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• Introdução

A característica mais marcante de Fernando Pessoa é a criação de


heterônimos tão complexos e diferentes. Ao criá-los, Pessoa se faz plural e
dota cada um deles de uma visão própria de mundo, como se pudessem ser
um outro que não ele próprio e, além disso, autônomos. Em sua carta à Adolfo
Casais Monteiro, o autor admite sua tendência a despersonalização e
simulação que lhe acompanha desde sua infância. (Carta de Adolfo casais
monteiro e texto sobre heteronímia pessoana)
De forma similar no filme Fragmentado, o protagonista se divide em
diferentes personalidades que escondem, na maioria do tempo, a existência de
um indivíduo original. Cada uma dessas “peças” dentro de um só personagem
são diferentes entre si e agentes no mundo. A diferença do filme para o autor
moderno português é a de que, no filme o protagonista é diagnosticado com
distúrbio dissociativo de identidade, já no que se refere ao autor não há alguma
espécie de diagnostico médico. (Referencia filme)
Essa tendência Pessoana de se afastar do seu próprio eu pode ser lida
a partir de uma perspectiva tanto literária quando psiquiátrica. Será adotado
neste ensaio o viés psiquiátrico, não de forma a diagnosticar o autor com algum
tipo de transtorno ou distúrbio, mas de pensar sua principal característica
heteronímica sob olhar do filme de Shyamalan. (Referencia livro professora e
filme)
• Distúrbio dissociativo de Identidade (DDI)
O distúrbio dissociativo de identidade (DDI) é um tema amplamente discutido
na comunidade psiquiátrica, tendo sua veracidade contestada por alguns
especialistas. Apesar disso, o DDI foi reconhecido oficialmente no “Manual de
Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais” da associação psiquiátrica
americana em 1980. (ONO; YAMASHIRO)
O manual descreve o distúrbio como uma espécie de mecanismo de defesa
que o indivíduo cria para evitar alguma situação que originalmente não seria
suportada pelo seu “eu original”. No DDI, o ser teria dentro de si duas ou mais
personalidades diferentes, sendo a personalidade dominante a que vai determinar o
comportamento do indivíduo no momento em que assume.
Cada personagem tende a externalizar extremos diferentes da pessoa e
serem independentes, mas existem casos assimétricos, nos quais conhecimentos
podem ser compartilhados entre duas ou mais partes. Os diferentes estados de
personalidade do DDI refletirão uma história, uma imagem, uma identidade cultural
e/ou lingüística, podendo ainda possuir nomes próprios. A identidade original do
individuo se encaixaria no meio de tudo isso de forma passiva, dependente e
geralmente depressiva. (ONO; YAMASHIRO)
Esse distúrbio é mais recorrente quando os traumas acontecem na infância,
onde a criança não consegue encontrar uma saída e pode, inconscientemente,
abandonar seu próprio “eu” a fim de preservar-se intacto. Dessa forma, todos os
traumas que lhe ocorreram podem simplesmente desaparecer ou serem
acobertados de alguma forma. (ONO; YAMASHIRO)
Por fim, é importante ressaltar que há tratamento para o DDI, mas seu
diagnóstico é complicado de se dar. Por aparecer muito em filmes ficcionais e por
ser usado por criminosos como forma de não cumprimento de uma pena muito
rigorosa, alguns psiquiatras desacreditam a existência do DDI, logo, não o
diagnostica em seus pacientes.

• Enredo do filme Fragmentado


O filme retrata a vida de Kevin Wendell Crump, que sofre uma série de
traumas na infância e para fugir disso, cria 23 personalidades diferentes. No filme,
apenas 4 personalidades são evidentes e recorrentes: Denis, Patrícia, Hedwig e
Barry. Essas personalidades se mostram conscientes de que são partes do Kevin e
que estão fazendo o trabalho de ajudá-lo.
Dennis e Patrícia arquitetam um plano e o colocam em ação seqüestrando 3
meninas adolescentes, com o intuito de fazê-las sofrer, já que em suas concepções
só se fortalecem aqueles que passam por traumas na infância. Imediatamente as
outras personalidades adultas agem para levar Kevin à terapeuta, Dra. Flechte. A
doutora desconfia que quem frequenta as consultas na verdade é o Dennis se
passando por Barry, uma vez que ele desenvolvera TOC (Transtorno obsessivo-
compulsivo) para proteger Kevin de sua mãe compulsiva por limpeza e autoritária.
O plano de Dennis e Patrícia, não consiste somente no sequestro, mas em
preparar todo um ambiente para a vinda da “Besta”, que aparece no filme como uma
24° personalidade animalesca de Kevin. A besta é um ser que vem para acabar com
os impuros do mundo, ou seja, pessoas que nunca haviam passado por traumas.
Esse novo personagem é recebido numa estação de trem, mesmo local onde o pai
de Kevin o abandonou e onde ele o viu pela última vez.
Dennis é controlador, Patricia é explosiva, Hedwig é inocente e só quer
brincar e Barry é um estilista delicado. Assim, ao longo do complexo filme, vai sendo
mostrado que essas personalidades refletem vários extremos de Kevin e que foram
desenvolvidas a partir dos diversos traumas sofridos ao longo de sua vida. Além
disso, demonstra que todas elas estão unidas com o intuito de guardar o verdadeiro
Kevin em um lugar seguro dentro de si mesmo e tomar controle de sua vida, de
modo a impedir que ele sofra quaisquer novas ou possíveis perturbações
impactantes .

• Biografia Fernando Pessoa


Para analisar e entender as características de um autor e supor teorias
que as definem, é preciso buscar compreender aspectos pontuais de sua vida
pessoal. Assim, começa-se então pela infância.
Fernando Antonio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, em
Lisboa. Seus primeiros anos foram felizes e comuns, no entanto, sua vida
acabou tomando rumos lamentáveis ainda em sua infância.
Aos 6 anos de idade seu pai morre por uma tuberculose e a família
Pessoa (O próprio, sua mãe e seu irmão Jorge) têm de se mudar para uma
casa mais humilde. No ano seguinte, seu irmão de apenas 1 ano de idade
falece. Agora em 1895, sua avó Dionísia é internada por determinado tempo
em um manicômio e sua mãe casa-se com um comandante. Uma semana
depois e já no ano seguinte, mudam-se para África do Sul. Ao longo dos anos,
sua mãe tem mais 5 filhos com o então padrasto de Pessoa, fazendo com que
o menino já não tenha mais atenção exclusiva da mãe que costumava ter.
A partir desses breves e pontuais acontecimentos na vida de Pessoa,
pode-se notar algumas possíveis razões para a formação das características
que serão recorrentes em seus escritos: A saudade da Pátria, de uma Portugal
quase mítica onde Pessoa viveu seus anos felizes e harmoniosos e o
distanciamento da mãe amada, única figura familiar que lhe restou após perder
seu pai, seu irmão e sua pátria. Deve-se notar também que essa perda do pai e
da pátria acaba por se confundir em algum nível psicológico, já que uma foi
uma espécie de conseqüência da outra. Assim, o psicológico pode ter
associado uma sensação de harmonia e bem-estar a Portugal, onde viveu anos
harmoniosos com sua família unida e completa.
Sua descoberta com a literatura ocorre logo na adolescência e Pessoa,
aos 18 anos, volta para sua terra amada a fim de se matricular no curso de
Letras. É por volta de 1914 que nasce seu primeiro heterônimo oficial Alberto
Caeiro, em seguida nascem outros de mesma grandeza e outros semi-
heteronimos. Aos 3 maiores de seus heterônimos o autor atribui características
próprias, incluindo ano de nascimento, mapa astral e até um nome completo.
Fernando Pessoa fora um homem infeliz durante toda sua vida, isolava-
se por dificuldades de estabelecer laços com as pessoas, sempre fora um
temeroso das fortes emoções humanas. Em seus últimos anos, se embriagava
como forma de fuga da dura realidade que lhe acompanhava desde a infância.
Sempre almejou ser magnífico e maior ainda que o grande herói português
Camões, mas só foi reconhecido verdadeiramente depois de sua morte. Morre
em 30 de novembro devido a uma forte crise hepática.

• A relação Pessoa x Fragmentado


Fernando Pessoa classifica, em um de seus poemas, que o bom
português tem como característica “... adaptabilidade, que no mental dá a
instabilidade, e portanto a diversificação do indivíduo dentro de si mesmo”.
Dessa forma, o autor assume que essa multiplicidade de indivíduos dentro de
um ser humano se dá num nível de instabilidade mental e que ele, como
português a possui.
Ainda de forma a reiterar essa perspectiva mental/psiquiátrica como
possível de analise, em sua carta a Casais monteiro, Pessoa diz, “... Seja como
for, a origem mental dos meus heterónimos está na minha tendência orgânica e
constante para a despersonalização e para a simulação.”. As ideias de Freud
são contemporâneas do autor e ele delas faz bom entendimento, porém as
noções de desdobramento do eu e dissociação da personalidade é assunto
recorrente desde inícios do século IX. Por isso, é possível acreditar que essa
“tendência orgânica” apresenta características do chamado DDI.
Igualmente a Kevin, Pessoa cria dentro dele, a partir de traumas sofridos
na infância, diversas personalidades, cada uma com suas próprias
caracteristicas. Coincidentemente, ambos sofrem na primeira infância a perda
da figura paterna e levam isso como um trauma não resolvido.
Ele afirma que, “... Desde criança tive a tendência para criar em meu
torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca
existiram.” E contextualiza que seu primeiro conhecido existente “...um certo
Chevalier de Pas dos meus seis anos.”. c0l0ca7 pa7t3 d0 f1lm3 faland0 d0
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Da mesma forma, Onno e Yamashiro em sua monografia afirmam, “A
vasta maioria (cerca de 99%) das pessoas que desenvolvem os distúrbios
dissociativos possui um histórico de traumas de infância”.
ONO, Marcel Kendi; YAMASHIRO, Fábio Maki. Múltiplas personalidades: o distúrbio
dissociativo da identidade. 3333. 6 f. Monografia (Especialização) - Curso de 3333a, Instituto
de Computação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 3333. Disponível em:
<https://www.ic.unicamp.br/~wainer/cursos/906/trabalhos/mc906_artigo_multiplas_personalidad
es_011738_008623.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2018.

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