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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0079.15.041928-5/001 Númeração 0419285-


Relator: Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata
Relator do Acordão: Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata
Data do Julgamento: 06/04/2017
Data da Publicação: 20/04/2017

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.


CADASTRO PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ANOTAÇÃO. NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA. ART. 43, §2º, CPC. ENVIO NÃO DEMONSTRADO. SÚMULA 404
DO STJ. INEXISTÊNCIA DE PRÉVIA E LEGÍTIMA INSCRIÇÃO.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA REFORMADA. - De acordo com
o entendimento sumulado do Colendo Superior Tribunal de Justiça, a prova
de envio da notificação sobre a existência de pedido de negativação do nome
do consumidor em bancos de dados e cadastros, é suficiente para o
atendimento da obrigação imposta no artigo 43, § 2º, do Código de Defesa
do Consumidor. - A falta de tal prova quando da negativação do nome do
devedor, implica na existência de ato ilícito, que impõe o ressarcimento por
danos morais.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0079.15.041928-5/001 - COMARCA DE


CONTAGEM - APELANTE(S): ROBERTO DA SILVA SANTANA -
APELADO(A)(S): BOA VISTA SERVIÇOS S/A

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA

RELATOR

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA (RELATOR)

VOTO

Versa o presente embate sobre recurso de apelação, interposto por


ROBERTO DA SILVA SANTANA, contra sentença proferida pela MMa. Juíza
de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Contagem, Dra. Mônica Silveira
Vieira, que julgou improcedente o pedido por ele formulado, em sede de ação
de indenização por danos morais, ao ter como comprovado o regular envio
da notificação ao seu endereço, relativamente às restrições creditícias
apontadas na inicial.

O apelante sustenta, que a ausência de comunicação prévia a propósito


da inclusão do seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, atenta contra
a disposição contida no artigo 42, §3º do Código de Defesa do Consumidor.
Alega que ambas as comunicações referentes aos débitos apontados no
documento de f. 11 não foram prévias, na medida em que desrespeitaram o
prazo de 10 (dez) dias entre a remessa da comunicação e a inclusão do seu
nome perante os órgãos de restrição creditícia. Afirma ainda, que os
documentos de postagem não possuem o protocolo/carimbo dos correios e
muito menos assinatura de um dos seus funcionários, capaz de certificar que
a ele foi enviado o aviso de débito. Em razão disso, pede pela indenização
por danos morais.

Preparo dispensado, tendo em vista que ao autor foi deferido o benefício


da assistência judiciária (f. 41v).

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Contrarrazões apresentadas às fls. 137/140, pugnando pelo


desprovimento do recurso.

É o relatório. Decido:

Conheço do recurso, pois presentes todos os pressupostos de


admissibilidade.

Cinge-se o cerne da questão a propósito da comprovação ou não de


comunicação prévia acerca da inclusão do nome do autor nos órgãos de
restrição de crédito, que justifica a tese de cometimento de ato ilícito pela
parte requerida, de forma a obrigá-la à pretendida reparação por dano moral.

A sentença indica que os documentos acostados à contestação (fls.


86/95) comprovam o envio de comunicação prévia ao apelante, referente à
negativação do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, entendimento
do qual ouso divergir.

O posicionamento por mim adotado em julgamentos anteriores era no


sentido de que a prova de atendimento da exigência legal de comunicação
escrita ao consumidor, sobre a abertura de cadastro que não tenha sido
solicitada por ele, somente se faz com a apresentação do comprovante de
recebimento no seu endereço. Para mim, a simples remessa não era capaz
de demonstrar o atendimento da garantia prevista no Código de Defesa do
Consumidor.

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Entretanto, curvo-me ao entendimento consolidado pelo Colendo


Superior Tribunal de Justiça, diante da edição da Súmula n.º 404, que tem o
seguinte teor:

"É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao


consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados

e cadastros".

Acredito que a pacificação da matéria atende de forma mais efetiva os


interesses dos consumidores, de forma a estabelecer maior segurança
jurídica nas suas relações de consumo. Os consumidores devem estar
cientes de que é indispensável a manutenção do seu endereço atualizado
junto aos seus credores, de forma a assegurar que as comunicações
relativas aos contratos que firmarem lhes sejam corretamente encaminhadas.

Como é óbvio, qualquer equívoco no envio da correspondência que não


possa ser atribuído ao consumidor é de responsabilidade de quem o
cometeu, de forma a atrair a obrigação de reparar eventual dano decorrente
de uma indevida negativação do seu nome em cadastros e bancos de dados.

Fixados tais parâmetros, para a prova de envio da correspondência é


indispensável que seja apresentado o comprovante de postagem fornecido
pelos Correios, com a indicação da notificação encaminhada ao devedor.

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Pois bem.

Dos documentos de fls. 86/95, se infere as cartas de comunicação prévia


da negativação do nome do autor nos cadastros de restrição creditícia
referente aos dois débitos questionados (fls. 86 e 91), mas não é possível
verificar se os documentos de postagem fornecidos pelos Correios com elas
guardam correspondência (fls. 87/90; 92/95). Não há sequer relação dos
valores ali indicados com aqueles constantes no documento que comprova
as negativações (f. 12).

Assim, tendo por não comprovada a comunicação prévia do débito, é de


se concluir que houve ato ilícito quando da negativação do nome do
apelante, o que impõe ao apelado o dever de indenizar.

A propósito, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

"CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE


INADIMPLENTES. COMUNICAÇÃO PRÉVIA DO DEVEDOR.
NECESSIDADE. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. A inscrição do nome do
devedor no cadastro de inadimplentes sem a sua prévia comunicação por
escrito ocasiona-lhe danos morais a serem indenizados pela entidade
responsável pela manutenção do cadastro. Nesse caso, demonstra-se o
dano moral pela simples comprovação da inclusão indevida. Precedentes" (
STJ, Resp nº 442.051/RS, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 7.11.2002, DJ
17.2.2003, p. 274).

A respeito do valor para reparação de ordem moral, a doutrina moderna


tem entendido que este deve conter efeitos punitivos,

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repressivos, ao lado do seu caráter compensatório. É que além do


ressarcimento, a ordem jurídica sanciona o ofensor, com o objetivo de inibir
ou desestimular a repetição de situações semelhantes.

Conforme a doutrina de Yussef Said Cahali (CAHALI, Yussef Said, Dano


Moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2ª ed., 1998, p.177)

"demarcam-se, como dados propiciadores da configuração do dano moral, a


necessidade de a ação judicial acarretar a exigível intimidação para que fatos
análogos não se repitam, além de se constituir, sob certo aspecto, em forma
punitiva civil dirigida ao ilícito, sem desconsiderar que propicia a pecúnia um
conforto maior para quem suportou tão grande trauma".

Disso isso, entendo que o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), está
dentro dos parâmetros já estabelecidos por este Tribunal em casos
semelhantes, que tanto serve à reparação, na medida do possível, como
cumpre a função de persuadir as instituições financeiras a adotarem práticas
que evitem a repetição do ocorrido.

Feitas tais considerações, DOU PROVIMENTO À APELAÇÃO, para


reformar a sentença e JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL,
condenando a empresa requerida a pagar ao autor indenização por danos
morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), corrigidos
monetariamente desde a publicação do acórdão pelos índices da tabela da
Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais e acrescidos de juros de
mora de 1% (um por cento) ao mês, desde o evento danoso. Condeno-a,
ainda, ao pagamento da integralidade das custas processuais, recursais e
honorários advocatícios, que ora fixo no

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percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, na forma


do artigo 85, §2º do Código de Processo Civil vigente.

Custas, pela apelada.

É como voto.

DES. JOSÉ DE CARVALHO BARBOSA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. NEWTON TEIXEIRA CARVALHO - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO"

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