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RODADAS

MP-SP
PROMOTOR

RODADA 3

Comentários
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INSTRUÇÕES PARA O ENVIO DE RECURSOS:

i. Enviar impugnação via central do aluno (“mensagens”), selecionando a categoria


“simulados”;

ii. Registrar no assunto da mensagem o nome curso e o número da rodada (Ex.:


RECURSO – RODADA 1 DPE-SP).

iii. O prazo para envio das impugnações aos comentários desta rodada é até às 23:59h
do dia 13/04/2019. Recursos intempestivos não serão conhecidos.

BOA PROVA!

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Vorne Cursos,
sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
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  DIREITO PENAL
Professora responsável:
Júlia Flores Schütt
julia.schutt@vorne.com.br

1) Não tem o condão de gerar reincidência:

a. O cometimento de contravenção penal após condenação penal definitiva por crime no estrangeiro.
b. O cometimento de contravenção penal após condenação penal definitiva por crime no Brasil.
c. O cometimento de crime após condenação penal definitiva por contravenção penal praticada no Brasil.
d. O cometimento de crime após condenação penal definitiva por crime praticado no estrangeiro.
e. Cometimento de contravenção penal após condenação penal definitiva por contravenção penal praticada no Brasil.

Comentários:
As respostas são extraídas do art. 63 do Código Penal e do art. 7º da Lei de Contravenções penais:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença
que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
Por fins didáticos, a correção da questão será apresentada a partir de quadro em que se busca sintetizar a resposta:

1º PASSO 2º PASSO RESULTADO JURÍDICO 3


Condenação penal definitiva por cri- Cometimento de crime. Reincidência (art. 63 do CP).
me praticado no Brasil ou no estran-
geiro.
Condenação penal definitiva por cri- Cometimento de contravenção pe- Reincidência (art. 7º da LCP).
me praticado no Brasil ou no estran- nal.
geiro.
Condenação penal definitiva por Cometimento de contravenção pe- Reincidência (art. 7º da LCP).
contravenção penal praticada no nal.
Brasil.
Condenação penal definitiva por Cometimento de crime. Não gera reincidência, mas tem con-
contravenção penal praticada no dão de gerar maus antecedentes.
Brasil.

a. Correta. Ver tabela acima.


b. Correta. Ver tabela acima.
c. Errada. Ver tabela acima.
d. Correta. Ver tabela acima.
e. Correta. Ver tabela acima.

2) É dispensável à identificação do concurso de pessoas:

a. Pluralidade de agentes e de condutas.


b. Relevância causal das condutas.
c. Ajuste prévio entre os agentes.
d. Identidade de infração penal.
e. Liame subjetivo entre os agentes.

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Comentários:
a. Correta. A existência de agentes que empreendam condutas relevantes é requisito do concurso de agentes.
Importante frisar que, em que pese todos se dediquem ao sucesso da prática criminosa, é possível que alguns se
dediquem à execução do núcleo do tipo enquanto outros se responsabilizem por funções paralelas. O que é impres-
cindível é a ação reunida.
b. Correta. Não basta a pluralidade de agentes. Para haver o concurso é imprescindível que cada uma das condutas
empreendida tenha relevância causal.
c. Errada. Embora seja imprescindível o liame subjetivo entre os agentes, conforme será explanado no item e,
dispensa-se o ajuste prévio. Assim, para a caracterização do concurso de pessoas basta a atuação consciente em
conjunto no sentido de contribuir para a conduta do outro. Assim, não se exige nem o ajuste prévio e, muito menos,
eventual estabilidade da “associação”.
d. Correta. Para que se configura o concurso todos os agentes devem concorrer para o mesmo evento criminoso.
O Código Penal, em seu art. 29, como regra, adotou a denominada teoria monista, estabelecendo a existência de
apenas um crime e a responsabilidade de todos os que concorrem para a sua prática. Atenção para as exceções,
que, inclusive, já se apresentam nos parágrafos do art. 29 ao tratarem da participação de menor importância e da
cooperação dolosamente distinta. Há outras exceções à teoria monista em nosso ordenamento jurídico, a exemplo
dos crimes de corrupção ativa e de corrupção passiva (exceção pluralista à teoria monista).
e. Correta. Como adiantado no item c, imprescindível ao concurso de agentes que todos atuem conscientes de que
estão reunidos para a prática da mesma infração. Ausente o vínculo psicológico, desnaturado estará o concurso de
pessoas, podendo, todavia, vir a configurar autoria colateral.

3) Sobre o instituto da reabilitação, assinale a alternativa correta:

a. Trata-se de causa extintiva da punibilidade.


b. A reabilitação impede o reconhecimento da agravante da reincidência em crime futuro.
c. Dentre os requisitos legais à concessão da reabilitação ao condenado, prevê o Código Penal ser necessá-
4
rio o ressarcimento do dano causado pela prática do crime, salvo se demonstrada a absoluta impossibilida-
de de fazê-lo, o qual poderá ser suprido pela exibição de documento que comprove a renúncia da vítima ou
a novação da dívida.
d. Se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, à pena que não seja de multa, a reabilita-
ção deverá ser revogada a pedido do Ministério Público, não podendo o Juiz fazê-lo de ofício.
e. Podendo a reabilitação também suspender efeitos extrapenais da sentença condenatória transitada em julgado, o
condenado pelo crime de peculato doloso, cuja condenação implicou em perda do cargo público, uma vez reabilitado
voltará a ocupar o seu cargo.

Comentários:
a. Errada. A partir da reforma da Parte Geral do ano de 1984, a reabilitação deixou de configurar causa extintiva da
punibilidade para se tornar medida jurídica embasada em política criminal capaz de garantir ao condenado o sigilo
sobre o seu processo e condenação, podendo também suspender determinados efeitos extrapenais determinados
em sentença penal condenatória.
b. Errada. A medida da reabilitação não rescinde a condenação. Tem o condão de suspender determinados efeitos
extrapenais, contudo permanecem todos os seus efeitos penais secundários, a exemplo da reincidência.
c. Correta. Trata-se da redação do inciso III do art. 94 do Código Penal: “A reabilitação poderá ser requerida, decor-
ridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o
período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado”: 
(...) III – “tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia
do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida”.
d. Errada. O magistrado, quando identificar que o reabilitado foi condenado, como reincidente, por decisão definiti-
va, à pena que não seja de multa, ainda que de ofício, deverá revogar a reabilitação, consoante prevê o art. 95: “A
reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa”. 
e. Errada: Sabe-se que dentre os efeitos extrapenais da condenação criminal está estipulada a perda do cargo público:

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Art. 92 do CP: São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quan-
do aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
O caso apresentado na assertiva se enquadra no art. 92, I, a, do CP, uma vez que o reabilitado foi condenado pela
prática do crime de peculato doloso.
O legislador, por sua vez, ao tratar da reabilitação e da suspensão dos efeitos da condenação estipulados no art. 92,
assim disciplinou: “Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no
art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo”. 
Desse modo, conforme leciona doutrina majoritária, apenas é viável a reabilitação integral quanto ao efeito da con-
denação estipulado no inc. III do art. 92: “a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso”. 
Errada, portanto, a assertiva, pois, embora com a reabilitação possa o condenado pelo peculato doloso voltar a
integrar os quadros da administração pública, dependerá de nova investidura para tanto (REABILITAÇÃO PARCIAL
– consoante disciplina o parágrafo único do art. 93).

4) Sobre o crime de receptação, assinale a alternativa incorreta:

a. Nos termos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o agente condenado com decisão transitada em julgado pelo
crime de receptação para o qual tenha se utilizado de veículo para a sua prática, terá cassado seu documento de
habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de cinco anos.
b. Tem-se como receptação imprópria a conduta daquele que influi para que terceiro de boa-fé adquira, receba ou
oculte a coisa produto do crime.
c. Estará em situação de flagrância o agente que se mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime en-
quanto transportá-lo, conduzi-lo ou ocultá-lo.
d. Conforme entendimento já consagrado no Superior Tribunal de Justiça, ainda que o bem tenha sido 5
apreendido em poder do acusado, caberá à acusação provar a origem ilícita da res, sob pena de se incorrer
em flagrante inversão do ônus da prova inadmitida no âmbito do processo penal.
e. De acordo com entendimento dominante no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o talonário de cheques pode
ser objeto material do crime de receptação.

Comentários:
a. Correta. Atenção: LEI 13.804/19 (Medidas de prevenção e repressão aos crimes de receptação, descaminho e
contrabando):
Art. 278-A do CTB:  O condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, descaminho, con-
trabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
condenado por um desses crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habili-
tação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Ainda, dispõe o §2º do mesmo artigo: No caso do condutor preso em flagrante na prática dos crimes de que trata
o caput deste artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade
para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda
mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Fonte: Meu Site Jurídico1  “É agora possível que o juiz, no caso de prisão em flagrante por crimes de receptação,
descaminho e contrabando, sendo o suspeito condutor de veículo automotor, tendo agido usando o veículo para as
práticas criminosas, venha a suspender, em decisão motivada, sua permissão para dirigir ou CNH ou mesmo proibir
a obtenção de permissão, acaso não seja habilitado”.
b. Correta. Trata-se da parte final do caput do art. 180 do CP: “(...) ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira,
receba ou oculte”.

1
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/02/19/cassacao-e-suspensao-da-habilitacao-nos-casos-de-recepta-
cao-descaminho-e-contrabando-lei-13-80419/

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Atenção: ao contrário do que consta da primeira parte do caput, o legislador não acrescentou à receptação imprópria
a conduta de influir para que terceiro de boa-fé transporte ou conduza a coisa produto do crime.
c. Correta: Trata-se do verbete 12 da “Jurisprudência em Teses”2 do Superior Tribunal de Justiça (EDIÇÃO N. 87:
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV): O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, con-
duzir ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que
sabe ser produto de crime.
d. Errada: O STJ já editou verbete destacando que compete à defesa, quando o bem houver sido apreendido em
poder do acusado, provar a sua origem lícita ou que a conduta daquele foi culposa. EDIÇÃO N. 87: CRIMES CON-
TRA O PATRIMÔNIO – IV  (13) No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado,
caberá à defesa apresentar prova acerca da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art. 156 do CPP), sem
que se possa falar em inversão do ônus da prova.
e. Correta: Trata-se do verbete 14 da “Jurisprudência em Teses” do Superior Tribunal de Justiça (EDIÇÃO N. 87:
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV): Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação,
dada a existência de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção de
vantagem ilícita.
Atenção: Ainda sobre a temática no âmbito da “Jurisprudência em Teses” do Superior Tribunal de Justiça (EDIÇÃO
N. 87: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV):
• (15) É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo por serem
delitos autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente responder por ambos os delitos em concurso
material.
• (16) Justifica-se a opção do legislador pela imposição de pena mais grave ao delito de receptação qualificada em
relação à figura simples, pois a comercialização ou industrialização do produto de origem ilícita lesiona o mercado e
os consumidores.

5) Conforme se extrai da análise do art. 29 do Código Penal (concurso de pessoas) em consonância


com o item 25 da Exposição de Motivos do vigente Código Penal, o legislador brasileiro reconhece 6
como autor aquele que realiza a ação nuclear típica e partícipe quem concorre de qualquer forma para
o crime, adotando aquilo que a doutrina concebe como:

a. Teoria Subjetiva.
b. Teoria Extensiva.
c. Teoria Objetivo-material.
d. Teoria Objetivo-formal.
e. Teoria do domínio do fato.

Comentários:
a. Errada. A teoria subjetiva não impõe distinção entre autor e partícipe, considerando autor todo aquele quede algu-
ma forma contribui para a produção do resultado.
b. Errada. A teoria extensiva, da mesma forma que a subjetiva, não impõe distinção entre autor e partícipe, mas permite
a graduação da autoria – com previsão de causas de redução de pena considerando a relevância da contribuição.
c. Errada. Distingue autor e partícipe. Para a teoria objetivo-material aquele é quem contribui objetivamente de forma
mais efetiva para a ocorrência do resultado, não necessariamente praticando a ação nuclear típica. Partícipe, ao seu
turno, é o concorrente menos relevante para o desdobramento causal, ainda que a conduta consista na realização
do núcleo do tipo.
d. Correta. O Código Penal brasileiro adotou, para doutrina majoritária, a teoria objetivo-formal, segundo a qual autor
é aquele que realiza a ação nuclear típica, enquanto o partícipe é quem concorre de qualquer forma para o crime.
Cumpre observar, todavia, que os Tribunais Superiores têm chancelado com relativa frequência a Teoria do domínio
do fato, com o aval da doutrina.

2
A “Jurisprudência em Teses”, conquanto não possua “status” de súmula, representa o entendimento consolidado do Su-
perior Tribunal de Justiça sobre determinada matéria.

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sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
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e. Errada. Como acima explanado, em que pese não seja a teoria adotada pelo nosso Código Penal, trata-se de
teoria que cada vez mais ganha espaço em âmbitos doutrinário e jurisprudencial. De acordo com esta, autor é quem
decide a forma de execução da infração penal – seu início, cessação e demais condições do fato. Partícipe, de
acordo com ela, por sua vez, é aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce
o domínio sobre a ação.  

6) Acerca do posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre os crimes de trânsito e correlatos,


é incorreto afirmar:
a. Dispensável, a partir da vigente redação do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB (crime de embriaguez
ao volante), a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admitindo-se a comprovação da embriaguez do con-
dutor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou outros meios de prova em direito admitidos.
b. O descumprimento à ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus agentes configura o
crime de desobediência.
c. Resta configurado o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa que não seja habilitada indepen-
dentemente da ocorrência de perigo de dano concreto na condução do veículo.
d. Não há que se falar em aplicação do princípio da consunção entre os crimes de embriaguez ao volante (art. 306
do CTB) e de lesão corporal culposa em direção de veículo automotor (art. 303 do CTB), pois o primeiro não é meio
normal, nem fase de preparação ou de execução para o cometimento do segundo.
e. O fato de o condenado pelo crime de praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor ser motorista
profissional de caminhão não conduz à substituição da pena acessória de suspensão do direito de dirigir por outra
reprimenda.

Comentários:
A presente questão foi elaborada a partir de verbetes da “Jurisprudência em Teses”3 do Superior Tribunal de Justiça
(EDIÇÃO N. 114: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO - II: DOS CRIMES DE TRÂNSITO) 7
a. Correta. Verbete 10: Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi reconhecido ser
dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admite-se a comprovação da embriaguez do condu-
tor de veículo automotor por vídeo, testemunhos ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito
à contraprova.
b. Errada. De acordo com o entendimento do STJ, não configura o crime de desobediência  Verbete 12: A desobe-
diência à ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus agentes, ou por policiais ou outros agentes
públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime de desobediência, pois há previsão
de sanção administrativa específica no art. 195 do CTB, o qual não estabelece a possibilidade de cumulação de
punição penal.
c. Correta. Verbete 11: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a
pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, inde-
pendentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. (Súmula n. 575/STJ)
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 901)
Súmula 575 STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor à pessoa
que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independente-
mente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
d. Correta. Verbete 5: Os crimes de embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) e o de lesão corporal culposa em dire-
ção de veículo automotor (art. 303 do CTB) são autônomos e o primeiro não é meio normal, nem fase de preparação
ou de execução para o cometimento do segundo, não havendo falar em aplicação do princípio da consunção.
e. Correta. Verbete 2: O fato de a infração ao art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB ter sido praticada por
motorista profissional não conduz à substituição da pena acessória de suspensão do direito de dirigir por outra repri-
menda, pois é justamente de tal categoria que se espera maior cuidado e responsabilidade no trânsito.
ATENÇÃO: Tese 3: “A imposição da penalidade de suspensão do direito de dirigir veículo automotor não tem o
condão, por si só, de caracterizar ofensa ou ameaça à liberdade de locomoção do paciente, razão pela qual não é
cabível o manejo do habeas corpus”.

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A “Jurisprudência em Teses”, conquanto não possua “status” de súmula, representa o entendimento consolidado do Su-
perior Tribunal de Justiça sobre determinada matéria.

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Ainda sobre o CTB, o STJ, por meio da tese de nº 4, assim pacificou a seguinte temática: Quando não reconhecida
a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem
habilitação (art. 309 do CTB), funcionando este como causa de aumento de pena (art. 303, parágrafo único, do CTB).

7) Sobre as Leis Penais Especiais, assinale a alternativa incorreta:

a. O sujeito ativo dos crimes de abuso de autoridade é próprio, ou seja, somente comete crime de abuso de autori-
dade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.
b. De acordo com entendimento majoritário da doutrina, consuma-se o crime de realizar interceptação de comuni-
cação telefônica sem autorização judicial independentemente de resultado ulterior, tratando-se, portanto, de crime
formal.
c. Nos termos da lei que disciplina os crimes contra a economia popular (Lei nº. 1.521/51), o magistrado, ao absolver
acusado em processo por crime contra a economia popular, deverá recorrer de ofício.
d. O legislador estipulou como condições objetivas de punibilidade das infrações penais previstas na Lei
11.101/05 (diploma legal que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da
sociedade empresária) tanto a sentença que decreta a falência como a decisão que concede a recuperação
judicial, não tendo, todavia, fixado como condição objetiva de punibilidade a decisão que concede a recupe-
ração extrajudicial.
e. O Prefeito que descumprir ordem judicial emanada em Mandado de Segurança responderá pelo crime de deixar
de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente
(art. 1º, XIV, do Decreto Lei nº 201/1967) e não pelo crime de desobediência.

Comentários:
a. Correta. Trata-se da disciplina do art. 5º da Lei 4.898/1965, que prevê: Considera-se autoridade, para os efeitos
desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e 8
sem remuneração.
Tal previsão complementa o art. 1º do mesmo diploma legal: O direito de representação e o processo de responsabi-
lidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são
regulados pela presente lei. Atenção: O STJ já teve a oportunidade de no AgRg no Ag 5749 / SP assim decidir: ABUSO
DE AUTORIDADE. QUANDO OCORRE. INVOCAÇÃO DA AUTORIDADE DE PROMOTOR DE JUSTIÇA. COMETE O
DELITO O AGENTE QUE, MESMO NÃO ESTANDO NO EXERCICIO DA FUNÇÃO, AGE INVOCANDO A AUTORIDA-
DE DO CARGO, COM EXIBIÇÃO DA CARTEIRA FUNCIONAL. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.
b. Correta. Prevê o art. 10 da Lei 9.296/96: Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de
informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados
em lei.
Conforme leciona o Professor Fábio Goldfinger, consuma-se tal crime com a efetivação da interceptação telefônica
ou com a quebra do sigilo, independentemente de resultado posterior, tratando-se de crime formal.
c. Correta. Trata-se da previsão do art. 7º da Lei nº. 1.521/51: Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem
os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem
o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.
Trata-se de hipótese de recurso necessário, cuja previsão genérica vem disciplinada no art. 574 do CPP. Trata-se de
hipótese em que determinada decisão obrigatoriamente será apreciada por outro órgão, mesmo que nenhuma das
partes provoque esse reexame.
Sobre o tema: SÚMULA 423 STF  Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que
se considera interposto ex lege.
De acordo com a Corte Suprema, Recurso Ex-Officio (Informativo 25): “O art. 411 do CPP, que prevê o cabimento de
recurso de ofício da decisão que absolver desde logo o réu, não foi revogado pelo art. 129, I, da CF (“São funções
institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;”). Precedentes
citados: AHC 68.922-SP (RTJ 138/239), HC 68880-RS (RTJ 140/849), HC 68305-RS (RTJ 142/535) e HC 70548-PA
(DJ de 30.06.95). HC 73.352-TO, rel. Min. Néri da Silveira, 26.03.96”.
d. Errada. A decisão que concede a recuperação extrajudicial também é condição objetiva de punibilidade, consoante
art. 180 da Lei 11.101/05: A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recupera-

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ção extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas
nesta Lei.
Por sua vez, o art. 163 daquele diploma legal assim dispõe: O devedor poderá, também, requerer a homologação
de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por
credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
e. Correta. Trata-se de entendimento fixado em Tese pelo MPSP  Tese-417: CRIME DE RESPONSABILIDADE DE
PREFEITO – DECRETO-LEI Nº 201/67 – DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL EMANADA EM MANDADO
DE SEGURANÇA – CARACTERIZAÇÃO. Caracteriza o crime do artigo 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/1967, e
não o de desobediência, nos termos do artigo 26 da Lei nº 12.016/09, a conduta do Prefeito Municipal que descumpre
ordem judicial prolatada em Mandado de Segurança.
Assim, consoante entendimento do MP de SP, o Prefeito, na hipótese de descumprir ordem judicial emanada em
Mandado de Segurança, responderá pelo crime previsto no art. 1º, XIV, do Dec. 201/67: São crimes de responsabi-
lidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento
da Câmara dos Vereadores: XIV - Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de cumprir ordem
judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente;
Mesmo assim, não deve o aluno descuidar da previsão do art. 26 da Lei do Mandado de Segurança: Constitui crime
de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento
das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei
nº1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis. 
De todo modo, consoante Tese acima mencionada, o MPSP assim entendeu: “Com os Prefeitos ocorre de forma diver-
sa, uma vez que o Decreto-Lei nº 201/1967 prevê como infração penal o descumprimento da ordem judicial. Dai, pelos
motivos supramencionados, a inserção do art. 26 da Lei do Mandado de Segurança não se aplica ao caso presente”.

8) Sobre os efeitos extrapenais específicos da condenação penal transitada em julgado é correto afirmar:

a. São efeitos tidos por automáticos, ou seja, independem de expressa determinação por ocasião da prolação da
sentença.
9
b. O agente ocupante de cargo público, caso expressamente determinado em sentença penal condenatória, perderá
aquele se condenado à pena igual ou superior a seis meses caso o crime seja praticado com violação de dever para
com a Administração.
c. O Magistrado, ao condenar Policial Militar pelo crime de furto qualificado à pena de três anos de reclusão, identifi-
cada a adequação da medida, fixará como efeito extrapenal específico da condenação a perda do cargo.
d. À estipulação da inabilitação para dirigir veículo como efeito específico da condenação, imprescindível que o
agente tenha se valido do veículo como instrumento para a prática de crime doloso ou culposo na direção de veículo
automotor.
e. Tem-se como efeito extrapenal específico da sentença penal condenatória transitada em julgado a incapa-
cidade para o exercício do poder familiar quando o agente for condenado por crime doloso sujeito à pena de
reclusão cometido contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar.

Comentários:
a. Errada. Diferentemente dos efeitos extrapenais genéricos previstos no Código Penal (art. 91 do CP), os efeitos
extrapenais específicos trazidos no art. 92 do mesmo Diploma Legal não são automáticos, ou seja, devem vir ex-
pressamente declarados em sentença penal condenatória, conforme, inclusive, já decidiu o STJ no AgRg no REsp
1459396/MG. DJe 21/10/2016.
b. Errada: Art. 92 do CP: “São também efeitos da condenação I - a perda de cargo, função pública ou mandato eleti-
vo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com
abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;”.               
c. Errada. Art. 92 do CP: São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
(...) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.   
d. Errada. Art. 92 do CP: São também efeitos da condenação: III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
como meio para a prática de crime doloso.
Assim, a condenação pela prática de crime culposo, ainda que o veículo tenha sido utilizado como meio para a sua
prática, não é capaz de ensejar na incapacidade ora analisa.

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e. Correta. ATENÇÃO: alteração legislativa recente (Lei nº 13.715 de 2018) passou a incluir nova hipótese capaz
de gerar a incapacidade para o exercício do poder família: II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.
Assim, o crime apenado com reclusão praticado por um pai contra o outro que também seja titular do poder familiar
(ou seja, que não o tenha perdido) é capaz de ensejar na incapacidade ora tratada.

9) Sobre os crimes que atentam contra a honra, assinale a alternativa correta:

a. O ato de injuriar consiste em atribuir qualidade negativa à vítima, conduta esta capaz de atingir sua honra objetiva.
b. Os advogados, desde que no exercício regular de suas atividades funcionais, estão imunes aos delitos de calúnia,
injúria e difamação.
c. Independente do dano à reputação do ofendido, consuma-se o crime de calúnia no momento em que ter-
ceiro toma conhecimento da imputação criminosa feita à vítima.
d. Admite-se o manejo de exceção da verdade pelo autor da calúnia ainda que o fato criminoso imputado à vítima
consista em crime de ação penal privada e o ofendido não tenha sido condenado por sentença irrecorrível.
e. O morto pode ser sujeito passivo de crime contra a honra.

Comentários:
a. Errada. O delito de injúria tutela a honra subjetiva do ofendido, ou seja, sua autoestima. E, por se tratar de crime
contra a honra subjetiva, somente se consuma quando o fato chega ao conhecimento da vítima, dispensando-se
efetivo dano a sua dignidade.
b. Errada. Pertencem ao raio de inviolabilidade profissional do advogado apenas os delitos de injúria e de difamação
e desde que tenham sido cometidas no exercício regular de suas atividades. Trata-se da previsão do § 2º do Estatuto
da OAB e do entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
“1. De acordo com o entendimento desta Corte Superior, a imunidade prevista no § 2º art. 7º do Estatuto da OAB se 10
aplica apenas aos delitos de difamação e injúria, não havendo falar em trancamento da ação penal com relação ao
crime de calúnia.” (RHC 100494 / PE; DJe 07/03/2019)
c. Correta. O crime de calúnia é crime formal, admitindo tentativa, de acordo com a doutrina majoritária, apenas
quando cometida por escrito.   
d. Errada. O crime de calúnia admite exceção da verdade, consoante disciplina o §3º do art. 138:
Exceção da verdade: 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irre-
corrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
e. Errada. A calúnia contra os mortos também é punida (art. 138, §2º, do CP), mas, em se tratando a honra de atributo
das pessoas vivas, os parentes do morto que são sujeito passivo dos crimes contra honra, uma vez que interessados
na preservação de sua memória.

10) Sobre os princípios que norteiam a ação penal, assinale a alternativa incorreta:

a. De acordo com o princípio da intranscendência, a ação penal só poderá ser veiculada contra o autor do crime.

b. À ação penal pública incondicionada, aplica-se o princípio da indisponibilidade, segundo o qual o Ministé-
rio Público não poderá desistir da ação penal proposta nem renunciar à interposição de recurso.
c. A transação penal é tida como exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal. De acordo com o entendi-
mento sedimentado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, todavia, a homologação judicial da transação penal não
faz coisa julgada material, possibilitando que o Ministério Público, uma vez descumpridos os requisitos estipulados à
concessão do benefício, continue a persecução penal mediante oferecimento de denúncia.
d. De acordo com doutrina majoritária, vigora à ação penal pública incondicionada o princípio da indivisibilidade.
e. O benefício da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/1995) é concebido pela doutrina como
exceção ao princípio da indisponibilidade da ação penal.

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Comentários:
a. Correta. O princípio da intranscendência é desdobramento do princípio da personalidade da pena, segundo o qual
a pena não pode passar da pessoa do condenado. Assim, de acordo com aquele a ação penal só poderá ser movida
contra o autor do crime.
b. Errada. Em que pese o princípio da indisponibilidade ilumine a ação penal pública incondicionada, ele não impede
o Ministério Público (MP) de renunciar à interposição de eventual recurso. Assim, embora tal princípio impeça o MP
de desistir da ação penal e de eventual recurso manejado, não impede aquele Órgão de requerer a absolvição do
denunciado e nem de renunciar à interposição de recurso. ATENÇÃO: não confundir renúncia com desistência.
c. Correta. De acordo com o princípio da obrigatoriedade, estando preenchidas as condições da ação, obrigado está
o Ministério Público a agir, salvo em determinadas exceções, a exemplo da transação penal. A decisão que homologa
a concessão do referido benefício, todavia, não é capaz de fazer coisa julgada material, consoante Súmula Vincu-
lante de nº 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
d. Correta. Em que pese doutrina majoritária, de fato, entenda que na ação penal pública incondicionada vigora o
princípio da indivisibilidade, o Professor Norberto Avena leciona em sentido contrário: “havendo mais de um suposto
autor do crime, nada impede que venha o MP a ajuizar ação penal apenas em relação a um ou alguns deles, rele-
gando-se tal propositura quando aos demais, para momento posterior. Esse procedimento do MP pode justificar-se
tanto na necessidade de serem buscados maiores elementos para amparar o processo em relação aos investigados
que não constaram no polo passivo da inicial, como em questão de estratégia processual”.
e. Correta. O benefício da suspensão condicional do processo previsto na Lei 9.099/95, em seu art. 89, é exceção,
de acordo com doutrina majoritária, ao princípio da indisponibilidade.

11) Sobre a extinção da punibilidade, assinale a assertiva correta:

a. A prescrição dos crimes previstos na Lei nº. 11.101/05 (diploma legal que regula a recuperação judicial, a extraju- 11
dicial e a falência do empresário e da sociedade empresária) reger-se-á pelas disposições Código Penal, começando
a correr do dia da veiculação dos pedidos de falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial.
b. De acordo com entendimento dominante do Superior Tribunal de Justiça, a pronúncia é causa interruptiva da pres-
crição, salvo se, quando do julgamento pelo plenário, os jurados decidirem pela desclassificação.
c. A prescrição da pretensão executória, em havendo concurso de crimes, incidirá sobre cada um de forma isolada,
sendo que, na hipótese de continuidade delitiva, levar-se-á em conta o aumento de pena decorrente da continuação.
d. Sendo a pena de multa aplicada cumulativamente ou não com pena privativa de liberdade em sentença penal
condenatória, a pretensão executória da pena de multa prescreve em dois anos contados da data do trânsito em
julgado da condenação.
e. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos antes do recebimento da denúncia, ao obstar o
prosseguimento da ação penal, é reconhecido pela doutrina majoritária como causa supralegal de extinção
da punibilidade.

Comentários:
a. Errada. Embora, de fato, a prescrição os crimes tipificados na Lei 11.101/05 (diploma legal que regula a recupe-
ração judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária) seja regida pelo Código Penal,
começará esta a correr: do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação
do plano de recuperação extrajudicial.
Neste sentido, dispõe o art. 182 da Lei 11.101/05: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: A prescrição dos crimes previstos
na Lei reger-se-á pelas disposições do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, começando
a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de
recuperação extrajudicial.
b. Errada. Ainda que os jurados decidam pela desclassificação, a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, con-
soante entendimento sumulado do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime (Súmula 191).
ATENÇÃO: a decisão de pronúncia interrompe a prescrição tanto do crime doloso contra a vida como de eventual
conexo com aquele.

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c. Errada. A primeira parte da assertiva está correta, pois se trata da previsão do art. 119 do CP: No caso de concurso
de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
Todavia, em se tratando de continuidade delitiva, o STF, a partir da Súmula 497, assim disciplinou: Quando se tratar
de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decor-
rente da continuação.
d. Errada. A prescrição da pena de multa deve ser analisada a partir do art. 114 do Código Penal: A prescrição da
pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo
estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente
cominada ou cumulativamente aplicada.
e. Correta. De acordo com a súmula 554 do STF, “o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”. Uma interpretação a contrario sensu conduz
a reconhecer que o pagamento de cheque sem fundos ANTES do recebimento da denúncia é causa que extingue o
direito de punir. Assim, uma causa extintiva da punibilidade supralegal.

12) São elementos do fato típico a conduta, o nexo causal, o resultado e a tipicidade. A conduta, por
sua vez, independentemente da teoria adotada, apresenta um conceito mínimo, qual seja, movimento
humano voluntário. São causas capazes de excluir a conduta, exceto:

a. Caso fortuito ou força maior.


b. Coação física irresistível.
c. Sonambulismo.
d. Embriaguez completa não acidental.
e. Hipnose.

Comentários: 12
a. Correta. Por se tratarem o caso fortuito e a força maior de hipóteses em que uma ação gera consequências im-
previsíveis/inevitáveis e não domináveis pela vontade do homem, tem-se que são situações em que resta afastado
o elemento conduta.
b. Correta. Entende-se em coação física irresistível (vis absoluta) o agente que, sujeito à força física externa, é im-
possibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. Não se confunde com a coação moral
irresistível (vis compulsiva).
A coação moral é marcada pela grave ameaça – retira do coagido a liberdade de escolha; ou seja, este pratica a
conduta com vontade viciada. Caso irresistível, há conduta, mas não livre e, portanto, sujeita à exclusão da culpa-
bilidade.
c. Correta. O sonambulismo é enquadrado pela doutrina majoritária como situação de involuntariedade. Quer-se com
isto dizer que é circunstância marcada pela ausência de capacidade do agente quanto à execução de sua conduta
de acordo com vontade predeterminada.
d. Errada. A embriaguez completa não acidental, embora se trate de espécie de estado de inconsciência, não é ca-
paz de excluir a conduta do agente. Sendo, inclusive, punível a partir da aplicação da teoria da actio libera in causa.
e. Correta. A hipnose é enquadrada pela doutrina majoritária como situação de involuntariedade. Quer-se com isto
dizer que é circunstância marcada pela ausência de capacidade do agente quanto à execução de sua conduta de
acordo com vontade predeterminada
Importante: Uma vez que o movimento, nos atos reflexos, é apenas um sintoma de reação automática do organismo
a um estímulo externo – retirando, desse modo, do agente o elemento anímico, tem-se que tais atos têm a capaci-
dade de excluir a conduta.

13) Sobre os crimes contra a vida, assinale a assertiva incorreta:

a. Consoante entendimento consagrado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o homicídio qualificado-privilegia-


do não integra o rol de crimes hediondos.
b. É possível, de acordo com a jurisprudência majoritária, no que tange ao crime de homicídio, a coexistência
de circunstância privilegiadora com circunstância qualificadora desde que de natureza subjetiva.

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c. Homicídio simples praticado por milícia privada não constitui crime hediondo.
d. Conforme já teve o Supremo Tribunal Federal oportunidade de decidir, a Corte entende que a qualificadora do
meio que dificultou a defesa da vítima é incompatível com o dolo eventual.
e. De acordo como vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça, só é possível aferir se a vingança é capaz de con-
figurar ou não a qualificadora do motivo torpe a partir das peculiaridades do caso concreto.

Comentários:
a. Correta. São duas as correntes que trabalham a temática. A primeira, em analogia com o disposto no art. 67 do
CP, entende que na coexistência de privilegiadora com qualificadora aquela deve prepondera, de modo a desnaturar
a hediondez do crime de homicídio. Outra corrente, por sua vez, entende que o art. 67 é aplicável somente às agra-
vantes e atenuantes, devendo, portanto, diante da referida coexistência, ser o homicídio tido por hediondo. O STJ
adotou a primeira corrente: HC 153.728/SP.
b. Errada. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da possibilidade de homicídio privilegia-
do-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do caso. Noutro dizer, tratando-se de
qualificadora de caráter OBJETIVO (meios e modos de execução do crime), é possível o reconhecimento do privilé-
gio (sempre de natureza subjetiva) (STF HC 97.034/MG). Ex.: possível a coexistência do motivo de relevante valor
moral (privilegiadora) com a qualificadora da surpresa.
c. Correta. A circunstância de o crime ter sido praticado em atividade típica de grupo de extermínio ou por milícia
privada é majorante da pena de homicídio, ou seja, não enquadra o delito, por si só, em homicídio qualificado.
A lei de crimes hediondos, por sua vez, traz em seu rol de delitos: “I – homicídio (art. 121), quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,
§ 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);”
Assim, em se tratando o crime de homicídio praticado por milícia privada simples, não se enquadra como crime he-
diondo. Obs.: nada impede que o homicídio praticado por milícia privada seja qualificado, oportunidade em que se
estará diante de crime hediondo. 13
d. Correta.
Habeas corpus. 2. Homicídio de trânsito. Embriaguez. Alta velocidade. Sinal vermelho. 3. Pronúncia. Homicídio
simples. 4. Dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada, dis-
simulação). 4. Ordem concedida para determinar o restabelecimento da sentença de pronúncia, com exclusão da
qualificadora. (HC 111442 / RS - Julgamento:  28/08/2012)
Habeas Corpus. Homicídio qualificado pelo modo de execução e dolo eventual. Incompatibilidade. Ordem concedi-
da. O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, inc. IV, do CP (“traição, emboscada,
ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”). Precedentes.
Ordem concedida. (HC 95136 - Julgamento:  01/03/2011)        
e. Correta. Para identificar se a vingança constitui ou não motivo torpe apto a qualificar o crime de homicídio, impres-
cindível analisar a respectiva causa, ou seja, o caso concreto. Neste sentido vem decidindo o STJ: “Vale ressaltar
que, “a verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada
caso concreto, de modo que, não se pode estabelecer um juízo a priori, seja positivo ou negativo. Conforme ressaltou
o Pretório Excelso: ‘a vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para
elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato’ (HC 83.309/MS, Pri-
meiro Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 06/02/2004). (HC 126.884/DF, Relator Ministro FELIX FISCHER,
DJe 16/11/2009)” (RECURSO ESPECIAL Nº 785.122 – SP).
Na mesma linha o STF:
III. Homicídio qualificado: motivo torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por si só, não substantiva o motivo
torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser
aferida à luz do contexto do fato. Não antecipar juízo a respeito, por entendê-lo sujeito à “análise aprofundada de
toda a prova produzida”, não traduz nulidade da pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso contra
a vida se reputa inequívoca, a submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida plausível - antes de violar
a lei, é orientação que se amolda à reserva ao tribunal popular de julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
(HC 83309 - Julgamento:  23/09/2003)  

14) Acerca do posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre os crimes contra a administração
pública é incorreto afirmar:
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a. Ainda que irrisório o valor do bem do qual o funcionário público se apropriou ao praticar o crime de peculato, inapli-
cável o princípio da insignificância.
b. À consumação do crime de peculato-desvio basta que o funcionário público desvie o dinheiro do qual tem a posse
em razão do seu cargo em proveito de terceiro, ainda que não obtenha vantagem indevida.
c. A denúncia veiculada contra autor do crime de peculato doloso, ainda que tenha este reparado o dano antes do
manejo daquela, deverá ser recebida.
d. Significativo prejuízo causado aos cofres públicos é fundamento apto a ensejar o agravamento da pena-base do
crime de corrupção passiva a título das consequências do crime.
e. Advogado dativo nomeado para exercer a defesa de acusado necessitado em local onde não existe De-
fensoria Pública não pratica o crime de prevaricação, pois não é considerado funcionário público para fins
penais.

Comentários:
A presente questão foi elaborada a partir de verbetes da “Jurisprudência em Teses”4 do Superior Tribunal de Justiça
(EDIÇÃO N. 57: CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA)
a. Correta. Verbete 1: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes cometidos contra a Administração Públi-
ca, ainda que o valor seja irrisório, porquanto a norma penal busca tutelar não somente o patrimônio, mas também
a moral administrativa.
b. Correta. Verbete 11: A consumação do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, 2ª parte, do CP) ocorre no mo-
mento em que o funcionário efetivamente desvia o dinheiro, valor ou outro bem móvel, em proveito próprio ou de
terceiro, ainda que não obtenha a vantagem indevida.
c. Correta. Verbete 12: A reparação do dano antes do recebimento da denúncia não exclui o crime de peculato dolo-
so, diante da ausência de previsão legal, podendo configurar arrependimento posterior, nos termos do art. 16 do CP.
d. Correta. Verbete 2: É possível o agravamento da pena-base nos delitos praticados contra a Administração Pública
com fundamento no elevado prejuízo causado aos cofres públicos, a título de consequências do crime.
14
e. Errada. Verbete 6: Os advogados dativos, nomeados para exercer a defesa de acusado necessitado nos locais
onde não existe Defensoria Pública, são considerados funcionários públicos para fins penais, nos termos do art. 327
do Código Penal.

15) Sobre a Suspensão Condicional da Pena, assinale a assertiva correta:

a. De acordo com entendimento majoritário da doutrina e consoante posicionamento dominante no STJ, a


Suspensão Condicional da Pena é direito público subjetivo do réu.
b. Não é benefício deferido àquele que já sofreu condenação anterior, ainda que exclusivamente à pena de multa.
c. Será obrigatoriamente revogada a suspensão condicional da pena caso o beneficiário, independentemente do
motivo, não efetue a reparação do dano.
d. Ao condenado que ostente a condição de pessoa idosa é previsto o denominado sursis etário.
e. Será obrigatoriamente revogada a suspensão condicional da pena quando o beneficiário é condenado por senten-
ça irrecorrível por infração penal dolosa.

Comentários:
a. Correta. STJ HC 158.842: “tem-se por apropriada a concessão da substituição de pena, a qual, mais que benefí-
cio, consubstancia-se direito público subjetivo do apenado, se presentes os requisitos para o seu deferimento, como
na hipótese dos autos”.
A lei penal usa a expressão poderá ser suspensa, sugerindo ser uma faculdade do juiz. Contudo este não é o melhor
entendimento, segundo Rogério Greco, pois o art. 157 da LEP determina que o juiz ou Tribunal, na sentença que
aplicar pena privativa de liberdade deverá se pronunciar sobre a suspensão condicional.
b. Errada. Art. 77, §1º, do CP: A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
Súmula 499 do STF: Não obsta à concessão do “sursis” condenação anterior à pena de multa.

4
A “Jurisprudência em Teses”, conquanto não possua “status” de súmula, representa o entendimento consolidado do Su-
perior Tribunal de Justiça sobre determinada matéria.

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c. Errada. Art. 81 do Código Penal - Revogação obrigatória: A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário:  II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
d. Errada. Nos termos do art. 1º do Estatuto do Idoso, será considerada idosa a pessoa com idade igual ou superior
a 60 anos. Por sua vez, o sursis etário, previsto no art. 77, §2º, 1ª parte: “A execução da pena privativa de liberdade,
não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de
setenta anos de idade (...)”.
Assim, o simples fato de a pessoa ostentar a condições de idosa não faz preencher o requisito objetivo do sursis
etário.
e. Errada. Revogação obrigatória  Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é
condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (...)
Revogação facultativa  § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos. 
INFRAÇÃO PENAL: Não pode o aluno olvidar que o termo infração penal, no Brasil (teoria bipartida), é gênero do
qual são espécies o crime ou delito e a contravenção penal, razão pela qual está incorreta a assertiva.

  DIREITO PROCESSUAL PENAL


Professor responsável:
Ricardo Silvares
ricardo.silvares@vorne.com.br

16) A respeito do princípio da ampla defesa no processo penal e o entendimento do STF, assinale a 15
alternativa correta:

a) pode o juiz dissolver o conselho de sentença no Júri, sob a alegação de estar o acusado indefeso, sempre que o
defensor sustente tese que conflite com a versão apresentada no interrogatório.
b) a resposta à acusação que se limita a dizer que o acusado nega a imputação e que irá aguardar a instrução crimi-
nal representa evidente deficiência de defesa e pode anular o processo.
c) há nulidade absoluta na hipótese em que o acusado não tenha sido defendido no processo, como se dá na
hipótese em que não houve manifestação alguma do defensor nomeado, nem mesmo resposta à acusação
e alegações finais; por outro lado, uma defesa deficiente gera nulidade relativa, exigindo-se a demonstração
do efetivo prejuízo.
d) o acusado que, por orientação de seu defensor, permanece calado no interrogatório realizado no julgamento pelo
júri, deve ser considerado indefeso, pois tal proceder causa nos jurados a impressão de que ele é culpado.
e) as limitações de produção de prova previstas na legislação, notadamente aquela que veda a juntada de docu-
mentos no processo por crime doloso contra a vida, sem a antecedência mínima de três dias úteis anteriores ao
julgamento, não se aplicam à defesa.

Comentários:
a) Errada. Nesse caso, comum na prática forense, não estaria sempre indefeso o acusado, porque deve-se verificar
o que ocorreu no caso concreto. É possível que o advogado apresente tese divergente daquela sustentada pelo acu-
sado em seu interrogatório. Ou seja, a defesa técnica não precisa necessariamente coincidir com a defesa pessoal.
Assim, por exemplo, é possível que o acusado venha a negar a autoria do homicídio, apesar das provas existentes
em sentido contrário. Nesse caso, pode o acusado sustentar que foi o réu o autor do crime, mas alegar, por exemplo,
tese exculpatória ou causa de diminuição da pena. Foi uma defesa existente, que até pode ser eficaz.
b) Errada. Não é sempre que essa conduta do advogado irá representar deficiência de defesa. Na verdade, por es-
tratégia, pode perfeitamente a defesa deixar de fazer qualquer requerimento na resposta à acusação, sem que isso
signifique prejuízo ao acusado. Porém, constatando-se que havia requerimentos importantes que poderiam ter sido
apresentados, aí pode-se cogitar de uma defesa deficiente e de eventual prejuízo e, portanto, de nulidade.

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c) Certa. Note-se, em primeiro lugar, que se pede na questão o entendimento jurisprudencial, especificamente do
STF. Importante, nesse aspecto, a Súmula 523: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. Então, deve-se verificar se o acusado
foi ou não defendido no processo. No caso, não foi, eis que o defensor nomeado não ofereceu resposta à acusação,
alegações finais, tampouco apresentou qualquer outra manifestação. Ou seja, a defesa foi inexistente e não simples-
mente deficiente.
d) Errada. Não há qualquer restrição ao exercício do direito ao silêncio no julgamento pelo tribunal do júri. Tal direito
atua em qualquer procedimento previsto em nosso ordenamento, sem que acarrete nulidade. Afinal, o acusado não
pode exercer regularmente um direito e tal fato trazer alguma mácula ao processo.
e) Errada. As limitações probatórias aplicam-se à defesa, assim como à acusação. Assim, caso a defesa queira jun-
tar documentos para usar no julgamento em plenário do júri, deve juntá-las com antecedência de pelo menos três
dias úteis. Tal limitação não fere a ampla defesa, pois, havendo efetiva necessidade de juntada posterior a tal prazo,
pode a defesa requerer o adiamento do julgamento. Essa regra, ademais, deve-se à observância de outro princípio:
contraditório. É que a parte contrária deve ter o direito de conhecer o documento juntado, de analisá-lo, podendo,
portanto, preparar-se para seu emprego durante o julgamento.

17) Independentemente da análise do caso concreto, não admite o acordo de não persecução penal,
previsto na Resolução CNMP 181/2017:

a) crime de posse de fotografia contendo cena de sexo explícito envolvendo criança.


b) crime de posse sexual mediante fraude.
c) crime de estelionato cometido contra pessoa idosa.
d) crime de associação criminosa.
e) crime posse de arma de fogo de uso restrito.

Comentários:
16
a) Errada. O acordo de não persecução penal foi instituído pela Conselho Nacional do Ministério Público por meio
da Resolução 181/2017, posteriormente modificada pela Resolução 183/2018. Segundo o art. 18 da Resolução 181,
não sendo caso de arquivamento do procedimento investigatório criminal ou do inquérito policial, o Ministério Público
poderá propor ao investigado o acordo de não persecução penal. Cabe observar que somente está abrangido pelo
acordo o crime cometido sem violência ou grave ameaça contra pessoa, a que for cominada pena mínima inferior a
4 anos. Além disso, não pode o delito ser hediondo ou equiparado. Por isso, levando em consideração apenas esses
aspectos, o crime do art. 241-B do ECA é passível de proposta de acordo. Evidentemente, a depender do caso con-
creto, poderá o membro do Ministério Público recusar-se a propô-lo.
b) Errada. O crime de posse sexual mediante fraude não envolve grave ameaça ou violência, tendo pena mínima
compatível com o requisito da resolução. Portanto, pode ser proposto o acordo.
c) Errada. Mesmo se cometido contra pessoa idosa, o acordo de não persecução pode ser proposto ao autor do
estelionato, pois a pena mínima permanece dentro dos limites da resolução.
d) Errada. Sem análise do caso concreto, mas levando-se em consideração apenas o crime em si, o delito do art. 288
do CPP permite que seja proposto o acordo, pois também não é cometido com violência ou grave ameaça, tampouco
possui pena mínima que extrapole o texto da resolução.
e) Certa. O crime de posse de arma de fogo de uso restrito (art. 16, Lei 10.826) é crime hediondo e, assim, não é
passível de acordo de não persecução penal.

18) Assinale a alternativa correta a respeito do procedimento de investigação criminal, previsto e regu-
lado pela Resolução CNMP 181/2017:

a) O procedimento de investigação criminal deverá ser concluído no prazo de 60 dias, permitidas, por igual período,
prorrogações sucessivas.
b) O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício pelo membro do Ministério Pú-
blico, dentro de suas atribuições no âmbito criminal. Nesse caso, deverá ser o procedimento distribuído
livremente entre os membros da instituição que tenham atribuições para apreciá-lo, incluído aquele que
determinou a sua instauração.

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c) O defensor poderá examinar apenas os autos do procedimento investigatório em andamento, mas somente se
apresentar procuração nos autos, não sendo possível o exame se estiverm conclusos com o presidente.
d) A colheita de depoimentos deverá ser feita, preferencialmente, de forma oral, por meio de gravação audiovisual,
devendo ser providenciada a transcrição integral.
e) A promoção de arquivamento do procedimento investigatório criminal deverá ser apresentada ao Conselho Supe-
rior do Ministério Público para a necessária homologação.

Comentários:
a) Errada. O prazo para conclusão do PIC é de 90 dias, de acordo com o art. 13, caput, da Resolução 181/2017.
São permitidas prorrogações sucessivas, desde que o membro do Ministério Público responsável por sua condução
fundamente a prorrogação.
b) Certa. Tratam-se de regras trazidas pela Resolução 181, em seu art. 3º, com o objetivo de propiciar a instauração
de ofício por parte do membro criminal do Ministério Público, mas preservando o princípio do promotor natural, obri-
gando à distribuição do procedimento dentre os membros com atribuição criminal, incluindo aquele que o instaurou.
c) Errada. O § 1º do art. 9º da Resolução 181 estabelece, em consonância com o Estatuto da OAB e com a Súmula
Vinculante 14 do STF, que o defensor poderá examinar os autos do PIC, em andamento ou já findos, ainda que con-
clusos ao presidente, independente de ter procuração nos autos.
d) Errada. De fato, a preferência é pela colheita dos depoimentos e informações por meio de gravação audiovisual,
mas não há necessidade de transcrição, salvo em casos excepcionais (art. 8º, § 1º, Resolução 181).
e) Errada. A Resolução 181 deixa aberta a possibilidade de que algum órgão interno aprecie o arquivamento, mas
desde que este seja o procedimento legal previsto. Atualmente, como é cediço, o art. 28 do CPP, plenamente aplicável
aos procedimentos que tramitam perante os Ministérios Públicos estaduais, prevê que a promoção de arquivamento
deve ser apresentada ao juízo competente.
19) Assinale a alternativa correta, levando em conta a jurisprudência dos tribunais superiores sobre
ação penal: 17
a) É pública condicionada à representação do Fisco a ação penal por crime de sonegação fiscal.
b) Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, pode a ação penal
ser iniciada, sem novas provas, desde que seja verificado ter sido desconsiderado, na formação da opinio delicti,
relevante e incriminador elemento informativo já constante dos autos.
c) A ação penal relativa ao crime de lesão corporal de natureza leve resultante de violência doméstica contra a mulher
é pública condicionada.
d) Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denún-
cia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
e) Nos crimes contra a dignidade sexual, a ação penal será, em regra, pública condicionada à representação da
vítima, salvo em caso de violência ou de pobreza desta.

Comentários:
a) Errada. Apesar de, em geral, o Ministério Público ser provocado pelo Fisco, mediante representação, a atuar nos
casos de crime contra a ordem tributária, é certo que isso não retira da ação sua natureza de pública incondicionada.
É esse o entendimento pacífico nos tribunais, tendo o STF emitido a Súmula 609: “É pública incondicionada a ação
penal por crime de sonegação fiscal”.
b) Errada. Uma vez arquivado o inquérito policial por falta de indícios suficientes de autoria ou prova da materialidade
do crime, não poderá ser a ação penal iniciada se não surgirem provas novas. É o que se depreende do art. 18 do
CPP. Nesse sentido, a Súmula 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. Por provas novas, normalmente se en-
tende como sendo aqueles elementos informativos, não constantes dos autos quando do arquivamento, e que eram
também desconhecidos quando o procedimento foi arquivado.
c) Errada. Este ponto vem caindo com frequência em concursos para Ministério Público. Hoje, é pacífico o entendi-
mento do STF e de todos os demais tribunais, que ação penal no crime de lesões corporais cometido contra mulher
no âmbito de violência doméstica será sempre pública incondicionada. O principal argumento parece ser o seguinte:
o crime de lesão leve, antes da Lei 9.099, não dependia de representação da vítima, passando tal condição de proce-
dibilidade a ser exigida por tal lei, que, porém, não pode ser aplicada aos casos de violência doméstica contra mulher,
por expressa proibição do art. 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Veja a Súmula 542 do STJ.

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d) Certa. É o teor da Súmula 709 do STF. Assim, rejeitada a denúncia, é cabível o recurso em sentido estrito, que,
julgado procedente, poderá levar à reforma da decisão. Consequentemente, o acórdão terá o efeito de decisão de
recebimento da denúncia. Porém, quando a decisão recorrida for anulada, outra deverá ser proferida e por isso não
se considerará o acórdão como decisão que recebeu a inicial.
e) Errada. A regra atual, desde 2018, passou a ser outra: a ação penal nesses crimes será sempre pública incondi-
cionada.

20) Marcílio, residente em Tanabi-SP, fabricava camisas de modo artesanal e as vendia usando os ser-
viços do site “Mercado Livre”. Certo dia, Gilmar, residente em Indiaporã-SP, negociou com Marcílio, por
meio do referido site, a compra de vinte camisas, sendo combinado o pagamento de trezentos reais,
que deveriam ser depositados na conta bancária do vendedor, de agência bancária situada na cidade
de São José do Rio Preto-SP. Ocorre que Gilmar, ardilosamente, falsificou um comprovante de depó-
sito, fazendo Marcílio acreditar que o pagamento pela mercadoria fora realizado. Então, o vendedor
remeteu as camisas para o endereço fornecido por Gilmar, na cidade de Mira Estrela-SP, onde foram por
ele recebidas. Em face desse caso, nos termos da jurisprudência do STJ, a competência para eventual
julgamento da ação penal por crime de estelionato cometido por Gilmar é do juízo de:

a) Mira Estrela, pois foi o local da retirada do produto e, portanto, onde foi obtida a vantagem ilícita.
b) São José do Rio Preto, pois se tratou do local em que o prejuízo foi efetivamente causado, pois era lá que o pa-
gamento deveria ter sido realizado.
c) Tanabi, pois é o local da residência da vítima e a partir do qual a mercadoria foi remetida.
d) Indiaporã, local da residência do autor do delito e onde foi efetivamente obtida a vantagem.
e) Mira Estrela ou Tanabi, pois o local do crime é tanto o da ação ou omissão quanto o do resultado.

Comentários:
a) Certa. O STJ debruçou-se sobre caso semelhante, tendo decidido que a competência para julgar o estelionato
tipificado no art. 171 do CP é do lugar em que o estelionatário aufere proveito econômico em prejuízo da vítima, que
18
é o local de sua consumação. No caso em que a vítima é vendedora do produto, entende o STJ que “o estelionatá-
rio aufere proveito econômico em prejuízo da vítima quando recebe a mercadoria e não chega a pagar por ela. Em
tais situações, por óbvio, o local em que é obtida a vatagem ilícita é o local da retirada do produto” (CC 160.053-SP,
Terceira Seção, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 22.08.2018).
b) Errada. O local em que o pagamento deveria ter sido realizado, ou seja, onde o dinheiro deveria ter sido deposi-
tado não define a competência num crime de estelionato consumado.
c) Errada. A residência da vítima não costuma ser critério definidor de competência, muito menos no crime de este-
lionato.
d) Errada. A vantagem foi obtida em Mira Estrela, local da retirada da mercadoria. O domicílio do réu pode ser critério
para fixação da competência, mas, em geral, se não for conhecido o local da infração ou no caso de ação exclusiva-
mente privada, caso assim o queira o querelante.
e) Errada. Trata-se de regra de direito penal, prevista no art. 8º do CP, que tem como objetivo apenas definir se o fato
está submetido à legislação brasileira, mas não fixa competência.

21) Assinale a alternativa incorreta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores a respeito
de jurisdição e competência:

a) A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de
processo.
b) Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas
perante órgão federal..
c) Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio
municipal.
d) Mesmo excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência,
não deve o Juiz Federal restituir os autos, mas suscitar conflito.
e) O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa
de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

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Comentários:
a) Certa. Trata-se do entendimento do STJ a respeito desse tema, exposto no verbete da Súmula 206.
b) Certa. É o teor da Súmula 208 do STJ.
c) Certa. É o que diz a Súmula 209 do STJ. Atenção para a diferença com a súmula anterior.
d) Errada. De acordo com o entendimento do STJ: “Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Es-
tadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito” (Súmula 224).
e) Certa. É o teor da Súmula 521 do STF. No mesmo sentido, a Súmula 244 do STJ: “Compete ao foro do local da
recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”.

22) Assinale a alternativa correta:

a) No processo penal, os prazos são contados a partir da data da juntada aos autos do mandado ou da carta preca-
tória ou de ordem.
b) Se o réu solto, regularmente citado, não constituir advogado nos autos e não comparecer à audiência de instrução
e julgamento por não ter sido mais localizado pelo oficial de justiça no endereço declinado nos autos, o juiz deverá
decretar sua revelia e, por conseguinte, dispensar sua intimação da sentença condenatória prolatada no ato.
c) Se o acusado, citado por hora certa, em procedimento comum ordinário ou sumário, não comparecer ao
processo nem constituir advogado para defendê-lo, o juiz, por estar o acusado citado, nomeará defensor
para que este ofereça resposta à acusação, por ser esta obrigatória.
d) Os prazos contam-se, para o ministério público, a partir do efetivo recebimento dos autos pelo promotor natural.
e) É nula a citação, quando o edital, embora indicando o dispositivo da lei penal, não transcreve a denúncia ou a
queixa nem resume os fatos em que se baseia.

Comentários:
a) Errada. Os prazos são contados a partir do próprio ato, por exemplo, da própria intimação, não da juntada do 19
mandado nos autos (art. 798, § 5º, a, CPP). O STF, por sinal, entende que: “No processo penal, contam-se os prazos
da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem” (Súmula 710).
b) Errada. O acusado pode ser “regularmente citado” de duas formas: pessoalmente (ainda que por hora certa) ou
por edital. No primeiro caso, se não comparecer aos autos do processo, o juiz determinará o prosseguimento do feito
sem a sua presença (art. 367, CPP). Porém, quando for a sentença prolatada, o acusado deverá ser dela intimado,
pessoalmente ou por edital, caso não encontrado (vide disposições do art. 392 a respeito). De outra parte, se o acu-
sado tiver sido citado por edital e não tiver constituído defensor ou comparecido em Juízo, deverá o juiz determinar a
suspensão do processo – e do prazo prescricional – conforme determina o art. 366. Nesse caso, por óbvio, não será
prolatada sentença enquanto não cessarem os motivos da suspensão.
c) Certa. A citação por hora certa é equiparada à citação pessoal, não à citação por edital, cabível somente quando o
acusado não tem paradeiro conhecido. No caso da citação por hora certa, há citação e, assim, deverá o juiz proceder
na forma mencionada na alternativa (art. 396-A, § 2º, CPP).
d) Errada. Vale lembrar que a intimação do Ministério Público é pessoal, prevalecendo o entendimento de que o pra-
zo começa a contar a partir da data em que os autos são recebidos pelo Ministério Público, ainda que não pelo Procu-
rador da República ou Promotor de Justiça, mas por uma seção administrativa. Assim, os prazos contam-se, para o
ministério público, a partir da efetiva entrada dos autos no ofício do promotor natural. Neste sentido, entendimento do
STJ, de 2005, que vem sendo observado desde então: “(...) O prazo para que o Ministério Público apresente recursos
inicia-se com a entrega dos autos, ainda que seu representante recuse o recebimento, e não da data do lançamento
da assinatura e do ‘ciente’; (...) A certidão de chefe da secretaria judicial relatando a recusa do Parquet em receber
os autos – para impedir o início da contagem de prazo recursal – tem fé pública e deve ser utilizada para coibir o
abuso da legislação processual. Aplicação do Princípio Constitucional da Isonomia; (...) À falta de outras datas, deve
ser considerado intimado o Ministério Público na data da lavratura da certidão pelo oficial, com o termo do prazo
para apresentação de recursos iniciando no dia seguinte (HC 29.649-CE, Rel. Min. Paulo Medina, j. 15.02.2005). No
mesmo sentido, o atual posicionamento do STF: “(…) A entrega de processo em setor administrativo do Ministério
Público, formalizada a carga pelo servidor, configura intimação direta, pessoal, cabendo tomar a data em que ocor-
rida como a da ciência da decisão judicial. Imprópria é a prática da colocação do processo em prateleira e a retirada
à livre discrição do membro do Ministério Público, oportunidade na qual, de forma juridicamente irrelevante, apõe
o ‘ciente’, com a finalidade de, somente então, considerar-se intimado e em curso o prazo recursal. Nova leitura do

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arcabouço normativo, revisando-se a jurisprudência predominante e observando-se princípios consagradores da


paridade de armas” (HC 83.255-SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 05.11.2003).
e) Errada. De acordo com o art. 365, I a V, do CPP, o edital deverá conter: o nome do juiz que determinou a citação;
o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se
constarem do processo; o fim para que é feita a citação; o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá com-
parecer; o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. E o
STF, na Súmula 366, entende não haver nulidade no caso da não transcrição do teor da denúncia ou queixa ou de
um resumo.

23) Em relação às provas, é correto afirmar que:

a) Prova indireta é aquela que por si demonstra o fato alegado.


b) Os fatos incontroversos não podem ser objeto de prova, pois são aqueles admitidos pelas partes.
c) Na hipótese de crime de falsidade documental, a comprovação da materialidade pelo exame de corpo de
delito é dispensável à propositura da ação penal.
d) Em decorrência dos princípios da ampla defesa e do juiz natural, deve o ato do interrogatório ser realizado perante
o juiz que irá julgar a causa, uma vez que dessa forma, possibilita-se ao acusado justificar a sua conduta, ou defen-
der-se, perante o magistrado que irá julgar o processo-crime.
e) A busca pessoal inclui bolsas e malas, bem como o veículo que esteja na posse da pessoa, sendo indispensável
o mandado judicial.

Comentários:
a) Errada. A diferenciação, aqui, é entre prova direta e indireta. Assim, o depoimento de uma testemunha ocular seria
uma prova direta, eis que tal pessoa conta ao juiz algo que ela viu (ex.: a testemunha viu o réu atirar a matar a vítima).
Já a testemunha que ouviu o tiro e viu o réu correndo com uma arma na mão representa uma prova indireta de que 20
ele matou a vítima. Os indícios, para alguns, seriam exemplos de prova indireta. Porém, a classificação é criticável.
Para certa corrente da doutrina, salvo a vistoria feita pelo próprio juiz, a prova sempre seria indireta, já que o julgador
sempre adquire conhecimento dos fatos, não diretamente deles, mas pelos olhos e ouvidos alheios.
b) Errada. Os fatos admitidos pelas partes não são incontroversos. Notem que nem a confissão do réu é absoluta em
nosso sistema, devendo ser confrontada com as demais provas existentes nos autos.
c) Certa. A perícia vem sendo considerada dispensável até mesmo nos casos de falsidade material, se esta pu-
der ser demonstrada por outros meios. Vejam este exemplo de julgado do STJ: “PENAL E PROCESSO PENAL.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FALSIFICAÇÃO DE PAPEIS PÚBLICOS. VIOLAÇÃO AO
ART. 158 DO CPP. INOCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DELITIVA. OUTROS MEIOS IDÔ-
NEOS DE PROVA. ESPECIALMENTE PROVA DOCUMENTAL. CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO QUE AFASTAM A
EXIGIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DE EXAME DE CORPO DE DELITO. (…). 1. O rigor da exigência estabelecida
no artigo 158 do Código de Processo Penal é mitigado pela norma do artigo 167 do mesmo diploma legal, segundo
o qual ‘não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemu-
nhal poderá suprir-lhe a falta’. 2. In casu não foi possível a realização do exame pericial, eis que não juntado aos
autos as Guia Nacionais de Recolhimento de Tributos Estaduais – GNR´s contrafeitas, mas apenas cópias destes
documentos, impedindo assim, a realização da perícia técnica. (…)” (AgRg no REsp 1.129.640-RS, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, j. 05.02.2013).
d) Errada. O interrogatório poderá ser realizado por carta precatória. Nesse sentido, a seguinte decisão do STJ:
“(...) INTERROGATÓRIO POR CARTA PRECATÓRIA. POSSIBILIDADE. ATO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº
11.719/2008. CRIME DA LEI DE DROGA. CONEXÃO COM OUTRO. ADOÇÃO DO RITO COMUM. SUPRESSÃO
DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. ABOLITIO CRIMINIS. POSSE DE ARMA DE USO RESTRITO. CONDUTA
TÍPICA DA DATA DOS FATOS. 1. Não há falar em violação ao princípio da identidade física do Juiz se o paciente
foi interrogado antes da vigência da Lei nº 11.719/2008. Ainda que assim não fosse, esta Corte já assentou a possi-
bilidade de se colher o interrogatório do réu por carta precatória. (…)” (RHC 28.942-SP, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, j. 27.03.2012).
e) Errada. O mandado judicial não é indispensável para a busca pessoal, conforme previsto no art. 244 do CPP: “A
busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa
esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for

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determinada no curso de busca domiciliar”. A busca pessoal inclui, segundo a doutrina, o meio de transporte, como o
carro utilizado pela pessoa, salvo se este é usado como residência, caso em que o mandado será exigível.

24) Sobre os juizados especiais criminais, assinale a alternativa correta:

a) A inexistência de órgão uniformizador no âmbito dos juizados estaduais não faz prevalecer, ainda que em caráter
excepcional, a jurisprudência do STJ na interpretação da legislação infraconstitucional.
b) O instituto da transação penal não é aplicável às pessoas que gozam de foro por prerrogativa de função.
c) A composição dos danos, realizada nos termos da Lei 9.099/1995, se descumprida, dá ensejo à reabertura da
instância penal.
d) No procedimento sumaríssimo, a citação, não sendo encontrado o réu, far-se-á por edital, com prazo de 30 dias..
e) É admissível reclamação para dirimir divergência entre acórdão prolatado por turmas recursais dos juiza-
dos especiais criminais estaduais e a jurisprudência do STJ, sendo necessária a demonstração do dissenso
pretoriano.

Comentários:
a) Errada. o STF já decidiu que, no âmbito dos Juizados Especiais, prevalece a jurisprudência do STJ, inclusive
sendo cabível a Reclamação prevista na CF. Nesse sentido, trecho de julgado do próprio STJ, bastante esclarecedor
sobre o assunto: “(...) A partir do julgamento dos EDcl no RE 571.572-8/BA, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 14/9/2009,
o plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que, ante a ausência de órgão uniformizador de jurisprudência no
âmbito dos juizados estaduais, mostra-se cabível, em caráter excepcional, a reclamação prevista no art. 105, I, f, da
Constituição Federal para fazer prevalecer a jurisprudência do STJ na interpretação da legislação infraconstitucional.
(…) Nos termos do art. 1º da Resolução 12, de 14/12/2009, que regulamentou a matéria no Superior Tribunal de
Justiça, a reclamação destina-se a dirimir divergência entre acórdão prolatado por Turma Recursal dos Estados e
a jurisprudência do STJ, cujo rito assemelha-se ao do Incidente de Uniformização previsto no § 4º do art. 14 da Lei
10.259/2001, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. (…)” (AgRg 21
no EDcl na Rcl 6.046-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves, j. 28.09.2011).
b) Errada. A Lei 9.099/1995 não impede a transação penal em tais casos. É que o foro por prerrogativa de função
transfere a competência para algum tribunal, mas não afasta a incidência da legislação penal ou processual penal
que favoreça o acusado. Assim, se cometeu crime de menor potencial ofensivo, terá direito à transação penal, se
preenchidos todos os seus requisitos. Da mesma forma, se presentes os requisitos legais e não for caso de transa-
ção, terá direito à suspensão condicional do processo.
c) Errada. Homologado o acordo entre autor do fato e ofendido, estará extinta a punibilidade daquele, de modo que
o descumprimento importa em execução do título judicial e nada mais. Se fosse descumprimento dos termos da
transação, aí seria possível o oferecimento da denúncia (STF, Súmula Vinculante 35).
d) Errada. O art. 66, caput, da Lei 9.099/1995 prevê que a citação será sempre pessoal e far-se-á no próprio Juizado,
sempre que possível, ou por mandado. Sendo necessária a citação por edital, o juiz deverá encaminhar as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei (parágrafo único), que será o rito sumário.
e) Certa. O STJ não admitia a Reclamação nesse caso, até que o STF decidiu de forma contrária a tal entendimen-
to. Hoje, o STJ admite a reclamação, como se percebe no seguinte acórdão: “PENAL. RECLAMAÇÃO. TURMA
RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL ESTADUAL. ART. 1º DA RESOLUÇÃO 12/2009, DO STJ. DIVER-
GÊNCIA JURISPRUDENCIAL CONFIGURADA. DOSIMETRIA. CONSIDERAÇÃO DE INQUÉRITOS POLICIAIS E
TERMOS CIRCUNSTANCIADOS PARA A EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. INEXISTÊNCIA DE CONDENAÇÃO
TRANSITADA EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 444/STJ. RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE.
I. É cabível a ação de reclamação para ‘dirimir divergência entre acórdão prolatado por turma recursal estadual e a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, suas súmulas ou orientações decorrentes do julgamento de recursos
especiais processados na forma do art. 543-C do Código de Processo Civil’, nos termos da Resolução 12/2009, do
STJ. (…)” (Rcl 9.353-DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 24.04.2013).

25) A respeito das nulidades no processo penal, assinale a alternativa correta:

a) Conforme determina o art. 212 do Código de Processo Penal, as perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha. Não observado esse sistema, impõe-se a declaração de nulidade, desde que de-
monstrado o prejuízo.

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b) A instauração do incidente de insanidade mental é direito subjetivo do réu, devendo ser realizada em qualquer fase
processual, inclusive em grau de apelação, não cabendo ao julgador indeferi-la, sob pena de nulidade, ainda que a
defesa tenha permanecido inerte ao longo da instrução criminal.
c) Consoante jurisprudência do STJ, não se admite, a despeito da inteligibilidade dos fundamentos, que a autoridade
judiciária integrante de tribunal de apelação, ao proferir voto, se reporte a sentença ou a parecer ministerial.
d) De acordo com o STF, mesmo na presença de seu advogado constituído e que acompanhou todos os detalhes do
interrogatório, não fazendo nenhuma objeção ao que questionado, é automaticamente nula a oitiva de investigado
que no início do ato não foi advertido formalmente do direito ao silêncio (nemo tenetur se detegere)..
e) O acórdão que decreta a nulidade por reconhecer que o Juiz de Direito foi subornado é dotado de efeitos ex nunc,
devendo ser preservados os atos não atingidos pela mácula processual.

Comentários:
a) Certa. O entendimento que prevalece é o de que se trata de nulidade apenas relativa, devendo ser demonstrado
o prejuízo para que o ato seja anulado. Nesse sentido, julgado do STF: “(…)INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHA. ART.
212 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL COM AS ALTERAÇÕES DA LEI 11.690/2008. ADOÇÃO DO SISTEMA
PRESIDENCIALISTA. PERGUNTAS INICIADAS PELO JUIZ. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO COMPROVA-
DO. (…) O art. 212 do Código de Processo Penal, com a redação da Lei nº 11.690/2008, inaugurou nova sistemática
para a inquirição das testemunhas, franqueando às partes a formulação de perguntas diretamente e em primeiro
lugar, com a complementação pelo juiz. A não observância de tal ordem, no caso, não implicou prejuízo processual,
a atrair a aplicação do princípio maior regente da matéria – pas de nullité sans grief –, conforme o art. 563 do Código
de Processo Penal, em se tratando de nulidade relativa. Não se prestigia a forma pela forma. Se do vício formal não
deflui prejuízo, o ato deve ser preservado. (…)” (HC 114.512-RS, Rel. Min. Rosa Weber, j. 24.09.2013).
b) Errada. Cabe ao juiz apreciar se há realmente dúvida quanto à sanidade mental do acusado. Somente se consta-
tar a dúvida é que determinará a instauração do incidente, não sendo, portanto, direito subjetivo do acusado. Nesse
sentido, julgado do STJ: “(…)ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA PELO INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE
INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. INEXISTÊNCIA DE DÚVIDAS ACERCA DA SAÚDE 22
DO RECORRENTE. ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Nos termos do artigo 149 do
Código de Processo Penal, ‘quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do
acusado, seja este submetido a exame médico-legal’. 2. Da leitura do mencionado dispositivo legal, depreende-se
que a implementação do exame não é automática ou obrigatória, dependendo da existência de dúvida plausível
acerca da higidez mental do acusado. Doutrina. Precedentes do STJ e do STF. 3. Na hipótese em apreço, tendo as
instâncias de origem, a partir da análise do conjunto fático-probatório, consignado inexistirem nos autos quaisquer
dúvidas acerca da sanidade do recorrente, asseverando que em nenhum momento do processo ele teria demonstra-
do ser portador de qualquer deficiência mental ou distúrbio que comprometesse a sua capacidade de compreensão
dos fatos que lhe foram imputados, não há que se falar em necessidade de instauração de incidente de insanidade
mental. (…)” (RHC 36.996-ES, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 21.05.2013).
c) Errada. O entendimento do STJ é outro, consoante o seguinte exemplo: “(…)A jurisprudência tem admitido a
chamada fundamentação per relationem, mas desde que o julgado faça referência concreta às peças que pretende
encampar, transcrevendo delas partes que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa a con-
clusão a que se quer chegar. (…)” (HC 281.818-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 10.12.2013).
d) Errada. Segundo STF: “(...) O direito do réu ao silêncio é regra jurídica que goza de presunção de conhecimento
por todos, por isso que a ausência de advertência quanto a esta faculdade do réu não gera, por si só, uma nulidade
processual a justificar a anulação de um processo penal, especialmente na hipótese destes autos em que há dez
volumes e os depoimentos impugnados foram acompanhados por advogados. (…)” (AP 611-MG, Rel. Min. Luiz Fux,
j. 30.09.2014).
e) Errada. A nulidade por suborno do juiz está prevista no art. 564, I, do CPP, e atinge todo o processo, desde o mo-
mento em que tal autoridade nele atuou, tendo, pois, efeito ex nunc. Mas, atenção: se o acusado foi absolvido pelo
juiz subornado e a decisão transitou em julgado, não mais poderá haver processo contra o réu.

26) A respeito dos recursos no processo penal, assinale a alternativa correta:

a) A interposição de Recurso em Sentido Estrito em face de decisão de pronúncia por apenas um réu aproveitará aos
demais acusados, ainda que não tenham recorrido, sendo obrigatória a suspensão do feito em primeira instância até
o julgamento pelo Tribunal de Justiça.

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b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o magistrado está autorizado a atribuir ao fato
delituoso, ao sentenciar, uma qualificação jurídica diversa daquela contida na incoação, sem ofensa à defe-
sa, sempre que a nova capitulação encontre apoio em circunstâncias elementares que estejam contidas, de
modo explícito ou implícito, na denúncia ou queixa.
c) Cabe recurso de embargos infringentes quando a decisão de segundo grau, ao julgar apelação, recurso em sen-
tido ou habeas corpus, for desfavorável ao acusado, por maioria de votos.
d) A proibição da reformatio in pejus não impede que o tribunal, mesmo em recurso da defesa, corrija erro material
na sentença consistente em erro na somatória dos fatores considerados no processo de individualização, conforme
já decidido pelo STF.
e) Cabe recurso em sentido estrito de decisão que, embora admita o recurso, obste sua expedição e seu seguimento
para o juízo ad quem.

Comentários:
a) Errada. O recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia não importa na suspensão do processo dos
demais corréus. Ao contrário, o parágrafo único do art. 583 do CPP dispõe que o recurso da pronúncia subirá em
traslado – e não nos próprios autos – quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a deci-
são ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia. O recurso de um réu não aproveita aos demais.
b) Certa. Nem poderia ser diferente o entendimento do STF. É que se trata, nada mais nada menos, de previsão
trazida pelo art. 383 do CPP, a chamada emendatio libelli. Não há qualquer inovação na imputação dos fatos, mas
apenas na classificação jurídica. O examinador pode fazer menção ao STF ou STJ apenas para tentar de confundir
numa alternativa bastante óbvia.
c) Errada. Correto quanto ao recurso em sentido estrito e a apelação, pois o julgamento de tais recursos constitui
decisão de segundo grau, sendo cabíveis embargos infringentes, a favor do acusado, se não unânimes. O mesmo
não se pode dizer do habeas corpus, que não é recurso e tampouco a decisão nele proferida é de segunda instância.
d) Errada. O entendimento do STF é justamente o oposto do afirmado: “SENTENÇA PENAL. Capítulo decisório. 23
Condenação. Pena privativa de liberdade. Reclusão. Fixação. Soma dos fatores considerados na dosimetria. Erro
de cálculo. Estipulação final de pena inferior à devida. Trânsito em julgado para o Ministério Público. Recurso de
apelação da defesa. Improvimento. Acórdão que, no entanto, aumenta de ofício a pena, a título de correção de erro
material. Inadmissibilidade. Ofensa à proibição da reformatio in peius. HC concedido para restabelecer o teor da
sentença de primeiro grau. Não é lícito ao tribunal, na cognição de recurso da defesa, agravar a pena do réu, sob
fundamento de corrigir ex officio erro material da sentença na somatória dos fatores considerados no processo de
individualização”(HC 83.545-SP, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 29.11.2005).
e) Errada. Nesse caso, obstado o seguimento do recurso em sentido estrito, caberá a interposição de outro, denomi-
nado carta testemunhável (art. 639, II, CPP).

27) Assinale a alternativa correta a respeito de prisão e liberdade provisória:

a) Em regra, não se concede o direito de recorrer em liberdade ao réu que tiver permanecido preso durante toda a
instrução do processo, pois a manutenção do réu na prisão constitui um dos efeitos da respectiva condenação.
b) A simples fuga do acusado do distrito da culpa, tão logo descoberto o crime, não justifica o decreto de prisão pre-
ventiva para garantir a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal..
c) A credibilidade da justiça afetada pela demora na solução das causas penais não pode ser elemento de
fundamentação para a prisão preventiva decretada para a garantia da ordem pública.
d) O juiz, após receber a comunicação do flagrante, está obrigado a fundamentar o despacho homologatório.
e) Havendo autoridade policial na circunscrição, a lavratura de auto de prisão em flagrante em local diverso da prisão
ocasiona a sua nulidade, em face da incompetência ratione loci.

Comentários:
a) Errada. A mantença do acusado na prisão não é um dos efeitos da condenação. Efeito desta é a obrigação de
cumprir a pena. Quando o juiz prolatar a decisão condenatória, obrigatoriamente deverá decidir, fundamentadamen-
te, se decretará a prisão do acusado que estiver solto ou se manterá a prisão preventiva já decretada anteriormente.
Não é automático, devendo haver pronunciamento judicial fundamentado a respeito (art. 387, § 1º, CPP).

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b) Errada. A fuga do acusado é fundamento suficiente, segundo a jurisprudência majoritária, para o decreto de prisão
preventiva. Nesse sentido, o posicionamento do STJ, seguido tanto pela 5ª quanto pela 6ª Turma: “(...)A fuga do
paciente do distrito da culpa, após o cometimento do delito, é fundamentação suficiente a embasar a manutenção da
custódia preventiva, ordenada para garantir a aplicação da lei penal. (…)” (RHC 54.509-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
24.02.2015). Note-se que se exige conhecimento do imputado de que os fatos criminosos foram descobertos e estão
sendo investigados, do contrário, inviável a prisão cautelar. É possível fundar o decreto prisional, no caso de fuga,
não só na garantia de aplicação da lei penal, mas também na própria conveniência da instrução, seja porque, com
a ausência do acusado e não constituindo ele defensor, torna-se inviável o prosseguimento do processo (art. 366,
CPP), seja porque tal circunstância pode acarretar risco ou temor às testemunhas.
c) Certa. É muito comum que as prisões preventivas sejam decretadas para assegurar a credibilidade da justiça.
Ocorre que o art. 312 do CPP não traz tal motivo como apto a justificar a medida cautelar extrema. Não por acaso,
nesses casos, os decretos prisionais acabam por afirmar que a credibilidade da justiça confunde-se com garantia da
ordem pública. Mas, discordamos totalmente e pedimos vênia para trazermos importante julgado do STF que muito
bem resume o problema: “(…) Muito já se escreveu sobre esse fundamento específico da prisão preventiva, previsto
no art. 312 do CPP. Para alguns estudiosos, serviria ele de instrumento para evitar que o acusado, em liberdade, pra-
ticasse novos crimes ou colocasse em risco a vida das pessoas que desejassem colaborar com a Justiça, causando
insegurança no meio social. Outros preferem associar a ordem pública à credibilidade do Poder Judiciário e das insti-
tuições públicas. Por fim, há também aqueles que encaixam no conceito de ordem pública a gravidade do crime ou a
reprovabilidade da conduta, sem falar no proverbial ‘clamor público’, muitas vezes confundido com a repercussão, na
mídia, causada pelo suposto delito. (…) No seu cotidiano exercício de interpretação constitucional do Direito Penal
e Processual Penal, o Supremo Tribunal Federal já consolidou o entendimento de que o uso de expressões forte-
mente retóricas ou emocionais, além do apelo à credibilidade da Justiça ou ao clamor público, não se prestam para
preencher o conteúdo da expressão ‘ordem pública’. Seja porque não ultrapassam o campo da mera ornamentação
linguística, seja porque desbordam da instrumentalidade inerente a toda e qualquer prisão provisória, antecipando,
não raras vezes, o juízo sobre a culpa do acusado. (…) Em matéria de prisão cautelar, a expressão “ordem pública”,
justamente, é a que me parece de mais difícil formulação conceitual. (…) Não há como desenlaçar a necessidade
de preservação da ordem pública e o acautelamento do meio social. No mesmo passo em que o conceito de ordem
24
pública se desvincula do conceito de incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio, ele se liga umbilicalmente ao
conceito de acautelamento do meio social. Acautelamento que não se confunde com a mera satisfação de um sen-
timento generalizado de insegurança, senão com medidas de efetiva proteção de uma certa comunidade; ou seja,
se a ambiência fática permite ao magistrado aferir que a liberdade de determinado indivíduo implicará a insegurança
objetiva de outras pessoas, com sérios reflexos no seio da própria comunidade, abre-se espaço para o manejo da
prisão em prol da ordem pública. Realidade que o cerca. Não para um retórico ou especulativo apelo à indetermi-
nação semântica daquilo que tradicionalmente se entende por ‘paz pública’. (...)” (HC 111.244-SP, Rel. Min. Ayres
Britto, j. 10.04.2012).
d) Errada. O CPP não traz previsão expressa da necessidade de homologação. Na verdade, à vista do o art. 310
do CPP, o juiz deve analisar o auto de prisão e decidir: a-) se deve relaxar a prisão, em caso de ilegalidade; b-) não
sendo caso de relaxamento, se deve conceder a liberdade provisória, aplicando ou não alguma medida cautelar,
dentre as previstas no art. 319 e 320, incluindo a fiança; c-) sendo ou não caso de relaxamento, se a prisão pre-
ventiva é adequada e necessária ao caso concreto e, assim, se deve decretá-la. A nosso ver, deve o juiz, em todos
estes casos, fundamentar sua decisão. Antes da Lei 12.403/2011, fazia sentido falar em homologação da prisão em
flagrante, visto que o juiz deveria apenas analisar se ela foi ou não legal. Não precisava propriamente manifestar-se
sobre a necessidade da prisão preventiva, pois a própria prisão em situação de flagrância, desde que legal, bastava
para manter o imputado no cárcere. Nesse caso, entendia-se que ao juiz bastaria afirmar que a prisão em flagrante
estava formalmente em ordem, sem maior fundamentação. Vejam, portanto, o quanto mudou o sistema de prisão e
liberdade, apenas analisando o aspecto da prisão em flagrante.
e) Errada. Convém esclarecer, primeiramente, que autoridade policial não exerce jurisdição e, portanto, não têm
competência, mas atribuição. Portanto, o termo “competência”, aqui, deve ser entendido num sentido mais amplo
como a atribuição para praticar o ato previsto na lei processual. Quanto ao problema trazido pela questão, a regra é
de que o preso deve ser apresentado à “autoridade competente”, na dicção do art. 304 do CPP. Porém, não havendo
autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, diz o art. 308, o preso será logo apresentado à do lugar mais
próximo. Porém, sendo apresentado o preso a autoridade diversa daquela do local da prisão, não há que se falar
em nulidade do auto de prisão, até porque não há questão de competência a ser tratada, tal como ocorreria no caso
de autoridade judicial. Assim, a autoridade a quem for apresentado o preso, mesmo sendo de localidade diversa de
onde ocorreu a prisão, pode lavrar o auto e encaminhá-lo ao juízo competente para ação penal. De há muito que tal

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entendimento é pacífico no STJ, verbis: “(…)A lavratura do auto de prisão em flagrante realizado em local diverso
daquele onde foi efetuada a prisão não acarreta nulidade, porquanto a autoridade policial não exerce função jurisdi-
cional, mas tão-somente administrativa, inexistindo, desta forma, razão para se falar em incompetência ratione loci.
(Precedentes). (…)” (RHC 16.189-SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 03.08.2004).

  DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Professora responsável:
Maria Carolina Silveira Beraldo
carol.beraldo@vorne.com.br

28) Sobre a estabilização da tutela, assinale a alternativa correta:

a) somente a interposição de agravo de instrumento é capaz de impedi-la, conforme redação do art. 304 do CPC;
b) ela pode ser rediscutida nos mesmos autos em que se formou, considerando a inexistência de coisa julgada;
c) ela pode se formar em qualquer procedimento de tutela antecedente;
d) não há arbitramento de honorários sucumbenciais, considerando sua fixação apenas em sentença - no primeiro
grau de jurisdição;
e) O STJ reconheceu a possibilidade de a estabilização ser impedida pela apresentação de contestação.

Comentários:
GABARITO: E
a) INCORRETA: embora o artigo 304 disponha expressamente que o recurso seria o instrumento hábil a impedir
a estabilização o STJ decidiu, ao julgar o REsp 1760966/SP que que a contestação também teria o mesmo efeito. 25
A saber:
RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE.
ARTS. 303 E 304 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE REVOGOU A DECISÃO CONCESSIVA DA TUTELA, APÓS A APRESEN-
TAÇÃO DA CONTESTAÇÃO PELO RÉU, A DESPEITO DA AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO. PRETENDIDA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. IMPOSSIBILIDADE. EFETIVA
IMPUGNAÇÃO DO RÉU.
NECESSIDADE DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
1. A controvérsia discutida neste recurso especial consiste em saber se poderia o Juízo de primeiro grau, após
analisar as razões apresentadas na contestação, reconsiderar a decisão que havia deferido o pedido de tutela
antecipada requerida em caráter antecedente, nos termos dos arts. 303 e 304 do CPC/2015, a despeito da
ausência de interposição de recurso pela parte ré no momento oportuno.
[...]
3. Uma das grandes novidades trazidas pelo novo Código de Processo Civil é a possibilidade de estabilização
da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, instituto inspirado no référé do Direito francês, que
serve para abarcar aquelas situações em que ambas as partes se contentam com a simples tutela antecipada,
não havendo necessidade, portanto, de se prosseguir com o processo até uma decisão final (sentença), nos
termos do que estabelece o art.
304, §§ 1º a 6º, do CPC/2015.
3.1. Segundo os dispositivos legais correspondentes, não havendo recurso do deferimento da tutela antecipa-
da requerida em caráter antecedente, a referida decisão será estabilizada e o processo será extinto, sem re-
solução de mérito. No prazo de 2 (dois) anos, porém, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo,
as partes poderão pleitear, perante o mesmo Juízo que proferiu a decisão, a revisão, reforma ou invalidação
da tutela antecipada estabilizada, devendo se valer de ação autônoma para esse fim.
3.2. É de se observar, porém, que, embora o caput do art. 304 do CPC/2015 determine que “a tutela anteci-
pada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso”, a leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação

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sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de
impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de instrumento, sobre-
carregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma, prevista no art. 304, §
2º, do CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.
4. Na hipótese dos autos, conquanto não tenha havido a interposição de agravo de instrumento contra a deci-
são que deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente, na forma do
art. 303 do CPC/2015, a ré se antecipou e apresentou contestação, na qual pleiteou, inclusive, a revogação
da tutela provisória concedida, sob o argumento de ser impossível o seu cumprimento, razão pela qual não
há que se falar em estabilização da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito prosseguir normalmente até
a prolação da sentença.
5. Recurso especial desprovido.
(REsp 1760966/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2018,
DJe 07/12/2018)
b) INCORRETA: pela dicção do art. 304, §§ 2º e 4º é necessário o ajuizamento de nova demanda para discutir a
matéria estabilizada
c) INCORRETA, pois o CPC autorizou somente a estabilização da tutela antecipada antecedente, prevista nos arti-
gos 303 e 304
d) INCORRETA: embora os artigos 303 e 304 não disponham expressamente dessa possibilidade, a combinação
dos artigos 85, §1º com o artigo 519 do CPC além dos artigos 22 e 23 do Estatuto da OAB impõem o arbitramento
de honorários em favor do advogado do Autor.
e) CORRETA, em razão do raciocínio desenvolvido na alternativa (A)

29) Em relação à pluralidade de pessoas no processo, assinale a alternativa correta:

a) a oposição deixou de ser intervenção de terceiros e se tornou procedimento especial no novo CPC;
b) É cabível a oposição nas ações de usucapião;
26
c) A denunciação da lide é obrigatória nos casos de evicção;
d) O ingresso do amicus curiae amplia um dos polos da demanda, razão pela qual pode haver a alteração da com-
petência devido à sua participação;
e) A denunciação da lide somente poderá ocorrer no polo passivo da demanda.

Comentários:
GABARITO: A
a) CORRETA, pois ela saiu do rol das intervenções de terceiros e foi alocada no Título III – procedimentos especiais
(arts. 682-686 do CPC)
b) INCORRETA: o STJ decidiu de forma absolutamente contrária a essa possibilidade – embora ainda chamando a
oposição de intervenção de terceiros - , conforme destacado abaixo:
RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS. OPOSIÇÃO.
NÃO CABIMENTO. NATUREZA JURÍDICA. AÇÃO DE CONHECIMENTO. INTERESSE PROCESSUAL. AU-
SÊNCIA. CONTESTAÇÃO. VIA ADEQUADA. NULIDADE. CITAÇÃO. VÍCIO. REEXAME DE PROVAS.
INVIABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. As questões controvertidas no presente recurso podem ser assim resumidas: (i) se é cabível a intervenção
de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião e (ii) se há vício de nulidade do processo por
falta de citação da recorrente para ação de usucapião na condição de confinante e proprietária do bem usu-
capiendo.
3. A oposição é instituto de intervenção de terceiros que tem natureza jurídica de ação judicial de conhecimen-
to, de modo que o opoente deve preencher as condições da ação e os pressupostos processuais para o seu
processamento.
4. Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião.

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5. O opoente carece de interesse processual para o oferecimento de oposição na ação de usucapião porque,
estando tal ação incluída nos chamados juízos universais (em que são convocados a integrar o polo passivo
por meio de edital toda a universalidade de eventuais interessados), sua pretensão poderia ser deduzida por
meio de contestação.
6. A previsão da convocação, por meio edital, de toda universalidade de sujeitos indeterminados para que in-
tegrem o polo passivo da demanda se assim desejarem elimina a figura do terceiro no procedimento da ação
de usucapião.
7. Tendo a Corte de origem concluído, à luz da prova dos autos, que (i) nenhum dos imóveis objeto da lide se
encontra registrado no nome da recorrente e (ii) não há nos autos nenhum lastro probatório que demonstre a
posição de confinante da recorrente, inviável a inversão do julgado, por força da Súmula nº 7/STJ.
8. Recurso especial conhecido em parte e não provido.
(REsp 1726292/CE, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
12/02/2019, DJe 15/02/2019)
c) INCORRETA: a obrigatoriedade deixou de existir no Novo CPC que, inclusive, revogou o art. 456 do CC, de onde
se extraía referida obrigação. Agora, toda forma denunciação passou a ser facultativa, como expressamente previsto
no §1º do art. 125
d) INCORRETA: o amicus não amplia nenhum dos polos da demanda, sua intervenção se faz como auxiliar à atua-
ção do Juízo. Ademais, o próprio art. 138, §1º do CPC rejeita expressamente referida alteração de competência.
e) INCORRETA: o caput do art. 125 é claro ao dispor que a denunciação pode ser utilizada por qualquer das partes
– e assim já era no CPC anterior.

30) Sobre a nulidade das decisões, assinale a alternativa correta:

a) o Tribunal, ao declarar a nulidade de sentença que não observa o art. 489, § 1º do CPC, remeterá os autos ao juiz
natural para prolação de uma nova, para que não haja supressão de instância; 27
b) é nulo o julgamento colegiado quando a publicação do acórdão não exibir todos os votos, sobretudo nos caso em
que houver divergência;
c) as decisões que apreciam a tutela provisória não precisam observar as disposições do art. 489, §1º do CPC em
razão da urgência que as caracteriza;
d) distinção e superação são dois institutos utilizados pelo novo CPC para auxiliar o juiz na elaboração de
decisões judiciais válidas;
e) O erro no nome da parte causa nulidade da própria decisão, uma vez o juiz não pode proferir decisão voltada a
pessoa distinta da que integra os autos, até mesmo para garantir sua inequívoca imparcialidade.

Comentários:
GABARITO: D
a) INCORRETA: conforme previsão do art. 1.013, §3º, IV do CPC, estando a causa madura para julgamento o Tribu-
nal deverá, diretamente, julgar o mérito apresentando a fundamentação adequada ao caso.
b) INCORRETA: a nulidade recai somente sobre a publicação, havendo a necessidade de se republicar o acórdão,
com recontagem dos prazos. Isso não afeta, porém, a higidez do julgado, conforme decidido pelo STJ:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PROPORCIONAL DIFERIDO.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO CONFIGURADA. ART. 941, § 3º, CPC/15. ACÓRDÃO. AU-
SÊNCIA DE JUNTADA DOS VOTOS DIVERGENTES. NULIDADE CONFIGURADA. REPUBLICAÇÃO.
JULGAMENTO: CPC/15.
[...]
2. O propósito recursal é decidir sobre: a) a negativa de prestação jurisdicional; b) a nulidade do acórdão, em virtude
de não terem sido juntados os votos vencidos; [...]
5. A inobservância da regra do § 3º do art. 941 do CPC/15 constitui vício de atividade ou erro de procedimento (error
in procedendo), porquanto não diz respeito ao teor do julgamento em si, mas à condução do procedimento de lavra-
tura e publicação do acórdão, já que este representa a materialização do respectivo julgamento.

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5. Hipótese em que há nulidade do acórdão, por não conter a totalidade dos votos declarados, mas não do julgamen-
to, pois o resultado proclamado reflete, com exatidão, a conjunção dos votos proferidos pelos membros do colegiado.
6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 1729143/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 15/02/2019)
c) INCORRETA, pois nem toda tutela provisória pressupõe urgência – a ver a tutela de evidência descrita no art.
311 do CPC. Além disso, o §1º do art. 489 do CPC dispõe que não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial
d) CORRETA, basta conhecer o disposto no art. 489, §1º, VI, CPC
e) INCORRETA: o erro no nome da parte pode, quando muito, gerar a nulidade da publicação, porém é um erro ma-
terial que pode ser corrigido de ofício pelo Juiz ou via embargos de declaração (art. 494, I e II do CPC)

31) Acerca da remessa necessária, assinale a alternativa correta:

a) é incabível em ações monitorias;


b) é possível que piore a situação da Fazenda Pública;
c) incide sobre sentenças que condenam sociedades de economia mista;
d) as faixas de valor que excepcionam sua incidência são padronizadas à partir do nível do ente federativo, estando
União, Estados e Municípios em faixas distintas, respectivamente de 1000, 500 e 100 salários mínimos;
e) incide na sentença que julga extinta a ação popular por carência de ação.

Comentários:
GABARITO: E
a) INCORRETA: sendo cabível ação monitória em face da Fazenda Pública (Enunciado 339, STJ) é cabível a aplica-
ção da remessa necessária sempre que a sentença lhe for contrária (art. 496 do CPC)
b) INCORRETA: o Enunciado 45 do STJ, ainda vigente, veda ao Tribunal a piora da situação da Fazenda 28
c) INCORRETA: por se tratar de prerrogativa processual, a interpretação das pessoas descritas no inciso I do art.
496 não pode ser extensiva. Conforme dito por Eduardo Talamini, “a remessa necessária não se aplica a pessoas
jurídicas de direito privado, nem mesmo àquelas que integram a Administração Pública indireta, como é o caso de
empresas públicas e sociedades de economia mista.”. (TALAMINI, Eduardo. Reexame necessário: hipóteses de
cabimento no CPC/15. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI235769,31047-Reexame+neces-
sario+hipoteses+de+cabimento+no+CPC15)
d) INCORRETA, pois a faixa de 500 salários mínimos é compartilhada por Estados e Municípios que sejam capitais
(art. 496, §3º, II do CPC)
e) CORRETA, conforme previsão do art. 19 da Lei 4717/65

32) Considerada a responsabilidade executiva, indique a assertiva correta:

a) o cônjuge que não for responsável financeiro pelo contrato de prestação de serviço educacional à prole
do casal pode sofrer constrição em demanda executiva;
b) não é possível a realização de penhora sobre imóvel do qual o devedor detenha propriedade, mas não o direito
de superfície;
c) Os herdeiros são responsáveis pessoalmente pelas dívidas do de cujus, ainda quando não tiver sido realizada a
partilha, porém apenas no limite da previsão de seu quinhão;
d) não é possível que um dos sócios pague a dívida da sociedade e promova, em face desta, execução para restitui-
ção dos valores, pois os sócios somente podem ser executados após esgotados os bens da sociedade;
e) a alienação de bem sobre o qual recaia demanda reipersecutória é considerada fraude à execução.

Comentários:
GABARITO: A
a) CORRETA, conforme REsp 1472316 / SP:
b) RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MENSALI-
DADES ESCOLARES. DÍVIDAS CONTRAÍDAS EM NOME DOS FILHOS DA EXECUTADA. AUSÊNCIA DE BENS

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EM NOME DA MÃE PARA A SATISFAÇÃO DO DÉBITO. PRETENSÃO DE INCLUSÃO DO PAI NA RELAÇÃO JU-
RÍDICA PROCESSUAL. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA DO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO
PELO SUSTENTO E PELA MANUTENÇÃO DO MENOR MATRICULADO EM ENSINO REGULAR. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ATRAÇÃO DO ENUNCIADO 284/STF. 1. Controvérsia em torno da possibilidade
de, no curso de execução extrajudicial baseada em contrato de prestação de serviços educacionais firmados entre a
escola e os filhos do recorrido, representados nos instrumentos contratuais apenas por sua mãe, diante da ausência
de bens penhoráveis, ser redirecionada a pretensão de pagamento para o pai. 2. A legitimidade passiva ordinária
para a execução é daquele que estiver nominado no título executivo. 3. Aqueles que se obrigam, por força da lei
ou do contrato, solidariamente à satisfação de determinadas obrigações, apesar de não nominados no título, pos-
suem legitimidade passiva extraordinária para a execução. 4. Nos arts. 1.643 e 1644 do Código Civil, o legislador
reconheceu que, pelas obrigações contraídas para a manutenção da economia doméstica, e, assim, notadamente,
em proveito da entidade familiar, o casal responderá solidariamente, podendo-se postular a excussão dos bens do
legitimado ordinário e do coobrigado, extraordinariamente legitimado. 5. Estão abrangidas na locução “economia
doméstica” as obrigações assumidas para a administração do lar e, pois, à satisfação das necessidades da família,
no que se inserem as despesas educacionais. 6. Na forma do art. 592 do CPC/73, o patrimônio do coobrigado se su-
jeitará à solvência de débito que, apesar de contraído pessoalmente por outrem, está vocacionado para a satisfação
das necessidades comuns/familiares. 7. Os pais, detentores do poder familiar, tem o dever de garantir o sustento e
a educação dos filhos, compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que deverão, solidaria-
mente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho. 8. Possibilidade, assim, de acolhimento
do pedido de inclusão do genitor na relação jurídica processual, procedendo-se à prévia citação do pai para paga-
mento do débito, desenvolvendo-se, então, regularmente a ação executiva contra o coobrigado. 9. Doutrina acerca
do tema. 10. RECURSO ESPECIAL EM PARTE CONHECIDO E PROVIDO.
c) INCORRETA, pois a penhora é autorizada pelo próprio art. 791 do CPC
d) INCORRETA, pela redação do art. 796 do CPC, o espólio responde por essas dívidas
e) INCORRETA, essa previsão é autorizada pelo art. 795, §3º do CPC
f) INCORRETA, pois a fraude se caracteriza somente a partir da averbação da demanda junto ao registro público 29
(art. 792, I do CPC)

33) Sobre os recursos especial e extraordinário, é possível afirmar que:


a) o pedido de gratuidade não pode ser formulado no corpo do recurso especial, sendo necessária sua formulação
em autos apartados;
b) O pedido de gratuidade pode ser formulado no corpo do recurso especial e caso tenha seu pedido indefe-
rido, deverá a parte ser intimada para realizar o preparo;
c) O STF não pode majorar os honorários advocatícios em sede recurso extraordinário, considerando não poder
analisar os critérios deixados pelo art. 85, §§ 2º e 3º;
d) O recurso especial interposto pela Defensoria Pública na qualidade de curadora especial de réu revel imprescinde
do recolhimento de preparo em razão da inexistência de comprovação da hipossuficiência da parte;
e) O recurso extraordinário carece de prequestionamento, salvo quando se tratar de questão de ordem pública.

Comentários:
GABARITO: B
a) INCORRETA: embora a questão tenha sido controvertida, o STJ pacificou o tema no julgamento abaixo:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. INDEFE-
RIMENTO. PREPARO. AUSÊNCIA. DESERÇÃO. NECESSIDADE DE PRÉVIA INTIMAÇÃO. 1. Trata-se de
Embargos de Divergência entre acórdãos da Primeira e da Quarta Turmas do STJ que apresentam entendi-
mentos distintos quanto a se haveria ou não necessidade de intimar a parte embargante para a realização
do preparo quando reconhecida como incorreta a formulação do pedido de assistência judiciária gratuita na
própria petição do Recurso Especial. O acórdão embargado da Primeira Turma decidiu que o recurso seria
deserto, pois o pedido de benefício de assistência judiciária gratuita deveria ter sido feito em autos apartados.
Já a Quarta Turma (REsp 731.880/MG, Rel. Min. Jorge Scartezzini) decidiu que o recurso não seria deserto,
pois, no caso de indeferimento, há que oportunizar à parte o pagamento do preparo.
2. O Recurso de Embargos de Divergência tem por objetivo uniformizar a jurisprudência interna do Superior
Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. Tal espécie recursal está disciplinada nos artigos 1.043 e

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1.044 do CPC/2015, sendo cabível contra Acórdão do STJ ou do STF: a) divergir do julgamento de qualquer
outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
b) divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que
não tenha conhecido do recurso, embora haja apreciado a controvérsia.
3. Disciplinando a matéria da assistência judiciária gratuita, a Lei 1.060/1950, recepcionada pela nova ordem
constitucional, em seu art.
1º, caput e § 1º, prevê que o referido benefício pode ser pleiteado a qualquer tempo, sendo suficiente para sua
obtenção que a pessoa física afirme não ter condições financeiras de arcar com as despesas do processo.
4. O CPC/2015 avançou em relação ao tema da assistência judiciária gratuita, primeiramente por discipli-
nar a matéria no próprio estatuto processual; depois por permitir que o requerimento seja formulado por
qualquer meio e, nos casos do seu indeferimento, que o interessado seja intimado para a realização do
preparo.
5. Nada mais razoável para se tornarem efetivos os direitos fundamentais de assistência jurídica das pessoas
economicamente hipossuficientes (CF. art. 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos) e de amplo acesso à Justiça (CF. art. 5º, XXXV - a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito) para que seja assegurada ao jurisdicio-
nado não somente a possibilidade de protocolizar o pedido de assistência judiciária por qualquer meio proces-
sual e em qualquer fase do processo, mas também, caso indeferido o pedido, sua intimação para que realize
o recolhimento das custas e porte de remessa e retorno, quando for o caso. A propósito: REsp 1.680.645/MA,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 3/10/2017, DJe 11/10/2017.
6. Entendimento diverso vai na contramão da evolução histórica do direito processual e dos direitos funda-
mentais dos cidadãos, privilegiando uma jurisprudência defensiva em detrimento do princípio da primazia do
julgamento de mérito.
7. Ademais, há precedentes do STJ no sentido de que “É desnecessário o preparo do recurso cujo mérito
discute o próprio direito ao benefício da assistência judiciária gratuita” e que, antes de declarar a deserção do 30
recurso, o magistrado deve analisar o pedido de gratuidade de justiça feito em tempo anterior a sua interpo-
sição, concedendo prazo, no caso de indeferimento, para recolhimento das custas devidas. Nesse sentido:
AgInt no AREsp 1.181.169/RJ, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 10/4/2018, DJe 13/4/2018; AgInt no AREsp 983.952/
RJ, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 23/5/2017, DJe 01/6/2017; AgInt no RMS
49.328/AC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 6/10/2016; RMS 49.180/AC, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de 18/8/2016.
8. Embargos de Divergência providos, no sentido da necessidade de intimação do interessado para a reali-
zação do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou não processamento do pedido de assistência
judiciária gratuita.
(EAREsp 742.240/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/09/2018, DJe
27/02/2019)
b) CORRETA, conforme precedente acima
c) INCORRETA, pois a previsão do art. 85, §11 não veda aos Tribunais Superiores a majoração dos honorários e,
inclusive, o STF já vem fazendo (dentre os mais recentes em pesquisa junto ao site do STF, ARE 1155187 AgR)
d) INCORRETA: uma vez mais, o STJ pacificou entendimento anteriormente contraditório e resolveu que a Defenso-
ria não precisa recolher o preparo para exercer seu múnus:
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RÉU CITADO POR EDITAL. RE-
VEL. RECURSO INTERPOSTO PELA DEFENSORIA PÚBLICA COMO CURADORA ESPECIAL. DESER-
ÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO.
1. Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela Defensoria Pú-
blica, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo.
2. Embargos de divergência providos.
(EAREsp 978.895/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, CORTE ESPECIAL, julgado em
18/12/2018, DJe 04/02/2019)
e) INCORRETA, pois as matérias de ordem pública também devem ser objeto de prequestionamento. Dentre todos,

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Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REITERAÇÃO DA


TESE DO RECURSO INADMITIDO. SUBSISTÊNCIA DA DECISÃO AGRAVADA. ART. 21, XXI, DA CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. PRECLUSÃO. REVOLVI-
MENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279/STF. AGRAVO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. [...]. IV – Há necessidade de prequestionamento da
matéria constitucional ainda que se trate de matéria de ordem pública cuja apreciação possa dar-se de ofício,
sob pena de preclusão temporal. Precedentes. V - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplica-
ção de multa (art. 1.021, § 4°, do CPC).
(ARE 1125393 AgR-segundo, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
30/11/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-262 DIVULG 05-12-2018 PUBLIC 06-12-2018)
34) Marque a alternativa correta sobre a ação rescisória:
a) O art. 966, § 5º do CPC autoriza o ajuizamento de ação rescisória para alteração de coisa julgada em razão de
alteração de entendimento jurisprudencial;
b) O STF autoriza o ajuizamento de ação rescisória fundado em alteração jurisprudencial substancial;
c) A ação rescisória deve ser ajuizada perante o STF sempre que o processo tiver findado neste tribunal, por força
de análise de recurso extraordinário;
d) Atualmente, o STJ entende que, em havendo a formação de duas coisas julgadas sobre uma mesma ma-
téria, a ação rescisória deverá desconstituir (rescindir) a segunda;
e) A ação rescisória somente exige a participação do MP quando este for seu autor.

Comentários:
GABARITO: D
a) INCORRETA: a autorização mencionada somente funciona para os casos em que o Juiz tenha aplicado indevida-
mente precedente à causa julgada.
31
b) INCORRETA, pois o STF reitera a impossibilidade de se alterar coisa julgada em face de modificação de entendi-
mento jurisprudencial, como se vê abaixo:
INFORMATIVO Nº 921
AR REPERCUSSÃO GERAL DIREITO CONSTITUCIONAL – COMPETÊNCIA LEGISLATIVA - 2422
O Plenário negou provimento a agravo regimental interposto pela União contra decisão que negou segui-
mento a ação rescisória ajuizada para desconstituir acórdão da Segunda Turma (MS 31.686) que assegurou
à impetrante o recebimento de parcela referente ao pagamento do percentual de 26,05% relativo à Unidade
de Referência de Preços (URP) de fevereiro de 1989 (Plano Verão). A autora pretendia rescindir o julgado ao
fundamento de que, tempos depois, a Corte mudou seu posicionamento e passou a permitir que o Tribunal de
Contas da União analisasse a questão no momento do pedido de aposentadoria e eventualmente glosasse
a URP em virtude de reescalonamento de carreiras. Para o Colegiado, é inadmissível ação rescisória por
ofensa a literal dispositivo de lei na hipótese em que a decisão rescindenda tiver por fundamento texto legal
de interpretação controvertida nos tribunais (Verbete 343 da Súmula do STF). Com base nesse entendimento,
determinou que prevaleça a qualidade de imutabilidade dos efeitos da decisão de mérito transitada em julgado
proferida pelo acórdão rescindendo. Asseverou, ainda, que a ação rescisória é via processual inadequada à
mera rediscussão de questões já assentadas pelo Tribunal à época do julgamento do qual decorreu a decisão
que se pretende desconstituir. Ademais, uma alteração posterior de jurisprudência pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) não legitima o pedido rescisório, notadamente em razão de, à época de sua prolação, a inter-
pretação sobre o tema ser controvertida no próprio Tribunal. Em consonância com o instituto da prospective
overruling, a mudança jurisprudencial deve ter eficácia ex nunc, porque, do contrário, surpreende quem obe-
decia à jurisprudência daquele momento. Ao lado do prestígio do precedente, há o prestígio da segurança
jurídica, princípio segundo o qual a jurisprudência não pode causar uma surpresa ao jurisdicionado a partir
de modificação do panorama jurídico. AR 2422/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 25.10.2018. (AR-2422)
c) INCORRETA: em vista do disposto no Enunciado 515 do STF, “A competência para a ação rescisória não é do Su-
premo Tribunal Federal, quando a questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento,
seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório”.
d) CORRETA: embora seja questão controversa na doutrina e na jurisprudência, o STJ vem tratando a questão des-
sa forma. Dentre todos os julgados, o mais recente:

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PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RESCISÓRIA.


ART. 485, IV, DO CPC/1973. DUAS DECISÕES TRANSITADAS EM JULGADO.
TRÍPLICE IDENTIDADE. PREVALECE A PRIMEIRA DECISÃO. OFENSA À COISA JULGADA.
1. A ação rescisória ajuizada com base na ofensa à coisa julgada (art. 485, IV, do CPC/1973) pressupõe a
existência de duas decisões sobre a mesma relação jurídica.
2. No caso, existindo identidade entre as partes e a causa de pedir, evidencia-se a violação à coisa julgada,
motivo pelo qual a segunda decisão merece ser rescindida. Precedentes.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AgInt no REsp 1479241/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
26/02/2019, DJe 11/03/2019)
e) INCORRETA, pois o MP também é chamado a participar nas rescisórias que tratem de direitos que devam por ele
ser tutelados, vide art. 967, parágrafo único do CPC

35) Assinale a alternativa correta:

a) Existe, no CPC, hipótese na qual o recurso especial será recebido com efeito suspensivo;
b) A remessa necessária impede o trânsito em julgado da sentença, porém não impede o cumprimento imediato de
seu conteúdo;
c) A exemplo dos anteriores embargos infringentes, a técnica de julgamento estendido ou ampliado ocorre quando
houver a reforma da sentença de mérito por maioria de votos;
d) A decisão de inadmissibilidade de recurso especial, assim como todo pronunciamento judicial, pode ser dividida
em capítulos e, portanto, recorrível de maneira parcial;
e) O julgamento realizado mediante a técnica de julgamento estendido ou ampliado deve ser limitado ao aspecto
gerador da divergência.
32
Comentários:
GABARITO: A
a) CORRETA: essa previsão está contida no art. 987, §1º do CPC
b) INCORRETA, pois de acordo com o art. 496 do CPC a remessa necessária é condição de eficácia da sentença.
Sem sua observância, não há a possibilidade de que os efeitos possam surtir validamente
c) INCORRETA, pois a técnica é aplicada sempre que houver julgamento por maioria, independentemente se para
reformar ou manter a sentença. Assim decidiu o STJ:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. CPC/2015, ART. 942. TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DE JULGA-
MENTO. DECISÕES COM MAIOR GRAU DE CORREÇÃO E JUSTIÇA. ECONOMIA E CELERIDADE. APE-
LAÇÃO NÃO UNÂNIME QUE REFORMA OU MANTÉM A SENTENÇA IMPUGNADA. EMPREGO AUTOMÁ-
TICO E OBRIGATÓRIO.
1. Nos termos do caput do art. 942 do CPC/2015, quando o resultado da apelação for não unânime, o julga-
mento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial.
2. A técnica de ampliação do julgamento prevista no CPC/2015 possui objetivo semelhante ao que possuíam
os embargos infringentes do CPC/1973, que não mais subsistem, qual seja a viabilidade de maior grau de
correção e justiça nas decisões judiciais, com julgamentos mais completamente instruídos e os mais proficien-
temente discutidos, de uma maneira mais econômica e célere.
3. Contudo, diferentemente dos embargos infringentes do CPC/1973 - que limitava, no caso da apelação,
a incidência do recurso aos julgamentos que resultassem em reforma da sentença de mérito -, a técnica de
julgamento prevista no CPC/2015 deverá ser utilizada quando o resultado da apelação for não unânime, inde-
pendentemente de ser julgamento que reforma ou mantém a sentença impugnada.
4. A forma de julgamento prevista no art. 942 do CPC de 2015 não se configura como espécie recursal nova,
porquanto seu emprego será automático e obrigatório, conforme indicado pela expressão “o julgamento terá
prosseguimento”, no caput do dispositivo, faltando-lhe, assim, a voluntariedade e por não haver previsão legal
para sua existência (taxatividade).

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5. Recurso especial provido.


(REsp 1733820/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/10/2018, DJe
10/12/2018)
d) INCORRETA: a decisão que inadmite o recurso especial ou o extraordinário é una e só pode ser recorrida por
inteiro. Assim:
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DE TODOS OS FUN-
DAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA. ART. 544, § 4º, I, DO CPC/1973. ENTENDIMENTO RENOVADO
PELO NOVO CPC, ART. 932. 1. No tocante à admissibilidade recursal, é possível ao recorrente a eleição
dos fundamentos objeto de sua insurgência, nos termos do art. 514, II, c/c o art. 505 do CPC/1973. Tal
premissa, contudo, deve ser afastada quando houver expressa e específica disposição legal em sentido
contrário, tal como ocorria quanto ao agravo contra decisão denegatória de admissibilidade do recurso
especial, tendo em vista o mandamento insculpido no art. 544, § 4º, I, do CPC, no sentido de que pode o
relator “não conhecer do agravo manifestamente inadmissível ou que não tenha atacado especificamente
os fundamentos da decisão agravada” - o que foi reiterado pelo novel CPC, em seu art. 932. 2. A decisão
que não admite o recurso especial tem como escopo exclusivo a apreciação dos pressupostos de admis-
sibilidade recursal.
Seu dispositivo é único, ainda quando a fundamentação permita concluir pela presença de uma ou de várias
causas impeditivas do julgamento do mérito recursal, uma vez que registra, de forma unívoca, apenas a inad-
missão do recurso. Não há, pois, capítulos autônomos nesta decisão.
3. A decomposição do provimento judicial em unidades autônomas tem como parâmetro inafastável a sua
parte dispositiva, e não a fundamentação como um elemento autônomo em si mesmo, ressoando inequívoco,
portanto, que a decisão agravada é incindível e, assim, deve ser impugnada em sua integralidade, nos exatos
termos das disposições legais e regimentais.
4. Outrossim, conquanto não seja questão debatida nos autos, cumpre registrar que o posicionamento ora
perfilhado encontra exceção na hipótese prevista no art. 1.042, caput, do CPC/2015, que veda o cabimento 33
do agravo contra decisão do Tribunal a quo que inadmitir o recurso especial, com base na aplicação do enten-
dimento consagrado no julgamento de recurso repetitivo, quando então será cabível apenas o agravo interno
na Corte de origem, nos termos do art. 1.030, § 2º, do CPC.
5. Embargos de divergência não providos.
(EAREsp 831.326/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/09/2018, DJe 30/11/2018)
e) INCORRETA, pois o julgamento estendido pode analisar inclusive as questões que não foram objeto da divergên-
cia, a saber:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS.
APELAÇÃO. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. JULGAMENTO NÃO UNÂNIME. TÉCNICA DE AM-
PLIAÇÃO DO COLEGIADO. ART. 942 DO CPC/2015. NATUREZA JURÍDICA. TÉCNICA DE JULGAMENTO.
CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE VOTO. POSSIBILIDADE. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
[...]
5. A técnica de ampliação do colegiado consiste em significativa inovação trazida pelo CPC/2015, tendo ca-
bimento nas hipóteses de julgamento não unânime de apelação; ação rescisória, quando o resultado for a
rescisão da sentença; e agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgou parcialmente
o mérito.
6. O art. 942 do CPC/2015 não configura uma nova espécie recursal, mas, sim, uma técnica de julgamento,
a ser aplicada de ofício, independentemente de requerimento das partes, com o objetivo de aprofundar a dis-
cussão a respeito de controvérsia, de natureza fática ou jurídica, acerca da qual houve dissidência.
7. Constatada a ausência de unanimidade no resultado da apelação, é obrigatória a aplicação do art. 942 do
CPC/2015, sendo que o julgamento não se encerra até o pronunciamento pelo colegiado estendido, ou seja,
inexiste a lavratura de acórdão parcial de mérito. 8. Os novos julgadores convocados não ficam restritos aos
capítulos ou pontos sobre os quais houve inicialmente divergência, cabendo-lhes a apreciação da integralida-
de do recurso. 9. O prosseguimento do julgamento com quórum ampliado em caso de divergência tem por ob-
jetivo a qualificação do debate, assegurando-se oportunidade para a análise aprofundada das teses jurídicas

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contrapostas e das questões fáticas controvertidas, com vistas a criar e manter uma jurisprudência uniforme,
estável, íntegra e coerente. 10. Conforme expressamente autorizado pelo art. 942, § 2º, do CPC/2015, os
julgadores que já tenham votado podem modificar o seu posicionamento.
[...]
(REsp 1771815/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
13/11/2018, DJe 21/11/2018)

36) É correto afirmar que:

a) O contrato de confissão de dívida não assinado por duas testemunhas não pode ser considerado título executivo,
mesmo que vinculado a uma nota promissória;
b) A fazenda pública não pode recusar a substituição da penhora, realizada pelo executado, por títulos executivos
como as debêntures, uma vez que se assemelham ao crédito em dinheiro;
c) Não é permitido o ajuizamento de ação monitória quando o autor da ação possuir título executivo extrajudicial em
face do réu;
d) O prazo decadencial da ação pauliana é de quatro anos contados do registro do imóvel em nome do ter-
ceiro comprador;
e) A inicial da execução fiscal deve conter o demonstrativo do débito atualizado bem como ser acompanhada pela
CDA.

Comentários:
GABARITO: D
a) INCORRETA, pois a executoriedade decorre da nota promissória vinculada ao contrato, conforme já decidiu o STJ:
AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA SEM ASSINATURA DE DUAS 34
TESTEMUNHAS. NOTAS PROMISSÓRIAS VINCULADAS. EXECUTIVIDADE. 1. É firme o entendimento do
STJ no sentido de que o contrato de confissão de dívida sem assinatura de duas testemunhas, em geral, não
retira a força executiva da nota promissória a ele vinculada.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp 1341604/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/06/2018,
DJe 15/06/2018)
b) INCORRETA, já que a Fazenda pode recusar a substituição da penhora sempre que não for por dinheiro, confor-
me previsão do art. 15, I da Lei de Execuções Fiscais. Sobre esse tema:
TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA.
PRECATÓRIOS, DEBÊNTURES E DUPLICATAS. RECUSA DA FAZENDA PÚBLICA JUSTIFICADA. POSSIBILI-
DADE. ENTENDIMENTO FIRMADO SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC: RESP. 1.090.898/SP, REL. MIN.
CASTRO MEIRA, DJE 31.8.2009. AGRAVO INTERNO DO CONTRIBUINTE A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. A orientação desta Corte Superior de Justiça de que a substituição da penhora, por iniciativa da parte devedora,
somente pode ser feita por dinheiro ou fiança bancária, nos termos do art.
15, I, da Lei 6.830/1980, e que, no caso de oferecimento de outros bens (como é o caso dos autos, em que foram
indicados apenas direitos de crédito, consubstanciados em precatórios, debêntures da Vale do Rio Doce e duplica-
tas), é legítima a recusa da Fazenda Pública (AgRg no AREsp. 386.322/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJu
5.12.2013).
2. Agravo Interno do Contribuinte a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 271.603/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
10/04/2018, DJe 20/04/2018)
c) INCORRETA: não só o ajuizamento da ação monitória como de ação de conhecimento é permitido àquele que
detém título executivo.
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA PELA FAZENDA PÚBLICA. COBRANÇA DE CRÉDITO FISCAL
NÃO TRIBUTÁRIO. MULTA DE TRÂNSITO. POSSIBILIDADE.
INTERESSE DE AGIR CARACTERIZADO.

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1. Caso em que o Tribunal de origem entendeu inexistente o interesse de agir na pretensão do Município
consubstanciada na cobrança das infrações de trânsito praticadas pelo particular, por meio da Ação Monitória.
2. O STJ entende que não se verifica prejuízo para o direito de defesa com a escolha do rito da Ação Monitória,
que é mais demorado que o rito da Ação de Execução de Título Extrajudicial. precedentes: REsp 1281036/RJ,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24/05/2016; AgRg no AREsp 148.484/SP, Rel. Ministro
Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 28/5/2012; AgRg no REsp 1.209.717/SC, Rel.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, DJe 17/9/2012.
3. Nesse sentido, o enunciado 446 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Cabe ação monitória
mesmo quando o autor for portador de título executivo extrajudicial”. Ainda, o enunciado 101 da I Jornada
de Direito Processual Civil, do Conselho da Justiça Federal: “É admissível ação monitória, ainda que o autor
detenha título executivo extrajudicial”. 4. A Fazenda Pública pode valer-se da execução fiscal para os créditos
fiscais (tributários ou não tributários) decorrentes de atividade essencialmente pública. Os referidos créditos
devem ser inscritos em dívida ativa, a fim de possibilitar o ajuizamento da Execução Fiscal. Contudo, não ha
impedimento para que a Fazenda Pública, em vez de inscrever o crédito em dívida ativa, proponha Ação Mo-
nitória, desde que possua prova escrita do crédito, no intuito de obter título judicial e promover, em seguida,
o cumprimento de sentença. Isso porque quem dispõe de título executivo extrajudicial pode, mesmo assim,
propor ação monitória.
5. Recurso Especial provido.
(REsp 1748849/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2018, DJe
17/12/2018)
d) CORRETA, e essa indicação foi dada pelo STJ no julgamento do AgInt no AREsp nº 1203006
AGRAVO INTERNO. AÇÃO PAULIANA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL.
TRANSCRIÇÃO NO REGISTRO IMOBILIÁRIO. FALTA DE IMPUGNAÇÃO A FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRA-
VADA. ARTIGOS 932, III, e 1.021, § 1º, DO CPC DE 2015. SÚMULAS 83 E 182 DO STJ.
1. A pretensão de postular a nulidade de venda de imóvel por fiador de contrato de locação decai após ultrapassado 35
o período de quatro anos depois da transcrição no registro imobiliário, nos termos do Código Civil, art. 172, inciso II,
ocasião em que o terceiro passa a ter ciência da transação. Precedentes. Incidência da Súmula 83/STJ.
2. Nos termos do art. 932, inciso III, e 1.021, § 1º, do Código de Processo Civil, não se conhece de agravo cujas
razões não impugnam especificamente fundamento da decisão agravada. Aplicação, por analogia, do enunciado 182
da Súmula do STJ.
3. Em atenção ao princípio da dialeticidade, cumpre à parte recorrente o ônus de evidenciar, nas razões do agravo
do recurso, o desacerto da decisão recorrida.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1203006/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2018,
DJe 25/09/2018)
e) INCORRETA: o demonstrativo do débito não é requisito previsto no Art 6º Lei de Execuções Fiscais. Esse enten-
dimento foi resguardado pelo STJ no Enunciado 559 “Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da
petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei n.
6.830/1980.”

37) José e Maria eram casados e tinham um filho, Antônio. Em 2015, José e Maria se divorciam e so-
mente em 2018 José se casou novamente, em comunhão universal de bens, ocasião na qual se desfez
de três pequenos imóveis que tinha para adquirir um apartamento grande. Na condição de empresário,
José vinha amargando prejuízos contínuos em razão da crise econômica e, em agosto de 2018, parou
de pagar a pensão de Antônio. Em janeiro de 2019, Antônio ajuizou ação de execução de alimentos em
face de José, ocasião na qual o Juiz da causa determinou a penhora do apartamento do executado.
Diante do caso narrado, assinale a alternativa correta:

a) a ação de execução seguirá o rito do art. 911 c/c 528, §3º do CPC;
b) José pode evitar a penhora do bem, em razão de sua impenhorabilidade, por se tratar de bem de família;
c) O bem poderá ser penhorado e leiloado, sendo o fruto de sua venda integralmente destinado ao pagamento dos
alimentos, já que a impenhorabilidade do bem de família não é oponível a dívidas alimentícias;

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d) Caso José seja preso, a mora será expurgada e a constrição sobre o bem levantada;
e) Ana, nova esposa de José, poderá opor embargos de terceiros, tendo em vista sua meação e sua proteção
suficiente por se tratar de seu bem de família, resguardando seus direitos

Comentários:
GABARITO: E
a) INCORRETA, pois o rito que permite a prisão é aplicável somente para os três últimos meses de atraso. Ademais,
o próprio caso indica a existência de penhora de bem, indicando a escolha pelo rito previsto no §7º do art. 528 do
CPC
b) INCORRETA, pois a impenhorabilidade do bem de família não é oponível pelo devedor dos alimentos, conforme
previsão expressa do art. 3º, III da Lei 8009/90
c) INCORRETA, pois a mesma previsão do art. 3º, III da Lei 8009/90 dispõe que a exceção à impenhorabilidade só
se aplica ao devedor de alimentos e não ao cônjuge que compartilhe com ele o imóvel
d) INCORRETA, pois a prisão do devedor de alimentos não o exime do pagamento da dívida, conforme art. 528, §5º
do CPC
e) CORRETA, uma vez que Ana é meeira do bem, em razão do regime de casamento e, ainda, por sua possibilidade
de alegar em seu favor a impenhorabilidade do bem de família.

  DIREITO CIVIL
Professor responsável:
Anderson Souza
asouza10@hotmail.com
36
38) Pedro, proprietário bem-sucedido de uma empresa de construção civil na capital paulista, foi vis-
to pela última vez em 19 de fevereiro de 2019, quando saiu do trabalho mais cedo. Pedro conta com
Jonas, gerente da empresa, a quem conferiu poderes específicos para a administração do negócio.
Casado com Ana, Pedro tem com ela os filhos João e Maria, já maiores e capazes. Além da construtora,
o patrimônio da família é composto também por outros empreendimentos e investimentos. Apesar de
incessantes buscas, as autoridades não conseguiram encontrá-lo. Até o momento, não se obteve êxito
na sua localização nem mesmo em campanhas de buscas deflagradas por familiares e amigos em redes
sociais. Diante desse panorama, assinale a alternativa correta:
a) A hipótese admite a declaração de morte presumida de Pedro sem decretação de ausência.
b) Não caberá arrecadação de bens, declaração de ausência e abertura de sucessão de Pedro porque ele tem em
Jonas procurador para administrar seus bens.
c) Em sendo arrecadados os bens de Pedro, João ou Maria, por serem descendentes, têm preferência na nomeação
como curadores dos bens do pai.
d) Ana, João e Maria poderão entrar na posse dos bens de Pedro independentemente de garantias.
e) Se regressar depois de aberta sua sucessão definitiva, Pedro não terá direito de reaver seus bens.

Comentários:
a) Errada. As hipóteses de declaração de morte presumida sem decretação de ausência estão disciplinadas no art.
7º do CC, precisamente “se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida” (inciso I) e “se
alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra”
(inciso II). Ainda, conforme p.ú., “a declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”. No caso,
as circunstâncias do desaparecimento de Pedro não indicam que ele estivesse em situação de perigo de vida que
tornasse extremamente provável a sua morte, tampouco na hipótese do inc. II.
b) Errada. Jonas não poderá ser nomeado curador dos bens de Pedro porque seus poderes são limitados à adminis-
tração da construtora, não abrangendo, assim, o restante do seu patrimônio. Dessa forma, diante do art. 23 do CC,
será necessária a arrecadação dos bens do ausente com a nomeação de curador.

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c) Errada. Conforme caput do art. 25 do CC, Ana, casada com Pedro, será legítima curadora dos seus bens, cabendo
o encargo a João e Maria apenas no caso de falta da mãe (§1º do art. 25 do CC).
d) Correta. Ana, João e Maria, por serem cônjuges e descendentes de Pedro, respectivamente, são dispensados de
prestação de garantia para entrarem na posse dos bens do ausente, conforme §2º do art. 30 do CC. Isso se deve
porque a lei considera que os bens do ausente continuarão em família, o que não ocorrerá se forem confiados a
outros herdeiros, que deverão fazê-lo.
e) Errada. O art. 39 do CC admite que o ausente, regressando em até dez anos depois de aberta sua sucessão defi-
nitiva, retome seus bens, no estado em que se encontrarem, ou se sub-rogue nos que se acharem em seu lugar, ou
no preço que tiver sido obtido na venda.

39) As associações constituem-se pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Sobre sua disciplina dada pelo Código Civil, é correto afirmar:

a) Os associados têm direitos iguais, sendo vedada a instituição de categorias com vantagens especiais.
b) A relação entre os associados é constituída por direitos e obrigações recíprocos.
c) A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, mediante deliberação fundamentada pela maioria
absoluta dos presentes à assembleia geral convocada para esse fim.
d) Sendo dissolvida, os associados poderão ser restituídos do que contribuíram para a formação do patrimô-
nio da associação, antes da destinação do remanescente a entidades afins, privadas ou públicas, se assim
forem admitidos por cláusula no estatuto ou por deliberação dos sócios.
e) São veladas pelo Ministério Público.

Comentários:
a) Errada. O art. 55 prescreve que os associados devem ter direitos iguais, mas que o estatuto pode instituir catego-
rias com vantagens especiais. De fato, é possível que pessoas contribuam mais e de forma diferente para o alcance 37
dos fins sociais (com atividades técnicas específicas, por ex.), o que justifica a instituição de condições.
b) Errada. Conforme p.ú. do art. 53, “não há, entre os sócios, direitos e obrigações recíprocos”. Na verdade, a relação
dos associados é com a pessoa jurídica criada, voltada à consecução de seus fins sociais, e não entre os associados
entre si.
c) Errara. Em linhas gerais, constava tal previsão na redação antiga do art. 57. No entanto, a sua nova redação dada
pela Lei 11.127/2005 garante aos associados o direito a ampla defesa e a recurso, nos termos a serem previstos no
estatuto. Trata-se de consagração legislativa de entendimento do STF que vem reconhecendo a eficácia de direitos
fundamentais nas relações privadas, conforme RE 201819/RJ.
d) Correta. A preferência é que, em caso de dissolução da associação, o remanescente de seu patrimônio seja
destinado a entidades com propósitos afins, tais como outras associações ou instituições públicas, mas a lei não
impede que os associados sejam restituídos do que contribuíram para a formação da associação, se assim prever
seu estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, conforme art. 61.
e) Errada. A questão precisa ser vista com cuidado. O Ministério Público fiscaliza as fundações, conforme art. 66,
mas não há tal previsão no CC em relação às associações. De fato, nem poderia haver, uma vez ser vedada a in-
terferência estatal no seu funcionamento, conforme inc. XVIII do art. 5º da CF. Todavia, não se confunde a atuação
do Ministério Público em relação às associações quando elas recebem verbas públicas para a consecução de seus
objetivos e há notícias de malversação, quando então caberá apuração de responsabilidade. Antes disso, caberá
prestação de contas do uso do dinheiro público diretamente aos tribunais de contas.

40) Sobre a coação, defeito do negócio jurídico, é correto afirmar:

a) Para viciar a declaração de vontade, deve ser tal que inculta no paciente fundado temor de dano iminente
e considerável aos seus bens, à sua pessoa, à sua família e, a critério do juiz, a pessoa não pertencente à
sua família.
b) Questões como sexo, idade, condição e temperamento do paciente são irrelevantes para fins de sua caracteriza-
ção ou gravidade.
c) Pode se caracterizar por temor reverencial do paciente em relação ao agente.
d) Não vicia a manifestação de vontade se exercida por terceiro.

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e) Vicia a manifestação de vontade se exercida por terceiro, independente do conhecimento dela por parte de quem
a aproveita.

Comentários:
a) Correta. Conforme art. 151 do CC, o fundado temor do dano à pessoa do paciente, à sua família ou aos seus
bens caracterizam coação, sendo admitido ao juiz, com base nas circunstâncias, decidir se houve coação no caso
de ameaça a pessoa não pertencente à sua família. Em suma, é preciso avaliar se o paciente, de fato, não poderia
mesmo ter recusado o negócio em razão do temor.
b) Errada. Conforme art. 152 do CC, “no apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde,
o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela”. Com certeza
tais circunstâncias são relevantes. Pessoas vulneráveis em determinados contextos, como, por exemplo, no de vio-
lência doméstica, idosos etc. oferecem menos resistência a coações e por isso têm suas manifestações de vontade
severamente comprometidas.
c) Errada. O art. 153 do CC nega essa possibilidade, uma vez que no temor reverencial não há razões objetivas para
o paciente considerar que possa ser prejudicado. Tal dispositivo da lei também não considera coação a ameaça de
exercício regular de um direito.
d) Errada. A lei considera que algumas hipóteses de coação exercida por terceiro podem viciar a manifestação de
vontade do paciente. Para tanto, a parte a quem aproveita o negócio deve ou deveria ter conhecimento da coação.
É a disciplina do art. 153 do CC. Vide também art. 154.
e) Errada. Conforme colocado, se quem se aproveita da coação sabe ou devesse saber da ação de terceiro o ne-
gócio é anulável. Caso contrário, subsiste o negócio, sem prejuízo de o coator responder por perdas e danos ao
coagido. É a disciplina do art. 154 do CC.

41) João comprou recentemente um sítio numa pequena cidade do interior do Estado de São Paulo e
vem se deparando com situações que não esperava. A respeito das surpresas que ele vem experimen-
tando abaixo relatadas, é correto afirmar: 38
a) João não poderá impedir que Pedro, vizinho de pouca conversa, cumpra o aviso que deu de que tomará
para si os frutos de uma enorme goiabeira que está ultrapassando a estrema dos terrenos e caindo no seu,
e de que cortará as raízes e os ramos que estão adentrando no seu imóvel.
b) Ao não concordar com o trajeto da passagem de cabos de energia elétrica em sua propriedade em direção à de
Matias, João poderá remover a instalação para outro local do seu imóvel e exigir os custos do vizinho.
c) Elias, outro vizinho, deve aceitar que águas oriundas de eventuais transbordos do açude de João corram para o
seu terreno.
d) Dada a recusa de Elias, não restará a Pedro outra alternativa senão custear sozinho as despesas para a revitali-
zação da cerca divisória das propriedades.
e) É justa a pretensão de Pedro de impedir que João construa um rancho a quatro metros de distância do seu terreno.

Comentários:
a) Correta. Essa é a disciplina dada pelo Código Civil a respeito das árvores limites, conforme artigos 1.283 e 1.284.
De fato, o proprietário de um terreno não é obrigado a suportar os efeitos de tal inconveniência por parte do vizinho.
b) Errada. É admitido o direito de passagem forçada de cabos e tubulações a proprietário de imóvel que sofre seve-
ra limitação ao adequado uso do seu bem, a ser suportado por vizinhos, porém mediante indenização a esses. No
entanto, uma vez instala passagem de rede de cabos, custeada pelo vizinho que se aproveita, a remoção para outro
local deve ser custeada pelo proprietário do imóvel que sofre a restrição. É a disciplina dos artigos 1.286 e 1.287 do
Código Civil.
c) Errada. O dono de prédio inferior deve aceitar que águas naturais oriundas de prédio superior corram por seu
terreno. No entanto, em se tratando de águas artificiais, como açudes, tem direito a exigir que sejam desviadas ou
que seja ele indenizado, conforme artigo 1.289 do Código Civil.
d) Errada. As despesas relativas aos limites dos terrenos devem ser rateadas proporcionalmente entre os proprietá-
rios, conforme disciplina dos artigos 1.297 e 1.298 do Código Civil.
e) Errada. Conforme artigo 1.303 do Código Civil, “na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos
de três metros do terreno vizinho”.

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42) A respeito da ocorrência dos institutos do caso fortuito e da força maior como possíveis causas de
exclusão da responsabilidade de indenizar, é correto afirmar:

a) A força maior não exclui a responsabilidade do dono ou detentor pelos danos causados pelo animal.
b) Excluem a responsabilidade do comodatário que preferir a salvação de seus bens quando em risco juntamente
com o do comodante.
c) O caso fortuito exclui a responsabilidade do gestor de negócios que fizer operações arriscadas quando o dono
costumava fazê-las.
d) A força maior exclui a responsabilidade do depositário, desde que por ele provada.
e) Excluem a responsabilidade do devedor de obrigação de dar coisa incerta, ainda que ocorridas antes da escolha.

Comentários:
a) Errada. Nos termos do artigo 936 do Código Civil, o dono ou detentor do animal ressarcirá o dano por ele causado,
exceto se comprovar que ocorreu por força maior. O dispositivo admite também que a comprovação de culpa exclu-
siva da vítima exclua a responsabilidade do dono ou detentor do animal.
b) Errada. Da leitura do artigo 583 do Código Civil, extrai-se a conclusão de que o comodatário, se necessário for,
deve dar preferência aos cuidados da coisa objeto do comodato em relação aos seus, mesmo diante de casos fortui-
tos ou de força maior. Verifica-se, assim, que na verdade o dito popular “cuido mais das coisas dos outros do que das
minhas” decorre não apenas de obrigação moral, mas também legal! Isso se deve em razão da relação obrigacional
existente entre as partes, ainda que a título gratuito.
c) Errada. O artigo 868 do Código Civil não permite que o gestor de negócios assuma riscos elevados, mesmo que
o dono do negócio costumasse fazê-lo, respondendo aquele pelos danos, então, mesmo ocorrendo caso fortuito na
hipótese.
d) Correta. É caso típico de exclusão de responsabilidade, genericamente previsto no artigo 393 e especificamente
previsto para os contratos de depósito no artigo 642 do Código Civil. 39
e) Errada. Conforme artigo 246 do Código Civil, “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deteriora-
ção da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”. De fato, ainda não escolhida a coisa objeto do cumprimento
da obrigação de dar coisa incerta, não há que se falar em perecimento, sendo responsabilidade do devedor, então,
escolher qualquer outra para satisfazer sua obrigação, nos moldes dos artigos 243 e 244.

43) Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Em relação a tal atributo dos pais em
relação aos filhos, é correto afirmar:

a) Na separação judicial ou no divórcio, compete o exercício em relação aos filhos ao cônjuge a quem foi confiada a
guarda unilateral, salvo se concedida a ambos a guarda compartilhada.
b) Admite a nomeação de tutor aos filhos, por testamento ou documento autêntico, de exercício independente de
sobrevida ou da capacidade do outro pai ou mãe.
c) É suspenso em razão de condenação criminal irrecorrível do pai ou da mãe a pena privativa de liberdade superior
a um ano.
d) O juiz pode declarar sua perda ao genitor a quem se atribuir e restar caracterizada a prática de atos típicos de
alienação parental.
e) Perderá quem praticar homicídio contra outrem igualmente titular do mesmo direito ou contra filho, filha
ou outro descendente envolvendo violência doméstica e familiar.

Comentários:
a) Errada. O fim da relação entre os cônjuges não importa em fim ou restrições do exercício do poder familiar de
qualquer deles com os filhos, conforme disposição expressa do art. 1.634 do CC, salvo nas situações do p.ú. do art.
1.638, que trazem a prática de crimes no âmbito familiar como causa para tanto.  
b) Errada. A existência de pai ou mãe sobrevivo, em condições de exercer o poder familiar, não admite que tutor
nomeado pelo pai ou mãe falecido assuma o encargo. É o que se conclui da leitura do inc. VI do art. 1.634 do CC.
c) Errada. O p.ú. do art. 1.637 prevê a suspensão do poder familiar de pai ou mãe condenado irrecorrivelmente a
pena privativa de liberdade superior a dois anos. No entanto, mesmo nesta hipótese deve-se cogitar de inconstitu-

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cionalidade de tal disposição, uma vez que não são todas as circunstâncias de cumprimento de pena privativa de
liberdade que impedem o exercício do poder familiar, como o cumprimento em regime aberto, por exemplo.
d) Errada. A caracterização de atos típicos de alienação parental admite a suspensão do poder familiar, não a perda,
conforme inc. VII do art. 6º da Lei n. 12.318/2010, que dispõe sobre a alienação parental.
e) Correta. Tratam-se de novas causas de perda de poder familiar a prática de homicídio e outros crimes em contexto
de violência doméstica ou contra mulher, contra ela e demais filhos, trazidas pela Lei 13.715/2018, que acrescentou
parágrafo único ao art. 1.638 do CC.

44) Sobre a dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, é incorreto afirmar:

a) A sociedade conjugal termina pela morte de um dos cônjuges, pela nulidade ou anulação do casamento, pela
separação judicial e pelo divórcio.
b) A existência de nascituro não admite o divórcio consensual por escritura pública.
c) O cônjuge pode, a qualquer tempo, pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença
mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a vida em comum, desde que a enfermi-
dade tenha sido reconhecida de cura improvável.
d) O irmão do cônjuge incapaz tem legitimidade para representá-lo no pedido judicial de separação ou divórcio.
e) O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

Comentários:
a) Correta. São as circunstâncias que põem termo ao casamento, conforme enumeração do art. 1.571 do CC.
b) Correta. A previsão de separação ou divórcio consensuais pela via extrajudicial está prevista no Código de Pro-
cesso Civil, e é admitida apenas quando, observados os requisitos legais, na relação não haja nascituro ou filhos
incapazes, conforme art. 733.
c) Errada. A enfermidade de cônjuge superveniente ao casamento, que torne a convivência impossível é admitida
40
como causa para o outro consorte requerer a dissolução do vínculo conjugal, porém apenas após duração de dois
anos da enfermidade e constatação de que a cura seja improvável. É o que dispõe o §2º do art. 1.572 do CC.
d) Correta. O irmão, além do curador ou dos ascendentes do incapaz, possuem legitimidade para representá-lo em
ação de separação judicial ou divórcio, conforme admitem os arts. 1.576, p.ú. e 1.582, p.ú. do CC.
e) Correta. É o que admite expressamente o art. 1.581 do CC.

45) Sobre o processo de tomada de decisão apoiada, instituído pela Lei nº 13.146, de 2015 (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) ao lado dos institutos da tutela e da curatela no Código Civil como instrumen-
to de proteção aos interesses de pessoas com restrição de capacidade, é correto afirmar:

a) Os apoiadores serão nomeados pelo juiz em procedimento iniciado pelos legitimados a requerer curatela.
b) A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado. 
c) O apoio terá prazo convencionado entre apoiado e apoiadores, sendo lícito a qualquer deles requerer, a qualquer
tempo e independente de motivação, o término do acordo.
d) A celebração de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante requer consenso de opiniões entre a
pessoa apoiada e todos os apoiadores, sendo vedada a sua realização em caso de divergências entre eles.  
e) Por gozar da confiança do nomeante, os apoiadores estão dispensados de prestação de contas.

Comentários:
a) Errada. O objetivo do novo instituto é evitar a rigidez das limitações da curatela sobre a autonomia do curatelado,
uma vez que diversos graus de deficiência repercutem de intensidade diversa na capacidade civil dos indivíduos.
Em muitos casos basta, então, que o beneficiado seja simplesmente apoiado nas decisões importantes de sua vida
civil, sem que sua vontade seja desconsiderada e substituída pela do curador. Isso já se reflete no próprio início do
processo de nomeação do apoiador, a se dar por iniciativa do apoiado em conjunto com os nomeados por ele próprio,
conforme previsão do art. 1.783-A, caput e §§ do CC.

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b) Correta. Trata-se de disposição expressa do §4º do art. 1.783-A do CC. De fato, tratando-se de decisão de pessoa
com possível limitação de capacidade porém amparada por apoiador judicialmente reconhecido, somente extrapo-
lações aos limites convencionados do apoio poderá justificar restrições à validade ou aos efeitos sobre terceiros,
sob pena de se comprometer os princípios da segurança jurídica e da boa fé, cuja proteção também é buscada pelo
novo instituto.
c) Errada. O § 1º do art. 1.783-A do CC prevê a estipulação, entre apoiado e apoiadores, de prazo de vigência do
acordo, mas a leitura dos §§ 9º e 10 demonstra que apenas o apoiado está dispensado de motivar o desligamento,
estando a retirada do apoiador do processo condicionada à avaliação, pelo juiz, das alegações do interessado.
d) Errada. Em tais casos o § 6º do art. 1.783-A do CC preconiza que a divergência deve ser levada ao juiz, o qual,
ouvido o Ministério Público, deverá decidir sobre a questão.  
e) Errada. Não há razão alguma para se dispensar o nomeado de prestar contas. Na forma do § 11 do art. 1.783-A
do CC, “aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de contas
na curatela”, cujas regras da tutela também são aplicáveis (art. 1.781) e inadmitem, por exemplo, que os pais que
nomeiem tutores os dispensem de prestação de contas (art. 1.755).

46) Assinale a alternativa correta:

a) Os herdeiros necessários são os descendentes e os ascendentes, nessa ordem.


b) No direito de representação, o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão
de outra.
c) O direito de representação dá-se nas linhas retas descendente e ascendente.
d) O herdeiro necessário que for contemplado pelo testador terá sua cota parte na legítima, equivalente ao que rece-
bem por testamento, distribuída entre os herdeiros necessários não contemplados.
e) Os herdeiros colaterais não podem ser excluídos da sucessão.

41
Comentários:
a) Errada. Os herdeiros necessários são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge ou companheiro, conforme
disposição do art. 1.845 do CC. Vale frisar, a propósito, que o cônjuge ou companheiro(a) concorre com os demais
herdeiros sob a égide das regras da sucessão legítima, na forma dos arts. 1.829 e ss. do CC.
b) Correta. É o que dispõe o art. 1.856. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese de uma pessoa renunciar à suces-
são de seu pai, mas aceitar representá-lo na sucessão do avô.
c) Errada. Conforme disposição expressa do art. 1.852 do CC, “o direito de representação dá-se na linha reta des-
cendente, mas nunca na ascendente”.
d) Errada. Conforme art. 1.849 do CC, “o herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou
algum legado, não perderá o direito à legítima”. Isso porque a sucessão legítima decorre de lei (art. 1.786), ou seja, o
herdeiro necessário sempre terá direito à sua cota parte na legítima, sem prejuízo da possibilidade de ser agraciado
pelo autor da herança por ato de liberalidade dele ao pretender lhe repassar o todo ou parte de seu patrimônio dis-
ponível (leia-se: a parte descontada da legítima). Nesse caso, o herdeiro necessário sucederá por duas frentes: por
sucessão legítima e por sucessão testamentária.
e) Errada. O autor da herança pode, via testamento, excluir os colaterais da herança, bastando, para tanto, dispor do
seu patrimônio sem os contemplar (conforme art. 1.850 do CC), uma vez que a parte relativa à legítima será trans-
mitida aos herdeiros necessários.

47) Sobre o testamento particular, é correto afirmar:

a) Pode ser escrito de próprio punho, desde que assinado por quem os escreveu e na presença de ao menos
três testemunhas, que também o subscreverão.
b) Não será confirmado se as testemunhas contestarem.
c) Não poderá ser confirmado se as testemunhas faltarem à audiência de confirmação ou se já forem mortas.
d) Se firmado de próprio punho pelo testador, e sem testemunhas, não poderá ser confirmado.
e) Não pode ser escrito em língua estrangeira.

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Comentários:
a) Correta. Nos termos do caput do art. 1.876 do CC, «o testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou
mediante processo mecânico» e, conforme seu §1º, o escrito de próprio punho tem como requisitos essenciais à sua
validade que seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem
subscrever.
b) Errada. Se as testemunhas contestarem o conteúdo do testamento, ou a leitura perante elas, não necessaria-
mente o testamento não será confirmado. É que, se reconhecerem suas assinaturas, assim como a do testador, o
testamento será confirmado, nos termos do caput do art. 1.878 do CC.
c) Errada. Conforme o p.ú. do art. 1.878 do CC, “se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos
uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua
veracidade”. A ideia é, na medida do possível (na hipótese desse item e dos outros), fazer valer a manifestação de
última vontade do autor da herança, se outros meios possibilitarem confirmá-la com segurança.
d) Errada. A propósito do item anterior, até mesmo a ausência de testemunhas pode ser relevada para fins de con-
firmação do testamento firmado de próprio punho, desde que o testador descreva na cédula circunstâncias excep-
cionais que o impediram de testar na presença de testemunhas. No entanto, a confirmação ficará a critério do juiz,
que deverá se convencer da veracidade ou não da disposição de última vontade. É o que dispõe o art. 1.879 do CC.
e) Errada. O art. 1.880 do CC admite que o testamento particular seja escrito em língua estrangeira, desde que as
testemunhas a compreendam. De fato, o que importa é que as testemunhas confirmem a vontade do testador, o que
se dará em audiência.

  DIREITO EMPRESARIAL
Professor responsável:
Anderson Souza
asouza10@hotmail.com
42
48) Sobre a formação do Comitê de Credores na recuperação judicial ou na falência, assinale a alterna-
tiva que contenha indicação incorreta de membro de sua composição:

a) Um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com dois suplentes.


b) Um representante indicado pelas Fazendas Públicas federal, estadual e municipal, com dois suplentes.
c) Um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com
dois suplentes.
d) Um representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com dois suplentes.
e) Um representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de pequeno
porte, com dois suplentes.  

Comentários:
a) Correta. O artigo 26 da Lei 11.101/2005 dispõe sobre a composição do Comitê de Credores na recuperação judi-
cial e na falência, a ser deliberada por qualquer das classes de credores na assembléia-geral. Consta, como espe-
rado, da previsão de representante da classe de credores trabalhistas, conforme inciso I.
b) Errada. A lei não previu a participação da Fazenda Pública na composição do Comitê de Credores, não obstante
o interesse público (ainda que secundário) envolvido. É possível que a exclusão tenha sido motivada pelo propósito
de evitar provável burocratização dos procedimentos que envolvem o Poder Público, o que dificultaria ainda mais o
processo de recuperação judicial ou falência.
c) Correta. Os demais credores são representados no Comitê de Credores, estando prevista a participação da classe
dos com direitos reais de garantia ou privilégios especiais no inciso II.
d) Correta. A participação da classe dos credores quirografários e com privilégios gerais está prevista no inciso III.
e) Correta. Trata-se de inovação trazida pela Lei Complementar n. 147/2014, que pretendeu admitir a participação
de representante de credores microempresas e empresas de pequeno porte nos comitês de credores nos processos
de recuperação judicial e falência, o que se justifica, não se olvida, pelo interesse social decorrente da grande repre-
sentação de tais categorias de empresas na economia nacional.

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49) Sobre as providências a cargo do administrador judicial, seja na recuperação judicial ou na falência,
assinale aquela que não depende de autorização judicial:

a) Contratar profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções.
b) Contratar avaliadores, de preferência oficiais, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas
para a tarefa.
c) Promover a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de
conservação arriscada ou dispendiosa.
d) Remir, em benefício da massa, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos.
e) Diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação.

Comentários:
a) Errada. Trata-se de providência a cargo do administrador judicial no processo de falência, prevista no artigo 22,
inciso III, alínea “h”, da Lei 11.101/2005. Em verdade, está inserida no contexto de fiscalização do juiz aos atos do
administrador, conforme o caput do dispositivo, que o coloca sob supervisão também do Comitê de Credores.
b) Errada. É providência comum do administrador judicial tanto na recuperação quanto na falência, que depende de
autorização do juiz para ser realizada. Está prevista no artigo 22, inciso I, alínea “h”.
c) Errada. Trata-se de providência do administrador prevista no processo de falência, conforme artigo 22, inciso III,
alínea “j”. Do mesmo modo, requer autorização judicial.
d) Errada. A lei também impõe a obtenção de autorização judicial para tal providência no processo de falência, con-
forme artigo 22, inciso III, alínea “m”.
e) Correta. O artigo 22, inciso III, alínea “l” da lei prevê tal medida como de competência típica e natural dos atos do
administrador da falência, até corriqueira, pode-se dizer, de modo que não faria sentido a exigência de obtenção de
autorização judicial em tais situações ordinárias.
43
50) A respeito da sociedade em conta de participação, assinale a alternativa correta:

a) É constituída por instrumento público ou particular.


b) Não possui personalidade jurídica.
c) Os sócios ostensivo e participante respondem perante terceiro.
d) Na falência do sócio ostensivo, o sócio participante assumirá a condução do negócio.
e) Sua liquidação se dá na forma da lei de recuperação judicial e falências.

Comentários:
a) Errada. A lei dispensa expressamente qualquer formalidade na constituição da sociedade em conta de participa-
ção, conforme disposição do artigo 992 do Código Civil. Inclusive, admite que a sua existência possa ser provada por
qualquer meio admitido em direito.
b) Correta. Na verdade, a sociedade em conta de participação é um empreendimento entre pessoa física ou jurídica
com outras pessoas físicas ou jurídicas, tendo essas a função primordial fornecer aporte financeiro para negócios
a serem conduzidos por aquela, tudo com o objetivo de divisão do resultado. Os primeiros são chamados sócios
ostensivos, que conduzem os negócios em nome próprio e respondem pelos compromissos assumidos com tercei-
ros. Os segundos são os sócios participantes, autênticos investidores, que não são responsáveis pelos negócios
celebrados pelos sócios ostensivos (credores vão cobrar do sócio ostensivo, não da sociedade em conta de partici-
pação, tampouco de sócio participante). Essa sociedade, por assim dizer, “pontual”, é da categoria das sociedades
despersonalizadas, e nem mesmo eventual inscrição do seu instrumento em qualquer registro é capaz de lhe conferir
personalidade jurídica, conforme artigo 993 do Código Civil.
c) Errada. Conforme explanação do item anterior, na linha do artigo 991 do Código Civil. Em resumo: o sócio os-
tensivo conduz, em nome próprio, os negócios envolvendo o patrimônio social e divide os resultados com o sócio
participante (investidor).
d) Errada. Nos termos do § 2º do artigo 994 do Código Civil, “a falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da
sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário”. Em outras palavras, se o
sócio ostensivo falir o “empreendimento casuístico” com os sócios participantes (investidores) será encerrado.

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e) Errada. Conforme colocado, tal sociedade não possui personalidade jurídica e tem na informalidade uma caracte-
rística marcante. Sua dissolução, então, não será objeto de criteriosos processos de dissolução, recuperação judicial
ou falência, mas de ordinário processo de prestação de contas, na forma da lei processual (CPC). É o que dispõe o
artigo 996 do Código Civil.

51) Assinale a alternativa que contenha a providência que não depende da deliberação dos sócios da
sociedade limitada:

a) A aprovação das contas da administração.


b) O modo de remuneração dos administradores, quando não regulado pelo contrato social.
c) A concessão de garantias reais, salvo se admitida pelo contrato social.
d) A modificação do contrato social.
e) A incorporação, a fusão e a dissolução.

Comentários:
a) Errada. O artigo 1.071 do Código Civil elenca as matérias que dependem de deliberação dos sócios da sociedade
limitada, constando, como primeira delas, a aprovação das contas da administração. De fato, em conjunto com as
demais matérias elencadas, trata-se de questão crucial que depende de concordância majoritária entre os sócios a
fim de propiciar ambiente de estabilidade da “affectio societatis”.
b) Errada. Trata-se também de matéria a ser objeto de deliberação dos sócios, elencada no inciso IV do referido
artigo, no caso de omissão do contrato social.
c) Errada. A lei não prevê a dependência de concessão de garantias reais a deliberação dos sócios. Isso porque se
trata de ato típico de gestão, a cargo dos administradores, cujo êxito do trabalho já é objeto de deliberação dos sócios
quando da avaliação das contas, cuja desaprovação pode resultar, inclusive, se assim entenderem, em destituição
daqueles. No entanto, nada impede que no contrato social se exija prévia deliberação dos sócios para a concessão
de garantias reais, mas a lei não exige. 44
d) Errada. Com efeito, não se cogita de modificações do contrato social sem deliberação dos próprios sócios, os
maiores interessados. Trata-se de exigência do inciso V do artigo 1.071 do Código Civil.
e) Correta. De fato, tratando-se de medida de grande consequência na continuidade ou não das atividades da socie-
dade, a lei exige deliberação dos sócios a respeito (inciso VI).

  DIREITO ADMINISTRATIVO
Professor responsável:
Pérsio Ricardo Perrella Scarabel
persio.scarabel@vorne.com.br

52) Câmara Municipal do Município de Mises decide promover concurso público para provimento de
diversos cargos. Como não possui estrutura e corpo técnico capacitado para a execução do certame,
o presidente da Câmara Municipal determina a realização de licitação para a contratação de empresa
especializada. Como base nestas informações, assinale a alternativa correta:

a) A licitação deverá ser realizada pela modalidade concurso, adotando-se a modalidade melhor técnica e preço.
b) A licitação deverá ser realizada por meio da modalidade leilão, adotando-se o tipo menor preço.
c) A licitação deverá ser realizada por pregão, adotando-se o tipo menor preço.
d) A licitação deverá ser realizada pela modalidade concorrência, adotando-se o tipo melhor técnica.
e) A licitação poderá ser dispensada, desde que o presidente da Câmara Municipal justifique a urgência na realização
do concurso.

Comentários
a-) Errada. A modalidade licitatória concurso não se destina à contratação de serviços, mas apenas gratificar o
vencedor pela realização de um trabalho técnico, artístico ou científico. Vide conceituação legal: “Concurso é a mo-

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dalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante
a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na im-
prensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) (art. 22, §4º, Lei de Licitações).
b-) Errada. A modalidade licitatória leilão não se destina à contratação de serviços, mas sim à venda, pela própria
Administração Pública, de bens inservíveis móveis, produtos legalmente apreendidos ou penhorados ou alienar bens
imóveis adquiridos em procedimento judicial ou por meio de dação em pagamento (art. 22, §5º, Lei de Licitações).
c-) Errada. A modalidade licitatória pregão, instituída pela Lei nº 10.520/2002, destina-se à aquisição pela Adminis-
tração Pública de bens e serviços comuns, ou seja, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado, não sendo, portanto, aplicável,
ao caso dado no enunciado.
d-) Correta. A modalidade licitatória concorrência pode ser aplicada ao caso, como poderiam ser também as moda-
lidades tomada de preços e convite – a depender do valor do contrato. Contudo, o tipo licitatório jamais poderia ser
menor preço. O serviço a ser desenvolvido pela empresa é eminentemente intelectual (preparação de questões,
avaliação e correção de respostas, além da execução material do próprio certame), incidindo, no caso, o tipo licita-
tório melhor técnica ou técnica e preço, conforme regra disposta no art. 46 da Lei nº 8.666/1993, a saber: “Os tipos
de licitação “melhor técnica” ou “técnica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza predo-
minantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento
e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos
básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4º do artigo anterior”.
e-) Errada. A hipótese descrita no enunciado não se enquadra em nenhum permissivo descrito no art. 24 da Lei de
Licitações.

53) Assinale a alternativa correta, em termos de licitação:


a) Pode ser dispensada a licitação, nos casos em que há no mercado um único fornecedor.
b) É inexigível a licitação para contratação de agência de publicidade de notória especialização.
c) A dispensa e a inexigibilidade de licitação requerem, em todos os casos, a formalização por parte do administrador
público de procedimento de contratação, instruído, no que couber, com a caracterização da situação emergencial,
45
calamitosa ou de grave e iminente risco à segurança pública que justifique a dispensa, quando for este o caso, a
razão da escolha do fornecedor ou executante e justificativa do preço.
d) Será dispensável a licitação quando nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento
da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calami-
dade, permitindo-se a prorrogação dos respectivos contratos, por uma única vez, desde que devidamente justificada
a necessidade da prorrogação pela autoridade hierárquica superior.
e) É dispensável a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições prees-
tabelecidas.

Comentários
a) Errada. A hipótese de contratação direta em razão da inexistência de concorrência configura a inexigibilidade, nos
moldes do art. 25, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.
b) Errada. A contratação direta de agência de publicidade ou divulgação é excepcionada pelo art. 25, inciso II, da Lei
nº 8.666/1993. Vale lembrar que a matéria tem tratamento específico, vale dizer, há lei especial regulamentando a
contratação, por meio de licitação, de agência de propaganda (Lei nº 12.232/2010).
c) Errada. O art. 26 da Lei nº 8.666/1993 não exige o referido procedimento de dispensa de licitação para os casos
de contratação direta em razão do valor. Veja o que diz a norma: “Art. 26. As dispensas previstas nos §§2º 4º do art.
17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justifica-
das, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3
(três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como
condição para a eficácia dos atos. Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento,
previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos (...)”. Perceba que a exigência re-
cai sobre as hipóteses mencionadas “neste artigo”, ou seja, no próprio art. 26, em que há menção expressa somente
ao inciso III e seguintes do art. 24, nada afirmando sobre o inciso I (para obras e serviços de engenharia de valor até

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10% (dez por cento) do limite previsto para a modalidade convite – hoje no valor de R$ 330.000,00, de acordo com o
Decreto nº 9.412/2018) e inciso II (para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto
para a modalidade convite – hoje no valor de R$ 176.000,00, de acordo com o Decreto nº 9.412/2018).
d-) Errada. Os contratos emergências não podem ser prorrogados. Expediente adotado, quando não solucionada a
hipótese de emergência ou calamidade pública no interregno de 180 dia, é a realização de nova contratação.
e-) Correta. É hipótese de dispensa de licitação a conhecida licitação deserta, descrita no enunciado, reproduzindo
a norma contida no art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/1993. Atentar-se para a diferença da conhecida licitação fracas-
sada, onde os licitantes são todos inabilitados.

54) Assinale a alternativa correta, no tocante à Lei nº 12.846/2013:

a) Constituem, dentre outros, atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira: (i) dar, pro-
meter ou oferecer vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada e (ii) criar,
de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato
administrativo
b) O valor da sanção aplicada à pessoa jurídica punida nos termos da Lei nº 12.846/2013 poderá ser utilizado para
a reparação integral do dano causado, em liquidação realizada no bojo de procedimento administrativo específico.
c) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente no âmbito administrativo, independentemente da na-
tureza da atividade exercida, e no plano civil de forma objetiva, apenas quando prestadoras de serviço público, por
delegação, pelos atos lesivos previstos na Lei nº 12.846/2013 praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou
não, bem como os seus dirigentes ou administradores.
d) A competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo de apuração de responsabilidade da
pessoa jurídica poderá ser subdelegada.
e) Podem ser aplicadas na esfera administrativa as seguintes sanções: multa, publicação extraordinária da decisão
condenatória e a imposição de proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos
de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. 46
Comentários:
a) Correta. Alternativa está correta e reproduz texto da norma, a saber: “Art. 5º:: Constituem atos lesivos à admi-
nistração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas
mencionadas no parágrafo único do art. 1º (sociedades empresárias e às sociedades simples, personificadas ou
não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações,
associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no
território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente) que atentem contra o patrimônio
público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil, assim definidos: I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a
agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; III - comprovadamente, utilizar-se de in-
terposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados; IV - no tocante a licitações e contratos: a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou
qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; b) impedir, perturbar ou fraudar
a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público; c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; e)
criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato admi-
nistrativo; f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de con-
tratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou
nos respectivos instrumentos contratuais; ou g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos
celebrados com a administração pública”.
b-) Errada. A multa aplicada em decorrência da prática de algum ato ilícito tipificado na Lei nº 12.846/2013 não pode
ser utilizada como forma de compensação na reparação do dano causado. Não há previsão legal sobre tal expediente.
c-) Errada. A responsabilização é sempre objetiva, quer no plano administrativo quer no plano civil, inexistindo qual-
quer restrição quanto à finalidade ou atividade desenvolvida pela sociedade empresária. Vide texto de lei: “Art. 2º
- As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos
previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não”. As pessoas físicas (dirigentes, ad-
ministradores etc.) poderão ser responsabilizados também, mas de forma subjetiva.

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sob pena de responsabilização civil e criminal (Lei 9.610/98 e CP).
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d-) Errada. A competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo de apuração de responsabi-
lidade da pessoa jurídica poderá ser delegada, vedando-se expressamente a subdelegação (art. 8º, §1º).
e-) Errada. As penalidades administrativas encerram-se na aplicação de multas e na publicação extraordinária da
decisão condenatória (art. 6º). As sanções previstas no art. 19 pressupõem a deflagração de processo judicial, o qual
pode ser iniciado, inclusive, pelo Ministério Público.

55) Assinale a alternativa correta, ainda quanto à Lei nº 12.846/2013:

a) Pelo princípio da territorialidade, pessoa jurídica brasileira que praticar contra administração pública estrangeira,
no exterior, atos lesivos, deverá ser responsabilizada no país em que o fato ocorreu.
b) O acordo de leniência com a administração pública competente deverá ser elaborado pelo órgão de controle res-
ponsável em cada esfera da federação, com intervenção obrigatória do Ministério Público.
c) São efeitos do acordo de leniência a não publicação extraordinária da decisão condenatória proferida no
processo administrativo de responsabilização, a não incidência da proibição de receber incentivos, subsí-
dios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras
públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos, e re-
dução, em até 2/3, do valor da multa aplicável.
d) As sanções de multa e de publicação extraordinária de decisão condenatória deverão ser aplicadas de forma
cumulativa no âmbito da responsabilização administrativa.
e) As sanções de perdimento de bens, suspensão ou interdição parcial das atividades e dissolução compulsória da
pessoa jurídica não poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.

Comentários
a) Errada. A Lei 12.846/2013 determina a responsabilidade de pessoa jurídica brasileira que tenha praticado atos
lesivos contra administração estrangeira, mesmo que os atos tenham sido praticados no exterior. Este é o comando
contido no art. 28 da referida norma. 47
b) Errada. Não há previsão legal de intervenção do Ministério Público para a feitura de acordo de leniência entre a
pessoa jurídica e a Administração, cabendo, contudo, sua cientificação, pelo órgão de controle interno, da conclusão
do processo administrativo de responsabilização (art. 15: “A comissão designada para apuração da responsabilidade
de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de
sua existência, para apuração de eventuais delitos”).
c) Correta. A feitura do acordo de leniência acarreta os efeitos transcritos no enunciado, como posto pelo art. 16, §2º:
“A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º (publi-
cação extraordinária da decisão condenatória no processo administrativo de responsabilização), no inciso IV do
art. 19 [proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades
públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e
máximo de 5 (cinco) anos – pena prevista apenas para processo judicial de responsabilização] e reduzirá em até
2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável”.
d) Errada. Apesar da razoabilidade da proposição contida no enunciado, é possível que pessoa jurídica punida no
âmbito do processo administrativo de responsabilização receba apenas pena de publicidade extraordinária de sua
condenação, pois de acordo com art. 6º, §2º: “As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou cumula-
tivamente, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza das infrações”.
e) Errada. É possível a aplicação cumulada ou isolada das sanções, desde que em âmbito judicial de responsabilização.
Vide teor do art. 19 da Lei nº 12.846/2013.

56) Aponte a alternativa errada:

a) A renúncia à receita pública somente poderá ocorrer se estiver acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que ela ocorrer e nos dois exercícios vindouros, atendendo-se, ain-
da, as seguintes condicionantes, de forma cumulativa: I – de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita na lei orçamentária e de que não afetará as metas dos resultados fiscais ou II – estar acompanhada
de medidas de compensação.
b) A renúncia de receita compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em cará-
ter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos
ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

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c) O ciclo orçamentário é composto por 4 fases: elaboração, aprovação, execução e controle.


d) São instrumentos de transparência da gestão fiscal: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório
de Gestão Fiscal.
e) É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal realizado nos últimos 180 dias do
último ano do mandato do titular de poder.

Comentários
a-) Errada. O art. 14 da Lei Complementar nº 101/2000 diz que a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício
de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto
na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: (i) demonstração pelo proponente
de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária e de que não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias ou (ii) estar acompanhada de medidas
de compensação, no período do exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, por meio do
aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de
tributo ou contribuição. Ou seja, as condicionantes são alternativas e não cumulativas, como constou no enunciado.
b-) Correta. Alternativa está correta, pois reproduz o teor do art. 14, §1º, da Lei Complementar nº 101/2000.
c-) Correta. A alternativa está correta. Há, ainda, aqueles que entendem que o ciclo orçamentário se desdobra em 8
fases: 1-) formulação do planejamento plurianual, 2-) apreciação e adequação do plano pelo legislativo, 3-) proposi-
ção de metas e prioridades para a administração e da política de alocação de recursos pelo Executivo, 4-) apreciação
e adequação da LDO pelo legislativo, 5-) elaboração da proposta de orçamento, pelo executivo, 6-) apreciação, ade-
quação e autorização legislativa, 7-) execução dos orçamentos aprovados e 8-) avaliação da execução e julgamento
das contas.
d-) Correta. Alternativa está correta e reproduz teor do art. 48, caput, da Lei Complementar 101/2000.
e-) Correta. A vedação abrange os últimos 180 dias antes do término do mandato, como possível observar do teor do
art. 21, parágrafo único, da Lei Complementar nº 101/2000, assim ementado: “Também é nulo de pleno direito o ato
48
de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato
do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20”.

57) Assinale a alternativa incorreta.

a) O direito fundamental à informação pode ser exercido inclusive em face de pessoas jurídicas de direito privado,
naquilo que diz respeito a recebimento de recursos públicos, por meio de transferências diretas do orçamento, con-
tratos de gestão, termos de parceria, convênios, acordos ou por qualquer outro tipo de instrumento.
b) Independentemente de requerimento de pessoa interessada, a administração pública tem o dever de disponibi-
lizar, em local de fácil acesso, além de informações de interesse coletivo ou geral por ela produzida ou custodiada,
informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a
todos os contratos celebrados.
c) Municípios com até 10 mil habitantes estão dispensados de divulgar pela rede mundial de computadores informa-
ções sobre procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos
celebrados.
d) O acesso à informação disponível deve ser imediato, vedando-se a formulação de qualquer exigência que dificulte
a solicitação.
e) A decisão que denegar solicitação de acesso à informação não é passível de recurso hierárquico, podendo
a parte, contudo, cientificar o Ministério Público para adoção de medidas de responsabilização, se caso for.

Comentários
a) Correta. O acesso à informação de interesse particular ou público é direito fundamental, expressamente previsto
na Constituição Federal (art. 5º, XXXIII), regulamentando pela Lei nº 12.527/2011. Este prevê que as entidades pri-
vadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou
outros instrumentos congêneres, também se submetem às regras de acesso à informação, mas somente à parcela
de recursos públicos recebida (art. 2º).

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b) Correta. O enunciado está correto, lembrando que, além da obrigatoriedade de se expor, independentemen-
te de requerimento, informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e
resultados, bem como a todos os contratos celebrados, a Lei nº 12.527/2011 determina que administração pú-
blica mantenha acessível ao público informações sobre o registro das competências e estrutura organizacional,
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público, registros de quaisquer
repasses ou transferências de recursos financeiros, registros das despesas, dados gerais para o acompanha-
mento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades e respostas a perguntas mais frequentes
da sociedade (art. 8º).
c) Correta. De acordo com o art. 8º da Lei nº 12.527/2011, “os Municípios com população de até 10.000 (dez mil)
habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o § 2º, mantida a obrigatoriedade
de divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos
previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal)”. Note-se
que, apesar da isenção a estes pequenos municípios de disponibilizar e manter portal ou sítio eletrônico contendo as
relevantes informações sobre a gestão e despesas públicas, deve disponibilizar informações, em tempo real, sobre
a execução orçamentária e financeira.
d) Correta. De acordo com o art. 11 da Lei nº 12.527/2011, “o órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder
o acesso imediato à informação disponível”. Diz ainda ser vedada qualquer exigência relativa aos motivos determi-
nantes da solicitação de informações de interesse público ou exigências relacionadas à identificação do requerente
que inviabilizem a solicitação (art. 10, §1º e §3º).
e) Errada. A Lei nº 12.527/2011 prevê a possibilidade de o cidadão interpor recurso hierárquico contra decisão nega-
tória de acesso à informação. Vide teor do art. 15: “No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões
da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da
sua ciência. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão
impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias”.

58) Ainda sobre a Lei nº 12.527/2011, assinale a alternativa correta.

a) O direito de acesso à informação é absoluto, quando necessário à tutela judicial ou administrativa de di-
49
reitos fundamentais.
b) As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e res-
pectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como secretas e ficarão sob sigilo até o ano seguinte ao término
do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
c) A competência para classificar informação como ultrassecreta não poderá ser delegada.
d) As informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem terão sigilo absoluto e automático,
independentemente de decisão da autoridade competente, pelo prazo de 100 anos.
e) A classificação da informação como reservada, secreta ou ultrassecreta poderá ser renovada por uma única vez.

Comentários
a) Correta. Segundo teor do art. 21 da Lei nº 12.527/2011: “Não poderá ser negado acesso à informação necessária
à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais”.
b) Errada. A lei classifica essas informações como reservadas, com prazo de 5 anos de sigilo, o qual se encerrará
logo após o término do mandato. Vide teor do texto de lei: “As informações que puderem colocar em risco a segu-
rança do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como
reservadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição”.
c) Errada. Mesmo para os casos de informação que pode ser classificada como ultrassecreta, com prazo de sigilo de
25 anos, a competência poderá ser delegada, vedando-se a subdelegação. Este é comando descrito no art. 27, §1º,
da Lei nº 12.527/2011: “a competência prevista nos incisos I (ultrassecreta) e II (secreta), no que se refere à classi-
ficação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente público, inclusive
em missão no exterior, vedada a subdelegação”.
d) Errada. O sigilo não é absoluto. De acordo com o art. 31, §1º, da Lei nº 12.527/2011, poderão ter acesso a estas
informações agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem, se houver. Além disso, o
prazo previsto pela norma é de 100 anos, não de 50 anos, como constou no enunciado. Outras exceções estão pre-
vistas sobre acesso à informação pessoal: quando necessária à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o tratamento médico, à realização
de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a

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identificação da pessoa a que as informações se referirem, ao cumprimento de ordem judicial, à defesa de direitos
humanos ou à proteção do interesse público e geral preponderante (art. 31, §3º).
e) Errada. Não há previsão legal que autorize a renovação do sigilo da informação, ao cabo de seu prazo.

59) Assinale a alternativa correta.

a) O poder hierárquico é inexistente no âmbito das pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta.
b) Do mesmo modo que ocorre na seara do Direito Penal, as infrações administrativas não admitem tipificações
abertas.
c) O poder disciplinar da Administração Pública pode ser exercido contra particular, desde que o ato ilícito praticado
esteja previamente delineado em regra anterior, legitimamente estabelecida.
d) As punições disciplinares no âmbito da Administração Pública devem ser aplicadas com observância ao
princípio da proporcionalidade.
e) A aplicação de sanções disciplinares de natureza leve prescinde de instauração de procedimento administrativo
apuratório.

Comentários
a) Errada. O poder hierárquico é inerente a toda Administração Pública, quer nos entes da administração direta como
nas pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta. Segundo Matheus Carvalho5, “trata-se de atribuição
concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente escalonar as funções de seus órgãos, sendo
o Poder que a Administração tem de se estruturar internamente determinando uma relação de hierarquia e subordi-
nação entre seus órgãos e agentes”.
b-) Errada. Sobre o tema, afirma José dos Santos Carvalho Filho6 que “no direito penal, o legislador utilizou o sistema
da rígida tipicidade, delineando cada conduta ilícita e a sanção respectiva. O mesmo não sucede no campo discipli-
nar. Aqui a lei limita-se, como regra, a enumerar os deveres e as obrigações funcionais e, ainda, as sanções, sem, 50
contudo, uni-los de forma discriminada, o que afasta o sistema da rígida tipicidade”.
c) Errada. Não há que se falar em exercício do poder disciplinar da Administração Pública contra particular, vez que
ausente qualquer vínculo especial entre este e aquele.
d) Correta. Apesar do entendimento majoritário de que os atos do poder disciplinar são praticados no exercício de
competência discricionária, não pode o administrador violar o princípio constitucional da proporcionalidade.
e) Errada. Nos termos do art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, “aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”. Logo, a imposição de qualquer sanção funcional não prescinde da instauração de formal procedimento
administrativo, garantindo-se ao servidor faltoso o contraditório e a ampla defesa.

60) Assinale a alternativa incorreta.

a) Poder de polícia é a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberda-
de, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene,
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
b) O poder de polícia não pode ser delegado a pessoas jurídicas de direito privado.
c) Dentro do conceito de ciclos de poder de polícia, são delegáveis os atos de consentimento e de fiscalização de
polícia, vedando-se, contudo, a delegação de edição de ordens de polícia e aplicação de sanções.
d) São atributos do poder de polícia a coercibilidade e a autoexecutoriedade.
e) Em âmbito federal, as sanções decorrentes do poder de polícia prescrevem em 10 anos, na forma estipu-
lada pelo art. 205 do Código Civil.

5
Manual de Direito Administrativo. 6ª edição. Salvador: Editora Juspodivm, 2019, p.128.
6
Manual de Direito Administrativo. 32ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2018, p.75.

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Comentários
a) Correta. O conceito clássico e legal de poder de polícia é extraído do art. 78 do Código Tributário Nacional, repro-
duzido, ipsis litteris, no enunciado.
b) Correta. Poder de polícia é considerado atividade típica de Estado e, portanto, somente pode ser exercido pelas
pessoas jurídicas de direito público.
c) Correta. Moderna doutrina vem dividindo o poder de polícia em 4 ciclos: legislação, consentimento, fiscalização e
sanção, sendo que os ciclos referentes à criação da norma e aplicação da sanção são indelegáveis. Veja elucidativo
julgado proferido pelo Superior Tribunal de Justiça que bem responde à questão: “EMENTA: ADMINISTRATIVO.
PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
IMPOSSIBILIDADE. 1. Antes de adentrar o mérito da controvérsia, convém afastar a preliminar de conhecimento
levantada pela parte recorrida. Embora o fundamento da origem tenha sido a lei local, não há dúvidas que a tese sus-
tentada pelo recorrente em sede de especial (delegação de poder de polícia) é retirada, quando o assunto é trânsito,
dos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro arrolados pelo recorrente (arts. 21 e 24), na medida em que estes
artigos tratam da competência dos órgãos de trânsito. O enfrentamento da tese pela instância ordinária também tem
por consequência o cumprimento do requisito do prequestionamento. 2. No que tange ao mérito, convém assinalar
que, em sentido amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o dever estatal de limitar-se o exercício da pro-
priedade e da liberdade em favor do interesse público. A controvérsia em debate é a possibilidade de exercício do
poder de polícia por particulares (no caso, aplicação de multas de trânsito por sociedade de economia mista). 3. As
atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupo, a
saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção.
4. No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem de-
finidos: o CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação
(legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala
equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também
a Administração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). 5. Somente os atos relativos ao
consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder
de coerção do Poder Público. 6. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particulares esta- 51
ria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - aplicação de multas para aumentar a arrecadação. 7. Recurso
especial provido. (REsp 817.534/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 10/11/2009, DJe 10/12/2009).
d) Correta. Segundo doutrina majoritária, são atributos do poder de polícia a coercibilidade, autoexecutoriedade e
a discricionariedade. Entende-se por coercibilidade a imperatividade do ato praticado pela administração, o qual
deve ser obedecido pelo administrado. Autoexecutoriedade consiste na prerrogativa da própria Administração Pú-
blica de executar suas decisões sem interferência do judiciário, como por exemplo, a retomada de prédios públicos
invadidos.
e) Errada. As sanções decorrentes do poder de polícia no âmbito federal prescrevem em 5 anos, conforme
determina a Lei nº 9.873/1999, em seu art. 1º, a seguir transcrito: “Prescreve em cinco anos a ação punitiva da
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à
legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado”.

61) Sobre a Lei nº 13.460/2017, que dispõe sobre a participação, proteção e defesa dos direitos do usuá-
rio dos serviços públicos da administração pública, assinale a alternativa correta:

a) Nas relações jurídicas mantidas entre particulares e administração pública, não se aplica o Código de Defesa do
Consumidor, mesmo quando caracterizada relação de consumo, em razão do princípio da especialidade.
b) São diretos básicos dos usuários de serviços públicos: utilizar adequadamente os serviços, procedendo com
urbanidade e boa-fé, prestar as informações pertinentes ao serviço prestado quando solicitadas, colaborar para a
adequada prestação do serviço e preservar as condições dos bens públicos por meio dos quais lhe são prestados
os serviços.
c) Os órgãos conhecidos como Conselhos de Usuários, previstos no art. 18 da Lei nº 13.460/2017, terão atribuições
consultivas e deliberativas, além do poder de expedir requisições à pessoa prestadora do serviço público.
d) A Lei nº 13.460/2017 é aplicada de forma subsidiária aos particulares que prestam serviços públicos.
e) É inaplicável a Lei nº 13.460/2017 às pessoas jurídicas, salvo às microempresas e empresas de pequeno porte,
assim definidas na Lei Complementar nº 123/2006.

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Comentários
a) Errada. Por expressa disposição da Lei nº 13.460/2017, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à presta-
ção de serviços públicos quando caracterizada relação de consumo.
b) Errada. O enunciado da questão retrata dos deveres dos usuários de serviço público, não seus direitos. Estes
estão arrolados no art. 6º da referida norma.
c) Errada. Os conselhos dos usuários têm apenas atribuição consultiva, não deliberativa (art. 18, parágrafo único).
Possuem, ainda, as seguintes atribuições: acompanhar a prestação dos serviços, participar na avaliação dos servi-
ços, propor melhorias na prestação dos serviços, contribuir na definição de diretrizes para o adequado atendimento
ao usuário e acompanhar e avaliar a atuação do ouvidor.
d) Correta. O enunciado da questão reproduz texto contido no art. 1º, §3º, da Lei nº 13.460/2017.
e) Errada. Nenhuma restrição faz a Lei nº 13.460/2017 em relação a sua aplicação às pessoas jurídicas ou socieda-
des empresárias.

  DIREITO CONSTITUCIONAL
Professor responsável:
Rafael Moreno
rafael.moreno@vorne.com.br

62) Entre as competências do Procurador Geral de Justiça na Lei nº 8.625/93, NÃO se inclui:

a) Editar atos de aposentadoria e exoneração e outros que importem em vacância de cargos da carreira ou dos
serviços auxiliares.
b) Decidir processos disciplinares contra membros do Ministério Público e aplicar-lhes as sanções cabíveis.
c) Aprovar a proposta orçamentária anual do Ministério Público, bem como os projetos de criação de cargos 52
e serviços auxiliares.
d) Presidir o Conselho Superior do Ministério Público e o Colégio de Procuradores de Justiça.
e) Designar membros do Ministério Público para, por ato excepcional e fundamentado, exercer as funções proces-
suais afetas a outro membro da instituição, submetendo sua decisão previamente ao Conselho Superior do Ministério
Público.

Comentários:
Resposta: “C”
A) Correta – É a disposição do art. 10, VII, da Lei nº 8.625/93:
Art. 10 Compete ao Procurador-Geral de Justiça:
(...)
VII - Editar atos de aposentadoria e exoneração e outros que importem em vacância de cargos da carreira
ou dos serviços auxiliares e atos de disponibilidade de membros do Ministério Público e de seus servidores.
B) Correta – É o que dispõe o art. 10, XI, da Lei nº 8.625/93:
Art. 10 (omissis)
(...)
XI - decidir processo disciplinar contra membro do Ministério Público, aplicando as sanções cabíveis;
C) Errada. Cuidado. Compete ao Procurador Geral de Justiça, nos termos do art. 10, III, da Lei nº 8.625/93: “sub-
meter ao Colégio de Procuradores de Justiça as propostas de criação e extinção de cargos e serviços auxiliares e
de orçamento anual;”
Portanto, o Procurador-Geral de Justiça apenas elabora e submete ao Colégio de Procuradores as propostas de
criação de cargos e do orçamento. Estas propostas, conforme art. 12, III, do mesmo diploma, são analisadas e apro-
vadas pelo Colégio de Procuradores de Justiça:
Art. 12 O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos os Procuradores de Justiça, competindo-lhe:
(...)

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III - aprovar a proposta orçamentária anual do Ministério Público, elaborada pela Procuradoria-Geral de Justiça,
bem como os projetos de criação de cargos e serviços auxiliares;
D) Correta. Além de presidir o Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) e o Colégio de Procuradores de
Justiça, o Procurador-Geral de Justiça é membro nato destes dois órgãos, conforme art. 10, II, da Lei nº 8.625/93.
E) Correta. É a previsão do art. 10, IX, “g”, da Lei nº 8.625/93:
Art. 10. Compete ao Procurador-Geral de Justiça:
(...)
IX - designar membros do Ministério Público para:
(...)
g) por ato excepcional e fundamentado, exercer as funções processuais afetas a outro membro da instituição,
submetendo sua decisão previamente ao Conselho Superior do Ministério Público;

63) Acerca das disposições sobre o Inquérito Civil constantes da Lei Complementar nº 734/93 (Lei Or-
gânica do Ministério Público do Estado de São Paulo), assinale a alternativa correta:

a) Não há possibilidade de juízo de retratação da decisão que indefere a representação para instauração de
inquérito civil.
b) Tendo sido firmado compromisso de ajustamento de conduta durante a apuração de um ilícito em um inquérito
civil, sua eficácia é imediata.
c) A juntada da integralidade dos autos principais de inquérito civil à inicial da ação civil pública é facultativa, podendo
o órgão de execução decidir quais peças juntará no procedimento judicial.
d) Comete falta grave o Promotor de Justiça que, dentro do prazo de 03 (três) dias, não remete ao Conselho
Superior do Ministério Público os autos do inquérito civil arquivados.
e) O Conselho Superior do Ministério Público não pode determinar a abertura de Inquérito Civil, devendo solicitar tal
providência ao Procurador-Geral de Justiça. 53
Comentários:
Resposta: “D”
A) Errada. A representação para instauração de inquérito civil se encontra prevista no art.107 da Lei Complementar
nº 734/93 do Estado de São Paulo e deve atender os seguintes requisitos:
Artigo 107 - A representação para instauração de inquérito civil será dirigida ao órgão do Ministério Público compe-
tente e deve conter:
a) nome, qualificação e endereço do representante e, sempre que possível, do autor do fato;
b) descrição do fato objeto das investigações;
c) indicação dos meios de prova.
Se o membro do Ministério Público entender que os requisitos não foram atendidos, poderá indeferir a instauração
de inquérito civil. Contudo, contra tal decisão cabe recurso do autor da representação para o CSMP, nos termos do
art. 107, §1º, da referida lei: “Do indeferimento da representação de que trata este artigo caberá recurso ao Conselho
Superior do Ministério Público no prazo de 10 (dez) dias, contados da data em que o representante tomar ciência da
decisão.”
Se o representado apresenta o recurso para o CSMP, o órgão de execução responsável poderá realizar o juízo de
retratação, conforme art. 107, §2º, da Lei Complementar 734/94: “§ 2º - Antes de encaminhar os autos ao Conselho
Superior do Ministério Público, o membro do Ministério Público poderá, no prazo de 5 (cinco) dias, reconsiderar a
decisão recorrida.”
B) Errada. A possibilidade de realização de compromisso de ajustamento de conduta, no âmbito da legislação esta-
dual, reside no art. 112 da LC 734/93, devendo ser atendidos os seguintes requisitos:
“Artigo 112 - O órgão do Ministério Público, nos inquéritos civis que tenha instaurado e desde que o fato esteja devi-
damente esclarecido, poderá formalizar, mediante termo nos autos, compromisso do responsável quanto ao cumpri-
mento das obrigações necessárias à integral reparação do dano.”
A despeito de existir a possibilidade de o órgão de execução firmar o compromisso de ajustamento de conduta (também
conhecido pela nomenclatura “termo de ajustamento de conduta”), a eficácia deste acordo está condicionada à análise

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do CSMP, conforme art. 112, parágrafo único, do mesmo diploma: “A eficácia do compromisso ficará condicionada à
homologação da promoção de arquivamento do inquérito civil pelo Conselho Superior do Ministério Público.”
Sendo assim, firmado o compromisso, este ainda não é tecnicamente eficaz.
C) Errada. O art. 109 da LC 734/93 não abre margem para a interpretação contida na alternativa, determinando a
juntada do inquérito civil à inicial da Ação Civil Pública como obrigatória:
“Artigo 109 - O inquérito civil, quando instaurado, instruirá a petição inicial da ação civil pública.”
Cuidado, contudo, com os anexos e/ou apensos. A juntada destes pode ser dispensada, nos termos do art. 93 do
ato que regulamenta o inquérito civil no MPSP (Ato normativo nº 484 - CPJ “Os autos principais do inquérito civil
instruirão a ação civil pública.”)
D) Correta. É o que dispõe o art. 110, §1º, da LC 734/93: “Os autos do inquérito civil ou das peças de informação
arquivados serão remetidos, no prazo de 3 (três) dias, sob pena de falta grave, ao Conselho Superior do Ministério
Público.”
E) Errada. O art. 106 da LC 734/93 prevê expressamente a possibilidade de o Inquérito Civil ter sua instauração
determinada pelo CSMP: “Artigo 106 - O inquérito civil será instaurado por portaria, de ofício, ou por determinação
do Procurador-Geral de Justiça, ou do Conselho Superior do Ministério Público, e em face de representação ou em
decorrência de peças de informação.”

64) Analise as seguintes assertivas referentes ao sistema tributário nacional e finanças públicas:

I – Cabe à lei complementar fixar alíquotas máximas e mínimas relativas ao imposto sobre serviços de qualquer
natureza.
II – Os recursos correspondentes à dotação orçamentária do Ministério Público ser-lhe-ão entregues, em duodéci-
mos, até o dia 20 de cada mês.
III – Se o Município de Franca/SP fiscalizar e cobrar o Imposto Territorial Rural, caber-lhe-á 50% (cinquenta por cento)
de sua receita.
54
IV - O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é seletivo, de acordo com a essencialidade das
referidas mercadorias ou serviços.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) II e IV.
d) II, apenas.
e) I e II.

Comentários:
Resposta: “E”
I – Correta. O ISSQN (ou ISS) – Imposto Sobre serviços de qualquer natureza – tem sua previsão constitucional no
art. 156, III:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(...)
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
Segundo o §3º, do art. 156, cabe à lei complementar a fixação das alíquotas máximas do ISSQN:
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II – Correta. Conquanto o Ministério Público possua autonomia orçamentária, os recursos são divididos distribuídos
pelo Poder Executivo, que é quem efetivamente realiza a arrecadação. Sendo assim, os recursos são distribuídos
ao Poder Legislativo, Judiciário, MP e Defensoria em doze parcelas anuais (duodécimos). É o que dispõe o art. 168
da Constituição Federal:
“Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e
especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública,

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ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o
art. 165, § 9º.”

III – Errada. O Imposto Territorial Rural (ITR) é da competência da União e está previsto no art. 153, VI, da Consti-
tuição Federal.
Na repartição das receitas tributárias, observa-se que, em regra, 50% (cinquenta por cento) da receita do ITR, refe-
rente aos imóveis de determinado município, é a ele destinado, conforme art. 158, II, da Constituição Federal:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
(...)
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relati-
vamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;
A parte final do inciso II do art. 158 faz menção a um dispositivo que permite que a totalidade da receita do ITR seja
destinada ao Município, desde que ele promova a fiscalização e arrecadação do tributo:
Art 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
VI - propriedade territorial rural;
(...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
(...)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução
do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
A assertiva está equivocada porque, in casu, o Município optou por realizar a fiscalização e arrecadação do tributo,
fazendo o Município de Franca/SP jus à totalidade da receita do ITR. 55
IV – Errada. O ICMS não é seletivo necessariamente, mas PODERÁ ser seletivo, conforme art. 155, §2º, III, da
Constituição Federal:
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

65) Analise as proposições que se seguem sobre o poder constituinte:

I – Para a concepção clássica, o Poder Constituinte Originário é o poder de fato criador de uma nova ordem jurídica
por meio de um novo texto constitucional.
II – Não há distinção entre os titulares do poder nas concepções clássica e moderna do poder constituinte. Em ambos
os casos o titular do poder é o povo, que possui uma característica pluralista.
III – A Constituição Federal de 1988 possui uma característica pós-fundacional.
IV – O Poder Constituinte Originário esgota-se com a elaboração da nova constituição. Após a promulgação ou ou-
torga, exsurge a figura do Poder Constituinte derivado.
Estão corretas as alternativas:
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV
e) I e III.

Comentários:
Resposta: “E”
I – Correto. As concepções sobre o Poder Constituinte originário dividem-se em clássica, moderna e contemporâ-
nea. Segundo Bernardo Gonçalves Fernandes, “a versão clássica da teoria do Poder Constituinte é, principalmente,
oriunda dos trabalhos de autores como Burdeau, Duguit, Carré de Malberg e Esmein. Aqui, o Poder Constituinte

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na modalidade originária, seria o poder de fato (não jurídico), criador de uma nova ordem jurídica por meio de um
novo texto constitucional.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm.
Salvador, 2017. P. 120).
II – Errado. Para a concepção clássica de poder constituinte, o titular seria a nação, que possui características homo-
gêneas: “Seu titular seria, antes de tudo, a nação, como elemento sociológico que constataria um compartilhamento
homogêneo de tradições, língua, religião, numa dada sociedade. Por ser um poder de fato, é ilimitado e incondiciona-
do.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm. Salvador, 2017. P. 120).
Por sua vez, na concepção moderna de poder constituinte, “Já a versão moderna traz, a partir do século XX, uma
nova leitura do Poder Constituinte. Nessa (re)leitura, temos a mudança de titularidade da Nação para o Povo - figura
que foi aos poucos sendo reconstruída para abarcar uma noção pluralista.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves.
Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm. Salvador, 2017. P. 120).
III – Correto. Para a doutrina, a característica fundacional relaciona-se com estados recém-criados, que necessitam
de uma nova constituição. Por sua vez, a as constituições pós-fundacionais, segundo Bernardo Gonçalves Fernan-
des, “surge em Estados nacionais já existentes e dotados de uma Constituição. O movimento de ruptura da Cons-
tituição faz com que venha a emergir um novo poder constituinte originário.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves.
Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm. Salvador, 2017. P. 123)
Como a CF 88 surgiu em um estado já existente, após um consenso jurídico-político, ela possui um caráter pós-fun-
dacional.
IV – Errada. Segundo Bernardo Gonçalves Fernandes, entende-se que o poder constituinte originário é inicial, au-
tônomo, ilimitado, incondicionado e permanente. Sobre a permanência, o constitucionalista afirma que o poder
constituinte originário: “não se exaure com a elaboração da nova constituição. Ele continua presente ainda que em
estado de latência. Daí a diferença entre o titular do PCO (permanente) alocado no povo e o seu agente (que faz a
constituição, ou seja, redige a constituição) formalizador da nova ideia de direito e de sociedade. Ou seja, o Poder
Constituinte material seria permanente e o Poder Constituinte formal não, pois iria se exaurir com a produção da
Constituição.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm. Salvador,
2017. P. 124) 56
66) Assinale a alternativa INCORRETA referente à intervenção federal nos estados:

a) É possível à União realizar intervenção federal nos estados quando estes deixam de entregar aos municípios
receitas tributárias com previsão constitucional dentro dos prazos legais.
b) Tendo em vista a natureza excepcional da intervenção federal nos estados, ainda que presente uma das hipóte-
ses constitucionais de intervenção, o Supremo Tribunal Federal pode deixar de determinar a intervenção se outras
medidas capazes de restabelecer o equilíbrio forem adotadas.
c) O decreto de intervenção federal está sujeito a controle político pelo Congresso Nacional na hipótese de procedên-
cia de representação pela intervenção federal formulada pelo Procurador-Geral da República, quando da violação de
princípios constitucionais sensíveis.
d) Por estar submetido a controle político pelo Congresso Nacional, o decreto interventivo não está sujeito a
controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário.
e) A despeito de a autonomia municipal ser um dos princípios constitucionais sensíveis, passíveis de intervenção
federal, a União não pode intervir diretamente nos Municípios, salvo aqueles em Territórios Federais.

Comentários:
Resposta: “D”
A – Correta. É a previsão do art. 34, V, “b”, da Constituição Federal:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
(...)
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
(...)
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos
em lei;
B – Correta. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou desta forma na IF 5179, Informativo 593:

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“Representação do Procurador-Geral da República. Distrito Federal. Alegação da existência de largo esquema de


corrupção. Envolvimento do ex-governador; deputados distritais e suplentes. Comprometimento das funções gover-
namentais no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo. Fatos graves objeto de inquérito em curso no Superior
Tribunal de Justiça. Ofensa aos princípios inscritos no art. 34, inc. VII, “a” da CF. Adoção, porém, pelas autoridades
competentes, de providências legais eficazes para debelar a crise institucional. Situação histórica consequentemente
superada à data do julgamento. Desnecessidade reconhecida à intervenção, enquanto medida extrema e excepcio-
nal. Pedido julgado improcedente. Precedentes. Enquanto medida extrema e excepcional tendente a repor estado
de coisas desestruturado por atos atentatórios à ordem definida por principias constitucionais de extrema relevância,
não se decreta intervenção federal quando tal ordem já tenha sido restabelecida por providências eficazes das auto-
ridades competentes.( ... ) IF 5179, rei. Min. Cezar Peluso, julg. em 30.06.2010. DJ: 08.10.2010.”
C – Correta. A decretação da intervenção pode ser direta, ex officio, na hipótese do art. 34, I, II, III e V da Constituição
Federal. Contudo, na hipótese de violação a princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII, da CF), depende de
provimento de uma ADI interventiva, se titularidade do PGR.
Após o provimento da ADI Interventiva há, contudo, a elaboração de um decreto de intervenção, que é elaborado
pelo Presidente da República. Neste sentido, leciona Bernardo Gonçalves Fernandes:
“1) Com o provimento do STF na Ação de Execução de Lei ou na ADI interventiva já temos a intervenção? A pergunta
é: basta o provimento do STF?
Claro que não. É o perigo dos incs. VII e VII do art. 34 da CR/88 serem lidos sem levar em consideração o sistema
constitucional. Nesses termos, o art. 84, X, da CR/88, vai nos indicar que a intervenção federal será sempre decre-
tada pelo Presidente da República. Portanto, para que haja a intervenção, não basta apenas a existência de um pro-
vimento pelo STF, pois será necessário um decreto do Presidente da República para deflagrar a intervenção. Nesse
caso, é bom deixar claro que a ordem judicial (provimento do STF) demandada terá a natureza de requisição, pois
o Presidente terá a obrigação de decretar a intervenção, estando vinculado à decisão do STF proferida em sede de
ADI interventiva ou AEL.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm.
Salvador, 2017. P. 943)
E, havendo a necessidade de um decreto, este está sujeito ao controle do Congresso Nacional (controle político), nos
57
termos do art. 36, §1º, da CF: “§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições
de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da
Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.”
D – Errada. Segundo Bernardo Gonçalves Fernandes:
“3) Existe a possibilidade de controle de constitucionalidade sobre o decreto de intervenção?
A resposta só pode ser afirmativa. Nesse sentido, há controle judicial) desde que ocorra o descumprimento dos
procedimentos previstos na Constituição. Na prática, estará ocorrendo descumprimento de normas constitucionais.
Portanto, a intervenção federal, embora seja um ato de natureza política, deverá ser declarada inconstitucional se
não estiver em consonância com a própria Constituição que a delimita.” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso
de Direito Constitucional. Ed. Jus Podivm. Salvador, 2017. P. 944.)
E) Correto. A autonomia municipal é um princípio constitucional sensível, nos termos do art. 34, VII, “c”, da CF. Con-
tudo, nos termos do art. 35, caput, da CF, extrai-se que a União só pode intervir diretamente em Municípios dentro
de Territórios Federais: “Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados
em Território Federal, exceto quando:”

67) Assinale a alternativa correta referente à disciplina constitucional dos partidos políticos:

a) É assegurada aos partidos políticos autonomia para adotar os critérios de escolha e o regime de coligações nas
eleições majoritárias e proporcionais.
b) O acesso aos recursos do fundo partidário apenas é garantido aos partidos que, cumulativamente, obtiverem,
nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas e tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades
da Federação.
c) José foi eleito deputado federal por partido que perdeu o acesso a recursos do fundo partidário por não
ter atingido a cláusula de barreira. Neste caso, José poderá se filiar, sem perder o mandato, a outro partido
que tenha cumprido com os requisitos constitucionais de acesso ao fundo partidário.

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d) Se o partido ABC se coliga ao partido XYZ para as eleições presidenciais, tal coligação deve ser respeitada e
reproduzida no âmbito estadual para a eleição de governador.
e) É possível a criação de que defenda em seu programa partidário o direito de secessão de estados-membros.

Comentários:
Resposta: “C”
A – Errada. A Emenda Constitucional nº 97/2017 alterou o art. 17, §1º, da Constituição Federal, proibindo a realização
de coligações em eleições proporcionais:
“§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua cele-
bração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.”
B – Errada. Tal alteração também foi realizada pela Emenda Constitucional nº 97/2017. Segundo o atual texto cons-
titucional os requisitos estão corretos, mas não são cumulativos, e sim ALTERNATIVOS:
“§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os
partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuí-
dos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos
em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação.”
C – Correta. Mais uma alteração promovida pela EC 97/2017. Dispõe o art. 17, §5º, da Constituição Federal:
“§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e 58
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considera-
da para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.”
Portanto, no caso proposto, José poderia se filiar a outro partido sem incorrer no que se denomina de “infidelidade
partidária”, sem correr o risco de perder o mandato obtido em eleição proporcional.
D – Errada. É a parte final do art. 17, §1º, da CF: “§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios
e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária.”
E – Errada. O direito de secessão é a possibilidade de um estado-membro se desvincular da União. Em um estado
Federal, tal direito não é conferido aos estados membros, como pode se extrair da expressão “união indissolúvel”
constante do art. 1º da Constituição Federal.
O art. 17 da CF afirma que: “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados
a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos:”
Na hipótese de defesa da secessão, além de o partido não respeitar princípios basilares da Constituição Federal,
nitidamente defende um vilipêndio à soberania da República Federativa do Brasil. Sendo assim, a criação de tal
partido é vedada pela CF.

68) Acerca das normas constitucionais de proteção ao meio ambiente, analise as alternativas que se
seguem:

I – O Estado de São Paulo, querendo diversificar sua matriz energética, define em lei estadual a implantação de uma
usina com reator nuclear. Neste caso, não haverá violação à Constituição Federal se, previamente, houver autoriza-
ção mediante decreto legislativo do Congresso Nacional.
II – Viola a Constituição Federal a realização de “vaquejadas”, por se tratar de prática cruel aos animais, ainda que a
prática seja registrada como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro.

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III – Depende de comprovação do dano ambiental a obrigação de recuperar o meio ambiente atingido pela mineração.
IV – A exigência de estudo prévio de impacto ambiental independe do grau de potencial degradação do meio am-
biente.
V – O dever de solidariedade intergeracional não é explícito na Constituição Federal, podendo ser extraído do prin-
cípio do desenvolvimento sustentável.
Estão corretas as alternativas:
a) Todas estão corretas.
b) Nenhuma está correta.
c) I, II e III.
d) I, II e IV.
e) II e V.

Comentários:
Resposta: “B”
I – Errada. Segundo a Constituição Federal, é necessária a edição de lei federal para a instalação de usinas com
reator nuclear, conforme art. 225, §6º, da Constituição Federal: “As usinas que operem com reator nuclear deverão
ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.”
II – Errada. O tema é polêmico e deve ser analisado com cuidado. O STF decidiu pela inconstitucionalidade dos
rodeios e “vaquejadas” na ADI 4983:
“VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANIMAIS – CRUELDADE MANIFESTA – PRESERVAÇÃO DA FAU-
NA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALIDADE. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de di-
reitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto
no inciso VII do artigo 225 da Carta Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade.
Discrepa da norma constitucional a denominada vaquejada.” (ADI 4983) 59
Contudo, o texto da Constituição Federal foi recentemente alterado pela Emenda Constitucional nº 96/2017, o qual
incluiu o §7º ao art. 225, nos seguintes termos: “§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações cultu-
rais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante
do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos ani-
mais envolvidos.”
Portanto, se indagada em provas objetivas, como o Supremo Tribunal Federal ainda não se debruçou especificamen-
te sobre o art. 225, §7º, é preferível assinalar a alternativa que traga a literalidade do texto constitucional.
III – Errada. O texto constitucional (art. 225, §2º) impõe que, realizada exploração mineral, há obrigação automática
de recuperação do meio ambiente: “§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.” Trata-
-se, portanto, de obrigação da própria atividade econômica de exploração mineral a recuperação da área explorada.
IV – Errada. O art. 225, §1º, IV, da CF, dispõe que: “IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade;”. Portanto, não se exige o estudo prévio de impacto ambiental indistintamente, para qual-
quer atividade.
V – Errada. O art. 225, caput, em sua parte final, prevê expressamente o dever de preservar o meio ambiente
para as presentes e “futuras gerações”. Portanto, além de ser um desdobramento do princípio do desenvolvimento
sustentável, a solidariedade intergeracional tem previsão expressa na Constituição Federal, ainda que não com a
nomenclatura trazida pela doutrina.

69) Acerca do entendimento jurisprudencial sobre controle de constitucionalidade, assinale a alterna-


tiva correta:

a) O exaurimento de efeitos de lei orçamentária acarreta a prejudicialidade de ação direta de inconstitucio-


nalidade.
b) Viola a cláusula da reserva de plenário julgamento monocrático em ação direta de inconstitucionalidade, ainda que
a mesma inconstitucionalidade já tenha sido apreciada pelo plenário em outra ação de controle concentrado.

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c) Ainda que pendente ação direta de inconstitucionalidade sobre um determinado tema, não é possível a suspensão
das ações ordinárias cujo objeto seja a norma impugnada no controle concentrado.
d) É possível, após a publicação do acórdão em ação direta de inconstitucionalidade, a suscitação de questão de
ordem para fins de modulação de efeitos da decisão.
e) Não é possível a cumulação, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, de pedidos alternativos de anulação
do ato impugnado ou saneamento de omissão estatal.

Comentários:
Resposta: “A”
A – Correta. É o entendimento do Supremo Tribunal Federal na ADI 4.663 MC-REF RO, Rel. Min. Luiz Fux, DJE
16/12/2014 (Informativo 763): “O exaurimento da eficácia da lei de diretrizes orçamentárias, dado o seu caráter tran-
sitório, acarreta a prejudicialidade de ação direta de inconstitucionalidade.”
B – Errada. O Supremo Tribunal Federal decidiu de forma diversa, privilegiando a economia processual, no informa-
tivo 761:
“A existência de pronunciamento anterior – emanado do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do órgão
competente de Tribunal de Justiça local – sobre a inconstitucionalidade de determinado ato estatal autoriza o julga-
mento imediato, monocrático ou colegiado, de causa que envolva essa mesma inconstitucionalidade, sem que isso
implique violação à cláusula da reserva de plenário.” (Rcl 17.185 AgR/MT, rel. min. Celso de Mello, DJE 27/1/2014)
C – Errada. O Supremo Tribunal Federal possibilita a suspensão, ainda que sem previsão legal específica: “É pos-
sível, excepcionalmente, e em sede de ação direta de inconstitucionalidade, a concessão de medida cautelar des-
tinada à suspensão de processos que tratem da mesma controvérsia e das decisões neles proferidas” (ADI 5.365
MC – AgR – Rel. min. Roberto Barroso – Informativo 807)
“Excepcionalmente, é cabível a suspensão do andamento de processos relacionados às leis questionadas nas ações
diretas de inconstitucionalidade” (ADI 5.409 – MC-REF – Rel. Min. Edson Fachin – Informativo 809)
D – Errada. O Supremo Tribunal Federal entende de forma diversa, diante da ocorrência do instituto da preclusão:
60
“Encerrado o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade, com a proclamação do resultado final do julgamen-
to, torna-se inviável a reabertura para fins de modulação” (ADI 2.949 QO – rel. min. Joaquim Barbosa, rel. para o
acórdão min. Marco Aurélio, DJE 28/05/2015 – Informativo 780)
E – Errada. Segundo o STF, há relativa fungibilidade entre a ação direta de inconstitucionalidade e a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, razão pela qual é possível a formulação de pedidos alternativos (ou a declaração
da inconstitucionalidade do ato ou declaração da omissão inconstitucional do estado). Segundo a Corte Suprema:
“É possível, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, a cumulação de pedidos alternativos do saneamento
de omissão e do afastamento de ato normativo tido por inconstitucional.
Embora já tenha considerado inadmissível a conversão de ação direta de inconstitucionalidade em ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reconhecido relativa fungibi-
lidade entre os dois tipos de ação.”
(ADI 4.079 – rel. min. Roberto Barroso – DJE 05/05/2015 – Informativo 775)

70) Assinale a alternativa correta no tocante ao posicionamento doutrinário e jurisprudencial sobre os


direitos fundamentais:

a) A norma do art. 5º, XII, da Constituição Federal (“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”) sujeita-se à reserva
legal simples.
b) Embora omissa, a Constituição brasileira adotou a tese da existência um núcleo essencial dos direitos
fundamentais contemplados na Carta Magna.
c) O poder conferido pela Constituição de legislar sobre um determinado não implica, automaticamente, em um dever
de legislar.
d) É irrelevante para a garantia da liberdade de imprensa a veracidade ou falsidade da informação, estando ambas
protegidas constitucionalmente.
e) O direito de reunião não pressupõe um elemento teleológico.

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Comentários:
Resposta: “B”
A) Errada. A reserva legal simples é a previsão constitucional de que um direito fundamental tenha sua restrição em
lei, de forma genérica. Por sua vez, “tem -se uma reserva legal ou restrição legal qualificada quando a Constituição
não se limita a exigir que eventual restrição ao âmbito de proteção de determinado direito seja prevista em lei, es-
tabelecendo, também, as condições especiais, os fins a serem perseguidos ou os meios a serem utilizados.” (MEN-
DES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional).
Na norma citada o que se vê é uma reserva legal qualificada, uma vez que, além de estar prevista a necessidade de
lei, a Constituição estabelece previamente as hipóteses únicas que a lei pode regulamentar.
B – Correta. A Constituição Federal não trouxe qualquer norma prevendo um núcleo essencial dos direitos fundamen-
tais. Contudo, a própria existência de cláusulas pétreas dá a entender pela existência de uma essência principiológi-
ca que não pode ser violada. Segundo Gilmar Mendes:
“A ordem constitucional brasileira não contemplou qualquer disciplina direta e expressa sobre a proteção do núcleo
essencial de direitos fundamentais. É inequívoco, porém, que o texto constitucional veda expressamente qualquer
proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, § 4º, IV).
Tal cláusula reforça a ideia de um limite do limite também para o legislador ordinário. Embora omissa no texto cons-
titucional brasileiro, a ideia de um núcleo essencial decorre do próprio modelo garantístico utilizado pelo constituinte.
A não admissão de um limite ao afazer legislativo tornaria inócua qualquer proteção fundamental.”
(...)
Sobre o tema, o STF se debruçou, ainda que implicitamente, que uma norma não pode subtrair por completo o núcleo
essencial de um princípio fundamental. Em relação ao princípio da individualização da pena, o STF asseverou que:
“ Logo, tendo predicamento constitucional o princípio da individualização da pena (em abstrato, em concreto e em
sua execução), exceção somente poderia ser aberta por norma de igual hierarquia nomológica.
‘A imposição de um regime único e inflexível para o cumprimento da pena privativa de liberdade’, nota Maria Lúcia 61
Karam, ‘com a vedação da progressividade em sua execução, atinge o próprio núcleo do princípio individualizador,
assim, indevidamente retirando -lhe eficácia, assim indevidamente diminuindo a razão de ser da norma constitucional
que, assentada no inciso XLVI do art. 5º da Carta de 1988, o preconiza e garante’. Já sob este aspecto, falta, pois,
legitimidade à norma inserta no § 1º do art. 2º da Lei n. 8.072/90”.
Portanto, existente um núcleo essencial dos direitos fundamentais.
C – Errada. A fim de se garantir uma proteção suficiente dos direitos fundamentais, o legislador não pode ser omisso
em sua regulamentação. Sendo assim, fala-se em poder-dever de legislar, sob pena de incorrer o legislador omisso
em violação ao princípio da vedação à proteção insuficiente. Não à toa existem instrumentos saneadores da omissão
(ADIN por omissão e Mandado de Injunção). Segundo Gilmar Mendes:
“O conceito de discricionariedade no âmbito da legislação traduz, a um só tempo, ideia de liberdade e de limitação.
Reconhece -se ao legislador o poder de conformação dentro de limites estabelecidos pela Constituição. E, dentro
desses limites, diferentes condutas podem ser consideradas legítimas.
Por outro lado, o poder de legislar contempla, igualmente, o dever de legislar, no sentido de assegurar uma proteção
suficiente dos direitos fundamentais (Untermassverbot).”
D – Errada. Conquanto não haja previsão expressa constitucional sobre a veracidade da informação ser essencial, o
núcleo essencial da liberdade de imprensa, como liberdade pública, é de garantir a formação de opinião com o obje-
tivo de melhorar a sociedade. A informação falsa não tem o intuito de desenvolver a sociedade em qualquer aspecto,
razão pela qual deve ser rechaçada. Segundo Paulo Gonet Branco:
“A busca de outros limites intrínsecos à liberdade de expressão, especialmente no caso da liberdade de imprensa,
conduz à indagação sobre se apenas a informação verdadeira acha -se protegida. Põe -se a indagação sobre se
também a informação falsa está protegida pela liberdade de imprensa.
Não resta dúvida de que a comunicação social com conteúdo comercial está obrigada a não distorcer a verdade. O
Código de Defesa do Consumidor, nessa linha, proíbe a propaganda enganosa e obriga o comerciante aos termos
do seu anúncio (CDC, art. 30).
A informação falsa não seria protegida pela Constituição, porque conduziria a uma pseudo -operação da formação
da opinião. Assinala -se a função social da liberdade de informação de “ colocar a pessoa sintonizada com o mundo
que a rodeia (...), para que possa desenvolver toda a potencialidade da sua personalidade e, assim, possa tomar as

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decisões que a comunidade exige de cada integrante” 47. Argumenta -se que, “ para se exercitar o direito de crônica,
que está intimamente conexo com o de receber informações, será mister que se atenda ao interesse da coletividade
de ser informada, porque através dessas informações é que se forma a opinião pública, e será necessário que a
narrativa retrate a verdade”
E – Errada. O direito de reunião pressupõe um elemento subjetivo (agrupamento de pessoas), formal (mínimo de
coordenação, sem que haja mera coincidência) e um elemento teleológico, ou seja, que haja uma finalidade, um
propósito específico para aquela aglomeração de pessoas.

71) Analise as seguintes proposições referentes à organização dos poderes:


I – A suplência para o cargo de Senador segue as mesmas regras que a do cargo de deputado federal.
II – Ao apreciar os atos de concessão de emissoras de rádio e televisão, a deliberação tomada pelo Congresso Na-
cional está sujeita à sanção presidencial posterior.
III – Compete ao Congresso Nacional a aprovação prévia do Procurador-Geral da República, após arguição pública.
IV – Na eleição para o governo de São Paulo o candidato A teve 30% (trinta por cento) dos votos válidos, enquanto
que o candidato B teve 28% (vinte e oito por cento) dos votos válidos. Entre o primeiro e o segundo turnos, o candi-
dato B vem a falecer. Neste caso, o candidato A é considerado governador eleito do estado de São Paulo.
V – Compete ao Presidente da República decretar e executar a intervenção federal.
Estão corretas as assertivas:
a) IV e V.
b) I, III e V.
c) III, apenas.
d) III e V.
e) V, apenas.

Comentários: 62
Resposta: “E”
I – Errada. A suplência do cargo de deputado federal relaciona-se com o resultado das eleições. Por sua vez, o Se-
nador já é eleito com dois suplentes, nos termos do art. 46, §3º, da Constituição Federal.
II – Errada. As competências exclusivas do Congresso Nacional, tais como a de “apreciar os atos de concessão e
renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão” (art. 49, XII, da CF), não estão sujeitas à sanção presi-
dencial, nos termos do art. 48, caput, da CF: “Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da Repú-
blica, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:”.
Portanto, não há que se falar em sanção presidencial.
III – Errada. A competência não é do Congresso Nacional (art. 49 e incisos da CF), mas do Senado Federal, nos
termos do art. 52, III, “e”, da CF:
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
(...)
e) Procurador-Geral da República;”
IV - Errada. O art. 77, §4º, da CF, prevê norma diversa: “§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.”.
De qualquer forma, ainda que sem esta previsão, a conclusão da assertiva viola a lógica do art. 77, §2º, da CF, na
medida em que o candidato A não atingiu a maioria absoluta dos votos válidos.
V – Correta. É a disposição do art. 84, X, da Constituição Federal.

72) Sobre as disposições constitucionais do direito à saúde, assinale a alternativa INCORRETA:

a) As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo
diretrizes próprias, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filan-
trópicas e as sem fins lucrativos.

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b) O controle do teor nutricional de alimentos é atribuição do sistema único de saúde.


c) O Ministério Público detém legitimidade para ajuizar ações civis públicas com o objetivo de garantir o fornecimento
de medicamentos a portadores de determinadas doenças, ainda que a inicial da ação inclua apenas uma pessoa
como beneficiário direto.
d) A responsabilidade dos entes federados em relação ao direito à saúde é solidária, podendo o autor da demanda
direcioná-la contra qualquer um deles.
e) A admissão de agentes comunitários de saúde está imune à imposição constitucional do concurso público.

Comentários:
Resposta: “A”
A – Errada. As diretrizes de participação da iniciativa privada na saúde púbica não podem ser estabelecidas pela
própria iniciativa privada, sob pena de violação ao princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Não
à toa, a Constituição Federal dispõe no art. 199, §1º, que: “As instituições privadas poderão participar de forma com-
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio,
tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.”
B – Correta. É a previsão do art. 200, VI, da Constituição Federal:
“Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
(...)
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;”
C – Correta. Foi a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 605.533:
“É induvidoso que ao MP cabe, a teor do disposto no inciso III do artigo 129 da Constituição Federal, promover o
inquérito civil e a ação civil pública visando à defesa de interesses difusos e coletivos”. Segundo o relator, a singu-
laridade do caso respalda a atuação do MP, uma vez que, conforme a petição inicial da ação ajuizada na instância 63
de origem, o pedido abrange não só a situação de uma pessoa, mas também a dos demais portadores de doença
considerada grave.
De acordo com o relator, o pedido de fornecimento dos medicamentos inclui todos os pacientes portadores de hi-
potireoidismo e hipocalcemia severa, quando houver prescrição do médico responsável. No seu entendimento, a
menção a uma pessoa específica foi meramente exemplificativa e que a ação tem o objetivo de alcançar todos os
que estejam acometidos da doença e não tenham condições de satisfazer o custo dos remédios. “A ação, sem dúvida
alguma, ganhou contornos de ação civil pública, atendendo-se ao disposto do artigo 129, inciso III, da Constituição
Federal”, concluiu.
D – Correta. É o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
(...)
4. O Superior Tribunal de Justiça, em reiterados precedentes, tem decidido que o funcionamento do Sistema Único
de Saúde - SUS é de responsabilidade solidária dos entes federados, de forma que qualquer deles tem legitimidade
para figurar no polo passivo de demanda que objetive o acesso a meios e medicamentos para tratamento de saúde.
(...)
(AgRg no REsp 1104353/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe
03/02/2016)
E – Correta. A admissão de agentes comunitários de saúde e agentes de endemias está prevista na própria consti-
tuição, no art. 198, §4º, da Constituição Federal: “§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo
com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação”

73) Sobre a classificação das constituições, analise as proposições que se seguem:

I – A Constituição Cesarista ou outorgada é aquela em que o texto é aquela em que o texto e elaborado por um so-
berano (ditador ou imperador) e posteriormente submetida a plebiscito ou referendo.
II – Sob o ponto de vista ontológico, as constituições normativas são aquelas em que as normas atingem seu grau
máximo de efetividade democrática e os agentes públicos a ela se subordinam.

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III – Entre os elementos das constituições, é possível citar o denominado elemento limitativo, sendo este relacionado
com a restrição infralegal a direitos fundamentais por normas de eficácia limitada.
IV – Para a perspectiva sociológica da Constituição, definida por Ferdinand Lassale, a legitimidade da constituição
está interligada à legitimidade das forças sociais que compõem o poder.
V – A difusão de novas tecnologias de informação com incremento da participação popular nas decisões do estado
pode incrementar a democratização do processo constitucional, sob o que se denomina de crowdsourced constitution
ou constituição colaborativa.
Estão corretas as alternativas:
a) I, II e IV.
b) II, IV e V.
c) III, IV e V.
d) IV, apenas.
e) I, III e V.

Comentários:
Resposta: “B”
I – Errada. A Constituição cesarista não é outorgada. Contudo, também não pode se afirmar que seja democrática. Se-
gundo José Afonso da Silva, a constituição cesarista: “... não é propriamente outorgada, mas tampouco é democrática,
ainda que criada com participação popular”. Ainda segundo o autor “...formada por plebiscito popular sobre um projeto
elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile). A participação
popular, nesses casos, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder. Não destacamos
esse tipo no esquema porque bem pode ser considerado um modo de outorga por interposta pessoa’’.
II – Correta. A classificação sob o critério ontológico, criada por Karl Loewenstein, divide as Constituições em Nor-
mativas, nominalista e semânticas. Segundo Pedro Lenza, citando Pinto Ferreira: ““as Constituições normativas são 64
aquelas em que o processo de poder está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder
subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. As Constituições nominalistas
contêm disposições de limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real
de poder, e com insuficiente concretização constitucional. Enfim, as Constituições semânticas são simples reflexos
da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do
seu conteúdo”.(LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. P. 109)
III – Errada. Segundo classificação de José Afonso da Silva, as constituições possuem cinco elementos: orgânicos,
limitativos, socioideológicos, de estabilização constitucional e formais de aplicabilidade. Os elementos limitativos
“manifestam-se nas normas que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais (direitos individuais e suas
garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos), limitando a atuação dos poderes estatais.”
(LENZA, OP. Cit. P. 115).
Portanto, não há correlação com a restrição de normas constitucionais de eficácia limitada. Há correlação com os
limites a atuação estatal.
IV – Correta. Segundo Pedro Lenza, citando Lassale: “Valendo-se do sentido sociológico, Ferdinand Lassale, em
seu livro “Qué es una Constitución?”, defendeu que uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo
poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, carac-
terizando-se como uma simples “folha de papel”. A Constituição, segundo a conceituação de Lassale, seria, então, a
somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.” (LENZA, Op. Cit. P. 83)
V – Correta. Trata-se de fenômeno iniciado na Islândia, em que as discussões e participação da população se
deu através de redes sociais e pela internet, com o fim de elaborar um documento de cunho constitucional.
Segundo Pedro Lenza: “Estamos diante daquilo que vem sendo denominado crowdsourced constitution e que
se implementa pela participação popular por meio da internet (crowdsourcing), em um processo constituinte
bastante interessante de “terceirização para a multidão”. Sem dúvida, as novas formas de democracia utilizando
as ferramentas da tecnologia podem ajudar nesse modelo de verdadeira Constituição colaborativa.” (LENZA,
Op. Cit. P. 92)

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  ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Professor responsável:
Fernando Henrique
fernando.henrique@vorne.com.br

74) Assinale a alternativa incorreta. Nos termos do ECA (Lei Federal nº 8.069/90), o Conselho Tutelar,
é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
mento dos direitos da criança e do adolescente, e seus Conselheiros possuem os seguintes direitos:

a) cobertura previdenciária
b) gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal
c) licença-maternidade
d) licença-paternidade
e) licença-nojo

Comentários:
a) CORRETA. De acordo com o art. 134, do ECA: “Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de
funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegu-
rado o direito a: I - cobertura previdenciária.” Nada de errado na alínea.
b) CORRETA. Trata-se do inciso II, do art. 134, do ECA: “gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um
terço) do valor da remuneração mensal;” Nada de errado na alínea.
c) CORRETA. Trata-se do inciso III, do art. 134, do ECA: “III - licença-maternidade;” Nada de errado na alínea.
d) CORRETA. Trata-se do inciso IV, do art. 134, do ECA: “IV - licença-paternidade;” Nada de errado na alínea. 65
e) INCORRETA. A alínea e não possui previsão legal. O direito faltante no enunciado foi o previsto no inciso V, do art.
134, do ECA: “V - gratificação natalina.” Esta a alínea a ser assinalada.

75) Assinale a alternativa correta. Segundo o ECA (Lei 8.069/90), são atribuições do Conselho Tutelar:

a) requisitar serviços privados nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança.
b) atender e aconselhar os professores que necessitem de apoio sociofamiliar, aplicando as medidas previstas no
art. 129, I a VII, do ECA.
c) representar junto à autoridade municipal nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
d) representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
e) promover a colocação sob guarda, mediante entrega de criança ou adolescente aos guardiões.

Comentários:
a) INCORRETA. De acordo com o art. 136, III, “a”, do ECA: “São atribuições do Conselho Tutelar: III - promover a
execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos (e não privados) nas áreas de
saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Errada, portanto, a alínea.
b) INCORRETA. Não compete ao CT atender e aconselhar professores, mas sim “atender e aconselhar os pais ou
responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII”, consoante previsto no art. 136, II, do ECA. Errada,
portanto, a alínea.
c) INCORRETA. Em caso de descumprimento injustificado de suas decisões, compete ao CT “representar junto à
autoridade judiciária (e não municipal), consoante previsto no art. 136, III, b, do ECA. Errada, portanto, a alínea.
d) CORRETA. A alínea é transcrição literal do art. 136, IX, do ECA: “representar ao Ministério Público para efeito das
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
adolescente junto à família natural.” Esta a alínea a ser assinalada.
e) INCORRETA. Não compete ao CT “promover a colocação sob guarda, mediante entrega de criança ou adolescen-
te aos guardiões.” Não há previsão legal em tal sentido.

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76) Assinale a alternativa incorreta. De acordo com a Lei 12.594/12 (SINASE) a execução das medidas
socioeducativas é regida pelos seguintes princípios:

a) legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto.
b) excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição
de conflitos.
c) prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das
vítimas;”
d) proporcionalidade em relação à ofensa cometida.
e) prazo equivalente ao da pena que seria imposta a um maior imputável.

Comentários
a) CORRETA. A alínea repete a redação do art. 35, I, da Lei Federal n. 12.594/12 que prevê que “A execução das
medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: legalidade, não podendo o adolescente receber tra-
tamento mais gravoso do que o conferido ao adulto.” Portanto, como o enunciado exigia a alínea incorreta, não era
esta a alínea a ser assinalada.
b) CORRETA. A alínea repete a redação do art. 35, II, da Lei Federal n. 12.594/12 que prevê que “A execução das
medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: excepcionalidade da intervenção judicial e da im-
posição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos.” Portanto, como o enunciado exigia a
alínea incorreta, não era esta a alínea a ser assinalada.
c) CORRETA. O art. 35, III, da Lei Federal n. 12.594/12 possui a seguinte redação: “III - prioridade a práticas ou
medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas;” Nada de errado
na alínea.
d) CORRETA. A alínea repete a redação do art. 35, IV, da Lei Federal n. 12.594/12 que prevê que “A execução das
medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: proporcionalidade em relação à ofensa cometida”. 66
Portanto, nada de errado na alínea.
e) INCORRETA. A alínea não possui previsão legal, até porque as medidas socioeducativas impostas não devem
observar o mesmo tempo das penas, justamente porque destas se diferenciam em sua natureza, consoante previsão
do art. 35, IV, da Lei Federal n. 12.594/12 que prevê que “A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos
seguintes princípios: “brevidade da medida em resposta ao ato cometido.” Esta, portanto, a alínea a ser assinalada.

77) Assinale a alternativa incorreta. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos as-
sim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:

a) realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade.


b) dificultar o exercício da autoridade parental.
c) dificultar contato de criança ou adolescente com genitor.
d) apresentar denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para apurar crimes por estes
porventura praticados contra a criança ou adolescente.
d) dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar.

Comentários
a) CORRETA. De acordo com o art. 2º, par. ún., I, da Lei Federal n. 12.318/10: “São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros: realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade
ou maternidade.”
b) CORRETA. De acordo com o art. 2º, par. ún., II, da Lei Federal n. 12.318/10: “São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros: II - dificultar o exercício da autoridade parental.”
c) CORRETA. De acordo com o art. 2º, par. ún., III, da Lei Federal n. 12.318/10: “São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros: III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor.”

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d) INCORRETA. De acordo com o art. 2º, par. ún., I, da Lei Federal n. 12.318/10: “São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros: VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente.” Portanto, a apresentação de denúncia para
apuração de eventual crime porventura praticado pelos responsáveis legais não é hipótese de alienação parental.
Esta a alínea a ser assinalada.
e) CORRETA. De acordo com o art. 2º, par. ún., IV, da Lei Federal n. 12.318/10: “São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou
com auxílio de terceiros: IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar.”

78) Assinale a alternativa correta. De acordo com o ECA:

a) Considera-se ato infracional a conduta descrita como ilícito civil ou penal.


b) Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
c) Para os efeitos do ECA, deve ser considerada a idade do adolescente à data do julgamento do fato.
d) Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as mesmas medidas socioeducativas aplicáveis aos ado-
lescentes.
e) São penalmente inimputáveis os menores de dezesseis anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.

Comentários
a) INCORRETA. A alínea não respeita o disposto no art. 103, do ECA: “Considera-se ato infracional a conduta des-
crita como crime ou contravenção penal.” (ilícito civil não configura ato infracional). Errada a alínea.
b) CORRETA. A alínea é transcrição integral do art. 106, do ECA: “Nenhum adolescente será privado de sua liberda-
de senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.”
Esta a alínea a ser assinalada.
67
c) INCORRETA. A alínea não respeita o disposto no art. 104, parágrafo único, do ECA: “Para os efeitos desta Lei,
deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.” (e não a data do julgamento do fato). Errada a alínea.
d) INCORRETA. A alínea não respeita o disposto no art. 105, do ECA: “Ao ato infracional praticado por criança cor-
responderão as medidas previstas no art. 101.” Criança não pode sofrer imposição de medida socioeducativa.
e) INCORRETA. A alínea não respeita o disposto no art. 104, do ECA: “São penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.” (e não 16 anos). Errada a alínea.

79) Assinale a alternativa correta. De acordo com o ECA:

a) É vedada a adoção por casal homoafetivo.


b) Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
termos desta Lei quando se tratar de pedido de adoção conjunta.
c) Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente
nos termos desta Lei quando for formulada por conhecido da criança ou adolescente e que mantenha vínculo de
afetividade.
d) Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente possui residência habitual em país-parte
da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria
de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em
outro país-parte da Convenção.
e) Será deferido o pedido de adoção formulado por quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 2 (dois)
anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afeti-
vidade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé.

Comentários
a) INCORRETA. Trata-se de questão absolutamente sabida que não há qualquer vedação legal para que pessoa
ou casal homoafetivo adote crianças ou adolescentes. Nesse sentido é a decisão do STJ no já antigo RESP n.
889.852/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. em 27/04/10: “DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ADOÇAO DE MENO-

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RES POR CASAL HOMOSSEXUAL. SITUAÇAO JÁ CONSOLIDADA. ESTABILIDADE DA FAMÍLIA. PRESENÇA DE


FORTES VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE OS MENORES E A REQUERENTE. IMPRESCINDIBILIDADE DA PREVA-
LÊNCIA DOS INTERESSES DOS MENORES. RELATÓRIO DA ASSISTENTE SOCIAL FAVORÁVEL AO PEDIDO.
REAIS VANTAGENS PARA OS ADOTANDOS. ARTIGOS 1º DA LEI 12.010/09 E 43 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE. DEFERIMENTO DA MEDIDA. 1. A questão diz respeito à possibilidade de adoção de crianças
por parte de requerente que vive em união homoafetiva com companheira que antes já adotara os mesmos filhos,
circunstância a particularizar o caso em julgamento. 2. Em um mundo pós-moderno de velocidade instantânea da
informação, sem fronteiras ou barreiras, sobretudo as culturais e as relativas aos costumes, onde a sociedade trans-
forma-se velozmente, a interpretação da lei deve levar em conta, sempre que possível, os postulados maiores do
direito universal. 3. O artigo 1º da Lei 12.010/09 prevê a “garantia do direito à convivência familiar a todas e crianças
e adolescentes”. Por sua vez, o artigo 43 do ECA estabelece que “a adoção será deferida quando apresentar reais
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos”. 4. Mister observar a imprescindibilidade da prevalên-
cia dos interesses dos menores sobre quaisquer outros, até porque está em jogo o próprio direito de filiação, do qual
decorrem as mais diversas consequências que refletem por toda a vida de qualquer indivíduo. 5. A matéria relativa à
possibilidade de adoção de menores por casais homossexuais vincula-se obrigatoriamente à necessidade de verifi-
car qual é a melhor solução a ser dada para a proteção dos direitos das crianças, pois são questões indissociáveis
entre si. 6. Os diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em fortes bases científicas
(realizados na Universidade de Virgínia, na Universidade de Valência, na Academia Americana de Pediatria), “não
indicam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qua-
lidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga a seus cuidadores”. 7.
Existência de consistente relatório social elaborado por assistente social favorável ao pedido da requerente, ante a
constatação da estabilidade da família. Acórdão que se posiciona a favor do pedido, bem como parecer do Ministério
Público Federal pelo acolhimento da tese autoral. 8. É incontroverso que existem fortes vínculos afetivos entre a
recorrida e os menores sendo a afetividade o aspecto preponderante a ser sopesado numa situação como a que ora
se coloca em julgamento. 9. Se os estudos científicos não sinalizam qualquer prejuízo de qualquer natureza para as
crianças, se elas vêm sendo criadas com amor e se cabe ao Estado, ao mesmo tempo, assegurar seus direitos, o
deferimento da adoção é medida que se impõe. 10. O Judiciário não pode fechar os olhos para a realidade fenomê- 68
nica. Vale dizer, no plano da “realidade”, são ambas, a requerente e sua companheira, responsáveis pela criação
e educação dos dois infantes, de modo que a elas, solidariamente, compete a responsabilidade. 11. Não se pode
olvidar que se trata de situação fática consolidada, pois as crianças já chamam as duas mulheres de mães e são
cuidadas por ambas como filhos. Existe dupla maternidade desde o nascimento das crianças, e não houve qualquer
prejuízo em suas criações. 12. Com o deferimento da adoção, fica preservado o direito de convívio dos filhos com a
requerente no caso de separação ou falecimento de sua companheira. Asseguram-se os direitos relativos a alimen-
tos e sucessão, viabilizando-se, ainda, a inclusão dos adotandos em convênios de saúde da requerente e no ensino
básico e superior, por ela ser professora universitária. 13. A adoção, antes de mais nada, representa um ato de amor,
desprendimento. Quando efetivada com o objetivo de atender aos interesses do menor, é um gesto de humanidade.
Hipótese em que ainda se foi além, pretendendo-se a adoção de dois menores, irmãos biológicos, quando, segundo
dados do Conselho Nacional de Justiça, que criou, em 29 de abril de 2008, o Cadastro Nacional de Adoção, 86% das
pessoas que desejavam adotar limitavam sua intenção a apenas uma criança. 14. Por qualquer ângulo que se ana-
lise a questão, seja em relação à situação fática consolidada, seja no tocante à expressa previsão legal de primazia
à proteção integral das crianças, chega-se à conclusão de que, no caso dos autos, há mais do que reais vantagens
para os adotandos, conforme preceitua o artigo 43 do ECA. Na verdade, ocorrerá verdadeiro prejuízo aos menores
caso não deferida a medida. 15. Recurso especial improvido.”
b) INCORRETA. A alínea aponta adoção conjunta, quando na verdade a norma legal prevê adoção unilateral, con-
soante art. 50, par. 13º, I, do ECA: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no
Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando se tratar de pedido de adoção unilateral”.
c) INCORRETA. A alínea aponta adoção formulada por conhecido, quando na verdade a norma legal prevê ado-
ção promovida por parente, consoante art. 50, par. 13º, II, do ECA: “Somente poderá ser deferida adoção em
favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando for
formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade.”
Errada a alínea.
d) CORRETA. A alínea e repetiu fielmente o disposto no art. 51, do ECA: “Considera-se adoção internacional aquela na
qual o pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21
junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.” Esta a alínea a ser assinalada.

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e) INCORRETA. De acordo com o art. 50, par. 13º, III, do ECA: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando oriundo o pedido
de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.” O enunciado indica-
va, de forma errada, criança maior de apenas 2 anos em contrariedade ao dispositivo legal. Errada a alínea.

  DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS


Professor responsável:
Henrique Rosa
henrique.rosa@vorne.com.br

80) Assinale a alternativa correta em relação ao Estatuto do Idoso (lei 10.741/03):

a) O Estatuto do Idoso, destina-se a regular os direitos assegurados às pessoas com idade superior a 60 (ses-
senta) anos.
b) A garantia da prioridade ao idoso compreende atendimento preferencial imediato e individualizado junto
aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população.
c) A garantia de prioridade compreende a prioridade na declaração e recebimento da restituição do Imposto de Renda.
d) A garantia de prioridade compreende preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas em
relação ao idoso ou demais pessoas.
e) É dever da família prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.

Comentários. 69
A correta é a letra ‘b’, que encontra previsão no art. 3º, I, do Estatuto do Idoso. A letra ‘a’ está em desacordo com o
art. 1º que define idoso com idade igual ou superior a 60 anos. A letra ‘c’ está em desacordo com o art. 3º , IX, que
prevê prioridade apenas no recebimento do IR. A letra ‘d’ está em desacordo com o art. 3º, II, do EI. Por fim, a letra
‘e’ está errada, pois o dever de prevenção é de todos e não apenas da família, na forma do art. 4º, §1º, do Estatuto.

81) Assinale a alternativa incorreta em relação à lei 10.741/03:

a) Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha
testemunhado ou de que tenha conhecimento.
b) O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da le-
gislação vigente.
c) É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.
d) A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
e) As transações relativas a alimentos poderão ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Pú-
blico, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo judicial nos termos da lei processual civil. 
Comentários.
Alternativa ‘a’ está de acordo com o art. 6º do EI; Alternativa ‘b’ está de acordo com o art. 8º do EI; Alternativa ‘c’ está
de acordo com o art. 9º do EI; Alternativa ‘d’ está de acordo com o art. 12 do EI; Por fim, a alternativa ‘e’ está incorreta,
pois as transações relativas a alimentes celebradas perante o MP ou Defensor Público formam título extrajudicial e
não judicial, como diz o art. 13.

82) Assinale a alternativa incorreta em relação ao Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03)

a) Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de
saúde que lhe for reputado mais favorável.
b) O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psí-
quicas.

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c) Aos maiores de 60 (sessenta) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urba-
nos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços
regulares.
d) São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso nos procedimentos de embarque e desembarque nos veí-
culos do sistema de transporte coletivo.
e) As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto do Idoso forem
ameaçados ou violados.

Comentários.
Alternativa ‘a’, correta, pois de acordo com o art. 17 do Estatuto; Alternativa ‘b’, correta, pois de acordo com o art. 26
do Estatuto; Alternativa ‘c’, incorreta, pois em desacordo com o art. 39 do estatuto. A idade em questão é 65 e não 60
anos; Alternativa ‘d’, correta, pois de acordo com o art. 42 do Estatuto; Por fim, alternativa ‘e’, correta, pois de acordo
com o art. 43 do EI.

83) Em relação ao Estatuto do Idoso, é correto afirmar:

a) Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de setenta anos, atendendo-se suas necessida-
des sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. 
b) Os alimentos em favor do idoso são prestados na forma da lei 10.741/03.
c) Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso con-
tinuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
d) Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde propor-
cionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo vontade do idoso.
e) As instituições públicas de saúde devem atender, quando possível, aos critérios mínimos para o atendimento às
necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cui-
dadores familiares e grupos de autoajuda. 70
Comentários.
A correta é a letra ‘c’, pois de acordo com o §2º do art. 15 do estatuto do Idoso. A ‘a’ é incorreta, pois em desacordo
com o §2º do art. 3º do estatuto, de modo que a prioridade especial se dá em relação aos maiores de 80 anos. A ‘b’
é incorreta, pois em desacordo com o art. 11. O EI não prevê procedimento de alimentos, o que ocorre na forma do
Código Civil. A ‘d’ é incorreta, pois em desacordo com o art. 16 do Estatuto. A permanência do acompanhante deve
atender a critérios médicos. Por fim, a ‘e’ é incorreta, pois em desacordo com o art. 18 do estatuto do Idoso.

84) Assinale a alternativa incorreta, com relação ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça, so-
bre o direito do idoso:

a) O Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003) tem aplicação imediata sobre todas as relações jurídicas de trato suces-
sivo, ainda que firmadas anteriormente à sua vigência, por se tratar de norma cogente.
b) É desnecessária a intervenção do Ministério Público na qualidade de fiscal da lei em demandas que não envolvam
direitos coletivos.
c) A previsão legal no Estatuto do Idoso sobre a possibilidade de pagamento das custas processuais ao final
do processo, aplica-se a todos os tipos de ações judiciais.
d) Tratando-se de serviço diretamente vinculado ao lazer, o idoso faz jus à benesse legal relativa ao desconto de 50%
(cinquenta por cento) no valor do ingresso.
e) É desnecessária a intervenção do Ministério Público na qualidade de fiscal da lei em demandas em que não haja
exposição de idoso aos riscos previstos no art. 43 da Lei n. 10.741/2003.

Comentários.
Todas as assertivas foram retiradas das teses firmadas pelo Superior Tribunal de Justiça, edição nº 100. As asserti-
vas correspondem à teses: 1, 3, 2 (errada), 4 e 3. A ‘c’ está errada, pois em desacordo com a tese nº 2 do STJ: “2) O
art. 88 do Estatuto do Idoso, que prevê a possibilidade de pagamento das custas processuais ao final do processo,
aplica-se somente às ações referentes a interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis ou homogêneos.”

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85) Sobre as medidas de proteção previstas no Estatuto do Idoso (lei 10.741/03), pode-se afirmar que:

a) As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados,
violados ou revogados.
b) As medidas de proteção ao idoso previstas no Estatuto do Idoso deverão ser aplicadas de forma isolada ao caso
concreto.
c) Encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade é medida específica de pro-
teção.
d) Orientação, apoio e acompanhamento permanentes são medidas específicas de proteção.
e) Abrigo permanente é medida específica de proteção.

Comentários.
A correta é a letra ‘c’, de acordo com o art. 45, I, do EI; A ‘a’ é incorreta, pois do art. 43 não consta a expressão
“revogados”; A ‘b’ está incorreta, pois as medidas em questão podem aplicadas isoladas ou cumulativamente, art.
44; A ‘d’ está incorreta, pois em desacordo com o inciso II do art. 45, sendo a orientação, apoio e acompanhamento
temporários; Por fim, a ‘e’ está incorreta, pois o abrigo como medida de proteção é temporário, art. 45, VI.

86) Em relação à ação popular, lei 4.717/65, assinale a alternativa incorreta:

a) A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele cor-
responda.
b) Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este artigo, as certidões
e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas. As certidões
e informações deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos
requerimentos, e poderão ser utilizadas para a promoção da ação popular ou outras ações judiciais que se
fizerem necessárias. 71
c) A propositura da ação popular prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente in-
tentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
d) É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
e) Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.  

Comentários.
A incorreta é a letra ‘b’, pois as certidões e informações, no caso, só podem ser utilizadas para fins de propositura
da ação popular, na forma dos §§ 4º e 5º do art. 1º da LAP; A ‘a’ está correta, pois de acordo com o §3º do art. 1º da
LAP; A ‘c’ está correta. Pois de acordo com o §3º do art. 5º da LAP; A ‘d’ está correta, pois de acordo com o §5º do
art. 6º da LAP; Por fim a ‘e’ está correta, pois de acordo com o §4º do art. 5º da LAP.

87) Assinale a alternativa correta em relação à ação popular:

a) Em relação à classificação quando ao objeto do processo coletivo, a ação popular faz parte do processo coletivo
especial.
b) De acordo com a Lei 4.717/65, um dos bens jurídicos protegidos pela ação popular é o meio ambiente.
c) Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o rol dos bens protegidos pela ação popular é
taxativo.
d) A ação popular é cabível apenas em relação aos atos administrativos vinculados, mas não contra os discricionários.
e) A ação popular possui objeto mais amplo do que a ação civil pública.

Comentários:
A correta é a letra ‘c’, sendo os bens protegidos pela ação popular, elencados em rol taxativo, como se veri-
fica do Resp 818725/SP: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. CONCESSÃO DE SERVI-
ÇO. SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DE EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO DE GESTÃO DE ÁREAS
DESTINADAS

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A ESTACIONAMENTO ROTATIVO. INOBSERVÂNCIA DE DIREITO CONSUMERISTA. INÉPCIA DA INICIAL. ILE-


GITIMIDADE ATIVA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. SÚMULA 211⁄STJ. 1. A Ação Popular não é servil à
defesa dos consumidores, porquanto instrumento flagrantemente inadequado mercê de evidente ilegitimatio ad
causam (art. 1º, da Lei 4717⁄65 c⁄c art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal) do autor popular, o qual não pode atuar
em prol da coletividade nessas hipóteses. 2. A ilegitimidade do autor popular, in casu, coadjuvada pela inadequação
da via eleita ab origine, porquanto a ação popular é instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável
por qualquer de seus membros, revela-se inequívoca, por isso que não é servil ao amparo de direitos individuais pró-
prios, como só em ser os direitos dos consumidores, que, consoante cediço, dispõem de meio processual adequado
à sua defesa, mediante a propositura de ação civil pública, com supedâneo nos arts. 81 e 82 do Código de Defesa
do Consumidor (Lei 8.078⁄90). (Lordelo)
Alternativa ‘a’ está incorreta, pois a ação popular faz parte do processo coletivo comum, destinado à defesa de
interesses difusos, não relacionados com o controle de constitucionalidade em abstrato; A alternativa ‘b’ está incor-
reta, pois o meio ambiente, em sede de ação popular, só aparece no art. 5º, LXXIII, da Constituição, mas não na lei
4.717/65; A alternativa ‘d’ está incorreta, pois nem a LAP nem a Constituição fazem esta diferenciação, cabendo ação
popular em relação a atos vinculados e discricionários; A ‘e’ está incorreta, pois o raciocínio é exatamente o contrário.
Presta-se a ação popular à defesa de direitos difusos, ao passo que a ação civil pública é mais ampla, defendendo
direitos metaindividuais.

88) Assinale a alternativa incorreta em relação à ação popular, prevista na lei 4.717/65 e na Constituição
Federal:

a) qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
b) A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pa-
gamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva
contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. 72
c) Caso decorridos 90 (noventa) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que
o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá nos
30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.
d)  A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico funda-
mento, valendo-se de nova prova.
e) Consideram-se patrimônio público para os fins referidos na lei 4.717/65, os bens e direitos de valor econômico,
artístico, estético, histórico ou turístico.  

Comentários:
A incorreta é a letra ‘c’, pois o prazo previsto é de 60 dias da publicação da sentença e não 90, como se vê do art.
16 da LAP; A alternativa ‘a’ está correta, pois de acordo com o art. 5º LXXIII, da CF; A ‘b’ está correta, pois de acordo
com o art. 11 da LAP; A ‘d’ está correta, pois de acordo com o art. 18 da LAP; Por fim a ‘e’ está correta, de acordo
com o §1º do art. 1º da LAP.

89) Assinale a alternativa correta em relação à lei 4.717/65 (Ação Popular):

a) Para fins de nulidade, em sede de ação popular, a ilegalidade consiste na omissão ou na observância incompleta
ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato.
b) Para fins de nulidade, em sede de ação popular, o desvio de finalidade se verifica quando a matéria de fato ou de
direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido.
c) A incompetência ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo.
d) É anulável a compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou
administrativa, quando for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instru-
ções gerais.
e) É nula a admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilita-
ção, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.

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Comentários:
A correta é a letra ‘e’, cujo conceito está de acordo com o art. 4º, I, da LAP. A ‘a’ está incorreta, pois refere-se, na
verdade ao vício de forma e não ilegalidade (art. 2º, p. único, ‘b’); A ‘b’ está incorreta, pois refere-se, na verdade à
inexistência de motivos e não desvio de finalidade (art. 2º, p. único, ‘e’); A ‘c’ está incorreta, pois refere-se, na verda-
de, à ilegalidade e não incompetência (art. 2º, p. único, ‘c’); A ‘d’ está incorreta por que não é caso de anulabilidade,
mas sim de nulidade, na forma do art. 4º, V, ‘a’ da LAP.

90) Assinale a alternativa incorreta, em relação à lei 4.717/65 (Ação Popular):

a) A ação popular será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º
da lei 4.717/65, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra
os beneficiários diretos e indiretos do mesmo.
b) Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta
somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
c) O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabi-
lidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato
impugnado ou dos seus autores.
d) A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se
de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo
do respectivo representante legal ou dirigente.
e) O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se
particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega
em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.

73
Comentários:
A incorreta é a letra ‘a’, pois os beneficiários indiretos não são acionados, com o se verifica do caput do art. 6º da
LAP; A ‘b’ está correta, pois de acordo com o §1º do art. 6º da LAP; A ‘c’ está correta, pois de acordo com o §4º do
art. 6º da LAP; A ‘d’ está correta, pois de acordo com o §3º do art.6º da LAP; Por fim, a ‘e’ está correta, pois de acordo
com o §2º, IV, do art. 7º da LAP.

91) Assinale a alternativa correta em relação a atuação do Ministério Público no Estatuto da Criança e
do Adolescente.

a) Compete ao Ministério Público conceder a remissão como forma de suspensão do processo.


b) Compete ao Ministério Público promover, acompanhar e executar os procedimentos relativos às infrações atribuí-
das a adolescentes.
c) Compete ao Ministério Público instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los, requisitar in-
formações e documentos a particulares e instituições privadas.
d) Compete ao Ministério Público instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instau-
ração e condução de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à
juventude.
e) Compete ao Ministério Público impetrar mandado de segurança, individual ou coletivo, de injunção e habeas cor-
pus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à
criança e ao adolescente.

Comentários:
A correta é a letra ‘c’, pois de acordo com o art. 201, VI, ‘c’, do ECA; A ‘a’ está incorreta, pois a remissão é forma de
exclusão e não suspensão do processo (art. 210, I); A ‘b’ está incorreta, pois o MP não executa os procedimentos
infracionais (art. 201, II); A ‘d’ está incorreta, pois o MP não pode conduzir inquérito policial, sendo esta uma prerro-
gativa exclusiva do delegado de polícia (art. 201, VII); Por fim, a ‘e’ está incorreta, pois, pela letra da lei, seja o ECA,
seja a lei 12.016/09, o MP não possui legitimidade para ajuizar MS coletivo.

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92) Assinale a alternativa incorreta, considerando o Estatuto da Criança e do Adolescente:

a) A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após notificação


aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desapa-
recido.
b) As ações previstas para a proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos da criança e do adoles-
cente serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência
absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
tribunais superiores.
c) Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
poderá assumir a titularidade ativa.
d) Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
e) O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pes-
soa, organismo público ou particular, certidões, informações, inclusive sigilosas, exames ou perícias, no
prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.

Comentários:
A incorreta é a letra ‘e’, pois as informações sigilosas somente podem ser obtidas por ordem judicial, tanto que não
estão previstas no art. 223 do ECA; A ‘a’ está correta, pois de acordo com o §2º do art. 208 do ECA; A ‘b’ está correta,
pois de acordo com o art. 209 do ECA; A ‘c’ está correta, pois de acordo com o art. 210, §2º, do ECA; Por fim, a ‘d’
está correta, pois de acordo com o art. 211 do ECA.

93) Assinale a alterativa que contenha apenas legitimados ativos para a propositura de ações coletivas
cíveis, pelo texto da lei 8.069/90 (art. 210), Estatuto da Criança e do Adolescente:
74
a) Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Município.
b) Ministério Público, Fundação e Defensoria Pública.
c) Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil e Fundação.
d) Ministério Público, União e associação legalmente constituída há pelo menos um ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo ECA.
e) Estado, Território e Defensoria Pública.

Comentários:
A correta é a letra ‘d’, pois de acordo como texto objetivo do ECA, art. 210, I, II e III; A ‘a’ está incorreta, pois a OAB
possui legitimidade apenas no estatuto do idoso, não no ECA; A ‘b’ está incorreta, pois a Defensoria Pública não é
contemplada pelo art. 210 do ECA, mas sim pela lei 7.347/85. No mesmo sentido a fundação; A ‘c’ está incorreta, pois
nenhuma das três hipóteses estão contempladas pelo art. 201 do ECA; Por fim, a ‘e’ está incorreta, pela ausência de
previsão em relação à defensoria, no art. 210 do ECA.

  DIREITO ELEITORAL
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Ricardo Ferracini
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94) Prefeito Municipal de cidade no interior de São Paulo, FULANO DE TAL teve suas contas rejeitadas
pelo Tribunal de Contas do Estado. Com base em tal situação, o dito Tribunal de Contas comunicou o
Ministério Público Eleitoral. Pouco tempo depois, Prefeito registrou sua nova candidatura ao mesmo
cargo da mesma comarca. Para os fins de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, alínea “g” da Lei Comple-
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mentar 64/90 (São inelegíveis para qualquer cargo: “os que tiverem suas contas relativas ao exercício
de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos se-
guintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Consti-
tuição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido
nessa condição”), segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, dentro do prazo legal caberia
ao Promotor de Justiça Eleitoral:

a) Verificar que houve a impugnação das contas do ex-Prefeito Municipal também pela Câmara Municipal,
uma vez que a Câmara detém a competência exclusiva para o julgamento das contas do Prefeito Municipal,
sendo o parecer do Tribunal de Contas do Estado meramente opinativo e somente após, definir sobre a pos-
sibilidade de ajuizamento de Ação de Impugnação ao Pedido de Registro de Candidatura.
b) Verificar se a reprovação das contas estaria ligada à gestão e não ao governo do Prefeito Municipal, e somente no
caso das primeiras, interpor a Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura.
c) Oficiar ao Procurador Geral Eleitoral que é quem detém a atribuição para a propositura da Ação de Impugnação
de Pedido de Registro de Candidatura em situações de eleições municipais envolvendo Prefeitos;
d) Ajuizar a Ação de Impugnação ao Pedido de Registro de Candidatura uma vez que o parecer do Tribunal de
Contas do Estado é vinculativo e dá subsídios suficientes para que o Promotor Eleitoral impugne a dita candidatura;
e) Verificar se a reprovação das contas estaria ligada a atos de governo e não de gestão do Prefeito Municipal, e
somente no caso dos primeiros, interpor a Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura.

Comentários:
A questão tratada foi muito debatida quando do Informativo 834 do Supremo Tribunal Federal. O julgamento do
Recurso Extraordinário 848.826 do Distrito Federal serviu para indicar o posicionamento da Corte em situações tra- 75
tadas. Entendeu-se que a competência para apreciação das contas dos Prefeitos Municipais, tanto em situações de
governo quanto em situações de gestão, para os fins de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, alínea “g” da Lei Comple-
mentar 64/90, é exclusivo das câmaras municipais com o auxílio dos Tribunais de contas competentes, cujo parecer
prévio somente deixará de prevalecer pro decisão de 2/3 dos vereadores, nos termos do art. 31, § 2º da Constituição
Federal. O parecer prévio do Tribunal de Contas, para o STF é meramente opinativo, cabendo a Câmara a rejeição
ou não das contas, dentro do regramento constitucional.
O controle das contas do Prefeito Municipal é assim uma prerrogativa da Câmara de Vereadores, sendo o Tribunal de
Contas órgão de auxílio. Assim, o parecer do Tribunal de Contas não detém natureza jurídica de decisão, com efeitos
imediatos, sob o risco de ofensa do art. 71, I da Constituição Federal7. O fim do parecer do TCE assim é subsidiar a
Câmara Municipal na decisão a ser tomada sobre as contas do Prefeito Municipal.
Não bastando, argumentou o STF que o parecer do TCE estaria analisando meramente a exatidão da execução
orçamentária do município naquele ano. Já a rejeição das contas detinha outros efeitos, como o de gerar, como con-
sequência, a caracterização da inelegibilidade citada na questão, nos termos do art. 1º, I, “g” da LC 64/90. O parecer
opinativo do TCE, assim, não poderia ter a força de gerar tal consequência.
Há que se ressaltar porém, na decisão do STF que, caso exista a aprovação das contas do Prefeito Municipal con-
trária ao parecer do TCE, o que se afastaria seria apenas a inelegibilidade do Prefeito Municipal e não suas respon-
sabilidades, administrativa, criminal e cível que poderiam ser buscadas a qualquer momento.
O julgamento deu-se por maioria, existindo votos contrários.
Alternativa a) Correta. Seria necessário, diante do entendimento do STF, que o Promotor de Justiça verificasse se
houve a rejeição ou não das contas do Prefeito Municipal por parte da Câmara Municipal de Vereadores da comarca,
uma vez que o parecer do TCE realmente é opinativo, e serve para dar parâmetros e auxiliar a Câmara Municipal,
mas não a vincula.
Alternativa b) Errada. A apreciação das contas dos Prefeitos Municipais, tanto as contas de governo quanto as
contas de gestão, para os fins de inelegibilidade, segundo o STF, é exclusiva de competência da Câmara Municipal

7
Art. 71. “O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União,
ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento”.

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de Vereadores. Assim, sob este prisma a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura dar-se-ia apenas com a
reprovação das contas pela Câmara, aderindo ao parecer do TCE, ou não alterando o parecer na forma prevista no
art. 31, § 2º da CF/88.
Alternativa c) Errada. Esta alternativa está errada tanto na questão da não verificação do julgamento da Câmara
Municipal quando na competência para a propositura da Ação de Impugnação de Registro de Candidatura.
Alternativa d) Errada. O ajuizamento da Ação de Impugnação de Registro de Candidatura não poderia estar
meramente pautada na rejeição de contas pelo TCE, segundo o entendimento do STF, uma vez que tal parecer
não deteria efeito jurídico imediato. No entanto, isto não retiraria a possibilidade de apuração por parte do Mi-
nistério Público (dentro das atribuições de cada membro, em cada instância) das responsabilidades criminais e
cíveis do Prefeito Municipal, fato que poderia gerar outro tipo de causa de inelegibilidade, como por exemplo, a
condenação penal.
Alternativa e) Errada. Idem resposta da alternativa “b”.

95) No tocante ao prazo de interposição da Ação de Impugnação de Mandado Eletivo é correto afirmar que:

a) É de quinze dias a serem contados a partir da data da eleição.


b) É de quinze dias a serem contados da diplomação, podendo ser suspenso em situações elencadas pela lei;
c) É de quinze dias a serem contados da diplomação, sendo tal período decadencial, e iniciando, como todo prazo
decadencial, computando o dia do começo, ou seja, o próprio dia da diplomação.
d) É de quinze dias a serem contados da diplomação, sendo tal período decadencial, e iniciando com o
desprezo do dia do começo e incluindo o dia do vencimento, seguindo a regra do Código de Processo Civil.
e) É de quinze dias a serem contados da eleição, sendo tal período decadencial, e iniciando com o desprezo do dia
do começo e incluindo o dia do vencimento, seguindo a regra do Código de Processo Civil.

Comentários: 76
O prazo para a propositura da AIME é de 15 dias a contar da diplomação. É prazo de natureza decadencial, e por tal,
não poderá ser interrompido ou suspenso. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral entendeu que, embora o prazo
seja decadencial, deverá seguir as regras do Código de Processo Civil, desprezando-se o dia do começo e incluin-
do-se, no cômputo, o dia do final (TSE - Recurso Especial Eleitoral 15.248/MG)
Alternativa a) Errada. O cômputo do prazo decadencial da AIME é de quinze dias contados da diplomação e não da
eleição.
Alternativa b) Errada. O prazo é decadencial, e portanto, não pode ser suspenso ou interrompido, motivo pelo qual
inexiste qualquer previsão legal citada na alternativa.
Alternativa c) Errada. O cômputo do prazo segue a regra processual, embora seja prazo decadencial. Assim compu-
ta-se o dia seguinte ao dia da diplomação e inclui-se o dia do vencimento.
Alternativa d) Correta. É exatamente o que diz a legislação e indica-se o cômputo a partir do entendimento do TSE.
Alternativa e) Errada. O cômputo inicia-se do dia da diplomação e não da eleição, como coloca a alternativa.

96) Sobre a propaganda eleitoral é certo afirmar que:

a) Apenas no 2º semestre do ano de eleição estará vedada a propaganda no rádio e na televisão.


b) É obrigatória que a propaganda eleitoral gratuita na televisão utilize a Linguagem Brasileira de Sinais –
LIBRAS, ou recurso de legendas.
c) O uso de alto-falantes e amplificadores no dia da eleição é mera infração administrativa, sujeita à multa e apreen-
são do veículo, mas não consiste em crime.
d) É possível a fixação de faixas em árvores situadas em áreas públicas, desde que não lhes sejam causados
quaisquer danos.
e) É vedada legalmente na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com
a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou
materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor, incluindo bandeirolas, adesivos e flâmulas.

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Comentários:
Alternativa a) Errada. O art. 44 da lei 9.504/97 estipula que “A propaganda eleitoral no rádio e na televisão restrin-
ge-se ao horário gratuito definido nesta Lei, vedada a veiculação de propaganda paga”. Assim a disposição do art.
36 da mesma lei no sentido de que “A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da
eleição” deve ser analisada em conjunto ao art. 44 acima citado. A vedação da propaganda em televisão eleitoral
dá-se ao horário gratuito, sendo vedada veiculação de propaganda paga em qualquer outro momento na TV.
Alternativa b) Correta. É o que determina o art. 44, § 1º da lei 9.504/97, indicando que “A propaganda eleitoral gratuita
na televisão deverá utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais - LIBRAS ou o recurso de legenda, que deverão constar
obrigatoriamente do material entregue às emissoras”. 
Alternativa c) Errada. O uso de alto-falantes e amplificadores de som no dia das eleições é crime tipificado no art. 39, §
5º, I da lei 9.504/97 com a seguinte tipificação: “Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis
meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil UFIR: I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata”.
Alternativa d) Errada. O art. 37, § 5º da Lei das Eleições (Lei 9.504/97) determina que  “Nas árvores e nos jardins
localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de
propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano”.
Alternativa e) Errada. O art. 39, § 6º da lei 9.504/97 coloca que “É vedada na campanha eleitoral a confecção, utiliza-
ção, distribuição por comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes,
cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor”. A doutrina
e jurisprudência entendem que bandeirolas, adesivos e flâmulas não geram vantagem ao eleitor, e portanto, são
passíveis de distribuição em que o candidato insurja na vedação acima. Existe regulamentação na legislação para
a utilização destes adereços, estando regulamentado o uso do adesivo no art. 38 e 39-A da lei 9.504/97, 37 e 39-A
para as bandeiras.

  DIREITOS HUMANOS
77

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Ricardo Ferracini
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97) Determina o art. 7º, § 7º da Convenção Americana de Direitos Humanos que  “Ninguém deve ser de-
tido por dívidas.  Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar”. Já o art. 11 do Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos dispõe em seu art. 11 que  “Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir
com uma obrigação contratual”. Diante de tais disposições, é possível concluir que:

a) Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal não haveria incompatibilidade entre a previsão de prisão
civil por depósito infiel na legislação brasileira (art. 5º, LXVII CF/88 e lei 8.866/94), com a Convenção Americana de
Direitos Humanos, mas apenas com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, daí a derrogação da legisla-
ção nacional através da Súmula Vinculante 25.
b) Nenhum dos dois dispositivos referidos em ambos os Pactos impede que o devedor inadimplente de tri-
butos, ou de outras obrigações de direito público, seja preso administrativamente.
c) Não há incompatibilidade entre a previsão do art. 5º, LXVII da Constituição Federal (“não haverá prisão civil por
dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do deposi-
tário infiel”), com a previsão trazida pelos dispositivos dos tratados citados,
d) Embora exista a incompatibilidade do art. 5º, LXVII da Constituição Federal (“não haverá prisão civil por dívida, sal-
vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”),
a norma constitucional deve prevalecer aos tratados citados, uma vez que, por ser exceção de direito fundamental
prevista em cláusula pétrea, os tratados não podem confrontá-la.
e) Segundo o STF, o valor do Pacto de San Jose e do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos são
infraconstitucionais, embora supralegais. Assim poderiam eles retirar a eficácia da lei 8.866/94 que regulamentou a
prisão do depositário infiel, mas não poderiam contrariar normativo constitucional.

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Comentários:
Alternativa a) Errada. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, exposto pelo julgado do HC 87.585,
de 3 de dezembro de 2008 (DJE 26/6/2009), “a subscrição do Brasil do Pacto de São José da Costa Rica, limitando
a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia, implicou a derrogação das normas
estritamente legais referentes à prisão do depositário infiel”.
Alternativa b) Correta. Os dispositivos tratam apenas de impedimento para a prisão derivada de descumprimento
contratual ou ainda originário de dívidas, subentendo relações privadas. Segundo o Profº Fábio Konder Comparato8,
quer a Convenção, quer o Pacto Internacional não impede que o devedor inadimplente de tributos, ou de outras
obrigações de direito público, seja preso administrativamente.
Alternativa c) Errada. O Supremo Tribunal Federal posicionou-se sobre a questão em 2008. O Pleno da Corte, em
votação do Recurso Extraordinário 466.343-1/SP, em uma votação apertada de 5 votos a 4, decidiu pela vedação
da prisão do depositário infiel, entendendo haver uma supralegalidade dos Tratados de Direitos Humanos, no caso
tanto o Pacto de San Jose, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Segundo o voto do Ministro Gil-
mar Mendes, “diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos
humanos, não é difícil entender que a sua internacionalização no ordenamento jurídico, por meio do procedimento
de ratificação previsto na Constituição, tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina
normativa infraconstitucional com ela conflitante (...) deixou de ter aplicabilidade diante do efeito paralisante desses
tratados em relação à legislação brasileira infraconstitucional que disciplina a matéria”. Desta decisão surgiu a Sú-
mula Vinculante 25, de 16 de dezembro de 2009 que aduz: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade de depósito”.
Alternativa d) Errada. Conforme decisão colocada na alternativa relativa a letra “c”, entendeu o STF que a questão
atinja o caráter de Supralegalidade dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, portanto, impede qualquer
efetividade da legislação brasileira que normatize de maneira contrária a questão da prisão civil outra que não a
originária de obrigação alimentar.
Alternativa e) O STF decidiu através do Habeas corpus 87.585/TO que o Pacto de San Jose da Costa Rica detém
valor constitucional, assim como todos os Tratados que versam sobre Direitos Humanos. Neste sentido a alternativa 78
está equivocada, pois tais normas não são consideradas infraconstitucionais e sim constitucionais, pondendo con-
trarirar normativo da CF/88.

98) Sobre os Tratados e Normas Internacionais dos quais o Brasil é signatário e tratam sobre a igualda-
de de direitos de gêneros é correto afirmar que:

a) O principal documento que expressa disposições de igualdade de gêneros é a Declaração Universal dos Direitos
do Homem e do Cidadão.
b) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres de 1979 foi adotada
pelo Brasil sem reservas e assim permanece até os dias atuais, passando a incorporar o ordenamento nacional
visando a igualdade de gênero.
c) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres de 1979, embora
trace metas de caráter político, econômico e administrativo sobre a condição da mulher, não determina a alteração
do corpo legislativo como obrigação de um Estado signatário.
d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres de 1979 tem como um
de seus principais marcos a implantação de uma política efetiva contra a Violência de Gênero.
e) O primeiro tratado internacional do qual o Brasil é signatário que reconheceu a violência contra a mulher
como ato atentatório aos Direitos Humanos foi a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará, ocorrida em 1994.

Comentários:
Alternativa a) Errada. A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão sequer trata da questão de
gênero. A expressão não era mencionada nos dispositivos da DUDH. A única citação existente em tal Declaração
reporta-se ainda à expressão “sexo”. No art. 1º da DUDH existe a menção indicando que todos os seres humanos
nascem livres e iguais em direitos, sendo que no artigo seguinte, existe a menção de igualdade de “todos” perante

8
COMPARATO, Fábio Konder, in Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, Ed. Saraiva, VI Edição, SP, 2008, pag. 369.

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a lei, citando a igualdade entre os sexos (“Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”). Existe
ainda uma menção de repúdio à discriminação derivada de sexo no preâmbulo da DUDH, em seu art. 4º, § 2º. No
entanto, a questão de gênero ainda não foi debatida de maneira mais profunda na DUDH, sendo documento que
inclusive recebeu severas críticas de grupos feministas por tal ausência de questionamento.
Alterantiva b) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres de 1979
teve sua aprovação pela Assembleia Geral das Nações Unidads por meio da Resolução 34/180, em 18 de dezembro
de 1979. O Brasil é signatário da Convenção desde 31 de março de 1981, mas impôs uma série de reservas na épo-
ca no campo do Direito de Família. A Convenção foi ratificada pelo paíse em 1984, entrando em vigor. A Convenção
foi incorporada na integralidade ao ordenamento nacional apenas em 1994, quando houve a retirada completa das
Reservas até então em vigor, para adequar o texto à Constituição Federal de 1988.
Alternativa c) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres de 1979,
ao contrário do que coloca a alternativa, detém como um de seus principais objetivos a alteração do corpo legislativo
do Estado signatário em busca da igualdade de direitos entre o Homem e a Mulher, indicando no seu art. 2º, alínea
“f” que os Estados signatários detêm a obrigação de tomar todas as medidas apropriadas, inclusive de caráter le-
gislativo, para alterar e revogar legislações, regulamentos, costumes e práticas que consistam em discriminações
contra as mulheres.
Alternativa d) Embora seja o principal documento internacional relativo a Discriminação da Mulher existente, a CE-
DAW (sigla em inglês da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres)
não tratou especificamente da questão da Violência da Mulher, tão menso da Violência de Gênero.
Alternativa e) Correta. A Convenção de Belém do Pará surgiu como uma busca da Organização dos Estados Ameri-
canos – OEA – de implementar os Direitos Humanos de maneira ampliada à mulher. Foi o primeiro tratado de prote-
ção aos direitos humanos que reconheceu a Violência contra a Mulher como expresso ferimento à dignidade humana
e aos Direitos Humanos. As considerações iniciais da Convenção deixam tais fatos expressos.

99) A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista prevê
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em sua normatização que:

a) O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro
autista será punido com pena pecuniária e apenas em caso de reincidência apurada por processo adminis-
trativo e garantida a ampla defesa e o contraditório, ocorrerá a perda do cargo
b) O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista
responderá por crime previsto na citada legislação com pena de reclusão, sendo impedida a suspensão condicional
do processo, por se tratar de benefício incompatível com a legislação protetiva tratada.
c) O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista
responderá com crime previsto na legislação citada apenado com reclusão e a pessoa jurídica em que atua será
apenada pecuniariamente.
d) O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista,
além de responder por crime previsto na citada legislação receberá punição administrativa automática de perda do
cargo em qualquer circunstância, sendo-lhe garantida a possibilidade de ampla defesa e do contraditório.
e) O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista,
ou qualquer outro tipo de deficiência, embora não responda por crime previsto na legislação citada, perderá seu car-
go automaticamente, sendo-lhe garantido o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo.

Comentários:
Alternativa a) Correta. A lei 12.764/2012 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista, determina em seu art. 7º que “O gestor escolar, ou autoridade competente, que
recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido
com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos”. A possibilidade de perda do cargo para o gestor escolar ou a
autoridade competente dar-se-á em situação de reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado o
contraditório e a ampla defesa (art. 7º, § 1º da lei 12.764/2012).
Alternativa b) Errada. A lei 12.764/2012 NÃO PREVÊ como crime a recusa por gestor escolar ou autoridade compe-
tente em matricular auluno com o transtorno do espectro autista. Isto não quer dizer que tal discriminação não seja

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tipificada. Sua tipificação advém da Lei 13.146/15, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Segundo o art. 2º da lei 13.146/15, “Considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas”, definição esta que também se encaixa às pessoas portadoras do transtorno do espectro
autista. A lei 13.146/15, contrariamente a “lei do autismo”, considera crime “Praticar, induzir ou incitar discriminação
de pessoa em razão de sua deficiência” (art. 88), apenando tal conduta com reclusão de 1 a 3 anos e multa, e au-
mentando-se a pena em 1/3 se a vítima encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do agente. O crime passa a
ser qualificado e apenado com reclusão de 2 a 5 anos e multa, quando “cometido por intermédio de meios de comu-
nicação social ou de publicação de qualquer natureza”. Assim a alternativa está equivocada visto que o crime não é
previsto na Lei 12.764/2012, que apenas prevê a infração administrativa para a conduta citada na alternativa. O cri-
me correspondente está previsto na Lei 13.146/2015 e possibilitaria no caso, a suspensão condicional do processo,
desde que presentes os demais requisitos subjetivos do art. 89 da lei 9099/95.
Alternativa c) Errada. Conforme explicitação da altertiva ‘b’, não há previsão de crimes para a situação na Lei
12.764/2012 e ainda, não existe previsão para a pessoa jurídica em que atue o gestor a ser punido administrativamente.
Alternativa d) Errada. Conforme explicitação da altertiva ‘b’, não há previsão de crimes para a situação na Lei
12.764/2012 e ainda, a punição de perda do cargo que ocupa ocorrerá apenas em caso de reincidência na conduta,
sendo que em primeira conduta existe apenas a previsão de pena pecuniária. É o que determina o art. 7º, § 1º da Lei.
Alternativa e) Errada. Como dito acima, realmente a alternativa está correta ao colocar que a pessoa não responderá
por crime previsto na Lei 12.764/2012, no entanto, a punição de perda do cargo que ocupa, não será automática, e
ocorrerá tão somente em caso de reincidência na conduta, sendo que em primeira conduta existe apenas a previsão
de pena pecuniária. É o que determina o art. 7º, § 1º da Lei.

100) O Município de Coroados, no interior de São Paulo, firmou com mutuários um compromisso de
compra e venda cujo pagamento estender-se-ia por 15 anos para a compra de imóveis que foram cons-
truídos em sistema de mutirão. Os contratos foram pagos por 13 anos, quando então, o Município
editou uma legislação que majorou as prestações em 15% da renda dos mutuários. Dentro desta pers-
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pectiva concreta:

a) O Ministério Público teria legitimidade para a propositura de ação civil pública para a defesa dos moradores uma
vez que estamos diante do Direito de Moradia que é direito social, e invariavelmente, independentemente da situação
em que esteja colocado, atinge titulares indeterminados e ligados por uma circunstância de fato.
b) O Ministério Público teria legitimidade para a propositura de ação civil pública para defesa dos moradores, pois,
nos termos do art. 81 do Código do Consumidor, estaríamos diante de direito coletivo em sentido estrito.
c) O Ministério Público teria legitimidade de atuação, mesmo que, para a defesa de um único morador do
local, uma vez que o Direito de Moradia detém caráter de direito individual indisponível.
d) O Ministério Público teria legitimidade de atuação apenas para uma pluralidade de moradores, uma vez que então
estariam caracterizados interesses individuais homogêneos na questão, pois, são originários de circunstância de fato
comum, com titulares determinados ou determináveis, com danos individualmente variáveis.
e) O Ministério Público não detém legitimidade de atuação para a situação indicada, pois não estão caracterizados
direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos que afetem a coletividade como um todo.

Comentários:
Alternativa a) Errada. É correto afirmar que o Ministério Público teria legitimidade para a propositura da ação civil
pública para o caso citado, mas não pela fundamentação colocada. O Direito de Moradia é sim direito de conteúdo
social, mas nem sempre atinge titulares indeterminados e ligados por circunstâncais de fato (definição de direitos
difusos pelo Código do Consumidor). O Direito de Moradia pode sim atingir direito social de uma única pessoa, sendo
individualizado e ainda assim manter o caráter social que legitima a atuação do Ministério Público.
Alternativa b) Errada. É correto afirmar que o Ministério Público teria legitimidade para a propositura da ação civil
pública para o caso citado, mas não pelo fato de estarmos diante de direito coletivo em sentido estrito, uma vez
que os interesses tratados no exemplo são divisíveis e, portanto, indicam-se como individuais e não coletivos em
sentido estrito.
Alternativa c) Correta. Segundo entendimento trazido pelo Superior Tribunal de Justiça: “O art. 127 da Constituição
da República e a legislação federal autorizam o Ministério Público a agir em defesa de interesse individual indispo-

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nível, categoria na qual se insere o direito à moradia, bem como na tutela de interesses individuais homogêneos,
mesmo que disponíveis, como, p. ex., na proteção do consumidor. Precedentes do STJ. O direito à moradia contém
extraordinário conteúdo social, tanto pela ótica do bem jurídico tutelado – a necessidade humana de um teto capaz
de abrigar, com dignidade, a família –, quanto pela situação dos sujeitos tutelados, normalmente os mais miseráveis
entre os pobres” (STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 950.473 - MG (2007/0107144-3), Relator Ministro Herman Ben-
jamin, dj. 25/8/2009). Assim sendo, é cabível a defesa por parte do Ministério Público do direito individual indispo-
nível caracterizado pelo Direito de Moradia na situação trazida no exemplo.
Alternativa d) O Ministério Público teria legitimidade para a defesa de interesses individuais homogêneos na ques-
tão tratada também, no entanto, a alternativa afirma que apenas na situação de interesses individuais homogêneos,
que envolveria uma pluralidade de pessoas, excluindo portanto, a possibilidade de atuação ministerial no tocante aos
interesses individuais indisponíveis.
Alternativa e) A legitimidade do Ministério Público para a atuação no caso tratado decorre do Direito de Moradia,
que como colocado na citação do acórdão da alínea ‘c’, é eminentemente social, e, portanto, gera interesse da co-
letividade como um todo, possibilitando, por sua indisponibilidade, sua defesa pelo Ministério Público, ainda quando
individualizado.

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