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Operação POISE-01-3524-FSE-000974
A FAMÍLÍA COMO
REALÍDADE [Subtítulo do
documento]
CULTURAL
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2017
Paulo Moreira
Introdução ......................................................................................................................... 4
Objetivos ........................................................................................................................ 4
Conteúdos programáticos................................................................................................. 4
2. Os diversos tipos de família: família tradicional e família nuclear – suas características ......... 8
Bibliografia ....................................................................................................................... 37
Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta
duração nº 4252 – A família como realidade cultural, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações.
Objetivos
Conteúdos programáticos
Conceito de família
Os diversos tipos de família. Família tradicional e família nuclear – suas características
A família no mundo contemporâneo
As questões da universalidade da família
A família enquanto sistema – suas funções
O ciclo de vida familiar
Funcionamento e desenvolvimento da família
Momentos de crise e mudança
A comunicação na família
Carga horária
25 horas
Não existe uma definição clara e consensual de família. A família possui uma diversidade de
representações, que a torna ambígua, imprecisa e, mesmo contraditória e com paradoxos no tempo
e no espaço.
Família é um sistema vivo, aberto, composto por vários elementos com laços entre si, no qual o todo
é mais que a soma de todas as partes e, onde reina entre os elementos constituintes um sentimento
de pertença.
Cada família é um sistema mas também é parte de sistemas mais vastos, nos quais se integra e,
com os quais evolui (a comunidade e a sociedade). Dentro de cada sistema familiar existem
subsistemas mais pequenos que formam o todo.
Estes subsistemas estão relacionados com as interações existentes entre os indivíduos, os papéis
que desempenham, os estatutos ocupados, as suas finalidades e, os objetivos e as normas
A forma como estes subsistemas se organizam e, o tipo de relações que desenvolvem entre eles,
corresponde à estrutura da família, ou seja, as funções que ocupam e os papéis que desempenham,
traduzindo as interações no seio da família.
A família deve ser compreendida somente dessa forma holística, sob a pena de se realizar uma
avaliação desvirtuada e sem sentido.
A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste num homem, numa
mulher e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A
estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição,
quando necessário.
Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental, tratando-se de uma
variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio, óbito,
abandono de lar, ilegitimidade ou adoção de crianças por uma só pessoa.
A família ampliada ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla, que
consiste na família nuclear, mais os parentes diretos ou colaterais, existindo uma extensão das
relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.
Para além destas estruturas, existem também as denominadas de famílias alternativas, sendo elas
as famílias comunitárias e as famílias homossexuais.
Nas famílias homossexuais existe uma ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo
sexo, que podem incluir crianças adotadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros
A família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel
atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo. O
Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, sendo
característicos os seguintes:
A “socialização da criança”, relacionado com as atividades contribuintes para o
desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança;
Os “cuidados às crianças”, tanto físicos como emocionais, perspetivando o seu
desenvolvimento saudável;
O “papel de suporte familiar”, que inclui a produção e/ ou obtenção de bens e serviços
necessários à família;
O “papel de encarregados dos assuntos domésticos”, onde estão incluídos os serviços
domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família;
O “papel de manutenção das relações familiares”, relacionado com a manutenção do
contacto com parentes e implicando a ajuda em situações de crise;
Os “papéis sexuais”, relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros;
O “papel terapêutico”, que implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemas
familiares;
O “papel recreativo”, relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o
relaxamento e desenvolvimento pessoal.
Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e recetores, em simultâneo, do processo
de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o
desenvolvimento da cultura familiar.
Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protetores,
interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre equidade, formando alianças, discutindo,
negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros.
Deste modo, e segundo esta visão, a família é considerada como sendo o primeiro grupo humano
organizado e como unidade-base da sociedade.
Daí a importância que no passado e no presente se tem dado à família e às mudanças que a têm
caracterizado na sua estrutura, nas relações dentro e fora dela, com influências recíprocas na
mudança encontrar-se explicações para as novas conceções do grupo familiar, atribuindo-as às
mudanças sociais.
Evidentemente que a evolução e a mudança que caracterizaram de modo significativo o mundo atual
não exclui a família.
Embora considerada uma das instituições mais persistentes no tempo, a mudança social reflete-se
amplamente na família, arrastando-a desde os processos da industrialização e urbanização para
novas realidades, às quais tem procurado adaptar-se.
Porém, e dada a visibilidade que a família assume na sociedade, também esta procura ajustar as
instituições às exigências e necessidades da família.
Para se entender esta aceção, da natureza e da dinâmica da mudança, convirá singularizar algumas
características mais evidentes do fenómeno e que são: os níveis da mudança, o ritmo e a grandeza
ou extensão da mudança.
Os níveis da mudança sugerem-nos que façamos referência às componentes da vida social. Estas
tornam-se evidentes no aspeto relacional, a nível bilateral ou multilateral – relação entre dois
indivíduos ou grupos –, até às relações entre as sociedades globais.
No aspeto sociocultural temos a presença de novos valores relacionados com os processos culturais
da inculturação, aculturação, e socialização. De referir ainda uma nova conceção da vida, da
Outras manifestações no aspeto cultural mas de menos visibilidade são: o tempo livre e o uso
respetivo, todas as formas de evolução ou ocupação diferenciada dos tempos, tendo em conta as
diferentes culturas e sociedades.
Quanto ao ritmo da mudança, salienta-se que as manifestações das mudanças apontadas, além da
variedade dos seus aspetos, referem-se à velocidade com que acontecem. O ritmo obriga a
adaptações rápidas e contínuas, tornando- -se irreversível e por vezes incalculável, advertindo os
mais distraídos para a abertura à mudança.
Tudo isto se deve à rapidez e à multiplicidade dos aspetos inseridos nessas manifestações, mas
também à pressão que resulta da cumulatividade, em virtude da sua presença em tais mudanças.
A mudança num determinado aspeto torna-se fator de desenvolvimento da difusão de novas ideias
e conceções, que podem ser políticas e religiosas com influência na sociedade e em particular nas
pessoas, nos grupos dos media e nas organizações, tornando-se ora positivos ora negativos para o
conjunto global da sociedade.
De referir ainda que uma mudança nos aspetos sociais, culturais e tecnológicos influencia no
intercâmbio que, ocorrendo de modo mais rápido, se torna também mais complexo entre as pessoas
e os povos.
Ingresso da mulher no mercado de trabalho - século XIX – verifica-se uma vantagem adiciona: a
prestação de trabalho e a contrapartida de um salário autónomo, abrem à mulher o processo da sua
emancipação.
Foi sobretudo, o espaço salarial que ofereceu à mulher profissionalizada a possibilidade de deixar
de estar confinada ao espaço doméstico, de aceder a outro tipo de relações sociais e familiares, bem
como a outras prerrogativas e, porventura, a algumas desvantagens.
Todo o esforço reflexivo a propósito das grandes transformações nas sociedades contemporâneas
ocidentais, acaba por ter em conta as que, relacionando-se com a economia e a reorganização do
mercado de emprego, conduzem a profundas alterações familiares. Entre estas, como acabámos de
verificar, as que se relacionam com a profissionalização da mulher não se revestem de somenos
importância.
A família, ao mesmo tempo que se ia privatizando, se tornava cada vez mais pública, porque mais
dependente do Estado e das suas instituições e, diremos nós, também do mercado de (des) emprego
e dos efeitos que daí decorrem, da mudança das mentalidades, dos costumes, da cultura e da
sociedade em geral.
Poder-se-á dizer que hoje, mais do que nunca, a família, pelo menos idealmente, se torna o eixo da
coesão social, contrariamente a um passado não muito recuado, em que este papel era exercido
pela religião.
No direito romano clássico a "família natural" cresce de importância - esta família é baseada no
casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos
cônjuges e de seus filhos. A família natural tem por base o casamento e as relações jurídicas dele
resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.
Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas
se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas
começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas
famílias fazia também parte a descendência gerada que, assim, tinha duas famílias, a paterna e a
materna.
Na altura, a família era definida como um “agregado doméstico (…) composto por pessoas unidas
por vínculos de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada.
Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de mesmo
sangue, ou unidas legalmente (como no casamento e na adoção).
A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série de regulamentos
de afiliação e aliança, aceitos pelos membros. Alguns destes regulamentos envolvem: a exogamia,
a endogamia, o incesto, a monogamia, a poligamia, e a poliandria.
A partir destas ideias, pode dizer-se que a família tem a sua origem no matrimónio. A partir daqui
mulher, marido e filhos ou outros parentes, encontram--se ligados entre si por vínculos legais,
económicos, parentais, religiosos, direitos e deveres, numa rede de proibições sexuais, segundo o
tipo de família, ou de matrimónio realizado e um conjunto variável e diferenciado de sentimentos
psicológicos como o amor, o afeto e o respeito.
Esta nova realidade compreende-se e é interessante observar que os membros da família possuem
uma grande possibilidade de mobilidade social, de modo que as relações que primeiro se confinavam
na família têm hoje um campo mais vasto, abrangente e mais rico, em relação a alguns aspetos.
Grosso modo, os quadros nos quais se processa a constituição da família estão essencialmente
ligados: à variabilidade da família; ao ciclo de vida; à herança; à escolha do cônjuge; idade do
matrimónio (hoje os jovens decidem casar mais tarde); ao papel desempenhado pelos membros da
família, ao tempo e ao grau de dependência dos cônjuges.
Estes elementos variam de sociedade para sociedade, segundo os usos e costumes, de acordo com
o desenvolvimento e a influência social que é mais forte nuns contextos que noutros.
Pode afirmar-se que na família tradicional era importante que aquela fosse numerosa. Isto porque,
em grande parte, os seus valores não só económicos mas também sociais eram tanto mais
conseguidos quanto a família fosse grande. A família “devia” ser numerosa, até porque tinha de
prever os efeitos de uma elevada mortalidade infantil e de uma esperança média de vida
relativamente baixa.
A Teoria Geral dos Sistemas permitiu olhar a família como uma unidade onde interagem mutuamente
vários elementos, em que cada elemento da família é tanto um subsistema como um sistema.
Na perspetiva do modelo sistémico, a família constitui um sistema aberto em que os seus elementos
interagem entre si e com o meio, em permanente interação. Nesta complexa rede de interações, o
comportamento de um membro da família irá afetar o comportamento dos outros e o da família
enquanto sistema.
Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias. As famílias como agregações
sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus
membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente.
Nesta perspetiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno,
como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma
cultura e sua transmissão.
A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas
circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de
referência para os seus membros.
Existe consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades
quer dos seus membros, quer da sociedade.
A função económica das famílias mudou de forma radical. Os membros já não necessitam tanto uns
dos outros para sobreviverem financeiramente. Os filhos também já não são vistos como bens
económicos que ajudavam financeiramente para a casa.
A função protetora da família também foi perdendo força. Surgiram instituições de assistência social
que assumem esta função e que têm como objetivo a proteção e o proporcionar segurança. Esta
função por parte de instituições sociais assume particular relevância quando os pais não possuem
capacidades ou são mesmo negligentes no que diz respeito a esta função.
A função educativa e de socialização foi transferida para o sistema escolar público e privado. A
maioria dos pais trabalha fora de casa e os filhos cada vez mais cedo são colocados em infantários
e pré-primárias.
A família também já não é necessária para conferir estatuto social. O estatuto é obtido pela
instrução, profissão, rendimentos e residência.
A função de relação das famílias adquiriu uma importância crescente ao longo do tempo. Hoje em
dia as pessoas casam e buscam intimidades porque se amam e não porque sentem necessidade de
proteção e, têm filhos a pensar na posteridade de não ter alguém que tome conta deles na velhice.
A função de saúde das famílias também alcançou interesse vital. Cada vez mais se tem verificado a
importância dos efeitos interativos da saúde dos membros da família e da saúde da mesma
Das muitas funções que a família realiza, a mais importante é a de apoio emocional e segurança aos
seus membros, mediante o amor, a aceitação, o interesse e a compreensão.
Tornar-se um casal, ou seja, o casamento é uma das tarefas mais difíceis e complexas do ciclo de
vida familiar. Quando duas pessoas resolvem casar, não são apenas elas que casam, existe também
a união de duas famílias. Podemos dizer que é a união de dois sistemas imensamente complexos.
Cada família tem costumes próprios, valores e maneiras de viver a vida diferentes se não existir
tolerância entre o casal é muito provável a existência de conflitos dentro do casamento.
Aquilo que se pensa, o que se espera e o que se vai praticando no casamento dependem de
dimensões contextuais — recursos, tempo histórico, momento do ciclo de vida, culturas — e de
dimensões existenciais e identitárias.
A própria organização da vida conjugal está condicionada pela divisão social e sexual do trabalho no
plano da sociedade.
Nas sociedades desenvolvidas do mundo ocidental o estádio adulto atinge-se cada vez mais tarde
devido ao prolongamento da formação necessária para o desempenho das tarefas profissionais.
Durante a sua vida profissional, o adulto vive estados de permanente questionamento. Os momentos
de questionamento não são momentos de exceção na vida adulta; pelo contrário, situam-se
constantemente no centro quotidiano da vida no trabalho.
Sendo o casamento o primeiro momento que marca a constituição de uma nova família, o segundo
momento do ciclo de vida da família é quando a família tem filhos, ou seja quando nasce o primeiro
filho. Nesta etapa surgem dois subsistemas (parental e filial), assumem-se novas funções, tarefas e
uma reorganização relacional.
A família com filhos na escola, é a terceira etapa do ciclo vital familiar. Existe um encontro de dois
sistemas (família e escola). A entrada dos filhos para escola constitui para a família “o primeiro
grande teste ao cumprimento da sua função externa, e através dela, sua função interna.”
A quarta etapa do ciclo vital surge quando a família tem filhos adolescentes, sendo a etapa mais
difícil e longa.
No desafio da gestão da relação entre pais e filhos, os pais devem adquirir e manter funções
executivas, não esquecendo que o período da adolescência é conturbado, caracterizado por
mudanças e dúvidas. Nesta fase assume lugar de destaque o grupo de pares, decorrendo
frequentemente conflitos geracionais.
A família com filhos adultos constitui a última etapa do ciclo vital familiar. Esta fase é cheia de
mudanças, de movimento familiar, caracteriza-se por saídas e por entradas e novas relações e novos
papéis.
Assim, a sociedade não pode fugir à sua responsabilidade. A família exige e estimula o dever e a
obrigação que a sociedade tem para consigo.
A família influencia enquanto propõe objetivos e finalidades às várias instituições. A família interessa-
se pelas escolhas específicas e inovadoras dos agentes institucionais que têm influência social em
função do progresso, bem como da sua estabilidade, embora tendo em conta a ideologia presente
nos diferentes contextos sociais.
É a partir destes fatores que a família intervém na economia da sociedade, para que esta, através
de uma aplicação correta das suas riquezas, satisfaça com orçamentos capazes as suas necessidades
e possa servir o seu desenvolvimento e promoção económica, numa linha mais justa, mais igualitária
e mais humana.
A família não só dirige as próprias escolhas sociais e legislativas, mas determina operacionalmente
a adaptação e o funcionamento das diversas instituições sociais.
Encontramos exemplos onde a família exerce a sua ação: nas escolas, a diversos níveis; na empresa
económica; na produção dos bens que melhor satisfaçam as suas necessidades; nos vários serviços
ou organismos públicos ou privados; nas instituições que têm funções sociais ou outras.
Esta intervenção da família faz com que a instituição familiar se estruture e desempenhe as suas
funções num modo mais eficaz e eficiente. Portanto, a família faz com que se operem alterações,
quando não responde às funções e aos objetivos para que foi criada.
De acordo com a sua natureza e finalidades, a família prossegue uma atividade cada vez maior e
mais necessária, numa sociedade que em muitos casos se apresenta desfavorável à realização da
família. A perda de consciência, de valores humanos e sociais), leva a que a família se preocupe
com isso e exerça uma ação fundamental e essencial para um melhor funcionamento das instituições
sociais.
Esta mudança não é simples nem fácil, tanto mais que a crescente intervenção da família na gestão
e na administração da sociedade faz com que as organizações tenham de encontrar muitas vezes
estratégias que, à partida, estavam fora dos seus planos, mas que as obrigam a constantes
mudanças. Daí que estas alterações estejam relacionadas mais com uma conotação prática e menos
teórica.
Posto isto, diversos sectores da vida social têm hoje mais do que nunca de discernir aquilo que
contribui para a preparação e o bem-estar da família.
Um momento de mudança – seja ela desejada, como um casamento, ou indesejada, como uma
doença – gera um momento de crise, em que o «antigo» já não serve e o «novo» ainda não existe.
A história de uma família é a história da forma como ela resolve as suas crises e evolui através dessa
resolução.
A família ao longo do seu ciclo vital sofre mudanças, umas que são esperadas e por isso exigem por
parte desta uma reorganização e um novo padrão de funcionamento e outras por serem abruptas
ou inesperadas implicam uma maior probabilidade de disfunção na vida familiar (doenças,
falecimentos, desemprego, invalidez).
Estes momentos de mudança correspondem às denominadas crises que implicam um elevado grau
de stress na família. Toda e qualquer mudança é suscetível de provocar uma crise na família, no
entanto, não é o carácter agradável ou desagradável de um acontecimento que define a crise ou o
problema mas, o seu carácter de mudança.
A crise é sentida pelo sistema familiar como uma ameaça, uma vez que traduz uma dimensão de
imprevisibilidade ao exigir a transformação de um modelo de relações que o sistema controla.
Existem dois tipos de pressão que todas as famílias estão sujeitas, a pressão interna e a pressão
externa. A pressão interna resulta das modificações inerentes dos seus membros e subsistemas, a
pressão externa relaciona-se com necessidade de adaptação dos seus membros às instituições
sociais que sobre eles têm influência.
Podemos identificar identificou 4 fontes de stress a que o sistema familiar pode estar sujeito:
O sistema familiar tem que encontrar mecanismos para encontrar um novo de equilíbrio através da
adaptação à nova realidade de vida familiar. A luta contra a sua resolução e a manutenção do
problema no seio familiar, só permitirá o perpetuar do estado de disfunção familiar que, tenderá a
degradar-se cada vez mais.
Todas as famílias estão sujeitas a mudanças, ao stress e passa obrigatoriamente por várias crises.
As famílias distinguem-se pela capacidade de reestruturação no sentido da evolução e pela
flexibilidade em encontrar um equilíbrio dinâmico da abertura e fecho do sistema.
Isto tem a ver com o facto de os processos sociais decorrerem sempre em movimentos circulares,
onde a família se apresenta como um sistema processador de informação, que recebe do meio social
e para ele reenvia, tentando, a todo o custo, manter o equilíbrio e preservar a sua identidade
A relação entre gerações ocorre na estrutura de cada família. As gerações primam pela diferença e
quanto mais permeáveis e definidas forem as fronteiras geracionais, mais fácil será o
relacionamento. O processo de crescimento é rico e criativo e a intimidade só é possível quando os
conflitos podem ser enfrentados.
O tempo que as distancia é menor do que virá a ser no futuro e a permanência de quatro gerações
em simultâneo repete-se em maior número de casos.
No entanto, é agora menos frequente a coabitação dos pais idosos com os seus filhos adultos e, em
contrapartida, maior a proporção de idosos que vivem sós.
Não faltam, todavia, perspetivas e caminhos abertos para o futuro, situações ainda frágeis que se
vão consolidando, bem como novas dinâmicas que mostram a sua funcionalidade e eficiência.