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Preliminares
James Gordley propõe uma narrativa sobre a ascensão e queda da doutrina
contratual no Ocidente.
Para compreender e avaliar essa narrativa, vamos recorrer à obra Depois da
Virtude, de Alasdair MacIntyre.
ARISTÓTELES
DIREITO ROMANO
Preliminares
“No princípio era o caso.”1
“Há uma singular resistência dos romanos à abstração. Isso se deve ao claro
conhecimento do perigo que o excesso de abstração leva consigo. Os conceitos e as
regras gerais no campo do direito correm sempre o risco de produzir danos, porque ao
estabelecer as regras do direito, não se consegue dominar plenamente as possíveis
complicações da vida.”2
1
Schulz, p. 61.
2
Schulz, p. 63
1
a)Resistência em nomear conceitos jurídicos.
“Falta uma expressão que indique a capacidade jurídica. Persona significa
personalidade, humanidade, tanto que se pode falar também de uma persona servi.”3
“Falta um termo técnico para negócio jurídico (negotium abarca muito mais).”4
“Um conceito tão importante como o de direito real ou direito das coisas, que está
na base de centenas de decisões, não tem sequer um nome.”5
d)Resistência à sistematização.
O tratamento de uma matéria se esgota na exposição de uma série de casos, sem
extrair uma conclusão teórica, permanecendo “uma simples associação, coordenada e
visível” das semelhanças dos casos. 12
TOMÁS DE AQUINO
Preliminares
Tomás de Aquino, aceitando a metafísica e a ética aristotélicas em suas linhas
gerais, agrega, entre suas contribuições:
1. Lei natural
Primeiros princípios da razão prática que estabelecem as condições a priori da
ação correta.
3
Schulz, p. 65
4
Schulz, p. 65
5
Schulz, p. 65.
6
Schulz, p. 67
7
Javoleno, D. 1, 50, 202.
8
Schulz, p. 66
9
Schulz, p. 66
10
Paulo, D. 50, 17,1.
11
Käser, p. 111
12
Schulz, p. 73
2
Axioma – “O bem deve ser feito e buscado, o mal deve ser evitado.”
2. Jus gentium
É o conjunto de instituições e preceitos que, existindo em circunstâncias
históricas específicas, estão fundados na lei natural.
O jus gentium contém os conceitos (contrato, promessa, propriedade, restituição,
governo) que permite sistematizar o direito positivo.
ESCOLA DE SALAMANCA
ESCOLA JUSNATURALISTA
SÉCULO XIX
SÉCULO XX/XXI
Verifica-se que o direito dos contratos se torna incoerente quando deve ser
justificado exclusivamente em termos voluntaristas. Ex: lesão enorme.
A partir desta incoerência, os juristas se tornam céticos em relação à
racionalidade do direito (e do direito dos contratos) e passam a defender que “o direito é
política” (Critical legal studies) ou que “o direito é um meio de controle social”
(positivismo).
3
1. Hipótese: a destruição do contexto do discurso científico
Imaginemos que a ciência institucional seja destruída por um movimento
obscurantista. Laboratórios, universidades e centros de pesquisa são incendiados.
Mais tarde, há um movimento para reconstruir a ciência.
“Eles não dispõe mais do que fragmentos: experiências destacadas de todo
contexto teórico que lhes dê sentido, fragmentos de teorias sem relações entre elas ou
com a experiência, instrumentos dos quais se esqueceu o uso, capítulos dispersos de
livros, páginas isoladas de artigos (...)”.13
As pessoas utilizarão os termos massa, gravidade, mais ou menos como eram
utilizados antes do desaparecimento da ciência.
“Mas a maior parte das crenças pressupostas pelo uso dessas expressões estando
perdidas, um elemento de arbítrio e mesmo de escolha apareceria na sua aplicação.”14
Surgirão teorias subjetivistas da ciência, questionando aqueles que acreditam na
verdade e objetividade da ciência.
3. O exemplo do tabu
Em fins do século XVIII, marinheiros ingleses observaram o seguinte fenômeno
entre os polinésios:
-Havia uma série de proibições que permeavam o cotidiano (p.ex. homens e
mulheres não podiam comer juntos).
Indagados pelo porquê destas proibições, respondiam que elas existiam devido a
um tabu.
Tabu não é sinônimo de proibido. Dizer que algo é tabu é dar uma razão a uma
proibição.
Mas os nativos não conseguiam dizer em que consistia essa razão, o que leva a
supor que para eles o conceito tinha se tornado ininteligível.
Kamehameha II abole os tabus no Havaí em 1819, sem maiores conseqüências
sociais.
3.1. A explicação
Como os nativos usavam um conceito que para eles era ininteligível?
1) Em um primeiro momento, as regras do tabu estão inseridas em um contexto
(uma visão de mundo,um conjunto de crenças) que lhe confere inteligibilidade.
13
Depois da virtude, p. 13.
14
Op. cit, p. 14
15
Op. cit, p. 15
4
2) Em um segundo momento, este contexto se perde, e as regras de tabu perdem
inteligibilidade, tornando sua interpretação e justificação controvertidas.
3) Em um terceiro meomento, as regras são abandonadas.
Obs: impõe-se um paralelismo com a situação do Ocidente, atribuindo a
Nietzsche o papel de “Kamehameha II da tradição européia” (p. 146)
1)Escola de Salamanca
O direito contratual (romano-medieval) tem no pensamento ético-metafísico de
Aristóteles e Tomás o contexto que lhe dá sentido.
2)Século XVII/XVIII
Mantém-se a doutrina do direito contratual da Escola de Salamanca, mas é
rechaçado o seu contexto ético-metafísico.
3)Século XIX
A doutrina do direito contratual torna-se voluntarista.
4)Século XX
Diante das incoerências do voluntarismo, surgem escolas que defendem a
irracionalidade do direito privado (sua incapacidade de ser articulado como um
sistema).
BIBLIOGRAFIA