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Direito Penal
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça
QUEIXA-CRIME
1. INTRODUÇÃO
O presente assunto é de certa importância para a 2ª fase da OAB de Direito Penal,
tendo em vista a sua possibilidade de incidência tanto na questão prático-profissional,
quanto em questões dissertativas.
Por conta disso, preferimos abordar inicialmente o assunto ação penal de forma ampla,
adotando a classificação das ações penais quanto à titularidade do direito de ação. Assim,
inicialmente falaremos das ações penais públicas para depois abordar a ação penal privada
e então adentrar no tema queixa-crime.
OBS.: Juiz não pode iniciar um processo de OFÍCIO, valendo salientar que o processo
criminal instaura-se com o RECEBIMENTO da denúncia. Assim, não é o simples
oferecimento da peça acusatória que faz surgir o processo, pois o juiz pode rejeitar a
denúncia ou queixa ou recebê-la.
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Contagem de prazos PROCESSUAIS PENAIS, aos quais se aplica o art. 798 do CPP:
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém,
considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia
em que começou a correr.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia
útil imediato.
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo
judicial oposto pela parte contrária.
§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
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Exemplo: Imagine que em um crime de ação penal privada, a vítima tenha tomado
conhecimento da autoria do fato no dia 24 de dezembro de 2012, portanto, um feriado
forense. O fato se ser feriado não importa, pois como o prazo decadencial é um prazo
penal, o dia do início é incluído e não importa se é útil ou não. Assim, o primeiro dia é o
próprio dia 24/12/2012. A queixa tem que ser oferecida dentro do prazo decadencial de seis
meses (art. 38 do CPP).
fevereiro = 2 meses
março = 3 meses
abril = 4 meses
maio = 5 meses
junho = 6 meses
Ou seja, o prazo decadencial vencerá em junho de 2013. Como a vítima conheceu da autoria em 24/12/2012, com
devemos contar os seis meses e excluir o dia do final).
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3.1. Queixa-crime
Em certos casos previstos em lei, a publicidade inerente aos atos processuais de alguns
crimes seria mais prejudicial do que o próprio fato ou ainda que a própria impunidade do
agressor, por esta razão, por critérios de política criminal, existe a ação penal privada,
tendo como titular o particular ofendido.
A queixa-crime é a peça inicial da ação penal privada, promovida pelo ofendido ou por
quem tenha qualidade para representá-lo. Caso o ofendido venha a falecer, ou seja
declarado ausente por decisão judicial, o direito de queixa será transmitido a seus
sucessores processuais, seguindo a sequência do CADI (cônjuge, ascendente, descendente
e irmão), nos termos do art. 31 do Código de Processo Penal.
Por se tratar de uma petição inicial em matéria criminal, deve conter todos os requisitos
do art. 41 do Código de Processo Penal, também exigidos no oferecimento da denúncia, ou
seja, imputação do crime, pedido de condenação, qualificação do acusado e, quando
necessário, rol de testemunhas.
No que se refere ao prazo da queixa-crime, salvo expressa previsão legal em contrário,
a queixa deverá ser oferecida no prazo de seis meses a contar do momento que o ofendido
tomou ciência da autoria do delito, sob pena de decadência (art. 38 do CPP). Ou seja, a
queixa-crime possui prazo próprio para ser oferecida, existindo o prazo decadencial de 6
meses a contar do momento em que a vítima toma ciência da autoria do delito.
Os crimes que preveem ação penal privada estão expressamente previstos em lei.
Quando o Código for silente, o crime será de ação penal pública incondicionada.
A queixa-crime é peça privativa de advogado e tem 2 características elementares:
- Não obrigatoriedade ou discricionariedade – a vítima move a queixa crime se quiser,
pode haver, inclusive, a renúncia ao direito de queixa de forma expressa ou tácita contra
todos os ofensores. A isto se dá o nome de oportunidade ou conveniência, princípio
regente da ação penal privada.
- Indivisibilidade – a queixa é indivisível, ou seja, a queixa contra qualquer um dos
autores do crime obrigará o processo contra todos. Caso exista renúncia ao direito de
queixa em relação a um dos autores do delito, esta renúncia se estenderá a todos (arts. 48
e 49 do CPP).
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DICAS!!! Vale ressaltar que não existe perempção nas ações penais privadas
subsidiárias da pública, já que esta hipótese de causa extintiva de punibilidade é exclusiva
para as ações penais que são essencialmente privadas.
A queixa subsidiária possui prazo de 6 meses a partir do momento que findar o prazo de
manifestação do Ministério Público e houver inércia deste.
Oferecida a queixa subsidiária, o Ministério Público poderá aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal, tudo em conformidade com o art. 29 do
Código de Processo Penal.
OBS.: Perempção.
O art. 60 do CPP é um artigo importantíssimo no assunto relacionado à ação penal
privada, e traz as hipóteses de perempção (que também acarreta a extinção do processo e
da punibilidade sem que se caracterize qualquer análise da responsabilidade do agente). Da
mesma forma que no caso do perdão, não cabe perempção em hipótese de ação penal
privada subsidiária da pública, tendo em vista que o crime é de ação penal pública. Na ação
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penal privada o querelante é que tem que adotar as diligências para o andamento
processual, caso não adote, pode haver a perempção.
Vale salientar que a perempção deve ser decretada pelo juiz, e pode ocorrer nas
seguintes hipóteses, todas trazidas pelo art. 60 do CPP:
1ª) Se o querelante deixar de dar andamento aos atos processuais por 30 dias seguidos.
2ª) Se o querelante morrer e não aparecer quem tenha qualidade para sucedê-lo em 60
dias.
3ª) Se o querelante deixar de comparecer sem justificativa aos atos processuais.
4ª) Se o querelante deixar de formular pedido de condenação nas alegações finais ou
memoriais.
5ª) Em sendo o querelante pessoa jurídica esta se extinguir sem deixar sucessores.
ATENÇÃO:
Injúria real é crime de ação penal pública (havendo discussão acerca da necessidade
ou não de representação) (art. 145, caput, do CP)
Injúria contra o Presidente da República é crime de ação penal pública condicionada
à requisição do Ministro da Justiça (art. 145, parágrafo único, do CP)
Crime contra a honra de servidor público no exercício das funções é crime de ação
penal pública condicionada à representação, devendo ser observada a súmula 714
do STF (art. 145, parágrafo único, do CP)
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ATENÇÃO:
Estupro praticado contra menor de 18 anos ou vulnerável é de ação pública
incondicionada (art. 225, parágrafo único, do CP)
Estupro praticado mediante violência real é crime de ação pública incondicionada
(Súmula 608 do STF)
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Reparem que o legitimado para o exercício do direito de queixa é a vítima, que pode ou
não ser plenamente capaz. Para o oferecimento da queixa é preciso que a vítima possua 18
(dezoito) anos, pois o CPP trabalha com idade cronológica. Se a vítima for menor de 18 ou
incapaz, a queixa deverá ser oferecida através do seu representante legal. Da mesma
forma, é possível que a vítima tenha falecido. Neste caso, o direito de queixa passará a um
dos sucessores.
Ao elaborar a queixa devemos também estar atentos à legitimidade "ad causam" e ad
processum, bem como à possibilidade da sucessão processual do art. 31 do CPP.
Assim:
Caso seja a própria vítima a oferecer a queixa:
NOME DA VÍTIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de
identidade n°_____, inscrito no CPF sob o n°_____, residência e domicílio, por seu
advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo,
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ou
NOME DO SUCESSOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da
carteira de identidade n°____, inscrito no CPF sob o n°___, residência e domicílio,
por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais
em anexo, em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a
Vossa Excelência oferecer ...
(NESTE CASO, ANTES DOS FATOS INCLUIR UMA PRELIMINAR EXPLICANDO QUE A
VÍTIMA MORREU E QUE O QUERELANTE OFERECE A QUEIXA NA FORMA DO ART. 31
DO CPP.)
6. ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME
Endereçamento:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE
_______________________ (Regra Geral)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE
_________________________ (Crimes tutelados pela lei 9099\95 – crimes de pequeno poder ofensivo)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE _______________________ (Crimes e Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher)
Identificação do Querelante e do Querelado
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de
Identidade número _______________, expedida pela ________________inscrito no Cadastro de Pessoa Física
do Ministério da Fazenda sob o número ____________________, residência e domicílio, por seu advogado
abaixo assinado, conforme procuração anexa a este instrumento, vem oferecer
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com base nos artigos 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal, bem como no art. 100, §2º do Código Penal,
contra NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade número
_______________, expedida pela ________________inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da
Fazenda sob o número ____________________, residência e domicílio, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:
1. Dos Fatos
2. Mérito
Demonstrar o “animus” do agente (a intenção); Indicar que a conduta do querelado configura o crime de
ação penal privada, mencionando o crime nominalmente, o artigo de lei e eventuais agravantes, qualificadoras
ou demais causas de aumento de pena, caso existam;
Demonstrar que a conduta do agente adequa-se inequivocamente a tipificação feita;
3. Do Pedido
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência que seja recebida a
presente queixa-crime contra ___________________ (indicar querelado ou querelados), incurso nas penas do
artigo ________________________ (indicar artigo tipificado e suas possíveis combinações), a fim de que seja
instaurada contra ele a competente ação penal privada, requerendo desde já a sua citação e que sejam
oportunamente intimadas e inquiridas as testemunhas do rol abaixo, para que ao final o Querelado possa ser
condenado.
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público,
pede deferimento.
Comarca, Data
Advogado
Rol de testemunhas:
1-
2-
3-
NOVAMENTE!
DICAS MUITO IMPORTANTES
Em se tratando de ação penal privada subsidiária da pública deve-se
fundamentar a apresentação da queixa-crime com base nos art. 29, 41 e 44
do CPP;
Existindo mais de um querelado, deve-se fazer a identificação de todos;
Quando se tratar da elaboração de uma queixa-crime, devemos estar
atentos a peculiaridades nos procedimentos dos crimes contra honra e dos
juizados especiais criminais. Portanto, devemos também verificar se a
hipótese seria da competência da vara criminal ou do juizado especial
criminal.
ASSIM, para o endereçamento devemos verificar se o crime é infração de
menor potencial ofensivo:
Em caso positivo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DO …. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA ……..
Em caso negativo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ
DE DIREITO DA …. VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ……..
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Para crimes contra a honra há um pedido específico, que será visto mais a frente.
Caso a audiência preliminar ainda não tenha ocorrido:
DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja designada audiência
preliminar, na forma do artigo 72 da Lei 9.099/95, e, em caso de
impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o
querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado
procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do
art. ….
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas.
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Mas, se a queixa está sendo oferecida perante uma Vara Criminal, onde será
adotado o rito sumário, deve-se formular o pedido da seguinte forma:
6. CASOS PRÁTICOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL DO JUIZADO ESPECIAL DA
COMARCA _____
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MÉVIO, brasileiro, solteiro, desempregado, portador da carteira de identidade n°_____, inscrito no CPF sob
o n°_____, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa a este
instrumento, vem oferecer
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com fundamento nos artigos 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal, bem como no art. 100, §2º do Código
penal, contra CAIO, brasileiro, casado e empresário, portador da carteira de identidade n°____, inscrita no CPF
sob o n°____, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
1. Dos Fatos.
O querelante adquiriu, no dia 10.11.2011, uma televisão no valor de R$ 1.000,00 (mil) reais do querelado,
ficando acordado que o querelante iria depositar o valor da compra do bem n a conta deste último 30 dias após
a venda.
Ocorreu que se passaram mais de 30 dias e o querelante não teve condições de depositar o valor referido
na conta do querelado.
Indignado com a situação, Caio não resolveu procurar as vias judiciais e no intuito de satisfazer o seu direito
pessoalmente, objetivando recuperar o objeto, entrou na residência de Mévio e pegou a televisão que tinha
entregue a ele, fato este que foi presenciado pelos vizinhos do réu.
2. Do Mérito.
Ora, douto julgador, da narração dos fatos acima elencados, percebe-se que o querelado, resolveu
satisfazer com as próprias mãos uma pretensão que, embora fosse legítima, não foi solucionada pela via
adequada, tendo em vista que o querelado não procurou as vias judiciais e pegou a televisão que tinha vendido.
Ocorre que a conduta do querelado configura o crime exercício arbitrário das próprias razões, previsto no
art. 345, caput, do Código Penal. Percebe-se que a ação do querelado foi a de fazer justiça pelas próprias mãos
(o sujeito age por si mesmo, de acordo com a sua vontade, NÃO solicitando a intervenção do Estado, que é o
verdadeiro responsável pela aplicação da Justiça no caso concreto), para satisfazer pretensão (o sujeito tem um
direito que deveria ter sido exercido através do Poder Judiciário), embora legítima (o direito do sujeito está
pautada n a lei).
No caso concreto, deveria o querelado ter procurado as vias judiciais para solucionar a sua pretensão, qual
seja, receber a quantia de R$ 1.000,00 (mil) reais referente à compra de uma televisão realizada pelo querelante,
não estando autorizado, entretanto, a ingressar no domicílio objetivando pegar a referida televisão
Desta forma, resta configurado, no caso concreto, todos os elementos do crime de exercício arbitrário das
próprias razões.
3. Dos Pedidos.
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência que seja recebida a presente queixa-crime contra CAIO,
estando este incurso nas penas do artigo 145, caput, do Código Penal, a fim de que seja instaurada contra ele a
competente ação penal privada, requerendo desde já a sua citação e que sejam oportunamente intimadas e
inquiridas as testemunhas do rol abaixo, para que ao final o querelado possa ser condenado.
Requer ainda seja fixado valor de reparação nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal,
bem como a condenação do querelado às custas processuais e demais despesas do processo.
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público, pede deferimento.
Comarca, Data
Advogado
Rol de testemunhas:
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ –
ALAGOAS
MARÍLIA DE SOUZA, brasileira, divorciada, portadora da carteira de identidade n°_____, inscrita no CPF sob
o n°_____, residente e domiciliada no endereço _______, município de Maceió - Alagoas, por seu advogado
abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o artigo 44 do
Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 30 e 41 do Código de Processo
Penal, e art. 100, § 2º do Código Penal, oferecer
QUEIXA CRIME
em face de JOÃO FUTRIQUEIRO, brasileiro, casado, jornalista, identidade número _______, inscrito no CPF sob o
n°____, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
1. DOS FATOS
A querelante, médica, exercendo sua profissão, foi surpreendida nas últimas semanas com três matérias
jornalísticas informando ter sido a mesma a responsável pela morte de Luzia D., paciente que deu entrada no
hospital Municipal de Maceió, Alagoas, em trabalho de parto, na data ____, tendo a médica, ora querelante,
segundo a referida matéria, sido negligente e imperita, sendo matéria veiculada de autoria do jornalista João
Futriqueiro.
Na divulgação da matéria original, o ora querelado afirmou, mesmo sabendo que eram inverídicas as
informações, ter a médica praticado um assassinato no hospital de Maceió, sendo negligente na realização do
parto de Luzia D., fato que ofendeu a honra objetiva e subjetiva da querelante, bem como sua imagem
profissional perante a população local.
Além disso, na última matéria veiculada na edição do dia 23/1/2013, foi divulgado pelo querelado que a Dra.
Marília de Souza não poderia ser chamada de médica, dizendo o jornalista que:
"era claro o verdadeiro assassinato praticado no Hospital de Maceió, pelas mãos da sempre negligente Dr.
Marília de Souza", afirmando ainda "A Dra. Marília, se é que pode ser chamada assim, deveria ser caçada pelo
CRM, já que não possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina".
Por fim, ainda informou que "a suposta médica Marília matou Luzia D. e não se sabe quantos mais" .
É importante ressaltar que todos os laudos médico-hospitalares demonstram a inocorrência de negligência
ou imperícia por parte da médica, bem como os documentos do Conselho Regional de Medicina, afirmando no
mesmo sentido, já que a ora querelante se encontrava em procedimento cirúrgico quando do atendimento de
Luzia D. no hospital.
2. DO DIREITO
É evidente que a ora querelante foi, através das absurdas alegações do querelado em suas publicações
através da imprensa escrita, alvo de ofensas caluniosas e difamatórias, sendo evidente ter o querelado agido
com a vontade de caluniar e difamar a querelante, ofendendo sua reputação pessoal e profissional.
As matérias publicadas foram, à toda evidência, divulgadas de maneira irresponsável e leviana, sem o
necessário cunho informativo como aduzia o seu título. Trata-se, na verdade, de artigo ou matéria não apenas
opinativa, mas sim ofensiva, induzindo a sociedade a um julgamento totalmente avesso à realidade.
Pior, foi endereçada à população na qual a querelante atua, em um combate diário pela saúde da
população.
Tal matéria, leviana, falsa e irresponsável, não só atingiu a honra da querelante, como também abalou, de
forma considerável, o apreço que goza a mesmo junto ao meio social. Ressalte-se que, ao contrário do que
afirma o querelado, a querelante sequer se encontrava responsável pela paciente em questão, e, ainda que
estivesse, todos os documentos comprovam que não houve qualquer negligência ou imperícia médica que
desse causa a sua morte, conforme demonstram os documentos anexos.
Até a vil publicação, gozava a querelante do apreço da sociedade, apreço este conquistado com muito
trabalho, dedicação, respeito e acima de tudo com o profissionalismo e a responsabilidade com que sempre
exerceu sua profissão.
Torna-se, assim, nítida a configuração dos crimes de CALÚNIA e DIFAMAÇÃO por parte do querelado, sem
perder de vista que o fato tornou-se efetiva a absurda publicidade da matéria caluniosa e difamatória publicada,
uma vez que a mesma foi divulgada através da via jornalística.
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Assim, encontra-se o querelado incurso nas penas dos artigos 138 e 139 do Código Penal, ambos com o
aumento de pena previsto no artigo 141, inciso III, também do Código Penal, já que as infrações foram praticadas
por meio que facilitou a divulgação daquelas informações.
3. DO PEDIDO
DIANTE DO EXPOSTO, requer a querelante seja designada audiência de conciliação, na forma do artigo 520
do Código de Processo Penal, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente,
citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para
condenar o querelado como incurso nas penas dos artigos 138 combinado com 141, III, e 139 combinado com 141,
III, todos do Código Penal.
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas.
Nestes termos,
Espera deferimento.
Maceió, data.
Advogado
OAB
RESPOSTA
Peça – Queixa-crime com fundamento nos artigos 29, 41 e 44 do Código de Processo Penal,
bem como art. 100§2º do Código Penal.
Endereçamento – EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA
CRIMINAL DA COMARCA Y.
Tese – demonstrar que está configurado o crime de roubo nos termos do art. 157, caput, do
Código Penal, pois houve o emprego de grave ameaça por intermédio de uma arma de
brinquedo (este tipo de arma serve para configurar a grave ameaça no crime de roubo) e a
subtração de coisa alheia móvel da vítima, um relógio avaliado no valor de R$ 5.000,00
reais, existindo prova da materialidade do fato e indício suficientes de autoria.
Pedido – condenação pelo cometimento do crime de roubo, art. 157, caput, do Código
Penal.
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