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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA

DISCLIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO


II

TÍTULO: RELATÓRIO

ANDREA DA CONCEIÇÃO – MATRÍCULA: 2014.1.01892.11

PROF. VIVIAN FONSECA

RIO DE JANEIRO
2018.2
Relatório

É preciso fiar 1

O presente relatório tem como objetivo apresentar de forma dialógica “ os fios de


sentidos e significados”2 presentes nos museus, os quais cada um a seu tempo e ao seu
modo , nos chama a participar do que o Hélio Oiticica chamava de pedagogia do
parángole3, onde o museu se- deixa contaminar e é contaminado , tornando –se o lugar
de todos e de todas as culturas e de todo objeto , onde cada indivíduo torna – se um ser
singular.
Nos trânsitos singulares da urbe, nos deparamos com o museu do grafitti ,
localizado na periferia da cidade do rio de janeiro , bem próximo à favela de Costa Barros
. É interessante observar o arquétipo do prédio: não possui janelas , possui sua parte
externa grafitada com elementos que compõe a realidade da comunidade e possui um
placa bem pequena com a marca do museu. Além disso , o museu é vizinho de uma
ocupação e de um aterro sanitário, o que nos leva a considerar “ a cidade como lugar de
múltiplas temporalidades, memorias e experiências coletivas justapostas”4
É perceptível que as experiências do museu se- emaranham com a experiência
coletiva da comunidade, que segundo a dona joana5 é um lugar que salva a vida dos jovens
da favela, no entanto ainda possui um lugar marginal dado pelas autoridades, por acreditar
“ que negros também amam”6, pois busca reafirmar a identidade de cada criança negra da
comunidade.
Tornando o museu um símbolo de luta , presente nas palavras de seu idealizador,
Rafael Rongo7 , onde as primeiras palavras a serem invocadas são : legitimidade ,

1
CHAGAS, Mario. Breve sugestões para a antrolopogia do autor. E RAMOS, Francisco. A História dos
Objetos IN :RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História,
Chapecó: Argos, 2004,p.9.
2
Ibid,p.8.
3
Ver Pedagogia do Parangolé. Dísponivel em <
http://www.saladeaulainterativa.pro.br/texto_0004.htm>. Acesso em: 14 nov 2018.
4
ARAUJO, Vanessa Barboza. A leitura da cidade e o desenvolvimento da consciência da cidade IN :
SIMAN,Lana;MIRANDA, Sonia Regina.Cidade , momória e educação.Juiz de Fora, UFJF,2013.Passim.
5
Nome fictico dado a uma senhora que estava em torno do museu . Desse modo , a aluna a abordou
para ter uma conversa possível e dialógica com a moradora.
6
É utilizado pelo museu para dar legitimidade aos negros , através, da singularidade , da memória e
sobretudo da resistência.
7
Nome do idealizador e também administrador do museu do grafite.
reconhecimento e memória , pois segundo ele “ o museu foi criado para dar legitimidade
a arte que é criada na rua , essa que esboça a realidade de cada criança favelada , que
silenciar sua voz é calar a voz de um povo que grita por reconhecimento”. 8 Por isso ,
segundo ele é importante ressaltar que o museu do grafite também é um museu de
resistência, que mostra a essência daqueles que insistem em viver.
Enquanto houver vida eu viverei9, essa palavra ecoa em cada cômodo do museu,
possuindo na parte de baixo um grande salão , onde apresenta: cadeiras , geladeira , fogão
, e uma estante com livros sobre o código penal o que é passível de reflexão lembrando
– se que “ a cidade como campo de força é caracterizada a partir da ideia de que esse
artefato é gerado no interior de relações sociais estabelecidas entre homens, ao mesmo
tempo produto e vetor das relações sociais.”10 Demonstrando a realidade de duas cidades
que mesmo tão próximas tornam – se distantes.
A visita na parte de cima do prédio é realizada por meio da mediação do próprio
idealizador do museu, que afirma não possuir setor educativo, ficando a seu cargo o
discernimento de medidas educativas tato para professores quanto para alunos . Ele afirma
que não há nenhum material impresso ou digital para a distribuição, o que ocorre
mensalmente são as mesas que possuem como intuito informar aos professores sobre o a
importância simbólica do grafite, mas que isso não implica que não haja a presença de
outras mesas se assim for solicitado pelos professores e ainda , Rafael Rongo afirma que
quando é solicitado também realiza vistas a escolas públicas e particulares.
As salas que abrigam os cursos de especialização que são oferecidos pelo museu
em parceria com o Metrôrio, tratam –se de recriações do interior das casas da
comunidade, o que nos leva a intuir que é estimulado a “percepção, intuição, critica e
criação”11 dos alunos a partir da sua realidade , de modo a “fazer da construção do
conhecimento uma produção humana, em que se instale a ruptura com o senso comum.”12
Fomentando que, o conhecimento também é possível através “da experiência dos

8
Fala de Rafael Rongo.
9
Frase anexada em diversas paredes do museu do grafite.
10
. ARAUJO, Vanessa Barboza. A leitura da cidade e o desenvolvimento da consciência da cidade IN :
SIMAN,Lana;MIRANDA, Sonia Regina.Cidade , momória e educação.Juiz de Fora, UFJF,2013.Passim.
11
KNAUSS , p.37 KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In:
NIKITIUK, Sônia L. (org) Repensando o Ensino de História. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2004. p.37.
12
KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In: NIKITIUK,
Sônia L. (org) Repensando o Ensino de História. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2004. p.36.
homens na relação com o mundo que vivem”.13 Favorecendo a desconstrução dos “elos
de normatização”14.
Além disso ,o museu propõe que seja aberto um diálogo com ex- pichadores
demonstrando que pichar em lugares indevidos é crime , por isso , eles buscam fazer de
forma itinerantes as exposições em outros prédios além do museu que possuam a mesma
carga simbólica , para que todos possuam a oportunidade de expor a sua arte , para além
disso os artistas também são convidados a colaborar no estudo da chapilogia, que possui
como intuito apresentar as assinaturas dos pichadores da cidade , assim como a
decifração da mensagem daquele determinado grupo que o pichador pertence . Entendo
– se que é importante para a essência da identidade da comunidade , uma vez que “os
artefatos e o próprio corpo de homens e mulheres passaram a ser debatidos como fonte
de estudos históricos.15
Outro museu que apresenta uma identidade forte é o museu do negro , que possui
o objetivo de desconstruir e construir a imagem do negro a partir de elementos
significativos da cultura africana , e isso se da principalmente a partir do museu
itinerante, que realiza visitas em escolas públicas com livros ilustrados da Pituka Nirobe,
que retrata em seus livros os antigos contos que sua avó africana contava ,permeando
desse modo o campo da simbólico que busca gerar identidade e ressuscitar a memória
dos alunos .
Além disso , também faz parte dos objetivos do museu “semear a semente da
desconstrução”, através da doação de livros para as escolas com o intuito de criar uma
biblioteca visando estimular a “seleção que começa a dar movimento à relação entre os
textos historiográficos disponíveis e a aula de história em processo de produção, de modo
a ser ensinada e aprendida”16, fazendo com que os alunos se reconheçam como agentes
históricos, além disso , eles propõe de forma conjunta um bate – papo com os professores
por entenderem a responsabilidade social daqueles que se propõe educar , alicerçados no
fato que “o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado,
em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam

13
KNAUSS, Paulo. Sobre a norma e o óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In: NIKITIUK,
Sônia L. (org) Repensando o Ensino de História. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2004. p.30.
14
Ibid,p.30.
15
Silva, Marcos.Ensinar história no século XXI: Em busca do tempo entendido/Marcos Silva; Selva
Guimarães Fonseca.- Campinas,SP: Papirus, 2007. p.66.(coleção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagogico).
16
Ibid,p.23
sujeitos do processo em que crescem juntos e em que “os argumentos de autoridade” já
não valem.”17
Interessante também é o fato que o museu se propõe a voltar nas escolas , visando
observar se a biblioteca de fato foi aumentada ou mesmo implementada e se foram
criados projetos que visem de algum modo a sensibilização através da matriz africana ,
principalmente ligada a identidade e pertencimento . No entanto, os relatos do Mauricio,
o diretor do museu , que boa parte das escolas não implementam a biblioteca e nem se
utilizam dos matérias didáticos como apoio .
Mauricio afirma também que ,é importante o professor reconhecer o “locus”
negligenciado aos negros e, por isso , a escola como um todo deve trabalhar para que os
alunos se – reconheçam no processo histórico e para isso , deve- se considerar que “o
processo de construção de conhecimento requer pesquisa”18. Por isso , é necessário que
se- estimule por meio de situações a desconstrução dos padrões normativos de
historicidade.
Em busca da criação e da desconstrução, o museu também abriga diversas
atividades durante a semana que buscam reunir aqueles que possuem o mesmo objetivo,
de desconstruir o senso do que é ser negro e criar um canal com a ancestralidade que
seja capaz de demonstrar a força de negros e negras , que foram trazidos a força para o
Brasil e, formaram aqui a base da diversidade brasileira.
Assim como o museu do Índio, que hoje é localizado em Botafogo e se – encontra
fechado. O museu possui duas exposições: a definitiva que esta localizada na parte de
cima do prédio e a temporária . A equipe que compõe a parte educativa do museu
reconhece a importância singular contida da figura do índio , principalmente na
desconstrução do exótico , no entanto , eles afirmam que isso é difícil principalmente
porque não existe o diálogo entre os setores dos museus , afirmando que infelizmente a
exposição é feita sem qualquer contribuição do setor educativo , porque segundo eles,
os demais setores pensam o educativo como consequência , não como um recurso que
possa acrescentar na singularidade da exposição .
E ainda , a equipe composta por três pessoas atualmente , não conta com nenhuma
formação especifica na área de museologia , patrimônio ou história. Eles possuem
formação na área de engenharia e jornalismo , que afirmam que pensar o museu também

17
Ibid,p.39.
18
MATTOS, Ilmar Rohloff .”Mas não somente assim!Leitores, autores, aulas como texto e ensino-
aprendizagem de História.Tempo, v.11,n.21,p.32.
tornou- se um desafio , uma vez que são cobrados a suprirem uma demanda que eles não
sabem como suprir , como a preparação de materiais para consulta do público como: o
mapeamento de tribos, línguas e trabalhos singulares feitos por cada comunidade. A
equipe propõe que esse trabalho seja construído de forma coletiva, mas ainda não sabe de
que forma se dará essa troca dialógica em prol da construção de um material.
Para além disso , o museu possui um acervo considerável que possuí a
possibilidade de ser emprestado a professores que desejem levar para sala de aula alguns
elementos da cultura indígena, o matérias são bastantes diversificados , contando com
diversos painéis e jogos sobre um determinado grupo de tribo indígena.
O museu realiza de forma bastante diminuída visitas em escolas , sendo em grande
parte de escolas particulares e de ensino fundamental . E relatam que a escola , muitas
das vezes, não possui uma proposta de cisão com a figura estereotipada do índio , e que
buscam ligar o índio com a figura do atraso e da passividade.
No entanto , eles reconhecem que possuem uma parcela de culpa , uma vez que
tratam- se de um museu do índio que não possui nenhum material pedagógico ou de
apoio para professores , ou mesmo uma proposta de aula que possua como o intuito
romper com o “perigo da história única”, além disso , reconhecem também uma outra
limitação , essa ligada com a falta não somente da infraestrutura para acolher pessoas com
necessidades especiais , mas também a falta de objetos que possam servir para esse intuito
e interprestes para a língua brasileira de sinais .
Contudo , a maior problemática é a permanência do museu de portas fechadas
alicerçada em uma série de desculpas administrativas governamentais , que apoiam uma
continuidade da omissão histórica de alguns corpos históricos na experiências históricas,
uma vez que o acesso a cisão da figura do índio estigmatizado é negada dando lugar a
figura histórica e repetitiva do índio passivo e preguiçoso, deixando assim a história
reclusa a história de grandes feitos e de grandes heróis.
A história de grandes heróis e de grandes feitos é responsável por dar o adorno a
história que é propagandeada pelo museu Histórico Nacional , esse sendo responsável por
reunir e dar legitimidade a elementos que compõe a grande narrativa da construção da
nação brasileira. A narrativa dada pelo museu é linear e eletiva , no sentido de escolher
e privilegiar atores históricos em detrimento de outros, uma vez que atores como negros,
mulheres e índios aparecem aprisionados em figuras estereotipadas que reforçam o
imaginário social de passividade histórica.
Assim, nos debruçamos sobre a visita mediada do museu histórico nacional , que
possui diversas “fases”19 , que começa na pré- história e segue até a construção da
República. No entanto , é importante nos atentarmos de que forma os atores são retratados
nas exposições, os índios são retratados como sendo formados por uma unidade , que
despreza qualquer forma de singularidade politica , social e econômica. Além deus seus
objetos estarem apenas ligados ao valor dado a exposição , não ao seu valor simbólico
referente a sua representatividade em cada etnia e, após a exposição oreretama, ocorre
um apagamento por completo da presença indígena como parte da nação brasileira. Além
disso , a exposição ainda possui um elemento em destaque , o que é marcante é que o
fato da sua relevância não esta ligada com o índio , mas sua ligação com um europeu que
provavelmente serviu ao lado de um indígena que usava aquele instrumento , ou seja , o
símbolo de poder que ecoa do elemento é conferido totalmente ao europeu.
Outro a gente que possui seu espaço limitado , decorrente de uma perspectiva
histórica que tende reforçar e manter os estereótipos é a mulher , que se – encontra
aprisionada na figura da Marquesa de Santos , que possui seu perfil delineado apenas
como aquela que se- tornou amante de Dom Pedro I. De modo , que é pintada
historicamente como a mulher “demoníaca” que se – opõe a mulher sacralizada, aquela
que possui sua imagem vincula com a de Maria “ a mãe totalmente dessexualizada e
purificada”20, que é sobretudo recatada e fiel aos princípios morais.
Demonstrando como a imagem caricata da amante que é odiada pelo devir
histórico21 , circunscreve diretamente qual o papel que a mulher deve ocupar na
sociedade. Além disso , outra mulher que tem sua imagem utilizada na exposição é de
Anita Garibaldi que aparece atrelada figura de um líder masculino ,fortalecendo o
discurso da “máquina inconsciente” destinada a trabalhar e a procriar, ao contrário do
homem, dotado de razão, símbolo da força e da coragem, principio objetivo da
humanidade, ativo e poderoso”.22

19
A exposição do museu Histórico Nacional é dividido em compartimentos , os quais cada um narra um
pedaço da história que compõe o grande devir histórico nacional.
20
Rago,Margareth. Do cabaré ao lar;a utopia da cidade disciplinar brasil 1890-1930. 3ed.Rio de
Janeiro:Paz e Terra,1985,p.82.
21
O guia do museu histórico nacional afirmou que a presença do quadro da Marquesa de Santos na
exposição , sempre gera uma inquietação por parte do visitante, porque a “ ladra de homens” , a
mulher desonesta não possui o mérito necessário para estar na exposição.
22
Rago,Margareth. Do cabaré ao lar;a utopia da cidade disciplinar brasil 1890-1930. 3ed.Rio de
Janeiro:Paz e Terra,1985,p.66.
O museu reconhece as limitações presente na exposição permanente , o que
segundo o mediador ocorre , é uma tentativa de problematização de determinados
contextos por meio do próprio guia, mas ele admiti que muitas das vezes isso não é
possível , e que a falta de um material pedagógico, inexistente desde 2010 por falta de
verba, acentua a questão.
No entanto , ele frisa que os professores antes de realizarem a visita são
convidados a conversar de forma dialógica com os mediadores , a fim de que seus
pensamentos sejam alinhados em busca de uma proposta construtiva do saber histórico.
É interessante atentarmos que diferente do museu do índio , citado anteriormente,
o educativo do museu Histórico Nacional participa ativamente do espaço de pensar a
exposição , onde eles dialogam com outros setores o “locus” da educação museal.
Demonstrando a importância de se pensar o museu também a partir de um coletivo
singular que são os alunos, e é pensando nessa perspectiva que o museu possui o projeto
de recriação de peças em 3D para acolher deficientes visuais .
É interessante refletirmos , que mesmo o museu Histórico Nacional possuindo
uma legitimidade histórica . O museu observou o quanto era necessário o reconhecimento
por parte da população que o espaço é coletivo , composto de todos para todos . Desse
modo , o educativo lançou o projeto bonde da história, que envolve temas criativos a
partir do acervo do museu , sendo abeto aos domingos , e possuindo como público
principal aqueles que acreditam que o museu não é um espaço de coletividade.
O museu Villa – Lobos também reflete acerca do valor simbólico do museu ,
enquanto representatividade de um coletivo. Desse modo , é proposto no seu material
didático para o professor que seja repensando a dinâmica museu- escola , de modo a
considerar que : “museus , assim como as escolas ,são espaços de divulgação e produção
de cultura e conhecimento.[...] Quando mencionamos a produção de cultura e
conhecimento, evocamos sentidos relacionados á criação, transformação e mudança
social.”23
Mudança essa, que torna- se possível através da arte e, principalmente do acesso
a ela , e é em busca disso que o museu Villa – Lobos realiza os mini concertos – didáticos
em escolas públicas e particulares com o intuito de promover a música como um elemento
de cidadania , que busca integrar as crianças com um mundo que é desconhecido por
muitas delas .

23
Revista do professor.Museu Villa –Lobos. Nº 1,2013,p.14.
No entanto , é necessário nos atentarmos para o fato , que isso somente ocorre por
causa da boa vontade do educativo e dos músicos , uma vez que o governo não financia
de nenhum modo essa iniciativa , fazendo com que consequentemente haja uma
diminuição das escolas atendidas. Por outro lado , deve – se perceber que ainda existem
profissionais que acreditam na mudança social através do ensino da arte – educação.
O Museu de Astronomia e ciências afins também acredita na conexão entre
museu - escola com a finalidade de proporcionar mudança social e gerar
reconhecimentos por parte dos alunos como a gente do mundo , que pode por diversas
vezes é convidado a explora – lo , principalmente por meio da utilização da ciência.
Para tanto , o museu propõe a princípio que os professores devem participar de
forma obrigatória do Encontro de Assessoria ao professor , de modo a conhecer como a
exposição é pensada , para que ocorra de forma dialógica um troca entre educativo e o
professor , além de ocorrer de forma transparente o esclarecimento das suas exposições,
nomeadas de trilhas : “ Onde Vivemos ? “ e “Por onde Vamos”. É interessante, o nome
dado as exposições , uma vez que estimula a liberdade e a criação do parte do aluno , já
que pensar em trilha é refletir acerca do caminho a ser traçado , que pode ser mágico a
partir da utilização da ciência .
Ciência essa que, aparece no museu como um universo novo e mágico que é
desvendando pelas crianças a cada experiência proposta pelo museu . Especialmente a
partir da ideia de que se faz ciência todos os dias , afastando a ideia de que a ciência é
algo muito difícil e praticado por poucos . Ideia essa que, pode ser explorada pelo
professor de forma interdisciplinar , a partir do estimulo a criação e a participação do
aluno , do momento que por ele é entendido que o mesmo também é produtor de
conhecimento . Demonstrado desse modo , conjuntamente a responsabilidade social do
professor em prover mudanças , principalmente o professor de história , com a criação
de mecanismo que gerem identidade :
no ensino de história para facilitar o trabalho de construção com os alunos de
noções como semelhança/diferença, permanência/mudança e , também, a
percepção de que no âmbito do social existem processos múltiplos de
pertencimento ( de gênero , étnico, de classes, de grupos sociais, de Estado
Nacional etc).24

24
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.Parâmetros curriculares
história.Brasília:MEC/SEF,1998.p.55.
Além disso, o museu apresenta a possibilidade da inserção de novos corpos nas
experiências históricas a partir da apresentação da possibilidade de todos serem a gentes
da ciência, possibilitando conjuntamente construir de forma dialógica, patrimônio,
identidade e pertencimento. Despertando, paralelamente o senso crítico dos alunos, a
partir de uma nova perspectiva da realidade alicerçado no entendimento que o saber da
história é dado como “possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo
está sendo”.25 Ficando claro a contribuição da história na formação ética dos educandos,
no seu processo de ser no mundo.
Para o processo de ser no mundo tornar- se possível, é necessário que ocorra de
forma simultânea o reconhecimento por parte do aluno, através da identidade, daquele
momento histórico . O que de certo modo , ocorre na exposição do museu da aviação ,
especialmente com a sala que recebe um nome feminino , como forma de homenagear e
legitimar a presença das mulheres na história da aviação .
A criação da sala é um elemento positivo , que busca atender as demandas presente
no dinâmico movimento das mulheres . No entanto , também é algo a ser problematizado,
uma vez que é escolhido que as mulheres ganhem uma linha do tempo próprio , com
elementos próprios, negando desse modo, que as mulheres tenham participado do
processo histórico no mesmo patamar que os homens, o que é comprovado com a
visitação das demais salas que compõe a exposição , que contam com a total ausência da
presença feminina nos recortes históricos escolhidos .
Além disso , no material didático disponibilizado pelo museu , não há nenhuma
menção da participação das mulheres na história da aviação , o que existe é apenas uma
valorização da aviação como patrimônio nacional e exaltação da figura masculina , como
o líder – conquistador.
Outro museu que deve ser problematizado , é o museu da Light , que apesar da
proposta de trazer de forma interativa a utilização da energia e sua importância , não
possui nenhum questionamento social sobre a utilização da energia . O que pode ser

25
FREIRE,Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São
Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura) .p.30.
observado com o exemplo de um quadro interativo que demonstra como ocorre as contas
para se chegar ao valor da conta de luz e, em uma parte da sua fala , o monitor falou do
gato e , que se não tivesse tanto gato na cidade a conta não seria mais barata .
A problemática ocorre diante de uma fala que não possui elementos de cunho
questionadores , apenas uma frase que foi dita de forma infeliz e em um momento
inadequado , uma vez que isso pode gerar um constrangimento por parte do aluno , que
não se sente adequado e novamente se vê excluído por um sistema que não os reconhece
como cidadão , já que o conceito de cidadania é alicerçado nas obrigações morais
impostas pelo Estado, entre elas o pagamento integral da conta da distribuidora de
energia.
Além disso, a visita ao museu não pode ocorrer de forma espontânea , uma vez
que o espaço interativo que compõe o museu só pode ocorrer mediante a presença de
um mediador , como forma de garantir a integridade dos elementos.
Garantia de integridade , acredito que seja tudo que o museu do folclore não
deseja, uma vez que eles desejam que sejamos tomados e ressignificados pela exposição
. Essa que possui como parte da sua essência , a diversidade , contida em cada elemento
que representa de forma simbólica a cultura de cada lugar do Brasil caracterizada por
seus elementos particulares.
Elementos esses que compõe uma narrativa histórica por meio da continuidade e
descontinuidades, com elementos que se sobrepõe de forma complementar ao outro ,
demonstrado que existe uma história que não é narrada , na qual homens e mulheres
negros participaram de forma ativa na construção da história brasileira.
História essa que é marcada , pela convivência paralela e nem sempre pacífica, de
diferentes realidades , que carregam consigo sobretudo a sua identidade , circunscrita
muitas vezes por meio da sua religião .
Como podemos perceber, com as diferentes esculturas que representavam jesus
crucificado , entre elas as que representavam jesus como um trabalhador e que em cada
uma das suas chagas existia uma ferramenta diferente , inclusive havia um apanhado de
ferramentas manuais em seus pés. O que é muito significativo , não apenas pelo caráter
espiritual , mas sobretudo da sua atribuição simbólica de que assim como jesus cristo , o
trabalhador é constantemente sacrificado, em prol de muitas das vezes da arrogância e da
desvalorização cruel do trabalhador manual .
Entendo – se que essa desvalorização ocorre , porque o único atributo atribuído
ao trabalhador manual é do exótico , desprezando sua identidade e , a representação da
critica do quotidiano , presente nas esculturas de anjos que possuem rostos sofridos , no
altares que exaltam uma mulher que chora ,olhando por uma criança e , ainda a presença
da Vênus Negra.
Todas possuem em comum , a invocação de uma representatividade negligenciada
. Tomemos o caso da Vênus negra , que gera estranheza daquele que vê, porque os olhos
já estão acostumados a ver a representação da Vênus branca e loira , não a negra . Mas ,
de fato quem disse que a “verdadeira representação da Vênus é a branca !”. Em torno
disso , podemos tecer considerações acerca de representações históricas , apagamentos e
desmerecimento sociais , ligados diretamente com os corpos negros , que sofrem
constantemente do perigo da história única.
E é justamente a quebra disso , que o museu se- propõe a partir da apresentação
de diversas histórias contadas em cada imagem e em cada escultura . Desse modo , o
museu considera a responsabilidade do professor em propiciar a desconstrução por meio
da educação cidadã, por isso , o museu se- propõe a fazer uma preparação mensal para os
professores, apresentando o museu e suas histórias .
É interessante observar os materiais que compõe a pasta programa educativo ,
entre eles uma imagem muita significativa de uma escultura chamada mãe preta , que
amamenta o filho da branca enquanto seu filho segura sua saia, é recoberta de
significados . O que nos faz problematizar, a permanência da mulher negra em um papel
de submissão na sociedade contemporânea , que continua a sair das suas casas para servir
a branca em um sistema desigual, esse que ainda estimula o caráter depreciativo dado
ao negro, os retratando apenas como passivos históricos, aqueles que não possuem a
racionalidade e, em vista disso , necessitam da racionalidade do branco ( visto como líder)
para dotar a sua vida de racionalidade.
O sistema desigual é um das chaves utilizadas pela exposição do Centro Cultural
Banco do Brasil com a escolha da exposição de Basquiat , que possui expresso na sua
arte a rebeldia quotidiana contra aquilo ele observava nos Estados Unidos da América.
E não é á toa , que o CCBB lança o artista em meio ao caos político vivenciado no período
das eleições , marcadas por uma disputa de representatividades que invocavam a causa
popular como mola propulsora.
E meio a isso , que o centro cultural nos leva a refletir sobre o poder da
representatividade como um elemento de coesão social , que nos leva a reconhecer o
que realmente é importante é protesto , esse interpretado como um símbolo de luta que
nos leva a refletir sobre retornarmos as rédeas históricas e voltarmos a ser a gentes sociais
não apenas meros telespectadores.
Por isso , no seu material didático é proposto que o visitante possa criar figuras
abstratas que reúnam elementos que gerem empatia , estimulando a criação de própria
arte . O que é interessante considerar é o estimulo a criação , essa que é entendida como
geradora de mudança a partir do aluno a gente, que constrói seu material a partir da sua
própria vivência de mundo.
Além disso , o estimulo a sensibilidade torna- se algo importante na exposição ,
ao ponto que se entende que o importante não é o que se – deixa mas o eu se – leva.
Revelando a importância do educativo , em pensar a melhor forma de gerar empantia por
parte do público escolar , que se vê motivado a participar das propostas dialógicas do
museu , que propõe rodas de conversas após a exposição e também a produção de matérias
que são deixadas no setor educativo para ser utilizadas como elementos pedagógicos
motivadores para os alunos .
O responsável pelo setor educativo , afirma que existem várias propostas
pedagógicas realizadas de forma reduzida: a visitação a escolas ao seu redor , o sorteio
de ônibus para as escolas , as quais os professores participam dos cursos mensais
oferecidos pelo centro cultural além disso constrói pontes com as escolas para que aas
propostas educativas continuem em constante continuidade e não “morram” com o fim
da visitação. Além disso, ele afirma a importância de se pensar educação- museal como
um a gente de mudança na relação aluno – museu , que em grande medida os museus
devem reconstruir seus projetos de modo que possam atender as demandas do corpo
estudantil, pensando em uma relação paralela onde forças se somem , negando a disputa
de poder entre os dois espaços (escola e museu).
E ainda afirma, que existe ruídos nessa conexão , ainda mais dentro dos museus .
O que pode ser observado na relação do próprio CCBB, uma vez que eles não são
convidados a participar das reuniões para pensar a exposição. Ao contrário , eles recebem
a proposta fechada , na qual eles devem criar mecanismos pedagógicos capazes de gerar
estímulos no corpo escolar, o que em grande medida é possível porque o centro cultural
é uma instituição privada e para tanto recebe uma quantia para cobrir os gastos com os
materiais criados pela equipe do educativo , diferente de diversos museus que foram
anteriormente citados , que possuem seus materiais estagnados por falta de verba.
O que nos faz refletir acerca do valor atribuído ao museu como espaço de
aprendizagem, uma vez que ainda é entendido por setores públicos como um espaço
responsável por apenas “guardar” aquilo que é considerado essencial para a memória
brasileira. No entanto, é desconsiderado seu valor como uma extensão da sala de aula,
responsável por proporcionar através da dialogia conexões possíveis que gerem um
questionamento e reconhecimento dos alunos como a gentes do mundo .
Portanto , o presente relatório possui como objetivo demonstrar como os museus
florescem em meio a diversidade, e de como isso é utilizado por alguns como “arma”na
guerra pela representatividade, através do processo da forja da sua identidade, essa
conseguida através da dialogia , que trata- se da chama que mantém cada museu vivo , no
processo de ser no mundo. Com o entendimento que ser no mundo é proporcionar a
desconstrução constante do humano em formação .
Referência

ARAUJO, Vanessa Barboza. A leitura da cidade e o desenvolvimento da consciência da


cidade IN : SIMAN,Lana;MIRANDA, Sonia Regina.Cidade , momória e
educação.Juiz de Fora, UFJF,2013.Passim.

FREIRE,Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa /


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