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A pesquisa faz uma análise dos indicadores socioeconômicos que influenciaram o comportamento da taxa de
mortalidade infantil no estado do Paraná entre os anos de 1980 e 2001. Realiza um estudo de literatura referente
ao tema, dando maior suporte teórico, descrevendo alguns aspectos relevantes na observação das condições de
saúde geral de uma população e os principais condicionantes da mortalidade infantil – evidencia-se que apesar
dos problemas enfrentados pela sociedade paranaense no período observado, essa taxa tem se demonstrado com
tendências declinantes. Através de um estudo econométrico, é verificada a importância da renda e das despesas
sociais do governo paranaense nas categorias saúde e saneamento e educação e cultura, contribuindo para o
declínio da mortalidade infantil no período, demonstrando a relevância da ação governamental nesse processo.
Introdução
Nos diversos segmentos da sociedade torna-se cada vez mais importante a análise das
condições gerais de vida, bem estar e sobrevivência de seus habitantes, sendo o estudo de suas
condições sociais e econômicas essencial para a verificação de seu desenvolvimento.
A mortalidade infantil tem sido considerada por diversos autores como um relevante
indicador geral das condições de vida e de desenvolvimento de uma população. Embora
apresente uma certa sensibilidade a diversos fatores externos, tem relação direta com
características econômicas e sociais – de uma forma geral, altas taxas de mortalidade infantil
estão associadas a deficiências das condições socioeconômicas.
No Estado do Paraná, a taxa de mortalidade infantil caracteriza-se por apresentar uma
tendência decrescente. Esse fato geral é interpretado como reflexo da melhoria das condições
médico-sanitárias e socioeconômicas. A evolução desses indicadores é em parte influenciada
por ações e investimentos governamentais.
A principal referência para esse estudo foi uma pesquisa realizada no Estado de São Paulo na
década de 80, que verificou a relação dos indicadores econômicos e sociais com a evolução da
taxa de mortalidade infantil a partir da década de 60, da autoria de Verônica Fuentes e
intitulada “Condicionantes Sócio-Econômicas da Mortalidade Infantil: Estado de São Paulo
1960-1984”. Na pesquisa, a autora afirma que as variações da taxa de mortalidade infantil
estão associadas, direta ou indiretamente, às mudanças na estrutura econômico-social de uma
população. Analisando econometricamente a renda per capita e despesas governamentais na
área social, verificou-se que existe uma relação significante na determinação da taxa de
mortalidade infantil, argumentando que sua taxa é um eficaz indicador de qualidade de vida.
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Procura-se, portanto, realizar uma adaptação do trabalho de Fuentes, para constatar se ocorre
uma relação equivalente no estado paranaense nas duas últimas décadas.
1 Referencial teórico
Se entendermos a morte como ausência ou perda de vida, essa perda poderia estar representando o fracasso ou
a impossibilidade de enfrentar exitosamente (sic) a vida. Assim sendo, a mortalidade é associada à qualidade de
vida como indicador negativo desta, como uma representação extrema das condições adversas que rodeiam as
pessoas e principalmente as crianças, e que as inabilitam para “resistir” a vida (FUENTES, 1990, p.18).
O estudo da taxa de mortalidade infantil demonstra com uma certa eficiência as condições de
vida e de saúde de uma população. SIMÕES (2002, p.53), afirma que a redução de sua taxa
teve importante contribuição no aumento das condições gerais de sobrevivência da população
e de uma forma mais específica, da expectativa de vida da população brasileira.
Embora a mortalidade infantil seja determinada por diversos fatores, essa relação às vezes não
se verifica de forma explícita, pois alguns condicionantes podem não demonstrar um impacto
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direto na determinação de sua taxa, mesmo que tenha participação relevante. Assim, de
acordo com o nível de influência que possuem, esses condicionantes podem ser classificados
em diretos ou indiretos (FUENTES, 1990, p.60).
1
A educação pode ser considerada tanto condicionante direto quanto indireto, de acordo com suas características
específicas observadas.
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Não apenas referente aos valores monetários, mas também no tocante à eficiência na aplicação dos recursos.
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forma indireta por possibilitar a obtenção de emprego com maior percepção de renda
(FUENTES, 1990, p.62-63).
A caracterização da situação educacional como um condicionante tem sua relevância
demonstrada quando se verifica que “as maiores taxas de mortalidade infantil no Brasil
apresentam-se associadas tanto aos estados com mais baixos graus de escolarização feminina,
quanto às regiões brasileiras com os mais débeis indicadores socioeconômicos” (DUARTE,
2002, p.92).
A influência da educação sobre as características individuais de uma família, atuando sobre
sua qualidade de vida e gerando externalidades positivas é demonstrada pela afirmação de
BARROS e MENDONÇA:
A educação tende a elevar os salários via aumento de produtividade, a aumentar a expectativa de vida com a
eficiência com que os recursos existentes são utilizados, e a reduzir o tamanho das famílias, com o declínio no
número de filhos e aumento na qualidade de vida destes reduzindo, portanto, o grau de pobreza no futuro (apud
CARVALHO, 2002, p. 3483).
O efeito do nível educacional também é destacado por KASSOUF (1994, p.30), que analisa o
impacto da educação paterna e materna. De acordo com os resultados obtidos em sua
pesquisa, a autora afirma que a educação do pai não tem efeito positivo significativo sobre a
saúde dos filhos, porém ocorre de forma indireta, via aumento da renda familiar. Por outro
lado, o efeito da educação da mãe é direto, pois o maior nível educacional materno favorece o
estado nutricional dos filhos, mediante principalmente um melhor conhecimento das
condições higiênicas necessárias e maiores cuidados no preparo da alimentação infantil.
A importância da educação materna é destacada por SIMÕES (2002, p.69). A tabela 1
apresenta uma comparação entre os diferentes níveis educacionais das mães por anos de
estudo e a mortalidade na infância (menores de cinco anos de idade) para as regiões do Brasil,
em dois períodos considerados:
De uma forma geral, as pesquisas afirmam que a análise da mortalidade infantil e de seus
condicionantes é importante para se verificar quais os setores da sociedade em que as
intervenções governamentais teriam maior eficiência na redução de sua taxa, identificando
inclusive as regiões que necessitam de maiores investimentos.
Considerando o conjunto de fatores que condicionam o nível de desenvolvimento e a
qualidade de vida de uma sociedade, constata-se a importância das políticas públicas nesse
processo, principalmente no que se refere às despesas sociais, visando a melhoria agregada
das condições gerais da população e influenciando diretamente a evolução dos indicadores
socioeconômicos. De acordo com a necessidade de organização e financiamento dos bens
coletivos, aliados à expansão demográfica e urbana, com aumento crescente das necessidades
sociais, justifica-se a crescente participação do governo na administração pública – que não
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tem sua eficácia atingida apenas através dos mecanismos de mercado, da iniciativa privada e
por ações individuais (KOZU, 2002).
Cabe destacar que os gastos de caráter econômico, de um modo geral, estão a cargo de empresas estatais, às
quais compete o investimento em infra-estrutura (por exemplo, energia) ou em atividades de fomento
econômico. Cabem, portanto, à administração pública direta e indireta, basicamente os gastos com a prestação
de serviços à população – predominantemente gastos sociais – e a administração e gerência da máquina
pública (IPARDES, 1992, p.66).
FUENTES (1990, p.47) também se refere ao Governo como agente responsável pela função
de corrigir as falhas na distribuição de renda, garantindo de forma mais eqüitativa os serviços
necessários à redução da mortalidade infantil, pelo fornecimento de bens de consumo
coletivos – principalmente no que se refere ao saneamento básico – e atuando “sobre a
qualidade de vida ao fornecer à população mais pobre acesso gratuito a bens e serviços como
escolas, hospitais, creches, etc”.
Demonstrando a necessidade da ação do governo principalmente nos locais onde existem
deficientes condições sanitárias, KASSOUF (1994, p.35) argumenta que os investimentos em
educação e saneamento básico poderiam elevar os níveis de saúde e nutrição da população e
conclui argumentando que em regiões com baixo desenvolvimento socioeconômico, “a
melhoria dos serviços de abastecimento de água e de esgotos [...] reduziria a procura pelos
serviços de atendimento médico, o que acarretaria redução nos gastos do governo nas áreas de
saúde”.
Porém, segundo FERREIRA (1991, p.5), há um grave problema de persistência de algumas
características de mortalidade infantil em determinadas regiões onde “a eficácia das
intervenções públicas esbarra em condições reais de pobreza, que lhe atenuam e às vezes
comprometem seriamente os objetivos buscados”.
Do ponto de vista da importância dos investimentos do governo, SIMÕES (2002, p.121)
afirma que as maiores incidências de mortalidade infantil são verificadas nas camadas mais
carentes da sociedade, em razão da existência de grandes disparidades sociais nelas
encontradas, sendo justamente a atenção destinada a esses segmentos que podem gerar
maiores resultados. Assim, segundo o autor, as desigualdades econômicas e sociais existentes
ainda restringem uma maior velocidade de queda, em especial dos indicadores de mortalidade
infantil e na infância. As causas evitáveis da mortalidade infantil, principalmente, poderiam
reduzir através de maior eficiência na alocação dos recursos governamentais. Desta forma, um
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acesso social e regionalmente mais igualitário aos principais serviços públicos de saúde,
educação e saneamento básico resultaria num conjunto de óbitos que seriam evitados.
O Sistema Único de Saúde resultou de um movimento deflagrado por Sanitaristas, a partir da década de 70,
hoje conhecido como Reforma Sanitária. Foi pensado como proposta de democratização da saúde: acesso a
serviços de saúde dignos e gratuitos e condições de vida compatíveis com uma vida saudável; o anseio por bons
serviços, racionalidade administrativa e descentralização.[...] No tocante aos serviços de saúde, o que se busca
é a substituição do modelo assistencial antes existente, no plano político-institucional o que se procura
consolidar é a redistribuição do poder, privilegiando a base local e no que diz respeito à Vigilância Sanitária, o
que se pretende é estabelecer um novo modelo, orientado pelos princípios, diretrizes e normas do SUS
(ULBRICHT, 2002).
percentual no mínimo um quinto ao ano, até atingir 12% referente os estados e 15% aos
municípios, em 2004 (MARQUES; MENDES, 2002).
A importância da criação do SUS é demonstrada pela afirmação que “o fortalecimento da
capacidade gestora dos níveis estadual e municipal é uma realidade, [...] tendo como resultado
a melhoria dos indicadores de saúde da população, como pode ser observado na significativa
redução da mortalidade infantil” (OLIVEIRA S., 2002).
A maior organização do governo em relação ao sistema de saúde, representada pela criação do
SUS, vem a colaborar de forma importante para a redução da mortalidade infantil,
principalmente para as camadas sociais mais carentes. “De uma certa forma, o SUS passa a
ser o maior financiador de serviços de saúde no país”, com a verificação de maior número de
profissionais de saúde por habitante e um mais desenvolvido atendimento à população, de
uma forma geral (SIMÕES, 2002, p.79).
Destaca-se a importância de uma melhor organização dos serviços de saúde regionalmente, de
forma a tornar seu planejamento e administração mais eficaz e com menos custos quando
existe uma união dos municípios:
[...] a descentralização dos serviços implica também na sua regionalização. Num país imenso como o nosso,
para evitar desperdícios e duplicações, faz-se necessário organizar os serviços por região, visando dar acesso a
todos os tipos de atendimento. [...] deve ser lembrado que o SUS é uma conquista política e sem bom
funcionamento só será possível se houver uma efetiva participação popular e controle social, isto é, se todos os
interessados em seu bom funcionamento acompanharem e ajudarem a melhorar as ações de saúde a serem
executadas (STRALEN; RIBEIRO, 2002).
Observando os níveis de mortalidade infantil (Tabela 2), constata-se uma tendência declinante
em sua série, de forma relativamente regular, com sua taxa em 1980 correspondendo a 53‰,
diminuindo para 17‰ em 2001, cerca de um terço do valor em duas décadas.
De acordo com a classificação das taxas de mortalidade infantil, em 1980 o estado ainda se
encontrava na região caracterizada como alta, passando no ano seguinte a ser classificada
como média. Somente em 1997 que a taxa fica abaixo dos 20‰, o que a define como sendo
baixa, mantendo-se essa classificação, com exceção do ano de 1989, até o período atual.
A influência da saúde da mãe na mortalidade infantil – por estar ligado ao seu componente
neonatal – é refletida na criação do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento,
que integra a Rede de Proteção à Vida, pelo governo paranaense, que garante medidas como
um acompanhamento das gestantes a pelo menos seis consultas de pré-natais, exames
laboratoriais, consultas até 42 dias após o parto, dentre outras. Para se demonstrar a
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Apesar do estudo confirmar que no período investigado a tendência da distribuição de renda não se alterou, os
indicadores aqui escolhidos apontam melhoria nas condições de vida e de infra-estrutura de assistência à
saúde. [...] Neste sentido, as políticas públicas relativas à assistência à saúde, saneamento básico,
abastecimento de água e alfabetização compensaram de certa forma a desigualdade na distribuição da riqueza,
melhorando a participação dos moradores dos municípios de maior carência rural no desenvolvimento do
Estado (CARVALHO, 2002, p.3486).
(rede de água, esgoto e energia, iluminação pública, dentre outros); e o aumento do mercado
informal de trabalho, como mecanismo de preservação do nível de renda, buscando resolver
na informalidade as deficiências financeiras (IPARDES, 1992, p.xiv).
3 Metodologia
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Foi utilizado o PIB nacional, em substituição ao estadual. Segundo a autora, esse procedimento foi adotado
devido a problemas na obtenção de dados e considerado adequado por ter o estado paulista – descrito como
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Embora não tenha controle completo sobre as condições socioeconômicas daqueles que estão
sob sua responsabilidade, as esferas de governo destinam recursos para finalidades
específicas. No estudo em questão, analisando-se a esfera estadual, verifica-se, de acordo com
a tabela abaixo, que suas despesas se classificam de acordo com as categorias: institucional,
social e econômica.
demais; porém, isso pode se verificar de forma indireta, em diferentes níveis – exemplo do
resultado implícito que os gastos do governo causam no nível de renda geral da população.
As despesas sociais são as de maior importância na determinação da mortalidade infantil, por
causar maior impacto em seus condicionantes. No modelo desenvolvido por Fuentes, foram
selecionadas as seguintes categorias: educação e cultura, saúde e saneamento e assistência e
previdência. Na seqüência, procura-se verificar a relevância dessas despesas equivalentes ao
estado do Paraná, para se determinar o modelo principal dessa pesquisa.
Em concordância com a obra de referência, adota-se como a segunda variável explicativa
desse modelo as despesas do governo com saúde e saneamento, por ser a categoria que
influencia de forma mais direta as condições sanitárias e de atendimento médico-hospitalar da
sociedade, estando ligada a importantes indicadores de saúde – número de leitos e de médicos
por habitante, etc. Porém, devido às alterações na estrutura político-econômica do setor da
saúde com a criação do SUS e a descentralização dos serviços, houve uma reforma no sistema
de captação e utilização de recursos, buscando-se através da utilização da variável dummy
captar esse impacto a partir de 1990, ano de sua implementação.
A variável explicativa despesas do governo com educação e cultura foi comprovada como
sendo relevante no modelo, pois embora tenha efeito sobre o nível de renda (relação indireta),
gerando um problema de multicolinearidade, sua utilização é justificada pelo fato da educação
ter uma relação específica com a mortalidade infantil devido ao seu impacto direto sobre a
referida taxa. Portanto, representa a terceira variável explicativa utilizada nessa pesquisa.
Quando Fuentes (1990, p.67) utiliza as despesas do governo com assistência e previdência,
considera essa categoria como sendo importante “na medida em que complementa a renda
familiar, principalmente dos setores mais carentes”. Considerando que essa categoria de
despesa tem somente um impacto indireto na mortalidade infantil via aumento de renda e
principalmente pela não existência de uma relação direta comprovada teoricamente de forma
significante, decidiu-se por retirar essa variável do modelo dessa pesquisa.
Para a validação do estudo, espera-se verificar um valor negativo dos coeficientes das
variáveis independentes, comprovando que aumentos tanto no nível de renda quanto nas
despesas sociais selecionadas do governo influenciam o declínio da taxa de mortalidade
infantil.
brasileira.
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Observa-se que os graus de significação das variáveis foram declinantes na medida em que os
períodos de defasagem foram aumentados, exceto no caso das despesas do governo com
educação e cultura para um período defasado. Na defasagem dos gastos com educação e
cultura, o período observado referia-se aos anos de 1981 a 2001; porém verifica-se que se não
houver defasagens e testar essa variável novamente em relação a esses mesmos anos, seu grau
de explicação aumenta de 0,4434 para 0,4571. Devido à baixa variação da explicação dessa
variável, decidiu-se pela não utilização de defasagens nesse estudo. Embora as variações na
renda e nas despesas do governo possam ter, teoricamente, um impacto no médio e longo
prazos na mortalidade infantil, os testes não o comprovaram.
4
Porém, a autora afirma que não encontrou na literatura estudada qualquer referência a esse método.
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4 Modelo empírico
De acordo com os testes realizados, define-se o modelo empírico desta pesquisa, onde a taxa
de mortalidade infantil é analisada a partir das variáveis explicativas (em valores per capita):
PIB e despesas sociais do governo do estado nas categorias saúde e saneamento e educação e
cultura. Justifica-se a inclusão da variável dummy no modelo por representar o período após a
implementação do SUS em 1990, demonstrando o impacto da descentralização e
reestruturação político-financeira do setor de saúde5. A tabela 6 demonstra o comportamento
desses indicadores ao longo do período analisado.
5
Verificada na análise individual das despesas com saúde e saneamento em relação à mortalidade infantil.
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Sendo:
TMI = taxa de mortalidade infantil
PIB = Produto Interno Bruto per capita do Paraná
DS = Despesa per capita do Governo paranaense com saúde e saneamento
DE = Despesa per capita do Governo paranaense com educação e cultura
Dm = variável dummy
α1 α2 α3 α4 α5
Coeficientes 87,1853 -0,0057 -0,0795 -0,0109 -11,3347
Teste t -6,071 (-2,3909) (-1,1828) (-0,4101) (-5,3029)
2
R = 0,88
F = 33,71
A multicolinearidade pode ser explicada pela evolução geral das condições socioeconômicas
do estado do Paraná. De forma mais específica, no caso das despesas do governo com saúde e
saneamento e educação e cultura, verifica-se que existe uma relação entre seus valores, não
por estarem influenciando-se mutuamente, mas por dependerem de outros fatores, pois o
“volume dos gastos sociais depende de duas variáveis exógenas, a saber, o montante dos
recursos arrecadados pelo Tesouro do Estado e a vontade política dos governantes”
(IPARDES, 1992, p.75). Uma vez que a multicolinearidade pode afetar os valores do teste t,
tem-se uma queda na confiabilidade dos estimadores. Entretanto, quando as variáveis foram
analisadas individualmente, os testes não apresentaram problema, podendo-se aceitar os
resultados como significativos. Quanto à exclusão de uma das variáveis explicativas para se
corrigir o problema, entende-se que iria descaracterizar o estudo e causaria um erro de
especificação (omissão de variável relevante), decidindo-se aceitar sua ocorrência.
Dessa forma, conclui-se que o modelo tem fundamentação econométrica, onde seus
indicadores estão de acordo com a teoria econômica, demonstrando que a evolução dos
condicionantes foi relevante na determinação da queda da taxa de mortalidade infantil no
estado do Paraná no período analisado.
Conclusão
camadas mais carentes da sociedade não teriam adequado acesso – caso dos serviços
educacionais e de saúde.
O estudo de artigos e publicações que tratam do assunto possibilita enfatizar a importância do
desenvolvimento conjunto dos condicionantes – por exemplo, o aumento no nível de renda de
uma população que permanece em precária situação de saneamento pode não provocar um
efeito significante na mortalidade infantil. Observa-se também que a ação do estado sobre os
segmentos mais carentes da sociedade, garantindo seu acesso a melhores serviços de saúde e a
uma infra-estrutura básica é vital na redução da mortalidade.
Os resultados obtidos no estudo demonstram a importância da reestruturação do sistema de
saúde a partir da implementação do SUS, contribuindo para o declínio da mortalidade infantil.
Considera-se que a descentralização dos serviços de saúde teoricamente possibilita a
identificação e tratamento dos problemas locais com maior eficiência.
Observa-se através do estudo empírico que o nível de renda e das despesas governamentais
com saúde e saneamento e educação e cultura foram importantes para o declínio apresentado
pela taxa de mortalidade infantil no estado do Paraná nas duas últimas décadas. Observando a
representatividade dos estimadores encontrados e no próprio estudo teórico, argumenta-se que
além do desenvolvimento econômico do estado, a participação do governo é fundamental para
a redução da mortalidade infantil, principalmente através de uma maior eficácia na alocação
de suas despesas sociais.
Bibliografia
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via www.bcb.gov.br. Texto capturado em 16/01/2003, às 23:50h.
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