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O direito à cidade é, portanto, muito mais do que um direito de acesso individual ou

grupal aos recursos que a cidade incorpora: é um direito de mudar e reinventar a


cidade mais de acordo com nossos mais profundos desejos. Além disso, é um direito
mais coletivo do que individual, uma vez que reinventar a cidade depende
inevitavelmente do exercício de um poder coletivo sobre o processo de urbanização.
(pag. 28)

O capitalismo fundamenta-se, como nos diz Marx, na eterna busca de mais-valia


(lucro). Contudo, para produzir mais-valia, os capitalistas têm de produzir excedentes
de produção. (...) O capitalismo precisa da urbanização para absorver o excedente de
produção que nunca deixa de produzir. Dessa maneira, surge uma ligação íntima
entre o desenvolvimento do capitalismo e a urbanização. (pag. 30)

A política do capitalismo é afetada pela eterna necessidade de encontrar esferas


rentáveis para a produção e absorção do excedente de capital. Desse modo, o
capitalista encara vários obstáculos para manter uma expansão contínua e sem
obstáculos. (pag. 31)

Em termos gerais, é preciso encontrar novos meios de produção e novos recursos


naturais. Isso coloca uma pressão cada vez maior sobre o ambiente natural, para que
ele forneça as matérias-primas necessárias e absorva os inevitáveis desperdícios.
(pag. 32)

As leis coercivas que regem a concorrência também forçam novas tecnologias e


formas de organização a entrar em operação o tempo todo, uma vez que os
capitalistas com maior produtividade podem submeter os que usam métodos
inferiores. As inovações definem novos desejos e necessidades e reduzem o tempo
de giro do capital e a fricção da distância. Isso amplia o alcance geográfico em que o
capitalista é livre para buscar maior oferta de mão--de-obra, de matérias-primas e
assim por diante. (pag. 32)

(...) a suburbanização (junto com a militarização) desempenhou um papel crucial para


ajudar a absorver o excedente nos anos do pós-guerra. Para tanto, porém, pagou-se
o preço de esvaziar o centro das cidades e privá-las de uma base econômica
sustentável, gerando a chamada ”crise urbana" da década de 1960, definida por
revoltas de minorias prejudicadas (...) (pag. 38)

OBS: Gentrificação é um processo de transformação de centros urbanos através da


mudança dos grupos sociais ali existentes, onde sai a comunidade de baixa renda e
entram moradores das camadas mais ricas.
- Crise de 2008: O mercado imobiliário absorvia diretamente uma parte significativa
do excedente de capital, que era canalizado para novas construções (...), enquanto a
rápida inflação do preço das moradias, sustentada por uma onda perdulária de
refinanciamento hipotecário a taxas de juros historicamente baixas, fomentava o
mercado interno dos Estados Unidos para bens de consumo e serviços. (pag. 40)
- Sem controles adequados de avaliação dos riscos, o mercado hipotecário perdeu o
controle, e o que aconteceu aos irmãos Péreire em 1867 e 1868 e ao desregramento
fiscal de Nova York no começo da década de 1970 voltou a acontecer na crise
hipotecária do subprime e na crise de valor de ativos imobiliários de 2008. (pag. 44)

(...) essa expansão muito recente e radical do processo urbano trouxe consigo
incríveis transformações no estilo de vida. A qualidade da vida urbana tornou-se uma
mercadoria para os que têm dinheiro (...) (pag. 46)

No mundo em desenvolvimento, em particular, a cidade:


“[...] está se dividindo em partes distintas, com a formação aparente de muitos
”microestados". Os bairros ricos, que contam com todos os tipos de serviços, como
escolas exclusivas, campos de golfe, quadras de tênis e patrulha de policiamento
privado ininterrupta nas ruas, veem-se cercados por assentamentos ilegais onde a
água só é disponível nas fontes públicas, não há serviços básicos de saneamento, a
eletricidade é pirateada por poucos privilegiados, as estradas se transformam em
lamaçais sempre que chove, e onde o compartilhamento de uma mesma casa por
várias famílias é a norma. Cada segmento parece viver e funcionar autonomamente,
agarrando-se com todas as forças ao que conseguiu para si na luta cotidiana pela
sobrevivência”. (Marcello Balbo, "Urban Planning and the Fragmented City of
Developing Countries", Third World Planning Review, 15 (1), 1993, p. 2305.)
“Em certas áreas, sobretudo nas que ficam nas proximidades do centro, o
desenvolvimento das grandes cidades modernas atribui à terra um valor artificial e
abusivo que aumenta continuamente; os edifícios nelas construídos diminuem esse
valor em vez de aumentá-lo, pois eles já não atendem às novas circunstâncias. São
derrubados e substituídos por outros. ” (Friedrich Engels, op. cit., 1935, p. 23.)

(...) um processo de deslocamento e desapropriação também se encontra no cerne


do processo urbano sob o capitalismo. Essa é a imagem especular da absorção do
capital por meio do redesenvolvimento urbano. (pag. 53)

(...) o efeito concomitante quase sempre consiste em destruir os modos coletivos e de


não maximização dos lucros de solidariedade social e de apoio mútuo, enquanto que
o efeito agregado será quase certamente anulado pela falta de empregos estáveis e
bem remunerados. (pag. 57)

Podemos concluir que a urbanização desempenhou um papel crucial na absorção de


excedentes de capital, e que o tem feito em escala geográfica cada vez maior, mas
ao preço de processos florescentes de destruição criativa que implicam a
desapropriação das massas urbanas de todo e qualquer direito à cidade. (pag. 59)

O direito à cidade como hoje existe, como se constitui atualmente, encontra-se muito
mais estreitamente confinado, na maior parte dos casos, nas mãos de uma pequena
elite política e econômica com condições de moldar a cidade cada vez mais segundo
suas necessidades particulares e seus mais profundos desejos. (pag. 63)

- Lutas e movimentos sociais urbanos:


Em muitas partes do mundo, são abundantes as inovações urbanas acerca da
sustentabilidade ambiental, da incorporação cultural dos imigrantes e do desenho
urbano dos espaços habitacionais públicos. Contudo, elas ainda precisam se
concentrar no objetivo único de adquirir maior controle sobre os usos do excedente
(para não falar das condições em que se dá sua produção). (pag. 65)

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