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DECISÃO: Trata-se de recurso extraordinário com agravo interposto

com fundamento no art. 102, III, “a”, da Constituição Federal, no qual se


aduz violação dos artigos 1º, IV; 2º; 5º, caput, LIV e LV; 37, caput; 93, IX;
195, §5º; 201, caput e §1º, do texto constitucional pelo acórdão da 1ª Turma
Recursal dos JEFs do Rio Grande do Sul.

O acórdão recorrido assim assentou:

“Sobre a exposição nociva a agentes biológicos, a Turma


Regional de Uniformização da 4ª Região vem entendendo que o
simples exercício da atividade profissional em ambiente
hospitalar não viabiliza o enquadramento especial da atividade
laborativa. (...)
Dessa forma, na esteira do entendimento pacificado nas
instâncias uniformizadoras, tem-se que, para a atribuição do
regime diferenciado ora pleiteado, é imprescindível a
configuração do risco potencial de contaminação e contágio,
não sendo necessário que tal exposição ocorra de modo
permanente durante toda a jornada de trabalho do segurado.
Para tanto, contudo, deve haver comprovação de que o
requerente exerceu atividade profissional que demande contato
direto com pacientes acometidos por moléstias infecto-
contagiosas.
Compulsando os autos, verifico que a parte autora
desempenhou a função de 'auxiliar de enfermagem' na
Fundação Universidade de Caxias do Sul - Hospital Geral
durante o período de 02/06/1998 a 13/01/2005.
Logo, sendo a demandante profissional que, no exercício
de suas funções, está diretamente em contato com pacientes,
entendo que restou devidamente configurado, no caso concreto,
o risco de contaminação em razão do contato da autora com
agentes nocivos biológicos, tais como secreções, sangue e
tecidos contaminados.
Ademais, no que concerne ao fornecimento e à eficácia do
EPI, tenho que tal fato não restou devidamente comprovado
nos autos”. (eDOC 104, p.1)

Nas razões recursais, sustenta-se que o acórdão recorrido teria


desconsiderado a utilização de EPI eficaz na neutralização da
insalubridade a qual a recorrida foi exposta, fazendo incidir adicional de
forma indevida. O recorrente entende que o órgão teria violado, com isso,
os princípios do devido processo legal, da legalidade, da divisão de
poderes, da ampla defesa e do equilíbrio atuarial e financeiro.

A Presidência da Turma Recursal negou seguimento ao recurso


extraordinário por entender que “em nenhum momento restou
consignado no decisum que, no caso concreto, o segurado teria recebido
ou feito uso de EPI eficaz durante os períodos pleiteados de atividade
especial.” (eDOC 77, p. 1) Dessa forma, não estaria descaracterizada a
atividade especial e o julgado recorrido estaria em consonância com o
entendimento da Suprema Corte.

Decidi pela vinculação do recurso extraordinário ao tema 555 da


sistemática da repercussão geral, cujo paradigma é o ARE-RG 664.335,
Rel. Min. Luiz Fux, DJe 7.6.2013 (eDOC 3).

A 1ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, em sede de juízo de


adequação, decidiu manter o entendimento anterior nos seguintes
termos:

“Interposto recurso extraordinário pelo INSS, a


Presidência da 2ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul,
determinou a devolução dos presentes autos para adequação do
julgado, caso necessário.
O voto é por, em juízo de retratação, manter o acórdão
recorrido, por entender que o posicionamento recentemente
adotado pelo Supremo Tribunal Federal não produziria efeitos
diversos no caso concreto.
Isso porque, nos termos do julgado capitaneado pela
Suprema Corte, em decisão proferida no Recurso
Extraordinário com Agravo ARE 664.335/SC, cujo conteúdo teve
sua Repercussão Geral reconhecida, foram fixadas as seguintes
teses: primeiramente a de que não haverá direito à
aposentadoria especial nas situações em que restar comprovado
que o Equipamento de Proteção Individual (EPI) é realmente
capaz de neutralizar a nocividade sofrida pelo segurado. Já a
segunda tese diz respeito ao agente nocivo ruído e estabelece
que, mesmo que o fornecimento de protetores auriculares
reduza a sua agressividade, não é possível se afirmar que a
utilização de EPIs é capaz de neutralizar a insalubridade
ocasionada nestes casos, pois outros danos, além da perda
auditiva, são gerados ao organismo humano em decorrência da
sujeição do trabalhador a intensidade sonora excessiva. (…)
Neste quadrante, inexistindo nos autos LTCAT cujo teor
seja capaz de formar a convicção deste Juízo acerca de real
eficácia da medida protetiva alegada pela empresa
empregadora, entendo que, nos termos da decisão acima, a
simples informação concernente ao fornecimento de EPI eficaz -
prestada pelo empregador quando do preenchimento do
formulário PPP - não é suficiente ao afastamento da
especialidade previdenciária telada”. (eDOC 172, p. 1-3)

Diante disso, remeteu-se o recurso extraordinário ao STF para fins de


proceder consoante o disposto no art. 1.030, V, “c”, do CPC.

É o relatório.

Decido.

De plano, é cabível dizer que o juízo de retratação previsto no artigo


1.041 do CPC não se confunde com o julgamento do recurso
extraordinário, o que inclui os pressupostos de admissibilidade. Logo,
questões relacionadas ao prequestionamento ou à
infraconstitucionalidade da matéria não são da alçada desse juízo.

Nos estritos termos da legislação processual, ao juízo de retratação


cabe, tão somente, verificar a compatibilidade entre o acórdão recorrido e
o paradigma e, na hipótese de diferença entre os dois, retratar-se. Caso
haja identidade, mantém-se o acórdão. Proceder a demais considerações,
como, por exemplo, a respeito do prequestionamento, significa fazer as
vezes do Supremo Tribunal Federal em termos de competência
jurisdicional.

Posto isso, verifico que a matéria guarda identidade temática com o


decidido no ARE-RG 664.335, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 7.6.2013, o qual foi
assim ementado, no que interessa:

“Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é:


o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição
do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o
EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá
respaldo constitucional à aposentadoria especial. 11. A
Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as
informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do
inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida
sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a
premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo
reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria
especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não
se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a
relação nociva a que o empregado se submete”. (grifei)

Em face da compatibilidade entre o acórdão recorrido e o decidido


pelo Plenário desta Corte sob a sistemática da repercussão geral, uma vez
que, no caso, não restou comprovada a neutralização da nocividade
sofrida pela recorrente, verifico que a hipótese é de manutenção da
decisão exarada pelo Tribunal a quo.

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (artigo 932, VIII, do


CPC c/c artigo 21, §1º, do RISTF).

Publique-se.
Brasília, 1º de agosto de 2017.

Ministro GILMAR MENDES


Relator
Documento assinado digitalmente

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