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4, APRIL 2017
Three-Dimensional Modelling of Heat Transfer
in Wellbore During Steam Injection Process
I. B. Pereira, D. C. Ribeiro and O. J. Romero
Abstract— Steam injection is one of the more common
techniques between thermal methods for heavy oil recovery. An
injection pipe is used to transport the steam generated at the
surface to the petroleum reservoir. The challenge in this process
is minimize the heat transfer to the surroundings of the injector
well. This work presents the three-dimensional simulation of the
multiphase turbulent liquid-vapor flow along the wellbore
domain composed by injection pipe, annular space, casing and
formation. The response of the tubing insulation and formation
temperature to steam injection at 80% of quality, injected at two
different flow rates, is investigated with Ansys CFX software. It
is clear the better performance of VIT (vacuum insulated tubing)
technology. In addition, as greater the flow rate is, the higher the
steam quality results. Finally, is proposed the existence of a
critical tubing conductivity below which an opposite behavior of
the quality is observed: low steam flow rate allows a high steam
quality.
Keywords— Steam injection, steam quality, heat transfer, VIT,
Ansys CFX.
I. INTRODUÇÃO
C OM o intuito de elevar o fator de recuperação do óleo
contido nos reservatórios e reduzir os custos dos projetos
de produção, as empresas da área de petróleo estão cada vez
mais em busca de novas tecnologias [1,2]. Para a produção de
óleos pesados, ou seja, óleos extremamente viscosos na
temperatura ambiente do reservatório, o enfoque tecnológico
dado é o de atuar na redução da sua viscosidade mediante a
utilização de métodos térmicos [3]. Estes métodos viabilizam
a produção em campos considerados não comerciais pelos
métodos convencionais de recuperação. Como a viscosidade
dos óleos pesados é altamente dependente da temperatura, o
aquecimento aumenta sua mobilidade [4]. Uma das técnicas
mais populares é a injeção de vapor. Estes projetos, por
requerer extenso capital para o seu desenvolvimento, são
frequentemente limitados pelas considerações econômicas.
A injeção de vapor constitui-se no método térmico mais
utilizado na indústria de petróleo, normalmente por ser o mais
eficiente em relação à injeção de água quente e combustão in-
situ. Neste contexto tem-se a injeção cíclica de vapor, injeção
continua de vapor e drenagem gravitacional assistida por
vapor (SAGD) [3,4].
O vapor injetado é gerado na superfície por unidades
geradoras de vapor (UGV) fixas ou móveis. O sistema é
formado, além da UGV, por linhas de distribuição e coluna de
injeção de vapor. A coluna é composta pela união rosqueada
I. B. Pereira, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), São Mateus,
ES, Brasil, isa-bela-braga@hotmail.com
D. C. Ribeiro, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), São Mateus,
ES, Brasil, daniel.ribeiro@ufes.br
O. J. Romero, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), São Mateus,
ES, Brasil, oldrich.romero@ufes.br
IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 15, NO.
de tubulações de aço que podem ser não isoladas (formando a
denominada coluna de injeção convencional), ou isoladas
(como exemplo o isolamento a vácuo, que origina a coluna de
injeção isolada a vácuo). A configuração completa para o caso
da injeção contínua de vapor é ilustrada na Fig. 1. Vapor em
altas temperaturas é obtido nos geradores de vapor (1) que
convertem água do estado líquido para o estado de vapor
saturado úmido. Os geradores têm capacidades padronizadas
de 15, 25, 50, 100 e 250 MMBTU/h e pressões máximas de
operação de 1.500 a 2.500 psi. O vapor na saída da UGV tem
uma qualidade determinada e é transportado através de linhas
de distribuição (2) para os poços. Ao percorrer a coluna de
injeção (3), o vapor perde energia térmica para a formação à
volta. Esta transferência de calor é devido à diferença entre as
temperaturas do fluido no poço e as temperaturas geotérmicas
[5]. O restante do calor carregado pela mistura vapor/água que
alcança o fundo do poço entra no reservatório de óleo (4). O
vapor à medida que perde calor para a formação condensa-se
formando água quente. O óleo então é deslocado de modo que
possa ser produzido no poço produtor (5) e enviado para a
estação de separação (6). No presente trabalho são estudados
os fenômenos ocorridos na etapa (3).
Figura 1. Esquema da injeção de vapor contínua (Adaptado de [6]).
Embora a água que ingressa na UGV seja tratada, não é
possível remover totalmente os sais dissolvidos. Assim, opta-
se por deixar uma fração da água em estado líquido para
manter os sais em solução diminuindo sua precipitação e a
formação de incrustações na parede interna dos tubos da
UGV. A espessura destes depósitos sólidos tendem a crescer
com o tempo, reduzindo a área aberta ao fluxo e a troca
térmica. Desta forma o rendimento da unidade é prejudicado.
A fração de água vaporizada é denominada de qualidade ou
título de vapor ( ). No Brasil, este parâmetro está na faixa de
76% a 80%. Como a massa de água vaporizada deixa seus sais
na fase líquida, a qualidade , que normalmente é medida na
saída da UGV, é obtida comparando a salinidade da água na
entrada ( ) com a salinidade da água na saída ( ),
= =1− .
A injeção de vapor envolve perdas de calor para o meio
externo (Fig. 2) e seu controle é um desafio. As perdas na
BRAGA PEREIRA et al.: THREE-DIMENSIONAL MODELLING
superfície e ao longo do poço podem ser parcialmente
controladas e minimizadas utilizando, por exemplo, UGVs
móveis próximos da cabeça do poço de injeção, ou revestindo
com material isolante as linhas de distribuição e coluna de
injeção [7]. Linhas muito extensas causam maiores perdas. Já
no reservatório as perdas de calor são não controláveis. O
vapor aquece a rocha, a água, as camadas superior e inferior e
por fim o óleo A Fig. 2 representa as formas de troca de calor.
Figura 2. Perdas de calor em superfície e em subsuperfície [8].
A transferência de calor ocorre por condução, convecção e
radiação. No poço, o fluxo de calor ocorre por condução
térmica na coluna, no isolamento térmico, no revestimento e
no cimento. Já no espaço anular, a depender do fluido nele
contido, a transferência de calor pode ocorrer por radiação,
condução e convecção [7]. Um parâmetro que permite
mensurar a importância da transferência de calor por
convecção e por condução é o Número de Nusselt (Nu),
equação (1)
ℎ II. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
= , (1)
λ O sistema para o estudo da transferência de calor latente do
sendo ℎ o coeficiente de transferência de calor convectivo na
parede, um comprimento característico, no caso da injeção
de vapor é o diâmetro interno da coluna de injeção mantido
fixo e a condutividade térmica da mistura [9]. Os valores
de Nusselt no plano de entrada da coluna são mostrados na
Tabela III.
As perdas de calor no escoamento ao longo da coluna de
injeção induzem a uma condensação progressiva do vapor,
formando um filme líquido na superfície interna da coluna e,
portanto, uma mistura bifásica vapor-água, com consequente
redução da qualidade do vapor e entalpia.
Com o objetivo de minimizar a perda de calor do vapor
para a formação atravessada pelo poço, a coluna de injeção é
isolada termicamente, contribuindo para a manutenção de alta
qualidade do vapor injetado. Assim, um dos métodos
utilizados para este objetivo é o uso da coluna de injeção
isolada a vácuo (VIT- vacuum insulated tubing), mostrado na
Fig. 3. A técnica consiste no uso de dois tubos concêntricos
que são soldados em suas extremidades, formando um espaço
anular contendo vácuo, o que minimiza a transferência de
calor radial [10,11,12,13,14,15,16,17]. Porém, já que a junção
(conector) entre os dois tubos não é isolada, transferência de
calor pode ser significante neste local [18]. O tubo interno é
691
pre-tensionado de modo a compensar a diferença de dilatação
entre os tubos interno e externo, minimizando com isso a
expansão térmica total da coluna injetora.
Figura 3. Coluna isolada a vácuo - VIT (Adaptado de [12]).
Além de diminuir a perda de calor do vapor para a
formação, o VIT minimiza tensões térmicas no revestimento e
cimento, e otimiza os ciclos da estimulação cíclica de vapor
para melhorar economicamente os projetos [12]. Contudo,
como desvantagem, a adoção de VIT irá incrementar os custos
comparados com o uso de coluna convencional.
Neste trabalho é estudada a injeção de vapor nas
configurações convencionais e VIT com auxílio do software
Ansys CFX®. Assume-se homogeneidade da mistura, o que
implica que não há efeitos de regime de fluxo e que ambas as
fases escoam com a mesma velocidade, isto é, não há
escorregamento entre elas. Entretanto na prática, padrões de
fluxos de escoamento bifásico tipo bolhas, golfadas, anular e
bolhas dispersas podem ser observados [19]. No caso do fluxo
vertical descendente, são observados principalmente os
padrões de fluxo tipo bolhas, golfadas e anular [20].
vapor para a formação atravessada pelo poço vertical de 20 m
de comprimento (teórico para fins de simulação), é formado
pelo vapor, coluna de injeção, espaço anular contendo gás
estagnado à pressão constante (em diante identificado como
gas blanket), coluna de revestimento de aço em contato com a
parede do poço e a formação propriamente dita. Vapor
saturado é injetado no topo da coluna de injeção. A
temperatura da formação é assumida como constante com
valores iguais a -20 °C, 10 °C e 60°C. Já a temperatura inicial
do vapor é igual a 350°C para todas as situações. Como existe
troca de calor do vapor com o meio externo mais frio a
qualidade do vapor diminui ao longo da coluna devido ao
processo de condensação.
Com o propósito de avaliar o efeito do isolamento na
qualidade do vapor, duas configurações simplificadas para a
coluna de injeção são testadas: coluna convencional (sem
isolamento) e coluna isolada a vácuo (VIT), ambas com igual
comprimento de 20 m, e espessuras de 0,51 pol e 1,51 pol,
respectivamente (Fig. 4). O estudo assume que as colunas não
apresentam junções rosqueadas e que as espessuras são iguais
à da coluna convencional. Além de que o gas blanket é
estagnado e não apresenta transferência de calor por
convecção. O diâmetro interno das colunas (dic) é 2,99 pol e o
692
diâmetro interno da coluna de revestimento (dir) é 8,9 pol.
Neste estudo não é incluído o cimento entre o diâmetro
externo do revestimento e a parede do poço.
Figura 4. Representação esquemática do problema, que corresponde ao trecho
3 da Fig. 1.
As propriedades termodinâmicas do vapor foram obtidas
usando o banco de dados da tabela IAPWS-IF97 (IAPWS –
International Association for the Properties of Water and
Steam). Ao desenvolver a base de dados IAPWS para o solver
Ansys CFX®, as propriedades devem ser avaliadas em função
da pressão e temperatura no local.
O projeto proposto foi dividido em estudos de casos
considerando vazão do vapor igual a 1,2 kg/s e 3,3 kg/s e
qualidade do vapor de 80 %, além de três valores para a
temperatura da formação, -20 °C, 10 °C e 60 °C.
Alguns dados a respeito das propriedades dos materiais,
mostrados na Tabela I, foram inseridos no ambiente Ansys
CFX®. O calor específico e a densidade do gas blanket foram
estimados a partir da temperatura média entre a temperatura
de formação de 10 °C e temperatura do vapor (350 °C). Além
disso, considera-se que o fluxo de calor no poço é permanente
e que a coluna é concêntrica em relação ao revestimento. Para
a caracterização dos fluidos foi utilizado o modelo multifásico
homogêneo, isto é, assume-se a homogeneidade da mistura e o
não escorregamento entre as fases.
TABELA I. PROPRIEDADE DOS MATERIAIS ([21] E [22]).
Propriedades
Condutividade térmica do gas blanket, W/m-K
Calor específico do gas blanket, kJ/kg-K
Densidade do gas blanket, kg/m3
Condutividade térmica do revestimento, W/(m K)
Condutividade térmica da coluna convencional,
W/(m K)
Condutividade térmica da coluna isolada a vácuo
(VIT), W/(m K)
Calor específico do revestimento e da coluna de
injeção, kJ/(kg K)
Densidade do revestimento e da coluna de
7200
injeção, kg/m3
O estudo propõe estimar a pressão, a temperatura e a
qualidade do vapor ao longo do comprimento da coluna de
IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 15, NO. 4, APRIL 2017
injeção para diferentes condições de vazão de injeção de
vapor, qualidade inicial do vapor e temperatura da formação.
São considerados os efeitos da condensação, fenômeno
importante nas operações de injeção de vapor. Esta abordagem
é realizada utilizando o software comercial Ansys CFX®.
III. ABORDAGEM MATEMÁTICA
A. Equações de transporte
O movimento da mistura “m” líquido-vapor é descrito
pelas equações da continuidade, equação (2), da conservação
da quantidade de movimento linear, equação (3), e equação da
energia, equação (5), detalhadas a continuação [23]
+ ∙( ) = 0, (2)
onde é a densidade da mistura e é o vetor de velocidade.
O primeiro termo do lado esquerdo representa a taxa de
variação de massa em termos do elemento infinitesimal
escolhido e o segundo termo representa a taxa líquida de fluxo
de massa para fora da superfície de controle.
Assumindo a condição de não escorregamento entre as
fases, a equação de conservação da quantidade de movimento
linear, equação (3), também pode ser descrita em termos de
mistura uma vez que no modelo multifásico homogêneo as
fases compartilham o mesmo campo de pressão ( ) e
velocidade
( )
+ ∙( )=− + ∙ ̿+ , (3)
o primeiro e o segundo termo do lado esquerdo da equação
anterior representam a aceleração local e convectiva,
respectivamente, e os termos do lado direito representam as
forças de pressão, as forças viscosas e a força gravitacional
( = 9,8 m/s2 ı̂). O tensor de tensão, ̿, é relacionado com o
gradiente de velocidade mediante
̿= μ +( ) , (4)
µmeff é a viscosidade efetiva a partir do modelo de turbulência,
μ = + , sendo a viscosidade da mistura e a
viscosidade turbulenta definida pela equação (9). Por fim, a
equação de energia do fluido, equação (5), é
Valor
0,05 ( ℎ )
+ ∙( ℎ )= ∙ (λ ), (5)
1,1019
119,126 sendo ℎ a entalpia da mistura calculada mediante ℎ =
44 , com o calor específico a pressão constante e
a temperatura de referência; λ é a condutividade térmica
44
da mistura; e T é a temperatura. A entalpia é a energia total
armazenada por uma substância pura a partir de um estado
0,01 inicial de pressão e temperatura até uma determinada pressão
e temperatura. Como a viscosidade da mistura é muito baixa
foi desconsiderada da equação de energia o termo de
0,434
dissipação viscosa ̿: .
O modelo de mudança de equilíbrio de fase parte do
princípio de que a mistura das duas fases esteja em equilíbrio
termodinâmico local e é especialmente adequado para os
fluxos de condensação de vapor com pequenas frações de
BRAGA PEREIRA et al.: THREE-DIMENSIONAL MODELLING 693

massa líquida. Isto significa que as duas fases têm a mesma energia cinética turbulenta e a dissipação através da relação
temperatura e que a mudança de fase ocorre muito seguinte
rapidamente. Para determinar a fração de massa do vapor ou
qualidade ( ), o solver de fluxo utiliza a regra da alavanca = , (9)
dado pela equação (6) [23]
onde é uma constante típica do modelo e igual a 0,09. Os
ℎ −ℎ , ( ) valores de e ε são obtidos das equações de transporte para a
= , (6)
ℎ , ( )−ℎ , ( ) taxa de energia cinética turbulenta, equação (10), e de
sendo a pressão estática, ℎ , ( ) e ℎ , ( ) são as dissipação turbulenta, equação (11)
( )
entalpias de saturação do líquido e do vapor, respectivamente, + ∙( )= ∙ + + −
(10)
como função da pressão. ,
Com os valores de p e ℎ , a temperatura é determinada
por interpolação na tabela IAPWS-IF97. Este banco de dados ( )
é obtido mediante um conjunto de equações para diferentes + ∙( )= ∙ + +
(11)
regiões que cobrem o seguinte intervalo de validade: ( − ),
273,15 K ≤ ≤ 1073,15 K para ≤ 100 MPa e Pĸ é a produção de turbulência devido às forças viscosas; ,
1073,15 K < ≤ 2273,15 K para ≤ 50 MPa. Neste , e são constantes típicas do modelo de turbulência
trabalho, a formulação estende-se a prever as propriedades do com os respectivos valores: 1,44; 1,92; 1,0; e 1,3; a média
vapor e da água nos seguintes intervalos de temperatura e temporal do vetor da velocidade [26].
pressão, respectivamente: 450 K ≤ T ≤ 900 K e 1 MPa ≤
p ≤ 30 MPa. Além disso, as propriedades termodinâmicas do C. Condições de contorno
vapor e da água também podem ser apresentadas na forma Para resolver o sistema de equações é necessário delimitar
gráfica através do diagrama pressão-entalpia [24]. seu domínio de solução, isto é, estabelecer as condições de
Nos domínios sólidos da coluna de injeção, gas blanket e contorno.
coluna de revestimento, a equação da conservação de energia, Plano de entrada (x = 0 na Fig. 4):
equação (7), determina o comportamento da temperatura.  vazão de injeção do vapor = 1,2 kg/s e 3,3 kg/s;
 temperatura do vapor = 350 oC;
(7)  qualidade do vapor = 80 %;
=λ ,
 energia cinética turbulenta = ( ) = 0,014141
em que λ é a condutividade térmica, é o calor específico à 2 2 2 2
m /s e 0,0870959 m /s , com a intensidade da
pressão constante, é a densidade e é a temperatura das turbulência obtida de = = 0,16
/
, onde éa
três regiões sólidas envolvidas: i = 1 (coluna de injeção), i = 2
(gas blanket) e i = 3 (revestimento). Os respectivos valores flutuação da velocidade e ℎ o diâmetro hidráulico;
destes parâmetros podem ser encontrados na Tabela I.  taxa de dissipação da energia cinética turbulenta =
⁄
⁄ 2 3 2 3
B. Modelagem da turbulência = 3,16528 m /s e 64,2739 m /s ;
Escoamentos podem ser classificados de acordo com o tipo Plano de saída (x = L na Fig. 4): Pressão do vapor é 16,5
MP;
de movimento e velocidade das partículas do fluido, tornando-
Fronteira externa (y = raio do poço na Fig. 4): na formação, a
se instáveis após certo número de Reynolds ( ), equação (8).
temperatura é constante e igual a -20 °C, 10 °C e 60 °C.
Para baixo número de Reynolds, o fluxo é laminar. Já para
altos números de Reynolds, o fluxo apresenta características D. Cenários analisados
turbulentas, estado aleatório e caótico de movimento onde a Ao todo seis casos foram considerados, porém agrupados
velocidade e pressão mudam continuamente com o passar do em dois cenários especificados na Tabela II. Diversos outros
tempo [25]. Os valores de Reynolds no plano de entrada da cenários foram explorados, entretanto a limitação de espaço
coluna, para uma velocidade média , são mostrados na não permite sua apresentação neste artigo.
Tabela III.
TABELA II
= . (8) PRINCIPAIS PARÂMETROS DOS CENÁRIOS 1 E 2
Vazão de Qualidade do vapor na Temperatura da
Cenário
O número de Reynolds obtido mostra que o escoamento é injeção, kg/s entrada da coluna, % formação, °C
1 1,2 80 -20, 10 e 60
turbulento. Assim, para este estudo é utilizado o modelo de 2 3,3 80 -20, 10 e 60
turbulência – ε, proposto por Chou (1945 apud [25]). Este
modelo resolve duas equações de transporte distintas: Energia O cálculo dos números de Reynolds e de Nusselt da
Cinética Turbulenta , equação (10), definida pela variação mistura vapor-água, requer valores médios da densidade da
das flutuações na velocidade, e Taxa de Dissipação da Energia mistura, , da viscosidade da mistura, , do coeficiente de
Cinética Turbulenta ε, equação (11). No modelo considera-se transferência de calor convectivo, ℎ , e da condutividade
que a viscosidade turbulenta, , está relacionada com a térmica da mistura, . Estes dados, referentes à mistura
694
vapor-água na entrada da coluna de injeção são determinados
no Ansys CFD-Post e mostrados na Tabela III.
TABELA III
PROPRIEDADES DA MISTURA VAPOR-ÁGUA E NÚMEROS
ADIMENSIONAIS
Cenário , kg/m3 , kg/(m s) Re
1 134,645 3,2227 x 10 1,25x106
2 134,871 3,2228 x 10 3,34x106
ℎ , W/(m2 K) λ , W/(m K) Nu
1.514,92 0,197656 582,1
3.696,18 0,197826 1.419
Em uma tubulação de seção reta circular, na maioria das
condições práticas, o escoamento é laminar para Re ≤ 2.300,
turbulento para Re ≥ 4.000 e de transição entre esses valores
[18]. Observando os valores de Reynolds na Tabela III, a
hipótese do escoamento turbulento é satisfeita.
O sistema de equações apresentado tem solução desde que
o número de equações seja igual ao número de incógnitas.
Esta condição é satisfeita uma vez que para as 11 incógnitas
do problema tridimensional u, v, w, p, ℎ , , , , , e
, tem-se 11 equações, são elas equação (2), equação (3) na
direção x, equação (3) na direção y, equação (3) na direção z,
equação (5), equação (6), equação (7) para i=1, equação (7)
para i=2, equação (7) para i=3, equação (10) e equação (11),
respectivamente.
IV. ABORDAGEM NUMÉRICA
As equações que governam o problema tridimensional,
multifásico, turbulento são resolvidas pela técnica dos
volumes finitos implementada no Ansys CFX® 15.0 [23, 26].
O escoamento é multifásico devido à presença de duas
fases distintas, vapor e condensado. Entretanto considera-se
que esteja em equilíbrio termodinâmico local, ou seja, as duas
fases têm a mesma temperatura e são tratadas como um fluxo
monofásico. Desta forma é adotado o modelo multifásico
homogêneo, onde ambas as fases compartilham os campos de
pressão e de velocidade, e não existe escorregamento entre
elas.
A solução é obtida no regime permanente, onde as
propriedades de interesse não se alteram com o tempo [27].
Apesar de o regime adotado ser estacionário, a solução é
obtida mediante a abordagem pseudo-transiente. O Ansys
CFX® utiliza um solucionador acoplado entre a equação da
quantidade de movimento linear e da pressão (acoplamento
velocidade-pressão), que resolve estas equações
hidrodinâmicas (para u, v, w e p) na forma de um único
sistema, utilizando Rhie Chow para interpolação. Esta
abordagem de solução usa o procedimento totalmente
implícito.
A abordagem proposta para este trabalho é baseada na
análise tridimensional (3D) do escoamento da mistura líquido-
vapor, considerando a simetria do domínio para reduzir o
esforço computacional. A geometria é construída com o
IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 15, NO. 4, APRIL 2017
software DesignModeler envolvendo os domínios vapor,
sólido (tubing), gás estagnado – gas blanket (anular), sólido
(revestimento) e formação. Já a discretização no espaço é
obtida com o software Meshing resultando em 41.800
elementos (220 prismas e 41.580 hexaedros) (Fig. 5), sendo
6.600 elementos em cada domínio do vapor, coluna e
revestimento, e 22.000 elementos no domínio do gas blanket.
Figura 5. Trecho inicial discretizado. O domínio completo contem 41.800
elementos.
Após incorporar as condições de contorno, propriedades do
vapor e dos sólidos envolvidos, assim como parâmetros
operacionais da injeção, o problema é resolvido com o CFX-
Solver manager, subsequente os resultados são pós-
processados no Ansys CFD-Post. É fixado um número
máximo de 1.000 iterações com um resíduo de 10-4. O tempo
de simulação médio foi de 5 minutos em um computador com
processador Intel(R) Core(TM) i3-2350M, CPU @ 2.30GHz,
4.0 GB de memória RAM e sistema operacional de 64 bits.
V. RESULTADOS E COMENTÁRIOS
Os resultados apresentados são valores médios calculados
no plano transversal y-z. Inicialmente verificam-se o
comportamento da temperatura e da pressão nas Figs. 6 e 7,
respectivamente, ambos em relação à profundidade do poço, x.
Por se tratar de um sistema permanente, a velocidade e a
pressão em um determinado ponto não variam com o tempo.
A temperatura também não se altera mesmo com as mudanças
da temperatura da formação. Estas mudanças externas só
afetam a qualidade do vapor pois há a perda de calor latente e
quanto menor a temperatura da formação, menor será a
entalpia da mistura e assim menor a qualidade ao longo da
coluna.
E. Temperatura e pressão da mistura ao longo da coluna
Para os dois cenários a temperatura da mistura aumenta
com a profundidade do poço (Fig. 6), sendo mais acentuada
para a vazão menor.
Este comportamento é resultado da compensação
termodinâmica devido ao incremento da pressão hidrostática.
Por se tratar de uma configuração vertical, o peso da coluna
hidrostática (originada pela condensação do vapor) aumenta
com a profundidade. Entretanto, devido ao atrito, a pressão de
do vapor diminui ao longo da coluna. Desconsiderando efeitos
de aceleração, o gradiente de pressão total é igual à soma
BRAGA PEREIRA et al.: THREE-DIMENSIONAL MODELLING
da componente hidrostático com a componente por atrito
, isto é = + . Nas condições analisadas a
influência do aumento da pressão hidrostática é maior do que
a diminuição da pressão por atrito, com isso a pressão do
vapor aumenta (Fig. 7) e consequentemente também sua
temperatura. Este comportamento explica-se porque a coluna é
curta, apenas 20 m, para comprimentos maiores as perdas por
atrito passariam a dominar, reduzindo a pressão total.
Figura 6. Influência da vazão de injeção de vapor na temperatura média ao
longo do poço.
É importante enfatizar que, para uma maior vazão de vapor
(cenário 2) tem-se uma maior pressão na entrada, e, por
conseguinte uma maior temperatura de saturação.
Comportamento observado nas Figs. 6 e 7.
Figura 7. Influência da vazão de injeção de vapor na pressão média ao longo
do poço.
Como a pressão na saída do poço foi imposta em 16,5 MPa
em todos os casos estudados, a temperatura nesse plano será
igual a 349,856 °C. Apesar da estipulação da temperatura
inicial do vapor ser de 350 °C na entrada da coluna nota-se
uma pequena diminuição da mesma, pois para cada valor de
pressão absoluta do vapor, calculada no plano inicial, tem-se
um valor de temperatura de saturação correspondente. Logo,
para o cenário 1 tem-se uma pressão inicial igual a 16,4772
MPa e temperatura de saturação de 349,744 °C. Para o cenário
2, a pressão no início foi calculada como sendo 16,4942 MPa
e temperatura igual a 349,828 °C.
F. Qualidade do vapor ao longo da coluna
Nas Figs. 8 e 9 se apresenta a variação da qualidade do
vapor nas duas colunas, sem e com isolamento (convencional
e VIT), para duas vazões de injeção de vapor e duas
695
temperaturas da formação (10 °C e 60 °C). A mudança da
qualidade é pequena devido a curta extensão da coluna. Na
coluna convencional, a qualidade tem uma perda mais
acentuada em comparação à coluna isolada, ou seja, menor
fração de vapor chegará ao final do percurso. A diminuição da
qualidade do vapor ao longo da configuração VIT é
baixíssima em razão da sua baixa condutividade térmica. Em
relação à influência da temperatura externa, percebe-se uma
diminuição mais acentuada da qualidade do vapor com o
resfriamento do ambiente externo. É notória a influência da
vazão de injeção na coluna convencional. Taxas maiores
favorecem a manutenção da qualidade do vapor (o que é
desejado nos métodos térmicos) uma vez que os fluidos tem
menos tempo para a troca de calor.
Figura 8. Qualidade do vapor ao longo do poço com vazão de 1,2 kg/s.
Figura 9. Qualidade do vapor ao longo do poço com vazão de 3,3 kg/s.
G. Qualidade do vapor na saída da coluna de injeção
A qualidade do vapor na saída do poço (posição x = 20 m)
é mostrado na Fig. 10 para o cenário 1 que corresponde a
vazão de injeção de 1,2 kg/s e para três temperaturas da
formação (“Text” na figura). Como era de se esperar, à
medida que a temperatura externa aumenta, a diminuição da
qualidade do vapor é menos intensa, ou seja, mais vapor e
menos líquido atinge a saída da coluna de injeção. O melhor
desempenho da configuração VIT, quando comparado com a
coluna convencional, é evidente neste gráfico. É importante
ressaltar que para a coluna isolada, por ter baixa
condutividade, pouca influência externa será observada, o que
explica a menor variação dos valores de qualidade final para
as três temperaturas da formação. Já para a coluna
convencional a diferença é um pouco mais expressiva, uma
vez que sendo mais condutiva a mudança das condições de
696
contorno externas interferem no desempenho da mistura
vapor-água. Comportamento similar da qualidade do vapor,
embora menos acentuado é registrado com a vazão maior, de
3,3 kg/s. Isso porque, conforme destacado, maiores vazões
favorecem a menor troca de calor.
Figura 10. Influência da temperatura da formação na qualidade de vapor
obtido na saída da coluna de injeção para o cenário 1. A qualidade do vapor
na entrada é de 80 %.
O campo de fração de massa do vapor, ou qualidade do
vapor, na saída das colunas sem e com isolamento são
mostrados na Fig. 11, ambos com temperatura da formação de
10 °C. Embora as variações sejam pequenas, a qualidade do
vapor é maior no centro da coluna (representada pela cor
vermelha na versão online) diminuindo radialmente em
direção à parede (cor azul) que representa o líquido resultado
da condensação do vapor. Na coluna isolada (Fig. 11b) vapor
ocupa uma área maior da seção reta, com isso o valor médio
da qualidade é maior nesta configuração (79,99%) contra
79,90% da convencional.
(a) coluna convencional (b) coluna VIT
Figura 11. Contorno da fração de massa do vapor (qualidade) na saída, para o
cenário 1, com temperatura da formação igual a 10°C.
O efeito da condutividade térmica da coluna ( ) na fração
de vapor que atinge a saída da coluna é destacada na Fig. 12.
De uma forma geral, o aumento da condutividade é prejudicial
ao processo de injeção. Entretanto este comportamento pode
ser controlado aumentando a vazão de injeção de vapor o qual
exige sistemas mais robustos em superfície. A qualidade do
vapor é também função direta das condições térmicas da
formação, onde ambientes mais frios são indesejados. É
interessante ressaltar nesta figura que, objetivando a
manutenção da qualidade do vapor, existe uma condutividade
crítica ( ) que permite evidenciar duas regiões onde o
melhor desempenho é obtido:
i. para < com vazões de injeção menores; e
ii. parar com vazões de injeção maiores.
IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 15, NO. 4, APRIL 2017
A identificação da permite guiar a escolha de vazões
de injeção do vapor.
Figura 12. Qualidade do vapor na saída da coluna versus condutividade
térmica do VIT, considerando a qualidade inicial de 80%.
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A natureza tridimensional, multifásica, turbulenta e com
troca de calor envolvendo uma mistura líquido-vapor, além de
domínios sólidos, tornam o problema complexo de se resolver
numericamente, e de se expor de forma resumida.
A pressão, temperatura e qualidade do vapor não são
significativamente alterados com a profundidade do poço
devido a sua extensão ser pequena, apenas 20 metros. No
entanto, foram evidenciados resultados coerentes com os
encontrados na literatura [21]. Por se tratar de um sistema em
regime permanente, a pressão e temperatura não variam com o
tempo. E por se tratar de um processo de troca de calor latente
a temperatura não se altera com as variações no ambiente
exterior, afetando apenas a qualidade do vapor.
Comprovou-se o melhor desempenho da coluna isolada,
sobre a coluna convencional, em manter uma maior fração de
vapor na coluna.
Conforme esperado, quanto mais frio for o ambiente
externo, maior será a diminuição da qualidade do vapor.
A maior vazão de injeção proporciona menor tempo de
permanência do vapor na coluna, ocasionando menor perda de
calor latente e de qualidade, na coluna convencional.
É determinada a existência de uma condutividade térmica
crítica que determina a inversão do efeito da vazão na
qualidade do vapor. Se a condutividade é menor do que a
crítica, vazões baixas são recomendadas. Para condutividades
maiores do que a crítica, vazões elevadas favorecem a
manutenção da qualidade do vapor injetado.
Como sugestões para dar continuidade ao trabalho
realizado destacam-se: (i) utilização de colunas de maior
extensão; (ii) incorporação do gradiente geotérmico como
condição externa da formação; (iii) ocorrência de transferência
de calor por convecção natural no gas blanket; (iv)
determinação das perdas de calor nos conectores da coluna de
injeção; (v) utilização de diversas qualidades de vapor na
entrada da coluna; e (vi) influência da excentricidade coluna /
revestimento.
BRAGA PEREIRA et al.: THREE-DIMENSIONAL MODELLING
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos representantes da empresa
Tecvix por compartilhar informações sobre o problema.
Agradecem também ao capítulo estudantil SPE Ufes
<spe.ufes.br>, por viabilizar o uso gratuito da plataforma
OnePetro <onepetro.org> da SPE – Society of Petroleum
Engineers nas instalações da Ufes campus São Mateus.
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mobilization trapped in a square cavity”. Revista IEEE América Latina,
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numerical investigation of immiscible water-oil displacement in
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estágio de uma bomba centrífuga utilizando técnicas de fluidodinâmica
computacional”. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Natal, RN, 2010.
Isabela Braga Pereira, graduou-se em Engenharia de
Petróleo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
campus São Mateus, ES, Brasil, em 2016. Suas atividades
desenvolvidas durante o projeto de graduação se concentram
na simulação numérica para a análise da transferência de calor
em escoamentos bifásicos, vapor-água, mediante o software
Ansys CFX.
Daniel da Cunha Ribeiro, é Professor do curso de
Engenharia de Petróleo e do Programa de Pós-Graduação em
Energia da Universidade Federal do Espírito Santo, campus
São Mateus. Possui graduação em Engenharia Química pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), Mestrado em
Engenharia Química pela Universidade Estadual de
Campinas (2001) e Doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2012). Atua principalmente em análise de sistemas de escoamento
envolvendo troca de calor e massa, reações químicas, mudança de fase,
equilíbrio termodinâmico e escoamento multifásico.
Oldrich Joel Romero, é peruano, graduado em Engenharia
Mecânica pela “Universidad Nacional de Ingeniería” (UNI),
Lima / Perú, tem Mestrado (1999) e Doutorado (2003) pela
PUC-Rio, Rio de Janeiro, Brasil. Atua desde 2008 na Ufes,
campus São Mateus, como professor do programa de Pós-
Graduação em Energia e do curso de Graduação em
Engenharia de Petróleo. É professor sponsor do Capítulo Estudantil SPE Ufes,
fundador do grupo de pesquisa Produção e Processamento de Petróleo, Gás e
Energias Renováveis (GPetro/CNPq), responsável pelo evento anual
Petroufes, fundador e editor da revista Latin American Journal of Energy
Research (Lajer). Suas linhas de pesquisa se concentram em
microescoamentos bifásicos, recuperação de petróleo, elevação artificial,
garantia de escoamento, fluidos não-Newtonianos e processo de revestimento
por extrusão.