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Os Annales (II): a
escrita do tempo:
Fernand Braudel e
Jacques Le Goff
Pedro Spinola Pereira Caldas
Historiografia Contemporânea
Meta da aula
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisito
Para melhor entender esta aula, é importante que você faça uma revisão das aulas
sobre estruturalismo no curso de História e Antropologia, sobretudo no que diz respeito
ao pensamento de Claude Lévi-Strauss.
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INTRODUÇÃO
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Atende ao Objetivo 1
Seu [da etnologia] objetivo é atingir, para além da imagem consciente e sempre
diferente que os homens formam de seu devir, um inventário das possibilidades
inconscientes, que não existem em número ilimitado, cujo repertório e cujas relações
de compatibilidade ou incompatibilidade que cada uma mantém com todas as
outras fornecem uma arquitetura lógica a desenvolvimentos históricos que podem ser
imprevisíveis, mas nunca arbitrários (2008, p. 38).
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Mas enfim tenho que reconhecer que sou sujeito a essas transformações súbitas.
O que acontece é que penso muito raramente; então, uma infinidade de pequenas
metamorfoses se acumula em mim, sem que eu me dê conta, e aí, um belo dia, ocorre
uma verdadeira revolução (2005, p. 16).
A partir dos trechos de Lévi-Strauss e de Sartre, escreva um texto de até dez linhas
comparando as abordagens do existencialismo e do estruturalismo no que diz
respeito ao limite da consciência humana.
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Resposta Comentada
O problema da consciência humana é abordado distintamente por Sartre e por Lévi-Strauss.
Para Sartre, a consciência é possível, mas sempre angustiada e tardia, conforme podemos
ver no trecho da confissão do personagem Antoine de Roquentin: “O que acontece é que
penso muito raramente (...) e aí, um belo dia, ocorre uma verdadeira revolução”. Ela revela
o que a vida tem de incontrolável. A consciência não é algo que trará sossego, mas uma
perspectiva crítica e até mesmo um desespero, uma revolução.
Para Lévi-Strauss, a consciência é limitada, pois já vive em uma estrutura que a sustenta,
mas que ela mesma não pode conhecer.
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condições sociais? Bem, essas são dadas pelas relações entre seres
humanos (em um ambiente natural, claro), e, de alguma maneira,
podem ser mudadas. Elas são herdadas, construções humanas
legadas pelo passado, e não dadas naturalmente. Aqui, o poder da
iniciativa humana é mais forte do que na camada anterior, pois trata-
se de alterar algo que foi construído por homens e é um fenômeno
humano, e não natural.
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neste espaço”. Houve uma mudança, mas essa mudança não foi
intencional, planejada, consciente. Aqui, ainda se aplicaria, em
parte, o conceito de estrutura. Mas a mudança se explica pela ação
humana, e não por características naturais.
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Claro que uma obra de tal monta atraiu atenção para si, e,
claro, críticas. Mesmo um simpatizante dos Annales, como Aaron
Guriêvitch, não se exime de manifestar várias objeções à obra de
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Atende ao Objetivo 2
2. Fernand Braudel é considerado o sucessor de Marc Bloch e Lucien Febvre. Mas a história
dos Annales não é linear e tranquila. Veja se as seguintes palavras de Fernand Braudel
poderiam ser ditas por Febvre e Bloch: “A história sofrida invade o nosso mundo; nós
temos apenas, e ainda, a cabeça fora d’água” (apud DOSSE, 1992, p. 120). Escreva uma
resposta em até dez linhas.
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Resposta Comentada
Não. Por mais que Febvre tenha trabalhado com a ideia de mentalidade, ele privilegiou o
indivíduo como tema de algumas de suas pesquisas, como foram os casos de Martinho Lutero
e François Rabelais. Já Marc Bloch, mesmo tendo vivido tempos turbulentos (foi morto pelos
nazistas), não manifestou, a partir de sua concepção de história total, tal pessimismo.
Braudel, por sua vez, procura insistentemente demonstrar a impotência do indivíduo
no processo histórico. As ações singulares são muito pequenas, se comparadas com a
temporalidade geográfica e demográfica, por exemplo.
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Atende ao Objetivo 3
3. Leia atentamente um breve trecho de uma entrevista concedida por Jacques Le Goff
à revista L’Histoire.
L’Histoire: Jacques Le Goff, o senhor alimentou, desde muito tempo, o projeto de escrever
uma biografia de São Luís. A biografia é um gênero que tem suas regras. Como pode um
historiador da Escola dos Annales escrever uma biografia?
A partir da declaração de Le Goff, escreva uma resposta em até dez linhas sobre o
papel do indivíduo em uma história que flerta com a etnologia, isto é, com o estudo
de estruturas inconscientes.
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Resposta Comentada
Para Le Goff, o indivíduo não existe sozinho e independente da sociedade em que vive.
Ele se relaciona com os outros homens de seu tempo, dialogando com eles. E é nessa
relação que aparece a mentalidade de uma sociedade. Portanto, não se separam indivíduo
e sociedade, indivíduo e cultura. A mentalidade não está só no indivíduo, nem só na
coletividade. A mentalidade é o que permite que indivíduo e coletividade se relacionem.
E é essa mentalidade que perdura, que se estende ao longo do tempo.
CONCLUSÃO
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Entretanto, a síntese dos grandes nomes dos Annales era uma síntese que se daria
no objeto de estudos, um mosaico construído somente no quadro de uma referência
limitada, ainda que bastante abrangente (a religião no século XVI, a sociedade feudal, o
Mediterrâneo no início da modernidade). Jamais foi uma síntese conceitual, que valesse
para o conhecimento histórico, e não somente para esse ou aquele objeto.
A obra dos Annales é notável, sem dúvida alguma, mas o maior prejuízo que se lhe pode
fazer é tomá-la como perfeita e inatacável.
Atividade Final
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Resposta Comentada
A concepção de Braudel é mais complexa no que diz respeito ao papel da
intencionalidade da ação humana.
Para Braudel, se não cabia à intencionalidade qualquer peso no que diz respeito ao
tempo da longa duração, a média duração só podia ser pensada como resultante da
ação humana, ainda que jamais uma ação humana conscientemente planejada. Somente
o tempo da curta duração pode ser pensado como algo criado a partir da vontade
consciente dos homens em determinar e governar o processo histórico.
Em Le Goff, busca-se aquilo que se repete, ainda que, de alguma maneira (no que
diz respeito a festas e celebrações em geral), haja alguma intenção em se conservar.
No entanto, no que diz respeito à periodicidade, a iniciativa humana tem pouco ou
nenhum valor – basta ver o que Le Goff diz sobre as intenções dos revolucionários de
1789. Quiseram mudar, mas, na verdade, dependiam, mesmo contra sua vontade, de
fatores históricos muito anteriores a eles.
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RESUMO
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