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O gráfico abaixo, da Global Footprint Network, mostra que o mundo tinha superávit ambiental
de 2,6 bilhões de hectares globais (gha) em 1961. Porém, com o crescimento demoeconômico,
o superávit se transformou em déficit a partir dos anos de 1970 e, em 2016, a pegada ecológica
total (de 20,6 bilhões de gha) superou a biocapacidade total (de 12,2 bilhões de gha). Portanto,
o déficit ecológico foi de 8,4 bilhões de gha.
Existem pessoas preocupadas com a sustentabilidade ecológica que defendem a ideia de que a
degradação ambiental e o déficit ecológico são provocados, essencialmente, pelas parcelas
ricas da população global, especialmente, dos ricos dos países ricos. Por conta disto,
consideram que o fundamental para o equilíbrio homeostático do Planeta é a redução do
consumo e ignoram, ou relegam para o segundo plano, a questão demográfica.
Porém, a decomposição do déficit ambiental por faixas de renda mostra que não se pode
ignorar a contribuição das parcelas de classe média e dos pobres do mundo sobre o déficit
existente entre a pegada ecológica e a biocapacidade.
Ainda segundo a Global Footprint Network, a população classificada como alta renda perfaz
um montante de cerca de 1,13 bilhão de habitantes em 2016, com uma pegada ecológica per
capita de 6 gha (a pegada ecológica dos EUA é de cerca de 8 gha). Assim, os ricos do mundo
possuem uma pegada ecológica total de 6,8 bilhões de gha. É um montante elevado, mas que é
menor do que os 8,4 bilhões do déficit global existente em 2016.
Assim, mesmo que se todo o consumo dos ricos fosse zerado, o restante da população mundial
(sem os ricos) continuaria vivenciando um déficit ambiental. Ou seja, se as pessoas de alta
renda do mundo fossem “eliminadas”, assim mesmo o restante da população mundial teria
uma pegada ecológica total de 13,8 bilhões de gha, para uma biocapacidade global de 12,2
bilhões de gha. A Terra sem os ricos ainda assim teria um déficit ambiental de 13% (gastando
1,13 planeta).
Portanto, não é verdade que se pode descartar o volume da população total e considerar que
exclusivamente “a distribuição desigual de recursos, o desperdício e o excesso de consumo dos
ricos são as causas reais da insustentabilidade ecológica”. Para exemplificar, vamos construir
uma situação hipotética.
Bem, haveria superávit ambiental se a população fosse inferior a 6,1 bilhões de habitantes.
Mas uma população acima de 6,1 bilhões ou de quase 8 bilhões de habitantes como o mundo
está se aproximando viveria em déficit ambiental. Mesmo que a pegada ecológica per capita
mundial ficasse em 1,75 gha (como em Papua Nova Guiné, em 2016) só haveria superávit
ambiental com uma população inferior a 7 bilhões de habitantes.
Referências:
HERMAN DALY. Ecologies of Scale, Interview by Benjamin Kunkel. New Left Review 109,
January-February 2018
https://newleftreview.org/II/109/herman-daly-benjamin-kunkel-ecologies-of-scale
O’Neill, D.W., Dietz, R., Jones, N. (Editors), Enough is Enough: Ideas for a sustainable economy
in a world of finite resources. The report of the Steady State Economy Conference. Center for
the Advancement of the Steady State Economy and Economic Justice for All, UK, 2010.
http://steadystate.org/wp-content/uploads/EnoughIsEnough_FullReport.pdf