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03/04/2019 Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

EXPRESSO (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/EXPRESSO/)

Como a Amazônia está perdendo água,


segundo este estudo
Mariana Vick 31 Mar 2019 (atualizado 31/Mar 22h12)

Análise sobre imagens feitas entre 1985 e 2017 mostra que região da floresta tem
350 km² de superfícies aquáticas a menos ao ano

FOTO: BRUNO KELLY/REUTERS - 06.07.2018

 MENINO RIBEIRINHO DA COMUNIDADE DE CATALÃO (AM) NA BEIRA DO RIO AMAZONAS

Um estudo divulgado na sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, pela ONG WWF-Brasil e o Imazon (Instituto
do Homem e Meio Ambiente na Amazônia) mostra que, de 1985 a 2017, a região da Amazônia perdeu em
média 350 km² (https://www.mdpi.com/2073-4441/11/3/566/htm) de área (extensão um pouco maior que a
da cidade de Belo Horizonte) coberta por ambientes aquáticos ao ano.

A análise, publicada na revista Water (https://www.mdpi.com/journal/water), foi elaborada a partir da coleta


e processamento de dados de imagens de satélite sobre a floresta durante 33 anos. É a primeira vez que um
estudo divulga dados do tipo. Ele faz parte do projeto MapBiomas (http://mapbiomas.org/), coleção de
mapas sobre o uso da terra na floresta sul-americana, e teve apoio do Google Earth Engine.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 1/8
A03/04/2019
pesquisa relaciona a redução da superfície hídrica
Como a Amazônia na Amazônia
está perdendo a atividades
água, segundo este estudohumanas como o
- Nexo Jornal

desmatamento e obras de infraestrutura na floresta. A alteração nos ecossistemas aquáticos também é


influenciada a nível local pela mudança climática, segundo os autores do estudo.

A água na Amazônia

EXTENSÃO
A Amazônia reúne as maiores reservas (https://dx.doi.org/10.1029/97JD01865) de água
doce do mundo. Seu maior rio é o Amazonas, o mais extenso
(http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/06/01/ult4296u177.jhtm) (cerca de
6,9 mil km) e caudaloso do planeta, que nasce nas Cordilheiras dos Andes e deságua em um
ponto brasileiro do Oceano Atlântico. A Bacia Hidrográfica do Amazonas tem área de mais de
7 milhões de quilômetros quadrados (extensão tão grande quanto a da Austrália), não só no
Brasil. A pesquisa do WWF-Brasil e Imazon, contudo, não avalia toda a bacia — analisa
apenas as águas da região brasileira do bioma amazônico, que anualmente tem apresentado
cerca de 130 mil km² (extensão um pouco menor que a do Amapá) de área aquática.

IMPACTO REGIONAL
A cobertura vegetal e a dinâmica das águas na Amazônia ajudam a regular o clima no Brasil e
na América do Sul. Isso porque a floresta, por meio da evapotranspiração
(https://www.infoescola.com/ecologia/evapotranspiracao/), produz um regime de chuvas
intenso, responsável por manter a umidade do ar mesmo quilômetros adentro do continente.
É esse processo que marca as características do clima tropical no país e nas regiões sul-
americanas próximas à floresta. Ele ainda tem influência sobre atividades econômicas como a
agricultura.

20 bi
de toneladas de água são “evaporadas” pela floresta por dia, segundo o relatório de 2014 “O futuro
climático da Amazônia (http://www.observatoriodoclima.eco.br/estudo-aborda-papel-da-amazonia-
na-regulacao-do-clima-na-america-do-sul/)”

IMPACTO LOCAL
Os rios e lagos da Amazônia são importantes não só para a regulação do clima regional, mas
porque são os locais de reprodução de peixes e outras espécies que vivem na floresta. É em
parte das margens de rios locais que tartarugas nativas colocam seus ovos
(https://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/amazonia-perde-por-ano-350-
km%C2%B2-de-superficie-de-agua-revela-estudo-com-imagens-de-satelite/), por exemplo. A
água também serve como fonte de alimento e limpeza de outros animais (além dos
aquáticos). Esse mesmo impacto vale para populações indígenas e ribeirinhas, que dependem
de lagos e rios para sobreviver.

40%
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 2/8
das espécies vivas (https://www.cambridge.org/core/journals/environmental-
03/04/2019 Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

conservation/article/biodiversity-as-an-environmental-service-in-brazils-amazonian-forests-risks-
value-and-conservation/2BB99944172D5D2A0295F8F54577F3FA) do planeta estão na Amazônia

Qual o alcance da redução da água

FOTO: PAULO SANTOS/REUTERS - 23.11.2013

 TRECHO DO RIO XINGU, NO SUDOESTE DO PARÁ

Ao mapear 33 anos de movimento das águas na Amazônia, a pesquisa constatou que a perda de 350 km² de
superfície aquática a cada 12 meses — no total, 11,5 mil km² entre 1985 e 2017 — é resultado de uma alteração
recente nas dinâmicas locais de inundações e secas.

A partir dos anos 2010 — os mais quentes (https://rmets.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/joc.4420)


na floresta desde a era pós-industrial, a partir do século 19, segundo a pesquisa —, o movimento natural de
expansão e retração de rios e lagos nos períodos de inundação e seca deu lugar a uma retração constante, sem
recuperação da água perdida.

130 mil km²


é a extensão média de superfície de água doce encontrada a cada ano pelos pesquisadores do WWF e
Imazon no bioma amazônico

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 3/8
116 mil km²
03/04/2019 Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

foi a extensão média de superfície aquática encontrada a cada ano na década de 2010, quando houve
mais retração de água desde 1985

EVOLUÇÃO ANO A ANO

De 2010 a 2017, a extensão das águas superficiais no bioma diminuiu 13 mil km² — proporcionalmente, 10%
da área aquática média detectada na região a cada ano, de 130 mil km². O número representa uma retração
anual de 1.400 km², a mais significativa desde 1985.

Alguns eventos que marcaram esse período foram uma seca de 2010
(http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=2639) que enxugou parte dos cursos d’água na
Amazônia e o El Niño (https://www.nexojornal.com.br/video/video/O-que-%C3%A9-o-fen%C3%B4meno-
El-Ni%C3%B1o.-E-como-ele-afeta-a-vida-na-Terra) de 2016, que causou “aquecimento recorde” na floresta.
Como o aumento da temperatura (https://rmets.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/joc.4420) local
tem sido crescente, é possível que a perda constante de água esteja relacionada à mudança climática, indica a
pesquisa.

As mudanças da superfície aquática natural se acentuaram em regiões de zonas úmidas (áreas de pântanos,
charcos etc.) e de várzeas (que costumam inundar em períodos de cheias) nas beiras de lagos e rios, onde em
geral há maior concentração de água doce natural na floresta.

As imagens de satélite utilizadas para a pesquisa foram feitas entre os meses de junho e outubro de 1985 a
2017 — o período de “seca” (ou seja, o menos chuvoso) da região amazônica. Por esse motivo, a água
superficial detectada em cada ano representa o nível mais baixo de rios, lagos e várzeas da floresta nesses
períodos.

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 4/8
Como
03/04/2019 foi feita a pesquisa
Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa mapeou toda a região do chamado bioma amazônico no Brasil — no total, uma
área de 4,2 milhões de km², englobando florestas, pastagens naturais, áreas úmidas e regiões
convertidas para a agricultura ou pecuária. A região abriga 40% das espécies vivas do planeta
e algumas das maiores reservas de água doce do mundo.

2 COLETA DE DADOS

A pesquisa coletou 194 imagens do banco de dados do programa de satélites Landsat


disponíveis na plataforma Earth Engine do Google. As imagens, coletadas entre os meses de
junho e outubro de cada ano (o período de seca na região, melhor para análise), mostram a
mudança da superfície aquática na Amazônia. Outras duas bases de dados — os mapas anuais
de desmatamento do Prodes (do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e imagens de
hidrelétricas do sistema de monitoramento por satélite da Amazônia — serviram para avaliar
a relação entre as atividades humanas e a dinâmica das águas na região.

3 ANÁLISE DOS DADOS

Por meio de ferramentas de processamento de imagens específicas para a análise ambiental,


a pesquisa identificou manchas de água, vegetação, terra e áreas urbanas na região
amazônica. A partir daí, isolou aquelas que indicavam corpos aquáticos naturais (rios, lagos,
zonas úmidas) e artificiais (hidrelétricas, pequenas barragens, áreas de mineração) de
tamanho relevante e comparou, ano a ano, se cada uma dessas áreas havia se expandido (e
quanto), tomando o lugar de manchas de terra, ou se reduzido, perdendo espaço para área
terrestre.

Qual o impacto da atividade humana


Ao mesmo tempo em que a superfície aquática na Amazônia recuou, a pesquisa do WWF-Brasil e Imazon
identificou que a área de recursos hídricos associados à atividade humana — barragens ligadas a usinas
hidrelétricas, à agricultura e à mineração — cresceu a partir de 2000.

As construções de barragens do tipo acompanharam a redução dos níveis de água de fontes naturais (como
lagos e rios) na Amazônia, segundo imagens de satélite usadas na pesquisa. Isso significa que as novas
construções desviaram o curso natural da água, interrompendo fluxos, alterando áreas inundadas e
interferindo no equilíbrio do bioma.

8.831 km²
foi a extensão de superfície aquática associada a atividades humanas identificada na Amazônia em
2017; ano teve o maior índice desde 1985

EVOLUÇÃO ANO A ANO

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 5/8
03/04/2019 Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

Entre as novas construções, destacam-se as usinas hidrelétricas, que em 2017 representaram 85% das
superfícies aquáticas associadas à atividade humana na floresta. As barragens ligadas à agricultura foram 14%
do total. Aquelas ligadas à mineração, menos de 2%.

Por considerar o impacto dessas obras como algo global, a análise não listou obras ou construtores específicos
que tenham causado mais ou menos impacto na Amazônia — ainda que tenha mencionado construções como
a hidrelétrica de Belo Monte (http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-10/documentario-mostra-
impactos-da-hidreletrica-de-belo-monte-para-populacao) (iniciada em 2011), além de minas próximas ao rio
Tapajós, no Pará.

Além de provocar o desvio de lagos e rios, barragens ligadas à agricultura, à mineração e ao setor de energia
podem levar ao desperdício ou à contaminação da água que utilizam. Por esse motivo, seu impacto torna-se
tão relevante para a manutenção da qualidade da água na Amazônia quanto os efeitos da mudança climática.

Quais os desafios para a gestão de águas


O Nexo conversou com Bernardo Caldas de Oliveira, especialista em conservação do WWF-Brasil, sobre o
que o estudo divulgado na sexta-feira (22) revela sobre a situação das águas na Amazônia, os efeitos da
supressão hídrica na região e os desafios para a gestão local.

Quais são os efeitos da redução da superfície hídrica amazônica?


BERNARDO CALDAS DE OLIVEIRA A Amazônia é uma das maiores reservas de água doce do mundo. É uma
área importante, por exemplo, para a mudança climática. A floresta “transpira”, há processos de
evapotranspiração na Amazônia que afetam outras regiões na América do Sul. Alguns ciclos de precipitação
também são gerados a partir da floresta amazônica. Ela ajuda a regular o clima, e por conta disso é uma
região muito importante para a agricultura, por exemplo. A Amazônia também abriga espécies [vegetais e

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 6/8
animais]
03/04/2019 únicas, uma biodiversidade muito
Como específica.
a Amazônia Há também
está perdendo pessoas
água, segundo que -vivem
este estudo lá, que dependem de
Nexo Jornal

rios saudáveis, da floresta saudável. Tudo isso é importante de se considerar, tanto na Amazônia quanto fora
dela.

Em específico, essa redução da superfície de água desfavorece a população de peixes local. Os ambientes mais
afetados [pela redução hídrica] são lagoas marginais, áreas inundáveis, que são importantes para espécies
como botos e quelônios, que se reproduzem ali. Se a gente não conseguir reverter essa situação, estaremos
catalisando processos de extinção. Obviamente, isso afetará a segurança alimentar, porque haverá menos
estoques pesqueiros, as populações de peixes irão reduzir. É um problema que não afeta só a biodiversidade,
mas afeta a nós, seres humanos, que dependemos dessa biodiversidade.

O que o estudo revela sobre a política de águas na Amazônia?


BERNARDO CALDAS DE OLIVEIRA É difícil responder a essa pergunta de maneira específica. A gestão de águas
é muito complexa — envolve níveis de governança municipais, estaduais, nacionais e até mesmo
internacional. A bacia amazônica engloba vários países, e a água não respeita barreiras políticas. É possível
dizer com tranquilidade que a ocupação na Amazônia e suas novas infraestruturas — como hidrelétricas e
estradas — acompanham a redução de água no bioma. A ideia do estudo é melhorar a gestão a partir de
informações como essa, e passar a mensagem de que a Amazônia é de responsabilidade de todos. Todos
devem garantir a conservação do ambiente, os ecossistemas e os serviços ambientais amazônicos. Mais do que
qualificar a política, queremos reforçar que cuidar da Amazônia é uma ação que deve ser feita de maneira
coletiva, por todos esses entes. Esperamos contribuir com as discussões sobre o planejamento da Amazônia e
ajudar na tomada de decisão ao incorporar, de maneira específica, informações sobre um elemento
importante como a água.

Quais os desafios para a gestão das águas no local?


BERNARDO CALDAS DE OLIVEIRA Acho que o mais importante é a gente passar a ter essa visão sistêmica da
Amazônia. Não pensar a nível local, mas na região como um todo, e em como ações locais podem afetar todo o
sistema. Muitas vezes uma alteração regional em um lugar que eventualmente não fica nem dentro do bioma
amazônico pode afetar a Amazônia porque está inserida na mesma bacia hidrográfica.

Por isso, as ações precisam ser tomadas e planejadas dentro de um contexto amplo, onde os impactos e as
ações se relacionam muitas vezes por distâncias enormes. A gente tentou trazer isso no estudo.

VEJA TAMBÉM

EXPRESSO (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/EXPRESSO/) Quais os efeitos


do desmatamento no abastecimento de água
(https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/17/Quais-
os-efeitos-do-desmatamento-no-abastecimento-de-
%C3%A1gua)

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 7/8
03/04/2019 Como a Amazônia está perdendo água, segundo este estudo - Nexo Jornal

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/31/Como-a-Amazônia-está-perdendo-água-segundo-este-estudo 8/8

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