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Os textos que constituem este livro foram produzidos num período de tempo muito
curto tendo, por isso, requerido o apoio e a colaboração de amigos em relação aos quais
desejamos formalizar os nossos agradecimentos:
Ao José Manuel Biu que deu uma importante contribuição na organização informática
do processamento de gráficos e figuras.
SETEMBRO DE 1993
2
PREFÁCIO
3
energia. Por isso a gestão de energia que em boa hora este livro trata é matéria crucial
para o nosso país.
4
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
1.1 Substituir a energia pela gestão ..................................................................... 6
1.2 A gestão da energia ........................................................................................ 8
2. INDICADORES ENERGÉTICOS ............................................................................. 11
2.1 Conceitos de eficiência energética ............................................................... 11
2.2 Definição genérica dos indicadores de eficiência energética ...................... 16
2.3 Indicadores de eficiência energética ............................................................ 20
3. A SITUAÇÃO ENERGÉTICA PORTUGUESA ............................................................ 28
3.1 Os consumos de energia em Portugal .......................................................... 28
3.2 A energia na economia portuguesa .............................................................. 33
3.3 A conservação de energia em Portugal ........................................................ 43
3.4 Tendências de comportamento .................................................................... 52
4. A POLÍTICA ENERGÉTICA PORTUGUESA E COMUNITÁRIA ................................... 60
4.1 A política energética portuguesa .................................................................. 60
4.2 A política de incentivos à utilização racional de energia ............................. 66
4.3 A política energética comunitária ................................................................. 77
5. A GESTÃO DA ENERGIA ....................................................................................... 79
5.1 A auditoria energética ................................................................................... 81
5.2 Um método de gestão de energia ................................................................ 98
5.3 A aplicação do método de gestão .............................................................. 111
6. CONTROLO DOS INVESTIMENTOS
EM PROJECTOS DE ECONOMIA DE ENERGIA .................................................... 116
6.1 A avaliação técnico-económica .................................................................. 119
6.2 O financiamento por terceiros .................................................................... 124
6.3 A cogeração em Portugal .............................................................................130
6.4 Exemplos de projectos energéticos ............................................................ 140
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 150
Lista de siglas e abreviaturas .............................................................................151
Bibliografia ..........................................................................................................152
Anexo I — Legislação portuguesa na área da gestão de energia .......................157
Anexo II — Grandezas e unidades físicas e suas equivalências .........................158
5
1. INTRODUÇÃO
6
Quadro 1.1 — Esquema simplificado do sistema energético
7
1.2 A gestão da Energia
8
• é conhecer os consumos energéticos:
− porquê se consome a energia
− como se consome a energia
− onde se consome a energia
− quanto se consome de energia
• é contabilizar e seguir a evolução dos consumos de energia
• é dispor de dados para tomar decisões
• é agir para optimizar
• é controlar o resultado das acções e investimentos realizados
9
1000
900
800
700
600
ENERGIA
500
400
300
200
100
Título do Eixo
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Este livro, inserido numa colecção destinada à gestão das empresas, tem como
objectivo fundamental desafiar os gestores portugueses para gerarem alterações nos
seus hábitos de gestão, levando-os a considerarem a utilização racional e eficiente da
energia como um meio de optimização dos processos produtivos.
A apresentação deste tema de gestão será feita a partir de uma primeira parte onde
serão apresentados os indicadores energéticos mais usuais em Economia da Energia e
uma síntese sobre situação energética portuguesa onde serão abordadas questões
fundamentais sobre a conservação e utilização racional de energia em Portugal. Numa
segunda parte serão desenvolvidas as técnicas de gestão e contabilidade energética
integradas na gestão global das empresas e que permitirão dar início ao processo de
gestão da energia em qualquer instalação consumidora de qualquer ramo da actividade
económica. A finalizar este livro apresentar-se-ão os aspectos relacionados com a
análise técnico-económica de projectos energéticos e com novas modalidades de
financiamento, terminando com alguns exemplos de aplicações de tecnologias
energéticas que conduzem, normalmente, a economias de energia significativas.
10
2. INDICADORES ENERGÉTICOS
Os instrumentos mais usuais para medir a forma como a energia é utilizada, quer ao
nível micro quer ao nível macroeconómico, são os indicadores energéticos. Existe,
assim, um universo de indicadores que permitem, no seu conjunto, estabelecer uma
série de avaliações e comparações, quer estáticas quer dinâmicas, sobre o estado da
eficiência energética das economias.
Tendo em consideração o objectivo deste livro, iremos tratar neste capítulo de
indicadores energéticos apenas aqueles que estão directamente relacionados com a
interpretação básica da energia na economia e aqueles que são necessários para a
aplicação das técnicas de gestão da energia. Este subconjunto de indicadores é
normalmente designado por indicadores de eficiência energética.
Um dos aspectos mais delicados na manipulação e interpretação dos indicadores
energéticos, e em particular dos indicadores de eficiência energética, é a avaliação dos
efeitos que induzem alterações naqueles indicadores bem como a sua interpretação
comparativa.
Para minimizar esta dificuldade foram criados os chamados indicadores explicativos
cujo objectivo é a quantificação daqueles efeitos. Os métodos mais usuais para
determinar os vários efeitos, em particular os efeitos estruturais, de actividade e técnico-
económicos são:
− método de Laspeyre;
− método de Paasche;
− método de Fisher;
− Método de Divisa.
11
de conceitos, normalmente utilizados para referir as políticas energéticas, que se situam
do lado da procura, tais como a Utilização Racional de Energia, a Conservação de
Energia e outros.
«As crises da energia não poderiam prestar melhor serviço que o de tornar imperiosa
a necessidade de uma política energética para a Comunidade Europeia. Ela, com efeito,
demonstrou a vulnerabilidade da economia europeia às interrupções ou restrições de
fornecimento, bem como às fortes subidas dos preços da energia. As crises da energia
demonstraram, por outro lado, a falta de eficácia das reacções nacionais isoladas ou
dispersas assim como o perigo da não existência de solidariedade entre os países
consumidores. Ela mostrou, enfim, a necessidade de uma evolução das estruturas de
aprovisionamento para uma menor dependência, o que implica um vigoroso esforço na
economia da energia, na utilização dos recursos endógenos e no desenvolvimento de
12
fontes alternativas ao petróleo.» 1, isto é, um vigoroso esforço no sentido da utilização
racional da energia:
− realizar economias de energia, a fim de obter o melhor rendimento possível na
utilização de todas as formas de energia;
− valorizar a utilização das energia primárias;
− favorecer a substituição do petróleo por outras formas de energia em condições
técnico-económicas satisfatórias.
A recente «crise do Golfo» veio mais uma vez demonstrar que as tensões geopolíticas
que permanecem no Médio Oriente deixam antever situações de desequilíbrio de forças
que, quando se manifestam se traduzem naquilo a que já nos habituámos a chamar de
«choques petrolíferos» ou «crises da energia».
Verificou-se também que as economias ocidentais estão demasiado dependentes do
petróleo (como forma de energia primária fundamental) e que poucos foram, ainda, os
esforços desenvolvidos pelos vários países comunitários com vista a dotar a
Comunidade Europeia de uma verdadeira política energética comum, capaz de reagir de
forma menos nervosa à especulação que se verifica nos mercados da energia em
situações de crise.Demonstrou-se, que uma das formas mais eficazes para contrariar os
efeitos das «crises da energia» é a Utilização Racional da Energia.
A utilização racional de energia é um conceito que engloba as duas vertentes do
sistema energético (a produção e o consumo) cujas características diferenciadas
requerem actuações bem definidas e correctamente dirigidas, e que se pode enquadrar
num conceito mais generalizado que é a utilização racional dos recursos.
A utilização racional da energia, cujo objectivo fundamental é a produção de acções
conducentes à redução dos custos da energia para o consumidor e para a economia, é
13
um meio gerador de economias de energia. O seu âmbito é abrangente e inclui a gestão
dos recursos energéticos, através da produção racional de energia, e a gestão do
consumo, através da conservação e do consumo racional de energia.
Pretende-se com a utilização racional da energia desenvolver acções directa ou
indirectamente relacionadas com o consumo e produção de energia, que ao gerarem
economias de energia não afectem o nível das prestações energéticas, isto é, não
provoquem reduções de conforto, de produção e de produtividade, de mobilidade e,
genericamente, dos serviços energéticos.
14
• Electricidade
• Calor
GESTÃO DOS RECURSOS PRODUÇÃO RACIONAL • Vapor de processo
ENERGÉTICOS DE ENERGIA • Força-motriz
• Sistemas de cogeração
• …
• Aumento do rendimento
das conversões
• Recuperação de calor
UTILIZAÇÃO EFICIENTE • Inovação tecnológica
DE ENERGIA
• Valorização dos resíduos
(Conservação da energia)
• Investimentos integrados
• Investimentos directos
• …
GESTÃO DO CONSUMO DE
ENERGIA
• Aplicações específicas da
electricidade
• Escolha racional da forma
de energia final
• Escolha dos períodos mais
CONSUMO RACIONAL
favoráveis para o consumo
DE ENERGIA
de electricidade (horas de
vazio)
• Formação do consumidor
• Mudanças estruturais
• …
Fonte: J. F./90
A utilização cada vez mais eficiente da energia é fundamental para o longo prazo
económico, já que apresenta importantes vantagens:
15
mais - se associa a energia à incerteza, nomeadamente no que respeita aos seus
mercados e preços.
16
• Indicadores explicativos que explicam as razões pela qual se deram variações ou
desvios nos indicadores descritivos, isto é, a deterioração ou progressos na
eficiência energética de um país, região, sector de actividade, ramo de actividade,
empresa ou utilizações finais. Os indicadores explicativos são de grande utilidade
para identificar a contribuição dos vários efeitos (alterações tecnológicas,
alterações estruturais e alterações de comportamento) nas variações de eficiência
energética.
17
Os indicadores descritivos e explicativos podem ser estabelecidos tendo em
consideração dois critérios básicos:
• Intensidade Energética (I) — Este indicador pode ser definido como sendo a razão
entre o consumo de energia (em tep, por exemplo) e um indicador de actividade
económica (por exemplo: o PIB; o VAB; o Consumo das famílias; etc.) sendo
portanto um indicador que é medido em «unidade energética/unidade monetária».
CTEF
I vi = = N tep 103 escudos(90) 2
VAB
18
ΔCTE
ε E/PIB = CTE
ΔPIB
PIB
CEF
Cm = = Ntep t
tdevidro
que caracteriza o consumo médio da produção de vidro num país ou região, em tep
por tonelada de produto fabricado.
• Consumo específico (Ce) de um produto determinado mede a quantidade de
energia consumida para produzir uma unidade (toneladas, litros, unidades, …)
daquele produto e é definido como sendo a razão entre o consumo de energia final
e a quantidade de produção, do produto em análise, em unidades físicas. Este
indicador é utilizado ao nível microeconómico de uma determinada empresa e é
essencialmente função da produção, como seja por exemplo:
CEF
Ce = = N kgep t
t vidroplano
19
• Consumo unitário (Cu) de um determinado equipamento mede, em condições
normalizadas, a quantidade de energia consumida para a prestação de um serviço
e é definido como sendo a razão o consumo de energia final e o serviço pretendido
(mobilidade, temperatura, nível de iluminação, …). Este indicador é utilizado ao
nível do equipamento e é independente da produção corrente, pois ele é
determinado em condições normalizadas de produção, normalmente através de
ensaios realizados pelo fabricante desse equipamento. Um exemplo muito popular
é o consumo unitário de uma viatura que determina a quantidade de energia
necessária para percorrer 100 km em circuito normalizado.
CEF
Cu = =Nl 100km
100km
20
Indicadores Descritivos — Indicadores Económicos
a) Indicadores macroeconómicos
∑ VA
s
ref(s) × IEs
PIB
21
Intensidade eléctrica do consumo privado, representada pela razão entre o consumo
final de energia eléctrica no sector doméstico e o consumo privado a preços
constantes.
Repete-se o método de cálculo para os outros tipos de indicadores apresentados
tendo em consideração as particularidades do sector doméstico.
22
Indicadores Descritivos — Indicadores Técnico-económicos
23
Através da apresentação destes exemplos de indicadores é possível estabelecer
um conjunto mais alargado tendo em consideração o tipo de análise que se pretende
elaborar e usando o mesmo mecanismo de cálculo apresentado nestes exemplos.
a) Indicadores macroeconómicos
24
Efeito macroestrutural na intensidade energética do PIB, representado pela diferença
entre a actual intensidade energética (a estrutura corrente) e a intensidade
energética a estrutura constante.
25
Efeito quantitativo nas variações do consumo de energia (total, para aquecimento
e/ou para outras utilizações finais).
Efeito do clima nas variações do consumo de energia para aquecimento.
Efeito de eficiência energética da construção nas variações do consumo de energia
para aquecimento (ou outras utilizações finais).
Efeito do consumo unitário dos veículos no consumo total de gasolina (ou gasóleo).
Efeito quantitativo dos veículos no consumo total de gasolina (ou de gasóleo)
Efeito comportamental no consumo total de gasolina (ou gasóleo).
Efeito de eficiência dos veículos no consumo total de gasolina (ou de gasóleo).
• nível de actividade (A) definido como sendo a produção total medida em termos de
valor acrescentado;
• alterações estruturais (Si = Ai/A) que correspondem às mudanças na contribuição
de cada ramo de actividade para a formação do valor acrescentado do subsector
considerado;
26
• intensidade energética (Ii) que corresponde à intensidade energética de cada ramo
de actividade do subsector em análise;
• consumo de energia ( E = A ∑ S i I i ) que representa o consumo de energia no
i
subsector em estudo;
a partir dos quais podem ser definidos os índices de Laspeyre:
Ao ∑ S io I io
− feito de actividade → LAt = i
Eo
Ao ∑ Sit I io
− efeito de estrutura → LS t = i
Eo
Ao ∑ Sio I it
− efeito de eficiência → LS t = i
Eo
(ou efeito de intensidade)
27
3. A SITUAÇÃO ENERGÉTICA PORTUGUESA (síntese)
A existência destes três cenários permite concluir que a questão energética não é
matéria personalizada mas que ela se desempenha, também, no plano social; cada
maneira de encarar o consumo de energia é remetida a um modelo (e
consequentemente a uma opção) de sociedade. A problemática do consumo da energia
ultrapassa o quadro puramente técnico já que são colocadas em jogo questões
fundamentais que dizem respeito quer à actualidade como ao futuro da nossa
sociedade.
A energia desempenha um papel fundamental na economia e no seu
desenvolvimento. Esta constatação, indiscutível, não justifica um crescimento,
indisciplinado, quer da procura como da oferta da energia. Problemas ecológicos e
sociopolíticos impedem claramente o prosseguimento sobre a via da inflação energética.
28
De um ponto de vista estático a situação energética portuguesa pode ser
caracterizada por uma dupla dependência (externa e em relação a uma fonte de energia
primária: o petróleo), por um nível de consumo fraco (em comparação ao de outros
países membros da CEE) e por uma forte intensidade energética da Economia.
Em 1991 o abastecimento em energia primária do país dependia do exterior em
cerca de 88% e o petróleo (totalmente importado) representa cerca de 71% do consumo
de energia primária. A electricidade de origem hidráulica e as lenhas (incluindo os
resíduos vegetais) são as duas únicas fontes de energia primária nacionais utilizadas a
um nível significativo (respectivamente 4,7% e 7,0% do consumo total), enquanto que o
carvão (96% importado) teve uma participação de 17,5%, que deverá aumentar nos
próximos anos.
Carvão 73 75 73 67 80 97
Hídrica 694 438 601 699 850 933
Outros 738 780 816 853 846 1 049
Importações
Líquidas 9 845 9 058 10 151 10 011 10 456 9 812
29
1986 1987 1988 1989 1990 1991
Cons. Energia
Primária 12 641 13 016 13 987 16 032 16 418 16 614
30
A situação energética portuguesa pode ainda caracterizar-se por um fraco nível de
consumo de energia per capita em comparação com os países industrializados do Norte
da Europa (por exemplo: o consumo de energia primária per capita em 1990 era de 3,41
tep na CEE 12, contra apenas 1,67 tep em Portugal). Esta capitação é fraca apenas
«aparentemente"; se nos referimos aos consumos de energia por unidade de PIB,
verificamos que Portugal se situa no topo de escala dos valores observados. Os sectores
mais consumidores de energia são a indústria e os transportes (42,4% e 30,4% do
consumo final) enquanto que os consumos das famílias representam uma parcela
modesta (cerca de 9 a 10%).
Por outro lado, no sector industrial, Portugal tem um nível de consumo de energia, por
unidade de valor acrescentado bruto (VAB), muito superior ao dos países
industrializados, e por tonelada-kilómetro de mercadoria ou passageiro-kilómetro
transportados encontramos, de novo, consumos significativamente superiores.
Indústria
3 673 44,4 4 043 45,0 4 226 46,0 4 413 46,5 4 833 47,4
(a)
Transportes 2 346 28,3 2 598 28,8 2 477 26,9 2 476 26,0 2 675 26,2
Dom/Serv. 1 610 19,5 1 676 18,6 1 802 19,5 1 845 19,5 1 879 18,4
Outros (b) 642 7,8 683 7,6 699 7,6 755 8,0 802 8,0
TOTAL 8 271 100,0 9 000 100,0 9 204 100,0 9 489 100,0 10 189 100,0
31
SECTORES 1987 1988 1989 1990 1991
ACT. ECON. Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %
Indústria
4 879 45,8 5 424 47,0 5 566 46,1 5 748 45,6 5 415 42,4
(a)
Transportes 2 956 27,7 3 233 28,0 3 429 28,4 3 642 28,9 3 876 30,4
Dom/Serv. 1 928 18,1 1 996 17,3 2 147 17,8 2 234 17,7 2 378 18,7
Outros (b) 895 8,4 895 7,7 943 7,7 985 7,8 1 079 8,5
TOTAL 10 658 100,0 11 548 100,0 12 085 100,0 12 609 100,0 12 748 100,0
32
3.2 A energia na Economia Portuguesa (uma breve abordagem)
33
− Respostas estruturais, como a criação de organismos adequados que apoiem os
consumidores.
170
150
130
INDICES [1980=100]
110
90
70
50
30
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990
ANOS
P.I.B. C.T.E.P.
34
Fonte: J. F./90
35
PIB E ENERGIA PRIMARIA
PORTUGAL
180
160
140
INDICES [1980=100]
120
100
80
60
40
20
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990
ANOS
P.I.B. C.T.E.P.
• O crescimento da economia;
• A intensidade energética;
• As mudanças estruturais,
36
económico e o consumo de energia), verificamos uma drástica queda nos valores da
intensidade energética da economia europeia (figura 3.3.)
0.65
INTENSIDADE ENERGETICA [Mtep/GECU(80
0.6
0.55
0.5
0.45
0.4
1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990
ANOS
• Efeitos estruturais
• Efeitos comportamentais
• Efeitos tecnológicos
37
38
Os efeitos de estrutura correspondem às mudanças estruturais verificadas nas
economias europeias e provocadas pela necessidade de adaptação às evoluções
conjunturais, quer nacionais quer internacionais. Os acréscimos de eficiência energética
provocados por estas mutações não tiveram, necessariamente, como motor exclusivo a
optimização do sistema energético. Na maioria dos casos este aspecto constituiu, e
constituirá, um parâmetro de decisão, entre outros, com vista à optimização global na
afectação dos vários recursos disponíveis.
39
Poderemos, sem grandes dificuldades, enumerar algumas das situações que contribuem
para esta indesejada evolução da intensidade energética da economia portuguesa:
0.70
0.65
INTENSIDADE ENERGETIC
[Mtep/GECU(80)]
0.60
0.55
0.50
0.45
0.40
1966 1972 1978 1984 1990
ANOS
40
Convém, no entanto, referir que o comportamento dos agentes económicos face à
energia depende de vários factores, dos quais são de salientar os seguintes:
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991
Consumo
Total de
7,98 8,16 8,66 8,68 8,95 8,71 9,27 9,09 9,36 10,1 10,0 9,87
Energia
Primária/PI
Consumo
Total de
6,39 6,39 6,53 6,59 6,70 6,54 6,51 6,56 6,68 6,65 6,64 6,81
Energia
Final/PIB(a)
Consumo de
Energia na
Indústria/ 9,82 9,30 10,6 10,3 11,7 11,9 12,2 12,0 13,1 13,0 13,1 12,3
Produção
(VAB)
Se todos estes factores, entre outros, tiverem uma resposta positiva, o sucesso de
um programa de conservação de energia estará garantido. No entanto não é esta a
nossa realidade. Não existe, ainda, uma mentalidade energética a nível do utilizador,
seja ele o cidadão comum seja a entidade colectiva. O primeiro passo a dar é no sentido
41
de provocar uma profunda alteração de comportamento nos consumidores de energia,
oferecendo-lhes uma resposta positiva a todos aqueles factores.
Para finalizar esta breve reflexão sobre «a energia na economia portuguesa»
apresentam-se, no quadro 3.5., os valores das intensidades energéticas (PIB e VAB
industrial) dos países que constituem a Comunidade Europeia.
Da leitura deste quadro facilmente se conclui que Portugal está numa situação de
elevada intensidade energética da sua economia. Uma aproximação, necessária, aos
valores médios da Europa comunitária só será possível com uma profunda alteração de
comportamento por parte dos agentes económicos portugueses. A gestão da energia é,
com toda a certeza, o primeiro passo a dar naquele sentido.
CEE 12 286,3
PORTUGAL 601,9
ESPANHA 315,0
FRANÇA 266,7
BÉLGICA 385,8
LUXEMBURGO 618,3
HOLANDA 351,3
REINO UNIDO 300,1
ITÁLIA 232,6
ALEMANHA 284,3
GRÉCIA 453,6
IRLANDA 330,4
DINAMARCA 210,8
42
INTENSIDADE ENERGÉTICA DA INDÚSTRIA
CEE 12 316,2
PORTUGAL 750,3
ESPANHA 380,6
FRANÇA 291,1
BÉLGICA 560,2
LUXEMBURGO 1224,6
HOLANDA 585,9
REINO UNIDO 299,3
ITÁLIA 290,6
ALEMANHA 271,2
GRÉCIA 448,5
IRLANDA 284,5
DINAMARCA 198,4
43
3.6. O potencial energético da utilização racional de energia no sector industrial
(realizável num período de 5 anos) foi avaliado em cerca de 600 Ktep/ano 3 prevendo-se
para a sua realização um investimento da ordem dos 68 Milhões de contos, com tempos
de retorno bruto do investimento que variam entre alguns meses a aproximadamente 5
anos. Num prazo de 10 anos é possível avaliar um potencial realizável, em economias
de energia no sector industrial, da ordem dos 1000 Ktep/ano.
44
Aquele programa era constituído pelo seguinte conjunto de acções:
a) Acções de Enquadramento
Legislação e Regulamentação
• Avaliar os resultados da legislação vigente, publicando até 1985 um conjunto
coerente de diplomas abrangendo os diversos sectores de actividade. A avaliação
e preparação técnica dos diplomas seria da responsabilidade da DGE.
• Ampliar progressivamente o campo da acção do Dec. -Lei n.º 58/82, de 25 de
Fevereiro sobre gestão do consumo de energia e seu Regulamento, de modo a:
− abranger empresas, e não apenas instalações consumidoras, dos outros
sectores além da indústria nomeadamente os de Transportes e de Serviços;
− contemplar todas as utilizações energéticas das empresas abrangidas;
− estabelecer metas para redução da incidência do custo da energia no VAB, por
ramo de actividade. Acção da responsabilidade da DGE e DGI.
• Publicar, em 1984, um diploma que permita a elaboração de uma contabilidade
energética a nível nacional.
• Rever os esquemas de incentivos à conservação de energia e integrá-los com
outros incentivos de modo a constituir um todo coerente e de simples e eficiente
aplicação.
45
Assistência Técnica
Na medida em que o programa de conservação da energia é essencialmente
descentralizado e o seu êxito depende do comportamento de inúmeros agentes
económicos, torna-se necessário, em colaboração com estes agentes:
Esta assistência técnica abrange, num sentido lato, o programa de I, D & D relativo a
conservação de energia, nomeadamente quanto à redução das exigências energéticas
dos processos produtivos.
Formação e Informação
Um dos factores determinantes da transformação estrutural do uso da energia é a
mudança de comportamento dos utilizadores a todos os níveis. Para tal promover-se-ão
as seguintes acções:
46
• Avaliar os resultados dos programas de conservação de energia, como meio de
controlar a eficácia das políticas definidas neste domínio.
b) Acções Sectoriais
Sector Energético
• Completar e implementar o programa de conservação de energia nas refinarias
nacionais.
• Realizar estudos de aproveitamento do calor perdido, em cada central
termoeléctrica.
• Estudar a viabilidade de produção combinada calor-electricidade (cogeração),
numa zona urbana ou parque industrial.
• Estabelecer um sistema de medida e de estatística da qualidade de serviço e de
perdas nas redes de transporte e distribuição de electricidade, fixando metas de
economia de energia e avaliando o seu progresso.
Sector Industrial
• Repercutir na política de desenvolvimento industrial os objectivos de redução da
energia consumida por unidade de valor acrescentado bruto.
• Dar a máxima prioridade à implementação do regulamento sobre gestão do
consumo de energia (Decreto-Lei n.º 58/82 e Portaria n.º 359/82).
• Incentivar a cogeração (vapor-electricidade) e a utilização de energia em cascata.
• Reforçar a capacidade de fabrico nacional dos equipamentos a integrar nos
projectos de economia de energia e adaptar as estruturas da oferta de
equipamentos de conservação e utilização de racional da energia.
47
− Racionalização da utilização do caminho de ferro, libertando-o de tráfegos para
os quais não está vocacionado, implementando adequados sistemas de
Comando Centralizado e preparando-o para fazer face ao aumento de tráfego
previsto, nomeadamente no que se refere ao conjunto das linhas na região de
Lisboa, e, proceder à eventual electrificação das linhas na direcção de Braga e
Penafiel. Melhorar a capacidade de transporte no eixo Lisboa-Porto.
• No transporte aéreo:
− Incentivar a aplicação das recomendações preconizadas pelos organismos
internacionais de aviação civil no domínio da Conservação de Energia.
48
• Na Marinha de Comércio e nos Portos, incentivar as medidas de gestão visando a
melhoria da produtividade, por forma a minimizar a incidência da energia.
49
na indústria com o objectivo de proceder a um levantamento de economias de
energia em diversos sectores industriais em Portugal;
• Em 1986 foi criado o Sistema de Estímulos à Utilização Racional de Energia
(SEURE);
• Em 1986 foi dado início aos trabalhos de preparação do Regulamento das
Condições Térmicas em Edifícios (sistemas passivos);
• Em 1986 foi dado início aos trabalhos de preparação do Regulamento dos
Sistemas de Climatização Activa nos Edifícios;
• Em 1988 foi iniciada a ampliação do campo de acção do Regulamento de Gestão
do Consumo de Energia (RGCE);
• Em 1988 foi criado o Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia
(SIURE) articulado com o programa comunitário VALOREN;
• Em 1988 foi publicada a lei do produtor independente, com vista a motivar os
agentes económicos para a produção de electricidade quer a partir de sistemas de
cogeração como a partir do aproveitamento de recursos naturais renováveis;
• Em 1988 foi iniciado o 3.º Projecto Rodoviário que, entre outros, contempla um
estudo sobre «Política de Gestão de Energia no Sector dos Transportes, Auditorias
Energéticas";
• Em 1989 foi criado o Centro da Biomassa para a Energia (CBE);
• Em 1990 foi publicado o Regulamento das Características de Comportamento
Térmico dos Edifícios (RCCTE);
• Em 1992 foi publicado o Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de
Climatização em Edifícios (RQSECE);
• Em 1992 foi criada a Comissão Nacional para a Utilização Racional de Energia
(CNURE);
50
competitividade e, deste modo, potenciando inegáveis benefícios de natureza ambiental,
estratégica e económica».
Conforme se pode constatar, pela análise dos vários indicadores energéticos sobre a
situação portuguesa, este conjunto de acções já desenvolvidas (ou em fase de
implementação) ainda não produziram os efeitos pretendidos, isto é, aumentar
significativamente a eficiência energética da economia portuguesa.
ÁREAS DE ACTUAÇÃO
ACÇÕES DINAMIZADAS
INDÚSTRIA SERVIÇOS TRANSPORTES DOMÉSTICO
Esquemas de Apoio Apoio financeiro a
—— —— ——
(1976 a 1984) projectos URE
RGCE — Regulamento da
Auditorias energéticas e Planos de Racionalização dos Consumos de
Gestão do Consumo de ——
energia
Energia (1982)
SIURE
Apoio financeiro a projectos de URE ——
(1988 a …)
Inclui um estudo
3.º Projecto Rodoviário sobre Gestão de
—— —— ——
(1988) Energia no Sector
Transportes
51
(Continuação do quadro)
ÁREAS DE ACTUAÇÃO
ACÇÕES DINAMIZADAS
INDÚSTRIA SERVIÇOS TRANSPORTES DOMÉSTICO
Obriga os edifícios
Resolução 9/89 públicos a audito-
—— —— ——
(1989) rias energéticas dos
projectos
RCCTE — Regulamento
das Características de
Regulamenta o nível de isolamento térmico a considerar na construção de edifícios
Comportamento Térmico dos
Edifícios (1990)
Adaptação do RGCE
RGCE para o sector dos
—— —— ao sector dos ——
Transportes (1990)
transportes
Prevê deduções
Deduções Fiscais Fiscais (IRS) nos
—— —— ——
(1991) investi-mentos em
Energia Renováveis
Campanha de Divulgação
Campanha de Divulgação URE realizada pelo CCE
(1990 a 1991)
RQSECE — Regulamento da
Qualidade dos Sistemas
Regulamenta a qualidade dos sistemas energéticos de climatização em Edifícios
Energéticos de Climatização
em Edifícios (1992)
CNURE
Criação da Comissão Nacional para a Utilização Racional de Energia
(1992)
52
de apoio) 208 ktep de economias de energia, isto é, um valor médio de 52 ktep em cada
ano. Face a estes dados é fácil concluir sobre a necessidade de uma actuação mais
agressiva da política energética Nacional, bem como sobre a necessidade de cumprir as
acções previstas, ou a prever, num «Programa Nacional de Conservação e Utilização
Racional de Energia» cuja existência real é imprescindível.
Antes de proceder a uma reflexão sobre a possível tendência do comportamento dos
agentes económicos face à nova política energética e às acções que se venham a
implementar no âmbito de um exigível «Plano Nacional de Conservação e Utilização
Racional de Energia» é conveniente estimar as possibilidades existentes em
conservação de energia.
Um elemento útil nesta análise são os resultados do «Diagnóstico Energético na
Indústria» que teve como objectivo, entre outros, proceder ao levantamento de
economias de energia em diversos sectores industriais. Os sectores auditados
consomem cerca de 40% da Energia Final utilizada na Indústria (~2 200 ktep)
representando o potencial em conservação de energia cerca de 11% daquela Energia
(~240 ktep/ano). Se esta proporção se mantiver para o universo do sector industrial, o
potencial em Conservação de Energia, naquele sector, seria da ordem dos 595 ktep/ano
em operações realizáveis nos próximos 5 anos.
No que se refere à potencialidade para a substituição de Combustíveis (nos sectores
auditados) é-nos mostrado que a curto prazo é possível substituir anualmente de 270
000 toneladas de Fuel, 18 000 toneladas de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) e 197,2
GWh de electricidade e a longo prazo é possível substituir anualmente cerca de 352.600
toneladas de Fuel, 18 200 toneladas de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) e 301,7 GWh
de electricidade.
Salienta-se que foi feita uma chamada de atenção no Relatório de Substituição de
Combustíveis, para a necessidade de se calcular previamente a rentabilidade de um
programa de substituição de combustíveis, tendo em conta os custos e benefícios
inerentes bem como a necessidade de os comparar com outras soluções alternativas.
Refira-se, também, que é da máxima importância identificar a oferta da Madeira e
Resíduos Vegetais e de outros biocombustíveis no início da substituição de
combustíveis. Se não existir uma oferta de combustível já concentrado no local, então os
custos de montar um sistema de recolha devem ser verificados.
O principal perigo da utilização maciça de madeira, e resíduos vegetais está na
desflorestação, erosão do solo, deslocação de culturas, de alimentos e desequilíbrio do
ecossistema. A madeira ou resíduos vegetais e outros biocombustíveis são matéria
53
orgânica que de um modo geral, podem ter aplicação na indústria química, construção e
rações para animais.
Admitindo que, nos próximos 5 anos, os restantes sectores da actividade económica
(com exclusão do sector doméstico) terão um aumento de eficiência energética
moderado, o potencial de economias de energia realizável naquele período seria
estimado em:
54
No momento os instrumentos activos existentes, com vista à motivação para a
racionalização dos consumos de energia são, entre outros:
55
utilizador de energia que deverá, consequentemente, traduzir-se numa modificação de
atitudes e de comportamentos.
Assim, e com vista a preparar o êxito de um tal programa, torna-se imprescindível o
desempenho, entre outras, das seguintes acções:
56
sector produtivo da economia portuguesa conforme pode ser observado nos Quadros
3.7 e 3.8.
Os cenários considerados reflectem a maior ou menor propensão para o investimento
em projectos energéticos por parte dos vários agentes económicos.
O potencial energético nacional avaliado (em conservação e utilização racional de
energia), varia entre 1000 ktep e 1500 ktep, consoante os cenários, prevendo-se um
período de 10 anos para a sua realização. De salientar que, o maior «jazigo de
conservação» reside na Indústria Transformadora (cerca de 60% do potencial avaliado).
Neste sector de actividade, as acções típicas em projectos de Conservação e Utilização
Racional de Energia e o seu possível impacte são as seguintes:
Cogeração 21%
Substituição de equipamento 10%
Substituição de combustíveis 9%
Controlo e melhoria da eficiência dos equipamentos 6%
Recuperação de efluentes térmicos 4%
Isolamentos térmicos 1%
Outras 5%
57
Os investimentos mais representativos (em volume) são os inerentes às seguintes
acções típicas:
− Cogeração;
− Substituição de equipamento térmico (fornos, caldeiras, …);
− Recuperação de efluentes térmicos.
Agricultura e Pescas 635 000 31 750 3,2 63 500 4,2 3,493 3,2 6,985 4,2
Indústria Extractiva 34 153 1 708 0,2 3 415 0,2 0,188 0,2 0,376 0,2
Indústria Transformadora 4 844 847 661 835 67,3 904 079 59,5 72,802 67,3 99,449 59,5
Transportes 2 956 000 147 800 15 295 600 19,5 16,258 15 32,516 19,5
Serviços 643 000 64 300 6,5 96 450 6,4 7,073 6,5 10,610 6,4
Outros (d) 1 545 000 77 250 7,8 154 500 10,2 8,498 7,8 16,995 10,2
TOTAL 10 658 000 984 643 100 1 517 544 100 108,312 100 166,931 100
58
CTEF ECONOMIAS DE ENERGIA (a) INVESTIMENTO
SUBSECTOR DE
tep CENÁRIO A (b) CENÁRIO B (c) CENÁRIO A CENÁRIO B
ACTIVIDADE
(1987) tep % tep % Mcontos % Mcontos %
Alimentar, bebidas e tabaco 429 352 64 403 9,7 85 870 9,5 7,084 9,7 9,446 9,5
têxtil e couro 448 868 67 330 10,2 89 774 9,9 7,406 10,2 9,875 9,9
Madeira e cortiça 121 975 18 296 2,8 24 395 2,7 2,013 2,8 2,683 2,7
Papel 390 320 58 548 8,8 78 064 8,6 6,440 8,8 8,587 8,6
Química, plástico e borracha 1 517 369 227 605 34,4 303 474 33,6 25,037 34,4 33,382 33,6
Cerâmica, vidro e telhas 639 149 95 872 14,4 127 830 14,1 10,546 14,4 14,061 14,1
Cimentos 678 181 67 818 10,3 101 727 11,3 7,460 10,3 11,190 11,3
Metalurgia de base 492 779 49 278 7,5 73 917 8,2 5,421 7,5 8,131 8,2
Metalomecânica e outras 126 854 12 685 1,9 19 028 2,1 1,395 1,9 2,093 2,1
TOTAL 4 844 847 661 835 100 904 079 100 72,802 100 99,449 100
59
4. A POLÍTICA ENERGÉTICA PORTUGUESA E COMUNITÁRIA
4 Mira Amaral, Luís — Indústria e Energia: as Apostas Portuguesas, Edições IAPMEI, Lisboa 1992, 227 p.
60
da energia e a sua utilização cada vez mais eficiente — evitando assim cada vez
mais investimentos no sector da produção.
• Política de Preços
Um dos principais «sinais» a que qualquer gestor é sensível (bem como o
consumidor em geral) é aos preços. Assim uma política de preços real para a
energia é fundamental para corrigir as distorções introduzidas no nosso sistema
energético bem como para encaminhar o consumidor para a escolha da forma de
energia final (ou até primária) mais racional do ponto de vista técnico-económico.
61
• Pleno aproveitamento do contacto com organismos internacionais: a política
energética na CEE
O aproveitar da experiência adquirida por outros países é fundamental para
minimizar os nossos, nesta área vital que é a da energia.
Deverá, também, a política energética portuguesa seguir os objectivos
comunitários definidos em 1985 para o horizonte de 1995, em que se apontava
para uma nova melhoria de 20% na eficiência energética.
62
• Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios —
RCCTE;
• Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
— RQSECE;
• Reformulação do sistema tarifário para a energia eléctrica;
• Acções de informações e formação;
− Competência
− Formação técnica
− Informação e divulgação
63
− Regionalização
− Apoio estratégico e financeiro
É com vista a obter respostas para aquelas questões fundamentais que é necessário
desenvolver esforços no âmbito dos diagnósticos energéticos. É nesta perspectiva que
Portugal realizou, com apoio de Banco Mundial, o 3.º Projecto Rodoviário que, entre
outros, contempla um estudo sobre «Política de Gestão de Energia no Sector dos
Transportes, Auditorias Energéticas". É nesta perspectiva que se entende ser necessário
empenhar esforços (recursos humanos e financeiros) no sentido de realizar um
programa concertado de diagnósticos, às instalações consumidoras de energia
complementado com a realização de inquéritos dirigidos ao consumidor, com vista a
conhecer as actuais atitudes comportamentais, permitindo assim actuar no sentido de
corrigir as distorções de permitindo assim actual no sentido de corrigir as distorções de
comportamento.
A situação energética portuguesa é preocupante, quer face à sua dupla dependência
quer face às tendências de crescimento que se têm demonstrado contrárias às
verificadas na maioria dos países da Europa Ocidental.
É pois com vista a inverter aquelas tendências que importa implementar uma nova
política onde um dos mais importantes desafios é a melhoria da eficiência energética e,
consequentemente, o apoio às acções de Conservação de Energia.
Conforme já referido neste trabalho, Portugal tem vindo a desenvolver esforços no
sentido de aplicar de forma concertada, um conjunto de acções que pela sua coerência
conduzam os vários agentes económicos a uma alteração de atitude face a um novo
dado que é a Energia.
64
Com vista a melhor conhecer a forma como é consumida a energia no sector
industrial foi realizado, com o apoio do Banco Mundial, um diagnóstico (Energy Survey)
que teve como finalidade o «Levantamento de Economias em Diversos Sectores
Industriais em Portugal». O resultado obtido foi bastante animador já que foram
provadas as «reservas» existentes em Economias de Energia. Contudo apenas foi dado o
primeiro passo num terreno muito mal conhecido e que importa urgentemente descobrir,
pois pouco ou nada se sabe sobre a forma como é utilizada a energia nos restantes
sectores da actividade económica.
A fim de dar continuidade às acções iniciadas e de tornar mais eficaz a aplicação dos
instrumentos disponíveis é prioritária a realização de várias acções como sejam, entre
outras:
• Criação de uma Base de dados «URE» com o objectivo de permitir o acesso fácil e
imediato a todo um conjunto de informação sobre a utilização eficiente e racional
da energia, em todos os sectores de actividade, como sejam por exemplo:
− Consumos de energia globais e desagregados;
− Consumos específicos de energia;
− Consumos específicos de energia de referência;
− Resultados de inquéritos aos consumidores de energia;
− Resultados de diagnósticos energéticos em instalações consumidoras de
energia;
− Resultados de auditorias energéticas;
− Projectos energéticos típicos, sua caracterização técnico-económica;
− …
Uma base de dados deste tipo tornaria possível aceder a vários níveis de informação
de forma isolada, cruzada ou ainda globalizante.
65
− sector dos transportes, sobre o qual é necessário proceder a um trabalho mais
profundo que o incluído no 3.º Projecto Rodoviário;
− sector doméstico, muito mal conhecido em termos energéticos.
66
4.2.1 Acções empreendidas
67
− o valor económico das economias de energia conseguidas é suficientemente
importante para incentivar acções neste domínio;
− existe a necessidade de levar a cabo esforços em todos os sectores da actividade
económica (incluindo o sector terciário) com o objectivo de promover a
conservação de energia em todos os sectores, divulgando os esquemas de
incentivos nacionais e comunitários, bem como as vantagens da implementação
de tecnologias energéticas eficientes.
a) economia de energia;
b) produção de energia tendo em vista o aproveitamento de recursos renováveis ou
subprodutos da produção ou ainda utilizando técnicas de cogeração;
c) diversificação de energia;
d) projectos de demonstração no quadro do desenvolvimento de novas formas de
energia;
e) projectos de construção e experimentação de protótipos ou de instalações piloto.
68
Sistema de Incentivos à Utilização Racional de Energia - SIURE
Em vigor desde 7 de Abril de 1982 o RGCE foi revitalizado em 1988 com o objectivo
de motivar o seu cumprimento bem como torná-lo efectivamente aplicável a todos os
sectores da actividade económica.
Como consequência da aplicação do RGCE todo o consumidor intensivo de energia
deverá implementar as seguintes acções:
69
Assim, todos os 5 anos deverá ser efectuada uma auditoria energética completa, de
acordo com as normas e formulários recomendados pela DGE a fim de serem, entre
outros, determinados:
Com uma forte componente regional foi instituído, pelo regulamento (CEE) n.º
3301/86 do Conselho de 27 de Outubro de 1986, um programa comunitário relativo ao
desenvolvimento de certas regiões desfavorecidas da Comunidade por meio da
valorização do potencial energético endógeno - Programa VALOREN. Este foi um
programa comunitário do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) cujos
objectivos eram:
70
Sistema de «Financiamento por Terceiros»
71
energia fornecida pelo produtor será feita segundo a tarifa praticada, para os
consumidores da rede, correspondente ao nível de tensão imediatamente superior
àquele em que é feita a interligação. Para a energia vendida em média tensão, prevê-se
um valor médio da ordem dos 14$00 por kWh facturado.
Com apoio do Banco Mundial, teve início em 1988 o 3.º Projecto Rodoviário, realizado
em Portugal, que veio contribuir para melhor conhecer o sector dos Transportes do
ponto de vista energético já que, aquele projecto, contemplava os seguintes estudos:
72
− Estudo do eixo de Transporte Lisboa-Porto.
Dada a insuficiência deste Projecto, no que se refere à Energia, deverá ser
considerada a necessidade de implementar outro tipo de acções mais adequadas à
Conservação de Energia nos Transportes.
Em 10 de Maio de 1984 (Decreto-Lei n.º 174/84) foi criado o CCE com o objectivo de
dinamizar a área da Conservação e Utilização Racional de Energia em Portugal.
Até 1988 as actividades daquele Centro foram reduzidas, face aos objectivos e
programas de acção que lhe foram conferidos por estatutos.
É intenção da actual política energética nacional revitalizar e dinamizar o CCE a fim
de que possa cumprir as tarefas para as quais foi criado. O primeiro passo foi dado em
13 de Agosto de 1988 com a publicação da alteração dos seus estatutos. Importa agora
acreditar na sua verdadeira e eficaz implementação na cena energética nacional.
O Centro para a Conservação de Energia (pessoa colectiva de utilidade pública sem
fins lucrativos) pode definir-se como um centro especializado preocupado com os
problemas da energia, principalmente, do lado do consumo. O CCE é, assim, um
instrumento técnico, da Secretaria de Estado da Energia, com o objectivo de
implementar a política energética nacional, nomeadamente no âmbito da Conservação
da Energia.
Actualmente são seus sócios algumas instituições e empresas públicas, como por
exemplo o IAPMEI, o INETI, a EDP, a PETROGAL e a GDP mas também, como
componente fundamental, conta com a presença do sector privado através da
Associação Industrial Portuguesa e da Associação Industrial Portuense.
O CCE foi criado com vista a assegurar uma efectiva cooperação entre o Estado e os
restantes sectores e iniciou em 13 de Agosto de 1988 a sua revitalização com a
finalidade de poder, de forma efectiva, prosseguir na execução dos seus objectivos:
73
d) Promover a penetração das tecnologias adequadas à conservação da energia e
fomentar o fabrico e a qualidade dos equipamentos respectivos;
e) Promover informação técnica, económica e financeira junto dos consumidores de
energia;
f) Promover a formação especializada nos domínios relativos à sua finalidade;
Outras Acções
74
e devem ser implementadas de modo a garantir que a utilização da energia seja
optimizada e eficiente.
b) Com vista a uma melhor gestão do consumo de energia foi criado o Regulamento
da Gestão do Consumo de Energia (Decreto-Lei n.º 58/82 de 26 de Fevereiro e
Portaria n.º 359/82 de 7 de Abril) aplicável a qualquer instalação consumidora de
energia em relação à qual se verifique uma das seguintes situações:
− a instalação tenha tido, durante o ano anterior, consumo energético superior a
1000 tep/ano;
− tenha instalado equipamentos cuja soma dos consumos energéticos nominais
exceda 0,5 tep/hora;
− tenha instalado pelo menos um equipamento cujo consumo energético nominal
exceda 0,3 tep/hora.
75
registo, que permita verificar, diariamente, o consumo de combustíveis e a
produção de vapor.
76
Em termos de política energética portuguesa podemos concluir que foi produzido um
conjunto de instrumentos com objectivos claros de dinamização e promoção da
conservação e utilização racional de energia, cuja consequência imediata deveria ter
sido a melhoria da eficiência energética da economia portuguesa. É necessário, agora,
intervir de uma forma mais directa e pragmática para que os resultados comecem a
surgir, garantindo que aqueles instrumentos são utilizados de forma eficaz.
− a eficiência da utilização final da energia deve ser melhorada em pelo menos 20%,
no período de 1985 a 1995.
− o consumo de petróleo deve diminuir em cerca de 40%, em relação ao consumo
total de energia, a fim de manter as importações líquidas de petróleo a um nível
inferior a um terço do consumo total de energia na Comunidade;
− a quota do gás natural deve conservar a sua posição actual no balanço energético,
a fim de garantir a segurança e a diversidade do abastecimento;
− a quota dos combustíveis sólidos no consumo de energia deve aumentar;
− devem ser prosseguidos esforços no sentido de incentivar o consumo de
combustíveis sólidos e de melhorar a competitividade das capacidades de
produção na Comunidade Europeia;
− a quota da electricidade produzida a apartir de hidrocarbonetos deve diminuir para
menos de 15% até 1995;
− a quota das energias novas e renováveis deve aumentar sensivelmente a fim de
que estas fontes energéticas possam contribuir eficazmente para o balanço
energético total.
77
− a parte do petróleo no consumo bruto de energia diminuirá até cerca de 43%; as
importações líquidas de petróleo representarão aproximadamente um terço do
consumo total de energia na Comunidade Europeia;
− a quota do gás natural no balanço energético deverá manter-se mais ou menos
estável;
− a quota dos combustíveis sólidos no consumo bruto de energia deverá acusar um
ligeiro aumento;
− a quota dos hidrocarbonetos na produção de electricidade deverá diminuir para
menos de 15%; as quotas dos combustíveis sólidos e da energia nuclear deverão
atingir, respectivamente, 44% e 38%;
− a quota das energias renováveis no balanço energético global da Comunidade
devem representar cerca de 2%.
− Programa Thermie
− Programa SAVE
− Programa ALTENER
− Programação Energética Regional e Urbana
78
5. A GESTÃO DA ENERGIA
• a medida e a valorização da energia consumida, seja ao nível global seja por sector
produtivo da empresa
• o cálculo do valor da energia transformada no seio da empresa
• a determinação da parte da energia no preço de custo dos produtos fabricados
• a análise da situação existente para determinar as possibilidades de acção e fixar
as prioridades e as metas a atingir
• a avaliação e o acompanhamento da rentabilidade dos investimentos em
eficiência energética
Qualquer que seja o sistema organizado de gestão de energia que venha a ser
utilizado a sua aplicação deverá sempre passar por uma fase prévia que corresponde ao
conhecimento energético da instalação consumidora. Esta fase corresponde à
elaboração de uma Auditoria Energética que deverá fornecer um conjunto muito
importante de informações ao sistema organizado de gestão energética, isto é, ao
método de gestão idealizado para implementar na instalação consumidora. A auditoria
energética, além de determinar um conjunto importante de dados e parâmetros
79
energéticos deverá fornecer um lote de informações que corresponderá ao «ponto de
partida» para o controlo e para o estabelecimento de metas do sistema energético da
instalação, isto é, deverá quantificar para o ano de referência (ano zero) os valores das
principais grandezas, parâmetros e indicadores que irão ser controlados no decorrer do
processo de gestão de energia na empresa.
O método de gestão a implementar deverá ser capaz de, a partir da informação
recebida pela auditoria energética, desenvolver um conjunto de acções de controlo,
associadas ao estabelecimento de metas a serem atingidas, que deverão permitir,
basicamente:
80
5.1 A Auditoria Energética
O exame das instalações, vulgarmente designado por Auditorias Energética, tal como
uma auditoria ás contas de uma empresa, consiste basicamente numa radiografia ao
conjunto das instalações e equipamentos consumidores de energia, de modo a
estabelecer os fluxos das energias úteis e dos desperdícios, a fim de determinar as
soluções mais adequadas para diminuir estes últimos e tendo em vista a redução dos
custos associados ao consumo de energia.
As Auditorias Energéticas permitem fornecer informação específica e identificar as
possibilidades reais de economizar energia, consistem basicamente num exame crítico
da forma como é utilizada a energia com base no registo tanto quanto possível rigoroso,
dos consumos e custos.
Constituindo uma verdadeira radiografia, do ponto de vista energético de uma
instalação consumidora, a Auditoria Energética tem por objectivos:
81
5.1.1 Primeira fase — Preparação da auditoria
A visita prévia permite um primeiro contacto com a instalação devendo ser feita,
nesta fase, uma análise profunda sobre o processo (ou processos) produtivo implantado,
estabelecendo-se os fluxogramas de processo que deverão acompanhar os auditores no
trabalho de campo a ser desenvolvido posteriormente. Nesta primeira visita deverão ser,
também, avaliados os pontos onde deverão ser realizadas medidas e registos
energéticos, com vista a serem disponibilizados os meios necessários.
Com vista a permitir obter um conjunto de informação relevante para posterior
tratamento e consequente produção de indicadores de referência, deverá nesta primeira
fase ser efectuada uma cuidada recolha dos dados correspondentes aos registos
históricos dos últimos anos de actividade (normalmente três anos). Alguns dos dados a
recolher nesta fase são, por exemplo:
82
MODELO DE INQUÉRITO
PARA EXECUÇÃO DE UMA AUDITORIA ENERGÉTICA
A. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA:
1.SEDE
2.FÁBRICA
3. SECTOR DE ACTIVIDADE
4. OUTROS DADOS
83
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
B. ACTIVIDADES DE PROCESSO:
C. MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS:
7. LISTAR E INDICAR QUANTIDADES DAS MATÉRIAS-PRIMAS CONSUMIDAS, EM CADA UM DOS ÚLTIMOS 3 ANOS E
DURANTE O PRESENTE ANO (ACUMULADO). ESPECIFICAR A SUA ORIGEM E OS MEIOS EMPREGUES NO SEU
TRANSPORTE PARA A INSTALAÇÃO.
Origem/
Ano Material Quantidade Unidade Transporte
Utilização
84
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
10. LISTAR OS PRODUTOS PRINCIPAIS, PARA CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS E DURANTE O PRESENTE ANO
(ACUMULADO).
11. APRESENTAR EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO MENSAL DOS VALORES DE PRODUÇÃO DA INSTALAÇÃO GLOBAL
APRESENTADOS EM 10., APENAS REFERENTES AO ÚLTIMO ANO E AO PRESENTE ANO.
12. APRESENTAR EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO MENSAL DOS VALORES DE PRODUÇÃO (SEMPRE QUE OS HAJA) POR
SECÇÃO DE PRODUÇÃO E/OU PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS, PARA O ÚLTIMO ANO E MESES DECORRIDOS DO
PRESENTE ANO.
13. NDICAR PARA CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS OS VALORES REGISTADOS DE VBP — VALOR BRUTO DE
PRODUÇÃO, VAB — VALOR ACRESCENTADO BRUTO E CE — CUSTOS DE EXPLORAÇÃO (entendendo-se este último
valor como a soma dos custos de pessoal, dos custos da energia, dos custos das matérias-primas consumidas,
dos fornecimentos e serviços de terceiros e dos custos de manutenção).
85
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
D. ENERGIA COMPRADA/CONSUMIDA:
15. ANEXAR REGISTOS DE CONSUMOS DE TODAS AS FORMAS DE ENERGIA UTILIZADAS NA INSTALAÇÃO GLOBAL, EM
CADA UM DOS 3 ÚLTIMOS ANOS E DURANTE O PRESENTE ANO (ACUMULADO), QUE PERMITAM PREENCHER PARA
CADA UM DAQUELES PERÍODOS UMA TABELA DO TIPO SEGUINTE:
NOTAS:
— No caso de combustíveis sólidos deverão ser indicados também os respectivos poderes caloríficos
inferiores.
— No caso da electricidade adquirida solicita-se cópias de todas as facturas mensais da EDP, correspondentes
aos períodos em análise. Se houver registos de consumos efectuados pela empresa que difiram dos valores
das facturas também deverão ser apresentados.
— No caso de combustíveis (sólidos, líquidos e gasosos) solicita-se igualmente a apresentação dos consumos
desagregados mensalmente (preferencialmente a partir de registos da empresa ou, na falta daqueles, pela
apresentação de cópias das facturas dos respectivos abastecimentos), apenas para o último ano e para os
meses decorridos do presente ano (até à data de realização da auditoria).
— Sempre que os dados pedidos atrás, a serem fornecidos pela empresa, não contenham informação sobre a
origem e o preço actual de cada forma de energia, estes elementos também deverão ser apresentados em
anexo (no caso do preço, através de cópia da última factura da entidade abastecedora).
16. ANEXAR REGISTOS DE CONSUMOS MENSAIS (SE OS HOUVER) DAS VÁRIAS FORMAS DE ENERGIA
UTILIZADAS, DESAGREGADOS POR SECÇÕES PRODUTIVAS E/OU PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS, E POR
PRODUTO, DURANTE O ÚLTIMO ANO E MESES DECORRIDOS DO PRESENTE ANO. NA AUSÊNCIA DAQUELES
REGISTOS INDICAR ESTIMATIVAS DE VALORES EM PERCENTAGEM RELATIVAMENTE AO TOTAL DE ENERGIA
UTILIZADO NA INSTALAÇÃO GLOBAL.
86
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
E. ELECTRICIDADE AUTOPRODUZIDA:
Sim Não
20. QUAL A QUANTIDADE DE ENERGIA ELÉCTRICA PRODUZIDA NA FÁBRICA DURANTE O ANO PASSADO?
..................................kWh.
SE POSSÍVEL, INDICAR TAMBÉM AUTOPRODUÇÃO DOS DOIS ANOS ANTERIORES.
26.
87
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
26. EXISTEM PLANOS PARA INSTALAR SISTEMAS DE COGERAÇÃO OU PARA AUMENTAR A CAPACIDADE
DE UM SISTEMA JÁ EXISTENTE?..........................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
................................................................................................
G. CONSUMO DE ELECTRICIDADE
27. QUAL É A POTÊNCIA TOTAL INSTALADA EM MOTORES E OUTRO EQUIPAMENTO?...... kW. SEMPRE
QUE POSSÍVEL, APRESENTE EM ANEXO A DESAGREGAÇÃO DESSE VALOR.
QUANDO DISPONÍVEIS INDICAR CONSUMOS MENSAIS DO PERÍODO ANUAL MAIS RECENTE. ANEXAR
FOLHA COM A INFORMAÇÃO SUPLEMENTAR.
NOTA: É aceitável uma estimativa mesmo que grosseira, se não houver dados mais precisos disponíveis.
88
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º Gerador N.º
Água quente
Vapor
Termofluido
Ar quente
Fabricante
Ano de fabrico
Tipo/Modelo
Pot. Nominal
(kcal/h ou kW)
Sup. aquec. (m2)
Combustível
Queimador
• Marca
• Tipo
• Regulação
• Caudal nominal( )
• Consumo médio/ano
• Temp. comb. (oC)
Fluido a aquecer
(valores nominais)
• Temp. entrada (oC)
• Temp. saída (oC)
• Pressão (kg/cm2)
• Timbre (kg/cm2)
• Caudal
Eficiência estimada
(baseada no PCI)
89
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
I. UTILIZAÇÃO DE ENERGIA
*
Com ou sem modificação da instalação.
(1)
Se possível indicar consumos específicos de energia verificados mensalmente ao longo do período anual mais recente.
Indicar claramente o período abrangido. Anexar folhas com a informação suplementar.
Não
Sim
90
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
J. GESTÃO DE ENERGIA
Sim Não
Sim Não
91
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
57. QUE UNIDADES DE MEDIDA SÃO USADAS NA(S) ANÁLISE(S) REFERIDA(S)? ................................................
...........................................................................................................................................................................................
Sim Não
92
MODELO DE INQUÉRITO
(Continuação)
64. QUE ACÇÕES TÊM SIDO TOMADAS PARA INSTRUIR O PESSOAL SOBRE MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO
DE ENERGIA? ............................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................
68. QUE ESTUDOS TÊM SIDO EXECUTADOS PARA O AUMENTO DA EFICIÊNCIA NO USO DA ENERGIA?
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................
93
Frequentemente o técnico auditor não é um especialista do processo produtivo sobre
o qual irá incidir a auditoria energética. Assim deverá, nesta fase de preparação, ser
feita uma análise do processo produtivo implementado na instalação a auditar por
forma a dotar o auditor dos conhecimentos mínimos que lhe permitam entender a
interligação entre os fluxogramas de processo e os fluxogramas energéticos, com vista a
detectar potenciais economias de energia numa eventual reorganização do processo
produtivo. Normalmente esta fase, bem como a seguinte (análise de tecnologias),
deverá ser acompanhada por um técnico especialista do processo produtivo que poderá
ser o responsável pela produção da instalação a auditar.
Finalmente, e antes de passar à intervenção no local (2.ª fase), a equipa que irá
proceder à auditoria energética deverá efectuar um levantamento das tecnologias de
processo mais eficientes (quer do ponto de vista da produção quer do ponto de vista
energético) disponíveis no mercado, com vista a poder estabelecer comparações entre
estas e as que estão instaladas na empresa a auditar.
94
• propor (se inexistente) a instalação de aparelhos de medida, de grandezas
energéticas, em pontos estratégicos que permitirão, ao gestor de energia fazer
uma monitorização adequada à instalação consumidora quer na sua globalidade
quer por sectores produtivos da empresa.
95
5.1.4 Quarta fase: relatório da auditoria energética
96
MODELO DE ESTRUTURA PARA O RELATÓRIO DA AUDITORIA ENERGÉTICA
• Ficha de identificação
Informação básica sobre a ins- • Fluxograma dos processos produtivos
talação: elementos referentes à • Matérias-primas e recicladas
identificação da instalação e à sua • Frota de transportes
evolução nos últimos anos. • Produtos finais e subprodutos
• Consumos de energia
97
5.2 Um Método de Gestão de Energia
98
Figura 5.2 — Princípios básicos da gestão de energia
Tradicionalmente existem três níveis de abordagem energética, num sistema
organizado de gestão de energia, que poderão ser adoptados:
Neste livro iremos apresentar um método de gestão de energia que poderá ser
adoptado na sua integra ou adaptado às circunstâncias várias que caracterizam cada
situação particular.
Antes de ser iniciada a apresentação do método de gestão proposto convém reter
algumas definições e conceitos para melhor entendimento da terminologia utilizada:
99
Consumo de Energia Normalizado (CEN)
energiaconsumida
Ce =
elemento determinate
100
distribuída pelos responsáveis da produção nos diversos sectores produtivos da
empresa. Basicamente este método é constituído por quatro fases de acção:
No início do processo de gestão esta fase deverá ser implementada com a execução
de uma auditoria energética, completa, às instalações.
Durante esta fase a informação é recolhida para posterior análise e interpretação. Os
dados sobre os consumos de energia deverão ser obtidos através da leitura de
contadores (e outros aparelhos de medida) instalados em pontos estratégicos da
instalação.
Os dados da produção deverão ser obtidos através dos relatórios da produção.
Algumas precauções devem ser tidas em consideração na execução desta fase, como
sejam por exemplo:
101
• recolher apenas os dados úteis e que serão usados;
• evitar leituras em duplicado;
• …
Como exemplo apresentam-se alguns mapas-tipo que poderão ser utilizados nesta
fase de recolha de dados.
102
Impresso RD1 folha de
REGISTO DE CONTAGEM
Consumo Consumo
Data Hora Leitura Factor Período N.º Iniciais
Indicado Verificado
Fonte: CIMA/EEO
103
Impresso RD2 folha de
REGISTO DA PRODUÇÃO
Fonte: CIMA/EEO
104
Impresso RD2 folha de
REGISTO DE CONTAGEM
(mensal)
Ano _____________ Mês ______________
Descrição
Contador N.º
Unidades
TOTAL MENSAL
UNIDADES
Fonte: CIMA/EEO
105
Fase II — Análise de dados da produção e dos consumos de energia e a sua
comparação com valores normalizados ou com metas previamente estabelecidas.
Para que esta análise se torne simples é fundamental criar um conjunto de impressos
para registo comparativo dos dados a analisar. Estes mapas deverão ser criados em
coerência com o tipo de gestão implementada. No entanto e a título de exemplo
apresentamos alguns mapas-tipo que poderão ser utilizados na fase de análise.
106
Impresso AD1 folha de
DADOS DE REFERÊNCIA
Fonte: CIMA/EEO
107
Impresso AD2 folha de
FOLHA DE ANÁLISE
Área/Sector
(Centro de Custos) _________________ Descrição ________________
Fonte: CIMA/EEO
108
Fase III — Relatórios de apresentação dos resultados da análise dos dados.
Estes relatórios poderão ser integrados nos relatórios periódicos da gestão global da
empresa, se existirem, e deverão circular por todos os responsáveis dos vários
sectores da empresa. Também nesta fase a utilização de computadores pessoais
poderá tornar-se uma ferramenta poderosa e muito útil, facilitando a execução das
tarefas necessárias.
Algumas recomendações para a boa execução desta fase poderão ser sugeridas,
como sejam por exemplo:
O relatório pode ser resumido num conjunto mínimo de impressos elaborados para
o efeito. A título de exemplo apresenta-se um modelo de mapa-tipo que poderá ser
utilizado para resumir a informação a divulgar.
Alguns gráficos deverão acompanhar este relatório, devendo ser elaborado por área
ou sector (a que deverão corresponder Centros de Custos Energéticos, previamente
determinados) com informações sobre os consumos de energia por período e a
quantificação das economias de energia geradas ou dos desperdícios produzidos no
período analisado e tendo como referência os valores normalizados para aquele
período.
109
Impresso R1 folha de
SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA
Relatório Resumo
Actual−Normalizado
% Variação = %
Normalizado
30% —
25% —
desfavorável
20% —
15% —
10% —
5% —
0
− 5% —
− 10% —
− 15% —
favorável
− 20% —
− 25% —
− 30% —
Descrição _____________ _____________ ______________ ______________
NOTAS:
Fonte: CIMA/EEO
110
Fase IV — Acção a desenvolver com vista a manter ou melhorar o consumo
normalizado a fim de serem atingidas as metas propostas no fim do período
considerado.
Durante esta fase o gestor de energia deverá garantir que os relatórios elaborados,
na fase anterior, são lidos e interpretados pelos responsáveis dos vários sectores da
produção e que estes têm uma actuação de acordo com os objectivos energéticos
estipulados.
Esta fase pode e deve, envolver um conjunto de reuniões (com os responsáveis pela
produção) com vista a serem discutidos os relatórios e preparadas linhas de acção
para o futuro.
111
5.3.1 Selecção dos Centros de Custo Energéticos
A selecção dos centros de custo energéticos deverá ser feita tendo em consideração
alguns aspectos fundamentais e que dizem respeito à forma como a empresa ou
instalação consumidora de energia, está organizada em termos de produção. Alguns
daqueles aspectos são:
Produção
Armazenamento
Processamento
Montagem
Acabamento
112
É evidente que deve, sempre, considerar-se a hipótese de escolher centros de custo
energéticos que coincidam com os centros de custo da contabilidade analítica
existente na empresa ou, caso não seja possível, tentar encontrar uma solução de
compromisso entre a contabilidade analítica da empresa e a contabilidade energética
da mesma.
113
por exemplo). O valor do consumo de energia normalizado deverá ser determinado em
função do actual nível de eficiência energética da empresa ou do centro de custo.
Este valor (CEN) é utilizado para determinar os desvios existentes entre o consumo
verificado, num determinado centro de custos, e aquele que seria esperado (CEN).
114
Este valor (MCE) é utilizado para motivar os agentes intervenientes no processo
produtivo da empresa (ou do centro de custos energético) a actuarem no sentido de
melhorar a eficiência energética do seu sistema produtivo. Este valor (MCE) serve,
também, para definir um plano de investimentos, em projectos de eficiência
energética, que deverá permitir atingir a meta de consumo de energia determinada ou
acordada.
A aplicação do método sugerido não se esgota nestas breves linhas de orientação
apresentadas. Caberá ao gestor de energia desenvolver a sua aplicação do método
cujo nível de desenvolvimento é normalmente função dos recursos humanos
disponíveis para implementar o sistema organizado de gestão de energia, da dimensão
e complexidade da instalação a gerir e dos meios logísticos disponíveis, como seja, o
nível de utilização de meios informáticos na gestão de energia (por exemplo os
sistemas de telegestão e de gestão técnica centralizada).
115
6. CONTROLO DOS INVESTIMENTOS EM PROJECTOS DE
ECONOMIA DE ENERGIA
116
Quadro 6.2 — Algumas acções típicas de realização a curto prazo (valores médios)
Actos de
Desligar os motores eléctricos que
Gestão 0,88 96 — —
não estão a operar.
Energética
Fonte: CCE/DGE
117
• A médio prazo — as economias de energia são obtidas por modificação das
instalações existentes. Projectos deste tipo são, por exemplo:
— recuperação de calor dos efluentes térmicos;
— recompressão do vapor;
— instalação de sistemas de cogeração;
— substituição de alguns equipamentos do processo produtivo, sem alterar a
tecnologia de processo.
• A longo prazo — neste tipo de projectos normalmente as economias de energia
são obtidas através de investimentos que estão associados à alteração de
processos produtivos, à introdução de novas tecnologias de processo ou à
alteração dos tipos de energia utilizadas na instalação consumidora.
118
6.1 A avaliação Técnico-Económica
I
(1) TR = ( anos)
B (1− a)
ou
I
( 2) TR = ( anos)
B (1− a) + A
onde:
I — Investimento total ou capital amortizável
B — Benefícios brutos anuais previstos e supostos constantes no tempo
a — Taxa de imposto sobre os benefícios brutos
A — Amortização anual, suposta constante
TR — Tempo de retorno do investimento
119
considerar-se o tempo de retorno do capital adicional investido, ou a investir, que será
recuperado pelas economias de energia. Para um investimento adicional ∆I a
economia anual ∆Ce será:
onde:
∆I
TR =
∆ Ce
rendimentos R1 R2 R3 R4 R5 Rn
anos 0 1 2 3 4 5 n
5
A fim de não entrarmos em consideração com a inflação todos os valores
serão determinados em escudos constantes ao ano (0).
120
Para avaliar o interesse desta operação é necessário calcular o valor no instante
zero das receitas acumuladas durante o tempo de vida útil do investimento,
considerando a o valor da taxa de actualização anual.
n
Rj
∑
j (1+ a) j
=1
n
Rj
B= − I + ∑
j =1 (1+ a) j
n
1
B = − I + R∑ =−I +R (1+ a) n − 1
j =1 (1+ a) j a (1+ a) n
n ( Rj − Cj )
VAL = − I + ∑
j =1 (1+ a) j
ou
(1+ a) n − 1
VAL = − I + ( R− C) a (1+ a) n
6
Cj = Dj + Aj + Fj onde:
Dj — despesas de exploração no ano j
Aj — amortização no ano j dos investimentos considerados
Fj — encargos financeiros no ano j correspondentes ao investimento I realizado
121
Para o estudo de investimento em eficiência energética é muitas vezes interessante
referir a rentabilidade do investimento à energia economizada em cada ano, como seja
por exemplo por tonelada de fuelóleo economizada por ano. Esta rentabilidade
financeira depende sobretudo:
x
E ( x) = ∑ (1+Pfa) j
j =1
As curvas representativas desta função são apresentadas na figura 6.1 para dois
valores de taxa de actualização (10 e 15%). Esta representação indica-nos que um
investimento I1 da ordem dos 150 contos é recuperado em cerca de 7 anos se o preço
do fuelóleo se mantiver constante (30.000$00 por tonelada) e a taxa de utilização não
for superior a 10%.
122
ECONOM I A DE ENERGI A ACTUAL I ZADA
por t de fuel economizada
200
ECONOM I A(CONTOS)
Taxa de
150 actualização
a=10%
100
a=15%
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ANOS
123
poderá constituir um pesado encargo se o nível de utilização cair para valores
inferiores.
124
Face a este êxito a Europa, nomeadamente a Europa Comunitária, considerou
importante a aplicação do sistema no espaço europeu tendo iniciado um conjunto de
acções para a sua divulgação em meados dos anos 80. Neste contexto a ideia do
financiamento por terceiros chegou a Portugal em 1987/1988 tendo-se, naquela
época, iniciado a sua divulgação no espaço português.
Conforme desenvolvido, na alínea dedicada exclusivamente à apresentação do
sistema, o financiamento por terceiros é caracterizado fundamentalmente por dois
parâmetros básicos:
Uma Empresa de Serviços de Energia pode ser definida como uma empresa que
fornece serviços de auditoria energética, instalação de equipamento e financiamento
numa base de contrato do tipo «chave na mão» … Uma empresa que venda
equipamento (venda normal ou com recurso ao sistema de leasing) mas que não o
financia e não gere a sua exploração não é considerada uma Empresa de Serviços de
Energia, neste contexto.
Entende-se, assim, como ESCO uma empresa que tenha como vocação operar no
mercado da energia, do lado do consumidor, prestando um serviço designado de
«Financiamento por Terceiros» ou «Contrato para Gestão de Energia» com o objectivo de
promover o investimento em acções de melhoria da eficiência energética nos vários
sectores da actividade económica.
125
Uma ESCO é essencialmente o coordenador de uma vasta gama de serviços,
técnicos e financeiros, sendo vital neste tipo de instituições a sua capacidade de
organização e a sua apetência técnica no domínio da energia. Dado que as receitas de
uma empresa de serviços energéticos são provenientes das economias verificadas na
factura energética do consumidor (cliente ou utilizador), é vital, para uma ESCO, dispor
(ou ter acesso) ao conhecimento técnico e tecnológico em matéria de eficiência, bem
como dispor de capacidade de determinar com exactidão o potencial económico das
economias de energia possíveis e economicamente viáveis.
A fim de poder ser dada resposta às exigências colocadas a uma ESCO estas,
normalmente, são constituídas em sociedades cujos intervenientes poderão ser:
126
Este sistema de apoio ao investimento em projectos de utilização racional de
energia (URE) tem um conjunto de atractivos para o seu utilizador, entre outros,
poderemos destacar:
(i) — A ESCO efectua um diagnóstico energético preliminar para avaliar o nível das
economias de energia possíveis de explorar;
(ii) — É negociado um contrato de prestação de serviços com base nos conceitos (já
enunciados) que definem o financiamento por terceiros;
(iii) — A ESCO efectua uma auditoria energética exaustiva e é negociado o
investimento e as suas bases de partida;
(iv) — É executado o projecto de investimento que foi decidido e são partilhadas as
economias de energia resultantes da operação durante o período de duração
do contrato;
(v) — Findo o contrato o utilizador assume (ou não) a propriedade do investimento e
poderá (ou não) fazer um contrato de assistência técnica e gestão de energia
com a ESCO a fim de garantir a continuidade de uma exploração eficiente.
127
mais adequado. A ESCO assume integralmente os riscos da não concretização das
economias de energia. Normalmente, prevê-se que o utilizador fique proprietário do
novo equipamento no final do contrato que pode ter uma duração de 2 a 10 anos,
consoante os casos.
A concluir esta apresentação sumária sobre o Financiamento por Terceiros e as
Empresas de Serviços Energéticos poderemos afirmar que o potencial de investimento
em utilização racional de energia é suficientemente atractivo para motivar e
desenvolver esta forma de prestação de serviços. Por outro lado os objectivos
comunitários, no que respeita à melhoria da eficiência energética, só poderão ser
atingidos se for explorado todo aquele potencial de investimento e as economias de
energia dele resultantes. Assim o financiamento por terceiros e as empresas de
serviços energéticos serão, com toda a certeza, um instrumento precioso para Portugal
que bem necessita de ver o seu sistema energético corrigido e mais eficiente.
128
PROCEDIMENTO TÍPICO DE UM CONTRATO DE FINANCIAMENTO POR TERCEIROS
129
6.3 A Cogeração em Portugal
130
Será também apresentada uma avaliação do impacte ambiental associado a cada
solução típica de cogeração.
600
POTÊNCIA INSTALADA (MW)
500
400
300
200
100
0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1992
PERIODO DE 1960-1992
131
O processo de penetração da cogeração em Portugal iniciou-se em 1923,
fundamentalmente na indústria têxtil, utilizando como tecnologia sistemas com
turbinas de condensação. Com a evolução deste processo outras tecnologias
começaram a ser aplicadas, em função das características específicas de cada
instalação consumidora. Em 1992 a potência instalada em Portugal distribuía-se pelas
diferentes tecnologias conforme pode ser observado na figura 6.5.
600
500
400
300
200
P
1 00
0
TCOND M E X PL MD I E S E L TCNTP TOTA L
132
Quadro 6.3 — Actividade vs Tecnologias
Fonte: DGE
Fonte: DGE
133
Enquadramento Legislativo
Enquadramento Técnico-Económico
134
Consideraram-se de igual modo, as seguintes referências de base:
TECNOLOGIAS DE COGERAÇÃO
PORTUGAL
120000
100000
80000
60000
40000
E
20000
0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
U T ILIZAÇÃO ANU AL (H OR AS )
135
A figura 6.7 apresenta os resultados deste modelo no que respeita aos encargos de
produção por kWh (custos fixos e custos variáveis) das várias tecnologias e compara-os
com o preço de compra do kWh, em média tensão, e com o valor de venda da
autoprodução.
TECNOLOGIAS DE COGERAÇÃO
PORTUGAL
33
30
27
24
21
18
15
12
E
9
6
3
0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
U T ILIZAÇÃO ANU AL (H OR AS )
136
• Turbinas de Contrapressão (utilizando fuelóleo), para utilizações superiores a
4000 horas;
• Motores de Explosão (utilizando biogás), para utilizações superiores a 5000
horas.
— partículas;
— dióxido de enxofre;
— óxidos de azoto;
— monóxido de carbono;
— dióxido de carbono.
137
A metodologia seguida para a quantificação das emissões, entre outros aspectos
mais complexos, teve em conta a produção de 1 TJ de energia útil e a eficiência global
de cada binómio tecnologia/combustível. O quadro 6.5 apresenta os valores tipicos
deste parâmetro para cada uma das tecnologias consideradas:
138
A figura 6.8 apresenta as pontuações globais obtidas para o binómio
tecnologia/combustível resultante das pontuações máximas obtidas para cada
situação individual descrita no quadro 6.6. Este quadro apresenta os valores
resultantes da classificação anteriormente referida, desagregados por tipo de emissão
de poluentes.
Fonte: CCE
139
Assim, de um modo geral, e sob o ponto de vista desta análise, o Fuel (3,5%) em
qualquer das tecnologias encaradas, bem como o carvão e a biomassa são os
combustíveis menos favoráveis do ponto de vista ambiental, sendo os mais favoráveis
os combustíveis gasosos e o Fuelóleo de baixo teor de enxofre.
Embora a abordagem deste tema tenha permitido esclarecer algumas questões do
ponto de vista ambiental, é imperativo que futuras implantações de sistemas de
cogeração no país sejam alvo de um estudo de impacte ambiental mais detalhado e
comparado com o sistema convencional de produção de energia elétrica, com a
finalidade de justificar o projecto em termos de alternativa tecnológica.
Da análise sumária aqui elaborada e do conhecimento prático da realidade
portuguesa pode concluir-se que as perspectivas da cogeração em Portugal são
altamente favoráveis.
As vantagens da cogeração em Portugal são evidentes quer ao nível
macroeconómico quer ao nível microeconómico. No primeiro nível as vantagens
evidenciam-se pela redução do consumo de combustíveis fósseis para a produção das
mesmas quantidades de energia eléctrica. No segundo nível aquelas vantagens
evidenciam-se pela redução da factura energética do consumidor.
A entrada do gás natural em Portugal virá potenciar os investimentos em cogeração
com vantagens acrescidas, com sejam:
De uma forma geral e sumária pode-se concluir que a cogeração é uma solução a
considerar e a implementar em todos os principais sectores da actividade económica.
140
a) Sistema de cogeração com turbina de contrapressão
Um sistema deste tipo foi instalado numa unidade fabril cujos consumos anuais de
energia, antes do projecto implementado, eram os seguintes:
141
UNIDADE QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO
Energia Eléctrica kWh 5 000 000 14$00 70 000 000$00
Thick Fuelóleo kg 5 000 000 28$00 140 000 000$00
Total 210 000 000$00
POSTERIORMENTE AO
ANTERIORMENTE AO PROJECTO
PROJECTO
Prod. de Vapor (t/h) 6 400 6 400
Pressão de Serv. (Kg/cm2) 9,5 22
Entalpia Vapor (kcal/Kg) 663,2 668,9
Temp. Água Alim. (ºC) 40/50 102
Produção Horária E. Eléctrica (kWh) — 145
Rendimento (%) 83,5 91,5
142
Com este projecto as economias de energia geradas e a valorização da produção de
energia eléctrica proporcionam uma receita bruta de 26 460 000$00 por ano.
Considerando que o investimento realizado foi de 94 000 000$00 a viabilidade
económica deste projecto pode ser avaliada através do tempo de retorno bruto:
94 000 000
TRB =
26 460 000
e do benefício actualizado:
15
B = − 94000 + 26460 ∑ 1
(1+0 ,15 ) j
j =1
B z 60 700 contos
considerando que:
143
UNIDADE QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO
Thick Fuelóleo kg 2 000 28$00 56 000 000$00
Electricidade kWh 8 500 000 14$00 119 000 000$00
TOTAL 175 000 000$00
TRB z 3 anos
15
B = − 450000 + 150000 ∑ 1
(1+ 0,15) j
j =1
144
se considerarmos que:
Com este projecto a empresa deixou de adquirir fuelóleo obtendo assim uma receita
bruta de 22 400 000$00 por ano.
145
Considerando que o custo do investimento deste projecto foi de 75 000 000$00, é
evidente a sua viabilidade económica, com um tempo de retorno bruto de:
75 000 000
TRB =
22 400 000
e um benefício actualizado de
15
B = − 75000 + 22400 ∑ 1
(1+ 0,15) j
j =1
B z 56 000 contos
Se considerarmos que:
146
Per fil Ener gético de Ar r efecimento
100
90
60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Hor as do dia
50
30
20
10
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Hor as do dia
147
A montagem de um Sistema de Acumulação de energia de Arrefecimento irá
permitir, por um lado, o funcionamento do Chiller centrífugo segundo um regime
contínuo com o máximo output/máxima potência, o que significa obter o máximo
rendimento e, por outro lado, acumular água gelada, sobretudo durante a noite,
período em que as instalações de ar condicionado consomem um mínimo de energia
para arrefecimento.
Com a implementação do projecto descrito são geradas economias que se podem
avaliar em cerca de 5 200 000$00 por ano, conforme quadro resumo que se
apresenta.
16 000 000
TRB =
5 264 000
TRB z 3 anos
15
B = − 16000 + 5264 ∑ 1
(1 + 0 ,15 ) j
j =1
B z 15 000 contos
148
Se considerarmos que:
149
7. Considerações Finais
Este livro foi escrito tendo como objectivo fundamental alertar os responsáveis das
empresas portuguesas para a problemática da energia e motivá-los a iniciarem um
processo de controlo dos seus consumos em recursos energéticos. Naturalmente que
ficaram muitos pormenores por explicitar e muitos detalhes por desenvolver, mas o
importante, na nossa perspectiva, foi dar um primeiro passo no sentido de divulgar
um trabalho que permita iniciar um processo de gestão de energia na empresa, dando
a informação básica e necessária para o efeito.
A edição de um livro em Portugal sobre Energia, na perspectiva da sua utilização
controlada e eficiente, nunca antes tinha ocorrido, pelo que, pretendemos neste
trabalho fazer uma abordagem alargada sobre o tema, contribuindo para a criação de
uma nova postura energética por parte dos consumidores mais importantes: as
empresas a quem este livro é particularmente dedicado.
Desta leitura resulta evidentemente que a energia é um bem escasso que está a
ser muito mal utilizado e cujos custos se reflectem na produtividade das economias,
nomeadamente na da economia portuguesa. Daqui resulta a importância de controlar
os consumos de energia pela via da eficiência energética e pela aplicação de métodos
de gestão de energia, simples mas eficazes, que possam vir a provocar uma alteração
de mentalidades e venham a induzir nos agentes económicos portugueses hábitos de
conservação e utilização racional de energia.
Embora o tema do ambiente, relacionado com a utilização (produção e consumo)
da energia, não tenha tido neste livro qualquer desenvolvimento não deixa por isso de
merecer a atenção dos autores deste livro, nem deverá ser esquecido pelo leitor. A
energia e o ambiente estão íntima e fortemente interligados começando já a esboçar-
se uma nova disciplina constituída por este binómio: a Ambienergia. A razão pela qual
este tema não foi desenvolvido resulta da selecção de objectivos previamente feita
para esta primeira edição, que pretendeu dar um maior ênfase aos aspectos
relacionados com a Economia e a Gestão de Energia.
Neste livro muito ficou por ser escrito. Todos, em Portugal, temos muito que
aprender em matéria de eficiência energética. Começámos tarde com este tipo de
preocupações e por isso o nosso percurso é, aparentemente, mais longo. Este livro
constitui, assim, uma primeira aproximação sem querer ser demasiado exaustivo.
Pretendemos mostrar que se torna urgente agir com maior rapidez e com maior
agressividade. É necessário e urgente começar já! …
150
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
151
BIBLIOGRAFIA
152
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156
ANEXO I
157
ANEXO II
00189 -
1 ft3 (pé cúbico) 0,0283168 28316,8 1728 1 0,03704 975,5 996,6 7,4805 6,2288
158
Massa kg g t Oz lb sq cwt cwt sh tn ton
1 kg (kilograma) 1 1000 0,001 35,274 2,20462 - - - -
1 g (grama) 0,001 1 - - - - - - -
1 onça (avoirdupois) = 16 drams = 437,5 troy grains; 1 troy onças = 480 grains = 31,1 g
1 stone (avoirdupois) = 14 lb
1 unidade técnica de massa (= 1 kp s2/m) = 9,80665 kg
1 lb/in2 = 1 psi (pound-force per 6,89476.103 68,9476.10-3 703,070 70,30706.10-3 68,0460.10-3 51,7128 1
sq. inch)
159
Trabalho
energia, quantidade de calor J kWh CVh kp-m kcal Btu MeV UCM
1 J (Jule)=1 Ws=1 Nm=107 erg 1 2,778.10-7 3,777.10-7 0,1019716 2,388.10-4 9,478.10-4 6,242.10-12 34,12.10-9
1 CVh (cavalo vapor-hora) 2,648.106 0,735499 1 2,7.105 632,41 2509,62 1,653.1019 90,36.10-3
1 Btu (British thermal unit) 1055,06 2,931.10-4 3,985.10-4 107,586 0,251996 1 6,586.1015 35,99.10-6
UCM (unid. de carvão mineral) 29,307.106 8,141 11,067 2,988.106 7000 27,78.103 183.1018 1
1 kW (kilowatt) -1010 erg/s 100 1 1,35962 1,34102 101,9716 0,238846 0,94781 737,562
1 kp m/s (kilopeso-metro por seg.) 9,807 9,807.10-3 0,0133333 0,0131509 1 2,342.10-3 9,295.10-3 7,23301
1 kcal/s (kilocaloria por segundo) 4186,8 4,1868 5,692 5,614 426,939 1 3,96832 3088,05
1 Btu/s (British thermal unit/sec) 1055,05 1,05505 1,4345 1,4149 107,586 0,251993 1 778,17
1 tec = 7 × 106 kilocalorias 1 tep = 107 kcal 1 tep = 1,428 tec 1 termia = 103 kcal
Poder Poder
Calorífico Unid. Equivalências calorífico Unid. Equivalências
kcal/kg tec tep kcal/kg tec tep
CARVÕES PETRÓLEO
Crude 10000 t 1,428 1,000
Hulha 6060 t 0,866 0,606 G.P.L. 11800 t 1,686 1,181
Antracite 5320 t 0,760 0,532 Gasolina, querosenes, gasóleo
Coque 6650 t 0,950 0,665 e naftas 10500 t 1,500 1,050
Lenhite negra 3210 t 0,459 0,321 Fuelóleo 10000 t 1,428 1,000
Lenhite castanha 2086 t 0,298 0,208 Resto de Produtos 9500 t 1,357 0,950
GÁS ELECTRICIDADE
Energia primária equivalente:
Produção 2.470* MWh 0,353 0,247
Gás natural e de emissão 10000 103 Nm3 1,428 1,000 Consumo 860* MWh 0,123 0,086
Propano 11900 t 1,700 1,190
Butano 11800 t 1,686 1,181 1 TWh = 103 GWh = 106 MWh = 109 kWh =1012 Wh
* kcal/kWh
160
ALGUMAS EQUIVALÊNCIAS ENERGÉTICAS ÚTEIS
161