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AGRADECIMENTOS

Os textos que constituem este livro foram produzidos num período de tempo muito
curto tendo, por isso, requerido o apoio e a colaboração de amigos em relação aos quais
desejamos formalizar os nossos agradecimentos:

Ao Eng. João da Silva Ricardo (Presidente do CCE — Centro para a Conservação de


Energia) que apoiou a ideia de produzir este livro.

À Dina Pinheiro que prestou um valioso contributo no processamento dos textos


elaborados.

À Joana de Jesus Ferreira que nos ajudou na recolha de algumas informações e no


processamento de alguns dados tratados neste trabalho.

Ao José Manuel Biu que deu uma importante contribuição na organização informática
do processamento de gráficos e figuras.

Ao João Paulo Calau que contribuiu na organização do processamento de alguns


gráficos e figuras e na revisão de textos.

A todos, os nossos agradecimentos

SETEMBRO DE 1993

2
PREFÁCIO

A energia é um factor-chave para o nosso desenvolvimento económico mas, não nos


iludamos, constitui e constituirá sempre — num quadro da tecnologia disponível — uma
desvantagem comparativa para a nossa economia que devemos minimizar através de
uma política energética (correcta) coerente, integrada e realista.
O controlo do Estado e o primado da oferta sobre os interesses dos consumidores
constituíram, até um passado recente, as traves-mestras do funcionamento do nosso
sistema energético.
O sector energético português tem vindo a conhecer e experimentará profundas
modificações nos anos 90. Portugal é um país praticamente sem fontes de energia
primárias, que tem estado situado numa posição marginal e periférica face às infra-
estruturas e redes europeias de energia.
A plena integração na CE e a construção do Mercado Único da Energia estão a
contribuir para profundas modificações ao nosso sistema energético com a abertura dos
mercados à competição externa, o fim dos monopólios públicos, novas regras sobre
preços, taxas, especificações ambientais e especificações técnicas dos produtos
energéticos.
O objectivo central da política energética é, obviamente, o de responder às
necessidades em energia induzidas pelo desenvolvimento socioeconómico, estimulando
a escolha de opções mais eficientes e racionais, num quadro equilibrado, jogando na
segurança, diversificação e concorrência das fontes, na flexibilidade e clareza do
sistema energético e na minimização dos custos.
O desenvolvimento e crescimento económico do País levam a que seja cada vez
maior a necessidade em energia primária, mas somos confrontados com a falta de
recursos energéticos naturais significativos, o que implica o recurso à importação das
grandes fontes de energia primária — o petróleo, o carvão e o gás natural —, o que
significa um dispêndio anual em divisas de cerca de 300 milhões de contos.
Para isso há que concertar o modelo de crescimento económico na perspectiva do
seu conteúdo energético, minimizando esse nosso «pecado original» que é a ausência de
recursos energéticos significativos em Portugal.
Isto tem a ver, aliás, com uma estratégia de desenvolvimento económico e social que
nos aproxime dos países das comunidades europeias. O consumo de energia per capita
deve subir, mas o crescimento económico deverá ser muito superior ao crescimento do
consumo de energia, o que implica a diminuição da elasticidade da energia em relação
ao PIB, implicando a intensificação dos esforços no domínio da utilização racional de

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energia. Por isso a gestão de energia que em boa hora este livro trata é matéria crucial
para o nosso país.

(Luís Mira Amaral)

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
1.1 Substituir a energia pela gestão ..................................................................... 6
1.2 A gestão da energia ........................................................................................ 8
2. INDICADORES ENERGÉTICOS ............................................................................. 11
2.1 Conceitos de eficiência energética ............................................................... 11
2.2 Definição genérica dos indicadores de eficiência energética ...................... 16
2.3 Indicadores de eficiência energética ............................................................ 20
3. A SITUAÇÃO ENERGÉTICA PORTUGUESA ............................................................ 28
3.1 Os consumos de energia em Portugal .......................................................... 28
3.2 A energia na economia portuguesa .............................................................. 33
3.3 A conservação de energia em Portugal ........................................................ 43
3.4 Tendências de comportamento .................................................................... 52
4. A POLÍTICA ENERGÉTICA PORTUGUESA E COMUNITÁRIA ................................... 60
4.1 A política energética portuguesa .................................................................. 60
4.2 A política de incentivos à utilização racional de energia ............................. 66
4.3 A política energética comunitária ................................................................. 77
5. A GESTÃO DA ENERGIA ....................................................................................... 79
5.1 A auditoria energética ................................................................................... 81
5.2 Um método de gestão de energia ................................................................ 98
5.3 A aplicação do método de gestão .............................................................. 111
6. CONTROLO DOS INVESTIMENTOS
EM PROJECTOS DE ECONOMIA DE ENERGIA .................................................... 116
6.1 A avaliação técnico-económica .................................................................. 119
6.2 O financiamento por terceiros .................................................................... 124
6.3 A cogeração em Portugal .............................................................................130
6.4 Exemplos de projectos energéticos ............................................................ 140
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 150
Lista de siglas e abreviaturas .............................................................................151
Bibliografia ..........................................................................................................152
Anexo I — Legislação portuguesa na área da gestão de energia .......................157
Anexo II — Grandezas e unidades físicas e suas equivalências .........................158

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1. INTRODUÇÃO

A melhoria da produtividade e da qualidade na empresa, necessita da implementação


duma política que gere mutações internas mais ou menos profundas. A GESTÃO DA
ENERGIA integra-se perfeitamente nesta política e constitui, por vezes, o seu motor
principal.

1.1 Substituir a Energia pela Gestão

É comum afirmar-se que «a utilização da energia é essencial ao desenvolvimento


económico e social e necessária à manutenção de elevados padrões de conforto e de
qualidade de vida». Esta afirmação embora não seja incorrecta é imperfeita, já que não
existe, propriamente, a necessidade de petróleo, electricidade ou de gás natural, isto é,
o desenvolvimento, a produção, o conforto e a qualidade de vida em geral não
necessitam de recursos energéticos. As exigências colocam-se ao nível das prestações
energéticas.
Assim, a dinâmica daqueles parâmetros tem exigências de calor, de força motriz, de
iluminação, de mobilidade e de outras prestações ou serviços. É para a satisfação
destas necessidades que são usados os recursos energéticos.
Nesta perspectiva, a energia é considerada como sendo o instrumento que permite
dar satisfação às necessidades de determinadas prestações, sendo elas que dão lugar
ao consumo de energia. Neste contexto toda a reflexão sobre a energia deve ser feita
em termos de «satisfação de necessidades». É nesta perspectiva que se torna lícito
procurar substituir o consumo de energia (ou parte dele) por outras formas ou acções
que, permitindo manter o mesmo nível de prestação, conduzam à redução dos
consumos de energia.
A gestão da energia é um acto que conduz a menores consumos de energia através
da optimização na afectação dos recursos disponíveis, mantendo a satisfação das
necessidades do utilizador. Estamos perante uma situação de substituição da energia
pela gestão.

6
Quadro 1.1 — Esquema simplificado do sistema energético

Fonte: Jacques Percebois

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1.2 A gestão da Energia

O primeiro choque petrolífero (1973/1974) teve como consequência, entre muitas


outras, lembrar que a energia é um bem esgotável, escasso e com preços altamente
instáveis. As empresas (de todos os sectores da actividade) tiveram que se adaptar a
novas exigências de gestão dos recursos em geral e dos factores de produção em
particular. Assim, a energia passou a ser considerada como um factor de produção a ser
gerido, tais como já o eram os tradicionais: capital fixo; trabalho; matérias-primas. Neste
contexto surge a necessidade de gerir a energia com a mesma preocupação e rigor com
que já são geridos os recursos humanos, financeiros e outros.
A energia, como instrumento que permite dar satisfação às necessidades criadas pelo
desenvolvimento socio-económico, desempenha um papel fundamental nas economias
e por isso deve ser encarada como um bem a ser utilizado de forma eficiente e racional,
integrando-se na perspectiva abrangente da utilização racional dos recursos. A gestão
da energia é um meio para atingir objectivos de produtividade e de competitividade nas
empresas de todos os sectores da actividade económica, contribuindo assim para
melhorar a eficiência energética das economias.
A gestão da energia deverá ser iniciada na fase do projecto das instalações e na
escolha dos equipamentos, com a opção racional sobre a forma mais conveniente de
energia a consumir, optando por soluções que apresentem maior eficiência energética e,
consequentemente, que representem menores custos de exploração. É nesta fase,
também, que deverão ser considerados os aspectos relacionados com os meios de
produção, seleccionando aqueles que apresentem maior eficácia energética.
Mas, a gestão da energia é fundamentalmente um estado de espírito que se projecta
no futuro e, como tal, deve ser encarada como um processo continuado e indispensável
no quotidiano de qualquer empresa. As acções de gestão energética não poderão ficar
pela fase do projecto das instalações e dos meios de produção, elas deverão
acompanhar a actividade normal da empresa devendo a responsabilidade da sua
aplicação ser atribuída a um GESTOR DE ENERGIA que, hierarquicamente, deverá
depender directamente da Administração da empresa.
A gestão da energia deve ser suportada através da elaboração sistemática de
auditorias energéticas às instalações consumidoras, e apoiada por programas de
actuação e de investimento que têm por objectivo a redução dos consumos e
consequentemente a redução da factura energética.
De uma forma simples podemos responder à questão «o que é gerir a energia?»
dizendo que:

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• é conhecer os consumos energéticos:
− porquê se consome a energia
− como se consome a energia
− onde se consome a energia
− quanto se consome de energia
• é contabilizar e seguir a evolução dos consumos de energia
• é dispor de dados para tomar decisões
• é agir para optimizar
• é controlar o resultado das acções e investimentos realizados

Tendo em consideração o já exposto nesta introdução torna-se evidente uma


referência sumária aos benefícios a retirar da gestão da energia podendo, desde já,
serem enumerados alguns deles, como sejam:

• Redução da factura energética da empresa e do país.


• Aumento da eficácia do sistema energético aos níveis micro e macroeconómico.
• Acréscimos na produtividade das empresas em quaisquer sectores de actividade.
• Aumento da competitividade nos mercados internos e externos.
• Conhecimento mais profundo das instalações e do custo energético de cada fase,
processo ou sistema.
• Contribuição para a redução dos impactes negativos, sobre o ambiente,
provocados pela utilização da energia.
• Contribuição para o desenvolvimento de iniciativas de eficiência energética.
• Contribuição para uma melhor decisão sobre a política de preços dos bens
produzidos.
• Contribuição para um melhor planeamento de custos.

9
1000

900

800

700

600
ENERGIA

500

400

300

200

100
Título do Eixo
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

GPL FUEL ELETR

Figura 1.1 Exemplo de um diagrama anual do consumo de energia de


uma instalação intensiva em energia eléctrica.

Este livro, inserido numa colecção destinada à gestão das empresas, tem como
objectivo fundamental desafiar os gestores portugueses para gerarem alterações nos
seus hábitos de gestão, levando-os a considerarem a utilização racional e eficiente da
energia como um meio de optimização dos processos produtivos.
A apresentação deste tema de gestão será feita a partir de uma primeira parte onde
serão apresentados os indicadores energéticos mais usuais em Economia da Energia e
uma síntese sobre situação energética portuguesa onde serão abordadas questões
fundamentais sobre a conservação e utilização racional de energia em Portugal. Numa
segunda parte serão desenvolvidas as técnicas de gestão e contabilidade energética
integradas na gestão global das empresas e que permitirão dar início ao processo de
gestão da energia em qualquer instalação consumidora de qualquer ramo da actividade
económica. A finalizar este livro apresentar-se-ão os aspectos relacionados com a
análise técnico-económica de projectos energéticos e com novas modalidades de
financiamento, terminando com alguns exemplos de aplicações de tecnologias
energéticas que conduzem, normalmente, a economias de energia significativas.

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2. INDICADORES ENERGÉTICOS

Os instrumentos mais usuais para medir a forma como a energia é utilizada, quer ao
nível micro quer ao nível macroeconómico, são os indicadores energéticos. Existe,
assim, um universo de indicadores que permitem, no seu conjunto, estabelecer uma
série de avaliações e comparações, quer estáticas quer dinâmicas, sobre o estado da
eficiência energética das economias.
Tendo em consideração o objectivo deste livro, iremos tratar neste capítulo de
indicadores energéticos apenas aqueles que estão directamente relacionados com a
interpretação básica da energia na economia e aqueles que são necessários para a
aplicação das técnicas de gestão da energia. Este subconjunto de indicadores é
normalmente designado por indicadores de eficiência energética.
Um dos aspectos mais delicados na manipulação e interpretação dos indicadores
energéticos, e em particular dos indicadores de eficiência energética, é a avaliação dos
efeitos que induzem alterações naqueles indicadores bem como a sua interpretação
comparativa.
Para minimizar esta dificuldade foram criados os chamados indicadores explicativos
cujo objectivo é a quantificação daqueles efeitos. Os métodos mais usuais para
determinar os vários efeitos, em particular os efeitos estruturais, de actividade e técnico-
económicos são:

− método de Laspeyre;
− método de Paasche;
− método de Fisher;
− Método de Divisa.

O método de aplicação mais simplificada é o «método de Laspeyre» que mede a


componente estrutural usando os valores das intensidades energéticas de um ano de
referência. No final deste capítulo será feita uma breve apresentação deste método.

2.1 Conceito de Eficiência Energética

Eficiência energética é um conceito generalizado para referir as medidas a


implementar (ou implementadas) bem como os resultados alcançados na redução do
crescimento da procura de energia ou, mais genericamente, na melhor utilização da
energia. As medidas de eficiência energética estão normalmente associadas a medidas
políticas ou ao resultado de actos de gestão energética. Neste âmbito existem uma série

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de conceitos, normalmente utilizados para referir as políticas energéticas, que se situam
do lado da procura, tais como a Utilização Racional de Energia, a Conservação de
Energia e outros.

Quadro 2.1 — Exemplos de Terminologia usada em Economia da Energia

VOCABULÁRIO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


Acções conducentes à redução dos custos da
energia para o consumidor e para a economia,
Utilização Racional de Energia (URE)
numa perspectiva técnico-económica de custo-
benefício

Acções de Gestão cujo objectivo é modificar a


Gestão da procura de Energia estrutura da procura de energia com vista à redução
de custos

Redução da quantidade de energia consumida para


Conservação de Energia
uma determinada prestação energética

Quantifica as reduções no consumo de energia,


Economias de Energia
relativamente a um valor de referência

Caracteriza a forma como a energia é usada na


Eficiência Energética
economia

Resultado de acções de Utilização Racional de


Melhorias na Eficiência Energética
Energia

Indicadores Energéticos Relações e variáveis usadas para medir a eficiência

2.1.1 Utilização Racional de Energia (URE)

«As crises da energia não poderiam prestar melhor serviço que o de tornar imperiosa
a necessidade de uma política energética para a Comunidade Europeia. Ela, com efeito,
demonstrou a vulnerabilidade da economia europeia às interrupções ou restrições de
fornecimento, bem como às fortes subidas dos preços da energia. As crises da energia
demonstraram, por outro lado, a falta de eficácia das reacções nacionais isoladas ou
dispersas assim como o perigo da não existência de solidariedade entre os países
consumidores. Ela mostrou, enfim, a necessidade de uma evolução das estruturas de
aprovisionamento para uma menor dependência, o que implica um vigoroso esforço na
economia da energia, na utilização dos recursos endógenos e no desenvolvimento de

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fontes alternativas ao petróleo.» 1, isto é, um vigoroso esforço no sentido da utilização
racional da energia:
− realizar economias de energia, a fim de obter o melhor rendimento possível na
utilização de todas as formas de energia;
− valorizar a utilização das energia primárias;
− favorecer a substituição do petróleo por outras formas de energia em condições
técnico-económicas satisfatórias.

Estamos perante a demonstração, mais ou menos evidente, da necessidade de


estabelecer uma política energética concertada e harmonizada com os interesses
nacionais e com os objectivos comunitários, podendo concluir-se de imediato que
aquela política deverá ser suportada por quatro pilares fundamentais:

• utilização racional da energia;


• diversificação das fontes de energia primária;
• solidariedade entre consumidores;
• redução da dependência energética.

A recente «crise do Golfo» veio mais uma vez demonstrar que as tensões geopolíticas
que permanecem no Médio Oriente deixam antever situações de desequilíbrio de forças
que, quando se manifestam se traduzem naquilo a que já nos habituámos a chamar de
«choques petrolíferos» ou «crises da energia».
Verificou-se também que as economias ocidentais estão demasiado dependentes do
petróleo (como forma de energia primária fundamental) e que poucos foram, ainda, os
esforços desenvolvidos pelos vários países comunitários com vista a dotar a
Comunidade Europeia de uma verdadeira política energética comum, capaz de reagir de
forma menos nervosa à especulação que se verifica nos mercados da energia em
situações de crise.Demonstrou-se, que uma das formas mais eficazes para contrariar os
efeitos das «crises da energia» é a Utilização Racional da Energia.
A utilização racional de energia é um conceito que engloba as duas vertentes do
sistema energético (a produção e o consumo) cujas características diferenciadas
requerem actuações bem definidas e correctamente dirigidas, e que se pode enquadrar
num conceito mais generalizado que é a utilização racional dos recursos.
A utilização racional da energia, cujo objectivo fundamental é a produção de acções
conducentes à redução dos custos da energia para o consumidor e para a economia, é

1 La Communauté europeéne et le problème de l’énergie. Luxemburg, Office des publications des


communautés européennes, 1983, 58 p.

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um meio gerador de economias de energia. O seu âmbito é abrangente e inclui a gestão
dos recursos energéticos, através da produção racional de energia, e a gestão do
consumo, através da conservação e do consumo racional de energia.
Pretende-se com a utilização racional da energia desenvolver acções directa ou
indirectamente relacionadas com o consumo e produção de energia, que ao gerarem
economias de energia não afectem o nível das prestações energéticas, isto é, não
provoquem reduções de conforto, de produção e de produtividade, de mobilidade e,
genericamente, dos serviços energéticos.

2.1.2 Conservação de energia

A Conservação de Energia é um conceito utilizado para enquadrar todas as acções,


que de uma forma mais directa, tenham como objectivo a melhoria na eficiência da
utilização de energia, isto é, a redução da quantidade de energia requerida para uma
mesma prestação energética necessária à satisfação de uma exigência ou necessidade.
A produção de economias de energia, a partir de acções de conservação, depende da
motivação e decisão dos consumidores pelo que a sua realização está ancorada à
intervenção do Estado (e outras) que deverá actuar no sentido de alterar as atitudes
comportamentais de todos os agentes económicos para os quais (em grande parte) a
conservação de energia é, ainda, uma actividade secundária ou inexistente.

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• Electricidade
• Calor
GESTÃO DOS RECURSOS PRODUÇÃO RACIONAL • Vapor de processo
ENERGÉTICOS DE ENERGIA • Força-motriz
• Sistemas de cogeração
• …

• Aumento do rendimento
das conversões
• Recuperação de calor
UTILIZAÇÃO EFICIENTE • Inovação tecnológica
DE ENERGIA
• Valorização dos resíduos
(Conservação da energia)
• Investimentos integrados
• Investimentos directos
• …
GESTÃO DO CONSUMO DE
ENERGIA
• Aplicações específicas da
electricidade
• Escolha racional da forma
de energia final
• Escolha dos períodos mais
CONSUMO RACIONAL
favoráveis para o consumo
DE ENERGIA
de electricidade (horas de
vazio)
• Formação do consumidor
• Mudanças estruturais
• …
Fonte: J. F./90

Figura 2.1 — Âmbito da utilização racional de energia

A utilização cada vez mais eficiente da energia é fundamental para o longo prazo
económico, já que apresenta importantes vantagens:

− aumenta a longevidade dos recursos energéticos esgotáveis;


− atrasa e diminui o impacte das pressões esperadas nos mercados de energia;
− reduz os efeitos negativos, sobre o meio ambiente, da produção e do consumo de
energia;
− proporciona, normalmente, investimentos com melhores características de
racionalidade e viabilidade económica, quando comparados com investimentos no
sector da oferta de energia;
− conduz a investimentos aplicados em pequena escala (e por acréscimos) tornando,
por isso, a capacidade de decisão mais flexível num período em que - cada vez

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mais - se associa a energia à incerteza, nomeadamente no que respeita aos seus
mercados e preços.

2.1.3 Eficiência energética

A eficiência energética, de um modo geral, enquadra-se no conceito alargado de


utilização racional de energia e é utilizada para caracterizar a forma como a energia é
usada na economia. Os progressos atingidos através da implementação de políticas de
utilização racional de energia conduzem a melhorias na eficiência energética da
economia. Neste contexto a Eficiência Energética é vista como um conceito
macroeconómico estabelecido ao nível da economia, de um sector da actividade ou de
uma utilização final. A eficiência energética está associada à eficiência económica, pois
poderá assumir o significado de «produtividade energética das economias», e as suas
variações podem ser explicadas por alterações quer tecnológicas quer socio-
económicas.

2.2 Definição Genérica dos Indicadores de Eficiência Energética

Os indicadores de eficiência energética são estabelecidos através de relações e de


variáveis que podem ser usadas ao nível macro e micro com o objectivo de monitorizar
as variações e desvios na eficiência energética dos sistemas. Estes indicadores podem
ser definidos a um nível agregado (a economia no seu conjunto, um sector da
actividade) ou a um nível desagregado (utilizações finais), e estabelecidos através de
relações (por exemplo um consumo de energia a dividir por um indicador de actividade).
A sua selecção e cálculo estão, mais ou menos, convencionados enquanto que a sua
interpretação é matéria mais complicada requerendo uma análise cruzada e profunda.
Os indicadores de eficiência energética podem ser definidos para caracterizar a
eficiência de um país, ou região, sendo neste caso classificados como macroindicadores
e estão relacionados com a economia no seu todo, com um subsector ou ramo da
actividade ou com uma utilização final. Estes indicadores podem, também, ser definidos
para caracterizar a eficiência de uma empresa, edifício, habitação e neste caso são
classificados como microindicadores pois são aplicados à análise de nível
microeconómico.
No universo anteriormente definido (macroindicadores e microindicadores) podem ser
identificadas duas categorias de indicadores em função dos seus objectivos:

• Indicadores descritivos que caracterizam a situação de eficiência energética sem


procurar a justificação para as suas alterações ou desvios.

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• Indicadores explicativos que explicam as razões pela qual se deram variações ou
desvios nos indicadores descritivos, isto é, a deterioração ou progressos na
eficiência energética de um país, região, sector de actividade, ramo de actividade,
empresa ou utilizações finais. Os indicadores explicativos são de grande utilidade
para identificar a contribuição dos vários efeitos (alterações tecnológicas,
alterações estruturais e alterações de comportamento) nas variações de eficiência
energética.

Figura 2.2 — Indicadores de eficiência energética

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Os indicadores descritivos e explicativos podem ser estabelecidos tendo em
consideração dois critérios básicos:

• Critério económico (indicadores económicos) que é utilizado quando a eficiência


energética é medida a um nível elevado de agregação, não sendo possível
caracterizar a actividade com indicadores técnicos ou físicos. Estes indicadores
são designados por Intensidade Energética. A intensidade energética mede a
produtividade energética de uma economia, ou de um sector da actividade, ou de
uma empresa.
• Critério técnico-económico (indicadores técnico-económicos) que é utilizado
quando a eficiência energética é medida a um nível desagregado (sub-sector, ramo
de actividade, utilizações finais ou empresa), relacionando o consumo de energia
com um indicador de actividade medido em unidades físicas (toneladas de aço,
número de passageiros, km, número de ocupantes, …). Estes indicadores técnico-
económicos são designados por consumo específico, consumo médio ou consumo
unitário consoante a sua aplicação.

Assim no que se refere aos Indicadores Descritivos podemos identificar os seguintes


«ratios» fundamentais:

• Intensidade Energética (I) — Este indicador pode ser definido como sendo a razão
entre o consumo de energia (em tep, por exemplo) e um indicador de actividade
económica (por exemplo: o PIB; o VAB; o Consumo das famílias; etc.) sendo
portanto um indicador que é medido em «unidade energética/unidade monetária».

CTEF
I vi = = N tep 103 escudos(90) 2
VAB

O cálculo das intensidades energéticas deverá, sempre, ser efectuado a preços


constantes para não sofrer a influência dos efeitos da inflação. Conforme citado as
intensidades energéticas medem a produtividade energética de uma economia,
sector de actividade ou empresa.
• Elasticidade do Consumo de Energia (em relação ao PIB ou VAB) mede a variação
do crescimento do consumo de energia em relação à variação do crescimento do
PIB ou do VAB.

2 Ivi — Intensidade energética da actividade industrial


CTEF — Consumo Total de Energia Final
VAB — Valor Acrescentado Bruto de um sector, ramo ou empresa
Tep — Tonelada equivalente de petróleo = 107 kcalorias

18
ΔCTE
ε E/PIB = CTE
ΔPIB
PIB

Este indicador permite avaliar sobre o ritmo de crescimento do consumo de


energia em relação ao do crescimento da economia (produção industrial, etc.) Se
esta elasticidade for superior à unidade significa que a taxa de crescimento do
consumo de energia é superior à do crescimento da economia. Normalmente esta
é uma situação indesejável. O aumento na eficiência energética das economias
conduz, normalmente, a elasticidades inferiores à unidade.
• Consumo médio (Cm) de um ramo de actividade (ou de um subsector) mede a
quantidade de energia agregada à produção de um ramo de actividade, por
unidade de produção, e é definido como sendo a razão entre o consumo de
energia final e a quantidade de produção, do subsector ou ramo de actividade, em
unidades físicas (toneladas, toneladas × km transportadas, número de utilizadores,
etc.). Este indicador tenta reflectir um consumo específico médio, como seja por
exemplo,

CEF
Cm = = Ntep t
tdevidro

que caracteriza o consumo médio da produção de vidro num país ou região, em tep
por tonelada de produto fabricado.
• Consumo específico (Ce) de um produto determinado mede a quantidade de
energia consumida para produzir uma unidade (toneladas, litros, unidades, …)
daquele produto e é definido como sendo a razão entre o consumo de energia final
e a quantidade de produção, do produto em análise, em unidades físicas. Este
indicador é utilizado ao nível microeconómico de uma determinada empresa e é
essencialmente função da produção, como seja por exemplo:

CEF
Ce = = N kgep t
t vidroplano

que determina a quantidade de energia consumida (em kgep), numa empresa do


ramo do vidro, para produzir uma tonelada de vidro plano com uma determinada
espessura.

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• Consumo unitário (Cu) de um determinado equipamento mede, em condições
normalizadas, a quantidade de energia consumida para a prestação de um serviço
e é definido como sendo a razão o consumo de energia final e o serviço pretendido
(mobilidade, temperatura, nível de iluminação, …). Este indicador é utilizado ao
nível do equipamento e é independente da produção corrente, pois ele é
determinado em condições normalizadas de produção, normalmente através de
ensaios realizados pelo fabricante desse equipamento. Um exemplo muito popular
é o consumo unitário de uma viatura que determina a quantidade de energia
necessária para percorrer 100 km em circuito normalizado.

CEF
Cu = =Nl 100km
100km

Os indicadores descritos apresentados são os mais utilizados em análises e


caracterizações energéticas e constituem elementos fundamentais para a prática da
gestão da energia aos níveis micro e macroeconómico. A sua aplicação poderá, no
entanto, ser bastante mais desagregada em função das análises que se pretendam
fazer, conforme se apresenta, na segunda parte deste capítulo, a título informativo.
Os indicadores explicativos, conforme já referido, têm como função identificar a
contribuição dos vários efeitos nas variações dos indicadores descritivos e serão,
também, apresentados na segunda parte deste capítulo através de uma abordagem
meramente indicativa.

2.3 Indicadores de Eficiência Energética

Na primeira parte deste capítulo foram apresentados conceitos e definições genéricas


dos indicadores energéticos utilizados com maior frequência na análise dos sistemas
energéticos. Passaremos agora a apresentar a aplicação específica de alguns
indicadores descritivos e explicativos, meramente a título de exemplo, sem querermos
ser exaustivos quer quanto ao universo destes indicadores quer no que se refere aos
respectivos métodos de cálculo, pois o objectivo deste livro não é o tratamento dos
indicadores energéticos mas apenas uma referência à sua existência, por forma a dotar
o leitor de informação suficiente para compreender as interligações que podem ser
estabelecidas em análises no âmbito da Economia da Energia.

20
Indicadores Descritivos — Indicadores Económicos

a) Indicadores macroeconómicos

Intensidade em energia primária do PIB, representada pela razão entre o consumo


total de energia primária e o PIB a preços constantes. Este indicador permite avaliar
sobre a quantidade de energia necessária para produzir uma unidade do produto
numa economia.
Intensidade em energia final do PIB, representada pela razão entre o consumo total
de energia final e o PIB a preços constantes. Este indicador é idêntico ao anterior mas
é determinado em relação à energia final enquanto o primeiro é calculado em relação
à energia primária.
Intensidade eléctrica do PIB, representada pela razão entre o consumo final de
energia eléctrica e o PIB a preços constantes. Este indicador é idêntico aos anteriores
referindo-se apenas à necessidade de energia eléctrica.
Intensidade em combustíveis fósseis do PIB, representada pela razão entre o
consumo total de combustíveis fósseis e o PIB a preços constantes.
Intensidade energética do PIB a estrutura constante, representada pela razão entre o
somatório dos consumos de energia final sectoriais para uma estrutura de referência
e o PIB, a preços constantes,

∑ VA
s
ref(s) × IEs

PIB

onde VAref (s) é o valor acrescentado do sector s no ano de referência, IEs é a


intensidade energética do sector s no ano de cálculo e o PIB e o produto interno bruto
no ano de cálculo. Para a indústria, terciário e agricultura a intensidade energética
sectorial é referida ao valor acrescentado, para os transportes é referida ao PIB e
para o sector doméstico é referida ao consumo privado.
Podemos proceder ao mesmo cálculo, a estrutura constante, para as intensidades
referidas anteriormente usando o mesmo método.

b) Indicadores económicos para o sector Domestico

Intensidade energética do consumo privado, representada pela razão entre o


consumo de energia final no sector doméstico e o consumo privado a preços
constantes.

21
Intensidade eléctrica do consumo privado, representada pela razão entre o consumo
final de energia eléctrica no sector doméstico e o consumo privado a preços
constantes.
Repete-se o método de cálculo para os outros tipos de indicadores apresentados
tendo em consideração as particularidades do sector doméstico.

c) Indicadores económicos para o sector dos Transportes

Intensidade energética do sector dos Transportes, representada pela razão entre o


consumo de energia final no sector dos transportes e o PIB a preços constantes.
Intensidade energética do VAB no sector dos Transportes, representada pela razão
entre o consumo final de energia das empresas de serviços de transportes e o valor
acrescentado bruto do sector, a preços constantes.

d) Indicadores económicos para o sector Industrial

Intensidade energética do valor acrescentado industrial (total ou por ramo da


actividade industrial), representada pela razão entre o consumo final de energia na
indústria e o valor acrescentado bruto industrial (VAB).
Este indicador permite avaliar sobre a quantidade de energia necessária para
produzir uma unidade de produto industrial.
Um conjunto de indicadores económicos, para o sector industrial pode ser
determinado tendo como base as variações possíveis de enquadramento e o tipo de
análise energética que se pretende desenvolver. Podem, para isso, serem utilizados
os mesmos princípios de cálculo apresentados para os indicadores
macroeconómicos.

e) Indicadores económicos para o sector Terciário

Os indicadores económicos para o sector dos serviços podem ser determinados


usando os mesmos métodos utilizados para o cálculo dos indicadores económicos
em outros sectores da actividade já apresentados. Estruturalmente estes indicadores
são os mesmos devendo, neste caso, ser tida em consideração a análise específica
do sector dos serviços quer do ponto de vista da produção quer do ponto de vista de
caracterização económica.

22
Indicadores Descritivos — Indicadores Técnico-económicos

a) Indicadores técnico-económicos para o sector Doméstico

Consumo médio de energia por habitação, representado pelo quociente entre o


consumo de energia final do sector Doméstico e o número de habitações ocupadas.
Consumo médio de energia por habitação a clima nacional normalizado,
representado pelo quociente entre o consumo de energia final do sector Doméstico
(corrigido para o clima normalizado) e o número de habitações ocupadas.
Consumo médio de energia por habitação e para aquecimento dos locais,
representado pelo quociente entre o consumo de energia final para o aquecimento
doméstico e o número de habitações ocupadas.
Consumo médio de energia por habitação e para aquecimento dos locais, a clima
nacional normalizado, representado de forma idêntica ao anterior indicador, mas com
o consumo de energia corrigido para o clima normalizado.
Consumo de energia útil por m2 de habitação, representado pelo quociente entre o
produto do consumo dos vários combustíveis pela eficiência média das conversões,
mais o consumo de energia eléctrica, e o produto entre o número de habitações
ocupadas pela superfície média das habitações.
Variadíssimos indicadores para o sector Doméstico podem ser estabelecidos,
tendo como base os princípios apresentados e os métodos de cálculo utilizados.

b) Indicadores Técnico-económicos para o sector dos Transportes


Consumo médio de gasolina por veículo, representado pelo quociente entre o
consumo total de gasolina e o número de veículos a gasolina existente.
Consumo médio de gasolina por veic . km, representado pelo quociente entre o
consumo total de gasolina e o produto do número de veículos pelo número de
quilómetros percorridos por ano e por veículo.
Consumo médio de gasóleo por veic . km, representado pelo quociente entre o
consumo total de gasóleo no transporte rodoviário e o produto do número de veículos
de transporte (mercadorias e de passageiros) pelos quilómetros percorridos por ano e
por veículo.
Consumo médio por t . km transportada, representado pelo quociente entre o
consumo de energia final no sector dos transportes de mercadorias e o valor de
toneladas quilómetro transportadas.

23
Através da apresentação destes exemplos de indicadores é possível estabelecer
um conjunto mais alargado tendo em consideração o tipo de análise que se pretende
elaborar e usando o mesmo mecanismo de cálculo apresentado nestes exemplos.

c) Indicadores Técnico-económicos para o sector Industrial

Consumo médio de energia na indústria do vidro, representado pelo quociente entre o


consumo de energia final no subsector e a quantidade produzida durante o ano em
análise (em kg ou toneladas de produto).
Consumo médio de energia eléctrica na indústria do vidro, representado pelo
quociente entre o consumo de energia eléctrica no subsector e a quantidade
produzida durante o ano em análise (um kg ou toneladas de produto).
Estes indicadores podem reproduzir-se para todos os subsectores ou ramos da
actividade industrial utilizando o mesmo critério de cálculo, bem como determinados
para as várias formas de energia utilizadas (electricidade, carvão, fuelóleo, gás, etc.).

d) Indicadores Técnico-económicos para o sector Terciário

Consumo médio de energia por trabalhador, representado pelo quociente entre o


consumo de energia final no sector (subsector ou ramo de actividade) e a população
empregada neste sector.
Consumo médio de energia por m2 de área útil, representado pelo quociente entre o
consumo de energia final no sector (subsector ou ramo de actividade) e a área
ocupada existente.
Outros indicadores para o sector Terciário poderão ser construídos tendo em
consideração as variações de clima, o clima normalizado, o tipo específico de
combustível ou forma de energia que se pretende analisar. O tipo de abordagem é
semelhante havendo que introduzir as especificidades adequadas ao objectivo em
análise.

Indicadores Explicativos — Indicadores Económicos

a) Indicadores macroeconómicos

Efeito de clima na intensidade energética do PIB, representado pela diferença entre a


actual intensidade energética do PIB (a estrutura corrente) a intensidade energética
do PIB corrigido para as variações de clima (em relação a um valor tido como
normalizado).

24
Efeito macroestrutural na intensidade energética do PIB, representado pela diferença
entre a actual intensidade energética (a estrutura corrente) e a intensidade
energética a estrutura constante.

A quantificação dos efeitos a nível macroeconómico poderá ser muito variada e


extensa dependendo apenas do tipo de efeitos que se pretendem determinar e dos
indicadores sobre os quais se pretende medir aqueles efeitos. Assim o cálculo dos
vários efeitos poderá incidir sobre todos os indicadores descritivos já apresentados
ou a desenvolver.
Um conjunto de efeitos, que explicam as variações de indicadores energéticos
sectoriais, podem ser quantificados em função do tipo de avaliação que se pretende
efectuar. Dado que não é objectivo deste trabalho a explicação exaustiva dos
indicadores de eficiência energética, passaremos a apresentar alguns exemplos de
efeitos que, nos vários sectores da actividade, podem ser úteis para explicar
variações dos correspondentes indicadores descritivos.

b) Indicadores económicos para o sector Doméstico

Efeito de clima na intensidade energética do consumo privado.

c) Indicadores económicos para o sector dos Transportes

Efeito estrutural na Intensidade energética do sector dos Transportes no PIB


Efeito de eficiência energética na Intensidade energética do sector dos transportes no
PIB.

d) Indicadores económicos para o sector Industrial

Efeito estrutural na Intensidade energética do valor acrescentado industrial


Efeito de eficiência energética na Intensidade energética do valor acrescentado
industrial

e) Indicadores económicos para o sector Terciário

Efeito do clima na Intensidade energética do valor acrescentado no Terciário

Indicadores Explicativos — Indicadores Técnico-económicos

a) Indicadores técnico-económicos no sector Doméstico

Efeito do consumo médio para aquecimento nas variações do consumo total do


sector.

25
Efeito quantitativo nas variações do consumo de energia (total, para aquecimento
e/ou para outras utilizações finais).
Efeito do clima nas variações do consumo de energia para aquecimento.
Efeito de eficiência energética da construção nas variações do consumo de energia
para aquecimento (ou outras utilizações finais).

b) Indicadores Técnico-económicos para o sector dos Transportes

Efeito do consumo unitário dos veículos no consumo total de gasolina (ou gasóleo).
Efeito quantitativo dos veículos no consumo total de gasolina (ou de gasóleo)
Efeito comportamental no consumo total de gasolina (ou gasóleo).
Efeito de eficiência dos veículos no consumo total de gasolina (ou de gasóleo).

c) Indicadores Técnico-económicos para o sector Industrial

Efeito do consumo médio (ou do consumo específico) nas variações do consumo de


energia final nos diversos subsectores ou ramos de actividade individual (vidro, aço,
cimento, papel, etc.).
Efeito quantitativo da produção nas variações do consumo de energia final nos
diversos subsectores ou ramos de actividade industrial.

d) Indicadores Técnico-económicos para o sector Terciário

Efeito do consumo médio (ou do consumo específico) nas variações do consumo de


energia final no sector terciário.
Efeito quantitativo (do número de empregados) nas variações do consumo de energia
final no sector terciário.

Efeito do clima nas variações do consumo de energia final no sector terciário

Como referência iremos apresentar, de forma sucinta, uma técnica para a


determinação de efeitos, conhecida por método Laspeyre.
Se considerarmos a evolução de um subsector industrial, num dado período de tempo
(o - t), podemos definir os seguintes parâmetros quantitativos:

• nível de actividade (A) definido como sendo a produção total medida em termos de
valor acrescentado;
• alterações estruturais (Si = Ai/A) que correspondem às mudanças na contribuição
de cada ramo de actividade para a formação do valor acrescentado do subsector
considerado;

26
• intensidade energética (Ii) que corresponde à intensidade energética de cada ramo
de actividade do subsector em análise;
• consumo de energia ( E = A ∑ S i I i ) que representa o consumo de energia no
i

subsector em estudo;
a partir dos quais podem ser definidos os índices de Laspeyre:

Ao ∑ S io I io
− feito de actividade → LAt = i

Eo

Ao ∑ Sit I io
− efeito de estrutura → LS t = i
Eo

Ao ∑ Sio I it
− efeito de eficiência → LS t = i
Eo
(ou efeito de intensidade)

Estes indicadores podem ser determinados para os vários combustíveis e formas de


energia, como por exemplo a energia eléctrica.
Nesta última parte deste capítulo, dedicado aos indicadores de eficiência energética,
foram apresentados alguns dos indicadores mais utilizados na análise e na comparação
do nível de eficiência energética quer ao nível macroeconómico, quer ao nível
microeconómico.
O conjunto de indicadores aqui apresentados não esgota todo o universo possível de
indicadores de eficiência energética que podem ser construídos e cuja determinação
poderá, também, depender da imaginação criativa do Economista de Energia ou do
Gestor da Energia.
Pretendeu-se, fundamentalmente, dar alguns exemplos que permitem fornecer ao
gestor de energia algumas indicações de carácter global para melhor compreender o
universo das interdependências energéticas com o sistema produtivo.

27
3. A SITUAÇÃO ENERGÉTICA PORTUGUESA (síntese)

O progresso e o crescimento económico não ocorrem sem colocar graves problemas.


A confrontação é inevitável quando se coloca a questão de saber se o crescimento
contínuo do consumo da energia nos traz mais efeitos perversos que benéficos, quer
para a humanidade quer para o sistema ecológico. Uma comparação actual de opiniões,
a propósito do consumo, deixa antever, no mínimo, três cenários possíveis:

− responder à procura sem limitações;


− limitar a procura voluntariamente;
− limitar o consumo pelo constrangimento.

A existência destes três cenários permite concluir que a questão energética não é
matéria personalizada mas que ela se desempenha, também, no plano social; cada
maneira de encarar o consumo de energia é remetida a um modelo (e
consequentemente a uma opção) de sociedade. A problemática do consumo da energia
ultrapassa o quadro puramente técnico já que são colocadas em jogo questões
fundamentais que dizem respeito quer à actualidade como ao futuro da nossa
sociedade.
A energia desempenha um papel fundamental na economia e no seu
desenvolvimento. Esta constatação, indiscutível, não justifica um crescimento,
indisciplinado, quer da procura como da oferta da energia. Problemas ecológicos e
sociopolíticos impedem claramente o prosseguimento sobre a via da inflação energética.

3.1 Os consumos de Energia em Portugal

A actual política energética do Governo português visa o pleno aproveitamento dos


recursos energéticos nacionais - sejam combustíveis nacionais ou resíduos industriais,
agrícolas ou urbanos, seja a produção combinada de calor e energia eléctrica ou o
aproveitamento do potencial ainda existente em energia hídrica, bem como o
aproveitamento do potencial energético existente na utilização eficiente e racional da
energia.
A valorização energética das Economias de Energia conduz a benefícios que se
podem avaliar de uma forma directa e imediata ao nível microeconómico, de uma forma
global ao nível macroeconómico e de uma forma consequente ao nível do impacte
ambiental. É, assim, uma acção que se enquadra nos objectivos das políticas
energéticas e do ambiente.

28
De um ponto de vista estático a situação energética portuguesa pode ser
caracterizada por uma dupla dependência (externa e em relação a uma fonte de energia
primária: o petróleo), por um nível de consumo fraco (em comparação ao de outros
países membros da CEE) e por uma forte intensidade energética da Economia.
Em 1991 o abastecimento em energia primária do país dependia do exterior em
cerca de 88% e o petróleo (totalmente importado) representa cerca de 71% do consumo
de energia primária. A electricidade de origem hidráulica e as lenhas (incluindo os
resíduos vegetais) são as duas únicas fontes de energia primária nacionais utilizadas a
um nível significativo (respectivamente 4,7% e 7,0% do consumo total), enquanto que o
carvão (96% importado) teve uma participação de 17,5%, que deverá aumentar nos
próximos anos.

Quadros 3.1 — Situação Energética Nacional — Energia Primária Valores em ktep

1980 1981 1982 1983 1984 1985


Cons. Energia
Primária 10 020 10 379 11 248 11 250 11 392 11 409

Carvão 422 370 323 390 426 778


Petróleo 8 009 8 515 9 253 9 195 9 209 8 456
Electricidade (a) 851 714 856 812 911 1 126
Outros 738 780 816 853 846 1 049
Produção
Doméstica 1 505 1 293 1 490 1 628 1 776 2 079

Carvão 73 75 73 67 80 97
Hídrica 694 438 601 699 850 933
Outros 738 780 816 853 846 1 049
Importações
Líquidas 9 845 9 058 10 151 10 011 10 456 9 812

Carvão 342 254 267 366 408 1 048


Petróleo 9 346 8 528 9 629 9 532 9 987 8 571
Electricidade 157 276 255 113 61 193

29
1986 1987 1988 1989 1990 1991
Cons. Energia
Primária 12 641 13 016 13 987 16 032 16 418 16 614

Carvão 1 450 1 888 2 087 2 568 2 760 2 906


Petróleo 9 133 8 905 9 518 11 729 11 731 11 767
Electricidade (a) 897 1 050 1 264 620 804 798
Outros 1 161 1 173 1 118 1 115 1 123 1 143
Produção
Doméstica 1 992 2 070 2 270 1 741 2 039 2 044

Carvão 97 107 94 106 115 111


Hídrica 734 790 1 058 520 800 790
Outros 1 161 1 173 1 118 1 115 1 123 1 143
Importações
Líquidas 11 127 11 860 11 960 14 834 15 501 14 752

Carvão 1 309 1 876 1 923 2 336 2 991 2 721


Petróleo 9 656 9 724 9 832 12 398 12 507 12 023
Electricidade 162 260 205 100 3 8

(a) 1 GWh = 86 tep


(b) Outros inclui lenhas, resíduos industriais e gás de alto forno
Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia

Ao nível do consumo de energia final a parte dos produtos petrolíferos é de longe a


mais importante (70%), a electricidade representa 16,8% e os combustíveis sólidos
participam com 13,2% do consumo total de energia final.

Quadro 3.2 — Situação Energética Nacional — Energia Final Valores em ktep

1980 1982 1984 1986 1988 1990 1991


Cons. Total
Energia Final 8 271 9 000 9 204 10 08 11 54 12 609 12 74

Carvão 270 182 342 617 701 658 656


Petróleo 6 057 6 729 6 607 6 877 8 027 8 898 8 935
Electricidade 1 233 1 318 1 465 1 587 1 787 2 025 2 138
Outros (b) 711 771 790 1 004 1 032 1 029 1 018

(a) 1GWh = 86 tep.


(b) Contém lenhas, resíduos industriais e gás de alto forno.
Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia.

30
A situação energética portuguesa pode ainda caracterizar-se por um fraco nível de
consumo de energia per capita em comparação com os países industrializados do Norte
da Europa (por exemplo: o consumo de energia primária per capita em 1990 era de 3,41
tep na CEE 12, contra apenas 1,67 tep em Portugal). Esta capitação é fraca apenas
«aparentemente"; se nos referimos aos consumos de energia por unidade de PIB,
verificamos que Portugal se situa no topo de escala dos valores observados. Os sectores
mais consumidores de energia são a indústria e os transportes (42,4% e 30,4% do
consumo final) enquanto que os consumos das famílias representam uma parcela
modesta (cerca de 9 a 10%).
Por outro lado, no sector industrial, Portugal tem um nível de consumo de energia, por
unidade de valor acrescentado bruto (VAB), muito superior ao dos países
industrializados, e por tonelada-kilómetro de mercadoria ou passageiro-kilómetro
transportados encontramos, de novo, consumos significativamente superiores.

Quadro 3.3 — Situação Energética Nacional —


Consumo de Energia Final por Sectores
Valores em ktep
SECTORES 1980 1982 1984 1985 1986
ACT. ECON. Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

Indústria
3 673 44,4 4 043 45,0 4 226 46,0 4 413 46,5 4 833 47,4
(a)

Transportes 2 346 28,3 2 598 28,8 2 477 26,9 2 476 26,0 2 675 26,2

Dom/Serv. 1 610 19,5 1 676 18,6 1 802 19,5 1 845 19,5 1 879 18,4

Outros (b) 642 7,8 683 7,6 699 7,6 755 8,0 802 8,0

TOTAL 8 271 100,0 9 000 100,0 9 204 100,0 9 489 100,0 10 189 100,0

(a) No sector indústria, incluem-se consumos de produtos energéticos como matérias-primas.


(b) Outros compreende agricultura, pesca e construção e obras públicas.
Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia.

31
SECTORES 1987 1988 1989 1990 1991
ACT. ECON. Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

Indústria
4 879 45,8 5 424 47,0 5 566 46,1 5 748 45,6 5 415 42,4
(a)

Transportes 2 956 27,7 3 233 28,0 3 429 28,4 3 642 28,9 3 876 30,4

Dom/Serv. 1 928 18,1 1 996 17,3 2 147 17,8 2 234 17,7 2 378 18,7

Outros (b) 895 8,4 895 7,7 943 7,7 985 7,8 1 079 8,5

TOTAL 10 658 100,0 11 548 100,0 12 085 100,0 12 609 100,0 12 748 100,0

(a) No sector indústria, incluem-se consumos de produtos energéticos como matérias-primas.


(b) Outros compreende agricultura, pesca e construção e obras públicas.
Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia.

Uma análise dinâmica da evolução da situação energética portuguesa entre 1973 e


1991 mostra uma importante deterioração dos parâmetros referidos nos parágrafos
anteriores. Assim podemos observar que:

− O consumo bruto de energia primária cresceu significativamente (+ 165% entre 71


a 91), e a um ritmo muito superior ao do crescimento económico (crescimento do
PIB de 67% para o mesmo período). Pode-se constatar que no período equivalente
(1971 a 1991) o referido consumo no conjunto dos países da Comunidade
Europeia teve um crescimento da ordem dos 30% enquanto que o PIB crescia em
cerca de 64%.
− O consumo total de energia final tem demonstrado uma acentuada tendência de
crescimento.
− A intensidade energética da economia tem demonstrado uma acentuada
tendência de crescimento (figura 3.4.).
− A elasticidade do consumo de energia (em relação ao PIB) tem-se mantido superior
à unidade e apresenta uma ligeira tendência de crescimento (figura 3.2.). No
período de 1980 a 1990 a elasticidade do consumo total de energia primária (em
relação ao PIB) foi de 2,20.

32
3.2 A energia na Economia Portuguesa (uma breve abordagem)

Durante os anos 50 e 60 o exercício de planeamento energético era (quando existia)


desenvolvido tendo como base modelos econométricos que se fundamentavam numa
«regra de ouro» e que consistia em admitir que a elasticidade do consumo de energia,
em relação à economia, era rígida e unitária. Estes modelos de planeamento limitavam-
se a fazer uma análise dos registos históricos, determinar os parâmetros de correlação e
desenvolver as tendências futuras com base no passado. Esta situação ocorria, em
parte, por se estar presente a uma conjuntura favorável:

− Crescimento económico acelerado;


− Recursos energéticos abundantes;
− Preços da energia muito baixos;

que induzia uma pressão no consumo de energia sem quaisquer preocupação de


eficiência ou de racionalidade.

Com a primeira «crise da energia» em 1973/1974 o preço do barril de petróleo


passou de cerca de 3 para 12 dólares, surpreendendo as economias dos países
desenvolvidos (e em vias de desenvolvimento) que não estavam preparadas para
absorver este forte impacte provocado pela rápida subida dos preços da energia em
geral e do petróleo em particular. Convém ter presente que a taxa de dependência do
petróleo, naquelas economias, variava entre os 60 a 95%. Esta taxa situa-se, hoje e no
conjunto dos países da Comunidade europeia, em valores da ordem dos 35%.
Uma das principais acções de reacção ao primeiro «choque petrolífero» foi a
implementação de medidas conducentes a uma utilização cada vez mais eficiente dos
recursos energéticos e a adopção de hábitos correntes de gestão da energia. Surge
nesta altura, com forte penetração em todos os países industrializados, o conceito de
URE (Utilização Racional de Energia) e de CE (Conservação de Energia). Esta alteração
comportamental, por parte dos vários agentes económicos (actores activos do sistema
energético) foi conseguida através dum conjunto de respostas:
− Respostas técnicas e tecnológicas, com vista a aumentar a eficiência dos sistemas
produtivos do ponto de vista energético;
− Respostas políticas, estruturadas na firme vontade de desenvolver as Economias
de Energia;
− Resposta legislativas, como sejam a intervenção do Estado sob a forma de regula-
mentação e de apoios financeiros;

33
− Respostas estruturais, como a criação de organismos adequados que apoiem os
consumidores.

Um dos principais resultados da reacção ao primeiro choque petrolífero é bem visível


no gráfico da figura 3.1. onde se pode observar a ruptura da «regra de ouro» antes
citada. Ficou assim demonstrado que a economia pode crescer a taxas superiores às do
consumo de energia, isto é, não existe mais rigidez entre a economia e a energia.

PIB E ENERGIA PRIMARIA


CEE 12

170

150

130
INDICES [1980=100]

110

90

70

50

30
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990
ANOS

P.I.B. C.T.E.P.

Figura 3.1 — Evolução da economia e do consumo de energia primária no


conjunto dos países da Europa Comunitária

34
Fonte: J. F./90

Infelizmente o estado e a estrutura da economia portuguesa (e também a não


existência de hábitos de gestão de energia, por parte da maioria dos empresários
portugueses) ainda não permitiram aquela ruptura, no sentido de trazer aquela
elasticidade para valores inferiores à unidade (figura 3.2.)

35
PIB E ENERGIA PRIMARIA
PORTUGAL

180

160

140
INDICES [1980=100]

120

100

80

60

40

20
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990
ANOS

P.I.B. C.T.E.P.

Figura 3.2 — Evolução da economia e do consumo de energia primária em Portugal

Verifica-se, no entanto, uma tímida reacção de abrandamento na taxa de crescimento


do consumo total de energia primária nos últimos dois anos analisados (1990 e 1991).
Este abrandamento poderá manter-se como uma tendência sustentada se forem
continuados os esforços no sentido de incutir, nos gestores portugueses, uma
«mentalidade energética» com preocupações básicas de utilização eficiente e racional
dos recursos energéticos.
O nível da procura de energia é influenciado por três parâmetros fundamentais:

• O crescimento da economia;
• A intensidade energética;
• As mudanças estruturais,

que interagem quer em situação de crise quer em situação de rotina. A pressão


provocada pelas políticas energéticas dos Estados, no sentido de controlar o nível da
procura de energia, pode contribuir, também, para induzir profundas alterações
naqueles parâmetros e em particular na intensidade energética das economias.
Após o primeiro «choque petrolífero» como consequência da reacção das economias
ao súbito aumento do preço da energia (e justificando a ruptura entre o crescimento

36
económico e o consumo de energia), verificamos uma drástica queda nos valores da
intensidade energética da economia europeia (figura 3.3.)

CONTEUDO ENERGETICO DO PIB NA CEE 12


energia primaria

0.65
INTENSIDADE ENERGETICA [Mtep/GECU(80

0.6

0.55

0.5

0.45

0.4
1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990
ANOS

Figura 3.3 — Evolução da intensidade energética do PIB no conjunto dos


países da Europa Comunitária

Esta evolução altamente favorável do ponto de vista energético demonstrou a


existência de um elevado potencial energético na utilização cada vez mais eficiente da
energia, conduzida por uma gestão rigorosa deste recurso. A redução nos valores da
intensidade energética das economias europeias foi conseguida à custa de um conjunto
de efeitos dos quais poderemos destacar:

• Efeitos estruturais
• Efeitos comportamentais
• Efeitos tecnológicos

37
38
Os efeitos de estrutura correspondem às mudanças estruturais verificadas nas
economias europeias e provocadas pela necessidade de adaptação às evoluções
conjunturais, quer nacionais quer internacionais. Os acréscimos de eficiência energética
provocados por estas mutações não tiveram, necessariamente, como motor exclusivo a
optimização do sistema energético. Na maioria dos casos este aspecto constituiu, e
constituirá, um parâmetro de decisão, entre outros, com vista à optimização global na
afectação dos vários recursos disponíveis.

Os efeitos comportamentais correspondem a alterações de comportamento, por parte


do consumidor, normalmente provocadas pela necessidade, quase exclusiva, de reagir
aos preços da energia obtendo, assim, redução na factura energética e
consequentemente um menor peso dos custos da energia nos custos totais de
produção/exploração. Estes efeitos correspondem a alterações operacionais que,
reduzindo o consumo de energia, não alteram a prestação do serviço energético
desejado.

Os efeitos tecnológicos correspondem a alterações físicas que resultam na redução


dos consumos de energia sem quaisquer constrangimento ao nível das prestações
energéticas ou da produção. As mutações tecnológicas podem ser provocadas por duas
vias:

− pela via da evolução natural das tecnologias disponíveis no mercado;


− pela via da procura, e consequente desenvolvimento, de novas tecnologias
energéticas de maior eficácia.
Estas tecnologias podem surgir de uma forma premeditada, consequência de actos
correntes da gestão da energia (representando os chamados investimentos directos em
conservação de energia) ou de uma forma indirecta quando se trata de uma absorção
natural das tecnologias disponíveis, representando os chamados investimentos
integrados em conservação de energia.

Em Portugal a intensidade energética da economia tem evoluído no sentido oposto ao


do conjunto dos países da Europa Comunitária, conforme pode ser observado na figura
3.4. Uma das justificações possíveis para esta evolução «negativa» pode ser encontrada
na estrutura da economia portuguesa que é, ainda, uma economia de baixo valor
acrescentado, quando comparada com a média dos países comunitários.
Este argumento, no entanto, não explica completamente esta situação. Uma grande
parte do efeito sobre a intensidade energética da economia portuguesa poderá ser
explicada pela não existência de uma «mentalidade energética» por parte da maioria dos
agentes económicos e por uma não existência de hábitos de gestão da energia.

39
Poderemos, sem grandes dificuldades, enumerar algumas das situações que contribuem
para esta indesejada evolução da intensidade energética da economia portuguesa:

• a energia é ainda um factor de produção mal conhecido, não gerido e pouco


significativo em alguns sectores da actividade económica; esta situação pode ser
justificada, grosseiramente, pelo facto de ser ainda o trabalho um factor de
produção com baixos custos e porque o nosso sistema monetário é ainda favorável
aos exportadores portugueses que beneficiam da flutuação do escudo no mercado
monetário internacional: a energia continua a ser qualquer coisa mal conhecida e
que é para ser paga… Não existem hábitos de «Gestão da Energia»;
• a grande maioria das empresas portuguesas não têm capacidade de autofinanciar
projectos de eficiência energética sendo os recursos financeiros escassos e
dirigidos, normalmente, para outras prioridades;
• a falta de capacidade técnica de gestão, da grande maioria dos empresários e
industriais portugueses, condiciona o nível de conhecimento sobre o potencial
existente na gestão da energia;
• as ainda elevadas taxas de juro praticadas e uma generalizada escassez de capital
são importantes barreiras ao investimento de uma forma geral.

CONTEUDO ENERGETICO DO PIB EM PORTUGAL


energia primaria

0.70

0.65
INTENSIDADE ENERGETIC
[Mtep/GECU(80)]

0.60

0.55

0.50

0.45

0.40
1966 1972 1978 1984 1990
ANOS

Figura 3.4 — Evolução da intensidade energética do PIB em Portugal

40
Convém, no entanto, referir que o comportamento dos agentes económicos face à
energia depende de vários factores, dos quais são de salientar os seguintes:

− nível do conhecimento sobre os seus sistemas de conversão de energia;


− nível do conhecimento sobre as possibilidades e potencialidades em matéria de
gestão energética e seus consequentes benefícios;
− nível do conhecimento sobre a sua factura energética;
− capacidade financeira para investimentos na área da energia;
− apoio (financeiro e técnico) ao investimento em projectos energéticos;
− agressividade de uma política energética eficaz e objectiva.

Quadro 3.4 — Situação Energética Nacional — Evolução da Intensidade Energética


(kgep/103 Esc. 80)

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991

Consumo
Total de
7,98 8,16 8,66 8,68 8,95 8,71 9,27 9,09 9,36 10,1 10,0 9,87
Energia
Primária/PI

Consumo
Total de
6,39 6,39 6,53 6,59 6,70 6,54 6,51 6,56 6,68 6,65 6,64 6,81
Energia
Final/PIB(a)

Consumo de
Energia na
Indústria/ 9,82 9,30 10,6 10,3 11,7 11,9 12,2 12,0 13,1 13,0 13,1 12,3
Produção
(VAB)

(a) Excluem-se os consumos de produtos energéticos como matérias-primas.


Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia

Se todos estes factores, entre outros, tiverem uma resposta positiva, o sucesso de
um programa de conservação de energia estará garantido. No entanto não é esta a
nossa realidade. Não existe, ainda, uma mentalidade energética a nível do utilizador,
seja ele o cidadão comum seja a entidade colectiva. O primeiro passo a dar é no sentido

41
de provocar uma profunda alteração de comportamento nos consumidores de energia,
oferecendo-lhes uma resposta positiva a todos aqueles factores.
Para finalizar esta breve reflexão sobre «a energia na economia portuguesa»
apresentam-se, no quadro 3.5., os valores das intensidades energéticas (PIB e VAB
industrial) dos países que constituem a Comunidade Europeia.

Da leitura deste quadro facilmente se conclui que Portugal está numa situação de
elevada intensidade energética da sua economia. Uma aproximação, necessária, aos
valores médios da Europa comunitária só será possível com uma profunda alteração de
comportamento por parte dos agentes económicos portugueses. A gestão da energia é,
com toda a certeza, o primeiro passo a dar naquele sentido.

Quadro 3.5 — Avaliação comparativa da intensidade energética nos países da CE

INTENSIDADE ENERGÉTICA DA ECONOMIA

INTENSIDADE ENERGÉTICA DO PIB


PAÍSES tep/MECU (85)

CEE 12 286,3
PORTUGAL 601,9
ESPANHA 315,0
FRANÇA 266,7
BÉLGICA 385,8
LUXEMBURGO 618,3
HOLANDA 351,3
REINO UNIDO 300,1
ITÁLIA 232,6
ALEMANHA 284,3
GRÉCIA 453,6
IRLANDA 330,4
DINAMARCA 210,8

42
INTENSIDADE ENERGÉTICA DA INDÚSTRIA

INTENSIDADE ENERGÉTICA DO VAB


PAÍSES tep/MECU (85)

CEE 12 316,2
PORTUGAL 750,3
ESPANHA 380,6
FRANÇA 291,1
BÉLGICA 560,2
LUXEMBURGO 1224,6
HOLANDA 585,9
REINO UNIDO 299,3
ITÁLIA 290,6
ALEMANHA 271,2
GRÉCIA 448,5
IRLANDA 284,5
DINAMARCA 198,4

Fonte: Energy in Europ

3.3 A Conservação de Energia em Portugal

A utilização racional e a conservação de energia ainda não foram francamente


exploradas em Portugal, embora tenham existido (desde 1976) sistemas com vista a
apoiar os «Consumidores de Combustíveis» e mais recentemente o «Sistema de
Incentivos à Utilização Racional de Energia». Há que encarar a Economia de Energia,
como recurso energético, potencial, e dos poucos que Portugal detém
Como já foi referido, é dos países ocidentais com mais elevada intensidade
energética do PIB (consumo de energia por unidade de PIB). Esta situação poderá ser,
em parte, explicada pelo baixo padrão de especialização do nosso sector produtivo e
pelos elevados desperdícios que se constatam no nosso País. Daí que a grande fonte
energética individualmente acessível para Portugal seja a Conservação de Energia.
Produzir uma tep de economias de energia necessita de menores investimentos que os
necessários para a sua produção noutra forma de energia.
A partir de elementos estatísticos e de análise sobre o potencial em economias de
energia foi elaborada uma avaliação cujos resultados podem ser observados no quadro

43
3.6. O potencial energético da utilização racional de energia no sector industrial
(realizável num período de 5 anos) foi avaliado em cerca de 600 Ktep/ano 3 prevendo-se
para a sua realização um investimento da ordem dos 68 Milhões de contos, com tempos
de retorno bruto do investimento que variam entre alguns meses a aproximadamente 5
anos. Num prazo de 10 anos é possível avaliar um potencial realizável, em economias
de energia no sector industrial, da ordem dos 1000 Ktep/ano.

Quadro 3.6 — Potencial energético da Conservação de Energia em


Portugal no sector industrial
Valores em ktep

Potencial Potencial Estrutura


REGIÕES Total
Assegurado Estimado (%)
NORTE 90,0 60,0 150,0 25,0
CENTRO 96,0 67,0 163,0 27,2
LISBOA E VALE DO TEJO 160,0 116,0 276,0 46,0
ALENTEJO 1,5 1,0 2,5 0,4
ALGARVE 1,0 1,0 2,0 0,3
AÇORES 2,5 2,0 4,5 0,8
MADEIRA 1,0 1,0 2,0 0,3
TOTAL 352,0 248,0 600,0 100,0
INVESTIMENTO (A) 40,0 28,0 68,0 (d) —

Fonte: DGE — Direcção Geral de Energia


(a) Estimativa em milhões de contos (1990)

Das observações feitas podemos concluir que o potencial existente em conservação


da energia é suficientemente importante para que sejam consideradas e apoiadas
acções no sentido de dinamizar os agentes económicos. De salientar que a região com
maior potencial é a de Lisboa e Vale do Tejo.
Com vista a dar algumas respostas à necessidade de «extrair» a energia contida
naquele jazigo de «conservação de energia», o plano energético nacional de 1984
apresentou um conjunto de acções que se enquadravam num «Programa de
Conservação de Energia».

3 600 ktep/ano representam cerca de 11% do consumo total de energia final


no sector industrial português, no ano de 1991

44
Aquele programa era constituído pelo seguinte conjunto de acções:

a) Acções de Enquadramento

Legislação e Regulamentação
• Avaliar os resultados da legislação vigente, publicando até 1985 um conjunto
coerente de diplomas abrangendo os diversos sectores de actividade. A avaliação
e preparação técnica dos diplomas seria da responsabilidade da DGE.
• Ampliar progressivamente o campo da acção do Dec. -Lei n.º 58/82, de 25 de
Fevereiro sobre gestão do consumo de energia e seu Regulamento, de modo a:
− abranger empresas, e não apenas instalações consumidoras, dos outros
sectores além da indústria nomeadamente os de Transportes e de Serviços;
− contemplar todas as utilizações energéticas das empresas abrangidas;
− estabelecer metas para redução da incidência do custo da energia no VAB, por
ramo de actividade. Acção da responsabilidade da DGE e DGI.
• Publicar, em 1984, um diploma que permita a elaboração de uma contabilidade
energética a nível nacional.
• Rever os esquemas de incentivos à conservação de energia e integrá-los com
outros incentivos de modo a constituir um todo coerente e de simples e eficiente
aplicação.

Fixação dos Sistemas de Preços


Dado que os preços da energia têm papel relevante na realização da conservação,
deverá instituir-se e manter-se actualizado um sistema de preços das principais formas
de energia, de acordo com as recomendações da AIE e CEE:
• Os preços no consumidor devem reflectir as condições representativas do mercado
mundial da energia, terem em conta as tendências a longo prazo e outros factores
de custos, nomeadamente o financiamento dos esquemas de incentivos
energéticos além de outras medidas de política e programas de modernização do
sistema energético.
• O nível relativo dos preços dos diversos produtos energéticos deve encorajar as
economias de energia, a substituição de petróleo e o desenvolvimento de novas
fontes de energia, nos termos definidos pela política energética nacional.
• Devem portanto ser eliminados todos os subsídios incluídos nos preços.

45
Assistência Técnica
Na medida em que o programa de conservação da energia é essencialmente
descentralizado e o seu êxito depende do comportamento de inúmeros agentes
económicos, torna-se necessário, em colaboração com estes agentes:

• Promover uma intensa acção de assistência técnica em todos os sectores.


• Promover imediatamente um amplo programa de auditorias em seguimento do
Decreto-Lei sobre gestão do consumo de energia.
• Estender esta acção aos restantes sectores da actividade económica.

Esta assistência técnica abrange, num sentido lato, o programa de I, D & D relativo a
conservação de energia, nomeadamente quanto à redução das exigências energéticas
dos processos produtivos.

Formação e Informação
Um dos factores determinantes da transformação estrutural do uso da energia é a
mudança de comportamento dos utilizadores a todos os níveis. Para tal promover-se-ão
as seguintes acções:

• Informar o público de forma sistemática, através dos meios de comunicação social,


de publicações com larga difusão e de campanhas de sensibilização.
• Introduzir no ensino informações sobre utilização racional e eficiente de energia.
• Formação de técnicos especializados para a realização de auditorias, gestão
corrente de energia nas empresas e realização de projectos nos diversos domínios
energéticos, bem como para a boa condução e manutenção dos equipamentos
energéticos.
• Publicar regularmente informação sobre preços e outros aspectos que orientem as
decisões dos utilizadores de energia.

Acção de Exemplo e de Controlo


Os organismos do Estado - bem como as empresas públicas - devem dar o exemplo
do cumprimento da política energética nacional sem o que aquela política perde
credibilidade. Para tal deve-se:

• Assegurar que os organismos da Administração Pública e as Empresas Públicas


sejam eficientes na gestão de energia.
• Promover a demonstração e adquirir para as suas instalações as tecnologias e os
equipamentos dotados de adequados rendimentos energéticos.

46
• Avaliar os resultados dos programas de conservação de energia, como meio de
controlar a eficácia das políticas definidas neste domínio.

b) Acções Sectoriais

Sector Energético
• Completar e implementar o programa de conservação de energia nas refinarias
nacionais.
• Realizar estudos de aproveitamento do calor perdido, em cada central
termoeléctrica.
• Estudar a viabilidade de produção combinada calor-electricidade (cogeração),
numa zona urbana ou parque industrial.
• Estabelecer um sistema de medida e de estatística da qualidade de serviço e de
perdas nas redes de transporte e distribuição de electricidade, fixando metas de
economia de energia e avaliando o seu progresso.

Sector Industrial
• Repercutir na política de desenvolvimento industrial os objectivos de redução da
energia consumida por unidade de valor acrescentado bruto.
• Dar a máxima prioridade à implementação do regulamento sobre gestão do
consumo de energia (Decreto-Lei n.º 58/82 e Portaria n.º 359/82).
• Incentivar a cogeração (vapor-electricidade) e a utilização de energia em cascata.
• Reforçar a capacidade de fabrico nacional dos equipamentos a integrar nos
projectos de economia de energia e adaptar as estruturas da oferta de
equipamentos de conservação e utilização de racional da energia.

Sector dos Transportes


• Privilegiar o transporte colectivo, através de:
− Desenvolvimento de políticas em favor do transporte colectivo, prioritariamente
nos grandes centros urbanos, articuladas com medidas visando a melhoria de
gestão da via pública de parqueamento.
− Construção de terminais interurbanos e suburbanos de passageiros e centrais
de camionagem de mercadorias, permitindo a fácil transferência para os
sistemas especificamente de distribuição urbana.

47
− Racionalização da utilização do caminho de ferro, libertando-o de tráfegos para
os quais não está vocacionado, implementando adequados sistemas de
Comando Centralizado e preparando-o para fazer face ao aumento de tráfego
previsto, nomeadamente no que se refere ao conjunto das linhas na região de
Lisboa, e, proceder à eventual electrificação das linhas na direcção de Braga e
Penafiel. Melhorar a capacidade de transporte no eixo Lisboa-Porto.

• Providenciar medidas de economia nos veículos, através de:


− Limites de velocidade fixados segundo as condições topográficas e a sua
efectiva fiscalização.
− Introdução de cláusulas nas especificações de autocarros, relativas ao consumo
energético.
− Implementação da obrigatoriedade de inspecções periódicas de veículos.
− Campanhas de sensibilização junto dos condutores e empresas com frotas de
veículos.
− Introdução de tacógrafos, medidores de consumo e deflectores nos veículos
pesados, prioritariamente nos transportes públicos.
− Estudo de incidência no sistema de transportes e da viabilidade de horários de
trabalho desfasados e flexíveis.

• Melhoramento das vias de comunicação rodoviária:


− Dando prioridade à construção, beneficiação e conservação daquelas que pela
natureza e volume de tráfego maior importância têm no consumo de
combustível.
− Incentivando a aplicação, nas redes nacional e municipais das normas
existentes relativas às características dos traçados e estrutura dos pavimentos
por forma a serem adequados à fluidez do tráfego de pesados, nomeadamente,
com vias para lentos e larguras suficientes de bermas e sinalização adequada,
sem esquecer a construção de variantes das vias principais ao atravessamento
dos principais aglomerados, e fazendo cumprir a legislação sobre as zonas non
aedificande.
− Tendo em conta, na selecção do traçado de infra-estruturas, os consumos dos
veículos que as utilizam e o custo da energia a despender na sua construção.

• No transporte aéreo:
− Incentivar a aplicação das recomendações preconizadas pelos organismos
internacionais de aviação civil no domínio da Conservação de Energia.

48
• Na Marinha de Comércio e nos Portos, incentivar as medidas de gestão visando a
melhoria da produtividade, por forma a minimizar a incidência da energia.

• Estudos de conservação de energia na rede de transportes quer no que respeita às


infraestruturas viárias, quer quanto ao planeamento e gestão do sistema de
transportes.

Sector Residencial e Serviços


• Promulgar a regulamentação completa sobre gestão de energia nos edifícios
quanto às condições térmicas da construção e à qualidade dos equipamentos e
sistemas.
• Promover a concepção e comercialização de materiais e soluções de arquitectura e
de construção de edifícios adequados às condições do nosso País.
• Fomentar a formação de técnicos projectistas sobre a problemática da economia
de energia nos edifícios.
• Actuar sobre a concepção e construção dos equipamentos energéticos usados
neste sector, com vista a melhorar o rendimento térmico e normalizar os padrões
de qualidade e sistema de etiquetagem.
• Estudos considerando a relação entre os consumos de energia, o planeamento
urbano a vários níveis e a política de uso dos solos. Elaboração de normas
conformes e adequadas.

Sector da agricultura e pesca


• Desenvolver campanhas de sensibilização do agricultor à utilização mais racional e
económica das máquinas agrícolas e das instalações térmicas (estufas, secagem,
etc.) bem como a adopção das técnicas de cultivo mais eficientes e do armador
(frotas de pesca).
• Desenvolver projectos específicos da economia de energia, a partir do
aproveitamento do calor da água de refrigeração de centrais termoeléctricas.

Como resultado da elaboração daquele programa de Conservação de Energia e com


um efeito significativo, foram acções, na linha de orientação do programa:

• Em 1984 foi criado o Centro para a Conservação de Energia (CCE);


• Em 1985 foi criado um sistema de apoio financeiro às acções de conservação de
energia na indústria (Despacho 85/85) e foi iniciado um programa de diagnóstico

49
na indústria com o objectivo de proceder a um levantamento de economias de
energia em diversos sectores industriais em Portugal;
• Em 1986 foi criado o Sistema de Estímulos à Utilização Racional de Energia
(SEURE);
• Em 1986 foi dado início aos trabalhos de preparação do Regulamento das
Condições Térmicas em Edifícios (sistemas passivos);
• Em 1986 foi dado início aos trabalhos de preparação do Regulamento dos
Sistemas de Climatização Activa nos Edifícios;
• Em 1988 foi iniciada a ampliação do campo de acção do Regulamento de Gestão
do Consumo de Energia (RGCE);
• Em 1988 foi criado o Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia
(SIURE) articulado com o programa comunitário VALOREN;
• Em 1988 foi publicada a lei do produtor independente, com vista a motivar os
agentes económicos para a produção de electricidade quer a partir de sistemas de
cogeração como a partir do aproveitamento de recursos naturais renováveis;
• Em 1988 foi iniciado o 3.º Projecto Rodoviário que, entre outros, contempla um
estudo sobre «Política de Gestão de Energia no Sector dos Transportes, Auditorias
Energéticas";
• Em 1989 foi criado o Centro da Biomassa para a Energia (CBE);
• Em 1990 foi publicado o Regulamento das Características de Comportamento
Térmico dos Edifícios (RCCTE);
• Em 1992 foi publicado o Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de
Climatização em Edifícios (RQSECE);
• Em 1992 foi criada a Comissão Nacional para a Utilização Racional de Energia
(CNURE);

A criação da CNURE, pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 31/92, de 30 de


Julho, poderá vir a ser um importante passo para a promoção e dinamização da
aplicação de medidas de conservação e utilização racional de energia.
De acordo com o texto da sua constituição «a criação daquela Comissão Nacional,
CNURE, visa a mobilização do País e a dinamização da Administração do Estado e da
sociedade no seu todo para a adopção de medidas de conservação e utilização racional
de energia. Essas medidas destinam-se a corrigir a excessiva intensidade energética do
País, diminuído a nossa dependência em relação ao exterior, aumentando a nossa

50
competitividade e, deste modo, potenciando inegáveis benefícios de natureza ambiental,
estratégica e económica».
Conforme se pode constatar, pela análise dos vários indicadores energéticos sobre a
situação portuguesa, este conjunto de acções já desenvolvidas (ou em fase de
implementação) ainda não produziram os efeitos pretendidos, isto é, aumentar
significativamente a eficiência energética da economia portuguesa.

A CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA EM PORTUGAL


PRINCIPAIS ACÇÕES JÁ CONCRETIZADAS

ÁREAS DE ACTUAÇÃO
ACÇÕES DINAMIZADAS
INDÚSTRIA SERVIÇOS TRANSPORTES DOMÉSTICO
Esquemas de Apoio Apoio financeiro a
—— —— ——
(1976 a 1984) projectos URE

Projectos de Demonstração Apoio financeiro a projectos de demonstração de tecnologias


——
(1976 a 1989) energéticas promovido pela Comissão das Comunidades Europeias

Linha de crédito com


Linha de Crédito CGD juros bonificados para
—— —— ——
(1980) projectos de energia
Solar-Térmica

RGCE — Regulamento da
Auditorias energéticas e Planos de Racionalização dos Consumos de
Gestão do Consumo de ——
energia
Energia (1982)

CCE — Centro para a


Conservação de Energia Criação do CCE para apoio técnico na área da Utilização Racional da Energia
(1984)

Despacho 85/85 Apoio financeiro a


—— —— ——
(1985) projectos URE

Diagnósticos Energéticos Divulgação e sensibilização para a eficiência energética, com a


——
ENERGY-BUS (1986) realização de diagnósticos energéticos

SEURE Apoio financeiro a


—— —— ——
(1986) projectos URE

VALOREN Apoio financeiro para a valorização de recursos energéticos


——
(1987 a 1991) endógenos

Lei do Produtor Promover a produção de energia eléctrica a partir de recursos


——
Independente (1988) endógenos e promover a geração combinada de calor e electricidade

SIURE
Apoio financeiro a projectos de URE ——
(1988 a …)

Inclui um estudo
3.º Projecto Rodoviário sobre Gestão de
—— —— ——
(1988) Energia no Sector
Transportes

51
(Continuação do quadro)

ÁREAS DE ACTUAÇÃO
ACÇÕES DINAMIZADAS
INDÚSTRIA SERVIÇOS TRANSPORTES DOMÉSTICO
Obriga os edifícios
Resolução 9/89 públicos a audito-
—— —— ——
(1989) rias energéticas dos
projectos

CBE — Centro da Biomassa


Criação do CBE. Apoio técnico na área da utilização energética da Biomassa
para a Energia (1989)

RCCTE — Regulamento
das Características de
Regulamenta o nível de isolamento térmico a considerar na construção de edifícios
Comportamento Térmico dos
Edifícios (1990)

Adaptação do RGCE
RGCE para o sector dos
—— —— ao sector dos ——
Transportes (1990)
transportes

Apoio financeiro a projectos de Disseminação de Tecnologias


Programa THERMIE
energéticas e a projectos inovadores promovido pela Comissão das ——
(1990 a 1994)
Comunidades Europeias

Prevê deduções
Deduções Fiscais Fiscais (IRS) nos
—— —— ——
(1991) investi-mentos em
Energia Renováveis

Campanha de Divulgação
Campanha de Divulgação URE realizada pelo CCE
(1990 a 1991)

RQSECE — Regulamento da
Qualidade dos Sistemas
Regulamenta a qualidade dos sistemas energéticos de climatização em Edifícios
Energéticos de Climatização
em Edifícios (1992)

CNURE
Criação da Comissão Nacional para a Utilização Racional de Energia
(1992)

3.4 Tendências de comportamento

Face a análise anteriormente apresentada é legítimo colocar a questão: quais são as


tendências de comportamento num futuro próximo? Responder a esta questão poderá
ser mera especulação sobre o futuro, já que adivinhá-lo não é o objectivo deste trabalho.
Tentaremos, por isso, reduzir imagens especulativas e ensaiar uma reflexão sobre a
possível atitude dos consumidores face a um jazigo de energia cuja propriedade a cada
um deles pertence e a sua exploração depende das suas vontades e motivações.
Hoje podemos concluir que as projecções feitas em 1984 (para o ano de 1990), que
previam 693 ktep de energia economizada, estão longe de terem sido atingidas. Entre
1984 e 1987 foram realizadas (as que puderam ser contabilizadas através dos sistemas

52
de apoio) 208 ktep de economias de energia, isto é, um valor médio de 52 ktep em cada
ano. Face a estes dados é fácil concluir sobre a necessidade de uma actuação mais
agressiva da política energética Nacional, bem como sobre a necessidade de cumprir as
acções previstas, ou a prever, num «Programa Nacional de Conservação e Utilização
Racional de Energia» cuja existência real é imprescindível.
Antes de proceder a uma reflexão sobre a possível tendência do comportamento dos
agentes económicos face à nova política energética e às acções que se venham a
implementar no âmbito de um exigível «Plano Nacional de Conservação e Utilização
Racional de Energia» é conveniente estimar as possibilidades existentes em
conservação de energia.
Um elemento útil nesta análise são os resultados do «Diagnóstico Energético na
Indústria» que teve como objectivo, entre outros, proceder ao levantamento de
economias de energia em diversos sectores industriais. Os sectores auditados
consomem cerca de 40% da Energia Final utilizada na Indústria (~2 200 ktep)
representando o potencial em conservação de energia cerca de 11% daquela Energia
(~240 ktep/ano). Se esta proporção se mantiver para o universo do sector industrial, o
potencial em Conservação de Energia, naquele sector, seria da ordem dos 595 ktep/ano
em operações realizáveis nos próximos 5 anos.
No que se refere à potencialidade para a substituição de Combustíveis (nos sectores
auditados) é-nos mostrado que a curto prazo é possível substituir anualmente de 270
000 toneladas de Fuel, 18 000 toneladas de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) e 197,2
GWh de electricidade e a longo prazo é possível substituir anualmente cerca de 352.600
toneladas de Fuel, 18 200 toneladas de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) e 301,7 GWh
de electricidade.
Salienta-se que foi feita uma chamada de atenção no Relatório de Substituição de
Combustíveis, para a necessidade de se calcular previamente a rentabilidade de um
programa de substituição de combustíveis, tendo em conta os custos e benefícios
inerentes bem como a necessidade de os comparar com outras soluções alternativas.
Refira-se, também, que é da máxima importância identificar a oferta da Madeira e
Resíduos Vegetais e de outros biocombustíveis no início da substituição de
combustíveis. Se não existir uma oferta de combustível já concentrado no local, então os
custos de montar um sistema de recolha devem ser verificados.
O principal perigo da utilização maciça de madeira, e resíduos vegetais está na
desflorestação, erosão do solo, deslocação de culturas, de alimentos e desequilíbrio do
ecossistema. A madeira ou resíduos vegetais e outros biocombustíveis são matéria

53
orgânica que de um modo geral, podem ter aplicação na indústria química, construção e
rações para animais.
Admitindo que, nos próximos 5 anos, os restantes sectores da actividade económica
(com exclusão do sector doméstico) terão um aumento de eficiência energética
moderado, o potencial de economias de energia realizável naquele período seria
estimado em:

Agricultura e Pescas .................................... 53 ktep/ano


Indústria ..................................................... 595 ktep/ano
Transportes ............................................... 193 ktep/ano
Serviços ........................................................ 20 ktep/ano

TOTAL ..................................................... 861 ktep/ano

Dada a importância deste jazigo energético torna-se imprescindível encontrar os


mecanismos que permitam a sua imediata «extracção». Tendo em consideração que este
jazigo reside nas instalações consumidoras dos vários sectores da actividade
económica, o primeiro passo terá que passar forçosamente, pela motivação dos agentes
económicos envolvidos, com as consequentes alterações comportamentais, estruturais
e tecnológicas.
Conforme já referido neste capítulo o comportamento dos agentes económicos face à
energia depende de alguns factores, tais como sejam:

− nível do conhecimento sobre os seus sistemas de conversão de energia;


− nível do conhecimento sobre as possibilidades em matéria de gestão energética e
seus consequentes benefícios;
− nível do conhecimento sobre a sua factura energética;
− capacidade financeira para investimentos na área da energia;
− apoio (financeiro e técnico) ao investimento na área da energia;
− agressividade de uma política energética eficaz e objectiva.

Com vista a motivar os agentes económicos a aderirem a um «movimento energético»


é necessário ajudá-los a compreenderem a energia e fornecer-lhes respostas positivas e
esclarecedoras a todos os factores inibidores e dos quais poderá depender a sua
capacidade de adesão. Como é sabido, em Portugal não existe ainda uma «mentalidade
energética» com hábitos e atitudes comportamentais dirigidas para a eficiência, isto é, é
raro encontrar preocupações, por parte dos agentes económicos, que visem a melhoria
do seu sistema energético e consequentemente (por esta via) a redução da sua factura.

54
No momento os instrumentos activos existentes, com vista à motivação para a
racionalização dos consumos de energia são, entre outros:

• Regulamento de Gestão do Consumo de Energia — RGCE;


• Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia — SIURE;
• Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios —
RCCTE;
• Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
— RQSECE;
• Sistema de Financiamento por Terceiros,

que por si só não conduzem ao despertar energético do consumidor

Assim, para que se possa prospectivar a realização das economias de energia,


potencialmente realizáveis (~860 ktep/ano nos próximos 5 anos), é imprescindível
executar as acções dinamizadoras que fazem parte da lista de intenções da política
energética portuguesa, nomeadamente:
− sensibilização;
− divulgação;
− informação;
− promoção;
− incentivo;
− apoio Técnico;
− assistência;
− formação;
− regionalização.

Sem a dinamização do sector energético, nos moldes referidos, os comportamentos


não serão alterados e a conservação de energia em Portugal será o que era…
Após esta breve reflexão sobre a Conservação de Energia em Portugal, nos últimos 10
anos, somos levados a concluir que é indiscutível a existência de um importante jazigo
em economias de Energia (que pode atingir cerca de 20% do consumo total de energia
primária) que importa ser urgentemente explorado.
Em termos comportamentais é mais fácil produzir energia (ou consumir
indisciplinadamente) que utilizá-la racionalmente. As Economias de Energia não se
«produzem», são geradas pelos consumidores. Assim é vital para o êxito de um programa
nacional de Conservação de Energia, a motivação e a alteração da mentalidade do

55
utilizador de energia que deverá, consequentemente, traduzir-se numa modificação de
atitudes e de comportamentos.
Assim, e com vista a preparar o êxito de um tal programa, torna-se imprescindível o
desempenho, entre outras, das seguintes acções:

• implementar, de forma eficaz, os «parâmetros-chave» da política energética


portuguesa;
• dinamizar a actuação do Centro para a Conservação de Energia que deverá
funcionar, como suporte indispensável à implementação no terreno da política
energética nacional, dotando-o dos meios técnicos e financeiros convenientes e
adequados à sua vocação e ao seu estatuto;
• dotar as empresas que dominam o mercado da oferta de energia de eficientes
departamentos de conservação de energia que deverão agir activamente junto dos
consumidores e junto dos fabricantes de equipamentos de conversão de energia;
• dar continuidade ao projecto de diagnósticos energéticos abrangendo todos os
sectores de actividade económica;
• empreender esforços no sentido de executar acções de formação, informação e
divulgação no âmbito da Conservação da Energia;
• encontrar e desenvolver mecanismos que provoquem uma ampla aceitação (e
consequente cumprimento) do Regulamento de Gestão do Consumo de Energia;
• rever o Regulamento de Gestão do Consumo de Energia por forma a torná-lo
aplicável, de forma mais clara e eficaz, a todos os sectores da actividade
económica;
• agir junto do consumidor de energia com vista a lhe fornecer apoio técnico e
formativo;

Tendo em consideração os elementos constantes das análises referidas nos capítulos


anteriores, bem como os vários indicadores obtidos através da experiência adquirida
pelo contacto directo com os consumidores e através de informações da Agência
Internacional da Energia, o CCE elaborou uma análise prospectiva, a 10 anos, com o
objectivo de avaliar o potencial explorável, naquele período, em acções de Conservação
e Utilização Racional de Energia.
Tendo por base um universo representativo das empresas dos vários sectores de
actividade económica, foi realizada uma análise sucinta do potencial em URE e dos
investimentos associados.
Os resultados obtidos na análise parcial acima referida, foram posteriormente
extrapolados para a escala nacional permitindo obter resultados estimados para o

56
sector produtivo da economia portuguesa conforme pode ser observado nos Quadros
3.7 e 3.8.
Os cenários considerados reflectem a maior ou menor propensão para o investimento
em projectos energéticos por parte dos vários agentes económicos.
O potencial energético nacional avaliado (em conservação e utilização racional de
energia), varia entre 1000 ktep e 1500 ktep, consoante os cenários, prevendo-se um
período de 10 anos para a sua realização. De salientar que, o maior «jazigo de
conservação» reside na Indústria Transformadora (cerca de 60% do potencial avaliado).
Neste sector de actividade, as acções típicas em projectos de Conservação e Utilização
Racional de Energia e o seu possível impacte são as seguintes:

ECONOMIA (OU PRODUÇÃO)


ACÇÕES
DE ENERGIA EM % do CEF

Cogeração 21%
Substituição de equipamento 10%
Substituição de combustíveis 9%
Controlo e melhoria da eficiência dos equipamentos 6%
Recuperação de efluentes térmicos 4%
Isolamentos térmicos 1%
Outras 5%

Os valores percentuais acima indicados, representam indicadores médios obtidos a


partir da análise dos dados existentes sobre acções de Conservação e Utilização
Racional de Energia registadas num conjunto de empresas do sector industrial.
A existência de um importante jazigo em Conservação e Utilização Racional da
Energia implica a existência de um também importante potencial em investimento nesta
fileira energética.
Tendo em consideração os valores médios encontrados perspectivou-se o valor do
investimento a realizar considerando o custo médio de acções típicas realizadas em
Portugal desde 1975.
Nos quadros 3.7 a 3.8 podem ser observados os valores do investimento a realizar
em cada uma das situações analisadas. Aqueles valores variam entre 70 e 100 milhões
de contos para a Indústria Transformadora e entre 100 a 170 milhões de contos para
todos os sectores de actividade.

57
Os investimentos mais representativos (em volume) são os inerentes às seguintes
acções típicas:

− Cogeração;
− Substituição de equipamento térmico (fornos, caldeiras, …);
− Recuperação de efluentes térmicos.

De salientar que é na Indústria Transformadora que o volume de investimento é mais


representativo, atingindo cerca de 60% do total estimado.
Desta breve análise poderemos concluir que a Gestão da Energia produz benefícios
directos para as empresas consumidoras de energia e benefícios indirectos para a
economia no que se refere à criação de emprego, às oportunidades de novos negócios e
à melhoria do meio ambiente.

Quadro 3.7 — Potencial energético e em investimento — Utilização Racional da Energia

CTEF ECONOMIAS DE ENERGIA INVESTIMENTO


SECTOR DE
tep CENÁRIO A (a) CENÁRIO B (b) CENÁRIO A CENÁRIO B
ACTIVIDADE
(1987) tep % tep % Mcontos % Mcontos %

Agricultura e Pescas 635 000 31 750 3,2 63 500 4,2 3,493 3,2 6,985 4,2

Indústria Extractiva 34 153 1 708 0,2 3 415 0,2 0,188 0,2 0,376 0,2

Indústria Transformadora 4 844 847 661 835 67,3 904 079 59,5 72,802 67,3 99,449 59,5

Transportes 2 956 000 147 800 15 295 600 19,5 16,258 15 32,516 19,5

Serviços 643 000 64 300 6,5 96 450 6,4 7,073 6,5 10,610 6,4

Outros (d) 1 545 000 77 250 7,8 154 500 10,2 8,498 7,8 16,995 10,2

TOTAL 10 658 000 984 643 100 1 517 544 100 108,312 100 166,931 100

Mcontos — milhões de contos a preços de 1989


(a) — Desfavorável no que se refere à propensão para o investimento.
(b) — Favorável no que se refere à propensão para o investimento.
Nota: Os valores estimados para as economias de energia referem-se a um período de dez
anos.

Quadro 3.8 — Indústria Transformadora — Potencial energético e em investimento


Utilização Racional da Energia

58
CTEF ECONOMIAS DE ENERGIA (a) INVESTIMENTO
SUBSECTOR DE
tep CENÁRIO A (b) CENÁRIO B (c) CENÁRIO A CENÁRIO B
ACTIVIDADE
(1987) tep % tep % Mcontos % Mcontos %

Alimentar, bebidas e tabaco 429 352 64 403 9,7 85 870 9,5 7,084 9,7 9,446 9,5

têxtil e couro 448 868 67 330 10,2 89 774 9,9 7,406 10,2 9,875 9,9

Madeira e cortiça 121 975 18 296 2,8 24 395 2,7 2,013 2,8 2,683 2,7

Papel 390 320 58 548 8,8 78 064 8,6 6,440 8,8 8,587 8,6

Química, plástico e borracha 1 517 369 227 605 34,4 303 474 33,6 25,037 34,4 33,382 33,6

Cerâmica, vidro e telhas 639 149 95 872 14,4 127 830 14,1 10,546 14,4 14,061 14,1

Cimentos 678 181 67 818 10,3 101 727 11,3 7,460 10,3 11,190 11,3

Metalurgia de base 492 779 49 278 7,5 73 917 8,2 5,421 7,5 8,131 8,2

Metalomecânica e outras 126 854 12 685 1,9 19 028 2,1 1,395 1,9 2,093 2,1

TOTAL 4 844 847 661 835 100 904 079 100 72,802 100 99,449 100

Mcontos — milhões de contos a preços de 1989


(a) — Valores estimados a partir da extrapolação de dados práticos e obter no fim do período (no 10.º ano).
(b) — Desfavorável no que se refere à propensão para o investimento.
(c) — Favorável no que se refere à propensão para o investimento.
Nota: Os valores estimados, para as economias de energia, referem-se a um período de dez anos.

59
4. A POLÍTICA ENERGÉTICA PORTUGUESA E COMUNITÁRIA

4.1 A Política Energética Portuguesa

Em Portugal nunca existiu, até ao XI Governo Constitucional, uma política energética


global que integrasse ambos os lados do sistema energético: o da procura e o da oferta.
Foi no XI Governo, com o Ministério da Indústria e Energia liderado pelo Eng.º Luís
Mira Amaral, que se deram os primeiros passos para o desenvolvimento de uma política
energética para Portugal, com continuidade no XII Governo.
Os parâmetros da actual política energética para Portugal constituem uma malha de
base que suporta e orienta as medidas já executadas e a executar. Aqueles parâmetros
são 4:

• Garantir o funcionamento dos sistemas produtor e consumidor sem rupturas;


• Diversificar as fontes de energia primária;
• Prosseguir o esforço de protecção e pesquisa de matérias-primas energéticas;
• Preparar o sector para a integração comunitária plena e continuar os esforços para
a realização do Mercado Único da Energia;
• Aproveitamento dos recursos naturais;
• Incentivos à conservação e utilização racional de energia;
• Aproveitamento e utilização dos programas comunitários energéticos;
• Apoio à demonstração e desenvolvimento das tecnologias energéticas;
• Minimização dos impactes ambientais decorrentes da actividade energética;
• Papel determinante do sistema de preços;
• Liberalização de sistema energético;
• Revisão do plano energético Nacional.

Neste contexto parece-nos importante destacar alguns detalhes, como sejam:

• Abordagem Global do Sector Energético


Numa postura de abordagem global do sector pretende-se um enquadramento de
todas as áreas da actividade económica numa perspectiva de abordagem
transversal. Assim deverá ser dada a merecida importância aos dois «lados» do
sistema energético: o do produtor e o do consumidor de energia, procurando assim
tirar partido do grande potencial existente no lado do consumidor — a conservação

4 Mira Amaral, Luís — Indústria e Energia: as Apostas Portuguesas, Edições IAPMEI, Lisboa 1992, 227 p.

60
da energia e a sua utilização cada vez mais eficiente — evitando assim cada vez
mais investimentos no sector da produção.

• Acções de Informação e Formação


As questões energéticas, do ponto de vista do consumidor, podem avaliar-se
genericamente por uma «forma de estar», isto é, uma atitude perante a energia
consequente de um estado de espírito ordenado por questões culturais e de
mentalidade.
É pois prioritário «provocar» o consumidor de energia no sentido de alterar aquela
forma de estar e de lhe induzir uma nova mentalidade energética, cada vez mais
crítica e racional. É neste contexto que acções de sensibilização, divulgação,
informação e de apoio técnico são prioritárias.

• Política de Preços
Um dos principais «sinais» a que qualquer gestor é sensível (bem como o
consumidor em geral) é aos preços. Assim uma política de preços real para a
energia é fundamental para corrigir as distorções introduzidas no nosso sistema
energético bem como para encaminhar o consumidor para a escolha da forma de
energia final (ou até primária) mais racional do ponto de vista técnico-económico.

• Plano Energético Nacional (PEN)


Peça fundamental para a tomada de decisões por parte do poder político é a
existência de um «painel de bordo» sobre o nosso sistema energético. Sem correr o
risco de se fazer «planeamento» deverá o plano energético ser um instrumento
flexível e continuado de reflexão.

• Envolvimento do nível regional


Insere-se nesta preocupação a existência do programa comunitário VALOREN bem
como iniciativas já em curso como sejam a realização de alguns planos
energéticos regionais, nomeadamente os das seguintes regiões:
− Região autónoma dos Açores;
− Região autónoma da Madeira;
− Região do Alentejo;
− Região do Norte;
− Região do Centro.

61
• Pleno aproveitamento do contacto com organismos internacionais: a política
energética na CEE
O aproveitar da experiência adquirida por outros países é fundamental para
minimizar os nossos, nesta área vital que é a da energia.
Deverá, também, a política energética portuguesa seguir os objectivos
comunitários definidos em 1985 para o horizonte de 1995, em que se apontava
para uma nova melhoria de 20% na eficiência energética.

A Eficiência Energética e a Utilização Racional de Energia, de uma forma genérica,


está pois presente em quaisquer dos principais parâmetros da actual política energética
do Governo português cujos principais vectores de enquadramento geral são:

• Diminuir a dependência energética do petróleo e do exterior na medida do que for


economicamente razoável;
• Garantir o aprovisionamento de energia a custos mínimos;
• Promover a utilização racional e eficiente da energia;
• Diversificar as fontes de energia convencionais;
• Aproveitar os recursos próprios, naturais, nomeadamente as energias renováveis,
na medida do que for economicamente razoável;
• Concertar o modelo de crescimento económico, na perspectiva do seu conteúdo
energético;
• Preparar o sector para a integração plena no mercado europeu e no mercado
interno da energia.

De uma forma objectiva a actual política do Governo português em Conservação de


Energia pode avaliar-se pelos instrumentos existentes e a criar (ou a revitalizar) e que
são:

• Legislação sobre Produção Independente de energia eléctrica;


• Sistemas de Incentivos à Utilização Racional de Energia — SIURE;
• Regulamento da Gestão do Consumo de Energia — RGCE;
• Sistema de financiamento por terceiros
• Promoção do Centro para a Conservação de Energia — CCE;
• Criação do Centro da Biomassa para a Energia — CBE;
• Introdução de outras fontes de energia, nomeadamente o gás natural;
• Promoção de uma política de preços reais para a energia;

62
• Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios —
RCCTE;
• Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
— RQSECE;
• Reformulação do sistema tarifário para a energia eléctrica;
• Acções de informações e formação;

A política energética portuguesa está orientada no sentido de criar uma mentalidade


energética, desde o cidadão comum ao industrial, com vista a possibilitar as alterações
necessárias nas atitudes de comportamento dos vários agentes nomeadamente no que
se refere à forma como é encarada a utilização da Energia.
Os instrumentos apresentados são prova da existência de uma forte vontade política
em dinamizar o sector energético português, particularmente no que se refere à
Conservação e Utilização Racional da Energia e à liberalização do seu mercado. É pois,
agora, necessário fazer aquela «vontade» andar a «passos largos» …

Assim, mudar radicalmente o comportamento energético dos vários agentes


económicos não depende exclusiva e directamente da vontade política nem dos preços
a praticar. É fundamental a articulação com outro tipo de respostas como sejam,
conforme já citado no capítulo 3:

− Respostas técnicas e tecnológicas;


− Respostas políticas;
− Respostas legislativas;
− Respostas estruturais.

Um dos agentes que consideramos merecer especial atenção, inserido nos


instrumentos da actual política energética Nacional, é a revitalização e reconversão do
Centro para a Conservação de Energia — C.C.E. que terá num futuro próximo, papel
determinante no êxito das acções a desenvolver no âmbito da Conservação de Energia.
O CCE constitui um instrumento capaz de apoiar o consumidor de energia a interpretar
(e executar) as respostas energéticas do poder político. Para isso é importante que a sua
estrutura seja apoiada em alguns pilares fundamentais, como sejam:

− Competência
− Formação técnica
− Informação e divulgação

63
− Regionalização
− Apoio estratégico e financeiro

O êxito de um Programa Nacional de Conservação e Utilização Racional de Energia


depende da existência de uma estrutura de apoio adequada e regionalizada que deverá,
também, no âmbito regional estabelecer programas de acção para a Conservação da
Energia e para o desenvolvimento das energias locais e renováveis.
Uma verdadeira política energética só poderá ser eficaz se, além da existência de
todos os instrumentos e estruturas mencionadas, forem bem conhecidas as respostas
às três questões fundamentais:

• Onde se consome a Energia?


• Como se consome a Energia?
• Porquê se consome a Energia?

É com vista a obter respostas para aquelas questões fundamentais que é necessário
desenvolver esforços no âmbito dos diagnósticos energéticos. É nesta perspectiva que
Portugal realizou, com apoio de Banco Mundial, o 3.º Projecto Rodoviário que, entre
outros, contempla um estudo sobre «Política de Gestão de Energia no Sector dos
Transportes, Auditorias Energéticas". É nesta perspectiva que se entende ser necessário
empenhar esforços (recursos humanos e financeiros) no sentido de realizar um
programa concertado de diagnósticos, às instalações consumidoras de energia
complementado com a realização de inquéritos dirigidos ao consumidor, com vista a
conhecer as actuais atitudes comportamentais, permitindo assim actuar no sentido de
corrigir as distorções de permitindo assim actual no sentido de corrigir as distorções de
comportamento.
A situação energética portuguesa é preocupante, quer face à sua dupla dependência
quer face às tendências de crescimento que se têm demonstrado contrárias às
verificadas na maioria dos países da Europa Ocidental.
É pois com vista a inverter aquelas tendências que importa implementar uma nova
política onde um dos mais importantes desafios é a melhoria da eficiência energética e,
consequentemente, o apoio às acções de Conservação de Energia.
Conforme já referido neste trabalho, Portugal tem vindo a desenvolver esforços no
sentido de aplicar de forma concertada, um conjunto de acções que pela sua coerência
conduzam os vários agentes económicos a uma alteração de atitude face a um novo
dado que é a Energia.

64
Com vista a melhor conhecer a forma como é consumida a energia no sector
industrial foi realizado, com o apoio do Banco Mundial, um diagnóstico (Energy Survey)
que teve como finalidade o «Levantamento de Economias em Diversos Sectores
Industriais em Portugal». O resultado obtido foi bastante animador já que foram
provadas as «reservas» existentes em Economias de Energia. Contudo apenas foi dado o
primeiro passo num terreno muito mal conhecido e que importa urgentemente descobrir,
pois pouco ou nada se sabe sobre a forma como é utilizada a energia nos restantes
sectores da actividade económica.
A fim de dar continuidade às acções iniciadas e de tornar mais eficaz a aplicação dos
instrumentos disponíveis é prioritária a realização de várias acções como sejam, entre
outras:

• Criação de uma Base de dados «URE» com o objectivo de permitir o acesso fácil e
imediato a todo um conjunto de informação sobre a utilização eficiente e racional
da energia, em todos os sectores de actividade, como sejam por exemplo:
− Consumos de energia globais e desagregados;
− Consumos específicos de energia;
− Consumos específicos de energia de referência;
− Resultados de inquéritos aos consumidores de energia;
− Resultados de diagnósticos energéticos em instalações consumidoras de
energia;
− Resultados de auditorias energéticas;
− Projectos energéticos típicos, sua caracterização técnico-económica;
− …

Uma base de dados deste tipo tornaria possível aceder a vários níveis de informação
de forma isolada, cruzada ou ainda globalizante.

• Elaboração de diagnósticos energéticos às instalações e empresas que pertencem


a sectores ou subsectores da actividade ainda não conhecidos, como, por
exemplo:
− alguns sectores e subsectores, da actividade industrial, não auditados no
projecto Energy Survey, com o objectivo, entre outros, de determinar os
consumos específicos de energia de referência;
− sector terciário, sobre o qual existem escassos estudos de índole energético;

65
− sector dos transportes, sobre o qual é necessário proceder a um trabalho mais
profundo que o incluído no 3.º Projecto Rodoviário;
− sector doméstico, muito mal conhecido em termos energéticos.

• Continuação do projecto Energy Survey no que se refere à aferição dos consumos


específicos de energia de referência (valores de K) para os sectores examinados
naquele projecto.

• Revisão do Regulamento de Gestão do Consumo de Energia — RGCE, introduzindo


alterações convenientes e provenientes do conhecimento adquirido com as
auditorias energéticas a realizar às instalações e empresas de todos os sectores
de actividade económica.

• Continuação das acções de formação, informação e divulgação no âmbito da


Conservação de Energia.
• Continuação das acções programadas no seio da CNURE — Comissão Nacional
para a Utilização Racional de Energia.

• Reestruturação do nosso sistema energético e as respectivas instituições.

Das acções enumeradas entendemos que a mais importante se refere à


reestruturação do panorama institucional português que actua na área da energia.

As instituições actualmente existentes não estão organizadas nem objectivamente


vocacionadas para dar satisfação eficaz às necessidades de promover, disseminar e
apoiar o desenvolvimento de uma nova mentalidade e de uma alteração
comportamental dirigida à utilização racional e eficiente da energia. A criação de uma
instituição com características, bem definidas, de Agência Portuguesa da Energia e com
responsabilidades atribuídas de forma inequívoca, é fundamental para um melhor
aproveitamento das capacidades instaladas, hoje de forma dispersa e desarticulada.

4.2 A Política de Incentivos à Utilização Racional de Energia

A política de incentivos (directos e indirectos) à utilização racional de energia teve


início em Portugal, após a primeira «crise da energia», com o apoio financeiro (a fundo
perdido) a projectos de economias de energia no sector industrial. Foram os «esquemas
de apoio os consumidores de combustíveis» que tiveram início em 1976. Desde aquela
data foram empreendidas uma série de acções, inseridas numa política de incentivos à
utilização racional de energia, cujos instrumentos principais se apresentam neste
capítulo.

66
4.2.1 Acções empreendidas

Esquemas de Apoio aos Consumidores de Combustíveis

Com a subida dos preços da energia em 1973/1974 iniciou-se um processo de


viabilização económica dos investimentos conducentes à conservação de energia. Com
a finalidade de incentivar acções que proporcionassem acréscimos na eficiência das
conversões energéticas, foram criados sistemas de apoio aos investimentos naquela
área.
Assim, o primeiro esquema de apoio aos consumidores de combustíveis foi publicado
na I Série do Diário da República de 1 de Abril de 1976 e vigorou durante um ano. Os
subsídios, a fundo perdido, representavam a totalidade do custo do projecto. Foram
subsidiados 11 projectos, no montante de 40 mil contos. As economias resultantes, em
cada um dos anos de vida dos projectos, atingem o nível de 11 000 tep/ano.
O segundo esquema de apoio, publicado na II Série do Diário da República de 20 de
Fevereiro de 1978, concedeu subsídios, na totalidade dos custos dos projectos, também
durante o período de um ano. O número de projectos, no valor de 241 mil contos, foi de
36, o corresponde a economias anuais de 27 000 tep/ano.
O terceiro esquema de apoio, publicado no Diário da República II Série, de 1 de
Setembro de 1980, reduziu o valor do subsídio para 50% do custo do projecto,
mantendo-se em vigor também pelo prazo de um ano. O número de projectos recebidos
na Direcção-Geral de Energia foi de 119, com investimentos previstos da ordem dos 3,5
milhões de contos, com pedidos de subsídio totalizando cerca de 1,7 milhões de contos.
As economias resultantes dos projectos do terceiro esquema representaram 138 000
tep/ano.
O quarto esquema de apoio foi publicado na II Série do Diário da República de 9 de
Setembro de 1981 e vigorou por um prazo não superior a um ano, sendo o valor do
subsídio de 30% do custo do projecto. As economias resultantes dos projectos
apresentados ao quarto esquema de apoio representaram 78 000 tep/ano.
O quinto esquema de apoio foi publicado na II Série do Diário da República de 23 de
Janeiro de 1984 e vigorou no período de 23/01/84 a 30/09/84. Os projectos
apresentados representaram economias a energia da ordem dos 58 000 tep/ano.
Da observação sumária dos resultados destes esquemas de apoio pode-se concluir
que:

− existe interesse, por parte dos agentes económicos, em promover acções


conducentes à conservação da energia;

67
− o valor económico das economias de energia conseguidas é suficientemente
importante para incentivar acções neste domínio;
− existe a necessidade de levar a cabo esforços em todos os sectores da actividade
económica (incluindo o sector terciário) com o objectivo de promover a
conservação de energia em todos os sectores, divulgando os esquemas de
incentivos nacionais e comunitários, bem como as vantagens da implementação
de tecnologias energéticas eficientes.

Sistemas de Estímulos à Utilização Racional de Energia — SEURE

Em vigor, até 27 de Maio de 1988, o «Sistema de Estímulos à Utilização Racional de


Energia e ao desenvolvimento de novas formas de energia» foi instituído pelo Decreto-Lei
n.º 250/86 e regulamentado pela Portaria n.º 464/86 publicados em 25 de Agosto de
1986.
Ao abrigo daquele regime de auxílio foram apresentados cerca de 240 projectos dos
quais 80 foram aprovados, o que correspondeu a um apoio financeiro (a fundo perdido)
da ordem dos 850 000 contos.
A economia de energia resultante da execução dos projectos apresentados foi da
ordem de 360 Ktep/ano. Para os 80 projectos aprovados estima-se em 150 Ktep/ano o
valor energético anual daqueles investimentos em Utilização Racional de Energia.
Este sistema de estímulos abrangeu apenas instalações industriais que
pretendessem executar projectos nos seguintes domínios:

a) economia de energia;
b) produção de energia tendo em vista o aproveitamento de recursos renováveis ou
subprodutos da produção ou ainda utilizando técnicas de cogeração;
c) diversificação de energia;
d) projectos de demonstração no quadro do desenvolvimento de novas formas de
energia;
e) projectos de construção e experimentação de protótipos ou de instalações piloto.

De acordo com aquela legislação, eram atribuídos subsídios a fundo perdido,


variáveis entre 15% e 20% do custo do investimento, conforme o tipo de projecto, nos
casos das alíneas a) e b), e com um limite superior de 80 000 contos; de 15% para o
caso da alínea c) e com o mesmo limite superior; de 15% a 25% no caso da alínea d) e
com um limite superior de 15 000 contos; e de 20% a 30% no caso da alínea e) e com
limite superior de 7 000 contos.

68
Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia - SIURE

Em vigor desde 27 de Maio de 1988 este sistema dá continuidade ao anterior


sistema de estímulos. Instituído pelo Decreto-Lei n.º 188/88 e regulamentado pela
Portaria n.º 344/88 (publicados em 27 de Maio de 1988) este sistema de incentivos
abrange de uma forma transversal todas as actividades e formas de consumo bem
como permitiu o acesso do sector privado ao programa comunitário VALOREN, no âmbito
do desenvolvimento regional.
Poderão ser financiadas pelo SIURE operações dos seguintes tipos:

• Projectos de investimento nas seguintes áreas:


− Conservação e economia de energia;
− Produção de energia e combustíveis a partir de recursos renováveis;
− Produção combinada de calor e electricidade;
− Substituição de produtos derivados do petróleo por outras fontes energéticas
primárias.

• Projectos nas áreas de investigação, desenvolvimento e demonstração, construção


e experimentação de protótipos;

• Estudos, auditorias energéticas e planos de racionalização dos consumos de


energia;

• Estudos de viabilidade técnico-económica e estudos de incidência sobre o


ambiente, bem como estudos visando a criação e promoção de sistemas de gestão
da energia nas instalações consumidoras.

Regulamento da Gestão do Consumo de Energia — RGCE

Em vigor desde 7 de Abril de 1982 o RGCE foi revitalizado em 1988 com o objectivo
de motivar o seu cumprimento bem como torná-lo efectivamente aplicável a todos os
sectores da actividade económica.
Como consequência da aplicação do RGCE todo o consumidor intensivo de energia
deverá implementar as seguintes acções:

− Examinar as condições de utilização da energia (Auditoria Energética);


− Planear a racionalização dos consumos de energia, determinando assim as metas
a atingir na redução dos consumos específicos de energia (Plano de
Racionalização);
− Executar o Plano de Racionalização de modo a serem atingidos os seus objectivos.

69
Assim, todos os 5 anos deverá ser efectuada uma auditoria energética completa, de
acordo com as normas e formulários recomendados pela DGE a fim de serem, entre
outros, determinados:

− consumos específicos da energia;


− balanços de fluxos energéticos;
− condições de utilização e conversão da energia;
− eficiência dos sistemas de conversão da energia;
− investimentos realizados e/ou a realizar.

A dinamização da aplicação do RGCE permitirá não só um melhor conhecimento


sobre a forma como se consome a energia em Portugal, bem como uma progressiva
diminuição da intensidade energética do PIB trazendo a elasticidade do consumo de
energia, relativamente ao crescimento económico, para valores inferiores à unidade.

Programa Comunitário VALOREN

Com uma forte componente regional foi instituído, pelo regulamento (CEE) n.º
3301/86 do Conselho de 27 de Outubro de 1986, um programa comunitário relativo ao
desenvolvimento de certas regiões desfavorecidas da Comunidade por meio da
valorização do potencial energético endógeno - Programa VALOREN. Este foi um
programa comunitário do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) cujos
objectivos eram:

− Exploração dos recursos energéticos endógenos;


− Utilização Racional da Energia;
− Promoção de novas tecnologias energéticas.

Portugal beneficiou no decorrer dos cinco anos de duração do programa (1987-


1991), de um total de 10 milhões de contos, dos quais aproximadamente 2,5 milhões
de contos se destinavam a operações de conservação de energia.
A articulação do SIURE com o programa comunitário VALOREN permitiu o acesso do
sector privado, nomeadamente as pequenas e médias empresas, aos fundos FEDER.
Nestes casos a comparticipação global (SIURE e VALOREN) para as operações de
Utilização Racional de Energia poderia atingir 50% das aplicações relevantes do
projecto.

70
Sistema de «Financiamento por Terceiros»

Com vista a procurar para os projectos de Utilização Racional de Energia apoios


técnicos e financeiros consistentes, numa fórmula combinada e completa, o Ministério
da Indústria e Energia está empenhado em promover a criação em Portugal de
sociedades de serviços de energia que promovam o denominado «financiamento por
terceiros».
Este sistema de financiamento, aplicado aos projectos que geram economias de
energia, distingue-se das operações de locação financeira, do crédito de fornecedores
de equipamentos e outras formas, em três aspectos fundamentais:

− Trata-se de um contrato que prevê explicitamente o fornecimento de um serviço de


consultoria e assistência técnica, o financiamento integral de um investimento e a
garantia de um resultado concreto;
− O financiamento da operação responsabiliza-se, não só pela realização total do
projecto, como pela própria condução de exploração da instalação durante a
vigência do contrato;
− O investimento, inclui os serviços associados e outros encargos, é amortizado em
função das economias de energia realmente conseguidas, medidas por
comparação com situação de partida. Normalmente a renda corresponde a uma
parcela daquela poupança.

Apesar de não se prever a afectação de capitais públicos a esta actividade, está a


Secretaria de Estado da Energia com o apoio da Comissão das Comunidades Europeias,
interessada em procurar as fórmulas e os meios de suporte à penetração deste sistema
de financiamento em Portugal.

Produção Independente de Energia Eléctrica

De uma forma complementar, a lei do produtor independente de energia eléctrica


veio favorecer as acções de conservação de energia, principalmente no sector industrial
onde for possível a implementação de sistemas de cogeração, bem como motivar o
melhor aproveitamento dos recursos energéticos renováveis em Portugal.
A lei do produtor independente, publicada no Diário da República, I Série, de 27 de
Maio de 1988 (Decreto-Lei n.º 189/88) admite a produção independente de energia
eléctrica até uma potência instalada de 10 MVA, para sistemas isolados, e sem limite de
potência instalada para sistemas de cogeração. De uma forma genérica, a facturação da

71
energia fornecida pelo produtor será feita segundo a tarifa praticada, para os
consumidores da rede, correspondente ao nível de tensão imediatamente superior
àquele em que é feita a interligação. Para a energia vendida em média tensão, prevê-se
um valor médio da ordem dos 14$00 por kWh facturado.

Regulamento das Condições Térmicas em Edifícios

Em portaria de 30 de Julho de 1986 o Conselho Superior de Obras Públicas e


Transportes cria a Subcomissão do Regulamento das Condição Térmicas em Edifícios
para proceder à elaboração de normas técnicas para os edifícios nos domínios:

− das condições térmicas — sistemas passivos


− das condições térmicas — sistemas de climatização activa

Como resultado do trabalho efectuado por aquela Subcomissão, surgem os dois


primeiros regulamentos com propósitos de optimização energética em edifícios. Em
1990 foi publicado o RCCTE — Regulamento das Características de Comportamento
Térmico dos Edifícios, cujo âmbito é a qualidade térmica das envolventes dos edifícios,
fundamentalmente em termos de isolamento térmico. Em 1992 foi publicado o RQSECE
— Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios,
cujo âmbito é a qualidade dos sistemas activos a instalar nos edifícios.
O objectivo esperado daqueles Regulamentos é a intensificação de acções que
conduzam à economia de energia e à sua utilização racional nos edifícios tendo em
atenção os aspectos técnicos económicos e de conforto. Estes Regulamentos deverão
ser objectivo de um esforço de divulgação e de fiscalização suplementares, por parte
das entidades obrigadas, a fim de produzirem os efeitos esperados. Actualmente ainda é
muito reduzido o cumprimento daqueles Regulamentos pelo que se torna necessário
exigir, às Câmaras Municipais, uma atitude de maior rigor na apreciação (e consequente
aprovação) dos projectos que lhes são apresentados.

Conservação de Energia nos Transportes

Com apoio do Banco Mundial, teve início em 1988 o 3.º Projecto Rodoviário, realizado
em Portugal, que veio contribuir para melhor conhecer o sector dos Transportes do
ponto de vista energético já que, aquele projecto, contemplava os seguintes estudos:

− Política de Gestão de Energia no Sector dos Transportes, Auditorias Energéticas;


− Produtividade do Transporte Rodoviário de Mercadorias;
− Imputação dos encargos pela utilização das infra-estruturas rodoviárias;

72
− Estudo do eixo de Transporte Lisboa-Porto.
Dada a insuficiência deste Projecto, no que se refere à Energia, deverá ser
considerada a necessidade de implementar outro tipo de acções mais adequadas à
Conservação de Energia nos Transportes.

Centro para a Conservação de Energia — CCE

Em 10 de Maio de 1984 (Decreto-Lei n.º 174/84) foi criado o CCE com o objectivo de
dinamizar a área da Conservação e Utilização Racional de Energia em Portugal.
Até 1988 as actividades daquele Centro foram reduzidas, face aos objectivos e
programas de acção que lhe foram conferidos por estatutos.
É intenção da actual política energética nacional revitalizar e dinamizar o CCE a fim
de que possa cumprir as tarefas para as quais foi criado. O primeiro passo foi dado em
13 de Agosto de 1988 com a publicação da alteração dos seus estatutos. Importa agora
acreditar na sua verdadeira e eficaz implementação na cena energética nacional.
O Centro para a Conservação de Energia (pessoa colectiva de utilidade pública sem
fins lucrativos) pode definir-se como um centro especializado preocupado com os
problemas da energia, principalmente, do lado do consumo. O CCE é, assim, um
instrumento técnico, da Secretaria de Estado da Energia, com o objectivo de
implementar a política energética nacional, nomeadamente no âmbito da Conservação
da Energia.
Actualmente são seus sócios algumas instituições e empresas públicas, como por
exemplo o IAPMEI, o INETI, a EDP, a PETROGAL e a GDP mas também, como
componente fundamental, conta com a presença do sector privado através da
Associação Industrial Portuguesa e da Associação Industrial Portuense.
O CCE foi criado com vista a assegurar uma efectiva cooperação entre o Estado e os
restantes sectores e iniciou em 13 de Agosto de 1988 a sua revitalização com a
finalidade de poder, de forma efectiva, prosseguir na execução dos seus objectivos:

a) Colaborar na elaboração das políticas sectoriais de conservação de energia a


definir pelo governo;
b) Assegurar a conjugação e coordenação de esforços dos diversos organismos
públicos e entidades privadas na execução da política de conservação de energia;
c) Promover, em colaboração com as entidades interessadas, as acções necessárias
ao cumprimento dos objectivos da política energética em conservação de energia
que lhe sejam atribuídos pelo governo;

73
d) Promover a penetração das tecnologias adequadas à conservação da energia e
fomentar o fabrico e a qualidade dos equipamentos respectivos;
e) Promover informação técnica, económica e financeira junto dos consumidores de
energia;
f) Promover a formação especializada nos domínios relativos à sua finalidade;

Outras Acções

Outras acções foram desenvolvidas e aplicadas com vista à racionalização dos


consumos de energia e à sua gestão optimizada como sejam:

a) No âmbito de um contrato de financiamento, assinado pelo Governo português


com o Banco Mundial, a Direcção-Geral de Energia firmou, em 7 de Dezembro de
1984 com uma firma do Reino Unido, um contrato para a realização de um
diagnóstico energético (Energy Survey) na indústria que, entre outras acções
incluía:
− realização de auditorias energéticas
− formação técnica
− elaboração de manuais de conservação de energia

Este projecto forneceu diverso material de trabalho, que permitiu à Direcção-Geral


de Energia viabilizar medidas conducentes à utilização racional de energia, das
quais se salientam:
− a publicação dos consumos específicos de energia de referência, para os
subsectores industriais contemplados no projecto;
− início da implementação efectiva do Regulamento de Gestão do Consumo de
Energia;
− divulgação de diversa documentação técnica, para orientação e apoio ao
consumidor industrial.

No entanto, e tendo como finalidade rentabilizar todos os dados adquiridos com


aquele projecto, duas grandes acções deveriam ser encaradas:

• A intensificação e promoção de acções de formação em utilização racional de


energia nos vários sectores da actividade económica
Desenvolvendo um sistema eficaz de informação de modo a facilitar o
fornecimento atempado de orientações práticas sobre a gestão energética.
É de considerar ainda a necessidade de acentuar a importância e o significado
da energia e de informar os utilizadores das várias medidas simples que podem

74
e devem ser implementadas de modo a garantir que a utilização da energia seja
optimizada e eficiente.

• O Estabelecimento de um Programa de Investimentos adaptado à situação


económico-financeira das empresas submetidas a auditorias
As empresas, visitadas no âmbito deste projecto deveriam ser contactadas com
vista a ser verificada a eficácia do programa, isto é, avaliar sobre as realizações
efectuadas e que deveriam corresponder às medidas e recomendações (no
âmbito da conservação e utilização racional de energia) indicadas nos relatórios
das auditorias energéticas executadas no âmbito daquele projecto, Energy
Survey na indústria. Cada auditoria, por si só, não produz economias de energia.
Os industriais devem ser incentivados a concretizar e viabilizar as
recomendações feitas nos Relatórios das Auditorias e nos Planos de
Racionalização produzidos.

b) Com vista a uma melhor gestão do consumo de energia foi criado o Regulamento
da Gestão do Consumo de Energia (Decreto-Lei n.º 58/82 de 26 de Fevereiro e
Portaria n.º 359/82 de 7 de Abril) aplicável a qualquer instalação consumidora de
energia em relação à qual se verifique uma das seguintes situações:
− a instalação tenha tido, durante o ano anterior, consumo energético superior a
1000 tep/ano;
− tenha instalado equipamentos cuja soma dos consumos energéticos nominais
exceda 0,5 tep/hora;
− tenha instalado pelo menos um equipamento cujo consumo energético nominal
exceda 0,3 tep/hora.

c) Foi estabelecida uma linha de crédito do Banco Europeu de Investimento — IAPMEI


para as Pequenas e Médias Indústrias destinada a financiar projectos de médio e
longo prazos e, entre outras acções, apoio à conservação de energia, podendo
financiar instalações e edifícios, equipamentos produtivos, equipamentos de
controle de qualidade e equipamentos para conservação de energia.

d) Linha de crédito KFW/CGD, aberta para o investimento no domínio energético, em


termos amplos, dinamizada após resolução do conselho de Ministros de 86/12/05
e promulgada no D.R. n.º 423/86 de 27 de Dezembro.

e) Ensaios de rendimento em geradores de vapor e outros equipamentos, de acordo


com o Decreto-Lei n.º 45.115 de 5 de Junho de 1963. Toda a instalação de
geradores de vapor, em que a soma das respectivas superfícies de aquecimento
seja superior a 100 m2, será submetida a exames periódicos e deverá manter um

75
registo, que permita verificar, diariamente, o consumo de combustíveis e a
produção de vapor.

f) Para efectuar diagnósticos energéticos em pequenas e médias empresas foi


colocado à disposição do IAPMEI um ENERGY BUS. Este autocarro está equipado
com um micro processador e instrumentação de medida. Uma equipa técnica
executa o levantamento das condições de utilização da energia, quer no processo
produtivo quer em aquecimento, condicionamento do ar e iluminação.
No período de Outubro de 1986 a Dezembro de 1992 foram efectuados 431
diagnósticos energéticos em pequenas e médias empresas industriais, estando
previsto a realização de mais 50 diagnósticos até ao final de 1993.

g) Incentivos fiscais e aduaneiros


− Decreto-Lei n.º 312/82 de 4 de Agosto previa aplicação de incentivos fiscais e
aduaneiros em equipamentos para a utilização de energias alternativas
renováveis ou para a conservação e poupança de energia.
− Decreto-Lei n.º 197-C/86 de 18 de Julho, reúne dois importantes incentivos
fiscais ao investimento, o CIF — Crédito Fiscal ao Investimento e o DLRR —
dedução de Lucros Retidos e Reinvestidos.

h) Operações em Portugal no âmbito dos «Projectos de Demonstração de Energia» e


do «Programa Thermie».
A adesão de Portugal às Comunidades Europeias permitiu que o país se pudesse
candidatar a acções de «demonstração» no âmbito da energia. Este apoio pode ser,
no máximo, igual a 40% de custo elegível do projecto.
Actualmente este programa tem continuidade no «Programa Thermie».

i) A Caixa Geral de Depósitos criou, em 1980, uma linha de crédito bonificado


destinada a apoiar o investimento particular (e no sector doméstico) em
instalações de captação da energia solar-térmica através de colectores solares.
No período de 1980 a 1988 foram realizadas cerca de 12 000 operações a que
correspondeu um investimento de cerca de 3 000 000 contos.
A economia de Energia esperada com a realização daqueles investimentos é da
ordem dos 2 800 tep/ano, a que corresponde um esforço de investimento da
ordem de 813 contos/tep/ano economizada. Este esforço é excessivamente
exagerado bem como o tempo de retorno bruto do investimento, que se situa na
ordem dos 14 anos, isto é, no fim do tempo de vida útil do equipamento.

76
Em termos de política energética portuguesa podemos concluir que foi produzido um
conjunto de instrumentos com objectivos claros de dinamização e promoção da
conservação e utilização racional de energia, cuja consequência imediata deveria ter
sido a melhoria da eficiência energética da economia portuguesa. É necessário, agora,
intervir de uma forma mais directa e pragmática para que os resultados comecem a
surgir, garantindo que aqueles instrumentos são utilizados de forma eficaz.

4.3 A política Energética Comunitária (uma breve referência)

A política energética comunitária está formulada através de um conjunto de


objectivos, apresentados na Primavera de 1985, que deverão ser cumpridos até 1995.
As orientações que dão corpo à citada política são:

− a eficiência da utilização final da energia deve ser melhorada em pelo menos 20%,
no período de 1985 a 1995.
− o consumo de petróleo deve diminuir em cerca de 40%, em relação ao consumo
total de energia, a fim de manter as importações líquidas de petróleo a um nível
inferior a um terço do consumo total de energia na Comunidade;
− a quota do gás natural deve conservar a sua posição actual no balanço energético,
a fim de garantir a segurança e a diversidade do abastecimento;
− a quota dos combustíveis sólidos no consumo de energia deve aumentar;
− devem ser prosseguidos esforços no sentido de incentivar o consumo de
combustíveis sólidos e de melhorar a competitividade das capacidades de
produção na Comunidade Europeia;
− a quota da electricidade produzida a apartir de hidrocarbonetos deve diminuir para
menos de 15% até 1995;
− a quota das energias novas e renováveis deve aumentar sensivelmente a fim de
que estas fontes energéticas possam contribuir eficazmente para o balanço
energético total.

O primeiro controlo efectuado pela Comissão, ao cumprimento destes objectivos, foi


executado em 1988 e permitiu concluir que os objectivos estabelecidos em 1985 não
serão, provavelmente, alcançados na sua totalidade. Os princípais resultados daquele
controlo foram:

− até 1995 será praticamente impossível aumentar a eficiência da utilização final de


energia até ao nível mínimo previsto de 20%;

77
− a parte do petróleo no consumo bruto de energia diminuirá até cerca de 43%; as
importações líquidas de petróleo representarão aproximadamente um terço do
consumo total de energia na Comunidade Europeia;
− a quota do gás natural no balanço energético deverá manter-se mais ou menos
estável;
− a quota dos combustíveis sólidos no consumo bruto de energia deverá acusar um
ligeiro aumento;
− a quota dos hidrocarbonetos na produção de electricidade deverá diminuir para
menos de 15%; as quotas dos combustíveis sólidos e da energia nuclear deverão
atingir, respectivamente, 44% e 38%;
− a quota das energias renováveis no balanço energético global da Comunidade
devem representar cerca de 2%.

Face a estes resultados a Comissão prossegue no desenvolvimento de esforços


conducentes à melhoria da eficiência energética e à promoção das energias renováveis
através dum conjunto de programas de apoio, como sejam:

− Programa Thermie
− Programa SAVE
− Programa ALTENER
− Programação Energética Regional e Urbana

Em paralelo a Comissão das Comunidades Europeias continua a preparar o mercado


interno da energia procurando detectar e eliminar as barreiras técnicas à sua
concretização.

78
5. A GESTÃO DA ENERGIA

A diversidade de formas de energia utilizadas numa instalação consumidora


(estabelecimento industrial, edifício, etc.) e a complexidade das diferentes
transformações que podem intervir na utilização da energia, justificam a necessidade de
uma rigorosa gestão da energia na empresa.
Diferentes métodos de gestão podem ser aplicados e cada um deles pode ser
desenvolvido com níveis de complexidade diferentes. A opção, sobre o melhor método e
sobre o nível de execução, deverá ser tomada pelo Gestor de Energia da empresa, em
função da dimensão e da complexidade da instalação consumidora a gerir. Em qualquer
circunstância o método e o nível de gestão deverá poder, sempre, dar satisfação às
questões fundamentais:

• conhecer os consumos de energia;


• contabilizar os consumos de energia;
• dispor de dados para decidir;
• agir para optimizar;
• controlar as situações.

Assim é fundamental que o método utilizado permita, genericamente:

• a medida e a valorização da energia consumida, seja ao nível global seja por sector
produtivo da empresa
• o cálculo do valor da energia transformada no seio da empresa
• a determinação da parte da energia no preço de custo dos produtos fabricados
• a análise da situação existente para determinar as possibilidades de acção e fixar
as prioridades e as metas a atingir
• a avaliação e o acompanhamento da rentabilidade dos investimentos em
eficiência energética

Qualquer que seja o sistema organizado de gestão de energia que venha a ser
utilizado a sua aplicação deverá sempre passar por uma fase prévia que corresponde ao
conhecimento energético da instalação consumidora. Esta fase corresponde à
elaboração de uma Auditoria Energética que deverá fornecer um conjunto muito
importante de informações ao sistema organizado de gestão energética, isto é, ao
método de gestão idealizado para implementar na instalação consumidora. A auditoria
energética, além de determinar um conjunto importante de dados e parâmetros

79
energéticos deverá fornecer um lote de informações que corresponderá ao «ponto de
partida» para o controlo e para o estabelecimento de metas do sistema energético da
instalação, isto é, deverá quantificar para o ano de referência (ano zero) os valores das
principais grandezas, parâmetros e indicadores que irão ser controlados no decorrer do
processo de gestão de energia na empresa.
O método de gestão a implementar deverá ser capaz de, a partir da informação
recebida pela auditoria energética, desenvolver um conjunto de acções de controlo,
associadas ao estabelecimento de metas a serem atingidas, que deverão permitir,
basicamente:

• o estabelecimento de procedimentos de medida e controlo de grandezas


energéticas, da produção e dos processos produtivos
• o tratamento de informação para produzir os indicadores energéticos convenientes
ao método da gestão e ao seu nível de execução, como sejam por exemplo os
consumos específicos.
• a valorização, em unidades monetárias, dos consumos de energia determinados
ou medidos, com vista a quantificar as despesas (semanais, mensais ou anuais)
pelas várias formas de energia final utilizadas.
• a implementação de uma contabilidade energética que permita determinar, para
cada centro de custos, a contribuição da energia na formação do custo final do
produto.
• o estabelecimento de planos de racionalização dos consumos de energia com vista
a serem atingidas as metas previamente definidas. Nestes planos de
racionalização deverão constar os planos de investimento necessários à
concretização dos objectivos da gestão energética da empresa.

Figura 5.1 — Esquema simplificado de um sistema organizado de gestão energética

80
5.1 A Auditoria Energética

O exame das instalações, vulgarmente designado por Auditorias Energética, tal como
uma auditoria ás contas de uma empresa, consiste basicamente numa radiografia ao
conjunto das instalações e equipamentos consumidores de energia, de modo a
estabelecer os fluxos das energias úteis e dos desperdícios, a fim de determinar as
soluções mais adequadas para diminuir estes últimos e tendo em vista a redução dos
custos associados ao consumo de energia.
As Auditorias Energéticas permitem fornecer informação específica e identificar as
possibilidades reais de economizar energia, consistem basicamente num exame crítico
da forma como é utilizada a energia com base no registo tanto quanto possível rigoroso,
dos consumos e custos.
Constituindo uma verdadeira radiografia, do ponto de vista energético de uma
instalação consumidora, a Auditoria Energética tem por objectivos:

− determinar as formas de energia utilizadas;


− examinar o modo como a energia é utilizada e os respectivos custos;
− estabelecer a estrutura do consumo de energia;
− determinar os consumos por processo, operação ou equipamento;
− relacionar o consumo de energia com a produção e/ou com o nível de
funcionamento da instalação;
− identificar as possibilidades de melhoria dos rendimentos energéticos;
− analisar técnica e economicamente as soluções encontradas;
− estabelecer metas de consumo de energia sem alterações de processo;
− propor um programa para as acções e investimentos a empreender;
− propor, se inexistente, um sistema organizado de gestão de energia na empresa.

A metodologia, mais comum, utilizada na execução de uma auditoria energética é


constituída basicamente por quatro fases de intervenção:

• Primeira fase — a preparação da auditoria;


• Segunda fase — a intervenção no local da instalação a auditar;
• Terceira fase — o tratamento da informação recolhida nas duas primeiras fases;
• Quarta fase — a elaboração do relatório da auditoria energética.

81
5.1.1 Primeira fase — Preparação da auditoria

A fase de preparação da auditoria reveste-se de grande importância constituindo um


elemento decisivo para a qualidade do trabalho a desenvolver. Esta primeira fase é
normalmente composta pelas seguintes tarefas:

• Visita prévia às instalações a auditar;


• Recolha dos dados correspondentes aos registos históricos dos últimos três anos
de actividade;
• Estudo e análise do processo produtivo implementado nas instalações a auditar;
• Levantamento das tecnologias de processo e das tecnologias energéticas,
disponíveis no mercado, caracterizadas por uma elevada eficiência.

A visita prévia permite um primeiro contacto com a instalação devendo ser feita,
nesta fase, uma análise profunda sobre o processo (ou processos) produtivo implantado,
estabelecendo-se os fluxogramas de processo que deverão acompanhar os auditores no
trabalho de campo a ser desenvolvido posteriormente. Nesta primeira visita deverão ser,
também, avaliados os pontos onde deverão ser realizadas medidas e registos
energéticos, com vista a serem disponibilizados os meios necessários.
Com vista a permitir obter um conjunto de informação relevante para posterior
tratamento e consequente produção de indicadores de referência, deverá nesta primeira
fase ser efectuada uma cuidada recolha dos dados correspondentes aos registos
históricos dos últimos anos de actividade (normalmente três anos). Alguns dos dados a
recolher nesta fase são, por exemplo:

• Consumos de energia final por tipo de energia consumida e por ano


• Factura energética por tipo de energia consumida e por ano
• Produções anuais, em unidades físicas (kg, t, l, etc.), por tipo de produto
• Valores brutos da produção, por tipo de produto e por ano
• Valores acrescentados brutos, por tipo de produto e por ano
• Custos anuais de exploração
• …

A recolha inicial de dados constituirá um complemento ao inquérito normalmente


enviado à empresa para preenchimento. Apresenta-se, a título de exemplo, um modelo
de inquérito para recolha de dados.

82
MODELO DE INQUÉRITO
PARA EXECUÇÃO DE UMA AUDITORIA ENERGÉTICA

A. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA:

1.SEDE

1.1 NOME .........................................................................................................................................................................


1.2 ENDEREÇO .................................................................................................................................................................
1.3 CÓDIGO POSTAL ............................................... 1.4 LOCALIDADE ...............................................................................
1.5 CONCELHO ................................................................................................................................................................
1.6 DISTRITO ....................................................................................................................................................................
1.7 TELEFONE .................................................................................................................................................................
1.8 TELEFAX ..................................................................... 1.9 TELEX ...............................................................................
1.10 PESSOA DE CONTACTO E SUA POSIÇÃO/CARGO ......................................................................................................

2.FÁBRICA

2.1. NOME .......................................................................................................................................................................


2.2. ENDEREÇO ...............................................................................................................................................................
2.3. CÓDIGO POSTAL ............................................. 2.4. LOCALIDADE ..............................................................................
2.5. CONCELHO ................................................................................................................................................................
2.6. DISTRITO ...................................................................................................................................................................
2.7. TELEFONE .................................................................................................................................................................
2.8. TELEFAX ................................................................... 2.9. TELEX ...............................................................................
2.10. PESSOA DE CONTACTO E SUA POSIÇÃO/CARGO .....................................................................................................

3. SECTOR DE ACTIVIDADE

3.1. DESIGNAÇÃO .............................................................................................................................................................


3.2. CLASSIFICAÇÃO DE ACTIVIDADE ECONÓMICA (C.A.E) ................................................................................................

4. OUTROS DADOS

4.1. DATA DE ARRANQUE DA FÁBRICA..............................................................................................................................


4.2. NÚMERO DE EMPREGADOS (Se possível, desagregar por nível de qualificação) ......................................................

N.º NÍVEL DE QUALIFICAÇÃO


....................... ..................................................................................
....................... ..................................................................................
....................... ..................................................................................
....................... ..................................................................................
....................... ..................................................................................

4.3. ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DA FÁBRICA / ÁREA COBERTA DE EDIFÍCIOS (valores aproximados)


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

Fonte: CCE — Centro para a Conservação de Energia

83
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

B. ACTIVIDADES DE PROCESSO:

5. FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO — Anexar a este Questionário um diagrama processual da instalação fabril,


indicando a sequência de operações unitárias desde a recepção das matérias-primas até à obtenção do produto
final (sempre que possível, anexe também um esboço ou planta de disposição (layout) dos equipamentos).
6. SERVIÇOS AUXILIARES — Apresentar uma listagem das diferentes unidades de produção de utilidades ou serviços
auxiliares existentes (ex.: produção de vapor, produção de energia eléctrica, ar comprimido, água de refrigeração,
etc.).

C. MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS:

7. LISTAR E INDICAR QUANTIDADES DAS MATÉRIAS-PRIMAS CONSUMIDAS, EM CADA UM DOS ÚLTIMOS 3 ANOS E
DURANTE O PRESENTE ANO (ACUMULADO). ESPECIFICAR A SUA ORIGEM E OS MEIOS EMPREGUES NO SEU
TRANSPORTE PARA A INSTALAÇÃO.

Ano Matéria-prima Quantidade Unidade Origem Transporte

8. LISTAR E INDICAR QUANTIDADES DE MATERIAIS RECICLADOS DURANTE OS MESMOS PERÍODOS DO ITEM


ANTERIOR.

Origem/
Ano Material Quantidade Unidade Transporte
Utilização

84
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

9. É FEITA ALGUMA UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS OU PRODUTOS RESIDUAIS DESTA FÁBRICA NOUTRO


LOCAL?........................................................................................................................................................................

Produtos secundários ou resíduos Unidades Uso secundário

10. LISTAR OS PRODUTOS PRINCIPAIS, PARA CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS E DURANTE O PRESENTE ANO
(ACUMULADO).

Capacidade máxima Produção Organização do Trabalho


Ano Produto Unidade
de produção verificada (*) Turnos,horas/ano

(*) Se houver diferenças entre secções de produção indique.

11. APRESENTAR EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO MENSAL DOS VALORES DE PRODUÇÃO DA INSTALAÇÃO GLOBAL
APRESENTADOS EM 10., APENAS REFERENTES AO ÚLTIMO ANO E AO PRESENTE ANO.
12. APRESENTAR EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO MENSAL DOS VALORES DE PRODUÇÃO (SEMPRE QUE OS HAJA) POR
SECÇÃO DE PRODUÇÃO E/OU PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS, PARA O ÚLTIMO ANO E MESES DECORRIDOS DO
PRESENTE ANO.
13. NDICAR PARA CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS OS VALORES REGISTADOS DE VBP — VALOR BRUTO DE
PRODUÇÃO, VAB — VALOR ACRESCENTADO BRUTO E CE — CUSTOS DE EXPLORAÇÃO (entendendo-se este último
valor como a soma dos custos de pessoal, dos custos da energia, dos custos das matérias-primas consumidas,
dos fornecimentos e serviços de terceiros e dos custos de manutenção).

Ano VBP (103 escudos) VAB (103 escudos) CE (103 escudos)

14. PRODUÇÃO PARA EXPORTAÇÃO (%) E PRINCIPAIS MERCADOS:


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

85
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

D. ENERGIA COMPRADA/CONSUMIDA:

15. ANEXAR REGISTOS DE CONSUMOS DE TODAS AS FORMAS DE ENERGIA UTILIZADAS NA INSTALAÇÃO GLOBAL, EM
CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS E DURANTE O PRESENTE ANO (ACUMULADO), QUE PERMITAM PREENCHER PARA
CADA UM DAQUELES PERÍODOS UMA TABELA DO TIPO SEGUINTE:

Forma de energia Quantidade/ano Unidades Custo/ano


Electricidade .adquirida
Thick fuelóleo
Thin fuelóleo
Burner fuelóleo
Diesel fuelóleo
Gasóleo
Petróleo
Butano
Propano
Gás de cidade
Carvão
Coque
Lenha
Resíduos vegetais
Outros (indicar)

NOTAS:

— No caso de combustíveis sólidos deverão ser indicados também os respectivos poderes caloríficos
inferiores.
— No caso da electricidade adquirida solicita-se cópias de todas as facturas mensais da EDP, correspondentes
aos períodos em análise. Se houver registos de consumos efectuados pela empresa que difiram dos valores
das facturas também deverão ser apresentados.
— No caso de combustíveis (sólidos, líquidos e gasosos) solicita-se igualmente a apresentação dos consumos
desagregados mensalmente (preferencialmente a partir de registos da empresa ou, na falta daqueles, pela
apresentação de cópias das facturas dos respectivos abastecimentos), apenas para o último ano e para os
meses decorridos do presente ano (até à data de realização da auditoria).
— Sempre que os dados pedidos atrás, a serem fornecidos pela empresa, não contenham informação sobre a
origem e o preço actual de cada forma de energia, estes elementos também deverão ser apresentados em
anexo (no caso do preço, através de cópia da última factura da entidade abastecedora).

16. ANEXAR REGISTOS DE CONSUMOS MENSAIS (SE OS HOUVER) DAS VÁRIAS FORMAS DE ENERGIA
UTILIZADAS, DESAGREGADOS POR SECÇÕES PRODUTIVAS E/OU PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS, E POR
PRODUTO, DURANTE O ÚLTIMO ANO E MESES DECORRIDOS DO PRESENTE ANO. NA AUSÊNCIA DAQUELES
REGISTOS INDICAR ESTIMATIVAS DE VALORES EM PERCENTAGEM RELATIVAMENTE AO TOTAL DE ENERGIA
UTILIZADO NA INSTALAÇÃO GLOBAL.

86
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

E. ELECTRICIDADE AUTOPRODUZIDA:

17. EXISTE AUTOPRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA NA FÁBRICA?

Sim Não

18. EM CASO AFIRMATIVO, QUAL O TIPO DE GERADOR INSTALADO?

diesel turbina de gás outros

turbina de vapor caldeira de recuperação

19. QUAL A POTÊNCIA DE AUTOPRODUÇÃO INSTALADA?....................................kW


ANEXAR FOLHA COM CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO SISTEMA INSTALADO.

20. QUAL A QUANTIDADE DE ENERGIA ELÉCTRICA PRODUZIDA NA FÁBRICA DURANTE O ANO PASSADO?
..................................kWh.
SE POSSÍVEL, INDICAR TAMBÉM AUTOPRODUÇÃO DOS DOIS ANOS ANTERIORES.

21. COMBUSTÍVEIS USADOS PARA A AUTOPRODUÇÃO:

Tipo de combustível Quantidade consumida Unidades

22. A CAPACIDADE DE AUTOPRODUÇÃO IRÁ SER AUMENTADA?


Sim Não

EM CASO AFIRMATIVO, PORMENORIZE:.............................................................................................................


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

F. PRODUÇÃO COMBINADA DE CALOR E ENERGIA ELÉCTRICA (COGERAÇÃO):

23. EXISTE ALGUM SISTEMA DE COGERAÇÃO INSTALADO NA FÁBRICA?


Sim Não

24. EM CASO AFIRMATIVO, PREENCHER O QUESTIONÁRIO ESPECÍFICO DE COGERAÇÃO ANEXO A ESTE.

25. QUAL A DATA DE INSTALAÇÃO DO SISTEMA?....................................................................................................

26.

87
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

26. EXISTEM PLANOS PARA INSTALAR SISTEMAS DE COGERAÇÃO OU PARA AUMENTAR A CAPACIDADE
DE UM SISTEMA JÁ EXISTENTE?..........................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
................................................................................................

G. CONSUMO DE ELECTRICIDADE

27. QUAL É A POTÊNCIA TOTAL INSTALADA EM MOTORES E OUTRO EQUIPAMENTO?...... kW. SEMPRE
QUE POSSÍVEL, APRESENTE EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO DESSE VALOR.

28. ESPECIFICAR A TENSÃO UTILIZADA:....................................................................................................................

29. INDICAR OS CONSUMOS ANUAIS MAIS RECENTES:

ELECTRICIDADE kW/h/ CONSUMIDOS


Adquirida
Autoproduzida

QUANDO DISPONÍVEIS INDICAR CONSUMOS MENSAIS DO PERÍODO ANUAL MAIS RECENTE. ANEXAR
FOLHA COM A INFORMAÇÃO SUPLEMENTAR.

30. EXISTEM DADOS DISPONÍVEIS SOBRE VARIAÇÕES DIÁRIAS E SAZONAIS DO CONSUMO DE


ELECTRICIDADE?

31. EXISTE UMA CURVA DE CARGA DIÁRIA?

Sim. Anexar cópia. Não

32. QUAL O VALOR MÉDIO DO FACTOR DE POTÊNCIA DA FÁBRICA?.......

33. DESAGREGAR O CONSUMO DE ELECTRICIDADE SEGUNDO A TABELA SEGUINTE:

QUANTIDADE (kWh/…) % DO TOTAL


Força motriz (motores)
Aquecimento
Iluminação
Outros (especificar)

NOTA: É aceitável uma estimativa mesmo que grosseira, se não houver dados mais precisos disponíveis.

88
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

H. GERADORES DE ENERGIA TÉRMICA (ÁGUA QUENTE, VAPOR, AR QUENTE E TERMO-FLUIDO)

34. QUANTOS GERADORES (CALDEIRAS) ESTÃO INSTALADOS?...........................................................................


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

35. ESTÁ PLANEADO ALGUM AUMENTO DESTE NÚMERO OU QUAISQUER ALTERAÇÕES?.............................


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

36. COMPLETAR A TABELA SEGUINTE PARA CADA GERADOR:

Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º
Água quente
Vapor
Termofluido
Ar quente
Fabricante
Ano de fabrico
Tipo/Modelo
Pot. Nominal
(kcal/h ou kW)
Sup. aquec. (m2)
Combustível
Queimador
• Marca
• Tipo
• Regulação
• Caudal nominal( )
• Consumo médio/ano
• Temp. comb. (oC)
Fluido a aquecer
(valores nominais)
• Temp. entrada (oC)
• Temp. saída (oC)
• Pressão (kg/cm2)
• Timbre (kg/cm2)
• Caudal
Eficiência estimada
(baseada no PCI)

89
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

APENAS PARA GERADORES DE VAPOR:

37. QUAL É A ORIGEM DA ÁGUA DE COMPENSAÇÃO DA(S) CALDEIRA(S)?.........................................................


...........................................................................................................................................................................................

38. QUE TIPO DE TRATAMENTO DE ÁGUA É USADO?..............................................................................................


........................................................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................

39. QUAL É A QUALIDADE DA ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO?


T.S.D.(ppm): ...............; DUREZA (ppm CaCO3): ...............; PH: ...............

40. QUAL O NÍVEL DE T.S.D. MANTIDO NA(S) CALDEIRA(S)? ...............ppm

41. QUAL É O CONSUMO ANUAL DE ÁGUA DE COMPENSAÇÃO? ...............t/ano

42. QUAL É A PERCENTAGEM DE RETORNO DE CONDENSADOS? ............%

43. QUAL É O CONSUMO MÁXIMO DE VAPOR? ...............t/h

I. UTILIZAÇÃO DE ENERGIA

44. QUAIS AS UNIDADES PROCESSUAIS / DEPARTAMENTOS QUE SÃO OS MAIORES CONSUMIDORES DE


ENERGIA?

Energia utilizada, Consumo específico de Combustíveis


Unidade Eficiência
tipo, quantidade energia (1) alternativos *

*
Com ou sem modificação da instalação.
(1)
Se possível indicar consumos específicos de energia verificados mensalmente ao longo do período anual mais recente.
Indicar claramente o período abrangido. Anexar folhas com a informação suplementar.

45. QUE QUANTIDADE DE ENERGIA É USADA NO A QUECIMENTO / ARREFECIMENTO DE EDIFÍCIOS?


...........................................................................................................................................................................................

46. QUE QUANTIDADE DE ENERGIA É USADA NO MANUSEAMENTO E TRANSPORTE DENTRO DA


FÁBRICA? ..................................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................................................

47. HÁ AQUECIMENTO DOS TANQUES DE FUELÓLEO?

Não
Sim

90
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

48. SE AFIRMATIVO, COMO É FEITO O AQUECIMENTO? .........................................................................................


........................................................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................

49. COMO É FEITO O CONTROLO DO SISTEMA? .......................................................................................................


........................................................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................

J. GESTÃO DE ENERGIA

50. QUEM É O RESPONSÁVEL PELA GESTÃO DE ENERGIA NA FÁBRICA?


NOME: .......................................................................................................................................................................
POSIÇÃO: ...................................................................................................................................................................
TEMPO INTEIRO / TEMPO PARCIAL: .....................................................................................................................
HABILITAÇÕES, EXPERIÊNCIA: ..............................................................................................................................

51. EXISTE UMA «EQUIPA DE ENERGIA»?

Sim Não

EM CASO AFIRMATIVO, QUANTAS PESSOAS A CONSTITUEM? ........................................................................

52. EXISTE UMA «COMISSÃO DE ENERGIA"?

Sim Não

53. EM CASO AFIRMATIVO, INDICAR OS MEMBROS DA COMISSÃO E OS SEUS CARGOS:

Nome Cargo Nome Cargo

54. QUAIS AS FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DA «COMISSÃO DE ENERGIA»? ...............................................


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................

55. COMO É FEITO O EXAME E CONTROLO DO CONSUMO DE ENERGIA?

pela Direcção apenas?

só por engenheiro(s) séniores do Departamento de .....................?

por cada instalação dentro da empresa?

como rotina ou de vez em quando?

QUANDO FOI REALIZADO O ÚLTIMO EXAME COMPLETO?...................

91
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

56. QUE TIPO DE ANÁLISES DE CONSUMOS DE ENERGIA SÃO REALIZADAS?

por departamentos (ex.: escritórios, instalações processuais)?

por equipamentos principais (ex.: fornos, caldeiras)?

por utilização final (ex.: iluminação, calor de processo, equipamento rotativo)?

por principais linhas de produção?

por períodos mensais?

57. QUE UNIDADES DE MEDIDA SÃO USADAS NA(S) ANÁLISE(S) REFERIDA(S)? ................................................
...........................................................................................................................................................................................

58. OS CONSUMOS DE DIFERENTES FORMAS DE ENERGIA SÃO CONVERTIDOS NUMA UNIDADE DE


ENERGIA COMUM, POR EXEMPLO, KJ, MJ, GJ, KCAL, KWH, TEP?

Sim (Unidade .................) Não

59. A ANÁLISE INCLUI O ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE A ENERGIA UTILIZADA E O NÍVEL DE


PRODUÇÃO?

Sim Não

60. DESCREVA SUCINTAMENTE OS REGISTOS DE CONSUMO DE ENERGIA QUE SÃO EFECTUADOS:


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

61. É FEITA UMA COMPARAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ENERGIA ACTUAL E OS CONSUMOS


VERIFICADOS EM PERÍODOS ANTERIORES OU OS CONSUMOS VERIFICADOS EM FÁBRICAS
SIMILARES? PORMENORIZE: ..................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

62. SÃO ESTABELECIDAS CORRELAÇÕES ENTRE CONSUMOS DE ENERGIA E VARIAÇÕES DA QUALIDADE


DO(S) PRODUTO(S), OU DA QUALIDADE / TIPO DE MATÉRIAS-PRIMAS, OU DAS CONDIÇÕES
CLIMATÉRICAS OU DA UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE, ETC.? PORMENORIZE: ……………………...............
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

63. SÃO ESTABELECIDOS PELA DIRECÇÃO OBJECTIVOS QUANTITATIVOS QUANTO A:

consumo total de energia?

consumo específico de energia?

economia de energia (ex.: redução percentual)?

melhoramentos em processos específicos ou fases de fabrico?

92
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)

64. QUE ACÇÕES TÊM SIDO TOMADAS PARA INSTRUIR O PESSOAL SOBRE MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO
DE ENERGIA? ............................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

65. EXISTE IMPLEMENTADO ALGUM SISTEMA DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA? PORMENORIZE: ………….


........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

K. PROBLEMAS E ACTIVIDADES EM CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

66. RESUMA OS PROBLEMAS PRIORITÁRIOS DO SECTOR ENERGÉTICO DA FÁBRICA, SEGUNDO A ÓPTICA


DA DIRECÇÃO: .........................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

67. QUAIS OS OBSTÁCULOS QUE SE COLOCAM AO MELHORAMENTO DA EFICIÊNCIA NO USO DA


ENERGIA? .................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................

68. QUE ESTUDOS TÊM SIDO EXECUTADOS PARA O AUMENTO DA EFICIÊNCIA NO USO DA ENERGIA?
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

69. RESUMA AS PRINCIPAIS ACTIVIDADES NO ÂMBITO DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA JÁ INICIADAS


OU PLANEADAS (ESPECIFIQUE CALENDÁRIO DE APLICAÇÃO):
.............................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................

70. QUAL É O POTENCIAL PARA A UTILIZAÇÃO DE FORMAS DE ENERGIA NÃO CONVENCIONAIS OU


RECURSOS ENERGÉTICOS RENOVÁVEIS (P. EX.: MADEIRA, SOLAR, EÓLICA, BIOMASSA, BIOGÁS)?
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
..........................................................................................................................

93
Frequentemente o técnico auditor não é um especialista do processo produtivo sobre
o qual irá incidir a auditoria energética. Assim deverá, nesta fase de preparação, ser
feita uma análise do processo produtivo implementado na instalação a auditar por
forma a dotar o auditor dos conhecimentos mínimos que lhe permitam entender a
interligação entre os fluxogramas de processo e os fluxogramas energéticos, com vista a
detectar potenciais economias de energia numa eventual reorganização do processo
produtivo. Normalmente esta fase, bem como a seguinte (análise de tecnologias),
deverá ser acompanhada por um técnico especialista do processo produtivo que poderá
ser o responsável pela produção da instalação a auditar.
Finalmente, e antes de passar à intervenção no local (2.ª fase), a equipa que irá
proceder à auditoria energética deverá efectuar um levantamento das tecnologias de
processo mais eficientes (quer do ponto de vista da produção quer do ponto de vista
energético) disponíveis no mercado, com vista a poder estabelecer comparações entre
estas e as que estão instaladas na empresa a auditar.

5.1.2 Segunda fase: intervenção no local

Após a fase de preparação da auditoria a equipa de técnicos auditores (normalmente


constituída por um Engenheiro Mecânico e por um Engenheiro Electrotécnico) iniciará a
fase de trabalhos de campo que deverá começar pela recolha de toda a informação
necessária ao completo preenchimento do modelo de inquérito apresentado e à
correcção de dados eventualmente errados ou incorrectos.
A intervenção no local consiste basicamente na análise das condições de utilização
da energia na instalação a auditar procedendo a um conjunto de medições, registos e
análises que deverão permitir:

• caracterizar os equipamentos produtores e consumidores de energia, quanto ao


seu consumo e à sua eficiência energética;
• determinar os consumos de energia final (por forma de energia utilizada) em cada
um dos sectores produtivos da empresa;
• determinar os diagramas de carga da instalação consumidora, globais, por sector
produtivo e por forma de energia utilizada;
• elaborar balanços energéticos (balanços térmicos, balanços de massa e de
energia) dos equipamentos (ou de processos) de maior importância energética;
• determinar os consumos específicos globais e por tipo de produto produzido;
• propor soluções técnicas, ou de gestão, conducentes à redução dos consumos de
energia, mantendo o mesmo nível de prestações;

94
• propor (se inexistente) a instalação de aparelhos de medida, de grandezas
energéticas, em pontos estratégicos que permitirão, ao gestor de energia fazer
uma monitorização adequada à instalação consumidora quer na sua globalidade
quer por sectores produtivos da empresa.

5.1.3 Terceira fase: tratamento da informação

Após o período de intervenção no local os técnicos auditores deverão organizar toda a


informação recolhida, nas duas primeiras fases, com vista ao seu adequado tratamento.
O tratamento de toda a informação deverá ser orientado no sentido de produzir todo
um conjunto de indicadores e de outros resultados, cujo universo deverá ser
previamente estabelecido em termos qualitativos e nas suas grandes linhas gerais de
enquadramento. Basicamente, este universo de indicadores e resultados pode ser
constituído pelos seguintes elementos fundamentais:

• consumos de energia final; global da instalação, por sector produtivo, por


equipamento significativo e por tipo de energia consumida;
• consumos específicos; global da instalação, por sector produtivo, por equipamento
significativo e por tipo de energia consumida;
• consumos unitários dos equipamentos mais importantes em termos energéticos;
• rendimentos energéticos dos principais equipamentos consumidores e produtores
de energia;
• intensidades energéticas; global da produção, por sector produtivo e por tipo de
energia;
• soluções tecnológicas (energéticas e de processo) com vista a serem
implementadas e com o objectivo de produzirem acréscimos na eficiência
energética do sistema;
• análises técnico-económicas de custo-benefício das soluções tecnológicas
inventariadas;
• soluções organizacionais para a implementação de um sistema de gestão de
energia permanente, se não existir;
• …

95
5.1.4 Quarta fase: relatório da auditoria energética

A auditoria energética ás condições de utilização da energia numa instalação


consumidora ficará concluída, com a elaboração do respectivo relatório. Este documento
deverá apresentar, ao gestor da empresa, e ao gestor de energia, toda a informação
(recolhida e tratada) de uma forma organizada e coerente. Na elaboração deste relatório
deverá ter-se em consideração que a auditoria energética constitui um instrumento
fundamental para o início de um processo continuado de gestão da energia na empresa
auditada.
Uma estrutura, possível, para um relatório de auditoria energética poderá ser a que
se apresenta no modelo que apresentamos de seguida.

96
MODELO DE ESTRUTURA PARA O RELATÓRIO DA AUDITORIA ENERGÉTICA

• Ficha de identificação
Informação básica sobre a ins- • Fluxograma dos processos produtivos
talação: elementos referentes à • Matérias-primas e recicladas
identificação da instalação e à sua • Frota de transportes
evolução nos últimos anos. • Produtos finais e subprodutos
• Consumos de energia

• Consumos por forma de energia


Contabilidade energética: ele- • Gráficos
mentos sobre os vários aspectos • Electricidade auto-produzida
relacionados com os consumos e • Geração combinada de calor e electricidade (cogeração)
gestão de energia da instalação. • Gestão de energia
• Problemas de conservação de energia

• Análise dos equipamentos consumidores intensivos de energia:


— Fluxograma por equipamento
— Descrição do equipamento e medições efectuadas
— Balanços de massa e energia (cálculos)
— Representação dos balanços
— Fluxogramas de massa/energia por equipamento
— Consumo específicos de energia por equipamento
— Comentários e potenciais economias de energia de cada
equipamento
— Eficiência energética do equipamento

• Análise dos vários sectores da instalação fabril:


— Fluxogramas de massa e energia de cada sector
Exame da instalação: Estudo das — Consumo específico por sector
condições de utilização de energia — Comentário e quantificação de potenciais economias de energia
por tipo de produto, por processo e — Desagregação dos consumos por forma de energia para cada um
por sector. — dos sectores
— Eficiência energética do sector
• Análise global da instalação:
— Fluxograma energético da instalação
— Quadro resumo das perdas existentes
— Desagregação dos consumos por forma de energia
— Eficiência energética
— Consumo específico
— Potenciais economias de energia
— Quadro resumo da desagregação de energia por produto final
— Quadro resumo da desagregação de energia por sector
— Quadro resumo da desagregação de energia do processo de
produção
— Consumo específico desagregado por forma de energia

• Análise e descrição das soluções com a respectiva quantificação


Economias da energia: Estudo de energética
potenciais economias de energia e • Avaliação técnico-económica das soluções propostas
sua justificação técnico-económica. • Proposta de plano de investimentos devidamente hierarquizado
• Proposta de um sistema organizado de gestão de energia

• Aspectos mais relevantes da auditoria


Conclusão: Resumo dos aspectos
• Resumo técnico-económico das soluções preconizadas
relevantes.
• Recomendações finais

97
5.2 Um Método de Gestão de Energia

Conforme já citado não existe apenas um método para organizar um sistema de


gestão de energia. Pode-se afirmar que os princípios básicos são os mesmos, mas o seu
desenvolvimento e aplicabilidade, bem como o nível de execução, poderão ser muito
diversos e mais ou menos adaptados à dimensão e complexidade da instalação a gerir.
Os princípios básicos da gestão de energia numa instalação consumidora (empresa;
fábrica; etc.) podem enumerar-se como sendo:

• Controlo da energia adquirida


• Controlo da energia consumida
• Controlo das matérias-primas
• Controlo da evolução, no tempo, dos consumos energéticos em quantidade e em
valor

O desenvolvimento e a aplicação destes princípios básicos devem ser adaptados a


cada situação particular. Da mesma forma o nível de execução e a forma de abordagem
energética poderão assumir graus de sofisticação diferentes e que dependerão do
gestor de energia e dos recursos disponíveis para a implementação do sistema de
gestão.

98
Figura 5.2 — Princípios básicos da gestão de energia
Tradicionalmente existem três níveis de abordagem energética, num sistema
organizado de gestão de energia, que poderão ser adoptados:

• Nível 1 — Este é um nível primário para o estabelecimento de metas de


economias de energia e para a análise comparativa dos consumos de energia.
• Nível 2 — Este nível permite actuar no interior de cada área da empresa ou de
cada sector produtivo, por sector.
• Nível 3 — Este nível, actuando no processo produtivo, por processo, permite ter
um controlo muito fino sobre a eficiência energética de uma instalação.

Figura 5.3 — Níveis de execução possíveis num sistema de gestão de energia

Neste livro iremos apresentar um método de gestão de energia que poderá ser
adoptado na sua integra ou adaptado às circunstâncias várias que caracterizam cada
situação particular.
Antes de ser iniciada a apresentação do método de gestão proposto convém reter
algumas definições e conceitos para melhor entendimento da terminologia utilizada:

Centro de Custos Energético (CCE)

Na apresentação do sistema de gestão considera-se que a instalação consumidora de


energia está dividida em áreas ou sectores de actividade, bem definidos, a que
correspondem centros de custo da contabilidade analítica da empresa. No caso de a
instalação ter pequenas dimensões (ou ter uma só área ou sector) poderá apenas existir
um centro de custos, que coincidirá com a instalação (ou empresa) na sua globalidade.

99
Consumo de Energia Normalizado (CEN)

O consumo normalizado é um valor expectável para um determinado período de


tempo (normalmente a curto prazo) e é determinado em função do actual nível de
eficiência da instalação consumidora. O consumo normalizado pode ser um valor
constante ou variável em função de alterações no elemento determinante do consumo
de energia.

Elemento Determinante do Consumo de Energia

O elemento determinante do consumo de energia é o parâmetro fundamental que


justifica a necessidade de consumo de energia e com o qual a utilização da energia
pode ser relacionada. Por exemplo, o elemento determinante do consumo de energia
para o aquecimento ambiente são os graus-dia verificados num determinado período: o
elemento determinante do consumo de energia numa instalação fabril é, normalmente,
a quantidade dos bens produzidos.

Meta para o Consumo de Energia (MCE)

Com vista a atingir um objectivo de eficiência energética (normalmente a médio


prazo: 1 ano, 3 anos ou 5 anos) são estabelecidas metas relativas ao consumo de
energia ou ao consumo específico da produção.
Uma meta representa uma melhoria quantificada no consumo normalizado. Estas
metas são normalmente aplicadas por área ou sector (ou centro de custos) actuando
como elemento motivador para o incremento na eficiência energética da produção.
Em algumas situações estas metas só são atingidas com a implementação de um
plano de investimentos em conservação e utilização racional de energia.

Consumo Específico de Energia

O consumo específico de energia é representado pela relação entre a quantidade de


energia consumida (num determinado período de tempo) e o elemento determinante do
consumo.

energiaconsumida
Ce =
elemento determinate

O método de gestão de energia, que será apresentado, pretende induzir os agentes


responsáveis nas empresas, a gerir a energia como um recurso controlável. Os
consumos de energia verificados são comparados com os esperados e a informação é

100
distribuída pelos responsáveis da produção nos diversos sectores produtivos da
empresa. Basicamente este método é constituído por quatro fases de acção:

Figura 5.4 — Fases de actuação do método de gestão de energia apresentado

Fase I — Recolha de dados da produção e dos consumos de energia.

No início do processo de gestão esta fase deverá ser implementada com a execução
de uma auditoria energética, completa, às instalações.
Durante esta fase a informação é recolhida para posterior análise e interpretação. Os
dados sobre os consumos de energia deverão ser obtidos através da leitura de
contadores (e outros aparelhos de medida) instalados em pontos estratégicos da
instalação.
Os dados da produção deverão ser obtidos através dos relatórios da produção.
Algumas precauções devem ser tidas em consideração na execução desta fase, como
sejam por exemplo:

• garantir que os períodos correspondentes à recolha dos dados, da produção e dos


consumos de energia, são os mesmos;
• fazer a leitura dos contadores (e outros aparelhos de medida) ao mesmo tempo
em cada dia, semana ou mês, conforme a frequência escolhida;
• garantir que o leitor dos contadores está treinado para a tarefa. Esta pode ser
facilitada pelo uso de mapas de leitura adequados;
• treinar mais do que uma pessoa na leitura dos contadores e aparelhagem de
medida;

101
• recolher apenas os dados úteis e que serão usados;
• evitar leituras em duplicado;
• …

Como exemplo apresentam-se alguns mapas-tipo que poderão ser utilizados nesta
fase de recolha de dados.

102
Impresso RD1 folha de

REGISTO DE CONTAGEM

Descrição do Contador ___________________________ Área/sector _______________

Contador n.º ___________________________________ Unidades _________________

Consumo Consumo
Data Hora Leitura Factor Período N.º Iniciais
Indicado Verificado

Fonte: CIMA/EEO

103
Impresso RD2 folha de

REGISTO DA PRODUÇÃO

Área/Sector (Centro de Custos)


Descrição
Data Período

Fonte: CIMA/EEO

104
Impresso RD2 folha de

REGISTO DE CONTAGEM
(mensal)
Ano _____________ Mês ______________

Descrição
Contador N.º
Unidades

Período N.º ________________ Data __/__/__


Leitura actual
Leitura anterior
Consumo Indicado
Factor
Consumo Verificado

Período N.º ________________ Data __/__/__


Leitura actual
Leitura anterior
Consumo Indicado
Factor
Consumo Verificado

Período N.º ________________ Data __/__/__


Leitura actual
Leitura anterior
Consumo Indicado
Factor
Consumo Verificado

Período N.º ________________ Data __/__/__


Leitura actual
Leitura anterior
Consumo Indicado
Factor
Consumo Verificado

Período N.º ________________ Data __/__/__


Leitura actual
Leitura anterior
Consumo Indicado
Factor
Consumo Verificado

TOTAL MENSAL
UNIDADES

Fonte: CIMA/EEO

105
Fase II — Análise de dados da produção e dos consumos de energia e a sua
comparação com valores normalizados ou com metas previamente estabelecidas.

A fim de minimizar erros que podem ser produzidos na análise e tratamento da


informação recolhida algumas precauções devem ser tomadas, como sejam por
exemplo:

• analisar os dados para cada período de tempo. Evitar o processamento de dados,


acumulados em vários períodos de tempo, de uma só vez.
• desenvolver verificações simples para testar a qualidade e validade dos dados.
• sempre que possível recorrer à utilização de computadores (tipo PC) para facilitar o
processamento dos dados.
• utilizar um método de análise que seja de simples aplicação e de manuseamento
rápido.
• utilizar unidades energéticas familiares, como sejam o kWh, a tep ou a kcal.
• garantir a existência de pessoal habilitado a executar a análise de dados, em
quantidade nunca inferior a dois.

Para que esta análise se torne simples é fundamental criar um conjunto de impressos
para registo comparativo dos dados a analisar. Estes mapas deverão ser criados em
coerência com o tipo de gestão implementada. No entanto e a título de exemplo
apresentamos alguns mapas-tipo que poderão ser utilizados na fase de análise.

106
Impresso AD1 folha de

DADOS DE REFERÊNCIA

Data de Emissão _____________ Por __________

Área/Sector Consumo de Energia Consumo de Energia


Notas
(Centro de Custos) Normalizado em Meta

Fonte: CIMA/EEO

107
Impresso AD2 folha de
FOLHA DE ANÁLISE

Área/Sector
(Centro de Custos) _________________ Descrição ________________

Dados da Consumo de Consumo de Energia Variação Consumo específico Metas estabelecidas


Período Produção (a) Energia (b) normalizado(c) (d = b - c) (f = b/a) Consumo Consumo específico
[u] [u] [u] [u] [u] [u] [u]

Fonte: CIMA/EEO

108
Fase III — Relatórios de apresentação dos resultados da análise dos dados.

Estes relatórios poderão ser integrados nos relatórios periódicos da gestão global da
empresa, se existirem, e deverão circular por todos os responsáveis dos vários
sectores da empresa. Também nesta fase a utilização de computadores pessoais
poderá tornar-se uma ferramenta poderosa e muito útil, facilitando a execução das
tarefas necessárias.
Algumas recomendações para a boa execução desta fase poderão ser sugeridas,
como sejam por exemplo:

• produzir e emitir os relatórios, periodicamente e por cada período de análise.


Evitar o processamento de um conjunto de períodos de uma só vez.
• emitir relatórios sucintos apenas com a informação necessária.
• utilizar, sempre que possível, a representação gráfica de dados e da sua
evolução no tempo.

O relatório pode ser resumido num conjunto mínimo de impressos elaborados para
o efeito. A título de exemplo apresenta-se um modelo de mapa-tipo que poderá ser
utilizado para resumir a informação a divulgar.

Alguns gráficos deverão acompanhar este relatório, devendo ser elaborado por área
ou sector (a que deverão corresponder Centros de Custos Energéticos, previamente
determinados) com informações sobre os consumos de energia por período e a
quantificação das economias de energia geradas ou dos desperdícios produzidos no
período analisado e tendo como referência os valores normalizados para aquele
período.

109
Impresso R1 folha de
SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA
Relatório Resumo

Área/Sector _________________ Período ___________


Preparado por_________________ Circulação ___________
Data __ /__ /__

Actual−Normalizado
% Variação = %
Normalizado

30% —
25% —
desfavorável

20% —
15% —
10% —
5% —
0

− 5% —
− 10% —
− 15% —
favorável

− 20% —
− 25% —
− 30% —
Descrição _____________ _____________ ______________ ______________

UNI. ESC. UNI. ESC. UNI. ESC. UNI. ESC.


Produção ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦
Consumo Energia
Consumo Normalizado
Variação
Variação Cumulativa
Consumo Específico ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦
Variação (%) ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦
Custo por Unidades ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦ ♦♦♦♦

NOTAS:

Fonte: CIMA/EEO

110
Fase IV — Acção a desenvolver com vista a manter ou melhorar o consumo
normalizado a fim de serem atingidas as metas propostas no fim do período
considerado.

Durante esta fase o gestor de energia deverá garantir que os relatórios elaborados,
na fase anterior, são lidos e interpretados pelos responsáveis dos vários sectores da
produção e que estes têm uma actuação de acordo com os objectivos energéticos
estipulados.
Esta fase pode e deve, envolver um conjunto de reuniões (com os responsáveis pela
produção) com vista a serem discutidos os relatórios e preparadas linhas de acção
para o futuro.

5.3 A aplicação do método de gestão

De acordo com o método genericamente apresentado serão, nesta parte, sugeridas


algumas recomendações com vista à aplicação daquele método de gestão de energia.

Qualquer método de gestão de energia deverá estruturar-se de uma forma


consistente, em três conceitos chave:

• A contabilização da energia utilizada.


• A monitorização da eficiência energética.
• A motivação de todos os funcionários, a todos os níveis.

A função do gestor de energia é implementar e manter em execução o sistema


organizado de gestão idealizado, tendo sempre presente aqueles três conceitos chave.

Figura 5.5 — Aplicação do método de gestão de energia apresentado

111
5.3.1 Selecção dos Centros de Custo Energéticos

A selecção dos centros de custo energéticos deverá ser feita tendo em consideração
alguns aspectos fundamentais e que dizem respeito à forma como a empresa ou
instalação consumidora de energia, está organizada em termos de produção. Alguns
daqueles aspectos são:

• a possibilidade de medir os fluxos energéticos na área escolhida para centro de


custos, ou de vir a instalar equipamento de medida necessário;
• a necessidade de interligação e de intercomunicação entre o gestor de energia e
os responsáveis pela produção e pela manutenção (nas várias áreas ou sector)
por forma a que fique garantida a assistência, requerida pelo gestor de energia,
em cada um dos centros de custo seleccionados;
• dar preferência à selecção de centros de custo que sejam coincidentes com
linhas de produção, com áreas da empresa bem definidas ou com sectores bem
identificados.

Produção

Sector I Sector II Sector III

Armazenamento

Processamento

Montagem

Acabamento

Tendo em consideração os aspectos referidos, poderão ser enunciados os critérios


que devem ser tidos em conta na selecção dos centros de custo energéticos:

1.º Ser possível medir os consumos de energia no centro de custo;


2.º Haver alguém responsável que possa assumir o controlo dos consumos de
energia no centro de custos e que tenha influência sobre a utilização da
energia;
3.º Ser facilmente identificável, no centro de custos, o elemento determinante do
consumo de energia.

112
É evidente que deve, sempre, considerar-se a hipótese de escolher centros de custo
energéticos que coincidam com os centros de custo da contabilidade analítica
existente na empresa ou, caso não seja possível, tentar encontrar uma solução de
compromisso entre a contabilidade analítica da empresa e a contabilidade energética
da mesma.

5.3.2 Selecção dos elementos determinantes do consumo de energia

Conforme já definido, um elemento determinante do consumo de energia é um


parâmetro que influencia, determinantemente, a quantidade de energia consumida
numa empresa, instalação, área ou sector e com o qual a utilização da energia pode
ser facilmente relacionada.
O gestor de energia, com o apoio dos técnicos da empresa e dos responsáveis pela
produção, deve seleccionar os elementos determinantes apropriados em cada um dos
centros de custo energéticos seleccionados.
É usual relacionar o consumo de energia com a produção (mesmo quando esta
pouco contribui para o consumo de energia da instalação ou empresa) sem reflectir
sobre que parâmetros são os determinantes. Nestas circunstâncias é difícil de
promover um sério controlo sobre os consumos de energia. Assim recomenda-se
especial cuidado nesta selecção, por forma a que sejam eleitos os verdadeiros
elementos determinantes do consumo de energia. Alguns dos elementos
determinantes mais comuns são, por exemplo:

• produção em termos de quantidade de unidades produzidas;


• ocupação em termos de quantidade de pessoas que permanecem nos locais
(funcionários ou ocupantes) e que é a sua presença a principal justificação para o
consumo de energia (p. ex.: hotéis, edifícios de serviços, hospitais, etc.);
• graus-dia correspondente às necessidades de aquecimento e de arrefecimento
dos locais ocupados;
• …

5.3.3 Estabelecimento dos consumos de energia normalizados (CEN)

O consumo de energia normalizado, corresponde ao consumo considerado normal


em cada um dos centros de custo energéticos seleccionados, representando o
consumo esperado para um determinado valor do elemento determinante (a produção,

113
por exemplo). O valor do consumo de energia normalizado deverá ser determinado em
função do actual nível de eficiência energética da empresa ou do centro de custo.

Figura 5.6 — Consumo de energia normalizado

Este valor (CEN) é utilizado para determinar os desvios existentes entre o consumo
verificado, num determinado centro de custos, e aquele que seria esperado (CEN).

5.3.4 Estabelecimento de metas para o consumo de energia (MCE)

Uma meta para o consumo de energia representa um aumento na eficiência


energética da empresa ou do centro de custos em análise. Este conceito corresponde
a uma redução do consumo de energia normalizado, a ser atingida num determinado
período de tempo (5 anos, por exemplo).

Figura 5.7 — Meta para o consumo de energia

114
Este valor (MCE) é utilizado para motivar os agentes intervenientes no processo
produtivo da empresa (ou do centro de custos energético) a actuarem no sentido de
melhorar a eficiência energética do seu sistema produtivo. Este valor (MCE) serve,
também, para definir um plano de investimentos, em projectos de eficiência
energética, que deverá permitir atingir a meta de consumo de energia determinada ou
acordada.
A aplicação do método sugerido não se esgota nestas breves linhas de orientação
apresentadas. Caberá ao gestor de energia desenvolver a sua aplicação do método
cujo nível de desenvolvimento é normalmente função dos recursos humanos
disponíveis para implementar o sistema organizado de gestão de energia, da dimensão
e complexidade da instalação a gerir e dos meios logísticos disponíveis, como seja, o
nível de utilização de meios informáticos na gestão de energia (por exemplo os
sistemas de telegestão e de gestão técnica centralizada).

115
6. CONTROLO DOS INVESTIMENTOS EM PROJECTOS DE
ECONOMIA DE ENERGIA

Neste capítulo designado por controlo dos investimentos em projectos de economia


de energia pretende-se fornecer algumas indicações sobre a forma de avaliação
técnico-económica daqueles projectos e apresentar um sistema de financiamento
muito atractivo que é normalmente designado por Financiamento por Terceiros.

Antes de ser tomada a decisão de investir em eficiência energética é muito


importante que o decisor detenha a informação técnico-económica do projecto com o
detalhe suficiente que lhe permita avaliar da oportunidade e do interesse do projecto.
Esta informação pode ser fornecida utilizando os métodos clássicos de avaliação
económica de projectos de investimento, dos quais se apresentam resumidos no
quadro, alguns exemplos.

Quadro 6.1 — Métodos de avaliação de projectos de investimento

AGENTE CRITÉRIO TIPO DE PROJECTO MÉTODO


Melhor custo de utilização Substituição do tipo de energia
Particular … ou de equipamentos
• Custo de utilização
Melhor custo de aquisição

Maior benefício; lucro; Economia de energia; redução • Custo-benefício


Empresa da factura energética • Custo de utilização
imagem

Efeitos económicos e • Efeitos induzidos


Planificador Produção de energia
• Custo-benefício
sociais

A substituição da energia pelo capital pode ser efectuada segundo diferentes


horizontes.

• A curto prazo — Sem modificar as instalações existentes é possível reduzir o


consumo de energia através de acções de gestão correntes. Os investimentos
necessários são geralmente mínimos ou médios e os benefícios podem ser muito
importantes. No quadro 6.2. apresentam-se alguns exemplos de intervenções a
efectuar no curto prazo, cuja quantificação é representada por valores médios de
situações reais.

116
Quadro 6.2 — Algumas acções típicas de realização a curto prazo (valores médios)

Economia de Economia de Custo de Período de


Tipo de acção Recomendação energia custo investimentos recuperação
(tep/ano) (contos/ano) (contos) (anos)

Actos de
Desligar os motores eléctricos que
Gestão 0,88 96 — —
não estão a operar.
Energética

Fazer a descarga da água de


condensado no tanque de
0,24 11 20 1,8
alimentação.

Fazer o isolamento térmico das


linhas de condensado recuperado.
1,19 53 50 1,1

Reparar ou substituir purgadores


Investimento
de vapor.
Mínimo 4,8 211 180 0,9

Instalar de adufas de corte dos


gases de escape.
7,17 317 220 0,7

Instalar contadores de energia


eléctrica.
— — 300 —

Corrigir factor de potência.


Penalidade 625 400 0,6
financeira

Isolar todas as válvulas, flanges e


ramificações de tubagem na casa
das caldeiras.
13,9 612 600 1,0

Melhorar o sistema de tratamento


Investimento
de água e instalar sistema de
Médio
purga contínua.
293 13 000 1 100 0,1

Instalar de um economizador para


pré-aquecimento da água da
caldeira.
67,8 3 000 3 200 1,1

Fonte: CCE/DGE

117
• A médio prazo — as economias de energia são obtidas por modificação das
instalações existentes. Projectos deste tipo são, por exemplo:
— recuperação de calor dos efluentes térmicos;
— recompressão do vapor;
— instalação de sistemas de cogeração;
— substituição de alguns equipamentos do processo produtivo, sem alterar a
tecnologia de processo.
• A longo prazo — neste tipo de projectos normalmente as economias de energia
são obtidas através de investimentos que estão associados à alteração de
processos produtivos, à introdução de novas tecnologias de processo ou à
alteração dos tipos de energia utilizadas na instalação consumidora.

A decisão de substituir a energia pelo capital, isto é, substituir os custos de


funcionamento por custos de investimento, pode ser tomada com o apoio a
instrumentos financeiros que permitem determinar a rentabilidade da operação. Estes
instrumentos permitem tomar em consideração factores tais como:

• o custo da alteração a introduzir ou do projecto a implementar


• a evolução prevista para os preços da energia
• o custo do capital
• o risco tomado pela empresa
• o benefício gerado pelo investimento
• o efeito de impacte ambiental

Recomenda-se, assim, que qualquer projecto de investimento em eficiência


energética seja submetido a um processo de análise económica e financeira que
permita avaliar sobre o interesse global do projecto e fornecer ao decisor as indicações
necessárias sobre a sua validade, sem esquecer os efeitos induzidos sobre o
ambiente.

118
6.1 A avaliação Técnico-Económica

6.1.1 O tempo de retorno do investimento

Uma técnica muito utilizada, como primeira abordagem sobre o interesse de um


projecto, é a determinação do tempo de retorno bruto do investimento, sem
actualização.
De uma forma geral o tempo de retorno ou de recuperação do capital é definido
como sendo o tempo ao longo do qual as receitas totais (geradas pelas economias de
energia resultantes do investimento em eficiência energética) igualam o montante total
do investimento aplicado.

I
(1) TR = ( anos)
B (1− a)

ou

I
( 2) TR = ( anos)
B (1− a) + A

onde:
I — Investimento total ou capital amortizável
B — Benefícios brutos anuais previstos e supostos constantes no tempo
a — Taxa de imposto sobre os benefícios brutos
A — Amortização anual, suposta constante
TR — Tempo de retorno do investimento

No caso da utilização da fórmula (2) o tempo de retorno é calculado tendo, também,


em consideração as provisões para amortização do capital imobilizado.
Este método não toma em consideração a noção de actualização. Ele é válido para
uma avaliação em primeira aproximação sobretudo quando os tempos de recuperação
são curtos (da ordem dos 2 a 5 anos). O cálculo do tempo de retorno não actualizado
fornece uma primeira medida do risco inerente ao investimento projectado.
No caso particular dos investimentos em eficiência energética e destinados a
produzirem economias de energia, e em particular nos casos de investimentos
adicionais a unidades já existentes (ou em alternativa a soluções tradicionais), deverá

119
considerar-se o tempo de retorno do capital adicional investido, ou a investir, que será
recuperado pelas economias de energia. Para um investimento adicional ∆I a
economia anual ∆Ce será:

∆Ce = ∆Ee × Pe − ∆Ae

onde:

∆Ee — Quantidade anual de energia economizada


Pe — Preço unitário de compra da energia
∆Ae — Custo de manutenção e de operação anuais necessários para a exploração
do investimento adicional

Nestas circunstâncias o tempo de retorno será:

∆I
TR =
∆ Ce

6.1.2 Método do benefício actualizado

Do ponto de vista económico um investimento é uma arbitragem no tempo: dispor


de certas quantias hoje para investir significa privar-se de bens imediatos, na
esperança de ganhos futuros. Assim, para orientar com maior precisão a escolha dos
investimentos é necessário introduzir o factor «tempo». Este factor é introduzido
através da taxa de actualização. Suponhamos que uma empresa se propõe investir I
escudos imediatamente, para realizar uma operação industrial que lhe permitirá obter
rendimentos Rj 5 e acordo com um determinado escalonamento.

rendimentos R1 R2 R3 R4 R5 Rn

anos 0 1 2 3 4 5 n

5
A fim de não entrarmos em consideração com a inflação todos os valores
serão determinados em escudos constantes ao ano (0).

120
Para avaliar o interesse desta operação é necessário calcular o valor no instante
zero das receitas acumuladas durante o tempo de vida útil do investimento,
considerando a o valor da taxa de actualização anual.

n
Rj

j (1+ a) j
=1

O benefício da operação actualizado ao ano de referência (ano zero) será:

n
Rj
B= − I + ∑
j =1 (1+ a) j

No caso das receitas anuais serem iguais (a preços constantes):

n
1
B = − I + R∑ =−I +R (1+ a) n − 1

j =1 (1+ a) j a (1+ a) n

Se considerarmos, agora, os custos de exploração anuais inerentes ao investimento


(Cj)6 poderemos obter o valor actualizado líquido (VAL) do projecto de investimento,
isto é, o lucro actualizado ao ano de referência:

n ( Rj − Cj )
VAL = − I + ∑
j =1 (1+ a) j

e se considerarmos Rj e Cj constantes ao longo do tempo (em escudos constantes)


teremos:
n
1
VAL = − I + ( R− C) ∑
j =1 (1+ a) j

ou
(1+ a) n − 1
VAL = − I + ( R− C) a (1+ a) n

6
Cj = Dj + Aj + Fj onde:
Dj — despesas de exploração no ano j
Aj — amortização no ano j dos investimentos considerados
Fj — encargos financeiros no ano j correspondentes ao investimento I realizado

121
Para o estudo de investimento em eficiência energética é muitas vezes interessante
referir a rentabilidade do investimento à energia economizada em cada ano, como seja
por exemplo por tonelada de fuelóleo economizada por ano. Esta rentabilidade
financeira depende sobretudo:

— do preço da tonelada de fuel


— do tempo de vida útil do projecto
— da taxa de actualização considerada

Utilizando a referência «rentabilidade do investimento por tonelada de fuelóleo


economizada por ano» consideremos um investimento I1 que permite economizar uma
tonelada de fuelóleo por ano e designemos por:

• E(x) a economia gerada (actualizada) durante um tempo de utilização de x anos,


correspondente à redução de consumo de 1 tonelada de fuelóleo por ano.
• a a taxa de actualização utilizada, suposta constante.
• Pf o preço da tonelada de fuelóleo, considerado constante ao longo do período x.

Podemos obter o valor da economia gerada durante o tempo de vida útil do


investimento (actualizada ao ano de referência) por tonelada de fuelóleo economizada
por ano, através da seguinte fórmula:

x
E ( x) = ∑ (1+Pfa) j
j =1

As curvas representativas desta função são apresentadas na figura 6.1 para dois
valores de taxa de actualização (10 e 15%). Esta representação indica-nos que um
investimento I1 da ordem dos 150 contos é recuperado em cerca de 7 anos se o preço
do fuelóleo se mantiver constante (30.000$00 por tonelada) e a taxa de utilização não
for superior a 10%.

122
ECONOM I A DE ENERGI A ACTUAL I ZADA
por t de fuel economizada

200
ECONOM I A(CONTOS)

Taxa de
150 actualização

a=10%
100
a=15%

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ANOS

Figura 6.1 — Representação da função E(x)

6.1.3 Controlo de risco do investimento

A incerteza ligada à ocorrência, ou não, de determinados acontecimentos no futuro


representa um factor de risco para o investidor. Avaliar o risco consiste em estimar,
qualitativamente e quantitativamente, as consequências de não serem verificadas as
hipóteses de partida. Por exemplo, se um investimento foi planeado supondo que o
preço da energia eléctrica seria da ordem dos 18$00 por kWh, avaliar o risco
consistirá em prever as consequências duma variação significativa naquele preço.
O método do tempo de retorno do investimento dá uma primeira medida do risco
incorrido. O método do benefício actualizado permite uma análise de sensibilidade a
fortes variações de alguns parâmetros de partida (como sejam a taxa de actualização,
o preço da energia, o custo da mão-de-obra e outros) avaliando-se, assim, o risco
associado às hipóteses feitas.

Muitos projectos de investimento em eficiência energética têm a sua rentabilidade


fortemente associada ao nível de produção da unidade onde serão implementados.
Assim, o nível de actividade da unidade de produção considerada constitui um
importante dado de partida. Os custos de exploração anuais de uma instalação fabril,
por exemplo, e consequentemente os custos afectos ao consumo de energia, variam
com a quantidade de produtos fabricados. Um investimento cuja rentabilidade está
assegurada, para uma utilização da capacidade de produção da ordem dos 80%,

123
poderá constituir um pesado encargo se o nível de utilização cair para valores
inferiores.

A avaliação do «ponto morto» permite determinar a posição do nível de actividade a


partir do qual a operação será deficitária.

Figura 6.2 — Determinação do «ponto morto» de um investimento

Nestas circunstâncias sugere-se que seja feita, sempre, uma análise de


sensibilidade em função do nível de actividade da empresa ou instalação consumidora
de energia a fim de avaliar o risco induzido por aquele parâmetro.
Normalmente a avaliação técnico-económica de um projecto de investimento em
eficiência energética não tem em consideração os efeitos induzidos no meio ambiente,
isto é, não avalia a redução no impacte ambiental das economias de energia geradas.
Este efeito embora ainda seja de difícil contabilização deverá ser avaliado, pelo menos,
em termos técnicos, através da quantificação das reduções das emissões de poluentes
atmosféricos e de outros efeitos quantificáveis, quer ao nível micro quer ao nível
macroeconómico. Este tipo de análise de impacte ambiental poderá ser muito útil para
promover projectos subsidiados, sendo este um importante parâmetro de valorização.

6.2 O Financiamento por Terceiros

O sistema de financiamento conhecido por «Financiamento por Terceiros» foi


idealizado no Canadá nos finais dos anos 70 tendo a sua aplicação resultado num
êxito mais ou menos esperado. Este sistema foi, posteriormente adoptado pelos
Estados Unidos da América do Norte com resultados semelhantes.

124
Face a este êxito a Europa, nomeadamente a Europa Comunitária, considerou
importante a aplicação do sistema no espaço europeu tendo iniciado um conjunto de
acções para a sua divulgação em meados dos anos 80. Neste contexto a ideia do
financiamento por terceiros chegou a Portugal em 1987/1988 tendo-se, naquela
época, iniciado a sua divulgação no espaço português.
Conforme desenvolvido, na alínea dedicada exclusivamente à apresentação do
sistema, o financiamento por terceiros é caracterizado fundamentalmente por dois
parâmetros básicos:

• Constitui um fornecimento de um projecto energético do tipo «chave na mão";


• Não havendo qualquer tipo de encargo com o investimento, por parte do
utilizador (instalação ou empresa consumidora de energia), o terceiro financiador
é pago exclusivamente com o resultado do projecto, isto é, através das
economias de energia produzidas pelo funcionamento do projecto executado.

Trata-se, portanto, de uma operação técnico-financeira altamente especializada


que, por isso, requer a intervenção de empresas especialmente vocacionadas para
este tipo de negócio. Estas empresas são normalmente designadas por ESCOs (Energy
Service Companies), Empresas de Serviços de Energia cuja competência técnica para a
realização de investimentos em projectos energéticos deverá ser garantida a um nível
bastante elevado.

6.2.1 Empresas de Serviços de Energia — ESCOs

Uma Empresa de Serviços de Energia pode ser definida como uma empresa que
fornece serviços de auditoria energética, instalação de equipamento e financiamento
numa base de contrato do tipo «chave na mão» … Uma empresa que venda
equipamento (venda normal ou com recurso ao sistema de leasing) mas que não o
financia e não gere a sua exploração não é considerada uma Empresa de Serviços de
Energia, neste contexto.
Entende-se, assim, como ESCO uma empresa que tenha como vocação operar no
mercado da energia, do lado do consumidor, prestando um serviço designado de
«Financiamento por Terceiros» ou «Contrato para Gestão de Energia» com o objectivo de
promover o investimento em acções de melhoria da eficiência energética nos vários
sectores da actividade económica.

125
Uma ESCO é essencialmente o coordenador de uma vasta gama de serviços,
técnicos e financeiros, sendo vital neste tipo de instituições a sua capacidade de
organização e a sua apetência técnica no domínio da energia. Dado que as receitas de
uma empresa de serviços energéticos são provenientes das economias verificadas na
factura energética do consumidor (cliente ou utilizador), é vital, para uma ESCO, dispor
(ou ter acesso) ao conhecimento técnico e tecnológico em matéria de eficiência, bem
como dispor de capacidade de determinar com exactidão o potencial económico das
economias de energia possíveis e economicamente viáveis.
A fim de poder ser dada resposta às exigências colocadas a uma ESCO estas,
normalmente, são constituídas em sociedades cujos intervenientes poderão ser:

• Instituições com capacidade financeira para apoio ao esforço de investimento


necessário à actividade;
• Instituição com capacidade técnica no âmbito da eficiência energética e da
gestão de energia;
• Instituição com interesses na oferta da energia (produtores) cuja capacidade de
intervenção no mercado é normalmente elevada.

6.2.2 O Financiamento por Terceiros

O Financiamento por Terceiros é a actividade que justifica a existência das


Empresas de Serviços Energéticos. Este tipo de actividade pode ser definido como
sendo o fornecimento, «chave na mão», de:
• Serviços de auditoria energética;
• Projecto da solução a implementar;
• Instalação de equipamento;
• Gestão energética do sistema objecto de intervenção por parte da ESCO;
• Apoio à operação do equipamento, com vista a optimizar a sua exploração;
• Manutenção do equipamento;
• Financiamento integral do investimento necessário à realização do projecto, cujo
reembolso é realizado a partir da totalidade, ou de parte, das economias geradas
resultantes da redução dos consumos de energia (e/ou por via de redução da
factura energética) durante um período acordado e contratual, não havendo
qualquer custo inicial para o utilizador.

126
Este sistema de apoio ao investimento em projectos de utilização racional de
energia (URE) tem um conjunto de atractivos para o seu utilizador, entre outros,
poderemos destacar:

• O investimento em URE é feito sem custos iniciais para o consumidor de energia;


• Dado que o reembolso da ESCO é função das economias verificadas os riscos do
investimento (técnicos e financeiros) são transferidos do consumidor de energia
para a ESCO;
• O tipo de intervenção de um contrato de financiamento por terceiros pode trazer
ao consumidor de energia um conjunto de conhecimentos úteis sobre gestão de
energia o que só seria possível recorrendo a vários tipos de empresas.

Por estas razões a Comissão das Comunidades Europeias considera que o


Financiamento por Terceiros é o mecanismo mais promissor para mobilizar as grandes
quantidades de capital privado necessárias para levar a cabo investimentos de
utilização racional de energia.

O procedimento típico para a execução de um investimento financiado por terceiros


é, genericamente, o seguinte:

(i) — A ESCO efectua um diagnóstico energético preliminar para avaliar o nível das
economias de energia possíveis de explorar;
(ii) — É negociado um contrato de prestação de serviços com base nos conceitos (já
enunciados) que definem o financiamento por terceiros;
(iii) — A ESCO efectua uma auditoria energética exaustiva e é negociado o
investimento e as suas bases de partida;
(iv) — É executado o projecto de investimento que foi decidido e são partilhadas as
economias de energia resultantes da operação durante o período de duração
do contrato;
(v) — Findo o contrato o utilizador assume (ou não) a propriedade do investimento e
poderá (ou não) fazer um contrato de assistência técnica e gestão de energia
com a ESCO a fim de garantir a continuidade de uma exploração eficiente.

Por conseguinte, o Financiamento por Terceiros apresenta a vantagem significativa


do proprietário das instalações não precisar de investir para pôr em prática medidas
de conservação de energia. Pode ainda fazer outros investimentos, ao mesmo tempo
que vai recolhendo parte dos benefícios das economias de energia. Por outro lado, o
proprietário das instalações também não precisa de determinar qual o equipamento

127
mais adequado. A ESCO assume integralmente os riscos da não concretização das
economias de energia. Normalmente, prevê-se que o utilizador fique proprietário do
novo equipamento no final do contrato que pode ter uma duração de 2 a 10 anos,
consoante os casos.
A concluir esta apresentação sumária sobre o Financiamento por Terceiros e as
Empresas de Serviços Energéticos poderemos afirmar que o potencial de investimento
em utilização racional de energia é suficientemente atractivo para motivar e
desenvolver esta forma de prestação de serviços. Por outro lado os objectivos
comunitários, no que respeita à melhoria da eficiência energética, só poderão ser
atingidos se for explorado todo aquele potencial de investimento e as economias de
energia dele resultantes. Assim o financiamento por terceiros e as empresas de
serviços energéticos serão, com toda a certeza, um instrumento precioso para Portugal
que bem necessita de ver o seu sistema energético corrigido e mais eficiente.

128
PROCEDIMENTO TÍPICO DE UM CONTRATO DE FINANCIAMENTO POR TERCEIROS

Figura 6.3 — O sistema de financiamento por terceiros

129
6.3 A Cogeração em Portugal

A Cogeração, entendida como a produção combinada de energia mecânica (ou


eléctrica) e calor útil de processo, é um instrumento importante para a melhoria da
eficiência energética nos sectores Industrial e dos Serviços.
A implantação de sistemas de cogeração em Portugal tem vindo a processar-se de
uma forma lenta verificando-se, no entanto, um maior interesse por parte dos agentes
económicos no período entre 1975 e 1980. Atribuir este aparente desinteresse ao
baixo nível de preços da energia (nos mercados internacionais) praticados desde 1986
é simplificar excessivamente a questão; a falta de capacidade tecnológica e de
experiência associada à cogeração, a escassa ou incorrecta informação disponível, a
indefinição legislativa, verificada até 1988, e os elevados custos financeiros
associados ao investimento inicial parecem ser, na prática, as barreiras mais
significativas.
Se as barreiras citadas, nomeadamente os baixos custos da energia, são por si sós
(e na presente conjuntura) suficientes para impedir um maior ritmo na penetração da
cogeração, o mesmo não se poderá concluir se a questão for vista, a médio prazo,
considerando a implementação de restrições às emissões de poluentes atmosféricos.
Aquelas restrições poderão contribuir para o desenvolvimento e maior aplicação de
tecnologias energéticas mais eficientes, nomeadamente a Cogeração.
Por outro lado, a necessidade de garantir um abastecimento energético eficiente e
de limitar as consequências de um eventual choque petrolífero não pode deixar de ser
sublinhado em face de acontecimentos como os do Golfo Pérsico em 1990-91. A
Cogeração permite produzir as mesmas quantidades de energia útil (mecânica e
térmica) com menor consumo de combustível e pode viabilizar combustíveis regionais
(renováveis ou não) contribuindo para aumentar simultaneamente a eficiência e a
autonomia energéticas do País e para diminuir as emissões de poluentes.
A cogeração, ao produzir energia eléctrica, representa para a rede um não-consumo
que se vai reflectir numa não-produção nas centrais termoeléctricas, cujo preço de
produção do kWh é mais elevado. Simultaneamente a Cogeração contribui para a
redução das perdas no transporte de energia eléctrica uma vez que a produção se
situa junto do consumidor.
Neste contexto, o presente capítulo tem como objectivo a apresentação de uma
breve análise dos sistemas de Cogeração implementados em Portugal, enquadrados
nos objectivos da Política Energética Portuguesa. Esta análise de enquadramento teve
como parâmetros a legislação existente que, de qualquer forma, tem implicações com
a promoção e apoio ao desenvolvimento, em Portugal, dos sistemas de cogeração.

130
Será também apresentada uma avaliação do impacte ambiental associado a cada
solução típica de cogeração.

6.3.1 As tecnologias envolvidas

Conforme já referido neste livro, a situação energética portuguesa é caracterizada,


basicamente, por uma elevada dependência do exterior (90% da energia primária
consumida é importada), por uma forte dependência do petróleo (70% do consumo
total de energia primária) e por uma elevada intensidade energética do sector
produtivo (intensidade energética do PIB ≈ 600 tep/MECU (85)).
Nestas circunstâncias torna-se particularmente interessante a promoção e o desenvol-
vimento de tecnologias energéticas eficientes, tendo a Cogeração um papel muito
importante a desempenhar.
A evolução da potência instalada em cogeração teve, em Portugal, um maior
crescimento nos últimos 15 anos, representando em 1992 cerca de 580 MW
instalados (7,5% da potência total instalada) que são responsáveis pela produção de
aproximadamente 1750 GWh/ano, correspondendo esta produção a cerca de 7% do
consumo total de energia eléctrica em Portugal.

600
POTÊNCIA INSTALADA (MW)

500

400

300

200

100

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1992
PERIODO DE 1960-1992

Figura 6.4 — Sistemas de cogeração em Portugal (evolução da potência instalada)

131
O processo de penetração da cogeração em Portugal iniciou-se em 1923,
fundamentalmente na indústria têxtil, utilizando como tecnologia sistemas com
turbinas de condensação. Com a evolução deste processo outras tecnologias
começaram a ser aplicadas, em função das características específicas de cada
instalação consumidora. Em 1992 a potência instalada em Portugal distribuía-se pelas
diferentes tecnologias conforme pode ser observado na figura 6.5.

600

500

400

300

200
P

1 00

0
TCOND M E X PL MD I E S E L TCNTP TOTA L

Figura 6.5 — Tecnologias de cogeração. Potência instalada vs tecnologias

As turbinas de contrapressão (503 MW) e os motores Diesel (72 MW) ocupam um


lugar de destaque. A utilização de motores de explosão (2.6 MW) tem-se verificado
principalmente na valorização energética do biogás produzido em explorações agro-
pecuárias.
Actualmente são conhecidas 85 instalações de cogeração distribuídas pelos vários
sectores da actividade económica, conforme pode ser observado no quadro 6.3.

132
Quadro 6.3 — Actividade vs Tecnologias

ACTIVIDADE M. DIESEL M. EXPLOS T. CNTP T. COND T. GAS TOTAL


Agricultura — 14 — — — 14
Alimentação 1 4 2 — — 7
Textil 4 — 5 1 — 10
Madeira e Cortiça 1 — 1 — — 2
Papel 5 — 23 — — 28
Química 1 — 15 1 — 17
Cerâmica e Vidro 2 — — — — 2
Electricidade, Gás e Vapor — 1 — — — 1
Matalurgia — — 1 — — 1
Hotelaria — 2 — — — 2
Prestação de Serviços — 1 — — — 1
TOTAL 14 22 47 2 — 85

Fonte: DGE

Os combustíveis normalmente utilizados nestes 85 sistemas instalados são o


fuelóleo, o biogás, resíduos da actividade industrial e o GPL. No Quadro 6.4. pode ser
observada a distribuição dos combustíveis utilizados pelas várias tecnologias.
De salientar que com a introdução do gás natural em Portugal este combustível
poderá ter uma ampla utilização em novas instalações de cogeração, bem como
substituir o fuelóleo em instalações existentes.

Quadro 6.4 — Combustível vs Tecnologias

COMBUSTIVEL M. DIESEL M. EXPLOS T. CNTP T. COND T. GAS TOTAL


Thick Fuel 14 — 24 1 — 39
Biogás — 17 — — — 17
Resid. Ind. — — 17 1 — 18
Comb. Solid. — — 2 — — 2
Resid. Mad. — — 4 — — 4
Propano — 5 — — — 5
TOTAL 14 22 47 2 — 85

Fonte: DGE

Não foram referenciadas, em Portugal, instalações de cogeração utilizando turbina


de gás nem utilizando o princípio do ciclo combinado, o que se prevê venha a ocorrer
quando o gás natural estiver disponível.

133
Enquadramento Legislativo

Um dos objectivos da política energética portuguesa é o fomento de instalações de


cogeração enquadrado numa vertente mais ampla que é a utilização racional e
eficiente da energia. Com este propósito foi produzido um conjunto de legislação que
apoia e promove, de uma forma clara, a cogeração em Portugal.
O referido pacote legislativo é constituído por várias publicações de entre as quais
se destaca o Decreto-lei n.º 189/88 de 27 de Maio. Este Decreto assegura ao
autoprodutor de energia eléctrica a compra, por parte da EDP — Electricidade de
Portugal, da energia entregue à rede nacional e estabelece as condições técnicas e
tarifárias contratuais. Estas condições são francamente vantajosas para o produtor
independente de energia eléctrica e em particular para aquele que utilize sistemas de
cogeração já que, neste caso, não há limite de potência instalada.

Enquadramento Técnico-Económico

O maior ou menor interesse, por parte dos agentes económicos, em investir em


projectos de cogeração depende fortemente dos benefícios resultantes do
investimento.
Pretende-se, assim, dar uma imagem sobre o enquadramento nacional dos
projectos de cogeração do ponto de vista técnico-económico.
Para o efeito utilizou-se um modelo baseado em parâmetros de cálculo que
correspondem à realidade portuguesa. As tecnologias usadas correspondem às de
maior penetração em Portugal.
Para a definição do modelo apresentado, consideraram-se diversos parâmetros
globais e típicos de cada tecnologia dos quais se destacam:

• Investimento por KW;


• Tempo de vida útil;
• Preço de combustíveis (1992);
• Sistema Tarifário de Venda de Energia Eléctrica (1992);
• Condições de compra de energia eléctrica pela EDP;
• Encargos de Manutenção;
• Amortização do investimento;
• Rendimento Eléctrico e Rendimento Térmico.

134
Consideraram-se de igual modo, as seguintes referências de base:

• Consumidores de Média Tensão


• Venda de Energia Eléctrica à rede pública em Alta Tensão (Médias Utilizações)
segundo estipulado em Portaria. Considerou-se para simplificação do modelo, o
valor médio calculado de 10$00/kWh.
• Imputação do investimento global à componente eléctrica considerando na maior
parte dos casos desprezável o investimento associado à componente térmica.

Tendo em consideração os parâmetros de cálculo utilizados apresentam-se nas


figuras 6.6 e 6.7 os resultados deste modelo.
A figura 6.6 apresenta os encargos anuais de exploração (custos fixos e custos
variáveis) das várias tecnologias e compara-os com o custo de aquisição da energia
eléctrica, em média tensão, e com o preço de venda da auto-produção (10$00/kWh -
valor médio calculado).

TECNOLOGIAS DE COGERAÇÃO
PORTUGAL

120000

100000

80000

60000

40000
E

20000

0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
U T ILIZAÇÃO ANU AL (H OR AS )

MD FUEL MEXP CNTP


BIOG FUEL
CNTP TARIF VENDA
BIOM MT AT

Figura 6.6 — Encargos e receitas anuais


de exploração por kWh instalado (valores médios)

135
A figura 6.7 apresenta os resultados deste modelo no que respeita aos encargos de
produção por kWh (custos fixos e custos variáveis) das várias tecnologias e compara-os
com o preço de compra do kWh, em média tensão, e com o valor de venda da
autoprodução.

TECNOLOGIAS DE COGERAÇÃO
PORTUGAL

33
30
27
24
21
18
15
12
E

9
6
3
0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
U T ILIZAÇÃO ANU AL (H OR AS )

MD FUEL MEXP BIOG CNTP FUEL


CNTP BIOM TARIF MT VENDA AT

Figura 6.7 — Encargos e receitas por kWh eléctrico

Como resultado desta análise de enquadramento técnico-económico, podemos


concluir que, para a situação portuguesa:

1) qualquer das tecnologias de cogeração tem encargos de produção de energia


eléctrica inferiores aos encargos correspondentes ao tarifário de venda de
energia eléctrica, para utilizações superiores a 2000 horas.

2) a venda de energia eléctrica, segundo este modelo, só se torna aliciante nas


seguintes utilizações e por tecnologia:
• Motores Diesel, para utilizações superiores a 3500 horas;
• Turbinas de Contrapressão (utilizando resíduos industriais-biomassa), para
utilizações superiores a 3500 horas;

136
• Turbinas de Contrapressão (utilizando fuelóleo), para utilizações superiores a
4000 horas;
• Motores de Explosão (utilizando biogás), para utilizações superiores a 5000
horas.

3) Tendo em conta a valorização do calor útil produzido os valores apresentados


decrescerão, tornando a cogeração ainda mais aliciante.

6.3.2 Os aspectos ambientais

Esta abordagem tem como objectivo principal a avaliação do impacte ambiental


associado a cada tecnologia de cogeração. Pretendem-se assim hierarquizar as
tecnologias de cogeração do ponto de vista do seu impacte ambiental, embora de uma
forma genérica e com base numa reflexão teórica.
A abordagem feita neste estudo considera apenas os impactes ambientais
relacionados com a central em si, independentemente do local onde esta se possa vir
a integrar. Os valores apresentados correspondem somente a índices de poluição
ambiental através da emissão de poluentes para a atmosfera, não entrando em conta
com outros aspectos tais como a ocupação de espaço, a afectação da paisagem, níveis
de risco, etc.

Pretende-se, caracterizar cada binómio tecnologia/combustível em relação às


emissões gasosas resultantes do processo de combustão, ou seja, através da
quantificação das emissões de algumas substâncias poluentes, nomeadamente:

— partículas;
— dióxido de enxofre;
— óxidos de azoto;
— monóxido de carbono;
— dióxido de carbono.

Na escolha das três primeiras substâncias teve-se em atenção o facto de estarem


consideradas na legislação portuguesa com limites para as emissões resultantes de
grandes instalações de combustão, na produção de electricidade, gás e vapor. As
outras duas, embora não legisladas, são consideradas dado o seu interesse do ponto
de vista ecológico nomeadamente para a contribuição do chamado smog das grandes
cidades, no que respeita ao CO, e para o efeito de estufa no caso do CO2.

137
A metodologia seguida para a quantificação das emissões, entre outros aspectos
mais complexos, teve em conta a produção de 1 TJ de energia útil e a eficiência global
de cada binómio tecnologia/combustível. O quadro 6.5 apresenta os valores tipicos
deste parâmetro para cada uma das tecnologias consideradas:

Quadro 6.5 — Eficiência Global das Tecnologias de Cogeração

TECNOLOGIA EUF = (We + Qu)/Q


Caldeira + Turbina de Vapor (contrapressão) 0,75
Caldeira + Turbina de Vapor (ext. cond.) 0,50
Motor Diesel 0,69
Motor de Explosão 0,69
Turbina a gás 0,75

Para hierarquizar os binómios tecnologia/combustível considerados, tendo em


conta os parâmetros referidos (emissões gasosas), é necessário converter as
características de cada binómio à mesma escala para permitir uma comparação
relativa.
A classificação apresentada para cada binómio está numa escala relativa de 0 a 5,
correspondente a efeitos potenciais crescentes.

Figura 6.8 — Emissões de Poluentes

138
A figura 6.8 apresenta as pontuações globais obtidas para o binómio
tecnologia/combustível resultante das pontuações máximas obtidas para cada
situação individual descrita no quadro 6.6. Este quadro apresenta os valores
resultantes da classificação anteriormente referida, desagregados por tipo de emissão
de poluentes.

Quadro 6.6 — Emissão de Poluentes

Fonte: CCE

139
Assim, de um modo geral, e sob o ponto de vista desta análise, o Fuel (3,5%) em
qualquer das tecnologias encaradas, bem como o carvão e a biomassa são os
combustíveis menos favoráveis do ponto de vista ambiental, sendo os mais favoráveis
os combustíveis gasosos e o Fuelóleo de baixo teor de enxofre.
Embora a abordagem deste tema tenha permitido esclarecer algumas questões do
ponto de vista ambiental, é imperativo que futuras implantações de sistemas de
cogeração no país sejam alvo de um estudo de impacte ambiental mais detalhado e
comparado com o sistema convencional de produção de energia elétrica, com a
finalidade de justificar o projecto em termos de alternativa tecnológica.
Da análise sumária aqui elaborada e do conhecimento prático da realidade
portuguesa pode concluir-se que as perspectivas da cogeração em Portugal são
altamente favoráveis.
As vantagens da cogeração em Portugal são evidentes quer ao nível
macroeconómico quer ao nível microeconómico. No primeiro nível as vantagens
evidenciam-se pela redução do consumo de combustíveis fósseis para a produção das
mesmas quantidades de energia eléctrica. No segundo nível aquelas vantagens
evidenciam-se pela redução da factura energética do consumidor.
A entrada do gás natural em Portugal virá potenciar os investimentos em cogeração
com vantagens acrescidas, com sejam:

• menores encargos de manutenção

• menores emissões de poluentes

• leque mais alargado de tecnologias aplicáveis

De uma forma geral e sumária pode-se concluir que a cogeração é uma solução a
considerar e a implementar em todos os principais sectores da actividade económica.

6.4 Exemplos de projectos energéticos

A fim de fornecer algumas indicações quanto à rentabilidade de alguns projectos


energéticos, que normalmente são implementados pelas empresas portuguesas,
apresentaremos alguns exemplos de situações que poderão ter uma aplicação
generalizada em instalações consumidoras de energia de qualquer ramo da actividade
económica, em particular nos sectores da indústria e dos serviços.

140
a) Sistema de cogeração com turbina de contrapressão

Um sistema de cogeração pode ser definido como sendo um sistema de geração


combinada de calor e de energia mecânica/eléctrica. Este tipo de sistemas são
aplicáveis em instalações que tenham consumos térmicos e eléctricos mais ou menos
constantes ao longo do ano.
Um sistema de cogeração com turbina de contrapressão produz:

— vapor de alta pressão para a turbina

— vapor de baixa pressão para o processo

— energia eléctrica a partir de um gerador acoplado à turbina de contrapressão.

Basicamente a implementação deste sistema tem por objectivo:

• melhorar o rendimento da produção de vapor;


• produzir energia eléctrica (necessária à instalação consumidora) a preços
inferiores aos praticados pela empresa de distribuição de energia eléctrica.

Um sistema deste tipo foi instalado numa unidade fabril cujos consumos anuais de
energia, antes do projecto implementado, eram os seguintes:

141
UNIDADE QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO
Energia Eléctrica kWh 5 000 000 14$00 70 000 000$00
Thick Fuelóleo kg 5 000 000 28$00 140 000 000$00
Total 210 000 000$00

Estes consumos destinavam-se a:

• força motriz e iluminação, no caso da energia eléctrica;


• produção de vapor a 9,5 kg/cm2 (6 400 t/h a 180º C) numa central constituída
por três geradores de vapor no caso do fuelóleo.

A solução implementada, um sistema de cogeração com turbina de contrapressão, é


constituída por:

• 1 gerador de vapor de alta pressão


• 1 turbina de contrapressão acoplada a um gerador assíncrono de 250 kW/380V,
ligado em paralelo com a rede pública

A substituição do gerador de vapor conduziu às seguintes melhorias de rendimento


do sistema:

POSTERIORMENTE AO
ANTERIORMENTE AO PROJECTO
PROJECTO
Prod. de Vapor (t/h) 6 400 6 400
Pressão de Serv. (Kg/cm2) 9,5 22
Entalpia Vapor (kcal/Kg) 663,2 668,9
Temp. Água Alim. (ºC) 40/50 102
Produção Horária E. Eléctrica (kWh) — 145
Rendimento (%) 83,5 91,5

A melhoria de rendimento do sistema, por si só, conduziu a uma economia de


fuelóleo da ordem dos 485 toneladas por ano o que equivale a uma redução anual na
factura energética de 13 580 000$00.
Por outro lado a produção de energia eléctrica, num quantitativo anual de 920 000
kWh, permite uma redução na respectiva factura da ordem dos 12 880 000$00 por
ano.

142
Com este projecto as economias de energia geradas e a valorização da produção de
energia eléctrica proporcionam uma receita bruta de 26 460 000$00 por ano.
Considerando que o investimento realizado foi de 94 000 000$00 a viabilidade
económica deste projecto pode ser avaliada através do tempo de retorno bruto:

94 000 000
TRB =
26 460 000

TRB z 3,5 anos

e do benefício actualizado:

15
B = − 94000 + 26460 ∑ 1
(1+0 ,15 ) j
j =1

B z 60 700 contos

considerando que:

• as receitas anuais (a preços constantes) são iguais durante a vida útil do


projecto;
• a vida útil do projecto é da ordem dos 15 anos;
• a taxa de actualização é de 15%.

b) Sistema de cogeração com motor diesel


Uma outra tecnologia muito utilizada, em Portugal, em sistemas de cogeração é o
motor diesel acoplado a um gerador de energia eléctrica.
Conforme se pode observar num esquema muito simplificado de uma instalação
deste tipo, também aqui é possível produzir vapor de processo e energia eléctrica.
Um sistema deste tipo foi instalado numa unidade fabril cujos consumos anuais de
energia, antes do projecto implementado, eram os seguintes:

143
UNIDADE QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO
Thick Fuelóleo kg 2 000 28$00 56 000 000$00
Electricidade kWh 8 500 000 14$00 119 000 000$00
TOTAL 175 000 000$00

Estes consumos destinavam-se a:

• força motriz e iluminação, no caso da Energia eléctrica:


• produção de vapor a 8 kg/cm2 (2t/h a 170º C) numa central constituída por dois
geradores de vapor, no caso do fuelóleo:

A solução implementada, um sistema de cogeração com motor diesel, é constituída


por:

• 1 motor diesel com uma potência de 3 200 kW


• 1 alternador de 400 kVA ligado em paralelo com a rede pública
• 1 caldeira de recuperação de 2t/h a 3,5 Kg/cm2

Com este projecto as economias de energia geradas e a valorização da produção de


energia eléctrica proporcionam uma receita bruta de 150 000 000$00 por ano.
Considerando que o custo do investimento deste projecto foi de 450 000 000$00, é
evidente a sua viabilidade económica, com um tempo de retorno bruto de:

450 000 000


TRB =
150 000 000

TRB z 3 anos

e um benefício actualizado de:

15
B = − 450000 + 150000 ∑ 1
(1+ 0,15) j
j =1

B z 427 000 contos

144
se considerarmos que:

• as receitas anuais (a preços constantes) são iguais durante a vida útil do


projecto;
• a vida útil do projecto é da ordem dos 15 anos;
• a taxa de actualização é de 15%.

c) Substituição de fuelóleo por resíduos sólidos do processo

O projecto que se apresenta neste exemplo constitui um projecto de substituição do


tipo de energia (fuelóleo por resíduos combustíveis resultantes da actividade industrial)
que é consumido na unidade fabril.
Os resíduos de substituição são, neste caso, o «pó de cortiça» que constitui um bom
combustível.
Esta substituição, do tipo de energia, foi implementada numa unidade fabril cujos
consumos anuais de energia, antes da realização do projecto, eram os seguintes:

UNIDADE QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO


Energia Eléctrica kWh 5 000 000 14$00 70 000 000$00
Thick Fuelóleo Kg 800 000 28$00 22 400 000$00

TOTAL 92 400 000$00

Estes consumos destinavam-se a:

• força motriz e iluminação no caso da energia eléctrica;


• produção de vapor a 8 kg/cm2 no caso do fuelóleo.

A solução implementada é constituída por:

• Sistema de recolha e transporte dos subprodutos e resíduos para queima;


• Instalação de ensilagem dos combustíveis e um sistema de transporte dos
mesmos até à fornalha;
• Sistema de queima em fornalha e remoção de cinzas;
• Sistema de controlo e segurança da fornalha e da caldeira.

Com este projecto a empresa deixou de adquirir fuelóleo obtendo assim uma receita
bruta de 22 400 000$00 por ano.

145
Considerando que o custo do investimento deste projecto foi de 75 000 000$00, é
evidente a sua viabilidade económica, com um tempo de retorno bruto de:

75 000 000
TRB =
22 400 000

TRB z 3,5 anos

e um benefício actualizado de

15
B = − 75000 + 22400 ∑ 1
(1+ 0,15) j
j =1

B z 56 000 contos

Se considerarmos que:

• as receitas anuais (a preços constantes) são iguais durante a vida útil do


projecto;
• a vida útil do projecto é da ordem dos 15 anos;
• a taxa de actualização é de 15%.

d) Sistema de acumulação de energia de arrefecimento

O projecto que se apresenta neste exemplo refere-se à optimização de climatização


de um edifício de serviços através da instalação de um sistema de acumulação de
energia para arrefecimento dos locais no período de Verão.
Neste caso, em exemplo, as necessidades de energia de arrefecimento da
instalação de ar condicionado são asseguradas por dois Water-Chillers — um do tipo
centrífugo e outro de absorção. Para o funcionamento do Chiller de absorção, é
necessário vapor como forma de energia primária, o qual é produzido nos geradores de
vapor existentes no edifício.

Actualmente é o Chiller centrífugo que por si só está a assegurar as necessidades


de arrefecimento do edifício, sendo o Chiller de absorção utilizado somente como
reserva.

146
Per fil Ener gético de Ar r efecimento

100

90

80 Período de Abril a Setembro


70
% de car ga

60

50

40

30

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Hor as do dia

Constata-se que as instalações de ar condicionado, funcionam em arrefecimento na


sua totalidade, no período entre Abril e Setembro e no período de Outubro a Março,
apenas parte das instalações de ar condicionado funcionam ainda em arrefecimento.

Per fil Ener gético de Ar r efecimento

50

40 Período de Outubro a Março


% de car ga

30

20

10

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23

Hor as do dia

147
A montagem de um Sistema de Acumulação de energia de Arrefecimento irá
permitir, por um lado, o funcionamento do Chiller centrífugo segundo um regime
contínuo com o máximo output/máxima potência, o que significa obter o máximo
rendimento e, por outro lado, acumular água gelada, sobretudo durante a noite,
período em que as instalações de ar condicionado consomem um mínimo de energia
para arrefecimento.
Com a implementação do projecto descrito são geradas economias que se podem
avaliar em cerca de 5 200 000$00 por ano, conforme quadro resumo que se
apresenta.

CUSTOS ANUAIS DE ENERGIA ELÉCTRICA


ANTERIORMENTE AO POSTERIORMENTE AO
ECONOMIAS
PROJECTO PROJECTO
Abril a Setembro 7 166 000$ 4 654 000$ 2 512 000$
Outubro a Março 4 484 000$ 1 732 000$ 2 752 000$
TOTAL 11 650 000$ 6 386 000$ 5 264 000$

Considerando que o custo do investimento deste projecto foi de 16 000 000$00, é


evidente a sua viabilidade económica, com um tempo de retorno bruto de:

16 000 000
TRB =
5 264 000

TRB z 3 anos

e um benefício actualizado de:

15
B = − 16000 + 5264 ∑ 1
(1 + 0 ,15 ) j
j =1

B z 15 000 contos

148
Se considerarmos que:

• as receitas anuais (a preços constantes) são iguais durante a vida útil do


projecto;
• a vida útil do projecto é da ordem dos 15 anos;
• a taxa de actualização é de 15%.

149
7. Considerações Finais

Este livro foi escrito tendo como objectivo fundamental alertar os responsáveis das
empresas portuguesas para a problemática da energia e motivá-los a iniciarem um
processo de controlo dos seus consumos em recursos energéticos. Naturalmente que
ficaram muitos pormenores por explicitar e muitos detalhes por desenvolver, mas o
importante, na nossa perspectiva, foi dar um primeiro passo no sentido de divulgar
um trabalho que permita iniciar um processo de gestão de energia na empresa, dando
a informação básica e necessária para o efeito.
A edição de um livro em Portugal sobre Energia, na perspectiva da sua utilização
controlada e eficiente, nunca antes tinha ocorrido, pelo que, pretendemos neste
trabalho fazer uma abordagem alargada sobre o tema, contribuindo para a criação de
uma nova postura energética por parte dos consumidores mais importantes: as
empresas a quem este livro é particularmente dedicado.
Desta leitura resulta evidentemente que a energia é um bem escasso que está a
ser muito mal utilizado e cujos custos se reflectem na produtividade das economias,
nomeadamente na da economia portuguesa. Daqui resulta a importância de controlar
os consumos de energia pela via da eficiência energética e pela aplicação de métodos
de gestão de energia, simples mas eficazes, que possam vir a provocar uma alteração
de mentalidades e venham a induzir nos agentes económicos portugueses hábitos de
conservação e utilização racional de energia.
Embora o tema do ambiente, relacionado com a utilização (produção e consumo)
da energia, não tenha tido neste livro qualquer desenvolvimento não deixa por isso de
merecer a atenção dos autores deste livro, nem deverá ser esquecido pelo leitor. A
energia e o ambiente estão íntima e fortemente interligados começando já a esboçar-
se uma nova disciplina constituída por este binómio: a Ambienergia. A razão pela qual
este tema não foi desenvolvido resulta da selecção de objectivos previamente feita
para esta primeira edição, que pretendeu dar um maior ênfase aos aspectos
relacionados com a Economia e a Gestão de Energia.
Neste livro muito ficou por ser escrito. Todos, em Portugal, temos muito que
aprender em matéria de eficiência energética. Começámos tarde com este tipo de
preocupações e por isso o nosso percurso é, aparentemente, mais longo. Este livro
constitui, assim, uma primeira aproximação sem querer ser demasiado exaustivo.
Pretendemos mostrar que se torna urgente agir com maior rapidez e com maior
agressividade. É necessário e urgente começar já! …

150
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIE Agência Internacional da Energia (OCDE)


CBE Centro da Biomassa para a Energia
CCE Centro para a Conservação de Energia
CCE Comissão das Comunidades Europeias
CEE Comunidade Económica Europeia
CEF Consumo de Energia Final
CNURE Comissão Nacional para Utilização Racional de Energia
CTE Consumo Total de Energia
CTEF Consumo Total de Energia Final
CTEP Consumo Total de Energia Primária
DGE Direcção Geral de Energia
DGI Direcção Geral de Indústria
GN Gás Natural
GPL Gás de Petróleo Liquefeito
I,D&D Investigação, Desenvolvimento e Demonstração
IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento
Ivi Intensidade Energética da actividade Industrial
MIE Ministério da Indústria e Energia
OCDE Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico
PIB Produto Interno Bruto
RCCTE Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios
RGCE Regulamento de Gestão do Consumo de Energia
RQSECE Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
SEE Secretaria de Estado da Energia
SIURE Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia
TEP Tonelada Equivalente de Petróleo
URE Utilização Racional de Energia
VAB Valor Acrescentado Bruto
CNTP Contrapressão
COND Condensação
EDP Electricidade de Portugal
M. DIESEL Motor Diesel
M. EXPLOS Motor de Explosão
T. GÁS Turbina a Gás
T.COND. Turbina de Condensação
T.CNTP Turbina de Contrapressão
Qu Calor Útil Produzido
We Energia Eléctrica Produzida
Q Combustível Utilizado
RESID.IND. Resíduos Industriais
COMB.SOLID. Combustíveis Sólidos
RESID.MAD. Resíduos Madeira
MD FUEL Motor Diesel a Fuel
MEXP BIOG Motor de Explosão a Biogás
CNTP FUEL Contrapressão a Fuel
CNTP BIOM Contrapressão a Biomassa
TARIF MT Tarifa Média Tensão
VENDA AT Venda Alta Tensão

151
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TURVEY, Ralph e Anderson, Dennis — L’Économie de l’électricité, publicado para o
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156
ANEXO I

LEGISLAÇÃO PORTUGUESA NA ÁREA


DA GESTÃO DE ENERGIA

1. REGULAMENTAÇÃO SOBRE A GESTÃO DOS CONSUMOS DE ENERGIA


• Decreto-Lei n.º 58/82 de 26 de Fevereiro, D.R. I Série n.º 47 de 82/02/26.
• Portaria n.º 359/82 de 7 de Abril, D.R. I Série n.º 98 de 83/04/29.
• Definição de K, D.R. II Série n.º 137 de 88/06/16.
• Decreto-Lei n.º 428/83 de 9 de Dezembro, D.R. I Série n.º 282 de 83/12/09.
• Definição de K, D.R. II Série n.º 222 de 86/09/26.
• Definição de K, D.R. II Série n.º 252 de 86/10/31.
• Definição de K, D.R. II Série n.º 25 de 87/01/30.
• Despacho n.º 10/88 de 30 de Maio, D.R. II Série n.º 125 de 88/05/30.
• Portaria n.º 228/90 de 27 de Março (Transportes).

2. REGULAMENTAÇÃO SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NOS EDIFÍCIOS


• Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios.
Decreto-Lei 40/90 de 6 Fev., D.R. I Série n.º 31 de 90/02/06
• Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
Decreto-Lei 156/92 de 29 de Julho, D.R. I Série n.º 173 de 92/07/29

3. SISTEMA DE INCENTIVOS À UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA


• Decreto-Lei n.º188/88 de 27 de Maio, D.R. I Série n.º 123 de 88/05/27
• Portaria n.º 334/88 de 27 de Maio, D.R. I Série n.º 123 de 88/05/27
• Despacho n.º 52/88 de 16 de Junho, D.R. II Série n.º 137 de 88/06/16
• Despacho n.º 68/88 de 6 de Julho, D.R. II Série n.º 154 de 88/07/06
• Portaria n.º 971/89 de 9 de Novembro, D.R. I Série n.º 258 de 89/11/09
• Despacho n.º 1/91 de 1 de Março, D.R. II Série n.º 50 de 91/03/01

4. PRODUÇÃO INDEPENDENTE DE ENERGIA ELÉCTRICA


• Decreto-Lei n.º 189/88 de 27 de Maio, D.R. I Série n.º 123 de 88/05/27
• Portaria n.º 445/88 de 8 de Julho, D.R. I Série n.º 156 de 88/07/08
• Portaria n.º 958/89 de 28 de Outubro, D.R. I Série n.º 249 de 89/10/28
• Portaria n.º 305/90 de 18 de Abril, D.R. I Série n.º 90 de 90/04/18
• Portaria n.º 416/90 de 6 de Junho, D.R. I Série n.º 130 de 90/06/06
• Portaria n.º 359/90 de 14 de Novembro, D.R. I Série n.º 263 de 90/11/14
• Decreto-Lei n.º 99/91 de 2 de Março, D.R. I Série n.º 51 de 91/03/02
• Portaria n.º 286/93 de 12 de Março, D.R. I Série n.º 60 de 93/03/12

157
ANEXO II

GRANDEZAS E UNIDADES FÍSICAS E SUAS EQUIVALÊNCIAS

Comprimento m km In ft yd milha n milha


1 m (metro) 1 0,001 39,3701 3,28084 1,09361 - -

1 km (quilómetro) 1000 1 39370,1 3280,84 1093,61 0,621371 0,539957

1 in (polegada) 0,0254 - 1 0,08333 0,02778 - -

1 ft (pé) 0,3048 - 12 1 0,000189 - -

00189 -

1 yd (jarda) 0,9144 - 36 3 1 0,000568 -

1 milha (milha terrestre) 1609,344 1,609344 63360 5280 1760 1 0,868976

1 n milha (milha marítima 1852 1,852 72960 6076,12 2025,37 1,15078 1


internacional)
1 braça = 6 pés = 1,8288 m

Superfície m2 km2 in2 ft2 yd2 sq mile a ha


1 m2 (metro quadrado) 1 10-6 1550 10,7639 1,196 - 0,01 -

1 km2 (quilómetro quadrado) 106 1 - - - 0,3861 10000 100

1 in2 (polegada quadrada) - - 1 - - - - -

1 ft2 (pé quadrado) 0,092903 - 144 1 0,111 - - -

1 yd2 (jarda quadrada) 0,836127 - 1296 9 1 - - -

1sq mile (milha quadrada) - 2,5899 - - - 1 - 258,999

1 a (are) 100 - - 1076,39 - - 1 0,01

1 ha (hectare) 10000 0,01 - - - - 100 1

Volume m3 cm3 in3 ft3 yd3 US fl oz UK fl oz US gal UK gal


1 m3 (metro cúbico) 1 106 61024 35 1,3 33814 35195 264,2 219,9

1 cm3 (centímetro cúbico) 10-6 1 0,061024 - - 0,33814 0,035195 - -

1 in3 (polegada cúbica) - 16,3872 1 - - 0,5541 0,5768 - -

1 ft3 (pé cúbico) 0,0283168 28316,8 1728 1 0,03704 975,5 996,6 7,4805 6,2288

1 yd3 (jarda cúbica) 0,76456 - 46656 27 1 - - 201,97 168,18

1US fl oz (onça de líq.-E.U.A.) - 29,574 1,805 - - 1 1,041 - -

1UK fl oz (onça de líq.-R.U.) - 28,413 1,7339 - - 0,96075 1 - -

1 US gal (galão - E.U.A.) - 3785,4 231 0,1337 - 128 133,23 1 0,8327

1 UK gal (galão - R.U.) - 4546,09 277,42 0,1605 - 153,72 160 1,201 1

158
Massa kg g t Oz lb sq cwt cwt sh tn ton
1 kg (kilograma) 1 1000 0,001 35,274 2,20462 - - - -

1 g (grama) 0,001 1 - - - - - - -

1 t (tonelada) 1000 - 1 35274 2204,62 22,0462 19,685 1,10231 0,98421

1 oz (onça, avoirdupois) - 28,35 - 1 0,0625 - - - -

1 lb (libra, avoidupois) 0,45359 453,5924 - 16 1 0,01 0,0089 0,0005 -

1sh cwt 45,3592 - - - 100 1 0,8929 0,05 0,0446


(short hundredweight - E.U.A.)
1 cwt (hundredweight- R.U.) 50,8023 - - - 112 1,12 1 0,056 0,05

1 sh tn (hundredweight -E.U.A.) 907,185 - - - 2000 20 17,857 1 0,8929

1 ton (R.U.) 1016,05 - 1,01605 - 2240 22,4 20 1,12 1

1 onça (avoirdupois) = 16 drams = 437,5 troy grains; 1 troy onças = 480 grains = 31,1 g
1 stone (avoirdupois) = 14 lb
1 unidade técnica de massa (= 1 kp s2/m) = 9,80665 kg

Força, peso N Dyn p kp lbf


1 N (Newton) 1 105 101,9716 0,1019716 0,224809

1 dyn (dine) 10-5 1 1,019716.10-3 1,019716.10-6 2,24809.10-6

1 p (peso) 9,80665.10-6 980,665 1 0,001 2,20462.10-3

1 kp (kilopeso) 9,80665 9,80665.103 1000 1 2,20462

1 lbf (libra-força) 4,44822 4,44822.105 453,592 0,45392 1

Pressão Pa baria kp/m2 at atm Torr lbf/in2


1 Pa = 1 N/m 2 1 10-5 1,019716.10-1 1,019716.10-5 0,986923.10-5 0,750062.10-2 145,038.10-6

1 baria = 106 dine/cm 2 105 1 10,19716.103 1,019716 0,986923 750,062 14,5038

1 kp/m2 = 1 mm c.d.a. 9,80665 0,9800665.10-4 1 104 0,967841.10-4 0,735559.10-1 1,422333.10-3

1 at = 1kp/cm2 0,980665.105 0,980665 104 1 0,967841 735,559 14,223

1 atm = 760 Torr 101325 1,01325 1,033227.104 1,033227 1 760 14,69595

1 Torr (Torricelli) 133,3234 1,333224.10-3 13,59510 1,359510.10-3 1,315789.10-3 1 19,3368.10-3

1 lb/in2 = 1 psi (pound-force per 6,89476.103 68,9476.10-3 703,070 70,30706.10-3 68,0460.10-3 51,7128 1
sq. inch)

159
Trabalho
energia, quantidade de calor J kWh CVh kp-m kcal Btu MeV UCM
1 J (Jule)=1 Ws=1 Nm=107 erg 1 2,778.10-7 3,777.10-7 0,1019716 2,388.10-4 9,478.10-4 6,242.10-12 34,12.10-9

1 kWh (kilovatio-hora) 3,6.106 1 1,35962 3,671.105 859,845 3412,14 2,247.1019 12,28.10-2

1 CVh (cavalo vapor-hora) 2,648.106 0,735499 1 2,7.105 632,41 2509,62 1,653.1019 90,36.10-3

1 kp m (kilopeso-metro) 9,80665 2,724.10-6 3,70.10-10 1 2,342.10-3 9,295.10-3 6,122.1013 33,47.10-8

1 kcal (kilocaloria) 4186,8 1,163.10-3 1,581.10-3 426,935 1 3,96832 2,614.1016 14,29.10-5

1 Btu (British thermal unit) 1055,06 2,931.10-4 3,985.10-4 107,586 0,251996 1 6,586.1015 35,99.10-6

1 MeV (megaelectrãovolt) 1,602.10-13 4,45.10-20 6,050.10-20 1,63.10-14 3,82.10-17 1,518.10-15 1 5,464.10-21

UCM (unid. de carvão mineral) 29,307.106 8,141 11,067 2,988.106 7000 27,78.103 183.1018 1

Potência W kW CV hp kp m/s kcal/s Btu/s ft Ibf/s


1 W (Watt) 1 103 1,35962.10-3 1,34102.10-3 0,1019716 238,846.10-6 947,81.10-6 0,377562

1 kW (kilowatt) -1010 erg/s 100 1 1,35962 1,34102 101,9716 0,238846 0,94781 737,562

1 CV (cavalo vapor) 735,499 0,735499 1 0,986320 75 0,1757 0,69712 524,476

1 hp (horsepower) 745,700 0,745700 1,01387 1 76,042 0,17811 0,70679 550

1 kp m/s (kilopeso-metro por seg.) 9,807 9,807.10-3 0,0133333 0,0131509 1 2,342.10-3 9,295.10-3 7,23301

1 kcal/s (kilocaloria por segundo) 4186,8 4,1868 5,692 5,614 426,939 1 3,96832 3088,05

1 Btu/s (British thermal unit/sec) 1055,05 1,05505 1,4345 1,4149 107,586 0,251993 1 778,17

1 ft-lbf/s (foot-pound-force/sec) 1,356 1,356.10-3 1,843.10-3 1,818.10-3 0,138255 3,238.10-4 1,285.10-3 1

EQUIVALÊNCIAS ENERGÉTICAS DAS FONTES PRIMÁRIAS

1 tec = 7 × 106 kilocalorias 1 tep = 107 kcal 1 tep = 1,428 tec 1 termia = 103 kcal

Poder Poder
Calorífico Unid. Equivalências calorífico Unid. Equivalências
kcal/kg tec tep kcal/kg tec tep
CARVÕES PETRÓLEO
Crude 10000 t 1,428 1,000
Hulha 6060 t 0,866 0,606 G.P.L. 11800 t 1,686 1,181
Antracite 5320 t 0,760 0,532 Gasolina, querosenes, gasóleo
Coque 6650 t 0,950 0,665 e naftas 10500 t 1,500 1,050
Lenhite negra 3210 t 0,459 0,321 Fuelóleo 10000 t 1,428 1,000
Lenhite castanha 2086 t 0,298 0,208 Resto de Produtos 9500 t 1,357 0,950

GÁS ELECTRICIDADE
Energia primária equivalente:
Produção 2.470* MWh 0,353 0,247
Gás natural e de emissão 10000 103 Nm3 1,428 1,000 Consumo 860* MWh 0,123 0,086
Propano 11900 t 1,700 1,190
Butano 11800 t 1,686 1,181 1 TWh = 103 GWh = 106 MWh = 109 kWh =1012 Wh
* kcal/kWh

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ALGUMAS EQUIVALÊNCIAS ENERGÉTICAS ÚTEIS

ELECTRICIDADE ALGUNS FACTORES DE CONVERSÃO

1 GWh = 220 a 290 tep (equivalente à produção) (*) 1 cal = 4,185 J


1 GWh = 86 tep (equivalente ao consumo) 1 kWh = 3600 kJ = 860 kcal
1 tep = 107 kcal
1 tep = 41, 85 GJ
1TJ = 23,895 tep
(*) A variação nesta conversão depende do rendimento do
sistema electroprodutor e da conversão estabelecida

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