTO EXECUTADAS
ratura científica relacionada ao tempo ideal Profundidade de sondagem Retração gengival Nível clínico de inserção
para indicar o tratamento ortodôntico e cirúr- Caso inicial 1 mm 5 mm 6 mm
gico para o tratamento das retrações gengi-
Após a primeira etapa 1 mm 5 mm 6 mm
vais em dentes acometidos por má condição
Após a segunda etapa 1 mm 2 mm 3 mm
ortodôntica14. Existem autores que indicam o
recobrimento radicular previamente à terapia Após Ortodontia 1 mm 0 mm 1 mm

ortodôntica, como forma de melhorar a qua-


lidade dos tecidos periodontais, aumentando a
Conclusão
gengiva inserida, como forma de prevenir possíveis retrações gen-
givais, principalmente em casos onde dentes serão inclinados15-16.
A cirurgia plástica periodontal, associada ao tratamento orto-
Além disso, o recobrimento radicular prévio pode auxiliar, diminuir
dôntico, foi capaz de promover recobrimento radicular completo,
a progressão da retração gengival, pois cria tecido em altura e es-
devolvendo a função, a estética e eliminando as queixas principais
pessura, diminuindo a hipersensibilidade dentinária, permitindo
da paciente.
ao paciente higienizar a região com maior facilidade. No entanto,
existem autores que indicam a conclusão do tratamento ortodôn- Nota de esclarecimento
tico antes do recobrimento radicular17. Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Neste caso clínico, a indicação do procedimento cirúrgico an- Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
tes da terapia ortodôntica foi capaz de criar ampla faixa de tecido
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
queratinizado em altura e espessura (Tabela 1), o que evitou a pro- também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
gressão da retração gengival e permitiu ao paciente higienizar a re- ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
gião durante a terapia com aparelho fixo. Isto foi importante para entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
o sucesso do tratamento ortodôntico na região, uma vez que os para uma entidade com interesse financeiro nesta área.

acessórios ortodônticos como braquetes e fios favorecem o acú- Endereço para correspondência:
mulo de biofilme microbiano. A intrusão pôde ser realizada com Danielle Torres Azevedo (Forp-USP)
Av. do Café, s/n – Monte Alegre
sucesso, devido à ausência de biofilme microbiano13. Com alinha- 14040-904 – Ribeirão Preto – SP
Tel.: (16) 3602-4068
mento, nivelamento e intrusão, condições ideais foram atingidas
danitazevedo@usp.br
para que o deslocamento coronal do retalho pudesse ter sucesso.

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sion. Int J Periodontics Restorative Dent 1985;5:8-13. health: a systematic review of controlled evidence. J

484 PerioNews 2012;6(5):480-4


Relato de caso clínico Periodontia

O EMPREGO DE MATRIZ DE COLÁGENO SUÍNO


(MUCOGRAFT) PARA RECOBRIMENTO RADICULAR

The porcine collagen matrix (Mucograft) used to root coverage. A case report

Joao Carnio*
Marcel Rodrigo Fuganti**
Osny Ferrari***

RESUMO ABSTRACT
O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial associado ao retalho reposi- The subepithelial connective tissue graft associated with the coronary re-
cionado coronário é considerado, atualmente, a técnica padrão-ouro para positioned flap is currently considered the "gold standard" in mucogingival
recobrimento radicular na terapia mucogengival. No entanto, as dificulda- therapy. However, technical difficulties, the need of a palatal donor area,
des técnicas, o uso da área doadora palatal e o desconforto pós-operatório and postoperative discomfort increase the search for a less invasive tech-
aumentaram os estudos por técnicas menos invasivas. O objetivo deste nique. The goal of this study is to evaluate, both clinically and histologically,
estudo foi avaliar, clínica e histologicamente, a eficácia da matriz de colá- the effectiveness of a new collagen matrix in root coverage procedures,
geno reabsorvível nos procedimentos de cobertura radicular, analisando a and determine whether it would be an available alternative in substitution
possibilidade de ser uma alternativa viável em substituição ao enxerto de to the use of the subepithelial connective tissue graft.
tecido conjuntivo subepitelial. Key Words – Gingival recession; Xenograft; Collagen; Aesthetics.
Unitermos – Recessão gengival; Xenoenxerto; Colágeno; Estética.

*Departamento de Periodontia – Universidade da Florida, Gainesville/Fl, EUA.


**Especialista em Periodontia – Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR.
***Departamento de Histologia – Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR.

Recebido em mai/2012 – Aprovado em jul/2012

PerioNews 2012;6(5):485-91 485


Carnio J • Fuganti MR • Ferrari O

ESTÉTICA E PREVISIBILIDADE ESTÃO ENTRE Recentemente, um novo enxerto xenógeno, de origem

OS MAIORES OBJETIVOS DA TERAPIA suína (Mucografts Prototype), foi desenvolvido por Geistlich
Pharma AG (Wolhusen, Suíça). Esta nova matriz, composta
PLÁSTICA PERIODONTAL. UMA AMPLA
por colágeno Tipo I e Tipo III, é produzida através de um
VARIEDADE DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
processo de fabricação padronizado e cuidadosamente pu-
VEM SENDO DESCRITA COM O INTUITO DE
rificado, para evitar possíveis reações antigênicas. Formado
SOLUCIONAR PROBLEMAS MUCOGENGIVAIS1. por uma estrutura reabsorvível, apresenta duas camadas: a
DENTRE ESTES, OS PROCEDIMENTOS DE primeira mais compacta, que permite à matriz manter a sua

COBERTURA RADICULAR E DE AUMENTO


integridade estrutural, e a segunda formada por colágeno
esponjoso, que facilita a organização do coágulo, permitindo
DE TECIDO QUERATINIZADO E INSERIDO
a formação de novos vasos sanguíneos e a integração do tecido
ESTÃO ENTRE AS PRINCIPAIS INDICAÇÕES.
dentro da matriz13. Alguns autores sugerem que este xenoenxerto
pode se tornar uma alternativa viável em substituição ao tecido
autógeno, podendo ser tão eficaz e prevísivel quanto o enxerto
de tecido conjuntivo14.
Introdução O propósito deste relato de caso foi a avaliação clínica e histo-
lógica do emprego da matriz de colágeno (MG) como substituto de
Estética e previsibilidade estão entre os maiores objeti- tecido conjuntivo autógeno no tratamento de recessão do tecido
vos da terapia plástica periodontal. Uma ampla variedade de marginal e aumento de tecido queratinizado.
procedimentos cirúrgicos vem sendo descrita com o intui-
to de solucionar problemas mucogengivais1. Dentre estes, Relato de Caso Clínico
os procedimentos de cobertura radicular e de aumento de
tecido queratinizado e inserido estão entre as principais in- Paciente em bom estado de saúde geral, sexo feminino,
dicações. 35 anos, não fumante, foi indicada para recobrimento radi-
Atualmente, as técnicas de cobertura radicular envol- cular Classe I Miller dos dentes 13-14. Ao exame clínico foi
vendo a utilização de enxerto de tecido conjuntivo autó- constatada a presença de recessão do tecido marginal no dente
geno são consideradas as que apresentam melhores resul- 13 e resina composta sobre a raiz no dente 14 (Figura 1). O
tados, tanto no que se refere à porcentagem de cobertura paciente se queixava de sensibilidade exagerada no dente 13
radicular quanto no aspecto estético e de previsibilidade2-4. e diferença de tamanho do dente 14 em relação ao dente 15.
Porém, para a utilização do tecido conjuntivo, uma área O planejamento inicial incluía a remoção do material
cirúrgica doadora palatal deve ser acrescentada ao proce- restaurador do dente 14 e a cobertura radicular de ambos
dimento, o que leva o profissional a despender um tempo os dentes com o uso do enxerto conjuntivo subepitelial. De-
cirúrgico mais elevado e a um maior desconforto pós-ope- vido a experiência anterior com a utilização de área doadora
ratório para o paciente. palatal onde o pós-operatório provocou muito desconfor-
Com o intuito de evitar um segundo sítio cirúrgico, di- to, a paciente optou por outra alternativa oferecida, a MG,
ferentes materiais têm sido propostos como possíveis subs- com a qual se evitaria a autilização de área doadora palatal.
titutos do tecido conjuntivo autógeno5. Entre os primeiros Antes do procedimento cirúrgico, foi realizado contro-
produtos introduzidos na Odontologia, a matriz dérmica le de placa profissional e o paciente foi reinstruído a novos
acelular, MDA, (Alloderms, Lifecell Corporation) é a que há mais hábitos de higiene oral. Foram tomadas as medidas clínicas:
tempo está descrita na literatura. A MDA foi originalmente recessão do tecido marginal, profundidade de sondagem e quan-
desenvolvida para o tratamento de vítimas de queimaduras6 tidade de tecido queratinizado e inserido. A técnica cirúrgica
e, posteriormente, introduzida na Odontologia com o intui- utilizada foi a associação do enxerto xenógeno (Mucograft) com
to de substituir os procedimentos que envolvem a utiliza- o retalho posicionado coronariamente. Após administração de
ção de área doadora palatal .
7-12
anestesia local (lidocaína 2% + epinefrina 1:100.000) foi realizada

486 PerioNews 2012;6(5):485-91


Periodontia

a remoção da resina composta do dente 14, e as áreas radiculares Uma sutura suspensória com fio absorvível Vicryl 6-0 com-
foram tratadas através de curetas e brocas de alisamento. Uma plementou a estabilização da membrana e, posteriormente,
incisão sulcular foi realizada da mesial do elemento 13 até a mesial o retalho foi pocisionado coronariamente através de sutu-
do elemento 16, com preservação das papilas interproximais pa- ras simples (Seda 4-0) para recobrimento de todo o enxerto.
latinas, dando ao retalho mobilidade e evitando-se incisões As recomendações pós-cirúrgicas foram: a) amoxicilina 500 mg
verticais relaxantes. Um retalho de espessura parcial foi con- três vezes/dia durante sete dias; b) medicação analgésica (Ibuprofe-
feccionado e testado até que o mesmo fosse passivamente no - 600 mg) duas vezes/dia por quatro dias, se necessário; c) bo-
reposicionado sobre a junção amelocementária (Figura 2). chechos com clorexidina 0,12% duas vezes/dia por duas semanas,
O enxerto foi recortado de modo que 3 mm adjacentes às após o quarto dia de cicatrização.
recessões ficassem sobre a estrutura óssea (Figura 3), po- O pós-operatório ocorreu dentro dos padrões de normalida-
sicionado na união amelocementária e mantido na região de. Durante os meses subsequentes, a paciente foi submetida a
com moderada pressão até que totalmente preenchido por controle de placa profissional mensalmente (Figura 4). Após qua-
sangue, de acordo com as recomendações do fabricante. tro meses, foi proposta a retirada de uma porção de tecido da re-
Este procedimento permite que haja adesão inicial do en- gião para análise histológica. Com aval da paciente, uma biópsia foi
xerto com a superfície radicular através da formacao de um removida medindo 5 mm de comprimento por 2 mm de largura,
gel entre as fibras colágenas em combinação com o sangue. incluindo o tecido marginal sulcular.

Figura 1 – Aspecto clínico inicial dos elementos 13 e 14 com recessão Classe I Figura 2 – Retalho de espessura parcial confeccionado da mesial do 13 até a
Miller. distal do 16. A resina composta foi removida do dente 14 e as raízes foram
tratadas com raspagem e alisamento radicular.

Figura 3 – Mucograft sendo posicionado na região dos dentes 13 e 14. Figura 4 – Aspecto clínico após quatro meses do procedimento cirúrgico.
Nota-se completa cobertura radicular nos dentes tratados e aumento visível da
espessura gengival quando comparado à Figura 1.

PerioNews 2012;6(5):485-91 487


Carnio J • Fuganti MR • Ferrari O

Imediatamente, o tecido foi fixado em 10% de formalina por A Re inicial de 1,5 mm no dente 13 foi eliminada e estabilizada
48 horas, lavado em água e conservado em álcool 70%. Após, foi durante o período. A recessão no dente 14, com mensuração re-
incluído em parafina e secções de corte de 5 µm foram orien- gistrada apos a remoção da resina composta, também foi elimina-
tadas no sentido vestibulolingual. A coloração foi realizada com da com o tecido posicionado na união AC. A GK e a GI permanece-
hematoxilina-eosina. ram com, praticamente, as mesmas medidas no elemento 13 e 14.
As observações e a documentação fotográfica foram realiza- As pequenas diferenças se devem a variações normais inerentes
das em sistema de captura de imagens Moticam (Motic, Xiamen, às medições com sonda periodontal manual. Apesar de não ter
China) acoplado ao microscópio de luz e analisado no software sido aferida inicialmente, clinicamente, a espessura de tecido no
MoticImage Plus 2.0 (Motic, Xiamen, China). sentido vestibular sofreu um aumento significativo no dente 14
(Figura 5).
Resultados clínicos
Os resultados alcançados ao final de quatro meses de obser- Resultados histológicos
vação em relação à profundidade de sondagem (PS), recessão do Na gengiva marginal, o tecido epitelial de revestimento do
tecido marginal (Re), gengiva queratinizada (GK) e gengiva inserida sulco gengival e as camadas papilar e reticular apresentaram áreas
(GI) estão sumarizados na Tabela 1. com pequeno infiltrado inflamatório (Figura 6).
A PS, que inicialmente estava dentro dos parâmetros da nor- Na camada reticular onde foi feito o implante, o material
malidade, permaneceu praticamente inalterada durante todo o foi totalmente reabsorvido e substituído com uma camada de
tratamento. 0,5 mm de espessura de tecido conjuntivo denso, promovendo
aumento da espessura do tecido gengival. Foi observada,
TABELA 1 – MEDIÇÕES ANTES E APÓS TRATAMENTO (EM mm)
ainda nesta região, uma retração do tecido neoformado
Dente 13 Dente 14 devido ao preparo da lamina histológica, sugerindo que o
Medições Início Quatro meses Início Quatro meses mesmo ainda não havia sido totalmente integrado com o
OS (profundidade de sondagem) 3/1/3 2 / 1,5 / 2,5 2/1/3 2 / 2 / 2,5 tecido adjacente (Figura 7).
Na gengiva inserida, observou-se que o tecido epite-
Re (recessão marginal tecidual) 1,5 0 1,5 0
lial de revestimento do epitélio oral e as camadas papilar e
GK (gengiva ceratinizada) 3 3 4 4
reticular apresentam-se íntegros (Figura 8).
GI (gengiva inserida) 2 1,5 3 2

Figura 5 – Visão oclusal mostrando clinicamente o aumento da espessura


tecidual no dente 14.
Figura 6 – Corte histológico da região coronária, mostrando o sulco gengival (seta
amarela) revestido por tecido epitelial de revestimento estratificado pavimentoso
não queratinizado, e o epitélio oral revestido por tecido epitelial de revestimento
estratificado pavimentoso queratinizado (seta verde). Observa-se infiltrado
inflamatório na região de sulco gengival (seta vermelha) HE.

488 PerioNews 2012;6(5):485-91


Periodontia

Figura 7 – Corte gengiva marginal, mostrando o local do implante do Mucograft Figura 8 – Corte de gengiva inserida, após quatro meses do procedimento
e a camada reticular com tecido conjuntivo neoformado (seta vermelha) HE. cirúrgico. O tecido epitelial de revestimento do epitélio oral e a camada papilar
Retração sugerindo que o tecido ainda não está totalmente integrado com o estão íntegros, e na camada reticular o material enxertado foi totalmente
tecido pré-operatório (seta amarela). reabsorvido, substituído por tecido conjuntivo denso não modelado (seta
vermelha) HE.

Discussão enxerto de tecido conjuntivo subepitelial, não são tão satisfatórios9.


Recentemente, uma nova matriz de colágeno (Mucograft) foi
O enxerto autógeno de tecido conjuntivo, que na maioria das desenvolvida especificamente para a regeneração de tecidos mo-
vezes utiliza o palato como fonte doadora15, apesar de produzir os les, e tem sido avaliada clinicamente no tratamento das recessões
melhores resultados em termos de estética e previsibilidade, pro- marginais teciduais14 e para o aumento de tecido queratinizado13,20.
porciona uma ferida cirúrgica a mais. Esta ferida palatal pode levar O colágeno é um material compatível com os tecidos adja-
a sangramento e maior desconforto pós-operatório ao paciente. centes, é fisiologicamente metabolizado e completamente reab-
Isto restringe a sua aceitação e leva muitas vezes a restrição à sua sorvido pelos tecidos do hospedeiro. Suas propriedades facilitam
indicação. a cicatrização da ferida, a formação e a estabilização do coágulo
O aumento da morbidade pós-operatória em procedimen- sanguíneo22. Este estudo demonstrou histologicamente que o
tos de enxertos autógenos tem sido documentado por alguns colágeno pode ser completamente reabsorvido e substituído por
estudos clínicos 16-17
, sendo em grande parte o segundo local ci- tecido conjuntivo, sem nenhuma evidência de inflamação ou resí-
rúrgico (área doadora) o responsável por este resultado . Dor e 17 duos de colágeno em um período de oito semanas.
desconforto geral são relatados predominantemente durante as No Mucograft, o colágeno é extraído de suínos e cuidado-
três primeiras semanas pós-cirúrgicas 18-19
. Além disso, a qualidade samente purificado para evitar possíveis reações antigênicas. O
e a quantidade de tecidos que podem ser recuperados no palato processo de esterilização ocorre através de raios gamas. Formado
podem variar entre os pacientes19. Apesar do enxerto de tecido por uma estrutura tridimensional, ele permite o crescimento de
conjuntivo ser a técnica padrão-ouro na terapia mucogengival, to- fibroblastos, vasos sanguíneos e células epiteliais provenientes dos
dos esses dados são características que aumentam a procura por tecidos adjacentes, que eventualmente poderão permitir a forma-
uma alternativa menos invasiva . 20 ção de tecido ceratinizado. Sua espessura é maior do que a das
Com isso, foi introduzido no meio odontológico o Alloderm , 21 membranas de colágeno, tornando-se assim mais fácil de ser ma-
um aloenxerto com origem de cadáveres humanos. No entanto, nipulado e mais resistente às forças mastigatórias23.
histologicamente, ele não é incorporado completamente aos te- O Mucograft vem demonstrando um bom comportamento
cidos adjacentes e seus resultados, quando comparados com o clínico e um adequado padrão de cicatrização, se integrando de

PerioNews 2012;6(5):485-91 489


Carnio J • Fuganti MR • Ferrari O

forma segura com os tecidos do hospedeiro, sem mostrar sinais palatal com a formação de novo tecido conjuntivo.
acentuados de inflamação, atingindo resultados semelhantes Histologicamente, um estudo realizado em porcos27 avaliou
quando comparado com o enxerto de tecido conjuntivo subepite- três períodos de cicatrização e demonstrou que após uma semana
lial, inclusive em relação a coloração do tecido . 13
o Mucograft já estava bem integrado com o tecido conjuntivo,
Alguns autores14 conduziram um estudo comparativo entre sem a presença de resposta inflamatória pronunciada. Neste está-
dois grupos, o primeiro (grupo controle) tratado com o enxerto gio, já era possível observar a presença de fibroblastos imaturos e
de tecido conjuntivo subepitelial e o segundo (grupo teste) tra- a formação de canais vasculares dentro da matriz. Após um mês, o
tado com o Mucograft, associados ao retalho reposicionado co- xenoenxerto estava totalmente integrado aos tecidos adjacentes
ronário. A porcentagem de cobertura radicular após seis meses e, após três meses, os tecidos já atingiam a normalidade completa.
foi de 97% e de 83,5% respectivamente. Após 12 meses, o grupo A cicatrização se caracterizou pela formação de um novo cemento
controle apresentou recobrimento radicular de 99,3% e o grupo e um novo tecido conjuntivo na porção mais apical, e um novo
teste 88,5%. Apesar de serem medidas estatisticamente diferen- epitélio juncional na porção mais coronária.
tes, a possibilidade do Mucograft No relato de caso descrito, a MG foi uti-
ser “quase tão eficaz” quanto a téc- lizada com o objetivo principal de cobertu-
nica padrão-ouro representa uma CLINICAMENTE, AINDA PODE SER tra radicular. A recessão do tecido marginal
importante qualidade se conside- OBSERVADO UM AUMENTO DA ESPESSURA foi eliminada, a profundidade de sondagem
rarmos suas vantagens no que se DO COMPLEXO MUCOGENGIVAL NA ÁREA não sofreu alterações significativas durante
diz respeito à dor e ao desconforto o período de quatro meses de observação
ENXERTADA. ESTE DADO PODE SER
pós-operatório. Além disso, os au- e a coloração do tecido apresentou aspec-
COMPROVADO HISTOLOGICAMENTE, ONDE
tores afirmam que os resultados tos de semelhanca com os tecidos adjacen-
SE OBSERVA QUE O MATERIAL ENXERTADO
são difíceis de serem distinguidos tes (Figura 4). Em relação a quantidade de
clinicamente. Em ambas as técnicas, FOI SUBSTITUÍDO POR UMA NOVA CAMADA tecido queratinizado e de gengiva inserida,
o enxerto foi completamente co- DE TECIDO CONJUNTIVO COM ASPECTO DE os resultados permaneceram praticamente
berto pelo retalho e o ganho de teci- NORMALIDADE (FIGURA 8). APESAR DE NÃO inalterados (Tabela 1). Isto está de acordo
do queratinizado foi praticamente o com estudos clínicos relatados anterior-
REFLETIR EM TERMOS DE GANHO CLÍNICO DE
mesmo (1,26 mm no grupo controle mente14,24, nos quais foi obtida completa co-
GENGIVA QUERATINIZADA, ESTE AUMENTO
e 1,34 mm no grupo teste), sem di- bertura radicular, porém, não houve ganho
DE ESPESSURA PODE PROPORCIONAR MAIOR
ferença estatística significante. significativo de gengiva queratinizada.
Outros autores24, em estu- RESISTÊNCIA A TRAUMATISMOS MECÂNICOS Clinicamente, ainda pode ser observa-
do semelhante, conseguiram re- PROVOCADOS PELA ESCOVAÇÃO. do um aumento da espessura do complexo
sultados parecidos em relação a mucogengival na área enxertada. Este dado
quantidade de tecido ceratinizado, pode ser comprovado histologicamente,
e quanto à porcentagem de cobertura radicular, os resultados onde se observa que o material enxertado foi substituído por uma
se aproximaram ainda mais. Após 12 meses, o resultado foi de nova camada de tecido conjuntivo com aspecto de normalidade
96,97% no grupo tratado com o enxerto de tecido conjuntivo e (Figura 8). Apesar de não refletir em termos de ganho clínico de
94,32% no grupo tratado com o Mucograft. Interessante observar gengiva queratinizada, este aumento de espessura pode propor-
que, quando analisadas as medidas da espessura gengival, hou- cionar maior resistência a traumatismos mecânicos provocados
ve um ganho de 1,0 mm no primeiro grupo e de 1,23 mm no pela escovação.
segundo. Este resultado sugere que a matriz de colágeno tem a Porém, a dificuldade técnica de estabilização proporcionada
capacidade de proporcionar aumento na espessura gengival, for- pela fragilidade do material, com rompimento da borda quando
necendo estabilidade e proteção ao coágulo para a transformação há necessidade de uma sutura compressiva, as contraindicações
em tecido conjuntivo 25-26
. Isto está de acordo com outro estudo , 22
em pacientes alérgicos a colágeno e com doenças metabólicas, e a
onde a introdução de esponja de colágeno entre o tecido conjun- indisponibilidade no mercado podem restringir seu uso na prática
tivo e o tecido ósseo palatal proporcionou aumento da espessura diária.

490 PerioNews 2012;6(5):485-91


Periodontia

Conclusão Nota de esclarecimento


Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
Os resultados deste estudo demonstraram que a matriz de fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
colágeno associada ao retalho posicionado coronariamente pro- publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
porcionou completa cobertura radicular, com profundidade de honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
sondagem dentro dos parâmetros de normalidade e com estética
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
aceitável. Apesar de não haver ganho clínico de gengiva queratini- royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
zada, houve aumento significativo de espessura. Histologicamen-
te, a matriz de colágeno foi completamente reabsorvida e substi-
Endereço para correspondência:
tuída por tecido conjuntivo com aspecto de normalidade. João Carnio
Av. Adhemar Pereira de Barros, 131 – Jardim Bela Suíça
86050-190 – Londrina – PR
Tel.: (43) 9909-8484
jcarnio@onda.com.br

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PerioNews 2012;6(5):485-91 491


Relato de caso clínico Periodontia

ASSOCIAÇÃO DA RASPAGEM COM ANTIBIOTICOTERAPIA


EM UM CASO DE PERIODONTITE AGRESSIVA GENERALIZADA

Association of manual scaling with antibiotic therapy in a case


of generalized aggressive periodontitis. Case report

Caroline Lombardo Serra*


Daniela Tomazini Morota*
Guilherme José Pimentel Lopes de Oliveira**
Silvana Regina Perez Orrico***

RESUMO ABSTRACT
O tratamento da periodontite agressiva é um desafio ao clínico, e por isso The treatment of aggressive periodontitis is a challenge to the clinician,
a busca por protocolos efetivos no controle dessa doença é de extrema therefore the search for effective treatment protocols of this disease is
importância. O objetivo deste trabalho foi, a partir do relato de um caso important. The aim of this case report was demonstrate the effectiveness
clínico, demonstrar a efetividade da associação de antibioticoterapia of the combination of systemic antibiotics with non-surgical periodontal
sistêmica com o tratamento periodontal não cirúrgico no tratamento da therapy in the treatment of generalized aggressive periodontitis. a 27-year-
periodontite agressiva generalizada. A paciente RCS, 27 anos, fumante old patient (RCS), smoker for 11 years (10 cigarettes/day on average), with
há 11 anos (dez cigarros/dia), sistemicamente saudável, compareceu à no systemic alteration, attended the periodontal clinic with a complaint
clínica de Periodontia com queixa principal de má posição dentária. Após abnormal dental position. After the clinical examination, the diagnosis
o exame clínico foi definido o diagnóstico de periodontite agressiva of generalized aggressive periodontitis was defined. The non-surgical
generalizada. Foi executado o tratamento periodontal não cirúrgico periodontal treatment was executed associated with administration of
associado à administração de amoxicilina e metronidazol por dez dias. amoxicillin plus metronidazole for ten days. Clinical parameters (Clinical
Parâmetros clínicos (nível de inserção, nível gengival, profundidade de Attachment level, marginal gingival level, periodontal probing depth,
sondagem, sangramento a sondagem, índice de placa visível e índice de bleeding on probing, plaque index and gingival index) and radiographic
sangramento marginal) e radiográficos (distância junção cemento-esmalte parameters (distance between the cemento-enamel junction and the bone
ao topo da crista óssea) foram avaliados antes e após o tratamento crest) were evaluated before and after non-surgical periodontal treatment,
periodontal não cirúrgico, após a antibioticoterapia e três, seis e 12 meses after antibiotic therapy and three, six and 12 months after the treatment.
após o término do tratamento. Após um ano de acompanhamento, os After one year follow-up, the results showed improvement in clinical and
resultados demonstraram melhora nos parâmetros clínicos e radiográficos radiographic parameters with stabilized and decreased tooth mobility and
da paciente, com estabilização do quadro e diminuição da mobilidade absence of tooth loss. It was concluded that the association of non-surgical
dentária, além de ausência de perdas dentárias. Concluiu-se que a periodontal therapy with the administration of amoxicillin/metronidazole
associação do tratamento periodontal não cirúrgico com a administração was effective in the treatment of generalized aggressive periodontitis.
da associação amoxicilina/metronidazol foi eficaz no tratamento da Key Words – Aggressive periodontitis; Antibacterial agents; Periodontics.
periodontite agressiva generalizada.
Unitermos – Periodontite agressiva; Agentes antibacterianos; Periodontia.

*Cirurgiã-dentista – Foar-Unesp – Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade Estadual Paulista, Araraquara/SP, Brasil.
**Mestre e doutorando em Periodontia – Foar-Unesp – Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade Estadual Paulista, Araraquara/SP, Brasil.
***Professora livre-docente de Periodontia – Foar-Unesp – Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade Estadual Paulista, Araraquara/SP, Brasil.

Recebido em: set/2011 – Aprovado em: out/2011

PerioNews 2012;6(5):493-9 493


Serra CL • Morota DT • de Oliveira GJPL • Orrico SRP

ao tratamento periodontal não cirúrgico tem demonstrado bons


resultados5,15-16. Apesar disso, são levantados questionamentos em
relação aos efeitos colaterais da antibioticoterapia, como a possibi-
O TERMO RETRAÇÃO GENGIVAL PODE
lidade do desencadeamento de resistência microbiana9.
SER DEFINIDO COMO A LOCALIZAÇÃO
Apesar dos estudos anteriores terem avaliado o resultado
DO TECIDO MARGINAL APICALMENTE aos tratamentos, deve-se ressaltar que tais avaliações foram rea-
À JUNÇÃO CEMENTO-ESMALTE ,
1 lizadas em curtos períodos pós-terapia. Assim, este estudo teve

O QUE NÃO É ESTETICAMENTE


como objetivo relatar um caso clínico de periodontite agressiva
generalizada, no qual foi avaliado longitudinalmente o efeito do
ACEITÁVEL E PODE, AINDA, LEVAR
tratamento periodontal não cirúrgico associado à antibioticote-
À HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA,
rapia (associação amoxicilina/metronidazol).
CÁRIES RADICULARES E ABRASÕES2-3.

Relato de Caso Clínico

A paciente RCS, sexo feminino, 27 anos, melanoderma, fu-


Introdução mante há 11 anos (dez cigarros/dia), procurou atendimento na
clínica de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara-
A periodontite é uma doença imunoinflamatória que acome- Unesp, com queixa principal relacionada à estética, devido ao mau
te o periodonto de sustentação dos dentes, causando a destruição posicionamento dos dentes anteriores, os quais apresentavam
desses tecidos , sendo sua patogênese relacionada ao desequilí-
1 mobilidade e exposição radicular (Figuras 1 e 2).
brio entre o biofilme dental, considerado o principal fator etiológi- Na primeira consulta foi realizada a anamnese, a qual de-
co, e a resposta do hospedeiro2. Devido a isso, o grau de destrui- monstrou ausência de histórico médico significativo. Adicional-
ção proporcionado por essa interação é variável de indivíduo para mente, foi realizado exame clínico periodontal, no qual foram ava-
indivíduo, mesmo quando quantidade e qualidade do biofilme são liados: índice de placa visível (IPV) e de sangramento marginal (ISM),
semelhantes entre os mesmos3. sangramento a sondagem (SS), profundidade de sondagem (PS) e
Segundo a Academia Americana de Periodontia (1999), as nível clínico de inserção (NI) de todos os dentes, para determina-
periodontites podem ser classificadas em três grandes grupos: ção do diagnóstico. Foram realizadas ainda radiografias periapicais
crônica, agressiva e como manifestação de doenças sistêmicas . A 4 para avaliação da quantidade de perda óssea, sendo mensurada a
periodontite agressiva é a forma que representa um dos maiores distância da junção cemento-esmalte à crista óssea nas proximais
desafios ao tratamento periodontal5. É caracterizada pela rápida de todos os dentes.
destruição dos tecidos periodontais, associada à pequena quanti-
dade de biofilme dental, em pacientes jovens e clinicamente sau-
dáveis, com concentração familiar dos casos6, ocorrendo em um
grupo restrito de pessoas (1-3%)7.
O tratamento da periodontite agressiva ainda é um desafio ao
cirurgião-dentista e, portanto, é de extrema importância a busca
de protocolos para seu tratamento8. Entre as terapias propostas
estão raspagem e alisamento radicular9-10, que podem vir associa-
dos ou não à antibioticoterapia (local ou sistêmica)8,11-15. A raspa-
gem e o alisamento radicular são procedimentos bastante eficazes
no tratamento da periodontite agressiva, resultando em nítida
redução da microbiota subgengival9. Entretanto, ressalta-se que
existem dados limitados em relação à resposta clínica dessa tera-
Figura 1 – Caso clínico inicial. Queixa principal: falta de estética, devido à
pia isolada8,16, enquanto que o uso de antibióticos como adjunto má posição e mobilidade dentária.

494 PerioNews 2012;6(5):493-9


Periodontia

Figura 2 – Vista
palatina dos
dentes anteriores
superiores. Notar a
exposição radicular
dos incisivos.

Clinicamente, foi observada perda de inserção severa ( 5 mm) em 22,9%


dos sítios, a qual estava associada ao primeiro molar, incisivos e três outros
dentes além destes. Foi verificado também que 45,9% dos sítios apresentavam
OS > 4 mm enquanto 51,7% apresentavam sangramento a sondagem, sendo
a quantidade de placa presente incompatível com a severidade da doença
(Figuras 3). A análise radiográfica demonstrou que 75,5% dos sítios apresen-
tavam distância da junção cemento-esmalte à crista óssea maior que 2 mm
(Figuras 4). Esses dados, associados com a informação fornecida pela paciente
de ausência de história médica significativa e da presença de história familiar
de perda óssea precoce, forneceram resultados para a determinação do diag-
nóstico de periodontite agressiva generalizada.

Figuras 3 – A. Região posterior direita. B. Região posterior esquerda. Notar a presença de pequena quantidade de biofilme bacteriano, incompatível com o
grau de severidade da doença observado após o exame clínico inicial.

PerioNews 2012;6(5):493-9 495


Serra CL • Morota DT • de Oliveira GJPL • Orrico SRP

Figuras 4 – Exame radiográfico inicial da paciente.


Notar o esfumaçamento da crista óssea em vários
sítios e significativa perda óssea associada aos
molares, incisivos e pré-molares.

O protocolo aplicado para o tratamento da paciente foi a instrução de higiene bucal, raspagem e polimento supragengival e
realização de raspagem e alisamento radicular com instrumentos reinstrumentação de sítios com sangramento a sondagem, quando
manuais associados à antibioticoterapia sistêmica. A raspagem foi necessário, sendo estes procedimentos realizados mensalmente. A
executada por quadrantes, em um período total de tratamento paciente foi reavaliada clinicamente 30 dias após a raspagem, após a
de 14 dias. Após 30 dias da última sessão de raspagem foi realiza- antibioticoterapia e três, seis e 12 meses após a primeira reavaliação.
da a primeira reavaliação clínica e iniciada a antibioticoterapia com A avaliação radiográfica foi realizada antes do início do tratamento,
associação de amoxicilina (500 mg) e metronidazol (400 mg) por seis e 12 meses após a primeira reavaliação. Os dados dos parâme-
um período de dez dias. Após 30 dias do término da antibiotico- tros clínicos avaliados, em cada período, estão expostos na Tabela 1
terapia foi iniciado o tratamento de manutenção, que constou de e os resultados das análises radiográficas estão expostos na Tabela 2.

TABELA 1 – PARÂMETROS CLÍNICOS OBTIDOS NOS PERÍODOS DE AVALIAÇÃO

Parâmetro Pré-RAR 30 dias pós-RAR Pós-antibioticoterapia Três meses Seis meses 12 meses
IPV 54 (31%) 8 (4,5%) 5 (2,8%) 9 (5,1%) 35 (20,1%) 7 (5,6%)
ISM 6 (3,4%) 1 (0,5%) 3 (1,7%) 1 (0,5%) 1 (0,5%) 0 (0%)
SS 90 (51,7%) 15 (8,6%) 5 (2,8%) 6 (3,4%) 17 (9,7%) 51 (29,3%)
PS > 4 mm 80 (45,9%) 50 (28,7%) 20 (11,4%) 21 (12%) 11 (6,3%) 18 (10,3%)
NI 1-3 mm 85 (48,8%) 96 (55,1%) 107 (61,5%) 120 (68,9%) 133 (76,4%) 122 (70,1%)
4-5 mm 49 (28,1%) 49 (28,1%) 35 (20,1%) 36 (20,6%) 34 (19,5%) 38 (21,8%)
> 5 mm 40 (22,9%) 29 (16,6%) 32 (18,3%) 18 (10,3%) 7 (4%) 14 (8%)
RAR - raspagem e alisamento radicular; IPV - Índice de Placa Visível; ISM - Índice de Sangramento Marginal; SS - Sangramento a sondagem; PS - Profundidade de Sondagem; NI - Nível Clínico de Inserção

TABELA 2 – ANÁLISE RADIOGRÁFICA ANTES DO TRATAMENTO, APÓS SEIS E 12 MESES DO INÍCIO DO


TRATAMENTO PERIODONTAL
Distância JCE-CO/período Pré-RAR Seis meses 12 meses
< 2 mm 24,5% 66,6% 65,9%
3-5 mm 60,5% 28,8% 30,3%
> 5 mm 15% 3,7% 3,7%
JCE – junção cemento-esmalte; CO – crista óssea; RAR – raspagem e alisamento radicular.

496 PerioNews 2012;6(5):493-9


Periodontia

A avaliação após a raspagem demonstrou melhora dos parâ- diminuição da mobilidade dentária e ausência de perdas dentárias
metros clínicos que se mantiveram sob controle após a antibio- (Figuras 5 a 7).
ticoterapia e três meses após a primeira reavaliação. Os exames O exame radiográfico demonstrou que houve neoformação
realizados aos seis e 12 meses de acompanhamento demonstra- óssea em algumas faces proximais, com redução de 55,0% dos
ram que a melhora clínica obtida após o tratamento se manteve sítios com perda óssea (Tabela 2), demonstrando significativa me-
estável em relação à maioria dos parâmetros clínicos (Tabela 1), com lhora (Figuras 8).

Figura 5 – Aspecto dos dentes anteriores na face vestibular um ano após o


início do tratamento periodontal.

Figura 6 – Vista palatina dos dentes superiores anteriores.

Figuras 7 – Um
ano após o início
do tratamento. A.
Região posterior
direita. B. Região
posterior esquerda.

Figuras 8 – Exame radiográfico executado um ano após o início do tratamento periodontal. Notar que não houve agravamento dos defeitos ósseos, demonstrando a
estabilidade dos resultados obtidos com o tratamento periodontal.

PerioNews 2012;6(5):493-9 497


Serra CL • Morota DT • de Oliveira GJPL • Orrico SRP

Discussão No presente caso clínico, a antibioticoterapia foi aplicada após


o tratamento periodontal não cirúrgico, para que fosse avaliado
A combinação da antibioticoterapia com raspagem e alisa- inicialmente o efeito isolado de raspagem e alisamento radicular
mento radicular vem demonstrando efetividade no tratamento e, também, devido ao fato que a ação dos antibióticos é reduzida
da periodontite agressiva em alguns estudos 11-13
. Tal combina- dentro do biofilme. Dessa forma, o biofilme deve ser eliminado
ção mostra-se eficaz quando comparada ao tratamento realiza- antes da administração do antibiótico8.
do apenas com raspagem e alisamento radicular efetuado com As melhoras nos parâmetros clínicos (nível de inserção, pro-
instrumentos manuais . Este estudo teve como objetivo avaliar
5,15 fundidade de sondagem, índice de placa, sangramento marginal e
longitudinalmente, em um caso de periodontite agressiva genera- sangramento a sondagem) e radiográficos, observados no presen-
lizada, a resposta clínica e radiográfica ao tratamento periodontal te caso, foram condizentes com os resultados de estudos que ava-
não cirúrgico associado à antibioticoterapia sistêmica. liaram a eficiência desse protocolo no tratamento da periodontite
Os resultados apresentados após o tratamento de raspagem agressiva generalizada15,20-21.
e alisamento radicular demonstraram a significativa melhora no É importante ressaltar que no presente relato, além de ter
quadro clínico. Como constatado em estudos anteriores, esta me- sido utilizado um protocolo de antibioticoterapia efetivo, o pro-
lhora deve-se provavelmente às alterações microbiológicas que grama de tratamento periodontal compreendeu, além da fase de
ocorrem como resposta a esse procedimento, com diminuição da tratamento ativo, um eficaz programa de manutenção com consul-
carga microbiana, particularmente dos principais periodontopató- tas realizadas mensalmente. Tais retornos periódicos aconteceram
genos, como Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythensis, a fim de evitar uma possível recolonização microbiana e para sedi-
Aggregatibacter actinomycetemcomitans 5,15,17
. mentação dos hábitos de higiene, evitando a recidiva da doença22.
Segundo outros estudos, os benefícios máximos de raspagem e
alisamento radicular ocorrem por volta de dois a três meses após a
AS MELHORAS NOS PARÂMETROS CLÍNICOS
realização da terapia23-25, enquanto que a recolonização bacteriana,
(NÍVEL DE INSERÇÃO, PROFUNDIDADE
com presença de sinais clínicos de inflamação, pode ocorrer após
DE SONDAGEM, ÍNDICE DE PLACA, seis meses de terapia antibiótica associada17,26. O retorno da quan-
SANGRAMENTO MARGINAL E SANGRAMENTO tidade de placa bacteriana e dos parâmetros clínicos aos níveis ba-
A SONDAGEM) E RADIOGRÁFICOS, sais reforçam a importância da terapia de manutenção22.
A paciente apresentou piora de parâmetros, como índice de
OBSERVADOS NO PRESENTE CASO,
placa e sangramento a sondagem, na análise realizada nos perío-
FORAM CONDIZENTES COM OS
dos de seis e 12 meses. Isso pode ser devido a algumas ausências
RESULTADOS DE ESTUDOS QUE AVALIARAM
da paciente durante a fase de manutenção ou, em se tratando do
A EFICIÊNCIA DESSE PROTOCOLO sangramento a sondagem, à possibilidade de recolonização bacte-
NO TRATAMENTO DA PERIODONTITE riana subgengival, como citado anteriormente. A relação sucesso

AGRESSIVA GENERALIZADA 15,20-21


. do tratamento periodontal e frequência da terapia de manuten-
ção aplicada ao paciente foi anteriormente estabelecida e reforça
achados27-28.
Após 30 dias da última sessão de raspagem foi administra- Um fato relevante observado no presente relato é que a pa-
da a associação de amoxicilina e metronidazol. Esse protocolo ciente era fumante, o que poderia comprometer o processo de
foi utilizado em outros estudos que executaram o tratamento reparo após tratamento e dificultar a adesão às medidas de higie-
da periodontite agressiva 8,18
, sendo que o benefício dessa asso- ne e que, provavelmente, contribuiu para os achados relacionados
ciação reside no fato da periodontite agressiva ser uma infec- ao sangramento marginal. Apesar disso, foi obtida boa resposta
ção polimicrobiana19. Tal associação tem o objetivo de atingir após o tratamento e a manutenção dos resultados alcançados,
patógenos anaeróbios (metronidazol) e um amplo espectro de sendo isso provavelmente associado às intervenções e remoti-
microrganismos, alguns facultativos e mais relacionados à perio- vações quanto à higiene bucal, que foram fornecidas durante a
dontite agressiva (amoxicilina), presentes na bolsa periodontal . 5 terapia de manutenção.

498 PerioNews 2012;6(5):493-9


Periodontia

Conclusão Nota de esclarecimento


Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
Pôde-se concluir que o protocolo de tratamento estabele- fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
cido para o presente caso clínico de periodontite agressiva gene- publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
ralizada (tratamento periodontal não cirúrgico, antibioticoterapia honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
sistêmica e terapia periodontal de suporte) foi efetivo na manu-
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
tenção dos resultados clínicos em longo prazo. royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.

Endereço para correspondência:


Silvana Regina Perez Orrico
Rua Humaitá, 1.680
14801-130 – Araraquara – SP
Tel.: (16) 3301-6377 – Fax: (16) 3301-6359
s-orrico@foar.unesp.br

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PerioNews 2012;6(5):493-9 499


Revisão da literatura Periodontia

MARCADORES SÉRICOS E SALIVARES PROMISSORES AO DIAGNÓSTICO


DA DOENÇA PERIODONTAL: UMA REVISÃO CRÍTICA

Serum and salivary promising markers for the diagnosis of periodontal disease: a critical review

Lidiane Cristina Machado Costa*


Bárbara Nascimento Albuquerque*
Rafael Paschoal Esteves Lima*
Simone Angélica de Faria Amormino*
Fernando de Oliveira Costa**
Luís Otávio de Miranda Cota**
Telma Campos Medeiros Lorentz**

RESUMO ABSTRACT
A periodontite é uma doença inflamatória que se manifesta clinicamente Periodontitis is an inflammatory disease which manifest clinically as loss of
com a perda dos tecidos de suporte periodontal, incluindo osso alveolar, supporting periodontal tissues including alveolar bone, periodontal liga-
ligamento periodontal e cemento. O diagnóstico da doença periodontal é ment and cementum. The diagnosis of the periodontal disease is accompli-
realizado através de um conjunto de medidas clínicas, incluindo profun- shed through a set of clinical measurements, including probing depth (PD),
didade de sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC), sangramento a clinical attachment level (CAL), bleeding on probing (BOP), plaque index (PI)
sondagem (SS), índice de placa (IP) e exames radiográficos complementa- and complementary radiographic examinations. However, these clinical
res. No entanto, estas medidas clínicas de DP não predizem o risco em de- measures of PD did not predict the risk of developing the disease or its
senvolver a doença e nem sua progressão. Assim, o objetivo desta revisão progression. The objective of this review is to critically evaluate the studies
foi avaliar criticamente os estudos realizados na literatura, com o intuito in the literature in order to measure the risk of progression of periodontal
de mensurar o risco de progressão da doença periodontal, bem como os disease, as well as the collection methods recommended for the diagnosis
métodos de coleta preconizados para o estabelecimento do diagnóstico of susceptibility to periodontal disease.
de susceptibilidade à doença periodontal. Key Words – Periodontal disease; Serum markers; Salivary markers.
Unitermos – Doença periodontal; Marcadores séricos; Marcadores salivares.

*Mestres em Periodontia – Faculdade de Odontologia da UFMG.


**Professores de Periodontia – Faculdade de Odontologia da UFMG.

Recebido em fev/2012 – Aprovado em fev/2012

PerioNews 2012;6(5):501-6 501


Costa LCM • Albuquerque BN • Lima RPE • Amormino SAF • Costa FO • Cota LOM • Lorentz TCM

destruição tecidual futura em indivíduos particulares, monitorar a


A DOENÇA PERIODONTAL (DP) APRESENTA resposta à terapia periodontal e a atividade da doença5.
ORIGEM INFECCIOSA, INFLAMATÓRIA E ETIOLOGIA Assim, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão crítica
da literatura sobre os marcadores séricos e salivares mais utilizados
MULTIFATORIAL, SENDO CARACTERIZADA PELA
na pesquisa periodontal, bem como os métodos de coleta preco-
PERDA DOS TECIDOS DE SUPORTE E PROTEÇÃO.
nizados para o estabelecimento do diagnóstico de susceptibilida-
A ETIOPATOGÊNESE DA PERIODONTITE É
de à doença periodontal.
DETERMINADA PELA PRESENÇA DE PATÓGENOS

PERIODONTAIS E SUAS TOXINAS QUE ESTIMULAM Revisão da literatura


UMA RESPOSTA INFLAMATÓRIA DO TECIDO
Moléculas numerosas nos fluidos orais, saliva e fluido crevi-
GENGIVAL COM INFILTRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS,
cular gengival (FCG), bem como as moléculas na circulação san-
LINFÓCITOS E MACRÓFAGOS1. TOXINAS E
guínea, soro ou plasma, foram investigados até agora em uma
MEDIADORES INFLAMATÓRIOS DOS TECIDOS
tentativa de fornecer um marcador sensível e específico para a
PERIODONTAIS PODEM ALCANÇAR A CORRENTE destruição do tecido periodontal. A saliva é particularmente pro-
SANGUÍNEA, INDUZIR INFLAMAÇÃO SISTÊMICA missora, por ser facilmente obtida de forma não invasiva e com

COM A EXPRESSÃO DE CITOCINAS2, QUIMIOCINAS3 o mínimo de desconforto para o paciente. Assim, a avaliação de
várias proteínas específicas biologicamente ou marcadores em
E DE PROTEÍNAS DA FASE AGUDA4.
fluidos orais utilizando métodos imunológicos ou bioquímicos
podem fornecer informações sobre os eventos que ocorrem no
microambiente periodontal6.
Introdução
Métodos de coleta da saliva
A doença periodontal (DP) apresenta origem infecciosa, in- A saliva pode ser coletada inteira e/ou misturada, ou de uma
flamatória e etiologia multifatorial, sendo caracterizada pela perda glândula específica. A coleta pode ser realizada sem estímulo gus-
dos tecidos de suporte e proteção. A etiopatogênese da perio- tativo ou com alguns estímulos, sendo os mais utilizados: cera de
dontite é determinada pela presença de patógenos periodontais e parafina, elásticos, gomas e ácido cítrico7.
suas toxinas que estimulam uma resposta inflamatória do tecido A saliva misturada pode ser coletada pelos métodos8-9:
gengival com infiltração de neutrófilos, linfócitos e macrófagos1. • Drenagem/cuspe: saliva é armazenada no soalho bucal, seguida
Toxinas e mediadores inflamatórios dos tecidos periodontais po- de cuspe dentro de um tubo.
dem alcançar a corrente sanguínea, induzir inflamação sistêmica • Sucção: saliva aspirada do soalho bucal para um recipiente de
com a expressão de citocinas2, quimiocinas3 e de proteínas da fase coleta.
aguda .4 • Swab absorvente: cotonete ou gaze ou rolo de algodão pré-pe-
As citocinas são moléculas mensageiras entre células, implica- sado é colocado nos orifícios das glândulas maiores e removido
das em ambos os processos imunes e inflamatórios2. Quimiocinas para nova pesagem no final do período de coleta.
são citocinas quimiotáticas atraindo leucócitos e macrófagos en-
volvidos na regulação da resposta imune3. Proteínas de fase aguda A saliva específica da glândula parótida é coletada por um dis-
(Proteína C-reativa [PCR], fibrinogênio) são marcadores de inflama- positivo com duas câmaras, uma interna e outra externa. A câmara
ção sistêmica produzidos pela estimulação traumática/infecciosa . 4 interna é colocada sobre o orifício do ducto da parótida e ligada
Devido à presença destes fatores de resposta do hospedeiro, à tubulação que transporta a saliva para o recipiente de coleta10.
o estudo de marcadores e indicadores séricos e salivares tornou-se A coleta da saliva submandibular/sublingual pode ser reali-
um dos maiores desafios no campo da Periodontia, por vislumbrar zada por um dispositivo, o qual contém uma câmara central para
descobrir um método diagnóstico capaz de identificar indivíduos a coleta da saliva submandibular e uma ou duas câmaras laterais
susceptíveis ao desenvolvimento da doença periodontal, prever para a coleta da saliva sublingual. A coleta destas glândulas tam-

502 PerioNews 2012;6(5):501-6


Periodontia

bém pode ser realizada no assoalho da boca com uma micropi- tos, odontoblastos e condrócitos produzem OC. Autores relata-
peta, depois de ter sido feito o bloqueio da secreção de saliva da ram que os níveis séricos de OC correlacionaram-se com o nível
parótida com o auxílio de uma gaze no orifício do seu ducto11. de inserção clínica (NIC) em idosos japoneses15. No entanto, outros
A saliva das glândulas menores é coletada por uma micropi- autores não encontraram diferenças significativas entre pacientes
peta ou tiras de papel absorvente da superfície interna dos lábios, com PC e saudáveis em termos de concentrações de OC e ICTP no
palato ou mucosa bucal e quantificada pelas diferenças de peso, plasma25.
ou usando Periotron (Model 304-6000, Harco Electronics, Ltd., PCR é um marcador inflamatório que vem sendo utilizado na
Winnipeg, Canada)12. Cardiologia para avaliar o risco de eventos ateroscleróticos. Estu-
dos demonstram que a doença periodontal, uma infecção crônica,
Biomarcadores séricos e salivares leva a alterações sistêmicas pela produção de citocinas e lipopolis-
Moléculas circulantes oriundas do processo inflamatório pe- sacarídeos liberados para a corrente sanguínea. Estas substâncias,
riodontal têm sido detectadas em níveis elevados na saliva e no ao atuarem nos hepatócitos, promovem a resposta da fase aguda
soro de pacientes com doença periodontal, tornando-os biomar- com consequente produção de biomarcadores, como a PCR que,
cadores putativos da periodontite. Especificamente, serão rela- por sua vez, se relaciona com alterações no endotélio vascular. Foi
tados os seguintes biomarcadores: Receptor Ativador do fator realizado um estudo transversal, no qual 40 pacientes apresenta-
Nuclear Kappa β Ligante (Rankl)13, osteoprotegerina (OPG)13, telo- ram PC e 40 controles saudáveis. Os resultados mostraram que os
peptídeo carboxyterminal do colágeno Tipo I (ICTP) , osteocalcina
14,
níveis séricos de PCR aumentaram nos pacientes com PC em rela-
(OC) , proteína C-reativa (PCR)
15
, amiloide sérica A (ASA)
16-17 18-20
, fibri- ção aos controles16. Os autores de um estudo de intervenção com
nogênio e matriz metaloproteinases (MMP)-8 e -9
21 22-23
. 25 pacientes com PC e 20 pacientes saudáveis observaram que
As interações Rankl, Rank e OPG (osteoprotegerina) são impor- os níveis séricos de PCR diminuíram após a terapia periodontal17.
tantes na coordenação da osteoclastogênese alveolar e reabsorção Outro estudo, de intervenção realizado com 78 pacientes com PC
óssea. Rankl é expresso por osteoblastos, fibroblastos e células T e 40 pacientes controles, obteve resultados que mostraram níveis
ativadas. Ele se liga ao receptor Rank nos precursores dos osteo- séricos de PCR elevados em pacientes com PC e observaram uma
clastos, induzindo a osteoclatogênese no periodonto. Rankl pode redução após o tratamento periodontal26. No entanto, foi realiza-
se ligar ao OPG, impedindo a ligação Rankl/Rank e a diferenciação do um ensaio clínico randomizado, no qual 151 pacientes recebe-
dos osteoclastos . Alguns autores observaram um aumento das
24
ram RAR e 152 pacientes receberam instruções de higiene bucal
concentrações de Rankl/OPG em pacientes com DP, em relação aos (IHB). Relataram concentração sérica de PCR não afetada pela ras-
saudáveis, e redução das concentrações em pacientes tratados em pagem e alisamento radicular27.
comparação aos pacientes que não receberam tratamento13. Amiloide sérica A é outra proteína de fase aguda, associada
ICTP é liberado nos tecidos periodontais como consequên- a lipoproteína de alta densidade (HDL). Concentrações elevadas
cia de degradação do colágeno e reabsorção óssea alveolar. Foi de ASA na circulação sanguínea foram encontradas em indiví-
sugerido para prever a perda óssea futura, correlacionar com pa- duos com ambas as doenças cardiovasculares, em comparação
râmetros clínicos e patógenos periodontais putativos e, também, com periodontite e com controles sem qualquer doença18. Em
reduzir após o tratamento periodontal, resultando, assim, uma um estudo com 30 pacientes com periodontites, foram colhidas
avaliação precisa do tecido doente. Em um estudo prospectivo, amostras de soro antes e depois do tratamento periodontal. Os
128 mulheres foram avaliadas durante dois anos. Estas apresenta- valores pós-tratamento das concentrações séricas de ASA não se
vam periodontite crônica (PC) pós-menopausa e receberam dose alteraram em relação aos valores pré-tratamento. Houve uma
de doxiciclina ou placebo em manutenção. Foi observado que correlação positiva entre nível de ASA no soro e número de bol-
doxiciclina diminuiu significativamente as concentrações séricas sas periodontais purulentas19. Outros autores avaliaram o nível de
de ICTP14. Em estudo transversal, as concentrações de ICTP foram ASA de 66 pacientes com doença periodontal avançada, antes e
similares nas amostras de plasma dos 58 pacientes com PC e dos após o tratamento de extração dentária de todos os dentes pre-
47 pacientes controles .
25
sentes. Relataram que a concentração ASA no soro diminuiu após
Osteocalcina é uma proteína osso-específica e a mais abun- extração dos dentes em pacientes com periodontite20.
dante proteína não colagenosa do tecido mineralizado. Osteoblas- Fibrinogênio é um biomomarcador de fase aguda muito

PerioNews 2012;6(5):501-6 503


Costa LCM • Albuquerque BN • Lima RPE • Amormino SAF • Costa FO • Cota LOM • Lorentz TCM

METALOPROTEINASES DE MATRIZ SÃO CONSIDERADAS MODIFICADORAS DE RESPOSTA


DO HOSPEDEIRO. TEM SIDO SUGERIDO QUE SEU PAPEL E ENVOLVIMENTO NÃO DEVEM
SER INTERPRETADOS APENAS COMO PROMOTORES SUBSTITUTOS DA DESTRUIÇÃO DOS

TECIDOS, MAS TAMBÉM FATORES DE DEFESA OU DE PROTEÇÃO CONTRA INFLAMAÇÃO

COMO UM TODO. MMPS SÃO PRODUZIDAS POR FIBROBLASTOS, MACRÓFAGOS,


NEUTRÓFILOS E CÉLULAS EPITELIAIS, E SÃO CONTROLADAS POR INIBIDORES

TECIDUAIS DE MMPS (TIMPS). MMPS TAMBÉM PODEM PROCESSAR CITOCINAS,


QUIMIOCINAS, FATORES DE CRESCIMENTO E IMUNOMODULADORES. MEDIAM
PROCESSOS ANTI-INFLAMATÓRIO E PRÓ-INFLAMATÓRIO 28
.

utillizado nos estudos de doenças cardiovasculares. Há uma ten- chance de desenvolver DP. Portanto, ambos poderiam servir como
dência das concentrações no soro serem significativamente mais biomarcadores da DP22.
elevados em pacientes com periodontite do que em pacientes A amostra de outro estudo foi composta por 15 pacientes
controles saudáveis. Em um estudo houve diminuição estatistica- saudáveis, 18 pacientes com gengivite e 20 pacientes com PC. Au-
mente significativa dos níveis de fibrinogênio de pré-tratamento tores concluíram que as amostras salivares apresentavam concen-
para pós-tratamento dentro do grupo de intervenção. Concluindo trações mais elevadas de MMP-8 em pacientes com PC em relação
que embora houvesse uma tendência de redução do nível de fi- aos outros dois grupos. Além disso, houve aumento da correlação
brinogênio no grupo de intervenção, não houve diferença estatis- com as medidas clínicas de PS e SS29.
ticamente significativa entre os grupos intervenção e controle21. Foi realizado um estudo transversal com 50 pacientes saudá-
Metaloproteinases de matriz são consideradas modificadoras veis e com gengivite, e 50 pacientes com PC. O autores coletaram
de resposta do hospedeiro. Tem sido sugerido que seu papel e en- amostras de saliva para avaliar as concentrações de MMP-8, -9 e
volvimento não devem ser interpretados apenas como promoto- OPG. Observaram que MMP-8, -9 e OPG combinados com bactérias
res substitutos da destruição dos tecidos, mas também fatores de do complexo vermelho são preditores de DP30.
defesa ou de proteção contra inflamação como um todo. MMPs
são produzidas por fibroblastos, macrófagos, neutrófilos e célu- Discussão
las epiteliais, e são controladas por inibidores teciduais de MMPs
(TIMPs). MMPs também podem processar citocinas, quimiocinas, O objetivo desse estudo foi avaliar a utilização de diferentes
fatores de crescimento e imunomoduladores. Mediam processos biomarcadores séricos e salivares relacionados ao diagnóstico e à
anti-inflamatório e pró-inflamatório .
28
gravidade da doença periodontal. Os resultados sugerem que al-
Em um estudo de intervenção foi relatado que pacientes guns marcadores podem ser utilizados para avaliar o risco à doen-
com periodontite crônica tiveram maiores concentrações plas- ça periodontal e a resposta ao tratamento.
máticas de MMP-3, -8, -9, enquanto os pacientes que receberam A saliva pode ser coletada mais facilmente e de forma menos
tratamento periodontal não cirúrgico diminuíram seus níveis invasiva em relação ao sangue. Por isso, o interesse na saliva como
significativamente . 17
fluido diagnóstico tem recebido maior atenção durante as últimas
Um estudo transversal com 57 adultos, sendo 28 com DP duas décadas22.
moderada a grave e 29 saudáveis, demonstrou que as concentra- Há uma tendência de aumento das concentrações de Rankl/
ções salivares de MMP-8 e IL-1β foram significativamente maiores OPG em pacientes com periodontites, em relação aos saudáveis, e
no grupo caso em comparação ao controle, com 45 vezes mais redução das concentrações em pacientes tratados em compara-

504 PerioNews 2012;6(5):501-6


Periodontia

ção aos pacientes que não receberam tratamento. Foi encontrada de marcadores confiáveis para o estabelecimento da progressão
relação positiva entre a doença periodontal e os níveis séricos de da periodontite.
Rankl/OPG13, enquanto outros autores não encontraram esta as-
sociação23. Conclusão
Os estudos mostraram resultados diversos para o uso de ICTP
como biomarcador de DP. Um autor observou que os pacientes Não existe um único marcador ou uma combinação de mar-
sob uso de doxiciclina diminuíram significativamente os níveis de cadores que possam revelar a destruição do tecido periodontal de
ICTP14, enquanto alguns autores23,25 não encontraram associação. forma adequada. Atualmente, medidas clínicas PS, NIC e SS ainda
Alguns autores observaram relação entre o aumento dos ní- são as mais confiáveis para o diagnóstico de DP.
veis de OC e PC . Entretanto, outros não observaram nenhuma
15
São necessários mais estudos longitudinais e de intervenção
correlação25. Portanto, não há consenso ainda sobre o uso poten- com marcadores precisos e capazes de indicar a susceptibilidade
cial de OC para avaliação do diagnóstico e prognóstico periodontal. à doença periodontal e mais estudos que busquem um marcador
As concentrações séricas de PCR foram significativamen- confiável para monitorar a progressão da doença periodontal.
te mais elevadas em pacientes com periodontite em relação aos A identificação de um marcador que caracteriza a transição
controles saudáveis . Além disso, as modalidades de tratamento
16
da gengivite para a periodontite e a saliva é um fluido diagnóstico
periodontal resultaram em diminuição nas concentrações séricas promissor de entendimento etiopatogênico de diversas doenças.
de PCR . No entanto, um estudo observou concentração sérica
17,26

de PCR não afetada pela raspagem e alisamento radicular27.


Alguns autores18-19 observaram aumento dos níveis de ASA
Nota de esclarecimento
em pacientes com PC em relação aos pacientes controles saudá- Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
veis. Enquanto outros encontraram concentrações séricas de ASA por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
reduzidas em pacientes com periodontites submetidos a extração fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
completa20.
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
Os resultados de vários estudos mostram uma forte correla- honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
ção entre as MMPs e a doença periodontal. Os subtipos 2, 3, 8 e entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
9 têm sido constantemente estudados no processo periodontal, royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
sendo que os níveis dos subtipos 8 e 9 são frequentemente ele-
Endereço para correspondência:
vados em pacientes com doença periodontal e reduzidos após a
Lidiane Cristina Machado Costa
terapia17,22,29-30. Rua Progresso, 137 – Centro
33600-000 – Pedro Leopoldo – MG
A dificuldade de interpretação dos resultados está nas dife- Tel.: (31) 9183-6684
renças metodológicas entre os estudos, sendo essas: falta de ho- lidiane.machado@superig.com.br

mogeneidade dos critérios para a definição da DP; utilização de


inúmeros marcadores, além do tipo de delineamento, já que a
maioria é de estudos transversais e um número limitado de estu-
dos longitudinais e de intervenção.
A plausibilidade biológica do aumento de alguns marcadores
séricos e salivares pela DP é observada na literatura. Porém, a di-
ficuldade de demonstrar essa associação está na característica da
DP em ser multifatorial, tendo fatores de risco e indicadores de
risco modulares da resposta do hospedeiro. Vários estudos apon-
tam para uma correlação positiva entre a DP e os marcadores, po-
rém, espera-se que os avanços científicos e tecnológicos, aliados
ao desenvolvimento de trabalhos longitudinais e intervencionais,
futuramente esclareçam de maneira definitiva o comportamento

PerioNews 2012;6(5):501-6 505


Costa LCM • Albuquerque BN • Lima RPE • Amormino SAF • Costa FO • Cota LOM • Lorentz TCM

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506 PerioNews 2012;6(5):501-6


Relato de caso clínico Periodontia

REABILITAÇÃO ESTÉTICA DE PACIENTES PERIODONTAIS


COM IMPLANTES DENTÁRIOS

Esthetic rehabilitation of patients periodontal disease with dental implants – clinical report

Euro Luiz Elerati*


Sérgio Carvalho Costa**
Mauricéa de Paula Assis***

RESUMO ABSTRACT
A reabilitação oral de pacientes periodontais parcialmente edêntulos é um The oral rehabilitation of partially edentulous periodontal patients is a
desafio para os cirurgiões-dentistas, devido à redução do suporte ósseo challenge for dentists, due to reduced bone support of teeth adjacent
dos dentes adjacentes ao espaço protético e a reabsorção do osso alveolar. to edentulous space and alveolar bone resorption. The restoration with
A restauração com próteses parciais removíveis não é aceita por muitos, removable partial dentures is not accepted by many who want rehabilita-
que desejam a reabilitação por próteses fixas, contraindicadas em alguns tion for bridges, contraindicated in some cases. The possibility of placing
casos. A possibilidade de colocação de implantes dentários em avéolos dental implants in fresh sockets periodontal patients is a matter of debate,
frescos de pacientes periodontais é questão de debate, assim como sua as well as its immediate restoration. This paper aims to demonstrate the
restauração imediata. Este trabalho teve como objetivo demonstrar a rea- rehabilitation of upper anterior periodontal patient through fixed partial
bilitação anterior superior de paciente periodontal através de prótese par- denture supported on dental implants placed in fresh sockets, with imme-
cial fixa apoiada sobre implantes dentários, colocados em alvéolos frescos, diate provisional restoration and aesthetic restoration of the artificial gum.
com restauração provisória imediata e restabelecimento da estética pela According to the results, we conclude that the rehabilitation of periodontal
gengiva artificial. De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir patients in the anterior maxilla can be successfully accomplished through
que a reabilitação de pacientes periodontais na região anterior da maxila the installation of dental implants in fresh sockets, with immediate restora-
pode ser realizada com sucesso através da instalação de implantes dentá- tion and gum in ceramics, according to protocols and surgical appropriate
rios em alvéolos frescos, com restauração imediata e gengiva em cerâmica, prosthetic.
de acordo com protocolos cirúrgico e protético adequados. Key Words – Dental implants; Immediate placement; Periodontitis.
Unitermos – Implantes dentários; Implante imediato; Periodontite.

*Mestre em reabilitação oral – Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro/RJ; Especialista em Periodontia – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, Bauru/SP.
**Doutor e mestre em Odontologia – Universidade de São Paulo, Bauru/SP.
***Graduada em Odontologia – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/MG.

Recebido em fev/2012 – Aprovado em fev/2012

PerioNews 2012;6(5):507-13 507


Elerati EL • Costa SC • Assis MP

HOJE, PACIENTES PARCIALMENTE Pacientes periodontais possuem perda de tecido ósseo e


consequente defeito na estética e na margem gengival, que confi-
DESDENTADOS ESTÃO CADA VEZ MAIS
guram dificuldades na reabilitação8. Para alcançar um bom resulta-
CONSCIENTES DAS SUAS DESVANTAGENS
do estético, a colocação de implantes em zona estética demanda
FUNCIONAIS, ESTÉTICAS E SOCIAIS1. QUANDO
a associação entre diagnóstico, plano de tratamento e habilidade
OCORRE A PERDA DE DENTES ADJACENTES, clínica9. O arranjo entre dois ou mais implantes adjacentes interfe-
O DESAFIO ESTÉTICO É IMENSAMENTE re no contorno do tecido mole, especialmente da papila interden-

MAIS COMPLEXO 2
. A CÁRIE DENTÁRIA E A tária10. A inclusão da gengiva artificial no planejamento da prótese
parcial fixa pode assegurar maior estética ao paciente com defici-
DOENÇA PERIODONTAL SÃO AS PRINCIPAIS
ência óssea horizontal e vertical11.
CAUSAS DE PERDA DENTÁRIA3. ESTA ÚLTIMA
A carga imediata de implantes dentários recentemente ga-
RESULTA NA PROGRESSIVA DESTRUIÇÃO DOS
nhou popularidade devido a vários fatores, incluindo a redução
TECIDOS QUE SUPORTAM OS DENTES, MAIS no tempo de tratamento e trauma, além de estética e benefícios
ESPECIFICAMENTE A GENGIVA, O LIGAMENTO psicológicos ao paciente12. Resultados de um ano em pacientes

PERIODONTAL E O OSSO ALVEOLAR4.


periodontalmente suscetíveis sugeriu que esses podem ser trata-
dos de maneira previsível através de um protocolo de carga ime-
diata, alternativa de tratamento que se mostra mais adequada na
zona estética, onde este protocolo é mais benéfico que na região
posterior13.
Este trabalho teve como objetivo demonstrar a reabilitação
Introdução anterior superior de paciente periodontal através de prótese par-
cial fixa apoiada sobre implantes dentários, colocados em alvéolos
Hoje, pacientes parcialmente desdentados estão cada vez frescos, com restauração provisória imediata e restabelecimento
mais conscientes das suas desvantagens funcionais, estéticas e so- da estética pela gengiva artificial.
ciais . Quando ocorre a perda de dentes adjacentes, o desafio esté-
1

tico é imensamente mais complexo2. A cárie e a doença periodontal Relato de Caso Clínico
são as principais causas de perda dentária3. Esta última resulta na
progressiva destruição dos tecidos que suportam os dentes, mais Paciente com 56 anos, gênero masculino, sem alterações sis-
especificamente a gengiva, o ligamento periodontal e o osso alve- têmicas relevantes, apresentava perda óssea horizontal e vertical
olar4. Quando a doença se encontra em fase avançada, a falta de devido à doença periodontal crônica (Figura 1), com aspecto esté-
esperança de manutenção da dentição remanescente pode levar tico dos dentes anterossuperiores insatisfátório, pois houve recon-
à opção pela exodontia, seguida de instalação de implantes dentá- torno do tecido ósseo e gengival acima da junção amelocementária
rios . Entretanto, este assunto tem sido frequentemente debatido
5
(Figuras 2 e 3). Os dentes apresentavam mobilidade, mesmo após a
devido à possibilidade dos patógenos periodontais comprome- terapia periodontal. De acordo com o aspecto clínico e radiográfico,
terem o sucesso do tratamento com implantes em parcialmente planejou-se a exodontia dos dentes 11, 12, e 21, seguida pela colo-
desdentados , já que pacientes com história de periodontite repre-
6
cação de implantes dentários. O enceramento diagnóstico foi utili-
sentam um grupo exclusivo de indivíduos que já sucumbiram zado para o planejamento protético e para a confecção de prótese
a um desafio bacteriano . Estudos recentes demonstram que
3
parcial fixa provisória, com gengiva artificial em resina acrílica, que
indivíduos com suscetibilidade à doença periodontal podem ser serviu também como guia cirúrgica (Figura 5).
tratados com sucesso com os implantes dentários, desde que o Procedeu-se a profilaxia antibiótica uma hora antes da cirurgia
tratamento para a infecção seja feito antes da instalação, com ma- para remoção dos dentes comprometidos, realizada com cautela,
nutenção regular após o procedimento7. É essencial o correto diag- buscando a máxima preservação do osso alveolar e do contorno
nóstico e planejamento do caso para o sucesso do tratamento em gengival (Figura 4). Desta forma, não foi realizado retalho mucope-
longo prazo . 4
riósteo e o periótomo foi utilizado como instrumento auxiliar nas

508 PerioNews 2012;6(5):507-13


Periodontia

Figura 1 – Periapical inicial. Figura 2 – Sorriso inicial.

Figura 3 – Intrabucal inicial. Figura 4 – Exodontia.

Figura 5
Guia multifuncional.

PerioNews 2012;6(5):507-13 509


Elerati EL • Costa SC • Assis MP

exodontias. Prosseguiu-se com a raspagem e o debridamento dos de diâmetro por 15 mm de comprimento (Conexão Sistemas de
alvéolos, sua irrigação e sondagem, durante a qual verificou-se sua Prótese, São Paulo/SP, Brasil), Figura 7. Obteve-se estabilidade pri-
integridade. Assim, optou-se pela instalação imediata de três im- mária de aproximadamente 70 Ncm, o que permitiu a colocação
plantes dentários nos alvélos dos dentes 11, 12 e 21. A perfuração de prótese parcial fixa provisória parafusada, sobre componentes
foi realizada com apoio na parede palatina, já que esta possui maior Ucla (Figuras 8 e 9). Seguiram-se as orientações de higiene e dieta
espessura (Figura 6), seguida da colocação de implantes de 4,3 mm adequadas.

Figura 6 – Posicionamento. Figura 7 – Implantes colocados.

Figura 8
Componentes
provisórios.

Figura 9
Colocação da PPF
implantossuportada
provisória.

510 PerioNews 2012;6(5):507-13


Periodontia

Figura 10 – PPF metalocerâmica com gengiva artificial. Figura 11 – Intrabucal final.

Figura 12 – Sorriso final.

Figura 13
Periapical final.

Após a cirurgia, o paciente foi acompanhado periodicamen- dentados parciais, as opções são próteses dentossuportadas ou
te por seis meses, após os quais foi realizado o planejamento e a implantossuportadas, que possuem longevidade e características
confecção da prótese parcial fixa de quatro elementos, em meta- biológicas diferentes, bem como os riscos técnicos que devem ser
locerâmica, com inclusão de gengiva artificial (Figuras 10 e 11). O considerados durante o planejamento do tratamento14. A preven-
resultado estético obtido trouxe satisfação ao paciente, que pros- ção terciária da doença periodontal está focada na reabilitação das
segue em controle clínico-radiográfico regularmente há três anos limitações funcionais que surgem devido a deficiências encontra-
(Figuras 12 e 13). das após a doença avançada e inclui terapias, tais como implantes
e próteses para a restauração de dentes ausentes15. O paciente
Discussão do caso descrito era portador de periodontite crônica, com per-
da óssea e recontorno gengival que interferiam na estética dos
A periodontite altera a morfologia do tecido ósseo e gengival dentes anteriores. O diagnóstico de doença periodontal avança-
como consequência de injúrias induzidas por acúmulo bacteriano da com prognóstico desanimador para os dentes remanescentes
na superfície dentária8. Ao planejar uma reconstrução fixa em des- tipicamente resulta no planejamento para exodontia e instalação

PerioNews 2012;6(5):507-13 511


Elerati EL • Costa SC • Assis MP

de implantes5. O histórico de doença periodontal é considerado pelo desenho do implante, pela técnica cirúrgica empregada, pelo
fator de risco para o insucesso de implantes dentários , porém, 16
torque de inserção e protocolo de instrumentação23. No caso em
após a terapia e o suporte adequado, a periodontite não é consi- questão, a restauração imediata foi realizada mediante excelente
derada uma contraindicação para o tratamento com implantes 3,13
. estabilidade primária, medida através do torque de inserção do im-
Acredita-se que os periodontopatógenos podem ser eliminados plante, que foi de 60 Ncm. O torque máximo de inserção do implante
com a exodontia do dente natural, contudo, a cautelosa colocação depende principalmente da forma e do tratamento de superfície
do implante e a manutenção cuidadosa são essenciais . 6
do implante. Implantes de desenho cônico possuem maior torque
Após a exodontia, o osso alveolar tem redução progressiva de inserção que os cilíndricos, favorecendo a aplicação de carga
em quantidade e qualidade de tecido duro , o que pode com- 17
imediata, assim como os implantes de superfície tratada compara-
prometer o tecido gengival para a restauração sobreimplante. dos aos usinados23-24. Os implantes colocados no caso relatado fo-
Alcançar estética previsível peri-implantar exige compreensão ram de desenho cônico com superfície tratada. A técnica cirúrgica
adequada e preservação do tecido ósseo e gengival que circunda também influencia a obtenção de estabilidade para aplicação de
o dente, buscando preservar o suporte ósseo com extração mini- carga imediata, a qual deve ser atraumática, conforme já comen-
mamente invasiva e acesso cirúrgico cuidadosamente planejado
18
tado na descrição deste caso. Com a técnica cirúrgica adequada, os
e executado, com retalho de desenho conservador e avaliação da resultados do protocolo de carga imediata podem ser superiores
presença de tecido mole, para maior preservação deste tecido9. A ao convencional12. Suas principais vantagens são: eliminação do
colocação de implantes imediatos em alvéolos frescos pode pro- período de espera para regeneração do tecido periodontal, ma-
mover a preservação da dimensão vertical e horizontal do tecido nutenção da dimensão do alvéolo, eliminação da segunda cirurgia
ósseo com a vantagem da colocação do implante na mesma an- para implantação e, especialmente, a diminuição do período com
gulação do dente natural perdido , manter o osso da crista e as
19
dentes ausentes ou próteses provisórias removíveis ou coladas,
papilas interdentais, alcançando assim a estética peri-implantar18. fato este que diminui custo e aumenta a aceitabilidade por par-
No caso relatado, a exodontia minimamente invasiva foi realizada te do paciente17,25. Os implantes submetidos a provisionalização
para preservar tecidos já prejudicados devido aos efeitos da doen- imediata podem permanecer sem carga durante o período de
ça periodontal. Contudo, as papilas interdentárias já haviam sido cicatrização, especialmente em doentes com comprometimento
perdidas e a estética ficaria instatisfatória. Desta forma, o planeja- ósseo17, como o caso aqui relatado.
mento protético incluiu a gengiva artificial. As próteses parciais fixas podem ser realizadas com materiais
A colocação de implantes imediatos pode alcançar bons resul- diversos, porém, o que apresenta melhor resistência e confiabili-
tados20. O protocolo de colocação imediata em alvéolos infectados dade clínica ainda é a metalocerâmica26-27, material de escolha para
deve ser realizado após profilaxia antibiótica, limpeza meticulosa este caso. Para a melhora da estética, fator relevante na região
e debridamento alveolar , em combinação com ostectomia
19,21-22
anterior, a gengiva artificial foi acrescentada às próteses provisória
periférica dos alvéolos . Este protocolo possibilita um posiciona-
22
e definitiva. Muitas vezes, o tratamento tradicional de situações
mento bem-sucedido do implante, na mesma direção das raízes complicadas, como perda óssea vertical acentuada, pode resultar
removidas, e aumenta o índice de sucesso . O risco de perda do
19
em uma restauração definitiva pouco estética. Com um planeja-
implante pode aumentar quando a colocação e a carga funcional mento adequado, a reabilitação com prótese sobreimplantes pode
imediata são combinadas em um caso20. Porém, para onde a esta- levar a uma recuperação ideal com a incorporação da gengiva arti-
bilidade primária foi alcançada, a colocação do implante em alvéolo ficial28. A incorporação desta possibilidade no planejamento inicial
infectado não induz o aumento no índice de complicações e traz do tratamento favorece a obtenção de resultados estéticos signi-
uma compensação favorável na integração dos implantes e manu- ficativamente melhores do que quando ela é usada como último
tenção dos tecidos mole e duro . 21
recurso, ou simplesmente como uma ferramenta de reparo29.
A estabilidade primária é o fator crítico para o sucesso da te- Ao final do tratamento com implantes, o controle clínico perió-
rapia em longo prazo e determinante na decisão pela aplicação de dico é essencial para o sucesso em longo prazo em pacientes perio-
carga imediata 12,21,23
. Esta pode ser afetada pela densidade óssea, dontalmente suscetíveis3,21, como está sendo realizado neste caso.

512 PerioNews 2012;6(5):507-13


Periodontia

Conclusão entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.

Pôde-se concluir, de acordo com os resultados obtidos no Endereço para correspondência:


caso apresentado, que a reabilitação de pacientes periodontais na Euro Luiz Elerati
Av. Barão do Rio Branco, 2.588/1.405 – Centro
região anterior da maxila pode ser realizada com sucesso através 36016-311 – Juiz de Fora – MG
Tel.: (32) 3215-3763
da instalação de implantes dentários em alvéolos frescos, com res-
euro@euroelerati.com.br
tauração imediata e gengiva em cerâmica, de acordo com proto-
colos cirúrgico e protético adequados.

Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela

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PerioNews 2012;6(5):507-13 513


Revisão da literatura Periodontia

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE CIRURGIÕES-DENTISTAS


DE IPIAÚ/BA SOBRE ABSCESSO PERIODONTAL

Evaluating the knowledge of dental surgeons about periodontal abscess in the city of Ipiaú/BA

Maria Cecília Fonsêca Azoubel*


Amália Tavares Cunha**
Eduardo Azoubel***

RESUMO ABSTRACT
Objetivo: avaliar o conhecimento de cirurgiões-dentistas de Ipiaú/BA sobre Objective: the target of this study is to evaluate the knowledge of den-
abscesso periodontal. Métodos: 41 cirurgiões-dentistas da cidade de Ipiaú/ tal surgeons, about periodontal abscess in the city of Ipiaú/Ba. Methods:
BA, representando 85% dos profissionais atuantes na localidade, respon- forty-one (41) dentists in Ipiaú-BA, answered a questionnaire about pe-
deram um questionário sobre abscesso periodontal. Resultados: a maioria riodontal abscess, representing 85% of professionals working in the area.
dos profissionais é composta por clínicos gerais e possui menos de cinco Results: Most of the professionals are consisting of general practitioners
anos de atuação; 83% dos profissionais atenderam pacientes com absces- and they have less than 5 years of activity. Eighty-three percent (83%) of
so periodontal e, entre estes, 76% realizaram o tratamento; 73% dos que professionals, treated patients with periodontal abscess and among the-
realizaram o tratamento não sabiam qual era a etiologia do abscesso pe- se, 76% did the treatment. Seventy-three (73%) who did the treatment
riodontal, embora 76% soubessem as características clínicas assim como did not know what was the etiology of periodontal abscess, although 76%
as formas de tratamento. Ainda entre os 26 profissionais que trataram os knew the clinical features and treatment modalities. Even among the 26
pacientes com abscesso, 20 (76,9%) utilizaram alguma terapia medicamen- professionals who treated patients with periodontal abscess, 20 (76.9%)
tosa e 19 (95%) incluíram antibióticos na sua prescrição. Dos profissionais used any drug therapy and 19 (95%) included antibiotic in your prescrip-
que prescreveram antibióticos, 90% relataram que o fármaco deveria ser tion. Of the professionals who prescribed antibiotics, 90% reported that
utilizado em todo tipo de abscesso periodontal, mesmo quando não há the drug should be used in all types of periodontal abscess even there isn’t
envolvimento sistêmico. Conclusão: a maioria dos profissionais entrevista- systemic involvement. Conclusions: Most of the professionals interviewed
dos não sabe as causas do abscesso periodontal, apesar da maioria saber as did not know the causes of periodontal abscess, although the majority of
características clínicas e as formas de tratamento. A quase totalidade dos them know the clinical characteristics and treatment modalities. Almost all
profissionais prescreveu antibiótico e considera que tal conduta farmaco- professional prescribed antibiotics and they believe that such pharmaco-
terápica deve ser empregada em todos os casos de abscesso. therapy conduct should be used in all cases of abscess.
Unitermos – Abscesso periodontal; Diagnóstico; Tratamento. Key Words – Periodontal abscess; Diagnosis; Therapy.

*Doutora em Ciências Médicas – UFC/CE; Professora adjunta do Curso de Odontologia – EBMSP/BA.


**Especialista em Periodontia – ABO/BA.
***Mestre em CTBMF – PUC/RS; Docente – UEFS.

Recebido em jul/2012 – Aprovado em jul/2012

PerioNews 2012;6(5):515-20 515


Azoubel MCF • Cunha AT • Azoubel E

periodontal reabsorção lateral ao longo da parede radicular quan-

O ABSCESSO PERIODONTAL É UMA COLEÇÃO do na sua forma crônica. Já quando este está na sua forma aguda
não apresenta características radiográficas10.
PURULENTA FORMADA PELA DESINTEGRAÇÃO TECIDUAL,
A microbiota relacionada com o abscesso periodontal não
DECORRENTE DO PROCESSO INFLAMATÓRIO AGUDO
parece ser específica e é dominada por anaeróbios gram negati-
DESTRUTIVO LOCALIZADO NOS TECIDOS PERIODONTAIS
vos estritos11 que são similares às bactérias encontradas em bolsas
E SEM RELAÇÃO COM A POLPA DENTAL .
1
periodontais profundas.
Os molares são os dentes mais frequentemente afetados,
provavelmente devido à influência da sua anatomia multirradicu-
Introdução lar12. No entanto, outros autores13 observaram que o grupo mais
comum de dentes afetados pelo abscesso periodontal foi o de
O abscesso periodontal é uma coleção purulenta formada incisivos inferiores.
pela desintegração tecidual, decorrente do processo inflamatório O tratamento dos abscessos periodontais deve ser conduzido
agudo destrutivo localizado nos tecidos periodontais e sem rela- em duas etapas: a primeira, de urgência, para estabelecer a drena-
ção com a polpa dental . 1 gem da coleção purulenta e o alívio imediato da dor, e a segunda,
Uma avaliação da literatura disponível revela dois tipos bási- desenvolvida como terapia periodontal de rotina14. Porém, é unâ-
cos de abscesso periodontal: 1) aqueles relacionados com bolsas nime a escolha de uma terapia que vise a promover a eliminação
periodontais preexistentes; 2) aqueles não necessariamente rela- da dor do paciente, do fator etiológico e consequente redução do
cionados ao curso da periodontite, no qual a impactação de obje- processo agudo15.
tos estranhos, ou alteração na integridade ou morfologia da raiz, Se o diagnóstico for feito corretamente e o tratamento ins-
poderia explicar a formação do abscesso. Além disso, o abscesso tituído de forma também adequada, a diminuição da sintomato-
periodontal ocorrendo em bolsas periodontais tem sido explicado logia se dá entre 24 e 48 horas após, como processo natural de
por diferentes etiologias: exacerbação de uma periodontite pree- resolução. Cabe também monitorar a resposta, aprimorando a ras-
xistente; inapropriada terapia periodontal, principalmente profila- pagem subgengival nas consultas subsequentes, com a finalidade
xia ou raspagem que pode conduzir o cálculo para as regiões mais de remover algum fator etiológico ainda presente e criar ambiente
profundas da bolsa ; recorrência da doença ; baixa imunidade (ex.:
2 3 biológico favorável ao processo de reparação16.
diabetes mellitus descompensada)4 ou a ocorrência de superinfec- Dependendo da condição clínica geral, poderá ser necessária
ções, após terapia antibiótica sistêmica . 5 a administração de antibiótico6. Na seleção do antibiótico, a Aca-
Os abscessos periodontais podem ser classificados em agu- demia Americana de Periodontologia (2004)17 inclui: amoxicilina,
dos e crônicos. Os clinicamente agudos provocam dor pulsátil clindamicina e azitromicina.
localizada, aumento de volume , apresentam faixa de gengiva
6-7 O objetivo desse trabalho foi avaliar o conhecimento de cirur-
queratinizada lisa, brilhante e vermelha, extrusão e sensibilidade giões-dentistas de Ipiaú/BA sobre abscesso periodontal.
à percussão. Exsudato purulento e/ou aumento da profundidade
de sondagem são observados e o dente pode também apresentar Material e Métodos
mobilidade6,8. Os clinicamente crônicos apresentam via de drena-
gem fistulosa muitas vezes associada a uma bolsa profunda e po- A população de cirurgiões-dentistas do município de Ipiaú/
dem ser assintomáticos . 6-7 BA durante o estudo constava de 48 indivíduos, dos quais 41
Alguns dos sinais e sintomas clássicos do abscesso periodon- (85%) fizeram parte da amostra estudada. De acordo com o
tal podem estar relacionados com alterações pulpares, portanto, Censo 2010 – IBGE, a cidade de Ipiaú possui 44.390 habitantes.
o clínico deve lançar mão de meios adequados para o diagnóstico Foi distribuído um questionário composto por perguntas com
visando identificar a origem do problema . Teste de vitalidade e
6 múltiplas alternativas de resposta e questões subjetivas. Estas
avaliação radiográfica é usado para fazer diagnóstico diferencial de últimas foram avaliadas segundo critérios de classificação pré-es-
abscessos de origem endodôntica9. tabelecidos. Então, foi utilizado o seguinte critério: foi considera-
Quanto ao aspecto radiográfico, pode-se observar no abscesso do como “certo” se os entrevistados respondessem pelo menos

516 PerioNews 2012;6(5):515-20


Periodontia

duas proposições corretas nas questões 7 e 8, e na questão 9 Resultados


foi considerado como “certo” se os entrevistados colocassem
pelo menos drenagem como resposta. Os dados obtidos a partir Dados da amostra estudada
dos questionários preenchidos foram tabulados para a realiza- Em relação à especialidade odontológica dos profissionais parti-
ção dos gráficos e tabelas de frequência. Alguns questionários cipantes (questão 1), observou-se que a maior parte da amostra era
foram deixados e recolhidos em um segundo momento e em composta por clínicos gerais (37%), conforme descrito na Figura 1.
outros locais nos quais os entrevistados tinham disponibilidade Em relação ao tempo de exercício profissional (questão 2),
de entrega imediata, o pesquisador aguardava em outra sala até a maior parte dos indivíduos (44%) estava no intervalo abaixo de
o participante concluir o questionário. Todos os participantes da cinco anos de atividade clínica, e a menor parte (10%) entre 11 e
pesquisa foram esclarecidos quanto ao desenvolvimento da pes- 15 anos, conforme dados presentes na Tabela 1.
quisa, seus propósitos e relevância, e concordaram em assinar Em relação à instituição de ensino onde o profissional se gra-
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os Coordena- duou (questão 3), observou-se UFBA (37%) e outras (34%) como as
dores de Odontologia do município de Ipiaú/BA, assim como os respostas mais frequentes, conforme a Figura 2.
cirurgiões-dentistas responsáveis pelas clínicas odontológicas
receberam uma declaração de concordância assentindo a partici- Análise da realização de atendimento/tratamento
pação dos profissionais. ao paciente com abscesso periodontal
O projeto da referida pesquisa foi devidamente submetido ao Quando questionados sobre a realização de atendimento a
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina e Saúde pacientes com abscesso periodontal (questão 4), 34 (83%) pro-
Pública, com número de inscrição 075/201, aprovado para execução fissionais afirmaram que já haviam vivenciado tal situação clínica,
pelo parecer 201/2011 datado em 23/08/11, e seguiu rigorosamen- contra apenas sete (17%) que não haviam. Do total de profissionais
te os critérios éticos exigidos pela resolução MS/CNS n° 196/96, que que havia atendido paciente com abscesso periodontal, 26 (76%)
normatiza as pesquisas envolvendo seres humanos. afirmaram que trataram o paciente, sete (21%) não trataram e ape-
nas um (3%) não respondeu (Figura 3).

Figura 2 – Distribuição
da amostra segundo
a instituição de ensino
onde foi cursada a
graduação (n = 41).
Figura 1 – Distribuição da amostra segundo a
especialidade dos profissionais participantes (n = 41).

TABELA 1 – FREQUÊNCIA E PORCENTAGEM DA AMOSTRA SEGUNDO O TEMPO DE EXERCÍCIO PROFISSIONAL


Tempo de exercício profissional Frequência (n) Porcentagem (%)
Menos de cinco anos 18 44
Figura 3 – Distribuição
Cinco a dez anos 10 24 dos profissionais
que vivenciaram
11 a 15 anos 4 10 atendimento a
paciente com
Mais de 15 anos 9 22 abscesso periodontal
segundo a realização
Total 41 100 do tratamento desta
condição clínica (n = 34).

PerioNews 2012;6(5):515-20 517


Azoubel MCF • Cunha AT • Azoubel E

Na questão 6, não foi possível a realização de uma análise, Discussão


pois os profissionais que não trataram, não encaminharam, ao
contrário do que pede a questão. O abscesso periodontal é a terceira mais frequente urgência
Nas questões 7 a 9, os profissionais foram questionados so- de origem dental3,12, representando 7-14% de todas estas urgên-
bre as causas do abscesso periodontal, as características clínicas e cias12, e que causa a rápida destruição dos tecidos periodontais,
a forma de tratamento, respectivamente. Foi dada a eles a possibi- podendo interferir no prognóstico do dente envolvido, além de
lidade de responder subjetivamente a estas perguntas. Posterior- apresentar a possibilidade de disseminação da infecção15. No pre-
mente, utilizando padrões pré-estabelecidos, as questões foram sente estudo foi possível reforçar essas afirmações, uma vez que
classificadas como “certa” ou “errada”. A distribuição destas res- 83% dos profissionais envolvidos já atenderam pacientes portado-
postas está descrita na Tabela 2. res dessa condição.
Na questão 10, perguntou-se aos profissionais que realiza- Embora seja um tema considerado simples e bem conhecido,
ram atendimento de casos de abscesso periodontal se os mesmos o atual trabalho permite que relevantes considerações sejam fei-
haviam realizado alguma terapia medicamentosa. Dos 26 profis- tas. O primeiro aspecto que pode ser discutido consiste no fato de
sionais com relato de experiência, 20 (76,9%) haviam realizado a que uma parcela importante dos entrevistados (21%) que atendeu
terapêutica; e as drogas utilizadas (questão 11) estão descritas na paciente com abscesso não tratou estes pacientes e não encami-
Figura 4. nhou para que os mesmos fossem tratados. Aqui, cabe citar um
Finalmente, quando os profissionais que utilizaram me- trabalho3 que afirma que o abscesso periodontal é uma frequente
dicação foram questionados sobre o porquê da prescrição de condição na qual os tecidos periodontais podem ser rapidamente
antibióticos, 18 (90%) relataram que se deve utilizar o referido destruídos, e é uma das poucas situações clínicas em Periodontia
medicamento para qualquer situação de abscesso e apenas dois em que os pacientes necessitam ser tratados de forma imediata.
(10%) indicaram que o uso deve ser feito na presença de envol- Outra evidência conflitante vista neste trabalho foi o desco-
vimento sistêmico. nhecimento sobre a etiologia dos abscessos periodontais. Presu-
me-se que o acurado diagnóstico do tipo de abscesso é impres-
cindível para que se possa instituir a terapia integral adequada,
TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS RESPOSTAS DADAS ÀS QUESTÕES SUBJETIVAS sobretudo no que tange ao diagnóstico diferencial de lesão pulpar
Não com repercussão no periodonto, o que influencia diretamente na
Certo Errado respondeu
necessidade de tratamento endodôntico. Dessa forma, é impor-
Quais as causas do abscesso periodontal? 6 (15%) 30 (73%) 5 (12%)
tante que a etiologia do abscesso periodontal seja bem conhecida,
Quais as características clínicas? 32 (78%) 7 ( 17%) 2 (5%)
pois só assim será possível garantir que a condução do tratamen-
Qual a forma de tratamento? 32 (78%) 4 (10%) 5 (12%) to integral, após procedimento de urgência, preservará a integri-
dade do dente e do periodonto. Ainda avaliando essa questão, é
possível constatar que os dados obtidos são controversos, já que
mesmo que a maioria dos profissionais tenha respondido de for-
ma incorreta sobre a etiologia do abscesso, 73% responderam que
sabiam reconhecê-lo clinicamente e tratá-lo.
Correlacionando os dados discutidos até aqui (prevalência e
etiologia do abscesso periodontal) com o perfil da amostra estuda-
da, é possível sugerir que o fato da maioria dos entrevistados (44%)
ter menos de cinco anos de atuação profissional pode refletir na
menor experiência clínica, o que pode dificultar a compreensão
prática da etiologia e, diagnóstico diferencial. Assim, dentre as res-
postas mais frequentes quando questionados sobre a etiologia do
abscesso periodontal, os entrevistados apontaram cárie, trauma
Figura 4 – Distribuição das drogas utilizadas pelos profissionais com experiência
em casos de abscesso periodontal (n = 20). oclusal, lesões endodônticas, má higiene oral e a presença de cál-

518 PerioNews 2012;6(5):515-20


Periodontia

culo e placa. Nesse sentido, a literatura científica suporta que a de 300 km da capital, e isso pode ser um impacto na dificuldade
causa mais comum do abscesso periodontal é a oclusão do orifí- de atualização científica quanto aos protocolos clínicos (medica-
cio da bolsa periodontal2. Essa obstrução impede a drenagem do mentos propostos mais recentemente).
exsudato, que resulta em uma reação inflamatória em bolsas es- Quanto a uso criterioso e racional dos antibióticos em absces-
treitas, furcas e defeitos infraósseos profundos18. Em contrapo- sos periodontais, a AAP (2004)17 propõe: amoxicilina 500 mg: 1,0 g
sição com a correlação feita com a amostra deste estudo, a lite- em dose de “ataque” seguida de 500 mg três vezes ao dia por três
ratura sustenta que a diversidade dos fatores predisponentes e à dias. É necessária reavaliação após três dias para determinar a ne-
presença, nem sempre constante de todos os sinais e sintomas, cessidade de continuar ou ajustar a terapia antibiótica. Em pacien-
representam um desafio clínico ao diagnóstico e ao tratamento . 6
tes alérgicos às penicilinas, as drogas de escolha são: clindamicina:
Quanto ao tratamento, o presente estudo revelou que 78% 600 mg em uma dose, seguida de 300 mg de seis/seis horas du-
dos profissionais sabem qual é a forma de tratamento de urgência rante três dias, quando é feita a reavaliação da continuidade da
do abscesso. Esse é um dado relevante, uma vez que tal terapia terapia, ou azitromicina: 1,0 g em uma dose de “ataque”, seguida
traz como consequência o alívio imediato da dor do paciente e a de 500 mg por três dias.
descontaminação microbiana parcial. No entanto, é válido salientar No trauma e na infecção não parece racional antagonizar a
que a terapia de urgência não é suficiente para eliminar a causa do inflamação, componente indispensável à reparação tecidual no
abscesso, e o tratamento periodontal posterior ao quadro agu- primeiro caso e à defesa do organismo no segundo. O tratamen-
do é imperativo. A literatura é consensual quanto à drenagem do to então deve ser direcionado a etiologia primária do problema20.
abscesso como primeira opção de tratamento de urgência7,14. Os Sendo assim, não é indicado o uso de anti-inflamatórios em abs-
autores6 reforçam que a drenagem pode ser conduzida pela de- cessos periodontais. No caso do abscesso periodontal, a terapia
sobstrução mecânica e abertura da luz da bolsa periodontal com a indicada, é apenas sintomática, cujo objetivo é controlar a dor já
distensão delicada dos tecidos moles ou por incisão. Segundo esse instalada e a droga escolhida deve deprimir diretamente a ativida-
trabalho, para a drenagem ser conduzida pela bolsa, é necessária de dos nociceptores. Nesse caso, a dipirona 500 mg, seis/seis ho-
a remoção dos detritos da superfície radicular com instrumentos ras, ou paracetamol 500 mg, seis/seis horas, podem ser indicados
manuais. Quando indicada, a incisão deve ser suficiente para per- por um período de 24 horas.
mitir o esvaziamento da coleção purulenta. Finalmente, é importante pontuar que o presente trabalho
Quanto ao emprego de terapia medicamentosa, a maioria teve cunho investigativo e exploratório, e que a intenção de infe-
(76%) dos profissionais que tratou pacientes com abscesso pe- rir o nível de conhecimento de profissionais cirurgiões-dentistas
riodontal incluiu antibióticos na sua prescrição (95%). Esse dado de Ipiaú/BA sobre o abscesso periodontal foi com o objetivo maior
se contrapõe à posição da AAP (2004)17 que preconiza a antibio- de discutir as dificuldades e, talvez, promover ações no sentido de
ticoterapia apenas em abscesso periodontal com manifestação atualização de condutas. Obviamente, sabemos da limitação do nos-
sistêmica (febre, leucocitose, linfadenopatia regional, inapetên- so estudo no que diz respeito à ausência de dados obtidos através
cia, prostração). A postura da AAP (2004)17, se justifica pelo uso de testes estatísticos, mas acreditamos que os dados percentuais
racional dos antibióticos visando minimizar os riscos de resistên- obtidos são representativos, uma vez que quase a totalidade dos
cia bacteriana. A AAP (2004) pontua ainda que o periodontista
17
cirurgiões-dentistas do município foram arrolados no estudo. Inclu-
tem a possibilidade de intervir localmente de uma forma efetiva, sive, trata-se de um estudo pioneiro nesta área, o que dificulta o
gerando redução expressiva da carga microbiana local e reduzin- confrontação das inferências, aqui colocadas como hipóteses.
do a sintomatologia álgica. Soma-se a isso a possibilidade de usar
antimicrobianos tópicos como terapia adjunta, neste contexto, a Conclusão
clorexidina aparece como padrão-ouro do controle químico do
biofilme supragengival e tem racional medicação nos primeiros A maioria dos cirurgiões-dentistas do município de Ipiaú/BA
sete dias após a realização do tratamento de urgência . Essa
19
não sabe qual(is) a(s) etiologia(s) do abscesso periodontal.
extensa prescrição de antibióticos talvez se deva pelo fato de A maior parte dos cirurgiões-dentistas de Ipiaú/BA sabe reco-
que 32% dos profissionais têm mais de dez anos de atuação e nhecer e tratar de forma urgente o abscesso periodontal.
residem em uma cidade do interior do estado localizada a mais A maior parcela dos cirurgiões-dentistas prescreve antibióti-

PerioNews 2012;6(5):515-20 519


Azoubel MCF • Cunha AT • Azoubel E

cos após tratamento de urgência do abscesso periodontal, inde- publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
pendente da presença de toxemia. honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
Observa-se a necessidade de atualização dos profissionais de
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
Ipiaú/BA no sentido de esclarecimento sobre condutas clínicas/ royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
farmacológicas para o tratamento de abscessos periodontais.
Endereço para correspondência:
Nota de esclarecimento Maria Cecília Fonsêca Azoubel
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado Rua dos Prazeres, 238 – Condomínio Azubas – Caji
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. 42700-000 – Lauro de Freitas – BA
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou Tel.: (71) 9982-2757
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a mcfazoubel@gmail.com

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520 PerioNews 2012;6(5):515-20


Revisão da literatura Periodontia

TERAPIA FOTODINÂMICA NO TRATAMENTO DA


DOENÇA PERIODONTAL E PERI-IMPLANTAR

Photodynamic therapy in the treatment of periodontal disease and peri-implant disease

Ma Fernanda M. Kolbe*
Vanessa H. Luchesi*
Deborah Haidée A. Peres de Oliveira**
Karina T. Villalpando***
Fernanda Vieira Ribeiro****

RESUMO ABSTRACT
O tratamento periodontal consiste na remoção das bactérias periodon- Periodontal treatment is the removal of periodontopathogens, through
topatogênicas, por meio de raspagem e alisamento radicular (RAR), cujos scaling and root planing, whose results are quite satisfactory. However,
resultados são bastante satisfatórios. Contudo, determinados sítios pe- certain periodontal and peri-implantars sites may not respond well to non-
riodontais e peri-implantares podem não responder bem à terapia não surgical therapy, causing the permanence of residual pockets. Thus, alter-
cirúrgica, ocasionando a permanência de bolsas residuais. Dessa forma, natives have been proposed as adjuvants to mechanical therapy, such as
alternativas vêm sendo propostas como adjuvantes à terapia mecânica, the use of systemic and local antimicrobial, using isolated laser and laser
como o uso de antimicrobianos locais e sistêmicos, o uso de laser isolado dye joined fotossensibilizador, a process known as Photodynamic therapy
e associado a um corante fotossensibilizador, processo conhecido como or PDT. Several studies have shown that this new therapy seems to be a
terapia fotodinâmica ou PDT (photodynamic therapy). Vários estudos têm therapeutic approach unique and interesting, and could be a new alterna-
mostrado que essa nova terapia parece ser uma abordagem terapêutica tive treatment both in periodontitis therapy and peri-implantitis, showing
original e interessante, podendo ser um tratamento alternativo tanto na reduced morbidity and minimum cross-and postoperative discomfort. Ho-
terapia da periodontite quanto da peri-implantite, apresentando reduzi- wever, there is a need for a greater amount of randomized and controlled
da morbidade e mínimo desconforto trans e pós-operatório. Contudo, é clinical investigations in order to prove the effectiveness of photodynamic
necessária maior quantidade de investigações clínicas controladas e ran- therapy as adjuvant or as single treatment for periodontal disease resolu-
domizadas, a fim de comprovar a eficácia da terapia fotodinâmica como tion and peri-implantars.
adjuvante ou como único tratamento para a resolução de doenças perio- Key Words – Chronic periodontitis; Peri-implantitis; Periodontal pocket;
dontais e peri-implantares. Dental scaling; Photochemotherapy.
Unitermos – Periodontite crônica; Peri-implantite; Bolsa periodontal; Ras-
pagem dentária; Terapia fotodinâmica.

*Especialistas e mestrandas em Periodontia – Universidade Paulista.


**Graduanda em Odontologia – Universidade Paulista.
***Profa. doutora do curso de Odontologia – Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
****Profa. doutora do curso de Periodontia – Universidade Paulista.

Recebido em jun/2012 – Aprovado em jul/2012

PerioNews 2012;6(5):521-6 521


Kolbe MFM • Luchesi VH • de Oliveira DHAP • Villalpando KT • Ribeiro FV

pêutica relevante para o tratamento da doença periodontal ou


peri-implantar9.
O TRATAMENTO PERIODONTAL CONSISTE
NA DESCONTAMINAÇÃO DA SUPERFÍCIE
Revisão da Literatura
RADICULAR POR MEIO DE TERAPIA

MECÂNICA, CUJOS RESULTADOS SÃO A terapia fotodinâmica, usada há mais de um século no trata-
BASTANTE SATISFATÓRIOS 1
. NO ENTANTO, mento do câncer, há 20 anos foi trazida para a Odontologia, quan-
do começou a ser mais estudada nas infecções causadas por dife-
O SUCESSO DO TRATAMENTO NÃO
rentes bactérias, fungos e vírus, se destacando como uma nova
CIRÚRGICO DIMINUI COM O AUMENTO DA
modalidade terapêutica não invasiva.
PROFUNDIDADE DE SONDAGEM E COM
Essa terapia é baseada no princípio de que a luz, em uma faixa
O ENVOLVIMENTO DE BIFURCAÇÕES2, com um determinado comprimento de onda, pode ativar certos
DEVIDO À DIFICULDADE DE ACESSO E ÀS corantes, os fotossensibilizadores, que produzem moléculas reati-

COMPLEXIDADES ANATÔMICAS. vas como o oxigênio singleto, íons superóxidos, hidroxilas e outros
radicais livres que são capazes de injuriar e até destruir bactérias e
seus produtos10. O azul de toluidina O-TBO e o azul de metileno são
os fotossensibilizadores mais utilizados na PDT, por serem efetivos
Introdução contra bactérias gram positivas e gram negativas10, e demonstra-
rem alto grau de seletividade ao matarem microrganismos ao in-
O tratamento periodontal consiste na descontaminação da vés de células do hospedeiro11.
superfície radicular por meio de terapia mecânica, cujos resultados Estudos experimentais demonstraram que a terapia fotodi-
são bastante satisfatórios . No entanto, o sucesso do tratamento
1
nâmica tem a capacidade de reduzir os níveis de importantes pe-
não cirúrgico diminui com o aumento da profundidade de sonda- riodontopatógenos, tais como Porphyromonas gingivalis e Aggre-
gem e com o envolvimento de bifurcações2, devido à dificuldade gatibacter actinomycetemcomitans12-13. Além disso, o uso da PDT
de acesso e às complexidades anatômicas. Assim, raramente, a to- mostrou uma importante redução no infiltrado de células infla-
tal eliminação bacteriana é alcançada , favorecendo a permanência
3
matórias, além de ter proporcionado bons resultados em estudos
de bolsas residuais que contribuem para a progressão da doença, clínicos, tais como diminuição na profundidade de sondagem (PS),
podendo levar à perda dental ou do implante . Da mesma forma,
4
aumento do nível clínico de inserção (NIC) e menor sangramento
em relação aos defeitos ósseos ao redor de implantes, a terapia a sondagem (SS), quando utilizada associada à terapia mecânica no
mecânica convencional parece ser incapaz de descontaminar com- tratamento da periodontite crônica9. Da mesma forma, a aplica-
pletamente a região5. Por isso, o uso de antimicrobianos locais e ção repetida da terapia fotodinâmica – cinco vezes consecutivas
sistêmicos para o tratamento de sítios com bolsas residuais6-7 e com em duas semanas – associada ao debridamento periodontal, em
peri-implantite tem sido adotado como coadjuvante ao tratamen-
5
caso de bolsas periodontais residuais, mostrou maior redução na
to mecânico. No entanto, além de não eliminar todas as bolsas, PS quando comparada ao grupo controle, que recebeu somente
este tipo de terapia pode causar resistência bacteriana, ocasionar o debridamento periodontal, após seis meses, além de resultar
efeitos adversos como desordens gastrointestinais e problemas em aumento significativo do NIC e diminuição no percentual de
associados à dificuldade de manutenção local da droga no sítio7. SS nas reavaliações de três, seis e 12 meses, diferente do grupo
Portanto, o tratamento periodontal e peri-implantar requer controle14.
o desenvolvimento de alternativas terapêuticas antimicrobianas. No entanto, em outro estudo, a PDT não mostrou resultados
Nesta tendência, a utilização de lasers associado à terapia não superiores ao debridamento periodontal, após três meses, nem
cirúrgica tem sido estudada8. Além disso, evidências têm de- na PS, nem na contagem microbiológica ao comparar as duas
monstrado que a aplicação de lasers, associada ao uso de fotos- modalidades de tratamento em bolsas residuais de pacientes com
sensibilizadores, processo conhecido como terapia fotodinâmica periodontite crônica15.
ou PDT (photodynamic therapy), pode ser uma abordagem tera- Uma pesquisa envolvendo pacientes em terapia de suporte

522 PerioNews 2012;6(5):521-6


Periodontia

comparou o debridamento ultrassônico seguido de uma aplicação ao advento dos implantes dentais, recentemente a Terapia Fotodi-
de PDT ao debridamento ultrassônico isolado, avaliando parâme- nâmica tem sido proposta como um método adjuvante também
tros clínicos e microbiológicos. Após três meses, o grupo teste no tratamento desses problemas, baseando-se no sucesso da
apresentou redução no número de Fusobacterium nucleatum e terapia quando aplicada em casos de doença periodontal, e por
Eubacterium nodatum. Contudo, após seis meses, o grupo teste apresentar a capacidade de reduzir os níveis de importantes pa-
apresentou aumento no número das espécies de Eikenella cor- tógenos, tais como Porphyromonas gingivalis e Aggregatibacter
rodens e Capnocytophaga. Após três e seis meses, o grupo teste actinomycetemcomitans. Através de uma análise microscópica,
apresentou grande melhora no SS em relação ao grupo controle16. observou-se que a PDT destruiu células bacterianas sem causar
Ge et al. (2011) avaliaram pacientes com periodontite crôni- danos à superfície do implante, além de ter controlado a perda
ca comparando a RAR isolada à RAR seguida de uma aplicação de óssea alveolar em ratos submetidos à periodontite experimental21.
PDT, e à RAR seguida de duas aplicações de PDT. Todas as bolsas Na combinação da PDT com regeneração óssea guiada para o tra-
periodontais com PS  5 mm, distribuídas aleatoriamente nos três tamento da peri-implantite, foi constatada a redução dos defeitos
grupos, apresentaram melhora dos parâmetros clínicos avaliados ósseos em 21 implantes dentre os 24 estudados, com acompanha-
após seis e 12 semanas. A presença de sítios com SS após o trata- mento de nove meses12.
mento diminuiu significativamente nos grupos tratados com PDT Autores17 avaliaram e compararam em seu estudo in vitro
em comparação ao grupo RAR isolado na 12a semana17. os diferentes lasers comerciais, utilizados de maneira fotodinâ-
Em outro estudo, pacientes com periodontite crônica foram mica associados à administração de clorexidina. Os lasers Er:YAG,
divididos também em três grupos: RAR, RAR + irrigação com azul Nd:YAG, CO(2) e diodo (810 nm) reduziram significativamente a pro-
de toluidina, e RAR + PDT. Todos os grupos apresentaram melhora dução de óxido nítrico, responsável pela ativação de macrófagos,
nos parâmetros clínicos com redução significativa de periodonto- sendo que os lasers Nd:YAG e diodo apresentaram maior inibição
patógenos em todos os períodos de acompanhamento – 60, 90 e quando comparados aos outros lasers. Resultados similares foram
180 dias – não havendo nenhuma diferença significativa entre os obtidos com o uso do laser diodo de baixa potência e LED e azul
grupos. Até o 180 dia, o grupo que recebeu o tratamento com
o
de metileno. Esses tratamentos apresentaram-se evidentemente
PDT apresentou redução significativa no percentual de sítios posi- superiores ao uso da clorexidina em relação à eficácia e à taxa de
tivos para todas as bactérias quando comparado com o grupo que toxicidade22.
recebeu somente a RAR18.
No mesmo ano, foi feita outra pesquisa em pacientes com Discussão
periodontite crônica com, pelo menos, três bolsas residuais pós tra-
tamento não cirúrgico19. Cada bolsa foi submetida a um tratamento A terapia fotodinâmica tem sido considerada um método
diferente: RAR; aplicação de laserterapia de baixa intensidade; PDT. adjuvante importante no tratamento mecânico periodontal con-
Foram avaliados parâmetros clínicos (PS, SS, recessão gengival) e mi- vencional, podendo beneficiar a raspagem subgengival realizada
crobiológicos por seis meses. Todos os tratamentos implicaram em isoladamente e proporcionando uma diminuição significativa das
melhoras nos parâmetros clínicos, mas a RAR e a PDT resultaram bactérias patogênicas8.
em menor número de bolsas residuais do que a laserterapia, após O emprego terapêutico dos lasers de baixa potência tem como
seis meses. Da mesma forma, aqueles grupos foram mais eficientes finalidade restabelecer o equilíbrio biológico celular, melhorando as
do que a aplicação de laser para suprimir Porphyromonas gingivalis, condições de vitalidade tecidual. Esses dispositivos são reconheci-
Tannerella forsythia e Treponema denticola19. dos por sua ação analgésica, biomoduladora e anti-inflamatória so-
Em casos de periodontite agressiva, devido ao alto grau de bre tecidos duros e moles, atuando sobre a microcirculação e ativi-
patogenicidade das bactérias presentes nas bolsas periodontais e dade celular, produzido por efeitos fotoquímicos e fotoelétricos23.
à deficiente resposta imunoinflamatória do hospedeiro, compro- Já para uma substância atuar como um fotossensibilizador, além de
metendo o sucesso do tratamento, uma pesquisa revelou, através absorver uma luz incidente, ela deve ter grande afinidade para se
de avaliação microbiológica, que a PDT e o tratamento com RAR ligar às bactérias e baixa afinidade de ligação às células do hospedei-
atingem diferentes grupos de bactérias20. ro, para evitar o risco de fotodestruição tecidual24 (Figuras 1).
Com o aumento dos casos de peri-implantite em resposta Estudos têm enfatizado que a simplicidade da técnica, aliada

PerioNews 2012;6(5):521-6 523


Kolbe MFM • Luchesi VH • de Oliveira DHAP • Villalpando KT • Ribeiro FV

aos benefícios antimicrobianos da PDT, são condições muito rele-


vantes para a indicação desta abordagem como nova modalidade
terapêutica na Periodontia e na Implantodontia no tratamento de
infecções. Adicionalmente, a terapia fotodinâmica pode ser facil-
mente aplicada em áreas de difícil ou limitado acesso para a instru-
mentação mecânica (Figuras 2 e 3).
Em uma revisão sistemática composta por cinco estudos, a
efetividade da PDT no tratamento periodontal como terapia iso-
lada ou associada ao tratamento mecânico não mostrou clara
vantagem quando comparada ao tratamento convencional de
RAR. Segundo os autores, como os estudos eram heterogêneos –
diferentes graus de periodontite foram avaliados bem como di-
ferentes aparelhos de laser foram utilizados – mais pesquisas são
necessárias para uma melhor avaliação da terapia25.
Devido a dados muito limitados dos ensaios clínicos no que
diz respeito ao efeito da PDT no tratamento da periodontite, au-
tores17 avaliaram pacientes com periodontite crônica e concluíram
que em bolsas periodontais profundas, a PDT pode servir como
terapia adjunta à RAR, para redução de sangramento nessas le-
sões17. Da mesma forma, a RAR associada a PDT, segundo revisão
sistemática26, apresentou boas melhorias no nível clínico de inser-
Figuras 1 – A. Laser de diodo Thera Lase, da DMC e óculos de
proteção. B. Ponta de aplicação do laser com fibra óptica. ção e redução de profundidade de sondagem em 12 semanas.
No entanto, os resultados desta revisão devem ser interpretados

Figuras 2 – A. Injeção de
substância fotossensibilizadora
(neste caso, azul de metileno) na
bolsa periodontal. B. Aplicação de
laser dentro da bolsa por meio de
uma ponta de fibra de vidro.

524 PerioNews 2012;6(5):521-6


Periodontia

Figuras 3 – A. Sondagem de lesão de bifurcação. B. Raspagem subgengival com ultrassom. C/D. Aplicação de fotossensibilizador (azul de metileno)
com seringa. E. Aplicação de laser na lesão com auxílio de uma ponta de fibra de vidro.

com cautela, dado o pequeno número de estudos incluídos26. LED são capazes de reduzir efetivamente a resposta inflamatória
Além disso, outra pesquisa mostrou que apesar de não resultar na do LPS na superfície de titânio, apresentando, portanto, relevân-
diminuição da PS nem no aumento do NIC, a PDT após o debrida- cia clínica22.
mento ultrassônico é justificada por resultar uma melhora relevan- A aplicação de novas técnicas exige segurança clínica. Neste
te no SS, na terapia periodontal de suporte16. quesito, o uso de óculos de proteção pelo paciente e por toda
A PDT, quando associada ao tratamento periodontal conven- equipe é essencial para evitar a irradiação dos olhos. Da mesma
cional, levou à redução significativa de alguns periodontopatóge- forma, ainda que os lasers usados na PDT sejam de diodo ou de
nos, embora não tenha produzido nenhum benefício estatistica- baixa potência e por curtos intervalos de tempo, a termogênese
mente significativo em termos clínicos . Um importante estudo de
18
deve ser bem controlada para não causar injúrias térmicas nem
boca dividido em pacientes com periodontite crônica e pacientes nos tecidos periodontais, nem no fundo da bolsa, nem mesmo
portadores de bolsas residuais, concluiu que todos os tratamentos na estrutura dental27. Além disso, o fotossensibilizador, por si só,
– RAR, PDT e laserterapia de baixa intensidade – produziram me- pode exibir uma ação bactericida28 e, portanto, pode ter algum
lhoras nos parâmetros clínicos, apesar de a RAR e a PDT apresenta- efeito tóxico sobre as células e tecidos periodontais, o que preci-
rem resultados ainda melhores do que a laserterapia, tanto clínica sa ser melhor esclarecido. Adicionalmente, a retenção do corante
como microbiologicamente19. Portanto, a terapia fotodinâmica na bolsa periodontal, ainda que por um curto período de tempo,
tem mostrado ser uma boa alternativa de tratamento no caso de pode prejudicar a cicatrização da ferida27. Somado a isso, a pig-
bolsas residuais19. Da mesma forma, na periodontite agressiva, a mentação dos tecidos periodontais pode comprometer a estética
PDT e o tratamento com RAR atingem diferentes grupos de bacté- do sorriso e, por esse motivo, o uso do fotossensibilizador com
rias, sugerindo que a associação dessas duas terapias possa trazer uma pasta base ao invés de líquido é sugerido, uma vez que esta
benefícios para um tratamento não cirúrgico isolado . 20
pode ser facilmente removida após o tratamento29.
O tratamento da peri-implantite se tornou um assunto de Essa nova abordagem terapêutica tem apresentado resul-
grande discussão entre os clínicos e pesquisadores. Para o suces- tados eficazes tanto no âmbito microbiológico, reduzindo quan-
so da cicatrização, com regeneração do osso perdido ao redor do tidade de periodontopatógenos, quanto no âmbito clínico, com
implante afetado, foi comprovada a necessidade de controle das melhora no SS, redução da PS e ganho do NIC. Todavia, mais
bactérias presentes na bolsa peri-implantar . Com o extensivo
27
estudos clínicos controlados, randomizados e longitudinais de-
aumento da colocação de implantes dentais, os casos de peri-im- vem ser realizados, a fim de validar esta terapia no tratamento
plantite têm também aumentado, exigindo esforço dos clínicos e da periodontite e da peri-implantite30. E, finalmente, é necessário
da comunidade científica no tratamento destas condições. esclarecer se o efeito antimicrobiano da PDT realmente ocorre
Um estudo com diferentes tipos de laser aplicados na PDT sem afetar a microbiota oral endógena. Nesse sentido, novos es-
em peri-implantite concluiu que esse tratamento apresentou-se tudos devem ser realizados, a fim de desenvolver e melhorar as
evidentemente superior ao uso da clorexidina em relação à efi- substâncias fotossensibilizadoras, aumentando sua segurança e
cácia e à taxa de toxicidade, indicando que a irradiação de laser e eficiência27.

PerioNews 2012;6(5):521-6 525


Kolbe MFM • Luchesi VH • de Oliveira DHAP • Villalpando KT • Ribeiro FV

Conclusão maior quantidade de investigações clínicas controladas e randomi-


zadas, a fim de comprovar a eficácia da terapia fotodinâmica como
Toda evolução tecnológica que estamos vivendo nos últimos adjuvante ou como único tratamento para a resolução de doenças
anos é acompanhada pela pesquisa odontológica, que tem desen- periodontais e peri-implantares.
volvido abordagens terapêuticas promissoras no tratamento das
doenças peri-implantares e periodontais. Atualmente, os aspectos
Nota de esclarecimento
importantes mais buscados são alternativas terapêuticas que se- Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
jam capazes de satisfazer as expectativas com reduzida morbidade
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
e mínimo desconforto trans e pós-operatório, do ponto de vista fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
do paciente; modalidades terapêuticas mais previsíveis e que de- também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
volvam saúde com mais segurança, especialmente em sítios com honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
profundidade de sondagem residual, no que se refere aos anseios entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
da comunidade científica.
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
Neste contexto, a terapia fotodinâmica parece ser uma
Endereço para correspondência:
abordagem terapêutica promissora, podendo ser um novo tra- Maria Fernanda Machado Kolbe
tamento alternativo tanto na terapia da periodontite quanto da Av. Morumbi, 8587 – Brooklin
04703-004 – São Paulo – SP
peri-implantite. Embora estudos tenham demonstrado bons re- Tel.: (11) 5533-9955
fernanda.kolbe@gmail.com
sultados dessa terapia em diversas situações clínicas, é necessária

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526 PerioNews 2012;6(5):521-6


Revisão da literatura Periodontia

RELAÇÃO DIRETA DA DOENÇA PERIODONTAL COM O


NASCIMENTO DE BEBÊS DE BAIXO PESO E PARTOS PREMATUROS

Direct relationship between periodontal disease and low birth weight babies and premature births

Viviane Coelho Dourado*


Alex Correia Vieira*
Luciano Cincurá Silva Santos*
Igor Fernandes de Souza Pereira**
Kayure Rocha da Mata**
Paula de Sant'Ana Amorim**
Rafael Carvalho Nascimento**
Rafael dos Santos Rodrigues**

RESUMO ABSTRACT
A doença periodontal crônica é uma patologia infecciosa, desencadeada Chronic periodontal disease is a infectious pathology, triggered mainly by
predominantemente por microrganismos anaeróbios gram negativos que gram negative anaerobic microorganisms that colonize the subgingival
colonizam a região subgengival, podendo disseminar para outras partes do area and may spread to other parts of the body reaching systemic levels.
organismo, atingindo níveis sistêmicos. As alterações hormonais, compor- The hormonal, behavioral, in the composition of plaque and immunolo-
tamentais, na composição da placa bacteriana e na resposta imunológica gical response changes that characterize pregnancy become more likely
que caracterizam a gestação tornam mais propensos o aparecimento e o the appearance and severity of periodontal disease. During this period, the
agravamento da doença periodontal. Nesse período, essa patologia oral oral pathology can be identified as a risk factor for the occurrence of pre-
pode ser apontada como fator de risco para a ocorrência de parto prema- term delivery and low birth weight babies. This paper is a literature review
turo e nascimento de bebês de baixo peso. Este trabalho é uma revisão da conducted from the articles collected in databases Scielo and Bireme in
literatura realizada a partir de artigos coletados em bases de dados Scielo order to discuss current and clear form the possible relationship between
e Bireme, com o objetivo de discutir de forma atual e clara as possíveis re- periodontal disease and the occurrence of low birth weight babies and
lações entre a doença periodontal e a ocorrência de nascimento de bebês premature births. From the studies reviewed was possible to conclude that
de baixo peso e de partos prematuros. A partir dos estudos revisados, foi some authors show a clear association between periodontal disease and
possível concluir que alguns autores evidenciam claramente a associação preterm birth and/or low birth weight babies, but there are other studies
entre a doença periodontal e parto pré-termo e/ou bebês de baixo peso, that say there is no direct link.
porém, há outros estudos que afirmam não haver ligação direta. Key Words – Pregnancy; Periodontal diseases; Infant; Low birth weight;
Unitermos – Gestação; Doenças periodontais; Recém-nascido de baixo Obstetric labor; Premature.
peso; Trabalho de parto prematuro.

*Docentes orientadores do curso de Odontologia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb.


**Discentes do curso de Odontologia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb.

Recebido em jul/2012 – Aprovado em jul/2012

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Dourado VC • Vieira AC • Santos LCS • Pereira IFS • da Mata KR • Amorim PSA • Nascimento RC • Rodrigues RS

A DOENÇA PERIODONTAL CRÔNICA É Durante a gestação, a doença periodontal pode ser aponta-
UMA PATOLOGIA INFECCIOSA QUE CAUSA da como fator de risco para a ocorrência de parto prematuro e
AUMENTO LOCAL E SISTÊMICO DE CITOCINAS nascimento de bebês de baixo peso. Os patógenos periodontais
podem estar presentes na circulação sistêmica e ligados, tanto
E PROSTAGLANDINAS, DESENCADEADA
ao desenvolvimento de mecanismos envolvendo mediadores in-
PREDOMINANTEMENTE POR MICRORGANISMOS
flamatórios, como as interleucinas (IL), prostaglandinas e fator de
ANAERÓBIOS GRAM NEGATIVOS QUE
necrose tumoral (TNF), quanto a uma invasão bacteriana direta à
COLONIZAM A REGIÃO SUBGENGIVAL. placenta, podendo afetar o desenvolvimento do feto e proporcio-
nar o nascimento prematuro1.
Introdução Este trabalho de revisão da literatura teve como objetivo in-
formar a relação direta da doença periodontal com o nascimento
A doença periodontal crônica é uma patologia infecciosa que de bebês de baixo peso e parto prematuro de forma atual e clara.
causa aumento local e sistêmico de citocinas e prostaglandinas,
desencadeada predominantemente por microrganismos anae- Revisão da Literatura
róbios gram negativos que colonizam a região subgengival. Este
processo infeccioso pode resultar em um desequilíbrio entre as A gestação representa uma fase no ciclo de vida feminino
ações de agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e pro- que envolve diversas mudanças fisiológicas e emocionais. Nesse
teção do dente, levando à destruição de estruturas do periodonto. período, acontecem alterações hormonais que representam uma
A doença periodontal pode ser exacerbada por diversos fatores adaptação do organismo para a manutenção da gravidez e que
de risco, como fumo, doenças de ordem sistêmica, medicações ocasionam alterações fisiológicas, anatômicas, sistêmicas e locais6.
como esteroides, antiepilépticos e contraceptivos1. No período da gestação, a saúde bucal deve ser acompanha-
Bactérias altamente virulentas podem, através do sangue, da cuidadosamente, já que, nesta época, algumas anormalidades
disseminar para outros locais do organismo distantes da cavidade podem se tornar mais prevalentes, como hiperemia, edema e
bucal. Dessa forma, a doença periodontal influencia no surgimen- maior tendência ao sangramento gengival. Atualmente, é aceita a
to de outras desordens sistêmicas, como diabetes mellitus, doen- teoria de que o aumento dos hormônios femininos durante a ges-
ças cardiovasculares, artrite reumatoide e nascimento de bebês tação pode ser considerado como responsável pela exacerbação
prematuros e de baixo peso2. Esse relacionamento bidirecional da reação inflamatória gengival, especialmente por sua ação vaso-
entre doenças periodontais e determinadas condições sistêmicas dilatadora. Apesar da gravidez intensificar a reação inflamatória no
é o objeto de estudo da Medicina periodontal3. tecido gengival, a presença do biofilme dentário é extremamente
As alterações da composição da placa bacteriana, a resposta importante para o desenvolvimento desta alteração, sendo que
imunológica e as alterações hormonais e comportamentais que seu controle através de escovação adequada se mostra efetivo na
caracterizam a gestação tornam as mulheres grávidas acentuada- prevenção de inflamação e sangramento7.
mente mais propensas ao desenvolvimento ou agravamento da Os altos níveis de estrogênio e progesterona são responsáveis
doença periodontal4. Alterações periodontais na gravidez acome- pelo aumento do fluido gengival, da resposta inflamatória à ação de
tem, principalmente, o tecido gengival e apresentam-se na forma irritantes, da profundidade do sulco gengival e mobilidade dentária4.
de edema, hiperemia e aumento da tendência ao sangramento, O aumento do nível de estrogênio durante a gravidez está relacio-
resultado da maior vascularização e permeabilidade vascular5. nado com a diminuição da queratinização do epitélio e acúmulo de
A etiologia da gengivite na gravidez tem sido atribuída a vá- água no tecido conjuntivo, aumentando a permeabilidade do sulco
rios fatores, como: alterações fisiológicas nas concentrações séri- gengival às bactérias e favorecendo o transporte das toxinas bacte-
cas hormonais, na composição da placa bacteriana e na resposta rianas para a lâmina própria. Já a progesterona possui ação vasodila-
imune da gestante . Vale ressaltar que as alterações hormonais,
5
tadora capaz de estimular a produção de prostaglandinas e desem-
por si só, não são capazes de causar transtornos periodontais. O penha ação de quimiotaxia inicial para neutrófilos. Estas propriedades
enfoque mais adequado para o controle da doença é a prevenção amplificam a ação do estrogênio no aumento da permeabilidade teci-
e a conscientização sobre a importância do autocuidado . 4
dual e na passagem de bactérias do sulco gengival para o conjuntivo8.

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Periodontia

Uma alteração que comumente pode acometer a gestante podem causar danos à placenta, restringindo o crescimento fe-
é o granuloma gravídico, que é uma lesão benigna associada a tal. Nesse sentido, as infecções periodontais representam uma via
uma intensa reação do tecido gengival à placa bacteriana, estando infecciosa maléfica ao feto e à placenta, servindo como reserva-
presente em menos de 10% de todas as gestações. Clinicamen- tórios de bactérias anaeróbias gram negativas e de seus produ-
te, apresentando-se sob a forma de massa gengival ou tecidual tos, como lipopolissacarídeos e endotoxinas, além de produzirem
em área de rebordo firme ou mucosa jugal, podendo ser séssil grande quantidade de mediadores inflamatórios que estão relacio-
ou pediculada, recoberta por mucosa normal ou ulcerada, de nados com a fase inicial do trabalho de parto e, se atingirem um
modo geral indolor, mole à palpação, com grande velocidade de nível crítico, podem estimular a realização do parto prematuro14.
crescimento, embora dificilmente ultrapasse 2 cm de diâmetro. A possibilidade da doença periodontal ser um fator associado
Após o parto, é comum a lesão regredir espontaneamente ou se ao nascimento de bebês de baixo peso e partos prematuros fez
transformar em uma massa fibrosa estável, cuja remoção deve ser com que diversos estudos fossem realizados com o intuito de in-
cirúrgica. Desta forma, o tratamento de eleição durante a gestação vestigar essa relação. Em uma pesquisa pioneira realizada em 1996,
envolve raspagem e alisamento radicular associados com adequa- foi observado que a doença periodontal aumenta em 7,9 vezes o
do controle da placa bacteriana 9-10
. risco de nascimento de prematuros ou de bebês de baixo peso15.
O nascimento prematuro (gestação inferior a 37 semanas) e Em um estudo realizado em 2006, com 1.200 gestantes,
o baixo peso ao nascer (peso inferior a 2.500 g) estão associados à observou-se que a taxa de partos prematuros foi maior entre
alta taxa de mortalidade no período pós-natal. Além da influência as mulheres com doença periodontal moderada e severa
significativa na taxa de mortalidade infantil, é evidente a ligação (28,6%) do que entre aquelas com doença leve (19,0%) ou
desses eventos a outros problemas de saúde que podem incapaci- com saúde periodontal (11,2%). Além disso, foi verificado
tar a criança total ou parcialmente por toda a vida .
11
que as mulheres com a doença clinicamente ativa durante a
Os fatores de risco associados com o parto prematuro e baixo gravidez tiveram uma taxa mais elevada de parto pré-termo
peso ao nascimento incluem: a idade materna menor que 18 e (24,9%) do que aquelas com quadro estável (15,2%)16.
maior que 34 anos, baixo nível socioeconômico, condições de vida Em outro estudo desenvolvido em 2006 com amostra de 59
precárias, baixo nível de instrução, assistência pré-natal deficien- mães foi observado que, entre as 19 que tiveram bebês prematu-
te, uso de drogas, álcool e tabaco, estresse materno e infecções ros e de baixo peso, a frequência de doença periodontal foi maior
bacterianas .
12
(84,21%) do que entre as 40 que tiveram bebês em tempo e de peso
Infecções presentes em locais distantes do trato genitouriná- normal (37,5%)17. Alguns autores em 2009 observaram em um es-
rio, como a doença periodontal, podem estar relacionadas à ocor- tudo com 198 gestantes que as mulheres com doença periodontal
rência de parto prematuro e ao nascimento de recém-nascidos apresentaram um risco aproximadamente duas vezes maior de ter
de baixo peso através de mecanismos comuns a outras infecções filho com baixo peso do que aquelas com periodonto saudável18.
maternas. Assim, as possíveis relações entre a doença periodontal Por outro lado, em 2009, em um estudo com amostra de 119
e o parto prematuro são: as bactérias causadoras desta patologia gestantes, das quais 96 foram avaliadas no período pós-parto, não
podem se disseminar pelo organismo através da via hematogênica foi encontrada relação estatística entre doença periodontal e parto
e causar infecção placentária, favorecendo o parto pré-termo; os prematuro e bebês de baixo peso1. Em outra pesquisa realizada em
lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos oriundos da infecção perio- 2010 com 86 mulheres, também não se encontrou associação entre
dontal podem ser difundidos pela circulação sanguínea, induzindo bolsa periodontal e prematuridade e/ou baixo peso ao nascer11.
células a sintetizar prostaglandinas, TNF-α, IL-6 e IL-1, aumentando Um estudo desenvolvido em 2007, que contou com a partici-
seu fluxo no fluido gengival; os mediadores inflamatórios produ- pação de 143 mulheres, evidenciou não haver relação entre doença
zidos localmente nos tecidos podem entrar na circulação e agir periodontal e o parto prematuro. As variáveis que mais se correla-
como fonte sistêmica de citocinas tóxicas ao feto13. cionaram com parto pré-termo foram faixa etária de 31 a 40 anos e
Então, os mediadores da inflamação podem induzir uma irri- ausência de tratamento periodontal prévio12. Outra pesquisa realiza-
tabilidade excessiva da musculatura lisa do útero, o que pode pro- da em 2008 com 542 mulheres também refutou essa relação. Nela,
vocar contração uterina e dilatação cervical, atuando como fator a taxa e a gravidade da doença periodontal não foram maiores nas
desencadeante para o parto prematuro. A infecção e a inflamação mulheres que tiveram partos prematuros e bebês de baixo peso19.

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Dourado VC • Vieira AC • Santos LCS • Pereira IFS • da Mata KR • Amorim PSA • Nascimento RC • Rodrigues RS

A partir da possível influência da inflamação crônica da dontal crônica em gestantes e um maior risco para o nascimento
doença periodontal na gravidez e quadros de risco para a gestante de bebês prematuros e/ou com baixo peso. Porém, outros au-
e para o feto, como parto prematuro, baixo peso, entre outras tores afirmam não haver relação direta. Essa diferença nos resul-
condições, é importante destacar a relevância da avaliação perio- tados demonstra que os achados na literatura mostram-se com
dontal pelo cirurgião-dentista durante a gestação, assim como pouca consistência devido às diferenças com relação aos grupos
uma maior interação deste com os demais profissionais de saúde populacionais e aos métodos utilizados. A evidência biológica da
que acompanham a gestante . 8
associação parece estar fundamentada na capacidade de indução,
O primeiro trimestre gestacional se caracteriza por ser o pe- pelas bactérias da patologia periodontal, de produzir substâncias
ríodo mais crítico para a realização de procedimentos odontoló- inflamatórias, como as prostaglandinas e as interleucinas, capazes
gicos, pois trata-se de uma época de intensa proliferação, dife- de induzir um trabalho de parto prematuro e afetar a formação
renciação e organização celular. Assim como o primeiro, o último normal do feto. Deste modo, independente da associação ou não,
trimestre também exige maior atenção, pois neste período, dife- é extremamente importante a manutenção de hábitos adequados
rentes fatores podem desencadear estímulos vasculares associa- de higiene oral por parte das gestantes.
dos ou não ao sistema nervoso autônomo, influindo na hora da
realização do parto. Sendo assim, tem-se o período em torno do
Nota de esclarecimento
quarto ao sexto mês de gestação como o mais indicado para reali- Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
zação de procedimentos odontológicos8. por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
O cirurgião-dentista deve considerar, durante o tratamento, fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
não apenas a retirada da placa bacteriana, mas também a reali-
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
zação de procedimentos periodontais mais específicos, como a honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
raspagem e o alisamento radicular. Deve-se também orientar a pa- entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
ciente a respeito do autocuidado, abordando sobre dieta, hábitos royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
nocivos e higiene oral8.

Endereço para correspondência:


Conclusão Viviane Coelho Dourado
Rua José Moreira Sobrinho, s/n – Jequiezinho
45200-000 – Jequié – BA
A partir dos estudos revisados, foi possível concluir que em Telefax: (73) 3525-6125
amalgama@terra.com.br; rafaodontologia@gmail.com
alguns há evidências claras de associação entre a doença perio-

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prematuros e/ou de baixo peso: um estudo de recém-nascidos com baixo peso: estudo piloto. Innov

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Saúde coletiva Cariologia

USO DO GENOGRAMA NA AVALIAÇÃO DA SAÚDE BUCAL

Using the genogram assessment of oral health: a case report

Telma Borzino*
Lecine Borzino*
Sonia Groisman**
Ana Catarina Busch Loivos**
Nilton Penha***
Marcos Corvino****
Daniela Simões*****

RESUMO ABSTRACT
A estratégia de saúde da família (ESF) tem como foco de atenção a família, The Family Health Strategy (ESF) focus the attention in the family. The ge-
a utilização do genograma como ferramenta de trabalho, além de facilitar nogram is a tool to obtain a quick view of the family relationships and
a visualização rápida da família. Suas relações ampliam a noção de aten- to expands the notion of comprehensive healthcare, in which, from a
dimento integral à saúde, em que, a partir de um paciente, as ações são patient's actions are deployed to familiar. This study approach the cons-
desdobradas para o grupo familiar. Este estudo consistiu na construção truction of a dental georama based in a 52 years old woman, that despite
de um genograma odontológico a partir do relato de uma mulher de 52 difficulties, kept the family dynamic aspects as resilience, education of chil-
anos que, apesar dificuldades vividas, conservava na dinâmica familiar as- dren and affection. The use of the genogram as a tool for oral health team
pectos como: resiliência, valorização da educação dos filhos e afeto. O uso should be encouraged with the aim of glimpsing the family members at
do genograma como ferramenta de trabalho das equipes de saúde bucal different levels, such as: physical, social and emotional, as well as assess the
deve ser estimulado com o objetivo de retratar os membros familiares em risk in oral health.
diferentes níveis (físico, social e emocional), bem como avaliar o risco em Key Words – Genogram; Oral health; Family.
saúde oral.
Unitermos – Genograma; Família; Saúde bucal.

*Alunos do Curso de Especialização em Saúde Coletiva e da Família – FO/UFRJ.


**Professoras do Departamento de Saúde Coletiva – FO/UFRJ.
***Mestrando em Clínica Odontológica – UFF.
****Professor do Mestrado em Clínica Odontológica – UFF.
*****Coordenadora de Saúde Bucal – Arraial do Cabo.

Recebido em set/2012 – Aprovado em set/2012

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Borzino T • Borzino L • Groisman S • Loivos ACB • Penha N • Corvino M • Simões D

desdobrado em responsabilização no tempo, pois, ao dar atenção,


NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF),
facilita ser aceito para investigar e intervir5.
A ATENÇÃO ESTÁ VOLTADA PARA A FAMÍLIA EM

SEU AMBIENTE FÍSICO, SOCIAL E CULTURAL, O QUE A família como foco de atenção em saúde
PROPORCIONA ÀS EQUIPES UMA VISÃO AMPLIADA A família como instituição tem sido extensamente debatida

DO PROCESSO SAÚDE/DOENÇA E DA NECESSIDADE


por muitas áreas do conhecimento. Suas funções passaram por
mudanças significativas ao longo da história. O próprio conceito
DE INTERVENÇÕES QUE VÃO ALÉM DE PRÁTICAS
de família modificou-se histórica e culturalmente. Contudo, sua
CURATIVAS1. O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
importância e seu papel essencial permanecem. O núcleo fami-
FOI CONCEBIDO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE EM liar é considerado uma unidade social essencial para promover o
JANEIRO DE 1994, COM O OBJETIVO DE PROCEDER bem-estar físico e emocional6.
À REORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA ASSISTENCIAL, O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) define

EM SUBSTITUIÇÃO AO MODELO TRADICIONAL.


família como o “conjunto de pessoas ligadas por laços de paren-
tesco, dependência doméstica ou normas de convivência, resi-
dente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em
uma unidade domiciliar”. Considera, portanto, um casal como uma
família, ou até a pessoa que mora só como “família unipessoal”,
Introdução privilegiando o domicílio comum em sua definição6.
Nenhuma família está isenta de problemas e infortúnios. As
Na Estratégia de Saúde da Família (ESF), a atenção está vol- crises e os eventos estressantes afetam toda a família e apresen-
tada para a família em seu ambiente físico, social e cultural, o que tam riscos para o indivíduo e para as relações familiares. As inter-
proporciona às equipes uma visão ampliada do processo saúde/ venções junto às famílias devem buscar garantir o acesso aos re-
doença e da necessidade de intervenções que vão além de prá- cursos adequados. Muitas das doenças que se manifestam e são
ticas curativas1. O Programa Saúde da Família (PSF) foi concebido relatadas nas consultas clínicas pelos seus sintomas físicos não
pelo Ministério da Saúde em janeiro de 1994, com o objetivo de podem ser explicadas pela ciência médica. Desta forma, quando se
proceder à reorganização da prática assistencial, em substituição alia a prática clínica à tecnologia relacional, aumentam-se os recur-
ao modelo tradicional. Tendo como princípios: família como foco sos diagnósticos e terapêuticos7. Nesse sentido, os profissionais
de abordagem, território definido, descrição de clientela, traba- de saúde que atuam com famílias devem inicialmente explorar os
lho em equipe interdisciplinar, corresponsabilização, integralidade, diversos fatores da vida familiar para avaliar seu papel no processo
resolutividade, intersetorialidade e estímulo à participação social .
2
saúde/doença8.
Ao se focar a atuação na família, amplia-se a noção de atendi- O conceito de resiliência familiar é bem mais do que a reu-
mento integral à saúde, em que, a partir de um paciente, as ações nião de condições satisfatórias para manejar estresse e suportar
são desdobradas para o grupo, com a organização de práticas pre- ou sobreviver a situações traumáticas. Envolve o potencial de cres-
ventivas coletivas e de promoção de saúde3. cimento e transformação que pode ser desenvolvido nas relações
Trabalhar com famílias exige a incorporação de uma tecno- familiares e em seus membros em situações de adversidade. O que
logia relacional, fundada na abordagem humanista e desenvolvida distingue a família saudável não seria a ausência de problemas, mas
por meio da compreensão do funcionamento sistêmico da família sim a maneira de enfrentá-los e a competência para resolvê-los9.
e da aplicação do método clínico centrado no paciente . Existem4

momentos-chave que podem e devem ser explorados, como a Ferramentas de trabalho com famílias
ocasião de cadastro das famílias, as mudanças no ciclo de vida de- As ferramentas de trabalho com famílias, também conheci-
las, a observação da resiliência familiar para situações adversas e o das como ferramentas saúde da família, são tecnologias relacio-
surgimento de doenças crônicas ou agudas de maior impacto en- nais, oriundas da Sociologia e da Psicologia, que visam estreitar as
tre seus membros. Essas situações permitem que o profissional de relações entre profissionais e famílias, promovendo a compreen-
cuidados primários crie um vínculo com o paciente e sua família, são em profundidade do funcionamento do indivíduo e de suas

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Cariologia

relações com a família e a comunidade10. relações interpessoais, de conflito, de resolução de conflito e pro-
Dentre as ferramentas de avaliação usadas na atenção primá- blemas de comunicação14-16.
ria pelas equipes estão: o genograma, o ciclo de vida das famílias, Essa ferramenta é de especial importância por alcançar o
o Firo e o Practice. objetivo de analisar a complexidade das relações humanas, uma
vez que o ambiente afetivo tem impacto relevante no processo
Genograma ou heredograma familiar saúde/doença. As circunstâncias às quais os sujeitos são subme-
O genograma foi desenvolvido na América do Norte, baseado tidos no decorrer de suas vidas podem favorecem o seu desen-
no modelo do heredograma, e mostra graficamente a estrutura e volvimento biológico, social e psicológico; tanto favorável como
o padrão de repetição das relações familiares. Suas características desfavoravelmente17.
básicas são: identificar a estrutura familiar e seu padrão de rela- Os genogramas não precisam ser realizados rotineiramente
ção, mostrando as doenças que costumam ocorrer, a repetição com todos os pacientes; são mais eficazes quando aplicados de
dos padrões de relacionamento e os conflitos que desembocam forma seletiva15.
no processo de adoecer11-13. Também pode ser usado como fator A familiaridade com os símbolos-padrão permite a obtenção
educativo, permitindo ao paciente e à sua família ter a noção das mais rápida de informações. Esses símbolos devem ser utilizados
repetições dos processos que vêm ocorrendo e como estes se re- sempre que possível, mas variações podem ser facilmente desen-
petem. O genograma é traçado a partir de símbolos gráficos e, volvidas para fornecer informações mais exatas ou úteis11.
ao lado dos símbolos, data de nascimento, eventos importantes, O conhecimento do desenvolvimento da família é útil por-
patologias e nome dos pacientes. Pode ser colocado no início do que facilita a previsão e antecipa os desafios que serão enfrenta-
prontuário como sumário de problemas prévios, ações preventi- dos no estágio de desenvolvimento de uma dada família, e isso
vas e medicamentos em uso. O genograma ou árvore da família permite melhorar o entendimento do contexto dos sintomas e
é um método de coleta, armazenamento e processamento de das doenças14,18-19.
informações sobre uma família. É uma ferramenta que parte de
um conceito sistêmico de família e tem sido utilizada em contex- Relato de Caso Clínico
tos mais convencionais de constituição do núcleo familiar, embora
possa ser aplicada também em interpretações ampliadas do con- Família de Sra. Sandra
ceito de família .
13
A escolha da família estudada se deu a partir da história de
Na representação iconográfica, as figuras geométricas são as Sra. Sandra; mulher, negra, mãe de 12 filhos que, apesar das difi-
pessoas e as linhas conectoras, suas relações. As representações culdades vividas, conservava na dinâmica familiar aspectos como:
são convencionadas, possibilitando que todos tenham entendi- resiliência, valorização da educação dos filhos, afeto, respeito e
mento comum acerca daquele gráfico. É importante deixar sem- bom humor. Sra. Sandra é natural de Juiz de Fora/MG e a mais
pre claro quem é a pessoa que ocupa o papel central no genogra- velha de uma família de quatro irmãs.
ma, normalmente aquela que originou a necessidade de utilização “Tive uma infância maravilhosa, quintal cheio de arvores, pé
dessa ferramenta. Essa pessoa passa a ser, então, estruturante do de manga, abacate, bananeira e muita fartura.”
problema e, também, da representação familiar em questão . 13
Estudou em escola particular e possui o ensino médio comple-
Todos os problemas de saúde, de situações sociais ou exis- to. Aos 17 anos engravidou do namorado e saiu de casa para se casar.
tenciais, de comportamento afetivo, de hábitos ou estilos de vida “Começamos a namorar mesmo contra a vontade dos meus
daquela família que, no entendimento do profissional de saúde pais e engravidei da minha primeira filha, fomos morar sozinhos,
da família, forem pertinentes, devem ser anotados. Informações tive que abandonar os estudos.”
relativas ao estilo de vida, que sejam pertinentes na adequação Enfrentou problemas financeiro, engravidou mais cinco vezes.
dos cuidados com a saúde daquela família, também podem ser "Eu não me sentia bem com anticoncepcional e também não
levantados, como uso de medicamentos, alcoolismo, drogadição e sabia usar outro método porque a trinta anos atrás falar sobre
outros; dados socioculturais e econômicos que possam influenciar sexo era quase proibido.”
o funcionamento familiar, questões de credo religioso, de traba- Decidida a mudar de vida, sentindo-se abandonada pelo ma-
lho, de vida social, de lazer e outros. Por fim, devem aparecer as rido, fugiu com os filhos para a cidade onde mora atualmente,

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Borzino T • Borzino L • Groisman S • Loivos ACB • Penha N • Corvino M • Simões D

passou muita dificuldade, até que ganhou do seu pai a casa que centímetros, sendo sustentada apenas por uma viga construída
mora e começou a trabalhar como empregada doméstica. recentemente pelo Sr. Valdevino. Contribuem para o sustento da
“Aos 32 anos passei a ser pai e mãe, tinha que deixar as crian- família o pai, que é pedreiro, e a filha de 21 anos.
ças sozinhas em casa para ir trabalhar, a dificuldade era muito A família é pluriparental constituída por pai (55 anos), mãe (52
grande." anos) e sete filhos. Sendo uma filha do primeiro casamento da Sra.
No ano seguinte, conheceu o seu atual companheiro, Sr. Val- Sandra (21 anos), duas meninas de 19 e 17 anos, um casal de gême-
devino, com quem teve mais seis filhos, compondo o retrato da os (13 anos) e um menino (seis anos) filhos do casal. Na Figura 2,
família representada no genograma (Figura 1). vemos parte da família de Sra. Sandra.
A casa onde moram é de alvenaria, com dois cômodos, cozi- No diagnóstico oral da família, verificamos que tanto o Sr. Val-
nha e um banheiro. Possui rede de abastecimento de água e es- devino (pai) quanto a Sra. Sandra (mãe) possuem alta atividade de
goto, e coleta pública de lixo. Localizada em uma rua em aclive, doença cárie e periodontal, ingestão de dieta cariogênica ausência
onde residem varias outras famílias, nos chamou atenção o fato de elementos dentários (Figuras 3 e 4). Quanto aos hábitos de hi-
da casa correr risco de desabamento, pois a laje já cedeu alguns giene oral, escovam os dentes uma vez ao dia, não usam fio dental

Figura 1
Genograma
da família
Sra. Sandra.

Figura 2
Parte da família
aguardando
consulta.

536 PerioNews 2012;6(5):533-8


Cariologia

Figura 3 – Aspecto da
saúde bucal Sra. Sandra.

Figura 4 – Aspecto da saúde bucal Sra. Sandra.

e são colaborativos, porém, o Sr. Valdevino tem medo de ir


ao dentista.
A filha de 21 anos trabalha como auxiliar de serviços
gerais em uma pousada da região e faz tratamento orto-
dôntico (não foi possível avaliar a atividade de doença oral).
A filha de 17 anos, os gêmeos e o filho mais novo
apresentam baixa atividade de cárie e doença periodontal;
quanto aos hábitos de higiene, relatam escovar os dentes
três vezes ao dia, usam fio dental e não consomem dieta
cariogênica.
Dentre os filhos, o risco biológico às doenças bucais
da filha de dez anos é o mais elevado, possui alta atividade
de doença cárie e gengivite, apresentando sangramento
gengival e necessidade de tratamento endodôntico, con-
sumindo dieta predominantemente cariogênica (Figura 5). Figura 5 – Aspecto saúde oral da filha de dez anos.

PerioNews 2012;6(5):533-8 537


Borzino T • Borzino L • Groisman S • Loivos ACB • Penha N • Corvino M • Simões D

Discussão Já na análise das condições de saúde oral dos filhos, além das
ações de promoção a saúde e alimentação saudável para todos da
A construção do genograma da família de Sra. Sandra permi- família, o plano terapêutico individualizado da filha de dez anos
tiu à Equipe de Saúde Bucal traçar um plano terapêutico baseado deve incluir tratamento das lesões de cárie, endodontia e ações
não só em ações no campo biológico, como também na percep- controle e monitoramento dos fatores de risco a doença cárie e
ção da história familiar, das condições e do estilo de vida. periodontal.
Uma das vantagens do genograma é a apresentação, um
modo sucinto e universal da representação do grupo familiar, Conclusão
compreensível por todos que o conhecem, evitando textos lon-
gos e muitas vezes pouco precisos e operacionais na descrição do A escolha como família participante do estudo foi justificada
grupo familiar . 6 pelo fato de que o grupo aparentava estar enfrentando com re-
A investigação de problemas sociais proporcionada no mo- siliência as dificuldades da pobreza e estar vivendo bem.
mento da visita domiciliar deve ser utilizada com ferramenta para O genograma permitiu avaliação e planejamento do acolhi-
ações intersetoriais, visando melhoria das condições sociais; neste mento e humanização do tratamento odontológico e de assistên-
caso especificamente, a eliminação do risco de desabamento da cia social da família da Sra. Sandra.
moradia. O genograma também pode servir como ferramenta de
Nota de esclarecimento
conversação, seja com a família, seja com a equipe, visando à escu- Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
ta de diversos pontos de vista sobre dada realidade e a construção
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
simultânea de vinculação, consenso e exposição dialogada acerca fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
do grupo familiar6. também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
No campo biológico, diagnóstico da saúde bucal e avaliação honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
da saúde geral da família, percebemos que a necessidade de tra- entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
tamento odontológico deve ser priorizada nos pais, Sra. Sandra e
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
Sr. Valdevino. A necessidade de tratamento reabilitador, controle
Endereço para correspondência:
de doença cárie e periodontal, confecção de próteses dentárias é Ana Catarina Busch Loivos
grande para tentar minimizar os efeitos causados pelas condições Rua Hadock Lobo, 300/905 – Bl. 2 – Tijuca
20260-142 – Rio de janeiro – RJ
socioeconômicas e décadas de dificuldade de acesso da população cloivos@uol.com.br

adulta às ações de saúde bucal no SUS20-21.

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538 PerioNews 2012;6(5):533-8


PCA
Caderno de Periodontia Clínica Avançada
A partir desta edição, a revista PerioNews passa a publicar o
Caderno de Periodontia Clínica Avançada (PCA), desenvolvido
com o objetivo de discutir, em profundidade, temas que fazem
parte do dia a dia da clínica periodontal.

A cada bimestre, experientes profissionais serão convidados


para tratar de um tema diferente. Os estudos terão sempre
como foco os aspectos clínicos que envolvem cada abordagem.

Em sua edição de estreia, o PCA traz à tona um dos temas mais


importantes da atualidade, que é o diagnóstico e o tratamento
de doenças peri-implantares. Confira, nas próximas páginas, o
trabalho conduzido por Marco Aurélio Bianchini e sua equipe.

Patrocínio:

A Dr. Veit chega ao Brasil como uma nova referência em


Oral Care, para a prevenção de doenças peri-implantares
e demais problemas decorrentes da má higienização.
Doenças peri-implantares

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS


DOENÇAS PERI-IMPLANTARES

Marco Aurélio Bianchini*


Guenther Schuldt Filho**
João Gustavo Oliveira de Souza**
Haline Renata Dalago***
José Moisés de Souza Junior***

Diagnóstico das doenças peri-implantares

Implantes dentários estão susceptíveis a infecções adjacen- A peri-implantite, se não tratada corretamente, pode levar à
tes. Propõe-se o termo mucosite peri-implantar para inflamações completa desintegração e, consequentemente, à perda do implan-
reversíveis de tecido mole ao redor dos implantes, sem envolvi- te9-11. A peri-implantite está presente em 28% a 56% dos indivíduos,
mento de perda óssea. Já a denominação de peri-implantite ocor- e em 12% a 43% dos implantes. Já a mucosite ocorre em 80% dos
re se tal inflamação está associada com uma perda óssea1-2. indivíduos e em 50% dos implantes, e é descrita clinicamente pela
As lesões peri-implantares são geralmente assintomáticas e, inflamação (vermelhidão, edema) da mucosa peri-implantar sem
na maioria das vezes, detectadas em consultas de manutenção. perda de tecido ósseo, sendo o sangramento a sondagem a carac-
A presença de profundidade de sondagem aumentada, sangra- terística mais importante no seu diagnóstico12-13. Seu tratamento
mento a sondagem e supuração são fatores relacionados com o envolve a terapia mecânica associada ao uso de enxaguatórios an-
diagnóstico da peri-implantite. Estes podem desenvolver-se após timicrobianos e é reversível após o tratamento14.
os implantes estarem alguns anos em função3. Baseando-se nos O parâmetro chave para o diagnóstico da mucosite é o san-
achados clínicos, radiografias podem ser úteis para a confirmação gramento a sondagem com uma força < 0,25 N. Já a peri-implan-
da presença ou ausência de doença no sítio investigado4-5. tite é caracterizada por alterações na crista óssea associadas ao
As doenças peri-implantares podem ser consideradas como sangramento durante a sondagem. A presença de pus também é
resultado do desequilíbrio da ação de bactérias específicas à res- um achado comum nesses casos15.
posta do organismo hospedeiro6. Histologicamente, a peri-implan- De acordo com o critério de sucesso dos implantes, a perda
tite é uma lesão que se estende apicalmente à bolsa peri-implantar óssea marginal não deve exceder 1,5 mm durante o primeiro ano
e caracteriza-se pela grande quantidade de linfócitos, células poli- do implante em função, e deve manter-se em 0,2 mm/ano a longo
morfonucleares e macrófagos7-8. prazo16-17. Uma modificação deste critério proposta no Workshop

*Professor adjunto III do Departamento de Odontologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
**Doutorandos em Implantodontia – Centro de Ensino e Pesquisas em Implantes Dentários (Cepid) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
***Mestrandos em Implantodontia – Centro de Ensino e Pesquisas em Implantes Dentários (Cepid) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

540 PerioNews 2012;6(5):539-46


PCA Periodontia Clínica Avançada

Europeu de Periodontia, em 1999, estabeleceu que a perda óssea mação peri-implantar, geralmente oriunda de causas locais. Como
no primeiro ano em função era considerada aceitável, caso atin- a terapia não cirúrgica remove estas causas e estabiliza o quadro
gisse 2 mm18. inflamatório, os resultados são extremamente favoráveis com este
Clinicamente, sugere-se a presença de peri-implantite pelo tratamento.
sangramento a sondagem, supuração e perda óssea, sendo esta O tratamento não cirúrgico das doenças peri-implantares pode
última verificada após análise radiográfica. Nesse contexto, é im- ser dividido em alguns procedimentos: otimização da higiene oral,
portante distinguir entre a remodelação óssea que ocorre após a controle das doenças periodontais, laserterapia, raspagem mecâni-
instalação do implante e a perda de suporte ósseo que pode ser ca dos implantes ou debridamento mecânico não cirúrgico, terapia
detectada após a osseointegração com os implantes já em função . 19
antimicrobiana (antibióticos), terapia com soluções (irrigação) e tera-
O sangramento a sondagem representa um parâmetro clí- pia de suporte. Uma ótima opção para o clínico seria a combinação
nico definido pela presença de sangramento após a introdução destas opções de terapias durante as consultas de manutenção e
de uma sonda milimetrada no sulco peri-implantar. Em dentes, proservação dos casos reabilitados com implantes27-28.
a pressão exercida pela ponta da sonda não deve ultrapassar Para eliminar o biofilme impregnado nos implantes e nas pró-
0,25 N 20-21
. Recentemente, a aplicação da mesma força ao redor teses, e seus intermediários protéticos ou abutments, podemos
de implantes foi estabelecida. A ausência do sangramento a son- lançar mão das técnicas de profilaxia e limpeza bucal geral com al-
dagem é um fator indicador de estabilidade dos tecidos periodon- gumas modificações específicas para Implantodontia. Tanto o jato
tais . Em estudo recente, 75% dos implantes apresentavam san-
22
de bicarbonato quanto escovas tipo Robinson e taça de borracha
gramento a sondagem em um período de 9-14 anos em função . 23
servem para eliminar a placa mole ao redor do implante e seus
Deve-se considerar que a extensão da penetração da sonda componentes protéticos29.
é influenciada pelos seguintes fatores: força de sondagem e an- Já o cálculo só vai ser removido se utilizarmos curetas de Te-
gulação, diâmetro da ponta da sonda, rugosidade da superfície do flon que foram desenvolvidas especificamente para Implantodon-
implante, estado inflamatório do tecido e a resistência do tecido tia. Bons resultados são encontrados com técnicas de desinfecção
marginal, seja ele periodontal ou peri-implantar .
24-25
mecânica, com o uso de curetas de Teflon, para remoção de placa
A perda óssea tardia caracteriza-se pela perda gradual do osso calcificada do implante e seus componentes protéticos27. Curetas
marginal após a osseointegração. Diferentes níveis de perda óssea de plástico e de titânio também apresentam excelentes resultados
têm sido relatados como aceitáveis. Uma perda óssea anual de para este fim. As Figuras de 1 a 6 ilustram um caso clínico de diag-
0,2 mm, após o primeiro ano em função, pode ser considerada nóstico e tratamento de mucosite.
como um fator de sucesso, e uma perda óssea < 2,4 mm seria
aceitável durante os primeiros cinco anos em função1. En-
tretanto, menor quantidade de perda óssea (2 mm) seria
tolerada entre a instalação e um período de cinco anos18.
Outros autores utilizaram um limite para perda óssea pro-
gressiva na posição da terceira rosca, ou apical a esta (cerca
de 3 mm apicalmente à junção pilar/plataforma do implan-
te), após cinco a 20 anos em função26.

Tratamento das doenças peri-implantares

Mucosite
No que diz respeito a mucosite peri-implantar, a te-
rapia não cirúrgica é considerada o tratamento de escolha
para estas lesões e vem apresentando excelentes resulta-
Figura 1 – Implantes com diagnóstico de mucosite e sangramento a sondagem, após três
dos em longo prazo. Isto ocorre devido ao fato de a mu-
anos de instalação da prótese. Observar a pouca profundidade a sondagem (3 mm) e a
cosite não apresentar perda ósseas, mas apenas uma infla- grande quantidade de biofilme.

PerioNews 2012;6(5):539-46 541


Bianchini MA • Schuldt Filho G • de Souza JGO • Dalago HR • de Souza Jr. JM

Figura 4 – Remoção de biofilme bacteriano com taça de borracha e pasta


Figura 2 – Radiografia periapical após seis profilática. Também foram utilizadas as curetas de Teflon e o jato de
Figura 3 – Radiografia periapical após três
meses da instalação dos implantes, antes bicarbonato.
anos da confecção da prótese, constatando
da confecção da prótese. Observar leve
que não há aumento da perda óssea,
modificação do padrão ósseo junto às
quando comparamos com as radiografias
primeiras roscas de todos os implantes.
iniciais antes da prótese (Figura 2),
confirmando o diagnóstico de mucosite.

Figura 5 – Aspecto dos pilares imediatamente após a descontaminação e o Figura 6 – Aspecto dos pilares 30 dias após o tratamento não cirúrgico da
polimento dos intermediários protéticos. mucosite. Observar a recorrência de biofilme, mas em quantidade bastante
inferior do que observado na Figura 1. Observar também o aspecto estável dos
tecidos moles peri-implantares.

Peri-implantite cessidade de intervenções cirúrgicas, especialmente de peri-im-


A literatura é bastante rica no uso da terapia não cirúrgica plantites em áreas de difícil acesso para correto debridamento da
para o tratamento da peri-implantite30-32. Entretanto, parece haver região afetada. Mesmo nestas situações, a terapia inicial não cirúrgi-
um consenso dos pesquisadores de que o tratamento não cirúrgi- ca não deve ser abandonada, pois ela irá adequar a área, reduzindo
co é mais efetivo para mucosite do que para a peri-implantite . A 27 a inflamação para uma posterior cirurgia ressectiva ou regenerativa.
justificativa de muitos estudos 11,33
para a não efetividade da terapia Em relação ao tratamento cirúrgico de uma peri-implantite,
não cirúrgica no tratamento das peri-implantites é de que existe o primeiro passo é definir se o implante tem condições de per-
uma necessidade real de se expor as roscas contaminadas do im- manecer na boca ou se deve ser removido. Em resumo, quando
plante onde houve perda óssea, para que estas sejam submetidas mais de dois terços do comprimento do implante já sofreu rea-
a um processo de descontaminação in loco. bsorção óssea, este implante deve ser removido34. Nas demais
As limitações do tratamento não cirúrgico podem levar à ne- situações, descritas a seguir, pode-se realizar um tratamento

542 PerioNews 2012;6(5):539-46


PCA Periodontia Clínica Avançada

cirúrgico previsível, que venha a manter o implante na boca em conseguiram demonstrar algum potencial de reosseointegração
condições de saúde. em implantes que tiveram peri-implantite e foram adequadamen-
O acesso cirúrgico para o tratamento das doenças peri-implan- te tratados. Diversas técnicas foram utilizadas para este fim, mas as
tares, seja qual for a terapia escolhida para eliminação da doença, que mais alcançaram sucesso foram aquelas que se utilizaram de
segue um protocolo lógico dentro da técnica operatória proposta: regeneração óssea guiada. Ainda assim, a reosseointegração con-
tinua sendo um desafio, visto que até mesmo as superfícies dos
• Incisão cirúrgica e descolamento do retalho para acesso direto implantes também podem ter influência neste processo. Parece
a área afetada; haver uma concordância entre os autores35 no que diz respeito as
• Debridamento mecânico para remoção de todo o biofilme e te- superfícies usinadas, que possuem baixa taxa de reosseointegra-
cido de granulação impregnado no implante e seus componen- ção, em comparação com superfícies tratadas37.
tes protéticos, geralmente executado com curetas de Gracey Quanto a descontaminação química dos implantes, o soro
de Teflon desenvolvidas especificamente para este fim; fisiológico, o ácido cítrico, o peróxido de hidrogênio e o digluco-
• Descontaminação da superfície dos implantes (roscas) que fo- nato de clorexidine, que são utilizados como agentes desconta-
ram expostas a ação dos microrganismos, através do uso dos minantes, só tiveram a sua ação relacionada com a reosseointe-
mais variados agentes químicos como: ácido cítrico a 3%, diglu- gração quando associados a procedimentos de regeneração óssea
conato de clorexidina a 0,12% ou peróxido de hidrogênio (água guiada37-39. A reosseointegração ainda é muito difícil de ser obtida
oxigenada) a 10%. e comprovada. A comprovação apenas se dá por métodos histo-
• Fechamento do retalho (sutura). lógicos, difíceis de quantificar35-36 o que nos faz acreditar que a
descontaminação dos implantes ainda é o principal foco no trata-
Como opção complementar a esta terapia, após a descon- mento das peri-implantites.
taminação da superfície dos implantes, pode-se ainda realizar a
implantoplastia através da planificação das roscas expostas do im- Implantoplastia
plante e a utilização de algum tipo de enxerto de tecido duro ou A implantoplastia consiste no alisamento das roscas que so-
mole para preenchimento do defeito peri-implantar. Dependendo freram perda óssea e foram contaminadas pelos microrganismos
do caso, pode-se partir diretamente para o fechamento do reta- da peri-implantite.
lho, sem a necessidade da implantoplastia e do uso de enxertos, A técnica operatória resume-se à exposição da superfície do
visto que o principal objetivo do tratamento das doenças peri-im- implante seguido do uso de brocas, para alisar a superfície de titâ-
plantares é a remoção da infecção. nio. As brocas mais utilizadas para este fim são as pontas diaman-
As Figuras 7 a 17 ilustram um caso clínico de diagnóstico e tadas em alta rotação. Entretanto, há uma carência de estudos
tratamento de peri-implantite. conclusivos sobre este assunto. As brocas carbide e multilamina-
das também parecem realizar este procedimento satisfatoriamen-
Reosseointegração te. O uso de pedras arkansas também está indicado com o objetivo
A reosseointegração é um fenômeno que ocorre no implante de polir a superfícies. Essas duas etapas devem ser executadas sob
após o tratamento da doença peri-implantar. Na verdade, após a profusa irrigação, com o cuidado de remover completamente os
terapia, o que se deseja é que o osso neoformado se osseointegre restos de titânio remanescentes da ação das brocas sobre a super-
novamente nas roscas do implante que foram descontaminadas, fície do implante40. Após a implantoplastia, deve-se executar uma
reproduzindo a situação que havia antes da doença peri-implantar. descontaminação química do implante e um polimento da área
Seria o mesmo raciocínio que fazemos quando executamos uma com taças de borracha.
regeneração tecidual guiada em Periodontia. Entretanto, assim Esse alisamento das roscas expostas tem como objetivo di-
como nos dentes naturais, em Implantodontia esta regeneração ficultar a adesão de placa bacteriana, facilitar a higienização por
também é muito difícil de ocorrer. parte do paciente e propiciar uma boa adaptação do epitélio
Após a descontaminação total das superfícies dos implantes, juncional. Não é objetivo da implantoplastia promover uma ne-
a terapia cirúrgica poderá ser dada como concluída, uma vez que a oformação óssea, seguida de uma possível reosseointegração.
infecção foi removida. Entretanto, existem alguns estudos 35-36
que Entretanto, alguns autores40-41 costumam realizar enxertos ósseos

PerioNews 2012;6(5):539-46 543


Bianchini MA • Schuldt Filho G • de Souza JGO • Dalago HR • de Souza Jr. JM

após a implantoplastia, com o objetivo de evitar um colapso dos


tecidos, promovendo a estabilização do coágulo e manutenção do
espaço. Os enxertos de tecidos duros e moles nos darão a certeza
de que não haverá uma recessão indesejável do retalho, expondo
a parte metálica do implante. Contudo, só o fato de promovermos
uma descontaminação com a formação de um coágulo, e uma
sutura reposicionando o retalho coronalmente, poderá nos trazer
resultados satisfatórios quanto a estabilização dos tecidos moles
sem que haja prejuízo estético. Esta certeza, só teremos com ava-
liações posteriores em longo prazo.

Figura 7 – Curetas de Teflon para raspagem de implantes.

Figura 9 –
Radiografia
periapical
confirmando
a perda óssea
peri-implantar e
o diagnóstico de
peri-implantite.
Figura 8 – Sangramento após a sondagem peri-implantar.

Figura 10 – Debridamento mecânico com curetas de Teflon (raspagem campo Figura 11 – Exposição cirúrgica das roscas do implante com retalho de
fechado), como terapia prévia ao acesso cirúrgico. Observar o sangramento espessura total. Observar a presença de cálculo junto as roscas do implante.
intenso do sulco (bolsa) peri-implantar.

544 PerioNews 2012;6(5):539-46


PCA Periodontia Clínica Avançada

Figura 12 – Debridamento mecânico com curetas de Teflon (raspagem campo Figura 13 – Descontaminação química com ácido cítrico 3% durante um
aberto). minuto.

Figura 14 – Aspecto final do implante após debridamento mecânico e Figura 15 – Sutura simples, procurando reposicionar o retalho na sua posição
descontaminação química. Comparar com a Figura 10. original. Observar que o intermediário protético já foi recolocado.

Sabe-se que a neoformação óssea é bastante difícil de ser


obtida sobre as roscas do implante que perderam osso e foram
previamente contaminadas por bactérias da doença peri-implantar.
Entretanto, a remoção do processo infeccioso pode possibilitar a
formação de um tecido conjuntivo fibroso sobre estas roscas. Este
tecido irá promover um selamento biológico, evitando o progres-
so da peri-implantite e restabelecendo a saúde dos tecidos duros
e moles. Com isso, teremos a manutenção do implante em boca,
mesmo que uma porção do osso peri-implantar tenha sido perdida.

Considerações finais

Tanto o diagnóstico como o tratamento das doenças peri-im-


Figuras 16 e 17 – Controle de nove meses após a terapia cirúrgica. Observar a
normalidade dos tecidos moles peri-implantares e a ausência de aumento na plantares ainda levantam mais dúvidas do que certezas. A carência
perda óssea. Comparar com a Figura 8. de estudos longitudinais bem desenhados e conclusivos dificulta o

PerioNews 2012;6(5):539-46 545


Bianchini MA • Schuldt Filho G • de Souza JGO • Dalago HR • de Souza Jr. JM

estabelecimento de verdades absolutas que, mesmo com muitos 1. Logo após a cirurgia;
estudos, são sempre um perigo na ciência odontológica. 2. Logo após a instalação da prótese;
Desta forma, o segredo para se prevenir estas doenças é o 3. Semestralmente ao longo dos anos de manutenção;
acompanhamento clínico e radiográfico dos pacientes em longo
prazo, associando os sintomas clínicos com as alterações radiográ- Este protocolo de manutenção facilita a interpretação dos
ficas. O diagnóstico precoce permite um tratamento imediato, evi- tecidos moles e duros peri-implantares, que estão em constante
tando a evolução do quadro. Manutenção dos implantes em longo mutação. Estas mudanças podem ser fisiológicas e perfeitamente
prazo passa por programas de controle de biofilme, exatamente normais, onde geralmente temos uma remodelação óssea visível
como ocorre nos pacientes que têm doença periodontal. na radiografia, mas com ausência de sinais clínicos de inflamação.
Os dados clínicos de sondagem devem ser armazenados e Por outro lado, elas podem ser patológicas, com perdas ósseas
as radiografias periapicais devem ser feitas para que se tenham radiográficas associadas com sinais e sintomas de inflamação, indi-
parâmetros de comparação ao longo dos anos. Assim, devemos cando o aparecimento de alguma doença peri-implantar.
radiografar em três situações críticas:

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tegrados. Implant News 2011;8(3b):205-8. of peri-implant diseases. Int J Oral Maxillofac Implants surgery. A 3-year clinical trial on rough screw-shaped
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546 PerioNews 2012;6(5):539-46


LEITURAS ESSENCIAIS

Sob coordenação do Prof. Dr. Antônio Wilson Sallum, editor científico da revista, a presente seção
selecionou alguns artigos científicos publicados em periódicos de circulação internacional, fez
a leitura crítica e traz comentários dos mesmos. Mais uma forma de ampliar nossos conhecimentos. Confira:

Artigo 1: Matuliene G, Pjetursson BE, Salvi GE, Schmidlin K, paciente enquanto unidade de análise, os autores verificaram que
Brägger U, Zwahlen M et al. Influence of residual pockets on em fumantes pesados ( 20 cigarros/dia), a extensão da doença no
progression of periodontitis and tooth loss: result after 11 diagnóstico inicial, a duração da TS e PS  6 mm foram fatores de
years of maintenance. J Clin Periodontol 2008;35:685-95. risco para a progressão da DP, enquanto que PS  6 mm e SS  30%
Por que é interessante: existe na literatura pouca informação representavam risco para perda dental.
sobre fatores de risco que possam ser correlacionados à progres- Comentários: o estudo mostra a necessidade de uma rígida TS
são da doença periodontal (DP) e qual a real importância da terapia para que haja manutenção dos resultados clínicos de dentes pre-
de suporte (TS) na manutenção dos dentes previamente tratados. viamente tratados para periodontite, prevenindo-se progressão
Segundo esse raciocínio, os autores avaliaram retrospectivamente, da DP e perdas dentais relacionadas à DP. Chama atenção, ainda,
em um estudo do tipo coorte, a influência de profundidades de que não se pode dar a TPA como concluída se ainda existirem PS
sondagem (PS)  5 mm e de sangramento a sondagem (SS) após o residuais  5 mm, havendo clara necessidade de retratamento des-
término da terapia periodontal ativa (TPA) na progressão da DP e ses sítios residuais. Portanto, pacientes com sítios com PS residuais
na perda de dentes.  5 mm não devem ser colocados em TS, mas sim receber TPA para
Desenho experimental: 172 pacientes previamente tratados e controle da DP.
em TS há pelo menos três anos (média de 11 anos), acompanha- Unitermos: Bleeding on probing; Clinical attachment level; Main-
dos na clínica da Faculdade de Berne ou em clínicas particulares, tenance care; Periodontitis; Progression; Residual probing depth;
foram incluídos no estudo. Os números de dentes e de implantes Risk factors; Supportive periodontal therapy; Tooth loss.
foram definidos no periograma e os parâmetros clínicos PS, retra- Revisado por: Mirella Lindoso Gomes Campos. Doutoranda em
ção gengival (RG), nível de inserção clínica (NIC), SS de boca toda, Periodontia – FOP-Unicamp.
mobilidade dental e envolvimento de furca foram avaliados no ba-
seline (antes da TPA), ao término da TPA e na reavaliação realizada Artigo 2: Kotsovilis S, Karoussis IK, Trianti M, Fourmousis I.
em 2005. Na estratificação da amostra também foram reportados Therapy of peri-implantitis: a systematic review. J Clin Perio-
condição sistêmica, tabagismo e frequência da TS para se avaliar, dontol 2008;35:621-9.
também, a influência desses fatores sobre a progressão da DP. Por que é interessante: não existe um protocolo que seja unani-
Os achados: o número de sítios com PS  5 mm aumentou du- memente aceito para o tratamento da peri-implantite. Esta revisão
rante a TS, e a presença de sítios com PS  5 mm mostrou ser sistemática avaliou cientificamente a eficácia das modalidades te-
um fator de risco para perda dental quando comparado a PS rapêuticas disponíveis para tratamento dessa doença.
 3 mm. Os autores verificaram que quanto maior PS residual, Desenho experimental: foram pesquisados estudos clínicos ran-
maior o número de perdas dentais. Foi verificado, ainda, que os domizados e controlados, ou de comparação de técnicas, publi-
pacientes que recebiam TS em clínicas particulares tinham três ve- cados somente em inglês e indexados até julho de 2007 em duas
zes mais chances de apresentarem pelo menos nove sítios com PS bases de dados (PubMed e The Cochrane Library). Os critérios de
residual  5 mm, quando comparados àqueles atendidos na clínica inclusão foram: estudos clínicos randomizados e controlados ou
da faculdade. Esses resultados foram devido à frequência da tera- estudos clínicos comparativos de técnicas; terapia para tratamen-
pia, pois 94,9% dos pacientes em TS acompanhados na faculdade to da peri-implantite; presença de pelo menos cinco pacientes em
recebiam duas vezes/ano manutenção, comparados a 67,6% dos cada grupo; período de acompanhamento mínimo de seis meses.
pacientes atendidos em clínicas particulares. Considerando-se o Dos 1.304 títulos encontrados durante a pesquisa, cinco artigos

548 PerioNews 2012;6(5):548-50


Pesquisas em evidência

cumpriram as metas pré-estabelecidas nos critérios de inclusão e em superfícies dentais previamente livres ou não de acúmulo.
de exclusão, e foram incluídos nos resultados. Devido à grande he- Desenho experimental: 20 pacientes se abstiveram de todas as
terogeneidade dos estudos, principalmente quanto às terapias uti- técnicas de controle mecânico do biofilme durante 25 dias. No
lizadas, não houve possibilidade da realização de uma metanálise. quarto dia de acúmulo, os pacientes receberam aleatoriamente
Os achados: os resultados mostraram que o debridamento me- profilaxia em dois quadrantes, enquanto os dois outros quadran-
cânico não cirúrgico com curetas de Teflon ou com ultrassom não tes serviram como dentes com superfície previamente recoberta
foram suficientes para a descontaminação de implantes com pro- com biofilme. Foi também no quarto dia que os pacientes inicia-
fundidade de sondagem (PS)  5 mm ou com exposição de ros- ram o bochecho de 15 ml de CLX 0,12%, duas vezes/dia e conti-
cas. O uso do laser Er:YAG parece melhorar os parâmetros clínicos nuaram com a suspensão da higiene oral por mais 21 dias. Foram
a curto prazo quando associado a outra terapia. A utilização de realizadas medidas para índice de placa (IP), índice gengival (IG) e
clorexidina 0,2% como agente antisséptico coadjuvante ao debri- volume de fluido crevicular gengival (FCG) no baseline (dia zero)
damento não cirúrgico parece não ter benefícios em OS < 4 mm, e dias 21 e 25. O IP também foi aferido nos dias quatro, 11 e 18.
mas parece proporcionar um efeito adicional em OS > 5 mm. A uti- Os achados: ao serem feitas análises intergrupos, verificou-se
lização de minociclina como antibiótico local coadjuvante à terapia que as superfícies dentais previamente recobertas por biofilme
não cirúrgica trouxe maior benefício clínico do que a associação da tiveram IP significativamente maiores durante todo o período
clorexidina como antisséptico em 12 meses de acompanhamen- experimental,quando comparadas às livres de biofilme no início da
to. O uso de hidroxiapatita nanocristalina e de regeneração óssea administração da CLX. Quando comparados os parâmetros clínicos
guiada associado ao acesso cirúrgico para debridamento mecânico inflamatórios intergrupos, o IG e o volume de FCG mostraram-se
teve melhores resultados quanto à redução da PS e ao ganho de significativamente maiores aos 25 dias no grupo que tinha os den-
inserção clínica quando comparado somente ao acesso para de- tes previamente recobertos por biofilme.
bridamento. Comentários: devido aos reduzidos efeitos antiplaca e antigen-
Comentários: ainda não é possível estabelecer um protocolo givite nos dentes previamente recobertos por biofilme, pôde-se
padrão-ouro para o tratamento da peri-implantite. Porém, pelos concluir que o uso da CLX 0,12% deve ser coadjuvante e não subs-
dados desta revisão sistemática, pôde-se concluir que o debri- titutivo da higiene oral, e que há necessidade da ruptura estru-
damento não cirúrgico como monoterapia não é suficiente para tural da placa bacteriana para que se tenha o efeito antisséptico
remoção dos depósitos bacterianos em OS  5 mm, e que existe desejado.
a necessidade de estudos que avaliem por períodos maiores a efi- Unitermos: Biofilm; Chlorhexidine; Dental plaque; Gingival crevi-
cácia do Er:YAG e o uso de outros antibióticos locais como coad- cular fluid; Gingivitis.
juvantes na terapia da peri-implantite. A utilização de substitutos Revisado por: Mirella Lindoso Gomes Campos. Doutoranda em
ósseos ou de regeneração óssea guiada parece ser promissora na Periodontia – FOP-Unicamp.
melhoria de padrões clínicos peri-implantares.
Unitermos: Laser; Mechanical debridement; Peri-implantitis; Artigo 4: De Boever AL, Quirynen M, Coucke W, Theuniers
Randomized controlled clinical trial; Therapy. G, De Boever JA. Clinical and radiographic study of implant
Revisado por: Mirella Lindoso Gomes Campos. Doutoranda em treatment outcome in periodontally susceptible and non-
Periodontia – FOP-Unicamp. susceptible patients: a prospective long-term study. Clin. Oral
Impl. Res. 2009;20(12):1341-50.
Artigo 3: Zanatta FB, Antoniazzi RP, Rösing CK. The effect of Por que é interessante: existe pouca literatura que elucide como
0.12% chlorhexidine gluconate rinsing on previously plaque-free o tipo de doença periodontal afetaria o prognóstico na reabilitação
and plaque-covered surfaces: a randomized, controlled clinical com implantes em pacientes parcialmente edêntulos. É um estu-
trial. J Periodontol 2007;78:2127-34. do longitudinal que investiga prospectivamente parâmetros clíni-
Por que é interessante: é um estudo clínico cego, randomizado cos e radiográficos peri-implantares de pacientes susceptíveis ou
e de boca dividida que utiliza um modelo de gengivite experimen- não à doença periodontal (DP), reabilitados com implantes orais.
tal para avaliar a ação da clorexidina 0,12% na formação de biofilme Desenho experimental: foram selecionados 221 pacientes par-

PerioNews 2012;6(5):548-50 549


Pesquisas em evidência

cialmente edêntulos reabilitados com implantes orais e com pró- Por que é interessante: ainda não existe na literatura unanimi-
teses fixas. Como critério de inclusão, todos os pacientes deve- dade para o tratamento de doenças peri-implantares. Este estudo
riam receber rígida terapia de suporte, com média de 48 meses de clínico controlado duplo-cego avaliou o efeito de diferentes pro-
acompanhamento, e apresentar saúde sistêmica e índice de placa tocolos para o tratamento da mucosite peri-implantar.
(IP) e gengival (IG) < 30%. Apenas 194 pacientes tiveram todos os Desenho experimental: 29 pacientes com índice de placa (IP)
dados para análise, sendo os resultados referentes a 513 implan-  25%, não fumantes ou que fumavam até 20 cigarros/dia e com
tes. Foram investigados dois tipos de tratamento de superfície de boa saúde sistêmica, contribuíram com um implante com peri-
implante (TPS e SLA) e comprimentos e diâmetros diversos. Os pa- mucosite clinicamente diagnosticada e confirmada radiografica-
cientes foram divididos em três grupos: pacientes não susceptíveis mente devido à ausência de reabsorção óssea. Todos os pacien-
a DP (PNS) que perderam dentes por outro motivo, não periodon- tes receberam debridamento mecânico com curetas de Teflon e
tal; pacientes que tiveram perda dental associada à periodontite profilaxia. Os pacientes foram aleatoriamente selecionados para
crônica (PC); pacientes que tiveram perda dental associada à pe- um dos grupos: gel de clorexidina 0,15% duas vezes/dia (teste);
riodontite agressiva (PA). Os parâmetros clínicos avaliados foram gel placebo duas vezes/dia (controle). Os géis foram providos para
profundidade de sondagem (PS), sangramento a sondagem (SS), durarem quatro semanas. Após isso, os pacientes foram instruí-
IP, presença de inchaço e pus. A reabsorção óssea marginal foi ava- dos a realizarem a higienização de rotina. Os parâmetros clínicos
liada radiograficamente por radiografias periapicais. profundidade de sondagem (PS), sangramento a sondagem (SS),
Os achados: o grupo PA teve sobrevida significativamente menor IP e supuração foram realizados no baseline, primeiro e terceiro
dos implantes quando comparado aos grupos PNS e PC. A taxa meses. O biofilme subgengival foi coletado e avaliado pela técnica
de perda média dos implantes foi de 4,67%, mas o grupo PA teve DNA-DNA checkerboard no primeiro e terceiro meses.
15,25% de perda. A reabsorção óssea foi significativamente maior Os achados: não houve diferenças significativas intergrupo com
no grupo PA e foi correlacionada positivamente a idade, tabagis- relação aos parâmetros clínicos avaliados e a quantidade de DNA
mo, SS, presença de placa, pus, inflamação e PS. Os implantes com contida no biofilme. Já a avaliação intragrupo mostrou redução
superfície SLA tiveram sobrevida significativamente maior somen- significativa em SS, PS e quantidade de DNA já no primeiro mês.
te no grupo PA. Resultados significativos intragrupo também foram encontrados
Comentários: o artigo nos mostra que a sobrevida dos implan- comparando-se o primeiro ao terceiro mês, havendo melhora,
tes está diretamente relacionada à susceptibilidade à DP e, mais mas não reversão total do quadro clínico. Os autores observaram
especificamente, ao tipo de doença periodontal. Mostra-nos que que a presença da margem submucosal das restaurações estava
pacientes parcialmente edêntulos não susceptíveis e tratados para diretamente associada a maiores valores de SS.
PC possuem o mesmo padrão de sobrevida de implantes. Um cui- Comentários: os resultados deste estudo mostraram que o de-
dado maior deve ser dado à reabilitação com implantes de pacien- bridamento não cirúrgico e bom controle mecânico do biofilme
tes tratados para PA, pois verificou-se maior reabsorção óssea e são suficientes para redução do quadro de mucosite peri-implan-
menor taxa de sobrevida de implantes nesse grupo. A escolha da tar, e o uso de gel de clorexidina como terapia coadjuvante não
superfície SLA pode ser um fator chave para o sucesso da terapia, mostrou nenhum benefício adicional. Devido à inevidência de efei-
melhorando o prognóstico clínico e radiográfico do grupo PA. to, deve-se limitar sua prescrição para se evitar os efeitos adversos
Unitermos: Implant survival; Implants; Peri-implantitis; Periodontitis. que essa terapia pode trazer. Deve-se, também, dar preferência
Revisado por: Mirella Lindoso Gomes Campos. Doutoranda em sempre que possível à reabilitação com restaurações supramuco-
Periodontia – FOP-Unicamp. sais, pois isso ajudaria a reduzir o acúmulo de biofilme na região e
facilitaria a higienização pelo paciente, melhorando os parâmetros
Artigo 5: Heitz-Mayfield LJ, Salvi GE, Botticelli D, Mombelli A, clínicos dos tecidos peri-implantares.
Faddy M, Lang NP. Anti-infective treatment of peri-implant Unitermos: Anti-infective treatment; Chlorhexidine; Non-surgical
mucositis: a randomised controlled clinical trial. On behalf of debridement; Oral hygiene; Peri-implant mucosites; RCT.
the implant complication research group (ICRG). Clin. Oral Impl. Revisado por: Mirella Lindoso Gomes Campos. Doutoranda em
Res 2011;22:237-41. Periodontia – FOP-Unicamp.

550 PerioNews 2012;6(5):548-50


IN 2013 – LATIN AMERICAN
OSSEOINTEGRATION CONGRESS
Implantodontia clínica de alta performance.

De 25 a 28 de setembro do ano que vem, em São Paulo, um evento que a sua carreira
profissional não pode perder.
Planejado para congregar mais de 5 mil especialistas do Brasil e da América Latina, e
cerca de 100 empresas expositoras, o IN 2013 oferecerá, aproximadamente, 400
atividades de atualização científica com ênfase em prática clínica.
Para São Paulo, virão os melhores pesquisadores internacionais da atualidade, trans-
formando o Brasil no melhor cenário dos avanços da reabilitação oral com implantes.
Acompanhe a evolução dos preparativos deste evento no site
www.in2013.com.br e garanta a sua vaga a partir de
5 de novembro de 2012.

O novo formato de participação oferece, além de centenas de


temas de alta relevância clínica e acesso livre, o direito
de escolher dois cursos de imersão com certificados
específicos.

César Arita
Reserve na sua agenda a semana (in memoriam)
de 25 a 28 de setembro para estar Presidente IN 2013

conosco no IN 2013 – um evento


que fará toda a diferença.

Primeiros ministradores
internacionais confirmados

Andrea Ricci (Itália) John Brunski (EUA)


Burton Langer (EUA) Joseph Kan (EUA)
Christoph Hämmerle (Suíça) Myron Nevins (EUA)
David Cochran (EUA) Stefan Renvert (Suécia)
Eric Van Dooren (Bélgica) Thomas & Stephen Balshi (EUA)
Franck Renouard (França) Tiziano Testori (Itália)
Per-Ingvar
Brånemark Friedrich W. Neukam (Alemanha) Torsten Jemt (Suécia)
Presidente
Georg Watzek (Áustria) Zvi Artzi (Israel)
de Honra

552 PerioNews 2012;6(5):552-7


Eventos

A programação científica será constituída de:


• 28 cursos de imersão nacionais e internacionais • Corporate session com 80 conferências.
com quatro horas cada. • Salas de informação nos estandes de empresas
• 120 conferências especiais sobre procedimentos patrocinadoras.
clínicos. • Prêmios de incentivo à pesquisa.
• Mesas-redondas temáticas. • 300 painéis científicos com premiação de mérito.

Principais temas da programação científica


• Cirurgia avançada interativa na reconstrução sobredentes e implantes • Cerâmicas, resinas e próteses
• Terapias estéticas da zona estética • Oclusão sobreimplantes
• Implantes zigomáticos • Superfícies dos implantes e • Microcirurgia e implantes • Banco de ossos
• Biomecânica e carga imediata respostas clínicas • Enxertos e biomateriais • Dente ou implante?
• Regeneração tecidual estética • Falhas estéticas e implantes • Mandíbulas atróficas: • Farmacologia na Implantodontia
• Carga imediata e enxerto ósseo • Implantes curtos reabilitação • Elementos finitos
• Peri-implantite • Implantes imediatos na zona • Restauração dentoalveolar • Complicações cirúrgicas
• Terapia preventiva de suporte estética imediata • Laser na Implantodontia
• Fatores de crescimento ósseo • Cirurgia guiada • Tecidos moles, estética • CAD/CAM na Implantodontia
• Regeneração óssea vertical e • Planejamento na e peri-implantite • Enxertos onlay
horizontal Implantodontia • Maxila atrófica • Plataforma switching
• Implantes em sítios • Imaginologia na • Zircônia na Implantodontia • Aspectos anatômicos e
problemáticos Implantodontia • Sistemas proteticamente Implantodontia
Comissão Organizadora Central
• Tomografia computadorizada • Reabilitação oral amigáveis • Cirurgia flapless

Laércio W. Hugo Nary Filho Paulo Rossetti Jamil A. Shibli Paulo Perri de
Vasconcelos Carvalho

Antonio Wilson Carlos Eduardo Sérgio J. Jayme Barbro Brånemark Darwin Justiniano Haroldo Vieira
Sallum Francischone Pereyra

Confira, a partir de 5 de novembro, a programação do evento no site:


www.in2013.com.br
PerioNews 2012;6(5):552-7 553
Eventos

NATIONAL SYMPOSIUM OSTEOLOGY


EVENTO INTERNACIONAL SOBRE OS AVANÇOS E RECURSOS
PARA RECONSTRUÇÃO ÓSSEA EM ODONTOLOGIA.

De 8 a 10 de novembro, o Brasil será sede


do National Symposium Osteology, maior e mais
completo evento de Osteologia já realizado, e
que oferece o melhor conteúdo sobre proce-
dimentos cirúrgicos para reconstrução óssea e
de tecidos moles. Centrado no tema “Conceitos
Em
m novovve
oveemb
emmbro rro,
o,
o,
clínicos na regeneração oral”, o Osteology será Nattion
Nat
Na io
onal Syyym
mpospo ium
um
m
Osteol
Ost eol
ology d de
eseme ba
bar
arrcaa
arca
realizado no Espaço Apas, em São Paulo, e é
em São Paau ulo
lo
o.
promovido pela Osteology Foundation, com
o apoio da Geistlich Pharma do Brasil.
NATIONAL
Dimensionado para 400 cirurgiões-dentistas especia- Duarte, Julio Cesar Joly, Hugo Nary Filho, Luís Violim,

SYMPOSIUM OSTEOLOGY
listas em Implantodontia, Periodontia e Prótese, o evento
tem à frente Mariano Sanz, Maurício Araújo e Julio Cesar Joly.
Luiz Lima, Ricardo Magini e Maurício Araújo.
A programação geral do Osteology começa com o
Juntos, esses profissionais organizaram um programa diver- Fórum Nacional ImplantNews, nos dias 8 e 9 de novembro,
sificado, de alto nível científico para proporcionar maior apri- constituído de conferências especiais de 90 minutos cada, so-
moramento profissional dos cirurgiões-dentistas. bre temas do cotidiano da Implantodontia. Os ministradores do
A programação do simpósio está dividida em três blo- fórum são: Carlos Araújo, Marcos Motta, Fábio Bezerra,
cos de palestras, relativas à regeneração de tecidos moles e Jamil A. Shibli, Mário Groisman, Diego Klee Vasconcellos,
duros, e ao manejo dos alvéolos pós-extração, além de um Luís Guilherme Scavone Macedo e João Ricardo Grossi.
fórum clínico para discussões de casos. Completando o programa, serão oferecidos três
Segundo o espanhol Mariano Sanz, coordenador do workshops para grupos de 30 alunos cada. São workshops
evento, a regeneração de tecidos será um dos destaques do sobre “Novas perspectivas para o aumento de tecidos mo-
evento. “A regeneração de tecidos é um dos principais temas les”, “Conhecimentos científicos e técnicas atuais em alvéo-
da Odontologia moderna, uma vez que combina a utilização los pós-extração e regeneração óssea guiada” e “PRF – Plas-
dos avanços científicos com as mais modernas técnicas cirúr- ma Rico em Fibrina: membranas autógenas para aceleração
gicas, tudo com o único objetivo de reconstruir os tecidos da reparação tecidual”.
que tenham sido destruídos por doenças. Nesta edição, va- Os interessados poderão participar de workshops sem
mos abordar os conceitos mais modernos de reconstrução, estar inscrito no Simpósio de Osteologia.
tanto de tecidos duros com de tecidos moles, além dos im- Durante o evento, em paralelo às atividades plenárias,
plantes”, explica. acontecerá também a Exposição Promocional de Produtos
Além de Mariano Sanz, também estarão presentes Frank Odontológicos, com aproximadamente 15 empresas que de-
Schwartz (Alemanha), José Camilo Furlani, Wagner monstrarão recursos para várias práticas em Implantodontia.

Programação completa
Mais informações e mais informações, acesse
em www.osteology.com.br www.osteology.com.br
ou pelo telefone (11) 2168-3400.
ou entre em contato pelo telefone (11) 2168-3400.

554 PerioNews 2012;6(5):552-7


Eventos

P-I BRÅNEMARK INSTITUTE REALIZA


CURSOS DE IMERSÃO EM BAURU

Pela primeira vez, o P-I Brånemark Ins- tinado para cirurgiões bucomaxilofaciais, Em relação às apresentações, pode-
titute realizará cursos de imersão com oito clínicos com interesse em Implantodontia, remos contar com a presença de Maurício
ou 16 horas/aula, ministrados por especia- Prótese, Estética e Periodontia. Araújo, Leopoldino Capelozza Filho, Mau-
listas de grande experiência clínica, entre A programação será simultânea e os rício de Almeida Cardoso, Hugo Nary Fi-
os dias 21 e 23 de novembro em Bauru. participantes poderão escolher as palestras lho, Marco Antonio Bottino, Renata Faria,
Nomeado como 1o Ciclo de Cursos Avan- de acordo com seus interesses: Planeja- Laerte Schenkel, Fábio Fujiy, Sidney Kina,
çados em Cirurgia Ortognática, Cirurgia e mento Avançado, Prótese Sobreimplante e Paulo Perri, Mário Groisman e Glécio Vaz
Prótese Sobreimplante, o evento é des- Cirurgia. de Campos.

Para conferir a programação completa, entre em contato pelo telefone (11) 2168-3400.
www.cursosbranemark.com.br

GRUPO PERIO-IMPLANTAR
ATRAI MAIS DE 4 MIL PARTICIPANTES NO FACEBOOK
Espaço vem sendo construído com a publicação de artigos, casos clínicos
e temas de interesse na área da Implantodontia e da Periodontia.

Criado em julho pela VMCom, o Grupo Perio-Implantar – Gru- O espaço funciona como um fórum de debates e o
po Brasileiro de Estudos em Implantodonia e Periodontia – tem objetivo é produzir uma experiência enriquecedora para todos os
suscitado excelentes debates e discussões sobre os principais te- envolvidos. “Queremos criar um ambiente dinâmico, risco em in-
mas que envolvem a pesquisa científica e a prática clínica da Im- formações e fazer com que cada integrante sinta-se à vontade
plantodontia e da Periodontia. E, em pouco mais de três meses em participar por meio de publicações, casos clínicos, novidades,
no ar, já reuniu mais de 4 mil participantes, entre profissionais e dúvidas, enfim, o que for pertinente ao grupo”, destaca.
estudantes da comunidade odontológica. Muitos temas atuais já foram e vêm sendo debatidos no
Com o suporte dos editores científicos Paulo Rossetti, da Im- Grupo, como L-PRF, novas membranas reabsorvíveis, técnicas ci-
plantNews, e Antonio Wilson Sallum, da PerioNews, o Grupo é mo- rúrgicas e até assuntos do dia a dia do clínico, como gengivite,
derado por Lilian Smeke, especialista em Endodontia, Periodontia e tratamento de periodontite/peri-implantite, curiosidades clínicas
Implantodontia. “Assim como tudo na internet, não há centraliza- e expectativas do paciente.
ção da discussão. Pelo contrário, queremos mesmo que o debate A participação no Grupo Perio-Implantar é totalmente livre e
se encaminhe de maneira livre e produtiva. Minha contribuição no gratuita, bastando apenas estar cadastrado na rede social para poder
grupo é apenas de estimular a participação cada vez mais ativa dos ver as postagens. Acesse www.perio-implantar.com.br, conecte-se ao
colegas”, informa Lilian. Facebook com seu login e senha, e clique em “participar do grupo”.

PerioNews 2012;6(5):552-7 557


Higiene Oral

O MEIO AMBIENTE ENTRA


NA PAUTA DA HIGIENE ORAL
A CADA ANO, 26 BILHÕES DE ESCOVAS DENTAIS SÃO DESCARTADAS NO MUNDO INTEIRO.

A primeira escova dental biodegradável do depois, buscando expandir seus negócios, a famí-
Brasil foi lançada em junho deste ano, durante o lia trouxe suas clínicas para o Rio de Janeiro, onde
Fórum Empresarial Rio+20. A iniciativa chamou a se fixou e criou raízes. Avelino, que tem grande
atenção da comunidade odontológica e de toda experiência como implantodontista, é a quarta
a população para uma preocupante realidade: geração de cirurgiões-dentistas dos Veit.
os produtos que utilizamos em nossa higiene “Foi um longo trabalho de desenvolvimen-
oral não são sustentáveis. A cada ano, no mun- to para que chegássemos a um produto que
do inteiro, são descartadas 26 bilhões de escovas pudesse conciliar a tecnologia que queríamos
dentais, formando uma montanha crescente de com um produto sustentável. Mas valeu a pena”,
material tóxico. ressalta Veit. A empresa está expandindo sua po-
Por trás desse lançamento inovador estava sição em pontos de venda para o consumidor,
o cirurgião-dentista Avelino Veit, CEO da Dr. Veit em especial nas farmácias do Rio de Janeiro e de
Oral Care. “Buscamos desenvolver uma linha de São Paulo. “Este está sendo um ano de consoli-
produtos de higiene oral que atendesse a todas dação, com a Dr. Veit ocupando o seu espaço no
as nossas preocupações técnico-científicas, de mercado brasileiro.”
maneira a oferecer o que existe de melhor para
nossos pacientes. Porém, queríamos ir mais lon-
ge. Tínhamos o dever de passar uma mensagem
para o Brasil e para o mundo. Foi assim que sur-
Avelino Veit abre
giu a escova biodegradável”, explicou o empre- caminho no mercado
brasileiro com escova
sário. Em condições ideias, a escova Dr. Veit Bio
Foto: Divulgação

biodegradável.
demora apenas dois anos para ser decomposta,
enquanto as escovas de plástico comum levam
até 400 anos.
A família Veit chegou ao Brasil no início do
século XX e se estabeleceu no Rio Grande do Sul,
transformando-se em uma das mais tradicionais
famílias de cirurgiões-dentistas do País. Anos

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COMO ENVIAR SEUS TRABALHOS
Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista PerioNews adota em
suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos
publicados. Desde janeiro de 2011, todos os trabalhos deverão ser enviados com o formulário de Conflito de Interesse preenchido, material que passa a
fazer parte do Termo de Cessão de Direitos Autorais.

Importante:
Envie seu trabalho apenas pelo correio, para:
PerioNews Contendo CD identificado (com todo o material do artigo), Consentimento do Paciente, quando necessário.
Att. Cecilia Felippe Nery (Editora) impresso completo do trabalho a ser submetido, Termo Em caso de dúvida, entre em contato com a redação:
Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino de Cessão de Direitos Autorais/Formulário de Conflito (11) 2168-3400 – <secretaria@perionews.com.br>.
04023-000 – São Paulo – SP de Interesse devidamente preenchidos e Termo de

1. OBJETIVO da data de sua submissão, sendo vedada qualquer mentação envolvendo pesquisa com humanos deve ser
A revista PerioNews, de periodicidade bimestral, reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte conduzida de acordo com princípios éticos (Declaração
destina-se à publicação de trabalhos inéditos de ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem de Helsinki, versão 2008 – http://www.wma.net/en/2
pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, que a prévia e necessária autorização seja solicitada 0activities/10ethics/10helsinki/index.html).
relatos de casos clínicos e revisão da literatura na área e obtida junto à revista PerioNews. Declaro(amos) 2.10. Todos os trabalhos com imagens de pacientes,
de Periodontia e de especialidades multidisciplinares serem verdadeiras as informações do formulário de lábios, dentes, faces etc., com identificação ou não,
que a envolvam. Conflito de Interesse. No caso de não aceitação para deverão conter cópia do Formulário de Consentimento
publicação, essa cessão de direitos autorais será do Paciente, assinado por este.
2. NORMAS automaticamente revogada após a devolução definitiva
2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte 3. APRESENTAÇÃO
ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação do autor, de ofício específico para esse fim. 3.1. Estrutura
simultânea em outro periódico. [Assinatura(s)] 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e
2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente teses) – Deverão conter título em português, nome(s)
Conflito de Interesse Sim Não
via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo,
Eu recebi apoio financeiro para pesquisa dado por
(Word for Windows), acompanhados de uma cópia organizações que possam ter ganho ou perda com unitermos, introdução e/ou revisão da literatura,
em papel, com informações para contato (endereço, a publicação deste trabalho proposição, material(ais) e método(s), resultados,
telefone e e-mail do autor responsável). Eu, ou os membros da minha família, recebemos discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título
2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor honorários de consultoria ou fomos pagos como em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos
responsável, em sua face não gravável, com etiqueta avaliadores por organizações que possam ter ganho em inglês (key words) e referências bibliográficas.
ou caneta retroprojetor (própria para escrever na ou perda com a publicação deste trabalho
Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com
superfície do CD). Eu, ou os membros da minha família, possuímos espaços), 4 tabelas ou quadros e 20 imagens (sendo,
2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, ações ou investimentos em organizações que
possam ter ganho ou perda com a publicação no máximo, 4 gráficos e 16 figuras).
não será devolvido. deste trabalho 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título
2.4. A revista PerioNews reserva todos os direitos Eu recebi honorários de apresentações vindos de em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação
autorais do trabalho publicado. organizações que possam ter ganho ou perda com do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou
2.5. A revista PerioNews receberá para publicação a publicação deste trabalho proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão,
trabalhos redigidos em português. Você está empregado pela entidade comercial que nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em
2.6. A revista PerioNews submeterá os originais à patrocinou o estudo? inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e
apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre Você possui patentes ou royalties, trabalhou como referências bibliográficas.
a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores testemunha especializada, ou realizou atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta
Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres
permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos área? (forneça uma descrição resumida) (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou
autores do trabalho analisado. quadros e 20 imagens (sendo, no máximo, 4 gráficos
2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o [Assinatura] e 16 figuras).
Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter
autor(es) ou pelo autor responsável. Importante: autores e coautores deverão preencher título em português, nome(s) do(s) autor(es), titula-
2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais: individualmente o formulário com informações próprias. ção do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução
[Local e data] Estas deverão ser acrescentadas ao final do artigo, e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s),
Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) em forma de texto, como Nota de Esclarecimento. discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título
do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos
submeto(emos) à apreciação da revista PerioNews são de responsabilidade única e exclusiva de seus em inglês (key words) e referências bibliográficas.
para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, autores. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres
por meio deste suficiente instrumento, que os direitos 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais (com espaços), 2 tabelas ou quadros e 34 imagens
autorais referentes ao citado trabalho tornem-se de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto (sendo, no máximo, 2 gráficos e 32 figuras).
propriedade exclusiva da revista PerioNews a partir referências à aprovação pelo Comitê de Ética. A experi-

560 PerioNews 2012;6(5):560-1


Normas de publicação

3.2. Formatação de página: ration on the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. [Online] Available from Internet <http://www.forp.
a. Margens superior e inferior: 2,5 cm 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN
b. Margens esquerda e direita: 3 cm J Periodontal 1994;65:545-50. 0103-6440.
c. Tamanho do papel: carta 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from
d. Alinhamento do texto: justificado dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 5. TABELAS OU QUADROS
e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1998:88-95.” 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou
1,25 cm 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em
f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas todos. algarismos arábicos.
g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro
h. As páginas devem ser numeradas citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma
3.3. Formatação de texto: latina et al. clara e objetiva no texto ou em documento anexo.
a. Tipo de fonte: times new roman 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pes- 5.3. Devem ser autoexplicativos e, obrigatoriamente,
b. Tamanho da fonte: 12 soais, trabalhos em andamento e os não publicados; citados no corpo do texto na ordem de sua numeração.
c. Título em português: máximo de 90 caracteres caso seja estritamente necessária sua citação, as 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar tra-
d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos informações não devem ser incluídas na lista de duzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/
principais referências, mas citadas em notas de rodapé. quadro ou em sua legenda.
e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 4.7. Exemplos
palavras cada 4.7.1. Livro: 6. IMAGENS (Figuras e Gráficos)
f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Linds- 6.1. Figuras
Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www. trom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the 6.1.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e
bireme.br/decs/) treatment of the edentulous jaw. Experience form a ser numeradas com algarismos arábicos.
3.4 Citações de referências bibliográficas 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 6.1.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em
a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no 4.7.2. Capítulo de livro: arquivo ou folha impressa à parte.
qual somente os números índices das referências, na Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic 6.1.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo
forma sobrescrita, são indicados no texto. boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The bio- do texto na ordem de sua numeração.
b. Números sequenciais devem ser separados por hífen logy of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p. 269-73. 6.1.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em
(ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): sua legenda.
por vírgula (ex.: 7, 12, 21). Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial pros- 6.1.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se
c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publi- theses: anaplastology and osseointegration. Illinois: evitar o uso de iniciais, nome e número de registro
cação. Exemplos: Quintessence;1997. de pacientes. O paciente não poderá ser identificado
Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: ou estar reconhecível em fotografias, a menos que
Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve
geral e local do paciente é necessária para o sucesso state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. acompanhar o trabalho enviado.
do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 4.7.5. Artigo de periódico: 6.1.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística,
Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev utilizando o recurso de resolução máxima do equipa-
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. mento/câmera fotográfica.
4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográ- 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: 6.1.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com
ficas por trabalho. Fracture strenght of human teeth with cavity prepa- resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou
4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de rations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. JPG e largura mínima de 10 cm.
responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.7.7. Resumo: 6.1.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas
4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration incorporadas a arquivos de programas de apresen-
seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme with and without flowable liner [resumo]. J Dent Res tação (PowerPoint), editores de texto (Word for
orientações fornecidas pelo International Committee 2000;79:1002. Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel).
of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: 6.2. Gráficos
“Uniform Requirements for Manuscripts Submitted Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. 6.2.1. Devem constar sob a denominação “Figura”,
to Biomedical Journals”. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr numerados com algarismos arábicos e fornecidos,
4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados 1978;23(8):408-9. preferencialmente, em arquivo à parte, com largura
de acordo com o “List of Journals Indexed in Index 4.7.9. Dissertação e tese: mínima de 10 cm.
Medicus” (www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html) e Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de 6.2.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s)
impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. pré-escolares de Piracicaba, SP [tese]. Campinas: em arquivo ou folha impressa à parte, ordenadas
4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de Universidade Estadual de Campinas;1997. sequencialmente com as figuras.
entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: 6.2.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo
devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista do texto, na ordem de sua numeração.
sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseoin- 6.2.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar
os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, tegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: traduzidos em sua legenda.
número (fascículo) e páginas do artigo logo após o EVM; 2002. p. 18. 6.2.5. As grandezas demonstradas na forma de
título do periódico. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir
Exemplo: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation acompanhadas dos respectivos valores numéricos para
“1. Lorato DC. Influence of a composite resin resto- of desinfection of dentinal tubules infected whith permitir sua reprodução com precisão.
enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72.

PerioNews 2012;6(5):560-1 561

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