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06/09/2019 Estratégia de combate à pobreza do PT reduziu produtividade da economia, diz estudo - 04/09/2019 - Mercado - Folha

Estratégia de combate à pobreza do PT reduziu


produtividade da economia, diz estudo
Para especialista, política pública incentivou setores e trabalho de baixa
qualificação, sem apoio à inovação

4.set.2019 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2019/09/04/)

Fernanda Lacerda

“É preciso fazer o bolo crescer para depois reparti-lo”. A famosa frase


atribuída ao ex-ministro da Fazenda Delfim Netto é atacada há décadas como
símbolo de um pensamento econômico enganoso e elitista. É perfeitamente
possível conciliar desenvolvimento e redistribuição, afirmavam seus críticos.
Os anos Lula (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/anos-lula-tiveram-popularidade-crescimento-e-
mensalao-ouca-podcast.shtml) seriam a prova cabal dessa possibilidade.

Mas, na análise do economista Pedro Loureiro, 31, professor do Centro de


Estudos Latino Americanos e do Departamento de Política e Estudos
Internacionais da Universidade de Cambridge, a questão é mais complexa.

Loureiro analisou as estratégias de desenvolvimento da chamada “onda rosa”


latino-americana —como ficaram conhecidos os governos de centro-
esquerda da região ao longo dos anos 2000.

A tese, defendida em 2018 na Universidade de Londres, recebeu menção


honrosa na categoria melhor dissertação da seção Brasil da Associação de
Estudos Latino-Americanos.

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Longe de concordar com Delfim, Loureiro defende que as políticas adotadas


por esses governos de fato beneficiaram os mais pobres e produziram
crescimento econômico (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/baixo-crescimento-deixa-brasil-
menos-atraente-para-investidores.shtml) —combinação que não ocorria há mais de 50 anos

no Brasil.

O problema é que a estratégia seguida para permitir esse avanço levou a um


retrocesso da estrutura produtiva, ao impulsionar setores atrasados em
termos de valor agregado, tecnologia e produtividade.

O resultado foi que, ao final do período analisado (2013), as economias


latino-americanas estavam mais dependentes da exportação de commodities
e com uma indústria menor e mais atrasada do que no início (2003).

Por isso, ele conclui, esse ciclo de crescimento estava fadado a fracassar.

Essa crítica aos governos petistas


não é novidade. O que
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2019/08/e-o-pt.shtml)

Loureiro introduz no debate é a vinculação entre a fórmula adotada para a


redução da desigualdade com os efeitos nocivos para as empresas.

Isso acontece porque os setores impulsionados pelo aumento da demanda


entre os mais pobres são aqueles de menor produtividade e valor agregado
—como alimentos e comércio.

O aquecimento nesses setores levou à criação de vagas que empregaram


também os mais pobres, por serem setores que exigem baixa qualificação,
redistribuindo renda.

A produtividade média dos dez setores que mais geraram empregos entre
2003 e 2013, por exemplo, ficou 23% abaixo da produtividade média da
economia, segundo os cálculos de Loureiro a partir de dados do IBGE
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/pib-do-brasil-cresce-04-no-2o-trimestre-diz-ibge.shtml). Os

trabalhadores empregados nesses ramos, por sua vez, ganhavam 78% do


salário médio pago no país.

Caso o Brasil tivesse decidido investir em setores de alta produtividade e


valor agregado, provavelmente não teríamos visto o mesmo efeito

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redistributivo porque o número de empregos gerados


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/brasil-cria-43820-vagas-de-empregos-em-julho.shtml) nessas

atividades é menor, além de exigirem maior qualificação, afirma Loureiro.

“O trade off entre crescimento e redistribuição se deu a partir de meados da


década de 2010 por uma escolha política, ele não é inerente à economia
brasileira. Era necessário pensar num arcabouço de políticas para lidar com
o problema”, critica o economista.

Para corrigir esses efeito colateral, por assim dizer, a manter o combate a
desigualdade (https://temas.folha.uol.com.br/desigualdade-global/brasil/super-ricos-no-brasil-lideram-
concentracao-de-renda-global.shtml), ele sugere, por exemplo, reformas que de fato
promovam a redistribuição de renda, como a tributária, e adoção, em
paralelo, de políticas capazes de alterar as estratégias do empresariado,
priorizando setores que gerem inovação.

O cenário atual não aponta para tempos melhores, na avaliação de Loureiro.


Em sua visão, o governo Bolsonaro (https://www1.folha.uol.com.br/especial/2018/governo-
bolsonaro/) tampouco possui uma estratégia de desenvolvimento.

“É uma agenda de curto prazo com mudanças estruturais, como reforma da


Previdência (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/previdencia/), mas que não estão
integradas numa visão de desenvolvimento inclusivo”, diz. “O que temos visto
desde o governo Temer (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/escandalos-afetaram-agenda-de-
reformas-de-temer-ouca-podcast.shtml) é uma continuidade de crescimento baixo com

concentração de renda.”

REDISTRIBUIÇÃO DA ERA LULA SE DEU DA CLASSE MÉDIA PARA


TRABALHADORES

A redistribuição de renda (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/05/democracia-e-o-caminho-


para-combater-desigualdades-sociais-dizem-pesquisadores.shtml) entre 2003 e 2013 se deu às

expensas dos trabalhadores qualificados. Em termos relativos, a renda dos


profissionais caiu, enquanto a dos empregados de baixa qualificação
melhorou.

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Segundo os cálculos do economista Pedro Loureiro, professor na


Universidade de Cambridge, a renda relativa média dos qualificados (a
relação entre a renda per capita de um domicílio profissional e a renda média
da sociedade) caiu 16% nesse período.

 
No topo da pirâmide, nada mudou: os empregadores e aqueles que vivem de
renda de capital tiveram sua posição na hierarquia preservada na década
analisada. Na leitura do economista, isso significa que a posse de capital
entre 2003 e 2013 se tornou um fator mais importante de ascensão social do
que um diploma (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/livro-sobre-desigualdade-e-o-melhor-em-
anos-diz-celso-rocha-de-barros.shtml).

Esses movimentos refletem o caráter regressivo das mudanças na estrutura


produtiva do período: com avanço dos setores atrasados e de baixa
produtividade, a demanda por trabalhadores de baixa qualificação
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/governo-prepara-contrato-inedito-para-aumentar-emprego-de-

aumentou. Já entre os qualificados, a demanda por eles não só caiu


jovens.shtml)

como passou a se concentrar em setores com salários mais baixos.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/estrategia-de-combate-a-pobreza-do-pt-reduziu-produtividade-da-economia-diz-estudo.shtml 4/7
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Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e convidados observam a apresentação da


Esquadrilha da Fumaça durante o desfile comemorativo da Independência do Brasil, na
Esplanada dos Ministérios - Lula Marques - 7.nov.2003/Folhapress

De acordo com a pesquisa de Loureiro, o setor que mais criou vagas


profissionais no período foi o de saúde e educação, cuja remuneração média
é 20% inferior à média salarial dos trabalhadores qualificados
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/06/na-crise-qualificado-vira-autonomo-e-tira-espaco-do-menos-

escolarizado.shtml).

“O grupo dos trabalhadores qualificados, em termos materiais, foi deixado


para trás”, afirma Loureiro.

Já entre trabalhadores informais (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/desemprego-cai-


para-118-e-atinge-126-milhoes-de-pessoas-em-julho.shtml) ,
a renda relativa média subiu 10%,
enquanto entre os formais de baixa qualificação, ela permaneceu estável.
Esse resultado surpreende, considerando que o valor real do salário mínimo
cresceu 73% nos anos analisados.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/estrategia-de-combate-a-pobreza-do-pt-reduziu-produtividade-da-economia-diz-estudo.shtml 5/7
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A explicação de Loureiro é que houve um achatamento dos salários no setor


formal. Enquanto em 2003 quase a metade (44%) dos trabalhadores formais
ganhavam mais de dois salários mínimos, dez anos depois menos de um
terço (31%) dele estava nessa faixa salarial.

 
As mulheres brancas e negras e os homens negros
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/negros-nao-chegam-a-1-entre-advogados-de-grandes-escritorios-diz-

pesquisa.shtml)também
melhoraram sua renda relativa, mas continuaram
ganhando menos do que os homens brancos em todas as categorias de
ocupação.

Segundo Loureiro, a redução da desigualdade de gênero e raça


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/01/como-a-desigualdade-no-pagamento-entre-homens-e-mulheres-e-

não foi fruto de políticas focalizadas para esses


prejudicial-a-economia-brasileira.shtml)

grupos, mas sim porque a pobreza e desemprego no Brasil são mais


femininos e negros, o que faz com que qualquer melhora na base da
pirâmide gere ganhos para esses grupos.

“As políticas focalizadas, como cotas, vêm mais tarde e as evidências


apontam que elas têm efeitos positivos, mas a redistribuição que operou até
2013 não foi baseada nesse tipo de política”, diz o economista.

“Isso mostra que por um lado que a desigualdade no Brasil é grande o


suficiente para que políticas amplas contemplem outras formas de opressão
no mercado de trabalho, mas também aponta para a insuficiência disso para
que se chegue a uma igualdade de fato.”

Segundo Loureiro, a redistribuição ocorrida nesse período não alterou a


estrutura profunda do padrão de desigualdade brasileiro
(https://temas.folha.uol.com.br/desigualdade-global/), e foi inclusive mais tímida do que a

observada em outros países da América Latina no mesmo período, como


Argentina, Bolívia e Equador.

O que é produtividade do trabalho? Produtividade do trabalho é igual ao


valor adicionado dividido pelo número de ocupações do setor. A

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produtividade relativa do trabalho indica que é a produtividade do trabalho


do setor em questão dividida por aquela da economia como um todo

O que conta nas remunerações? Remunerações incluem contribuições


sociais

O que o gráfico considera? A tabela considera o emprego líquido gerado


entre 2003 e 2013 e a contribuição dos diferentes setores para tanto

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