Tipologia de ações

Kant define o conceito de dever como algo que contém em si o de uma boa vontade.
Sob certas limitações e obstáculos subjetivos, estes, muito longe de ocultarem e tornarem
irreconhecível a boa vontade, faze-na ressaltar por contraste e brilhar com luz mais clara.
Distingue três tipos de ações: ações contrárias ao dever, ações em conformidade com o
dever e ações por dever.
Ações contrárias ao dever são as ações reconhecidas pelo querer em geral como ilegais e
imorais.Este tipo de ações nem se quer se põe em questão se foram praticadas por dever,
visto estarem até em contradição com ele.
As ações em conformidade com o dever são ações legais que podem ser praticadas por
inclinação natural, visto se encontrar em nós próprios a predisposição para as praticar
quando são realizadas tendo por fim um interesse. Kant usa o exemplo do merceeiro que
não sobe os preços ao comprador inexperiente, mantendo um preço fixo para toda a
gente. Se o merceeiro não fixasse o preço dos seus produtos estaria a agir contrariamente
ao dever; se a sua intenção é a de lucrar através de uma imagem de honestidade, então a
sua acção é praticada em conformidade com o dever sem inclinação imediata; se é sua
intenção ser amigável para com os clientes e se isso faz parte da sua natureza, então a
sua acção é conforme ao dever por inclinação imediata.
As ações por dever são as únicas que são praticadas sem qualquer interesse ou
inclinação, mas apenas por uma vontade que determina as suas ações por puro respeito à
lei moral: a Boa Vontade. Só nestas encontramos valor moral, pois constituem um fim em
si mesmas.
Para kant estas são as verdadeiras ações morais, pois o valor reside na intenção que
conduz à ação. Sendo praticadas por respeito ao dever, a ação constitui um fim em si
mesmo e não um meio para obter uma recompensa. Isto significa que o homem age bem,
se agir por dever e agir por dever é agir por respeito à lei moral, e não determinado por
consequências ou ao fins a atingir.