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O poder está presente nas relações desde os tempos antigos, visto como emanado do
divino. No meio religioso é entendido como estando com aqueles que consegue mover o favor
divino para manifestar a cura, solucionar problemas e evitar catástrofes naturais. “Dessa
forma percebemos que a vocação vincula-se também ao tema do poder. Embora Deus nos
chame e oriente, o poder autoritário é uma das tentações que vêm reconfigurando o ser pastor
e ser pastora. (Universidade Metodista de São Paulo Sínteses teológicas / Universidade
Metodista de São Paulo. Organização de Suely Xavier dos Santos. 3.ed. São Bernardo do
Campo : Ed. do Autor, 2015, pagina 14)”. Como a autoridade e o poder, que é natural nas
relações, podem ser corretamente compreendidos e aplicados no exercício pastoral?
Era certo que eles deveriam assumir uma posição pastoral, afinal era resposta da
oração para a solução dos que andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não tem
pastor Mateus 10.35-38 a grande questão era, como seria exercida esta autoridade. Não
poderia ser como os gentios faziam, não poderia ser pelo domínio, não poderia ser pelo
senhorio.
Durante a ceia Jesus se levanta, toma uma toalha, cinge-se, toma uma bacia com agua
e começa a lavar os pés dos discípulos, essa ação causa espanto, porque era trabalho para o
serviçal, dolos (δοῦλος), Pedro tenta resistir, mas o que Jesus diz a Pedro nos deixa claro que
Ministério pastoral e poder.
espirito devem ter os seus seguidores, “se eu não te lavar não tem partes comigo”, Jesus
estava invertendo a ordem e criando um novo modelo, em que os que tem autoridade,
governo, os que tem poder serve aos demais, e nisso se legitima essa autoridade. “Porque eu
vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. João 13:15”
Dois mil anos depois desse evento, vivemos uma crise de modelo pastoral, onde o
titulo tem proeminência sobre à pratica, onde a autoridade já não é legitimada pela ação, mas
pela posição, uma autoridade imposta, ou seja, um autoritarismo. ”As pessoas não tem
autoridade por que levam um titulo, mas essa autoridade é observada no dia a dia, na vivencia
pastoral, na coerência entre o discurso e a pratica.”
É através do termo epimeleia que Michel Foucault tenta resgatar o antigo sentido do
cuidado. Epimeleia (επιμελεια) é um termo grego que significa cuidado, atenção. Epimeleia
heautou (επιμελεια εαυτου) significa cuidado de si. Esse termo traz a ideia de estar atento a si
em relação a si mesmo e ao mundo em volta para uma compreensão adequada e uma atitude
ética. Essa ideia no cuidado pastoral é importante, pois traz equilíbrio entre a autoridade e o
cuidado aos outros evitando ceder aos seus próprios desejos e interesses e impor o domínio
pelo autoritarismo. O cuidado de si é relevante porque a autoridade pastoral é autenticada pelo
serviço ao outro como está exposto no guia de estudos: “Quando falamos de exercício da
vocação pastoral, por meio do ministério, falamos de poder e de sua articulação no meio
eclesial. Desde a antiguidade, o poder era interpretado como emanação do sagrado, conforme
Michel Foucault. Esse poder tinha como objetivo a organização social e também a cura de
doenças. Portanto, o poder tem uma dimensão de cuidado. O cuidado de si é indispensável
para o exercício do poder. É o cuidado de si para cuidar do outro. ... Mas é importante lembrar
que a vocação pastoral é autêntica quando nos dispomos ao serviço. O serviço não é sinônimo
de subserviência, mas disposição de ser o primeiro a servir, como o Mestre nos deixou o
exemplo (Santos. 2015)”
Esta ideia está em consonância com o conceito bíblico do cuidado pastoral. Cuidar de
si para cuidar dos outros, como Lucas descreve as palavras de Paulo aos anciões de Éfeso,
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos,
para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Atos 20:28”
Olhai por vós, é o que faz a diferença entre o pastor e o lobo, é a figura do pastor que guia,
que cuida, que protege, que alimenta, o pastor cuida para a vida em contraste a figura do lobo
que devora as ovelhas, ele é egoísta e ganancioso, esses são os que não cuidam de si, mas
Ministério pastoral e poder.
executam seus intentos, satisfazem seus desejos, exercendo o poder e o domínio atraindo os
discípulos para si: “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós
lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens
que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Atos 20:29,30”. Pedro em
sua primeira epistola geral reforça essa ideia: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto
eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da
glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado
dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem
como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 1 Pedro
5:1-3”
Podemos então entender que o uso do poder faz parte dos relacionamentos, mas no
cuidado pastoral, o cuidado de si mesmo antes do cuidado com os outros levara a vivencia do
modelo estabelecido pelo Mestre Jesus, que sendo Deus, abriu mão de sua posição de Deus
assumindo a forma de servo, pois não veio para ser servido, mas para servir, e como um bom
servo foi obediente até a mais terrível morte, a morte de cruz. Por isso, também Deus o
exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome. Filipenses 2.6-9. Esse é
o novo paradigma que usa a autoridade no cuidado para promover e fazer crescer, sem
manipular, mas respeitando a autonomia do outro, enquanto exerce sua própria autonomia.
Referencias Bibliográficas.
A Bíblia Sagrada: Traduzida em português por João Ferreira de Almeida/ Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica do Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.