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RIO DE JANEIRO
2016
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Poderes administrativos
É válido salientar que não se confundem com os poderes políticos. A expressão poderes
administrativos representa uma prerrogativa na órbita administrativa, são encontrados em
qualquer momento no exercício de alguma função administrativa em qualquer um dos poderes.
É a prerrogativa que a Administração Pública possui para editar normas gerais para a fiel
execução da lei. Normas que são baixadas pela Administração Pública e não pelo poder
Legislativo.
Trata-se de um poder normativo secundário, já que quem cria primariamente normas jurídicas
é o poder legislativo (art.84, IV da CRFB).
Diante desta previsão legal, a maioria da doutrina não aceita a figura do Decreto autônomo
(art. 84, VI da CF), ou seja, sem a existência de uma lei prévia. Não pode o executivo, em
regra, inovar no ordenamento jurídico.
O decreto é um ato típico, privativo do chefe do Poder executivo, tendo dois tipos de
conteúdo, quais sejam: a) Individual – tem destinatário especifico – Ex.: Decreto
expropriatório (DL 3365/41 e Lei4132/62). Tem efeitos individuais, concretos. Não é tema do
poder normativo. b) Normativo ou regulamentar – busca regulamentar uma matéria
especificada pela lei. Aqui se encontra o Poder normativo ou regulamentar.
2.1) Decreto jurídico é um decreto que tem efeitos não só dentro da Administração Pública
mas para toda a sociedade, efeitos externos. Ex. Decreto que regulamenta uma lei de proteção
ambiental.
2.2) Decreto organizacional é somente para efeitos internos, só serve para ser analisado dentro
da máquina da Administração Pública. Ex. Decreto que organiza internamente a
administração pública.
– 1ª corrente: Hely Lopes Meirelles (minoritário) – Admite tendo em vista a teoria dos
poderes implícitos. Se o ordenamento impõe finalidades, reconhece então os meios para se
alcançar os resultados, desde que pautados nos objetivos a serem alcançados pelo poder
público.
– 2ª corrente: Majoritária (CABM, Di Pietro, etc.) – Não cabe, tendo em vista ofensa ao
principio da legalidade, pois sem lei prévia a Administração Pública não atua, não baixa
norma. Usam como fundamentação jurídica os arts. 5º, II; 37, caput; 49, V; 84, IV; todos da
CF c/c art.25 do ADCT.
Esta discussão está com um debate mais aflorado, porque na doutrina menciona-se três
exceções que permitem o decreto autônomo:
–Art. 84, VI, “a” da CF, com redação dada pela EC 32/01, que tirou o vocábulo lei e colocou
decreto; logo, houve uma deslegalização constitucional (STF, Di Pietro o mencionam).
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
– Reforma do judiciário (EC 45/04) – aqui estão duas exceções – (STF reconhece): a)Art.103-
B, §4º, I, da CF, que trata do CNJ. Após a Resolução nº 7 do CNJ (trata do nepotismo) que foi
julgado pelo STF, ela é válida e pode ser alvo de controle de constitucionalidade pelo STF
tendo por motivos o fato de haver poder normativo autônomo no CNJ, não necessitando de
intermediação de lei, e também o fato destas resoluções estarem efetivando princípios
previstos no ordenamento jurídico;
b) Art,130-A, §2, I da CF– que trata o CNMP. Tanto o CNJ, como o CNMP, podem baixar
normas, sem a necessidade de lei preexistente.
No sentido amplo é qualquer restrição que o Estado, por lei, traz aos direitos da pessoa. No
sentido restrito ou específico, o poder de polícia é uma prerrogativa reconhecida a
Administração Pública para estabelecer restrições e condicionamentos às pessoas, com
fundamento na lei, para atender ao interesse público.
Previsão do poder de polícia positivado no art. 78 do CTN.
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”
2) A polícia administrativa incide sobre pessoas, bens e direitos (amplitude mais ampla) e a
polícia judiciária só incide sobre pessoas (mais restrita).
3ª) Fiscalização – É aquele em que o Estado faz a fiscalização das atividades exercidas pelo
particular. Verifica se o exercício de alguma atividade está em conformidade com a lei. Obs.:
Poder de polícia não se confunde com sanção. A fiscalização e o consentimento são poder de
polícia e não se apresentam, necessariamente, acompanhados de sanção.
4ª) Sanção de polícia – ela é potencial, pode ou não ocorrer. Obs.: Licença é ato vinculado e a
autorização é ato discricionário.
C) Autoexecutoriedade – O Estado pode executar a sua vontade com suas próprias forças, não
precisa se socorrer do judiciário para exercer o ato. Exceções: Multas e sanções pecuniárias
necessitam de devido processo legal.
É pacífico nos tribunais superiores e na doutrina, o poder de policia pode ser delegado às
entidades públicas. Quanto a ser delegado ao particular, existe controvérsia, 3 correntes:
–1ª corrente: Majoritária (CABM/DiPietro/STF – ADIN 1717/2310/ STJ) - Não pode o
particular exercer poder de polícia, porque é ato de poder de império estatal e também quer se
evitar o ferimento do princípio da isonomia (principal argumento) entre os particulares.
Obs.: Qual a diferença entre poder de polícia e poder disciplinar? Poder Disciplinar é ato
regulatório, ligado a um poder específico de um sobre o outro, havendo o poder hierárquico
(em regra), ou uma relação de subordinação por motivos de relação legal ou contratual. Já o
poder de policia se liga a uma relação genérica, havendo relação de sujeição genérica entre o
Estado e o administrado.
–2ª corrente: minoritário (Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Carvalhinho, etc) – admitem
mas com algumas limitações a delegação do poder de polícia. Admite-se o exercício do poder
de polícia por particular se cumprido três requisitos (tese de Carvalhinho):
3º) Não é qualquer entidade privada que pode receber a delegação, mas somente as entidades
privadas da Administração Indireta podem exercer a fiscalização de polícia por delegação
legal.
Em regra, o poder disciplinar decorre do poder hierárquico, está inserido neste. O Poder
Hierárquico é um poder de caráter dirigido que existe em um órgão interno. Não há hierarquia
entre pessoas jurídicas diversas, somente ocorre nas relações internas das pessoas jurídicas
estatais. Tal poder se consubstancia em algumas prerrogativas, quais sejam, poder de direção
(poder de mando), poder de revisão de atos de subordinados e poder disciplinar. O poder
disciplinar serve para analisar um suposto ato infracional e caso ocorra uma infração
disciplinar aplicar a sanção necessária para o caso concreto.
- O Inquérito Administrativo seria a fase de instrução do PAD, como aduz a Lei 8112/90.
DICA: Na lei 8112/90 há três fases no PAD – Instauração, Inquérito Administrativo e
Decisão
– O PAD tem que ser concluído em 140 dias de acordo com está lei.
No PAD, o relatório final apresentado pela comissão disciplinar não vincula a autoridade
superior, a qual é responsável por dar a decisão final. Porém a decisão deverá ser motivada,
caso esteja em sentido contrário ao relatório da comissão disciplinar. Neste caso, não existe
reformatio in pejus, já que não houve duas decisões conflitantes, mas somente uma decisão. A
discussão sobre a possibilidade ou não de reformatio in pejus está quando da interposição de
recurso à mencionada decisão da autoridade competente. Nesse caso, a reformatio in pejus se
aplica no Processo administrativo? – 3 correntes:
Como regra geral, as instâncias são estanques, não se comunicam. Por um mesmo fato, um
servidor poderá ser punido na via administrativa, na via cível e na via penal, sem que isso
configure bis in idem. Poderá ter sanções em várias instâncias. Mas, excepcionalmente, uma
decisão tomada numa instância irá vincular outra instância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, São Paulo:
Malheiros.