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1 INTRODUÇÃO (a TERMINAR)
O presente trabalho tem por objeto o estudo acerca da influência midiática no que
tange às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri e as suas prováveis consequências.
Tem como principal fundamento a Constituição Federal, Direito Penal e Direito
Processual Penal Brasileiro.
Acerca do assunto vale ressaltar que existe uma ampla discussão na doutrina da
real origem do Tribunal do Júri. Parte dos estudiosos sustentam a tese que o júri surgiu
na Inglaterra, mas existem discordâncias quanto à sua origem, como, por exemplo,
alguns defendem que o tribunal do júri existe desde a época dos povos primitivos, porém,
com as peculiaridades da época.
De acordo com RANGEL (2017, p.606) conclui-se que o júri não foi instituído na
Inglaterra. Não obstante, o tribunal do júri existente na atualidade em nosso país é
baseado no tribunal da Inglaterra, com o pacto firmado com Portugal, que colonizou o
Brasil, em meados do século XIX.
A base do Tribunal do Júri se refere aos 12 (doze) apóstolos de Cristo, que diziam
a verdade vinda de Deus, independente das provas colhidas, surgindo então, a
expressão ’’ veredicto”, que significa dizer a verdade.
Diante dos abusos cometidos pelos juízes da época e com a revolução ocorrida
no ano de 1789 na França, o júri ficou conhecido como a “tábua da salvação”.
Segundo NUCCI apud RANGEL, (2017, p.608) “[...] Não havendo, à época,
independência efetiva dos juízes, melhor seria que a justiça fosse feita pela própria
sociedade [...]”.
Segundo RANGEL (2017, p.611), no ano de 1832, foi criado no Brasil o Código
de Processo Criminal do Império, introduzindo ao ordenamento jurídico o Tribunal do
Júri, que possuía respaldo nos sistemas americano e inglês, conferindo-lhe a
competência para julgar a maior parte de crimes existentes à época.
O Jury não achou matéria para accusação? (sic) (RANGEL, 2017, p.612).
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O tribunal do júri incidiu a perder sua essência como órgão democrático baseado
na vontade emanada do povo, embora composto por ele próprio, porque os jurados eram
elegidos pelos chefes de polícia e subdelegados, que aliciavam pessoas para
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composição da lista geral do júri e, na maior parte das vezes, eram escolhidos os chefes
de engenho, que votavam de acordo com os interesses do Estado Imperial.
Segundo RANGEL (2017, p.616), todavia, com o passar dos anos, o Código de
Processo Criminal do Império sofreu uma nova reforma, porém, dessa vez, foi benéfica
para o instituto do Tribunal do Júri, que ocorreu com o advento da lei nº 2.033/1871, que
foi regulamentada pelo decreto nº 4824/1871.
De acordo com RANGEL (2017, p.620), com a vigência das leis federais nº
221/1894 e nº 515/1898, o Tribunal do Júri Federal sofreu algumas modificações, como:
passou a não depender daquela lista de jurados de trinta e seis cidadãos dos Estados
para a sua composição, e também foi afastada a sua competência para o julgamento
dos crimes de moeda falsa, contrabando, peculato, falsificação de estampilhas, selos
adesivos, vales postais e cupons de juros dos títulos da dívida pública união, passando
tal competência, a ser dos juízes comuns da secção judiciária federal.
De acordo com RANGEL (2017, p.622), no ano de 1938, com a edição do decreto
nº 167/1938, o Tribunal do Júri passou a ter regulamentação legal, e ainda surgiu uma
grande inovação no instituto jurídico. A soberania dos veredictos dos jurados estava
deixando de ser totalmente soberana, porque, com o decreto, as decisões dos jurados
passaram a ser passíveis de serem impugnadas por meio do recurso de apelação,
quando ocorresse injustiça na decisão, e que tal decisão fosse contrária as prova
carreadas aos autos ou produzidas em plenário.
Segundo RANGEL (2017, p.622), tal modificação foi um grande avanço para o
ordenamento jurídico da época, e, com isso, os tribunais, atualmente Tribunais de
Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais, com a inovação, passaram a
apreciar o recurso de apelação, e poderiam aplicar a pena que entendessem como
proporcional, e, se fosse o caso, absolver o réu, como fundamenta o artigo 96 do
supracitado decreto.
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RANGEL (2017, p.623), a partir do Estado Novo, o Tribunal do Júri passou a ser
composto por 7 jurados, e quem os escolhia era o juiz de direito que recrutava pessoas
com ótimas condições financeiras. Com isso, passou a vigorar no Tribunal do Júri a
incomunicabilidade entre jurados, em relação a qualquer tipo de questão ligada ao
julgamento.
RANGEL (2017, p. 628): “[...] São mantidas a instituição e soberania do júri, que
terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra vida [...] ”.
nosso país. Uma das modificações trazidas pela lei foi quanto ao Tribunal do Júri, não
estabelecendo o princípio da soberania dos veredictos em seu texto legal, como ocorreu
na Constituição de 1937, tendo a seguinte redação sobre o tema: “É mantida a instituição
do júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.
Foram aprovadas leis que modificaram o rito especial do Júri, visando dar eficácia
e celeridade ao procedimento em questão com a vigência da Constituição Federal de
1988.
Houve também uma alteração na Primeira Fase do rito do Júri com a vigência da
lei 11.719/08 sendo Uma das modificações foi que o procedimento do Júri passou a
seguir as regras do rito comum ordinário do Processo Penal, como, por exemplo, a
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aplicabilidade das alegações finais na forma de memoriais escritos, por analogia, por
falta de previsão legal, como dispõe o artigo 394, § 5º do Código de Processo penal,
bem como, foi estabelecido o prazo de duração para o término da primeira fase, que
passou a ser de 90 dias.
O advento da segunda fase do rito especial do Tribunal do Júri tem início quando
ocorre a preclusão da decisão de pronúncia, seja porque as partes não recorreram, seja
porque transitou em julgado a decisão que julgou o Recurso Interposto, encerrando-se
com a sentença dos jurados em Plenário. A previsão legal do procedimento da segunda
fase do júri foi estabelecida no artigo 422 e seguintes do Código de Processo Penal.
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Esse procedimento foi denominado pela doutrina de “judicium causae” (juízo da causa,
de mérito)”.
4 PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS
Campos (2015, p.485), A sessão em que ocorrer o sorteio dos jurados deve ter
publicidade, ou seja, ser realizada a portas abertas, que será presidido pelo juiz, que
retirará as cédulas da urna geral (a que contém os nomes de todos os alistados do ano)
até completar ao quórum de 25 jurados. Os nomes sorteados serão mantidos em outra
urna que é chamada de “urna periódica”, que ficará trancada, e as chaves
permaneceram em poder do magistrado. Com isso, conclui-se que existem três tipos de
urnas, sendo elas:
1. Urna Geral, que contêm o nome de todos os jurados integrantes da lista geral
daquele ano;
2. Urna Periódica, com o nome dos 25 jurados sorteados para comparecerem no
dia do Plenário;
3. Urna dos Suplentes. A Urna geral e a suplente não é obrigatória a sua
existência, sendo obrigatório apenas a urna geral, com o quórum mínimo de 25 jurados.
O sorteio dos jurados deverá ocorrer entre o décimo dia e o décimo quinto útil,
antes da reunião extraordinária, como prevê o artigo 433, § 1º do Código de Processo
Penal. Segundo CAMPOS (2015, p.487), esse lapso temporal tem como objetivo dar às
partes a oportunidade de verificarem a existência de suspeição ou impedimentos dos
jurados que integram a lista geral. A não observação desse prazo de antecedência não
gera nulidade do ato.
O § 3º, do artigo 433, do Código de Processo Penal prevê que o jurado que foi
sorteado e intimado entre os 25 nomes para compor o mínimo legal no dia do Plenário
do Júri e não foi selecionado entre os sete jurados escolhidos pelas partes para compor
o Conselho de Sentença, poderá ser novamente sorteado para outras reuniões de
julgamento futuramente.
De acordo com o artigo 434 do Código de Processo Penal, com o sorteio dos 25
jurados para a reunião periódica, os nomes sorteados poderão ser intimados por correio
com carta com aviso de recebimento, ou por qualquer meio processual para que estejam
presentes no local e horário determinado para a reunião extraordinária, sob pena de
sanção.
Prevê o parágrafo único do artigo 434 do Código de Processo Penal que, no ato
da convocação dos jurados convocados, deve ser transcritos os artigos 436 a 446 do
mesmo diploma legal, que estabelecem as funções que são exercidas pelo jurado do
Tribunal do Júri.
A listagem oficial dos jurados selecionados deve ser exposta na porta do prédio
do Tribunal do Júri, juntamente com o nome do réu, dos advogados das partes, o dia,
horário e local das sessões de instrução e julgamento, como dispõe o artigo 435 do
Código de Processo Penal.
Nota-se que é evidente a preferência que a mídia tem por noticiar os fatos
trazidos pelo Poder Judiciário, principalmente no que tange aos crimes dolosos contra a
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vida, responsáveis pela maior audiência dos órgãos de comunicação por despertarem a
curiosidade e revolta da sociedade.
Não obstante não existe nenhum direito pleno que se sobressaia a todos os
demais. Tratando-se de um Estado democrático de Direito, deve haver um balizamento
dos princípios no momento de sua aplicação e, em decorrência disto, a livre
manifestação de opinião, informação e pensamento, diversas vezes, se conflitam com
outros direitos constitucionalmente garantidos.
Não obstante, a indústria jornalística cada vez mais recorrem para o uso do
sensacionalismo, buscando, captar uma maior quantidade de expectadores.
Ultimamente a notícia acabou se tornando uma mercadoria, explorada pelas grandes
empresas patenteadas dos meios de comunicação com o objetivo da obtenção de lucro.
solidariedade popular, todos passando a fazer um discurso único: mais leis, mais
prisões, mais castigos para os sádicos que destroem a vida de inocentes e indefesos.
Não obstante em apreço a relação que este princípio possui com o da motivação
das decisões judiciais, o traz uma garantia aos cidadãos a correta aplicação das leis.
Por outro lado, não haveria sentido na obrigação de o juiz justificar suas decisões se
as mesmas não necessitassem ser publicadas.
Ademais, nos dias atuais, não há mais lugar para juízos secretos, em que
decisões são tomadas de forma deliberada, sem qualquer tipo de fundamentação.
Não obstante, qualquer cidadão pode ter acesso ao conteúdo do processo e dele se
informar sendo que o processo é público, salvo segredo de justiça, fiscalizando a
atuação do magistrado, de tal modo como também de qualquer servidor público que
tenha seu cargo ligado ao trâmite processual, tendo em vista a publicidade dos atos
judiciais.
Desta maneira essa transparência na ação do Judiciário também garante o
exercício do contraditório, ao permitir que as partes do processo tenham acesso a sua
totalidade, garantindo assim o direito de defesa perante um juízo independente e
imparcial. Somente em um processo público é admissível garantir ao acusado sua
proteção e liberdade.
Contudo, esse princípio é de extrema importância no âmbito jurisdicional,
principalmente no que tange ao direito de defesa. Não obstante, é através do princípio
da publicidade que se consolida a transparência da Justiça. De acordo com José
Carlos Barbosa Moreira apud Fábio Martins de Andrade, “não basta que se faça
justiça: é preciso que se veja que está sendo feita justiça.” (2007, p. 56)
Entretanto, a Constituição Federal de 1988 restringiu a irradiação dos efeitos
da publicidade em seu artigo 5º, LX, ao estabelecer que “a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem”.
Do mesmo modo produz o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de
1966 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 ao afirmarem o direito
de proteção à vida privada.
Essa problemática preocupação na proteção à intimidade se expandiu em
decorrência do grande avanço tecnológico, sobretudo no que se refere à internet, que
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submeteu a privacidade dos cidadãos, noticiando dados pessoais, muitas vezes sem
permissão.
Ocorre, a necessidade de se dar uma maior relevância aos direitos da
personalidade, em meio a eles o da vida privada, afirmando as pessoas a garantia de
uma vida íntegra, livre de abusos e violações.
Trata-se de um imperativo de ordem social, sendo outra causa excepcional de
mitigação do princípio da transparência, também elencado no artigo 5º, LX, da
Constituição Federal, o interesse público, o qual garante a manutenção do sigilo do
processo nos casos em que isso seja indispensável ao interesse coletivo.
Não obstante não existem princípios absolutos e, em decorrência disso, sempre
existirá um embate entre esses valores, essas diretrizes do ordenamento jurídico, os
quais devem ser estudados proporcionalmente de acordo com o caso, para que se
possa ponderar qual deve prevalecer. Foi esse o objetivo do legislador ao determinar
a mitigação da publicidade em detrimento do sigilo do processo.
Segundo a doutrina, podem haver duas possíveis conjecturas de sigilo: o
interno, o qual atingiria até mesmo as partes da causa e o externo, referente a pessoas
alheias ao processo, atingindo o devido processo legal com relação ao contraditório
e a ampla defesa .
Ademais com os ideais e garantias originados pela atual Carta Magna a
possibilidade de existência de um sigilo interno que atinja as partes do processo, como
também os advogados. Se assim ocorresse, estaríamos coibindo o direito dado ao réu
de exercitar o contraditório, produzindo a contra prova dentro do processo.
O Superior Tribunal Federal (STF), em diferentes julgados, reiterou esse
entendimento2. No que refere o sistema penal, somente durante o inquérito,
procedimento policial responsável pela apuração da autoria e materialidade do crime,
é aceitável esse tipo de sigilo, apenas em determinadas situações em que o mesmo
seja aconselhável e no interesse da sociedade.
Tratando de uma exceção à regra, visto que, nesse momento da persecução
penal, ocorre a busca pela verdade real dos fatos, não existindo ainda indícios
suficientes para que possa haver uma punição. Não possuindo nenhuma acusação do
Estado, busca-se tão somente uma coleta de provas. Uma exposição antecipada do
2
Vide os Habeas Corpus 88.190 e 87.827.
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Conforme GOMES (2012, p.105), o jurado do Tribunal do Júri não deve somente
resguardar sua convicção quanto ao julgamento da causa, mas, sim, manter a sua
imparcialidade no Conselho de Sentença, ao passo que, a emissão de qualquer juízo de
valor sobre a causa, gerando ou não influência sobre os demais membros, faz-se
imprescindível a dissolução do Conselho de Sentença. Caso não ocorra, acarretará a
nulidade absoluta do julgamento.
[...] eis porque é maléfica a atuação da imprensa na divulgação de casos sub judice,
especialmente na esfera criminal e, pior ainda, quando relacionados ao Tribunal do
Júri. Afinal, quando o jurado dirige-se ao fórum, convocado para participar do
julgamento de alguém, tomando ciência de se tratar de “Fulano de Tal”, conhecido
artista que matou a esposa e que já foi “condenado” pela imprensa e,
consequentemente, pela “opinião pública”, qual isenção terá para apreciar as provas
e dar o seu voto com liberdade e fidelidade às provas?
a publicidade do processo é uma garantia de que os atos nele praticados são feitos
com lisura, daí a permanência das portas abertas de forma a que qualquer pessoa
que esteja no Fórum possa ingressar e assistir à cerimônia solene. Daí a se pretender
que todo o país possa assistir ao lamentável drama que se desenvolve no Plenário do
Tribunal do Júri, inclusive com repasse de trechos para jornais internacionais, vai uma
longa distância.
De acordo com a conjuntura dos fatos, cabe indagar até que ponto essa
conduta vem a ser positiva para o Judiciário. Partindo do pressuposto em que alguns
julgamentos vêm a ser televisionados, amplamente divulgados, abre-se um
precedente para que todos os demais também o sejam. Significa dizer que, a
sociedade globalizada que necessita cada vez mais se inteirar daquilo que está
acontecendo ao seu redor.
Trata-se em decorrência desse tipo de conduta, que alguns critérios devem ser
disciplinados no ordenamento jurídico a fim de que não sejam distorcidos os direitos
e garantias fundamentais das partes. Se assim não fosse, o acusado poderia vir a ser
punido mesmo antes de receber sua sentença, devido à grande repercussão feita pela
mídia daquilo de que o mesmo vem sendo acusado.
Ademais, é inegável que, em alguns aspectos, poderia vir a ser benéfico à
Justiça que esse tipo de transmissão televisiva ocorresse. Sendo assim, haveria uma
maior proximidade da sociedade com o Poder Judiciário, vinculando, assim, os
preceitos trazidos pelo princípio da transparência dos atos públicos.
Percebe-se, portanto, que devem ser bem analisadas as consequências da
reiteração desse tipo de cobertura midiática do processo, necessitando a mesma
ocorrer somente naqueles casos que seja do interesse público, nos julgamentos que
despertem significativo interesse da social. Assim também é o entendimento de
Rosimeire Ventura Leite (2007):
De fato, é necessário que haja critérios objetivos, a fim de que a matéria não dependa
apenas da discricionariedade judicial. Assim, na eventualidade de um ordenamento
jurídico aceitar julgamentos televisionados total ou parcialmente, o mínimo que se
deve exigir é a anuência da defesa e do acusado, bem como o respeito ao direito à
imagem daqueles participantes que não queiram ser identificados.
88) só acontecerá, dentro dos alcances da lei, e com ordem judicial, devendo-se
preservar a imagem das pessoas que se opuserem à divulgação.
Na Itália, o artigo 147 das normas de atualização do CPP, também estipula a
autorização judicial para que haja a transmissão televisiva ou radiofônica dos debates.
Faz-se necessário também a concessão das partes, podendo esta, portanto, ser
dispensada se for verificado o interesse social no conhecimento do julgamento. Para
que seja captada a imagem de qualquer pessoa, parte do processo, é necessário o
consentimento desta ou a inexistência de proibição legal. (LEITE, 2007)
Entretanto, nota-se que esse tipo de discussão é somente a ponta do iceberg
neste momento histórico. Diversos outros problemas podem advir da transmissão dos
julgamentos, sobretudo no que se diz respeito o Tribunal do Júri.
Diante do emblemático sensacionalismo promovido pela imprensa, não seria
difícil que os jurados decidissem sem estarem atrelados ao que consta no processo.
A decisão não seria consequência racional da ação e da investigação que o antecedeu
e sim, um ato de manifestação do rancor perpetuado pelos órgãos de comunicação.
Segundo GOMES; A sociedade só se tranquiliza quando há a aniquilação do
delinquente (prisão perpétua ou morte, é o que a satisfaz) e as "necessárias" reformas
legislativas. A vingança popular, catalizada pelos meios de comunicação, sobretudo
quando encontra um familiar midiático que assume um "bom" protagonismo social e
político, tem sido, nos últimos anos, um dos (mais relevantes) guias da política criminal
de muitos países.
Como foi citado acima, todo cidadão tem o direito a um julgamento justo e
imparcial, sendo assim constituído pelo princípio do juiz natural, pressuposto
fundamental da relação processual qual se da sua garantia.
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Além disso, antes de estarem exercendo um papel tido como dever cívico, os
jurados são cidadãos e, do mesmo modo, já exteriorizam seu pré-julgamento durante
os debates provocados pela mídia e realizados em seu meio social, deixando-se
influenciar também pela opinião de terceiros.
Ademais, o desaforamento (art. 427 do Código de Processo Penal) foi uma
solução encontrada pelo legislador de modo a garantir a lisura do julgamento.É possível
que as partes pleiteiem a retirada do julgamento da comarca onde ocorreu o crime
doloso contra a vida, transferindo-o para a comarca mais próxima, sendo possível tal
requerimento é denominado pedido de desaforamento, e será ajuizado diretamente no
tribunal, quando subsistirem os fundamentos do artigo 427 do Código de Processo
Penal, que tem a seguinte redação:
Denota-se que, ocorre nos crimes de repercussão local, isso pode vir a ser
garantido, já que o sentimento de revolta se torna nacional nos casos de maior
repercussão, divulgados pela imprensa.
Preceitua GOMES; a justiça, quando deixada sob o comando do povo, fica
totalmente cega e condena até quem seria seu máximo defensor! Tudo em nome da
justiça, ou seja, quando a emoção fala mais alto que a razão, tudo quanto satisfaz a
ira da massa ou a amargura dos familiares ou a falta de segurança coletiva passa a
ser "válido" e "justo".
Na maioria dos casos, a doutrina recomenda a suspensão do processo até que
se amenize o fervor dos noticiários sobre o caso.
Para Geraldo Luiz Mascarenhas Prado apud Fábio Martins de Andrade (2007,
p.323):
a parte que se sinta prejudicada por excessiva exposição pública dos fatos do
processo, a ponto de razoavelmente supor que os membros da comunidade (...)
estão sujeitos à influência externa, pode reclamar a suspensão do curso do
procedimento, durante determinado período.
proclames da mídia que vai além os limites territoriais que ocorreu o crime e atingem
uma âmbito maior do que possamos imaginar até mesmo internacional.
No que tange à suspensão do processo, está se diferencia somente como uma
medida paliativa, que não soluciona o problema, contudo, normalmente, ao se
aproximar a data do julgamento, a imprensa reacende a discussão perante a mídia.
Não é exagero dizer que no processo penal midiático o juiz se torna refém da
mídia punitiva e opressora. Referindo-se a denominada “criminologia midiática”,
Zaffaroni afirma que na guerra contra eles (os selecionados como criminosos) são os
juízes alvos preferidos da “criminologia midiática”, que segundo Zaffaroni, “faz uma festa
quando um ex-presidiário em liberdade provisória comete um delito, em especial se o
delito for grave, o que provoca uma alegria particular e maligna nos comunicadores”.
CONSIDERAÇOES FINAIS
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