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Histórico da

Preservação
do Patrimônio
Cultural

Professora: Msc. Lina Malta Stephan


Curso: Arquitetura e Urbanismo
Disciplina: Técnicas Retrospectivas
NOÇÃO DE PATRIMÔNIO CULTURAL
Stonehenge

• A noção de Patrimônio Cultural é


uma invenção da modernidade que
aparece durante o Renascimento
(século XV) e se consolida no
século XVIII.

• Uma característica fundamental


do patrimônio: a historicidade (o ser
histórico, a qualidade do que é
histórico), que significa:

“A consciência de seu presente é


consequência do passado, portanto
está presente aí a possibilidade de
construir o futuro”.

2
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Parthenon GRÉCIA
•Os antigos gregos já priorizavam a
conservação de suas obras, praticavam a
Conservação Preventiva.

•Faziam a seleção de materiais e


técnicas para a execução de suas
esculturas e pinturas.

Templo de Efesto •Os templos tinham o papel dos museus,


onde as esculturas e outras peças eram
inventariadas e as esculturas arcaicas
eram enterradas.

•A Restauração era praticada para


recompor partes de peças que eram
danificadas pelas guerras e roubos.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
ROMA

• Na Roma antiga, a prática do


colecionismo indicava poder social e
político;

•As coleções eram privadas e as obras


eram modificadas ao serem obtidas;

•Buscavam a imortalidade da matéria: Foro romano

- restauração vista como magia.

- restaurador era aquela pessoa especial


que dava vida à obra através do realismo
obtido pelas intervenções

Otaviano
IDADE MÉDIA

•Na Idade Média, a pobreza e a


falta de matéria-prima levavam à
destruição de monumentos e à
refundição de esculturas e peças
de metal.

Gárgulas de •As obras sofriam intervenções


Notre Dame - Paris “utilitárias” ou de gosto, e o
restaurador era considerado o
artista, pois as “corrigia”.

Catedral de Ulm, Alemanha


RENASCIMENTO
• Restauração fez prevalecer a
instância estética sobre a
histórica, através de inserções e
renovações que mudam o
significado iconográfico das
obras:
A Virgem das
Pietà de Michelangelo
Rochas (1495-1508).
• Há uma busca de avanços
(1498).
tecnológicos e emprego de
S. Pedro de Roma
materiais distintos dos originais,
mas com o intuito de depois igualá-
los através de pátinas.

• Há presença de um colecionismo
conservador e recuperador,
motivado pelo gosto classicista.
RENASCIMENTO
•As intervenções relacionadas à
religião alteram as obras por
razões de culto, seja para valorizar
o santo ou para substituí-lo por
outro cuja devoção fosse mais
atual.

• Imagens que eram consideradas


indecentes foram destruídas.

•Proíbem-se as imagens de nus,


nas quais são colocados vestidos e
“panos de pureza” ,
BARROCO
•Conservação/Restauração adquire um
caráter mais específico devido à
definição, pelo mercado, das diferenças
entre artista e restaurador.

•Buscam-se novos materiais, técnicas e


teorias sobre as possibilidades e os
Lição de Anatomia do Dr. Tulp -
limites da restauração da matéria e sobre
Rembrandt, 1632
o valor histórico e cultural das obras.
Igreja de Santiago de
Compostela - Espanha
• Ocorrem avanços nas técnicas de
restauração dos suportes e de limpezas;

•Valorizaram-se a pátina do tempo.


AS TEORIAS DE RESTAURAÇÃO
RESTAURAÇÃO ARQUEOLÓGICA

Considerada a primeira teoria científica de


restauração aparece na Itália no século
XVIII. Seu expoente máximo foi Giuseppe
Valadier com sua restauração do Arco de
Tito.
RESTAURAÇÃO ARQUEOLÓGICA
A restauração arqueológica busca:

• A restauração e a consolidação de ruinas arqueológicas.

- Pretende a complementação, consolidação e conservação dos edifícios


estudados cientificamente, para a reconstrução do monumento mediante
partes originais, sempre e quando seja possível; colocando em prática a
anastilose*, estabelecendo a diferenciação das partes novas e antigas
mediante a utilização de materiais distintos.

(*restauração de monumentos ou construções em que se reagrupam


as partes arruinadas, utilizando-se, se necessário, novos materiais)
RESTAURAÇÃO ARQUEOLÓGICA
Coliseu Romano

Primeira intervenção realizada em 1807, por Raffale Stern, consolida a zona exterior
do Coliseu com um contraforte lateral de ladrilho para conter os empuxes do círculo
exterior. Diferencia sua intervenção do original utilizando o ladrilho e não a pedra.
Sua intervenção consolida a ruína pois cria um contraforte estrutural e em nenhum
momento lhe ocorre completar o anel exterior. Ele intencionava parar o tempo nesse
momento, conservando o dramatismo da situação do Coliseu.
A Restauração nos
Séculos XVIII e XIX
FINAL DO SÉCULO XVIII E SÉCULO XIX

A Conservação/Restauração vincula-se ao sentimento de


patrimônio cultural coletivo:

• Criam-se museus e academias;

• Controlam-se as intervenções nas obras;

• As coleções são abertas ao público;

• Surge a definição de museu: “local onde se guardam várias


curiosidades pertencentes às ciências, letras e artes liberais”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
• 1814-1879

• Alguns nomes consagram-se nessa


época, como referência a estilos de
restauração, onde se destaca:

• Eugène Violet-Le-Duc, arquiteto


francês que defendia a restauração
estilística.

•Esteve ligado à arquitetura revivalista


do século XIX. Principalmente ao
Neogótico

• Trabalhou na comissão
encarregada da preservação dos
monumentos históricos da França.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
ARQ 328 – TEORIAS DE PRESERVAÇÃO

Restauração Estilística

• A Restauração Estilística nasceu na França, na sequência da


Revolução Francesa (1789)

Restauro Estilístico: restaurar o estilo, refazer como era.

• Devolver ao edifício o seu aspecto original que poderia ter tido.

• A Restauração Estilística tornou-se um boom na Rússia, Alemanha,


Espanha e Itália.

• A Restauração Estilística pressupõe conhecer profundamente o


estilo arquitetônico de cada monumento e penetrar intimamente em sua
essência.
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
Sobre Restauração:

• Seu projeto baseia-se na busca pelo original e a perfeição formal dos


edifícios deixando de lado a sua história.

• O seu objetivo é a unidade de estilo (busca da forma pura), depois de


eliminar todos os elementos adicionados posteriormente, ou seja,
reintegrar o edifício e completar a construção como deveria ser.

“Restaurar um edifício não é conservá-lo, repará-lo ou refazê-lo,


é restituí-lo a um estado de inteireza que pode jamais
ter existido em um dado momento.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O entendimento da Restauração durante diversa épocas da Hstória:

“Somente a partir do segundo quartel do nosso século pretendeu-se


restaurar edifícios de outras épocas, e não nos consta que o restauro
arquitetônico tenha sido definido claramente.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O entendimento da Restauração durante diversa épocas da Hstória:

Os romanos reconstruíam, mas não restauravam, e a prova é que no latim


não existe a palavra correspondente ao nosso termo restauro, com o
significado que se lhe atribui hoje. Instaurare, reficere, renovare, não
significam restaurar mas reconstruir, fazer de novo.“
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O entendimento da Restauração durante diversa épocas da Hstória:

Quanto aos gregos, longe de restaurar, ou seja, de reproduzir exatamente


as formas dos edifícios que tinham sofrido degradações, acreditavam agir
corretamente ao imprimir a marca de sua época nos trabalhos que se
tornassem necessários.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O entendimento da Restauração durante diversa épocas da Hstória:

“A idade Média, não teve mais que a Antiguidade o sentimento do


restauro, longe disso. Quando se fazia necessária a substituição de um
capitel danificado de um edifício do século XII, punha-se no seu lugar um
capitel do século XIII, XIV ou XV. Se faltasse um só pedaço de um longo
friso do século XIII inseria-se no seu lugar um ornamento ao gosto do
momento ”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O entendimento da Restauração durante diversa épocas da Hstória:

“O nosso tempo, e somente o nosso tempo, a partir do início dos séculos


históricos assumiu, em relação ao passado, uma mistura inusitada.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
A unidade de estilo e a Restauração:

“O arquiteto encarregado de um restauro deve, portanto conhecer com


exatidão não só os estilos relativos a cada período da arte, mas também
aqueles pertinentes a cada escola.”

“...o arquiteto encarregado de um restauro deve ser um construtor hábil e


experiente, não só do ponto de vista geral, mas de um ponto de vista
particular, isto é, deve conhecer os processos construtivos adotados nas
diferentes épocas da nossa arte e nas diversas escolas.’

“... o restaurador deve ser criterioso ao extremo preferindo fazer ressaltar,


e não dissimular, os vestígios destas modificações.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
A Restauração e a integridade do edifício:

“O arquiteto encarregado do restauro de um edifício deve conhecer as


formas, os estilos próprios deste edifício e a escola da qual se origina,
devendo ainda mais, se possível, conhecer a sua estrutura, a sua anatomia,
o seu temperamento, porque antes de tudo é necessário que o faça viver.”

“É preciso que ele tenha compreendido todas as partes dessa estrutura


como se ele próprio a tivesse executado e que, uma vez adquirido tal
conhecimento, tenha a disposição diversos meios para empreender um
trabalho de reparação.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
O papel do arquiteto:

“Em circunstâncias análogas, o melhor a fazer é colocar-se no lugar do


arquiteto primitivo e supor o que ele faria, se retornando ao mundo, lhe
fossem dados os mesmos programas que nos são apresentados.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
A fotografia no auxílio da restauração:

“Nos restauros jamais será excessivo o uso da fotografia, pois muito


frequentemente se descobre num negativo aquilo que passara
despercebido no próprio monumento.”

“Decidir uma disposição a priori, sem tê-la confrontado com todas as


informações necessárias, significa cair no hipotético, e nada é mais
perigoso que a hipótese, nos trabalhos de restauro.”
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
CONSIDERAÇÕES:

- Monumento histórico a restaurar é visto com um documento histórico:


Deve seguir o estilo da época em que foi construído, pensado em como
contará sua história no futuro, estar de acordo com a época em que está
inserido.

- Reconstitui de acordo com o que é mais razoável de acordo com o ponto


de vista tipológico.

- Possibilidade de completar o edifício em ruínas.

- Viollet-le-Duc é um homem comprometido com o seu tempo.

- Segundo Choay, Viollet-le-Duc, não tem saudade do passado, ele tem um


compromisso com o futuro.
EUGÈNE VIOLET-LE-DUC,
- Ele entende que sua época é um conjunto do passado, então o seu
comprometimento com a restauração é restituir os monumentos de sua
época para levá-los para o futuro.

- Atingir um estado completo idealizado do edifício para alcançar a unidade


de estilo. “Não importando se, para tanto, tivessem que ser sacrificada
várias fases da passagem da obra no decorrer do tempo e feitas
substituições maciças.”

- Sem diferenciação entre o novo e o antigo.

- Importância do conhecimento científico, da fotografia e dos historiadores.

- Viollet-le Duc, encara o patrimônio como um documento histórico, e


pedagógico.
MOVIMENTO ANTI-RESTAURAÇÃO
• Origem na Inglaterra entre os
séculos XIX e XX

 Movimento que defendia a


manutenção intacta das obras do
passado e tudo o que existe em
seu entorno.

 Para esse movimento a beleza


poética se encontra na ruína.

 Defendiam a visão melancólica,


ambiental e paisagística, um
conceito romântico – ideal dos
monumentos – que chegou a
gerar nos séculos XIX e XX a
aceitação da ruína.
JOHN RUSKIN
• (1818 – 1900)

• Escritor e crítico britânico

• John Ruskin valorizava a arquitetura e


seus critérios de conservação/restauração

• Para ele, o verdadeiro valor do edifício


está nos materiais e na sua historicidade;
partidário da conservação preventiva e da
conservação in situ, enfatiza o papel do
ambiente e da luz sobre as esculturas
JOHN RUSKIN
Importância de se preservar:

“Nós devemos olhar seriamente a arquitetura como o elemento central e


abonador desta influencia, de ordem superior da natureza sobre as obras
do homem. Podemos viver sem ela, rezar sem ela, mas sem ela não
podemos recordar.”

“Não existem senão dois grandes vencedores do esquecimento humano:


a poesia e a arquitetura. E essa última, de algum modo, inclui a
precedente, sendo mais poderosa na sua realidade.”
JOHN RUSKIN

“É bom possuir, não só aquilo que os homens pensaram e sentiram, mas


também aquilo que suas mãos executaram, que sua força elaborou, que
os seus olhos contemplaram cada dia das suas vidas.”
JOHN RUSKIN

“Há uma certa santidade na casa de um homem honrado, que não pode
ser revivida em qualquer habitação que surja sobre suas ruínas.”

“Eu afirmo que se os homens vivessem verdadeiramente como homens,


as suas casas seriam como templos, templos que nós dificilmente
ousaríamos violar e nos quais seria uma benção nos ser permitido viver...”
JOHN RUSKIN

“Portanto, eu queria que as nossas casas de habitação fossem


construídas para durar e para serem belas, ricas e cheias de atrativos, se
possível dentro e fora.(...) queria que existissem diferenças capazes de
torná-las aptas a exprimir o caráter e a ocupação de cada homem, de
contar a sua história.”
JOHN RUSKIN

“Deus nos emprestou a terra para a nossa vida. Ela nos foi dada por
empréstimo. Ela não nos pertence. Ela pertence do mesmo modo àqueles
que virão depois de nós e cujos os nomes estão já escritos no livro da
criação.”
JOHN RUSKIN

“É naquela dourada patina imposta pelo tempo, que devemos procurar a


verdadeira luz, a verdadeira cor e a verdadeira preciosidade da
arquitetura.”

“Mas, quando o pitoresco consegue manter-se coerente com os


caracteres intrínsecos da arquitetura, eis que a função dessa forma de
sublimidade exterior da arquitetura é, sem dúvida, mais nobre do que a de
qualquer objeto, porque ela testemunha a idade da obra: daquilo que,
como se disse, consiste a maior glória do edifício.”
JOHN RUSKIN

“Não nos enganemos numa questão tão importante: é impossível em


arquitetura restaurar, como é impossível ressucitar os mortos, ainda que,
não tenha sido nunca grande e belo.”

“Portanto, não falemos de restauro. Trata-se de uma mentira do princípio


ao fim. “

“Pode-se fazer a cópia de um edifício como se pode fazer a de um


cadáver”
JOHN RUSKIN

“Tomai, atentamente cuidado, com os vossos monumentos, e não tereis


nenhuma necessidade de restaurá-los.”
JOHN RUSKIN

“Vigiai um velho edifício com atenção cuidadosa; protegei-o o melhor que


puderes e a qualquer custo, de qualquer sinal de deterioração. Contai
aquelas pedras como conta as gemas de uma coroa; colocai em torno
dele vigias como se tratasse das portas de uma cidade assediada.”
JOHN RUSKIN

“Nem mesmo nos é dado o direito de usar à nossa vontade tudo o quanto
eles nos deixaram, porque essa herança pertence à todos os seus
sucessores.”
JOHN RUSKIN
Considerações

- Respeito pela matéria original, marcas da passagem do tempo (pátina)


na obra, admitindo a possibilidade de “morte” de uma dada edificação.

- Ruskin condena a teoria de Viollet-le-Duc: o restauro é pior do que


qualquer tragédia, como por exemplo: o incêndio.

- Patrimônio é o testemunho de uma época que ele quer manter viva.


Compara os edifícios com seres vivos.

- “Pátina do Tempo” – é na pátina do tempo que ele encontra a verdade.


“É naquela dourada pátina imposta pelo tempo, que devemos procurar a
verdadeira luz, a verdadeira cor e a verdadeira preciosidade da
arquitetura.” (Ruskin, p.17)

- Para Ruskin, era impossível substituir a matéria – Autenticidade.


RESTAURAÇÃO MODERNA

• Conceitos da Restauração Moderna - Camilo Boito

• Época – por volta de 1880

• Defendia o historicismo, fazendo do românico um marco da


Itália.

• Final do século XIX e início do século XX - teorias de Ruskin e


Viollet le Duc, começam a perder força: mudanças no
pensamento europeu.

• Itália - um dos países pioneiros na restauração e conservação


de monumentos.
CAMILO BOITO
Camilo Boito (1836 – 1914)

 Arquiteto, engenheiro, escritor e


crítico de arte italiano.

• Como arquiteto trabalhou


principalmente no restauro
de monumentos.

• Autor de “Os Restauradores”

“... Boito no final do século XIX,


consolidou uma via, conhecida na
Itália como “restauro filosófico”, que
dava ênfase ao valor documental
da obra.”
CAMILO BOITO
Como restaurador e teórico, possuía uma posição moderada intermediária
entre Viollet-le-Duc e John Ruskin:

“...Viollet-le-Duc, que almejava atingir um estado completo idealizado do


edifício, com o objetivo, geralmente, de alcançar a unidade de estilo, não
importando se, para tanto, tivessem que ser sacrificadas várias fases da
passagem da obra de no decorrer do tempo e feitas substituições
maciças.”

“Outra vertente tinha entre seus principais formuladores John Ruskin e


William Morris, e preconizava um grande respeito pela matéria original,
pelas marcas da passagem do tempo na obra, aconselhando
manutenções periódicas, mas admitindo a possibilidade de “morte” de
uma dada edificação.”
CAMILO BOITO
Boito teve atuação primordial durante o Congresso dos Engenheiros e
Arquitetos Italianos, Roma, 1883.” Foram enunciados sete princípios
fundamentais:

-“ênfase no valor documental dos monumentos, que deveriam ser


preferencialmente consolidados a reparados e reparados a restaurados”;

- “evitar acréscimos e renovações, que se fossem necessários, deveriam


ter caráter diverso do original, mas não poderiam destoar do conjunto”;

- “os complementos de partes deterioradas ou faltantes deveriam, mesmo


se seguissem a forma primitiva, ser de material diverso do original ou ter
incisa a data de sua restauração ou, ainda, no caso das restaurações
arqueológicas, ter formas simplificadas”;

- “as obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente


necessário, evitando-se a perda dos elementos característicos ou,
mesmo, pitorescos”;
CAMILO BOITO
- “respeitar as várias fases do monumento, sendo a remoção de
elementos somente admitida se tivessem qualidade artística
manifestamente inferior à do edifício”;

- “registrar as obras, apontando-se a utilidade da fotografia para


documentar a fase antes, durante e depois da intervenção”;

- “colocar uma lápide com inscrições para apontar a data e as obras de


restauro realizadas.”
CAMILO BOITO
Sobre o seu período:

‘Boito julgava o período em que vivia peculiar, afirmando que a


restauração só poderia encontrar seu caminho justamente em uma época
como aquela, em uma sociedade que, não tendo um estilo que lhe fosse
próprio nas artes, fosse capaz de entender, analisar e apreciar obras de
vários períodos.”

“Então, nós do bem-aventurado século XIX, temos um braço tão grande


que tudo acolhe para si.”

“... vivemos em uma era afortunadíssima; aliás, desde que mundo é


mundo, nunca houve alguma mais afortunada do que a nossa.”
CAMILO BOITO
Sobre a conservação:

“Insiste na necessidade de conservações periódicas para se tentar evitar


a restauração, mas admite que o restauro pode ser necessário para não
abdicar do dever de preservar a memória.”

“Considera como essencialmente diversas a conservação e a


restauração, insistindo que a conservação é, muitas vezes, a única coisa
a se fazer, além de ser obrigação de todos, da sociedade e do governo,
tomas as providências necessárias à sobrevivência do bem.”

“A restauração é, portanto, encarada por ele como um mal necessário”.


CAMILO BOITO
Enuncia oito princípios que deveriam ser seguidos para se evidenciar que
as intervenções não são antigas:

- Diferença de estilo entre o velho e o novo;


- Diferença de materiais de construção;
- Supressão de linhas ou de ornatos;
- Exposição das velhas partes removidas, nas vizinhanças do monumento;
incisão, em cada uma das partes renovadas, da data da restauração ou de
um sinal convencionado;
- Epígrafe descritiva gravada sobre o monumento;
- Descrição e fotografia dos diversos períodos das obras, expostas no
edifício ou em local próximo a ele, ou ainda em publicações;
- Notoriedade.”

“Salientou-se ainda a importância da distinguibilidade e da mínima


intervenção, princípios que permanecem até os dias atuais.”
CAMILO BOITO
Sobre conservadores e restauradores:

“Mas, uma coisa é conservar, outra é restaurar, ou melhor, com muita


frequência uma é o contrário da outra; e o meu discurso é dirigido não aos
conservadores, homens necessários e beneméritos, mas, sim, aos
restauradores, homens quase sempre supérfluos e perigosos.”
CAMILO BOITO
Sobre inovações e complementos:

“... não inovar, mesmo quando se fosse levado à inovação pelo louvável
intento de completar ou de embelezar. Convém deixar incompleto e
imperfeito tudo aquilo que se encontra incompleto e imperfeito.”

“É necessário que os complementos, se indispensáveis, e as adições, se


não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras
de hoje.”
CAMILO BOITO

“Não é necessário permitir-se corrigir as irregularidades, nem alinhar os


desvios, porque os desvios, as irregularidades, os defeitos de simetria são
fatos históricos repletos de interesse, os quais freqüentemente fornecem
critérios arqueológicos para confrontar uma época, uma escola, uma idéia
simbólica. Nem acréscimos nem supressões.” (Boito,1884, pag.59)
CAMILO BOITO
CONSIDERAÇÕES:

- “Restauro filosófico”: ênfase no valor documental da obra.

- Difusão da arquitetura medieval, importante para a identidade da nação


italiana.

• Boito afirma que época em que viveu foi a melhor época na questão
de conhecimento de tudo o que aconteceu em arte e beleza,
anteriormente.

• Boito respeita todas as épocas da obra. Não se deve preservar só a


pátina do tempo dos edifícios, mas as sucessivas alterações ao longo
dos anos.

- Recorre ás propostas de Ruskin, para formular a idéia de Conservação.


CAMILO BOITO
• Critica a proposta de Viollet-le Duc e Ruskin:

- Ruskin: Deixar o edifício a própria sorte e cair em ruínas


- Viollet-le-Duc: Perigo ao querer alcançar um estado completo que pode
não ter existido.

“A restauração é, encarada por ele como um mal necessário.” -


Intervenção perigosa, pode levar ao erro.

• Conservar é diferente de restaurar.


Conservadores = Necessários e beneméritos
Restauradores = Supérfluos e perigosos.

• Boito se posiciona contra o falseamento:

“Ênfase no valor documental dos monumentos, que deveriam ser


preferencialmente consolidados a reparados e reparados a restaurados.”–
Idéia de conservação.
CAMILO BOITO

• “Insiste na necessidade de conservações periódicas para se tentar


evitar a restauração, mas admite que o restauro pode ser necessário
para não abdicar do dever de preservar a memória” – Parecido com as
idéias de Ruskin.

• Divide a Restauração arquitetônica em três diferentes fases:

- Arqueológica: Monumentos da Antiguidade


- Pictórica: Edifícios medievais (preservar a aparência pitoresca)
- Arquitetônica: Edifícios do Renascimento em diante.

“Não inovar, mesmo quando se fosse levado à inovação pelo louvável


intento de completar ou embelezar. Convém deixar incompleto e
imperfeito, tudo o que se encontra incompleto e imperfeito.”
RESTAURAÇÃO CRÍTICA

• Restauração Crítica emergiu como uma corrente que muito


contribuiu para a construção teórica dos conceitos de
restauração e conservação na primeira metade do século XX.

• Sua origem foi na Itália no início de 1939- 1940 , na sequência


das possibilidades metodológicas da "Restauração Científica",
devido à destruição dramática causada pela Segunda Guerra
Mundial.
CESARE BRANDI
• Cesare Brandi (1906 – 1988)

• Arquiteto italiano.

• Em 1963 publica “A Teoria


da Restauração”.

• 1964: a Carta de Veneza


estabelece novas regras para
a restauração de monumentos,

• Autor da Teoria da Restauração.


CESARE BRANDI
Reconhecimento da obra de arte:

“...qualquer comportamento em relação à obra de arte, nisso


compreendendo a intervenção de restauro, depende de que ocorra o
reconhecimento ou não da obra de arte como obra de arte.”
CESARE BRANDI
Sobre a restauração:

“A própria restauração deverá, pois, articular seu conceito: não com base
nos procedimentos práticos que caracterizam a restauração de fato, mas
com base no conceito da obra de arte de que recebe a qualificação(...)
pelo fato de a obra de arte condicionar a restauração e não o contrário.”

“Sobre a restauração se devem estruturar as instancias: históricas e


estéticas: “podendo cada qual, para os fins da restauração, ter exigência
próprias, diversas e contrastantes, desde a pura conservação, por um
lado, até as propostas reintegrativas, por outro.”

“Em geral, entende-se por restauração qualquer intervenção voltada a dar


novamente eficiência a um produto da atividade humana.”
CESARE BRANDI
Sobre a restauração:

Primeiro princípio de restauro: “a restauração constitui o momento


metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência
física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua
transmissão para o futuro.”

Segundo princípio de restauro: “a restauração deve visar o


restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso
seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem
cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo.”
CESARE BRANDI
Sobre a restauração:

“A ação de restauro, ademais, e pela mesma exigência que impõe o


respeito da complexa historicidade que compete à obra de arte, não se
deverá colocar como secreta e quase fora do tempo, mas deverá ser
pontuada como evento histórico tal como é, pelo fato de ser ato humano e
de inserir no processo de transmissão da obra de arte para o futuro.”

“Uma vez que, se a obra de arte é em primeiro lugar uma resultante do


fazer humano e, como tal, não deve depender para seu reconhecimento
das alternativas de um gosto ou de uma moda, impõe-se, no entanto, uma
prioridade da consideração histórica com respeito àquela estética.”
CESARE BRANDI
Sobre as ruínas:

“Ruína será, pois, tudo aquilo que é testemunho da história humana, mas
com um aspecto bastante diverso e quase irreconhecível em relação
àquele de que se revestia antes.”

“... a restauração, quando voltada para a ruína, só pode ser a


consolidação e conservação do status quo, ou a ruína não era uma ruína,
mas uma obra que ainda continha uma vitalidade implícita para promover
uma reintegração da unidade potencial originária.”
CESARE BRANDI
Sobre as ruínas:

“A legitimidade da conservação da ruína está, pois, no juízo histórico que


dela se faz, como testemunho mutilado, porém ainda reconhecível, de
uma obra e de um evento humano.”

“...para nós, ser esteticamente uma ruína qualquer remanescente de obra


de arte que não pode ser reconduzido à unidade potencial, sem que a
obra se torne uma cópia ou um falso de si própria.”
CESARE BRANDI
Sobre adição e remoção

“ Do ponto de vista histórico a adição sofrida por uma obra de arte é um


novo testemunho do fazer humano e, portanto, da história: nesse sentido
a adição não difere da cepa originária e tem os mesmos direitos de ser
conservada. A remoção, ao contrário, apesar de também resultar de um
ato e por isso inserir-se igualmente na história, na realidade destrói um
documento e não documenta a si própria, donde levaria à negação e
destruição de uma passagem histórica e à falsificação do dado.”
CESARE BRANDI
Sobre adição e remoção

“O refazimento, ao contrário, pretende replasmar a obra, intervir no


processo criativo de maneira análoga ao modo como se desenrolou o
processo criativo originário, refundir o velho e o novo de modo a não
distingui-los e a abolir ou reduzir ao mínimo o intervalo de tempo que
aparta os dois momentos.”

“A explícita ou implícita pretensão do refazimento é sempre abolir um


lapso de tempo...”

“É por isso um erro crer que toda coluna despedaçada possa ser
reerguida e recomposta de modo legítimo quando, ao contrário, o
ambiente onde isso deveria acontecer já atingiu, historicamente e
esteticamente, uma acomodação que não deve ser destruída nem para a
história nem para a arte.”
CESARE BRANDI
Restauração preventiva:

“Restauração preventiva é uma locução inusual que poderia também


induzir ao erro de fazer crer que possa existir uma espécie de profilaxia
que, aplicada como uma vacina poderia imunizar a obra de arte em seu
curso no tempo.”
CESARE BRANDI
Sobre falsificação:

“Portanto, na base da diferenciação entre cópia, imitação e falsificação


não está uma diversidade específica nos modos de produção, mas uma
intencionalidade diversa.”

“Para que a imitação assumisse um valor autônomo, seria necessário,


entretanto, que não pudesse ser equivocada em relação à efetiva data de
nascimento, e a forma de que se partiu fosse verdadeiramente conduzida
à substância de uma nova subjetividade.”
CESARE BRANDI
CONSIDERAÇÕES:

- A restauração é a atualização da obra de arte – Presente histórico

- Obra de arte = duplicidade = momento de criação e momento de


reconhecimento (presente histórico)

- Obra de arte = características singulares, produto da espiritualidade


humana, não deve depender de gosto ou moda.

- Brandi privilegia a dimensão estética

.
CESARE BRANDI
CONSIDERAÇÕES:

A restauração apresenta-se as duas instâncias, a instância histórica e a


instância estética, que deverão nortear aquilo que pode ser o
restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, sem constituir um
falso histórico ou uma ofensa estética. Derivarão disso, alguns
princípios.

“O primeiro é que a integração deverá ser sempre e facilmente


reconhecível; mas sem que isso se venha a infringir a própria unidade que
se visa a reconstruir. Desse modo a integração deverá ser invisível à
distância de que a obra de arte deve ser observada, mas reconhecível de
imediato, e sem a necessidade de instrumentos especiais, quando se
chega a uma visão mais aproximada.”
CESARE BRANDI
CONSIDERAÇÕES:

“segundo princípio é relativo à matéria de que resulta a imagem, que é


insubstituível só quando colaborar diretamente para a figuratividade da
imagem como aspecto e não para aquilo que é estrutura. Disso deriva,
mas sempre em harmonia com a instancia histórica, a maior liberdade de
ação no que se refere aos suportes, às estruturas portantes e assim por
diante.”

“O terceiro princípio se refere ao futuro: ou seja, prescreve que qualquer


intervenção de restauro não torne impossível mas, antes, facilite as
eventuais intervenções futuras.”

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