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1. Introdução
A Logoterapia e Análise Existencial - também conhecida como a Terceira Escola Vienense de
Psicoterapia, sendo a Psicanálise Freudiana a Primeira e a Psicologia Individual de Adler a Segunda - é
um sistema teórico - prático criado pelo psiquiatra vienense Viktor Emil Frankl, que se tornou
mundialmente conhecido a partir de seu livro "Em Busca de Sentido" (Um Psicólogo no Campo de
Concentração) no qual expõe suas experiências nas prisões nazistas e lança as bases de sua teoria. A
Análise Existencial de Viktor Emil Frankl é uma linha existencial-humanística que busca compreender
o homem em todas as suas dimensões: psicológica, biológica, social e espiritual.
O termo "logos" é uma palavra grega que significa "sentido". Assim, a "Logoterapia concentra-
se no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa por este sentido" (Frankl). Para a
Logoterapia e Análise Existencial, a busca de sentido na vida da pessoa é a principal força motivadora
no ser humano.
O homem sempre procurou dar um sentido à sua vida e aprofundar-se em sua existência. A
frustração dessa necessidade é um sintoma do nosso tempo. O sofrimento e a falta de sentido
configuram o vazio existencial que muitos experimentam. Frankl não pretendeu suplantar a
Psicoterapia vigente, mas complementá-la e também ampliar o conceito de ser humano, a de um ser
livre e responsável, que constrói a sua história, que se posiciona diante dos condicionamentos
biológicos, psicológicos e sociológicos. Traz uma teoria mais otimista e humanizadora.
Faz uma proposta que não se limita à Psicologia, mas abrange todas as áreas da atividade
humana e busca resgatar aquilo que é especificamente humano na pessoa, sua liberdade para além das
circunstâncias, sua responsabilidade perante algo ou alguém e a autotranscendência como ser dirigido
para além de si, aberto para encontrar sentido em qualquer situação e realizar valores. Diante desse
homem, apareceu a necessidade de uma visão psicológica mais compreensiva e ampla, que
respondesse, além dos problemas cotidianos, às questões importantes da vida humana, como as
indagações sobre a própria existência.
Essa análise existencial se fundamentaria em uma autêntica compreensão do homem que lhe
possibilitasse encontrar um sentido para sua vida.
2. Influências
A logoterapia desenvolveu uma nova visão de homem como base de uma psicoterapia e teve
influências significativas do pensamento existencialista e fenomenológico do século XX. Assim,
considerando a importância dessas influências na construção da logoterapia, a seguir serão
apresentados em linhas gerais alguns fundamentos dessas escolas de pensamento.
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2.1. Fenomenologia
O termo fenomenologia foi criado no século XVIII, por J. H. Lambert, para designar o estudo
puramente descritivo dos fenômenos, da forma como eles se apresentam à consciência. Já como
corrente filosófica, a fenomenologia foi fundada por Edmund Husserl, na Alemanha, entre o fim do
século XIX e começo do XX.
A Fenomenologia tem como finalidade o estudo da consciência e dos objetos da consciência. A
grande questão que se apresentava em relação ao ser humano, era o confronto entre a consciência
individual e o mundo comum onde cada ser singular vive e onde todos vivem.
A fenomenologia, para Husserl, significa deixar aparecer ou tornar evidente, tudo aquilo cuja
natureza intrínseca consiste em aparecer, ou seja, deixar que se torne manifesto como de fato é. A
consciência e a realidade estão intimamente interligada, de forma que não haverá consciência sem o
objeto da realidade e vice-versa.
O interesse para a fenomenologia não é o mundo existente, mas o modo como o conhecimento
desse mundo se dá para cada sujeito, e sua tarefa é desvelar o mundo vivido antes de significá-lo
(Surdi, 2008). Em referência às ideias de Husserl, Surdi (2008) explica que os fenômenos têm sua
essência de ser e é isso que lhes confere um sentido e significado próprios.
A aplicação do método fenomenológico na psicoterapia é uma tentativa de compreensão do
homem, antes de colocá-lo como objeto de estudo. E tal compreensão só é possível na relação
interpessoal, no encontro terapêutico, em que, ao mesmo tempo, descobre-se a si mesmo e o outro.
Prioriza-se aqui a comunicação, o entendimento direto, evitando-se o apoio em conceitos absolutos.
2.2. Existencialismo
O existencialismo centra sua reflexão na pessoa existente, vivo e a consequente valorização
desse existir, desse viver. Além disso, sob essa perspectiva, o homem é visto como uma realidade
inacabada e aberta e que se vincula intimamente ao mundo e, em especial, aos demais homens. E é essa
relação homem-mundo que constitui o tema da filosofia existencialista.
Tal movimento propõe levar o ser humano a aprender o significado de sua existência concreta,
vivencial, de forma a conduzi-lo à plenitude existencial, mediante o exercício da liberdade responsável
e da livre escolha.
Seu objetivo era, partindo de uma compreensão vaga do ser, poder interrogá-lo e alcançar
plenamente seu sentido. Essa “análise da existência” se utilizava do método fenomenológico, negando
a compreensão do homem com base em teorias. Sartre afirma que o homem é livre para decidir o
caminho a tomar e responsável por suas decisões. A questão da liberdade e das escolhas humanas
aparece como ponto fundamental. Mesmo o ato de não escolher já consiste em uma escolha.
E diferente do conceito de livre-arbítrio, a liberdade se liga intimamente ao conceito de
responsabilidade: se, de um lado, o sujeito pode encaminhar sua vida, de outro, é responsabilizado por
seus atos (MARQUES, 1998). Ele reconhece que o homem é condicionado pela sociedade e suas
regras. A preocupação dos escritores existencialistas manifesta o trágico sentido da vida em contraste
com a frivolidade e a superficialidade que são um tipo de viver diminuído, alienado.
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Com base nas ideias do existencialismo, Viktor Frankl (Xausa, 1988) propôs uma análise
existencial, que procura, na clínica psicoterapêutica, atentar para o sentido único da existência de cada
paciente. Além disso, essa análise existencial retoma a questão da finitude e temporalidade, descritas na
reflexão existencialista e que aparecem como elementos constitutivos do sentido da própria vida
humana. É por esse caminho que ele aponta a importância da existência, considerando-a como algo
único e irrepetível, e repleta de possibilidades igualmente únicas e irrepetíveis (Xausa, 1988).
A dimensão espiritual (ou noética). Esta dimensão essencialmente humana seria a responsável
pela vivência da liberdade e da responsabilidade, ligando-se às questões existenciais. Uma terapia que
negligenciasse essa dimensão incorreria no risco de entender e tratar dificuldades existenciais como se
fossem patologias, e não como algo genuinamente humano.
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tradição que lhe diga o que ele deve fazer. Em vez disso, ele deseja fazer o que os outros fazem
(conformismo), ou ele faz o que outras pessoas querem que ele faça (totalitarismo). O vazio existencial
manifesta-se principalmente num estado de tédio.
Fenômenos como a depressão, agressão e vício não podem ser entendidos se não
reconhecermos o vazio existencial subjacente a eles.
Em uma pesquisa, realizada por Annemarie Forstmeyerm na Universidade do oeste da
Califórnia, 90% dos casos crônicos de alcoolismo investigados revelaram uma forte sensação de falta
de sentido (Frankl, 1990).
3.4 Autotranscendência
Apesar de todo homem ser condicionado, Frankl (2003b) defende que o que distingue o homem
é a capacidade de se elevar acima de sua própria condicionalidade, transcendendo-a.
Assim, é preciso que sejamos capazes de se esquecer de nós mesmos, dedicando-nos a uma
tarefa ou a outro ser humano, ou seja, algo externo a nós e que nos transcende. Só por meio da
dedicação a algo que nos ultrapassa podemos alcançar a autorrealização (FRANKL, 2003b).
Lukas (1992) coloca que o sentido se mostra àqueles que conseguem superar a fixação em si,
abrindo-se para o mundo e suas tarefas.
3.5 Noodinâmica
A noodinânima, ou seja, uma dinâmica existencial em um campo polarizado de tensão, em que
um dos polos está representado por um sentido a ser cumprido e outro, pela pessoa que deve cumprir.
Seria então sobre a tensão entre o que se alcançou e os potenciais a serem realizados que se basearia a
saúde mental.
4. Aconselhamento
A logoterapia busca estimular a atenção à consciência e a responsabilidade diante de cada
situação. Lukas (1992) conta de uma paciente que estava aflita, pois precisava se decidir entre seu
marido e seu amante. Enquanto ao lado do marido possuía uma situação de estabilidade pessoal e
financeira, o amante lhe oferecia carinho e erotismo. No entanto, o amante tinha uma namorada e não
estava disposto a abandoná-la para assumir um relacionamento com essa paciente.
Com a técnica do denominador comum, havia o objetivo de avaliar o peso (positivo ou
negativo) que a decisão da paciente teria para cada um dos envolvidos na história – ela própria, o
marido, o amante e a namorada do amante. Juntas, a paciente e a logoterapeuta montaram uma tabela.
Com isso, obteve-se que, caso ela optasse por permanecer ao lado do marido e abdicar do
amante, “beneficiaria” o marido e a namorada do amante. Cada um deles recebeu, na tabela, um sinal
(+). Por outro lado, se ela decidisse se divorciar, ficando com o amante, haveria um resultado negativo
para seu marido e a namorada do amante. Aqui, cada um deles recebeu um sinal (-).
No caso dela, tendo em vista sua ambivalência, e do amante, em face de seu desinteresse em
assumir uma relação, as duas decisões foram pontuadas com um sinal (+ -), indicando indiferença.
Assim, enquanto a decisão favorável do marido teria um sentido positivo para duas pessoas e não seria
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negativa para nenhum dos envolvidos, a decisão a favor doa amante teria como saldo um sentido
negativo para duas pessoas e nenhum sentido positivo. Mas isso ainda não seria suficiente para que a
paciente tomasse uma decisão. Era preciso que ela respondesse a seguinte questão, feita pela
logoterapeuta: “quanta felicidade ou infelicidade a senhora quer que decorra de suas ações?”. Nesse
momento, a paciente se deu conta de que precisava, além da consciência, contar com a
responsabilidade para tomar essa decisão.
5. Bibliografia
- Ewald, A. P. Fenomenologia e existencialismo: articulando nexos e costurando sentidos. Estud Pesqui
Psicol; 8(2):149-65, 2008.
- Fiedler, A. J. C. B. P. Teorias existenciais fenomenológicas. 3ª edição, Edicon. São Paulo, 2015.
- Frankl, V. E. Em busca de sentido. 35º edição. Vozes. Petrópolis. 2008.
- Lukas, E. Psicologia Espiritual.
- Surdi, A. C. A fenomenologia como fundamentação para o movimento humano significativo.
Dissertação (mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Desportos, 2008.
- Xausa, I. A. M. A psicologia do sentido da vida. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1988.