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A etnografia, enquanto descrição científica de culturas, inclui o estudo de civilizações actuais que se
desenvolveram em relativo isolamento, pouco influenciadas pela cultura que emergiu de grandes civilizações
como a Chinesa, a Indiana, a Babilónica e a Egípcia. Tais civilizações isoladas, algumas delas ainda ao nível da
Idade da Pedra quando foram primeiramente estudadas há algumas centenas de anos, encontraram-se na África,
na Austrália, na América do Sul e na Indonésia. Atendendo a que diferentes civilizações se desenvolveram a
diversos níveis em diferentes locais, é plausível assumir que estudos etnográficos de civilizações primitivas, cada
vez mais raros, podem fornecer pistas valiosas para compreender os estádios mais primitivos da nossa
civilização.
Os matemáticos do século vinte desempenham uma actividade intelectual altamente sofisticada, sendo
boa parte do que hoje se chama matemática deriva de ideias que originalmente estavam centradas nos conceitos
de número, grandeza e forma. Conhecendo a história da matemática percebemos que as teorias que hoje
aparecem acabadas e elegantes são resultantes de desafios enfrentados na história da humanidade.
Crê-se que as nossas primeiras concepções de número e forma datam de tempos tão remotos como os do
começo da Idade da Pedra, o Paleolítico. Durante as centenas de milhares de anos, ou mais, deste período, os
homens viviam em cavernas, em condições pouco diferentes das dos animais, e as suas principais energias eram
orientadas para o processo elementar de recolher alimentos onde fosse possível encontrá-los. Eles faziam
instrumentos para caçar e pescar, desenvolviam linguagem para comunicarem uns com os outros.
“Nos finais dos anos 30, quando o arqueólogo Karl Absolom, peneirando terra checoslovaca,
desenterrou um osso de lobo de 30 000 anos de idade, com uma série de entalhes esculpidos, foi desenterrada
uma pista-chave a respeito da natureza da matemática da Idade da pedra. Ninguém sabe se Gog, o homem das
cavernas, usou o osso para contar os veados que matava, as pinturas que desenhava ou os dias que tinha passado
sem um banho, mas é evidente que os primeiros humanos estavam a contar alguma coisa.
O osso de lobo era, na Idade da Pedra, o equivalente ao supercomputador actual. (…) Parece que, no
princípio da matemática, as pessoas só sabiam distinguir entre um e muitos. Um homem das cavernas tinha uma
ponta de lança ou muitas pontas de lança; comia um lagarto triturado ou muitos lagartos triturados. Não havia
maneira de expressar qualquer quantidade que não fosse um ou muitos. Com o tempo, as linguagens primitivas
desenvolveram-se para distinguir entre um, dois e muitos e, finalmente, um, dois, três e muitos. Algumas línguas
actuais ainda têm esta limitação. Os índios Siriona e os brasileiros Ianoama não têm palavras para números
superiores a três; em vez disso, estas duas tribos usam as palavras «muito» ou «muitos».
Graças à natureza dos números – podem ser adicionados para criar novos números -, o sistema de
números não parou no três. Após algum tempo, os homens tribais inteligentes começaram a dispor palavras -
números numa fila para formar mais números.”
(Charles Seife. Zero. A Biografia de uma ideia perigosa. Lisboa: Gradiva. 2001)
Parece ser quase certo que no percurso para níveis de civilização mais avançados a enumeração precedeu
a numeração, e a numeração, por seu lado, precedeu o conceito de número.
O uso gradual de linguagens faladas marcou um grande passo na evolução do conceito de número. Com a
criação duma linguagem que contém palavras para as diferentes partes do corpo, era natural que estas palavras,
em vez das diferentes partes do corpo fossem usadas no processo de enumeração; o que marca uma transição
para a numeração. No caso da tribo Bugilai as palavras usadas para a sequência anterior eram:
Não existem suficientes evidências para fixar o período histórico em que foi feita a descoberta do
conceito de cardinal. Os documentos escritos mais antigos mostram que esse conceito estava igualmente
presente na China, na Mesopotâmia, na Índia e no Egipto. Todos esses documentos contêm a questão “Quantos
…?” Esta questão pode ser respondida em termos de número cardinal. Portanto, quando estes documentos
foram escritos, e provavelmente muito antes, o conceito de número cardinal estava já formado. Se tentarmos
perceber de que tipo de situações emergiu o conceito de número cardinal, veremos que o conceito fundamental
que designamos por “conjunto” terá sido uma das primeiras abstracções feitas pelo homem. Quando os Bugalai
diziam manda (“polegar esquerdo”), não tinham ainda o conceito de “mão” ou “conjunto completo de cinco
objectos”.
Uma das etapas seguintes deverá ter sido a observação de que a ordem pela qual é feita a correspondência
dos objectos num conjunto não é importante. O próximo passo, provavelmente o mais difícil, terá sido perceber
que o último nome dum número ordinal pronunciado associava-se não só ao último objecto no conjunto a ser
correspondido mas também dizia quantos objectos existiam ao todo no conjunto.
Definição
Número natural é o cardinal dum conjunto finito qualquer não vazio.
Um desenvolvimento mais formal da numeração pode ser encontrado na formação dos sistemas de
numeração. Em culturas em que os dedos de uma mão tinham sido usados em fases iniciais da numeração, o
agrupamento base do sistema de numeração ficou a ser o cinco. Quando os dedos de ambas as mãos eram
usados, o agrupamento base ficou a ser dez. Quando os dedos das mãos e pés eram usados, ou as partes de
ambas as mãos ou braços eram usados, tornou-se vinte.
A necessidade dum sistema de numeração surgiu com a questão (que naturalmente não se colocaria nestes
termos) O que tem de ser feito quando uma sequência finita ordenada de contadores (dedos ou partes do corpo) se esgota, mas
ainda restam objectos para corresponder?
O longínquo registo de traços num cajado ou de riscos em pedras depressa se tornou insuficiente para as
exigências do homem. O desenvolvimento das sociedades proporcionou que se desenvolvessem símbolos
convenientes para escrever os números e métodos para fazer cálculos com esses números. Os símbolos para
escrever os números são chamados numerais e os métodos para fazer cálculos, algoritmos. Quando tomados
em conjunto os numerais e os algoritmos, obtemos o que chamamos sistemas de numeração.
De facto é manifestamente mais prático escrever “11” (no sistema de base 10) do que “cardinal de
{€,Ω,↓,∏,∩,≈,∞,╢,♫,☼,☺}”.
Definições
• Numeral é todo o símbolo que representa um número.
• Um sistema de numeração é um conjunto de símbolos e regras culturalmente aceites que possibilita a
escrita de números.
Exemplo
Considere-se o número duzentos e vinte e dois, escrito no sistema indo-árabe (222).
A primeira menção do algarismo dois representa duas unidades simples; a segunda duas unidades de 1.ª
ordem (dezenas) e a terceira menção do dois representa duas unidades de 2.ª ordem (centenas).
Exemplo
Considere-se o número oitenta e oito escrito no sistema de numeração romana: (LXXXVIII).
Nem o valor de I nem o de X depende da posição que ocupam esses símbolos.
Os primeiros numerais egípcios conhecidos estão inscritos na forma hieroglífica num bastão real de cerca
de 3400 a.C., quando Menes uniu o Alto Egipto e o Baixo Egipto. Estes símbolos foram usados para denotar
grandes números associados com saques de guerra: a captura de 120 000 prisioneiros humanos, 400 000 cabeças
de gado e 1 422 000 cabras.
Breves Notas
Pode dizer-se que a Egiptologia começou quando se puderam decifrar os caracteres da escrita egípcia. Isso
só aconteceu a partir de 1799, com a expedição de Napoleão Bonaparte ao Egipto.
Os documentos originais de conteúdo matemático não são muitos; apenas cerca de uma dúzia. Deles
destacam-se os seguintes: o papiro Rhind, o papiro de Moscovo, o papiro de Kahun, o papiro de Berlim e o Rolo
de Couro das Matemáticas Egípcias. O estudo destas fontes permite perceber o desenvolvimento matemático da
civilização egípcia. Os aspectos mais notórios prendem-se com a sistematização dum sistema de numeração,
problemas aritméticos, resolução de equações e problemas geométricos
Os egípcios usavam um sistema de numeração de base 10, do tipo aditivo mas não tinham símbolo para o
zero.
Para os números de um a nove repetiam um pequeno traço vertical e depois usavam símbolos especiais
para as diferentes potências de 10, desde 10 até 107. Estes símbolos eram usados em combinação e repetidos
tantas vezes quantas necessárias para expressar qualquer número. As representações para os diferentes símbolos
têm sido interpretadas de diferentes formas: 1, traço vertical; 10, asa de um cesto ou arco; 100, corda enrolada;
1000, flor de lótus; 10 000 dedo inclinado; 100 000, ave ou girino; 1 000 000 homem sentado ou espantado;
10 000 000, sol.
…
Hieróglifos | || ||| ∩
Símbolos do 1 2 3 ... 10 102 103 104 105 106 107
sistema decimal
Uma vez que prevalece o simples princípio aditivo, os símbolos poderiam surgir em qualquer ordem.
Assim, em hieróglifos, o número 573, escrever-se-ia (da direita para a esquerda)
∩∩∩∩∩∩∩
Cap. Números e operações II. Números e sistemas de numeração 8/28
Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico
3.1.2. Operações
3.1.2.1 Adição
Exemplo
573 + 48
∩∩∩∩∩∩∩ 5 7 3
∩∩∩∩ + 4 8
Total ∩∩ Total 6 2 1
3.1.2.2. Multiplicação
Para multiplicar um número por 10 bastava substituir cada símbolo representativo de uma determinada
potência de 10 pelo símbolo da potência imediatamente superior.
As restantes operações são efectuadas por um processo sistemático fundamentado em duas regras simples
que se podem designar por “regra do dobro” e “regra dos 2/3”. Mais adiante abordaremos a “regra dos 2/3”.
Regra do dobro
A regra do dobro consiste em sucessivas duplicações do número em causa, e era aplicada não só para
multiplicar; mas também para dividir.
Note-se que a regra do dobro, aplicada em sentido inverso, se traduz pelo cálculo de sucessivas divisões
ao meio.
Exemplo
1) Multiplicar 18 por 11.
O escriba teria de começar por escolher qual dos números tomava para multiplicando. Supondo que 18
era o escolhido, teria de o repetir onze vezes, o que fazia por sucessivas duplicações, escrevendo: (iremos apenas
expressar o método com a representação no sistema decimal)
\1 \ 18
\2 \ 36
4 72
\8 \ 144
Total 11 198
Na coluna da esquerda, eram assinalados os multiplicadores parciais cuja soma é 11, (o multiplicador
pretendido); os resultados correspondentes da coluna da direita são também assinalados e adicionados, para
obter o resultado final. Isto corresponde a escrever
18 × 11 = 18 × (1+2+8) = 18+36+144 = 198
2) Multiplicar 18 por 35
1 35
\ 10 \ 350
2 70
4 140
\8 \ 280
Total 18 630
Deve-se observar que a regra do dobro se baseia no facto de que todo o inteiro natural pode ser expresso,
de forma única, como soma de potências de 2 todas diferentes (de facto, isto corresponde à representação desse
inteiro na base 2).
É ainda de assinalar que o método de multiplicar com base na regra do dobro foi ainda usado pelos
Gregos, na Europa Medieval, e ainda é usado em algumas Comunidades da Rússia e em países do Leste.
3.1.2.3. Divisão
Na divisão exacta, usa-se a mesma técnica do que na regra do dobro, já que é a operação inversa da
multiplicação. Aliás, para o escriba egípcio, dividir a por b punha-se em termos de “como operar sobre b para
obter a”, o que significa, “por quanto multiplicar b para obter a”.
No problema nº 69 do papiro de Rhind é pedido como operar sobre 80 para obter 1120.
Este enunciado corresponde à determinação do quociente de 1120 por 80. Vamos então determiná-lo,
buscando por quanto se deve multiplicar 80 para obter 1120.
1 80
\ 10 \ 800
2 160
\4 \ 320
Total 14 1120
Assim é determinado o quociente 14, como soma dos números assinalados na coluna da esquerda,
correspondentes aos números da coluna da direita, cuja soma é 1120.
Esta técnica é generalizável à divisão inteira.
Exemplo
Calcular o quociente e o resto da divisão de 587 por 94.
Em termos egípcios, o escriba iria operar sobre 94 até obter 587, ou um número imediatamente inferior,
isto é, que dele difira menos de 94 unidades.
1 94
\2 \ 188
\4 \ 376
Total 6 564
O número 587 – 564 = 23 é o resto, visto que é menor que 94. O quociente é 6.
O termo fracção egípcia designa uma soma de fracções unitárias distintas, sendo uma fracção unitária
simplesmente uma fracção de numerador igual a um. Em rigor, o nome de representação egípcia seria mais
adequado, mas a designação fracção egípcia está de tal forma enraizada que é impossível fazer essa correcção.
3 1 1 1 3
Por exemplo = + + é uma representação de em fracção egípcia.
25 19 150 450 25
Usando a igualdade
1 1 1
= + ,
a a + 1 a( a + 1)
pode transformar-se uma representação numa outra com mais parcelas, concluindo-se assim que a representação
está longe de ser única.
A designação fracção egípcia deve-se ao facto dos antigos egípcios representarem todos os números
fraccionários essencialmente desse modo.
Notação
Em hieróglifos, as fracções unitárias eram representadas colocando o símbolo sobre o símbolo para o
denominador.
Exemplo
1
13
era representado por ∩.
Na escrita hierática o símbolo escrito por cima do número simplificou-se para um ponto.
2 1 3
A fracção era representada em hieróglifos por . Se interpretarmos “ ” como 1 = , então
3 2 2
3
representará o inverso de .
2
O produto de 2/3 por uma fracção ímpar (fracção unitária de denominador ímpar i) era calculado através
da soma das fracções unitárias cujos denominadores eram o dobro de i e o sêxtuplo de i.
2 1 1 1 1 1
Exemplo × = + = +
3 5 2 × 5 6 × 5 10 30
É de notar que esta regra também era aplicada a fracções de denominador par. Contudo, neste caso, tinha
uma regra mais simples, que consistia em adicionar metade do denominador a si próprio.
2 1 1 1
Exemplo × = =
3 6 3+ 6 9
A Roma Antiga foi uma civilização que se desenvolveu a partir da cidade-estado de Roma, fundada na
península itálica durante o século IX a.C.. A civilização romana é tipicamente inserida no grupo "Antiguidade
Clássica", juntamente com a Grécia Antiga que muito inspirou a cultura deste povo. Roma contribuiu
imensuravelmente para o desenvolvimento no Mundo Ocidental de várias áreas de estudo, como o direito, teoria
militar, arte, literatura, arquitectura, linguística, e a sua história persiste como uma grande influência mundial,
mesmo nos dias de hoje.
Não existem muitas certezas quanto à origem da notação romana dos números. Os Romanos nunca
usaram as sucessivas letras do seu alfabeto para a numeração.
Nas primeiras inscrições em monumentos de pedra o “um” era representado por um traço vertical. O
“cinco” era geralmente representado por V, talvez representando uma mão. Isso naturalmente sugere o símbolo
X (dois V’s) para “dez”. Mas também pode suceder que o uso de X provenha de cruzar uns, conforme é
usualmente dito. Se essa é a origem de X para “dez”, então V surgiria naturalmente como metade de X. Não
existe informação definitiva para a origem de L para “cinquenta”. A palavra romana para “centena” era centum e
para “milhar” era mille. Talvez seja essa a razão para o uso de C para “uma centena” e M para “um milhar”. Um
símbolo anterior usado para representar um milhar era . O D para “quinhentos” poderá ter surgido da
parte direita desse símbolo.
Princípio aditivo
Os símbolos eram escritos da esquerda para a direita, por ordem decrescente A principal característica do
sistema de numeração romana é a de ser aditivo, ou seja, os valores dos símbolos usados na representação dum
numeral são adicionados; o valor dos símbolos é o mesmo independentemente da ordem em que figura.
Exemplo LXXIII representa 73.
Princípio subtractivo
Mais tarde, por simplificação de escrita, os símbolos começaram a ser utilizados de modo subtractivo.
Exemplo IV representa 4, em vez da forma inicial IIII.
IX representa 9, em vez da forma inicial VIIII.
Notas
1) A escrita de numerais no sistema de numeração romana fazendo uso do princípio subtractivo poderia
conduzir a algumas ambiguidades. Por exemplo, IXL poderia representar 39 ou 41. Assim, é usual utilizar
somente um símbolo do modo subtractivo. Portanto 39 escreve-se na forma XXXIX e 41 na forma XLI.
Outra observação importante é a de que na forma subtractiva apenas se podem usar ao mesmo tempo
símbolos que correspondam a ordens imediatamente seguintes (unidades e dezenas; dezenas e centenas;
centenas e milhares). Por exemplo, 999 não se representa por IM mas por CMXCIX.
2) Na representação dum número os símbolos I, X, C e M podem repetir-se, no máximo, três vezes
consecutivas; os outros apenas são utilizados uma vez.
Princípio multiplicativo
Existem ainda esporádicos exemplos de escrita no sistema de numeração romana obedecendo ao princípio
da multiplicação.
Exemplo VM não significaria 1000-5 mas 5*1000 ou 5000.
Para representar um número mil vezes superior era colocado um traço horizontal por cima do número
considerado
Exemplo V representa 5 × 1000 = 5000. XLV representa 45 × 1000 = 45000.
Síntese
• Adquiriu uma considerável difusão o sistema de base doze, sistema de origem ligada à mão, ou, mais
precisamente, às doze falanges dos dedos duma mão (o polegar é excluído, servindo para contar as falanges dos
dedos restantes).
• O sistema de numeração actualmente utilizado em quase todo o mundo é o sistema indo-árabe, que
parece ter sido utilizado por volta do século V. O nome está directamente relacionado com a convicção
existente de que foi inventado pelos hindus (indianos) e adoptado e divulgado pelos árabes.
O “nosso” sistema indo-árabe é um sistema numérico posicional decimal. Isto significa que:
- o número usado como base do sistema é o 10;
- são utilizados dez símbolos, a que chamamos algarismos, um para o zero e um para cada um dos
números naturais menores que dez.
- a posição de cada algarismo na representação do número determina o seu valor.
Mas este “produto final”, que agora utilizamos, é resultado de uma evolução lenta de conceitos e
notações que passa por vários e significativos estádios de desenvolvimento.
Definição
Chamamos base dum sistema de numeração a um número inteiro b>1, a partir do qual podemos
representar qualquer número, utilizando os b sinais representativos dos primeiros b inteiros
0,1, 2, 3, ..., b-1
Existe uma infinidade de sistemas de numeração, uma vez que a base pode ser arbitrariamente escolhida,
desde que seja maior do que um.
Exemplo
Consideremos um conjunto de objectos, digamos berlindes
Base 3
Procuremos uma representação deste número na base 3.
1º agrupemos os berlindes em caixas de três elementos
| | | | | | | | | |
2º agrupemos as caixas em sacos com três caixas (cada uma contendo três berlindes)
| | | | | | | | | |
3º como não existem pelo menos três sacos para agrupar, o processo de agrupamento terminou.
Façamos agora a contagem
Sacos Caixas Berlindes
1 2 1
Unidades de 2ª ordem Unidades de 1ª ordem Unidades simples de ordem 0
Base 10
Repare que na base 10, o agrupamento seria feito da forma seguinte:
1º | |
2º não é possível “encher” uma caixa porque não se contaram pelo menos dez sacos.
O processo de agrupamento terminou, tendo-se
Caixas Berlindes
1 4
Unidades de 1ª ordem Unidades simples de ordem 0
O sucessor de um número em qualquer base diferente de dez, determina-se do mesmo modo descrito
para a base decimal.
Exemplo
Por exemplo, para o sistema de base 5, onde se utilizam apenas os cinco símbolos 0, 1, 2, 3 e 4, tem-se:
4.2. Representação de um número como uma soma de produtos dos dígitos que
compõem o número por potências decrescentes de b
• A observação feita para a representação decimal de um número no sistema decimal é generalizável a outras
bases.
• Para se distinguir qual a base a que nos queremos referir, indica-se em índice, e entre parênteses a base
respectiva.
Exemplo
234(5) = 2 x 52 + 3 x 51 + 4 x 50
Observação
Para fazer a contagem e a representação nas diversas bases podemos utilizar o material multibase.
Os algarismos ditos árabes constituem a contribuição mais conhecida dos islamitas para o progresso da
matemática europeia. Os novos símbolos e o sistema de numeração que lhes está associado e que ainda hoje se
utiliza são, na realidade, de origem hindu, mas foram os árabes que os trouxeram para o Ocidente e que
primeiramente aqui os usaram e dominaram.
As razões da preponderância do sistema decimal situam-se fora da matemática e podem ser sugeridas pelo
facto do dispositivo primordial de cálculo, as mãos, totalizarem dez dedos. Resta, a fim de criar o sistema
posicional, efectua um passo essencial que consiste em, esgotados os dez dedos, encarar o dez como uma
unidade de ordem superior, dez vezes dez, como a unidade de ordem seguinte, etc.
• Para escrever os inteiros, em notação do sistema decimal, usamos os dez sinais ou símbolos a que
chamamos algarismos: 0,1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9
• Convencionou-se que cada algarismo, situado imediatamente à esquerda de outro, representa unidades
da ordem imediatamente superior à dele.
• Convencionou-se também que se o número não contiver unidades numa determinada ordem, emprega-
se no lugar dessa ordem, o símbolo 0 (zero) que indica ausência de unidades.
A palavra dígito vem da palavra latina "digitus", que significa dedo. É claro que isto tem a ver com o uso
dos dedos nas contagens.
É curiosa a origem da palavra algarismo. Durante o reinado do califa al-Mamun, no século IX, viveu um
matemático e astrónomo árabe, que se tornou famoso. Chamava-se Abu Ja'far
Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi's.
Num dos vários livros que escreveu, intitulado "Sobre a arte hindu de
calcular", ele explica minuciosamente o sistema de numeração hindu. Na Europa, este
livro foi traduzido para o latim e passou a ser muito consultado por aqueles que
queriam aprender a nova numeração. Apesar de al-Khwarizmi, honestamente,
explicar que a origem daquelas ideias era hindu, a nova numeração tornou-se
conhecida como a de al-Khwarizmi. Com o tempo, o nome do matemático árabe foi
modificado para algorismi que, na língua portuguesa, acabou por se tornar
algarismo.
(Figura referente à comemoração dos 1 200 anos de nascimento de al-Khwarizmi)
Sucessor de um número
Podemos então definir do seguinte modo o sucessor dum número com apenas um algarismo:
Suc 0 = 1; Suc 1 = 2; Suc 2 = 3; Suc 3 = 4; Suc 4 = 5; Suc 5 = 6
Suc 6 = 7; Suc 7 = 8; Suc 8 = 9; Suc 9 = 10;
• Todo o número é representável na forma de somas de produtos dos dígitos que compõem o número
por potências decrescentes de base igual a dez (ou qualquer outra base)
• A representação dum inteiro nesta forma, chama-se representação decimal, dado o papel que tem o
número 10 em tal representação. Ao número 10 chama-se base de numeração.
Exemplo
9896 = 9000 + 800 + 90 + 6
= 9 x 103 + 8 x 102 + 9 x 101 + 6 x 100
Exemplo
A leitura do número 9896, cuja representação decimal é 9 × 103 + 8 × 102 + 9 × 101 + 6 × 100, é: nove
milhares, oito centenas, nove dezenas e seis unidades ou, mais habitualmente: nove mil oitocentos e noventa e
seis unidades.
Os números ordinais, ou simplesmente ordinais, são números usados para assinalar uma posição numa
sequência ordenada.
Ordinal Ordinal
1º primeiro 30º trigésimo
2º segundo 40º quadragésimo
3º terceiro 50º quinquagésimo
4º quarto 60º sexagésimo
5º quinto 70º septuagésimo
6º sexto 80º octogésimo
7º sétimo 90º nonagésimo
8º oitavo 100º centésimo
9º nono 200º ducentésimo
10º décimo 300º tricentésimo ou trecentésimo
11º undécimo ou décimo primeiro 400º quadringentésimo
12º duodécimo ou décimo segundo 500º quingentésimo
13º tredécimo ou décimo terceiro 600º sexcentésimo ou seiscentésimo
14º décimo quarto 700º septingentésimo
15º décimo quinto 800º octingentésimo
16º décimo sexto 900º noningentésimo ou nongentésimo
17º décimo sétimo 1000º milésimo
18º décimo oitavo 2000º segundo milésimo
19º décimo nono 3000º terceiro milésimo
20º vigésimo 1000000º milionésimo
2000000º segundo milionésimo
Para se poderem comparar dois inteiros positivos é fundamental que estes estejam escritos no mesmo
sistema de numeração. Se os inteiros não estiverem escritos no mesmo sistema de numeração, é preciso
representá-los na mesma base.
1) Se não têm o mesmo número de algarismos, é maior aquele que tiver mais algarismos.
Exemplo: 235(5) > 89(5)
2) Se têm o mesmo número de algarismos, é maior aquele que tiver algarismos de maior valor a começar
da esquerda para a direita.
Exemplo: 2381(9) > 2377(9)
7. Mudança de base
Dado um inteiro escrito no sistema decimal, encontremos a sua representação no sistema de base b.
Exemplo
2346(10 ) = ???( 5 )
2346 5
34 469 5
46 19 93 5
1 4 43 18 5
3 3 3
2346(10 ) = 3 × 5 4 + 3 × 53 + 3 × 5 2 + 4 × 51 + 1 × 5 0 = 33341( 5 )
Dada a representação de um inteiro na base b, encontremos a sua representação no sistema decimal. Neste
caso, basta representar o inteiro como uma soma de produtos dos seus coeficientes por potências da base b e
efectuar os cálculos.
Exemplo
231( 5 ) = ???(10 ) 231( 5 ) = 2 × 5 2 + 3 × 5 + 1 = 50 + 15 + 1 = 66
Para passar de um sistema de base b para outro de base b’, passa-se, primeiramente, o inteiro à base dez e, só
depois desta à base b’.
Exemplo
231( 5 ) = ???( 4 ) 231( 5 ) = 66 e 66 = 1002( 4 ). Logo 231( 5 ) = 1002( 4 ).
8.1. Adição
Assim, na adição, qualquer que seja a base do sistema, somam-se consecutivamente, e contando a partir da
direita, as unidades de cada ordem, ocorrendo uma transferência para a ordem imediatamente superior, cada vez
que esta soma ultrapassar a base do sistema.
Exemplo
Determinar a soma seguinte: 136( 7 ) + 434( 7 )
+ 0 1 2 3 4 5 6
A resolução deste problema exige o conhecimento da tabuada da 0 0 1 2 3 4 5 6
adição no sistema de base 7, a partir da qual se obterá: 1 1 2 3 4 5 6 10
136( 7 ) + 434( 7 ) = 603( 7 ) 2 2 3 4 5 6 10 11
3 3 4 5 6 10 11 12
4 4 5 6 10 11 12 13
5 5 6 10 11 12 13 14
6 6 10 11 12 13 14 15
8.2. Multiplicação
A multiplicação num sistema de numeração de uma base qualquer é feita de um modo semelhante ao
usado no sistema decimal, tendo apenas em conta a tabuada da multiplicação do sistema de numeração em causa.
Exemplo1\qza
Determinar o produto 2( 3) × 2102( 3) . × 0 1 2
Formando a tabuada no sistema de base três, obtém-se 2( 3) × 2102( 3) = 11210( 3) . 0 0 0 0
1 0 1 2
2 0 2 11
O zero é o primeiro de dez símbolos com os quais podemos representar uma infinidade de números – os
dígitos ou algarismos. O zero é também o primeiro dos números que devemos representar. No entanto, o zero, o
primeiro dos algarismos, foi o último a ser inventado; e o zero, primeiro dos números, foi o último a ser
descoberto.
“A história do zero é uma história antiga. As suas raízes estendem-se até ao despontar da matemática,
milhares de anos antes da primeira civilização, muito antes de os homens saberem ler e escrever. Mas, embora
hoje em dia nos pareça tão natural, o zero era para os antigos uma ideia estranha – e assustadora. Um conceito
oriental, nascido no crescente Fértil alguns séculos antes do nascimento de Cristo, o zero não só invocava
imagens de um vazio primordial, como também tinha perigosas propriedades matemáticas. Contido no zero está
o poder de destruir a estrutura da lógica.
O início do pensamento matemático foi encontrado no desejo de contar ovelhas e na necessidade de
registar propriedades e a passagem do tempo. Nenhuma destas tarefas requer o zero; as civilizações funcionaram
perfeitamente bem durante milénios antes da sua descoberta. De facto, o zero era tão aberrante para algumas
culturas que estas escolheram viver sem ele.”
(Charles Seife. Zero. A Biografia de uma ideia perigosa. Lisboa: Gradiva. 2001)
Tudo leva a crer que a descoberta do zero tenha sido o resultado de uma tentativa de fazer o registo
escrito não ambíguo das representações dos números e também dos resultados das operações com o ábaco.
As soluções adoptadas para notar a ausência de certas ordens em algumas civilizações foram,
primeiramente, um espaço, depois um traço e, por fim, um símbolo suplementar designado por zero.
Por exemplo, 1021 seria sucessivamente representado por: 1 21 1/21 1.21 1021.
Supõe-se que a forma redonda para o símbolo de zero venha da palavra grega ômicron, letra inicial da
palavra ouden ou vazio. Mais tarde, os hindus utilizaram o mesmo símbolo no seu sistema numérico e chamavam-
lhe sunya, que significava vazio ou nulo. Os árabes traduziram sunya por sifr (vazio). No princípio do século XIII,
em Itália, sifr transformou-se em zephirum, que depois de várias modificações deu finalmente origem a cifra e a
zero.
(Pedro Palhares. Elementos de Matemática para professores do Ensino Básico. Lisboa: Lidel. 2004)
• Caraça, Bento de Jesus (2003) Conceitos Fundamentais da Matemática. 5ª edição Lisboa: Gradiva..
• Estrada, Maria Fernanda; Sá, Carlos Correia; Queiró, João Filipe; Silva, Maria do Céu e Costa, Maria José
(2000) História da Matemática. Lisboa: Universidade Aberta.
• Fomin, S. (1984) Sistemas de Numeração. Moscovo: Editora Mir.
• Machiavelo. António (2006) “Fracções egípcias”. Gazeta matemática, 153, pp. 10-11.
• Palhares, Pedro (2004) Elementos de Mateática para professores do Ensino Básico. Lisboa: Lidel.
• Seife, Charles (2001) Zero. A biografia de uma ideia perigosa. Lisboa: Gradiva.