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Introdução
1
Filósofo Inglês, nascido em 1820, na cidade de Derby. Apesar de ser filho de família metodista e quakers, foi
educado num ambiente de grande tolerância religiosa. Seu pai, Guilherme Jorge Spencer, era professor de
matemática e seu tio, Tomás Spencer, era pastor anglicano. Ambos foram responsáveis pela sua educação, pois
devido à sua frágil saúde não pode, dos 13 aos 17 anos, estudar regularmente em escolas. Sua educação foi,
em grande parte, resultado de suas próprias leituras, estudando, preferencialmente, as ciências naturais e
matemáticas e as questões sociais e políticas, diferente da educação clássica de então que priorizava o ensino
de línguas mortas, de retórica e filosofia. Seu pai sempre lhe perguntava sobre a causa das coisas e sempre
dava uma interpretação natural, o que lhe ajudou a desenvolver a idéia de causalidade. Pretendia orientá-lo
religiosamente, mas Spencer refutava tais orientações, pois não aceitava a adoração de um ser particular. Além
disso, tinha muito forte em seu pensamento a noção de causa física, a qual fazia com que a crença no
sobrenatural não fosse aceita. Em 1837, substituiu um professor por um período de três meses. A partir desta
experiência teceu as seguintes críticas aos pedagogos: “são medíocres, pois seguem um rotina mecânica sem
colocar as faculdades analíticas agindo sobre o espírito dos alunos; jamais procuram descobrir o curso normal do
desenvolvimento intelectual a fim de a ele adaptar seus métodos; ensinam abstrações antes dos alunos
adquirirem os fatos concretos correspondentes”. Foi a partir desta experiência que Spencer inicia suas reflexões
sobre a educação que culminarão na sua mais conhecida obra: “Educação Intelectual, Moral e Física”. Após esta
experiência, Spencer desiste da carreira de professor para, no mesmo ano, iniciar seu trabalho, como
engenheiro civil, na construção de estradas de ferro. Lia muito, mas tinha dificuldade de continuar a leitura de
livro cujas idéias fundamentais se diferenciassem das dele. Não conseguia ficar junto a pessoas de pouca
cultura. Além disso, criava inimizades muito facilmente. Por volta de 1841-42, Spencer, então com 21 anos,
redigiu 12 cartas que foram publicadas em série no jornal “Nonconformist”. Estas cartas indicam idéias que mais
tarde foram desenvolvidas, tornando-se a base de seu pensamento. Entre elas: crença na universalidade da lei;
conhecido como Evolucionismo Spenceriano, pensou a sociedade sob o modelo de
funcionamento de um organismo individual. “Há entre um organismo social e um organismo
individual uma analogia perfeita.” (Spencer, 1889, p.08) Existe, portanto, uma relação íntima
e permanente entre o biológico e o sociológico.
Em seu livro Lei e causa do progresso, editado pela primeira vez em 1857, na
Inglaterra, Spencer questiona o conceito de progresso que se tinha até então, considerando-o
indefinido e falso: “Reserva-se o nome de progresso para as mudanças que tendem
unicamente, directamente ou não, a augmentar a felicidade dos homens” (1889, p. 06).
idéia de causalidade universal; idéia de processo de adaptação no mundo orgânico, no qual as faculdades são
adaptadas às suas funções; busca de equilibração na sociedade; a existência de auto-adaptação social e
individual. Desde as suas primeiras manifestações, o pensamento de Spencer exibiu um traço marcante: uma
firme crença na política “laissez-faire”, tanto nas questões sociais como políticas. Sua produção é constante, mas
freqüentemente interrompida por problemas de saúde e por perturbações do sono. . Entre 1850 e 1890, produziu
uma vasta obra cujo conjunto denominou de Sistema de Filosofia Sintética que compreende 13 volumes:
Primeiros Princípios, Princípios de Biologia (2 vol.), Princípios de Psicologia (2 vol.), Princípios de Sociologia (5
vol.) e Ensaios (3 vol.). Trata-se de um filósofo pouquíssimo estudado nos cursos de formação de professores
(graduação e pós-graduação) apesar da sua influência no pensamento educacional brasileiro.
A partir de tal questionamento, Spencer apresenta sua concepção de progresso
– sustentáculo de toda sua teoria evolucionista. Para ele, o verdadeiro progresso, no campo
individual, não é a simples acumulação de conhecimentos, mas as mudanças que ocorrem no
interior dos indivíduos; no campo social, progresso não é a simples acumulação de riqueza
material para satisfazer as necessidades dos homens, mas as mudanças que ocorrem na
estrutura do organismo social. Eis, em suas palavras, o conceito dado para o progresso da
humanidade tanto individualmente, quanto socialmente:
2
Naturalista e geógrafo alemão (1792-1876), considerado o criador da embriologia comparada, através da qual
em 1827 descobriu o “ovo dos mamíferos”, mais tarde chamado de vesícula de Baer.
3
Físico e médico alemão (1814-1878). Dedicou-se às ciências naturais ocupando um posto importante na
ciência do século XIX. Como médico, observou as variações produzidas no organismo humano, particularmente
aproximativa, uma outra explicação para o progresso. Tal explicação pode ser considerada a
base do seu sistema filosófico: o evolucionismo. Dez anos mais tarde, esta questão atinge, nos
Primeiros Princípios4, sua forma definitiva:
Pois bem! Nós nos propomos, em primeiro lugar, mostrar que esta lei
do progresso orgânico é a lei de todo o progresso. Trate-se embora
do desenvolvimento da terra, do desenvolvimento da vida, do
desenvolvimento da sociedade, do governo, da industria, do
commercio, da linguagem, da litteratura, da sciencia, da arte, sempre
o fundo é esta mesma evolução que vai do simples ao complexo,
no sangue, pela influência de climas quentes, descobrindo a partir disto a lei da conservação da força, que
explica o processo vital como transformação de matéria em energia. A partir destas pesquisas calculou o
equivalente mecânico da caloria.
4
Editado em 1862. Faz parte do Sistema de Filosofia Sintética.
5
Nota encontrada em “Primeiros princípios”: antes de escrever “Lei e causa do Progresso” na obra “Statica
Social”, Spencer baseando-se em Milne Edwards sobre a divisão do trabalho fisiológico, já afirmava que “o
desenvolvimento do organismo individual e do organismo social progredia do simples para o complexo, de partes
semelhantes independentes para partes dissemelhantes mutuamente dependentes.” (p.90)
atravéz de differenciações successivas. Desde as mais antigas
mudanças cosmicas de que haja noticia, até os ultimos resultados da
civilisação, vamos ver que a transformação do homogeneo em
heterogeneo é a essencia mesmo do progresso. (1889, p.08) (Sem
grifos no original)
É preciso aqui chamar a atenção para o fato de que tais teses – base do conceito
de evolução formulado por Spencer – implicam em dizer que os objetos ou fenômenos têm
uma tendência intrínseca para tornar-se algo maior, mais perfeito, mais evoluído.
O Estado é, de acordo com Spencer, necessário, desde que tenha suas funções
bem delimitadas, pois as leis da sociedade têm um caráter tal que os males naturais são
corrigidos pelo princípio de auto-adaptação. Assim, o governo é útil somente para manter a
ordem, do restante o princípio de auto-adaptação se encarrega. Sua função é simplesmente
“defender os direitos naturais do homem, proteger a pessoa e a propriedade, manter as
condições para que os indivíduos possam viver em segurança, protegendo-os dos inimigos do
interior e também dos inimigos do exterior.” (1987, p.87-8)
É preciso, portanto, agir moralmente sobre o caráter dos homens. Concorda que
a instituição escolar, responsável pela formação humana, precisa, urgentemente, ser
repensada. No entanto, não concorda com o caminho que vem sendo tomado no sentido do
Estado se responsabilizar pela escola tornando-a obrigatória e gratuita.
O Estado, de sua perspectiva, deveria ter suas funções limitadas também com
relação à educação, a qual seria regulada pelas leis do mercado: “a lei da oferta e da procura
se estende da esfera material à esfera mental, e que se atacar a oferta e procura de
mercadorias é nocivo, também o é atacar a oferta e procura de faculdades cultivadas” (1904,
p.95).
Tal como na luta pela vida as espécies superiores, consideradas mais aptas,
prosperam e se multiplicam enquanto as espécies inferiores sucumbem, assim a educação dos
indivíduos, oriundos das diferentes classes sociais, deve ser concebida.
Conclusão
SÉRGIO, Antonio. A propósito dos “ensaios políticos” de Spencer. In: Obras completas.
Ensaios. Tomo II. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1980. p.147-163.
SPENCER, Herbert. Classification des sciences. Paris: Libraire Germer Baillière, 1872.
________ Educação Intellectual, moral e physica. Porto: Livraria Chardron, de Lello &
Irmão, 1927.