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PATRIA
LIVRO DEDICADO
EDITOHA
CASA ECLECTlCA-RUA DIREITA, Ó
S. ~"AUL()
PREFACIO
o AUCTOH.
o conselheiro Noronha estava aposentado, e residia em
um arrabalde da capital de S. Paulo.
Percorrêra todos os graus da magistratura, desde Promo-
tor publico; e se aposentára no cargo de presidente do Supre-
mo Tribunal de Justiça.
Não só a eminente posição que ocuppára na sociedade,
como tambem os seus profundos conhecimentos em quasi to-
das as provincias do saber humano, o tornavam querido e res-
peitado, nos circulos, embóra restrictos, de suas relações so-
ciaes.
Viuvo, já havia bons vinte annos, tinha uma filha a
quem adorava até a loucura.
Esta casára-se com um dos clinicos mais notaveis da
capital paulista, e residia em companhia do pae, a quem não
deixava, por coisa alguma deste mundo.
O medico, aliás homem de grande senso pratico, concor-
dava absolutamente com o que desejava a mulher e nem se
lembrava de abandonar a casa do sogro, com quem estava
em grande harmonia de vistas.
Do seu feliz consorcio com a idolatrada filha do conse-
lheiro Noronha, nascera-lhe um filho, Oscar, que ia Ja nos
seus doze annos de edade, e frequentava o curso primario de
um dos collegios da capital.
O avô, só muito tarde, se resolveu a separar-se do neto
e, por isso naquella edade, elle ainda se não matriculára na
aula de historia do Brazil.
Aos sabbados, com a invariabilidade de um chronometro,
Oscar vinha para a casa paterna, sempre que o castigo de al-
-2-
marinhos, para vir cahir nas mãos dos indigenas, que os de-
voraram!
Escapou a essa triste sorte Diogo Alvares Corrêa, na-
tural de Vianna do Castello e membro de uma das princi-
paes familias dessa cidade.
Foi elle um dos primeiros que vieram ter á praia, en-
contrando a fortuna, onde os outros acharam a desgraça.
Procurou logo tornar·se agradavel aos selvagens, ensi-
nando-lhes o modo pelo qual se poderiam aproveitar dos
despojüs do navio e ajudando-os em tal serviço, com tal
actividade, que resolveram empregai-o em outros trabalhos.
Felizmente para Diogo Alvares, era elle dotado de lima
habilidade que os proprios barbaros podiam avaliar.
O navio encalhado estava carregado de munições de
guarra, que transportava para as Indias, e de entre os des-
pojos, salvaram-se muitos barris de polvora, bailas e algu-
mas espingardas.
Diogo Alvares, para vér a impressão que poderia pro-
duzir nos selvagens, serviu-se de uma dessas espingardas
para atirar a alguns passaros, e teve a felicidade de matar
muitos.
O fogo, o estampido dos tiros, a quéda subita dos pas-
saros, tudo isso infundIU tal espanto aos selvagens, que
uns fugiram e outros ficaram aterrados, suppondo Diogo
Alvares um ente superior á humanidade!
Dahi em diante elle foi tractado com grande respeito,
porque os selvagens não podiam se recordar, sem terror, das
scenas maravilhosas que tinham prese!1ciado.
Havendo por esse tempo uma guerra com uma tribu
visinha, o chefe re:-olveu-se a marchar contra ella e levou
em sua companhia Diogo Alvares, que nunca abandonava as
suas armas.
Na occasião de se encontrarem as forças inimigas, e no
momento em que o chefe inimigo dirigia a palavra aos seus
guerreiros, Diogo Alvares deu-lhe um tiro de espingarda e
° matou.
27 -
Nota:
Depois de redigido este capitulo, realisou-se a exposi-
ção do quadro de Almeida Junior.
Em um barracão, armado ao lado direito do viaducto,
no angulo formado pelao ruas do Paredão e Barão de [ta-
petininga, foi essa obra artistica admirada, de Dezembro de
1897 a Maio de 1898.
O auctor deste livro escreveu, no Commercio do São
Paulo, um artigo, em que fazia uma ligeira apreciação do
notavel quadro.
Como então, lamenta elle que a grande téla, de assum-
pto genuinamente paulista, ainda niio figure no Museu do
Ypiranga.
CAPITULO XXVIII
Indel}endeu(>ja do Ih'azil: O l'piJ'auga
Cançado e. .. aborrecido!
O clima dissolvente do Paraguay rareára as nossas fi-
leiras, talvez mais do que as proprias balas inimigas!
Póde-se affirmar, sem medo de errar, que aquelles que
não deixaram a carcaça alvejando ao luar dos tropicos, con-
trahiram molestias, geralmente de fundo palustre, para o
resto dos seus dias!
Por tanto, quem venceu essa colossal contenda, foi mais
o desespero, do que o mesmo valor, aliás nunca desmen-
tido, de nossos valentes soldados!
Como tive já occasião de te dizer, Lopez vendo que
tardava já a parte diaria, que eHe costumava receber de seu
acampamento de Taquaras, enviou um ajudante de or-
dens, em busca de noticias.
Esse offieial foi aprisionado pela nossa gente.
Desconfiando da demora do seu enviado, mandou um
piquete de dez homens, dos quaes apenas escapou um, para
lhe contar o que se passou.
Em quanto isso se passava, o general Camara já havia
chegado á picada, e tendo colhido as mais exactas infor-
mações desse mesmO ajudante, ordenou ao coronel Jóca
Tavares, que com a sua vanguarda fosse immediatamente
tomar o pa!'so do Aquidaban, guardado por 4 boccas de
fogo; e destroçar a força de que o tyrannc ainda dispunha,
á curta distancia desse ponto.
Ao soar o toque de carga, o proprio general Camara
arrojou-se ao combate.
A nossa gente passou o rio, a váu, com agua pelo peito
do!" cavallos.
Tomado o passo, o coronel Silva Tavares seguiu com
os lanceiros. em perseguição do inimigo.
Então, é que foi morto o dictador do Paraguay, de um
lançaço, vibrado pelo cabo Chico Diabo, como affirmam
certas versões.
O general Camara, em uma contestação que offel'eceu
á uma narração deficiente desse ultimo combate, declara,
como te disse já, que Lopez, posto que ferido, procurou
atacaI-o, á espada! ...
l\bs o que ninguem nega, é que morreu como um va.
lente.
- 224-
Fim.
. . ..
PAGS.
Prefacio . III
Introducçào
I.o-Dcscobrimento do Brazil
2."--0 Brazil; descripçclo geral 9
3. o-Os indios do Brazil 15
+.0_ Lingua, usos, armas c industrias dos Tupis 17
5."--Primeiras explorações: o Caramurüe JOclO Ramalho. 23
6. 0 -Martin Aftonso de Souza 31
7.o~Introducção de escravos africanos: Os Palmares 37
8 o-Os indios do Brazil e os jesuitas 43
9.0-0 Padre Antonio \"icira 45
10. 0 - 0 Padre Jost: de Anchieta 47
11. 0 - O Padre Manuel da Nobrcga 53
12. 0 -S. Paulo de Piratining.:; primeiros habitantes 57
I).o-Cidade de S. Paulo: origens 61
q o--Guerra hollandeza: D. Fdippe CamafÚo 65
15.···-Guerra hollandeza: Henrique Dias 69
16.0-~Gucm\ hollandeza: O Cala bar 73
17.0-Guerra ho\landcza: Mauricio de Nassan 31
18. 0 ~Guerra hollandeza: Jo;io Fernandt:s Vieira 85
19.0-Manucl Bekman e Lazaro de Me\lo 95
20.0-0S paulistas nos sertõcs 101
2I.°-Amador Bueno, quasi rei. 10 7
22. 0 - Bartholol11cu de Gusmão c os balões 113
23.0-A mineração de ouro e os paulistas. 119
2.t.o-Guerra dos paulistas e emboabas 125
25.o---ConjurJç;i<l mindrJ: () TiraJentes 129
26.0-Minas de fcrro: o Ipam:ma 137
27·0--Monções de Cuyabâ 143
2R.o-Inckpcndenci;1 do Br,lsil: o lpiranga. 151
29 o-Do Pedro I. : o 7 de Abril 157
?0.0~I). Pedro II.: Seu reinado 165
Il'<DICE