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Nard » AY a pe Peer Tha do tradugio jos © dos piratas do tempo em que se passa a historia. Os-trechos de ex realis- mo foram contomados jzamos, Jim, as cdres fortes com que 0 autor ios. Mas o fio da com 0 que se veri numa ontra i polgante romance de aventuras que tem Sido lide com avider, hia varias geragoes, < tos. x Hawkins, 0 principal persona: de coragem, de ito de iniciativa ervir de exemplo 8 © mogos que em busca de um > hesttam em en frentar dbices de qualquer natureza. dade, através do estudo e do je chegar & ma- ravilhosa ilha do tesouro que é a car eira ow profissa Quanto dito, éste esti ada, no aper o seguido, e na sensagio de felicidade em Gue vivem os que cumprem com 0 seu 4 de novembro de in Vailima, Samoa, a je 1894, Viajou muito ALBUM DE FIGURINHAS Tradugdo e Adaptacao da Profess6ra Dorothy R. Batista (Gaceadas om uma obra de Anne Terry White — Desenhos do Ai Seid LISTA DAS FIGHRINHAS (innas om que deverdo ser csladas) © MISTERIOSO Meu nome ¢ Jim Hawkins. Tomo da pena neste ano da graca de 17..., e mentalmente volto A época em que o meu pai tinha a estalagem “Admiral Benbow” (“Almirante Benbow”), na qual aquéle es- quisito marinheiro bronzeado fora se hospe- dar. Recordo-me, como se fésse ontem, do dia de sua chegada: era um homem alto, forte, de tez queimada; numa das faces, via-se uma grande cicatriz. Ble apareceu a porta, vaga- Tosamente, seguido de um outro homem que empurrava um carrinho de mao carregando uma area de bordo. ‘A Tabuleta ¢0 “Almirante Beabow" ESTRANGEIRO Lembro-me tanto! O marinheiro, asso- biando, correu os olhos em térno, observando a baia; depois perguntou ao meu pai, que sur- gira assim que ouvira bater a porta: “Bonita baja... Muitos freqiientadores na estalagem, companheiro?” Meu pai Ihe respondeu que, infelizmente, nao. “Entdo — disse 0 marujo — é 0 que me convém.” Voltou-se para o outre que viera empurrando 0 carrinho de mao: “Vocé ai, companheiro, traga para dentro a minha ar- ca!” E se dirigindo ao meu pai: “Vou ficar aqui durante uns tempos. Sou homem sim- ples. Rum, toucinho e ovos é o de que preciso. E, também, daquela rocha, 14, para ver passar os barcos... Pode me chamar de Capitdo. E tome isto... Avise-me quando eu tiver completado a conta...” — e, com tais pala- vras, atirou ao chao trés ou quatro moedas de ouro. Apesar da rudeza de seu aspecto e dos seus modos de falar, éle nao parecia um ma- rinheiro qualquer, sem graduagao; ao contra- rio, tinha ares de quem estava acostumado a ser obedecido e a castigar os subordinados. 2 uM HOSPEDE INDESEJAVEL O Capitdo era homem calado; a feroci- dade de seu aspecto féz com que nés (eu, meu pai e minha mae) e todos os que iam de vez em quando 4 estalagem, o deixassemos a dis- tancia. Mas em certas noites, quando éle in- geria mais rum do que habitualmente, punha- se a cantar, com 0. seu vozeirao, alguma ve- Tha cangéo de marinheiros. E obrigava as pessoas presentes a cantar em coro. Outras vézes, mandava servir bebida e comecava a contar terrificantes historias de enforcamen- tos, de suplicios usados pelos piratas, de te- pestades em alto mar e horrores havidos 14 nas longinquas paragens do Continente Espa- nhol Coisa esquisita:. éle procurava evitar os maritimos; estava sempre, perguntando se nao havia aparecido algum por ali. Um dia, © Capitdo me chamou de parte: “Jim, eu lhe darei uma moeda de prata de quatro pence (plural de penny, moeda inglésa) no dia pri- meiro de cada més para que vocé me avise logo que notar nos arredores/um marinheiro de uma perna sé!” Esse marinheiro de uma perna sé me provocava pesadelos, pois 0 Capitao parecia te- mé-lo, éle que era, por sua vez, tao temido por todos. Entretanto, quem menos tinha receio do Capitao era eu. Meu pai se lamentava, afirmando que a estalagem estaria em breve abandonada, porque os freqiientadores, apa- vorados com o Capitéo, rareavam cada vez mais. Além disso, 0 Capitéo jé nos devia muito, mas o meu pobre pai nao tinha cora- gem de the falar em dinheiro. Ug ay ee al y\— A ‘ eS £ x Zz \ 5 ° CAPITAO ENCONTRA QUEM O ENFRENTE Una s6 vez foi o Capitao contrariado por alguém. Meu pai adoecera gravemente, e o Dr. Livesey, 0 médico que residia no povoado proximo, ia visité-lo a noite. Numa dessas ocasiées, 0 Dr. Livesey ficou um pouco mais na sala da estalagem, conversando com um. outro cliente. O Capito comecou a cantar sua cangao favorita: “Estavam quinze no caixdo funesto, Yo-ho-ho... e uma garrafa de rum! Bebida ou maldade levara o resto, Yo-ho-ho... @ uma garrafa de rum!” Terminando, 0 Capitéo bateu violenta- mente com o punho cerrado na mesa, pedindo siléncio. Todos se calaram, menos o Dr. Li- vesey, que nem parecera ter tomado conheci- mento do bébedo. “Siléncio ai, no convés!”” — repetiu o Capitdo. “Esta se dirigindo a mim, Sir?” — disse 0 Doutor. E, como tivesse resposta afirmativa, tornou: “Sé tenho uma coisa a Ihe dizer, Sir. Se continuar a beber tanto rum, dentro em pouco o mundo estaré livre de um patife!” Com um rugido, o Capitao se pés de pé, empunhando a sua faca de marinheiro. O Doutor nem se moveu, continuando a con- versar com a outra pessoa, até que de novo falou ao enfurecido Capitio: “Se nao puser essa arma no bélso, agora mesmo, garanto-lhe que o levarei 4 férca, na préxima reuniao do Tribunal! Saiba que, além de médico, sou também um magistrado!” O Capitao hesitou um instante, mas aca- bou por se sentar outra vez, resmungando. CAO NEGRO SURGE E DESAPARECE O estado de saide de meu pai se agra vava dia a dia. Uma certa manha eu me achava sdzinho na sala da estalagem. O Capi- tio, como fazia sempre, tinha saido com a sua luneta de cobre sob 0 brago, para observar os arredores. Nisso, entrou um desconhecido. Pediu rum, mas, quando eu ia saindo para buseé-lo, éle me chamou: “Chegue aqui, ga- roto. Esta mesa posta é para o meu velho companheiro Bill, nao é? Bill... aquéle que tem uma cicatriz na cara...” Respondi que sim. O homem me agarrou pelo braco. “Bill gosta de ser chamado de Capitao, exato? Pois agora eu e vocé vamos nos escon- der atrés da porta para esperé-lo. Faremos uma surprésa ao velho Bill!” Nao tardou muito, e chegou o Capito. “Bill!” — gritou-lhe o desconhecido. O Capi- ‘40 se voltou rapidamente; parecia ter visto um fantasma, e gaguejou: “C... Cao Negro!” E me fizeram sair da sala. Comecaram a cochichar, mas dai a pouco ouvi as pesadas palavras que trocavam, discutindo. Seguiu- se o barulho de cadeiras sendo quebradas, a mesa arrastada e um grito de dor. Entao, © Capi Fst Volta Seniaho Céo Negro satu correndo; estava ferido num dos ombros e sangrava. O Capitao, prague- jando, o perseguia; & porta, tentou ainda atin- gir Cao Negro, mas o violento golpe que vi- brou foi interceptado pela tabuleta da estala- gem. Cio Negro, em desabalada carreira, ja se sumira ao longe. O Capito voltou a sala, e, de maus modos, me pediu rum. Sai apressado, mas, nisso, ouvi o ruido de um corpo que caia pesadamente ao chio. Olhei: o Capito estava estendido no assoalho, parecendo morto, com a fisionomia terrivel- mente contraida. © SINAL NEGRO Amedrontado, fui para o quarto de mi nha mde, a quem relatei o ocorrido. Nao sa- biamos 0 que fazer, e foi com alivio que vi- mos a porta abrir-se e entrar por ela o Dr. * Livesey. Examinou o Capito, virou-o e dis- se que, como previra, o beberrao tivera um ataque devido ao rum; féz-lhe uma sangria e © levou para o leito, no quarto que .o velho marujo ocupava desde o dia em que chegara & nossa estalagem. © Capitde Bit! Dooase © Capito estava tatuado em varios lu- gares do corpo; uma das tatuagens tinha ins- critas as palavras “Billy Bones e sua grande alegria”, 0 que levou o Doutor a deduzir ser €sse 0 nome do sujeito. Tendo-se retirado o Dr. Livesey, 0 Capitio me chamou: “Jim, vocé viu hoje Cao Negro. Ble é perverso Descobriu 0 meu esconderijo e vai revel-lo aos cimplices, piratas como éle! Estéo 4 procura do que tenho na minha velha area! Se eu tiver outro ataque, va depressa chamar © Doutor! Cao Negro e os outros fazem parte da antiga equipagem do Capitao Flint. de quem eu era Imediato! Sou eu o tinico que conhece o lugar... 0 lugar... O velho Flint me revelou o segrédo em Savannah... 20 morrer... Mas nao fale disso a ninguém, Jim, a menos que éles me mandem o sinal negro... ou no, caso de vocé avistar 0 mari- nheiro de uma perna 6!” “Mas... de qual sinal negro esta falan- do?” — perguntei “f uma senha, companheiro. Olho néles, amigo! Se eu escapar daquela corja, juro-lhe que darei a vocé a metade, & minha fé!” Percebi que o Capitéo estava febril. Assim que éle adormeceu, eu sai. Eu estava desorientado, e acho que teria contado tudo © que ouvira ao Dr. Livesey, mas nessa noite o meu pobre pai faleceu e nada mais tinha importancia para mim. Na minha tristeza, nao me sobrava tempo para me lembrar do Capitao. 6 © © ASSALTO DOS PIRATAS ——=-—— Assim que Silver se retirou, estavamos preparados para o combate. Cada qual no seu pésto. O Capitéo e eu, maus atiradores, ti- nhamos a missao de remuniciar as armas. Passou-se uma hora. Nada de anormal. Repentinamente, Joyce féz fogo; muitos dis- paros responderam, vindos de todos os lados. E, entéo, com um rugido, a pequena onda de piratas se despejou das Arvores proximas e Procurou se encarapitar na palicada, como macacos O “Squire” e Gray atiravam sem cessar. ‘Trés piratas foram abatidos. Nisso, um assal- tante surgiu e segurou o fuzil de Hunter pelo cano, através da seteira, e conseguiu toma-lo déle, dando-lhe uma pancada que o prostrou por terra. Um outro pirata saltou no alpen- dre e caiu de facdo sébre o Dr. Livesey. “Para fora, filhos! Combatam a descober- to! Os facdes!” — comandava o Capitao. Apanhei um facdo e logo defrontei An- derson. Ble ia me abater, mas eu me abaixei e rolei pelo declive. Foi questo de segundos mas, quando me pus de pé, a vitoria ja era nossa. Gray, que me seguia de perto, abatera © corpulento chefe da equipagem. O Doutor dera conta de seu adversario, Dos quatro que haviam escalado a paligada s6 restava um que fugiu. No interior da cabana, a fumaceira se dissipara. Pudemos constatar, assim, num momento, o preco que nos custara aquela vitéria. Hunter estava caido no chido, desacor- dado, perto de uma seteira. Joyce, perto de outra seteira, tivera a cabeca atravessada por uma bala. No meio do aposento, o “Squire” amparava o Capito, ambos muito palidos. “Todos os piratas que puderam fugiram, mas ha cinco que nao fugiréo mais!” — disse o Doutor. O Capitao exclamou: “Cinco! Cinco por trés... Ficamos agora quatro contra nove. Isso nos da mais possibilidade de vitéria do que a principio... Bramos sete contra deze- nove...” Os -amotinados estariam logo reduzidos a oito, pois um dos piratas que haviam ficado 31 na “Hispaniola” morreria nessa mesma tarde em ‘conseqiiéncia de um tiro que lhe dera o “Squire” quando da iltima viagem do peque- no bote. Mas isso ficariamos sabendo'sé mais tarde. » » \ _\ BUSCO OUTRA AVENTURA Y, » Um dos piratas, ferido no combate, mor- reu quando o Dr. Livesey, de bisturi em punho, tentava extrair-Ihe uma bala. Hunter também nao recuperou os sentidos, expirando na noite seguinte. O Capitao, felizmente, nao tivera ferimentos de gravidade, enquanto o pirata Anderson em algumas semanas esta- MOL aug 1 Mi ria restabelecido, conforme prognosticava © Dr. Livesey. Eu recebera um talho no joe- Tho; 0 Doutor me féz um curativo e me puxou as orelhas, repreendendo-me. No dia seguinte, apés 0 almégo, 0 Dr. Livesey tomou o chapéu e as pistolas, pés um facdo a cintura, o mapa da ilha no bélso e um fuzil ao ombro, transpés a palicada e de- sapareceu na floresta, depois de conferenciar com o “Squire”, Mais tarde, sem que me vissem fazer isso, enchi os bolsos de biscoitos, apanhei duas pistolas, 0 polvorinho, uma faca e me dispus a ir ao Penhasco Branco de que falara Ben Gunn. Meu intuito era ir & noite a “Hispanio- la”, no barco de Ben Gunn, cortar as amarras do navio, que iria a deriva até encalhar, Vendo isso, depois, os piratas nada poderiam fazer seno tomar as chalupas e rumar para mar alto. 32 Encontrei o bote de Ben Gunn, carre- guei-o até a agua e embarquei; mas logo veri- fiquei que o barquinho poderia ir para qual- quer dirego menos para aquela que eu dese- java, A maré me auxiliou, porém, e em breve eu encostava ao casco da “Hispaniola”. Espe- rei que o navio mudasse de posigio, de modo a que 0 cabo da ancora ficasse frouxo, e, en- to, cortei-o, corda apés corda, deixando ape- nas duas, bem frageis. Depois dirigi 0 barco para a pépa do navio; fui tateando, e minha m4o tocou numa corda fina. Por ela, subi até a altura da vigia da cabina. Ninguém me no- tara, decerto. Ouvi vozes na cabina, em tom de altercagao. Olhei, e vi Hands e 0 compa- nheiro lutando desesperadamente, cada um com a mao no pescoco do antagonista, Pare- ciam bébedos. A ésse momento, a “Hispanio- la” deslizava mansamente sobre as ondas e se aproximava do lugar em que os piratas em terra estavam acampados. Para nao ser visto por éles, deixei-me cair no fundo do barquinho e me preparei para morrer Sim Vala Bordo da “Hispaniola” FA¢O UMA ABORDAGEM Permaneci assim durante horas. Acabei adormecendo. Quando despertei, era dia alto. Eu estava naquele barquinho, a vogar sébre as ondas, a sudoeste da Ilha do Tesouro. E nao podia ir para terra, pois a correnteza me desviara de la. Depois de muito tempo, ao dobrar uma ponta de rochedo, vi a “Hispanio- la” a menos de meia milha de distancia Estava de velas pandas. A séde me torturava; , mesmo temendo ser feito prisioneiro, pro- curei me aproximar do navio. Observando bem, vi que éle nao estava sendo manobrado como deveria, e atribui isso ao estado de bebe- deira dos tripulantes. Quando a “Hispaniola”, impelida pelo vento, se aproximou bem, o gurupés estava bem perto de minha cabeca; dei um salto e com a mao segurei a ponta do pau da bujarro- na, enquanto o meu pé ficava entre o estai e 0 pau de abordagem. Fui para 0 convés, onde dois piratas jaziam numa’ poga de sangue! Passados minutos, um déles, Israel Hands, gemeu e pediu aguardente. Peguei uma gar- rafa e Iha entreguei. Ele bebeu uma enorme quantidade. O FIM DE UM PIRATA ‘im a bordo para tomar posse déste bar- co, Senhor Hands! Tenha a bondade de me considerar Capito, até nova ordem!” Ble me olhou de mau modo, mas nada disse. Apenas me olhava de lado, com a cabe- ¢a pendida. Eu estava com fome; fui a adega e tirei biscoitos, frutas sécas, um cacho de uvas e um pedago de queijo. ‘Ajudei-o a cuidar dos ferimentos e, quan- do éle melhorou, nés dois pudemos controlar ‘a “Hispaniola”, de cujo mastro eu arriara 0 pendao dos piratas, jogando-o ao mar. Quando 0 navio se aproximou bem da costa eu fiquei tao excitado que me esqueci de vigiar Israel Hands. De repente — nao sei até hoje por que — eu me virei: éle, como uma fera, vinha me atacar, de punhal na mao! Larguei a cana do leme e corri, O barco deu uma guinada brusca e caimos os dois. Tirei uma pistola e dei ao gatilho; mas a agua do mar havia molhado a espoléta! Subi pelas 35 cordas... éle atrés de mim! Puxei da outra pistola e apontei. Israel Hands parou, curvou a mio direita para tras e atirou qualquer coi- sa. Fiquei espetado ao mastro: 0 punhal me atravessara 0 ombro. No mesmo instante as duas pistolas dispararam e me escapuliram das maos. Israel Hands se precipitou de ca- beca no mar... ‘tim ¢ Atwcedo & Tragto “PECAS DE OITO!” O navio estava inclinado de tal modo que eu, encarapitado numa das vérgas, pude ver perfeitamente quando Israel Hands caiu na Agua, entre a amurada e a posicéo que eu ocupava. Dei um puxio e me livrei; pois 0 punhal me ferira superficialmente na pele, prendendo-me pela roupd. Eu sangrava mui- to, é verdade, mas desci e fiz o curative que me foi possivel. Finalmente, eu resgatara a “Hispaniola”! E estava ansioso por chegar & cabana e contar a minha facanha! A terra estava proxima. Saltei para a gua rasa, e, em terra firme, ora andando, ora correndo, & custa de muitos tro- pegdes e de muitos tombos, avistei a estacada! Contornei-a, transpus a passagem e entrei sem hesitagdo na cabana, com os barcos estendidos para a frente, pois a escuridao era absoluta, Meu pé esbarrou em alguma coisa; era a per- na de um homem que resmungou e continuou © sono. Foi entdo que uma voz estridente comecou a gritar: “Pecas de oito! Pecas de oito! Pecas de oito!” — e continuou a gritar sempre Era o papagaio de Silver! O proprio Sil- ver trovejou: “Quem vem la?” Nao tive tem- po de fugir: dois bracos fortes me cingiram. “Traga uma tocha, Dick!” — gritou Silver. . 36 DE NOVO O SINAL NEGRO Achei que o meu fim estava préximo. Disseram-me que havia sido feita uma troca e meus amigos estavam vivos. Encarei os pi- ratas com coragem, e lhes disse: “Vocés estao em maus leng Perderam o navio, perde- ram o tesourp e perderam companheiros! E, se querem saber quem féz isso, saibam que fui eu!” Aquéles bandidos teriam dado cabo de mim ali mesmo, nao fésse a intervengao de Silver. “Jim Hawkins é mais valente que dois de vocés! Quero ver quem sera capaz de ata- cé-lo!” — vociferou Silver. Um a um, éles sairam. Silver me sussur- rou: “Salvarei sua vida, se puder. Mas vocé deponha a meu favor, depois, e me salvaré da forca!” « “O que eu puder fazer, hei de fazé-lo!” — respondi. Dai a pouco os piratas voltaram e depu- seram um pequeno objeto na indo de Silver, que 0 examinou e falou em voz baixa: “O si- 37 nal negro! Destituido! Bem, cavalheiros de for- tuna... Querem um outro Capitéo, hein? Fiz tudo por vocés, e agora me traem? Vocés nao tém juizo! Lembrem-se de que ésse rapa- zinho é um trunfo para nés! Ble nos servira de refém! E vejam por qué....!” John Silver atirou um rélo de papel ao chao, Os demais piratas se precipitaram, admi- rados do que viam. Eu no estava menos ad- mirado, porque aquéle era o mapa do tesouro! UMA VISITA DO MEDICO De manha,:bem cedo, fomos despertados por uma voz clara e vigorosa que nos chama- va da orla da floresta: “O da estacada! Aqui esté o Doutor!” £ facil imaginar a emocdo que senti quan- do os nossos olhares se cruzaram, mais tarde, assim que Silver revelou a minha presenca. O Dr. Livesey examinou os doentes e feridos. Quando houve uma oportunidade, contei-lhe 0 caso da recuperacao da “Hispaniola”. Ele apenas disse: “Ha uma grande sorte nisso A cada passo vocé nos salva a vida!” 38 O Dr. Livesey obtivera licenga de Silver para conversar comigo, a sés, através da pali- cada; éle insistiu comigo para fugir, mas eu mantive a palavra dada a Silver de que nao fugiria. E éle seguiu sdzinho. Depois do al- méco, Silver pés 0 papagaio ao ombro, amar- Tou uma corda ao meu cinto e foi me puxan- do, como se puxa um urso amestrado Os piratas iam mais a frente. O caminho era facil, pois estava assinalado no mapa. ‘Mas cruz em tinta vermelha nao precisava um local exato; além disso, as notas no verso do mapa eram ambiguas e confusas: “Grande drvore. Flanco da Luneta, ten- do wma ponta ao N. de N. N. E. Itha do Esqueleto E. S. E. e por E. Dez pés Galgamos a Luneta, a mais alta das ele- vagées. Saltando e tropecando, os piratas estavam no tépo, enquanto eu e Silver seguia- mos na retaguarda. Quase A beira.do planal- to, um dos homens comegou a gritar aterro- wizado: Todos correram para la. E, junto ao 39 I ws, tronco de um grande pinheiro, jazia um esque- leto humano. Silver tirou do bélso um compasso e lembrou que era preciso apenas seguir a di- regio indicada pela mao e pelo pé do esque- leto. Estabelecidas as coordenadas geografi- cas, 0 compasso mostrava E. S. E. e por E. — A VOZ “Uma das brincadeiras de Flint...” — disse Long John Silver olhando 0 esqueleto. E acrescentou: “Se o Flint fésse vivo, ésse lugar nao serja nada bom nem para vocés nem para mim!” Os piratas pareciam aterrorizados. Mor- gan falou: “Mas agora Flint ja morreu! Se houver algum espirito vagando por aqui, sé podera ser o déle! Flint era mau...” “Era um malvado, e tinha a cara livida!” — aerescentou outro. E outro ainda, Merry, disse: “Foi o rum que o tornou assim!” Bles estavam falando cada vez mais bai- xo, olhando para todos os lados. Stibito, do meio das arvores, bem 4 frente, uma voz aguda, fraca e trémula comecou a cantar a velha cangao dos piratas: “Estavam quinze no cainéo funesto, Yo-ho-ho. .. e uma garrafa de rum...” Nunca vi homens mais aterrorizados co- mo ficaram os piratas. Muito palidos, de olhos arregalados, aquéles seis homens procuravam se encostar uns aos outros. “E a voz de Flint!” — murmurou um.,. A voz parou instanténeamente como ha- via comecado “Vamos! Jé basta! Estou aqui para bus- car 0 tesouro, e nao serei batido nem por vi- ‘vos nem por almas penadas! Nunca tive médo de Flint vivo, e hei de enfrenté-lo morto tam- bém!” — gritou Silver, cuja palidez também era grande mas que pouco a pouco havia cria- do coragem George Merry mostrou-se tranqiiilizado, quando disse: “... parecia a voz de Flint, mas nao muito claramente... Acho que...” “Com mil trovées! E a voz de Ben Gunn!” — rugiu Silver. oO F6ss0 “Se & a voz déle, isso ndo melhorou nada! O Ben Gunn ja morreu também!” — lembrou Dick. Em todo caso, éles haviam se reanimado de certo modo, pondo-se a conversar. Puse- ram as pas e as picaretas ao ombro e prosse- guiram. Caminhavamos num bosque, e nossos olhos pousaram em um grande pinheiro, de tronco do tamanho de uma casa; Silver e eu caminhavamos mais atras. De repente, vimos que os piratas, adiante, pararam. Ouviu-se um grito surdo. Silver caminhou mais rapida- mente, cravando a muleta no solo. Um mo- mento depois, éle e eu fieamos como que pe- trifieados. Ali estava uma grande escavacao, nao muito recente, porque a vegetacao rastei- ra ja cobrira a terra fofa em volta. Via-se 0 cabo de uma picareta, partido, varias tabuas, numa das quais estava escrito a ferro em bra- sa “Walrus”, 0 nome do navio de Flint. Nao poderia haver diivida. O esconderi- jo ja havia sido descoberto por alguém! E 0 tesouro fora carregado! MAY wen Wenz DECEP¢AO Os piratas, com imprecacées e gritos, fo- ram saltando para dentro do buraco, reme- xendo em tudo. Morgan encontrou uma sim- ples moeda, uma peca de dois guinéus, que correu de mao em mao. Estavam furiosos E olharam para Silver, ameacadoramente. Os piratas comegaram a sair do fésso, mas para 0 lado oposto ao daquele em que nos achavamos — 0 que era uma vantagem para nés, num caso de quererem nos atacar. Silver ficou impassivel. Era valente, nao se poderia negar. “Continuem a cavar, rapazes! Talvez encontrem pastilhas por ai...” — disse. “Pastilhas! Esto ouvindo, companheiros? Acho que aquéle sujeito ja sabia de tudo! Reparem na cara déle! E estavamos assim, eu e Silver de um la- do, e os cinco piratas do outro: o fésso entre nés. Merry comegou a injuriar Silver, levan- tou a arma e a voz e se preparou para atirar. Mas, nesse momento, trés tiros de mosquete partiram do mato. Um dos piratas, que esta- va com um pano vermelho amarrado na ca- bega, rodopiou e caiu, contorcendo-se. Long John Silver, num relance, descarregou sua pistola sébre George Merry, que também caiu, morto. No mesmo instante o Dr. Livesey, Gray e Ben Gunn chegaram com os mosquetes ain- da fumegando. Os trés piratas sobreviventes sairam correndo, e dai a pouco os viamos indo rumo & colina chamada no mapa de Mastro do Traquete. * 42 BEN GUNN, © HERO! Ja estavamos entre os trés piratas e as canoas, 0 que 0s impediria de se apossarem delas. Silver, suando, aproximou-se devagar. “Voces, hein, Ben Gunn?” — disse, depois de agradecer ao Doutor a oportuna iniervencdo. O Dr. Livesey mandou Gray buscar uma das enxadas abandonadas na fuga pelos amoti- nados. Depois, enquanto desciamos a ladeira no alto da qual nos encontravamos, explicou o que se passara: Ben Gunn era o herdi da- quela historia. Ele é que havia descoberto 0 tesouro, dois meses antes da chegada da “His- paniola”, desenterrara-o e o carregara em va- rias e penosas viagens para 0 fundo de sua ca- verna. Tendose encontrado com 0 Dr. Livesey, contara-lhe 0 segrédo. Por isso é que o Dou- tor entregara o mapa aos piratas, visto como se tornara initil. Em troca do mapa, os pira- tas haviam permitido que éles deixassem a estacada; o Doutor preferia ficar na caverna de Ben Gunn, mais em seguranca, ao abrigo das febres palustres da ilha. “Ainda bem que o Jim Hawkins estava comigo! Deixaria que matassem o velho Silver sem ter pena déle, Doutor?” — disse Silver. “Sem pena nenhuma!” — volveu o Dr. Livesey. Chegaramos as.canoas. Com a enxada, © Doutor inutilizou uma delas. Depois embar- camos na outra‘e rumamos para a Baia Norte. De longe, vimos a colina da caverna de Ben Gunn. Um homem, armado de fuzil, montava guarda: era o “Squire”. ‘Trés milhas além da Baia Norte, vimos a “Hispaniola” a vogar sozinha, A maré alta a desencalhara. 43 Gray foi para bordo da “Hispaniola”, onde viria passar a noite, de guarda. Nés ha- viamos desembarcado e fomos para a caverna de Ben Gunn. © “Squire” nos esperava, em cima da elevacao. Mostrou-se afetuoso e bom para comigo, nao me repreendendo pela escapada. Mas, também, nao me elogiou. Ante a saudacao de Silver, exaltou-se: “John Silver, o senhor é um refinado pa- tife! Pediram-me que nao o castigasse, mas a culpa do que houve de ruim nessa viagem ca- be-lhe inteiramente!” Entramos na caverna. Era um lugar am- plo, com uma pequena fonte de agua muito limpida. O chao era de areia, Diante de uma fogueira estava deitado o Capitao Smollett. E, a um canto, varias pilhas de moedas e bar- ras de ouro, além de algumas arcas. 44 © TESOURO DE FLINT Alii estava o tesouro de Flint! Quantas vidas custara para ser reunido! Quantos sofrimentos, quantos navios afunda- dos pelos piratas, quantos homens de valor sacrificados, quantos tiros de canhéo, quan- tos suplicios infligidos a prisioneiros inocen- tes! Ninguém seria capaz de avaliar a soma de crueldades praticadas pelos piratas que ha- viam acumulado aquelas moedas e aquelas barras de ouro reluzente e que brilhavam es- tranhamente a luz da fogueira proxima No entanto, ali mesmo, naquela ilha, res- tavam trés dos malvados culpados por tudo aquilo! Trés, sim, porque o quarto, remanes- cente, Silver, éste continuava em nosso poder. E Ben Gunn nao era mais o que se poderia chamar um pirata. No outro dia, bem cedo, entregamo-nos ao trabalho de transportar o ouro para bordo da “Hispaniola” ADEUS A ILHA DO TESOURO Os trés piratas ainda em liberdade.na ilha nao nos atrapalharam muito, Uma simples sentinela, postada no cimo da colina, era su- ficiente para nos garantir contra alguma em- boseada. O trabalho, portanto, se bem que penoso, decorreu com rapidez. Gray e Ben Gunn iam e vinham, da caverna para o bote e vice- versa, enquanto os outros empilhavam 0 te- souro na praia. Quanto a mim, nao po- dendo ajudar no carregamento, devido ao péso das barras, passei o dia na caverna, a encher com as moedas numerosas bélsas de pano, das usadas a bordo para guardar pio e bola- chas. Esse trabalho durou varios dias Enfim, numa bela manha, zarpamos, le- vando o mesmo pavilhdo que o Capito icara na palicada. Ao seguir pelos estreitos, vimos os trés piratas que deixdramos na ilha, ajoe- Ihados numa faixa arenosa, bragos erguidos como em stiplica O FIM DE SILVER Eramos to poucos a bordo que havia muito servigo para todos. O Capitéo, mesmo ferido como estava, comandava. Singramos para o porto mais préximo da América Espanhola, pois seria uma temeri- dade tentar a travessia para a Inglaterra sem contarmos com a tripulagdo completa. Tive- mos que lutar contra ventos e tempestades, mas finalmente fundeamos em um pérto no fundo de um gélfo. Nosso navio foi cercado por muitas canoas de indios, de homens de cér e de mexicanos e mestigos, que vendiam frutas e legumes. O Doutor, o “Squire” e eu fomos a terra. Encontramos o Comandante de um vaso de guerra inglés e conversamos alegremente ¢om éle. Quando voltamos a bordo, Ben Gunn, muito sem jeito, veio nos fazer uma confisséo: Silver partira. Rompendo um dos comparti- mentos, apanhou um saco de dinheiro con- 47 tendo uns trezentos ou quatrocentos guinéus, se tanto. Ben Gunn disse que éle proprio: au- xiliara a*fuga de Silver a fim de nos preser- var a vida. Sabia que Silver, a bordo, seria uma constante ameaga para todos ‘im um Pérto Qualewer, 0 Resresso A PATRIA, FINALMENTE ! Creio que ficamos contentissimos por nos termos livrado de Long John Silver. Contra- tamos alguns marinheiros e empreendemos a viagem de volta a Inglaterra. E a “Hispanio- la” entrou no porto de Bristol exatamente na cocasiéo em que o Sr. Blandly — como Ihe re- comendara o “Squire” — se preparava para aprestar o navio de socorro, pois 0 prazo de nosso regresso se esgotava. ‘Apenas cinco dos homens que haviam partido regressavam. O rum e a maldade ti- nham dado cabo dos outros. Cada um de nés teve boa parte no tesouro. O Capito Smollett deixou a vida maritima. Gray comegou a es- tudar e se tornou Imediato e sécio de um co- lega na propriedade de um bareo. Ben Gunn gastou sem juizo a parte que lhe coube. Mas éle se, tornou um homem honrado. Nunca mais ouvimos falar de Silver. Mas ainda hoje me lembro do “Capitao Flint”, 0 papagaio déle, que me parece ouvir gritando: “Pecas de oito! Pecas de Oito! Pecas de Oito!” \ ¥ eae Wy uy \| Es - Aitae Mune hat Mame re 1-RECREAGOES INSTRUTIVAS 2- BANDEIRAS DO MUNDO INTEIRO 3-MARAVILHAS DO MUNDO 4- AUTOMOVEIS PEoIDOS DIRETOS A ‘LA EDITORA BRASIL-AMERICA LIMITADA Al Bus, Gneral Alnéio 02 iste Sanur hs te Sorel mT S44) \ tkaAd | Sliver Detnde Jim Nocé-acabou de ler mais-um:-Scan Produzido e Restaurado de Fa para Fa, direto de nossa colecao Particular e distribuido gratuitamente e que ja tem seus direitos registrados pelas respectivas Editoras. Nao compre Pe aReE IPAS KI

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