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INTERNACIONALIZAÇÃO E MOBILIDADE ACADÊMICA NA UNIVERSIDADE

FEDERAL DA BAHIA

Yasmin Ferraz1

RESUMO

A capacidade de intercambiar experiências, pesquisas, formas de ensino e tecnologias são


hoje capacidades essenciais para Estados e instituições, e a universidade se tornou locus dessa
realidade, trazendo pra si essa missão. Desta forma, a internacionalização e a mobilidade
acadêmica se tornou um campo de estudo importante para que estejamos em sintonia com as
demandas globais, sendo necessário repensar conceitos e aprofundar nosso olhar sobre seus
fenômenos recentes. Esse artigo traz dados e reflexões sobre esse processo na Universidade
Federal da Bahia, localizando, nos últimos anos, os caminhos da internacionalização e da
mobilidade acadêmica entre estudantes da instituição e estrangeiros.

Palavras-Chave: Internacionalização acadêmica; mobilidade acadêmica; cooperação


internacional; UFBA.

INTRODUÇÃO

A internacionalização universitária pode ser vista de diversos ângulos. Desde o intercâmbio


de professores e suas experiências em outras instituições, passando pelo foco na mobilidade
estudantil, até um olhar mais organizacional - onde os acordos e processos de diálogo entre as
instituições são observados - esse tema tem tido cada vez mais importância no campo dos
estudos sobre a universidade e das relações internacionais no nosso país. (AQUINO, 2016)

Em um mundo globalizado, a capacidade de intercambiar experiências, pesquisas, formas de


ensino e tecnologias se tornaram capacidades essenciais para Estados e instituições, e a
universidade e demais instituições de ensino superior não estão fora desse quadro. De acordo
com Sônia Laus (2012), as universidades são beneficiárias e agentes do processo de
internacionalização do meio acadêmico e constroem estratégias de acordo com seus caminhos
institucionais e missões, tanto impulsionadas por ações do governo e de agências
1
Mestranda em Estudos Sobre a Universidade. Email: yasminferraz@hotmail.com
internacionais, quanto com ações próprias da instituição, como “as participações em
congressos, visitas e publicações conjuntas; as ações bilaterais, como acordos
interuniversitários para a pesquisa, o ensino e a mobilidade acadêmica, bem como as
multilaterais como a adesão às redes de pesquisa interuniversitárias”. (p.162)

Dessa forma, é necessário ter um olhar atento para o fenômeno da internacionalização e da


mobilidade acadêmica, dentro e fora das nossas instituições de ensino, e em especial nas
nossas universidades, para que estejamos em compasso com o nosso tempo, podendo
influenciar positivamente a produção acadêmica e a criação de espaços de intercâmbio de
conhecimentos mais plurais e determinantes do ponto de vista global.

INTERNACIONALIZAÇÃO E MOBILIDADE ACADÊMICA

De acordo com dados da UNESCO, no ano de 2013, houve um aumento de quase 100% de
estudantes de todo o mundo que foram estudar no exterior em relação ao ano de 2000 -
passando de 2 milhões para 4,1 milhões. No Brasil, os intercâmbios acadêmicos começaram a
se intensificar, principalmente por conta de uma atuação cada vez maior das universidades e
de uma política externa mais sensível a essa questão. Do ponto de vista institucional, foi a
partir dos anos 90 que se intensificou a criação de setores da universidade para tratar dessa
demanda, majoritariamente em forma de Assessorias Internacionais. (AQUINO, 2016)

De acordo com Marginson e Rhodes (2002), citado por Aquino (2016, p. 43), “o ensino
superior em praticamente todo o mundo é influenciado por forças da economia global, cultura
global e forças educacionais internacionais tais como instituições de ensino superior que
acabam estendendo suas influências em diversos países.” Devemos nos atentar para esse fato
para compreender melhor os fluxos do conhecimento e de pessoas e as estratégias dos
governos e das instituições de ensino superior para seus acordos acadêmicos internacionais,
uma vez que as políticas direcionam as cooperações universitárias e acordos conforme os
interesses nacionais ou interesses privados.

Segundo Laus (2012), no Brasil, as relações acadêmicas, antes voltadas majoritariamente para
a Europa e Estados Unidos, passam a partir de 2003 a voltar-se para o multilateralismo –
consolidando relações com países emergentes e a América Latina por meio de acordos do
governo federal. As universidades seguiram o mesmo caminho, construindo programas e
parcerias para alinhar melhor essa política, uma vez que seu financiamento para essa área
depende, majoritariamente de investimentos do governo federal.
O processo de internacionalização no Brasil encontra barreiras de diversas origens no cenário
internacional. A língua portuguesa, ainda pouco utilizada mundialmente e a pequena
quantidade de cursos oferecidos em língua inglesa, são um entrave cultural importante para
esse quadro, assim como a distância geográfica entre o Brasil e outros países. (AQUINO,
2016). Em entrevista concedida ao Jornal da Unicamp (2010), Francisco Marmonejo, aponta
para o fato que as universidades latino-americanas têm o “currículo altamente
profissionalizante, muito rígido e ineficiente” e para a necessidade de adequar melhor este aos
padrões internacionais, dando maior autonomia ao estudante para construir seu caminho
acadêmico e desenvolver suas competências. Na mesma entrevista, John Douglass diz que o
Brasil está caminhando para um melhor posicionamento mundial, mas que precisamos
organizar ações legislativas para superar os diversos entraves legais que se tornam
desaceleradores da internacionalização e destaca a necessidade de investimentos em serviços
para a permanência de estudantes e visitantes, tal como alojamentos e centros de apoio.

Esses fatores que necessitam investimentos profundos são essenciais para garantir a
mobilidade acadêmica, ponto central de qualquer política de internacionalização acadêmica.
Entender seu fluxo dentro de uma determinada Universidade “auxilia no entendimento de
suas possíveis vocações e pode tanto refletir parcerias institucionais, projetos isolados, como
até mesmo parcerias estratégicas” (AQUINO, 2016, p. 18). Foi e é por meio dela que se
estabeleceram as redes de pesquisa internacionais e possibilitaram trocas de saberes e
tecnologias para aprofundamento em campos de estudo.

A internacionalização, e em especial a mobilidade acadêmica, do ponto de vista estudantil é


um fenômeno que carrega em si diversos fatores, desde a experiência de vivenciar outra
cultura até a expansão da liberdade intelectual – que encontra em outros países campos mais
frutíferos para o desenvolvimento de seus campos. A escolha dos países e instituições de
destino segue essa perspectiva multifatorial, indo desde o nível de prestígio das instituições
acadêmicas até a facilidade de imigração e a possibilidade de obter auxílios para manutenção
na instituição estrangeira, não deixando também de passar por relações econômicas
internacionais entre país de origem e de destino. (LAUS, 2012)

UFBA: PANORAMA GERAL E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Assessoria para Assuntos Internacionais (AAI) é o órgão da UFBA responsável pela


internacionalização, fazendo parte da Administração Central. De acordo com o site da mesma,
ela é a responsável por promover a internacionalização discente, docente e técnica com
instituições estrangeiras, através de intercâmbios, cursos, eventos, bolsas de estudos e estágios
(remunerados ou não) através de convênios internacionais, acordos de cooperação com
instituições de ensino superior e centros de pesquisa internacionais. É responsável também
por prospectar, implementar e acompanhar acordos, convênios e programas interuniversitários
internacionais entre outras competências para garantir a mobilidade acadêmica. Dados da
própria assessoria demostram que hoje a universidade mantém convênios com 45 países
distintos - concentrados em países europeus e EUA – e 284 acordos (AAI, 2016).

Na pesquisa realizada por Brandão (2016) junto à Assessoria Internacional – e também a Pró-
Reitoria de Ensino de Pós-Graduação - foram levantados dados relevantes sobre a realidade
da mobilidade acadêmica, destacando-se dois programas que a UFBA faz parte: Programa de
Alianças para a Educação e a Capacitação (PAEC) e o Programa Institucional de Bolsas de
Doutorado Sanduiche no Exterior (PDSE).

Através do PAEC, foi possível levantar dados de estudantes estrangeiros que estudavam na
UFBA desde 2013 até o ingresso em 2016, apontando um crescimento de 400% no número de
bolsas - saindo de 6 para 26 – e que os países que a UFBA mais recebeu foram Colômbia,
México, Peru e Venezuela. Os campos de estudo procurados pelos estudantes foram Medicina
e Saúde, Educação, Engenharia Industrial; Ciência Animal. Os dados do PDSE, entre 2012 a
2015, por outro lado, apontaram que a saída dos estudantes da UFBA se deu prioritariamente
para os Estados Unidos, França e Portugal, nos campos de Comunicação e Cultura
Contemporânea, Artes cênicas, Educação e Arquitetura e Urbanismo, não havendo
crescimento acentuado, saindo de 50 em 2012 para 72 em 2015. (AQUINO, 2016)

Outro dado relevante que esse estudo apontou foi sobre o programa Ciências Sem Fronteiras,
parte da política educacional do governo Lula para a internacionalização e mobilidade
acadêmica, que até 2016 contava com 1878 estudantes da UFBA, sendo os países mais
procurados por estudantes bolsistas da UFBA os Estados Unidos e Reino Unidos,
principalmente nas áreas de engenharia e demais áreas tecnológicas e biologia, ciências
biomédicas e da saúde.

Esses dados explicitam um investimento em construções multilaterais com países emergentes


– que seguem as políticas governamentais – que tem sido bem sucedido do ponto de vista da
chegada de novos estudantes desses países, mas ainda mudou pouco o perfil da mobilidade
dos estudantes da UFBA – que ainda têm preferencia por programas e países centrais – em
todas as áreas de estudo.
A mesma pesquisa levantou que, entre 2011 e 2015, 895 estudantes estrangeiros foram
matriculados em 93 cursos da UFBA, advindos prioritariamente da Colômbia, Argentina e
Itália e as áreas de engenharia industrial, artes cênicas, ciências sociais, geofísica e saúde
pública estão entre as mais procuradas. (AQUINO, 2016)

O grande número de matrículas de alunos estrangeiros e o crescimento de mais de 80% nesses


5 anos nos mostra como a política de internacionalização tem conseguido entrar no compasso
da globalização, mesmo que as dificuldades com a língua, a falta de condições de
permanência e demais questões que já levantamos nesse artigo, ainda estejam no caminho de
um desenvolvimento mais próximo dos padrões internacionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAI. A AAI. Disponível em <https://aai.ufba.br> Acesso em: 20 de Agosto de 2017.

Aquino, S.B. Estudo da internacionalização em uma universidade brasileira baseado em


mobilidade acadêmica, aspectos institucionais e cenários externos: o caso da
Universidade Federal da Bahia. (dissertação) Universidade Federal da Bahia. 2016.
Disponível em: <http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21436> acessado em 20 de agosto de
2017.

LAUS, S.P. A internacionalização da educação superior: um estudo de caso da


Universidade Federal de Santa Catarina. (dissertação) Universidade Federal da Bahia.
2012. Disponível em.
<http://www.adm.ufba.br/sites/default/files/publicacao/arquivo/sonia_pereira_tese_final.pdf>
Acessado em 20 de agosto de 2017.

MARMOLEJO, F.; WILDAVSKY, B.; DOUGLASS, J. A internacionalização das


universidades vista por três especialistas estrangeiros. Dezembro, 2010. Entrevistador:
Rachel Bueno e Tatiana Fávaro. Campinas, 2010. Entrevista concedida ao Jornal da Unicamp.
Disponível em <https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/en’trevistas/a-
internacionalizacao-das-universidades-vista-por-tres-especialistas-estrangeiros> Acessado em
20 de agosto de 2017.

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