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Assim, o Peróxido de Hidrogénio ou Dióxido de Hidrogénio também é um óxido, e
se apresenta como um líquido levemente viscoso, incolor, às vezes levemente amarelado
dependendo de sua pureza, com cheiro semelhante ao ácido nítrico, muito instável, com
densidade 1,46, e altamente solúvel em água.
Consequência de sua instabilidade decompõem-se fàcilmente, e os compostos re-
sultantes dessa decomposição são Água e Oxigénio.
Essa decomposição é acelerada pela temperatura ambiente e pela incidência de
radiações UV e IV.
Razão disso deve e é acondicionado ao abrigo da luz, em ambientes frescos, e
muitas vezes refrigerados, sempre usando embalagens o mais escuras possível.
Sua decomposição se dá em duas fases que não são imediatas uma à outra.
Há um pequeno intervalo de tempo entre cada uma delas.
Na primeira, se decompõe em uma molécula de água e um átomo de Oxigénio ex-
tremamente reativo, o Oxigénio Atómico, como vemos abaixo.
H2O2 → H2O + O-- ↑
Na segunda fase, cada dois átomos de O-- (Oxigénio atómico) se neutralizam, for-
mando uma molécula de Oxigénio, que embora muito reativo, apresenta uma reação mais
lenta ou atenuada que o Oxigénio atómico.
Notem que um pedaço de ferro exposto ao ar, por exemplo, demora bastante para
oxidar (enferrujar).
Então, temos que
2 O-- → O2
Essa é a forma de oxigênio contida em maior quantidade no ar que respiramos.
Somando estas duas equações químicas e ajustando seu equilíbrio, poderemos
escrever uma única como segue
2 H2O2 → 2 H2O + O2↑
Para os fins dos trabalhos descritos nêste texto, é de suma importância a primeira
fase de decomposição, pois o Oxigénio atómico produzido durante a mesma é extrema-
mente reativo, e oxida fàcilmente tanto elementos químicos metálicos como não metálicos
quanto compostos inorgânicos e orgânicos, sendo estes últimos os mais fàcilmente oxi-
dados.
Quando os dois tipos de compostos se encontram misturados de alguma forma,
sempre os primeiros a serem oxidados são os orgânicos.
Da mesma forma, é de suma importância notar que por sua decomposição, os pro-
dutos resultantes dessa decomposição, água e Oxigénio Molecular, repetindo, não são
nocivos a qualquer ser vivo, sejam eles animais ou vegetais.
A particularidade que êste compôsto apresenta de provocar a fácil oxidação de
compostos orgânicos, tornam-no um excelente desinfectante, pois destrói por oxidação
(queima) bactérias, fungos, algas, e até larvas e insectos, e se não for usado com parci-
mónia, destrói até as raízes e folhas das plantas, embora estas tenham capacidade sufi-
ciente para se regenerar.
Como dissémos, também o torna um grande insecticida, ao oxidar (queimar) o sis-
tema nervoso central de muitos insectos, desta forma, provocando sua morte.
Quando não encontra mais presente algum tipo de matéria orgânica, o Oxigénio
Atómico passa então a oxidar metais e não metais, além de outros compostos minerais.
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E quando estes últimos compostos passíveis de oxidação não estão mais presen-
tes, o Oxigénio Atómico residual se transforma em Oxigénio Molecular (O2), que se difun-
de para a atmosfera ou se dissolve no meio onde as reações de oxidação aconteceram.
Assim, o Peróxido de Hidrogénio, ou Peridrol, pode ser um poderoso DEFENSIVO
AGRÍCOLA, após a acção do qual, repetindo mais uma vez, não teremos resíduos tóxicos
a nenhum ser vivo, seja ele animal ou vegetal.
E uma das coisas importantes que justificam o seu uso É O SEU CUSTO EXTRE-
MAMENTE BAIXO.
No entanto, NO SEU ESTADO PURO é um produto de manuseio e armazenamen-
to relativamente perigoso.
Este perigo para o usuário comum, no entanto, foi de há muito eliminado, usando-
se inúmeras diluições do mesmo em água.
Mesmo assim, diluições muito concentradas, também devem ser armazenadas e
manuseadas com cautela.
O uso humano de água oxigenada se perde pelo tempo, e o mais comum é sua uti-
lidade como hemostático.
Acredito que muitos leitores devem lembrar-se de suas mães e avós que coloca-
vam água oxigenada em ferimentos para estancar sangramentos.
Sempre foi utilizada também como um desinfectante de ferramentas e incisões nas
salas de cirurgia de hospitais e ambulatórios.
Lamentàvelmente esta prática caiu em desuso, e não temos explicações para isto.
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Mas, voltemos ao tema principal deste texto.
Podemos afirmar, pelas experiências levadas a efeito durante muitos anos, que de-
vemos podemos sempre utilizar a água oxigenada na agricultura, especialmente quando
praticamos a Hidroponia.
Mesmo quando não tenhamos efeitos visíveis de algum tipo de praga, ela será
sempre um tratamento preventivo, pràticamente sem efeitos colaterais.
Mais atualmente isso nos foi comprovado com extensa experiência em culturas hi-
dropónicas e mesmo em solo, tanto em ambientes protegidos como não protegidos.
Nas culturas hidropónicas, ela pode ser usada dissolvida na solução nutritiva, ou
aplicada como aspersão foliar, conforme a praga que precisamos combater e/ou evitar, e
conforme sua localização e origem.
Nas culturas em solo, protegidas ou não, até ao momento tem sido utilizada em
aspersão foliar, e sempre que possível como aspersão do solo.
Da mesma forma, deve o hidroponista fazer aspersão no solo em baixo das banca-
das de cultivo hidropónico e nos corredores entre as mesmas.
Durante toda a explanação que faremos, daremos sempre ênfase à sua aplicação
na Hidroponia, e destas aplicações, fàcilmente o leitor deduzirá sua aplicação nas culturas
em solo.
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Pode ocorrer também que muitos insectos, que têm capacidade de locomoção
mais rápida, logo no início da acção do peridrol, se apercebam do perigo a que se expu-
seram, e se afastem ou fujam do ambiente que não mais lhes é propício antes de serem
muito afectados, conseguindo sobreviver.
Isto tem sido observado com certa frequência.
Desta feita, em vez da morte de ditos insectos, temos um afugentamento dos
mesmos, o que para o agricultor também é um grande benefício.
Os testes de campo levados a efeito com aspersão das doses acima recomenda-
das, mostraram uma eficiência muito alta no combate a fungos como oídio, míldio, fungos
causadores da antracnose, fungos causadores da cercosporiose, pulgões e vários insec-
tos, uns apresentando mais resistência que outros, como a alternaria, muito resistente.
A freqüência das pulverizações nas infestações profundas deve ser diária até o
fungo em questão desaparecer, passando-se para aspersões dia sim dia não durante
uma semana, e posteriormente uma vez por semana a título de prevenção.
No caso do míldio, é interessante notar que ele se desenvolve na parte inferior das
folhas, e uma aspersão feita por cima das mesmas não apresentará grande ou até ne-
nhum efeito.
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Porisso, sempre que possível, deve ter-se o cuidado de pulverizar a parte inferior
das folhas, o que nem sempre é fácil.
Mas hoje temos os pulverizadores eletrostáticos que resolvem êste problema.
Dado que nossa solução de pulverização não tem depósitos ou suspensões, e nem
é uma emulsão, as pulverizações terão um grande efeito se feitas por nebulização.
A ação de muitos fungos poderá não ser reversível.
Por exemplo, no caso de cercosporiose, apodrecimentos em maior grau não vão
desaparecer, mas no início de sua ação, as folhas se recuperam bem.
Da mesma forma, frutos já em inicio de podridão causada por antracnose, não se
recuperam, mas a praga desaparece não dando margem a que novos frutos venham a
apodrecer.
Testes de campo também levados a efeito, nos mostraram uma grande eficiência
das pulverizações no combate a trips, môsca branca, môsca da larva miradora, bem como
outros.
Porém nestes casos, há comportamentos diferentes dos vários insectos.
Quando se fazem as pulverizações, muitos morrem ràpidamente, e podem ser vis-
tos mortos.
Outros acreditamos que sentem ràpidamente um ambiente hostil e fogem imedia-
tamente.
O trips é um insecto típico deste caso.
Interessante é que fogem, e com a periodicidade das aplicações preventivas, não
voltam.
Outro caso típico é a ineficiência do processo com certos insectos, porque as apli-
cações são feitas em horários inadequados.
Caso típico disto é a môsca da larva minadora.
Ela é muito ativa e coloca os ovos nas primeiras horas da manhã, e depois de co-
locá-los se esconde ou foge.
É, pois, interessante senão necessário, que o hidroponista conheça melhor e estu-
de os hábitos dos insectos para poder conseguir a eficiência que se pretende no uso des-
te processo.
Não temos registro de resultados com ácaros, mas é possível que haja resultados
eficientes.
As dosagens recomendadas na tabela acima, também não são rígidas.
Sempre tendo cuidado, elas poderão ser aumentadas.
No caso de môsca branca em culturas no solo, a eficiência do processo se mostrou
maior com concentrações de água oxigenada cerca de 50% maiores do que as recomen-
dadas, sem que a planta sofresse nenhum dano.
CONSIDERAÇÕES SÔBRE O Ph
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ou menos, valor esse que nos permite grande longevidade na estabilidade desses produ-
tos, a qual pode chegar a anos.
Mas durante sua utilização em hidroponia, algumas coisas precisam ser considera-
radas, para se tomarem os devidos cuidados.
Durante o tratamento das águas para preparo de soluções nutritivas bem como as
águas para reposição, estas podem apresentar-se de duas formas genéricas.
Podem ser alcalinas ou ácidas, fatores êstes que podem variar muito quanto à sua
origem.
Não vamos aqui detalhar os diversos tratamentos que se podem ou devem fazer
nessas águas, porém falaremos sòmente o que tange ao seu pH.
Quanto estivermos frente a uma água neutra ou alcalina, pH igual ou maior do que
7,0, ao adicionarmos a elas a água oxigenada, esta última passa para um estado alcalino,
e decompõem-se com alta velocidade.
Esta velocidade poderá ser alta o suficiente para não permitir que a água oxigena-
da tenha tempo de disseminar-se na água e fazer o seu efeito esperado.
Ela irá decompor-se ràpidamente, e todo o Oxigénio Atómico (O--) resultante, fàcil-
mente irá disseminar-se na atmosfera ou dissolver-se na água, já na forma de Oxigénio
Molecular (O2).
Assim é, pois, que por garantia, devemos tratar prèviamente a água de forma a que
tenha um pH menor do que 7,0 antes de proceder à sua desinfecção.
Com a solução esta reação também poderá ocorrer, embora com menos frequên-
cia, pois via de regra, nossa solução nutritiva é sempre mantida com pH ácido, entre 5,8 e
6,8.
Porém, nem todos os hidroponistas prezam em fazer o controle e correção do pH
de sua solução nutritiva, o que não é uma boa prática.
Assim, antes de fazer-se a adição de água oxigenada na solução nutritiva, é de
bom alvitre verificar-se e corrigir-se o pH da mesma.
Isso irá garantir-nos que a água oxigenada não se decomponha antes de estar to-
talmente dissolvida na solução, atingindo assim nossos objectivos.
Lógico está que a solução nutritiva estará sempre com pH maior do que 5,0, mas
estará em um nível suficiente para que a água oxigenada se dissolva uniformemente, e
seu efeito possa ser mais eficiente, por uma decomposição lenta.
Não podemos afirmar aqui qual o pH ideal da água ou da solução nutritiva, para
que o efeito de desinfecção seja mais ou menos eficiente, nem tampouco sabemos com
exatidão quanto tempo determinado volume de água oxigenada demora a decompor-se.
Não encontramos nenhuma pesquisa científica a respeito.
Só informações esporádicas dizendo que o peridrol, tanto puro como dissolvido em
água, demora de duas a quatro horas para decompor-se totalmente.
EFEITOS COLATERAIS
Como qualquer produto químico utilizado tanto em seres humanos quanto seres
vegetais e outros animais, a água oxigenada apresenta vários efeitos colaterais,
Nas culturas vegetais, êstes efeitos não são danosos às mesmas, e podem ser fà-
cilmente contornáveis.
Vejamos os efeitos mais comuns.
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Quando se exagera na dosagem e frequência de adições de água oxigenada em
soluções nutritivas, podemos ter a queima de raízes sadias, o que se observa inicialmente
nas pontas das mesmas por um amarelamento inicial.
Nêste caso, é só reduzir as dosagens das aplicações e a frequência das mesmas.
É comum usarem-se produtos químicos e/ou biológicos na desinfecção de substra-
tos na preparação de mudas de plantas, e a água oxigenada poderá destruir êstes produ-
tos e seus efeitos.
Terá nêste caso o agricultor optar pelo uso de tais produtos, ou fazer a desinfecção
com água oxigenada.
No entanto, nêste caso, o agricultor jamais deverá deixar de fazer a profunda de-
sinfecção das bandejas de germinação após o seu uso.
É comum o agricultor adicionar elementos fitorreguladores e protetores à sua solu-
ção nutritiva, sendo caso típico o uso de culturas de bacillus subtilis.
Estas serão destruídas pela água oxigenada.
No entanto, uma vez que estejamos usando a água oxigenada já em carácter pre-
ventivo, êstes elementos poderão ser repostos nos intervalos de nosso tratamento de de-
sinfecção, dando continuidade à sua acção.
Como qualquer outro insecticida convencional, a água oxigenada pode eventual-
mente provocar a morte de insectos benéficos, como as abelhas e as joaninhas.
Em todos os testes de campo efectuados, não pudémos averiguar este facto, por-
que estes insectos não estavam presentes antes das aplicações, nem apareceram mortos
após os tratamentos.
Quando todo o sistema hidropônico estiver totalmente desinfectado, e não houver
no mesmo mais matéria orgânica a ser destruída, embora remotamente, é possível que
passemos a ter oxidação de alguns micronutrientes metálicos existentes na solução nutri-
tiva, tornando-os indisponíveis às plantas.
Isto é perfeitamente controlável pela adição mais freqüente destes elementos em
nossa solução nutritiva
CONCLUSÕES
Acreditamos por tudo o que expusemos aqui, que a água oxigenada é um defensi-
vo agrícola muito viável.
Seu custo é extremamente baixo.
Pode ser adquirido fàcilmente, sem necessidade de receituário específico emitido
por profissionais autorizados para isso.
Sua aplicação é extremamente simples.
Embora sempre recomendável, não exige equipamentos de proteção especiais pa-
ra os aplicadores do produto.
Pode ser aplicado de forma preventiva sem danos colaterais expressivos às plan-
tas.
Não tem efeitos residuais nas plantas, e consequentemente não é danoso às
mesmas, ao ser humano e a outros seres vivos, a não ser aqueles dos quais necessita-
mos nos defender.
Não contamina nem agride o ambiente onde é aplicado, seja ele o solo ou o ar.
Porém, a técnica apresentada necessita ser mais estudada para podemos ampliar
sua aplicação.
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FOTOS
Queimaduras nas mãos por manejo inadequado de água oxigenada 200 volumes
Queimaduras nas mãos por manejo inadequado de água oxigenada 200 volumes
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Planta altamente infestada por oídio
Planta infestada por oídio após 2 dias de tratamento com água oxigenada
13
Planta infestada por oídio após 5 dias de tratamento com água oxigenada
14
Planta infestada por pythium após uma semana de tratamento com água oxigenada
Planta infestada por pythium após doze dias de tratamento com água oxigenada
15
Môscas brancas mortas após aspersão de água oxigenada
16
Insectos mortos após aspersão de água oxigenada
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Insecto morto após aspersão de água oxigenada
AGRADECIMENTOS
Sr. Samuel Chiodi – Técnico Agrícola – Pelo seu incansável trabalho em todas as exten-
sas pesquisas de campo e de bancada por quase um ano, cujos resultados permitiram
êste trabalho.
Dra. Fernanda di Creddo Palharin – Eng. Agrónoma – Por todas as orientações em nu-
trição de plantas, em incidências de pragas e doenças agrícolas, bem como na utilização
de defensivos agrícolas convencionais.
NOTA – Artigo com direitos autorais registrados no Ministério da Cultura – Fundação BI-
BLIOTECA NACIONAL – Escritório de Direitos Autorais.
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