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1 Retirado de: BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de L. T.
Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
2 WATSON, John B. Psychology as a behaviorist views it. Psychological record, v. 20, p. 158-
177, 1913.
privadas (pensar, por exemplo); do mesmo modo, quando se trata do ambiente,
deve-se levar em conta que este pode ser igualmente público ou privado, e,
ainda, físico ou social e refere-se ao que ocorre antes e depois da resposta.
Deve-se, também, reconhecer que o comportamento humano é produto – e
produtor – da história de nossa espécie, da história de cada indivíduo e da
cultura em que estamos inseridos.
Vamos, então, detalhar essa abordagem da Psicologia.
A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
O mais importante dos behavioristas que sucedeu a Watson foi B. F. Skinner
(1904-1990).
O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos norte-
americanos e de vários países onde a Psicologia norte-americana tem grande
penetração, como o Brasil. Essa linha de estudo ficou conhecida por
Behaviorismo Radical, termo apresentado pelo próprio Skinner, em 1945, para
designar uma filosofia da ideia da mutabilidade das espécies de comportamento
humano, que produz, especialmente, conhecimento por meio da análise
experimental do comportamento.
A influência de Charles Darwin (1809-1882), especialmente, a ideia da
mutabilidade das espécies e a proposição da teoria da seleção natural foram
marcantes para a obra de Skinner. Darwin considerava que as espécies
estavam em constante transformação e que as variações, mesmo ínfimas,
produzidas em gerações seguintes, poderiam ser selecionadas e se manteriam
na espécie.
Para Skinner, esses mesmos processos de variação e seleção ocorrem para ir
construindo o comportamento humano. Desse modo, podemos dizer que a
espécie humana tanto é um fenômeno natural quanto histórico; produz e é
produto de mudanças em si e nos outros. Assim, cada um de nós é único.
Como o interesse central em comportamento está em constante processo de
mudança, podemos dizer que a base da proposta skinneriana está na
formulação do comportamento operante.
Para desenvolver esse conceito, retrocederemos um pouco na história do
Behaviorismo, introduzindo as noções de comportamento reflexo ou
respondente, para então chegarmos ao comportamento operante. Vamos lá!
O comportamento respondente
O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de
“não voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas (ou produzidas) por
estímulos antecedentes do ambiente. De modo geral, tem um grande valor para
a sobrevivência do organismo. Como exemplo, podemos citar a contração das
pupilas quando uma luz forte incide sobre nossos olhos, a salivação provocada
por uma gota de limão colocada na ponta de nossa língua, o arrepio da pele
quando recebemos um ar frio, engolir um alimento que é colocado em nossa
boca etc.
Esses comportamentos reflexos ou respondentes são interações estímulo-
resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos
ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que
independem de “aprendizagem”. Mas interações desse tipo também podem ser
provocadas por estímulos que, originalmente, não eliciavam respostas em
determinado organismo. Quando tais estímulos são temporalmente pareados
com estímulos eliciadores, podem, em certas condições, eliciar respostas
semelhantes às deles. A essas novas interações chamamos também de
reflexos, que agora são condicionados devido a uma história de pareamento, o
qual levou o organismo a responder a estímulos a que antes não respondia.
5 KINNER, Burrhus Frederic. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 2014. p. 145-147.
(...) As pessoas aprendem a controlar os outros com muita facilidade. Um bebê,
por exemplo, desenvolve certos métodos de controlar os pais quando se
comporta de maneiras que levam a certos tipos de ação. As crianças adquirem
técnicas de controlar seus companheiros e se tornam hábeis nisso muito antes
de conseguirem controlar-se a si mesmas. A primeira educação que recebem
no sentido de modificar seus próprios sentimentos ou estados
introspectivamente observados pelo exercício da força de vontade ou pela
alteração dos estados emotivos e motivacionais não é muito eficaz. O
autocontrole que começa a ser ensinado sob a forma de provérbios, máximas e
procedimentos empíricos é uma questão de mudar o ambiente. O controle de
outras pessoas aprendido desde muito cedo vem por fim a ser usado no
autocontrole e, eventualmente, uma tecnologia comportamental bem
desenvolvida conduz a um autocontrole capaz.
A questão do controle
Uma análise científica do comportamento deve, creio eu, supor que o
comportamento de uma pessoa é controlado mais por sua história genética e
ambiental do que pela própria pessoa enquanto agente criador, iniciador;
todavia, nenhum outro aspecto da posição behaviorista suscitou objeções mais
violentas. Não podemos evidentemente provar que o comportamento humano
como um todo seja inteiramente determinado, mas a proposição torna-se mais
plausível à medida que os fatos se acumulam e creio que chegamos a um ponto
em que suas implicações devem ser consideradas a sério.
Subestimamos amiúde o fato de que o comportamento humano é também uma
forma de controle. Que um organismo deva agir para controlar o mundo a seu
redor é uma característica da vida, tanto quanto a respiração ou a reprodução.
Uma pessoa age sobre o meio e aquilo que obtém é essencial para a sua
sobrevivência e para a sobrevivência da espécie. A Ciência e a Tecnologia são
simplesmente manifestações desse traço essencial do comportamento humano.
A compreensão, a previsão e a explicação, bem como as aplicações
tecnológicas, exemplificam o controle da natureza. Elas não expressam uma
“atitude de dominação” ou “uma filosofia de controle”. São os resultados
inevitáveis de certos processos de comportamento.
Sem dúvida cometemos erros. Descobrimos, talvez rápido demais, meios cada
vez mais eficazes de controlar nosso mundo, e nem sempre os usamos
sensatamente, mas não podemos deixar de controlar a natureza, assim como
não podemos deixar de respirar ou de digerir o que comemos. O controle não é
uma fase passageira. Nenhum místico ou asceta deixou jamais de controlar o
mundo em seu redor; controla-o para controlar-se a si mesmo. Não podemos
escolher um gênero de vida no qual não haja controle. Podemos tão-só mudar
as condições controladoras.
Contracontrole
Órgãos ou instituições organizados, tais como governos, religiões e sistemas
econômicos e, em grau menor, educadores e psicoterapeutas, exercem um
controle poderoso e muitas vezes molesto. Tal controle é exercido de maneiras
que reforçam de forma muito eficaz aqueles que o exercem e, infelizmente, isto
via de regra significa maneiras que são ou imediatamente adversativas para
aqueles que sejam controlados ou os exploram a longo prazo.
Os que são assim controlados passam a agir. Escapam ao controlador – pondo-
se fora de seu alcance, se for uma pessoa; desertando de um governo;
apostasiando de uma religião; demitindo-se ou mandriando – ou então atacam
a fim de enfraquecer ou destruir o poder controlador, como numa revolução,
numa reforma, numa greve ou num protesto estudantil. Em outras palavras, eles
se opõem ao controle com contracontrole.
ATIVIDADES
1.A partir do capítulo estudado e do texto complementar apresentado, discutam:
■Como a análise comportamental vê a pessoa?
■Pela proposta da análise comportamental, o que é preciso fazer para se
conhecer e para conhecer os outros?
■Como se dá a questão do controle e do contracontrole dos
comportamentos?
2.Escolham situações simples da vida cotidiana e procurem aplicar os conceitos
de reforçamento positivo e negativo, punição, extinção, esquiva, generalização
e discriminação, que foram apresentados no texto, produzindo questões
desafiadoras para seus colegas. Por exemplo: por que abrimos o guarda-chuva
quando está chovendo? Como sabemos todos os dias como chegar em nossa
casa?
3.Escolham uma situação social cotidiana e, a partir da perspectiva da
Psicologia Comportamental, procurem entender o que está acontecendo com o
comportamento das pessoas, identificando possíveis contingências ambientais
(internas, externas) que as levam a se comportar daquela maneira.
4.Assistam a um dos filmes indicados e debatam sobre o controle social do
comportamento. Avaliem o controle em nossa sociedade.
PARA SABER MAIS
Bibliografia
Básica
A análise do comportamento (2015), de J. G. Holland e B. F. Skinner, é um
ótimo livro para principiantes, que utiliza o método de instrução programada para
ensinar os principais conceitos do comportamento operante.
Aprendizagem: teoria do reforço (1973), de Fred Keller, e Princípios de
psicologia: um texto sistemático na ciência do comportamento (1970), de Fred
Keller e William Schoenfeld, são dois livros introdutórios, entretanto, mais
complexos que o primeiro.
Walden II: uma sociedade do futuro (1978), de B. F. Skinner, é um livro muito
interessante em que o autor, a partir da concepção da análise experimental do
comportamento, apresenta sua visão utópica sobre um mundo onde há um
extenso planejamento de contingências, de forma a construir comportamentos
produtivos para o desenvolvimento das pessoas e do coletivo da sociedade.
Avançada
Sem dúvida, os livros mais interessantes são os do próprio Skinner, pois, além
dos conceitos, o autor desenvolve reflexões sobre o controle, o papel da ciência,
o mundo interno do indivíduo. Indicamos:
Ciência e comportamento humano (2003), de B. F. Skinner. A seção I
apresenta a discussão sobre a possibilidade de a ciência ajudar na resolução
de problemas que a sociedade enfrenta; a seção II, os principais conceitos; a
seção III, o indivíduo como um todo; a seção IV, o comportamento das pessoas
em grupo; a seção V, as agências controladoras do comportamento; e na última,
o controle do comportamento humano, incluindo um debate sobre uma possível
proteção contra o despotismo.
Sobre o behaviorismo (2014), de B. F. Skinner, o autor retoma a questão do
mundo interior do indivíduo, a questão do controle, e apresenta discussões e
análises sobre alguns comportamentos, como perceber, falar, pensar e
conhecer.
Questões recentes na análise comportamental (2006), obra que contém
artigos de Skinner em seus últimos 20 anos de trabalho.
Coerção e suas implicações (2003), de Murray Sidmam. O autor debate o
amplo uso do controle aversivo na sociedade, apresenta muitos dados de
pesquisa e exemplos dos malefícios dessa prática e indica intervenções
comportamentais baseadas em contingências de reforçamento positivo como
alternativa para mudanças. Vale a leitura!
Outros recursos
Filmes
■Meu tio na América (França. Direção de Alain Resnais. 1980. 125 min.).
O filme apresenta a relação entre a tese de um biólogo comportamentalista e o
conflito vivido por pessoas de diferentes níveis sociais.
■Nell (Estados Unidos. Direção de Michael Apted. 20th Century Fox.
1994. 115 min.).
O filme apresenta a história verídica de uma mulher que durante seus 24 anos
viveu abandonada na floresta, desenvolvendo assim uma linguagem própria ao
meio em que está inserida. Descoberta por um médico e uma psicóloga, o filme
trata do processo de Nell.