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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA


ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA- ÊNFASE EM ELETROTÉCNICA

LUCAS TODESCHINI CUSSOLIN


RICARDO GONÇALVES LAUFER

GUIA PARA DETERMINAÇÃO DO ATPV

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA
2017
LUCAS TODESCHINI CUSSOLIN
RICARDO GONÇALVES LAUFER

GUIA PARA DETERMINAÇÃO DO ATPV

Trabalho de Conclusão de Curso de


Graduação apresentado à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso 2, do
Curso de Engenharia Industrial Elétrica –
Ênfase em Eletrotécnica do Departamento
Acadêmico de Eletrotécnica – DAELT, da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR, como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: Profa. Dra. Nastasha Salame


da Silva
Co-orientador: Me. Eng. Eletricista Júlio
César Sécolo Ganacim

CURITIBA
2017
Lucas Todeschini Cussolin
Ricardo Gonçalves Laufer

Guia para determinação do ATPV

Este Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para a
obtenção do Título de Engenheiro Eletricista, do curso de Engenharia Elétrica do Departamento
Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Curitiba, 24 de Novembro de 2017.

____________________________________
Prof. Emerson Rigoni, Dr.
Coordenador de Curso
Engenharia Elétrica

____________________________________
Profa. Annemarlen Gehrke Castagna, Dra.
Responsável pelos Trabalhos de Conclusão de Curso
de Engenharia Elétrica do DAELT

ORIENTAÇÃO BANCA EXAMINADORA

______________________________________ _____________________________________
Nastasha Salame da Silva, Dra. Andrea Lucia Costa, Dra.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Orientadora

______________________________________ _____________________________________
Júlio César Sécolo Ganacim, Me. Carlos Henrique Karam Salata, Esp.
Thesis Infraestrutura Elétrica Ltda Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Co-orientador

______________________________________
Júlio César Sécolo Ganacim, Me.
Thesis Infraestrutura Elétrica Ltda

A folha de aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica.


AGRADECIMENTOS

À nossa orientadora Dra. Nastasha Salame da Silva, agradecemos pela


dedicação, disponibilidade e ensinamentos ao longo do desenvolvimento deste
trabalho.
Agradecemos ao Co-orientador: Me. Eng. Eletricista Júlio César Sécolo
Ganacim que contribuiu para a concretização do trabalho, disponibilizando o acervo
de sua empresa bem como seu tempo e conhecimento no assunto.
Aos professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas
a este estudo.
Aos familiares e amigos, que durante todo esse tempo contribuíram de maneira
particular para que esta etapa fosse concretizada.
RESUMO

TODESCHINI, Lucas; LAUFER, Ricardo. GUIA PARA DETERMINAÇÃO DO ATPV.


92 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Industrial Elétrica, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

Este trabalho apresenta fundamentação teórica/conceitual do curto-circuito em


instalações elétricas em média e baixa tensão, com o objetivo da elaboração de um
guia para determinação do ATPV (Arc Thermal Performance Value – Valor de
performance do arco elétrico), em forma de fluxograma, acrescido de uma planilha
eletrônica do Excel, objetivando melhorar a segurança do trabalhador. São abordados
um acervo normativo que abrange o estudo do ATPV. É discutido também os conceitos
relacionados às instalações elétricas, tais como o levantamento de cargas de uma
instalação elétrica, a existência do projeto elétrico em conformidade com a NR-10
(norma regulamentadora), ou seja, conhecer o sistema em que será feita a análise do
ATPV. Com esse levantamento de dados inicial, são aclarados os aspectos que
envolvem o curto-circuito, que será utilizada posteriormente no cálculo do ATPV para
classificação de vestimenta do operador. O conhecimento do que vem a ser ATPV é
primordial para entender qual a relevância desse estudo, visando primordialmente a
segurança do operador, como também a otimização, dentro do possível, dos aspectos
de ergonomia e economia no correto dimensionamento da vestimenta. De forma a
complementar o trabalho, foi utilizado como estudo de caso uma indústria de grande
porte para a aplicação direta do guia e da planilha em Excel para determinação do
ATPV a partir do cálculo da energia incidente, em pontos críticos, sob luz das correntes
de curto-circuito, da instalação.

Palavras-chave: ATPV. Arco elétrico. Curto-circuito. Energia incidente. Segurança


do operador.
ABSTRACT

TODESCHINI, Lucas; LAUFER, Ricardo. GUIDE TO DETERMINATION OF ATPV.


92 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Industrial Elétrica, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

This research presents a theoretical and conceptual fundamentals of short-


circuit in low and medium voltage electrical instalations, purposing to create a guide
that defines (Solves) the ATPV (Arc Thermal Performance Value), in a format of a
flowchart, followed by an Excel spreadsheet, with the intend of improving the worker
safety. A normative collection about ATPV is addressed. Some concepts are also
discussed, such ones related to electrical installations, like; searching for the loads in
an electrical installation, the existence of electrical design in accordance with the NR-
10 (regulatory standard), establishing the system where the analysis of ATPV will be
applied. With a initial data search, the short circuit aspects are clarified, which will be
used later in the ATPV calculation to rank the operator's clothing. The knowledge of
what is ATPV is essential to understand the relevance of this study, primarily to aim the
safety of the operator indeed, to optimize, as far as possible, the aspects of ergonomics
and economy with the correct dimensioning of the clothing. In order to complement the
work, a large-scale industry is used as a case study for the direct application of the
guide and the spreadsheet to define the ATPV from the calculation of the incident
energy, in critical points, under light of the currents of short circuit, of the installation.

Key Words: ATPV. Electric arc. Short-Circuit. Incident Energy. Safety of the operator.
РЕЗЮМЕ

TODESCHINI, Lucas; LAUFER, Ricardo. РУКОВОДСТВО ДЛЯ ВИЗНАЧЕННЯ


АТПВ. 92 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Industrial Elétrica,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

Дана робота являє собою теоретичну / концептуальну основу короткого


замикання в електричних установках середньої та низької напруги з метою
розробки посібника для визначення ATPV (Arc Thermal Performance Value) –
(абревіатура англійською мовою) у формі блок-схеми, а також електронну
таблицю Excel, спрямовану на покращення безпеки працівників. Розглянуто
нормативну колекцію, що охоплює вивчення АТПВ. Також обговорювалися
поняття, пов'язані з електроустановками, такі як підйом навантажень від
електричної установки, наявність електричного проектування відповідно до HC-
10 (нормативний стандарт), тобто знати систему, в якій буде проводитися аналіз
АТПВ. З цим початковим збором даних роз'яснюються аспекти короткого
замикання, які будуть використані пізніше в розрахунку на АТПВ для класифікації
одягу оператора. Знання того, що таке АТПВ, має важливе значення для
розуміння актуальності даного дослідження, перш за все, спрямованого на
безпеку оператора, а також оптимізацію, наскільки це можливо, аспектів
ергономіки та економії у правильному розмірі одягу. Для того, щоб доповнити
роботу, велика промисловість була використана у якості прикладу для прямого
застосування довідника та електронної таблиці в Excel для визначення АТПВ від
розрахунку енергії падіння в критичних точках з урахуванням струмів коротке
замикання, встановлення.

Ключові слова: АТПВ. Дуговий електричний. короткого замикання. Інцидент


Енергія. безпеку оператора.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Centro de Comando de Motores de uma mineradora. .............................. 22


Figura 2 - Motor da linha produtiva de cal de uma mineradora. ................................ 22
Figura 3 - Banco de Capacitores da linha produtiva de cal de uma mineradora. ...... 23
Figura 4 - Quadro de iluminação e tomadas de empreendimento comercial. ........... 24
Figura 5 - Diagrama de sequência positiva. .............................................................. 28
Figura 6 - Diagrama de sequência negativa. ............................................................. 28
Figura 7 - Diagrama de sequência zero. ................................................................... 29
Figura 8 - Curto-circuito trifásico. .............................................................................. 31
Figura 9 - Curto-circuito bifásico (a) e Curto-circuito bifásico com terra (b). ............. 32
Figura 10 - Curto-circuito fase-terra (a) e curto-circuito com contato
simultâneo (b)............................................................................................................ 32
Figura 11 - Atuação do equipamento de proteção em função da energia incidente e do
limite máximo para queimaduras de segundo grau. .................................................. 46
Figura 12 - Procedimento de teste das vestimentas sob condições de
arco elétrico. .............................................................................................................. 48
Figura 13 - Profissional exposto ao arco elétrico....................................................... 49
Figura 14 - EPIs para categoria de risco de ATPV 1 e 2 (a) e EPIs para categoria de
risco de ATPV 3 e 4 (b).............................................................................................. 52
Figura 15 – Fluxograma guia para determinação do ATPV. ...................................... 68
Figura 16 – Primeira Aba: Dados de Base. ............................................................... 70
Figura 17 – Segunda Aba: Dados da(s) Concessionária(s). ..................................... 71
Figura 18 – Terceira Aba: dados dos transformadores. ............................................. 72
Figura 19 – Quarta Aba: dados dos geradores.......................................................... 73
Figura 20 – Quinta Aba: dados dos motores. ............................................................ 74
Figura 21 – Sexta Aba: dados dos ramais e condutores. .......................................... 75
Figura 22 – Sétima Aba: Resumo das Impedâncias dos elementos. ........................ 76
Figura 23 – Oitava Aba: cálculo das impedâncias equivalentes. ............................... 77
Figura 24 – Nona Aba: resumo das impedâncias equivalentes analisadas. .............. 77
Figura 25 – Nona Aba: níveis de curto circuito trifásicos e bifásicos. ........................ 78
Figura 26 – Décima primeira Aba: níveis de curto circuito trifásicos e bifásicos. ...... 78
Figura 27 – Décima segunda Aba: níveis ATPV. ....................................................... 79
Figura 28 - Dados no ponto de entrega de energia fornecidos pela COPEL. ........... 82
LISTA DAS TABELAS

Tabela 1 - Ocorrência dos curtos-circuitos ................................................................ 30


Tabela 2 - Grandezas Elétricas. ................................................................................ 33
Tabela 3 - Dados característicos de transformadores trifásicos em óleo para instalação
interior ou exterior - classe primário em estrela ou triângulo e secundário em
estrela - 60 Hz. .......................................................................................................... 38
Tabela 4 - Resistência e reatância dos condutores de cobre (valores médios). ........ 44
Tabela 5 - Categorias ATPV ...................................................................................... 49
Tabela 6 - Proteções recomendadas em função da categoria de risco de ATPV ...... 50
Tabela 7 - Distâncias utilizadas para os cálculos de energia incidente. .................... 53
Tabela 8 - Passo a passo para a determinação da energia incidente e da distância
segura de aproximação de acordo com a norma IEEE 1584. ................................... 55
Tabela 9 - Fatores para equipamentos e classes de tensão ..................................... 57
Tabela 10 - Tempo de abertura para disjuntores de potência .................................... 58
Tabela 11 - Tipos de equipamento e a distância típica entre barramentos ................ 59
Tabela 12 - Tipo de equipamento e a distância de trabalho típica ............................. 59
Tabela 13 – Valores tomados como base do sistema ............................................... 84
Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema ........................... 85
Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema (Continuação 1) . 85
Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema (Continuação 2) . 85
Tabela 15 – TAGs para cada barramento do sistema................................................ 88
Tabela 16 – Resumo das impedâncias equivalentes do sistema .............................. 88
Tabela 17 – Níveis de corrente de curto-circuito trifásica simétrica ........................... 89
Tabela 18 – Valores de corrente de arco elétrico, energia incidente e categoria do
ATPV ......................................................................................................................... 90
Tabela 19 – Categoria do ATPV e o ponto de análise ............................................... 91
LISTA DE SIGLAS

ATPV Arc Thermal Performance Value –


Valor de Performance do Arco Elétrico

NR Norma Regulamentadora

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPC Equipamento de Proteção Coletivo

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

NTC Normas Técnicas da Copel

NBR Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

PU Por Unidade

CEE Concessionária de Energia Elétrica


LISTA DE ACRÔNIMOS

ISO International Organization for Standardization-


Organização Internacional de Padronização

NFPA National Fire Protection Association-


Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios

CENELEC European Committee for Electrotechnical Standardization-


Comitê Europeu de Normalização Electrotécnica

ASTM American Society for Testing and Materials-


Associação Americana de Testes e Materiais

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers-


Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


SUMÁRIO

1. SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE ..... 13


1.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 13
1.2. OBJETIVO .................................................................................................... 16
1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 16
2. CONSIDERAÇÕES E PROCEDIMENTO PARA O LEVANTAMENTO DE
CARGAS............................................................................................................... 19
2.1. EXISTÊNCIA E CONFORMIDADE DO PROJETO ELÉTRICO .................... 19
2.2. CONCLUSÃO CAPITULO 2 ......................................................................... 25
3. CURTO-CIRCUITO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ................................. 26
3.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 26
3.2. MODELAGEM DO SISTEMA EM COMPONENTES SIMÉTRICAS ............. 26
3.3. TIPOS DE CURTO-CIRCUITO ..................................................................... 30
3.4. CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO: MÉTODO DO SISTEMA POR
UNIDADE .............................................................................................................. 33
3.4.1. Sequência de Cálculo de Curto-circuito ................................................. 36
3.4.1.1. Impedância reduzida do sistema ............................................................ 37
3.4.1.2. Impedância de um barramento, ramal ou transformador ....................... 37
3.4.1.3. Impedância do circuito (ramal) que conecta o transformador ao quadro
geral de força (QGF) ............................................................................................. 39
3.4.1.4. Impedância do barramento do Quadro Geral de Força (QGF) ............... 40
3.4.1.5. Impedância do circuito que conecta o quadro geral de força ao centro de
motores (CCM)...................................................................................................... 40
3.4.1.6. Impedância do circuito que conecta o centro de controle de motores
(CCM) aos terminais do motor .............................................................................. 41
3.4.1.7. Corrente simétrica de curto-circuito trifásico .......................................... 41
3.4.1.8. Corrente assimétrica de curto-circuito trifásico....................................... 42
3.4.1.9. Impulso da corrente de curto-circuito ..................................................... 42
3.4.1.10. Corrente bifásica de curto-circuito .......................................................... 42
3.4.1.11. Corrente fase-terra de curto-circuito máxima e mínima ......................... 43
3.5. CONCLUSÃO CAPITULO 3 ......................................................................... 44
4. CÁLCULO ATPV PARA CLASSIFICAÇÃO DE VESTIMENTAS ................. 46
4.1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 46
4.2. TESTES NAS VESTIMENTAS ..................................................................... 47
4.3. CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO......................................... 49
4.4. MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DE ATPV ..................................... 52
4.4.1. Método Proposto por Doughty e Neal .................................................... 53
4.4.2. Método Proposto por Ralph Lee............................................................. 54
4.4.3. Método IEEE 1584 ................................................................................. 55
4.5. CONCLUSÃO CAPITULO 4 ......................................................................... 61
5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 62
5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS................................................. 63
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 64
APÊNDICE 1: Guia para determinação do ATPV ................................................. 67
APÊNDICE 2: Estudo de Caso em Indústria radial multi-aterrada de
grande porte .......................................................................................................... 81
APÊNDICE 3: Diagrama geral de impedâncias do sistema .................................. 92
13

1. SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

1.1. INTRODUÇÃO

O conceito de eletricidade fora estudado durante anos, partindo da


observação básica da energia eletrostática com o atrito de um fragmento de âmbar
com lã de ovelha, tornando-a “capaz” de atrair objetos (ANJOS, 2016).
A utilização da energia elétrica em escala global era tida como impraticável
até o final do século XIX. Apenas quando, em 1891, Nikola Tesla demonstrou a
viabilidade da transmissão de energia pela corrente elétrica alternada, que foi possível
o uso da eletricidade em escala industrial e, consequentemente, difundiu o emprego
de energia elétrica em diversos segmentos, como residências, comércio e setor
público.
Desde então, a eletricidade assumiu um papel fundamental no
desenvolvimento da sociedade e da tecnologia, sendo, atualmente, muito difícil, e por
vezes inviável, desvincular a utilização de energia elétrica em processos fabris,
industriais, comerciais e até mesmo no uso residencial, que cada vez mais utiliza
equipamentos elétricos.
O uso da eletricidade traz consigo o risco intrínseco. Ciente disso, os aspectos
de segurança estão em constante evolução, sobretudo nos processos industriais, tais
como a utilização de procedimentos de segurança, modernização de maquinário com
automação inteligente e intertravamentos para a segurança do operador e
equipamentos de proteção individual (EPIs) e/ou equipamentos de proteção coletiva
(EPCs).
No Brasil, foram criadas em 1978 as Normas Regulamentadoras - NRs,
utilizadas principalmente para nortear a construção e operação da Usina Hidrelétrica
de Itaipu. No que tange a eletricidade, a NR-10 trata da segurança em instalações e
serviços com eletricidade (DIAS, 2007). Esta norma tem por objetivo e abrangência:

10.1 OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO


10.1.1 Esta norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e
condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e
sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
14

trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas


e serviços com eletricidade.
10.1.2. Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação,
manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas
suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas
pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas
internacionais cabíveis. (MTE, NR-10:2016)

Em 2004 a NR-10 sofreu uma das suas maiores revisões: tornou obrigatório
treinamentos para profissionais da área de eletricidade, a existência de “prontuário de
instalações elétricas”, a fim de mostrar de maneira organizada as informações
pertinentes às instalações, para consumidores com potência igual ou superior a
75 kVA, procedimentos e rotinas de trabalho obrigatórias e, principalmente, as
vestimentas de proteção contra arcos elétricos.
Um trabalhador que realiza uma manobra em um painel, chave ou dispositivo
elétrico, seja ele em baixa tensão (inferior a 1 kV) ou em média tensão
(1 kV a 34,5 kV), bem como manutenção em linha viva em alta tensão (superior a
34,5 kV) está sujeito às consequências de um arco elétrico, oriundo de um
curto-circuito, rompimento da isolação ou fechamento de circuito com a
terra (NTC-903100, 2013).
As pesquisas sobre a vestimenta necessária para a proteção do operador
tiveram seus primeiros registros em 1979, quando a National Fire Protection
Association (Associação Nacional de Proteção contra Incêndio - tradução livre)
publicou um compilado normativo (NFPA 70E:1979) estabelecendo critérios e
programas de segurança envolvendo eletricidade. Desde então, a norma veio
sofrendo atualizações e melhorias, bem como diversas entidades passaram a realizar
estudos sobre a incidência do arco elétrico nas vestimentas dos operadores em
serviços de eletricidade, sendo elas:

● AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM-


F1959/1959M-14: Standard test method for determining the arc rating
of materials for clothing (Método padrão para determinar o nível de arco
para materiais das vestimentas - tradução livre), 2014;
● EUROPEAN COMMITTEE FOR ELECTROTECHNICAL
STANDARDIZATION. CENELEC-ENV 50354:2000: Electrical arc test
methods for material and garments, for use by workers at risk from
exposure to an electrical arc (Métodos de ensaio de arco elétrico para
15

materiais e vestuário, de utilização por trabalhadores em risco de


exposição a um arco elétrico - tradução livre), 2000;
● AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM-
F2178-12: Standard test method for determining the arc rating and
standard specification for eye or face protective products (Método de
teste padrão para determinar a classificação do arco e especificar
produtos de proteção para os olhos ou rosto - tradução livre), 2012;
● INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS.
IEEE-1584: IEEE Guide for Performing Arc-Flash Hazard Calculations
(Guia para a realização de cálculos de perigo arco voltaico - tradução
livre), 2013.

Todas essas normas e prontuários internacionais buscam, utilizando


diferentes metodologias e processos de análise dos efeitos do arco elétrico sobre a
pele humana, estipular padronizações para a determinação da vestimenta de proteção
individual do operador, bem como, as distâncias mínimas de operação, também
estipuladas no anexo 2 da NR-10.
Contudo, conforme diagnosticado através da IEEE-1584:2002:

“A realização de uma análise de risco devido ao arco elétrico é bastante difícil


e não existem ensaios suficientes de energia incidente devido ao arco elétrico
para o desenvolvimento de modelos que representam precisamente todas as
citações de aplicações reais. Os algoritmos disponíveis são de difícil solução
mesmo para engenheiros e quase impossíveis de aplicar pelo pessoal de
campo” (DENTZIEN, 2007).

Mesmo com toda a normatização e estudos existentes acerca dos efeitos do


arco elétrico no corpo humano, no Brasil, estes estudos e normatizações não são
levados em conta nos dimensionamentos e projetos de instalações elétricas em baixa
e média tensão. Intervenções em instalações elétricas cujo o risco do arco elétrico não
foi devidamente levantado, criam riscos nas rotinas de manutenção e operação de
chaves, disjuntores e equipamentos de manobra em quadros e painéis elétricos e
também em subestações, linhas de transmissão e redes de distribuição, pois as
vestimentas utilizadas estão sem o correto dimensionamento o que coloca o operador
(trabalhador) em risco.
16

Por fim, o desenvolvimento de um estudo sobre ATPV (Arc Thermal


Performance Value – Valor de performance do arco elétrico - tradução livre), faz-se
necessário quando, sob foco dos aspectos relacionados à segurança em instalações
elétricas e legislações vigentes em países desenvolvidos, fica evidenciado a carência
de regulamentação, normatização e padronização nacional acerca deste tema, em
detrimento do correto dimensionamento da vestimenta do trabalhador, o que pode
gerar custos elevados por sobre dimensionamento desnecessário da vestimenta ou
falta de proteção adequada oriunda do sub dimensionamento da roupa, ambas pela
inexistência ou ineficácia do cálculo ATPV.

1.2. OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo a elaboração de um guia de ATPV cuja


metodologia esteja pré-definida e facilite a disseminação deste estudo, tanto para a
fase de projeto de instalações elétricas quanto para rotinas de manutenção em
chaves, disjuntores e equipamentos de manobra em quadros e painéis elétricos, a fim
de melhorar a segurança do operador que trabalha diretamente em serviços que
envolvam eletricidade.

1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Todo este estudo foi fundamentado no compilado normativo da NFPA


70E:1979, IEEE-1584, ASTM-F1959/1959M-14, ASTM-F2178-12 e CENELEC-ENV
50354:2000, todas normas estrangeiras, pois não há referencial normativo para a
determinação do ATPV segundo legislação nacional. Além disso, foram utilizados
livros e periódicos que auxiliaram a fundamentação teórica.
Um dos principais entraves para elaboração de um guia que padronize um
determinado estudo no Brasil consiste na burocracia para a homologação e
implantação do mesmo, visto que a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) segue procedimentos para aprovação em conselho que demandam muito
tempo e análise de diversos profissionais do ramo. Soma-se a este fato a ausência de
referencial normativo nacional.
O levantamento de dados inicia-se junto às empresas, verificando a
disponibilidade de inspeções e levantamento de circuitos e cargas. Caso os
17

parâmetros não estejam acessíveis, via dados de placa ou impossibilidade de acesso


aos painéis ou quadros elétricos, serão realizadas medições de potência e corrente
nos mesmos. Estes dados são essenciais para o início do estudo do ATPV: o
levantamento das correntes de curto circuito nos diversos pontos da instalação.
Com estes dados foi confeccionado um diagrama de impedâncias para a
instalação elétrica da indústria, o que tornou possível realizar os cálculos das
correntes de curto-circuito nas barras do sistema.
Por fim, foi realizado o cálculo de energia incidente nas barras do sistema, onde
há dispositivos de manobra e proteção que sejam operados por pessoal qualificado.
Com estes dados, foi classificada a vestimenta necessária para a operação neste
ponto, observando seu correto dimensionamento (categoria de ATPV), a fim de reduzir
custos com a compra de EPIs sobre dimensionados e aumentando a confiabilidade
da segurança.
Após a apresentação dos resultados obtidos e das conclusões sobre a proteção
necessária, foi elaborado o guia geral para determinação de ATPV para instalações
elétricas de média/baixa tensão.
Estes assuntos supracitados e pertinentes para o entendimento do proposto,
serão tratados da seguinte maneira:

 Capitulo 2: Considerações e procedimento para o levantamento de


cargas – Neste capítulo foi descrito as diversas topologias encontradas
nas instalações elétricas em média/baixa tensão, bem como os
procedimentos necessários para o levantamento de cargas para
diversos tipos de instalação;
 Capitulo 3: Curto-circuito em instalações elétricas – Este capítulo
aborda a fundamentação teórica geral do curto-circuito em instalações
elétricas, os tipos de curto mais comuns encontrados no sistema
elétrico e o procedimento de cálculo de curto-circuito pelo método Por
Unidade;
 Capitulo 4: Cálculo ATPV para classificação de vestimentas – Neste
capítulo é fundamentado o conceito do ATPV, os referenciais de
energia incidente e os testes realizados nas vestimentas de proteção,
definindo assim as classes de ATPV. Após esta definição, são
18

apresentados as categorias de risco e as vestimentas requeridas para


cada uma. Por fim, são apresentados os métodos para determinação
do ATPV através da energia incidente obtida através das correntes de
curto-circuito e das curvas de atuação da proteção;
 Capitulo 5: Conclusões - Neste capítulo, foram apresentadas as
conclusões sobre o estudo do ATPV em instalações elétricas, bem
como as vantagens prática e financeira da aplicação das metodologias
supracitadas;
 ANEXO 1: Guia Para a Determinação do ATPV- De maneira visual e
intuitiva, foi apresentado na forma de fluxograma o guia, abordando as
vertentes possíveis em cada etapa do processo para a determinação
do ATPV;
 ANEXO 2: Estudo de Caso: Aplicação do Guia em uma indústria radial
multi-aterrada em anel de grande porte;
 ANEXO 3: Diagrama geral de impedâncias do sistema analisado no
anexo 2.
19

2. CONSIDERAÇÕES E PROCEDIMENTO PARA O LEVANTAMENTO DE CARGAS

O primeiro passo para a ATPV consiste em um diagnóstico para o


mapeamento da instalação. Deseja-se conhecer o sistema elétrico que será
analisado: as cargas que o compõem, os sistemas de proteção utilizados, a
complexidade da instalação, a potência elétrica instalada e requerida pelo sistema.
Com estes dados, é possível iniciar a análise do ATPV, estabelecendo primeiramente
um diagrama de impedâncias, o cálculo de curto circuito nos pontos (barras) do
sistema, a utilização destas correntes de curto no cálculo da energia incidente e por
fim a definição da categoria de ATPV nos pontos analisados.

2.1. EXISTÊNCIA E CONFORMIDADE DO PROJETO ELÉTRICO

Em uma instalação industrial nova, em que o maquinário e a infraestrutura


elétrica são fidedignos ao projetado, o levantamento de cargas muitas vezes já está
previsto em projeto, pois o projetista fez a previsão de cargas para a divisão dos
circuitos, calculou de acordo com os critérios para dimensionamento de condutores e
proteção, tais como ampacidade e queda de tensão, bem como realizou o equilíbrio
de cargas entre as fases disponíveis, para que a instalação não exija da rede correntes
com elevada discrepância entre fases. Neste caso, basta utilizar os valores descritos
em projeto para o cálculo do curto-circuito nos diferentes pontos da instalação.
Por isso, conforme estipula a NR:10, é importante ter e manter o projeto
elétrico das instalações sempre atualizado, o que facilita a operacionalização e
manutenção, seja em aspectos de segurança (como o correto dimensionamento de
EPIs para cada ponto da instalação), bem como em agilidade no diagnóstico de
eventuais problemas, reduzindo significativamente os custos financeiros dedicados à
estes fins.
Em instalações mais antigas e/ou que possuem um projeto elétrico (porém
não atualizado), faz-se necessário a conferência dos circuitos, quadros, motores,
banco de capacitores e demais componentes da instalação, a fim de quantificar e
elucidar a parte da instalação que difere do que consta no projeto. Esta situação ocorre
muitas vezes por causa de alterações/ampliações pontuais que ocorrem na
20

instalação, para as quais, geralmente, não é realizado a atualização do projeto (as-


built).
Motores rebobinados, quadros com um acréscimo de circuitos (cargas),
ampliações no banco de capacitores, modernizações de maquinário com painéis de
força e comando próprios do equipamento, entre outras vertentes, necessitariam de
uma constante atualização do projeto por parte da equipe de manutenção, aspecto
este que, em diversas situações, acaba por ficar em segundo plano.
Os cenários mais complicados para o levantamento de cargas consistem nas
instalações que destoam muito (ou por vezes, completamente) do que fora projetado,
ou ainda nas situações em que sequer há um projeto base para a instalação industrial,
aspecto este que contraria os preceitos normativos e de segurança, tais como o que
regulamenta a NR-10, em seu item 10.2.4:

“Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir


e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto
no subitem 10.2.3, no mínimo:
a. Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de
segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição
das medidas de controle existentes;
b. Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
c. Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o
ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;
d. Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação,
autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
e. Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos
de proteção individual e coletiva;
f. Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas
classificadas;
g. Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações,
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.
(NR10/2004)

Para estes casos, o levantamento de cargas deve ser feito através de:

 Medidas de corrente nos circuitos terminais (a jusante dos quadros de


distribuição);
21

 Levantamento dos dados de placa de motores (se houver);


 Na impossibilidade de ambos os métodos anteriores, averiguar a capacidade
de interrupção de corrente dos dispositivos de seccionamento do circuito
(disjuntores, chaves-fusíveis, seccionadoras, etc) e a capacidade de corrente
do cabo utilizado.

Neste último caso em específico, se o condutor utilizado está adequadamente


protegido pelo dispositivo de proteção do circuito, considera-se a corrente de
interrupção do disjuntor como corrente do circuito, pois é admitido que o máximo de
corrente que este circuito demandará estará limitado a capacidade do dispositivo de
proteção. Esta consideração deve ser feita apenas na impossibilidade de todas as
alternativas anteriores, para quadros e/ou cargas de difícil acesso, painéis que ficam
lacrados em atmosfera explosiva, motores em ambientes extremamente agressivos
cujos dados de placa são impossíveis de serem vistos e/ou já não são mais válidos
(tais como motores rebobinados ou trabalhando fora das condições nominais).
A seguir serão ilustradas algumas instalações comerciais e industriais cujos
levantamentos necessitam ser realizados por medidas de corrente ou por verificações
dos dados de placa de motores, cabos e dispositivos de proteção, visto a ausência de
projetos, precariedade da instalação ou impossibilidade de acesso aos dados de placa
do motor.
A Figura 1 ilustra um centro de comando de motores (CCM) de uma usina
mineradora. Por sua vez, as Figuras 2 e 3 ilustram um motor da linha produtiva
comandado pelo CCM ilustrado na Figura 1 e o banco de capacitores desta mesma
mineradora. Por fim, a Figura 4 ilustra um quadro de distribuição para circuitos de
iluminação e tomadas de um empreendimento comercial de grande porte.
22

Figura 1 - Centro de Comando de Motores de uma mineradora.

Fonte: Acervo Técnico Thesis Engenharia Ltda.

Figura 2 - Motor da linha produtiva de cal de uma mineradora.

Fonte: Acervo Técnico Thesis Engenharia Ltda.


23

Figura 3 - Banco de Capacitores da linha produtiva de cal de uma mineradora.

Fonte: Acervo Técnico Thesis Engenharia Ltda.


24

Figura 4 - Quadro de iluminação e tomadas de empreendimento comercial.

Fonte: Acervo Técnico Thesis Engenharia Ltda.

Para instalações residenciais, o levantamento das cargas também pode ser


realizado via projeto ou por medições nos circuitos e quadros elétricos. Em se tratando
geralmente de instalações mais simples que as comerciais e industriais, é importante
levantar as especificidades de cada circuito, como por exemplo, se o mesmo é de
iluminação, de tomadas de uso geral (TUGs), de tomadas de uso específico (TUEs),
se há motores na residência (tais como, bombas de recalque, pressurizadores,
motores de portão eletrônico, condensadores de ar condicionado, etc), bem como se
há alguma carga de consumo majoritária na instalação (tais como piso aquecido ou
aquecedores de água elétricos para piscina e aparelhos resistivos grandes em geral).
A metodologia de cálculo de curto-circuito e de ATPV para este tipo de
instalação é conforme as demais instalações, desde que aplicados os métodos
apenas nas tensões de fornecimento encontradas em instalações residenciais,
25

usualmente 127/220 V para consumidores de até 75 kVA. Para residências com


potência superior a 75 kVA e que possuem posto de transformação, deverá ser levada
em consideração a tensão primária de fornecimento para o consumidor, usualmente
13,8 kV, e metodologia de cálculo semelhante à de instalações elétricas comerciais e
industriais com mesma tensão de alimentação.

2.2. CONCLUSÃO CAPITULO 2

Em todas as topologias supracitadas, o levantamento correto e fidedigno à


instalação é primordial para a continuidade do processo de cálculo de curto-circuito e
para a determinação do ATPV de uma instalação, pois conforme descrito nos capítulos
seguintes, estes dados obtidos nesta etapa servirão de base para toda a análise.
26

3. CURTO-CIRCUITO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

3.1. INTRODUÇÃO

O intuito da análise da corrente de curto-circuito para instalações residenciais,


prediais e industriais tem por objetivo principal elaborar um projeto de proteção mais
eficaz dos seus diversos elementos. Segundo Mamede (2010), as correntes de curto-
circuito adquirem grande intensidade num curto período de tempo, e são provocadas
por diversos fatores, dentre eles, segundo Kindermann (1997), pode-se citar:

 Perda de isolamento dos condutores do sistema elétrico;


 Problemas mecânicos oriundos da ação do vento, contaminação,
árvores, entre outros fatores;
 Problemas elétricos intrínsecos da natureza ou provenientes à
operação do sistema;
 Problemas de natureza térmica;
 Problemas provenientes da má manutenção de equipamentos.

As falhas supracitadas, no sistema elétrico, são responsáveis por fornecer


valores de picos de corrente, compreendidos entre 10 e 100 vezes da corrente nominal
(MAMEDE, 2010). Em uma situação anômala do sistema, estas correntes elevadas
podem submeter o operador que estiver próximo ao ponto de falha a níveis altos de
energia incidente, o que pode causar sérios danos à saúde ou levar a óbito.

3.2. MODELAGEM DO SISTEMA EM COMPONENTES SIMÉTRICAS

Para o complexo sistema elétrico o estudo de proteção deve contemplar, entre


outras grandezas e comportamentos, os valores das correntes de curto-circuito. Desta
forma, para a modelagem e representação de cada componente do sistema deverá
ser considerado o seu comportamento quando submetido as condições das correntes
de curto. O método mais usual para a modelagem do sistema é o de componentes
simétricas.
A modelagem e estudo das componentes simétricas fora iniciado em 1895,
utilizando a ideia de decompor o campo magnético estacionário gerado pelo estator
27

de um motor monofásico em dois campos que giram simultaneamente em direções


opostas. Esta ideia está fundamentada no funcionamento do motor monofásico, que
pode tanto para a esquerda quanto para a direita, sendo este sentido determinado por
um impulso de partida que faz com que o rotor se “amarre” a um dos dois campos
rotativos, determinando assim o sentido de rotação (KINDERMANN, 1997).
Em 1915, Leblanc generalizou a ideia de decompor campos magnéticos e a
utilizou para o estudo das correntes trifásicas desequilibradas. Neste mesmo ano, o
Dr. Charles Legeyt Fortescue formulou uma ferramenta analítica que, de maneira
genérica, era capaz de decompor qualquer sistema com “n” fases desequilibradas nas
suas respectivas componentes simétricas equilibradas. Os “n” fasores obtidos em
cada conjunto de componentes são iguais em módulo e os ângulos entre os fasores
adjacentes do conjunto também são iguais (GUIMARÃES, 2009). Este método foi
publicado em 1918 como artigo no AIEE, denominado “Method of Symmetrical
Coordinates Applied to the Solution of Polyphase Networks”.
Em componentes simétricas é utilizado o operador imaginário “j” e o rotacional
“a”, que gira 120º um fasor (GUIMARÃES, 2009). Estes operadores são definidos
como:

j  190 (1)

(2)
1 3
a  j  1120
2 2

Para um sistema trifásico, segundo o método de Fortescue, haverá três


componentes simétricas:

 Componente positiva (ou direta): representa um elemento de tensão ou


corrente em três fasores de igual magnitude defasados de 120º e na
mesma sequência de fasores do sistema original, conforme ilustra a
Figura 5.
28

Figura 5 - Diagrama de sequência positiva.

Fonte: Oliveira, 2014.

V a1  V a1 (3)

V c1  V a1  a (4)

 V
V   a2 (5)
b1 a1

 Componente negativa (ou inversa): representa um elemento de tensão


ou corrente em três fasores de igual magnitude e defasados de 120º e
em sequência de fases oposta à do sistema original (sentido de rotação
inverso), conforme ilustra a Figura 6.

Figura 6 - Diagrama de sequência negativa.

Fonte: Oliveira, 2014.

V a 2  V a 2 (6)

 V
V  a (7)
b2 a2

V c2  V a2  a 2 (8)
29

 Componente zero (ou homopolar), que é a representação dos


elementos de tensão ou corrente não-girantes, consistindo em três
fasores de iguais magnitudes e fase angular, conforme ilustra a
Figura 7.

Figura 7 - Diagrama de sequência zero.

Fonte: Oliveira, 2014.

 V
V  V (9)
a0 b0 c0

Por meio da superposição dos sistemas trifásicos equilibrados, define-se as


relações descritas em (10).

V a = V a1  V a2  V a0 (10)

V b = V b1  V b2  V b0
V c = V c1  V c2  V c0

Utilizando as relações (3) a (10), simplifica-se a expressão em uma equação


matricial (11).

V  1 1 1  V   (11)
a a0
     
 Vb  =1 a
2
a    Vb1 
V   a 2   V
 
 c  1 a c2 

Para um circuito desbalanceado, tem-se a equação (12) isolando as


componentes simétricas.

A análise para corrente é similar a realizada para as tensões descritas na


equação (12). Para as correntes, tem-se:
30

 V a0  1 1 1   V a  (12)
   1  
 Va1  = 3 1 a a 2    V b 
 V a2  1 a 2 a   V c 
 

a0
3
a 
I = 1 I  I  I
b c  (13)

Para sistemas onde o neutro é aterrado, haverá corrente de sequência zero


para o circuito de neutro, esta corrente será calculada por (14):

I = 3 I (14)
N a0

3.3. TIPOS DE CURTO-CIRCUITO

Os defeitos nas instalações elétricas analisadas podem ocorrer de diversas


formas. A mais rara é o curto-circuito trifásico, como se pode analisar na Tabela 1.

Tabela 1 - Ocorrência dos curtos-circuitos


Tipos de curtos-circuitos Ocorrências em %
3 06
2 15
2Terra 16
1Terra 63

Fonte: Kindermann, 2010.


31

A seguir, apresentar-se-á os três tipos de curto-circuito.

a) Curto-circuito trifásico:

Um curto-circuito nas três fases do sistema, conforme se mostra na Figura 8,


apresenta geralmente correntes de curto-circuito elevadas e possuem grande
importância, devido à larga aplicabilidade (MAMEDE, 2010).

Figura 8 - Curto-circuito trifásico.

Fonte: Mamede, 2010.

Segundo Mamede (2010), as correntes de curto-circuito trifásicas são


importantes quando:

 Deseja-se ajustar dispositivos de proteção contra sobrecorrente;


 Analisam-se aspectos da capacidade: de interrupção dos disjuntores,
térmica dos cabos e equipamentos, dinâmica dos equipamentos e
barramentos coletores.

b) Curto-circuito bifásico:

O defeito pode ocorrer de duas maneiras. Na primeira, há o contato entre duas


fases diferentes, conforme se observa a Figura 9, letra (a). Na segunda, além do
contato entre duas fases distintas, existe a conexão com a terra, de acordo com a
Figura 9, letra (b) (MAMEDE, 2010).
32

Figura 9 - Curto-circuito bifásico (a) e Curto-circuito bifásico com terra (b).

(a) (b)

Fonte: Mamede, 2010.

c) Curto-circuito fase-terra:

No caso fase-terra, o defeito pode ocorrer de duas maneiras, à semelhança do


curto-circuito bifásico. Na primeira, há o contato de uma das três fases e a terra, de
acordo com a Figura 10, letra (a). Na segunda, há o contato simultâneo de duas fases
distintas e a terra, conforme é observado na Figura 10, letra (b) (MAMEDE, 2010).

Figura 10 - Curto-circuito fase-terra (a) e curto-circuito com contato simultâneo (b).

(a) (b)

Fonte: Mamede, 2010.


33

Segundo Mamede (2010), as correntes de curto-circuito monofásicas são


importantes quando:

 Requer-se ajuste dos valores mínimos dos dispositivos de proteção contra


sobrecorrente;
 Deseja-se a seção mínima do condutor de uma malha de terra;
 Procura-se estimar o limite das tensões de passo e de toque;
 Deseja-se dimensionar o resistor de aterramento.

3.4. CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO: MÉTODO DO SISTEMA POR UNIDADE

Em geral nas formulações, cálculos, etc., o resultado vem acompanhado de


uma unidade, expressa no Sistema Internacional de Unidades. Na engenharia elétrica,
o uso do sistema por unidade simplifica os cálculos na resolução dos problemas no
sistema elétrico (KINDERMANN, 1997).
Na Tabela 2 a seguir, vê-se algumas grandezas físicas relacionadas a área da
elétrica.

Tabela 2 - Grandezas Elétricas.

Unidade Símbolo Grandeza


Coulomb C Carga Elétrica
Volt V Tensão elétrica
Ohm Ω Resistência elétrica
Joule J Energia
Watt W Potência
Ampere A Corrente

Fonte: Os autores.

Quando em um determinado sistema elétrico a ser analisado tem-se vários


valores para grandezas como: corrente elétrica, tensão elétrica, potência elétrica, etc.,
cabe ao profissional estabelecer um valor que será tomado como base única do
sistema, para que se possa trabalhar adequadamente com os dados coletados
(MAMEDE, 2010).
34

Usualmente, em um dado circuito elétrico, define-se como valor base, a


tensão e a potência. Com base nestes valores é possível calcular as outras grandezas.
(MAMEDE, 2010).
A partir da potência de base Sb em kVA e da tensão Vb em kV, tem-se:

● Corrente de base:

Sb (15)
Ib =
 3  Vb  (A)
● Impedância de base:

1000 × Vb
2 (16)
Zb = (Ω)
Sb

Desta forma, generalizando, para um dado valor X, seu valor em pu em uma


base Xb, pode ser obtida através da expressão (17):

X (17)
Xpu = (pu)
Xb

Uma das vantagens mais importantes que se tem ao utilizar o sistema por
unidade está relacionada à presença de transformadores no circuito estudado, uma
vez que as impedâncias tratadas no primário e secundário que possuem unidade
ôhmica, passam a ser expressas pelo mesmo número no sistema por unidade
(MAMEDE, 2010).
Em uma rede complexa em que se deseja fazer um estudo aprofundado de
curto-circuito, é necessário seguir uma série de procedimentos para a definição dos
valores de base (KINDERMANN, 1997):

a) Definir a base de potência total Sb para todo o sistema elétrico estudado;


b) Identificar as diferentes zonas de tensão e definir a base de tensão para
cada uma das áreas;
35

c) Calcular as bases de impedância e de corrente para cada parte, a partir


das bases de potência e tensão definidas nos itens anteriores.
Com estes valores, todos os dados do sistema elétrico devem ser convertidos
para o sistema pu.
Quando se deseja alterar o valor de uma grandeza em uma base 1 numa outra
base 2, são aplicadas as seguintes expressões:

● Para a tensão, tem-se:

V  (18)
Vpu2 = Vpu1 ×  b1  (pu)
 Vb2 
Onde:
Vpu1 – Tensão em pu na base Vb1;
Vpu2 – Tensão em pu na base Vb2.

● Para a corrente, tem-se:

V  S  (19)
Ipu2 = Ipu1 ×  b2  ×  b1  (pu)
 Vb1   Sb2 
Onde:
Ipu1 – Corrente em pu nas bases Vb1 e Sb1;
Ipu2 – Corrente em pu nas bases Vb2 e Sb2.

● Para a potência, tem-se:

S  (20)
Spu2 = Spu1 ×  b1  (pu)
 Sb2 
Onde:
Spu1 – Potência em pu na base Sb1;
Spu2 – Potência em pu na base Sb2.
36

● Para as Impedâncias, tem-se:

2 (21)
S   V 
Z pu2 = Z pu1 ×  b2  ×  b1  (pu)
 Sb1   Vb2 
Onde:
Zpu1 – Impedância em pu nas bases Vb1 e Sb1;
Zpu2 – Impedância em pu nas bases Vb2 e Sb2.

Embora o método por unidade apresente um extenso formulário, segundo


Kinderman (1997), podem-se listar algumas vantagens do sistema de valores em pu:

 Simplifica os cálculos de maneira significativa, pois todos os valores em pu


estão relacionados a um determinado valor tomado como base do sistema;
 Fabricantes de equipamentos elétricos, tais como geradores, transformadores,
etc, nos fornecem os valores das impedâncias em termos percentuais,
comparando-os com os valores nominais nas placas desses equipamentos;
 Apenas apresenta-se um valor em pu no diagrama de impedâncias do
transformador, sem referir a qual enrolamento;
 Os valores em pu de equipamentos em um dado sistema elétrico possuem
baixa variação entre si. Porém, os seus valores reais, variam numa faixa ampla.

3.4.1. Sequência de Cálculo de Curto-circuito

Visto o conceito do sistema por unidade na sub-seção 3.4 e o apresentado na


sub-seção 3.3, referente aos tipos de curto-circuito, é demonstrado a seguir a forma
simplificada para o cálculo das correntes de curto-circuito, utilizando o método pu.
Alguns elementos podem ser considerados como fontes de corrente de curto-
circuito, dentre eles se destacam: geradores, banco de capacitores e motores de
indução. Além da detecção dos possíveis causadores de curto-circuito, a sua
localização dentro da instalação é imprescindível (MAMEDE, 2010).
A seguir, de acordo com Mamede (2010), será descrito o passo a passo para
determinação das correntes de curto-circuito em diferentes pontos da rede industrial,
tomando como valores base do sistema Sb, em kVa, e Vb, em kV.
37

3.4.1.1. Impedância reduzida do sistema

Usualmente, a resistência do sistema elétrico é muito baixa se comparada ao


valor da reatância. Portanto, na prática, é comum desprezá-la (MAMEDE, 2010).

Considerando que a concessionária forneça a corrente de curto-circuito no


ponto de entrega para o consumidor, pode se concluir que:

(22)
Scc = 3 × Vnp × Iccs (kVA)

Onde:
Scc – Potência de curto-circuito no ponto de entrega, em kVA;
Vnp – Tensão nominal primária no ponto de entrega, em kV;
Iccs – Corrente de curto-circuito simétrica, em A.

Logo, tem-se que o valor da reatância Xspu, em pu, é:

S (23)
Xspu = b (pu)
Scc

É comum desprezar o efeito da resistência do sistema elétrico, portanto a


impedância do sistema é o próprio valor de reatância Xspu.

3.4.1.2. Impedância de um barramento, ramal ou transformador

Dados característicos de transformadores trifásicos são mostrados na


Tabela 3 (MAMEDE, 2010)
Para a determinação da impedância de um transformador da subestação, leva-
se em consideração alguns dados:

 Potência nominal do transformador, Pn, dada em kVA;


 Impedância percentual, Zpt, obtida na Tabela 3;
 Perdas ôhmicas no cobre, Pcu, em W, obtido na Tabela 3;
 Tensão nominal do transformador, Vn, em kV.
38

Tabela 3 - Dados característicos de transformadores trifásicos em óleo para instalação interior


ou exterior - classe primário em estrela ou triângulo e secundário em estrela - 60 Hz.

Perdas (W) Rendimento Regulação Impedância


Potência (kVA) Tensão (V)
A Vazio Cobre (%) (%) (%)
15 220 a 440 120 300 96,24 3,32 3,5
30 220 a 440 200 570 96,85 3,29 3,5
45 220 a 440 260 750 97,09 3,19 3,5
75 220 a 440 390 1.200 97,32 3,15 3,5
112,5 220 a 440 520 1.650 97,51 3,09 3,5
150 220 a 440 640 2.050 97,68 3,02 3,5
225 380 a 440 900 2.800 97,96 3,63 4,5
300 220 1.120 3.900 97,96 3,66 4,5
380 a 440 3.700 98,04 3,61 4,5
500 220 1.700 6.400 98,02 3,65 4,5
380 a 440 6.000 98,11 3,60 4,5
750 220 2.000 10.000 98,04 4,32 5,5
380 a 440 8.500 98,28 4,20 5,5
1.000 220 3.000 12.500 98,10 4,27 5,5
380 a 440 11.000 98,28 4,19 5,5
1.500 220 4.000 18.000 98,20 4,24 5,5
380 a 440 16.000 98,36 4,16 5,5
Fonte: João Mamede Filho, 2010.

Primeiramente, determina-se a queda de tensão reativa percentual, através da


expressão (24):

Pcu (24)
Vpt =
10 × Pn  (%)

Onde:
Pn - Potência nominal do transformador, dada em kVA;
Pcu - Perdas ôhmicas no cobre, em W, obtido na Tabela 3;
Vn - Tensão nominal do transformador, em kV;
Vpt – Queda de tensão reativa percentual do transformador, em %.

Com o valor de Rpt, é calculada a resistência Rt do transformador através da


equação (25):

2 (25)
S   V 
R t = Rpt ×  b  ×  n  (pu)
 Sn   Vb 
39

Para definir a reatância em pu, calcula-se a impedância Zt através da


fórmula (26):

2 (26)
S   V 
Z t = Z pt ×  b  ×  n  (pu)
 S n   Vb 

Assim, a reatância, será expressa por (27):

Xt = Z t 2 - Rt 2 (pu)
(27)

Logo, tem-se a impedância do(s) transformador(es) da subestação.

3.4.1.3. Impedância do circuito (ramal) que conecta o transformador ao quadro


geral de força (QGF)

Para determinar o valor da impedância Zct do ramal de ligação do transformador


até o QGF, calcula-se a resistência Rct e a reatância Xct, ambas em pu. A expressão
para calcular Rctpu é dada por (29):

 Resposta dada em ohms:

R ctΩ =
R u × L ct  (28)

1000 × Nct  (Ω)


 Resposta dada em pu:

 Sb  (29)
R ctpu = R ctΩ ×  
 1000 × V 2  (pu)
 b 
Onde:
Ru – Resistência do condutor de sequência positiva, em mΩ/m;
Lct – Comprimento do ramal de ligação dos terminais do transformador e a conexão
com o barramento, dado em metros;
Nct – Número de condutores por fase do circuito estudado.
40

Para cálculo da reatância Xctpu, analisa-se as fórmulas (30) e (31):


 Resposta dada em ohms:

X ctΩ =
X u × L ct  (30)

1000 × Nct  (Ω)


Onde:
Xu – Reatância de sequência positiva do condutor fase, em mΩ/m.
 Resposta dada em pu:

 Sb  (31)
X ctpu = X ctΩ ×  
 1000 × V 2  (pu)
 b 

Assim, tem-se que o valor da impedância Zctpu é expresso por (32):

 (32)
Z ctpu = R ctpu + jXctpu (pu)

3.4.1.4. Impedância do barramento do Quadro Geral de Força (QGF)

O valor Zbpu da impedância do barramento do QGF pode ser calculado através


da expressão (33):

  Sb    Sb  (33)
Z bpu = R bΩ ×   + j X bΩ ×  
 1000 × V 2    1000 × V 2   (pu)
 b    b 

3.4.1.5. Impedância do circuito que conecta o quadro geral de força ao centro de


motores (CCM)

Calcula-se a impedância do circuito que conecta o QGF ao CCM, em pu,


seguindo as mesmas formulações apresentadas na sub-seção 3.4.1.3
(MAMEDE, 2010).
41

3.4.1.6. Impedância do circuito que conecta o centro de controle de motores (CCM)


aos terminais do motor

Calcula-se a impedância do circuito que conecta o CMM aos terminais do


motor, em pu, seguindo as mesmas formulações apresentadas na sub-seção 3.4.1.3
(MAMEDE, 2010).

3.4.1.7. Corrente simétrica de curto-circuito trifásico

Para calcular a corrente de curto-circuito em qualquer ponto do sistema, é feita


a soma vetorial de todas as impedâncias calculadas até o ponto desejado.
Com este valor é calculada a corrente de curto-circuito simétrica, em seu valor
eficaz, que é dada por (34):

I  (34)
Iccsim3 =  b 
Z  (A)
 1 

De maneira alternativa, calcula-se a corrente de curto-circuito simétrica nos


terminais do transformador. Aplica-se a expressão (35):

 I  (35)
Icsf =  s  × 100
Z  (A)
 pu% 
Onde:
Is – Corrente nominal do transformador, em A;
Zpu% – Impedância percentual do transformador.

Esta equação fornece um valor aproximado, pois é desconsiderada a


impedância reduzida do sistema de fornecimento (MAMEDE, 2010).
42

3.4.1.8. Corrente assimétrica de curto-circuito trifásico

A formulação para cálculo da corrente assimétrica de curto-circuito trifásico leva


em consideração o fator de assimetria e a corrente de curto-circuito simétrica. Com
isso, tem-se a expressão (36):

Ica = Fa × Ics (kA) (36)

Onde:
Fa – Fator de assimetria;

Calcula-se o fator de assimetria, através da expressão (37) a seguir:

(37)
   2π

Fa = 1+  2  e X/R  

 
  

O valor é calculado em pu, dividindo a corrente Ica pela corrente base Ib do


sistema, conforme descrito no início da sub-seção 3.4 pela equação (15).

3.4.1.9. Impulso da corrente de curto-circuito

Pode-se determinar o impulso da corrente de curto-circuito com a corrente


assimétrica de curto-circuito trifásico através da expressão (38):

Icim = 2 × Ica (kA) (38)

O valor é calculado em pu, dividindo a corrente I cim pela corrente base Ib do


sistema, conforme descrito no início da sub-seção 3.4 pela equação (15).

3.4.1.10. Corrente bifásica de curto-circuito

Para cálculo da corrente bifásica de curto-circuito é utilizado o valor da corrente


simétrica de curto-circuito trifásico, segundo a expressão (39):
43

 3 (39)
I cb =   × I cs
 (kA)
 2 

O valor é calculado em pu, dividindo a corrente Icb pela corrente base Ib do


sistema, conforme descrito no início da sub-seção 3.4 pela equação (15).

3.4.1.11. Corrente fase-terra de curto-circuito máxima e mínima

A determinação da corrente fase-terra de curto-circuito máxima depende do


conhecimento das impedâncias de sequência zero e sequência positiva do sistema e
é calculada pela expressão (40):

  3  Ib  (40)
Icmax =     

 (2  Zutot )  Zu0t  Zu0c 
(kA)

Onde:
Zutot – Soma das impedâncias calculadas até o ponto desejado;
Zu0t – Impedância de sequência zero do transformador que é igual à sua impedância
de sequência positiva;
Zu0c – Impedância de sequência zero dos condutores.

A impedância de sequência zero dos condutores, utilizada na equação (40) de


Icmax, é dada pela expressão (41):

  
(41)
  Sb  Sb

Zu0c = Rc0Ω ×    
+ j Xc0Ω ×  
2  2   (pu)
 1000 × Vb     1000 × Vb   

Sendo que Rc0Ω é a resistência de sequência zero, valor obtido na Tabela 4.


Por fim, calcula-se a corrente de curto-circuito fase-terra mínima, através da
expressão (42):

 3  Ib  (42)
Icmin =
2  Z + Z
utot u0c + Z u0t + 3  R ctpu + Rmtpu + R atpu 
(A)
44

Onde:
Rctpu – Resistência de contato, em pu;
Rmtpu – Resistência da malha de terra, em pu;
Ratpu – Resistência do resistor de aterramento, em pu;

Tabela 4 - Resistência e reatância dos condutores de cobre (valores médios).

Impedância de sequência Impedância de sequência


Seção positiva (mΩ/m) zero (mΩ/m)
Resistência Reatância Resistência Reatância
1,5 14,8137 0,1378 16,6137 2,9262
2,5 8,8882 0,1345 10,6882 2,8755
4 5,5518 0,1279 7,3552 2,8349
6 3,7035 0,1225 5,5035 2,8000
10 2,2221 0,1207 4,0220 2,7639
16 1,3899 0,1173 3,1890 2,7173
25 0,8891 0,1164 2,6891 2,6692
35 0,6353 0,1128 2,4355 2,6382
50 0,4450 0,1127 2,2450 2,5991
70 0,3184 0,1096 2,1184 2,5681
95 0,2352 0,1090 2,0352 2,5325
120 0,1868 0,1076 1,9868 2,5104
150 0,1502 0,1074 1,9502 2,4843
185 0,1226 0,1073 1,9226 2,4594
240 0,0958 0,1070 1,8958 2,4312
300 0,0781 0,1068 1,8781 2,4067
400 0,0608 0,1058 1,8608 2,3757
500 0,0507 0,1051 1,8550 2,3491
630 0,0292 0,1042 1,8376 2,3001
Autor: João Mamede Filho, 2010.

3.5. CONCLUSÃO CAPITULO 3

O estudo do curto-circuito e suas diversas formas aclaram a necessidade de que


sejam previstas medidas de proteção contra os efeitos do mesmo, tanto para a
instalação elétrica quanto para a segurança de pessoas, direta ou indiretamente
envolvidos com o sistema elétrico.
No que diz respeito a segurança do operador que efetua manutenções
preventivas e/ou corretivas na instalação elétrica, a segurança do mesmo é sem
dúvidas o principal aspecto a ser levado em consideração para a realização do
45

serviço. Com efeito, a vestimenta e os equipamentos de proteção deverão possuir a


proteção necessária e requerida para a manutenção no local onde o operador irá fazê-
la.
A correta vestimenta e os equipamentos de proteção necessários são
determinadas pela categoria do ATPV requerida no local da manutenção. Esta
categoria é determinada utilizando a corrente de curto-circuito estudada neste
capítulo. No capítulo seguinte serão vistos os pré-requisitos e metodologia para a
determinação do nível de ATPV nos diversos pontos da instalação, com o intuito de
dimensionar adequadamente a vestimenta do operador.
46

4. CÁLCULO ATPV PARA CLASSIFICAÇÃO DE VESTIMENTAS

4.1. INTRODUÇÃO

O valor de ATPV para as vestimentas têm finalidade de fornecer parâmetros


sólidos para a classificação dos equipamentos de proteção individual e/ou coletiva que
visam mitigar os efeitos térmicos danosos provenientes de arco
elétrico (QUEIROZ, 2011).
Para uma correta especificação do equipamento de proteção, deve-se levar em
conta a energia emitida em direção ao trabalhador através do cálculo do ATPV, que
define a energia incidente pelo arco elétrico por unidade de área (cal/m²).
Este indicador mede o desempenho de tecidos para impedir que o corpo do
trabalhador seja exposto a possibilidade de queimaduras de segundo grau, ou seja,
uma quantidade de energia de 5 Joules por centímetro quadrado (QUEIROZ, 2011).
Esta situação é verificada nos testes definidos nas normas ASTM- F1959/F1959M- 14
e CENELEC – ENV 50354:2000, que expõem o material a arcos elétricos em
diferentes condições de corrente e tempo de exposição.
A Figura 11 ilustra a atuação deste dispositivo de proteção.

Figura 11 - Atuação do equipamento de proteção em função da energia incidente e do limite


máximo para queimaduras de segundo grau.

Fonte: O Setor Elétrico, 2014.


Em alguns casos, não é possível medir esta energia devido à carbonização do
tecido. Nestes casos é utilizado um valor denominado EBT (Break open Threshold
Energy - Energia do Limiar de Ruptura - tradução Livre), que é o valor médio dos cinco
valores máximos de energia incidente que não provoca o "break open" do tecido, ou
seja, o material carbonizado não apresenta abertura na camada interna (próximo à
47

parte protegida) maior do que 3,23 cm² em área ou rachadura maior do que 2,54 cm
em comprimento (NFPA:70E, 2012).

4.2. TESTES NAS VESTIMENTAS

Para correto dimensionamento da vestimenta do operário, os testes nas roupas


são normatizados pelas normas ASTM- F1959/F1959M-14 e CENELEC – ENV
50354:2000. No teste realizado pela norma ASTM, é feito um arranjo que consiste em
dois eletrodos verticais (aço inox 303 ou 304) de 19 mm de diâmetro e 450 mm de
comprimento no mesmo eixo, distanciado de 305 mm. A uma distância de 305 mm do
eixo dos eletrodos, são colocadas três peças para fixar as amostras de tecido de
610 x 305 mm (Altura x Largura), com distanciamento angular de 120º entre si. Cada
peça é equipada com dois calorímetros de cobre atrás do tecido e mais dois outros,
um de cada lado da amostra. Os calorímetros atrás da amostra medem a energia atrás
do tecido e outros dois medem a energia incidente.
Para cada disparo do arco, são testadas três amostras de tecido
simultaneamente e coletados no mínimo vinte dados dos calorímetros, e para
validação estatística são necessários pelo menos sete testes para cada série com
vinte e uma amostras.
No teste realizado pela norma CENELEC – ENV 50354:2000, o arranjo do
equipamento e do circuito elétrico é fixo e consiste em dois eletrodos colocados
verticalmente no mesmo eixo e distanciados de 30 mm. O eletrodo superior é de
alumínio e o inferior de cobre. Os eletrodos são cercados nos três lados por uma caixa
de teste na forma de cilindro parabólico. As partes superior e inferior são seladas por
material isolante, de tal forma que o calor seja direcionado para a parte frontal aberta.
Faceando a abertura, é colocada uma placa vertical com dimensão de
400 x 400 mm, a uma distância horizontal com o eixo do arco de 300 mm.
Existem dois níveis de teste controlando a corrente nos eletrodos e com o
tempo definido de 500 ms:

 Classe 1 – 4 kA, 500 ms;


 Classe 2 - 7 kA, 500 ms.
48

A escolha do nível de teste é estabelecida em função da classe de proteção


requerida para proteção estabelecida pelo fabricante do tecido ou roupa.
Os testes são feitos em duas amostras para validação, o que significa dois
disparos de arcos.
A avaliação é feita por inspeção visual de acordo com os seguintes critérios:

 Tempo de combustão (queima) do tecido ou roupa deve ser menor ou igual a 5


segundos após exposição ao arco;
 Os materiais não devem fundir;
 Não deve existir nenhum furo maior do que 5 mm (medido em qualquer
direção);
 No caso de roupas, além dos critérios acima, as costuras devem ser mantidas.

O material é aprovado para as condições de teste se nenhuma das condições


acima ocorrer. O teste serve para avaliar se a roupa ou tecido é adequado para as
condições de teste (4 kA ou 7 kA com duração de 500 ms), e não é possível fazer
extrapolação para outras condições.
As figuras 12 e 13 ilustram os testes de certificação sendo realizados nas
vestimentas e um possível arco elétrico formado em um quadro enquanto operado por
um profissional.

Figura 12 - Procedimento de teste das vestimentas sob condições de arco elétrico.

Fonte: ProGARM, 2017.


49

Figura 13 - Profissional exposto ao arco elétrico.

Fonte: Marina Textil, 2013.

4.3. CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Após a realização dos testes nas vestimentas, como exemplificado na sub-


seção 4.2, feitos pela fabricante de cada vestimenta em conformidade com as normas
citadas no presente documento, obtêm-se, conforme a Tabela 5 a seguir, uma
classificação em categorias de risco (Hazard Rating Category - Categoria de
Classificação de Risco - tradução Livre) de acordo com o valor máximo de energia
incidente (ATPV) na roupa. O valor ATPV é dado por um intervalo, visto a capabilidade
da vestimenta em suportar uma faixa de valores de energia incidente, não sendo
apenas um valor fixo.

Tabela 5 - Categorias ATPV


Risco Energia Incidente Categoria ATPV mínimo requerido para
(cal/cm²) de Risco o EPI (cal/cm²)
Mínimo até 1,2 0 não aplicável
Leve 1,2 a 4,0 1 4,0
Moderado 4,1 a 8,0 2 8,0
Elevado 8,1 a 25,0 3 25,0
Elevadíssimo 25,1 a 40 4 40,0

Fonte: Hercules Equipamentos, 2015.


50

É desejado, portanto, que o equipamento de proteção individual possua


categoria de risco compatível com a energia que pode ser liberada em condição de
falta. Podem-se definir, então, os tipos de EPIs através da Tabela 6.

Tabela 6 - Proteções recomendadas em função da categoria de risco de ATPV

Categoria de Risco Vestimenta de Proteção e EPI


- Vestimenta de proteção, fibra natural não tratada (por exemplo,
algodão não tratado, lã, nylon, seda ou mistura desses materiais),
com gramatura mínima de 152 g/cm2:
Camisas (manga comprida);
0
Calças (compridas).
- Equipamento de proteção:
Óculos de segurança;
Proteção auditiva (modelo de inserção no canal auditivo);
Luvas de couro, quando necessário.
- Vestimenta resistente a arco elétrico, com suportabilidade mínima
de 4 cal/cm2:
Camisas e calças compridas resistentes a arco ou macacão resistente a
arco;
Protetor facial resistente a arco ou capuz carrasco resistente a arco.
1
- Equipamento de proteção
Capacete;
Óculos de segurança;
Proteção auditiva (modelo de inserção no canal auditivo);
Luvas de couro;
Sapato de segurança em couro, quando necessário.
- Vestimenta resistente a arco elétrico, com suportabilidade mínima
de 8 cal/cm2:
Camisas e calças compridas resistentes a arco ou macacão resistente a
arco;
Protetor facial resistente a arco ou capuz carrasco resistente a arco e
balaclava resistente a arco;
Jaqueta resistente a arco, agasalho, vestimenta impermeável ou forro
2 para capacete, quando necessário.
- Equipamento de proteção
Capacete;
Óculos de segurança;
Proteção auditiva (modelo de inserção no canal auditivo);
Luvas de couro;
Sapato de segurança em couro, quando necessário.
Fonte: Norma NFPA 70E, 2015.
51

Tabela 6 - Proteções recomendadas em função da categoria de risco de ATPV. (Continuação)

- Vestimenta resistente a arco elétrico selecionada de modo que


atenda à classificação de arco mínima de 25 cal/cm2:
Camisas de manga comprida resistente a arco, quando requeridas;
Calças compridas resistentes a arco, quando requeridas;
Macacão resistente a arco, quando requerido;
Jaqueta resistente a arco elétrico, quando requerida;
Capuz carrasco resistente a arco;
3 Luvas resistentes a arco;
Jaqueta resistente a arco, agasalho, vestimenta impermeável ou forro
para capacete, quando necessário.
- Equipamento de proteção:
Capacete;
Óculos de segurança;
Proteção auditiva (modelo de inserção no canal auditivo);
Sapato de segurança em couro, quando necessário.
- Vestimenta resistente a arco elétrico selecionada de modo que
atenda à classificação de arco mínima de 40 cal/cm2:
Camisas de manga comprida resistente a arco, quando requeridas;
Calças compridas resistentes a arco, quando requeridas;
Macacão resistente a arco, quando requerido;
Jaqueta resistente a arco elétrico, quando requerida;
Capuz carrasco resistente a arco;
4 Luvas resistentes a arco;
Jaqueta resistente a arco, agasalho, vestimenta impermeável ou forro
para capacete, quando necessário.
- Equipamento de proteção:
Capacete;
Óculos de segurança;
Proteção auditiva (modelo de inserção no canal auditivo);
Sapato de segurança em couro, quando necessário.
Fonte: Norma NFPA 70E, 2015.

Comercialmente, encontra-se no mercado brasileiro, os EPIs que estão


classificados na categoria 1 e 2 de ATPV e ilustrados na Figura 14, letra (a), e para
risco nas categorias 3 e 4 de ATPV ilustrados na Figura 14, letra (b).
52

Figura 14 - EPIs para categoria de risco de ATPV 1 e 2 (a) e EPIs para categoria de risco de
ATPV 3 e 4 (b).

(a) (b)

Fonte: Marina Textil, 2013.

O cálculo da corrente de curto-circuito é o fundamento para o estudo da energia


incidente em situações específicas de trabalho nas subestações, quadros de força,
quadros de distribuição, centros de comando de motores, barramentos e outros
elementos do sistema elétrico de potência onde o risco de formação de arco elétrico
está presente, e é utilizando esse cálculo que são definidos os EPIs adequados para
o operário.

4.4. MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DE ATPV

Existem vários métodos para cálculo da energia incidente devido ao arco


elétrico. São tratados, resumidamente e de maneira informativa, no anexo informativo
“D” (Incident Energy and Arc Flash Boundary Calculation Methods – Métodos de
cálculo de energia incidente e limites do arco elétrico - tradução livre), da NFPA-70E
(QUEIROZ; SENGER, 2012). Cabe ao profissional analisar qual método encaixa
melhor em seus parâmetros.
53

A seguir, nas sub-seções 4.4.1, 4.4.2 e 4.4.3 serão listados três métodos que
abordam sobre o cálculo de energia incidente.

4.4.1. Método Proposto por Doughty e Neal

O método foi recomendado em um artigo estrangeiro intitulado “Predicting


Incident Energy to Better Manage the Electric Arc Hazard on 600 V Power Distribution
Systems”, publicado por Doughty e Neal, em 1998.
Segundo Queiroz e Senger (2012), as formulações obtidas por Doughty e Neal,
podem ser utilizadas para determinar o valor de energia incidente. Para tais cálculos,
devem-se seguir alguns parâmetros:

 Considerar tensão nominal igual ou inferior a 600 V;


 Deve-se calcular a corrente máxima de curto-circuito;
 Deve-se calcular a corrente mínima de curto-circuito necessária para auto
sustentar um arco elétrico;
 Tempo total para atuação da proteção no ponto de origem do arco elétrico para
as condições de corrente máxima e mínima de curto-circuito;
 Distancia em que o trabalhador se encontra a partir do ponto de origem do arco
elétrico até o ponto em que o serviço será executado, exemplificado na
Tabela 7.

Tabela 7 - Distâncias utilizadas para os cálculos de energia incidente.


Local de trabalho Distância típica de trabalho
(mm)
Quadros de distribuição e CCMs de baixa 455
tensão (Com tensão inferior a 600 V)
Painéis de distribuição de baixa tensão 610
(Com tensão igual ou inferior a 600 V)
Painel de distribuição de media tensão 910
(Com tensão acima de 600 V)

Fonte: Adaptado de Queiroz e Senger, 2012.


54

O cálculo de energia incidente, segundo Doughty e Neal (1998), se divide em


dois tipos de ambientes:
 Para arcos elétricos ocorridos em ambientes abertos, deve-se utilizar a
seguinte expressão (43):

EMA  5271  DA1,9593  t A  (0,0016F 2  0,0076F  0,8938) (43)

Onde:
EMA = Energia incidente máxima em ambiente aberto, em cal/cm2;
DA = Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegada;
tA = Tempo de duração do arco elétrico, em segundos;
F = corrente de curto-circuito, em kA (compreendido entre 16 kA e 50 kA).

 Para arcos elétricos ocorridos em ambientes fechados, tem-se a seguinte


expressão (44):

EMF  1.038,7  DA1,4738  t A  (0,0093F 2  0,3453F  5,9675) (44)

Onde:
EMF = Energia incidente máxima em ambiente fechado, em cal/cm 2;
DA = Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegada;
tA = Tempo de duração do arco elétrico, em segundos;
F = corrente de curto-circuito, em kA (compreendido entre 16 kA e 50 kA).

4.4.2. Método Proposto por Ralph Lee

Segundo Queiroz e Senger (2012), a expressão obtida por Ralph Lee, pode ser
utilizada para determinar o valor de energia incidente em ambientes fechados. Para
tal cálculo, devem-se seguir alguns parâmetros:

 Considerar tensão superior a 600 V;


 Deve-se calcular a corrente máxima de curto-circuito trifásica;
 Tempo total para atuação da proteção no ponto de origem do arco elétrico para
as condições de corrente máxima de curto-circuito;
 Distância do trabalhador a partir do ponto de origem do arco elétrico até o ponto
em que será efetuado o serviço.
55

O cálculo de energia incidente, segundo Queiroz e Senger (2012), é formulado


da seguinte forma pela equação (45):

793  F  V  t A (45)
E
D2
Onde:
E = Energia incidente, em cal/cm2;
F = Corrente de curto-circuito, em kA;
V = Tensão de linha, em kV;
tA = Tempo de duração do arco, em segundos;
D = Distância de trabalho do ponto de arco elétrico, em polegadas.

4.4.3. Método IEEE 1584

A norma IEEE 1584 é um guia normativo que fornece parâmetros para a


determinação da distância segura em que o operador deve realizar uma manobra em
painel, chave ou dispositivo elétrico (QUEIROZ; SENGER, 2012).
Os cálculos formulados apresentam características levantadas a partir de uma
série de ensaios. É um método que atende as diversas configurações do sistema
elétrico estudado, seja ele em configuração aberta ou fechada, em baixa e média
tensão.
Pelo método da IEEE 1584, são necessárias nove etapas para determinar a
energia incidente proveniente do arco elétrico e a distância segura de aproximação. A
Tabela 8 apresenta essas etapas.

Tabela 8 - Passo a passo para a determinação da energia incidente e da distância segura de


aproximação de acordo com a norma IEEE 1584.
Etapa Descrição
1 Coleta de dados da instalação e do sistema.
2 Determinar os modos de operação do sistema.
3 Determinar a corrente de curto-circuito.
4 Determinar a corrente do arco elétrico.
5 Encontrar as características dos dispositivos de proteção e o
tempo de duração do arco.

Fonte: Adaptada da norma IEEE 1584, 2002.


56

Tabela 8 - Passo a passo para a determinação da energia incidente e da distância segura de


aproximação de acordo com a norma IEEE 1584. (Continuação)
6 Determinar as tensões dos sistemas e a classe dos
equipamentos.
7 Determinar a distância de trabalho.
8 Calcular a energia incidente em todos os equipamentos
9 Determinar a distância segura de aproximação contra o arco
elétrico.

Fonte: Adaptada da norma IEEE 1584, 2002.

Para melhor entendimento do exposto na Tabela 8, segundo Queiroz e Senger


(2012), os itens a seguir detalham cada etapa para determinação da energia incidente
em um determinado ponto do sistema.

 Etapa 1 - Coleta de dados:


Nesta etapa, deve-se fazer a coleta de dados do sistema elétrico estudado.
Juntamente com o diagrama unifilar, devem ser providenciados todos os dados
necessários de todas as cargas do sistema, para elaboração do diagrama de
impedâncias. Após a coleta de dados, agrupá-los para cálculo da corrente de curto-
circuito. Segundo Dos Santos (2009), os valores das correntes de curto-circuito
assimétricas são utilizados para determinar a capacidade dos equipamentos de
suportar os efeitos dinâmicos oriundos das correntes de falta. Por sua vez, os valores
simétricos são utilizados na determinação das capacidades de interrupção dos
dispositivos de seccionamento bem como as capacidades de suportar efeitos térmicos
provenientes das correntes de falta. Assim, para cálculo do ATPV, serão utilizadas as
correntes simétricas de curto-circuito.

 Etapa 2 – Determinação dos modos de operação do sistema:


Nesta etapa, é necessário analisar todos os modos de operação do sistema.
Segundo Kinderman (1997 ), definem-se sistemas elétricos em dois tipos: radial-
simples e radial multi-aterrado (ou sistema em anel). O primeiro possui um modo de
operação normal. Já o segundo, possui vários modos de operação.
57

 Etapa 3 – Determinação da corrente de curto-circuito:


Nesta etapa, é recomendado pela IEEE 1584, que todos os parâmetros
referentes ao diagrama unifilar e ao diagrama de impedâncias, sejam inseridos em um
programa para cálculo de curto-circuito em qualquer barramento do sistema.

 Etapa 4 – Determinação da corrente de arco elétrico:


Nesta etapa, define-se a corrente de arco elétrico nos pontos de interesse da
instalação elétrica a partir de duas formulações.
Para baixa tensão, deve-se aplicar a equação (46):

logIa  k  0,662  logIbf  0,0966V  0,000526G  ... (46)

...  0,5588V (logIbf )  0,00304G(logIbf )


Onde:
log = Logaritmo na base 10;
Ia = Corrente do arco elétrico, em kA;
k = 0,153 para arco em ambiente aberto ou 0,097 para arco em ambiente fechado;
Ibf = Corrente de curto-circuito para uma falta trifásica, em kA;
V = Tensão do sistema, em kV;
G = Distância entre condutores, em mm.

A distância entre condutores é determinada pela tabela 9.

Tabela 9 - Fatores para equipamentos e classes de tensão

Tensão do Distância típica entre


Tipo de equipamento Distância X fator
sistema (kV) condutores (mm)

0,208 - 1,0 Ambiente aberto 10-40 2,000


Painel de distribuição 32 1,473
CCM e Painel 25 1,641
Cabos 13 2,000
>1–5 Ambiente aberto 102 2,000
Painel de distribuição 13-102 0,973
Cabos 13 2,000
> 5 – 15 Ambiente aberto 13-153 2,000
Painel de distribuição 153 0,973
Cabos 13 2,000

Fonte: IEEE 1584, 2002.


58

Para tensões entre 1 kV e 15 kV, não há distinção entre ambiente aberto e


ambiente fechado, portanto deve-se aplicar a equação (47):

logIa  0,00402  0,983  logIbf (47)

Onde:
log = Logaritmo na base 10;
Ia = Corrente do arco elétrico, em kA;
Ibf = Corrente de curto-circuito para uma falta trifásica, em kA.

 Etapa 5 – Encontrar as características dos dispositivos de proteção e o tempo


de duração do arco elétrico:
Nesta etapa, são elencados os dados referentes às características dos
dispositivos de proteção, verificando os equipamentos em campo ou através dos
catálogos dos fabricantes. A norma IEEE 1584, disponibiliza uma tabela, representada
pela Tabela 10, em que são recomendados os tempos de abertura para disjuntores de
potência. Orienta, também, que os tempos de abertura para disjuntores específicos
devem ser consultados com os fabricantes (QUEIROZ; SENGER, 2012).

Tabela 10 - Tempo de abertura para disjuntores de potência


Tempo de
Tensão e tipo de disjuntor abertura em 60 Hz Tempo de abertura (s)
(ciclos)
Baixa tensão (<1 kV), caixa
moldada e relé de proteção 1,5 0,025
integrado
Baixa tensão (<1 kV), caixa isolada
com relé de proteção integrado ou 3 0,05
operado por relé externo
Média Tensão (1 a 35 kV) 5 0,08
Alta tensão (> 35 kV) 8 0,13
Fonte: IEEE 1584, 2002.

 Etapa 6 – Determinação das tensões dos sistemas e a classe dos


equipamentos:
Nesta etapa, segundo Queiroz e Senger (2012), deve-se apresentar, para cada
barramento, a tensão do sistema e o tipo de equipamento, conforme Tabela 11, com
a finalidade de indicar o espaçamento entre os barramentos.
59

Tabela 11 - Tipos de equipamento e a distância típica entre barramentos

Distância típica
Tipo de equipamento entre os
barramentos (mm)

Painel de 15 kV 152
Painel de 5 kV 104
Painel de baixa tensão 32
CCMs e quadros elétricos de baixa
tensão 25
Cabos 13
Outros Não necessário
Fonte: IEEE 1584, 2002.

 Etapa 7 – Determinação da distância de trabalho do operador:


Nesta etapa, segundo Queiroz e Senger (2012), deve-se determinar a distância
típica de operação do trabalhador a partir do que é exposto na Tabela 12.

Tabela 12 - Tipo de equipamento e a distância de trabalho típica

Distância de trabalho típica


Tipo de equipamento
(mm)

Painel de 15 kV 910
Painel de 5 kV 910
Painel de baixa tensão 610
CCMs e quadros elétricos de baixa
tensão 455
Cabos 455
Outros A ser determinada no campo
Fonte: IEEE 1584, 2002.

 Etapa 8 – Cálculo da energia incidente em todos os equipamentos:


Nesta etapa, a IEEE 1584 disponibiliza planilha para cálculo da energia
incidente e recomenda a utilização de programas que façam esse cálculo.
Primeiramente, a norma estabelece que se calcule a energia incidente
normalizada, a qual apresenta parâmetros normalizados para um arco de 200 ms de
duração e uma distância de 610 mm, entre o ponto de origem do arco e uma pessoa.
Essa energia é determinada pela expressão (48):

logEn  k1  k 2  1,081 logIa  0,0011G (48)


60

Onde:
log = Logaritmo na base 10;
Ia = Corrente do arco elétrico, em kA;
En = Energia incidente normalizada (J/cm2) para tempo de 200 ms e distância de
610 mm;
k1 = 0,792 para arco em ambiente aberto ou 0,555 para arco em ambiente fechado;
k2 = 0 para sistema isolado ou aterrado por alta resistência ou 0,113 para sistema
solidamente aterrado;
G = Distância entre condutores, em mm, conforme Tabela 9.

Para determinar o valor da energia incidente, em cal/cm 2, deve-se aplicar a


seguinte equação (73):

 t  610 x  (49)
E  Cf En   x

 0,2  D 
Onde:
E = Energia incidente (cal/cm2);
En = Energia incidente normalizada;
Cf = É um fator de cálculo. Pode ser 1,0 para tensão de 1 kV ou 1,5 para tensão igual
ou menor do que 1 kV;
t = Tempo do arco elétrico, em segundo;
D = Distância do possível ponto do arco elétrico para um trabalhador, em mm;
x = Expoente de distância, conforme tabela 11.

 Etapa 9 – Determinação da distância segura de aproximação contra arco


elétrico:
Para determinar a distância segura de aproximação, deve-se utilizar a
equação (50):

1 (50)
  t  610 x
 x
DB  4,184Cf En   
  0,2  EB 
61

Onde:
EB = Energia incidente (J/cm2) na distância de proteção;
En = Energia incidente normalizada;
Cf = É um fator de cálculo. Pode ser 1,0 para tensão de 1 kV ou 1,5 para tensão igual
ou menor do que 1 kV;
t = Tempo do arco elétrico, em segundo;
DB = Distância de aproximação do ponto de arco elétrico, em mm;
x = Expoente de distância, conforme Tabela 9.

4.5. CONCLUSÃO CAPITULO 4

A determinação do ATPV e a correta escolha da vestimenta de proteção do


operador reduzem de maneira significativa a incidência de acidentes de trabalho com
danos sérios aos trabalhadores. Conforme estudado neste capítulo, através das
simulações nas vestimentas é possível quantificar a grande energia liberada pelo
arco-elétrico oriundo de uma situação de curto-circuito.
Desta forma, utilizando as metodologias específicas para cada nível de tensão,
é possível determinar a categoria da vestimenta ATPV necessária ao operador para
realizar qualquer tipo de serviço no ponto em questão. Enfatiza-se que a vestimenta
ATPV tem por objetivo principal evitar queimaduras de segundo grau ao operador,
bem como evitar também rupturas na vestimenta (expondo a pele) maiores que 5mm
medidos em qualquer direção. Com efeito, tem-se que, em uma situação anômala de
curto-circuito, a exposição do operador aos riscos do arco elétrico é minimizada com
o correto dimensionamento da categoria ATPV da vestimenta.
62

5. CONCLUSÕES

As questões relevantes sobre a natureza e os riscos envolvendo o arco elétrico


são de extrema importância quando se trata da saúde e segurança do operador em
serviços envolvendo eletricidade, o que torna imprescindível a existência de um
estudo no que tange a energia incidente.
O correto dimensionamento da vestimenta de segurança, além da observância
dos aspectos envolvendo a saúde do operador, agrega à empresa uma significativa
otimização do tempo necessário a paradas para manutenções preventivas e preditivas
bem como uma economia na aquisição do EPI quando o dimensionamento do mesmo
é conforme a necessidade levantada pelo cálculo do ATPV. Ainda, com efeito ao
operador, a utilização do equipamento de proteção adequado está diretamente
relacionada a mobilidade que o profissional terá para exercer sua função, visto que
categorias maiores de ATPV são necessários equipamentos de proteção mais
robustos, vestimentas mais espessas e pesadas e demais acessórios que reduzem a
mobilidade e agilidade do operador. Para este caso em específico, aclara-se que o
sobre dimensionamento dos equipamentos de proteção não incidem em uma proteção
mais efetiva, além de limitar o operador a restrições de mobilidade impostas pela
vestimenta. A situação contrária, de sub dimensionamento da proteção é deveras
perigosa e imprudente, pois sujeita o operador aos perigos do arco elétrico.
No presente trabalho foram definidas as considerações para o levantamento
de cargas em instalações elétricas, bem como os tipos e as metodologias de cálculo
de curto-circuito. Com isso, foi possível generalizar um procedimento guia para a
determinação das correntes de curto-circuito e do ATPV através de um fluxograma de
análise, a ser apresentado no Anexo 1, o que permitiu sintetizar os procedimentos,
metodologias e considerações apresentadas. Ainda, neste mesmo anexo, apresenta-
se uma ferramenta operacional deste guia, em formato de planilha eletrônica, cujo
preenchimento simples facilita a determinação dos níveis de arco elétrico em um
determinado ponto da instalação.
Como exemplo de aplicação do guia e com a utilização de planilha para cálculo
de curto-circuito e do ATPV, foram calculadas as correntes Icc para uma instalação
industrial de grande porte, como apresentado no Anexo 2. Após o cálculo das
correntes de curto-circuito, foram apresentados os conceitos e métodos de cálculo da
63

energia incidente e do ATPV e classificação de vestimentas do operário, utilizando


como base os valores de corrente Icc. Com a categoria do ATPV definida para cada
barramento, estipulou-se o tipo de vestimenta necessária para o operador atuar em
diferentes pontos da instalação sob diferentes modos de operação da mesma.
O correto dimensionamento das vestimentas de proteção, proporciona um
ganho no que diz respeito à segurança pessoal do operador e também nos aspectos
financeiros de tempo de parada e quanto a aquisição do uniforme. Devido à sua
gravidade, os riscos envolvendo arco elétrico são motivação suficiente para a
existência de normas, que busquem de maneira eficaz, propor a utilização de EPIs
adequados.

5.1. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Existem diversos estudos que podem ser elaborados a partir dos


conhecimentos obtidos no trabalho de conclusão de curso: Guia para determinação
do ATPV. Abaixo serão citados alguns exemplos de temas a serem abordados:

 Propor melhorias no sistema visando reduzir as correntes de curto-circuito,


estudando diferentes métodos de proteção, suas curvas de atuação, proteções
redundantes, novos métodos de isolação suplementar e complementar, etc;

 Estudo de proteções complementares a um determinado sistema a partir do


estudo de energia incidente, tais como mecanismos automatizados de
acionamento em pontos críticos da instalação (com elevadas correntes de
curto-circuito), meios de extinguir o arco elétrico, estudos termográficos de
abertura de dispositivos de seccionamento, etc;

 Melhoria do ambiente de trabalho no que tange, operador e distância de


trabalho, visando a diminuição dos riscos da energia incidente.
64

REFERÊNCIAS

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM-F1959/1959M-14:


Standard test method for determining the arc rating of materials for clothing. 2014.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM-F2178-12: Standard


test method for determining the arc rating and standard specification for eye or face
protective products. 2012.

ANJOS, Talita A. A História da Eletricidade. Disponível em


<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-historia-eletricidade.htm>. Acesso em:
08 de out. 2016.

CPFL Energia. A História da Energia Elétrica. Disponível em


<http://www.cpfl.com.br/energias-sustentaveis/eficiencia-energetica/uso-
consciente/historia-da-energia/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 08 de out. 2016.

DIAS, Guilherme A. D.; LEAL, César A. Riscos do arco elétrico parte 1. O Setor
Elétrico, São Paulo, v. 1, n. 12, fascículo 5, p. 32-35, jan. 2007.

DIAS, Guilherme A. D.; LEAL, César A. Riscos do arco elétrico parte 2. O Setor
Elétrico, São Paulo, v. 1, n. 12, fascículo 5, p. 28-31, fev. 2007.

EUROPEAN COMMITTEE FOR ELECTROTECHNICAL STANDARDIZATION.


CENELEC-ENV 50354:2000: Electrical arc test methods for material and garments,
for use by workers at risk from exposure to an electrical arc. 2000.

GUIMARÃES, E. B. de A., NEUMANN, M. T. P. Programa para cálculo de curto-


circuito. Projeto Final de Graduação da Universidade Federal do Paraná, 2009.

HERCULES, Equipamentos. Definindo o ATPV. <http://www.hercules.com.br/dica-


de-terca-definindo-o-atpv-arc-thermal-perfomance-value/>, acesso em 27 de abril,
2017.
65

INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS. IEEE-1584: IEEE


Guide for Performing Arc-Flash Hazard Calculations. 2013.

KINDERMANN, Geraldo. Curto-Circuito. 2. ed. Porto Alegre – RS: Editora Sagra –


D.C. Luzzatto, 1997.

MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 8. ed. Rio de Janeiro –


RJ: Editora LTC - Livros Técnicos e Científicos, 2010.

MARINA TEXTIL. Arc Ratings ATPV. Disponível em:


<http://www.marinatextil.net/technical-fabrics/blog/protective-fabric/best-electric-arc-
flash_17>, acesso em 27 de abril, 2017.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR-10: segurança em instalações e


serviços com eletricidade. 2016.

NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. NFPA 70E: Standard for Electrical


Safety Requirement for Employee Workplace. 2015.

NETO, Nestor W. História da Segurança do Trabalho. Disponível em


<http://segurancadotrabalhonwn.com/historia-da-seguranca-do-trabalho/>. Acesso
em: 08 de out. 2016.

NORMAS TÉCNICAS COPEL. NTC-903100: Fornecimento em Tensão Primária de


Distribuição. 2013.

OLIVEIRA, Willian. Cálculo de Correntes de Curto-Circuito e Seletividade em


Instalações Elétricas Industriais. 50 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Engenharia Elétrica), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

PELLEGRINO, P. E. M. “Cálculo de Curto Circuito Pelo Método kVA”. Disponível


em: <http://www.centralmat.com.br/Artigos/Mais/art2_kva_metodo.PDF>, acesso em
27 de abril, 2017.
66

PROGARM. ATPV Flash Testing. Disponível em <http://www.progarm.com/about-


progarm/protection/arc-flash-testing/>, acesso em 27 de abril, 2017.

QUEIROZ, A. R. S. Utilização de relés digitais para mitigação dos riscos


envolvendo arco elétrico. Dissertação (Mestrado em Ciências – Engenharia
Elétrica). Universidade de São Paulo, 2011

SHIPP, David D.; VILCHECK, William S.; ANGELINI, Frank J.; Costa, Luiz Felipe O.
Arco elétrico na indústria petroquímica. O Setor Elétrico, São Paulo, v. 4, n. 37, p.
94-103, fev. 2009.

YUEN, M. H., “Short Circuit ABC – Learn it in an Hour, Use It Anywhere,


Memorize No Formula” IEEE PCIC paper, TOC-73-132, Sep 1973.
67

APÊNDICE 1: Guia para determinação do ATPV

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA- ÊNFASE EM ELETROTÉCNICA

LUCAS TODESCHINI CUSSOLIN


RICARDO GONÇALVES LAUFER

GUIA PARA DETERMINAÇÃO DO ATPV

CURITIBA
2017
68

De maneira a simplificar e sintetizar toda a metodologia descrita neste trabalho,


o guia para determinação do ATPV traz em forma de fluxograma e planilha eletrônica
disponibilizada pelos autores em arquivo computacional do Microsoft Excel, na página
pessoal da professora Dra. Nastasha Salame da Silva, da Universidade Tecnológica
Federal, unidade Centro, em Curitiba – Paraná, para cálculo o passo-a-passo
necessário para obter a categoria do ATPV necessária em cada ponto, de maneira
complementar a tabela 8 elaborada pela IEEE.

Figura 15 – Fluxograma guia para determinação do ATPV.

Fonte: Os autores, 2017.


69

Conforme ilustrado no fluxograma da figura 15, o processo para determinação


da categoria de ATPV possui cinco passos elementares: A organização dos dados
para cálculo do curto circuito, a confecção do diagrama de impedâncias, o cálculo de
curto circuito, a determinação dos níveis de ATPV e por fim a determinação das
categorias de ATPV das vestimentas.
Em conformidade toda a metodologia descrita no trabalho, a etapa preparativa
de organização dos dados envolve o panorama da instalação: os dados de
impedância no ponto de entrega da concessionária, os dados das cargas da
instalação, tais como motores, máquinas, geradores, quadros, transformadores, etc.,
bem como, se houver, os documentos referentes aos diagramas unifilares da
instalação.
De posse destes dados, a elaboração do diagrama de impedâncias “traduz” o
panorama da instalação para a linguagem a ser utilizada no cálculo do curto-circuito:
Analisar a instalação sob foco de impedâncias em série ou em paralelo.
Uma vez elaborado o diagrama de impedâncias, calcula-se as correntes de
curto-circuito que serão utilizadas para a etapa de determinação do ATPV, que leva
em consideração a configuração da instalação (tensão de operação, aspectos
construtivos (painel, subestação aberta, cubículo fechado, tempo de atuação da
proteção, etc). Com a energia incidente calculada, determina-se a categoria de ATPV
para a vestimenta do operador, necessária para a realização de trabalhos em
eletricidade no ponto da instalação.
De maneira a facilitar a operacionalização destas etapas, fora elaborado uma
planilha eletrônica para a determinação do ATPV cujo algoritmo é conforme o
fluxograma apresentado. Esta planilha sintetiza outras planilhas eletrônicas
disponibilizadas pela IEEE para determinação do ATPV tomando por base as
correntes de curto circuito, bem como outras planilhas de cálculo de curto circuito.
Com efeito, tem-se o processo completo para a determinação do ATPV tendo como
base os mesmos dados descritos na metodologia deste trabalho: Apenas as
informações básicas da instalação.
Desenvolvida no Microsoft Excel®, a planilha está dividida em 13 abas, uma
delas contendo apenas um banco de dados com informações de condutores,
transformadores, motores e geradores conforme catálogos de fabricantes e dados já
descritos no trabalho.
70

A primeira aba, chamada de “BASE”, traz informações da potência e tensão de


base a ser utilizada no cálculo do curto circuito pelo método por unidade. Em todas as
abas, os campos possuem legendas auxiliares sobre o preenchimento manual ou
automático por parte da planilha. Os campos de preenchimento manual (indicado em
azul) são Pb: Potência de Base, e Vb: Tensão de Base. A Corrente de Base Ib é
calculada automaticamente. A figura 16 ilustra a primeira aba em questão.

Figura 16 – Primeira Aba: Dados de Base.

Fonte: Os autores, 2017.

A segunda aba, chamada de “Concessionária”, é inserido os dados de


impedância no ponto de entrega. Estes dados fornecidos pela concessionária deverão
ser inseridos na planilha de maneira direta apenas se estiverem na mesma base de
cálculo definida na primeira aba “Bases”. Caso contrário, deverá ser feita a mudança
de base para a definida na tabela ou, em caso dos dados estiverem em ôhms, os
mesmos também deverão ser inseridos já nas bases definidas na primeira aba.
71

Figura 17 – Segunda Aba: Dados da(s) Concessionária(s).

Fonte: Os autores, 2017.

Na aba 3 “Transformadores”, são inseridas as características de impedância de


todos os transformadores da instalação. Os dados a serem preenchidos são: O TAG
(nome) do transformador (de acordo com o projeto ou instalação), a potência do
transformador, a tensão primária e a tensão secundária.
Se os dados preenchidos estiverem conforme ao banco de dados com
informações genéricas do equipamento, a tabela automaticamente preencherá os
dados de impedância percentual, perdas no cobre e demais valores. Contudo, se
forem conhecidos estes dados (via dados de placa do transformador ou relatório de
ensaio/fabricação), estes campos poderão ser preenchidos manualmente.
Foram alocadas nesta aba a possibilidade de preenchimento de até 10
transformadores na instalação. Caso o número de transformadores seja maior, basta
utilizar o recurso “arrastar e copiar” do MS Excel e atualizar os campos nas abas
seguintes.
72

Figura 18 – Terceira Aba: dados dos transformadores.

Fonte: Os autores, 2017.

Para instalações que possuam um ou mais geradores, a quarta aba


“Geradores” deverá ser preenchida. De maneira similar a aba anterior, deverá ser
preenchido o TAG (nome) do gerador no projeto, a potência e tensão nominais e a
impedância de sequência zero. Os demais dados poderão ser preenchidos
automaticamente de acordo com o banco de dados, porém caso sejam conhecidos
todos os parâmetros do gerador, os dados poderão ser preenchidos manualmente.
Foram alocadas nesta aba a possibilidade de preenchimento de até 10
geradores na instalação. Caso o número de geradores seja maior, basta utilizar o
recurso “arrastar e copiar” do MS Excel e atualizar os campos nas abas seguintes.
73

Figura 19 – Quarta Aba: dados dos geradores.

Fonte: Os autores, 2017.

Na quinta aba “Motores” são preenchidos os dados de todos os motores da


instalação. De maneira análoga aos geradores, deverá ser preenchido o TAG “nome”
do motor na instalação/projeto, a potência e tensão nominais, a impedância sub-
transitória e os dados de impedância de sequência zero e positiva. Estes dados, caso
não sejam conhecidos, poderão ser obtidos automaticamente da base de dados
existente.
Foram alocadas nesta aba a possibilidade de preenchimento de até 40 motores
na instalação. Caso o número de motores seja maior, basta utilizar o recurso “arrastar
e copiar” do MS Excel e atualizar os campos nas abas seguintes.
74

Figura 20 – Quinta Aba: dados dos motores.

Fonte: Os autores, 2017.

Na sexta aba “Cabos”, última aba de preenchimento dos dados de entrada, são
colocados todos os condutores e ramais da instalação, bem como a distância
percorrida pelos mesmos. Para facilitar o preenchimento automático dos valores de
impedância de condutores, para cabos de média tensão deverá ser preenchido
conforme ilustrado no cabo 01 da figura 21. Para cabos de baixa tensão deverá ser
preenchido conforme cabo 02 da figura 21. Desta forma, os valores serão
automaticamente atualizados conforme disponível na base de dados, de acordo com
informações de impedância de cabos da fabricante Prysmian.
Foram alocadas nesta aba a possibilidade de preenchimento de até 60 ramais
distintos na instalação. Caso o número de ramais seja maior, basta utilizar o recurso
“arrastar e copiar” do MS Excel e atualizar os campos nas abas seguintes.
75

Figura 21 – Sexta Aba: dados dos ramais e condutores.

Fonte: Os autores, 2017.

A sétima aba “Resumo Imped Elem”, sintetiza todas as informações de


impedância de sequência zero e de sequência positiva dos elementos inseridos nas
abas anteriores (transformadores, geradores, cabos, motores). Caso não foram
utilizados todos os espaços alocados para preenchimento nas abas anteriores, as
linhas em branco correspondentes a estes itens podem ser retirados. O recurso
“arrastar com referência de linhas” também poderá ser utilizado ao adicionar novas
linhas nesta tabela, caso tenham sido inseridos uma quantidade superior a disponível
para os elementos nas abas anteriores. Nenhum preenchimento manual de dados
nesta aba é necessário.
76

Figura 22 – Sétima Aba: Resumo das Impedâncias dos elementos.

Fonte: Os autores, 2017.

A oitava aba “Cálculo Imped Equiv” refere-se ao cálculo das impedâncias


equivalentes para o curto-circuito. Nesta aba, foram alocadas inicialmente 20 pontos
de impedância equivalentes. Caso o número de pontos de interesse seja maior, basta
utilizar o recurso “arrastar e copiar” do MS Excel e atualizar os campos nas abas
seguintes.
Esta aba é operacionalizada da seguinte maneira: Para cada impedância a ser
analisada, dá-se um nome (TAG) a ela. O preenchimento nos campos em azul é feito
adicionando o nome das demais impedâncias do sistema (coluna C) e dizendo o tipo
de associação existente entre eles em relação à impedância de análise (se estão em
série ou em paralelo). Ao final de todos os elementos, é inserida o nome da
impedância de análise (célula do título ao lado da TAG) para que seja finalizado o
cálculo.
Para sistemas aterrados em que há o bloqueio de sequência zero (como em
transformadores delta-estrela aterrados), basta inserir um “x” na coluna “a”
correspondente ao elemento. Com efeito, serão feitas as associações em sequência
zero apenas à jusante do elemento, desconsiderando o que está localizado à
montante do aterramento.
77

Figura 23 – Oitava Aba: cálculo das impedâncias equivalentes.

Fonte: Os autores, 2017.

Na nona aba “Resumo Imped Equiv”, é mostrada uma tabela com as


impedâncias equivalentes analisadas calculadas na aba anterior. Nesta aba, basta
preencher o campo “impedância” (coluna B) com o nome da impedância equivalente
definida na aba anterior. O TAG e as informações de impedâncias serão atualizados
automaticamente. É a partir desta tabela que serão calculadas as correntes de curto-
circuito para a análise do ATPV.
Figura 24 – Nona Aba: resumo das impedâncias equivalentes analisadas.

Fonte: Os autores, 2017.


A décima aba “Níveis de Icc3F” são calculadas as correntes de curto circuito
trifásicas e bifásicas, já em ampères, de acordo com as impedâncias equivalentes
obtidas na aba 8 e definidas na aba 9.
78

Nesta aba, basta preencher a tensão nominal (coluna M) no ponto da


impedância equivalente em questão, e todas as correntes de curto-circuito serão
calculadas automaticamente.

Figura 25 – Nona Aba: níveis de curto circuito trifásicos e bifásicos.

Fonte: Os autores, 2017.

A décima primeira aba “Níveis de IccF-T” são calculadas as correntes de curto


circuito monofásicas, já em ampères, de acordo com as impedâncias equivalentes
obtidas na aba 8 e definidas na aba 9.
Nesta aba não é necessário nenhum preenchimento, visto que as tensões são
preenchidas de acordo com o inserido na aba anterior.

Figura 26 – Décima primeira Aba: níveis de curto circuito trifásicos e bifásicos.

Fonte: Os autores, 2017.


79

A décima segunda aba “Níveis de Arco” é calculada a energia incidente e


definida a categoria de ATPV necessária ao ponto de análise. Nesta aba, as colunas
“F, “G”,”H”, “I” e “J” são preenchidas via “lista suspensa”, que são valores predefinidos
de maneira a facilitar o preenchimento, como exemplificado a seguir:
 A coluna “F” ou “Local de Trabalho”, é preenchida conforme a configuração
física do ponto a ser analisado;

 A coluna “G” ou “Distância entre fases (mm)”, pode ser preenchida conforme
os valores obtidos na tabela 9 da subseção 4.4.3;

 A coluna “H” é preenchida com a informação da existência ou não de


aterramento no ponto;

 A coluna “I” indica o tempo de interrupção em segundos, sendo este o tempo


em que a proteção irá atuar. As opções selecionáveis consideram ciclos e seus
múltiplos, já escritos em segundos;

 A coluna “J” indica a distância do operador, em milímetros. As opções


selecionáveis são conformes o anexo “A” da NR-10, de acordo com os níveis
de tensão e zonas de risco.

Por sua vez na colunas “K”, “L” e “M” são calculadas as correntes de arco
elétrico e energia incidente, bem como definidas as categorias de ATPV em cada
ponto analisado.

Figura 27 – Décima segunda Aba: níveis ATPV.

Fonte: Os autores, 2017.


80

Desta forma, através de uma planilha eletrônica obtêm-se as categorias de


ATPV nos pontos de interesse da instalação, tendo como base apenas os valores
individuais da cada componente e/ou carga.
81

APÊNDICE 2: Estudo de Caso em Indústria radial multi-aterrada de grande porte

Será demonstrado a seguir a aplicação do Guia em uma indústria radial multi-


aterrada em anel de grande porte, cuja identidade será preservada por solicitação da
mesma e cujos dados foram fornecidos pela empresa Thesis Engenharia LTDA.
Utilizou-se como base a sequência de cálculo de curto-circuito e do APTV,
apresentadas anteriormente no anexo 1, desde a entrada de energia até o secundário
de cada transformador. Estende-se a análise até o pior caso de cada transformador,
que seria o barramento com menor carga.
Como tem-se um gerador LESNI de 460 kVA, operando em Skid ou
emergencial em alguns momentos no circuito, a análise divide-se em operação normal
(com o gerador isolado do circuito), operação em Skid (com o gerador no circuito) e
operação emergencial (apenas o gerador no circuito).
Quando o gerador opera em Skid, parte da potência é injetada no sistema para
suprir demanda das demais cargas dos outros transformadores. Já quando analisa-
se a operação normal do gerador, este injeta potência apenas para as cargas das
seringas. Também temos a condição emergencial, a qual o gerador alimenta apenas
a esterilização.
O ponto de partida se dá sob consulta ao setor de medição da concessionária
de energia COPEL, que fornecerá uma série de dados no ponto de entrega de energia
ao consumidor, conforme ilustrado na figura 28:
82

Figura 28 - Dados no ponto de entrega de energia fornecidos pela COPEL.

Fonte: Empresa Thesis Engenharia LTDA.


83

É importante salientar que o fornecimento de dados pelo setor de medição da


COPEL não segue um padrão. Para este estudo de caso, na figura 28, são
apresentados os seguintes dados:

 Dados do consumidor;
 Dados da subestação;
 Impedância da linha no ponto de entrega de energia;
 Níveis de curto-circuito trifásico, fase-fase e fase-terra máxima na
entrada de energia.

Somando-se os dados da figura 28 com a pesquisa em campo elaborada pela


empresa Thesis Engenharia, desenvolveu-se o diagrama geral de impedâncias do
sistema representado na prancha anexa ao trabalho (anexo 3). O mesmo foi obtido a
partir de informações e diagramas das instalações elétricas da indústria de grande
porte onde foram considerados 20 barras as quais foram aplicados os cálculos de
curto-circuito e posteriormente definido o grau do ATPV.
Neste diagrama são consideradas as impedâncias dos condutores, dos
transformadores, do gerador LESNI e a reatância subtransitória de máquinas girantes,
como os motores elétricos de indução, que contribuem como fonte para curto circuito
devido inércia do eixo. Para o caso dos transformadores e do gerador LESNI, houve
o bloqueio de sequência zero no cálculo, como exemplificado no anexo 1.
É calculada a corrente de curto circuito trifásico simétrico (condição que será
aplicada ao cálculo do ATPV como exemplificado na sub-seção 4.4.3 na etapa 1)
conforme o método descrito na sub-seção 3.4, que faz uso do sistema por
unidade (pu).
A resistência (R) e a reatância (X) na unidade de comprimento dos condutores
(ohms.km) foram obtidas a partir dos catálogos técnicos do fabricante de cabos de
cobre Prysmian.
Para os transformadores de distribuição foi considerada a impedância percentual
(Z%), calculada pelas formulações apresentadas na sub-seção 3.4.1.2 e perdas no
cobre (Pcut) de acordo com valores fornecidos por fabricantes destes equipamentos
na tensão (V) e potência (Pt) de cada máquina.
84

A reatância subtransitória percentual considerada para o gerador foi de 9% na


base de potência do gerador, conforme proposto por KINDERMANN (1997).
Para os motores de indução foi adotada a reatância percentual subtransitória
de 28%, na base de potência das máquinas, para motores de potência superior à 10
cv e 25 % para motores menores.
Os valores de base utilizados para a convenção do sistema por unidade (pu)
são:

 Vb, tensão de base, em kV;

 Sb, potência de base, em kVA;

 Zb, impedância de base em Ω;

 Ib, corrente de base, em A.

A tensão de base adotada nos cálculos foi 13,8 kV e a potência de base foi
definida em 100 MVA. A partir destas grandezas, a corrente de base é determinada
pela equação 15. Os valores de base adotados no sistema são indicados na
tabela 13.

Tabela 13 – Valores tomados como base do sistema


Bases
Pb 100.000.000,00 VA
Vb 13.800,00 V
Ib 4.183,70 A
Fonte: Os autores, 2017.

Com o diagrama em mãos, iniciam-se os cálculos das impedâncias entre cada


barramento, utilizando a planilha para cálculo do curto-circuito. Da chave fusível até a
entrada do consumidor, especificamente no RAMAL DE ENTRADA, tem-se os valores
fornecidos pela concessionária, tanto de sequência positiva, quanto de sequência
zero. O ramal de ligação (RAMAL DE ENTRADA) até o primário do transformador da
subestação do consumidor (SUBESTAÇÃO) é composto por cabos (C01) de 185 mm²
com comprimento total de aproximadamente 340 m, conforme ilustrado no diagrama,
anexo 3.
Na sequência, para o caso Operação Normal e Operação em Skid, tem-se a
impedância total calculada de cada transformador (total de 6 transformadores),
85

somados da impedância do transformador, o cabo de BT e todas as cargas


alimentadas pelo transformador.
Os demais dados de entrada para os transformadores, gerador LESNI, motores
e cabos presentes na instalação, pela imensa quantidade, são apresentados na
integra, na planilha disponibilizada pelos autores em arquivo computacional do
Microsoft Excel, na página pessoal da professora Dra. Nastasha Salame da Silva, da
Universidade Tecnológica Federal, unidade Centro, em Curitiba – Paraná.
O resumo de impedâncias, resistências e reatâncias de sequência zero e
positiva para os diversos elementos do sistema é apresentado a seguir na tabela 14:

Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema


R0 X0 Z0 R1 X1 Z1
Concessionária E01 0,72700 5,29280 5,34250 0,22050 0,97240 0,99709
T01 1,10000 5,38888 5,50000 1,10000 5,38888 5,50000
T02 1,10000 5,38888 5,50000 1,10000 5,38888 5,50000
T03 1,25000 5,35607 5,50000 1,25000 5,35607 5,50000
Transformadores
T04 1,25000 5,35607 5,50000 1,25000 5,35607 5,50000
T05 1,10000 5,38888 5,50000 1,10000 5,38888 5,50000
T06 0,71111 3,59705 3,66667 0,71111 3,59705 3,66667
Geradores G01 5,43478 5,43478 41,30435 41,30435
M01 93,33333 93,33333 93,33333 93,33333
M02 93,63296 93,63296 93,63296 93,63296
M03 179,85612 179,85612 179,85612 179,85612
M04 274,72527 274,72527 274,72527 274,72527
M05 81,39535 81,39535 81,39535 81,39535
M06 133,97129 133,97129 133,97129 133,97129
M07 58,33333 58,33333 58,33333 58,33333
M08 91,80328 91,80328 91,80328 91,80328
M09 45,90164 45,90164 45,90164 45,90164
M010 45,90164 45,90164 45,90164 45,90164
M011 581,39535 581,39535 581,39535 581,39535
M012 396,82540 396,82540 396,82540 396,82540
Motores M013 107,69231 107,69231 107,69231 107,69231
M014 2083,33333 2083,33333 2083,33333 2083,33333
M015 833,33333 833,33333 833,33333 833,33333
M016 102,45902 102,45902 102,45902 102,45902
M017 173,61111 173,61111 173,61111 173,61111
M018 471,69811 471,69811 471,69811 471,69811
M019 263,15789 263,15789 263,15789 263,15789
M020 675,67568 675,67568 675,67568 675,67568
M021 675,67568 675,67568 675,67568 675,67568
M022 328,94737 328,94737 328,94737 328,94737
M023 40,28777 40,28777 40,28777 40,28777
M024 224,00000 224,00000 224,00000 224,00000
M025 694,44444 694,44444 694,44444 694,44444
Fonte: Os autores, 2017.
86

Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema (Continuação - 1)


M026 147,36842 147,36842 147,36842 147,36842
M027 68,96552 68,96552 68,96552 68,96552
M028 657,89474 657,89474 657,89474 657,89474
M029 93,33333 93,33333 93,33333 93,33333
M030 177,30496 177,30496 177,30496 177,30496
M031 245,61404 245,61404 245,61404 245,61404
M032 120,17167 120,17167 120,17167 120,17167
M033 294,11765 294,11765 294,11765 294,11765
Motores
M034 42,48862 42,48862 42,48862 42,48862
M035 240,38462 240,38462 240,38462 240,38462
M036 54,05405 54,05405 54,05405 54,05405
M037 40,00000 40,00000 40,00000 40,00000
M038 164,47368 164,47368 164,47368 164,47368
M039 368,42105 368,42105 368,42105 368,42105
M040 164,47368 164,47368 164,47368 164,47368
M041 367,64706 367,64706 367,64706 367,64706
C01 0,07213 0,05643 0,09158 0,02289 0,02292 0,03239
C02 2,42523 2,58985 3,54811 0,10085 0,11493 0,15290
C03 2,42523 2,58985 3,54811 0,10085 0,11493 0,15290
C04 231,68698 245,94912 337,89026 17,84401 10,63275 20,77171
C05 46,18079 48,62603 67,06084 4,34194 2,08419 4,81626
C06 124,13481 132,32825 181,43930 7,91581 5,77329 9,79749
C07 76,96798 81,04339 111,76806 7,23657 3,47366 8,02709
C08 40,29339 42,77376 58,76352 3,10331 1,84917 3,61247
C09 43,61519 45,92459 63,33524 4,10072 1,96841 4,54869
C010 12,24044 13,08110 17,91490 0,61854 0,57571 0,84501
C011 18,13202 19,24819 26,44359 1,39649 0,83213 1,62561
C012 3,63785 3,88478 5,32217 0,15128 0,17239 0,22936
C013 27,70170 29,40696 40,39992 2,13352 1,27131 2,48357
Cabos C014 17,13662 18,31353 25,08086 0,86596 0,80600 1,18302
C015 89,35537 92,65776 128,72390 10,32645 3,98803 11,06977
C016 115,63636 119,91004 166,58387 13,36364 5,16098 14,32559
C017 73,58678 76,30639 106,00792 8,50413 3,28426 9,11628
C018 28,54115 30,29808 41,62416 2,19817 1,30983 2,55883
C019 6,81446 7,28247 9,97352 0,34435 0,32051 0,47043
C020 178,71074 185,31551 257,44780 20,65289 7,97607 22,13955
C021 141,02686 149,70816 205,67233 10,86157 6,47211 12,64365
C022 44,06560 47,09194 64,49363 2,22676 2,07257 3,04204
C023 241,78512 250,72099 348,31173 27,94215 10,79115 29,95351
C024 294,34711 305,22555 424,03167 34,01653 13,13705 36,46514
C025 1545,81405 346,56508 1584,18699 1285,48347 19,45248 1285,63064
C026 294,34711 305,22555 424,03167 34,01653 13,13705 36,46514
C027 926,74793 983,79649 1351,56105 71,37603 42,53099 83,08684
Fonte: Os autores, 2017.
87

Tabela 14 – Resumo das impedâncias dos elementos do sistema (Continuação - 2)


C028 420,49587 436,03650 605,75953 48,59504 18,76722 52,09306
C029 317,78512 338,76033 464,48460 20,26446 14,77961 25,08158
C030 261,90702 278,02944 381,96290 20,17149 12,01963 23,48106
C031 261,90702 278,02944 381,96290 20,17149 12,01963 23,48106
C032 123,14876 129,66942 178,82890 11,57851 5,55785 12,84335
C033 84,86708 90,69559 124,20995 4,28857 3,99162 5,85874
C034 129,10021 137,62138 188,69687 8,23244 6,00422 10,18939
C035 261,90702 278,02944 381,96290 20,17149 12,01963 23,48106
C036 235,01653 251,15702 343,96602 11,87603 11,05372 16,22421
C037 88,13120 94,18388 128,98726 4,45351 4,14514 6,08408
C038 4255,07438 1366,68733 4469,17131 3211,78512 61,65978 3212,37694
C039 225,77273 237,72727 327,85299 21,22727 10,18939 23,54614
C040 178,71074 185,31551 257,44780 20,65289 7,97607 22,13955
C041 134,31129 142,57920 195,87841 10,34435 6,16391 12,04157
C042 4,85046 5,17971 7,09622 0,20170 0,22986 0,30581
C043 4,02934 4,27738 5,87635 0,31033 0,18492 0,36125
Cabos C044 137,09298 146,50826 200,64684 6,92769 6,44800 9,46412
C045 3,67213 3,92433 5,37447 0,18556 0,17271 0,25350
C046 73,44267 78,48657 107,48938 3,71126 3,45429 5,07006
C047 78,84298 81,75684 113,57991 9,11157 3,51885 9,76745
C048 21,21677 22,67390 31,05249 1,07214 0,99791 1,46469
C049 40,29339 42,77376 58,76352 3,10331 1,84917 3,61247
C050 0,33184 0,06402 0,33796 0,10529 0,02601 0,10846
C051 3,67213 3,92433 5,37447 0,18556 0,17271 0,25350
C052 4,96539 5,29313 7,25757 0,31663 0,23093 0,39190
C053 2,64821 2,82300 3,87071 0,16887 0,12316 0,20901
C054 22,64411 20,44060 30,50531 5,90671 0,87397 5,97102
C055 9,93079 10,58626 14,51514 0,63326 0,46186 0,78380
C056 63,65031 68,02169 93,15746 3,21643 2,99372 4,39406
C057 21,21677 22,67390 31,05249 1,07214 0,99791 1,46469
C058 24,48089 26,16219 35,82979 1,23709 1,15143 1,69002
C059 12,58006 11,35589 16,94739 4,59246 0,50103 4,61971
C060 68,33058 70,85593 98,43592 7,89669 3,04967 8,46512
Fonte: Os autores, 2017.

Com as impedâncias de cada elemento, foram calculadas as impedâncias


equivalentes para cada barramento do sistema, definido previamente, para facilitar na
análise posterior do curto-circuito e por fim, do ATPV. Os dados foram divididos em
duas tabelas. Na tabela 15 tem-se a TAG para cada impedância equivalente e na
tabela 16 tem-se os valores de impedâncias equivalentes, bem como as componentes
resistivas, reatâncias e o ângulo de fase, para sequência zero e positiva.
88

Tabela 15 – TAGs para cada barramento do sistema

Impedância TAG
Z01 Ramal de entrada
Z02 Barramento da subestação 13,8 kV
Z03 Transformador 1 (Operação Normal)
Z04 Transformador 2 (Operação Normal)
Z05 Transformador 3 (Operação Normal)
Z06 Transformador 4 (Operação Normal)
Z07 Transformador 5 (Operação Normal)
Z08 Transformador 6 - LESNI (Operação Normal)
Z09 Gerador (Operação Emergencial)
Impedâncias Z10 Transformador 1 (Operação em SKID)
Equivalentes Z11 Transformador 2 (Operação em SKID)
Z12 Transformador 3 (Operação em SKID)
Z13 Transformador 4 (Operação em SKID)
Z14 Transformador 5 (Operação em SKID)
Z15 Pior caso Transformador 1 (Op. Normal)
Z16 Pior caso Transformador 2 (Op. Normal)
Z17 Pior caso Transformador 3 (Op. Normal)
Z18 Pior caso Transformador 4 (Op. Normal)
Z19 Pior caso Transformador 5 - Motor 34 (Op. Normal)
Z20 Pior caso Transformador 6 (Op. Normal)
Fonte: Os autores, 2017.

Tabela 16 – Resumo das impedâncias equivalentes do sistema


Impedância R0 X0 Z0 ø0 R1 X1 Z1 ø1
Z01 0,72700 5,29280 5,34250 82,17900 0,22050 0,97240 0,99709 77,22375
Z02 0,79913 5,34923 5,40860 81,50336 0,24339 0,99532 1,02465 76,25902
Z03 1,48575 1,82461 2,35301 50,84480 0,85693 1,62947 1,84106 62,26029
Z04 2,53645 7,67627 8,08447 71,71501 1,05271 2,58909 2,79492 67,87364
Z05 2,90945 8,55678 9,03789 71,22110 1,12013 2,60682 2,83729 66,74721
Z06 254981 7,88051 8,28275 72,07057 1,05854 2,59347 2,80118 67,79697
Z07 2,46960 7,60940 8,00012 72,01937 1,04187 2,46480 2,67596 67,08619
Z08 2,60447 7,90735 8,32523 71,76952 0,84955 2,60558 2,74058 71,94151
Z09 3,70279 4,68591 5,97230 51,68436 0,30602 0,23364 0,38501 37,36144
Z10 2,81280 6,09414 6,71196 65,22392 1,09237 3,11464 3,30064 70,67323
Z11 3,12520 6,76196 7,44923 65,19489 1,03085 3,03647 3,20668 71,24813
Z12 3,58459 8,04308 8,80570 65,97872 1,13251 3,09376 3,29453 69,89421
Z13 3,13129 7,04105 7,70592 66,02437 1,03831 3,04596 3,21807 71,17666
Z14 3,03860 6,66887 7,32850 65,50415 1,06229 2,83536 3,02783 69,46108
Z15 3,22594 9,87844 10,39184 71,91486 1,42001 2,82849 3,16493 63,34156
Z16 3,22594 9,87844 10,39184 71,91486 1,42001 2,82849 3,16493 63,34156
Z17 3,22594 9,87844 10,39184 71,91486 1,42001 2,82849 3,16493 63,34156
Z18 3,55883 10,14859 10,75449 70,67564 1,51259 2,86711 3,24164 62,18533
Z19 3,17811 9,36941 9,89375 71,26301 0,83809 1,66114 1,86059 63,22791
Z20 3,22594 9,87844 10,39184 71,91486 1,42001 2,82849 3,16493 63,34156
Fonte: Os autores, 2017.
89

Com posse dos valores de impedâncias equivalentes, bem como as


componentes resistivas, reatâncias em cada barramento, para sequência positiva,
calcula-se a corrente de curto-circuito trifásica simétrica.
Para cálculo da corrente de curto-circuito trifásica simétrica, toma-se como
base a formulação 34, apresentada na sub-seção 3.4.1.7. Os valores de correntes
encontrados estão apresentados na tabela 17 e foram calculados tomando-se como
referencial a tensão de base e a tensão nominal.

Tabela 17 – Níveis de corrente de curto-circuito trifásica simétrica


Vnom Icc3øsim
Z01 13800 V 4195,92 A
Z02 13800 V 4083,05 A
Z03 440 V 71272,15 A
Z04 440 V 46948,04 A
Z05 220 V 92493,85 A
Z06 220 V 93686,34 A
Z07 440 V 49035,13 A
Z08 440 V 47878,90 A
Z09 440 V 340809,26 A
Impedâncias Z10 440 V 39754,66 A
Equivalentes Z11 440 V 40919,61 A
Z12 220 V 79656,82 A
Z13 220 V 81549,55 A
Z14 440 V 43336,68 A
Z15 440 V 41459,36 A
Z16 440 V 41459,36 A
Z17 220 V 82918,71 A
Z18 220 V 80956,53 A
Z19 440 V 70524,02 A
Z20 440 V 41459,36 A
Fonte: Os autores, 2017.

Com os dados de corrente de curto-circuito trifásica simétrica para cada ponto


de análise e a sequência de preenchimento dos dados apresentadas no anexo 1,
calcula-se primeiramente a corrente do arco elétrico, posteriormente calcula-se a
energia incidente e por fim, define-se a categoria do ATPV. Os valores de corrente do
arco elétrico, energia incidente e a categoria do ATPV são apresentados na tabela 18.
90

Tabela 18 – Valores de corrente de arco elétrico, energia incidente e categoria do ATPV


Corrente do Energia Categoria
Vnom Icc3øsim Arco elétrico Incidente do ATPV
Z01 13800 V 4195,92 A 4132,94 A 0,08 cal/cm2 0
Z02 13800 V 4083,05 A 4023,63 A 0,08 cal/cm2 0
Z03 440 V 71272,15 A 29127,15 A 1,67 cal/cm2 1
Z04 440 V 46948,04 A 20765,18 A 1,16 cal/cm2 0
Z05 220 V 92493,85 A 19637,82 A 1,09 cal/cm2 0
Z06 220 V 93686,34 A 19811,58 A 1,10 cal/cm2 0
Z07 440 V 49035,13 A 21510,36 A 1,20 cal/cm2 1
Z08 440 V 47878,90 A 21098,30 A 1,18 cal/cm2 0
Z09 440 V 340809,26 A 103554,62 A 6,59 cal/cm2 2
Z10 440 V 39754,66 A 18146,26 A 1,00 cal/cm2 0
Z11 440 V 40919,61 A 18576,11 A 1,03 cal/cm2 0
Z12 220 V 79656,82 A 17720,31 A 0,98 cal/cm2 0
Z13 220 V 81549,55 A 18008,79 A 0,99 cal/cm2 0
Z14 440 V 43336,68 A 19460,68 A 1,08 cal/cm2 0
Z15 440 V 41459,36 A 18774,48 A 1,04 cal/cm2 0
Z16 440 V 41459,36 A 18774,48 A 1,04 cal/cm2 0
Z17 220 V 82918,71 A 18216,16 A 1,01 cal/cm2 0
Z18 220 V 80956,53 A 17918,63 A 0,99 cal/cm2 0
Z19 440 V 70524,02 A 28879,07 A 1,66 cal/cm2 1
Z20 440 V 41459,36 A 18774,48 A 1,04 cal/cm2 0
Fonte: Os autores, 2017.

Através dos cálculos realizados e dos dados apresentados na tabela 18, pode-
se definir a classe de vestimenta do operário na parte de média e baixa tensão da
indústria segundo tabela 5, que trata as categorias do ATPV e tabela 6, que trata sobre
as vestimentas de proteção e EPI necessários.
Os valores obtidos inferiores a 1,2 cal/cm2 de energia incidente definem ATPV
mínimo não aplicável ao EPI. Para este caso, utiliza-se o valor da primeira categoria
de vestimenta (categoria 0). Para os casos em que tem-se valores de energia
incidente compreendidos entre 1,2 cal/cm2 e 4,0 cal/cm2, definem 4,0 cal/cm2 ATPV
mínimo e categoria de risco 1 para o EPI. Já para valores entre 4,1 cal/cm 2 e 8,0
cal/cm2, definem 8,0 cal/cm2 ATPV mínimo e categoria de risco 2 para o EPI do
operador. Deve ser respeitado o ATPV mínimo para cada EPI, que deve possuir
certificação conforme ensaios comentados na sub-seção 4.2.
Com essas considerações, pode-se chegar à conclusão de que em apenas 4
barramentos do sistema serão necessários EPIs com ATPV mínimo, segundo
tabela 5. A tabela 19 mostra o ponto de análise e sua categoria do ATPV.
91

Tabela 19 – Categoria do ATPV e o ponto de análise

Ponto de análise Categoria do ATPV


Transformador 1 (Operação Normal)
Z03 1
Transformador 5 (Operação Normal)
Z07 1
Gerador (Operação Emergencial)
Z09 2
Pior caso Transformador 5 - Motor 34 (Op. Normal)
Z19 1
Fonte: Os autores, 2017.
92

APÊNDICE 3: Diagrama geral de impedâncias do sistema


Arquivo em PDF disponibilizado pelos autores, na página pessoal da
professora Dra. Nastasha Salame da Silva, da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, unidade Centro, em Curitiba – Paraná.

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